ESCOLA INCLUSIVA – UM DESAFIO PARA O INSTITUTO ...

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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO – CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MARIA DE FATIMA BURGER BORDIN ESCOLA INCLUSIVA – UM DESAFIO PARA O INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL - SC Cuiabá - MT Outubro 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO – CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MARIA DE FATIMA BURGER BORDIN

ESCOLA INCLUSIVA – UM DESAFIO PARA O INSTITUTO

FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL - SC

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO – CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INCLUSIVA

MARIA DE FATIMA BURGER BORDIN

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FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL - SC

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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Ficha Catalográfica Bordin,Maria de Fátima Burger Concepções dos servidores Cuiabá -MT, 2009 Total de folhas do TCC 42 Sobrenome, Nome do Orientador: Hannecker, Lenir Antônio Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva Trabalho de Conclusão Curso de Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva

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MARIA DE FATIMA BURGER BORDIN

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FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL - SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato-Grosso – Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva, como exigência para a obtenção do título de Especialista.

Orientador(a): Prof.MSc LENIR ANTONIO HANNECKER

Cuiabá – MT

0utubro 2009

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MARIA DE FATIMA BURGER BORDIN

ESCOLA INCLUSIVA – UM DESAFIO PARA O INSTITUTO

FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL - SC

Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva,

submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-

Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato-Grosso

Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Especialista.

Aprovado em: ____________________

____________________________________________________

Prof. (MSc, Dr.)____________________ (Orientador)

____________________________________________________

Prof. (MSc, Dr.)____________________ (Co-orientador)

____________________________________________________

Prof. (MSc, Dr.)____________________ (Membro da Banca)

____________________________________________________

Prof. (MSc, Dr.)____________________ (Membro da Banca)

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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DEDICATÓRIA

A Deus pela possibilidade,

Aos pais pela vida

A família pelo incentivo

Ao Professor orientador Lenir Antônio

Hannecker pela ajuda e compreensão

Aos servidores do IFET Catarinense

Campus Rio do Sul pela colaboração.

Ao aluno Jocimar Vilichinski, protagonista

do processo de inclusão em nosso

Campus.

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AGRADECIMENTOS

Ao orientador Professor Lenir Antônio Hannecker pela disponibilidade, ajuda e

incentivo.

Aos professores Woquiton Lima Fernandes, Paulo Sergio Fochi componentes da

banca, pela disponibilidade;

Aos meus familiares pela paciência e compreensão.

Aos servidores docentes e técnicos administrativos do IFET Catarinense campus

Rio do Sul pelas inúmeras conversas e trocas de experiências as quais muito

contribuíram na elaboração dessa pesquisa.

As professoras Mônica e Aline pelo conhecimento, experiência e dedicação à causa

da inclusão.

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“Para entender é preciso esquecer quase tudo o que

sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é

livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que

nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são.”

Ruben Alves

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RESUMO

Observando todo o movimento que hoje circula em função de uma nova política de atendimento a pessoas com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino e a complexidade que envolve essa questão, desde uma simples atitude adequada até o cumprimento da legislação vigente, se constitui a definição pelo tema a ser desenvolvido nessa pesquisa. Escola Inclusiva, um desafio para o IF Catarinense-Campus Rio do Sul, foi pensando numa abordagem mais aberta e geral de tudo que se refere à efetivação de práticas inclusivas no contexto escolar. É praticamente impossível nos dias de hoje, falar em escola como uma instituição que promove o conhecimento e a informação sem pensar nas condições necessárias para o atendimento de pessoas com necessidades especiais. Essa pesquisa tem a intenção de provocar uma discussão sobre a Inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular que valorize a diversidade. Esse trabalho tem como objetivo apresentar um estudo teórico reflexivo sobre as questões pertinentes à construção de uma escola inclusiva, seus desafios, necessidades, medos e angústias da comunidade escolar. A pesquisa foi baseado em observações, leituras, discussões no ambiente escolar e abordagens realizada com o auxílio de um questionário semi-estruturado apresentado aos professores e técnicos administrativos do IFET Catarinense- Campus Rio do Sul. Observa-se algumas questões referentes ao grande desafio que as escolas de ensino regular estão enfrentando para adaptarem-se às necessidades das pessoas com necessidades especiais, buscando se não acabar pelo menos minimizar consideravelmente com os atos discriminatórios praticados diariamente em todos os ambientes onde as pessoas com deficiências convivem e vivem. Dentre as questões pesquisadas nesse trabalho, foram apontadas como necessidades relevantes, a formação específica dos profissionais da educação para poderem desenvolver com maior eficácia suas atividades pedagógicas junto aos alunos com deficiências, a importância de se ter uma metodologia flexível e adequada aos alunos, assim como também a presença de técnicos especializados para auxiliarem no apoio em atividades paralela e por último que a escola deve aos poucos procurar ir se ajustando às normas NBR 9050 de adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa deficientes. Palavras-chaves: Escola, inclusão, desafio.

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ABSTRACT

This research is about INCLUSIVE SCHOOL, dealt to a new point of view about the necessity and practice of inclusion of people with special demands in educational field, regarding also to the legal aspect of this subject. The school is the place where the knowledge is seed and students were taught values they carry for all their lives, like the inclusion of some people with special needs in the regular study system with quality, paying attention to the diversity. The aim of this research is to show a theoretical and reflexive study about an inclusive school behavior, showing the school community’s challengers, necessities, fears and anguishes. The research is based on informal observations, readings, discussion in the educational environment and responses collected from teachers and workers from IF Catarinense – Campus Rio do Sul about the necessities and priorities necessary to fulfill a process of inclusion in the school. Trying to minimize the discrimination which happens every day in the places where people with special needs live in, we noticed the difficulty of regular schools to proceed the adaptations to the rules concerning to those people. Some attitudes were pointed out as relevant: the specific training of the educational professionals, in order to be more efficient in their pedagogical activities with those students with special necessities; the importance of a flexible and appropriate methodology with the students; the presence of experts who can help in parallel activities; and finally the adjustment of the school to the NBR 9050 rules about the adequacy of furniture and buildings for people with special educational needs. Key-words: School, inclusion, special necessities.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUESTIONÁRIO

Enumere de 1 (um) a (7) as necessidades abaixo relacionadas, por ordem de

importância e prioridade para que realmente o processo de inclusão seja possível.

( ) infra-estrutura devidamente adequada que atenda aos princípios de

acessibilidade;

( ) técnicos especializados para auxiliar no apoio

( ) metodologia adequada

( ) formação específica dos professores para atuar junto aos alunos;

( ) colaboração entre os professores

( ) atitude dos professores

( ) avaliação e acompanhamento dos alunos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................13

Objetivo Geral ..........................................................................................................14

Identificação do Problema.........................................................................................15

2. CAPÍTULO I...........................................................................................................16

2.1. EDUCAÇÃO ESPECIAL.....................................................................................16

2.1.1. Alunos Com Necessidades Especiais ........................................................... 16

2.1.1. Educação Especial ........................................................................................18

3. CAPÍTULO II .........................................................................................................19

3.1 INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO .............................................................................19

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................... ...27

5.CONCLUSÃO.........................................................................................................35

6. REFERENCIAS ....................................................................................................38

7. ANEXOS ...............................................................................................................40

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1. INTRODUÇÃO

Percebe-se na sociedade atual uma busca a favor da inclusão das

pessoas com necessidades especiais, e as instituições de ensino como um espaço

de conhecimento, onde atenda a todos, sem qualquer discriminação ou preconceito,

onde não haja a preocupação apenas com os alunos que correspondem aos

modelos educacionais já existentes e que atenda aos critérios exigidos para

ingresso no mercado de trabalho, é que se formalizou a temática desse estudo, uma

pesquisa que nos faz pensar, refletir e por fim construir uma proposta pedagógica

diferente das existentes hoje na grande maioria das escolas. Podemos até nos

atrever a dizer que o modelo educacional a que estamos habituados a frequentar já

não atende mais as necessidades e exigências de um novo modelo educacional a

que a sociedade está se propondo.

Trata-se de uma tarefa muito desafiadora discutir-se a inclusão de

alunos com necessidades educacionais especiais no contexto educacional. As

discussões acerca do tema perpassam inúmeras preocupações, possibilidades e

continuidade de ações bem planejadas. Além da esfera educacional, outras áreas

importantes como engenharia e saúde, para exemplificar, conduzem a

procedimentos que não se findam, mas se constituem ato contínuo e permanente de

reflexões e ações.

De acordo com SASSAKI (1997, p.42),“Quanto mais sistemas

comuns da sociedade adotarem a inclusão, mais cedo se completará a construção

de uma verdadeira sociedade para todos? A sociedade inclusivista”.

A definição do tema escolhido, Escola Inclusiva um desafio para o

Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul, foi baseado em inúmeras

discussões com os servidores do IFET Catarinense- Campus Rio do Sul. Nesse

contexto foi possível perceber de forma muito clara as preocupações quanto à

inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino comum e algumas

barreiras à implantação desse processo. Percebe-se que mais cedo ou mais tarde

será uma realidade continua a inclusão de alunos com deficiência no dia a dia das

escolas.

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Em bate-papos informais, observa-se constante inquietação dos

educadores, acerca do tema referido, tomados por sentimento de ansiedade e

incapacidade diante de um denominado “medo de não corresponder” quando o

desafio é tratar com alunos com necessidades educacionais especiais.

Ser membro do Núcleo de Atendimento a Pessoas com

Necessidades Especiais do IF Catarinense - Campus Rio do Sul, também muito

contribuiu para a realização desse trabalho.

Estar atuando no NAPNE do Instituto, possibilitou a proximidade

com o tema da inclusão e adquirir alguns conhecimentos desse novo universo que

está se formando em nível mundial.

Outra razão, não menos importante para trabalhar com a inclusão

seria o do cumprimento da legislação atual, respeitando a Constituição Federal de

1988, em seu art. 205, onde garante que a educação é direito de todos, e em seu

artigo 208, inciso III, que garante atendimento educacional especializado aos

portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Na Resolução CNE/CEB Nº 2 ratifica a Constituição no artigo 2º

onde afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos cabendo

às escolas organizar-se para o atendimento aos educando com necessidades

educacionais especiais” (2001, p. 68), e no artigo 7º diz que “o atendimento aos

alunos com necessidades educacionais especiais deve ser realizado em classes

comuns do ensino regular” (2001, p. 71).

Ao abordar esse tema, inclusão escolar, algumas discussões,

conceitos e entendimentos se fazem necessários. Portanto essa pesquisa será

dividida em dois capítulos. Capítulo I – Educação Especial; Capítulo II – Inclusão e

Integração.

Objetivo Geral

Considerando a escola como um espaço que é freqüentado

praticamente por todos nós, não podemos desconsiderar a sua importância no

contexto da inclusão.

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O ambiente educacional, precisa de maneira urgente colocar-se frente a

essa nova realidade, entendemos que o processo acontecerá de forma gradativa e

lentamente, porém o mais importante é que vamos sentindo aos poucos essa

mudança. Precisamos promover ações que atenda e garanta o processo de

aprendizagem do aluno.

Com essa preocupação, esse trabalho tem como objetivo apresentar um

estudo teórico reflexivo sobre as questões pertinentes à construção de uma escola

inclusiva, seus desafios, necessidades, medos e angústias da comunidade escolar.

Propor mecanismos que favoreça essa construção.

Identificação do Problema

Acreditamos que toda a proposta traz muitas possibilidades, após uma

movimentação interna nas instituições de ensino, a criação dos Napnes nas escolas,

o ingresso de alunos com deficiências em nossa escola e a chamada para participar

do curso de especialização fez com que o nosso olhar a respeito dos alunos com

necessidades especiais apontasse para uma outra direção ainda não trabalhada na

escola. Assim identificamos a necessidade de rediscutir em nosso campus a

inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular. Assim se

formalizou o problema dessa pesquisa. A necessidade de rediscutir novos

paradigmas para a educação inclusiva em nosso instituto.

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2. CAPÍTULO I 2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL

2.1.1. Alunos com Necessidades Educativas Especiais

Alunos com necessidades educacionais especiais seriam, conforme

a Resolução CNE/CEB nº 2 de 11 de setembro de 2001 que estabelece em seu

artigo 5º, aqueles que apresentam durante o processo educacional:

I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no

processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades

curriculares

II - dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos

demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;

III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de

aprendizagem que os leve dominar rapidamente conceitos, procedimentos e

atitudes. (BRASIL, 2001, p. 70).

A partir de janeiro de 2008, através da Política Nacional de

Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, os alunos com

deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades e

superdotação, passou a ser considerado como público da educação especial.

Segundo a Declaração de Salamanca “O “termo necessidades

educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas

necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou

dificuldades de aprendizagens. Muitas crianças experimentam dificuldades de

aprendizagem, portanto possuem necessidades educacionais especiais em algum

ponto durante a sua escolarização”.

No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais

especiais, a Declaração afirma que: durante os últimos quinze ou vinte anos, tem se

tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve de ser

ampliado para incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar

com a escola, seja por que motivo for. (UNESCO, 1994, p.15)

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Assim essa pesquisa defende a construção de uma proposta

pedagógica, que promova uma escola inclusiva, na busca de um comprometimento

com as minorias ou excluídos.

WERNECK (1997, p.30) afirma que “a inclusão vem quebrar

barreiras cristalizadas em torno de grandes estigmatizados”.

O caminho a percorrer certamente é muito longo, pois a inclusão

implica se pensar numa escola onde todos fazem parte de tudo, onde os alunos

devem receber as mesmas oportunidades de aprendizagem e que essas sejam

adequadas às necessidades de cada aluno, respeitando suas habilidades e

principalmente o ritmo de cada um, incluindo-se a remoção de barreiras físicas e

principalmente atitudinais.

Segundo Cavalcante (2000) a inclusão fundamenta-se e basea-se

na declaração dos direitos humanos e na cidadania que promove a inserção do

individuo portador de necessidades especiais na sociedade.

Os professores do ensino médio que estão atuando hoje no

Instituto, na sua grande maioria não receberam das universidades quando em curso

de graduação os conhecimentos necessários para esse atendimento, uma vez que

não fazia parte das disciplinas ministradas, assim como os professores da área

técnica que na grande maioria não possuem licenciatura.

Essa tarefa era atribuída à Educação Especial. Como podemos

perceber, já em 1854 no Rio de Janeiro houve a criação do Instituto dos Meninos

Cegos, hoje Benjamim Constante. Em 1856 surge o Instituto de Surdos-Mudos, hoje

(INES) Instituto Nacional de Educação de Surdos. Em 1932 na cidade de Belo

Horizonte é fundada a Sociedade Pestalozzi para atender deficientes mentais. E no

ano de 1954 por iniciativa de pessoas que tinham em suas famílias deficientes

mentais por meio de uma associação é criada a APAE que até hoje presta seu

serviço à sociedade de um modo geral.

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2.1.2. Educação Especial

Antigamente, as famílias escondiam os filhos que apresentavam

algum “problema”, a sociedade não só os excluía, como os rejeitava e até os

perseguia. Por vezes eram explorados, enfim eram submetidos a muitos

preconceitos, Acredita-se que essas pessoas poderiam estar possuídas por algum

espírito mau, como refere (JONSSON, 1994, p. 61) eram consideradas “possuídas

por maus espíritos ou vítimas de sina diabólica e feitiçarias”.

Esse entendimento persistiu até os anos 80, apenas em meados da

década de 90 os movimentos a favor da inclusão se intensificaram.

Assim as turmas chamadas de Educação Especial começaram a

surgir dentro das escolas regulares, nesse período a sociedade já percebia que as

pessoas com necessidades especiais também poderiam ter acesso à educação

mesmo que limitada e também apreender algum “oficio” no sentido de trabalho e

não como uma verdadeira profissionalização.

Baptista (2003, p. 50) traz à tona que este conceito de necessidades

educacionais especiais, “ao alargar o conjunto de sujeitos, pode provocar uma

ampliação linear do grupo de supostos “deficientes” em decorrência de uma

mudança de termo que não é acompanhada de uma mudança de concepção”.

Outra possibilidade de entendimento em relação às turmas de

Educação Especial é de que seria uma maneira de que o curso das demais turmas

aconteceriam normalmente, sem desgaste e atraso, como se refere (CHAMBERS e

HATMAN in JONSSON, 1995,p.62),os diferentes não “interferissem no ensino” ou

não “absorvessem as energias do professor” a tal ponto que o impedissem de

“instruir adequadamente o número de alunos matriculados nessas classes”.

Acredita-se que os EUA, através da Lei Pública 94.142, de 1975 foi

o pioneiro a ter em suas classes regulares, alunos com necessidades especiais.

A Educação Especial de acordo com MAZZOTTA é “a modalidade

de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais

especialmente organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir

os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos

educandos que apresentam necessidades educacionais muito diferentes da maioria

das crianças e jovens, (1996, p.81).

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Outro documento de direito é o (ECA) Estatuto da Criança e do

Adolescente, outro instrumento legal muito importante na defesa dos direitos das

crianças e adolescentes.

Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade: Art.15 “A Criança e o adolescente têm o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como seres humanos em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Art.53 "A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes, entre outros: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- direito de ser respeitado por seus educadores; No ano de 2008 foi aprovada a emenda constitucional, a convenção da ONU sobre direitos das pessoas com deficiência, onde são assegurados sistemas educacionais inclusivos em todos os níveis.

3. CAPÍTULO II

3.1 INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO

Que a inclusão é um desafio para todos nós e que gera uma

desacomodação coletiva e muitas angústias e inquietações não temos dúvidas,

temos muitos obstáculos a enfrentar e superar, um deles por exemplo é a falta de

recursos financeiros das escolas, dificultando a execução de vários projetos que

visa à adequação arquitetônica, aquisição de equipamentos, contratação de

pessoal especializado, entre outros. Embora saibamos que a política atual do MEC

vem a contemplar essa dificuldade, o processo ainda é muito lento, a burocracia é

muito criteriosa e às vezes torna-se também um obstáculo e infelizmente o nosso

aluno não tem esse tempo de espera.

Ao tentar dar significado a palavra inclusão, não podemos deixar de

falar na exclusão, considerando que só incluímos aquilo que de alguma forma já

está excluído.

“A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perversas

maneiras, e quase sempre o que está em jogo é a ignorância do aluno diante dos

padrões de cientificidade do saber escolar” (Mantoan, 2003, p.18).

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Podemos citar como marco histórico da inclusão, a Declaração da

Salamanca Espanha, realizada em 1994 pela UNESCO na Conferência Mundial

sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, assinado por 92

países, que teve como princípio fundamental: "todos os alunos devem aprender

juntos, sempre que possível independente das dificuldades e diferenças que

apresentem”.

Apesar de todas as leis e declarações que já estão vigorando,

referente á obrigatoriedade da inclusão escolar, percebemos que a vontade de fazer

acontecer e acreditar nesse processo é que faz a grande diferença.

MANTOAN (1997, p.32) coloca que cabe à escola encontrar

respostas educativas para as necessidades de seus alunos e exigir dela uma

transformação.

Observamos que o aluno ao ingressar nas salas de aula do ensino

regular, no primeiro momento ele apenas se faz presente nas salas de aula, mas

não interage com os outros alunos e nem com os professores, ou seja não faz parte

do todo, está apenas à parte, ao lado do grupo. Ele a princípio foi incluído mas o

processo de integração ainda não ocorreu. Esse desafio deve ser um compromisso

de toda a comunidade escolar, Integrá-lo no verdadeiro sentido da palavra. “Integrar

significa abrir as portas da participação social a todos os indivíduos indistintamente

quer na educação regular quer no mercado de trabalho, nas atividades de lazer, de

cultura na política assim como em todos os setores da vida social” (Marques apud

Marques, 2000, p.32)

Cabe aqui fazer um pequeno relato da experiência que estamos

tendo em nosso instituto, graças ao ingresso de um aluno surdo no curso

subseqüente de floresta, que mostra claramente uma insegurança e uma

inquietação gerada na comunidade escolar, e que exemplifica muito bem o

significado do incluir e integrar. Como já estamos habituados em nosso país, não

existe prevenção, e na educação não é diferente, temos que esperar que seja posta

uma situação, para posteriormente tomarmos alguma medida. Assim surgiu a

necessidade e foi dado o primeiro passo para efetivação do processo de inclusão no

nosso instituto.

Inicialmente o Núcleo de Atendimento a PNEES juntamente com a

Direção do Instituto promoveu uma reunião com técnicos especializados e que

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atuam como professores de alunos com deficiência auditiva ou surdos a fim de

organizarem um plano de ação que atendesse ao aluno 1.

O trabalho foi direcionado no sentido de organizar uma estratégia

que mantivesse o aluno interessado em permanecer no nosso instituto, ou seja, a

preocupação girava em torno de que teríamos que ser muito eficientes para mantê-

lo conosco e não poderíamos falhar nesse atendimento.

A Permanência do aluno passava de importante para indispensável

levando em consideração a necessidade de inclusão efetivamente.

Nesse sentido, os primeiros desafios de todo o processo da inclusão

estavam postos e tínhamos que ser eficientes e rápidos nas ações.

Não tínhamos intérprete tradutor, ou professor de libras, mas a

vontade de não errar era enorme. Contamos com a sorte nessa caminhada, pois

tínhamos o aluno 2, irmão do aluno 1, isso facilitou a organização e planejamento

das ações que teríamos que adotar em prol do aluno 1. Era importante então, contar

com a ajuda de quem já detinha conhecimentos prévios de condutas básicas de

atendimento.

Percebemos já no primeiro contato com o aluno 1, que ele não tinha

conhecimento da Língua Brasileira de Sinais e também não havia sido alfabetizado

na língua portuguesa. Nesse momento o grupo se deu conta de que a escola

deveria tomar muitas outras ações imediatas e eficientes.

Observamos que no primeiro momento o aluno 2, seria muito

importante nesse processo todo, nos auxiliando como elo proporcionando a

comunicação entre o aluno 1, e a comunidade escolar, também nós preocupávamos

em não sobrecarregá-lo como aluno. Estávamos diante de duas situações, a do

aluno surdo que precisava de todo o atendimento para facilitar e proporcionar a sua

inclusão assim como tínhamos que tomar todo o cuidado possível para que o aluno

2, entendesse a situação que ali estava ocorrendo e também se colocasse à

disposição para colaborar, nesse primeiro momento, pois ele era a única maneira de

comunicação possível entre o aluno 1 e a comunidade escolar.

Enquanto o NAPNE encaminhava e acompanhava o aluno 1, à noite

a outra instituição de ensino na cidade que trabalha com alunos deficientes auditivos

e surdos, a qual através da professora Mônica e Aline recebia atendimento

especializado individual e também participava em outro momento das atividades

numa turma de alunos deficientes auditivos e surdos do CEJA, a direção organizava

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um plano de trabalho o qual seria enviado ao MEC com o objetivo de verificar a

possibilidade da contratação em caráter emergencial de um intérprete tradutor para

acompanhar o aluno 1, nas atividades escolares.

À medida que o tempo passava observávamos que o aluno 1 sentia-

se a cada vez mais a vontade na escola e já se comunicava com os outros alunos,

colegas de turma, circulava muito a vontade pela escola.

Como o curso que freqüentava exige atividades práticas, essa

também foi uma preocupação quanto à segurança e o bem estar do aluno. A

Coordenação responsável pela distribuição das atividades planejou a escala de

maneira que no primeiro momento o aluno não faria o rodízio pelos setores da

escola, apenas realizaria suas atividades práticas no viveiro, não fazendo parte das

atividades de apoio. Hoje o aluno já participa do rodízio normal a que todos os

alunos se submetem no decorrer do curso.

Outra atividade a qual nos dispomos a realizar foi a visita à

residência e à escola onde o aluno 1 concluíra o ensino médio. Na família buscamos

esclarecer todo o procedimento, as preocupações e responsabilidade da escola

quanto ao aprendizado do aluno1 e também com a finalidade de conhecer sua

realidade, história de vida e expectativas da família em relação ao filho. Na escola

conversamos com os professores os quais trabalharam com o aluno 1, durante todo

o ensino fundamental e ensino médio. Estas visitas foram realizadas por servidores

que participam como membros do NAPNE e a professora especialista na área.

Houve a participação do aluno 1, nos Jogos Paraolímpicos na

cidade de Caçador, SC, no mês de julho. O aluno 1 participou na modalidade de

atletismo. Esta participação foi outro desafio do NAPNE, proporcionar uma

integração com outros alunos com necessidades especiais dos quais ainda não

conhecia. Quando do seu retorno, observamos a alegria e entusiasmo pelo esporte,

hoje o aluno 1 treina regularmente no time de futebol do Instituto.

De acordo com MEC, SEESP:

A integração é um processo dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais. A integração implica em reciprocidade. E sob enfoque escolar processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas de acordo com as necessidades e habilidades dos alunos. Sob o enfoque psicossocial, a integração representa, portanto, numa via de mão dupla, envolvendo os portadores de deficiência e a comunidade das pessoas consideradas “normais”. (1994 p.18).

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Nas nossas escolas é comum nos depararmos com situações que

prezam pela homogeneidade, basta verificar o que se espera dos alunos nos

processos de avaliação, independentemente do número de alunos na turma as

respostas tem de serem praticamente idênticas, com uma única forma de transmitir

o aprendizado. Numa escola inclusiva a diversidade deve se sobrepor a

homogeneidade.

Como diz MADER (1997, p.47) “Um novo paradigma esta nascendo,

um paradigma que considera a diferença como algo inerente na relação entre os

seres humanos. Cada vez mais a diversidade está sendo vista como algo natural”.

Percebe-se uma inquietação entre os servidores do Instituto de uma

maneira geral em relação à inclusão, processo entendido por nós como natural pois

por entenderem que não possuem um embasamento suficiente para atuar com

esses alunos, a falta de conhecimento quanto as deficiências gera esse sentimento,

que na medida em que o trabalho for acontecendo vai diminuindo com certeza.

Não podemos atribuir apenas aos professores, direção ou outros

profissionais a responsabilidade do fazer a inclusão acontecer, isso deve ser uma

postura geral de todos, pois os benefícios serão para todos, PNEES ou não, que as

diferenças sejam respeitadas. Uma proposta diferenciada de tudo que já tivemos

nas escolas até então, devemos avaliar a realidade.

REGO (1995, p.33) afirma que a escola deve ser um espaço para as

transformações, as diferenças, o erro, as contradições, a colaboração mútua para a

criatividade.

A escola para muitos dos nossos alunos é a única possibilidade de

receber conhecimentos, informações e noções básicas necessárias para a

convivência em sociedade, são jovens com poucas oportunidades de ensino, isso

aumenta a nossa responsabilidade.

Segundo Foucault (1999) mais importante que buscar explicar a

cultura, a ciência, as idéias de uma época ou determinada sociedade, o mais

relevante é buscar o que em sociedade é rejeitado e excluído. Quais as idéias ou os

comportamentos ou quais são as condutas ou os princípios jurídicos ou morais que

não são aceitos? (p. 75).

De acordo com informações do portal do Mec de 19 de janeiro de

2009: Os resultados do Censo Escolar da Educação Básica em 2008 mostram um

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crescimento significativo nas matrículas da educação especial nas classes comuns

do ensino regular, de 46,8% de 2007 passou para 54% alunos com deficiência

matriculados em 2008.

Estão em classes comuns matriculados 375.72 estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação.

“Esse crescimento é reflexo da política implementada pelo Ministério

da Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. O propósito do programa é estimular a

formação de gestores e educadores para a criação de sistemas educacionais

inclusivos. O apoio técnico e financeiro do MEC permitiu o desenvolvimento de

programas de implantação de salas de recursos multifuncionais, de adequação de

prédios escolares para a acessibilidade...;” “Não só o acesso é importante, mas

disponibilizar recursos didáticos, pedagógicos e de acessibilidade que possibilitam

melhores condições de participação e aprendizagem para todos, que tem sido um

compromisso do MEC com os sistemas de ensino”. Claudia Dutra, secretária de

Educação Especial do MEC.

O termo integração nos é apresentado por vários autores, como por

exemplo: “full inclusion” Stainback e Stainback( 1992) “inclusão total”, “adaptive

education” Wang (1992) “mainstreaming”, “inclusion”, “full inclusion”. Todos esses

termos podemos traduzir pelo termo “integração”.

A palavra Integração é definida como “(do latim integratione)1. Ato

ou efeito de integrar (se), 2. Ação ou política que visa integrar um grupo as minorias

raciais, religiosas, sociais, etc (...) Ferreira (1986, p. 954) .

O compromisso de construir uma educação de qualidade, como

direito da sociedade deve ser um dos princípios que rege as políticas públicas da

educação que refletirá no desenvolvimento de estratégias que possibilitem a

igualdade de oportunidades aos alunos, contribuindo para a construção da

cidadania.

Segundo Sassaki (1997, p.34-35) revela que a integração social ocorre

pelas seguintes formas:

“Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência

que conseguiram ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios,

utilizar os espaços físicos e sociais, bem como seus programas e serviços, sem

nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja, da escola comum, da

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empresa comum, do clube comum, etc. Pela inserção daqueles portadores de

deficiência que necessitavam ou necessitam de alguma adaptação específica no

espaço físico comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem, só

então, estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com pessoas não-deficientes.

Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos

sistemas gerais. Por exemplo: escola especial junto à comunidade, classes especial

numa escola comum, setor separado dentro de uma empresa comum, horário

exclusivo para pessoas deficientes num clube comum, etc. Esta forma de

integração, mesmo com todos os méritos, não deixa de ser segregativa”.

As políticas educacionais em todos os níveis devem determinar que

o aluno com deficiência freqüente sempre que possível a escola mais próxima de

sua residência de forma que venha facilitar o processo de integração deste aluno

com a comunidade em que vive.

MEC/SEESP (1994, p.22) “Normalização é o princípio que

representa a base filosófico-ideológica da integração. Não se trata de normalizar as

pessoas, mas sim o contexto em que se desenvolvem, ou seja, oferecer, aos

portadores de necessidades especiais, modos e condições de vida diária o mais

semelhantes possível às formas e condições de vida do resto da sociedade”.

E através da Declaração Mundial de Educação para todos aprovada

pela ONU (1990), inspirado no Plano Decenal de Educação para todos (BRASIL,

MEC, 1993). Em seguida, a UNESCO registrou na Declaração de Salamanca

(1994), o conceito de “inclusão” no campo da educação comum.

Segundo o Dicionário HOUAISS (2001), uma das definições de

incluir é envolver.

Podemos observar que toda transformação, principalmente no

ambiente escolar deve ser encarada como um compromisso de todos em benefício

de todos. Qualquer que seja o projeto a ser trabalhado e desenvolvido implica em

um estudo prévio e que seja de acordo com o pensamento da comunidade geral

com objetivos claros de estabelecer quais as prioridades de atuação, metas a serem

construídas, parta da comunidade para a comunidade. Certamente essa mudança

irá favorecer a interação entre as pessoas desse meio.

Figueiredo (2002, p. 68) afirma “que não se trata de adequar, mas

de transformar a realidade das práticas educacionais em função de um valor

universal que é o desenvolvimento do ser humano”.

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26

A integração de PNEES depende principalmente da aceitação do

outro que independentemente da deficiência que possa ter, deve ser visto como um

ser capaz, possível de desenvolver todas suas potencialidades.

Na visão de Ferreira (2005, p. 65), a inclusão escolar é justamente

garantir o acesso e a permanência do aluno na escola, seguida “do mais pleno

desenvolvimento escolar de todos os alunos, em um espaço de relações

educacionais que valorize a diversidade como riqueza humana e cultural”.

Incluir PNEES nas escolas de ensino regular representa além da

garantia do direito a participação na sociedade como individuo de direito como

também a convivência com os outros alunos sejam eles PNEES ou não e toda a

comunidade escolar enriquecendo as experiências.

Ferreira (2005, p. 72) “o desenvolvimento de qualquer sujeito está

articulado com sua constituição orgânica mas é fundado, constituído na vida

coletiva”. É, pois, na coletividade, nas relações sociais que se concretiza a

aprendizagem. Dessa forma a escola pode ser concebida “como um espaço

privilegiado de vivência compartilhada de atividades humanas” (2005, p. 73).

Sobre as diferenças, Figueiredo (2002, p. 68) “são inerentes ao

gênero humano”,Figueiredo (2002, p. 69), “é preciso reconhecer o valor das

diferenças como elemento de crescimento dos sujeitos e dos grupos sociais”.

Podemos definir que “Integração” assim como a “Inclusão” é um

processo, um fenômeno muito maior e complexo que vai muito além de colocar ou

manter alunos com necessidades especiais em salas de aulas do ensino regular,

pois atinge todos os aspectos do processo educacional.

Não se admite mais que o responsabilidade pelo processo de

integração das PNEES seja imposta apenas aos professores especializados,

quando se fala em processo significa que o envolvimento e o comprometimento

deve ser de toda a escola; se faz necessário agora mais do que nunca que essas

questões sejam contempladas no projeto político pedagógico das escolas.

Cabe salientar que toda a mudança, principalmente quando atinge

não só o individual mas que o maior beneficiário é toda uma coletividade deve haver

um desprendimento das atitudes, deve haver um modo diferente do “fazer” “agir”

“avaliar” entre outros comportamentos tradicionalmente admitidos no sistema

escolar, de um maneira corriqueira.

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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os dados a seguir descritos foi resultado a partir da elaboração de

um questionário semi-estruturado, o qual foi apresentando e respondido pelos

servidores docentes e técnicos administrativos do IF Catarinense- Campus Rio do

Sul.

Dos quarenta e um (41) questionários preenchidos, vinte e oito (28)

foram de docentes e treze (13) dos técnicos administrativos. Dos professores

apenas três não possuem mestrado, porém dois estão em fase de conclusão. Dos

técnicos administrativos, oito (8) possue ensino superior e cinco (5) ensino médio

como formação.

Obtivemos como resultados após a análise dos 41 questionários

preenchidos, observa-se que os servidores responderam como necessidades para a

efetivação do processo de inclusão em nosso instituto os seguintes critérios e

posturas:

Como prioridade primeira, com 25% aparece a necessidade de

possuir uma formação específica para trabalhar com portadores de deficiência,

considerando fundamental e necessário, isto não significa cursos de graduação ou

pós-graduação na área, e sim que a instituições deve proporcionar mecanismos que

favoreçam o conhecimento necessário das deficiências, por meio de capacitações,

como: mini-cursos, encontros, debates e outros, uma vez a maioria dos docentes e

técnicos administrativos não terem recebido enquanto formação acadêmica,

informações relativas as mais diversas deficiências. Neste sentido sentem-se

despreparados;

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Formação específica para trabalhar com os alunos

A metodologia de ensino utilizada, surge como segunda prioridade, com 21%.

A metodologia que deve ser utilizado como um recurso a ser desenvolvido e

praticado de forma diferenciada de acordo que atenda as mais diversas

necessidades com os alunos presentes;

Metodologia de ensino aplicada

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Como terceira prioridade, com 18%, os entrevistados entendem que a

presença de técnicos especializados em todo o processo de inclusão é necessário,

uma vez que o auxílio e o apoio paralelo de um profissional da área nas atividades,

proporciona uma maior segurança na aplicabilidade da metodologia;

Técnicos especializados

Com 14%, como quarta prioridade. Os entrevistados entendem que a escola

deve possuir uma infra-estrutura que atendam aos princípios da tecnologia Assistiva

e o Desenho Universal, proporcionando acessibilidade a todos;

Materiais, recursos, infra-instrutura

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A colaboração entre os professores, foi respondida como quinta prioridade

com 11%,. A necessidade de que haja uma interação e uma troca de informações

entre os professores que atuam com alunos com necessidades é também

fundamental e muito importante numa escola inclusiva.

Colaboração entre os professores

Com 7% entenderam que a atitude dos professores e dos demais

profissionais da educação devem adotar frente aos alunos com necessidades

especiais devem ser respeitadas e entendidas. Essas atitudes irão mostrar se a

direção do nosso olhar, está voltada para a educação inclusiva.

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Atitude dos professores

A avaliação e acompanhamento dos alunos como sétima e última prioridade

aparece apenas com 4% de importância na construção de uma proposta de escola

inclusiva.

Avaliação e acompanhamento dos alunos.

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Para a efetivação de uma escola inclusiva além dos aspectos acima citados,

necessitamos de uma política inclusiva de qualidade, onde as oportunidades sejam

as mesmas para todos, que atenda aos alunos sem nenhum tipo de discriminação e

as diferenças sejam valorizadas. Se acreditamos que a escola existe para promover

educação para todos, através de condições favoráveis, onde a aprendizagem seja

permitida sem obstáculo algum e de forma justa e igualitária a todos os alunos.

Verificamos também que as modificações e adequações necessárias mais

importantes no processo de inclusão dos portadores de deficiência nas escolas

regulares não estão afetas ao aluno, mas sim às escolas e aos profissionais que

nela atuam.

Por vezes observamos um certo comodismo entre alguns servidores, na

verdade um desacomodar que perturba e desestabiliza tudo aquilo que

aparentemente está bem e que não precisa de mudanças, mas no decorrer do

processo podemos dizer que essa inquietação só tem a favorecer o processo de

inclusão.

Outra questão muito presente nesse trabalho é a mudança de “Atitude” que

todos nós profissionais da educação, precisamos adotar. Perceber que todos somos

nós temos nossas limitações e que devem ser respeitadas e entendidas já mostra a

direção do nosso olhar, ou seja, um olhar para a educação inclusiva.

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Critérios alocados por ordem de prioridade, após análise dos 41 questionários

respondidos:

1° - Formação específica para trabalhar com os alunos; 2° - Metodologia de ensino aplicada 3° - Técnicos especializados; 4° - Materiais, recursos, infra-estrutura 5° - Colaboração entre os professores 6° - Atitude dos professores; 7° - Avaliação e acompanhamento dos alunos.

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1° - Formação específica para trabalhar com os alunos, com 25%; 2° - Metodologia de ensino aplicada com 21%; 3° - Técnicos especializados com 18%; 4° - Materiais, recursos, infra-estrutura com 14%; 5° - Colaboração entre os professores com 11%; 6° - Atitude dos professores com 7%; 7° - Avaliação e acompanhamento dos alunos com 4%.

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5. CONCLUSÃO

Sair de uma sociedade onde exclui e marginaliza o individuo com

facilidade e sem culpa alguma e nos tornarmos uma sociedade inclusiva nos mostra

que não é tarefa fácil mas também não é impossível. A escola como parte integrante

dessa sociedade tem um papel fundamental para mudar esse cenário. A escola

precisa rever seus valores e princípios, e principalmente sua metodologia de ensino,

reavaliar seus currículos, seus planos políticos pedagógicos devem ser analisados e

reconstruídos com um novo olhar, o olhar da inclusão.

Precisamos de fato desenvolver um ambiente escolar adequado que

favoreça aos estudantes oportunidades necessárias para o desenvolvimento de

suas potencialidades e promova a aprendizagem a todos os alunos, ou seja, onde

todos os alunos possam aprender juntos sempre que possível, independentemente

de qualquer dificuldade e das diferenças que possam apresentar, sem que haja

qualquer atitude discriminatória. “O indivíduo é inserido no contexto real, assim

como ele é, e não naquele que gostaríamos que fosse (Werneck, 2001). É

fundamental acontecer mudanças urgentes na rede regular de ensino, como:

A aplicabilidade da diversidade deve ser um critério prioritário numa

escola inclusiva;

Organizar cursos de capacitações, oficinas e outros mecanismos

para promover a formação de professores e adequá-las para que possam trabalhar

efetivamente de um modo diferente do habitual, para que a falta de preparo dos

professores não sejam mais considerado um obstáculo na efetivação desse

processo.

Mais do que o simples ato de integrar o aluno com necessidades

educacionais especiais na escola, é preciso integrá-lo dotando-o de todos os direitos

e prerrogativas de participação e acesso ao mundo da escola. Se a escola não

proporciona essa condição, está produzindo discriminação e cultivo de uma cultura

de exclusão que, além dos prejuízos pessoais e escolares, também forma uma

personalidade individual e coletiva, no contexto escolar, que perpasse os muros da

escola e influencia no desenvolvimento profissional e social de seus alunos. O

exemplo deve partir da escola que age decisivamente na formação da

personalidade de seus alunos.

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No mercado de trabalho, normalmente se frutificam as sementes

que são lançadas no contexto escolar. Criar cultura de inclusão em todos os

envolvidos com o processo educacional não se constitui apenas desafio: é um

comprometimento de responsabilidade diante do trabalho extremamente importante

que se desenvolve enquanto educadores, responsáveis, justos, eficientes e

humanos.

A meta a ser firmada ao Trabalhar Inclusão deve partir de um

planejamento onde as políticas e práticas pedagógicas, os processos de avaliação a

aplicabilidade de novas tecnologias, o investimento nas capacitações dos

profissionais em educação assim como o desenvolvimento de um currículo flexível

sejam as ações permanentes na escola.

Devemos também ter o cuidado na organização e distribuição das

salas de aula, observar o número de alunos por turma, para que não seja

prejudicando o aprendizado dos alunos;

Que atenda ao princípio fundamental da escola inclusiva,

mencionado na Conferência Mundial de Educação Especial a de que todas as

crianças aprendam juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer

dificuldades ou diferenças.

as escolas abertas a diversidade são escolas, ]...] em que todos os alunos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças ou melhor, são escolas que não são indiferentes à diferenças. Ao nos referirmos a essas escolas, estamos tratando de ambientes educacionais que se caracterizam por um ensino de qualidade, que não exclui não categoriza os alunos em grupos arbitrariamente definidos por perfis de aproveitamento escolar e por avaliações padronizadas e que não admitem a dicotomia entre educação regular e especial. As escolas para todos são escolas inclusivas em que todos os alunos estudam juntos, em salas de ensino regular. Esses ambientes educativos desafiam as possibilidades de aprendizagem de todos os alunos e as estratégias de trabalho pedagógico são adequadas às habilidades e necessidades de todos. (Mantoan. 2000, p.7-8).

Embora exista uma relevante intenção de que realmente a inclusão

ocorra em nosso Instituto, ainda podemos perceber um certo comodismo entre

alguns profissionais, que resulta como um obstáculo, mesmo que por vezes não tão

significativo na efetivação do processo de inclusão. O desacomodar às vezes

perturba e desestabiliza tudo aquilo que aparentemente está bem e que não precisa

de mudanças.

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Portanto uma escola inclusiva deve reconhecer a importância de

oferecer condições de acesso e permanência a todos os alunos que a procurarem e

de atender as mais diversas necessidades que possam ter, respeitando o princípio

de igualdade e oportunidades, assegurando uma educação de qualidade para todos

indiscriminadamente.

Todo ser humano tem o direito de receber as mesmas

oportunidades de acesso à educação, para que possa se desenvolver de forma

plena e integralmente como cidadão.

Podemos concluir que para alcançarmos os objetivos já

mencionados para uma escola inclusiva, são necessárias mudanças urgentes, em

todo o sistema educacional. Cabe ressaltar a posição favorável da comunidade

escolar, parece que todos acreditam e estão dispostos a enfrentar os desafios que

irão surgindo.

Sugerimos, além das já mencionadas no trabalho, outras ações a

serem implantadas no IF Catarinense pertinente a efetivação de uma escola

inclusiva, assim como:

- A Escola tem o dever de proporcionar um espaço de aprendizagem

a todos os alunos respeitando as diferenças individuais.

- A avaliação deve ser direcionada para o aluno, respeitando

principalmente o tempo de cada educando.

- Promover a cidadania, por meio do respeito, solidariedade e um

diálogo permanente entre toda a comunidade escolar.

- Valorizar o professor como profissional que necessita de uma

formação continuada para manter-se preparado para atender as necessidades de

todos os alunos de forma eficaz.

- Construir um currículo flexível.

- Ter autonomia na elaboração do seu projeto político pedagógico.

- Reconhecer a diversidade.

Finalizando,uma escola inclusiva é aquela que reconhece, respeita e

responde às necessidades de todos os alunos.

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6. REFERÊNCIAS

BRASIL, MEC/SEESP. Política Nacional de Educação Especial. Brasília. 1994.

____ Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial,

1988.

____ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política nacional

de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP,

2008.

____ Resolução nº 2. Institui as diretrizes da educação especial na educação

básica. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Brasília,

2001.

CAVALCANTE, R.S.C. A Inclusão do aluno com necessidades educacionais

especiais na sala de aula do ensino regular: o papel do professor.2000

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, Princípios, políticas e prática em educação

especial, Espanha/1994.

FERREIRA, Maria Cecília Carareto. Ressignificando as práticas pedagógicas da

escola comum na perspectiva da educação inclusiva. In: Anais do IX Seminário

capixaba de educação inclusiva –Ressignificando conceitos e práticas: a

contribuição da produção científica. Vitória: UFES, 2005.

FIGUEIREDO, Rita Vieira. Políticas de inclusão: escola gestão da aprendizagem na

diversidade. In: Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação

de professores. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

FOUCAULT, Michel.Estética, ética y hermenêutica. Obras essenciales. Vol. III.

Buenos Aires: Paidós, 1999.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da língua

portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?

São Paulo: Moderna, 2003.

____ Análise do documento. Parâmetros Curriculares Nacionais-adaptações

curriculares/estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais

especiais. FE/UNICAMPI:1988

____ Incluindo os excluídos da escola.FE/UNICAMP:2000

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39

____ Pensando e fazendo educação de qualidade. São Paulo: Moderna, 2001.

MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: histórias e políticas.

São Paulo. Cortez. 2003.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Política Nacional de Educação Especial, Secretaria

de Educação Especial, DF 1994.

SASSAKI, R.K. Inclusão: Construindo uma Sociedade Para Todos. Rio de

Janeiro:WVA,1997.

____ Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 5.ed. Rio de Janeiro: W.V.A,

2003.

SAINBACK, S.& STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre:

Artes Médicas Sul, 1999.

WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade Inclusiva. Ed.

WVA, São Paulo, 2004.

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40

7. ANEXOS

ANEXO - 1

DECRETO Nº 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008.

Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007.

DECRETA:

Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de

ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto,

com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos

alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades

ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.

§ 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de

atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados

institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação

dos alunos no ensino regular.

§ 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta

pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em

articulação com as demais políticas públicas.

Art. 2o São objetivos do atendimento educacional especializado:

I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular

aos alunos referidos no art. 1º;

II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino

regular;

III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que

eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e

IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de

ensino.

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Art. 3o O Ministério da Educação prestará apoio técnico e financeiro às

seguintes ações voltadas à oferta do atendimento educacional especializado, entre

outras que atendam aos objetivos previstos neste Decreto:

I - implantação de salas de recursos multifuncionais;

II - formação continuada de professores para o atendimento educacional

especializado;

III - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a

educação inclusiva;

IV - adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;

V - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a

acessibilidade; e

VI - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de

educação superior.

§ 1o As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de

equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do

atendimento educacional especializado.

§ 2o A produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade

incluem livros didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua Brasileira de

Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação

alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.

§ 3o Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação

superior visam eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação que

restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e social de alunos com

deficiência.

Art. 4o O Ministério da Educação disciplinará os requisitos, as condições de

participação e os procedimentos para apresentação de demandas para apoio

técnico e financeiro direcionado ao atendimento educacional especializado.

Art. 5o Sem prejuízo do disposto no art. 3o, o Ministério da Educação realizará

o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola por parte dos

beneficiários do benefício de prestação continuada, em colaboração com os

Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e com a

Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Art. 6o O Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007, passa a vigorar

acrescido do seguinte artigo:

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“Art. 9o-A. Admitir-se-á, a partir de 1o de janeiro de 2010, para efeito da distribuição

dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matriculas dos alunos da educação

regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado, sem

prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular.

Parágrafo único. O atendimento educacional especializado poderá ser oferecido

pelos sistemas públicos de ensino ou pelas instituições mencionadas no art. 14.”

(NR)

Art. 7o As despesas decorrentes da execução das disposições constantes

deste Decreto correrão por conta das dotações próprias consignadas ao Ministério

da Educação.

Art. 8o Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 17 de setembro de 2008; 187º da Independência e 120º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Fernando Haddad

Este texto não substitui o publicado no DOU de 18.9.2008