ES · ... que deu para a fundacao do convento da Praia, 0 . ... - contributo para : 0 : ......

28
ES 1989 Exp edifiio . Cientifica 1 a 10 de Julho organizada pelo OEPARTAMEITO DE BIOLOGlA Universidade dos Acores Rua da Mae de Deus.. 24 9500 POIfTA IE.GAM

Transcript of ES · ... que deu para a fundacao do convento da Praia, 0 . ... - contributo para : 0 : ......

ES 1989

Expedifiio .Cientifica

1 a 10 de Julho

organizada pelo OEPARTAMEITO DE BIOLOGlA Universidade dos Acores Rua da Mae de Deus.. 24 9500 POIfTA IE.GAM

3

FLORES

1989

Quando esta ilha fosse descoberta se nao sabe, nem quem fosse 0 o descobridor. Chama-se das Flores por ser povoada de cubres, que florescem no verao, e por ser vista ou descoberta neste tempo lhe puseram este nome. t alta e tao fragosa, que nela se nao anda a cavalo.Tem seis leguas de comprido e de largo estao quatro. Tem tantas fontes, que se the nao sabe a conta, e so se contam as ribeiras que sao 374. Tem de tudo bastante para se passar a vida; tem muito boas madeiras, especialmente de cedro; uns passaros chamados angel itos , que sao muitos, the dao azeite bastante para 0 usual da vida; criam muitas ovelhas, de que fazem muitos panos, de que nao somente se vestem, mas vendem por mercadores nas mais ilhas, de que se vestem os pobres e montanheses. Tem duas vilas com suas Camaras, capitaes-maiores, que as governam e a seus distritos, com ouvidor geral que poe 0 conde de Santa Cruz, e outro eclesiastico, posto pelo ordinario do bispado.

o seu primeiro povoador e tradicao que foi Gomes Dias Rodovalho, natural de Viana de tvora, que casou com Beatriz Lourenco Fagundes, neta de Afonso ~lvaro Antona, que deu para a fundacao do convento da Praia, 0 antigo, a ermida de Nossa Senhora da Conceicao, com casas e nove alqueires de terra. Este Gomes Dias foi cimeiro (sic) das datas que se deram aos primeiros povoadores.

Enquanto viveu, desta ilha e do Corvo foicapitao-mor e ouvidor.

Frei AglOs1I::i.ImIho IPIbl!llit:.e AiweJD!Ile Cronicas da Prov incia de Sao Joao Ev angelista. vIOl. 3, pag. 193

4

FLORES

1989

A zona costeira acoreana e sem duvida uma verdadeira fronteira entre 0 mundo terrestre e marinho, representando um dos ecossistemas mais ricos do arquipelago. Mal descrita e pouco conhecida, esta pequena parcela com cerca de cinco a sete milh6es de anos de idade e 0 meio mais transformado por numerosos factores inerentes a presenca do homem. Sao numerosos os pontos do Arquipelago em que 0 meio marinho e praticamente virgem, representando uma entidade original onde se reunem especies quer do continente europeu, quer americano, bem como do Mediterraneo e tropicos.

o progressivo aumento da sua degradaCao - presentemente poder-se-a falar em poluicao e sobrexploracao em determinados pontos das varias ilh~s que comp6em 0 Arquipelago - torna forcoso 0 seu estudo com implicac6es nao apenas puramente cientlficas ou historicas. Qualquer polltica de exploracao que vise fins turlsticos, culturais ou economicos, tal equal uma polltica de conservacao dos ecossistemas litorais, devera assentar em bases cientlficas precisas que so poderao ser elaboradas com 0 profundo conhecimento da dinamica destas populac6es ou comunidades.

5

FLORES

1989

Possuindo des de ha muito tempo a REGIAO AUTONOMA DOS ACORES instituicoes e tecnicos capazes de conduzirem de forma eficaz urn programa cientifico de estudos multidisciplinares neste dominio, consegue-se uma vez mais CapOs as expecii(;Oes cientificas ao TOPO/85, GRACIOSlV88} reuni r sob a ori entacao do DEPAR1MEIflO DE BIOlOGiA da ..IYERSIIlADE DOS AtORES urn determinado numero de individualidades cientificas, normalmente dispersas, contando-se a partida com as participacoes da SECRETARIA REGIOfW.. DE TURISHO E MHDITE, SECRITARIA REGIOMl 0[ AGIUCUlruRA [ PESCAS, SECRETIUU~ REGIOMl DE HNHTAtAO E MRAS POBUCItS, DEPAAIMDrrO DE CiECIAS AGRARIAS da U~IWERSI~E DOS ACORES Angra do Heroismo e 0 DEPARIMDrrO DE oc~n~ E PESCAS da UNIYERSIDIillE OOS AtORES Horta. Como convidados estrangeiros, estarao entre nos a ROYAl SOCIOl FOR llHIE PROTECTIO~ OF THE BIRIDS Inglaterra, UNIVERSITY OF LAYAl-Q~EBEC Canada, RECEKT I~YERlEBRAl[S SECIIO~ Belgica, ~~ HAMPSHIRE U~IWERSnlY Estados Unidos da America, e outros. A UIUVERSU)/IDE 00 AlfJiRWE, 0 HiiSHTIIJlO DE IJlYESlIfJ\tAO OElUinai TROPXCAl bern como 0 I~IP - Sec(;ao de ~tosinhos estao igualrnente representados nesta Expedicao.

, a ~ .....'.

I

6

FLORES

1989

A Ilha das FLORES foi agora escolhida para a realizacao desta expedicao par motivos varios e com diferentes objectiv~s, entre os quais;

(e) a sua situacao geografica

(e) 0 seu reduzido tamanho

(e) 0 grandioso e importante numero de ilheus que a rodeiam

(e) os diversificados ecossistemas que a compoem

Todos estes motivos permitirao um estudo exaustivo dos diversos ecossistemas que apresentam grande variabilidade, especificamente relacionados com os diferentes factores fTsicos e bioticos que os constituem. .

Para alem dos dados cientTficos, que poderao ser objecto de publicacao sera igualmente

elaborada uma monografia sobre a Ilha das Flores, com especial relevo para os varios ilheus que a circundam, inseridos no quadro mais geral dos ecossistemas costeiros do Arquipelago dos Acores.

Ficarao os responsaveis da linha de investigacao de GEOGRAFIA FISlCA e HlNM encarregues de elaborar uma descricao geografica dos varios ilheus, aspectos socio-economicos da utilizacao do solo e, se possTvel as aspectos geomorfologicos e geologicos.

Igualmente, cabe aos restantes responsaveis pelas diferentes linhas de investigacao, a elaboracao de um relatorio de actividades cientTficas que servira de base a final publicacao dum RELATORIO PRflEKIIAR SOBRE It I UiIA MS flORES.

7

FLORES

1989

"lEI0 TERRESTIn:

(.) Geografia flsica e tu.ana Prof. Dr. CMPOS FERMJID[S Dr. JOS[ DE OLIVEIRA Dr. AlfTOlljlIO GUILHERME Dra. MlUruHA LIM ArqtQ. ~IlIjIIQU[ YERDUGO

- Antropologia fisica - recolha de dados para estudos de consanguinidade.

- Geografia fisica - estudo de algumas formas do relevo da nomeadamente da faixa litoral.

ilha,

- Geografia huaana - 0 comportamento demografico da populacao da ilha, no periodo apos 0 censo de 1981.

- estudos sobre a arquitectura da casa rural.

(.) Flora e Yegetacao Prof. Dr. Prof.Dr.

BRAM~ DE OLIVEliRA ED~ DIAS

Eng.Principal DUARlI FURTADO Eng.Principal PER[I~ ~li~ Enga.Principal ~GARli~ c.

~I!JlUROS

- colheita de sementes e material vegetativo de inumeras especies endemicas, em particular daquelas que so sao conhecidas como ocorrendo nas Flores e Corvo (Euphrasia azorica e E~phrasia grallldiflora) .

- cartografia da vegetacao, tanto natural como cultivada.

- colheita de polen para preparacao e analise polinica.

- contributo para 0 estudo das plantas vasculares da I lha das Flores (recolha fotografica e herbarizacao).

- inventario, distribuicao e din~mica das especies indigenas e exoticas; definicao das associacoes.

nota: outros elementos poderao juntar-se a esta equipa.

8

FLORES

1989

(.) Omitologia Or~. FATUKA ~DElROS Eng.Principal DUARTE FURTADO(*) Dr. LuIs ~KlEIRO Dr. ADRIAN [1le 1 ~EVO Dr. PErrR HiUERS Dr. TREVOR SHAtTON (*) colabora a tempo parcial

- estudos detalhados do sucesso reprodutor de Sterna hirundo e Sterna douga11 i i.

- estudos etologicos das especies acima referidas.

- captura de especimes pertencentes a Passer domesticus.

- dinamica populacional de passeriformes em diferentes habitats

daquela ilha.

- observacao de especies migratorias maritimas e terrestres.

- inventario, densidade e biologia das aves marinhas (gaivotas, garajaus e cagarros) com anilhagem e observacao do comportamento soc i a 1 .

(.) lP4leio Dlbiente Dr. PAULO MCHADO

avaliacao do impacto humano sobre 0 meio ambiente. Invasao da ilha por especies exoticas, quer vegetais quer animais.

nota: outros elementos poderao juntar-se a esta equipa.

9

FLORES

1989

ECOLOGIA E SISTEMATTICA

(0) Biologia .arinha Prof. Dr. FRIAS MRTINS Dr9. MIA "[TO Dr. JOSE AlfYEDO Dr9. FATIMA LOPES Dr9. MARIA DO Cu YIEGAS Dr. HEAllIER MJUlWIIi Dr. SERGE GOFAS Dr9. La SAlITIT RODRIGUES Te c. JOAO BRlJIG

Sera dada enfase as recolhas com a finalidade de elaborar inventario da fauna e flora lit~ral. Parte das amostragens sera feita de acordo com as tecnicas desenvolvidas pelo projecto ABLA/MAC a fim de permitir estudos comparativos.

Recolhas adicionais serao feitas utilizando a sugadora e ainda investigando a zona subtidal e supra-lit~ral.

Sera feita macrofotografia sobretudo dos opistobranquios reco1hidos vivos. As recolhas destinar-se-ao a coleccao de referencia e as coleccoes de estudo que 0 Departamento esta a organizar.

(0) [rITa 1aco1og i a terrestre Prof.Dr. FRTIAS ~TIRS Dr9. REGI~ C~~ Dr. CARlOS BRTITO Dr. TIlIERRY MCKEl.JAIJI

Sera dado seguimento as recolhas conducentes ao inventario da Malacologia Terrestre do arquipelago. Especial destaque sera colocado na recolha dos generos Oxychl1~s, lapae~s e Arion, em virtude dos estudos de sistematica e evolucao em curso no Departamento.

Far-se-ao recolhas destinadas a estudos de anatomia comparada e sistematica molecular.

10

FLORES

1989

(0) Milnlferos Dr. FRW DE CARVAlOO Tecnico LUIS M. AlMlIDA

Far-se-ao recolhas para estudos morfometricos e enz imaticos, conducentes a investigacao em curso sobre a evolucao do coelho selvagem nos Acores.

(0) Ento.ologia e afins Dr9. La SAllTTE RODRIGUIES Dr. MTOIIUO MRTI~ Prof.Dr9.LORETE AnUNCIADA Dr. VIRGILIO YIHM Tecn9. JOANA TAV[IRA Tecn9. CRISTI~ l~Y~S Dr. JE~ KcNIL Sr. DAlB[RTO T. ~

Com 0 fito de iniciar a montagem de uma Entomoteca no Departamento de Biologia, far-se-ao recolhas generalizadas de insectos, estendendo-se estas tambem a outros artr6podes. tnfase sera colocada nos Lepid6pteros, Cole6pteros e Himen6pteros .

11

FLORES 1989

LIST" DE PARTICIP~S

DepartaJJrerD"to de Bi 01 O9i a

Universidade dos Acores

(.) Prof.Dr. FRIAS ~TI~ (responsavel) (.) Prof.Dr. CAMPOS FE~DES (responsavel-interino) (.) Prof.Dr. BRAKDAO DE OlIYEIRA (.) Dr. FERRAZ DE CARVAlHO ( ) Dr. JOAO TAYARES ( ) Dr. MTnnO MRHNS ( ) Dr. YIRGIlIO YIEIRA ( ) Dr. JOS AZEYEDO ( ) Dr. CARlOS BRITO ( ) Dr. JOS OLIVEIRA ( ) Dr9. GEHUIM flORES ( ) Dr9. MaCUn.A UM ( ) Dr9. AM ~[lO (+OR) ( ) Dr9. FATI~ KElO MEDEIROS ( ) Dr9. FATIMA lOPES ( ) Dr9. REGIM QJL'UIA ( ) Dr9. la SAUTfE RODRIGUES (.) Aux.Tecnica JOARA TAYEIRA (.) Aux.Tecnica CRISTI~ TAVARES (.) Eng.Tec.Agr.Principal DUARTE SOARES FURTADO

(ca.issao organizadora) (I) Aux.Tecnico JOAo ~El BRUM (ca.issao organizadora) (.) Tec.Auxiliar LUIS MEXIA DE AlMEIDA (ca.issao organizadora)

Pessoal auxiliar

(.) Sr9. 09. "ELEIA MEDEIROS (responsavel pela cozinha)

(.) Sr9. 09. ANA ~TINS

(.) Sr9. 09. LUISA FERREIRA (*)

(*) Departamento de Geociencias

12

FLORES 1989

LISTA I)[ PARTICIPMTES

Regionais

(.) Arqt9. DOMINIQUE VERDUGO Secretaria Regional de Habitacao e Obras Publicas PONTA DELGADA

(.) Dr9. AM MARIA I'll. AYIut SI.-J[S Departamento de Ciencias Agrarias Universidade dos Acores ANGRA DO HEROTsMO

(.) Dr. PIWlO JORGE YIHiAS I)[ CARYAUI) MCiWlO Secretaria Regional de Turismo e Ambiente HORTA

(.) Dr. E~ MANUEl YIElRA DE BRITO AZEVEDO Departamento de Ciencias Agrarias Universidade dos Acores ANGRA DO HEROISMO

(.) Dr. EDUARDO DIAS Departamento de Ciencias Agrarias

. Universidade dos Acores ANGRA DO HEROTsMO

(. ) Dr. PAUlO BORGES Departamento de Ciencias Agrarias

Universidade dos Acores

ANGRA DO HEROTsMO

(.) Dr. MTOlfUO GIlDRHEBW: MmSO Secretaria Regional de Turismo e Ambiente PONTA DELGADA

(.) Dr. l~Is ~~[l RIB[I~ ~ ROCHA ~~I~ Departamento de Oceanografia e Pescas Universidade dos Acores HORTA

13

FLORES

1989

(.) EngQ.TecQ.AgrQ. Principal JOSE MAKUEL PEREIRA DE AlKEI~ Servicos Agricolas de Sao Miguel PONTA DELGADA

(.) EngQ.TecQ.AgrQ. Principal MftRIA MARGARIDA C. DE MEDEIROS Secretaria Regional de Turismo e Ambiente PONTA DELGADA

(.) Naturalista JOS PEDRO PIKTO VIEGAS Bairro Universitario das Laranjeiras PONTA DELGADA

(.) Naturalista DAlBERTO lEIXElRA POHBO Centro de Jovens Naturalistas Aeroporto SANTA MARIA

(.) Naturalista ~IO JORGE YlElRA DA COSTA PONTA DELGADA

************************************************

(0) lUIS AWlO~IO ~CI~~O PARRElRA (0) ~~El DE ~~IAR SIlWA ( 0) ffRWmOO IEIPiIMIIlJlEl ~PACHECO PEREIRA

************************************************

(0) Pertencem a SOCIE~E ~E EXPlOM~ ESPElEOlOGlCA "OS 1K00000MHIUROS" .

14

FLORES

1989

l ISTA ~E PARTICIPANTES

If1acionais

(.) ProfQ . DrQ. lORETE ANUNCIAOA Universidade do Algarve FARO

(.) DrQ. MIlIA DO Cu YIEGAS I.N.I.P. - Seccao de Matosinhos PORTO

(.) DrQ. AUGUSTA GAM Instituto de Investigacao Cientifica Tropical LI SBOA

15

FLORES 1989

lliSJA ~[ PARTKCIPANlIS

lintemacionais

(.) Dr. ADRIAN Del ~EVO Royal Society for the Protection of the Birds INGLATERRA

(.) Dr. PETER HAlERS Royal Society for the Protection of the Birds INGLATERRA

(.) Dr. TREVOR SHAtTOI Royal Society for the Protection of the Birds INGLATERRA

(.) Dr. JEREMY ",=NEIl University of Laval-Quebec CANAM

(.) Dr. THIERRY BACKELJAU Recent Invertebrates Section BELGICA

(.) Dr. HEATHER BALu.lUt Thornton, New Hampshire U.S.AMERICA

(.) Dr. SERGE GOFAS Museu de Paris-FRANCA

(.) JOSE RUI SOUSA lOPES Brampton CANAM

I.

.> ...... ':)

~ ';>

-

17

FLORES

1989

"Demora a ilha das Flores ao Nordeste da ilha do Fayal, da qual dista boas 40 leguas, e quasi rotunda como a ilha Terceira e maior que ella, corre 0 mais comprido Norte e Sul, e faz muitas pontas ao mar das quaes para dentro faz boas e largas bahias, sendo as mais principais a do porto da Amoreira e do Calhau da Ribeira da Cruz, aonde eu vi ancorada a armada do Conde de Essex, que era de 160 velas no anna de 1597, e podiam entre ellas ancorar outras duas tantas.

Entre estas duas bahias fica a vila de Santa Cruz, ao pe d'um alto

monte, que a ilha ahi faz, que no tempo em que me criei n'ella servia

de monte Calvario, e com muito (sic) propriedade acho que eu hoje

ser-lhe posto 0 nome porque a parte d'onde estavam as cruzes remata

sua ladeira, que e muito ingreme com um rochedo algum tanto alto,

armado pela natureza de pedra tosca, que conforme a li~ao dos livros

se me assemelha muito ao monte Calv~rio.

Eesta i"lha muito alterosa e montuosa, e de todas as partes do mar vae sempre subindo em picos, varzeas, ribeiras e rochedos para 0 sertao, e do meio d'ella acima, d'onde se diz 0 Pico da Se (que fica a banda de Santa Cruz) faz 0 mais alto de toda ella, que e um campo que chamam o Escalvado, de muitos e bons pastos, de gramma, e outras hervas, em que 0 gada anda em tempo de verao, e por esta parte linha direita Leste e Oeste, fende a ilha pelo meio, e faz 0 mais largo d'ella, que e de tres boas leguas para cima, e quasi toda por este sertao tem quasi a mesma largura.

Toda ella, assim no sertao como pela costa do mar, e um chafariz perenne de agua, porque nao andarao 20 passos, assim pela costa como pelo sertao que nao deem em ribeiras, regatos e fontes de agua, e assim que a agua, que a natureza negou a muitas das outras ilhas superabundou n'aquella, porque dizem tem dentro de si 362 ribeiras, e que tantas se mandaram por lista ao conde de Santa Cruz sendo capitao d'ella, que por grandeza 0 quiz mostrar em Lisboa, 0 que nao duvido

I .

18

FLORES

1989

contando-as pelo serro e sert~o aonde ellas nascem e se ajuntam a outras por cuja bocca entram no mar, e ha ribeira a que se ajuntam mais de 30, e rara e a que nao se ajunta com outras tantas que as que entram no mar que sao nao s~ ribeiras mas algumas d'ellas rios caudalosos, e que tem seus nomes particulares sao 41 por mim bem contados, e tao distantes em roda da ilha umas das outras que se cahiram todas de alto como algumas cahem ficavam saindo da ilha com tanto concerto como bicas de agua de chafariz.

o melhor porto que tem esta ilha e a barra da villa de Santa Cruz, da qual sae a primeira rua da villa. Para a banda do Sul, em distancia de tiro de bombarda, fica outro porto, a que chamaram Pocas, por ser pocao morto entre baixio, em que nao abicam as embarcacoes, do qual sae outra rua, que e a ultima da villa, dentro das quaes, pelo cimo da rocha, ate 0 pe do monte atraz dito, com suas ruas cruzadas fica a villa mui bem assentada, servindo-se d'estes dois portos e de outro que fica ao norte da barra, a que chamam Porto Velho, por ser, parece, o primeiro de que usam, antes de ter dado na barra, que entra por entre dois penedos muito altos fora do mar mas nao em muita largura, mas de alto fundo, e qualquer embarcacao de alto bordo por entrar por elle, como sao caravelas de Atouguia, e outros d'este talho que eu vi entrar, e do mesmo modo no porto que se diz das Pocas."

Diogo das Chagas - Espelho Chrystallino em jardim de varias flores. in Archive des AI;ores, vol. xiii. Ponta Oelgada, FP.319/321

.' .. _"'-

21

FLORES

1989

o CABO 00 IiJNOO

Pouco depois de deixarmos a Horta, recebemos aviso de que um formidavel ciclone tinha aparecido e se estava deslocando para leste. Mas quando ele chegasse a atingir esta regiao, 0 nosso navio ja estaria de volta para leste. Por isso, diziam, nao havia motivo para alarme.

Na manha de 18 de Outubro, muito cedo, chegamos a Santa Cruz, na ilha das Flores, a 132 milhas da Horta. Ca onde eu cheguei, tao longe! Isto porque aqui e 0 extremo do arquipelago dos Acores; parece que realmente chegamos ao Cabo do Mundo. A significacao do nome desta ilha e bem patente. Talvez ele se deva ao facto de toda a ilha ser coberta por vegetacao luxuriante, nunca deixando de haver flores, seja em que epoca for do ano. As sebes de hortensias estendem-se como uma rede por toda a parte, pelas montanhas acima, e as flores oferecem urn aspecto surpreendente na estacao propria, desde Julho ate Setembro, segundo dizem. Ha mais de 120 anos, THOMAS ASHE (1813) escreveu com admiracao: Eespantoso co.o os portugueses te. o poder de nmEa~ as coisas tal cc.o as sentBI e que a sua lingua se preste tao ~ a isso. Por exemplo, ao ouvir nomes de ilhas, tais como Graciosa, Flores, Corvo, Pico, etc., podemos desde logo adivinhar as caracteristicas de cada uma dessas i"lhas. Mais adiante diz: Desejaria.os que dlora avante nao prosseguissellDs, nOs ingleses, no EU exe.plo de navegadores nossos, que ap1 i caVall ail has ...-es tais cc.o 11 ha da Princesa Carlota ou do Principe Eduardo. Contraste realmente interessante.

Embora nao haja noticia precisa de quando foi esta ilha descoberta, BOlD diz que foi provavelmente cerca de 1460. A impressao da Ilha das Flores, vista de longe, e assim muito bern descri ta por BULlAR: As costas sao fOl"llllildas por quebradas ainda mis altas do que as das outras ilhas. ~o taa ... praia de areia, ... reintrancia, qualquer especie de desellbarcadouro. E dificil illilginar cc.o e que consegui ra.a outrora pCir pe e. terra, aqui. Dizem que ha montanhas, prados verdes, quedas d'agua no interior da ilha, que os panoramas sao magnificos, assemelhando-se aos dos Alpes

http:Desejaria.os

22

FLORES

1989

SU1Cos, mas que nada existe que se possa chamar estrada, de modo que e extremamente diflcil andar de um lado para 0 outro. Ha uns cem anos, BUlLAR alugou um palanquim para dar a volta a ilha em dois dias. Os incomodos que resultam de tao grande falta, excedem 0 que se possa imaginar.

Em todas as ilhas dos Acores se cria gado, que produz manteiga e queijo de excelente qualidade. Desta Ilha das Flores, em especial, a exportacao e abundante. Enquanto 0 navio esteve ali ancorado, vimos embarcar muito gado, do tipo vaca do Corvo que atras se falou.

Um jovem que ocupava um camarote ao lado do meu, convidou-me fazer uma excursao pela costa ali a volta num barco alugado. Imediatamente consenti em acompanha-lo, juntamente com uma jovem amiga. 0 barco a motor, porem, unico que havia no porto, estava muito ocupado em transportar passageiros e carga, juntamente com outros barcos a remos. Por isso levou muito tempo a ficar disponlvel e eram ja 9 horas, quando pudemos dispo dele.

Atravessamos a vasta bala em direccao ao sul e fizemos uma visita a chamada Gruta dos [nxare~s, perto da Ponta da Caveira.

23

FLORES

1989

CONSIDER~~COES

SOBRE A DESCOBERTA DAS ILHAS DAS

Flores e Corvo

~: inccrta :1 rpor.:l do de~col)rirncntll d:l~ dll:l~ Ilh:l~, d:1~ Florc!' e do COrYl) , ~itll;]da:, 110 exlrclno ()o.:idcnl:l' dl) Archiprl:lgn A(nri:lno. E:'t;]~ ilh:l~, 'I"e d;1S olllr:!=- ~c :1cil;!111 [:lin rli=-I:ll1t:i;]d:l~ p j;]7.crn ;]Illil:t:, 1'111 cnmp'c!o i:'ol;]!Iwn[o, ~Plll 'I"I' d:l~ lII;!i~ ri7.illh:ls :'1' PO:,:,:1ll1 vp.r, r.W;]1I1 ~r,!Il dm'itl:l, ;]:' IIltill1:l~ ellrolll,.:lt':I:' pt:lo~ I1:lVI'g:ltlore:, 1'1Irf)pmlg.

!'ondo dt~ P;]rlc ;J flllcsl:ill. SP ftll ':llll II~ porlngllr7.p:;, 0:' prilllciro:; dc~clJhridorcs do:, A(ore:" 011 =-e IlIIiC;]1II1'1I11' rcclluhl'nr:llll :l t!:tislenri:l rlell~:" por ;!S ;)"h.1relll dc:,etlh;]da~ IUI~ 1II:1I'P;]~ e porltllallo!' do :;emlo H; ~Clll ClItr:lr 1I:1 :ltl;1lpe do dimeil prohlema ric :':1hcr :;e a ~1I:l e:\i~lcm:i:l roi 'Alllhcci

24

FLORES 1989

I~ II:! f:!f'I:! lip 'to II" J:lllr:ro II,. I '.:i:1 (I) 'IIII' (wi:! primeif':! \'('7. a[1(1:Ip're nnmr:!li:! ,1 illl:! till Conll . FiC:1 pHi:' I'lIlrr I/.'~n c 1',;':-\ ('0/11prrhrntlilla :l Ibl;] Ii;] III':,rn/ll'rfa. Enlrr I'~I:I:, ~rgllr:!s b:1li:':1~ scr:', III:lis dini,:il rIT:1!'.

F.:~t;i/l t;i(, prox illl:l~ ;]~ tll/;]:; ilh:1~ '1'1f: fl Ilc~r:ohrimenLo rI 'uma import:! Itrrc~qri,1nlrIlLf' () d;] olltr;]. ,\:; trr~ Irgoas que as !'rp"ram n:io I'rrlllillrlll a flll:Tlqnrr 11:1\'1';'::11111' olt

25

FLORES

1989

P. Inrin df! T";"I! SI'/l filhn, I' rill' ,liln Fr"nnn T,'lIr~ 'WIT hnllt'P pnr "m r.rmlrnlo 'J/lI' fez COlli 0 rtllo I,)!;n rlI' Td,., fithn rln ,hln nIH,]" rI, TI';"~ Ijlll! n.' dilns ,1hITS flcho" e tillhu, ~ ':;10 nalj""fI" fnrmq. . ... , II,te a., I'lle IIn/(r~ rtn dilo looo de Teire ~ qlle jicaram pm- rn()f'/~ rt" rfilo ,~('!t pae.

Tcndo meflearlo vinle e lrrs annn=, entre UTTI:l e Olllr:l C:lrl:l, p;)recc esle peri()(lo mnilo IOllgo, p:lr:l ~e Ihe :lcC.'omrnOll:lr :l phra:;e-I(lIe pm/co hn 'lUI! achorn, - Ern d()WfllCnlos d:l mt'::;III:l n:llmcz:l p:lss;ulos em nome do mesmo Rei e pcl:l rne~m:J ch:Jncrli;)ri:1. e difficil de expli1':;)1' csl:1 :lnlillomia. qnc nr:1i=, vern r.onrplil'ar ~ rc~nhl('jo e disCII:,~,jn d~ tio ohscnro ;tssumplo.

Pode conjectllr:1r-~e. rrlle 0 Du(]ne de OI':1g:mp D. A/flln:-oo, nenhllln3 dili~cncia empregolJ p:1r:1 J t:olonis:1l;aO J:1 ilh:! du Cllnn, dei:1.;)n4io-a I!m complcto :lb:mdono e rlc=,crta como n:1 cPOC:1 (lm 'pIe Ihe roi rl;u1J, As:;im se consl'rvolJ :lte t!",oi. (I) E'm rrnc ('~revefl V:tlentim Fern;)l1de:-. Diogo de Teive nao fez ":ller SCIIS direiLos dp. de~r.ohri"or . m:as :;im ~elJ mho J030 de Teive no contr:lcto p:1rtiwl:1,. de vend:1, em ~lIe Ihe convinh:1 occult.1r f'J"a1qnf'r circllmst:lncia desf:1mr:1vf'1. (> pur i:\~1 I) ~CII rlizer n:in pt',rle rlc:'lrnir () 'Ine sc ~mrma no dOl:IIIIIP,nto :lnl"rinr dp. 1.\;;:1,

Dingo, conhecelluo ;t e~islellcia d~s un:1!' ilh:1~ dp,sert:1~, pncleri:! ir rr,l:onhecel-:1~, e me~mo com SeU mho I:mc;ar n'etl:1~ ~lgl1m g:1lll1. ~f1m d(~ pOller m:1is tarde yendel-;1!! como de f:1r.to ror:tm Y(~",lida~.

TlHlo isln, porem, !':io sllpposic;Oes lfllvez h~", longc II;) re:1lid:lde, F: certo loflavi:l fine a coloni~1c;ao rl'e!!t:a~ IIII:lS ilh:1~ Iili mllilo tar

di:1 , Si> I]lIanun 0 descnvoh'imcllto lIa popnlac;;'Io d:t~ IIlltr:ts ilh~s "tlil1~io ccrto incremento, !'e LOrnon r:tcil :I emi~r:1C;;'\o r:tra "Ii.

Frey '\go~linho mhr.iro, 'I"e depoi!! em 1!'i:1.\ rni primeirn Ui~I)I) d''\ngr:l, ollvintlo em Lishoa, r0.\ e 15~8, (3) most!":!!n belli a punc.a impllrt.1n(;iJ Iple ()~ .IlllIat:1rios lig:lvam. a estes solil~ril)S penhasms'

Na Cosmogr:1phia de Petlro "ppi~no dp. I;;'l\ ~I se lI{1meam ~~t~ illlas rlos Al;ores com e:1.cllls:io lia!! FIIJrt!:; ~ C'1rm, 0 411e demonslra quao pouco r.onhp.cifl:ls er:1m :lind:1 entao (1~':t:; ilhas, dn~ gellgraphn:c eSlr:lngcims de m:1ior nllllle:tfi:1.

(I) Viti!! lY.11[. f!SO rt'~~IC Art:!Iirn (2) Vpj:t- ~r. 3lti:tnlc 0 e~I",r.IO rio r:ffl .lh~'I() It" T,.,.,." do I'.~ F'. d(' 51. M:tria. {l) N'r.,;tc ~"rhirn d~ n:t/!. If n ~7.

I,

http:e~I",r.IOhttp:occult.1r

26

FLORES

1989

Mousinho cl~ Sil veira

A ILHA DO CORVO .

:"tll tf~~lalllrntl/ rf~rh;Hlo :'1115 I':! ,Ie "'arc" IH'.!}. Ilr.tl:rminutl Jose X:I\'irr ~11I11~inh" Iia Sil\"rir:l . qllc 0 sell r.nqlo rc)s~r Ir~n5purtado sem IKllllp:l :\ ill':1 ,In CorvlI. :1 JIl:lis im:iffnifir.:mIC C II(".cirlrnl:l1 clos "cores, JI:lra ali 'w, Il('pllllario. Sohrc :trl',p,lIr e~mlho b:lnh:1oo \lor lodos 05 lallfl~ ria!' :tj.1I1:1~ ,III .\ 11:llIlir.ll. 1I('

llJiltr

nlim

~~r

rnnn

dr~,

~lt

rmil

o

Or.!

ll'fip

rfto

dRS

IIhft!

l do

.\t1

ftulir

n

IlH

AS

D

OS

A