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    MARCOS AURLIO DA COSTA FREIRES

    MEDIDAS ERGONMICAS VISANDO MELHORAR A

    QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA

    AERONUTICA

    Cascavel

    2003

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    MARCOS AURLIO DA COSTA FREIRES

    MEDIDAS ERGONMICAS VISANDO MELHORAR A

    QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA

    AERONUTICA

    Trabalho de concluso de Curso apresentado

    Universidade Estadual do Oeste do Paran

    Campus Cascavel, para obteno do Ttulo de

    graduado em Fisioterapia.

    Orientador: Gustavo Kiyosen Nakayama

    Co-orientador: Celeide Pinto Aguiar Peres

    Cascavel

    2003

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    MARCOS AURLIO DA COSTA FREIRES

    MEDIDAS ERGONMICAS VISANDO MELHORAR A QUALIDADE DEVIDA DOS MILITARES DA AERONUTICA

    BANCA EXAMINADORA

    ------------------------------------------------------------------------------------------Gustavo Kiyosen Nakayama Orientador Unioeste

    ------------------------------------------------------------------------------------------Celeide Pinto Aguiar Peres Co-orientadora Unioeste

    ------------------------------------------------------------------------------------------Juliana Cristina Frare Banca Unioeste

    Cascavel, 16 de abril de 2003.

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a minha esposa equerida filha, que sempre estiveram ao meulado incentivando-me a prosseguir. Dedico

    tambm a todos que direta e indiretamenteajudaram-me nesta vitria.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus em primeiro lugar, por ter me dado vida, sade e o privilgio determinar este trabalho.

    Agradeo ao Prof. Gustavo kiyosen Nakayama pela ateno e auxlioindispensveis realizao desta obra.

    Agradeo a Prof Celeide Pinto Aguiar Peres por ter me apoiado na realizaodeste trabalho.

    Agradeo ao Comandante do Quartel da Aeronutica, Tenente Jos Izidro

    Apolinrio, por ter autorizado e apoiado realizao do projeto.

    Agradeo aos meus colegas de turma por estar me ajudando e incentivando durante os 4 anosde Universidade.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Pirmide da Sade Fsica...............................................................................22

    Figura 2. Coluna Vertebral.............................................................................................35

    Figura 3. Espao mnimo para as pernas abaixo da superfcie de trabalho na posiosentada.........................................................................................................................37

    Figura 4. Dimenses a serem consideradas na posio sentada..................................38

    Figura 5. Posturas adotadas no trabalho com computador...........................................38

    Figura 6. Especificaes de desenho para altura adequada de trabalho para operadorem p...........................................................................................................................39

    Figura 7. O desvio ulnar do punho causado por um alicate..........................................40

    Figura 8. Punho para pistola com dupla pega...............................................................40

    Figura 9. Desenhos e dimenses caractersticas da p................................................41

    Figura 10. Objetos de bordas e quinas vivas e arredondadas......................................41

    Figura 11. A postura com mos e cotovelos para trs do corpo...................................42

    Figura 12. Ao aumentar a distncia entre as mos e o corpo h aumento datenso nas costas.........................................................................................................43

    Figura 13. Levantamento de pesos deve ser com as pernas e evitara a rotao detronco............................................................................................................................43

    Figura 14. As caixas devem ter pegas laterais..............................................................44

    Figura 15. Usar as pernas para levantar pesos............................................................44

    Figura 16. Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo...............................45

    Figura 17. rea de alcances timo e mximo na mesa................................................45

    Figura 18. Espao de circulao...................................................................................47

    Figura 19. As luminrias devem ficar acima da linha de viso e atrs dotrabalhador....................................................................................................................50

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1. Questionrio ergonmico; setor de administrao.................................56

    Grfico 2. Questionrio ergonmico; setor de servios gerais...............................57

    Grfico 3. Questionrio ergonmico; setor de escala.............................................58

    Grfico 4. Questionrio ergonmico; setor de suprimento.....................................58

    Grfico 5. Questionrio ergonmico; setor de manuteno...................................59

    Grfico 6. Questionrio ergonmico; setor de administrao.................................63

    Grfico 7. Questionrio ergonmico; setor de servios gerais...............................64

    Grfico 8. Questionrio ergonmico; setor de escala............................................64

    Grfico 9. Questionrio ergonmico; setor de suprimento.....................................65

    Grfico 10. Questionrio ergonmico; setor de manuteno.................................66

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Questionrio de qualidade de vida (antes da interveno).....................60

    Tabela 2. Questionrio de qualidade de vida (aps a interveno)........................67

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    QVT Qualidade de vida no trabalho.

    RH Recursos humanos.

    VHF Very High Frequency.

    UHF Ultra High Frequency.

    CCBS Centro de Cincias Biolgicas e da Sade.

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE GRFICOS

    LISTA DE TABELAS

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    1 INTRODUO..................................................................................................12

    2 O TRABALHO...................................................................................................14

    2.1 A evoluo do homem.......................................................................................14

    2.2 Conceito de trabalho..........................................................................................15

    2.3 A evoluo tecnolgica do trabalho...................................................................17

    2.4 A situao de trabalho........................................................................................18

    3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..........................................................203.1 Conceitos de qualidade de vida no trabalho........................................................20

    3.2 Modelos de QVT.................................................................................................21

    3.3 Qualidade de vida no trabalho e produtividade....................................................22

    3.4 O porque da importncia da promoo da sade notrabalho...............................................................................................................23

    4 A AERONUTICA...............................................................................................245 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA...................................................................26

    5.1 Origem e evoluo da ergonomia.......................................................................26

    5.2 Conceitos de ergonomia.....................................................................................27

    5.3 Abordagens em ergonomia.................................................................................28

    5.4 Tipos de ergonomia............................................................................................30

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    5.5 Aplicaes da ergonomia....................................................................................30

    6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO......................................32

    7 POSTURAS E MOVIMENTOS.......................................................................34

    8 CONDIES DE TRABALHO........................................................................46

    8.1 Dimensionamento de espaos de circulao...................................................47

    8.2 Ambiente trmico............................................................................................47

    8.3 Ambiente acstico...........................................................................................48

    8.4 Iluminao.......................................................................................................49

    8.5 Ventilao Qualidade do ar...........................................................................51

    9 ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO......................................................52

    10 METODOLOGIA..............................................................................................54

    11 RESULTADOS.................................................................................................56

    12 DISCUSSO....................................................................................................68

    13 CONCLUSO..................................................................................................72

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................73

    ANEXO 1........................................................................................................75

    ANEXO 2........................................................................................................76

    ANEXO 3........................................................................................................89

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    ANEXO 2

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARAN UNIOESTE

    PROJETO DE PESQUISA

    MEDIDAS ERGONMICAS VISANDO A MELHORA DE QUALIDADE DE VIDA

    Questionrio

    Dados pessoais:

    Nome: Data:

    Idade: Altura: Peso:

    Setor de trabalho:

    O trabalho pode ser feito sem que haja contato da

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    RESUMO

    A ergonomia cada vez mais cobrada pelas instituies de fiscalizao

    governamentais em todo o mundo e, particularmente, no Brasil. A otimizao do

    trabalho um fator fundamental para o sucesso de pessoas e organizaes, num

    mundo de alta competio, em que sade e excelncia de desempenho so aspectos

    fundamentais. A ergonomia estuda a adaptao do trabalho ao homem, ou seja, estuda

    o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e

    particularmente a aplicao dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

    soluo dos problemas surgidos desse relacionamento. O objetivo desta pesquisa foi

    melhorar a qualidade de vida dos militares da Aeronutica, possibilitando que o trabalho

    seja bem dimensionado, otimizando sua eficcia e desenvolvendo atividades em

    condies favorveis promoo da sade. A amostra constituiu de 45 militares da

    Aeronutica, que trabalham no Destacamento de Defesa Area e Controle do Trfego

    Areo do Sul do Brasil, em seus setores especficos, resultando em 5 grupos de

    trabalho. O estudo utilizou um questionrio em que todos responderam antes e aps a

    interveno; um estgio de observao para coleta de dados, onde foram avaliadas asposturas adotadas no trabalho, cargas manuseadas, o ambiente de trabalho, os

    equipamentos utilizados, caractersticas da atividade, desconfortos msculo-

    esquelticos e tambm foi feito palestras de orientao visando otimizar o trabalho.

    Concluiu-se que a metodologia aplicada foi satisfatria, obtendo uma melhora na

    qualidade de vida dos militares da Aeronutica.

    Palavras chaves: Qualidade de vida, Ergonomia, Aeronutica e Ambiente de Trabalho.

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    1 INTRODUO.

    A ergonomia desenvolveu-se durante a II Guerra Mundial quando, pela primeira vez,

    houve uma conjugao sistemtica de esforos entre a tecnologia e as cincias

    humanas. Fisiologistas, psiclogos, antroplogos, mdicos e engenheiros trabalharam

    juntos para resolver os problemas causados pela operao de equipamentos militares

    complexos. Os resultados desse esforo interdisciplinar foram to gratificantes, que

    foram aproveitados pela indstria, no ps-guerra. (IIDA, 1998).

    Ao longo da histria humana os princpios fundamentais da ergonomia foram

    aplicados na substituio ou transferncia de trabalhos mais pesados para animais, na

    inveno de artifcios que facilitam o trabalho, na adaptao de postos de trabalho,

    tornando-os mais apropriados s propores do corpo humano e facilitando posturas

    mais equilibradas e na utilizao de adaptaes que facilitam o melhor posicionamento

    do corpo humano em atividades que apresentam dificuldades excntricas. (IIDA,1995).

    A ergonomia estuda vrios aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentado,

    em p, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (rudos,

    vibraes, iluminao, clima, agentes qumicos), informao (captadas pela viso,audio e outros sentidos), controles, relaes entre mostradores e controles, bem

    como cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos interessantes). A conjugao

    adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, confortveis e eficientes,

    tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. Segundo Knoplich (1994), a ergonomia

    estuda o comportamento do operrio em relao mquina, no s as condies

    fsicas e a postura, como tambm as condies psicolgicas nesse desempenho.

    Muitas situaes de trabalho e da vida cotidiana so prejudiciais sade. Asdoenas do sistema msculo-esqueltico (principalmente dores nas costas) e aquelas

    psicolgicas (estresse, por exemplo) constituem uma importante causa de absentesmo

    e de incapacitao ao trabalho. Essas situaes podem ser atribudas ao mau projeto e

    ao uso inadequado de equipamentos, sistemas e tarefas. A ergonomia pode contribuir

    para reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos pases j obrigam os

    servios de sade a empregar ergonomistas. (IIDA, 1998).

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    A contribuio ergonmica, de acordo com a ocasio em que feita, classificada

    em: ergonomia de concepo, onde realizada durante a fase inicial de projeto doproduto, da mquina ou do ambiente, ergonomia de correo, onde aplicada em

    situaes reais, j existentes e ergonomia de conscientizao, onde o operador

    conscientizado sobre como trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de

    risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. (IIDA, 1998).

    A ergonomia uma das mais importantes vertentes da sade ocupacional e vem

    ganhando cada vez mais terreno nos ltimos anos. Sua aplicao prtica, alm de

    responder a esse tipo de demanda, contribui para o incremento da produtividade e da

    melhoria da sade dos trabalhadores.

    Na Aeronutica, pouco se tem feito com respeito a uma interveno nos postos de

    trabalho, visando melhorar a qualidade de vida dos militares, em seus servios dirios.

    O que se pretende com esta pesquisa analisar e detectar no quartel da Aeronutica,

    como a organizao do trabalho, o posto de trabalho e os ambientes de trabalho

    causam impacto sobre os militares, orientando-os quanto a uma qualidade de vida

    melhor, otimizando os seus setores.

    Objetivos.

    Geral: Analisar as condies ergonmicas dos postos de trabalho dos militares da

    Aeronutica.

    Especficos: Identificar os procedimentos de trabalho que exigem carga aos militares,

    identificar posturas corporais comprometedoras nas atividades profissionais dos

    militares e identificar as regies corporais com maior relato de queixa de dores

    msculo-esquelticos.

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    2 O TRABALHO.

    2.1 - A evoluo do homem:

    O ser humano passa a maior parte do tempo de sua vida no trabalho. Na

    sociedade contempornea, a maior parte deste trabalho realizada dentro de

    organizaes, com o objetivo de produzir bens e servios. Diferentes reas do

    conhecimento tm contribudo com reflexes sobre o ser humano e a sua forma de

    interveno na natureza. Tais reflexes vm acompanhadas de anlises referentes s

    estratgias utilizadas no espao da produo para a realizao do trabalho desde o

    advento da revoluo industrial. Atualmente, estas contribuies tm servido para

    discusses sobre o futuro das naes, na tentativa de se buscar uma soluo conjunta

    para uma nova ordem mundial (SANTOS, 2000 apudDUTRA , _).

    A forma de interveno do homem sobre a natureza, coincide com a prpria

    histria de desenvolvimento da humanidade. O ser humano inicialmente lidava com as

    atividades: produo de ferramentas, utilizao do fogo, emprego de metais,

    diretamente relacionados s suas necessidades de sobrevivncia frente a um ambienteadverso. Isolado ou em grupo, tinha que lutar para estar vivo, para preservao da

    prpria espcie. A forma de organizao do trabalho estava baseada na participao e

    cooperao (SANTOS, 2000 apudDUTRA, _).

    O fogo foi uma das descobertas mais importantes da humanidade. Atravs dele o

    homem libertou-se da restrio de sua limitada reserva de energia, possibilitando-lhe

    ampliar seu universo de produo. Com essa descoberta, o homem pde produzir uma

    variedade maior de objetos tambm para seu melhor conforto (CAMARGO et al, 1999apudDUTRA, _).

    ____________________________

    1 SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponvel na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon.

    19 setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

    2 CAMARGO, N. ; PATRCIO, Z. A qualidade de vida de um comandante de aeronave. In: Qualidade

    de vida do trabalhador. Florianpolis: PCA, 1999. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introduo

    Ergonomia. PR. Unioeste.

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    A diviso do trabalho entre as tribos comunitrias primitivas nasceu de uma

    contingncia natural. O trabalho, caracterizado por tcnicas rudimentares, eraextremamente cansativo, o que impedia o desempenho de outras tarefas necessrias

    organizao da vida tribal (SANTOS, 2000 apudDUTRA3, _).

    Na Grcia e na Roma Antiga o trabalho era reservado para escravos, sendo

    considerado indigno de seres humanos livres. Entre os hebreus, o trabalho era visto de

    forma menos indigna, mas mantinha uma conotao predominantemente negativa. Era

    visto como misso sagrada para expiao do pecado original (PIRES, 2001).

    No entanto, a Revoluo Industrial alterou profundamente estas relaes. A

    relao do homem com a natureza passa a ser representada por padres econmicos.

    O trabalho braal foi substitudo pelas mquinas, caracterizando o incio do sistema

    fabril. As inovaes tecnolgicas caracterizam-se pela utilizao do vapor, da energia

    eltrica e do motor a exploso no processo produtivo das fbricas, representando o

    aproveitamento dos resultados das cincias naturais para a indstria (SANTOS, 2000

    apudDUTRA3, _).

    Na histria da evoluo humana, vislumbra-se com a imensa capacidade do

    homem em intervir na natureza, de criar cultura e de fazer histria. No entanto, ainterveno humana, nunca foi to mecanicista e redutora desde o advento da

    Revoluo Industrial. Mas, sabe-se que faz parte da condio humana, colocar-se

    diante da natureza, pensar e agir sobre ela (DUTRA, _).

    2.2 Conceito de trabalho:

    Na antiguidade grega, todo trabalho manual era desvalorizado e feito pelosescravos e a atividade terica era considerada a mais digna de um homem, cuja

    3 SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponvel na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon. 19

    setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

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    essncia era fundamentalmente a de um ser racional (ARANHA et all, 1986 apud

    DUTRA4

    , _).Segundo Santos e Fialho (1995), os gregos j utilizavam duas palavras diferentes

    para designar o termo trabalho: ponos que faz referncia ao esforo e a penalidade, e

    ergon que designa a criao, a obra de arte. A diferena entre trabalhar no sentido de

    penar e trabalhar no sentido de criar deve ser uma das primeiras tarefas de algum que

    pretende analisar o trabalho.

    O trabalho tem sido considerado de formas diversas, no encontrando ainda uma

    definio unnime. Vrios so os pontos de vista a partir dos quais se pode

    compreend-lo. Alguns deles esto a seguir:

    Fisiolgico Tem a ver com a transformao de energia pelo ser humano. Um

    trabalho pode realizar-se enquanto se consome certa quantidade de energia (trmica,

    qumica e eltrica).

    Econmico Visa uma finalidade, uma utilidade, produo de bens econmicos

    para a satisfao de necessidades humanas.

    tico Dignifica o ser humano, confere sentido vida, cria bens e valores morais.

    Esttico Atividade, esforo em busca do que belo. Algumas profisses, taiscomo a odontologia, tm na questo esttica um foco bastante forte.

    Filosfico Atividade do ser que est na essncia dos ser humano; expresso

    do originrio poder criador do ser humano, que se constitui a si mesmo e ao mundo

    histrico em que vive (PIRES, 2001).

    Muito evoluram os estudos de trabalho e inmeros conceitos foram propostos.

    Segundo FIALHO5, (1995 apudPIRES, 2001) um deles afirma que todo trabalho um

    comportamento adquirido por aprendizagem e tendo de se adaptar s exigncias deuma tarefa. Acrescentando-se a esse conceito a participao ativa do ser humano na

    interao com os meios de trabalho, com o ambiente fsico imediato e com o ambiente

    4ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: Introduo filosofia. SP: Moderna,1986 apud

    DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

    5 FIALHO, F. , Santos, N. Manual de anlise ergonmica do trabalho. Curitiba: Gnesis, 1995.

    apud PIRES, Licnia. Fundamentos da Prtica Ergonmica. 3 ed. SP: LTR, 2001.

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    psicossocial de trabalho, pode-se fazer uma aproximao do que a ergonomia entende

    por trabalho (PIRES, 2001).

    2.3 A evoluo tecnolgica do trabalho:

    Atravs dos tempos, o homem tem buscado mtodos e processos de trabalho que

    minimizem o esforo e aperfeioem o resultado na produo de bens que necessita.

    Assim, se no incio da atividade laboral o trabalho era executado com as mos, a

    evoluo ocorreu no sentido da utilidade de ferramentas, mquinas de acionamento

    mecnico e, atualmente, equipamentos automatizados. A tecnologia pode ser

    considerada, ento, como uma potente fora no sentido de poder estender as

    capacidades humanas (GONALVES et all, 1996 apudDUTRA6, _).

    A revoluo industrial utilizou a tecnologia para estender a capacidade fsica de

    realizar o trabalho, j na revoluo da informtica ela est estendendo as nossas

    capacidades mentais.

    Segundo Rodrigues et all (1987), as mudanas tecnolgicas nos processos

    produtivos apresentam pelo menos trs metas bsicas: a reduo do esforo detrabalho, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do produto(DUTRA, _).

    Mas antes mesmo de continuarmos a falar em tecnologia e em evoluo

    tecnolgica, preciso definir o termo tecnologia.

    Para Goldemberg (1978), a tecnologia o conjunto de conhecimentos de que uma

    sociedade dispe sobre cincias e artes industriais, incluindo os fenmenos sociais e

    fsicos, e a aplicao destes princpios produo de bens e servios.

    A evoluo tecnolgica do trabalho pode ser dividida em quatro fases:1) A instrumentalizao: da mo ferramenta.

    Esta fase se caracteriza pelo desenvolvimento de ferramentas fabricadas pelo

    homem para lhe servir de mediador entre sua mo e o objeto de trabalho. A ferramenta

    6 GONALVES, J.E.L; GOMES, C.A. A tecnologia e a realizao do trabalho. Revista de

    administrao de empresas, SP, v. 33, n. 1, p. 106-121. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar.

    Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

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    substitui os membros do homem na ao direta sobre a matria prima a ser trabalhada

    e permite uma ampliao da capacidade humana de transformao da matria e umareduo dos esforos fsicos.

    2) A mecanizao: da ferramenta mquina.

    Nesta fase ocorre a integrao progressiva das ferramentas s mquinas, assim

    como pelo deslocamento de determinadas aes sobre o objeto de trabalho que,

    anteriormente, eram realizadas pelo homem. O homem aciona os comandos em

    funes das informaes que ele recebe do objeto de trabalho, traduzindo-se na

    atividade de conduo do processo ou da mquina.

    3) A automao: da mquina ao rob.

    Nesta fase se caracteriza pela introduo macia da micro-eletrnica nos

    dispositivos tcnicos de produo, onde a introduo dos computadores na conduo

    do processo/das mquinas modifica de forma considervel os sistemas de produo.

    Neste, o trabalho humano se reduz, essencialmente, a uma atividade de

    superviso/controle do sistema de produo. Temos como exemplo o controle de

    trfego areo (Aeronutica), de trens, metrs, processos qumicos e siderrgicos, onde

    os trabalhadores supervisionam/controlam variveis do processo, corrigindo-as quandofor necessrio. Os trabalhadores entram em ao quando houver um erro ou defeito.

    4) A interconexo: dos robs aos sistemas inteligentes de apoio deciso.

    Esta fase caracteriza-se pelo diagnstico, pela introduo de sistemas inteligentes

    de apoio deciso na gesto de processos.

    2.4 A situao de trabalho:

    Uma situao de trabalho um sistema complexo, dinamicamente inter-

    relacionado, cujas entradas (as exigncias econmicas, scio-tcnicas e

    organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos

    do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informaes e

    aes) e, cujas sadas (os resultados do trabalho em termos de produo e sade),

    so as resultantes deste sistema. Dentro do contexto de uma situao de trabalho,

    enfatizaremos as condies de trabalho.

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    As condies de trabalho vm sofrendo modificaes ao longo das dcadas, neste

    sentido pode-se dividir em trs perodos:Do sculo XIX at a primeira guerra, demonstrado pela luta da sobrevivncia, a

    preocupao com a sade era no morrer. Apresentava tambm uma jornada de

    trabalho muito longa de, baixos nveis de higiene, alta periculosidade, grandes esforos

    musculares, alimentao precria e represso do governo contra o trabalhador.

    Aps a primeira guerra at 1968, comea o segundo perodo, que se caracterizava

    pela preocupao somente com a sade do corpo. Inicia-se com Taylor as influncias

    da forma de trabalhar com a produtividade. Nesta poca, a mo-de-obra no

    especializada era abundante e barata; o saber-fazer no era prioridade por parte da

    empresa. Havia uma diviso muito forte dos profissionais que detinham o

    conhecimento total e os que faziam, estes constituam a maioria na indstria.

    No terceiro perodo, que ocorre aps 1968, comea a percepo de deteriorao

    da sade mental como fator prejudicial ao trabalho. Passam a ser valorizadas as

    questes como o contedo da tarefa, flexibilidade, ritmo e velocidade de trabalho e

    participao. Nesta poca surgiram movimentos de resistncia e estudos de formas de

    alternativas de organizao de trabalho, mais voltados para o ser humano.Por outro lado, Montmollin (1990), define condies de trabalho como tudo o que

    caracteriza uma situao de trabalho e permite ou impede a atividade dos

    trabalhadores.

    Hoje, as empresas comeam a se preocupar em melhorar as suas condies de

    trabalho, a fim de assegurar a sade e a segurana dos seus funcionrios, entendendo

    que a produtividade s ocorre com a satisfao e com motivao dos mesmos. Diante

    do fenmeno da globalizao, as empresas para se tornarem competitivas, precisaropriorizar seu capital humano.

    A partir dessas consideraes gerais de trabalho e suas condies, pode-se

    evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo o

    trabalho humano a Ergonomia.

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    3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

    Companhias gastam milhes de dlares por ano na manuteno preventiva das

    suas mquinas. No vemos razo para no fazermos o mesmo com nossos

    funcionrios (Peter Thigpen Thigpen, Presidente da Levi Strauss, USA, In da Silva et

    all, 1997).

    3.1 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

    A QVT tem sido uma preocupao do homem desde o incio de sua existncia.

    Exemplo disto, busca do aprimoramento dos instrumentos primitivos dos quais

    decorriam suas condies de trabalho. Ao longo do tempo o termo qualidade de vida no

    trabalho, vem recebendo diferentes conotaes, sendo a mais objetiva e clara a de

    facilitar e satisfazer as necessidades dos trabalhadores no desenvolver de suas

    atividades profissionais (RODRIGUES, 1994).

    A definio do termo Qualidade de Vida no Trabalho, na viso de diversos autores

    apresentada a seguir:Guest (1979) ...um processo pelo qual uma organizao tenta relevar o

    potencial criativo do seu pessoal, envolvendo-os em decises que afetam suas vidas no

    trabalho. Uma caracterstica marcante do processo que seus objetivos no so

    simplesmente intrnsecos no que diz respeito ao que o trabalhador v como fins de

    autorealizao e autoengrandecimento.

    Davis (1981) Condies favorveis ou desfavorveis de um ambiente de

    trabalho para os empregados.Fernandes e Becker (1988) Para reagrupar todas as experincias da

    humanizao do trabalho e que orientam em funo do que se tem convencionado

    denominar democracia industrial.

    Fernandez (1989) Relaciona os fatores motivacionais ligados ao desempenho.

    Existe QVT quando os indivduos podem satisfazer suas necessidades pessoais

    importantes, atravs da organizao em que atuam.

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    3.2 Modelos de QVT.

    Autores da rea de comportamento organizacional, tem referenciado modelos para

    mensurar a motivao e satisfao no trabalho.

    Nadler e Lawler (1983) indicam como atividades representativas da QVT:

    Participao nas decises, Reestruturao do trabalho com enriquecimento de

    tarefas e grupos de trabalho autnomo, inovao no sistema de recompensas

    influenciando o clima organizacional e melhoria do ambiente de trabalho como horas,

    condies, regras e meio ambiente fsico.

    Siqueira e Coletta (1989), realizaram estudo com 100 trabalhadores

    (Uberlndia/MG entrevista e levantamentos de incidentes crticos e sugestes para a

    melhoria da vida no trabalho). Os fatores determinantes de QVT foram: o prprio

    trabalho, relaes interpessoais, os colegas, os chefes, poltica de RH, confirmados da

    seguinte forma:

    Polticas de RH Cargos e salrios, treinamento, educao, benefcios,

    estabilidade, cumprimento das regras e legislao trabalhista;

    Trabalho ambiente seguro/saudvel, participao nas decises, informaes,equipamentos adequados, tarefas enriquecidas e trabalhos em grupo, possibilitar uma

    vida mais satisfatria fora do trabalho, horrio fixo de 8 horas, amizade, contato direto

    com o patro, etc;

    Interaes pessoais colegas/amizade, cooperao, confiana, chefia (aberta ao

    dilogo), participativa, conhecimento tcnico, autoridade, confiana, etc;

    Indivduo assiduidade, baixa rotatividade, satisfao com o que faz,

    responsabilidade, iniciativa, confiana em si mesmo, separao entre problemaspessoais e profissionais, residir em local de fcil acesso;

    Empresa Imagem, slida, bem conceituada, regras bem definidas, administrao

    eficiente.

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    3.3 Qualidade de vida no Trabalho e Produtividade.

    Segundo Huse et all(in Rodrigues, 1998), a QVT pode ser definida como uma de

    pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organizao, onde se destacam dois

    aspectos muito importantes:

    Bem estar do trabalhador e eficcia organizacional e participao dos

    trabalhadores nas decises e problemas do trabalho.

    Os aspectos que diferenciam um programa de QVT de um outro aplicado a alguma

    organizao radicam em quatro pontos fundamentais:

    A participao dos trabalhadores (pode ser atravs dos ciclos de controle de

    qualidade de vida, grupos de trabalhos cooperativos dentre outros);

    Projeto do cargo (devendo atender as necessidades tecnolgicas dos

    trabalhadores, este deve incluir enriquecimento do trabalho variedades da tarefa,

    juntamente com os grupos de trabalhos autoregulados);

    Inovao no sistema de recompensa (plano de cargo e salrio, visando minimizar

    diferenas salariais e de nvel entre trabalhadores);

    Melhoria no ambiente de trabalho (mudanas fsicas ou tangveis nas condiesde trabalho: flexibilidade no horrio, lay-out, etc. medida que melhora o ambiente de

    trabalho, os trabalhadores tornam-se mais satisfeitos com seus servios).

    Figura 1: Pirmide da Sade Fsica

    Fonte: Palestra da Caixa Econmica Federal, 2003.

    ATIVIDADEMUSCULAR

    ATIVIDADE

    AERBICA

    SER ATIVO

    QUALIDADE DE SONO

    ALIMENTAO

    ALONGAMENTO

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    Para termos uma boa qualidade de vida e aumentar a produtividade, devemos

    seguir estas recomendaes nos dias da semana, seguindo a pirmide da sade fsica:1 dia por semana , realizar descanso total das atividades e participar de lazer, para

    reposio do equilbrio e diminuir o estresse; 2 dias por semana , realizar atividade

    fsica com exerccios de fora; 3 dias por semana, realizar atividade fsica aerbica,

    para ativar e melhorar o sistema cardiopulmonar, a resistncia e queimar gorduras; 4

    dias por semana, ser ativo o mximo possvel (andando, subindo escadas, etc.); 5 dias

    por semana, ter uma boa qualidade de sono; 6 dias por semana, ter uma boa

    alimentao; 7 dias por semana, realizar alongamentos dirios e freqentes.

    3.4 O porque da importncia da promoo da sade no trabalho.

    Segundo afirma da Silva et all (1997), para o empregado, as razes so obvias:

    uma vida melhor e provavelmente mais longa, com melhor sade fsica e principalmente

    mais feliz. Este estado de felicidade no advm nica e exclusivamente de um bem

    estar fsico, mas principalmente de um bem estar interior decorrente das melhorias das

    relaes pessoais que mantm no trabalho, alm de passar a vivenciar o trabalho nocomo tortura e fonte de problemas, mas como algo prazeroso e desejvel.

    Porque to importante o bem estar e a sade no trabalho? A resposta simples,

    s lembrarmos da quantidade de tempo que passamos em nossas atividades de

    trabalho, sem exagero podemos dizer que a maior parte de nossas vidas, quando

    estamos acordados, e por meio dele (trabalho), que realizamos grande parte das

    nossas aspiraes.

    Para as empresas, segundo o mesmo autor, os benefcios advindos deste novoestado de esprito dos seus empregados so bvios.

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    4 A AERONUTICA.

    rgo do Governo Federal, pertencente ao Ministrio da Defesa, que tem por

    funo a proteo e a integridade do territrio nacional. Atualmente, em Catanduvas, a

    45 Km de Cascavel, encontra-se situado o Destacamento de Controle e Proteo do

    Trfego Areo, composto de militares da Aeronutica vindos de diversos lugares do

    Brasil. O Destacamento possui um Radar que trabalha 24 horas por dia juntamente com

    outros equipamentos como de VHF e UHF, para a comunicao com as aeronaves. O

    servio dividido por setores, que so os seguintes:

    Setor Administrativo (Servios burocrticos): So militares que ficam bastante tempo

    sentado realizando servios burocrticos. O uso de computadores freqente.

    Trabalham em mdia 5 horas por dia.

    Setor de Suprimento (Almoxarifado): O uso de computadores e servios burocrticos,

    como os da secretaria, so freqentes. Estoque de materiais em mesas, armrios e

    principalmente em prateleiras.(materiais no so grandes, mas possui os leves e os

    pesados). Trabalham em mdia 5 horas por dia.

    Setor de Manutenes: Concertos em bancadas de equipamentos leves e pesados(como por exemplo ar-condicionado) na posio de p e em poucas vezes na posio

    sentada. Trabalham 5 horas por dia.

    Setor de Servios Gerais: Trabalham geralmente em servios que utilizam ferramentas

    como p, enxada, carrinho de mo, roadeiras, etc. So trabalhos mais braais

    normalmente.

    Setor de Escala diurna e noturna: So aqueles que trabalham em plantes. So

    tcnicos militares que trabalham juntamente com equipamentos eletrnicos quefuncionam 24h por dia (sem parar) gerando rudos altos e buscando a ateno dos

    mesmos. Estes setores so os seguintes: Setor do Radar, possui equipamentos

    eletrnicos que exigem a ateno durante todo o servio, sala do tcnico de planto

    com mesas, cadeiras, televiso e microondas. Setor da Casa de Fora, tambm com

    equipamentos eletrnicos e eltricos, sala do tcnico de planto com mesa, cadeira,

    televiso, microondas e uma cama para descanso. Setor de Motoristas e sargento de

    dia, salas com mesas, cadeiras, televiso e camas. Setor de VHF (estao de rdio

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    freqncia para a comunicao com as aeronaves), possui equipamentos eletrnicos,

    mesas, cadeiras e bancadas e o setor da guarda (no porto de entrada), possui mesa,cadeira, microondas e alojamento para o descanso.

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    5 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA.

    5.1 Origem e evoluo da ergonomia:

    Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, pelo

    polons W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um artigo intitulado ensaio de ergonomia

    ou cincia do trabalho baseada nas leis objetivas da cincia da natureza.

    Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma rea

    de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez,

    houve uma conjugao sistemtica de esforos entre a tecnologia e as cincias

    humanas e biolgicas. Filsofos, psiclogos, antroplogos, mdicos e engenheiros,

    trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operao de

    equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforo interdisciplinar foram

    to frutferos, que foram aproveitados pela indstria, no ps-guerra (DUTRA, _).

    Segundo Ilda (1990), com a ecloso da II Guerra Mundial, foram utilizados

    conhecimentos cientficos e tecnolgicos disponveis para construir instrumentos

    blicos relativamente complexos. Estes exigiam habilidade do operador, em condiesambientais bastante desfavorveis e tensas, no campo de batalha. Os erros e

    acidentes, muitos com conseqncias fatais, eram freqentes. Tudo isso fez redobrar o

    esforo de pesquisa para adaptar esses instrumentos blicos s caractersticas e

    capacidade do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os

    acidentes (PIRES, 2001).

    Em 1959, a recomendao n 112, da OIT Organizao Internacional do

    Trabalho, dedica-se aos servios de sade ocupacional, definido como serviosmdicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes

    finalidades:

    Proteger o trabalhador contra qualquer risco sade e que decorra do trabalho ou

    das condies em que ele cumprido.

    Concorrer para o ajustamento fsico e mental do trabalhador a suas atividades na

    empresa, atravs da adaptao do trabalho ao ser humano e pela colocao deste em

    setor que atenda s suas aptides.

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    Contribuir para o estabelecimento e manuteno do mais alto grau possvel de

    bem-estar fsico e mental dos trabalhadores.Nessa conceituao de servios de sade ocupacional, verifica-se a presena do

    conceito de ergonomia: adaptao do trabalho ao ser humano (DUTRA, _).

    A partir de ento, a ergonomia tem evoludo de forma significativa e, atualmente,

    pode ser considerada como um estudo cientfico interdisciplinar do ser humano e da

    sua relao com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados

    e seu entorno, incluindo usurios e tarefas.

    Hoje, a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os pases do mundo.

    Existem muitas instituies de ensino e pesquisa atuando na rea e anualmente se

    realizam muitos eventos de carter nacional ou internacional para a apresentao e a

    discusso dos resultados das pesquisas (DUTRA, _).

    5.2 Conceitos de Ergonomia:

    O termo ergonomia derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos

    (regras). De fato, na Grcia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos quedesignava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que

    designava o trabalho arte de criao, satisfao e motivao. Tal o objetivo da

    ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon (DUTRA, _).

    Segundo Jouvencel (1994), numa publicao da revista internacional do trabalho,

    a ergonomia foi assim conceituada: A aplicao conjunta de algumas cincias

    biolgicas para assegurar entre o homem e o trabalho uma mtua e tima adaptao,

    com a finalidade de incrementar o rendimento do trabalhador e contribuir para o seubem-estar (PIRES, 2001).

    Uma definio concisa de ergonomia a seguinte: Ergonomia o estudo do

    relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e

    particularmente a aplicao dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

    soluo dos problemas surgidos desse relacionamento (IIDA, 1998).

    Para Wisner (1987), a ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos

    cientficos relativos ao ser humano e necessrio para a concepo de ferramentas,

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    mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto,

    segurana e eficcia.A ergonomia estuda o comportamento do operrio em relao mquina, no s

    as condies fsicas e a postura, como tambm as condies psicolgicas nesse

    desempenho (Revista Movimentao, Knoplich, 1994).

    Os ergonomistas so profissionais que tm conhecimento sobre o funcionamento

    humano e esto prontos a atuar nos processos projetais de situaes de trabalho,

    interagindo na definio da organizao do trabalho, nas modalidades de seleo e

    treinamento, na definio do mobilirio e ambiente fsico de trabalho (DUTRA, _).

    Os objetivos prticos da ergonomia so segurana, satisfao e o bem-estar dos

    trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. A eficincia vir como

    resultado. Em geral, no se aceita colocar a eficincia como sendo o objetivo principal

    da ergonomia, porque ela, isoladamente, poderia significar sacrifcio e sofrimento dos

    trabalhadores e isso inaceitvel, porque a ergonomia visa, em primeiro lugar, o bem-

    estar do trabalhador (IIDA, 1998).

    A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:

    As caractersticas materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, aresistncia dos comandos, a dimenso do posto de trabalho, o meio ambiente fsico (o

    rudo, iluminao, vibraes e ambiente trmico), a durao da tarefa, os horrios e as

    pausas no trabalho, modelo de treinamento e aprendizagem, as lideranas e ordens

    dadas, anlises das atividades fsicas e cognitivas de trabalho, anlise das informaes

    e anlise do processo de tratamento das informaes.

    A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade

    pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcanar noapenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no

    trabalho (DUTRA, _).

    5.3 Abordagens em ergonomia:

    Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de

    linha francesa, a de Anlise Ergonmica do Trabalho, que procura estudar o trabalho

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    no s na sua dimenso explcita (tarefa), conforme definido pela engenharia de

    mtodos, mas, sobretudo, na sua dimenso implcita (atividades), caracterstica doconhecimento tcito do pessoal de nvel operacional.

    Em sua evoluo conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa

    ferramenta de gesto empresarial. De nada adianta a certificao de qualidade de

    processos e produtos, se no se consegue certificar sentimentos, crenas, hbitos,

    costumes, isto , certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas

    tcnico e social, evidentemente, o que preceitua a ergonomia: a viso

    antropocntrica.

    O centro das atenes no ser humano, isto , a antropocentricidade da ergonomia,

    favorece no s mudanas organizacionais, como tambm alavanca mudanas no

    conceito de produtividade, este sendo visto a partir da qualidade de vida no trabalho,

    observando, dentre outros parmetros: a participao do trabalhador, a liberdade para a

    criao e a valorizao do saber fazer, isto , do conhecimento tcito (DUTRA, _).

    Neste sentido, ento, pode-se classificar a ergonomia de trs maneiras:

    Quanto abrangncia: Ergonomia de posto de trabalho que a abordagem

    microergonmica e Ergonomia de Sistemas de produo que a abordagemmacroergonmica.

    Quanto contribuio: Ergonomia de Concepo a aplicao de normas e

    especificaes ergonmicas em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de

    sua implantao; Ergonomia de Correo a modificao de situaes de trabalho j

    existente. Portanto, o estudo ergonmico s feito aps a implantao do posto de

    trabalho; Ergonomia de Arranjo Fsico a melhoria de seqncias e fluxos de

    produo, atravs da mudana de leiaute das plantas industriais; Ergonomia deConscientizao a capacitao das pessoas nos mtodos e tcnicas de anlise

    ergonmica do trabalho.

    Quanto interdisciplinaridade: Engenharia o projeto e a produo

    ergonomicamente corretos, garantindo a segurana, a sade e a eficcia do ser

    humano do trabalho; Medicina e enfermagem do trabalho a preveno de acidentes e

    de doenas do trabalho;Administrao que agesto de recursos humanos, projetos e

    mudanas organizacionais.

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    5.4 Tipos de Ergonomia:

    Na aplicao prtica, vrias tem sido as designaes dadas a ergonomia. Sem

    procurar estabelecer uma patologia ergonmica, apresentaremos a seguir uma

    categorizao definida a partir das diferentes designaes encontradas na literatura:

    Ergonomia de projeto: a incorporao de recomendaes ergonmicas no

    estgio inicial do projeto de postos de trabalho;

    Ergonomia Industrial: a correo ergonmica de situaes de trabalho industrial

    j implantadas;

    Ergonomia do produto: a concepo de um determinado objeto, a partir das

    normas e especificaes ergonmicas, definidas preliminarmente;

    Ergonomia da produo: a ergonomia de cho de fbrica, baseada na anlise

    ergonmica dos diversos postos de trabalho;

    Ergonomia de laboratrio: a pesquisa em ergonomia, realizada em condies

    controladas de laboratrio. Alguns autores, como (Montmollin, 1990), afirmam que no

    se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonmica, pois ela no realizada em

    situao real de trabalho.Ergonomia de campo: a pesquisa em ergonomia, realizada em situao real,

    utlizando-se como metodologia anlise ergonmica do trabalho.

    5.5 Aplicaes da ergonomia:

    A ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade produtiva.

    Em princpio, sua maior aplicao se deu na agricultura, minerao e, sobretudo, naindstria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no emergente setor de

    servios e, tambm, na vida cotidiana das pessoas, nas atividades domsticas e de

    lazer.

    A ergonomia na indstria: melhoria das interfaces dos sistemas ser humano/tarefa;

    melhoria das condies ambientais de trabalho; melhoria das condies

    organizacionais de trabalho.

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    A ergonomia na agricultura e na minerao: melhoria do projeto de mquinas

    agrcolas e de minerao; melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem;estudos sobre os efeitos dos agrotxicos.

    A ergonomia no setor de servios: melhoria do projeto de sistemas de informao

    (ergonomia da informao); melhoria do projeto de sistemas complexos de controle

    (sala de controle); desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio deciso;

    estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados,...

    A ergonomia na vida diria: considerao de recomendaes ergonmicas na

    concepo de objetos e equipamentos eletrodomsticos de uso cotidiano (DUTRA, _).

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    6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO.

    Os comportamentos do ser humano no trabalho podem ser estudados sob dois

    ngulos:

    Sistema de transformao de energia: atividades motoras (ou musculares) de

    trabalho; que permitem a transformao da energia fsico-muscular em energia

    mecnica de aplicao de foras, de deslocamentos, de movimentos, de manuteno

    de posturas, etc.

    Sistema de recepo e tratamento de informao: atividades cognitivas de

    trabalho, que permitem a deteco, a percepo e o tratamento das informaes

    recebidas do meio ambiente de trabalho.

    Toda atividade profissional necessita de um trabalho muscular, mais ou menos

    importante, segundo as tarefas a serem realizadas; e este trabalho muscular

    necessrio tanto para a manuteno de uma simples postura, quanto para a execuo

    de gestos e movimentos de trabalho (DUTRA, _).

    Um msculo sem irrigao sangunea se fatiga rapidamente, no sendo possvel

    mant-lo contrado por mais de 1 ou 2 minutos. Se, ao invs de manter o msculocontrado, ele for contrado e relaxado alternadamente, o prprio msculo funciona

    como uma bomba sangunea, ativando a circulao nos capilares; isso faz aumentar o

    volume do sangue circulado em at 20 vezes, em relao situao de repouso. Isso

    significa dizer que o msculo passa a receber mais oxignio, aumentando a sua

    resistncia contra a fadiga (IIDA, 1998).

    Os msculos so responsveis por todos os movimentos do corpo, so eles que

    transformam a energia qumica armazenada no corpo em contraes, originando osmovimentos (DUTRA, _).

    O trabalho esttico aquele que exige contrao contnua de alguns msculos,

    para manter uma determinada posio. Isso ocorre, por exemplo, com os msculos

    dorsais e das pernas para manter a posio de p, msculos dos ombros e do pescoo

    para manter a cabea inclinada para frente, msculos da mo esquerda segurando a

    pea para se martelar com a outra mo, e assim por diante.

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    O trabalho dinmico aquele que permite contraes e relaxamentos alternados

    dos msculos, como tarefa de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar.O trabalho esttico altamente fatigante e, sempre que possvel, deve ser evitado.

    Quando isso no for possvel, pode ser aliviado, permitindo mudanas de posturas,

    melhorando o posicionamento de peas e ferramentas ou providenciando apoios para

    as partes do corpo com o objetivo de reduzir as contraes estticas dos msculos.

    Tambm devem ser concedidas pausas de curta durao, mas com elevada freqncia,

    para permitir relaxamento muscular e alvio da fadiga (IIDA, 1998).

    A carga de trabalho representa o nvel de atividade fsica e psquica exigido das

    pessoas na execuo das suas atividades. Ela pode ser dividida em carga externa e

    carga interna. A carga externa denominada em ergonomia como contrainte e

    representa impactos que vm do meio externo sobre o indivduo. Esses impactos so

    divididos genericamente em fsicos e mentais. Os impactos fsicos incluem os campos

    dos agentes propriamente fsicos e dos agentes qumicos e biolgicos.

    A carga interna, a astreinte, constitui-se no efeito da contrainte sobre as

    caractersticas individuais de cada pessoa, ou seja, as reaes internas decorrentes da

    contrainte, sendo de grande variabilidade a singularidade. Em ergonomia, a carga maispassvel de ser avaliada , portanto, a contrainte. Ela avalia a carga fsica, ou seja, a

    quantidade de exigncias sobre o corpo humano, a carga sensorial (quantidade e

    qualidade de estmulos visuais, sonoros, tteis, etc.) e a carga mental, que pode derivar

    de exigncias cognitivas ou emocionais.

    Adequar a carga de trabalho s caractersticas das pessoas o ponto fundamental

    da ergonomia (PIRES, 2001).

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    7 POSTURAS E MOVIMENTOS.

    Postura e movimento tm grande importncia na ergonomia. Tanto no trabalho

    como na vida cotidiana, eles so determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho.

    Para realizar uma postura ou um movimento, so acionados diversos msculos,

    ligamentos e articulaes do corpo. Os msculos fornecem a fora necessria para o

    corpo adotar uma postura ou realizar um movimento. Posturas ou movimentos

    inadequados produzem tenses mecnicas nos msculos, ligamentos e articulaes,

    resultando em dores no pescoo, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema

    msculo-esqueltico (Iida, 1995).

    A postura a organizao no espao dos diferentes segmentos corporais, o

    suporte da busca e das tomadas de informaes para a ao do sujeito. ento

    determinada pelas caractersticas e exigncias da tarefa, das condicionantes internas

    que so as formas fisiolgicas e biomecnicas de manuteno do equilbrio e das

    caractersticas do meio ambiente de trabalho (DUTRA, _).

    Segundo Gertz (1998), a postura inadequada exigir maiores foras internas para

    a execuo de uma tarefa. A postura correta promove boas condies biomecnicas, oque leva a um maior rendimento com relao energia utilizada. Uma boa postura

    aquela em que os centros de gravidade das partes do corpo ficam alinhados

    verticalmente, passando o mais prximo possvel dos eixos de giro gerados pelas

    articulaes. A postura esttica exige, geralmente, baixos nveis de tenso muscular.

    Este estado prolongado de contrao muscular provoca uma compresso dos vasos

    sanguneos, reduzindo o fluxo de sangue e o fornecimento de oxignio, o que leva ao

    desconforto e dor, provocando fadiga mais rapidamente que a postura dinmica.Em ergonomia, procura-se encontrar as posturas neutras, ou seja, aquelas que

    impem carga possvel sobre as articulaes e segmentos msculo-esquelticos.

    Quando isto no completamente possvel, busca-se a maior aproximao dessas

    posturas. de grande importncia a postura principal (postura-base) adotada pela

    pessoa na execuo das suas atividades. Ela determinada pelas exigncias das

    atividades e, em grande parte, pelo desenho do posto de trabalho. Existem tambm

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    posturas secundrias, que as pessoas conscientes e inconscientemente utilizam para

    variar as exigncias msculo-esquelticos.A flexibilidade postural, que permite ao sistema msculo-esqueltico variar as

    posturas corporais, alternando os focos principais de exigncia, ao mesmo tempo em

    que propicia mobilidade para esse sistema, regra fundamental da ergonomia e da

    manuteno da sade de msculos, tendes, etc.

    Em termos da coluna vertebral pode-se considerar uma boa postura quando a

    configurao esttica natural da coluna respeitada, com suas curvaturas originais, e

    quando, alm disso, a postura no exige esforo, no cansativa e indolor para o

    indivduo, que pode nela permanecer por mais tempo.

    Figura 2: coluna vertebral

    Fonte: iida, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo. So Paulo:

    Edgard Blucher LTDA, 1998. p. 66.

    O foco da ergonomia o ser humano que trabalha. Assim, o ergonomista no

    deve olhar em primeiro lugar para um teclado de computador, mas para as mos e para

    o conjunto do corpo humano que as sustenta em seu trabalho.

    Deve-se portanto, partir de idias claras a respeito de quais so as posturas

    principais desejveis nas situaes de trabalho mais comuns: em p parado e sentada.

    Posturas como ajoelhado, de ccoras e deitado so menos freqentes. A postura em

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    p andando envolve mais estilos pessoais de movimentao corporal e o ambiente

    maior no qual a pessoa trabalha. Nesse caso, componentes importantes do posto detrabalho so representados por sacolas ou outros equipamentos ou materiais que as

    pessoas possam carregar consigo.

    Os princpios mais importantes da biomecnica para se obter uma boa postura :

    As articulaes devem ocupar uma posio neutra;

    Conserve pesos prximos ao corpo: quanto mais o peso estiver afastado do corpo,

    mais os braos sero tensionados e o corpo pender para frente;

    Evite curvar-se para frente: quando o tronco pende para frente, h contrao dos

    msculos e dos ligamentos das costas para manter essa posio;

    Evite inclinar a cabea: quando a cabea se inclina mais de 30 graus para frente,

    os msculos do pescoo so tensionados para manter essa postura e comeam a

    aparecer dores na nuca e nos ombros;

    Evite tores do tronco: Posturas torcidas do tronco causam tenses indesejveis

    nas vrtebras;

    Evite movimentos bruscos que produzem picos de tenso: Sabe-se que o

    levantamento rpido de peso pode produzir fortes dores nas costas. O levantamento depeso deve ser feito gradualmente;

    Altere posturas e movimentos: Nenhuma postura ou movimento repetitivo deve ser

    mantido por um longo perodo;

    Pausas curtas e freqentes so melhores: A fadiga muscular pode ser reduzida

    com diversas pausas distribudas ao longo da jornada de trabalho (IIDA, 1995).

    Postura sentada: grande parte das atividades realizada na posio sentada.

    Segundo autores como Bustamante, essa postura teria sua origem na definiohierrquica de posies sociais, sendo reservada queles de maior poder (PIRES,

    2001).

    A posio sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta

    posio. Praticamente todo o peso do corpo suportado pela pele que cobre o osso

    squio, nas ndegas (IIDA, 1998).

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    As pessoas devem evitar permanecer prolongadamente na posio sentada, sem

    movimentao corporal mais significativa, ainda que estejam nas melhores condiesbiomecnicas (PIRES, 2001).

    A posio sentada apresenta vantagens sobre a em p. O corpo fica mais bem

    apoiado em diversas superfcies: piso, assento, encosto, braos da cadeira, mesa.

    Portanto, a posio sentada menos cansativa que a em p. Entretanto, as atividades

    que exigem maiores foras ou movimentos do corpo so mais bem executadas em p.

    Algumas dicas:

    a) Alterne a posio sentada com a em p e andando.

    b) Ajuste a altura do assento e a posio do encosto.

    c) Use cadeiras especiais para tarefas especficas.

    d) A altura da superfcie de trabalho depende da tarefa.

    e) Compatibilize as alturas da superfcie de trabalho e do assento.

    f) Use apoio para os ps.

    g) Evite manipulaes fora do alcance.

    g) Se possvel, incline a superfcie para a leitura.

    i) Deixe espao para as pernas.

    Figura 3: Espao mnimo para as pernas abaixo da superfcie de trabalho na posio sentada.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 31.

    Postura sentada trabalhando em computador: Segundo Huet e Moraes (2002),

    a coluna vertebral, na posio sentada, deve ser mantida na sua forma normal, com um

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    mnimo de foras sobre os discos intervertebrais, com o maior relaxamento possvel dos

    msculos das costas.Dentro do conhecimento disponvel no momento, as seguintes condies podem

    ser utilizadas como referncia:

    Pescoo sem flexo, extenso ou toro;

    ngulo tronco-coxa em torno de 100 a 110 graus;

    Braos na posio vertical, alinhados ao tronco, formando um ngulo de 90 a 110

    graus com os antebraos;

    Punhos em alinhamento natural com os antebraos, evitando sua flexo ou

    extenso;

    ngulo coxas-pernas em torno de 90 a 120 graus;

    Coxas totalmente apoiadas sobre o assento e cadeira com bordas anteriores

    arredondadas, evitando-se a compresso das regies poplteas;

    Ps apoiados no cho e/ou no suporte para os ps, sem flexo forada das

    pernas;

    Distncia entre tela e os olhos do operador de 40 a 70 cm;

    Borda superior da tela do computador na linha horizontal que parte dos olhos dooperador;

    Espao suficiente sob a mesa para as pernas;

    Cadeira, mesa e acessrios ergonomicamente apropriados (PIRES, 2001).

    figura 4:Dimenses a serem consideradas Figura 5: Posturas adotadas no trabalho com

    na posio sentada. Computador.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e

    So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.109. Produo. So Paulo: Edgard Blucher LTDA,

    1995. p. 163.

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    Postura em p: A posio em p recomendada para os casos em que h

    freqentes deslocamentos do local ou quando h necessidade de aplicar grandesforas (IIDA, 1995).

    A mudana de postura durante o trabalho de grande importncia para a sade

    do sistema msculo-esqueltico, possibilitando variao de uso de articulaes e

    segmentos msculo-ligamentares, alm da reduo de cargas estticas (PIRES, 2001).

    Figura 6: Especificaes de desenho para altura adequada de trabalho para operador em p.

    Fonte: PIRES, Licnia e Rodrigo. Fundamentos da Prtica Ergonmica. So Paulo: LTR LTDA,

    2001. p. 166.

    A figura 6 mostra as diferentes alturas para 3 tipos de trabalhos em p: de

    preciso (altura da mesa 10 cm acima da altura dos cotovelos), leve (altura no nvel dos

    cotovelos) e pesados (10 cm abaixo dos cotovelos) (IIDA, 1995).

    A posio parada, em p, altamente fatigante porque exige muito trabalho

    esttico da musculatura envolvida para manter essa posio. O corao encontra

    maiores resistncias para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que

    executam trabalhos dinmicos em p, geralmente apresentam menos fadiga que

    aquelas que permanecem estticas ou com pouca movimentao (IIDA, 1998).

    Posturas das mos e braos: O trabalho por longos perodos, usando as mos e

    os braos em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e

    ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamao nos

    nervos, resultando em dores e sensaes de formigamento nos dedos.

    Dores no pescoo e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha muito tempo

    com os braos levantados, sem apoio. Esses problemas ocorrem principalmente com o

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    uso de ferramentas manuais. As dores se agravam quando h aplicao de foras ou

    se realizam movimentos repetitivos com as mos. Pode-se conseguir posturasmelhores com o posicionamento correto para a altura das mos. Eis algumas dicas:

    a) Selecione a ferramenta correta:

    Existem muitos modelos de ferramentas. Selecione o modelo que melhor se

    adapte tarefa e postura, de modo que as articulaes possam ser mantidas na

    posio neutra.

    b) Verifique se a ferramenta apresenta empunhaduras curvas para no torcer o

    punho:

    Em vez de torcer o punho, usando ferramentas retas, pode-se usar ferramentas

    com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto.

    Figura 7: O desvio ulnar do punho causado por um Figura 8: Punho para pistola com dupla

    alicate(A) pode ser eliminado adotando-se um cabo pega.

    encurvado como em (B). Fonte: COUTO, Hudson de Arajo.

    Fonte:COUTO, Hudson de Arajo. Ergonomia aplicada Ergonomia aplicada ao trabalho. MG:

    ao Trabalho. MG: Ergo LTDA, 1996. p. 52. Ergo LTDA, 1996. p. 70.

    c) Alivie o peso das ferramentas manuais:As ferramentas manuais no devem exceder de 2Kg.

    d) Preste ateno na forma da pega:

    Pega parte da ferramenta ou mquina segurada pelas mos. A forma e a

    localizao da mesma devem possibilitar uma boa postura para as mos e os braos.

    As mesmas tambm devem ter quinas arredondadas, e no quinas vivas que possam

    prejudicar o trabalhador.

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    Figura 9: Desenhos e dimenses caractersticas da p.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo. So Paulo: Edgard Blucher LTDA,

    p.374.

    Figura 10: Objetos de bordas e quinas vivas podem comprimir os delicados tecidos dos

    membros superiores.

    Fonte: COUTO, Hudson de Arajo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG: Ergo LTDA,

    1996. p. 26.

    e) Evite atividades acima do nvel dos ombros:

    As mos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nvel dos ombros. Se for

    inevitvel, a tarefa executada acima do nvel dos ombros deve ter durao limitada.

    Deve haver tambm descansos regulares durante a realizao da mesma.

    f) Evite trabalhar com as mos para trs:

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    Deve-se evitar o trabalho com as mos para trs do corpo. Esse tipo de postura

    ocorre, por exemplo, quando se empurram objetos para trs, como ocorre com oscaixas de supermercados (IIDA, 1995).

    Figura 11:A postura com mos e cotovelos para trs do corpo deve ser evitada.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.39.

    Levantamento de pesos: O levantamento manual de pesos ainda necessrio,apesar da automatizao. Este uma das maiores causas das dores nas costas.

    Muitos trabalhos envolvendo levantamentos de pesos no satisfazem os requisitos

    ergonmicos. Dicas:

    Restrinja o nmero de tarefas que envolvam a carga manual: Se no for possvel

    evitar os levantamentos manuais de pesos, freqentes e pesados, estes devem ser

    intercalados com outras atividades leves, aplicando-se o enriquecimento do trabalho.

    Condies favorveis para o levantamento de pesos: Se o levantamento manual

    de pesos for inevitvel, necessrio criar condies favorveis para essa tarefa.

    necessrio manter a carga prxima do corpo (distncia horizontal entre a mo e o

    tornozelo de cerca de 25 cm). A carga deve estar colocada sobre uma bancada de 75

    cm de altura, aproximadamente, antes de comear o levantamento. O deslocamento

    vertical do peso no deve exceder 25 cm. Deve se possvel segurar o peso com as

    duas mos. A carga deve ser provida de alas ou furos para encaixe dos dedos. O

    tronco no deve ficar torcido durante o levantamento.

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    Figura 12:Ao aumentar a distncia entre as Figura 13: levantamento pesos deve ser com as

    mos e o corpo h um aumento da tenso nas costas. pernas e deve-se evitar a rotao de tronco.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So Paulo: Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So aulo

    Edgard Blucher LTDA, 1995. p.19. Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 19.

    Limite o levantamento de peso para 23 Kg no mximo;

    O posto deve ser projetado adequadamente para o trabalho pesado: As

    bancadas, prateleiras, mquinas e outros, nas quais ocorrero trabalhos pesados,

    devem ser projetadas de acordo com as recomendaes: dever ter espao adequado

    para os ps, deve-se evitar a toro de tronco, as mos devem situar-se

    aproximadamente a 75 cm de altura, encostadas ao corpo.Os objetos devem ter alas para as mos: Os objetos devem ter alas ou furos

    laterais para o encaixe dos dedos.

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    Figura 14:As caixas devem ter pegas laterais.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 43.

    Use tcnicas corretas para o levantamento de pesos: Inclinar ou girar o troncodurante o levantamento de carga pode provocar leses nas costas. Inclinar o tronco,

    em vez de usar a musculatura das pernas, provoca um aumento de 30% na tenso do

    dorso. O levantamento de pesos deve ser feito com o dorso vertical, flexionando as

    pernas e mantendo a carga o mais prximo possvel do corpo.

    Figura 15: Usar as pernas para levantar pesos.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo. So Paulo: Edgard

    Blucher LTDA, 1998. p.95.

    Puxar e empurrar cargas: O movimento de puxar e empurrar cargas provoca

    tenses nos braos, ombros e pernas. Para empurrar e puxar, deve-se usar o peso do

    corpo a favor do movimento (IIDA, 1995).

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    Figura 16: Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prtica. So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 49.

    reas de alcance: A rea de alcance timo sobre a mesa pode ser traada,

    girando-se os antebraos em torno dos cotovelos com os braos cados normalmente.

    A parte central situada em frente ao corpo, fazendo interseo com os dois arcos, ser

    a rea tima para usar as duas mos. A rea de alcance mximo ser obtida fazendo-

    se girar os braos estendidos em torno do ombro. O espao de alcance vertical

    corresponde ao raio de ao dos braos, estando as mos em posio de preenso. A

    altura de alcance em que uma pessoa pode alcanar proposta por uma frmula: altura

    mxima de alcance= 1,24 x estatura. Um dado importante a profundidade das

    prateleiras, principalmente no que se refere necessidade de as pessoas visualizarem

    nitidamente objetos a serem apreendidos, assim como para evitarem posturas e

    movimentos forados (PIRES, 2001).

    Figura 17:reas de alcances timo e mximo na mesa.

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo. So Paulo: Edgard Blucher

    LTDA, 1998. p. 137.

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    8 CONDIES DE TRABALHO.

    J houve poca em que o trabalho foi considerado um castigo ou um mal

    necessrio. Muita gente trabalhava somente porque precisava ganhar dinheiro para a

    sobrevivncia. Se tivssemos oportunidade de examinar as condies em que as

    pessoas trabalhavam, certamente acharamos que elas tinham razo. As fbricas eram

    sujas, escuras, barulhentas e perigosas. Os postos de trabalho eram improvisados.

    Modernamente, as fbricas vm adquirindo um outro aspecto. Cada posto de

    trabalho, s vezes, uma mquina de alta complexidade, que exigiu muitos estudos

    de diversos especialistas, para que possa ser operado de forma eficiente, com um

    mnimo de riscos. A temperatura e a iluminao so tambm cuidadosamente

    estudadas para criar um ambiente agradvel. Os espaos so organizados de forma a

    permitir um bom relacionamento com os colegas e os supervisores. Assim, o trabalho

    deixou de ser um sacrifcio e passou a ser uma fonte de satisfao e de auto-

    realizao.

    Para promover essa transformao, necessrio analisar as principais fontes de

    insatisfao dos trabalhadores e atuar sobre os mesmos.a) Ambiente Fsico O ambiente fsico abrange o posto de trabalho e as

    condies fsicas como iluminao, temperatura, rudos, vibraes e espao de

    trabalho. Se esses elementos no estiverem dentro das faixas de tolerncia humana,

    constituem-se em fontes de estresse e de insatisfao no trabalho.

    b) Ambiente psicossocial O ambiente psicossocial abrange aspectos como

    sentimento de segurana e estima, oportunidades de progresso funcional, percepo

    da imagem da empresa, aspectos intrnsecos do trabalho, relacionamento social com oscolegas e os benefcios que o trabalhador recebe da empresa.

    c) Jornada de trabalho Com o progresso tecnolgico e o aumento da

    produtividade, h uma tendncia histrica de se reduzir jornada de trabalho. Ela j

    chegou a ser de 16 horas dirias, no incio da revoluo industrial. Hoje adotado 5

    dias semanais de trabalho, com jornadas dirias de 8 a 9 horas, totalizando 40 a 50

    horas semanais (IIDA, 1998).

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    8.1 Dimensionamento de espaos de circulao:

    A rea de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo

    crescente ao longo da mesma, em uma direo, evitando-se ao mximo o retorno do

    mesmo no contrafluxo. Deve-se tomar cuidados para evitar que o corpo humano atinja

    partes de mquinas ao se movimentar, ou que partes mveis de mquinas atinjam o ser

    humano ao se movimentarem (COUTO, 1996).

    Figura 18: Espao de circulao

    Fonte: COUTO, Hudson de Arajo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG:

    Ergo LTDA, 1996. p. 168.

    Para a circulao de uma s pessoa, deve-se ter um espao de pelo menos 80 cm

    entre objetos. Para a circulao de duas pessoa ao mesmo tempo, deve-se ter um

    espao livre de pelo menos 1,20 m (DUTRA, _).

    8.2 Ambiente trmico:

    Segundo Verdussen (1978), a temperatura um ponto que deve merecer o maior

    cuidado, quando se busca criar adequadas condies ambientais de trabalho. Htemperaturas que nos do uma sensao de conforto, enquanto outras tornam-se

    desagradveis e at prejudiciais sade.

    Conforto trmico um estado de esprito que reflete a satisfao com o

    ambiente trmico que envolve a pessoa. Se o balano de todas as trocas de calor a que

    est submetido o corpo humano for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem

    dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto trmico

    (DUTRA, _).

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    A temperatura abaixo ou acima dos limites de conforto trmico limites dentro dos

    quais a temperatura efetiva confortvel geram desconforto e podem influenciarnegativamente o desempenho das pessoas (PIRES, 2001).

    Trabalho em altas temperaturas: Segundo Laville (1997), durante o trabalho fsico

    no calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a

    atividade mental se altera, apresentando perturbao da coordenao sensrio-motora.

    A freqncia de erros e acidentes tende a aumentar pois o nvel de vigilncia diminui,

    principalmente a partir de 30 graus. Outros problemas relacionados a altas

    temperaturas: insolao, cimbras, conjuntivites e dermatites. Algumas recomendaes

    para o trabalho em locais quentes: isolamento das fontes de calor, roupas e culos

    adequados no caso de calor por irradiao, pausas para repouso, reposio hdrica

    adequada e ventilao natural.

    Trabalho em baixas temperaturas: Os danos sade, nestes casos, apresentam

    uma relao direta entre o tempo de exposio e as condies de proteo corporal.

    Destacam-se, ainda, os cuidados necessrios preveno dos denominados choques

    trmicos, que podem ocorrer quando o organismo exposto a uma variao brusca de

    temperatura. Os efeitos sobre a sade do trabalhador frente a um ambiente de trabalhocom baixas temperaturas so, entre outros: Enregelamento dos membros devido a m

    circulao do sangue, ulceraes decorrentes da necrose dos tecidos expostos,

    reduo das habilidades motoras como a destreza e a fora, da capacidade de pensar

    e julgar (DUTRA, _).

    8.3 Ambiente acstico:

    O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acstica, desde o

    limiar da audio at o limiar da dor.

    O rudo o som desagradvel e indesejvel. Tambm um estmulo que no

    contm informaes teis tarefa em execuo (DUTRA, _).

    O rudo um dos itens mais importantes da sade ocupacional, estando, quando

    inadequado, relacionado a: leses do aparelho auditivo, fadiga auditiva e efeitos

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    psicofisiolgicos negativos, relacionados ao estresse psquico (perturbaes da ateno

    e do sono, taquicardia e aumento da tenso muscular) (PIRES, 2001).Mantenha o rudo abaixo de 80 dB Um rudo que ultrapassa a mdia de 80 dB

    em oito horas de exposio, pode provocar surdez. Se o rudo tiver uma intensidade

    constante de 80 dB, o tempo de exposio mximo permitido de oito horas. A cada

    aumento de 3 dB, deve haver uma reduo do tempo para a metade.

    Coloque os postos de trabalho (escritrios) onde se desenvolve atividade mental

    afastados das fontes de rudo (mquinas) .

    Fazer a manuteno constante (fixao, ajuste dos parafusos e equilbrio dos

    aparelhos rotatrios)

    Isolamento interno: usar placas de material absorvente de som no teto e nas

    paredes (escritrios).

    Uso de gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de rudo (DUTRA, _).

    8.4 Iluminao:

    Na sociedade moderna as pessoas passam a maior parte do tempo em ambientesiluminados, parcialmente por aberturas, mas predominantemente iluminado

    artificialmente. Desta forma, a maior parte dos ambientes que vemos, seja de trabalho

    ou no, iluminado artificialmente.

    Boa iluminao aumenta a produtividade, gera um ambiente mais prazeroso e

    pode tambm salvar vidas.

    Segundo(LAMBERTS et al, 1997 apud DUTRA7,_),conforto visual entendido

    como a existncia de um conjunto de condies, num determinado ambiente, no qual oser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o mximo de acuidade (medida

    da habilidade do olho humano em discernir detalhes) e preciso visual.

    7LAMBERTS, R. ; DUTRA, L. ; PEREIRA, F.R. Eficincia energtica na arquitetura. SP: PW, 1997.

    apudDUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

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    Algumas orientaes:

    No campo visual de uma pessoa trabalhando no deve encontrar-se nenhumcorpo luminoso. A viso direta do corpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada

    por todos os meios.

    Todas as luminrias devem ter quebra-luz.

    O ngulo entre a direo horizontal da viso e olho-luminria deve ser maior que

    30 graus. Se em um ambiente grande, um ngulo de menos de 30 graus inevitvel, as

    luminrias devem ter quebra-luzes eficazes.

    Um nmero maior de luminrias com pequenas densidades luminosas melhor do

    que poucas luminrias com grandes densidades.

    As luminrias devem ficar acima da cabea ou lateralmente (dos dois lados),

    evitando assim o reflexo e diminuindo a produtividade do trabalhador.

    Figura 19:As luminrias devem ficar acima da linha de viso e atrs do trabalhador

    Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia- Projeto e Produo. So Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1998.

    p. 260.

    Nos locais de trabalho com computador devem ser colocados

    perpendicularmente s janelas. As janelas frontais ou nas costas do operador devem

    ser evitadas.

    A iluminao natural pode ser usada para compor a iluminao ambiental (PIRES,

    2001).

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    8.5 Ventilao Qualidade do ar:

    Qualidade do ar definido como o ar sem concentraes de contaminantes

    prejudiciais sade e com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se

    sintam satisfeitas (LAMBERTS apudDUTRA8,_).

    Os ambientes fechados devem ser adequadamente ventilados, mesmos que no

    contenham fontes de poluio. A taxa de renovao do ar depende da natureza do

    trabalho, devendo ser maior para os trabalhos mais pesados.

    8LAMBERTS, R. ; Conforto Trmico. UFSC, Florianpolis. Noras de aula, 1994. apud DUTRA, Ana

    Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

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    9 ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO.

    O objetivo principal da anlise ergonmica do trabalho conhecer como os

    trabalhadores formulam de forma estvel ou varivel os problemas de seu trabalho

    (situao e ao) e, de maneira mais restrita, como eles os resolvem (WISNER, 1995

    apudDUTRA9, _).

    Montmollin (1982) ressalta que a anlise ergonmica do trabalho permite no

    somente categorizar as atividades dos trabalhadores como tambm estabelecer a

    narrao destas atividades permitindo, conseqentemente, modificar o trabalho ao

    modificar a tarefa. Para este autor, o fato da anlise ser realizada no prprio local de

    trabalho, em oposio s anlises de laboratrio, permite a apreenso dos fatores que

    caracterizam uma situao de trabalho real, envolvendo aspectos como organizao do

    trabalho e relaes sociais.

    A interveno ergonmica comea no campo, denominada anlise do posto.

    Diferentes tcnicas so empregadas para este fim: observao direta, observao

    clnica, registro das diversas variveis fisiolgicas do operador, medidas do ambiente

    fsico (rudo, iluminao, vibrao, poeira, temperatura, etc.). Num segundo momento,so, s vezes, reconhecidas e classificadas as principais exigncias do posto de

    trabalho e, em seguida, so enumerados as sugestes de modificao do posto de

    trabalho, destinadas a eliminar ou minimizar os males detectados. Finalmente, o custo

    das medidas corretivas propostas pode ser discutido com a direo da empresa e

    adota-se um compromisso que constituir a base dos trabalhos de mudana do posto

    (SANTOS, 1992 apudDUTRA10, _).

    9 WISNER, A. Situated cognition and action: implications for ergonomic work analysis and

    anthropotechnology. Ergonomics, v. 38, n.8, p. 1542-1557, 1995. apud DUTRA, Ana Regina de

    Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

    10SANTOS, N. Ergonomia e Organizao do trabalho. UFSC, Fpolis, 1992. apud DUTRA, Ana

    Regina de Aguiar. Introduo Ergonomia. PR. Unioeste.

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    Segundo Guerin et all(1991), a transformao do trabalho a finalidade primeira

    da interveno ergonmica, sendo que esta transformao deve ser realizada visando adois objetivos, quais sejam:

    A concepo de situaes de trabalho que no alterem a sade dos trabalhadores,

    nas quais os mesmos possam exercer suas competncias em um plano ao mesmo

    tempo individual e coletivo e encontrar possibilidades de valorizao de suas

    capacidades.

    A considerao de objetivos econmicos que a empresa tenha fixado, levando em

    conta investimentos passados e futuros.

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    10 METODOLOGIA.

    Foi utilizada uma amostra de 35 militares, sendo que inicialmente a proposta era

    de 45 militares, no sendo possvel devido alguns estarem em misses e em perodo

    de frias.

    O presente estudo foi autorizado pelo Comit de tica em Pesquisa do

    CCBS/Unioeste, segundo protocolo CR. 007056/2002 de 15 de Outubro de 2002.

    (anexo 1).

    A anlise foi realizada incluindo questionrio, estgio de observao, palestras e

    orientaes.

    Primeiramente foram utilizados quatro questionrios. O primeiro questionrio

    constitudo de questes abertas sobre os dados pessoais e setor de trabalho do militar.

    O segundo questionrio (o ergonmico) foi baseado nos livros de Couto (1996), de

    Pires (2001) e Iida (1995) e (1998), sendo composto por perguntas que caracterizam o

    ambiente de trabalho. Ele compe 58 perguntas dicotmicas onde o militar optava por

    sim ou no. As perguntas mesclavam 4 assuntos: posicionamento (34), fator de risco

    (16), ambiente de trabalho (10) e pausas (10), sendo que algumas questes poderiamser interpretadas como mais de um assunto, explicando a soma das questes por

    assunto ter dado 70 questes e no 58. Ao optar por sim ou no, estas respostas

    poderiam ser interpretadas como positivas (situao prejudicial ou no ao militar) ou

    como negativas (tambm situao prejudicial ou no ao militar). Como exemplo

    podemos citar o seguinte: as alturas do assento e do encosto so ajustveis? Se a

    resposta fosse sim, seria interpretada como positiva e no prejudicial ao militar e se

    fosse no, seria negativa e prejudicial ao militar. Ao contrrio da seguinte pergunta: oassento induz a m postura? Se a resposta fosse sim , seria interpretada como

    negativa e prejudicial ao militar e se fosse no, seria positiva e no prejudicial ao militar.

    O terceiro questionrio o de lombalgia (dor nas costas) proposto por Roland

    Morris (NUSBAUM et all, 2001), questionrio este composto por 23 questes

    dicotmicas onde o militar optava por sim ou no. Os resultados foram analisados por

    setores e obtidos por uma mdia de 0 a 10 (na escala de dor).

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    O quarto questionrio o Genrico de avaliao de qualidade de vida SF-36

    (CICONELLI, 1997). Este foi composto de 11 questes sendo 9 categricas e 2dicotmicas, onde abrange questes de capacidade funcional, aspecto fsico, dor,

    estado geral de sade, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional e sade mental.

    Estas respostas foram colocadas no programa SF-36 que analisava e dava o resultado

    quanto aos parmetros acima citados.

    Estes questionrios foram entregues para os militares responderem, recolhido

    posteriormente. (anexo 2).

    O estgio de observao foi realizado nos setores de trabalho especficos de cadamilitar, onde foram colhidos dados, atravs de um check-list, referentes a moblias

    (mesas, cadeiras, prateleiras, bancadas), instrumentos utilizados (computadores,

    furadeiras, alicates, etc.), ambiente de trabalho (iluminao, ventilao, temperatura,

    rudo e espao de circulao), posicionamento de utenslios (televiso, camas,

    microondas) e caractersticas da atividade de cada setor. (anexo 3).

    Foram feitas 2 palestras, baseadas nos resultados dos questionrios interpretados

    em planilhas. Uma com todo o grupo, onde foram passadas orientaes gerais de

    ergonomia e qualidade de vida no trabalho, e outra em cada setor especfico,

    orientando os encarregados e subordinados sobre os possveis ajustes nos seus

    setores.

    Ao final foi aplicado novamente o questionrio (o mesmo anterior) para comparar

    com os dados obtidos na avaliao prvia.

    Foram construdas 4 planilhas, uma para cada questionrio, no programa Excel2000, em que foram colhidos dados para a anlise antes e aps a interveno

    ergonmica.

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