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ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E SAÚDE HUMANA
MARILIA DE ANDRADE FONSECA
IMPACTO DAS FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES NA QUALIDADE DE
VIDA DE INDIVÍDUOS ADULTOS
TESE DE DOUTORADO
Salvador
2016
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MARILIA DE ANDRADE FONSECA
IMPACTO DAS FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES NA QUALIDADE DE
VIDA DE INDIVIDUOS ADULTOS
Salvador
2016
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação Stricto Sensu em Medicina e
Saúde Humana da Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública, como requisito
parcial para obtenção do título de Doutora
em Medicina e Saúde Humana.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Marcos
Almeida Matos
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MARILIA DE ANDRADE FONSECA
IMPACTO DAS FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES NA QUALIDADE DE
VIDA DE INDIVIDUOS ADULTOS
Salvador, 29 de abril 2016.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Cristiane Maria Carvalho Costa Dias
Doutora em Medicina e Saúde Humana
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública -EBMSP
Prof. Dr. Cristiano Sena da Conceição
Doutor em Medicina e Saúde Humana
Universidade Federal da Bahia- UFBA
Profa. Dra. Luciana Araújo dos Reis
Pós-Doutora em Saúde Coletiva/UFBA-ISC
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/ FAINOR
Prof. Dr. Marcos de Amorim Aquino
Doutor em Ortopedia e Traumatologia
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Profa. Dra. Marilda Castelar
Doutora em Psicologia Social
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP
Tese de autoria de Marilia de Andrade Fonseca
intitulada Impacto das fraturas de membros
inferiores na qualidade de vida de indivíduos
adultos, apresentada a Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública, como requisito
parcial para a obtenção do título de Doutora em
Medicina e Saúde Humana.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Emanoel e
Maria José que, com sua simplicidade e exemplo
de vida, souberam transmitir aos filhos os seus
valores. Agradeço a meu esposo Clóvis pelo
companheirismo, motivação e apoio. Ao meu
filho e neto Clóvis e Murilo pela inspiração para
prosseguir sempre em busca dos meus objetivos.
À minha grande família. Ao meu orientador
Prof. Dr. Marcos Almeida pelos louváveis
ensinamentos durante a trajetória.
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AGRADECIMENTOS
É certo que a conquista de um sonho é árdua e exige de nós muita dedicação, foco e vontade
para seguir em frente, mesmo diante dos obstáculos... Em muitos momentos o caminho nos
parece tortuoso demais para percorrer. Mas, o que nos mantém firmes na certeza do êxito ao
final de todo o esforço, são as mãos que nos ajudaram caminhar. E, nesse momento, lembro
aqui as pessoas que me são caras e a quem quero agradecer!!!
A Deus fonte de luz e sabedoria, pela força e coragem concedidas a mim, estando comigo em
toda a trajetória, por todos os momentos de alegrias e tristezas, pelo crescimento profissional e
pessoal que estes quatro anos me proporcionaram! Agradeço por permitir a realização deste
sonho! A Ti, toda honra e toda glória!!!
A meu orientador Professor Dr. Marcos Almeida, não só pela orientação do meu trabalho, mas
por ter a certeza de um amigo, pela atenção, simplicidade, desprendimento e carinho a mim
dispensados. Pela maneira tranquila e sensata na condução desta pesquisa. Minha eterna
gratidão!!!
À Clóvis Santana, pelo companheirismo, apoio, compreensão, dedicação e incentivo
incondicional. A meu filho Clóvis, agradeço suas palavras, sua disponibilidade em ajudar nas
minhas dificuldades. A meu amado neto Murilinho pelo semblante de paz e tranquilidade!!!
Vocês me fizeram acreditar que sempre é possível ir mais além...
Um agradecimento especial à minha grande família, presente mesmo em pensamentos e
vibrações positivas. Sei, que sempre compreenderam a busca de mais uma conquista sonhada!!!
À minha querida Amiga Amanda Matias, companheira de viagem, presente em momentos
importantes dessa trajetória cheia de desafios. Obrigada pelo carinho e apoio!!!
À minha grande Amiga Camila Amorim. Agradeço pela presença abençoada em minha vida,
me auxiliando nos momentos de dificuldades. Um forte e afetuoso abraço!!!
Agradeço ainda a todos que participaram da minha caminhada no decorrer do doutorado. À
minha amada irmã Graciete e meu cunhado Jorge Luiz, pelo acolhimento generoso em seu lar!
Aos professores membros da banca examinadora, fundamentais nas valiosas contribuições para
o aprimoramento do trabalho!
Aos professores do programa de pós-graduação da EBMSP, por facilitar a construção do
conhecimento, fundamentais para minha evolução enquanto pesquisadora!
À secretária do programa Léia, pela competência e disponibilidade nos momentos necessários!
E finalmente, às pessoas fragilizadas pelo trauma que com o apoio e disponibilidade, me
permitiu desenvolver este trabalho, sempre me confiando os relatos e experiências vividas.
Minha eterna gratidão!
5
“Por vezes sentimos que aquilo que
fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe
faltasse uma gota.”
Madre Teresa de Calcutá.
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RESUMO
Dos pacientes hospitalizados por lesões devido a causas externas, o maior percentual das
vítimas apresentam fraturas em membros inferiores. Estas lesões são muito investigadas sob o
ponto de vista clínico, radiológico e de inovações tecnológicas. Porém, raros são os estudos
que buscam avaliar a qualidade de vida sob a ótica do sujeito vitimado. A avaliação da qualidade
de vida visa obter dados subjetivos sobre o estado de saúde física e mental dos indivíduos. Nesta
perspectiva, o presente estudo tem o objetivo de verificar a qualidade de vida de indivíduos que
sofreram fraturas em membros inferiores, buscando identificar as variáveis clínicas e
sociodemográficas associadas. Trata-se de um estudo observacional, longitudinal prospectivo,
constituída por 121 indivíduos que sofreram fraturas unicamente em membros inferiores. A
coleta dos dados foi realizada em duas etapas: Fase 1: (intrahospitalar), foi realizada no período
agudo do evento traumático, sendo avaliados dados sociodemográficos, clínicos e a qualidade
de vida através do questionário SF-36. Após seis, foi realizada novamente a avaliação da QV.
Observou-se diferenças significativas para os domínios capacidade funcional, dor e limitação
por aspectos emocionais. Estas diferenças estiveram associadas a variáveis como idade,
escolaridade, tratamento cirúrgico até 10 horas e osteossíntese. Concluímos que as fraturas de
membros inferiores causam impacto negativo na qualidade de vida dos sujeitos acometidos na
fase aguda do trauma e que estes impactos persistem por pelo menos seis meses após o evento
inicial, refletindo em custo humano, social e emocional neste tipo de agravo à saúde.
Palavras-Chave: Qualidade de vida. Fraturas. Hospitalização.
7
ABSTRACT
Of patients hospitalized for injuries due to external causes, the highest percentage of victims
have fractures of the lower limbs. These injuries very investigated from a clinical point of
view, radiological and technological innovations. However, there are very few studies seek
to evaluate the quality of life from the perspective of the subject victimized. The evaluation
of quality of life is to obtain subjective data on the state of physical and mental health of
individuals. In this perspective, this study aims to verify the quality of life of individuals who
have suffered fractures of the lower limbs in order to identify the clinical and
sociodemographic variables associated. This is an observational, prospective longitudinal,
consisting of 121 individuals who suffered only fractures in the lower limbs. Data collection
was performed in two stages: Stage 1: (in-hospital), was held in the acute period of the
traumatic event, being assessed socio-demographic data, clinical and quality of life through
the SF-36 questionnaire. After six, it held again the assessment of QoL. We observed
significant differences in the domains functional capacity, pain and limitation by emotional
aspects. These differences were associated with variables such as age, education, surgical
treatment up to 10 hours and osteosynthesis. We concluded that the lower limb fractures have
a negative impact on quality of life of affected individuals in the acute phase of trauma and
that these effects persist for at least six months after the initial event, reflecting on human,
social and emotional cost this kind of injury to Cheers.
Keywords: Quality of life. Fractures. Hospitalization.
8
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
EBMSP- Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
UESB- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Características sociodemográficas dos indivíduos com fraturas de membros
inferiores.
29
Tabela 2: Variáveis relacionadas ao evento traumático. 30
Tabela 3: Comparações intragrupos dos domínios da qualidade de vida do SF-36. 31
Tabela 4: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase1). 31
Tabela 5: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor e LAE (Fase 2). 32
Tabela 6: Comparação entre os domínios da QV e variáveis categóricas (Fase 1). 68
Tabela 7: Comparação entre os domínios da QV e variáveis categóricas (Fase 2). 68
Tabela 8: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase 1). 68
Tabela 9: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase 2). 69
10
LISTA DE ABREVIATURAS
AIS: Abbreviated Injury Scale
AS: Aspectos sociais
CF: Capacidade funcional
EBMSP: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
EGS: Estado geral de saúde
HGPV: Hosptal Geral Prado Valadares
HGVC: Hospital Geral de Vitória da Conquista
LAE: Limitações por aspectos emocionais
LAF: Limitação por aspectos físicos
MMII: Membros inferiores
MS: Ministério da Saúde
OMS: Organização Mundial da Saúde
ONU: Organização das Nações Unidas
QV: Qualidade de vida
QVRS: Qualidade de vida relacionada à saúde
SF-36: Medical Outocomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey
SIH: Sistema de Informação Hospitalar
SM: Saúde mental
SUS: Sistema Único de Saúde
TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido
V: Vitalidade
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14
2.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 14
2.2 Objetivos secundários ...................................................................................................... 14
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 15
3.1 Causas externas e fraturas em membros inferiores ..................................................... 15
3.2 Aspectos conceituas sobre qualidade de vida. ................................................................ 17
3.3 Repercussões biopsicossociais das fraturas por causas externas. ............................... 20
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 24
4.1 Desenho do estudo ............................................................................................................ 24
4.2 Características da população-alvo .................................................................................. 24
4.3 Critérios de inclusão e exclusão ....................................................................................... 25
4.4 Procedimentos para a coleta de dados ............................................................................ 25
4.5 Aspectos éticos .................................................................................................................. 26
5 ESTATÍSTICA .................................................................................................................... 28
6 RESULTADOS ................................................................................................................... 29
7 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 33
8 LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS .................................................................................. 41
9 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43
ANEXOS ................................................................................................................................. 49
12
1 INTRODUÇÃO
As lesões por causas externas permanecem como principal fator de morbimortalidade
na maioria dos centros urbanos durante as primeiras décadas de vida1. No Brasil, as internações
hospitalares por acidentes e violência apresentaram aumento no período de 2000 a 2010, com
destaque para as lesões causadas por quedas e acidentes de trânsito2.
Vários estudos revelam que dos pacientes hospitalizados por estas causas, o maior
percentual das vítimas apresentaram lesões em membros inferiores. Estes agravos são capazes
de produzir incapacidade marcante, longo tempo de tratamento e recuperação, sendo também
responsáveis por maior incidência das intervenções cirúrgicas ocorridas3-6. As fraturas de
membros inferiores têm o potencial de causar prejuízos tanto à saúde física e emocional, como
também de impossibilitar a realização de atividades laborais, sociais e de lazer7. As limitações
originárias da demora e complexidade do tratamento implicam em importante sofrimento
humano e possivelmente impactam de forma negativa na qualidade de vida dos indivíduos8-9.
Nas últimas décadas, a evolução tecnológica dos métodos de fixação ortopédica e de
reabilitação física possibilitaram avanços consideráveis no tratamento das fraturas de membros
inferiores. O alvo primordial do tratamento ortopédico continua sendo a integridade física do
tecido musculoesquelético da forma mais eficiente possível tentando minimizar complicações
clínicas10. As lesões decorrentes dos eventos traumáticos, além de comprometer os aspectos
biológicos, interferem na capacidade de as vítimas sobreviventes cumprirem suas atividades
laborais, sociais e de lazer, interferindo nas dimensões físicas e emocionais do indivíduo,
repercutindo na qualidade de vida4. Investigações com enfoque nos aspectos subjetivos
relacionados à saúde, para avaliar condições físicas funcionais e psicossociais ainda são
incipientes. Porém, necessários a fim de promover à saúde do indivíduo de forma holística.
Estudos com abordagem na qualidade de vida em pacientes vítimas de fraturas dos
membros inferiores com idade produtiva ainda são essenciais para a compreensão dos impactos
subjetivos a curto e longo prazo, que as fraturas e suas sequelas podem produzir na dimensão
física, socioemocional, laboral e econômica dos indivíduos vitimados por tais lesões. Pois, a
partir desta compreensão, ações e políticas em saúde poderiam ser melhor planejadas para o
manejo do trauma, voltadas para uma assistência pautada na integralidade da saúde11-12.
13
Entretanto, apesar da importância, poucos são os estudos que evidenciam os aspectos
biopsicossociais sob a ótica do indivíduo, vivenciado pelo processo de adoecimento relacionado
às fraturas dos membros inferiores. Diante disto, o objetivo do nosso estudo é avaliar o impacto
das fraturas de membros inferiores na qualidade de vida de indivíduos adultos, buscando
identificar as variáveis clínicas e sociodemográficas associadas.
14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivos geral
Avaliar o impacto das fraturas de membros inferiores na qualidade de vida de indivíduos
adultos.
2.2 Objetivos secundários
Avaliar a qualidade de vida dos indivíduos no período de hospitalização e após seis
meses.
Identificar as variáveis clínicas e sociodemográficas associadas a modificação da
qualidade de vidas nos indivíduos acometidos por fraturas nos membros inferiores.
15
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Causas externas e fraturas em membros inferiores
Os acidentes e a violência, como constam na Classificação Internacional de Doenças
(CID), sendo denominado de causas externas, são um dos temas mais discutidos na atualidade
em diversos setores da sociedade. Configuram como um conjunto de agravos à saúde, que
englobam todos os tipos de lesões corporais que podem ou não levar a óbito, no qual se incluem
as causas ditas acidentais e as causas intencionais13.
Dados de um estudo utilizando como referência o ano 2000, analisou a
morbimortalidade por causas externas no Brasil. Este comparou e descreveu o perfil de mortes
e internações no país por essas causas. As lesões diagnosticadas nas vítimas que foram
hospitalizadas em serviços próprios ou contratados do SUS, revelaram que as fraturas em
membros inferiores foram a maioria (43,7%), causadas principalmente por quedas e acidentes
de transporte14. Estudo realizado num hospital público de São José dos Campos -SP, mensurou
os gastos diretos médico-hospitalares das internações por causas externas em que é referência
para o atendimento ao trauma. Houve um predomínio das internações por acidentes de
transporte tanto na proporção de internações como na proporção de gastos, seguido das quedas.
Embora as internações pagas pelo SUS não representem a totalidade dos casos que necessitam
internação hospitalar, o caráter de urgência dos atendimentos às lesões provocadas por causas
externas conferem grande cobertura de assistência ao SIH-SUS nesse grupo de problemas de
saúde. Demonstrou que a maioria das internações hospitalares foram de indivíduos que
sofreram lesões em membros inferiores, apesar destas não serem responsáveis pelo maior valor
de gastos médico-hospitalares15.
Calil e cols16 através de revisão sistemática, identificou a existência de características
específicas e comuns entre as regiões corpóreas e lesões existentes em vítimas de acidentes de
transporte, considerando a frequência e gravidade das mesmas. Porém, a literatura ainda é
escassa de estudos que descrevam outros aspectos das lesões sofridas por essas vítimas. Essa
dificuldade revela que o panorama encontrado no território nacional brasileiro é distinto e
poderia servir de orientação para medidas preventivas e educacionais próprias para cada região
do país. Contudo, concluiu que a região corpórea mais afetada são os membros inferiores apesar
de a maioria das vezes, essas lesões não serem letais16. Todavia, torna-se inquietante o elevado
número de indivíduos que permanecem semanas, meses ou até anos, em programas de
16
reabilitação e fisioterapia, acarretando em perdas salariais e de emprego decorrentes dos
acidentes de trânsito, mostrando a dimensão econômico-social do problema.
Estudo realizado na cidade de Maringá-PR, com vistas a caracterização dos
motociclistas vítimas de acidentes de trânsito e internados num centro de referência, percebeu
que as lesões decorrentes dos eventos traumáticos resultam frequentemente, em deficiências e
incapacidades temporárias ou permanentes, que interferem na capacidade das vítimas
sobreviventes cumprirem tarefas que delas são esperadas, como também na qualidade de suas
vidas. Descreve também, a escassez de trabalhos que abordam o problema sob o aspecto
relacionados as sequelas e à qualidade de vida após o evento. Nos membros, o tipo de lesão
mais frequente são as fraturas, contusões e luxações. As fraturas de membros, observadas em
23,89% dos motociclistas, são consideradas lesões de baixa ou média gravidade (AIS 1 a AIS
3). Entretanto, requerem imobilizações prolongadas, acarretando longos períodos de
recuperação da vítima, com importantes custos econômicos e sociais. As sequelas observadas
foram principalmente em membros inferiores, com dificuldade de realização de determinadas
atividades4.
Em relação a indivíduos idosos, as estatísticas das fraturas em membros inferiores não
diferem das de outras populações em eventos traumáticos por causas externas. O maior número
de fraturas ocorridas nesta população também é a de membros inferiores, em especial as fraturas
de colo de fêmur. Estudo demonstrou que as fraturas nesta faixa etária podem comprometer a
capacidade do idoso realizar as atividade instrumentais de vida diária, diminuir sua autonomia,
refletindo numa piora da qualidade de vida17.
No município de Alta Floresta-MT, estudo realizado entre julho e outubro de 2006,
caracterizou as vítimas de acidentes e violências, confirmando novamente alta prevalência de
fraturas em membros inferiores. Estes achados, relacionados a alta incidência de lesões em
membros inferiores parecem não divergir, nas diferenças regionais no país no que se refere aos
acidentes de transporte18.
Estudo de Nery e cols19, realizado no município de Jequié-Ba, descreveu as
características de morbimortalidade por causas externas, apontou que os acidentes de transporte
apareceram como a segunda causa de hospitalizações por causas externas (30,7%), com
destaque para os que envolvem com motocicletas (50,5%) de indivíduos do gênero masculino,
17
demonstrando a vulnerabilidade do gênero notificando maior ocorrência dos acidentes nos
finais de semana. Além disso, constatou que se o preenchimentos dos formulários fossem de
melhor qualidade poderia obter mais informações sobre o perfil das vítimas e padrão de
atendimento. Vivemos na era da velocidade, pessoas cada vez mais necessitam de meios de
locomoção mais rápidos e econômicos, para o atendimentos de suas necessidades. Porém, este
fato vem desencadeando uma maior propensão de acidentes por causas externas.
3.2. Aspectos conceituas sobre qualidade de vida.
No conceito ampliado de qualidade de vida, nenhum componente de indicadores
clássicos de morbimortalidade entra na composição dos indicadores combinados de qualidade
de vida. Ou seja, tanto o IDH (Índice de desenvolvimento humano) como o ICV (Índice de
condições de vida) é sintetizado por meio de vários artifícios metodológicos, todos tratam a
saúde como um dos componentes de uma complexa resultante social e é entendido numa
síntese, híbrido biológico-social, mediado por condições mentais, ambientais e culturais20.
Felce21 ampliou o conceito de QV definido pela OMS, ele trouxe a ideia que a qualidade de
vida é a combinação de condições objetivas, avaliação subjetiva e de valores pessoais,
confirmando a definição da OMS, e trouxe, também, reflexões sobre seis domínios na QV:
bem-estar físico, material, social, produtivo, emocional e cívico, e ainda admite a influência
externa.
O termo qualidade de vida é utilizado na linguagem cotidiana e em diversas áreas de
trabalho e saber. A tentativa de uma definição científica de qualidade de vida é recorrente, e a
expressão vem sendo utilizada como sinônimo de estado de saúde, estado funcional, bem-estar
psicológico, felicidade com a vida, satisfação das necessidades e avaliação da própria vida22. A
qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de
satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética
existencial. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e
valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e
histórias diferentes, sendo portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural.
As noções se unem em uma resultante social da construção coletiva dos padrões de conforto e
tolerância que determinada sociedade estabelece, como parâmetros, para si20.
18
O conceito de qualidade de vida relacionada a saúde é mais amplo que a definição de
QV apresentada pela OMS, pois inclui dentro da percepção do indivíduo em relação a sua saúde
física e mental e outros aspectos como capacidade funcional, físicos, sociais e econômicos e
demais aspectos relacionados ao processo saúde-doença23. O estado de saúde podendo ser
mensurado através de instrumentos que versam sobre a qualidade de vida, nos permite definir
níveis de comparação entre grupos, detectar problemas em relação as condições de saúde, áreas
geográficas (entre regiões, países ou zonas dentro dos países), condições sociais e económicas
ou ainda percepções relativas ao género e à idade14.
A mudança do perfil de morbimortalidade, tendência universal também nos países em
desenvolvimento, indica o aumento da prevalência das doenças crônico-degenerativas. Está
diretamente ligada às práticas assistenciais cotidianas dos serviços de saúde, e refere-se à QV
como um indicador nos julgamentos clínicos de doenças específicas. Os avanços nos
tratamentos e as possibilidades efetivas de controle dessas enfermidades têm acarretado o
aumento da sobrevida e/ou a vida longa das pessoas acometidas por esses agravos. Porém,
discutindo a saúde propriamente dita resultante de diversos fatores inesperados dentre eles, as
fraturas por causas externas, vem promover a discussão que, o fato de sobreviver às vezes por
longos períodos, não significa “viver bem”, pois quase sempre há limitações com prejuízos da
participação em várias atividades. Isto é, a qualidade de vida está prejudicada e há interesse em
fazer sua avaliação. Isso fez com que se desenvolvessem técnicas por meio de instrumentos de
avaliação8-25.
O impacto das causas externas na qualidade de vida e nas condições de saúde da
população se constitui como uma vasta dificuldade social para o enfrentamento em todo o
mundo. Esta pode ser alcançada sob diversos níveis e enfoques, como também aos demais
processos relacionados à saúde. A problemática das causas externas tem repercussões muito
maiores aos indivíduos, e seus efeitos ultrapassam o sofrimento individual e familiar, afetando
os padrões culturais das populações e o modo de viver das pessoas26.
O tema qualidade de vida é tratado quando visto de forma mais focalizada em saúde,
coloca sua centralidade na capacidade de viver sem doenças ou de superar as dificuldades dos
estados ou condições de morbidade. Geralmente porque os profissionais atuam no âmbito
influenciando diretamente no alívio da dor, mal-estar e as doenças. Intervindo sobretudo nos
agravos que podem gerar dependências e desconfortos, seja para evitá-los, seja minorando
19
consequências dos mesmos ou das intervenções realizadas para diagnosticá-los ou tratá-los20.
Também abrange domínios de funcionamento, como condições físicas e capacidade funcional,
condições psicológicas e bem estar, interações sociais, condições ou fatores econômicos e/ou
vocacionais e condições religiosas e/ou espirituais. A avaliação da qualidade de vida é realizada
com base na percepção que o indivíduo tem em relação a cada uma destas áreas e a terminologia
utilizada pode diferir entre os investigadores27. Outros autores definem a qualidade de vida
como a maneira pela qual o indivíduo interage com sua individualidade e subjetividade em
relação ao mundo externo; logo é vista a maneira como o sujeito é influenciado e como
influencia o meio. Diante disso, tem-se a qualidade de vida como o equilíbrio entre as forças
internas e externas, ou seja o indivíduo/coletivo, pois o indivíduo é inseparável do meio em que
vive28.
A qualidade de vida percebida é um componente particular reportando ao ajuizamento
que o indivíduo faz sobre seu próprio desempenho, no domínio das capacidades
comportamentais. O bem-estar psicológico reflete a avaliação individual sobre o conjunto e a
dinâmica das relações entre as áreas de competência comportamental, das condições ambientais
e da qualidade de vida percebida. Para a avaliação do bem- estar subjetivo deve-se considerar:
a experiência individual; a avaliação global e a dos domínios tais como saúde física e cognitiva,
sexualidade, relações sociais, relações familiares, espiritualidade e medidas cognitivas
(satisfação) e emocionais (afetos positivos e negativos)29. Torna-se perceptível que a avaliação
da qualidade de vida é um processo complexo e os instrumentos que se propõe a mensurar, são
válidos e necessários. Porém, como o conceito de saúde e qualidade de vida torna-se cada vez
mais ampliado, estudos de cunho qualitativo e quantitativo vem somar-se a integridade da
avaliação da QVRS.
Para falar em qualidade de vida relacionada a saúde deve-se ter em foco o conceito de
saúde expandido, pois para os pesquisadores está diretamente relacionada a qualidade de vida.
Esse conceito pode variar ao longo do tempo, à medida que as sociedades evoluem e novas
necessidades surgem. Atualmente, o acesso à saúde é cada vez mais discutido em termos de
justiça social e de equidade. O aumento inexorável dos custos com a saúde em virtude da
incorporação de novas tecnologias tem contribuído para acirrar as discussões. Muitos
pesquisadores concordam, no entanto, que o acesso à saúde é um conceito de múltiplas
dimensões, composto por fatores financeiros e não financeiros30. Tentando sintetizar a
complexidade da noção de qualidade de vida e de sua relatividade, as diferentes culturas e
20
realidades sociais, diversos instrumentos têm sido construídos. Alguns tratam a saúde como
componente de um indicador composto, outros têm, no campo da saúde, seu objeto
propriamente dito20.
Para compor a construção desta tese, foi utilizado o questionário que versa sobre
qualidade de vida SF-36, para mensurar a qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS) dos
indivíduos que sofreram fraturas em qualquer segmento dos membros inferiores, população
alvo deste estudo.
O SF-36 (Medical Outocomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey), é um
instrumento genérico para avaliação da qualidade de vida, validado no Brasil por Ciconelli et
al31. Apesar de ter sido validado em indivíduos portadores de artrite reumatóide, continua sendo
utilizado em diversas patologias com obtenção de resultados confiáveis. É um questionário
multidimensional, de avaliação genérica, bem desenhado, de fácil aplicação e compreensão,
englobando 8 dimensões, entre elas, capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (04 itens),
dor (02 itens), estado geral de saúde (05 itens), vitalidade (04 itens), aspectos sociais (02 itens),
aspectos emocionais (03 itens), saúde mental (05 itens), e mais uma questão de avaliação
comparativa entre as condições de saúde atual e a de um ano atrás. Esse item, embora não
pontue em nenhuma das dimensões supracitadas, tem sua importância devido ao conhecimento
e avalição subjetiva sobre a saúde do indivíduo. No total o SF-36 possui 36 itens que avaliam
tanto aspectos positivos como negativos da saúde. Para a mensuração de cada domínio, o
questionário apresenta um escore de 0 a 100, no qual o 0 exibe um escore ruim de estado geral
de saúde e 100 um escore melhor de saúde31.
3.3. Repercussões biopsicossociais das fraturas por causas externas.
As fraturas de membros inferiores são consideradas como uma lesão grave. Por outro
lado, as lesões tipificadas como grave, por sua própria natureza e lesividade podem causar
mortes e sequelas muitas vezes irreversíveis. No entanto, os primeiros atendimentos, o
transporte adequado, o atendimento em serviço de saúde especializado e a sucessão de
tratamento podem evitar ou minimizar suas consequências32.
21
A morbidade por causas externas, como real problema de saúde causam sofrimento e
receio aos profissionais envolvidos e, ao mesmo tempo, os neutraliza, tornando-os muitas vezes
impotentes para abordá-los em sua complexidade e a necessidade de reforçar o caráter integrado
de políticas sociais e econômicas para seu enfrentamento33. Os acidentes de trânsito, além do
elevando índice de mortalidade, também causam incapacidades, momentâneas ou permanentes
em virtude das sequelas deixadas pelas lesões corporais. Apesar de haver vítimas graves que
evoluem para uma recuperação total, não se pode ignorar o longo período de
internação/tratamento. O processo de tratamento obriga-o ao afastamento de suas atividades
laborais e de outras relações sociais, ocasionando consequências para a vida pessoal,
profissional e familiar, em razão de perdas financeiras, necessidade de acompanhamento de
familiares nas internações e outras necessidades do tratamento, como consultas e fisioterapia,
assim como, afastamento das atividades produtivas provedoras da subsistência32. São fonte de
consequências de natureza diversa, envolvendo os campos físico, psicológico, econômico,
político, social, cultural, todos eles repercutindo intensamente sobre a vida dos acidentados.
Causam imenso número de óbitos, incapacidades permanentes e temporárias, alto dispêndio de
recursos financeiros, problemas psicológicos e pessoais, além de dor e sofrimento das vítimas,
de suas famílias e de outros indivíduos que convivam com este tipo de fatalidade. Entretanto,
apesar da gravidade, eles são passíveis de prevenção, o que torna ainda mais importante o estudo
destes problemas12.
As internações por causas externas mostram o perfil dos acidentados que é de maioria
do gênero masculino, com predominância do adulto jovem em fase produtiva, o que remete a
preocupação com os prejuízos de ordem social e econômica que assolam esses agravos34. A
repercussão social, econômica e emocional faz do trauma um importante fator de preocupação
nos dias atuais, pois é responsável por maior número de anos perdidos à vida destes indivíduos,
superando doenças como o câncer e as cardiovasculares35.
O impacto traumático depende de como a pessoa avalia o quanto sua vida esteve em
risco naquele momento, uma apreciação inteiramente subjetiva. Sobreviventes primários são as
vítimas submetidas lesões traumáticas propriamente ditas; sobreviventes secundários são os
familiares próximos das vítimas; ademais também envolvidos no processo de estresse pós-
traumático estão os profissionais que atuam na emergência e no socorro às vítimas, as pessoas
da comunidade envolvidas com o acidente, repórteres, pessoas do poder público; e aquelas que
sofrem o estresse pelo que vêem ou pelo que tomam conhecimento através da comunicação
22
social. Pesquisadores apontam que os custos sociais dos acidentes por meio de estudos
qualitativos contextualizando o impacto nas vítimas e em seus familiares; além de haver
necessidade de se traçarem parâmetros para avaliar impactos de difícil quantificação para os
indivíduos e para a sociedade, visa também nortear políticas públicas36. As internações por
fraturas de membros inferiores remetem ao indivíduos o significado de dependência,
dificuldade de locomoção e financeira afetando psicologicamente os indivíduos, a ponto de
causar tristeza e incertezas para o futuro. Esta circunstância denota a vulnerabilidade em prover
o sustento para suas famílias e isto parece ser potencializado, à medida que se deparam
incapazes de gerir o autocuidado, sendo requerido um outro familiar, para o acompanhamento
hospitalar37.
Além das consequências sociais do trauma, pesquisas revelam que economicamente o
trauma apresenta consequências importantes. As lesões podem ocasionar a morte, incapacidade
temporária ou permanente da vítima, determinando um alto custo com a recuperação, além de
comprometimento da qualidade de vida dos indivíduos e familiares38. Quantificar a repercussão
do evento traumático na vida social e familiar do indivíduo envolve subjetividade, porém não
se pode negligenciar as consequências dos acometimentos psicológicos, sociais e financeiros
refletidos no cotidiano, interferindo no modo de viver dos cidadãos. A perspectiva e
subjetividade do indivíduos vítimas de lesões musculoesqueléticas precisam ser levados em
consideração no processo de tratamento. Fator ainda não contemplado nos serviços de
atendimento do trauma.
Estudo realizado por Cruz, revela que independente da natureza do acidente, os
vitimados sofrem em virtude das sequelas físicas ou psicológicas deixadas pelas lesões
corporais produzidas. Os custos ambientais e materiais podem ser mensurados e demonstrados
através dos números. No entanto, a perda de vidas ou de qualidade de vida não pode ser
mensurada pelo valor indenizatório, pois não há numerário que pague a vida ou a saúde do
indivíduo32. No entanto, o principal impacto está relacionado aos potenciais anos perdidos, aos
longos períodos de afastamento do trabalho e convívio social ou até mesmo, aposentadorias
precoces, limitações físicas e emocionais e morais, não somente do acidentado, mas de toda
estrutura familiar e social na qual o acidentado está inserido39. À medida que atingem
principalmente jovens, do gênero masculino, da faixa etária economicamente produtiva,
determinando importante morbimortalidade, demandam também grande ônus econômico ao
país no tratamento com suas vítimas e com a perda de importante parcela da população
23
produtora de renda devido a mortes e sequelas. Além do estresse econômico, há o
biopsicossocial, seja nas próprias vítimas ou em seus familiares, apesar de não haver
mensuração das dificuldades e problemas enfrentados há de ser igualmente relevante, do ponto
de vista humanizado40.
As sequelas físicas causadas pelos acidentes de trânsito podem determinar alterações na
qualidade de vida, trazendo como consequências, alto custos diretos e indiretos, de ordem
econômica e social tanto para as vítimas, quanto para a sociedade. Representam, portanto, um
alto custo na recuperação das vítimas, que incluem além de gastos previdenciários, em alguns
casos, a desestruturação familiar41.
24
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Desenho do estudo
O presente estudo foi do tipo observacional, longitudinal prospectivo (coorte prospectiva),
realizados em dois hospitais públicos no interior da Bahia, nas cidades de Jequié e Vitória da
Conquista.
A fim de responder aos objetivos geral e específicos desta tese, foram utilizadas
entrevistas, questionários para coleta dos dados sociodemográficos e clínicos e o questionário
SF-36, específico para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos participantes. Para os dados
quantitativos foi feita uma análise descritiva e analítica, acerca das informações
sociodemográficas, clínicas e sobre os domínios do questionário de qualidade de vida. Para
avaliação dos oito domínios do questionário SF-36, foram feitas coletas de dados em dois
momentos, no período de internação hospitalar dos indivíduos e seguimento de seis meses após
o evento traumático.
4.2 Características da população-alvo
A amostra foi do tipo intencional e consecutiva, para o recrutamento dos indivíduos
participantes do estudo. Dos 142 indivíduos identificados e internados por fraturas de membros
inferiores, 21 foram excluídos: uma fratura não traumática (patológica), seis com fratura de
colo de fêmur (dificuldade de compreensão nas respostas dos questionários), uma fratura de
tíbia (paciente muito sonolento) e 13 se recusaram em participar do estudo. A amostra inicial
efetiva, portanto, constou de 121 indivíduos.
Os indivíduos foram recrutados por amostragem não probabilística do tipo intencional
e consecutiva entre aqueles que preencheram os critérios de inclusão do estudo. Os critérios de
seleção para os participantes da pesquisa foram indivíduos acima de 18 anos, vítimas de fratura
nos ossos dos membros inferiores e internados há mais de 24 horas nos hospitais supracitados.
Foram excluídos da pesquisa indivíduos portadores de outras doenças do sistema osteoarticular,
com as doenças reumáticas, osteometabólicas, demências, transtornos psiquiátricos ou qualquer
25
outra que não seja de origem traumática, e indivíduos que não consigam compreender as
perguntas feitas pelo pesquisador na coleta de dados. Também foram excluídos indivíduos com
fraturas dos ossos do cíngulo do membro inferior (pelve óssea). Os ossos do cíngulo do membro
inferior possuem maior incidência de complicações e risco de morbimortalidade quando
comparadas a população em geral, sendo portanto, as que apresentam maior complexidade42.
4.3 Critérios de inclusão e exclusão
O hospital da cidade de Jequié-Ba, campo da pesquisa, é um dos principais de referência
regional do interior do Estado da Bahia, possuindo mais de 200 leitos operacionais, com
internações nas especialidades de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Psiquiatria,
Neonatologia, Obstetrícia e Terapia Intensiva. O de Vitória da Conquista, é considerado como
referência no atendimento de urgência e emergência na região sudoeste da Bahia e de cidades
do norte de Minas Gerais, atendendo principalmente as especialidades de média e alta
complexidade. Estes, inicialmente foram os campos de investigação para garantir os objetivos
deste estudo, no que concerne a avaliação da qualidade de vida dos indivíduos internados para
tratamento clínico e cirúrgico de fraturas de membros inferiores.
Para o cálculo do tamanho amostral, não se dispunha de estimativas esperadas de perda de
qualidade de vida neste tipo de acometimento, tanto de forma geral quanto para cada um dos
domínios avaliados. Em função disso, assumimos uma proporção de 50% para perda de
qualidade de vida, com erro amostral máximo de 10%, nível de significância de 5%. Este
cálculo resultou num tamanho amostral de 96 indivíduos. Entretanto, devido ao seguimento do
estudo e para compensar possíveis perdas amostrais decidiu-se acrescer a amostra em um
percentual próximo de 30%, resultando num tamanho amostral de 121 indivíduos.
Os dados do estudo foram colhidos entre os meses de fevereiro a maio de 2014.
4.4 Procedimentos para a coleta de dados
A coleta dos dados foi realizada em duas etapas: Fase 1: (intrahospitalar). Esta fase de
coleta foi realizada no período agudo do evento traumático, ou seja, na hospitalização. Em todos
26
os pacientes foi aplicado um questionário padronizado para coleta dos dados sociodemográficos
que constou de gênero, idade, cor da pele, escolaridade, faixa de renda em salários mínimos,
tipo de acidente (trânsito, trabalho, queda de altura, esmagamento e outros), tempo de admissão
hospitalar. Para as variáveis clínicas foi feita a pesquisa nos prontuários dos pacientes, local
(segmento afetado) e tipo de fratura (aberta ou fechada), osteossíntese e diagnóstico médico.
Para avaliação da qualidade de vida foi utilizado o questionário SF-36. Este instrumento
de qualidade de vida é multidimensional, desenvolvido por Ware&Sherbourne43, e validado no
Brasil por Ciconelli et al31. O SF-36 é formado por 36 questões com perguntas relacionados à
sua capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos
sociais, aspectos emocionais, saúde mental e 01 questão de avaliação que permite comparar a
sua condição de saúde atual com a de um ano atrás. A avaliação dos resultados foi feita mediante
a atribuição de escores para cada um dos 08 domínios, os quais foram transformados numa
escala de zero a 100, onde zero correspondeu a pior escore de qualidade de vida e 100 a melhor
escore de qualidade de vida.
Devido a avaliação da qualidade de vida ter sido realizada em dois momentos, um na
fase intrahospitalar, após 24 horas de internação hospitalar e o outro após seis meses da primeira
avaliação. Os participantes foram contactados novamente para serem avaliados através do
mesmo questionário, o SF-36 (Fase 2). O contato e avalição da QV através do SF-36 e demais
dados do questionário foi realizado por via telefônica após seis meses do evento traumático.
Dos 121 indivíduos inicialmente entrevistados na fase intrahospitalar, somente 95 foram
contactados para avaliação após seis meses do evento. Portanto, obteve-se perda de
acompanhamento de vinte seis indivíduos, ou seja, muito próximo do esperado para o cálculo
amostral.
4.5 Aspectos éticos
Inicialmente, uma carta de apresentação foi encaminhada à direção dos hospitais,
contendo os objetivos e procedimentos propostos para a realização do estudo. Foi solicitado a
concessão para o desenvolvimento da pesquisa. Após, a mesma foi submetida e aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP, sendo
aprovada sob o parecer de no 494.966. (ANEXOS 1 e 2).
27
Para a pesquisa de campo, os participantes foram informados sobre todos os aspectos
para a realização da pesquisa com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi
explicado quanto aos objetivos propostos pelo estudo, sua importância e os procedimentos
necessários para a obtenção dos resultados. Os indivíduos que consentiram informar seus dados,
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE, atendendo a Resolução do
CNS 466/12, que trata da execução de pesquisas envolvendo seres humanos. Também foram
informados que poderiam a qualquer tempo retirar seu consentimento do estudo, sem nenhum
prejuízo ou danos.
28
5 ESTATÍSTICA
Os dados obtidos da coleta foram apresentados na forma de estatística descritiva
inferencial, utilizando-se tabelas de distribuição por frequência para variáveis discretas, média
e desvio padrão para variáveis contínuas.
Os dados dos domínios do questionário SF-36 não apresentaram distribuição normal.
Por este motivo, as comparações da QV antes e depois (dados pareados), utilizou-se o teste não-
paramétrico de Wilcoxon, com médias, desvio padrão e nível de significância para cada
domínio. Para as variáveis preditoras que foram significantes no teste de Wilcoxon, foi feita a
regressão linear bivariada, a fim de buscar inferir o efeito que as variáveis preditoras tem sobre
algumas variáveis sociodemográficas e clínicas. Em todos os testes estatísticos foi adotado um
p<0,05 como medida de significância.
29
6 RESULTADOS
Dos indivíduos avaliados, a média de idade e desvio padrão foi de 41,07±19,58 anos.
Os dados sociodemográficos coletados no período intrahospitalar (fase 1), são apresentados
categorizados na Tabela 1. As características clínicas do evento traumático encontram-se
apresentados na Tabela 2 (em números absolutos e percentuais).
Tabela 1. Características sociodemográficas dos indivíduos com fraturas de membros inferiores.
Variáveis n= 121 (%)
Gênero
Masculino
Feminino
Escolaridade
Até o ensino fundamental
Ensino médio
Ensino superior
Cor da pele
Branca
Parda
Preta
Renda Familiar
Até 1 salário mínimo
Mais de 1 a 4 salários mínimos
Mais de 4 salários mínimos
Situação Trabalhista
Carteira assinada
Autônomo
Desempregado
Outros
Salário mensal
Não recebe salário
Até 1 salário mínimo
Mais de 1 a 4 mínimos
Mais de 4 mínimos
Hábitos de vida
Tabagismo
CAGE positivo
88 (72,7%)
33 (27,3%)
92 (76%)
27 (22,3%)
02 (1,7%)
23 (19%)
89 (73,6%)
09 (7,4%)
73 (60,3%)
47 (38,8%)
01 (0,8%)
24 (19,8%)
47 (38,8%)
04 (3,3%)
46 (38,1%)
37 (33,4%)
60 (47,6%)
24 (19,0%)
- ( 0,0%)
26 (21,5%)
20 (16,5%)
Total 121 (100%)
Na Tabela 2, estão as variáveis relacionadas ao evento que desencadeou o trauma em
membros inferiores. Também algumas variáveis que influenciam no processo de tratamento
dos indivíduos.
30
Tabela 2. Variáveis relacionadas ao evento traumático.
Variáveis n=121 (%)
Acidente de trânsito
Não
Sim
Carro
Moto
Caminhão
Bicicleta
Outro tipo de trauma
Agressão física
Queda
Atropelamento
Tempo de admissão
Até 1 hora
Entre 1 e 3 horas
Mais de 3 horas
Local da fratura
Coxa
Perna
Pé
Tipo de lesão
Aberta
Fechada
50 (41,3%)
71 (58,7%)
05 (6,8%)
57 (80,8%)
05 (6,8%)
04 (5,4%)
04 (7,5%)
39 (20,6%)
07 (13,2%)
71 (58,7%)
22 (18,2%)
28 (23,1%)
46 (38,0%)
59 (48,8%)
16 (13,2%)
51 (42,1%)
70 (57,9%)
A análise das médias dos domínios da qualidade de vida, capacidade funcional,
limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, limitação por aspectos
emocionais, aspectos sociais e saúde mental, nas duas fases de investigação, intrahospitalar
(fase 1) e após seis meses (fase2), encontram-se ilustradas na Tabela 3.
Para os domínios capacidade funcional, dor e limitação por aspectos emocionais, houve
diferença significativa no período estudado, que compreendeu em avaliar os domínios, na fase
aguda do trauma e seis meses após o evento.
Observando a média do domínio dor, quanto maior for o valor entre 0 e 100, menor é a
intensidade da dor, enquanto que para os domínios capacidade funcional e limitação por
aspectos emocionais, o escore é de forma crescente, ou seja, quanto maior a média melhor o
escore para estes domínios.
31
Portanto, houve uma melhora significativa nos domínios capacidade funcional, dor e
limitação por aspectos emocionais. Nos demais domínios não foram observadas diferenças
significativas.
Tabela 3. Comparações intragrupos dos domínios da qualidade de vida do SF-36.
Domínios Fase 1 Fase 2 p valor
Capacidade funcional 2,77(7,82) 51,11(28,43) 0,001*
Limitação por aspectos físicos
30,79(42,05)
31,84(41,33)
0.975
Dor 47,51(35,51) 74,29(21,63) 0,001*
Estado geral de saúde
67,64(16,66)
69,35(12,40)
0,364
Vitalidade
68,68(22,94) 75,21(19,66) 0,117
Aspectos sociais
61,61(33,07) 64,87(24,88) 0.736
Limitação por aspectos emocionais 57,01(47,62) 91,22(22,92) 0,001*
Saúde mental
73,26(21,9)
75,12(18,19)
0,433
Teste de Wilcoxon; média e desvio padrão e nível de significância, * p<0,05.
Na Tabela 4 e 5, algumas variáveis clínicas e sociodemográficas foram incluídas no
modelo de regressão múltipla.
Tabela 4. Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase1).
Variáveis (Fase intrahospitalar) β p R2
Capacidade funcional -
Idade -0,193 0,205
Tratamento até 10h -0,351 0,087
Escolaridade 0,002 0,990
Osteossíntese 0,200 0,172
Reabilitação -0,279 0,064
Dor 0,38
Idade -0,27 0,040
Tratamento até 10h -0,139 0,436
Escolaridade -0,40 0,004
Osteossíntese 0,078 0,539
Reabilitação -0,65 0,000
Limitação por aspectos emocionais 0,27
Idade -0,11 0,443
Tratamento até 10h -0,54 0,006
Escolaridade -0,39 0,009
Osteossíntese 0,37 0,010
Reabilitação -0,06 0,628
R2: coeficiente de determinação, β coeficiente padronizado, valor-p.
32
Nas tabelas sobre a regressão múltipla, testou-se uma possível associação entre as
variáveis sociodemográficas e clínicas entre os domínios onde foram encontradas diferenças na
modificação da qualidade de vidas dos indivíduos acometidos por fraturas em MMII, seja na
fase intrahospitalar e após seis meses.
Tabela 5: Regressão linear múltipla (Fase 2), para os domínios CF, dor e LAE.
Variáveis (Após 06 meses)
Β p R2
Capacidade funcional 0,46
Idade -0,21 0,128
Tratamento até 10h -0,05 0,787
Escolaridade -0,48 0,001
Osteossíntese 0,18 0,175
Reabilitação -0,49 0,001
Dor -
Idade -0,24 0,170
Tratamento até 10h -0,12 0,600
Escolaridade -0,28 0,120
Osteossíntese 0,06 0,700
Reabilitação -0,10 0,550
Limitação por aspectos emocionais -
Idade -0,26 0,131
Tratamento até 10h -0,28 0,213
Escolaridade -0,07 0,652
Osteossíntese -0,11 0,501
Reabilitação -0,02 0,903
R2: coeficiente de determinação, β coeficiente padronizado, valor-p.
Em relação à fase inicial, seis meses depois os pacientes apresentaram melhora
significativa apenas nos domínios CF, dor e LAE. Deste modo, estes domínios foram incluídos
no modelo de regressão linear para prever a associação com algumas variáveis do estudo. No
momento intrahospitalar (Tabela 4), a percepção de perda de qualidade de vida esteve associada
a idade, escolaridade e reabilitação, tratamento cirúrgico até 10 horas, e realização de
osteossíntese imediata; após seis meses da lesão (Tabela5), obteve-se associação com
escolaridade e reabilitação.
33
7 DISCUSSÃO
Estudos sobre aspectos epidemiológicos, clínicos, radiológicos e ortopédicos
relacionados às fraturas dos membros inferiores são documentados na literatura, entretanto
pouco se conhece sobre os aspectos psicossociais de pacientes acometidos por tais lesões44-46.
A despeito do impacto subjetivo que o trauma ortopédico tem sobre a qualidade de vida
relacionada à saúde, este campo ainda permanece pouco explorado, em especial, os que
investigam adultos em fase produtiva vítimas de acidentes por causas externas. A subjetividade
do paciente continua como um aspecto secundário em sua recuperação, e é igualmente
importante conhecer quais são as perspectivas em relação ao processo de tratamento, tanto nas
dimensões físicas quanto psicológicas. Possivelmente, esta prática poderá ser agregada, a fim
de nortear um guia para as atividades terapêuticas neste período.
A incidência de indivíduos que sofrem fraturas em membros inferiores, decorrentes de
acidentes e violência, desponta um perfil de adultos jovens, do gênero masculino. Este elevado
número de lesões denota a impulsividade, o uso e abuso de álcool e outras drogas que são fatores
associados ao comportamento de adolescentes e adultos jovens, contribuindo também para uma
maior incidência de internamentos e intervenções cirúrgicas relacionados aos membros
inferiores47-48.
O tratamento de pacientes com fraturas demanda longo período de tempo e sequenciadas
etapas de complexidade variável. O alvo terapêutico continua sendo o reestabelecimento da
saúde física à condição pré-trauma, com ênfase nos aspectos clínicos, na prevenção e tratamento
de infecções, consolidação da fratura, métodos de fixação e reabilitação. Apesar dos cuidados
e condutas realizadas, as etapas do tratamento e suas possíveis sequelas, resultam em agravos
que não podem ser mensurados adequadamente apenas por meios clínicos objetivos. Perda de
relações sociais, de trabalho, incapacidade de locomoção, múltiplos procedimentos cirúrgicos,
custos financeiros dentre outros, causam importante sofrimento humano e deixando marcantes
sequelas na qualidade de vida destes sujeitos6,49.
O questionário SF-36 é usado com freqüência para avaliar a qualidade de vida de
individuos por diferentes doenças, e permite a comparação dos prejuízos causados por diversas
34
condições clínicas, podendo ser sumarizado em dois aspectos principais, saúde física e mental50.
Visto que a QV é um constructo subjetivo, multidimensional e compõe aspectos relacionados
à saúde física e mental51, sua avaliação através da utilização do questionário SF-36 (Short-Form
Health Survey), parece estar bem apropriado aos objetivos propostos para este estudo.
Os resultados encontrados no presente estudo constataram que indivíduos vitimados por
fraturas em membros inferiores, apresentaram escores que podem ser considerados baixos em
todos os domínios da qualidade de vida na fase intrahospitalar. Quando estes escores foram
comparados com o período após seis meses do trauma, observou-se diferenças significativas
para os domínios capacidade funcional, dor e limitação por aspectos emocionais. Resultados
semelhantes foram descritos em outros estudos onde a variável de interesse foi a QV.
Warshawski et al., mostrou que fraturas do planalto tibial produziram baixos escores de
qualidade de vida para domínios físico e de saúde mental em comparação com indivíduos
saudáveis52. Ki-Jong et al., também relatou que a ocorrência de fraturas impacta negativamente
na qualidade de vida de pacientes idosos com osteoporose53.
Tidermark et al., referiu que as complicações originárias de fraturas de colo femoral
produzem deterioração da qualidade de vida, especialmente devido à incapacidade funcional
para as atividades de vida diária, sendo também observada uma alta taxa de reoperação54.
Entretanto, os objetivos da maioria dos estudos com ênfase em lesões do sistema
musculoesquelético, apesar de imprescindíveis, ainda persistem relatos de prejuízos em relação
a complicações clínicas como pseudoartrose, infecções, elevados custos financeiros com gastos
hospitalares ao sistema público, entre outros. A incapacidade física e laboral, assim como
impedimento nas relações sociais e de lazer com prejuízos a saúde emocional, são vertentes de
estudos mais recentes que estão sendo desvendadas como fatores relevantes associados à perda
de qualidade de vida relacionada à saúde de indivíduos que sofreram fraturas.
Os escores de qualidade de vida obtidos em nosso estudo nas duas fases analisadas
podem, entretanto, ser considerados abaixo do esperado para a população em geral. Estudo que
avaliou a qualidade de vida de mototaxistas através do SF-36 em atividade laboral,
aparentemente saudáveis, encontrou na população estudada maior prevalência de adultos
jovens, do gênero masculino, em fase economicamente ativa, tendo amostra semelhante ao
nosso estudo. Apresentou para os escores de qualidade de vida as seguintes médias e desvios
35
padrão, respectivamente: CF com média de 83,9±18,1, AF de 84,4±32,1, dor 77,8 ±21,9, EGS
média 70,1±16,5, Vitalidade 75±17,3, AS 93,5 ±13,7, AE 80,5±35,0, SM 79,6±15,755. Porém,
sabe-se que esta possível diminuição dos escores poderá ser determinada por condições
reguladoras construídas biologicamente e socialmente pelas relações estabelecidas no processo
saúde-doença56. Estas prerrogativas contribuem para que o cuidado em relação aos pacientes
passe a ser compreendido além do modelo biomédico, sendo também necessário incorporar
medidas para melhorar a qualidade de vida, tanto com estratégias de prevenção dos acidentes
por causas externas no contexto individual e coletivo, quanto no tratamento mais ampliado das
pessoas que sofreram fraturas.
Em nosso estudo, no período intrahospitalar, a análise multivariada demonstrou que
idade, escolaridade e reabilitação foram os fatores tiveram associação com o domínio dor do
SF-36, sendo a maior força de associação obtida para a variável reabilitação. Isto pode ter
ocorrido tendo em vista que as condutas de reabilitação oferecidas no período de internamento
hospitalar, possam ter promovido diminuição da dor e da imobilidade no leito, favorecendo
uma percepção de maior suporte físico e emocional neste período. Tratamento cirúrgico até 10
horas, escolaridade e realização de osteossíntese imediata estiveram associados ao domínio
LAE do SF-36, sendo a maior força de associação obtida para a variável tratamento cirúrgico
até 10 horas. Na fase após seis meses da lesão obteve-se associação significante apenas com as
variáveis escolaridade e reabilitação para o domínio CF do SF-36. A força de associação dos
resultados deste estudo foram considerados moderados57. Apesar que, somente através de
estudos clínicos randomizados podem ser estabelecidos uma relação de causa e efeito, os nossos
achados, poderão sinalizar para características relacionadas na melhora da QV. Isto poderá
assegurar que as condutas pertinentes ao manejo do trauma, sejam orientadas em busca de uma
assistência dos profissionais envolvidos, para a realização mais imediata possível no tratamento
cirúrgico e nas terapias de reabilitação.
Dos 121 indivíduos inicialmente entrevistados, a maioria do gênero masculino em idade
produtiva, predominando a baixa escolaridade, pardos, renda mensal de até 1 salário mínimo,
sem vínculo empregatício. Estes dados foram similares a outros estudos que descreveram as
características sociodemográficas em avaliações de qualidade de vida de vítimas de traumas
por causas externas7,12,58-61. Estas características, embora concordantes com outros estudos,
configuram uma população em risco de vulnerabilidade social. Desta forma, acredita-se que a
maior ocorrência destes acidentes podem ter sido influenciada diretamente por este fato74. Estes
36
indivíduos apesar de estarem em situação desfavorável em relação as condições de saúde,
moradia, educação, segurança, trabalho e renda, estão mais predispostos a ocorrência de
acidentes, devido ao precário acesso a bens e serviços e inevitavelmente, mais expostos aos
riscos de acidentes. Devido a alta prevalência da ocorrência destes acidentes e consequentes
lesões, a população parece banalizar o fato e não mais trazer aos indivíduos um sentimento de
perplexidade diante da gravíssima realidade vivida pelos cidadãos.
Quanto às variáveis relacionadas ao evento traumático, houve maior frequência de
fraturas decorrentes de acidentes de trânsito, com predomínio de acidentes com motocicletas
sendo mais frequentes as fraturas de tíbia. Características semelhantes foram encontradas em
pesquisas relacionadas a perfil dos vitimados de fraturas por causas externas e morbidade
hospitalar7,63-66.
A análise da QV, quando comparada com o período após seis meses do trauma,
evidenciou melhora significativa apenas nos domínios capacidade funcional, dor e limitação
por aspectos emocionais. Estes achados comprovam que o impacto das fraturas de membros
inferiores na qualidade de vida dos sujeitos estudados perdurou por muito mais tempo que o
período de tratamento intrahospitalar. Estudo de Innocenti et al. demonstrou que o impacto na
qualidade de vida dos indivíduos com fraturas de tíbia pode continuar negativo mesmo quando
existe boa evolução clínica, tendo em vista a persistência de sequelas duradouras objetiva e
subjetivamente graves67. Semelhantemente, Nascimento et al., comprovou que pacientes
internados por traumas musculoesqueléticos moderados, independentemente do local de
ocorrência da lesão, também apresentaram redução significativa na QVRS, tanto nas dimensões
físicas como mentais; e mais de 10% desenvolveram algum grau moderado a grave de
incapacidade a longo prazo, com potencial para continuar afetando negativamente a QV68. Calil
e cols. também descreveram que a lesão isolada de membros raramente está relacionada a
episódios de casos fatais. Porém, exige com frequência cirurgias reparadoras, corretivas e as
vezes amputações, fatos que influenciam diretamente na qualidade de vida dos pacientes e de
suas famílias por longo período de tempo16.
Estudo de Kaske et al., avaliou a qualidade de vida de pacientes com patologias
traumáticas mais graves após dois anos. Constatou que a maioria dos pacientes apresentaram
diminuição global da qualidade de vida. Em todos os domínios do SF-36, houve diminuição
dos escores quando comparados com a população em geral, principalmente nos domínios dor,
37
com declínio funcional severo em algum segmento corporal. Os pacientes tinham sido
hospitalizados pelo menos uma vez após a internação inicial e alguns ainda permaneciam sob
cuidados permanentes. Mais da metade deles tiveram mais de duas internações no
acompanhamento para tratamento e parte deles ainda permaneciam sob medicação contínua
relacionada às sequelas do trauma51. Embora, no nosso estudo a avaliação da severidade do
trauma e o rastreio de condutas não terem sido o foco principal, muitos indivíduos após seis
meses ainda relataram estar sob a permanência dos cuidados médicos. Ainda assim, fizemos a
comparação entre os domínios que tiveram diferenças na QV, como CF, dor e LAE, com
indivíduos com fraturas expostas e as fraturas de extremidade inferior, pé. Pois, a fratura de pé
numa visão mais ampla, presumidamente teriam menores complicações em relação aos que
tiveram fraturas de fêmur e de tíbia. Porém, não foram observadas diferenças na QV entre estes
indivíduos e também nos que tiveram fraturas expostas. Como também na análise multivariada,
as variáveis acima descritas não apresentaram influência sobre as variáveis dependentes, ou
seja, nos domínios da QV (ANEXO 6).
O domínio capacidade funcional avaliado nos indivíduos do presente estudo apresentou
melhora após seis meses do trauma, e estiveram associados com a escolaridade e tratamento
fisioterapêutico. Este resultado possivelmente está relacionado com a gradual melhora clínica
neste intervalo de tempo. Pacientes com menor grau de escolaridade julgaram de forma mais
positiva a sua CF, possivelmente por razões ligadas à maior vulnerabilidade social e, por
conseguinte, maior resiliência62. Contrapondo-se aos nossos achados, Cutillas et al. analisou o
efeito das fraturas de platô tibial sobre a qualidade de vida, evidenciando como principal
resultado a perda significativa da QV, em comparação com a população em geral. Porém, a
melhora do domínio físico teve associação positiva com o nível de escolaridade69. Estes achados
podem ter sido conflitantes devido as diferenças regionais e culturais, já que a visão do
indivíduo-coletivo pode influenciar na percepção subjetiva da QV. A associação do domínio
físico com reabilitação tem interpretação limitada, tendo em vista que a avaliação considerada
foi apenas durante o período de internamento.
O domínio dor teve aumento significativo no seu escore após no seguimento de seis
meses, pois quanto maior o escore para a dor, menor é a dor referida pelo indivíduo. Avaliado
na fase intrahospitalar, este domínio teve associação com idade, escolaridade e tratamento
fisioterapêutico. A reabilitação física, por sua vez, é considerada fator de redução do tempo de
permanência hospitalar e também de melhora nos resultados funcionais e de qualidade de vida
38
em diversas condições de saúde70. O aumento da idade, por outo lado, pode estar associado
com mau prognóstico tanto para morbidade quanto para mortalidade, mesmo em traumas de
menor gravidade. Dados originários de estudos em idosos com fraturas subtrocantéricas têm
consistentemente apontado um efeito negativo na QV a curto e a longo prazo71-72. Em relação
a associação negativa da dor com a idade obtida em nosso estudo, acredita-se que os idosos
apresentam maior limiar a estímulos dolorosos, devido a uma redução do número e função dos
neurônios nociceptivos73.
Estudo feito por Meerding et al. de base populacional, acompanhou pacientes internados
e não internados, vítimas de lesões traumáticas após, 2, 5 e 9 meses. Eles comprovaram que os
internados tiveram diminuição dos escores em todos os domínios de qualidade de vida
relacionado à saúde, principalmente entre indivíduos que tiveram tempo de internação
prolongado. O estudo relata que dentre as várias lesões estudadas, as de membros inferiores
demonstraram ter interferido mais no estado de saúde, quando ajustados para idade, gênero e
nível de escolaridade74. Tecic et al. relataram que investigações sobre nível de dor, QV e fatores
psicossociais em indivíduos vitimados por diferentes tipos de traumas musculoesqueléticos
demonstram que estas lesões desencadeiam uma série de perdas e sentimentos negativos que
podem levar a dor crônica em mais da metade dos casos com consequente impacto negativo na
qualidade de vida. Adicionando, a possível sobrecarga emocional aliada aos déficits
correspondentes ao enfrentamento do estresse provocado pelo trauma, podem influenciar na
percepção da dor dos pacientes75.
Os escores relativos ao domínio aspectos emocionais tiveram melhora após seis meses
do trauma, sendo que na fase aguda houve associação com tratamento cirúrgico em tempo
inferior a dez horas, escolaridade e realização de osteossíntese imediata. O tempo de tratamento,
entretanto, foi a característica que apresentou maior força de associação. Este dado indica que
tempo de tratamento inferior a 10 horas associado a osteossíntese imediata são os pontos críticos
no tratamento para proporcionar melhor percepção do indivíduo em relação aos aspectos
emocionais avaliados na sua qualidade de vida. A demora no atendimento e na estabilização
das fraturas pode ter gerado sensação de angústia, ansiedade, tristeza e insatisfação com a sua
condição do tratamento e de saúde oferecidos. Estes dados sugerem a melhora do estado
emocional do paciente, relacionado ao tratamento cirúrgico imediato ao trauma.
39
Para obtenção de resultados mais coerentes deste estudo, fizemos uma comparação da
variável gênero em relação aos domínios que tiveram diferenças na QV. Observamos que não
houve diferenças entre homens e mulheres nos aspectos como limitação por aspectos
emocionais, dor e capacidade funcional. Também, não houve correlação entre o gênero em
diferenças da QV.
Em nossa pesquisa quase a metade dos pacientes apresentaram traumas com fraturas
expostas. Neste tipo de fratura, estudos têm demonstrado que a cirurgia o mais precoce possível
para desbridamento e osteossíntese imediata são fundamentais para evitar complicações, tais
como infecção e pseudoartrose, como também para evolução mais favorável no tratamento76.
Porém, em nosso estudo quando avaliados separadamente, não foram observadas diferenças na
QV entre os indivíduos de fraturas expostas e não expostas. Entretanto, há de ser relevante
investigações desta natureza, pois em nossa investigação, a realização da intervenção cirúrgica
precoce, se apresentou com um fator positivo, aliado a percepção da dimensão emocional do
paciente, contribuindo para a melhora da QV. Diferentemente de pesquisas anteriores, trata-se
do primeiro relato onde este suporte é visto pela ótica subjetiva da qualidade de vida e não por
aspectos clínicos objetivos. Contudo, enfatizamos que os dados obtidos não tiveram capacidade
de analisar adequadamente o tipo de osteossíntese utilizada, mas apenas sua realização ou não
de forma imediata.
Corroborando com nossos resultados, dados de um estudo qualitativo que investigou o
significado de fixadores externos em membros inferiores revelou que a fixação externa pode
desencadear reações e sentimentos capazes de trazer sofrimento e alterar ainda mais, a imagem
corporal da pessoa. Não é um processo simples habituar-se à necessidade de ter acoplado a si
uma estrutura capaz de modificar sua forma física, alterando a autoimagem. A ansiedade pode
limitar as perspectivas do sujeito, isolando-o em pensamentos que o tornam incapaz de perceber
as possibilidades que ainda tem de tratamento efetivo77.
Dados que analisaram a QV e fatores psicossociais em indivíduos vitimados por traumas
de vários níveis de severidade, verificou que em relação aos resultados dos tratamentos, devem
também ser incluídos as terapêuticas para ativar recursos como psicoterapia acompanhada por
terapia profissional. Concluíram que parece ser útil para alcançar a reintegração social, reduzir
a dor e diminuir o declínio psicossocial e físico provocado pela ocorrência do acidente75. Isso
indica que as abordagens clínicas e ambulatoriais planejadas para pacientes vítimas de trauma
40
em membros inferiores precisam ser reorientadas para oferecer uma assistência também
pautada na integralidade da saúde biopsicossocial dos indivíduos vitimados por estes acidentes,
com vistas a investigações que possibilitem a observação e conhecimento da subjetividade e
perspectivas sob a ótica do vitimado.
41
8 LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS
A composição da amostra de pacientes ortopédicos internados em dois hospitais gerais,
não avaliando pacientes em instituições privadas, ou seja, de melhor nível socioeconômico,
talvez dificulte a generalização dos nossos achados. O acompanhamento por apenas seis meses
retirou a possibilidade de análise da influência de complicações que se sobrepuseram além deste
período. Por razões óbvias, não foi possível também conhecer e avaliar as condições de saúde
física e mental dos pacientes no período pré-trauma. Finalmente, alguns dados foram obtidos
secundariamente, recuperados de prontuários e podem não representarem fidedignamente a
realidade dos achados, especialmente no que diz respeito às análises multivariáveis. Também
aspectos relacionados a gravidade do trauma como classificações de fraturas expostas, a
exemplo da classificação de Anderson e Gustillo, a fim de selecionar os segmentos dos
membros inferiores associados a extensão da lesão também poderiam ser úteis para a
categorização de resultados pertinentes a QV.
As contribuições originais do estudo podem ser todas associadas à apresentação e
análise do entendimento das características do trauma sob a ótica do próprio paciente, levando-
se em consideração aspectos, sociais, emocionais e culturais. Também abre caminho para
confrontar o impacto dos achados sobre a qualidade de vida e sentimentos subjetivos
experimentados e relatados, com as intervenções clínico-terapêutica oferecidas. Isso permitirá
o desenvolvimento de futuros estudos de custo-benefício e custo-utilidade para tomada de
decisões no tratamento de fraturas em membros inferiores. Este caminho poderá subsidiar
gestores e profissionais da área da saúde no sentido de construir modelos de assistência mais
adequados às reais demandas e perspectivas dos sujeitos que sofrem este tipo de agravo.
42
9 CONCLUSÕES
As fraturas de membros inferiores nos indivíduos avaliados estão associadas com
impacto negativo na qualidade de vida dos indivíduos na fase aguda do trauma em todos os
domínios, e estes impactos persistem por pelo menos seis meses após do evento inicial,
repercutindo em custo humano, social e emocional para este tipo de agravo à saúde. Para os
domínios dor, limitação por aspectos emocionais e capacidade funcional houve melhora dos
escores em relação a fase aguda, porém permanece abaixo do esperado para a população em
geral. Variáveis como idade, escolaridade, reabilitação, osteossíntese e tratamento até 10h estão
associadas com a percepção subjetiva da melhora da qualidade de vida nos domínios
supracitados.
43
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49
ANEXOS
Anexo 1 - TCLE - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 196, de 10 de Outubro de 1996, sendo o Conselho Nacional de Saúde.
Você está sendo convidado a participar deste estudo que consta das seguintes questões:
O presente termo em atendimento à Resolução 196/96, destina-se a esclarecer ao a você sobre
a pesquisa intitulada: “Impacto das fraturas de membros inferiores na Qualidade de Vida
de indivíduos adultos”, desenvolvido pela pós-graduanda Marília de Andrade Fonseca sob a
responsabilidade do professor Dr. Marcos Antônio de Almeida Matos, professor orientador do
Programa de pós-graduação Stricto Sensu em Medicina e Saúde Humana da Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública, consta dos seguintes aspectos:
Objetivos: Geral: Avaliar o impacto que as fraturas de membros inferiores causam sobre a sua
Qualidade de Vida.
Objetivos Específicos: Descrever o perfil epidemiológico dos participantes; identificar
possíveis diferenças na QV entre os participantes em relação aos diversos tipos de trauma;
associar o trauma com os domínios da QV.
Metodologia: Trata-se de um estudo longitudinal prospectivo, desenvolvido na cidade de
Jequié-BA e tem como público alvo, indivíduos que sofreram fraturas de membros inferiores
de qualquer causa e que estejam internados. Os critérios de inclusão serão indivíduos acima 18
anos com fratura de membros inferiores e que estiverem com mais de 24 horas de internamento
hospitalar. O critério de exclusão serão indivíduos politraumatizados; com diagnóstico de
doenças sistêmicas; indivíduos que não consigam compreender as perguntas feitas pelo
pesquisador na coleta de dados, indivíduos custodiados ou que se recusem em participar da
pesquisa. Para o instrumento de coleta de dados será utilizado um questionário constando
perguntas sobre dados sociodemográficos e clínicos, sua identificação, condições de vida e de
50
saúde e circunstâncias em que ocorreu o trauma e um questionário próprio para avaliação da
qualidade de vida. Após seis meses que ocorreu a fratura será aplicado mais uma vez o
questionário específico: o SF-36. É formado por 36 questões com perguntas relacionados à sua
capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais,
aspectos emocionais, saúde mental e 01 questão de avaliação que permite comparar a sua
condição de saúde atual com a de um ano atrás.
Justificativa e relevância: O presente estudo justifica-se pelo aumento das fraturas em
membros inferiores por causas externas devido ao fenômeno de maior acessibilidade dos
indivíduos a bens e serviços no seu cotidiano. Por conta do internamento hospitalar e o tempo
em que o indivíduo necessita para restabelecer a sua condição de vida pré-trauma, e estar apto
para o trabalho e atividades cotidianas. Estas implicações poderão causar impactos biológicos,
sociais e psicológicos nas vidas desses indivíduos e de suas famílias. Também, estima-se
elevados custos socioeconômicos que representam para a saúde pública, sobrecarregando o
sistema de saúde.
Desconfortos e Riscos: Os riscos advindos da pesquisa serão mínimos para os participantes. O
risco é de desconforto, caso você não goste de falar ou pensar sobre o assunto. Neste caso, lhe
é assegurado, o direito de não responder a pergunta ou de desistir da sua participação no estudo,
sem que isso lhe implique nenhum prejuízo. Não são previstos risco de danos físicos.
Confidencialidade do Estudo: Os registros da sua participação nesse estudo serão mantidos
em sigilo, guardados e somente os pesquisadores responsáveis terão acesso a essas informações.
Para as publicações resultantes deste trabalho será assegurado que a sua identificação não será
revelada e os resultados serão relatados de forma sumariada preservando o anonimato.
Benefícios: Após a análise dos dados será demonstrado o conhecimento sobre os impactos que
as fraturas de membros inferiores podem causar na qualidade de vida dos indivíduos, sejam em
níveis sociais, funcionais, psicológicos e familiares. Assim, frente a esta investigação e ao
crescente número de acidentes por causas externas, faz-se importante uma melhora na qualidade
do atendimento e maiores exigências quanto aos saberes dos profissionais de saúde sobre o
acompanhamento do processo saúde-doença destes indivíduos.
Danos advindos da pesquisa: Não são previstos danos físicos.
Participação voluntária: Toda participação é voluntária, não há penalidades para aqueles que,
decidam não participar desse estudo. Ninguém será penalizado se decidir desistir de participar
51
do estudo em qualquer época, podendo retirar-se da participação da pesquisa sem ocasionar
prejuízos para si. Nenhum tipo de remuneração ou vantagem de qualquer natureza será devida
ao participante desta pesquisa.
Eu estou de acordo com a minha participação no estudo descrito e fui devidamente esclarecido
quanto aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetido e os possíveis
riscos envolvidos na minha participação. Os pesquisadores me garantiram disponibilizar
qualquer esclarecimento adicional a que eu venha solicitar durante o curso da pesquisa e o
direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que a minha desistência implique
em qualquer prejuízo a minha pessoa ou a minha família, sendo garantido anonimato e o sigilo
dos dados referentes à minha identificação, bem como a minha participação neste estudo não
me trará nenhum benefício econômico.
Eu, ___________________________________________________, aceito livremente
participar do estudo intitulado “Impacto das fraturas de membros inferiores na Qualidade
de Vida de indivíduos adultos”, desenvolvido pela pós-graduanda Marília de Andrade
Fonseca sob a responsabilidade do professor Dr. Marcos Antônio de Almeida Matos, orientador
do Programa de Pós-graduação Stricto Senso em Medicina e Saúde Humana da Escola Bahiana
de Medicina e Saúde Pública.
Assinatura do (a) Participante _________________________________________
COMPROMISSO DO PESQUISADOR
Eu discuti as questões acima apresentadas com cada participante do estudo. É minha opinião
que cada indivíduo entenda os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a esta pesquisa.
__________________________________________ Data: ____/____/____
Assinatura da Pesquisadora
Para maiores informações, entrar em contato com:
Prof. Dr. Marcos Antônio Almeida Matos - Responsável pela pesquisa (71) 87190773.
Marília de Andrade Fonseca - Pós-graduanda (77) 88176630 / (77)91503456.
57
Anexo 3 - QUESTIONÁRIOS (FASE 1)
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS
“IMPACTO DAS FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES NA QUALIDADE DE VIDA DE
INDIVIDUOS ADULTOS”.
Nº:___________
Nome do entrevistado:__________________________________________________
Data: ____/___/____
Unidade Hospitalar: _________________________________________________
Como chegou a unidade? 1( ) Samu 2( ) Ambulância 3( ) carro próprio 4( ) carro fretado 5( ) outros:____________________________________________ Acompanhante ou cuidador:_____________________________________________ Fone:___________________________ Grau de Parentesco: 1( )Cônjuge 2( )filho(a) 3( )irmão(ã) 4( )Pais 5( )outros:______
I – INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS
1. Sexo:1( ) Feminino 2( ) Masculino 2. Idade: __ __ anos
3. Situação conjugal:
1( ) Solteiro/a 2( ) Casado(a) 3( ) União Estável
4( )Divorciado(a)/separado/desquitado(a) 5( ) Viúvo/a
4. Escolaridade:
1 ( ) Analfabeto 2( )até o 50 ano 3( ) do 60 ao 90 ano 4( ) Médio incompleto
5( ) Médio completo 6( ) Superior incompleto 7( )Superior completo
5. Você tem filhos? 1( ) sim 2( ) não
5a . Quantos filhos você tem? ________ filhos.
6. Como você classificaria a cor da sua pele? 1( ) branca 2( ) amarela (oriental) 3( ) parda 4( ) origem indígena
5( ) preta 9( ) não sabe
7. Nasceu em Vitória da Conquista/Jequié? 1( ) sim 2( ) não Se não: Em que cidade você nasceu? ______________________
58
Endereço Residencial:_________________________________________________
10.Telefones residencial:( )______________ celular( )______________
( )_____________
11. Telefone co-residente: Quem?___________________ ( )________________ 12. Renda mensal familiar: 1( )até 1 salário mínimo 2( )2 a 4 salários ( )mais de 4 salários
TRABALHO PROFISSIONAL
1.Situação Profissional:________________________________________ 1( )carteira assinada 2( )autônomo 3( )desempregado 4( )outro____________ 2. Qual a sua carga horária semanal? 1 ( ) 20h 2 ( ) 30h 3 ( ) 40h 4( )Outra: _____
3. Quanto você ganha, em média, por mês?
1( )até 1 salário mínimo 2( )mais de 1 a 4 salários ( )mais de 4 salários ( )não recebe
salário
4. Você tem outra atividade ocupacional extra?
1( )sim Qual?_______________ 2( )não
HÁBITO DE FUMAR
1.Você fuma? 1( ) sim 2( ) não
USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
1. Você consome bebidas alcoólicas? 1( )sim 2( ) não
2. Alguma vez sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
1( ) sim 2( ) não
3. As pessoas o(a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?
1( ) sim 2( ) não
4. Sente-se chateado consigo mesmo(a) pela maneira como costuma beber?
1( ) sim 2( ) não
5. Costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
1( ) sim 2( ) não
59
CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE OCORREU O EVENTO TRAUMÁTICO (FRATURA)
1. Foi acidente de trabalho? 1( ) sim 2( ) não
2. Foi acidente de transporte? 1( ) sim 2( ) não
Se sim: Tipo: 1( )carro 2( )moto 3( )caminhão 4( )bicicleta 5(
)outro______________
3. 1( )Agressão física 2( ) quedas 3( ) lesão autoprovocada
4. No momento do acidente estava sob uso de alguma droga? 1( ) sim 2( ) não Se sim: Qual?_________________________
5. Tempo de admissão após o evento? 1( )até 1 hora 2( )entre 1 a 2 horas 3( )
mais de 3 horas
DADOS CLÍNICOS - IDENTIFICAÇÃO DA LESÃO (FRATURA)
1.Local da fratura 1( )fêmur 2( )tíbia 3( )pé
2. Lesão traumática aberta? 1( )sim 2( )não
3. Tratamento cirúrgico imediato até 10h? 1( ) Sim 2 ( ) não
5. Osteossíntese: 1( )sim 2( )não
6. Tempo de internação hospitalar:_________________________
8. Fez Fisioterapia na fase de internamento hospitalar?
1( )sim 2( )não
1. O que significa esta fratura para você? (fale em 03 palavras):
______________________________________________________________________
______
60
Anexo 4 - QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF-36
Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36
(fase 1 intrahospitalar) Data:___________________
1- Em geral você diria que sua saúde é:
Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim
1 2 3 4 5
2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua saúde em geral, agora?
Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Mesma Um Pouco Pior Muito Pior
1 2 3 4 5
3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer
estas atividades? Neste caso, quando?
Atividades Sim, dificulta
muito
Sim, dificulta
um pouco
Não, não
dificulta de
modo algum
a) Atividades Rigorosas, que
exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos pesados,
participar em esportes árduos.
1 2 3
b) Atividades moderadas, tais
como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola, varrer
a casa.
1 2 3
c) Levantar ou carregar
mantimentos
1 2 3
d) Subir vários lances de escada 1 2 3
e) Subir um lance de escada 1 2 3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou
dobrar-se
1 2 3
g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3
h) Andar vários quarteirões 1 2 3
i) Andar um quarteirão 1 2 3
j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
61
4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou com alguma atividade regular, como conseqüência de sua saúde
física?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao
seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras
atividades.
1 2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades
(p. ex. necessitou de um esforço extra).
1 2
5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu
trabalho ou outra atividade regular diária, como consequência de algum problema
emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao
seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto
cuidado como geralmente faz.
1 2
6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família,
amigos ou em grupo?
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave
1 2 3 4 5 6
8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal
(incluindo o trabalho dentro de casa)?
De maneira
alguma
Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
62
9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você
durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que
mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4 semanas.
Todo
Tempo
A maior
parte do
tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a) Quanto tempo
você tem se
sentindo cheio de
vigor, de vontade,
de força?
1 2 3 4 5 6
b) Quanto tempo
você tem se
sentido uma
pessoa muito
nervosa?
1 2 3 4 5 6
c) Quanto tempo
você tem se
sentido tão
deprimido que
nada pode
anima-lo?
1 2 3 4 5 6
d) Quanto tempo
você tem se
sentido calmo ou
tranqüilo?
1 2 3 4 5 6
e) Quanto tempo
você tem se
sentido com
muita energia?
1 2 3 4 5 6
f) Quanto tempo
você tem se
sentido
desanimado ou
abatido?
1 2 3 4 5 6
g) Quanto tempo
você tem se
sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
h) Quanto tempo
você tem se
sentido uma
pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
63
i) Quanto tempo
você tem se
sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar
amigos, parentes, etc)?
Todo
Tempo
A maior parte
do tempo
Alguma parte
do tempo
Uma pequena
parte do tempo
Nenhuma parte do
tempo
1 2 3 4 5
11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitiva-
mente
verdadeiro
A maioria das
vezes
verdadeiro
Não sei
A maioria
das vezes
falso
Definitiva-
mente
falso
a) Eu costumo
obedecer um pouco
mais facilmente que
as outras pessoas
1 2 3 4 5
b) Eu sou tão
saudável quanto
qualquer pessoa que
eu conheço
1 2 3 4 5
c) Eu acho que a
minha saúde vai
piorar
1 2 3 4 5
d) Minha saúde é
excelente 1 2 3 4 5
64
Anexo 5 - QUESTIONARIO SF-36 (FASE 2)
Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36
(Fase Pós hospitalar) Data:___________________
1- Em geral você diria que sua saúde é:
Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim
1 2 3 4 5
2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua saúde em geral, agora?
Muito Melhor Um Pouco
Melhor
Quase a
Mesma
Um Pouco Pior Muito Pior
1 2 3 4 5
3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer
estas atividades? Neste caso, quando?
Atividades Sim, dificulta
muito
Sim, dificulta
um pouco
Não, não dificulta
de modo algum
a) Atividades Rigorosas, que
exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos
pesados, participar em esportes
árduos.
1 2 3
b) Atividades moderadas, tais
como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola,
varrer a casa.
1 2 3
c) Levantar ou carregar
mantimentos
1 2 3
d) Subir vários lances de escada 1 2 3
e) Subir um lance de escada 1 2 3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou
dobrar-se
1 2 3
g) Andar mais de 1 Km 1 2 3
h) Andar vários quarteirões 1 2 3
i) Andar um quarteirão 1 2 3
j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
65
4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou com alguma atividade regular, como consequência de sua saúde
física?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu
trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras atividades. 1 2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p.
ex. necessitou de um esforço extra).
1 2
5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu
trabalho ou outra atividade regular diária, como consequência de algum problema
emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu
trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto cuidado
como geralmente faz.
1 2
6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família,
amigos ou em grupo?
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma Muito
leve
Leve Moderada Grave Muito grave
1 2 3 4 5 6
8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal
(incluindo o trabalho dentro de casa)?
De maneira
alguma
Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
66
9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você
durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que
mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4 semanas.
Quanto
tempo você
tem se
sentindo
Todo
Tempo
A maior
parte do
tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a) cheio de
vigor, de
vontade, de
força?
1 2 3 4 5 6
b) uma pessoa
muito
nervosa?
1 2 3 4 5 6
c) tão
deprimido
que nada
pode anima-
lo?
1 2 3 4 5 6
d) calmo ou
tranquilo? 1 2 3 4 5 6
e) com muita
energia? 1 2 3 4 5 6
f) desanimado
ou abatido? 1 2 3 4 5 6
g) esgotado? 1 2 3 4 5 6
h) uma pessoa
feliz? 1 2 3 4 5 6
i) cansado? 1 2 3 4 5 6
10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar
amigos, parentes, etc)?
Todo Tempo A maior parte
do tempo
Alguma parte do
tempo
Uma pequena
parte do tempo
Nenhuma parte
do tempo
1 2 3 4 5
67
11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitiva
mente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeiro
Não sei A maioria
das vezes
falso
Definitiva-
mente falso
a) Eu costumo
obedecer um
pouco mais
facilmente que as
outras pessoas
1 2 3 4 5
b) Eu sou tão saudável
quanto qualquer
pessoa que eu
conheço
1 2 3 4 5
c) Eu acho que a
minha saúde vai
piorar
1 2 3 4 5
d) Minha saúde é
excelente 1 2 3 4 5
68
ANEXO 6 – Tabelas
Tabela 6: Comparação entre os domínios da QV e variáveis categóricas (Fase 1).
Variáveis % n=121 CF (p valor) Dor (p valor) LAE (p valor)
Gênero feminino 27,3% 0,434 0,136 0,856
Lesão Aberta 42,1% 0,761 0,804 0.802
Fratura pé 13,2% 0,402 0,395 0,178
Teste do Qui-quadrado
Tabela 7: Comparação entre os domínios da QV e variáveis categóricas (Fase 2).
Variáveis %
n=95
CF pós
(p valor)
Dor pós
(p valor)
LAE pós
(p valor)
Gênero feminino 23,2% 0,617 0,235 0,085
Lesão Aberta 45,3% 0,475 0,635 0.097
Fratura pé 14,7% 0,867 0,739 0,541
Teste do Qui-quadrado
Tabela 8: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase 1).
Variáveis (Fase 1)
p
R2
R2ajustado
Capacidade funcional 0,016 -0,009
Feminino 0,41
Fratura exposta 0,36
Fratura pé 0,57
Dor 0,07 -0,019
Feminino 0,83
Fratura exposta 0,90
Fratura pé 0,39
Limitação por aspectos emocionais 0,01 -0,007
Feminino 0,22
Fratura exposta 0,81
Fratura pé 0,40
69
Tabela 9: Regressão linear múltipla para os domínios CF, dor, LAE (Fase 2).
Variáveis (Fase 2)
p
R2
R2ajustado
Capacidade funcional 0,06 0,03
Gênero 0,39
Fratura exposta 0,06
Local da fratura 0,17
Dor 0,03 0,01
Gênero 0,32
Fratura exposta 0,87
Local da fratura 0,14
Limitação por aspectos emocionais 0,08 0,05
Gênero 0,05
Fratura exposta 0,07
Local da fratura 0,33