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ERGONOMIA INDUSTRIAL

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IAL

9 788587 686787

ISBN 978-85-8768-678-7

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Ergonomia industrial

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Seleide Aparecida Monteiro Eugênio

Ergonomia industrial

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Eugênio, Seleide Aparecida Monteiro

E87e Ergonomia Industrial/ Seleide Aparecida Monteiro

Eugênio – Londrina: UNOPAR, 2014.

152 p.

ISBN 978-85-87686-78-7

1. Saúde Ocupacional. 2. Segurança. 3. Trabalho. I Título.

CDD-620.82

© 2014 by Unopar

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo

ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação,

sem prévia autorização, por escrito, da Unopar.

Diretor editorial e de conteúdo: Roger TrimerGerente de produção editorial: Kelly Tavares

Supervisora de produção editorial: Silvana AfonsoCoordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento

Editor: Casa de IdeiasEditor assistente: Marcos Guimarães

Revisão: Marina SousaCapa: Solange Rennó

Diagramação: Casa de Ideias

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Sumário

Unidade 1 — Fundamentos da ergonomia .....................1Seção 1 Fundamentos, origem e evolução ........................................3

Seção 2 Conceitos e definições .....................................................11

Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia ......................................13

Seção 4 Antropometria ..................................................................15

4.1 Antropometria: medidas .......................................................................15

Unidade 2 — Organismo humano ...............................29Seção 1 Organismo humano .........................................................30

1.1 A máquina neuromuscular ...................................................................30

Seção 2 Biomecânica ocupacional .................................................43

2.1 Trabalho estático e dinâmico ................................................................43

2.2 Dores musculares .................................................................................44

2.3 Traumas musculares ..............................................................................44

2.4 Posturas do corpo .................................................................................44

2.5 Levantamento de cargas ........................................................................49

2.6 Transporte de cargas .............................................................................51

Unidade 3 — Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ......................................55

Seção 1 Segurança no trabalho ......................................................57

1.1 Conceito de segurança no trabalho .......................................................57

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Seção 2 QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) ..............................63

2.1 Difusão do Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho .......................64

Unidade 4 — Tipos de riscos ergonômicos ..................83Seção 1 Riscos ergonômicos ..........................................................84

1.1 Riscos operacionais .............................................................................85

1.2 Riscos ergonômicos ..............................................................................85

Seção 2 Implicações objetivas e subjetivas ...................................110

2.1 Quadros clínicos ................................................................................111

2.2 Valores impostos pela cultura do contentamento: satisfação, excelência e saúde perfeita .................................................................113

Unidade 5 — Desenvolvimento atual da ergonomia e seu embasamento legal ...119

Seção 1 Desenvolvimento atual da ergonomia ............................120

1.1 Análise ergonômica do trabalho .........................................................120

1.2 Sociolinguística e psicologia cognitiva e linguística (PSCL) .................121

Seção 2 Aplicação das Normas Regulamentadoras (NR) ..............123

Referências ...............................................................131

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O crescimento e a convergência do potencial das tecnologias da informa-ção e da comunicação fazem com que a educação a distância, sem dúvida, contribua para a expansão do ensino superior no Brasil, além de favorecer a transformação dos métodos tradicionais de ensino em uma inovadora proposta pedagógica.

Foram exatamente essas características que possibilitaram à Unopar ser o que é hoje: uma referência nacional em ensino superior. Além de oferecer cursos nas áreas de humanas, exatas e da saúde em três campi localizados no Paraná, é uma das maiores universidades de educação a distância do país, com mais de 450 polos e um sistema de ensino diferenciado que engloba aulas ao vivo via satélite, Internet, ambiente Web e, agora, livros-texto como este.

Elaborados com base na ideia de que os alunos precisam de instrumen-tos didáticos que os apoiem — embora a educação a distância tenha entre seus pilares o autodesenvolvimento —, os livros-texto da Unopar têm como objetivo permitir que os estudantes ampliem seu conhecimento teórico, ao mesmo tempo em que aprendem a partir de suas experiências, desenvolvendo a capacidade de analisar o mundo a seu redor.

Para tanto, além de possuírem um alto grau de dialogicidade — caracteri-zado por um texto claro e apoiado por elementos como “Saiba mais”, “Links” e “Para saber mais” —, esses livros contam com a seção “Aprofundando o conhecimento”, que proporciona acesso a materiais de jornais e revistas, artigos e textos de outros autores.

E, como não deve haver limites para o aprendizado, os alunos que quise-rem ampliar seus estudos poderão encontrar na íntegra, na Biblioteca Digital,

Carta ao aluno

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viii E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

acessando a Biblioteca Virtual Universitária disponibilizada pela instituição, a grande maioria dos livros indicada na seção “Aprofundando o conhecimento”.

Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da semana, conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas áreas do co-nhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador conectado à Internet.

Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos da Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para realmente fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e também — por que não? — para contribuir com o futuro de nosso país.

Bom estudo!

Pró-reitoria

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Apresentação

O presente livro vem nos apresentar os mais diversos parâmetros em que é apresentada a Ergonomia Aplicada ao Trabalho. Trataremos, aqui, das exi-gências das pessoas em relação à saúde laboral, ou seja, as reclamações das pessoas por melhores condições de vida e de trabalho.

Na busca por melhoria de condição de vida, foram demandadas várias novas metas para que, assim, a população de um modo geral tenha melhor aplicabilidade e desempenho nos seus afazeres.

A seguir, teremos as unidades nas quais o livro está dividido:

Unidade 1: Nessa unidade, você compreenderá os fundamentos da ergono-mia a sua história, origem e evolução, desde os primeiros tempos até a atualidade. Entenderá sua importância, influência e efeitos. Assim, poderá compreender a importância de conhecer o passado para entender os dias atuais e de ter uma visão panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia.

Unidade 2: Nessa unidade, descreveremos de maneira resumida as prin-cipais funções do organismo humano que são pertinentes à ergonomia. Serão apresentadas as funções que influem no desempenho do trabalho. Além disso, trabalharemos a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corpo-rais e as forças relacionadas ao trabalho.

Unidade 3: Nela, verificaremos a importância, não apenas para os trabalha-dores mas também para as empresas e para a sociedade, dos riscos que podem ser evitados acerca da saúde e da prevenção dos acidentes no trabalho, além da qualidade de vida, que deve ser proporcionada aos trabalhadores para uma melhor produtividade em seus meios laborais.

Unidade 4: Nessa unidade, vamos identificar os riscos ergonômicos e sua grande fonte de tensão no trabalho — por exemplo, as condições desfavoráveis, como excesso de calor, ruídos e vibrações que causam desconforto, aumen-

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tam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis à saúde. Para cada uma das variáveis ambientais há certas características mais prejudiciais ao trabalho.

Unidade 5: Nessa unidade, nosso foco é mostrar como no progresso tec-nológico e na crescente automação industrial há uma tendência de liberar o trabalhador daquelas tarefas que exigem muitos esforços ou daquelas de natu-reza simples e repetitiva. Diante disso, há uma redistribuição social da força de trabalho, com a maioria da humanidade que se dedica ao setor de serviços. Com a distribuição do seu tempo no ambiente doméstico, público e nos transportes, os conhecimentos da ergonomia, que antes foram aplicados apenas na produção industrial, têm o seu foco também direcionado ao setor de serviços, comércio, educação, saúde, transporte e lazer. A aplicação da ergonomia a esses casos deve ser feita de maneira diferente, pois fica difícil definir o tipo de usuário.

Após abordarmos todas as unidades, compreenderemos a ligação de um es-tudo com outro e como um complementa o outro, para que, ao final, possamos obter a conclusão dos reais benefícios que os trabalhadores possuem com tudo o que foi escrito nestas páginas.

Em todo o livro procuramos, por meio dos links e das leituras complemen-tares, contextualizar o conteúdo na realidade do dia a dia do leitor, buscando, assim, uma maior facilidade de assimilação do conteúdo e a possibilidade de o leitor enxergar a utilidade prática do ensinamento, motivando-o, assim, na busca por mais conteúdo em outras fontes de conhecimento e de ensinamentos que o preparam para o porvir de muitos desafios em sua vida pessoal e profissional.

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Seção 1: Fundamentos, origem e evolução

Nessa seção, detalharemos os principais fundamen-

tos, a origem e a evolução da ergonomia, levantando

sua origem e evolução desde os seus primórdios.

Essa abordagem é mantida na Europa Ocidental,

e é na Inglaterra que se encontra sua origem e seu

emprego. Na França, desenvolveu-se nos setores de

pesquisa e ensino público, progressivamente atin-

gindo os setores industriais, começando a penetrar

o setor privado. A ergonomia está definitivamente

ligada aos progressos do conhecimento científico

e à evolução da questão do trabalho, por meio do

desenvolvimento da engenharia humana.

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você compreenderá os

fundamentos da ergonomia, sua história, origem e evolução desde os

primeiros tempos até a atualidade. Entenderá sua importância, influên-

cia e seus efeitos. Dessa forma, poderá compreender a importância

de conhecer o passado para entender os dias atuais e ter uma visão

panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia.

Fundamentosda ergonomia

Unidade 1

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Seção 2: Conceitos e definições

Nessa seção, conheceremos os conceitos e as de-

finições, ou seja, os problemas levantados pelo

conhecimento do homem aplicáveis ao conjunto

homem-trabalho, tendo forma própria de estudo e

pesquisa e vislumbrando um tipo próprio de pen-

samento sobre sua realidade, colocando questões

diversas sobre as quais de sustenta, questões estas

relacionadas as diversas ciências, principalmente à

fisiologia e à psicologia (LAVILLE, 1977).

Seção 3: Objetivos básicos da ergonomia

Aqui vamos indicar o objetivo da ação ergonô mica, isto

é, encontrar uma solução para um proble ma. Não existe

solução anterior à mediação ergonômica. O diagnóstico

primeiro pode ser redefinido durante a intervenção,

cujos objetivos também podem ser redefinidos quando

da intervenção. Somente no final da intervenção pode-

remos saber realmente qual é o problema.

Seção 4: Antropometria

Nessa seção aprenderemos a importância dessa

área de conhecimento, pois a indústria moderna

precisa de medidas antropométricas cada vez mais

detalhadas e confiáveis. De um lado, isso é exigido

pelas necessidades da produção em massa; do outro,

surgiram muitos sistemas de trabalho complexos.

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 3

Introdução ao estudo

O início da ergonomia se deu durante a Segunda Guerra Mundial, quando cientistas e pesquisadores se reuniram para estudar um novo campo de apli-cação interdisciplinar da ciência. A Ergonomics Research Society (2013, p. 1, tradução nossa) define a ergonomia como o “[...] estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”.

Num momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se a uma ob-servação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho e de fatores externos importantes ao projeto de sistema de trabalho. A seguir, estudaremos os seguintes assuntos: fundamentos da ergonomia: histórico, ori-gem e evolução; conceitos; definições e seus objetivos básicos.

Seção 1 Fundamentos, origem e evolução

Estão relacionadas à evolução da ergonomia as mudanças sociais, econô-micas e tecnológicas que vêm acontecendo no mundo do trabalho.

A ergonomia surge nos meados dos anos 1940 na Inglaterra, vindo de um contexto histórico que passa da produção artesanal à informática, alterando os postos de trabalho realizados pelo homem.

Nessa época, a ergonomia emerge de modo mais padronizado, buscando entender a complexidade da conexão entre o homem e o trabalho, oferecendo suporte teórico e prático para aprimorar essa integração.

Não há uma história propriamente dita sobre a ergonomia, o que houve foi um conjunto de conhecimentos referentes ao homem em atividade de trabalho que permitiu o surgimento dessa modalidade.

Fica evidente que a prática ergonômica faz uso de técnicas específicas e baseia-se em conhecimentos científicos multidisciplinares e, essencialmente, em conhecimentos das ciências do homem (como a fisiologia, a psicologia e a sociologia). Isso ocorre devido a seus estudos estarem diretamente relacionados ao homem, afinal, a ergonomia existe para e por ele.

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Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 1):

A ergonomia desenvolveu-se na Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre tecnologia, ciências humanas e biológicas para resolver problemas de projeto. Médicos, psicólogos, antropólogos e engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas cau-sados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram muito gratifican-tes, a ponto de serem aproveitados pela indústria, no pós-guerra.

Com relação à definição de ergonomia, para Dul e Weerdmeester (2004, p. 1) “[...] o termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e no-

mos (regras)”. Isso significa que ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente da aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução surgida neste relacionamento (ERGONOMICS RESEARCH SOCIETY, 2013).

Silva e Paschoarelli (2010), ao considerar as práticas desenvolvidas por Leonardo da Vinci, o apontam como um precursor da área de ergono-mia. Leonardo da Vinci nasceu em 1452, na aldeia de Vinci. Aos dezoito anos, Da Vinci, então aprendiz do artista Florentino Andrea Verrochio, deu início a suas primeiras obras sem contribuição de seu mestre, obras estas já apresentando as peculiaridades que se tornariam características notáveis de seu trabalho. Visionário, curioso e ávido por saber nos mais diversos campos (arquitetura, engenharia, anatomia, pintura, escultura, fisionomia etc.), Leonardo da Vinci incorporou ao máximo o “homem universal”, numa época em que o homem era tido como centro do universo e que a ciência se constituía basicamente de matemática e medicina.

Fundou a “achademia vinciana” por volta de 1490, onde implantou uma metodologia de ensino baseada primeiramente no estudo formal e proporcional de corpos naturais no desenho e, por último, no uso de cores.

O trabalho de Leonardo da Vinci trazia uma forte característica formal e sistemática das suas experiências e de seus estudos anatômicos e fisiológicos, o que contribuiu para a ergonomia.

A partir dos inúmeros estudos que havia realizado sobre a anatomia dos corpos (em seus cadernos havia mais de 600 esboços sobre o tema), passou a analisar criteriosamente a influência de elementos como luz, sombra e movi-mentos sobre as atividades humanas.

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 5

Silva e Pascoarelli (2010, p. 13-14) assim discorrem sobre a figura do Ho-mem Vitruviano proposta por Da Vinci:

A principal relevância da ação de Leonardo ao juntar o homem canônico do quadrado e da circunferência, em seus centros geradores e clássicos em uma só figura, foi manter o homem fixo em um lugar, girar ou articular seus membros inferiores e superiores ainda conectados ao tronco e, como característica dos precursores e empreendedores, pensar diferente e alterar a posição das formas, o quadrado e a circunferência, neste caso, o que viria a ser um princípio da ergonomia, isto é, o posto detrabalho, o ambiente, a roupa e as questões periféricas devemse adaptar ao homem, e não o homem a eles.

Figura 1.1 Homem Vitruviano: músculos do dorso e membros superiores

Fonte: Jakub Krechowicz / Shutterstock (2013).

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Figura 1.2 Músculos da mão

Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).

Figura 1.3 Músculos do braço

Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 7

Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), verifica-se que foram determinadas algumas tarefas diárias que poderiam ser exigidas dos trabalhadores em mea-dos do século XVII. Além disso, institui-se um salário incentivo e surge a ideia de remuneração humana de trabalho. Ainda nesse mesmo período, o médico italiano Bernardino Romazzini escreve sobre doenças e lesões relacionadas ao trabalho, e seus estudos, denominados “doenças ocupacionais”, são publicados por volta de 1700.

É nessa ocasião que se incluem os estudos de Bernard Forest de Bélidor, sobre as interfases ergonômicas na organização do trabalho.

Bélidor nasceu na Catalúnia. Filho de um oficial militar francês, cinco meses após seu nascimento ficou órfão, quando passou então aos cuidados da família da viúva de seu padrinho, outro oficial militar. Sua vida foi dividida entre o militarismo e a ciência, dedicando-se à engenharia civil, tornando-se especialista em hidráulica e matemática.

Segundo Silva e Paschoarelli (2010, p. 25):

Bélidor tentou medir a capacidade de trabalho físico nos locais de trabalho dos operários no século XVIII, seus estudos foram voltados para as construções de pontes e muralhas analisavam como o trabalhador se comportava especificamente no que tangia ao carregamento de cargas por longo período, relacio-nando esforço muscular e postura que posteriormente foram considerados irregulares e demonstrava como o ser humano interagia com as máquinas e de que forma o trabalho era reali-zado. E assim um operário sem doenças operacionais poderia ser mais eficiente nas construções.

Entre todos, um dos precursores da ergonomia, Philibert Patissier, marcou época e deixou para a humanidade contribuições para o desenvolvimento da medicina e da saúde púbica a serviço do bem-estar das pessoas.

Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), Patissier realiza as primeiras pesqui-sas sobre mortalidade e morbidade da população operária. Após o trabalho de Romazinee e Patissier (1822), publicou um novo tratado sobre as doenças dos artesãos e aquelas provenientes de varias outras profissões, indicando as precauções (prevenção e tratamento) a serem tomadas. Desse modo, ele fala sobre as lesões sofridas, enfatiza medidas para evitar acidentes e sugere medidas de proteção nos trabalhos de fábrica. Também ressaltou orientar as crianças para uma profissão específica.

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O Tratado de Patissier foi difundido na França e suas ideias foram ampla-mente adotadas. Sua preocupação com a prevenção, especialmente aos aci-dentes com máquinas, foi difundida, sendo compartilhada pelas mais variadas empresas da França, enriquecendo sua valiosa contribuição à medicina do trabalho (ele era doutor em medicina pela Faculdade de Paris).

Entre os organizadores do trabalho, Taylor e seus precursores analisaram o trabalho buscando definir as melhores condições de rendimento, aprimorando o desempenho do homem e baseando-se no modelo análogo ao funcionamento da máquina.

Nesse contexto, no fim do século XIX, verificava-se uma grande compe-titividade com rápido crescimento de corporações e início de organizações industriais que monopolizavam o mercado, tornando difícil a sobrevivência de quem apresentasse baixa produtividade.

Para a ergonomia, o trabalho de Taylor foi um dos marcos iniciais aos con-ceitos de projeto de tarefas. O controle do tempo e os estudos dos movimentos se tornaram a base para os métodos de análise de tarefas utilizadas ainda hoje.

Jules Amar contribuiu significativamente com os fisiologistas do fim do século XIX, proporcionando para a ergonomia técnicas e equipamentos que permitiam mensurar o desempenho físico do ser humano. Dentre eles, desta-cam-se o esfigmógrafo, o cardiógrafo e o pneumógrafo. Simultaneamente ao desenvolvimento desses equipamentos, avançam também no estudo teórico específico do desgaste fisiológico e de energética muscular do homem.

Na primeira metade do século XX, Jules Amar se destaca em idealizar a pesquisa realizada em laboratório e autor do livro O motor humano, no qual aborda o estudo científico sobre os dados físicos e fisiológicos relacionados à eficiência e ao desempenho humano nos ambientes de trabalho na indús-tria. Seu livro, O motor humano, considerado por alguns a primeira obra de ergonomia, descreve os métodos de avaliação e as técnicas experimentais, fornecendo as bases fisiológicas do trabalho muscular e relacionando-as com as atividades profissionais. Descreve, também, os princípios mecânicos gerais do corpo humano como uma máquina.

Da idealização do conceito de ergonomia por Murrell, em 1949, até o início dos primeiros estudos brasileiros nesta área passaram-se mais de vinte anos. Na década de 1970, sob a influência do pesquisador francês Alain Wis-ner, iniciaram-se as abordagens ergonômicas, o que justifica até os nossos dias muitos seguirem a abordagem francesa, a analyse ergonomic du travail.

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Com base em um método proposto pelas professoras Moraes e Mont’Alvão (2000), foi na década de 1990 que novos estudos surgiram, ganhando força devido a descrição clara dos muitos obstáculos que surgem num estudo ergonômico.

Cabe frisar que, no Brasil, concluíram que houve seis principais vertentes para a difusão da ergonomia no país:

Década de 1960: através da abordagem “o produto e o homem” (curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP com o prof. Sergio Penna Kehl).

Início da década de 1970: introdução do ensino de ergonomia nocurso de engenharia de produção.

Ano de 1976: com a introdução do ensino de ergonomia no curso dedesenho industrial, da Escola superior de Desenho Industrial da UERJ.

Década de 1970: foi identificada através de estudos relacionados àpsicologia ergonômica no curso de Psicologia da USP de RibeirãoPreto com ênfase na Percepção visual aplicada no estudo do trânsito.

Década de 1970: na área de psicologia da FGV-RJ, promoveu o ISeminário Brasileiro de Ergonomia (1974).

Ainda nos anos de 1970: o professor Wisner tanto incentivou quantoorientou um dos primeiros trabalhos de ergonomia da FGV (FundaçãoGetúlio Vargas), cujo tema era plantação de cana de açúcar na árearural de cidade de Campos-RJ. Também incentivou a pós-graduçãoem ergonomia na sua instituição de origem, já na década de 1980.Os egressos desta instituição francesa distrinuiram-se por vários es-tados e cidades (DINIZ, 1994).

Em 13 de julho de 1983, houve um importante feito para a ergonomia bra-sileira, a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO).

É importante ressaltar que a ABERGO foi aceita como membro da Interna-tional Ergonomics Associations (IEA) em 1984, entretanto, essa filiação nunca foi oficializada, por questões meramente burocráticas.

Em 2004, foi introduzido o sistema de certificação do ergonomista brasileiro ao qual concede o título aos profissionais que se submetem ao processo. A certificação é uma tendência mundial recebendo apoio da IEA e do Ministério do Trabalho e Emprego.

Como já se indicou, a Ergonomics Research Society da Inglaterra nos de-fine a ergonomia como “[...] o estudo do relacionamento entre o homem e

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o seu trabalho, equipamento e ambiente, e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (2013, p. 1, tradução nossa).

No momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se para a obser-vação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho e de fatores externos importantes ao projeto de sistemas de trabalho. Uma vez que não se busca o simples ajustamento entre homem e máquina, mas, sim, a adaptação conjunta dos dois.

Deste modo, o estudo ergonômico considerará, como citado anteriormente:

as características individuais do homem;

os equipamentos, as ferramentas, os móveis e as instalações que são utilizadas na execução do trabalho;

o ambiente físico;

as comunicações existentes das informações;

a organização;

as consequências do trabalho.

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Seção 2 Conceitos e definições

Como já foi dito, o termo “ergonomia” é derivado de duas palavras gregas, que significam regras do trabalho, mas podemos considerar essa definição simples e superficial.

Segundo Dul e Weerdmesster (2004, p. 1):

Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.

Para Iida (2005, p. 2):

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho do ho-mem. O trabalho, aqui, tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados.

Temos a definição de diversas associações, como da Ergonomics Society da Inglaterra (2013, p. 1, tradução nossa) que diz:

Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e, particularmente, a aplica-ção dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento.

Iida (2005, p. 2) afirma:

Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.

A ergonomia trabalha abordando características específicas do sistema:

Ergonomia física: trata das características da anatomia humana antropo-metria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física.

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Ergonomia cognitiva: trata dos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre as pessoas e outros elementos de um sistema.

Ergonomia organizacional: trata-se da utilização dos sistemas sócio--técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos.

Cabe notar que a ergonomia estuda tantos as condições prévias como as consequências do trabalho e as interações que ocorrem entre homem, máquina e ambiente durante a realização desse trabalho.

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Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia

Conforme já apresentado, a ergonomia estuda os diversos fatores que in-fluem no desempenho produtivo e procura reduzir os resultados nocivos sobre o trabalhador.

Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, o estresse, os erros e os aciden-tes, dando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores.

Não se aceita colocar a eficiência como objetivo principal da ergonomia: ela virá como consequência. Reiterando, a ergonomia visa em primeiro lugar a saúde, a segurança e a satisfação do trabalhador.

Figura 1.4 Fatores que influem no sistema produtivo

Entradas Matéria -prima Energia (gasta) Informações

Posto de trabalho

Saídas Produtos Energia (gerada) Conhecimentos

Consequências do trabalho: fadiga, estresse, erros, acidentes

Subprodutos Sucatas Dejetos

Lixo

Consequências do trabalho: fadiga, estresse, erros,

acidentes

Entradas Matéria-prima Energia (gasta) Informações

Saídas Produtos

Energia (gerada) Conhecimentos

Subprodutos Sucatas Dejetos

Lixo

Fonte: Do autor (2013).

Em Sonego et al. (2009), para certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina. Para a ergonomia, o trabalho é o único possível de intervenção.

A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano.

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O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é infor-mar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica a cada um.

Conforme Sonego et al. (2009, p. 4, grifo nosso):

[...] procedimento ergonômico é orientado pela perspec-tiva de transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação.Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir conhecimentos, deve ser construído por um processo de de-composição/recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve ser transformada.O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. “Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por ela mesma”.

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Seção 4 Antropometria

É um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho do corpo. Como diz Sobral (1985, p. 25), “[...] o método antropométrico baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimensionais do corpo humano”.

O tamanho físico de uma população pode ser determinado através da medição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais, e os resultados obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, equipamentos e produtos que sirvam as dimensões da população utilizadora (SANTOS; FUJÃO, 2003).

4.1 Antropometria: medidas

A antropometria se compromete com as medidas físicas do corpo. Essas medidas necessitam de precisão, e isso é exigido pelas necessidades da pro-dução para a população de produtos como vestuário e calçados. Em todas as áreas deve-se ter uma atenção redobrada para a medição, desde a produção de carros e aeronaves, até de usina nucleares.

Até a década de 1940, as medidas antropométricas visavam determinar apenas algumas grandezas médias da população, com pesos e estaturas. Hoje, o interesse maior está centrado no estudo das diferenças entre grupos e a influência de certas variáveis como etnias, alimentação e saúde (IIDA, 2005).

4.1.1 Variações das medidas

Na Idade Média, os calçados eram do mesmo tamanho. Não havia dife-rença entre pé esquerdo e direito, e a produção era de um único modelo, o que simplificava os problemas de produção, distribuição e controle de estoque.

Até a década de 1950, os automóveis eram projetados apenas para os ho-mens, pois raramente alguma mulher dirigia.

Para o consumidor, a padronização excessiva nem sempre se traduz em conforto, segurança e eficiência. Para que esse tipo de problema seja tratado adequadamente, são necessárias três tipos de providência:

definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada situação;

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realizar medições para gerar dados confiáveis;

aplicar adequadamente esses dados.

Diferenças entre os sexos

Mulheres e homens diferenciam-se entre si desde o nascimento, mas até o final da infância, em torno dos nove anos, ambos os sexos apresentam cresci-mento semelhante.

As diferenças começam a surgir na puberdade. O crescimento começa a ace-lerar em torno dos dez anos, as meninas crescem aceleradamente dos onze aos treze anos, e os meninos dois anos mais tarde. Este crescimento ocorre primeiro nas extremidades, como mãos e pés. Após esta fase acelerada, tanto meninas como meninos continuam a crescer lentamente, atingindo a estatura final em volta dos vinte a 23 anos de idade. As diferenças de estaturas entre homens e mulheres são de 6% a 11%. Há uma diferença significativa da proporção múscu-los/gordura entre homens e mulheres. Os homens têm proporcionalmente mais músculos que gordura, além disso, a localização da gordura também é diferente.

As mulheres têm uma maior quantidade de gordura subcutânea, que é responsável pelas suas formas arredondadas. A maior parte dessa gordura concentra-se entre a bacia e as coxas.

Nas variações intraindividuais, pode-se dizer que o ser humano sofre contí-nuas mudanças físicas durante toda a vida, ocorrendo de diversas maneiras. Há uma alteração do tamanho, proporções corporais, forma e peso. Na infância e na adolescência, essas mudanças se aceleram, e as proporções entre os diversos segmentos do corpo também se alteram.

O recém-nascido possui, proporcionalmente, cabeça grande e membros curtos. Com o crescimento, essas proporções vão se alterando, e o cérebro desenvolve-se precocemente. Aos cinco anos, já atinge 80% do seu tamanho definitivo.

Quadro 1.1 As proporções corporais vão se modificando com a idade

Idade Estatura/cabeça Tronco/braço

Recém-nascido 3,8 1,00

2 anos 4,8 1,14

7 anos 6,0 1,25

Adulto 7,5 1,50

Fonte: Iida (2005, p. 100).

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A estrutura atinge o seu ponto máximo em torno dos vinte anos e permanece praticamente inalterada dos 20 aos 50 anos, mas “[...] a partir dos 55 a 60 anos, todas as dimensões lineares começam a decair. Outras medidas, como o peso e a circunferência dos ossos, podem aumentar” (IIDA, 2005, p. 100).

Ainda em Iida (2005, p. 100) “[...] durante o envelhecimento, observa-se também uma gradativa perda de forças e mobilidade”, isso se deve aos pro-cessos da perda da elasticidade das cartilagens e de calcificação. A força de uma pessoa de 70 anos equivale à metade de uma outra de 30 anos. Todavia, o sistema nervoso degenera-se em uma velocidade menor, podendo haver um mecanismo de compensação à perda no sistema muscular.

Além dessas variações intraindividuais, que acompanham a pessoa ao longo da vida, existem também as variações interindividuais, que diferenciam os indivíduos de uma mesma população. Estas são decorrentes de duas causas principais: etnia e genética.

Variações étnicas

Vários estudos antropométricos realizados durante várias décadas compro-varam a influência da etnia nas variações das medidas.

São encontradas na África, por exemplo, variações extremas, como os pigmeus da África Central, que medem 143,8 cm para homens e 137,2 cm para mulheres, e os de maior estatura também estão ali inseridos. Os negros nilóticos moram na região Sul do Sudão: os homens medem 182,9 cm e as mulheres 168,9 cm, e os mais altos também se encontram ali e medem 210 cm. Isso mostra que a diferença do homem mais alto da África para o mais baixo é de 62%.

Hoje, a diferença antropométrica tornou-se um problema com o aumento do comércio internacional, pois o mesmo produto deve ser fabricado em diversas versões ou ter regulagens suficientes para se adaptar às diferenças antropomé-tricas de diversas populações. Essas adaptações geralmente envolvem peças móveis que aumentam os custos e fragilizam o produto. É necessário saber quais variáveis devem ser adaptadas e quais as faixas de variações de cada uma delas.

No final do século XIX e começo do século XX, ocorreu um movimento migratório muito intenso. Vários povos foram em busca de outros locais com clima, hábitos alimentares e culturais diferentes daqueles de seus locais de origem, causando influência desses fatores sobre as medidas antropométricas.

Os descendentes dos japoneses, chineses mexicanos e indianos nascidos nos Estados Unidos são mais altos e mais pesados que seus ancestrais, indi-

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cando a influência de outros fatores. Entretanto, mesmo nos casos de descen-dentes de imigrantes, que já moravam há várias gerações nos Estados Unidos, averiguou-se que as proporções corporais não haviam se modificado de modo significativo. Subentende-se que existe uma forte ligação da carga genética com as proporções corporais.

Esse estudo foi comprovado com as proporções corporais dos negros dos Estados Unidos. Vivendo há décadas ali, conservaram as mesmas proporções corporais dos africanos. Entre os mestiços, as proporções são intermediárias entre negros e bran-cos, também sendo constatada a diferença nas proporções nas medidas dos pés.

Os brasileiros, em relação aos europeus, têm os pés mais curtos e mais gordos. Como muitos dos moldes para a fabricação de calçados são europeus, temos, então, uma explicação para o desconforto nos pés dos brasileiros.

Nos brinquedos, tais divergências também acontecem: uma boneca norte--americana não foi bem aceita pelas meninas japonesas porque apresentava os membros mais longos, diferindo do biótipo oriental.

Em consequência dessas diferenças nas proporções corporais, não se pode aplicar uma regra de três para as medidas antropométricas. Observa-se que, devido à miscigenação de diversas etnias, a variabilidade interindividual na população brasileira provavelmente é maior em relação aos povos de etnia homogênica. Além disso, há diferenças acentuadas nas condições de nutrição e saúde em diferentes segmentos sociais e entre regiões do país.

A influência do clima nas proporções corporais tem um impacto sobre a antropométrica.

Os que vivem nas regiões de clima mais frio têm a forma esférica, já os que habitam as regiões de clima mais quente têm o corpo mais fino e os membros, tanto inferior como superior, mais longos.

Por volta dos anos 1940, uma pesquisa realizada por William Sheldon proporcionou uma das demonstrações mais interessantes das interindividuais dentro da mesma população (4 mil estudantes norte-americanos), além de fazer levantamento antropométrico, fotografou todos os indivíduos de frente, de perfil e de costas. A análise desse material o levou a definir os tipos físicos básicos:

Ectomorfo: formas alongadas.

Mesomorfo: musculoso, de formas angulosas.

Endomorfo: formas arredondadas e macias, com grande depósito de gordura.

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Não há, naturalmente, uma rigorosa classificação nesses tipos básicos. Uma mistura básica pode ser endoformo-mesoformo, mesofórmico-ectoformo e assim sucessivamente, observando também características no seu comportamento vindo a influir até na escolha da profissão.

Variações seculares

Para Iida (2005, p. 105), as variações seculares

[...] estudam as mudanças antropométricas ocorridas em longo prazo, abrangendo varias gerações. Diversos estudos comprovam que os seres humanos têm aumentado de peso e dimensões corporais ao longo dos últimos séculos.

Ainda segundo Iida (2005), isso seria explicado pela melhoria da alimentação e do saneamento, pela abolição do trabalho infantil e pela adoção de hábitos mais salutares, como as práticas desportivas. Essas mudanças ocorreram sobretudo nos últimos duzentos anos.

Isso se deu devido ao avanço tecnológico, principalmente na tecnologia de alimentos e sua conservação no clima frio. O avanço dos meios de transporte melhorou a oferta de alimentos.

O crescimento das medidas antropométricas de uma população é mais pro-nunciado quando povos subalimentados passam a consumir maior quantidade de proteínas. Já se observou, por exemplo, crescimento de até 8 cm na estatura média de homens de uma população em apenas uma década.

É interessante notar que essa aceleração do crescimento é um fenômeno mundial que não se restringe apenas aos adultos.

4.1.2 Padrões internacionais de medidas antropométricas

A partir da década de 1950, três fatos novos contribuíram para rever-ter essa tendência, que é estabelecer seus padrões nacionais de medidas antropométricas.

Em primeiro lugar, houve uma crescente internacionalização da economia, em segundo, os acordos de comércio internacional, formando os blocos eco-nômicos e em terceiro, as alianças militares, surgidas após a Segunda Guerra Mundial, que exigiram certa padronização internacional dos produtos militares.

Tudo isso contribui para ampliar os horizontes dos projetistas. Hoje, quando se projeta um produto, deve-se considerar que os usuários podem estar espa-lhados em vários países diferentes.

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Há uma tendência de evolução para se determinar os padrões mundiais, em-bora ainda não existam medidas antropométricas confiáveis para a população.

4.1.3 Realização das medidas

As medidas antropométricas podem variar de acordo com a classe social, dentro de uma mesma população. Sempre que for possível e economicamente justificável, essas medidas devem ser realizadas diretamente, tomando-se uma amostra signi-ficativa de sujeitos que serão usuários ou consumidores do objeto a ser projetado.

A execução dessas medições compreende as etapas de definição de objetos, definição das medidas, escolha dos métodos de medidas, seleção da amostra, as medições e as análises estatísticas (IIDA, 2005).

Definições de objetos

Temos que definir onde ou para que serão utilizadas as medidas antropométri-cas. Dessa definição decorre a aplicação da antropometria estática ou dinâmica, a escolha das variáveis a serem medidas e os detalhamentos ou precisões com que essas medidas devem ser realizadas.

Por exemplo, ao ser elaborado um projeto de posto de trabalho, deve ser considerado o posicionamento de uma pessoa sentada (IIDA, 2005).

a) Altura lombar (encosto da cadeira)

b) Altura poplítea (altura do assento)

c) Altura do cotovelo (altura da mesa)

d) Altura da coxa (espaço entre o assento e a mesa)

e) Altura dos olhos (posicionamento do monitor)

f) Ângulo da visão

Essas medidas já podem ser insuficientes para um outro tipo de posto de trabalho, como caixa de supermercado. Nesse caso, deveriam ser incluídas outras medidas, como alcance do braço.

4.1.4 Antropometria estática, dinâmica e funcional

A antropometria estática é aquela em que as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos e realizam-se entre pontos anatômicos claramente identificados.

A dinâmica calcula os alcances dos movimentos medidos, mantendo-se o resto do corpo estático, por exemplo: o alcance máximo das mãos com a

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pessoa sentada. Tal conceito deve ser aplicado nos casos de trabalhos que exi-gem muitos movimentos corporais ou quando se deve manipular partes que se movimentam em máquinas ou postos de trabalho.

A funcional está relacionada com a execução de tarefas específicas. Ob-serva-se que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas há uma conjugação de diversos movimentos para se realizar uma função.

Passando-se da antropometria estática para a dinâmica e, desta para a fun-cional, observa-se um aumento do grau de complexidade, exigindo-se também instrumentos de medidas mais complexos (IIDA, 2005).

Definição de medidas

A medida compreende o detalhamento dos pontos do corpo onde serão feitas as medidas.

Em geral, cada medição a ser efetuada deve especificar claramente a sua localização, direção e postura. Exemplo: comprimento ombro a ombro.

Os métodos para realizar as medições se classificam basicamente em dois: diretos e indiretos.

Os métodos diretos são aqueles que envolvem ferramentas que entram em contato com o corpo: raios laser, trenas, fitas métricas e réguas. Os indiretos envolvem fotos do corpo ou parte dele contra uma malha quadriculada. As medidas são tomadas posteriormente à imagem, podendo haver correções.

Os itens da amostragem dos indivíduos a serem mensurados devem ser es-tabelecidos conforme o universo a que serão aplicados. Nesta escolha, devem ser pré-determinadas todas as características inatas e biológicas adquiridas pelo treinamento ou pela experiência no trabalho. Como exemplo, temos a enfer-magem, geralmente dominada por mulheres, e a construção civil, por homens.

No que tange às medições, podem ser adotados cuidados prévios, como: elaboração de um roteiro para a tomada de medidas e o desenho de formu-lários apropriados pra anotações. Para quem irá participar dessas medições deve haver um treinamento prévio, abrangendo conhecimentos mínimos de anatomia humana, posturas, identificação dos pontos de medida e uso correto do seu instrumento, além de um teste após treinamento, verificando se há consistência entre eles.

Antes de começar as medições, deve-se fazer um planejamento do experimento.

Esse planejamento envolve as definições sobre:

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22 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Descrição das variáveis a serem medidas.

A precisão desejada, que vai influir no tamanho da amostra.

Amostragem dos sujeitos, envolvendo os tipos e quantidade de pes-soas a serem medidas.

Os procedimentos a serem adotados, descrevendo como serão efe-tuadas as medições.

O tamanho da amostra pode ser calculado estatisticamente. Se uma deter-minada medida não tiver variações, basta fazer apenas uma medição. Se, por outro lado, as pessoas apresentarem grandes diferenças individuais, a amostra deve ser maior.

Para fazer a análise estatística, a variável pode ser dividida em classes ou intervalos. Por exemplo: no caso da estatura, se as medidas extremas de uma população oscilam entre 156 a 201 cm, pode-se dividir em 15 classes, com 3 cm de intervalo entre elas, podendo construir um gráfico chamado de histograma.

A distribuição normal é representada por dois parâmetros: a medida e o desvio-padrão.

Antropometria estática

Nesta modalidade, as medidas são realizadas com o corpo parado ou com poucos movimentos. Essas medições da população já são realizadas há muito tempo, principalmente pelas forças armadas. Como vimos, foi a partir da década de 1950 que começaram a adquirir maior significado econômico.

A norma alemã DIN nº 33.402, de junho de 1981, é uma das tabelas de medidas mais completas que se conhece dentro da antropometria. Constam nela 54 variáveis do corpo, sendo 7 da cabeça, 13 do corpo sentado, 22 da mão, 3 dos pés e 9 do corpo em pé.

Medidas brasileiras

Ainda não existem medidas abrangentes e confiáveis da população bra-sileira, mas já foram feitos diversos levantamentos, quase sempre restritos a determinadas regiões e ocupações profissionais.

No livro de IIda (2005), o Instituto Nacional de Tecnologia em 1998, realizou um levantamento antropométrico em 26 empresas industriais do Rio de Janeiro, abrangendo 3.100 trabalhadores (só homens adultos), dividido em duas partes. Na primeira, foram medidos 42 variáveis antropométricas e 3 variáveis biome-cânicas, cujo resultado é apresentado na tabela a seguir. Na segunda, foram medidos 26 variáveis antropometricas destinadas à confecção de vestuário.

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 23

Tabela 1.1 Medidas de antropometria estática de trabalhadores brasileiros, baseadas em uma amostra de 3.100 trabalhadores do Rio de Janeiro

Fonte: Iida (2005, p. 121).

Antropometria dinâmica e funcional

Segundo Iida (2005), a antropometria dinâmica mede o alcance dos mo-vimentos corporais. A funcional mensura de acordo com a execução de uma tarefa, como acionar uma manivela para fechar o vidro do carro.

Os dados de antropometria estática são recomendados para o dimensio-namento de produtos e locais de trabalho que envolve apenas pequenos mo-vimentos corporais.

As pessoas estão quase sempre fazendo movimentos de maior amplitude, manipulando, operando ou transportando algum objeto.

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24 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

O corpo humano assemelha-se a uma estrutura articulada. Cada junta do corpo pode fazer um movimento angular em uma ou mais direções, em torno de uma articulação. As articulações são recobertas por uma cartilagem hiliana, embebida por uma substância do tipo gel, que serve para lubrificar as juntas. As mulheres geralmente têm maior mobilidade articular que os homens.

Existem diversas técnicas que podem ser aplicadas no registro de movi-mentos. Muitas delas usam recursos de cinema, TV, fotografia e informática. Para realizar as medições, esses registros podem ser feitos contra um fundo graduado, que serve de escala para medida. Entretanto, os movimentos podem ser também registrados de forma mais simples e direta, fixando-se uma folha de papel sobre um plano e fazendo riscos sobre a mesma com caneta ou giz.

Construção de modelos humanos

A partir das medidas antropométricas, podem ser construídos diversos modelos humanos, que podem ser úteis no projeto e avaliação de produtos e postos de trabalho. Esses modelos podem ser bidimensionais, tridimensionais, computacionais ou matemáticos.

Os modelos bidimensionais mais simples geralmente são construídos de papelão, plásticos ou madeira compensada, representando homens ou mu-lheres. Os tridimensionais são chamados de manequins, os computacionais, podem ser utilizados em projetos de equipamentos e postos de trabalho. Aos modelos matemáticos, muitos pesquisadores já se dedicaram a sua construção. A ideia é bem simples e tentadora. Em vez de realizar medições de dezenas de variáveis antropométricas, seriam realizadas apenas duas ou três, e as demais seriam deduzidas por fórmulas matemáticas.

De 1880 até pelo menos 1960, em praticamente todos os países europeus (incluindo a Escan-

dinávia), os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá, a magnitude da tendência tem sido similar.

A taxa de mudança tem sido aproximadamente:

15 mm por década em estatura e 0,5 kg por década em peso aos 5-7 anos de idade;

25 mm e 2 kg por década durante o tempo da adolescência;

10 mm por década na estatura adulta.

Para saber mais

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 25

Vantagens do uso da antropometria:

sensível às alterações do crescimento;

método barato e simples;

fácil obtenção;

fácil padronização;

os resultados possibilitam a comparação entre diferentes períodos históricos e populações.

Para saber mais

As relações entre ergonomia e os conhecimentos científicos constituem o objeto de um debate:

Estão de acordo quanto ao fato de que a ergonomia utiliza conhecimento da fisiologia, psicologia etc.

Por seu caráter integrador, parece existir uma concordância bem ampla quanto ao fato de que tal utilização não é uma simples aplicação.

A contribuição da ergonomia desloca relações estabelecidas e propõe estudar novas.

Questões epistemológicas referentes à ergonomia podem levar à for-mulação de elementos diversos?

Questões para reflexão

O que é ergonomia?

O termo é frequentemente usado e muitas vezes mal enten-dido. ERGONOMIA é uma ciência que considera o desempe-nho e o bem-estar humano e sua relação com vários tipos de empregos, equipamentos, ferramentas e ambientes.[...] O Instituto Joyce em Seattle, Washington. Especializado em ERGONOMIA desde 1981, o Instituto Joyce auxilia organi-zações a implementar programas de ergonomia para melhorar a segurança, a produtividade e qualidade. Com ergonomistas

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26 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

e representantes espalhados pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e México, o Instituto está apto a conciliar a perícia de um consultor com as necessidades do cliente. Através dos vários cursos de treinamento; engenheiros, supervisores, pro-fissionais de saúde e de segurança, e trabalhadores aprendem a aplicar os princípios da ERGONOMIA utilizando uma aborda-gem sistemática que inclui o projeto do espaço de trabalho, das ferramentas, do equipamento e do procedimento de trabalho. O Instituto também fornece uma gama completa de serviços de consultoria incluindo avaliações ergonômicas, projetos dos espaços de trabalho, projetos de produtos e desenvolvimento de materiais (ERGOLINE, 2013, grifo do autor).

A maioria das definições de ergonomia coloca em questão dois objetivos fundamentais:

De um lado, o conforto e a saúde dos trabalhadores: eles se inquietam ao evitar os riscos (acidentais e ocupacionais) e de minimizar a fadiga (ligada ao metabolismo do organismo, ao trabalho dos músculos e das articulações, ao tratamento da informação e à vigilância).Do outro lado, a eficácia: através da qual a organização mede suas diferentes dimensões (produtividade e qualidade). Esta eficácia é dependente da eficiência humana — em consequ-ência, a ergonomia visa conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores (SOUZA, 2003, p. 79).

Para mais informações de ergonomia, vale a pena visitar os sites:

<www.iea.cc>

<www.abergo.org.br>

Você terá à disposição tudo o que precisa sobre o tema, além de outros links muito interessantes

a partir deles.

Links

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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 27

As antigas máquinas e locomotivas exportadas pelos ingleses para a Índia não se adaptaram aos

operários indianos. Durante a guerra do Vietnã, os soldados vietnamitas, com altura média de

160,5 cm tinham dificuldade de operar as máquinas bélicas fornecidas pelos norte-americanos,

projetados para a altura média de 174,5 cm. Uma máquina projetada para acomodar 90% da

população masculina Estados Unidos acomoda também 90% dos alemães. Mas não oferecia a

mesma comodidade para os latinos e orientais. Ela acomoda 80% dos franceses, 65% dos

italianos, 45% dos japoneses, 25% dos tailandeses e apenas 10% dos vietnamitas.

Para saber mais

Como pudemos ver, fica claro que a ergonomia objetiva, através de sua ação, resolve os problemas da relação entre homem/trabalhador, má-quinas, equipamentos, ferramentas, programação do trabalho, intrusões e informações, solucionando os conflitos entre o humano e o tecnológico, entre a inteligência natural e a artificial nos sistemas homem-máquina--produção. Da mesma forma, é válido reiterar que a ação do ergonomista dentro de uma organização, além de recair diretamente na saúde ocupa-cional, busca melhorar as condições ambientais; aumentar a motivação, a segurança, o conforto e a satisfação do trabalhador; evitar riscos de acidentes de trabalho; reduzir o retrabalho e o absenteísmo.

Para concluir o estudo da unidade

Vimos que a ergonomia estuda o trabalho, visa a estabelecer critérios e procedimentos que permitam integrar eficiência, qualidade, produtivi-dade, sem ultrapassar os limites humanos.

A ergonomia, segundo a Ergonomics Research Society (2013) é o es-tudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e

Resumo

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28 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

ambiente, e, particularmente, da aplicação dos conhecimentos de ana-tomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Ela surgiu no final da Segunda Guerra Mundial, mas já era utilizada desde Leonardo da Vinci, passando por outros grandes estudiosos. A origem e a evolução da ergonomia estão relacionadas às transformações sociais, econômicas e tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. O objetivo da ergonomia é estudar os diversos fatores que influem no cotidiano laboral.

Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, estresse, erro e acidentes, dando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores. Já a antropometria é um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho do corpo. Como diz Sobral (1985), o método antropométrico baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimen-sionais do corpo humano.

1. Qual é o significado da palavra ergonomia?

2. O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado se-gundo quatro níveis de exigências, descreva-os.

3. Descreva os diferentes tipos de ergonomia.

4. Durante a avaliação de antropometria utilizam-se instrumentos. Quais são?

5. O que significa IMC, e qual é a equação aplicada?

6. Quais são as principais diferenças antropométricas entre homens e mulheres?

7. Como ocorrem as variações seculares das medidas antropométricas?

Atividades de aprendizagem

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Unidade 2

Organismo humano

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, descreveremos de ma-neira resumida as principais funções do organismo humano, que são pertinentes à ergonomia. Serão apresentadas as funções que influem no desempenho do trabalho e também trabalharemos a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho.

Seção 1: Organismo humano

Na primeira seção, trataremos de toda importância da ergonomia para o organismo humano. As funções do sistema nervoso, músculos, coluna vertebral, me-tabolismo, visão, audição, percepção de som, olfato, paladar e o senso cinestésico.

Seção 2: Biomecânica ocupacional

Nesta seção, trataremos da biomecânica ocupacio-nal, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho, preocupando-se com as interações físicas do trabalhador. Analisaremos, basica-mente, a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas consequências.

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30 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Introdução ao estudo

Caro leitor, até este ponto do livro concentramos nossos estudos em funda-mentos, princípios e conceitos antropométricos. A partir desta unidade, trata-remos as questões mais inclusivas na ergonomia. O organismo humano é uma máquina que exerce força e comando para sua existência, tendo que ser dosada e alinhada para o seu bom desempenho. A biomecânica nos traz subsídios para que possamos entender e amadurecer estas questões dentro da ergonomia.

Seção 1 Organismo humano

As forças do organismo são exercidas por contrações musculares. Os músculos não se contraem por si próprios, mas são comandados pelo sistema nervoso central, que é composto pelo cérebro e pela medula espinhal. Esses comandos decorrem por algum tipo de estímulo ambiental.

1.1 A máquina neuromuscular

1.1.1 Sistema nervoso

É constituído por células nervosas (ou neurônios) que são caracterizadas por irritabilidade (sensibilidade e estímulos) e condutibilidade (conduções de sinais elétricos).

Os sinais são representados por impulsos elétricos de natureza eletroquí-mica, que se propagam ao longo das fibras nervosas. Essas fibras não conduzem uma corrente contínua, mas um conjunto de impulsos que se sucedem no tempo. Desse modo, os sinais produzidos por algo estimulam do exterior ou do próprio corpo (luz, som, tato, temperatura, acelerações, agentes químicos, movimentos das articulações) e são conduzidos ate o sistema nervoso central, onde é interpretado e processado, gerando uma decisão. Esta é enviada de volta, pelos nervos motores, que se conectam aos músculos e provocam movimentos musculares, como um piscar do olho, movimentação dos braços ou pernas. O caminho de ida até o sistema nervoso central é chamado de via aferente e o de volta de via eferente.

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O r g a n i s m o h u m a n o 31

1.1.2 Sinapses

As células nervosas conectam-se para formar uma cadeia de transmissão de sinais. Essas conexões são chamadas de sinapses.

As células nervosas são formadas de três partes:

O corpo e dois tipos de terminações, chamadas de dendrites e axônio. Em uma célula pode haver várias dendrites, mas há sempre um único axô-nio. Exemplo na figura abaixo.

Figura 2.1 Neurônio

DENDRITO

NÚCLEO

CORPO CELULAR

AXÔNIO

BAINHA DE MIELINA

TERMINAÇÕES DO AXÔNIO

NODO DE RANVIER

Fonte: ducu59us / Shutterstock (2013).

Figura 2.2 Representação esquemática de uma sinapse

DENDRITOS DENDRITOS

CORPO CELULAR

CORPO CELULAR

NÚCLEO NÚCLEO

BAINHA DE MIELINA BAINHA DE MIELINA

TERMINAÇÕES

DO AXÔNIO

TERMINAÇÕES

DO AXÔNIO

AXÔNIO AXÔNIO

Fonte: T and Z / Shutterstock (2013).

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32 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

1.1.3 Sentido único

Nos neurônios, os sinais são conduzidos sempre em sentido único, iniciando pelas dendrites e saindo pelo axônio.

Uma célula pode receber sinais de várias outras entrando pelas suas den-drites, mas só pode transmitir para uma única (só tem um axônio).

1.1.4 Fadiga

As sinapses, quando utilizadas com muita intensidade, reduzem a sua capa-cidade de transmissão. Com capacidade de transmitir dez mil sinais de ligação sináptica, podem esgotar-se em poucos segundos.

Quando o mesmo estímulo se repete rapidamente, um após o outro, no mesmo canal, o segundo transmite-se mais facilmente que o primeiro, causando a suposição de que que os neurônios são capazes de armazenar informações por alguns minutos, ou por horas, em alguns casos.

1.1.5 Desenvolvimento

No desenvolvimento, o estímulo prolongado pode levar a sinapse a uma alteração física, podendo ser estimulada com muito mais facilidade, produzindo mais memória e aprendizagem.

1.1.6 Acidez

De acordo com Ferraz (2013, p. 9):

[...] um aumento do teor alcalino no sangue aumenta a excitabilidade, enquanto o aumento da acidez tente a dimi-nuir consideravelmente a atividade neural. Por exemplo, a cafeína ajuda a aumentar a excitabilidade neural, enquanto os anestésicos a diminui.

1.1.7 Músculos

Eles são responsáveis por todos os movimentos do corpo. Transformam a energia química em contrações, por tanto, em movimentos. Isso acontece por causa da oxidação de gorduras e hidratos de carbono numa reação química exotérmica, resultado em trabalho e calor.

Os músculos classificam-se em três tipos: músculos lisos, estriados ou es-queléticos e músculos do coração.

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O r g a n i s m o h u m a n o 33

Os músculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos san-guíneos, na bexiga, no aparelho respiratório e em outras vísceras.

Os músculos do coração são diferentes de todos os outros. Os músculos lisos e do coração não podem ser comandados voluntariamente.

Os músculos estriados estão sob o controle consciente e é através deles que o organismo realiza trabalhos externos. Apenas o estudo destes é importante para a ergonomia.

Músculos estriados

Estes são assim chamados porque apresentam estrias em sua visão micros-cópica, que apresenta formação longa e cilíndrica. Tal formação compõe-se de centenas de elementos delgados chamados de miofibrilas, e estas apresentam segmentos funcionalmente completos, chamados de sarcômeros. Os sarcômeros são constituídos de dois tipos de filamentos de proteínas, a miosina e a actina, aqueles mais grossos e este mais delgado (FERRAZ, 2013).

Contração muscular

A contração muscular ocorre quando os sarcômeros se contraem, no sen-tido longitudinal das fibras, reduzindo os seus comprimentos, estimulado por correntes elétricas. O tempo decorrido entre a chegada da corrente e a con-tração é de 0,003 s. Com esse processo, os sarcômeros podem reduzir o seu comprimento, chegando à metade do seu tamanho anterior. Assim sendo, as fibras só apresentam dois estados possíveis: contraídas ou relaxadas. A força de um músculo depende da quantidade de fibras contraídas.

Irrigação sanguínea do músculo

Cada músculo recebe suprimento de oxigênio, glicogênio e outras subs-tâncias, pelo sistema circulatório que é constituído de artérias, que vão se ra-mificando até se transformarem em vasos capilares. No interior dos músculos, existem inúmeros vasos capilares onde os glóbulos vermelhos passam em fila. Quando um músculo se contrai e estrangula as paredes dos capilares, o sangue deixa de circular, podendo causar a fadiga muscular. Para permitir a circulação sanguínea, o músculo deve se contrair e relaxar com alguma frequência.

“Quando se inicia um trabalho muscular, as próprias substâncias geradas pelo metabolismo durante a contração muscular estimulam a dilatação dos capi-lares, e com isso permitindo maior circulação sanguínea” (FERRAZ, 2013, p. 1).

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34 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

O corpo humano como um sistema de alavancas

A estrutura biomecânica do corpo humano pode ser vista como um conjunto de alavancas, formado pelos ossos maiores que se conectam nas articulação e são movimentadas pelos músculos.

Para cada movimento há pelo menos dois músculos que trabalham de uma forma oposta um ao outro, quando um se contrai outro se distende.

Figura 2.3 Os músculos funcionam sempre aos pares

Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).

De maneira análoga às alavancas mecânicas, o corpo trabalha com três tipos de alavancas que são classificadas como: alavanca interfixa, alavanca interpoente e alavanca inter-resistente.

Fadiga muscular

Fadiga muscular é a redução da força provocada pela falta da irrigação san-guínea do músculo. Trata-se de um processo reversível a ser superado por um período de descanso. Quando ocorre deficiência de irrigação, o oxigênio não chega em quantidade suficiente na corrente sanguínea, provocando acúmulo de ácido lático e potássio no músculo, além disso, acontece uma sobrecarga, já que outros elementos como calor, dióxido de carbono e água são gerados durante o metabolismo.

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O r g a n i s m o h u m a n o 35

1.1.8 Coluna vertebral

Em Iida (2005), a coluna é uma estrutura óssea que possui 33 vértebras empilhadas, classificando-se em cinco grupos. De baixo para cima: sete vértebras se localizam no pescoço-cervical; doze na região do tórax e são chamadas toráxicas ou dorsais; 5 são abdômen-lombares; abaixo, cinco estão fundidas e formam o sacro e quatro da extremidade inferior são pouco de-senvolvidas e constituem o cóccix. As nove últimas vértebras fixas situam-se na região da bacia e também se chamam sacrococcigeanas.

Figura 2.4 Coluna vertebral

Fonte: The Royal... (2013).

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36 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Figura 2.5 Classificação das vértebras da coluna

raiz dorsal

gânglio espinhal

ramo comunicante

nervo espinhal

gânglio simpático

tronco simpático

forame intervertebral

substância cinzenta

raiz ventral

substância branca

meninges

corpo da vértebra

Fonte: Encyclopaedia... (2013).

Das 33 vértebras, 24 são flexíveis e as que têm maior mobilidade são as cervicais e as lombares.

Deformações da coluna

A coluna é uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela apresenta maior resistência para forças na direção axial, sendo mais vulnerável para força de cisalhamento.

A mesma está disposta a diversas deformações, por ser muito frágil, essas deformações são congênitas ou adquiridas em consequência de esforço físico, postura no trabalho, insuficiência na musculatura de sustentação, infecções e outros. As principais anormalidades são:

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O r g a n i s m o h u m a n o 37

Lordose: aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervi-cal ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente.

Cifose: é o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente da região do tórax correspondendo ao corcunda.

Escoliose: desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas pende para um dos lados ou para o direito ou para o esquerdo.

Deformações da coluna vertebral

Figura 2.6 Deformações típicas da coluna vertebral 1

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

Figura 2.7 Deformações típicas da coluna vertebral 2

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

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Figura 2.8 Deformações típicas da coluna vertebral 3

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

Lombalgia

Significa “dor na região lombar”, é provocada pela fadiga dos músculos das costas, é mais comum sua presença quando se permanece muito tempo na mesma postura, com a cabeça inclinada para a frente.

1.1.9 Metabolismo

É o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano. A energia do corpo humano é proveniente da alimentação. Ela sofre diversas transforma-ções químicas, sendo uma parte usada para construção de tecidos e outra como combustível.

Conforme IIda (2005), do ponto de vista energético, o organismo humano pode ser comparado a uma complexa máquina térmica. Parte dos alimentos con-sumidos converte-se no combustível chamado glicogênio, que é oxidado, numa reação exotérmica, gerando energia. Essa reação produz subprodutos como calor, dióxido de carbono e água, que devem ser eliminados pelo organismo.

Metabolismo basal

É a energia necessária para manter apenas as funções vitais do orga-nismo, sem realizar nenhum trabalho externo. O organismo funciona como uma máquina térmica que nunca é desligada. A pessoa, mesmo estando viva, em repouso absoluto, consome uma certa quantidade de energia para o funcionamento de órgãos como o coração, pulmões e rins, que nunca deixam de funcionar.

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Figura 2.9 Aspectos do homem

Fonte: Private... (2013).

Energia gasta no trabalho

Um homem adulto, para se manter vivo, gasta 1.800 kcal/dia com o seu metabolismo basal, observando que com menos de 2.000 kcal/dia na alimen-tação é incapaz de realizar qualquer trabalho. Observe o gasto de kcal nas tarefas feitas por homens, abaixo:

empregados de escritório – 2.500 kcal/dia;

motorista – 2.800 kcal/dia;

um operário executando um trabalho leve – 3.000 kcal/dia;

mecânico de automóveis e um carpinteiro – 3.000 kcal/dia;

grande parte dos trabalhadores industriais gasta entre 2.000 e 4.000 kcal/dia;

estivadores gastam 4.500 kcal/dia (marca considerada máxima exigível).

As mulheres têm um metabolismo basal de 1.600 kcal/dia. Uma digitadora ou uma costureira gastam 2.000 kcal/dia, uma dona de casa ou vendedora

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gasta 2.500 kcal/dia e uma trabalhadora com tarefa pesada e uma bailarina, 3.000 kcal/dia.

A figura a seguir apresenta gastos energéticos de algumas tarefas típicas desde pequenas atividades até trabalhos na indústria, construção e agricultura (PASSMORE; DURNIN, 1955).

Figura 2.10 Exemplos de gastos energéticos para algumas tarefas típicas

Fonte: Valley... (2013).

1.1.10 Visão

É considerado o órgão do sentido mais importante, tanto para o trabalho quanto para a vida diária. O olho é uma esfera revestida por uma membrana cheia de líquido, cuja estrutura assemelha-se a uma câmara fotográfica.

Os estímulos são transmitidos pelo nervo óptico ao cérebro, que produz a sensação visual:

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Figura 2.11 Estrutura do olho humano

Fonte: Alex Luengo / Shutterstock (2013).

1.1.11 Audição

A função do ouvido é captar e converter as ondas de pressão do ar em sinais elétri-cos, que são transmitidos ao cérebro para produzir as sensações sonoras. Se os olhos se assemelham a uma câmara fotográfica o ouvido assemelha-se a um microfone.

Percepção do som

Segundo Amaral (2010, p. 13, grifo do autor)

Os movimentos bruscos produzem flutuações da pressão atmosférica e se propagam em forma de ondas que quando atingem os ouvidos produzem uma sensação sonora. O som é caracterizado por três variáveis:A. Frequência: é o número de vibrações ou flutuações por

segundo e é expressa em hertz (Hz). O ouvido humano é capaz de perceber sons na frequência de 20 a 20.000 Hz.

B. Intensidade: depende da energia das oscilações e é definida em termos de potência por unidade de área a gama da intensidade de sons audíveis é muito grande. Assim, para simplificar as anotações convencionou-se medi-las por uma unidade logarítmica chamada decibel (dB). O ouvido humano é capaz de perceber sons de 20 a 140 dB.

C. Duração: é medida em segundos, os de curta duração (menos de 0,1s) dificultam a percepção e aparentam ser diferentes daqueles de longa duração (acima de 1s).

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1.1.12 Olfato e paladar

São usados em diversas atividades e podem ser importantes para algumas profissões, como a de cozinheiro e provadores de perfumes e alimentos. Em ambientes de trabalho, podem funcionar como alerta, indicando vazamento de gases ou incêndios.

O olfato e o paladar estão fisiologicamente relacionados entre si. O sabor de um alimento resulta, por exemplo, da combinação de seu cheiro e paladar. Os sensores, tanto do olfato quanto do paladar são quimiorreceptores, que são estimulados por moléculas em solução no muco nasal ou na saliva da boca.

1.1.13 Outros sentidos

Além da visão e da audição, o organismo humano possui mais de doze sentidos. Entretanto, os que apresentam maior interesse para a ergonomia são o olfato, o paladar, e o senso sinestésico, que é o que fornece informações sobre movimentos de partes do corpo, sem necessidade de acompanhamento visual.

O senso sinestésico é importante no trabalho, pois muitos movimentos dos pés e das mãos devem ser feitos sem acompanhamento visual. Ele funciona como realimentador de informações ao cérebro, para que possa detectar se um movimento muscular foi realizado corretamente.

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Seção 2 Biomecânica ocupacional

Aplicam-se as leis físicas da mecânica ao corpo humano no estudo da bio-mecânica. Conforme Pinto, Xavier e Coelho Júnior (2006), as tensões podem ocorrer nos músculos e articulações durante uma postura ou um movimento. Os princípios mais importantes da biomecânica para a ergonomia são:

as articulações devem ocupar uma posição neutra;

conserve os pesos próximos ao corpo;

evite curvar-se para a frente;

evite inclinar a cabeça;

evite torções do tronco;

evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão;

alterne postura e movimentos;

restrinja a duração do esforço muscular contínuo;

previna a exaustão muscular;

atente-se para as pausas curtas e frequentes, pois são melhores.

Basicamente, temos três posturas essenciais.

postura sentada;

postura de pé;

postura deitada.

Enfim, podemos concluir que a biomecânica é a aplicação da mecânica aos organismos vivos tecidos biológicos, aos corpos humanos e animais. É a base da função musculoesquelético.

2.1 Trabalho estático e dinâmico

Quando um músculo está contraído, há um aumento da pressão interna que leva a um estrangulamento dos capilares, pois a pressão sanguínea nos músculos é baixa. Um músculo sem irrigação sanguínea pode entrar em fadiga rapidamente e, com isso, ocasionar uma dor que faça com que o trabalho seja interrompido.

2.1.1 Trabalho estático

É o trabalho que exige contração contínua de alguns músculos para sus-tentar certa posição. Um exemplo seria os músculos dorsais e das pernas para

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manter a posição de pé. Por ser altamente fatigante, deve ser evitado quando possível ou, se não, pelo menos aliviado com mudanças de posturas e apoio para partes do corpo.

2.1.2 Trabalho dinâmico

Ocorre quando há contrações e relaxamentos alternados dos múscu-los, como nas tarefas de girar um volante ou caminhar. Esse movimento fun ciona como ativador da circulação nos vasos, aumentando o volume de sangue em relação à posição de repouso e diminuindo as chances de haver fadiga muscular.

2.2 Dores musculares

São causadas principalmente pelo manuseio de cargas pesadas ou quando se exigem posturas inadequadas, e podem ser associadas a forças e repetições exageradas dos movimentos.

2.3 Traumas musculares

São provocados pelas diferenças que podem acontecer entre a força exigida pelo trabalho e as capacidades do trabalhador para exercer essa força, existem duas causas que podem ocasionar esse trauma, são elas:

Trauma por impacto: pode ocorrer quando a pessoa é atingida por uma força súbita, na maioria das vezes involuntária, e acontece co-mumente em casos de colisões ou queda.

Trauma por esforço excessivo: pode ocorrer durante uma atividade física no trabalho ou principalmente quando há cargas excessivas a serem carregadas e quando a tarefa é repetitiva, como em um trabalho de digitação ou uma linha de produção. Ocasionam, tipicamente, lesões como tendinites ou por traumas repetitivos.

2.4 Posturas do corpo

Postura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo. A boa postura é importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse. A postura inadequada pode ocorrer quando um trabalhador mexe com máquinas e equipamentos com deficiência no projeto e também pela exigência da sua tarefa. Existem três principais situações em que a má postura

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pode ocasionar danos, e elas são: os trabalhos estáticos, que envolvem uma mesma postura durante longos períodos; trabalhos que exigem muita força e trabalhos que exigem posturas desconfortáveis, como com o tronco inclinado.

Existem certos tipos de posturas que podem ser considerados mais adequa-dos para cada tipo de tarefa, e se essa má postura for mantida durante certo tempo, ela pode acabar ocasionando dores e desconfortos localizados.

Quadro 2.1 Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas

Fonte: Iida (2005, p. 166).

2.4.1 Posturas

Inadequadas: projeto deficiente das máquinas, equipamentos, postos de trabalho e as exigências da tarefa.

Básicas: posições deitada sentada e em pé.

2.4.2 Inclinação da cabeça para a frente

No caso de inclinação de cabeça para a frente, segundo Teixeira (2009), ela se faz necessária para melhor visão. Essa necessidade ocorre quando:

o assento é muito alto;

a mesa é muito baixa;

a cadeira está longe do trabalho;

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há necessidades específicas, como no caso de microscópio.

Ainda, segundo o autor:

Essa postura provoca fadiga rápida nos músculos do pescoço e do ombro, devido, principalmente, ao movimento (no sentido da Física) provocado pela cabeça, que tem um peso relativa-mente elevado (4 a 5 kg).As dores no pescoço começam a aparecer quando a inclina-ção da cabeça, em relação à vertical, for maior que 30º […]. Nesse caso, deve-se tomar providências para restabelecer a postura vertical da cabeça, de preferência com até 20º de inclinação, fazendo-se ajustes na altura da cadeira, mesa ou localização da peça. Se isso não for possível, o trabalho deve ser programado de modo que a cabeça seja inclinada durante o menor tempo possível, e seja intercalado com pausas para relaxamento, com a cabeça voltando à sua posição vertical (TEIXEIRA, 2009, p. 6).

Até as décadas de 1950 e 1960, havia mesas de escritório e carteiras es-colares com o tampo inclinado. Hoje, essas inclinações só existem em alguns tipos de móveis especiais, como pranchetas para desenho. Na maioria dos casos elas foram abandonadas provavelmente porque os papéis, cadernos e lápis escorregavam sobre esse tipo de tampo. Entretanto, do ponto de vista postural, são melhores que os tampos horizontais. Experimentos de labora-tórios mostram que os tampos inclinados em 10 graus são benéficos para tarefas de leitura.

Figura 2.12 Dores no pescoço 1

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

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Figura 2.13 Dores no pescoço 2

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

Figura 2.14 Dores no pescoço 3

Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).

Iida (2005, p. 169) afirma que:

[...] na prática, durante uma jornada de trabalho, um traba-lhador pode assumir centenas de posturas diferentes, e em cada tipo de postura, um diferente conjunto de musculatura é acionado. As observações subjetivas da postura podem ser substituídas por registros eletrônicos da atividade muscular, obtendo grá-ficos chamados de eletromiogramas (EMG). Esse método tem vantagem de fornecer informações objetivas pelo registro direto

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da atividade muscular, mas tem a desvantagem de exigir um equipamento eletrônico dispendioso, exige também o acom-panhamento de um médico, eletrodos de superfície.Um sistema prático de registro chamado OWAS, foi desenvol-vido por três pesquisadores finlandeses em 1977 (Karku, Kansie Kuorinka), que trabalhavam em uma empresa siderúrgica. Eles começaram com análises fotográficas das principais posturas encontradas tipicamente na indústria pesada. Encontraram 72 posturas típicas. A seguir, foram feitas mais de 36.340 obser-vações em 52 tarefas.

O mesmo trabalhador, quando observado de manhã e de tarde, conservava 86% das posturas registradas, portanto, concluiu-se que o método de registro apresentava uma consistência razoável.

Os mesmos autores descrevem que na sequência foi feita uma avaliação das diversas posturas quanto ao desconforto e, com base nessas avaliações, as posturas foram classificadas em uma das seguintes categorias:

Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais;

Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho;

Classe 3: postura que deve merecer atenção em curto prazo;

Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata (PINTO; XAVIER; COELHO JÚNIOR, 2006, p. 4).

O diagrama das áreas dolorosas foi proposto por Corlett e Manenica (1980), no qual o corpo humano é dividido em 24 segmentos, facilitando a locomoção de áreas em que os trabalhadores sentem dores. A principal van-tagem desse diagrama é o seu fácil entendimento, podendo ser distribuído em grande quantidade para autopreenchimento dos trabalhadores, podendo, assim, identificar as máquinas, equipamentos e locais de trabalho que apre-sentam maior gravidade (acima do 3º nível) e que merecem atenção imediata, conseguindo resultados mais significativos.

Também o questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Existe um desenho dividindo o corpo humano em nove partes. Os trabalhadores devem responder sim ou não para as três situações envolvendo essas nove partes.

Perguntas:

Você teve algum problema nos últimos sete dias?

Você teve algum problema nos últimos doze meses?

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Você teve que deixar de trabalhar algum dia nos últimos doze meses devido ao possível problema?

O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os ob-jetivos do levantamento e solicitando a colaboração.

2.5 Levantamento de cargas

O levantamento de carga é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os trabalhadores, que ocorrem principalmente pela variação individual das capacidades de cada trabalhador, treinamentos insuficientes e frequentes substituições de homens por mulheres. Assim, passa a ser necessário o conhecimento da capacidade de cada um para poder carregar peso para que cada tarefa seja atribuída e dimensionada sem causar danos a esse trabalhador.

As situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos podem ser clas-sificadas em dois tipos:

levantamento esporádico de cargas, que está relacionado com a capacidade muscular;

trabalho repetitivo com levantamento de cargas, onde entra o fator de duração do trabalho.

A resistência da coluna deve ser aplicada no sentido vertical.

Figura 2.15 Carga sobre a coluna vertebral deve incidir na direção do eixo vertical

Fonte: Sebastian Kaulitzki / Shutterstock (2013).

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Figura 2.16 Carga sobre a coluna vertebral deve incidir na direção do eixo vertical

Fonte: Anetlanda / Shutterstock (2013).

Figura 2.17 Levantamento de cargas deve ser feito com a coluna na posição vertical, usando a musculatura das pernas

Fonte: MedicalRF com / Agefotostock / Easypix (2013).

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Varia de uma pessoa para outra a capacidade de carga utilizada, como tam-bém os músculos das pernas, braços e dorso, sendo que as mulheres possuem metade da força muscular para os levantamentos de pesos se tomarmos como referência os homens.

As mulheres, além de terem capacidade menor de levantamento dessas cargas, sofrem uma redução mais rápida com o afastamento das mesmas. Sendo assim, a sua capacidade de carga tem a influência da sua localização, levando em conta outras características, como as formas, dimensões e facili-dade de manuseio.

A equação de NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health — Estados Unidos) para levantamento de carga foi desenvolvida para calcular o limite recomendável em tarefas repetitivas de levantamento de cargas, sendo desenvolvida em 1981 e revisada em 1991, tendo o objetivo de prevenir ou de reduzir a ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas.

2.6 Transporte de cargas

Aqui, existem dois pontos a considerar:

1. O aumento do peso provoca uma sobrecarga fisiológica nos músculos da coluna e dos membros inferiores;

2. É estudado pela ergonomia, com o intuito de produzir métodos mais eficientes para o transporte de cargas, diminuindo os gastos energéticos e os problemas musculoesquelético.

A legislação brasileira tem uma norma para transporte e manuseio de mate-riais, especificamente para o trabalho de sacarias (NR 11). Uma outra, a NR18, estabelece o limite máximo de 60 kg para transporte e descarga individual em obras de construção, demolição e reparos. O levantamento individual é limitado a 40 kg.

Observa-se que os limites são muito elevados, em vista dos padrões ergo-nômicos recomendados, podendo causar tanto os traumas por impacto ou por excessivo esforço.

Não se pode recomendar cargas dessa magnitude para a maioria da popu-lação, sendo necessário selecionar pessoas do sexo masculino, jovens de boa compleição física, treinados para suportar cargas.

É bom salientar que isso não faz parte das recomendações ergonômicas.

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A ergonomia tem realizado muitas pesquisas justamente para adequar o trabalho à maioria da população.

Recomendações para o levantamento de cargas:

Mantenha a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os halterofilistas.

Mantenha a carga o mais próximo do coro, para reduzir o momento provocado pela carga.

Procure manter cargas simétricas, dividindo-as e usando as duas mãos para evitar a criação

de momentos em torno do corpo.

A carga deve estar 40 cm acima do piso.

Antes de levantar o peso, remova todos os obstáculos ao redor, que possam atrapalhar o

movimento.

Para saber mais

Recomendações para o transporte de carga.

mantenha a carga próxima ao corpo;

adote um valor adequado para cargas unitárias;

use cargas simétricas;

providencie pegas (pinças) adequadas;

trabalhe em equipe;

defina o cainho;

supere os desníveis do piso;

elimine desníveis entre postos de trabalho;

use carrinho;

use transportadores mecânicos.

Para saber mais

As mulheres possuem musculatura mais fina que os homens. Dessa forma, a potência máxima

que podem exercer é de 70% em relação aos homens.

Para saber mais

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Identifique uma situação que exija contração muscular estática. Apre-sente recomendações para aliviar essa carga estática.

Questões para reflexão

Tratando-se da contemporaneidade, como as organizações ainda traba-lham como se estivessem no século XIX, sabendo que seria muito mais viável a atenção nas questões ergonômicas para uma produção efetiva?

Questões para reflexão

Para saber mais sobre o assunto, sugiro que acesse o link a seguir:

<www.cefid.udesc.br>.

Links

Vivemos hoje em um ambiente altamente complexo. Reflexo da des-concertante evolução da tecnologia da informação e comunicação nas últimas décadas, a globalização vem promovendo mudanças constantes em velocidade cada vez maior, levando o trabalhador a repensar a sua realidade. A presente unidade que acabamos de estudar teve como propó-sito nos mostrar características que precisamos desenvolver para melhorar nosso ambiente de trabalho.

Para concluir o estudo da unidade

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A biomecânica ocupacional é uma parte da biomecânica geral, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho. Assim, preocupa-se com as interações físicas do trabalhador, com o seu posto de trabalho, máquina ferramentas e materiais, visando a reduzir os riscos de distúrbios musculoesqueléticos. Analisa basicamente a questão das posturas corporais de trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas consequências. Por fim, pode-se mostrar o trabalho inadequado que provocam estresses musculares, dores e fadiga que as vezes podem ser resolvidas com providências simples, com o aumento da redução da altura da mesa ou da cadeia, melhoria do layout ou concessão de pausas no trabalho. Essa unidade apresentou diversas recomendações sobre posturas do corpo e os limites das forças que podem ser exercidas, sem provocar danos ao trabalho.

Resumo

1. Elabore, de forma esquemática, um levantamento dentro do seu ambiente laboral, em cima do contexto abordado, os pontos positivos e negativos para termos os melhores resultados dentro da biomecânica ocupacional.

2. Compare os efeitos fisiológicos dos trabalhos estáticos e dinâmicos.

3. Quando e como se aplica o diagrama de dores?

4. Analise as consequências dos vários tipos de carga sobre a coluna.

5. Apresente pelo menos três recomendações para o transporte manual de cargas.

Atividades de aprendizagem

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Seção 1: Segurança no trabalho

Veremos aqui os conceitos básicos da segurança no trabalho e um breve histórico de sua necessidade junto aos trabalhadores.

Seção 2: QVT (Qualidade de Vida no Trabalho)

Esta seção conceituará o que é qualidade de vida no trabalho e apresentará um pequeno histórico dos conceitos. Falaremos, também, sobre motivação, con-dições físico-psicológicas do trabalhador e os benefícios sociais além do trabalho.

Objetivos de aprendizagem: Verificaremos a importância do tema não só para os trabalhadores, mas também para as empresas e para a sociedade. Os riscos que podem ser evitados acerca da saúde e da prevenção dos acidentes no trabalho e também a qualidade de vida que deve ser prestada aos trabalhadores para melhor produtividade em seus meios laborais serão objetos de estudo.

Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

Unidade 3

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56 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Introdução ao estudo

O período de desenvolvimento do capitalismo industrial caracteriza-se pelo crescimento da produção, pelo êxodo rural e pela concentração de novas populações urbanas. Alguns elementos marcantes podem ser retidos: duração de trabalho que atinge de 12 a 16 horas por dia; o emprego de crianças na produção industrial, de 3 a 7 anos de idade; salários muito baixos; falta de higiene; promiscuidade; acidente de trabalho etc. Este era o quadro da classe operária no século XIX.

Concentrações operárias, em função das necessidades da produção, emer-gem nas novas relações sociais, permitindo ao Estado tornar-se autônomo, progressivamente, em sua tutela patronal. A aparição das câmaras sindicais, das associações, das federações nacionais e dos partidos políticos dá ao movimento operário uma dimensão significativa, principalmente a partir da comuna.

As reivindicações operárias chegam a um nível propriamente político. As lutas operárias neste período histórico têm, essencialmente, dois objetivos: o direito à vida (ou à sobrevivência) e a construção de instrumento necessário à conquista: a liberdade de organização. “No que concerne ao que se poderia chamar de ‘pré-história da saúde dos trabalhadores’, vê-se emergir uma palavra de ordem que vai, por assim dizer, cobrir todo o séc. XIX: a redução da jornada de trabalho” (DEJOURS, 1980, p. 17, grifo do autor).

De acordo com Dejours (1980), somente no final do século são conquistadas leis sociais pertinentes, especificamente, à saúde dos trabalhadores:

1890 – reformulou-se normas de segurança nas minas;

1893 – lei sobre os acidentes de trabalho e sua indenização;

1905 – aposentadoria dos mineiros;

1910 – aposentadoria para o conjunto dos trabalhadores após 65 anos.

Segundo Dejours (1980), a partir da Primeira Guerra Mundial, até meados de 1968, o movimento operário adquiriu bases sólidas e atingiu a dimensão de uma força política, que foi crescendo nas relações de força. Podendo-se dizer que a organização dos trabalhadores traduziu-se na conquista primordial do direito de viver, mesmo se as condições de existência estavam longe de serem unificadas para o conjunto da classe operária.

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 57

O autor citado afirmou que, neste período, houve um salto qualitativo nas produções industriais, com o esforço de produção para as necessidades da guerra. O desfalque, resultante do número de mortos e feridos da guerra, no reservató-rio de mão de obra, os esforços da reconstrução e a reinserção dos inválidos na produção foram as condições de uma reviravolta na relação homem-trabalho.

Seção 1 Segurança no trabalho

Esse assunto é da maior importância, e não interessa apenas aos trabalha-dores, mas também às empresas e à sociedade como um todo, pois um traba-lhador acidentado provoca despesas ao sistema de saúde e passa a receber seus direitos previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas.

1.1 Conceito de segurança no trabalho

Um dos primeiros conceitos a se saber sobre segurança do trabalho é:

Segurança do trabalho (ou também denominado segurança laboral) é um conjunto de ciências e tecnologias que tem o objetivo de promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, visando a redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. É uma das áreas da segurança e saúde ocupacionais, cujo objetivo é identificar, avaliar e controlar situações de risco, proporcionando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para as pessoas.No Brasil, a segurança e saúde ocupacionais são regulamen-tadas na forma do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Este serviço está previstona legislação trabalhista brasileira e regulamentado em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, por intermédio da Norma Regulamentadora n. 4 (NR-4) (SEGU-RANÇA, 2013, p.1, grifo do autor).

Outro conceito encontrado diz que a segurança no trabalho pode ser en-tendida “[...] como os conjuntos de medidas que são adotadas visando a mi-nimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador” (INTRODUÇÃO..., 2013, p. 1).

Concluímos então que segurança no trabalho é a ciência que atua na pre-venção de acidentes de trabalho decorrentes dos fatores de riscos ocupacionais.

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58 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

1.1.1 O erro humano

Todas as vezes que ouvimos falar em acidentes, atribuímos isso ao fator humano (ou erro humano). No entanto, não é tão simples assim, pois não se trata propriamente de uma desatenção ou uma negligência do trabalhador. O erro humano tem sofrido modificações conforme as alterações no com-portamento social.

Sua natureza

O erro humano não deve ser considerado somente pelas suas consequências prejudiciais, mas pelo acompanhamento das variações do comportamento, pois esse nunca é constante. Há duas situações em que a variação do comporta-mento é considerada um erro:

Quando a intensidade da variável for muito grande, colocando-a fora de uma faixa considera normal ou aceitável.

Quando essa variação ou adaptação não for suficiente para acom-panhar mudanças exigidas pela tarefa ou ambiente.

A variação do comportamento humano é causada por fatores internos ao homem e provoca consequências externas.

O erro humano resulta das interações homem-trabalho ou homem-ambiente que não atendem a determinados padrões esperados. Nesse conceito estão implícitos três elementos:

uma ação humana variável;

uma transformação do ambiente (ou máquina) que não atenda a determinados critérios;

um julgamento da ação humana frente a essas situações.

Tipos de erros

Os erros mais comuns são os erros de percepção, cujas ações não produ-zem o efeito desejado. Existem casos de ações certas, porém executadas no tempo errado, ou ações que são omitidas ou acrescidas sem necessidade. Há diversas classificações de erros humanos, mas aquela mais usual é pelo nível de atuação do organismo.

Erros de percepção: erros devidos aos órgãos sensoriais.

Erros de decisão: ocorrem durante o processamento das informações pelo sistema nervoso central.

Erros de ação: dependem de ações musculares; exemplo – movimen-tos incorretos, posicionamentos errados e troca de controle.

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 59

Prevenção de erros

Uma das formas para prevenir os erros está na substituição do homem pela máquina em tarefas simples e repetitivas ou que precisem de muita força, ob-servando que as máquinas erram menos, mas não corrigem seus erros.

A aplicação dos conhecimentos ergonômicos contribui claramente para a redução dos erros, sendo que as máquinas devem ser construídas de modo que não funcionem enquanto todos os procedimentos de segurança tenham sido adotados.

A seleção, o treinamento e a supervisão adequada de operadores contribuem na redução de erros. Naturalmente, um operador treinado executará o trabalho em ritmo adequado e com menos erros.

1.1.2 Procedimentos seguros

São recomendações escritas que visam reduzir os acidentes nos locais de trabalho. Eles são continuamente atualizados para se adaptar aos novos equipamentos e mudanças nas condições de trabalho. Também incorporam as novas descobertas, baseados nas análises de incidentes e acidentes ocorridos no passado, podendo surgir novas normas e leis, existindo a tendência de que esses procedimentos se tornem cada vez mais detalhados e restritos.

1.1.3 Fatores que preponderam nos acidentes

Geralmente, os acidentes resultam de interações inadequadas entre o ho-mem, a tarefa e o seu ambiente, podendo haver, em cada caso, a predominância de um desses fatores. Todavia, essas causas não aparecem isoladamente e o acidente geralmente só ocorre quando há uma conjugação de fatores negativos.

Os modelos sequenciais são aqueles que explicam os acidentes por uma ca-deia de eventos. Em 1959, Heinrich formulou um modelo bastante difundido, que é chamado de dominó do acidente, pois existem cinco eventos ancadeados que levariam à lesão do trabalhador: personalidade; falhas humanas; causas de acidentes (condições inseguras e atos inseguros); acidente e lesão. Segundo essa teoria, a prevenção deveria ser feita pela retirada de uma das “pedras” para interromper a corrente e, assim, evitar a propagação da queda do dominó.

“Essa teoria é muito contestada, porque admite certos traços de personali-dade (insegurança, irresponsabilidade, teimosia, valentia [machismo])” (SILVA,

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2006, p. 26). Na prática, observou-se que existem realmente algumas pessoas que se envolvem com maior frequência em acidentes.

De acordo com Silva (2006, p. 17), outro modelo sequencial foi apresen-tado por Ramsey (1978), segundo o qual, uma pessoa exposta a uma condição insegura apresentaria os seguintes comportamentos sequenciais:

percepção do perigo (órgãos sensoriais); identificação do perigo (processamento da informação); decisão de evitar o perigo (escolha da alternativa) e habilidade para evitar o perigo (habilidade motora,

forças, tempo de reação) (SILVA, 2006, p. 17).

Qualquer falha em uma dessas etapas contribuiria para aumentar os riscos de acidentes. Esses modelos sequenciais centralizam as causas dos acidentes na falha humana. Modelos mais recentes são os mais abrangentes.

O método da árvore de causas foi proposto por Leplat e Rasmussen (1984 apud SILVA, 2006, p. 17) “[...] enquanto os métodos sequenciais apresentavam um relacionamento linear entre as causas, o método da arvore propõe um grafo com mais relacionamento mais complexo entre as causas”.

Para a construção da árvore de causas, parte-se de um acidente que já aconteceu e, a partir daí, organizar-se a lista de causas que contribuíram para a ocorrência do acidente. Depois, são definidas as relações entre essas causas, que podem ser de dois tipos:

a) Relação sequencial ou em série (x à y): o evento x é uma condição ne-cessária ou pré-requisito para a ocorrência do evento y; se não existir x, o evento y também não existirá. Ex.: o caso de uma pessoa que caiu y de uma escada x: se não tivesse subido na escada, a pessoas não teria caído.

b) Relação de confluência ou paralelo (x¹, x² à y): significa que é neces-sário ocorrer dois ou mais eventos para a ocorrência simultâneas x¹ e x², para eu ocorra consequentemente y. Ex.: uma pessoa que caiu y, de uma escada x¹, porque esta escorregou em um chão liso x².

Os autores do método da árvore de causas salientam que, em vez de ficar procurando quem foi o [“responsável”] pelo acidente, é melhor fazer uma análise das causas que ocasio-naram esse acidente, com o objetivo de eliminá-las, consiste em introduzir modificações no sistema produtivo, de modo que ele possa resistir aos erros humanos, ou para que tenha tolerância para absorver certa faixa de variação do comporta-mento humano (SILVA, 2006, p. 18, grifo nosso).

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Reason (1995 apud IIDA, 2005) propôs um modelo abrangente sobre as causas dos acidentes nas organizações, dividindo-as em três blocos.

Na organização, algumas decisões podem criar condições que favorecem o aparecimento de acidentes, estas são chamadas de falhas latentes, e incluem atividades como projetos do produto, projeto do trabalho, planejamento e controle da produção, plano de cargos e salários, investimentos na automação dos equipamentos.

Nas chamadas falhas ativas, temos o local de trabalho e trabalhadores, respectivamente bloco 2 e bloco 3; aqui, temos os erros e violação (como estresse, fadiga, monotonia, treinamento inadequado e conflitos com colegas e chefias).

Considerando que empresa é um sistema aberto, significa dizer que re-cebe diversos materiais e serviços de terceiros. Muitas vezes, as causas dos acidentes podem estar embutidas nesses fornecimentos recebidos pela em-presa, podendo criar-se barreiras para que essas falhas não se transformem em acidentes.

Nos modelos fatoriais, não existiria uma sequência lógica ou temporal de eventos, mas um conjunto de fatores que interagem continuamente entre si e cujo desfecho pode ser um quase-acidente ou acidente (SEGURANÇA..., 2013). Esse modelo é mais dinâmico, pois os fatores estariam em contínua evolução, bem como as interações entre eles.

1.1.4 A prática do 5-S

É uma prática bastante simples, barata e eficiente para manter os locais de trabalho limpos, arrumados e saudáveis, para reduzir os riscos de acidentes. Essa sigla tem origem em cinco palavras japonesas (todas começando com s), que po-dem ser traduzidas por: ordenação, arrumação, limpeza, higiene e autodisciplina.

O 5-S ajuda a desenvolver práticas seguras no trabalho, para que os riscos de acidentes sejam minimizados. Os benefícios imediatos são a melhoria do ambiente de trabalho, uso eficiente do tempo, melhor aproveitamento de ma-teriais, prevenção de acidentes e aumento de produtividade.

1.1.5 Treinamento em segurança

O treinamento em segurança visa transmitir as práticas seguras no trabalho, desenvolvendo a capacidade de reconhecer as condições inseguras e criando

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habilidade para evitar os acidentes e, no caso da ocorrência de acidentes, o trabalhador deve saber como proceder, comunicando imediatamente o fato aos seus superiores ou acionando a chamada de profissionais especializados. Se for o caso, ele próprio pode prestar os primeiros socorros.

Existem várias modalidades de treinamento em segurança, aquelas mais simples e que ocorre no próprio local de trabalho e as mais efetivas, que con-sistem em aulas, apresentadas por especialistas, em que cada turma deve ter um máximo de quinze alunos, sempre complementadas com filmes, vídeos, discussão de casos e visitas aos locais de trabalho, com o instrutor mostrando in loco as fontes do perigo.

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Seção 2 QVT (Qualidade de Vida no Trabalho)

Nesta seção, trabalharemos com a origem da qualidade de vida no trabalho, motivação, o escopo da qualidade de vida no trabalho, as condições físico--psicológicas do trabalho, benefícios sociais além do trabalho, a evolução do conceito de QVT e as categorias conceituais de QVT.

Em 1950, teve início o movimento de Qualidade de Vida no Trabalho com abordagens sociotécnicas. Na década de 1960, tomaram impulsos iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho, no intuito de amenizar os efeitos negativos do emprego na saúde e bem-estar dos trabalhadores.

O professor Louis Davis foi quem introduziu publicamente, na década de 1970, a expressão qualidade de vida no trabalho (QVT).

Segundo Rodrigues (1994, p. 76 apud MORETTI, 2007, p. 12), “[...] quali-dade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início da sua existência com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar o trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”.

Quadro 3.1 Evolução do conceito de QVT

Concepções evolutivas da QVT

Características ou visão

QVT como uma variável (1959 a 1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se como me-lhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

QVT como uma aborda-gem (1969 a 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias tendo o empregado como direção.

QVT como um método (1972 a 1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinô-nimo de grupos autônomos de trabalho enriquecedor de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica.

QVT como um movimento (1975 a 1981)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos “administração participativa” e “democracia industrial” eram frequentemente ditos como ideias do movimento de QVT.

continua

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QVT como tudo (1979 a 1982)

Como panaceia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais.

QVT como nada (futuro)No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no fu-turo, não passará de um “modismo” passageiro.

Fonte: Vasconcelos (2001, p. 24-25)

2.1 Difusão do Conceito de Qualidade de Vida no

Trabalho

Segundo Korn (1998 apud ARMELIN; SAMPAIO, 2009, p. 7), o presidente da Gazeta Mercantil:

Qualidade de Vida é a busca contínua da melhoria dos pro-cessos de trabalho, os quais precisam ser construídos não só para incorporar as novas tecnologias como para aproveitar o potencial humano, individual e em equipe. No contexto em-presarial ela se insere na qualidade organizacional, no repensar contínuo da empresa.

A preocupação com o ritmo mais intenso do trabalho passou a ser neces-sidade para o profissional com qualidade de vida.

Com as novas tecnologias e a busca de qualidade total nas empresas, a pressão sobre os profissionais também aumentaram, ocorrendo a redução da qualidade de vida no trabalho e o aumento dos casos de estresse em todo o mundo. Sendo o estresse uma resposta do corpo à pressão.

2.1.1 Qualidade de Vida no Trabalho como expansão do

conceito de qualidade total

O segundo movimento refere-se à expansão do conceito de qualidade total, que teve origem na engenharia e visava, especialmente, a processos e contro-les produtivos e tecnológicos da fabricação do produto. Com a evolução do conceito de Qualidade Total para serviços, abriu-se uma nova discussão sobre a necessidade de incluir nele o conceito de Qualidade Pessoal e, consequen-temente, o de Qualidade de Vida no Trabalho (como parte dos Programas de Qualidade Total).

O gerenciamento da qualidade, e inclusive a busca da cer-tificação ISO 9000, tem sido um dos procedimentos mais frequentes em todo o mundo, a começar pelas exigências [do

continuação

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Mercado Comum Europeu] de acelerar e proteger a integração econômica europeia (FLEURY, 2002, p. 13).

A Qualidade de Vida no Trabalho é uma evolução da Qualidade Total. O esforço que deve ser desenvolvido é o de conscientização, o de preparação de postura para a qualidade em todos os sentidos: produção, serviço, desempenho e qualidade de vida no trabalho.

2.1.2 Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho

Segundo Chiavenato (1985, p. 393), existem oito fatores que afetam a QVT, a saber:

Compensação justa e adequada: a justiça distributiva de com-pensação depende da adequação da remuneração ao trabalho que a pessoa realiza, da equidade interna (equilíbrio entre as remunerações dentro da organização) e da equidade externa (equilíbrio com as remunerações do mercado de trabalho);Condições de segurança e saúde no trabalho: envolvendo as dimensões jornada de trabalho e ambiente físico adequado á saúde e bem-estar da pessoa;Utilização e desenvolvimento de capacidades: proporcionar oportunidades de satisfazer as necessidades de utilização de habilidades e conhecimentos do trabalhador, desenvolver sua autonomia, autocontrole e obter informações sobre o processo total do trabalho, bem como retroinformação quanto ao seu desempenho;Oportunidades de crescimento contínuo e segurança: no sentido de proporcionar possibilidades de carreira na organi-zação, crescimento e desenvolvimento pessoal e segurança no emprego de forma duradoura;Integração social na organização: eliminação de barreiras hierárquicas marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de preconceito;Constitucionalismo: refere-se ao estabelecimento de normas e regras da organização, direitos e deveres do trabalhador, recursos contra decisões arbitrárias e um clima democrático dentro da organização;Trabalho e espaço total de vida: o trabalho não deve absor-ver todo o tempo e energia do trabalhador em detrimento de sua vida familiar e particular, de seu lazer e atividades comunitárias;Relevância social da vida no trabalhador: o trabalho deve ser uma atividade social que traz orgulho para a pessoa, em particular, de uma organização. A organização deve ter uma

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atuação e uma imagem perante a sociedade, responsabilidade social, responsabilidade pelos serviços oferecidos, práticas de emprego, regras bem definidas de funcionamento e de admi-nistração eficiente.

Motivação

Conforme Davis e Newstron (1991 apud MORETTI, 2007, p. 2) “[...] embora não haja respostas simples para a questão da motivação um importante ponto de partida reside na compreensão das necessidades do empregado”.

A motivação faz tanto bem como mal; as pessoas estão pré-dispostas a mostrar o que elas têm de bom e de ruim, se elas não são motivadas a fazer algo ou não, alcançar um objetivo, elas farão alguma coisa caso queiram, mas, a menos que estejam prontas para assumir as atitudes e valores motivadores, os comportamentos não serão duradouros.

Ainda segundo Davis e Newstron (1991 apud MORETTI, 2007, p. 3) “[...] cada pessoa também deve conhecer suas responsabilidades individuais”.

De acordo com Weiss (1991, p. 32 apud MORETTI, 2007, p. 3) “[...] as pessoas trabalham por recompensa. Essas não precisam ser tangíveis, como dinheiro. Po-dem ser intangíveis, como, no caso, deixar um funcionário ser líder de um grupo”.

Conseguir o máximo e o melhor dos outros quer dizer que você deve es-tabelecer padrões elevados, mas razoáveis, e deve reconhecer suas próprias responsabilidades, bem como a dos empregados, e deve deixar que o empre-gado pague o preço pelo mal resultado, ou receba a recompensa pelo sucesso (MORETTI, 2007).

Mattos (1997 apud MORETTI, 2007, p. 4) diz que a “[...] motivação humana age em fatores que a influem: trabalho em grupo; reconhecimento, segurança e integração ao grupo; necessidades fisiológicas; necessidade material; neces-sidades sociais; necessidade do ego; necessidade autorrealização”.

2.1.3 O escopo da Qualidade de Vida no Trabalho

Segundo Barcelos (2010, p. 22):

[...] a tecnologia da QVT pode ser utilizada para que as orga-nizações removam suas formas de organização no trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleva o nível de satisfação do pessoal, eleve-se também a produtividade das empresas como resultado de maior participação dos empre-gados nos processos relacionados ao seu trabalho.

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Um programa de QVT tem como meta, gerar uma organiza-ção mais humanizada, na qual os trabalhadores envolvem, ao mesmo tempo, relativo grau de responsabilidade e de autonomia em nível do cargo, recebimento de recursos de “feedback” sobre o desempenho, com tarefas adequadas, variedade, enriquecimento individual do indivíduo. Não há Qualidade de Vida no Trabalho sem Qualidade Total, ou seja, sem que a empresa seja boa. Não confundir QVT com política de benefícios, nem como atividade festi-vas de congraçamento, embora essas sejam importantes em uma estratégia global. A qualidade tem haver com a cultura da organização. São os valores, a filosofia da empresa, sua missão, o clima participativo, o gosto por pertencer a ela e as perspectivas concretas de desenvolvimento pessoal que criam a identificação empresa-empregado. O ser hu-mano fazendo a diferença na concepção da empresa e em suas estratégias.

De acordo com Fernandes (1996 apud MORETTI, 2007, p. 4), “A qualidade é antes de tudo uma questão de atitude. Quem faz e garante a qualidade são as pessoas, muito mais que o sistema, as ferramentas e os métodos de trabalho”.

Rodrigues (1999 apud MORETTI, 2007, p. 4) considera que:

A expressão de qualidade de vida tem sido usada com cres-cente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.

Fernandes (1996 apud MORETTI, 2007, p. 10) propõe sete categorias con-ceituais, incluindo critérios da QVT, veja o quadro abaixo.

Quadro 3.2 Categorias conceituais de QVT

Critérios Indicadores de QVT

1. Compensação justa e adequada

Equidade interna e externaJustiça na compensaçãoPartilha de ganhos de produtividade

2. Condições de trabalhoJornada de trabalho razoávelAmbiente físico seguro e saudávelAusência de insalubridade

3. Uso e desenvolvimento de capacidades

AutonomiaAutocontrole relativoQualidades múltiplasInformações sobre o processo total do trabalho

continua

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68 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

4. Oportunidade de cresci-mento e segurança

Possibilidade de carreiraCrescimento pessoalPerspectiva de avanço salarialSegurança de emprego

5. Integração social na organização

Ausência de preconceitosIgualdadeMobilidadeRelacionamentoSenso comunitário

6. Constitucionalismo

Direitos de proteção ao trabalhadorPrivacidade pessoalLiberdade de expressãoTratamento imparcialDireitos trabalhistas

7. O trabalho e o espaço total de vida

Papel balanceado no trabalhoEstabilidade de horáriosPoucas mudanças geográficasTempo para lazer da família

Fonte: Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48).

2.1.4 Condições físico-psicológicas do trabalho

Há muitas reclamações das condições opressivas do trabalho referente às necessidades de se produzir mais e melhor. A produtividade (qualidade e quanti-dade de produtos e serviços executados com o tempo cada vez menor) é a meta das organizações. Mas são os seres humanos, os responsáveis por esta produ-ção. E os seres humanos formam “um ambiente” no seu inter-relacionamento.

As condições físico-psicológicas referem-se ao ambiente interno tanto físico--geográfico como físico-psicológico de uma organização.

Para Matos (1980, p. 118 apud MORETTI, 2007, p. 10) “[...] a humaniza-ção do ambiente de trabalho significa tornar o clima interno não opressivo, participativo, receptivo ao inter-relacionamento cordial e cooperativo em todos os níveis”.

A qualidade de vida no trabalho repercute em um processo de humaniza-ção que traz muitos benefícios ao trabalhador e, para se atingir tal qualidade, é necessário que o ambiente seja bom, alegre e desafiador.

continuação

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 69

2.1.5 Aspectos psicofisiológicos

Ao analisar as relações do homem com o trabalho, descobri-mos aspectos, uns momentâneos e outros duradouros, acerca dessa interação. A monotonia, a fadiga, a motivação e o es-tresse representam quatro desses importantes aspectos, que devem ser considerados fatores de interesse a todos aqueles que realizam análises e projetos sobre as condições humanas de trabalho (AVALIAÇÃO..., 2007, p. 2).

Outros aspectos como a idade, o sexo e a presença de pessoas deficientes no ambiente de trabalho também representam assuntos em discussão das últimas décadas. Nesse contexto, esclarece-se que o homem adulto de 20 a 30 anos tem sido considerado o paradigma do trabalhador, mas tal fato vem sendo cada vez mais questionado à medida em que outros segmentos representativos da sociedade participam, de forma mais intensa, das atividades produtivas.

Em relação à adaptação ao trabalho, sabe-se que, em determinados dias e horários, o organismo mostra-se mais apto, havendo, nesses momentos, um rendimento maior e, concomitantemente, menores riscos à saúde física e mental dos trabalhadores. Porém, diversos fatores condicionam esse estado positivo e favorável do organismo humano. Alguns desses fatores são intrínsecos, como a natureza pessoal e intransferível do ritmo circadiano, enquanto outros são extrínsecos e dizem respeito, por exemplo, aos fatores determinados pelos trei-namentos ou pela organização específica do trabalho em algumas empresas.

Exemplificando: no início das atividades laborais, o organismo precisa de um certo período de “aquecimento”, até que se encontre em um estado ideal de equilíbrio e possa atender às exigências do trabalho. Esse estado de equilíbrio é atingido às custas de modificações fisiológicas que, por sua vez, necessitam de um ritmo paulatino para se estabelecerem adequadamente.

No início das atividades, os músculos atuam em desvantagem, havendo um débito de oxigênio. O metabolismo dos músculos produz, então, ácidos como o lático e o racêmico, e esses, por sua vez, elevam o teor ácido do sangue. Essa acidez sanguínea serve de estimulante à dilatação dos vasos e ao aumento da frequência respiratória, que assim agem com o objetivo de aumentar os índices do oxigênio muscular. Terminada ou diminuída a atividade, os níveis fisiológicos retornam, também paulatinamente, para os níveis de repouso.

Naqueles casos em que se executa trabalho físico pesado, é aconselhável fazer um pré-aquecimento ou iniciar a atividade com uma intensidade menor,

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fornecendo uma oportunidade para que o organismo se adapte, visando a mi-nimização da defasagem entre a oferta e a demanda de oxigênio.

Considerando-se a adaptação do organismo em decorrência do treinamento, quando uma pessoa realizar uma tarefa pela primeira vez sentirá, provavel-mente, maiores dificuldades que outra já habituada a esse trabalho. Nesse caso, é possível observar a ocorrência de movimentos bruscos, deselegantes e descoordenados, além de aumento dos erros, da produção de refugo e da quantidade de retrabalho. Porém, no dia seguinte, as dificuldades tendem a ser menores e, com o passar do tempo, a adaptação diminui a necessidade ener-gética no desempenho da tarefa, ao mesmo tempo que eleva a produtividade.

Outro fator a ser considerado na relação entre o homem e o trabalho é a monotonia, que pode ser definida como a reação do organismo em relação a um ambiente uniformemente pobre em estímulos ou com poucas variações de situações excitadoras.

Os sintomas mais indicativos da monotonia são as sensação de fadiga, a sonolência, a morosidade e uma diminuição peri-gosa dos níveis de atenção. Além disso, situações como ruído contínuo (alto ou baixo), calor excessivo e isolamento social também intensificam os riscos de aparecimento da monotonia. Do ponto de vista operacional, há duas consequências men-suráveis da monotonia: a diminuição de atenção e o aumento do tempo de reação. Os órgãos dos sentidos são especialmente sensíveis às mu-danças no nível de excitação, mas tornam-se insensíveis às excitações permanentes de nível constante, reagindo como se não houvesse novos estímulos, pois o organismo se adapta ao nível dessas excitações, e são ativados novamente quando há a introdução de um novo limiar. Esse é um mecanismo de defesa do organismo, que tente a se proteger das excitações regulares “desligando-se” delas. Portanto, tarefas repetitivas diminuem o nível de excitação do cérebro, causando uma diminuição geral das reações do organismo (CALEGARI, 2003, p. 45, grifo do autor).

Já a fadiga pode ser entendida como o efeito de um trabalho continuado, que tende a provocar uma redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. A fadiga é causada por um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são cumulativos. Inicialmente, temos os fato-res fisiológicos relacionados com a intensidade e a duração do trabalho físico e intelectual. Depois, há a ação dos fatores psicológicos, como a monotonia

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e a desmotivação e, em seguida, os fatores ambientais (iluminação, ruídos) e organizacionais (relacionamento com a chefia e com os colegas de trabalho).

Uma pessoa fatigada tende a aceitar padrões mais pobres de precisão e segurança. Essa tendência leva à simplificação da tarefa, com a eliminação de tudo aquilo que não parece essencial.

As atividades com excesso de carga mental e de elevada densidade psicoló-gica provocam decréscimo da precisão na discriminação de sinais, retardando as respostas sensoriais e aumentando a irregularidade das respostas motoras. Com a elevação da complexidade das tarefas, a fadiga também causa desorga-nização das estratégias do trabalhador para atingir seus objetivos.

A sobrecarga ocorre quando as solicitações que recaem sobre o indivíduo excedem sua capacidade de resposta. Isso depende do grau de liberdade que o trabalhador dispõe para solucionar o problema, da estratégia elaborada para solucioná-lo, do nível de conhecimento e da habilidade individual.

A motivação é outro aspecto que não pode ser excluído da análise do re-lacionamento entre o homem e o trabalho. Existe no comportamento humano algo que faz uma pessoa perseguir um determinado objetivo por um certo tempo, que pode ser breve ou longo, e que não pode ser explicado somente pelos seus conhecimentos, pela experiência ou pelas habilidades. Esse “algo” é por vezes denominado “garra”, determinação, impulso ou, mais generica-mente, motivação.

O resultado final do trabalho pode ser considerado, de certa forma, a res-posta da habilidade pessoal conjugada à motivação. A habilidade está relacio-nada à capacitação pessoal ou aos pré-requisitos apresentados pelo trabalhador, enquanto a motivação agrega-se à decisão de realizar esse trabalho (IIDA, 2005).

Um trabalhador motivado produz mais e melhor, ao mesmo tempo que apresenta menores riscos de lesão, pois sofre menos os efeitos da monotonia e da fadiga, além de não ser pressionado pela hierarquia superior, já que não necessita de supervisão constante.

O fator primordial de motivação é o salário, principalmente considerando--se os trabalhadores de renda mais baixa. Assim, os critérios de remuneração e promoção devem sempre estar claramente estabelecidos na relação do homem com o trabalho e, sempre que possível, baseados no desempenho das atividades e no nível de aperfeiçoamento pessoal.

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72 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

O estresse representa [outro] aspecto psicofisiológico da adap-tação do homem ao trabalho. Na sociedade moderna, o avanço tecnológico, o aumento da competição, a pressão de consumo, a ameaça da perda do emprego e outras dificuldades do dia a dia representam aos trabalhadores fontes constantes de estí-mulos estressantes (CALEGARI, 2003, p. 32) As pessoas estressadas apresentam algumas modificações visí-veis de comportamento. Em primeiro lugar, há uma perda da autoestima e da autoconfiança, surgem os problemas com o sono caracterizado principalmente pela insônia, há manifesta-ções de agressividade e início de consumo excessivo de álcool, fumo ou drogas (MELO JÚNIOR; RODRIGUES, 2005, p. 41).Depois, surgem as alterações neuroendócrinas que interfe-rem nas funções fisiológicas e inibem as defesas naturais do organismo, tornando-o mais vulnerável. Além desses, outros indicadores podem ser evidenciados: queda da eficiência, ausências constantes no trabalho, insegurança nas decisões, entre outros (NICOLETTI, 2008, p. 33).

As causas do estresse são muito variadas e possuem efeito cumulativo. As exigências físicas ou mentais exageradas provocam estresse, mas esse pode incidir mais acentuadamente naquelas pessoas já afetadas por outros aspectos, como conflitos com a chefia ou até problemas familiares. Algumas causas prin-cipais do estresse incluem: o conteúdo do trabalho, representado pela pressão existente para a realização de um certo ritmo de produção, o grau de responsa-bilidade da tarefa e os conflitos existentes; os sentimentos de incapacidade, em que o estresse decorre das percepções individuais inadequadas do trabalhador em relação à necessidade de atender a uma demanda ou ao cumprimento de prazos anteriormente estabelecidos; as condições de trabalho, que incluem as situações físicas e ambientais desfavoráveis, muitas vezes exigindo posturas inadequadas na execução de diversas laborais; os fatores organizacionais, como o comportamento gerencial, a remuneração insatisfatória, o excesso de horas extras e o trabalho em sistema de revezamento; as pressões socioeconô-micas, representadas pela pressão do pagamento de dividas e compromissos assumidos, além da presença de conflitos com os colegas de trabalho, amigos ou familiares.

Resumidamente, pode-se considerar que a sociedade moderna, o avanço tecnológico, a pressão do consumo, o aumento da competitividade, a ameaça constante do desemprego e outras dificuldades do dia a dia fazem com que as pessoas vivam cada vez mais em situação estressante (IIDA, 2005).

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 73

O estresse possui gênese multifatorial e afeta cada pessoa de maneira diferente, não é possível estabelecer apenas uma única forma de prevenção, mas existe um conjunto de medidas que devem ser estabelecidas, como por exemplo: o enriquecimento da tarefa, a reestruturação do posto de trabalho, a readaptação de ferramentas e instrumentos inadequados, a intensificação dos contratos sociais e assim em diante.

Porém, essas medidas não podem atuar isoladas, devendo ser norteadas por um programa que as integrem no nível dos benefícios individuais e coletivos. Assim, esses programas em longo prazo constituem uma poderosa ferramenta para acabar ou minimizar as fontes do estresse, proporcionando resultados significativos na manutenção da saúde dos trabalhadores.

Estresse

A raiz da palavra estresse vem do latim stringere e tem como significado “espremer”. Pereira (2006) menciona que a palavra stress consta do vocabulário anglo-saxônico desde o século XVII, empregada para descrever “adversidade” ou “aflição”. Já no século XVIII, a palavra stress passa a ser empregada para expressar pressão ou forte esforço do corpo humano. No entanto, somente no século XX é que o termo ganha a conotação científica dos dias atuais.

Estresse é estado gerado pela percepção de estímulos que promovem ex-citação emocional.

Segundo Selye (1936), é o estado de tensão do organismo quando obrigado a mobilizar suas defesas para enfrentar uma situação desafiadora.

Estresse é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indi-víduo que procura se adaptar e se ajustar às pressões internas e externas.

Nas situações de estresse, há uma descarga de adrenalina no organismo, e os órgãos que mais sentem esse impacto são os aparelhos circulatórios e res-piratórios. No aparelho circulatório, a descarga de adrenalina gera aceleração dos batimentos cardíacos e diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos. No aparelho respiratório, ocorre a dilatação dos brônquios, e aumento da frequên-cia respiratória.

O estresse pode ser classificado em quatro níveis:

1. Estresse físico: devido às pressões físicas.

2. Estresse psíquico: quando é consequência de pressões psíquicas.

3. Estresse de sobrecarga: quando as demandas do ambiente exigem mais que do que a estrutura psíquica do indivíduo é capaz de suportar.

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74 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

4. Estresse por monotonia: quando a carga de pressões está aquém das necessidades de cada pessoa.

É subdividido em:

Estresse agudo: reação imediata do organismo diante de pressões específicas ou momentâneas.

Estresse crônico: desenvolve-se a partir da permanência das reações de stress no organismo por intervalos maiores de tempo.

Quando o processo de estresse se torna repetitivo e constante, o indivíduo pode estar em fase de exaustão ou Burnout. Quem sofre de Burnout apresenta um quadro de exaustão física e mental, e manifesta vários sintomas. Quem sofre da síndrome de Burnout sente-se perseguido ou segregado no ambiente de trabalho, e pode tornar-se agressivo ou apático e desenvolver quadros de depressão e ansiedade excessiva.

Agentes estressores:

Nos tempos atuais:

aglomeração de pessoas;

ruídos;

trânsito;

violência;

mudanças rápidas;

consumo de drogas e álcool.

Individuais:

sensibilidade pessoal;

órgão de choque;

experiências;

estado de ânimo;

demandas familiares;

perfil socioeconômicos.

Organizacionais:

participação;

planejamento;

carga de trabalho;

subsídios para as metas;

critérios de remuneração;

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 75

promoções;

empregabilidade.

2.1.6 Benefícios sociais além do trabalho

Os benefícios além do trabalho podem, à primeira vista, causar estranheza do ponto de vista racional, em um sistema em que é justo receber conforme se trabalha. Benefício é uma remuneração indireta, porque gera custo em dinheiro à organização. Conclui-se então que benefícios são custos (MORETTI, 2007).

Na filosofia humanística, as pessoas almejam mais da organização do que apenas pagar pelo “justo” trabalho. Elas reivindicam o papel social da organi-zação em que trabalham.

Para Chiavenato (1985, p. 77):

Benefícios sociais são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e serviços que as organizações oferecem aos seus empregados, no sentindo de poupar-lhes esforços e preocu-pação [...] e estão intimamente relacionados com a gradativa conscientização da responsabilidade social da organização.

Não são muitas as organizações que não possuem pelo menos uma forma de benefício social além do trabalho para seus empregados.

Para Aquino (1979, p. 192 apud MORETTI, 2007, p. 7), “[...] no Brasil a assistência médica constitui o benefício de melhor aceitação, seguido pela ajuda à refeição e transporte”.

No entanto, como benefícios custam dinheiro a implantação de um programa de benefícios deve ser planejado e tais custos devem ser calculáveis para poder repousar em financiamento sólido e garantido. E, porque custa dinheiro, a existência de muitos benefícios atualmente sustentam-se não pela filosofia humanista, mas por intermédio de tratamento tributário favo-rável por parte do Estado para as organizações que os mantêm (QUALIDADE..., 2013, p. 3)

Para Chiavenatto (1985, p. 9), “[...] além as vantagens tributárias muitos benefícios ainda sobrevivem graças ao suposto retorno que deveria ter para a organização. As organizações os mantêm como recursos, além do cotidiano do trabalho para garantir a moral dos funcionários e aumentar o bem-estar dos que trabalham visando assim maior produtividade”.

Um dos grandes problemas dos benefícios é: o paternalismo inerente ao processo. Os dirigentes não estão errados em querer produtividade, porém,

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76 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

não há garantia de maior produtividade com os benefícios sociais. Há um grande equívoco nos programas de benefícios sociais, pois se transformam em assistencialismo paternalista, ressaltando a dependência do funcionário ou são excluídos em virtude do baixo retorno.

No Brasil, a NR nº 5 (1999) exige a organização da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

(CIPA) em todos os estabelecimentos com mais de vinte empregados. Ela é composta de repre-

sentantes da empresa e dos empregados, sendo que aqueles são eleitos por estes.O número de

elementos dessa Comissão depende do número de empregados e do setor de atuação da

empresa. Exemplo: o setor de equipamentos, máquinas e ferramentas, deve haver 1 represen-

tante eleito para empresa com até 50 empregados. 2 até 100, 3 até 120, 4 até 300 e assim

sucessivamente. A CIPA deve reunir-se pelo menos uma vez ao mês, ou sempre que houver um

acidente, podendo atuar preventivamente ou corretivamente, assessorando a empresa na tomada

das medidas necessárias.

Para saber mais

Onde está o limite entre o estresse natural, necessário para a vida e o estresse prejudicial à saúde? Esta é uma questão em aberto, pois a experiência mostra que muitas pessoas podem aguentar uma grande quantidade de estresse, enquanto que outras, já com cargas peque-nas de estresse, manifestam sinais de doenças. A fronteira é, assim, pessoal e individual; provavelmente, a sensibilidade aos estressores varia de uma faixa etária a outra significativamente. Ao lado da intensidade dos estressores, é também de importância fundamental na sensibilidade ao estresse o preparo do indivíduo, isto é, de seus recursos, para trabalhar internamente com estressores e superá-los.

Questões para reflexão

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 77

Quadro 3.3 Instrumento de avalição da qualidade de vida no trabalho

1. Como você avalia o espaço de trabalho no que diz respeito à tarefa a ser realizada e a quem a realiza?

( ) muito satisfatório

( ) satisfatório

( ) pouco satisfatório

( ) insatisfatório

( ) muito insatisfatório

2) Qual é seu grau de concordância perante esta afirmação: “Os móveis dos postos de trabalho estão de acordo com a tarefa a ser executada, bem como com o funcionário que a executa”?

( ) concordo totalmente

( ) concordo

( ) indiferente

( ) discordo

( ) discordo totalmente

3. Com relação ao ambiente térmico, como você o avalia?

( ) muito satisfatório

( ) satisfatório

( ) pouco satisfatório

( ) insatisfatório

( ) muito insatisfatório

4. No que diz respeito aos ruídos externos e de equipamentos, eles têm prejudicado a realização de alguma tarefa?

( ) muito pouco ou quase nada

( ) pouco

( ) normal

( ) bastante

( ) muito

5. Você tem alguma coisa dizer do ambiente luminoso? Ele tem cau-sado transtorno na realização das tarefas?

( ) muito pouco ou quase nada

( ) poucocontinua

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78 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

( ) normal

( ) bastante

( ) muito

6. No que diz respeito ao ambiente tóxico, existe algum incômodo (fumaça etc.)?

( ) muito pouco ou quase nada

( ) pouco

( ) normal

( ) bastante

( ) muito

7. Com relação ao ambiente bacteriológico (ar-condicionado etc.) o que você tem a dizer?

( ) está muito bom

( ) está bom

( ) normal

( ) não está muito bom

( ) está péssimo

8. Em sua opinião, como você encara a adequação entre a formação do funcionário e o cargo ocupado por ele?

( ) deve haver total adequação

( ) deve haver adequação sempre que possível

( ) indiferente

( ) não precisa haver nenhuma adequação

9. Como é o poder de decisão dentro da organização?

( ) muito satisfatório

( ) satisfatório

( ) pouco satisfatório

( ) insatisfatório

( ) muito insatisfatório

10. A integração entre o pessoal da administração, entre os funcionários entre si e entre a administração e os funcionários é um fator:

( ) muito importante

( ) importante

continuação

continua

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 79

( ) não é importante

11. Sobre a jornada de trabalho, como você a avalia?

( ) muito satisfatório

( ) satisfatório

( ) pouco satisfatório

( ) insatisfatório

( ) muito insatisfatório

12. A questão do acúmulo de tarefas é preocupante para você?

( ) sim, muito

( ) sim, pouco

( ) indiferente

( ) não é importante.

13. E o rodízio de postos, preocupa?

( ) sim, muito

( ) sim, pouco

( ) indiferente

( ) não é importante

14. Sobre a questão do tratamento dos erros cometidos, existe algum tipo de preocupação?

( ) sim, muito

( ) sim, pouco

( ) indiferente

( ) não é importante

15. Você concorda que as instruções através de manuais, cartas circu-lares e relatórios são claras, objetivas e concisas?

( ) concordo totalmente

( ) concordo

( ) indiferente

( ) discordo

( ) discordo totalmente

16. Em sua opinião, o que mais dificulta a atualização do funcionário?

( ) excesso de instruções

( ) falta de objetividade nas informações tramitadas

continuação

continua

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80 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

A evolução ocorre por meio do aprendizado que adquirimos com erros e acertos por nós e por outros em momentos passados. A partir da década de 1980, o conceito de serviços começou a ser tratado seriamente e, assim,

Para concluir o estudo da unidade

Fonte: Do autor (2013).

( ) falta de preparo da gerência média

( ) outra resposta:________________________

17. O que você acha sobre a comunicação que existe entre os funcio-nários de diferentes postos de trabalho (para tirar dúvidas etc.)?

( ) são totalmente saudáveis

( ) são saudáveis, em parte

( ) indiferente

( ) não deveriam ocorrer

( ) outra resposta / considerações: ______________________

18. No que diz respeito à qualificação e competência dos funcionários, na sua opinião, elas estão dentro do desejado?

( ) sim, totalmente

( ) sim, parcialmente

( ) indiferente

( ) não

19. Com relação à política salarial, você classifica-a como:

( ) muito satisfatória

( ) satisfatória

( ) pouco satisfatória

( ) insatisfatória

( ) muito insatisfatória

20. Sugestões e/ou outras considerações:

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S e g u r a n ç a e Q u a l i d a d e d e Vi d a n o Tr a b a l h o ( Q V T ) 81

A QVT e a segurança no trabalho atuam de forma conjunta para que o trabalhador tenha seu desempenho pleno. Oferecendo um diferencial, as organizações estão mais voltadas a este aspecto. Tendo uma qualidade superior, é certa a sua sobrevivência. Nesse mesmo olhar temos os nossos clientes, que irão apreciar essa melhora na qualidade como um reflexo mais do que certo. Sendo assim, a QVT é o somatório das experiências individuais do funcionário com a empresa, tal como ela as encara.

Acontece também que, muitas vezes, os próprios funcionários acham que problemas de cultura, clima, QVT ou circunstância além do alcance da administração não importam.

Entretanto, os seguintes fatores são definidos em termos de percepções dos empregados:

trabalho que valha a pena fazer;

condições seguras de trabalho;

supervisão competente;

feedback;

oportunidades para crescer e aprender;

meritocracia;

clima social positivo;

justiça.

Cada um desses fatores desempenha um papel na percepção do indi-víduo quanto a “como é trabalhar ali”.

Resumo

a questão da qualidade está se tornando cada vez mais importante neste setor. Administrar a qualidade de serviço é mais difícil do que controlar a qualidade de produtos manufaturados. A natureza é de constante mudança e a natureza efêmera dos serviços torna difícil aplicar técnicas padrões de manejo de qualidade. Cabe a nós nos conscientizarmos desta realidade e passarmos a conhecer e a entender o passado para construirmos um futuro cada vez melhor.

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82 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

1. Descreva um acidente que você ou alguém da sua família tenha sofrido. Construa a árvore de causas do mesmo e faça uma análise fatorial desse acidente.

2. Descreva a relação entre as oportunidades de aplicação da ergonomia que vão desde a indústria até o setor primário da economia, onde as condições de trabalho são as mais árduas e os índices de acidentes são elevados. A rápida expansão do setor de serviços, o advento da informática e da automação, criam novas oportunidades e desafios à ergonomia.

3. Faça uma análise a respeito do estresse, suas divisões e subdivisões, apresentando exemplos práticos.

4. Cite a evolução da QVT e suas categorias.

5. Desenvolva, de forma resumida, seu ambiente no trabalho, levando como referência os conceitos oferecidos nesta unidade.

Atividades de aprendizagem

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Unidade 4

Tipos de riscos ergonômicos

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você identificará os riscos ergonômicos e sua grande fonte de tensão no trabalho — são as condições desfavoráveis, como excesso de calor, ruídos e vibrações. Esses fatores causam desconforto, aumentam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis à saúde. Para cada uma das variáveis ambientais, há certas características que são mais prejudiciais ao trabalho.

Seção 1: Riscos ergonômicos

Nesta seção, são analisados os fatores da natureza física e química que podem afetar a saúde, a segu-rança e o conforto das pessoas, sendo apresentado o limite máximo de exposição a cada um desses fatores.

Seção 2: Implicações objetivas e subjetivas

Aqui, abordaremos o quanto é destruidor para o tra-balhador a inobservância das questões ergonômicas e suas implicações, na sua vida profissional, pessoal e psicológica.

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84 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Introdução ao estudo

Caro leitor, seria recomendável que você fizesse uma rápida releitura dos principais tópicos abordados neste livro, porque nesta unidade todos esses conceitos se convergirão para atuar de forma integrada, a fim de definir tipos de risco e suas implicações.

Com esse intuito e buscando um entendimento pleno do conteúdo, inicia-mos esta unidade conceituando os dois ambientes que determinam a forma de atender ao conteúdo aqui colocado.

Seção 1 Riscos ergonômicos

Para melhor analisarmos o que vem a ser risco ergonômico, temos que dar uma visão macro deste contexto. Começaremos analisando o que o meio am-biente tem como fator indispensável: a vida, que é o seu conjunto de elementos de ordem física, química e biológica.

A poluição nada mais é do que a degradação da qualidade deste ambiente, que resulta de atividades que, direta ou indiretamente, prejudicam a saúde, o bem-estar da população, bem como a sua segurança. Já os riscos laborais estão presentes no ambiente de trabalho, decorrentes da precarização do mesmo. Se eles não forem detectados a tempo, provocam as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho. São eles: riscos ambientais e riscos operacionais. Estes, divididos em ergonômicos, mecânicos ou de acidentes, aqueles são físicos, químicos e biológicos.

As condições físicas de trabalho, segundo Laville (1977), podem ser caracteriza-das através dos ambientes: arquitetônico, térmico, sonoro, luminoso e as vibrações.

Figura 4.1 As condições ambientais no trabalho

Condições

ambientais

Condições físicas

Condições químicas

Condições biológicas

Ambiente arquitetônicoAmbiente térmicoAmbiente sonoroAmbiente luminoso

Ambiente toxicológico

Ambiente bacteriológico

Fonte: Gonçalves (1998, p. 39).

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Ti p o s d e r i s c o s e r g o n ô m i c o s 85

As simbologia e cores utilizadas em alguns mapas de riscos são indicados por círculos coloridos de três tamanhos: pequeno, médio e grande. As cores são: risco físico (cor verde), risco químico (cor vermelha), risco biológico (cor marrom), risco ergonômico (cor amarela) e risco de acidente (cor azul).

1.1 Riscos operacionais

Risco é “[...] o resultado de um desequilíbrio entre o que se exige que a pessoa faça e a sua capacidade funcional” (CNOCKAERT; CLAUDON, 1994 apud LEÃO; PERES, 2013, p. 6).

Figura 4.2 Equação ligando os diferentes fatores de risco.

Risco =

Esforço Repetitividade Postura

Condição física Envelhecimento

Solicitação

Capacidade funcional

Estresse

Fonte: Cnockaert e Claudon (1994 apud LEÃO; PERES, 2013, p. 7).

1.2 Riscos ergonômicos

São os riscos ligados à organização de todos os tipos de tarefas e a sua execução. Estes agentes ergonômicos podem gerar sérios distúrbios fisioló-gicos, psicológicos e provocar danos à saúde do trabalhador. As alterações no organismo e no estado emocional, saúde e segurança comprometem sua produtividade.

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Tabela 4.1 Classificação do risco ergonômico nas diversas situações de trabalho

Este quadro deve ser lido na horizontal e é colocado por área do corpo; no final dele discorremos sobre as situações de sobrecarga ergonômica para todo o corpo. A classificação é de responsabilidade técnica do autor deste livro, que, para alguns riscos, faz referência à literatura científica existente. (*)

PARTESDO CORPO

AÇÃOTÉCNICA

NORMAL (A)

IMPROVÁVEL,MAS

POSSÍVEL (B)

SITUAÇÕES DEDESCONFORTO,

DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

1 – Olhos1.1 – Visão longe / perto

1 – Visão para longe alternada com visão para perto e vice-versa

1 – Manutenção de fixação visual para perto, com pausas bem definidas ou com atividades de descanso rotineiras

1 – Trabalho com fixação visual em tela de computador em ambiente com ar condicionado, fazendo uso de lentes de contato2 – Trabalhar mais que 6 horas por dia em posto de trabalho informatizado, sem pausas regulares ou sem possibilidade de mecanismos de regulação

1 – Fixação visual com peça em movimento2 – Empenho visual prolongado em detalhes exibidos pelo monitor de vídeo, sem pausas regulares3 – Monitor de vídeo apresentando tremores na tela4 – Empenho visual prolongado em ações técnicas de precisão feitas próximo dos olhos, sem pausas regulares

  516

1.2 — Ofusca-mento

    1 – Claridade incidindo diretamente ou por reflexo nos olhos

    516

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NORMAL (A)

IMPROVÁVEL,MAS

POSSÍVEL (B)

SITUAÇÕES DEDESCONFORTO,

DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

1.3 - Visibilidade e contraste

1 – Visibilidade normal

1 – Situação de visibilidade difícil, porém sem maiores consequências

1 – Contraste ruim, seja no monitor de vídeo, no papel ou no revestimento de mesas e bancadas2 – Contraste excessivo3 – Distância de visão muito longa ou muito curta

1 – Visibilidade difícil, com possibilidade de acidentes (especialmente humanos), gerando tensão ao fazer a operação

1 – Visibilidade difícil, de forma constante – exemplo: dirigir sempre à noite, em estrada ruim ou perigosa, sem sinalização, condições meteorológicas desfavoráveis

516

2 – Pescoço2.1 – Posicio-namento

      1 – Posicionamento estático2 – Posicionamento estático com objeto visualizado acima da horizontal dos olhos

1 – Posicionamento estático maior que 40 graus2 – Pescoço mantido em torção ou inclinação

58

2.2 – Monitor de vídeo

1 – Monitor de vídeo na frente dos olhos

1 – Monitor de vídeo ligeiramente lateralizado, mas ainda centralizado

1 – Monitor de vídeo lateralizado, uso ocasional

1 – Posicionamento estático ao trabalhar com terminal de vídeo colocado na lateral do posto de trabalho

1 – Idem ao item 2.2 D1, porém sem espaço para os membros inferiores, exigindo desvios posturais adicionais

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POSSÍVEL (B)

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DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

2.3 – Uso de telefone

1 – Uso normal do telefone; uso de headset

1 – Ombreira para usar o telefone

1 – Telefone preso no pescoço, uso ocasional

1 – Telefone preso no pescoço, uso frequente

   

3 – Ombro e braço3.1 – Flexão/ elevação do braço

1 – Elevação eventual até o nível dos ombros, ação e volta ao ponto neutro

1 – Elevação até o nível dos ombros, ação e volta ao ponto neutro menos que 1.000 vezes por turno, esforço fácil

1 – Elevação até o nível dos ombros, menos que 1.000 vezes por turno, porém ações técnicas difíceis

1 – Elevação acima do nível dos ombros, mais que 1.000 vezes por turno, ações técnicas rápidas; ou menos de 1.000 vezes por turno, porém ações técnicas difíceis

1– Acima do nível dos ombros, mais de 1.000 vezes por turno e ações técnicas difíceis ou prolongadas

2022

3.2 – Abdução do braço

1 – Abdução até 45 graus, não estática

1 – Abdução 45 a 90 graus, não estática2 – Braços abduzidos, porém com apoio

1 – Sustentação em abdução sem força

1 – Sustentação em abdução com força

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SITUAÇÕES DEDESCONFORTO,

DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

3.3 – Áreas de alcance dos braços e mãos

1 – Movimento dentro da área de alcance normal (25 cm na frente do operador)

1 – Movimento dentro da área de alcance máximo (31 cm trabalhando sentado ou 61 cm trabalhando de pé) menos de 1.000 vezes por turno, com flexão ou abdução de no máximo 45 graus.

1 – Movimento frequente dentro da área de alcance máximo (mais de 1.000 vezes por turno)2 – Movimento dentro da área de alcance máximo, com flexão ou abdução entre 45 e 90 graus, até 1.000 vezes por turno3 – Movimentos raros além da área de alcance máximo, porém como rotina.

1 – Movimento frequente além da área de alcance máximo (31 cm)2 – Movimento dentro da área de alcance exercendo força intensa para se empurrar ou puxar peças, usar parafusadeiras ou ferramentas

1 – Movimentos fora da área de alcance máximo (31 cm) exercendo força intensa

51922

4 – Cotovelo4.1 – Susten-tação de pesos

1 – Cotovelos em posição neutra ou fletida sem sustentação de peso

1 – Cotovelos fletidos com sustentação de pesos ocasionalmente

1 – Cotovelos em posição neutra com sustentação de peso não excessivo2 – Cotovelos fletidos com sustentação de pesos frequentemente

1 – Cotovelos fletidos com sustentação de peso elevado e esforço estático constante2 – Carregar cargas mais pesadas que 12 kg de forma constante

   

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DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

4.2 – Força 1 – Esforços normais de flexão ou extensão do antebraço

    1 – Flexão ou extensão do antebraço fazendo força súbita2 – Alta intensidade de força enquanto roda o antebraço ou braço

1 – Flexão ou extensão do antebraço fazendo força súbita, em alta intensidade2 – Força nítida com os membros superiores, utilizando o tronco para auxiliar no esforço

520

5 – Antebra-ços5.1 – Posicio-namento

1 – Trabalho na posição neutra2 – Trabalho estático, porém com apoio

1 – Trabalho em pronação

1 – Trabalho em supinação2 – Alternância entre pronação e supinação mais de 1.000 vezes por turno, sem esforço; ou com esforço, porém menos de 1.000 vezes por turno3 – Membro superior mantido em pronação estática

1 – Alternância entre pronação e supinação mais de 1.000 vezes por turno e com esforço.

1 – Cotovelo comprimido contra superfície dura 

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DIFICULDADE OU FADIGA (C)

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

5.2 – Apoio para os antebraços

1 – Antebraços apoiados sobresuperfíciearredondada ou macia

  1 – Antebraços sem apoio2 – Antebraços encostando em quinas vivas ocasionalmente

1 – Antebraços tendo que trabalhar apoiados em quinas vivas.

   

6 – Punhos 1 – Postura neutral

1 – Desvio ligeiro do punho

1 – Desvio ulnar significativo2 – Desvio radial significativo3 – Extensão ou flexão do punho

1 – Fazer força intensa ou muito intensa com a mão em desvio ulnar ou radial2 – Fazer força intensa ou muito intensa com flexão significativa do punho

1 – Fazer força intensa ou muito intensa com extensão significativa do punho

517

7 – Mãos7.1 – Preensão

1 – Mão exerce a função de agarrar (preensão) e solta logo em seguida

1 – Mão como morsa, alternando com repouso, rodízio ou em baixa frequência

1 – Mãos como morsa, sem mecanismos de regulação 2 – Preensão com força excessiva, ocasional

1 – Mão como morsa, em esforço intenso2 – Preensão com força intensa ou muito intensa, frequente

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

7.2 – Pinça 1 – Pinça sem esforço

1 – Pinça com esforço, alternando com repouso, rodízio ou em baixa frequência

1 – Pinça com esforço, de forma prolongada

1 – Pinça com esforço, alta frequência (mais que 1.000 vezes no turno)

  2022

7.3 – Pegas     1 – Pegas muito largas ou muito estreitas2 – Falta de encaixe adequado para os dedos3 – Pegas cilíndricas, lisas e sem ranhuras

1 – Fazer força com pegas muito largas ou muito estreitas, mais que 1.000 vezes no turno2 – Pegas com quinas vivas

  5

7.4 – Repetição de movimentos das mãos

1 – Repetição do mesmo movimento menos que 1.000 vezes por turno

1 – Repetição do mesmo movimento de 1 a 3 mil vezes por turno, com rodízio eficiente e pausas

1 – Repetição do mesmo movimento de 1 a 3 mil vezes por turno, com rodízio eficiente ou pausas

1 – Repetição do mesmo movimento de 1 a 3 mil vezes por turno, com força ou desvio postural, mesmo com rodízio e pausas2 – Repetição do mesmo movimento mais de 6.000 vezes por turno

1 – Repetição do mesmo movimento entre 3.000 e 6.000 vezes por turno, exercendo força ou em desvio postural2 – Repetição do mesmo movimento mais que 12.000 vezes por turno

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8 – Digitação de dados

1 – Até 8.000 toques por hora, com pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados

1 – De 8.001 a 12.000 toques por hora, com pausa2 – Até 8.000 toques por hora, sem pausas

1 – De 12.001 a 15.000 toques por hora, com pausa; ou mais de 8.000 toques por hora, sem pausa

1 – Mais de 15.000 toques por hora; ou mais de 12.000 toques por hora, sem pausas

  15

9 – Postura para o trabalho

1 – Trabalhar alternado, sentado e de pé

1 – Trabalhar sentado, com pouca alternância, em cadeira em boa condição ergonômica2 – Trabalhar de pé, com possibilidade de sentar-se em intervalos regulares ou quando necessário

1 – Trabalho sentado durante a maior parte da jornada, em cadeira em más condições2 – Trabalhar sentado, estático3 – Postura de cócoras com movimentação do corpo

1 – Trabalhar de pé, parado, ou com pouca movimentação durante a maior parte da jornada.

1 – Trabalhar continuamente com exigências posturais extremas

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SITUAÇÕES DEDESCONFORTO,

DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

9 – Postura para o trabalho

1 – Trabalhar alternado, sentado e de pé

3 – Trabalho de cócoras, ocasionalmente

4 – Trabalho de cócoras, constante5 – Trabalhar deitado com os braços elevados, ocasionalmente6 – Trabalhar em postura de torção do corpo ocasionalmente, com alternância (ex. manutenção) 7 – Trabalhar em pé, andando, sem carga, mais que 5,5 km por dia8 – Posições incômodas, frequentes

2 – Trabalhar sentado, tendo que levantar ou movimentar pesos com mais de 3 kg, como rotina no ciclo, especialmente longe do corpo; ou levantar mais de 10 kg, ocasionalmente, nesta posição 3 – Trabalho sentado durante a maior parte da jornada em condições extremas de desconforto 4 – Trabalho de cócoras com deslocamento do corpo5 – Trabalho com torção do corpo, constantemente6 – Trabalho deitado com os braços elevados constantemente

1 – Trabalhar continuamente com exigências posturais extremas

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

10 – Eixo do corpo

1 – Corpo na posição vertical

1 – Inclinação ocasional do tronco2 – Torção do tronco, sem flexão com pesos leves, ocasional

1 – Tronco encurvado até 60 graus algum período da jornada, sem apoio2 – Torção do tronco, sem flexão, com pesos moderados ou pesados, ou frequentemente

1 – Permanência de tronco encurvado durante boa parte da jornada de trabalho, sem apoio2 – Torção do troncoe flexão da coluna,tendo que manusearou levantar pesos, mesmo que leves

1 – Torção do tronco e flexão da coluna manuseando carga pesada

5

11 – Esforços musculares

1 – Esforços dinâmicos

1 – Esforços estáticos ocasionais

1 – Esforços estáticos frequentes

1 – Esforços estáticos contínuos

  510

12 – Levan-tamento de cargas12.1 – Critério qualitativo

1 – Levan-tamento ocasional de cargas até 10 kg

1 – Levantamento ocasional de cargas até 14 kg (a partir do piso), 18 kg (a partir da canela) ou até 23 kg (elevada no nível do púbis)

1 – Idem anterior, porém frequente

1 – Levantamento mesmo que ocasional de cargas entre 18 e 35 kg (a partir do piso) ou de 25 a 45 kg (estando elevada no nível do púbis)2 – Tronco encurvado sustentando pesos

1 – Levantamento de cargas acima de 35 kg (a partir do piso) ou acima de 45 kg (estando elevada no nível do púbis)

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12.2 – Critério quantita-tivo (NIOSH, 1994)

1 – Índice de Levantamento (IL) ≤ 0,7

1 – IL até 1,2   1 – IL de 1,21 a 2,5 1 – IL > 2,5 23

13 – Manuseio de cargas

      1 – Situações em que, embora seja impossível definir um Limite de Peso Recomendado, haja movimentação frequente de cargas acima de 20 kg sem possibilidade de posturas corretas – por exemplo, pessoal de manuseio de bagagens em aeroportos, colocação de bagagens no interior de aeronaves, manuseio de aparelhos domésticos pesados

1-Situações idênticas ao 13-D-1, porém frequentes.

 

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

14 – Esforços estudados em modelo biomecânico 3 DSSPP Universidade de Michigan 14.1 – Coluna

  1 – Esforço que resulte em forçaDe compressãono disco L5-S1 até 3.400 N

1 – Esforço que resulte em força de compressão no disco L5-S1 entre 3.400 e 5.000 N

1 – Esforço que resulte em força de compressão no disco L5-S1 entre 5.000 N e 6.400 N

1 – Esforço que resulte em força de compressão no disco L5-S1 acima de 6.400 N

4

14.2 – Demais articulações

1 – Mais que 90% da população feminina é capaz de fazer o esforço

1 – Entre 75 e 90% da população feminina é capaz de fazer o esforço

1 – Entre 50 e 74% da população feminina é capaz de fazer o esforço

1 – Menos que 50% da população feminina é capaz de fazer o esforço

1 – Menos de 20% da população masculina é capaz de fazer o esforço

4

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

15 – Vibração15.1 – De corpo inteiro

  1 – Trabalhar sentado durante a maior parte da jornada em equipamento pouco dotado de amortecimento, porém deslocando em piso liso

1 – Idem, em piso irregular (por exemplo, empilhadeira em piso irregular de fábrica)2 – Vibração até 1,6 m/s2

3 – Vibração maior que1,6 m/s2, porém respeitado o limite de exposição definido pela Norma ISO 2631 (1997)

1 – Trabalho em escavadeiras em piso irregular; motoniveladoras ou equipamento de arraste de madeira em trabalho florestal (necessariamente em piso irregular)2 – Vibração entre 1,6 e 2,5 m/s2 sem respeito ao limite de exposição definido pela Norma ISO 2631, de 1997 (seja equipamento móvel ou fixo)

1 – Vibração acima de 2,5 m/s2 sem respeito ao limite de exposição definido pela Norma ISO 2631, de 1997 (seja equipamento móvel ou fixo)

12

15.2 – Vibração mão-braço(provenientede ferramentasvibratórias)

1 – Equipa-mentos com baixa velocidade e baixa aceleração

  1 – Equipamentos com alta velocidade ou alta aceleração, porém utilizados em tempo compatível com as definições da norma ISO 5349 (2001)

1 – Equipamentos com alta velocidade ou alta aceleração, utilizados em tempo acima dos limites definidos pela normal ISO 5349, 2001

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RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

16 – Duração da jornada em atividade repetitiva(Considerar até 528 minutos por dia se for para compensação de sábados)

1 – Até 480 minutos por dia, com pausas equivalentes a 17% da jornada

1 – Até 480 minutos por dia – pausas equivalentesa 8% da jornada

1 – Até 480 minutos por dia, pausas menores que 8% da jornada (sem pausas)Ou com pausas equivalentes a 8%, porém com horas extras de até 8h por mês

1 – 480 minutos por dia e, além disso, mais que 8 horas extras por mês (como continuação de jornada)

1 – 480 minutos por dia e mais que 8 horas extras por mês (como continuação de jornada) ou prática de dobras de turno

9

17 – Sistema de trabalhoAtividades repetitivas avaliadas pelo Método TOR-TOM

1 – Taxa de ocupação máxima >91%

1 – Taxa de ocupação máxima entre 85 a 91%2 – TOM menor que 85% porém TOR-TOM igual a zero ou menor que zero

1 – Taxa de ocupação máxima < 85% e TOR-TOM até +5.

1 – Taxa de ocupação máxima < 85% e TOR-TOM de +6 a +10

1 – Taxa de ocupação máxima <85% e TOR-TOM >+10

7

18 – Grau dedificuldade

1 – Tarefas difíceis, porém pouco frequentes ou de curta duração

1 – Tarefas difíceis, frequentes, porém de pouca duração; ou de longa duração, porém pouco frequentes

1 – Tarefas difíceis, frequentes e durando muito tempo

1 – Tarefas muito difíceis, durando muito tempo e frequentes

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19 – Atividades de mecânicos

  1 – Tarefas em que, embora haja posicionamentos forçados do corpo, são de curta duração oude baixafrequência e não contêm esforçoscríticos

  1 – Idem ao item 19 B1, porém com esforços críticos ou grande repetitividade ou postura inadequada por tempo prolongado

  5

20 – Ambiente – conforto térmico

1 – Temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC

1 – Temperatura efetiva entre 19ºC e 20ºC ou entre 23ºC e 24ºC

1 – Temperatura efetiva abaixo de 19ºC ou acima de 24ºC

1 – Ver critérios do IBUTG relacionados ao grau de exigência física da tarefa

  15

21 – Ambiente – confortoacústico

1 – Nível de ruído< 60dBA

1 – Nível de ruído entre 60 e 65dBA

1 – Nível de ruído acima de 65dBA

1 – Ver critérios da higiene ocupacional

  15

22 – Ambiente – iluminação

1 – Nível de iluminamento adequado à exigência da NBR 5413

1 – Nível de iluminamento um pouco abaixo (até 80%) ou um pouco acima (até 120%) do recomendado pela NBR 5413

1 – Nível de iluminamento abaixo de 80% do recomendado ou acima de 120% do recomendado pela NBR 5413

    15

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

23 – Geral(Pressupõe-se exposição não ocasional aos itens citados a seguir)

    1 – Trabalho físico pesado;2 – Trabalho pesado em ambiente quente3 – Protetores tipo concha em ambiente quente4 – Ambiente de trabalho muito ruidoso5 – Trabalho com alta carga mental6 – Trabalho de alta densidade7 – Jornadas prolongadas8 – Sistemas e recursos auxiliares do trabalho trazendo dificuldade para o trabalhador (não ocasional)9 – Posição gargalo10 – Layout apertado e falta de espaço

    15

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RISCO (E)REFERÊNCIAS

11 – Ter que trabalhar em ambiente quente ou frio (independente de avaliação quantitativa) 12 – Veículos apertados13 – Veículos sem ar condicionado14 – Veículos com direção mecânica15 – Falta de sanitários no campo16 – Odor fétido ou forte17 – Exposição a intempéries, sol ou frio excessivo18 – Botina de segurança muito pesada

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DIFICULDADE OU FADIGA (C)

RISCO (D)ALTO

RISCO (E)REFERÊNCIAS

Observações:

-nos e lesões, contando que a validação seja pelo critério da intersubjetividade (isto quer dizer, profissionais da área que possuam bom conhecimento técnico--científico sobre Ergonomia e sobre doenças relacionadas com as condições ergonômicas desfavoráveis tenderão a concordar com a classificação aqui colocada).

do trabalhador.

rodízio com tarefas de exigências biomecânicas distintas, atividades de baixa exigência ergonômica e pausas suficientes. Não aplicar este critério se a situação for classificada como de ALTO RISCO.

FIOS foi classificada como de RISCO pelos motivos 7.2 D 1 e 16 D 1; buscando na tabela, verificamos com facilidade que os fatores levantados para classificá-la como de risco foram: 7.2 D 1 (pinça com esforço, alta frequência, mais que 1.000 vezes no turno) e 16 D 1 (480 minutos por dia e, além disso, mais que 8 horas extras por mês como continuação de jornada); (b) num call center, o trabalho do pessoal de atendimento foi classificado como de RISCO ERGONÔMICO pelos motivos 2.1 D 1 – (posicionamento estático do pescoço) e 17 D 1 (taxa de ocupação máxima de 80% e taxa de ocupação real de 89%).

Fonte: Classificação... (2013, p. 1).

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104 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Em geral, há três tipos de medidas que podem ser aplicadas para reduzir

ou eliminar os efeitos nocivos dos fatores ambientais.

1. Na fonte: eliminar ou reduzir a emissão de poluentes.

2. Na propagação entre a fonte e o receptor: isolar a fonte e/ou a pessoa.

3. No nível individual: reduzir o tempo de exposição ou usar equipamentos de proteção individual.

1.2.1 Ruídos

A sua presença elevada no ambiente de trabalho pode perturbar e, com o tempo, acaba provocando surdez. O primeiro sintoma é a dificuldade cada vez maior para entender a fala em ambientes barulhentos. Isso provoca interferência nas comunicações e redução da concentração, que podem ocorrer até com ruídos relativamente baixos.

As recomendações referem-se à prevenção da surdez, bem como a redução da perturbação causada pelos ruídos. Manter o ruído abaixo de 80dB (A):Um ruído que ultrapassa a média de 80dB (A), durante oito horas de exposição, pode provocar surdez. Se o ruído tiver uma intensidade constante de 80 dB (A), o tempo de exposição máximo permitido e de oito horas. A cada aumento de 3dB(A), deve haver uma redução do tempo para a metade. Assim se o ruído for de 83 dB(A), o tempo de exposição se reduz para quatro horas e, com 89dB(A), para uma hora. Recomenda-se, portanto, que as máquinas não emitam ruídos superiores a 80dB(A). Em caso contrário, providências adicionais devem ser tomadas para proteger o trabalhador (CONDIÇÕES..., 2013, p. 7-8).

Quadro 4.1 Alguns níveis de ruídos típicos

Tipo de ruído dB (A)

Motor à jato a 25mAvião à jatoGrupo de música popBritadeira pneumáticaGrito a curta distânciaConversa em voz alta a 0,5mRadio em alto volumeGrupo conversandoConversa em voz baixaSala de leitura em bibliotecaAmbiente doméstico calmoSala em silêncio, folhas caindoAmbiente muito quietoLimiar da audição

130120110100

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Ti p o s d e r i s c o s e r g o n ô m i c o s 105

Quadro 4.2 Ruídos acima de 80dB(A)

Fonte: Weerdmeester (2004, p. 70).

O limite de perturbação nas comunicações e no trabalho intelectual ocorrem a partir dos 80dB(A) de ruído. Isso pode acontecer até mesmo com os ruídos que chegam a provocar surdez. A tabela abaixo apresenta recomendações sobre os ruídos máximos permitidos para cada tipo de atividade.

Quadro 4.3 Limites máximos de ruídos que não provocam perturbações nas atividades

Tipo de atividade dB (A)

Trabalho físico pouco qualificadoTrabalho físico qualificado (garagista)Trabalho físico de precisão (relojoeiro)Trabalho rotineiro de escritórioTrabalho de alta precisão (lapidação)Trabalho em escritório com conversasConcentração mental moderada (escritórios)Grande concentração mental (projeto)Grande concentração mental (leitura)

807570706060554535

Fonte: Do autor (2013).

Certo nível de ruído é benéfico, embora se recomende sempre reduzir o nível dos ruídos, este não deve ser inferior a 30dB(A). Isso porque os nossos ouvidos acabam se acostumando a esse ruído de fundo. Se o ruído de fundo for muito baixo, qualquer barulho de baixa intensidade acaba sobressaindo-se e distraindo a atenção.

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106 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Uma das medidas mais importantes para diminuir o ruído ambiental consiste em reduzi-lo na própria fonte (RUÍDO, 2013).

Algumas formas para fazer isso consistem na seleção de um método silen-cioso que deve pensar nos ruídos quando se escolhe um determinado método produtivo. Um processo menos barulhento é benéfico não apenas para os trabalhadores, mas pode significar também menos desgaste das máquinas e menos dano aos produtos.

Um número cada vez maior de máquinas silenciosas tem sur-gido no mercado. Isso é, substituindo peças metálicas por plás-ticas, fazendo confinamento das partes ruidosas, [colocando--se amortecedores de] vibrações, providenciando isolantes acústicos ou substituindo partes mecânicas por eletrônicas.A manutenção regular das máquinas contribui para reduzir os ruídos. Fixações, soldas e atritos são causas de vibrações, que produzem ruídos. A substância [periódica de peças gastas], regulagem e uma boa lubrificação contribuem para reduzir esses ruídos.Quando as outras medidas não forem eficientes, pode-se con-finar amáquina ruidosa dentro de uma câmara acústica. Isso pode reduzir consideravelmente o ruído, mas tem a desvanta-gem de dificultar a operação e manutenção (CONDIÇÕES..., 2013, p. 1).

É necessário também em um método retirar os materiais processados e providenciar ventilação.

O ruído pode ser reduzido a partir de uma interceptação de sua propagação com projetos no posto de trabalho e na sua organização. Podem ser organi-zadas de uma forma onde há uma separação das atividades barulhentas das silenciosas, mudando seus horários ou aplicando investimentos na proteção dos trabalhadores que exercem a função com maiores ruídos se não ocorrer essa separação deve ser distribuídos os instrumentos de proteção a todos.

A fonte do ruído deve ser colocada o mais longe possível dos trabalhadores e de preferência no local onde existem esses ruídos o teto e o piso podem ser revestidos com um material que o absorve apesar de ter um efeito limitado. Ou-tra maneira de absorver o som é utilizando barreiras de som que são colocadas entre a fonte do ruído e que o trabalhador ela deve ser ampla para que ocorra proteção contra o barulho e não pode ser colocada muito longe do causador do efeito sonoro, pois se não perde seu objetivo.

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Quando esses métodos não atingirem bons resultados deve-se correr a alter-nativa onde os próprios colaboradores utilizem uma barreira de som específica a cada um e que sejam adaptados para cada trabalho e som ocasionado.

1.2.2 Vibrações

Consistem em uma mistura complexa de ondas com frequências e diferentes direções que podem afetar o corpo inteiro ou apenas parte dele, a vibração inteira do corpo ocorre quando uma vibração atinge os pés e parte dela quando afetam apenas as mãos e os braços, e são ocasionadas por ferramentas elétricas ou pneumáticas (furadeiras).

Cada parte do corpo é vulnerável a uma determinada vibração que com certa frequência podem ocasionar desde enjoos, dificuldades respiratórias até distúrbios em músculos, articulações e ossos.

Para prevenir as vibrações existem as medidas que podem ser aplicadas desde a fonte das vibrações que são as máquinas e ferramentas motorizadas fazendo manutenção nelas regularmente, se não for possível atuar sobre as máquinas procure uma maneira de reduzir as transmissões que ocorrem entre as fontes e as pessoas, se não forem suficientes essas prevenções então em último caso atue sobre o próprio trabalhador disponibilizando ferramentas e meios para que esta ocorra.

1.2.3 Iluminação

A sua intensidade deve ser suficiente sobre a superfície do trabalho e deve garantir uma boa visibilidade do objeto de labor. A luz ambiental é suficiente para locais em que não são executadas tarefas exigentes como corredores e depósitos sendo um pouco mais intensa em certos pontos desse ambiente onde são colados avisos e anúncios. Já nas tarefas normais como montar peças e operar máquinas são necessários maiores contrastes e intensidades luminosas, e as tarefas especiais que exigem grande esforços visuais deve-se aumentar a intensidade e focar a luz sobre o objeto, que, na maioria das vezes, contém diversos detalhes e pequenas peças para serem manuseadas.

Para que haja melhor iluminação, deve-se evitar diferenças exageradas entre a intensidade e o brilho dela à luz natural deve estar em harmonização com a luz do ambiente de trabalho que pode ser utilizada para a melhoria deste tam-bém. Evitar reflexos e sombras também garantem a melhoria da realização da tarefa, pois garantem um cuidado especial com o desenvolvimento do trabalho que está sendo executado.

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108 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

1.2.4 Clima

O clima no trabalho deve atender às diversas condições e ser considerado confortável por todos. Os fatores que podem contribuir para que isso ocorra são: a temperatura do ar; calor radiante; velocidade do ar; e a umidade re-lativa e indiretamente depende do tipo de atividade física e da vestimenta do trabalhador.

A temperatura do ar pode estar atrelada ao esforço físico de cada trabalha-dor, ou seja, se são executados trabalhos mais pesados existe a tendência da preferência ser maior a temperaturas mais baixas e se o trabalho for mais leve também pode levar a preferência por temperaturas um pouco mais elevadas.

Quadro 4.4 Temperaturas de ar recomendadas para vários tipos de esforços físicos

Tipo de trabalho Temperatura do ar (°C)

Trabalho intelectual sentadoTrabalho manual leve, sentadoTrabalho manual leve, em péTrabalho manual pesado, em péTrabalho pesado

18 a 2416 a 2215 a 2114 a 2013 a 19

Fonte: Do autor (2013).

O ar também pode ter influência no desenvolvimento da tarefa por ter osci-lações entre muito úmido e muito seco, que pode causar irritação dos olhos e nas mucosas e também dificultar a evaporação do suor, tornando desagradável os trabalhos pesados e a umidade pode ser controlada adicionando ou retirando água do ambiente. As correntes de ar devem ser evitadas também por poderem afetar o conforto térmico principalmente dos trabalhos leves.

O frio e o calor intenso também podem ocasionar desconfortos e devem ser evitados por terem chances de ocasionarem riscos de baixo rendimento sendo necessárias pausas para a recuperação do organismo.

O controle do clima deve ser relacionado à forma de agrupamento das ta-refas que exigem esforços semelhantes, não ocorrendo daí grandes diferenças sobre qual seria a melhor temperatura para o ambiente de trabalho.

Devem ser utilizadas roupas de acordo com a temperatura ambiente e o esforço que cada tarefa exige, no frio utiliza-se roupas isolantes e no calor, roupas leves que ajudam na transpiração e, em condições extremas de calor, como às que são submetidos os bombeiros, roupas especiais e específicas devem ser usadas.

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1.2.5 Substâncias químicas

Estão presentes no ambiente de forma líquida, gasosa, e sólida. Podem cau-sar desde mal-estares a doenças quando inaladas, ingeridas, ou quando entram em contato com a pele e com os olhos os sintomas podem aparecer na hora ou após certo período. Algumas delas têm efeito cumulativo não sendo eliminadas pelo organismo, um exemplo, seria o mercúrio utilizado no garimpo. Sabe-se que muitas substâncias são cancerígenas e podem provocar mutações genéti-cas, ocasionando também o nascimento de pessoas com deficiências físicas.

Para evitar que ocorra a má informação sobre essas substâncias, os produtos que as utilizam devem fornecer informações sobre a toxidade e os cuidados que devem ser tomados no momento de sua manipulação.

Figura 4.1 Sinais de advertência para produtos químicos

Fonte: Bakai / Shutterstock (2013).

Para evitar o uso exagerado dessas substâncias, deve existir uma substitui-ção de produtos por outros que sejam menos agressivos ou, de preferência, inofensivos ao trabalhador.

Quando o uso for realmente necessário deverá existir proteções para que este trabalhador não sofra nenhuma consequência advinda desses produtos. Essa precaução deve ser toma apenas durante seu uso e podem ser feitas com máscaras, aventais e luvas. Outra grande precaução é a higiene pessoal, que pode contribuir para a redução da contaminação através da pele e ela pode ser feita de maneira que o trabalhador mantenha limpo o vestuário e o equipamento que ele utiliza, lavar a mão e os braços com água e sabão e tratar rapidamente qualquer tipo de lesão que venha a ocorrer.

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110 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Seção 2 Implicações objetivas e subjetivas

O espaço da subjetividade não é, como se afirmou por muito tempo, uma “caixa-preta” cujos processos são inacessíveis à análise. “Eles se expressam de maneiras peculiares e diversificadas, de modo a tornar necessária uma “leitura” bastante especial” (OLIVEIRA, 2001, p. 11, grifo do autor). Podem, evidente-mente, expressar-se pelos sintomas e síndromes reconhecidos pela Psiquiatria.

Existe uma imensa bibliografia estudando expressões pelas quais as “dis-funções” mentais se evidenciam em “comportamentos alterados”. Mas, no cotidiano de trabalho, muitas vezes não surgem estes comportamentos típicos descritos nos tratados de Psiquiatria.

Conforme Mendes (2005), a ideia de distúrbio mental é geralmente asso-ciada a de uma perda de capacidade laborativa. Mas nem sempre isso acon-tece durante os desenvolvimentos, por assim dizer, silenciosos e invisíveis de determinadas doenças.

Mas a permanência no local de trabalho frequentemente imprime peculia-ridades às formas pelas quais a presença do distúrbio irá se manifestar.

Vale, ainda, notar que as modificações de humor ou de conduta, vincu-ladas ao sofrimento mental, podem ser consideradas, pela interpretação do superior hierárquico, como perturbadoras do bom andamento do trabalho. Este poderá ou não ter percepção de que se trata de uma alteração da saúde (MENDES, 2005).

Mas as alterações de conduta que prejudicam a ordem e o desempenho, frequentemente, são interpretadas a partir de uma outra lógica e encaradas como demonstrações de negligência, indisciplina, irresponsabilidade ou des-preparo profissional.

Entre as expressões do sofrimento ou do distúrbio psíquico que contribuem para manter a “invisibilidade” do mesmo nos contextos de trabalho, acrescen-tamos alguns que são extremamente frequentes:

incidentes ou acidentes de trabalho;

falhas de desempenho;

faltas ao trabalho/absenteísmo;

quebra de coesão entre colegas de trabalho, com formação de sub-grupos fechados (panelas);

conflitos interpessoais no trabalho;

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Ti p o s d e r i s c o s e r g o n ô m i c o s 111

acidentes de trajeto;

conflitos familiares/envolvimento em outros conflitos extratrabalho.

Evidentemente, cada situação individual necessitará ser adequadamente avaliada para que possa ser identificado se, e como, as ocorrências descritas representam, de fato, expressão de perturbação psíquica e, neste caso, se está relacionada ao trabalho.

Quando os níveis de autocontrole emocional são muito elevados, e ao mesmo tempo existe restrição à comunicação significativa e espontânea no ambiente de trabalho, aumentam as chances de que se manifestem expressões do mal-estar fora deste ambiente.

O que não quer dizer que, simultaneamente, deixem de ocorrer também repercussões intratrabalho, como os incidentes e acidentes.

O deslocamento das tensões para o círculo familiar é frequente, como bem confirma a experiência clínica de médicos e psicólogos que realizam o atendimento de familiares de empregados(as) altamente pressionados ou pro-fundamente insatisfeitos em sua experiência de trabalho.

2.1 Quadros clínicos

Deverão ser considerados, agora, os quadros clínicos dos distúrbios psíqui-cos que têm sido mais observados, quando à sua vinculação com situações e trajetória de vida no trabalho (BRASIL, 2013).

Vale assinalar que não há condições em discutir todos os quadros, em que situações ou eventos do trabalho possam assumir caráter desencadeante.

Valerá mais lembrar que qualquer mudança significativa, qualquer intensi-ficação de pressões ou exigências poderá, do mesmo modo que outro evento na vida, provocar a expressão sintomática de um processo de sofrimento até então invisível.

A configuração dos quadros clínicos dependerá do tipo de personalidade e de todos os componentes da singularidade do indivíduo e de suas experiências prévias.

As situações de trabalho podem atuar desencadeando crises mentais agudas, neuróticas e psicóticas.

A importância do trabalho pode ir além da ação desencadeante. O prin-cipal interesse reside, em proporcionar possibilidades do reconhecimento de psicopatogenia articulada ao trabalho.

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112 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

A constituição de uma fragilidade gradual da capacidade de enfrentamento das agressões ao psiquismo também pode ocorrer em associação direta ao que é vivenciado no trabalho, muitas vezes ao longo de muitos anos, durante os quais o desgaste mental se agrava de modo progressivo.

Não se conhece ainda até que ponto e de que modo essas mudanças fazem parte da patogenia de uma série de distúrbios psíquicos vinculada diretamente ao trabalho.

Síndrome da fadiga crônica: é interpretada como resultante da fadiga acumulada ao longo de períodos de duração variável — meses ou mesmo anos. Diz respeito a situações de trabalho e de vida que as pessoas não tem oportunidade de obter a necessária superação da fadiga através de sono e repouso adequados.

Síndrome do esgotamento profissional: é que, popularmente, tem sido designado como estafa.

Síndromes pós-traumáticas:

Síndrome residual pós-traumática: conforme a denominação in-dica, de uma síndrome que se segue a um episódio traumático. Este episódio é agudo ou de gravidade suficiente para determinar afastamento do trabalho, com finalidade de tratamento e recupe-ração. Este episódio pode ter sido um acidente do trabalho, uma intoxicação ou outro evento mórbido ocasionando diretamente pelo trabalho.

Síndromes neuróticas: determinadas ocupações e em determinadas situações de trabalho. Há maior prevalência de indivíduos com quadros de características clinicas marcadas por sintomatologia similar à encontrada nas neuroses — ansiedade intensa, distúrbios do sono, fenômenos conversivos e, em outros casos, depressão e manifestação fóbicas ou obsessivas.

Síndrome neurótica pós-traumática: a angústia se origina da vivência de uma intensa ameaça localizada em um evento do passado recente.

No quadro clínico da neurose traumática, temos:

Os fenômenos de revivescência como manifestação típica: o indivíduo revê e revive mentalmente as cenas traumáticas. Esta revivescência se acompanhada de profundo mal-estar, às vezes com sudorese e taquicardia;

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Pesadelos cujo conteúdo também repete o evento traumático;

Distúrbios do sono;

Irritabilidade;

Estado de tensão no qual ocorrem sobressaltos sempre que algum fato, ruído ou modificação do ambiente possa evocar o temor de que o evento traumático se repita. É como se a pessoa estivesse em permanente estado de prontidão;

Distúrbios neurovegetativos diversos.

Síndromes depressivas: pode se manifestar em quadros típicos, agudos ou crônicos; os quadros depressivos associados ao trabalho. Muitas vezes não são típicos e se revelam com profunda sutileza. A postura de desânimo diante da vida e do futuro aparecem como sua principal marca.

Síndromes paranoides: desenvolvimento de fortes sentimentos de insegurança e vivência de ameaças, em situação na qual são identi-ficáveis aspectos e pressões do tipo persecutório.

Síndromes da insensibilidade: o embotamento afetivo pode estar associado, em maior ou menor medida, com outros tipos de altera-ção. A diminuição das demonstrações de afeto é uma alteração mais notada pelos familiares do que pelo próprio trabalhador — alguns autores vinculam esta síndrome ao estresse.

Alcoolismo (uso abusivo ou síndrome da dependência): é um pro-blema de saúde pública e uma preocupação nas empresas, pelos prejuízos que são acarretados à produção. Essa dependência tem identificação por causas biológicas, psicológicas e sociais.

2.2 Valores impostos pela cultura do contentamento:

satisfação, excelência e saúde perfeita

Existe, ainda, um ocultamento que deriva diretamente de um valor forte-mente cultivado na cultura das empresas — a satisfação. Trata-se de considerar, aqui, o que é denomina de “cultura do contentamento”.

Nesta cultura, espera-se que cada empregado participe não somente do esforço conjunto, mas de um contentamento geral pela consecução das metas fixadas pela empresa.

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114 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Quem não participa deste clima cria para si mesmo riscos de ser considerado inadequado ou indesejável pela equipe de trabalho e pela estrutura hierárquica (SELIGMANN-SILVA, 2010).

Essa cultura exerce uma pressão invisível e poderosa para que ninguém ouse ser dissidente.

A exacerbação na busca de competitividade trouxe novas pressões. Estas se expressam na retórica empresarial direcionada para a excelência, impregnado pela ideia de perfeição.

Desse modo, instaura-se uma espécie de coação ao fingimento, de ordem geral, que tudo tinge com o esplendor do ufanismo “somos os melhores em tudo”, da qual faz parte a denominação de ideologia da saúde perfeita.

A idealização dos avanços científicos, ao disseminar-se na opinião pública, também contribui para construir a ideologia da saúde perfeita. Essa questão é bem exposta por Sfez (1996 apud MENDES, 2005), que analisou os possíveis desdobramentos do pensamento utópico referente ao homem perfeito.

Marie-Clarire Carpenteir (ROY, 1996 apud MENDES, 2005), no Canadá, estudou aspec-tos contemporâneos das transformações das políticas de pessoal, apontando para o que designou como “ideologia da performance”, da excelência e da competição exacerbada.

Em suma, o empregado tem liberdade, desde que esta se exerça dentro dos parâme-tros estabelecidos para que seja responsabi-lizado pelo cumprimento de metas quantita-tivas e de qualidade da produção e inclusive pela proteção de sua própria saúde.

Quadro 4.5 Lista de verificação

Para mais informações, vale a pena

visitar os sites:

<http://www.cmqv.org>

<www.scielo.br>

<portal.mte.gov.br>

<www.fundacentro.gov.br/>

Links

Ruídos Nível de ruídos

O ruído tem intensidade abaixo de 80dB?A perturbação causada pelo ruído é evitada?O ambiente não é silencioso?

Redução de ruído na fonteO método de trabalho escolhido é silencioso?As máquinas usadas são silenciosas?

continua

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Ti p o s d e r i s c o s e r g o n ô m i c o s 115

As máquinas têm boa manutenção?As máquinas barulhentas estão confinadas?

Redução do ruído pelo projeto e organização do trabalhoO trabalho barulhento é separado do trabalho silencioso?Há uma distância adequada entre as pessoas e a fonte de ruídos?O teto e o piso são revestidos com material acústico?Há barreiras para evitar a propagação do som?

Proteção dos ouvidosAs proteções auriculares são adaptadas aos usuários e ao tipo de ruído?Vibração

Recomendações sobre vibraçõesA vibração desconfortável do corpo é evitada?É evitada a vibração que provoca o “dedo branco”?Os choques e solavancos são eliminados?

Prevenção da vibraçãoA vibração é contida na fonte?As máquinas recebem manutenção regular?A transmissão da vibração é amortecida?As medidas de proteção individual são aplicadas só como último recurso?Iluminação

Intensidades luminosasA luz ambiente geral está entre 10e 200 lux?A luz do local de trabalho está entre 200 e 800 lux?A luz para tarefas especiais está entre 800 e 3.000 lux?

Diferenças de brilhoAs diferenças significativas de brilho no campo visual são evitadas?As diferenças proporcionais do brilho entre o local da tarefa, os arredores e o am-biente geral são mantidas?

Melhoria da iluminaçãoA informação é facilmente legível?A iluminação ambiental é combinada com a iluminação localizada?A luz natural é aproveitada na iluminação?A incidência direta da luz nos olhos é evitada?Os reflexos e as sombras são evitados?É usada luz difusa?A intermitência da luz fluorescente é evitada?Clima

Conforto térmicoAs pessoas conseguem controlar o clima local?A temperatura do ar é adequada às exigências da terefa?O ar não fica muito seco ou muito úmido?As superfícies radiantes muito quentes ou muito frias são evitadas?As fortes correntes de ar são evitadas?

Frio e calorO clima não é muito quente ou muito frio?Não há contato da pele com materiais muito quentes ou muito frios?

Controle do clima

continuação

continua

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116 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

As tarefas com o mesmo nível de exigência física são agrupadas?As exigências físicas são ajustadas ao clima?A velocidade do ar é adequada?Há previsão contra radiações indesejáveis?A exposição a temperaturas muito altas ou baixas é limitada?Há roupas especiais para temperaturas altas ou baixas?Substâncias químicas

Exposição a substâncias químicas As concentrações das substâncias químicas estão dentro dos limites de tolerância?As substâncias cancerígenas são evitadas?São evitadas as exposições à mistura de substâncias?São evitadas as exposições aos picos de contaminações?As concentrações estão bem abaixo dos limites de tolerância?As embalagens dos produtos químicos contêm avisos sobre a toxicidade dos mesmos?

Controle da poluição na fonteA fonte da poluição pode ser removida?A emissão de poluentes pode ser reduzida?A fonte pode ser isolada?

Ventilação e exaustãoAs substâncias químicas são extraídas junto a fonte poluidora?A exaustão do ar é eficiente?A exaustão ou ventilação não prejudica o clima do local?Há troca de ar em volume suficiente?

Proteção individualÉ possível adotar medidas organizacionais?Há disponibilidade de equipamentos de proteção individual?Há disponibilidade de mascaras para gases e poeiras?São conhecidas as diferenças entre mascaras para gases e peira?Existem roupas e luvas protetoras?A higiene pessoal é preservada?

continuação

Fonte: Weerdmeester (2004, p. 92).

Grupo riscos ergonômicos

1. O trabalho exige esforço físico pesado?

2. Indique as funções e o local relativos a esforços físicos.

3. O trabalho é exercido em postura incorreta?

4. Indique as causas da postura incorreta.

5. O trabalho é exercido em posição incômoda?

6. Indique a função, o local e equipamentos ou objetos relativos à posição incomoda.

7. O ritmo de trabalho é excessivo? Em que funções?

8. O trabalho é monótono? Em que funções?

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Ti p o s d e r i s c o s e r g o n ô m i c o s 117

9. Há excesso de responsabilidade ou acúmulo de função?

Sim ( ) Não ( )

10. Há problema de adaptação com EPIs? Quais?

Observações complementares: _________________________________

Recomendações: _____________________________________________

Toda atividade que desenvolvemos precisa — ou pelo menos deveria — ser planejada. Aqui, também é de grande valia este ensinamento. A ob-servação dos riscos ambientais é de grande importância, levando sempre em relevância a vida humana. Através deste amadurecimento os riscos tendem a deixar de existir. Ter conhecimento sobre o assunto é fundamental para a segurança no trabalho, resguardando a do trabalhador.

Para concluir o estudo da unidade

Riscos ergonômicos existentes no ambiente de trabalho. Devemos nos atentar para as formas e movimentos de nosso corpo e para a maneira como ele está envolvido com tudo o que nos rodeia. Certamente nos educaremos quanto à mudança de alguns hábitos que devemos adotar em nosso ambiente de trabalho, bem como aprender a trabalhar de forma mais segura eficiente. Analise o trabalho, minimize a necessidade do uso da força e de movimentos repetitivos. Finalmente, neutralize os efeitos negativos causados pela má postura, relaxando o corpo. Procurar traba-lhar assumindo posições naturais, ou seja, evitando as posições forçadas. Adotando estes princípios, há de tornar o ambiente de trabalho mais ágil e, ao mesmo tempo, mais suave.

Resumo

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118 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

1. Qual é o objetivo da ginástica laboral quando se fala em levantamento de peso?

2. O manuseio de transporte de cargas tem sido uma das causas mais comuns de lesões osteomusculares, isto ocorre devido a que fator?

3. Descreva a relação entre estresse, qualidade de vida e ergonomia.

4. Quais doenças e sintomas mais comuns causados pelo estresse ocupacional?

5. Qual é o efeito dos turnos de trabalho nos trabalhadores?

6. Trabalho monótono forma sonhadores, descreva-os.

Atividades de aprendizagem

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Seção 1: Desenvolvimento atual da ergonomia

Nesta seção, mostraremos uma pequena parcela que

a atualidade mostra em relação à ergonomia, as suas

implicações e vantagens do bom uso.

Seção 2: Aplicação das Normas Regulamentadoras

(NR)

Nesta seção, detalharemos alguns estudos de caso

com a aplicabilidade das NR (normas regulamenta-

doras), suas consequências pela inobservância e os

benefícios que traz sua estruturação nos processos.

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, temos como foco mos-

trar como o progresso tecnológico e a crescente automação industrial.

Há uma tendência de liberar o trabalhador daquelas tarefas que exigem

muitos esforços ou aquelas de natureza simples e repetitiva, diante

disso, há uma redistribuição social da força de trabalho, com uma

grande maioria da humanidade se dedicando ao setor de serviços.

Com a distribuição do seu tempo no ambiente doméstico, público

e nos transportes, os conhecimentos da ergonomia que foram antes

aplicados apenas na produção industrial, têm o seu foco também dire-

cionado no setor de serviços, comércio, educação, saúde, transporte e

lazer. A aplicação da ergonomia a esses casos deve ser feita de maneira

diferente, pois fica difícil definir o tipo de usuário.

Desenvolvimento atual da ergonomia e seu embasamento legal

Unidade 5

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120 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L

Introdução ao estudo

Caro leitor, seria recomendável que você fizesse uma rápida releitura dos principais tópicos abordados até agora neste livro, porque, nesta unidade, todos esses conceitos se convergirão para atuar de forma integrada na melhoria do uso da ergonomia. Com esse intuito e buscando um entendimento pleno do conteúdo, iniciamos esta unidade dando um enfoque na atual análise da ergonomia no trabalho e na sequência a utilização das Normas Regulamentadoras (NR): NR 11 (BRASIL, 2013a) e NR 17 (BRASIL, 2013b).

Seção 1 Desenvolvimento atual da ergonomia

1.1 Análise ergonômica do trabalho

Segundo Daniellon (2004), nos países de língua francesa, a análise ergonô-mica do trabalho (AET) tornou-se uma metodologia essencial. A característica primordial da AET é ser modelo destinado a examinar a complexidade, sem colocar em prova um modelo escolhido a priori.

Assim sendo, aproxima-se de métodos semelhantes das ciências humanas como a etnologia e psicodinâmica.

Ela apresenta características próprias, sendo utilizada para responder a uma questão precisa e é orientada para a proposição de soluções operatórias. Dessa forma, ela distingue-se das regras do método etnológico.

O desenvolvimento da etnologia ocorreu durante as guerras de colonização que existiram em todo o mundo.

Os etnólogos foram criticados por terem sido instrumentos a serviço das civilizações mais fortes contra as mais fracas. Certamente, como todas as críticas desse tipo eles tinham um caráter ideológico.

Podemos aproximar a AET do diagnóstico médico. O objetivo é indicado com precisão e uma solução é buscada. Todavia, em medicina, trata-se de examinar e curar uma pessoa precisa, enquanto na AET é necessário considerar uma situação de trabalho e cuidar para que ela convenha a à grande maioria daqueles que a ocuparam.

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1.1.1 Breve história da análise ergonômica do trabalho

A análise ergonômica do trabalho surgiu nos trabalhos de Pacaud (1946 apud DANIELLON, 2004, p. 43) nas suas pesquisas sobre os “carteiros de registro da SNCF”, em que ela mostra que “[...] todas as operações são de uma extrema variedade, não acontecem a partir de uma ordem pré-estabelecida, mas se entrelaçam e algumas são abandonadas momentaneamente, em benefício de outras mais urgentes e imperativas”.

O aparecimento do AET aconteceu junto ao trabalho de operadoras de telefone, onde Pacaud (1949) mostra 14 tipos de dificuldades que as mesmas deviam resolver. Ele não teorizou sobre essa prática, que foi retomada de ma-neira mais abrangente por Ombredane e Faverge (1955).

Thereau e Pinsky tomaram conhecimento do movimento da psicologia e da etnologia com relação à cognição situada para a análise ergonômica do tra-balho para que fosse mais claramente identificada e descrita em analogia com a abordagem etnológica. A AET, contemplada por uma construção de sistema de causas, aparece como um meio de conhecimentos que podem permitir a resolução dos problemas que caracterizam a situação, configurando-se uma ferramenta essencial de orientação da intervenção ergonômica.

Há uma dúvida expressa por certos ergonomistas ingleses e americanos quanto à legitimidade da AET que não deve ser descartada muito rapidamente em uma reflexão sobre as questões epistemológicas em ergonomia.

1.2 Sociolinguística e psicologia cognitiva e

linguística (PSCL)

Outras abordagens da AET levam em consideração os comportamentos da linguagem para ter acesso ao sentido sem a intervenção de outras abordagens comportamentais (contribuição da sociolinguística à ergonomia). Na maioria das vezes, são as conversas em situação real de trabalho que são consideradas. Pode-se fazer um procedimento verdadeiro ao longo de experimentações. É o caso do estudo da aprendizagem de operadores de fotocopiadora por Schu-man (1987), em que o autor pede a duas pessoas para descobrirem juntas o funcionamento de um aparelho e encontrarem juntas as soluções, sem deixar de formular em voz alta as suas questões e as tentativas de resposta, trata-se de uma questão sociolinguística que necessita de abordagem teórica da etnologia ou da psicologia social experimental. A utilização e a análise das trocas ver-

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bais não deveriam, eventualmente, guardar a etiqueta da sociolinguística, pois pode-se falar em psicologia social cognitiva e linguística (PSCL). Não deveria ser considerada, por um lado, a abordagem comportamental na qual a palavra esteja ausente ou limitada a uma pragmática e, por outro lado, uma sociolin-guística em que as outras atividades seriam negligenciadas. Uma tal separação é mesmo contrária ao espírito da ergonomia e, mais particularmente, da AET.

Segundo Daniellon (2004, p. 47-48, grifo do autor):

Para nós, como para Theureau que costumava descrever “his-tórias”, não há razão para separar os comportamentos que não são de linguagem das trocas verbais se estamos interessados nas atividades de trabalho e ao seu sentido. O método empre-gado por Daniellou e sua equipe no estudo de uma equipe de manutenção de uma usina nuclear é, neste sentido, exemplar. Cada um dos operadores de um coletivo é observado de modo contínuo por um ergonomista durante certos períodos críticos. Uma confrontação das observações assim realizadas pelos ergonomistas permite reconstruir os comportamentos pessoais e coletivos e resgata o sentido das dificuldades, das pesquisas e das intervenções de cada um.

Se a AET permite evidenciar os obstáculos pragmáticos que atrapalham a atividade, leva a fazer recomendações relativas à saúde psíquica. Essas análi-ses mostram também que o coletivo de trabalhadores deve poder exprimir a “ideologia defensiva da profissão”, por meio de comportamentos que permitem desafiar o medo e afirmar a existência de pessoas face à organização.

Concluindo, podemos fazer uma reflexão epistemológica sobre a ergonomia orientada para os problemas que se apresentam para quem a pratica deveria permitir delimitar a ação ergonômica apesar da análise feita no que tange aos limites da ergonomia e a sua definição. Trata-se de favorecer a atividade de trabalho para preservar a saúde dos trabalhadores e melhorar a sua produti-vidade, qualidade do seu trabalho do ponto de vista individual e do coletivo.

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Seção 2 Aplicação das Normas Regulamentadoras (NR)

Para podermos compreender os dispositivos da NR 17, além de termos acesso ao seu conteúdo comentado (anexo), vamos analisar casos para a sua aplicabilidade.

CASO 1 – Empresa de bebidas

Numa empresa de bebidas, o posto de trabalho na área de produção, a sua influência na produtividade e qualidade de vida do trabalhador, bem como sua adequação à NR 17, são o foco deste caso, para, após, propor melhorias para que haja a adequação entre pessoas e as funções por elas desempenhadas.

Para resolver o caso, utilizamos a ergonomia, que tem como função adaptar o trabalho ao homem de forma que o trabalho possa aumentar a produtividade com segurança e conforto.

Na indústria, a ergonomia deve ser difundida em todo o escalão, devendo ser introduzida na prática em cada posto de trabalho, que é a sua unidade pro-dutiva menor. O melhor seria se o processo ergonômico fosse aplicado quando a indústria tivesse sendo estruturada.

A NR 17 é a principal referência para os ergonomistas. Administradores, e demais profissionais que lidam com questões direcionadas à saúde ocupacional e segurança no trabalho.

A indústria em questão (bebidas), que já conquistou o seu ISO 9001:2000, conta com duas linhas de produto, a saber: refrigerantes e água mineral.

São, ao todo, 315 funcionários, onde 135 são operários da produção e 180 são responsáveis pela parte comercial, administrativa e demais áreas da empresa.

São feitos turnos de revezamento de oito horas, com intervalos para refeição e, quando necessário, para reuniões e idas ao banheiro.

Adequação ao posto de trabalho

Durante a observação do posto de trabalho da máquina rotuladora, ficou evidente a inadequação às NR’S 17/3, 17.4, 17.5, 17.6.

Você, como responsável pela implementação de tal norma, diante do que foi observado e analisado, deve dar a devida solução para este problema, e descrever o grau de importância dado pelos gestores a respeito.

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CASO 2 – Iluminação inadequada num ambiente hospitalar

Este estudo foi realizado num hospital da rede pública para verificar o impacto da inadequada iluminação e seus efeitos. É necessário analisar suas medidas corretivas e como utilizá-las.

CASO 3 – Avaliação de uma sala de comando de uma central nuclear

A fim de melhorar os meios de gestão das suas futuras centrais nucleares, a XXX decidiu-se pela concepção de uma sala de comando informatizada. Esta, com os seus acrãs de visualização e os seus teclados, é muito diferente das salas de comando clássicas onde a estão se faz a partir de aparelhos em ban-cada (botões de arranque, registradores etc.). Este salto tecnológico justificou a construção de um protótipo designado por SSC#, destinado a ser testado em simulação, antes da instalação no local a que destina: foi elaborado, para este fim, um programa de avaliação. Esta avaliação é efetuada tanto sob ponto de vista técnico como sob o ponto de vista ergonômico. Assenta na observação de ensaios representativos da gestão normal e incidental, no decorrer das quais os operadores pilotam a instalação simulada.

Foi construído um conjunto de meios que permitem recolher um grande número de dados sobre a atividade dos operadores. Trata-se, por um lado, do registro automático de todas as suas ações, tanto no próprio posto como que se refere ao processo técnico e, por outro da observação direta de outros aspectos do seu comportamento, feitos pelo ergónomo durante o ensaio.

Estes diferentes acontecimentos, previamente listados e codificados por códigos de barras, são registrados com a indicação da hora exata da sua ocor-rência, com o auxílio de uma caneta óptica. Por último, queremos referir os testes de fadiga visual efetuados antes e depois do ensaio.

Convém, ainda, referir que cada ensaio foi seguido de uma reunião com a equipe, no decorrer da qual foram referidas certas observações efetuadas durante a sessão de simulação, pedindo aos operadores que a explicassem. Recolheram-se, igualmente, as suas apreciações sobre os meios de gestão ofe-recidos pela sala de comando.

O tratamento deste conjunto de dados, com a colaboração dos técnicos de estatística, permitiu abordar e avaliar vários aspectos da concepção e da utilização da nova sala de comendo.

O ambiente físico, em particular os aspectos visuais:

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A iluminação da sala de comendo é satisfatória (nível e qualidade de ilu-minação, reflexos etc.)?

Qual é o impacto do trabalho no acrã, em termos de fadiga visual?

O dimensionamento, o funcionamento e a implantação dos postos:

As dimensões do posto permitem uma posição confortável?

Os diferentes órgãos de dialogo encontram-se bem posicionados em relação ao posto em si (acessibilidade, relações funcionais etc.)?

As posições respectivas dos dois postos de operador são adequadas entre elas e ainda em relação ao terceiro posto?

Os diálogos e o conjunto de imagens informáticas, bem como os sinó-ticos murais:

Entre as diversas modalidades de diálogo, quais são aquelas que apresentam dificuldades de utilização?

A codificação da informação (cores, gráficos, legendas) é adequada (compreensível, memorizável)?

O conteúdo das imagens corresponde às informações fornecidas pelas imagens de condução e pelo sinótico mural?

Os aspectos ligados ao trabalho coletivo:

Como é que os operadores realizam a distribuição de tarefas?

Quais são os papéis desempenhados pelas trocas verbais e pelas deslocações?

Quais são as características da sala de comando que favorecem ou, pelo contrário, entravam à atividade coletiva?

Os resultados da avaliação traduziram-se por propostas de melhoramentos incidindo na concepção do posto, ou por orientações referentes a aspectos de formação futura.

Entre as recomendações, as que permitem um compromisso entre exigências de natureza diferentes (técnica, econômica, ergonômica etc.) foram registradas.

A título de exemplo poderemos citar:

estabelecimento de especificações funcionais de iluminação da sala de comando real;

elevação do plano de trabalho e desenho das bancadas permitindo, em relação ao posto, uma maior agilidade;

funcionamento dos postos “em espelho”, de preferência a posições simétricas, agrupamento no centro da bancada todos os acrãs de

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gestão e favorecendo o acesso visual de cada operador às imagens projetadas diante do outro;

orientação do terceiro posto (de consulta) num sentido perpendicular ao das bancadas dos operadores (mais favorável ao trabalho coletivo);

reorganização do teclado (posições relativas das teclas, acessibilidade das teclas mais utilizadas pelo modo de base etc.);

reaproximação para junto das teclas relativas a ela;

alargamento das zonas de designação sobre os ecrãs sensitivos;

possibilidade de encetar diálogos em paralelo (por exemplo, visua-lização de uma imagem enquanto se termina uma regulação);

permitir ao operador a escolha da sua estratégia em certos diálogos, por exemplo, no caso dos alarmes: suprimir a obrigação de visualizar uma ficha de alarme para poder situar um alarme, entretanto surgido; poder gerir livremente os seus alarmes por unidade individual ou por página de alarmes;

redistribuição dos ecrãs de afetação por defeito, de acordo com o tipo de imagens;

introdução de informações suplementares em certas imagens;

reformulação ou homologação de legendas ou de títulos;

criação de imagens associando diversos materiais úteis a realização de uma tarefa particular;

coerência entre estruturação e regras de codificação das informações no sinóptico e das informações nas imagens;

necessidade de insistir na formação em relação aos pontos consti-tuintes das exceções do conjunto das imagens ou aos diálogos menos utilizados;

introdução na formação dos objetivos pedagógicos especificamente ligados ao trabalho coletivo: sensibilidade para as necessidades acrescidas de coordenação neste tipo de sala de comando e aos meios possíveis destas intervenções diretas entre operadores.

A maior parte das modificações propostas com base nesta primeira fase de avaliação foi realizada antes de uma segunda fase de ensaios, efetuadas uma no mais tarde e cujos resultados estão ainda a ser avaliados.

No total, o conjunto de avaliação terá abrangido cerca de duzentos e cin-quenta ensaios, seguidos de vários meses de análise, e mobilizado oito equipas

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de operadores, uma dezena de ergónomos de diferentes direções, especialistas de análise de dados, bem como um especialista em gestão.

É necessário realizar as devidas considerações e incluir as NR referentes ao caso.

Para mais informações vale a pena visitar os sites:

<www.posturar.com.br>, <www.cipanet.com.br>,

<www.higieneocupacional.com.br>, <www.saudeetrabalho.com.br>.

Links

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circulação sanguínea.

Para saber mais

A ergonomia, aliada ao movimento de Gestão de Qualidade, é uma base para a melhoria con-

tínua dos processos produtivos. Porém, diferentemente da qualidade, que é uma exigência de

mercado (Normas ISO), a Ergonomia tem, no Brasil, exigência de lei, pela Norma Regulamentadora

17 (NR-17), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para saber mais

Comitê Ergonômico — grupos estruturados dentro das empresas para atacar os problemas

ergonômicos existentes de forma gradativa e sistemática, evitando os esforços isolados. Esses

grupos trabalham sob uma coordenação nomeada pela gerência e com o trabalho de secretaria

executiva sendo feito pelos profissionais do SESMT.

Para saber mais

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O dia 28 de fevereiro é considerado “Dia Internacional do Combate às Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Ósteo Musculares Relacionados ao Trabalho (DORT)”.

Você considera válida a importância destes temas a ponto de ser criado um dia específico para refletir sobre tais questões?

Questões para reflexão

A trajetória das NR nos ensina muitas coisas, porém, a essência do seu ensinamento está na atitude. Para crescermos, tanto profissional-mente quanto como pessoas, o único caminho é a disciplina e a busca por melhoria contínua. Esse mantra não é novo, e tem sido repetido inúmeras vezes através da história. Seus resultados são sempre os mes-mos: basta analisarmos. As organizações que cresceram são aquelas que observaram a importância destas NR e usaram de forma eficiente suas competências. Desta forma, estaremos nos tornando profissionais melhores e pessoas também.

Para concluir o estudo da unidade

Nessa unidade, apresentamos a utilidade prática de todo o embasa-mento legal como ferramenta eficiente no trato da ergonomia relacionada ao trabalho. A importância na observação desta legalidade é que nos fará diligentes em relação às questões do trabalho. A fundamentação legal é o marco fundamental para tal desenvolvimento. A instrução aos traba-lhadores para que não venham a sofrer do mal do século, produzindo o cotidiano de forma mais saudável, é a intenção neste contexto.

Resumo

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1. Referente à NR 17, descreva os itens sobre levantamento, transporte e descarga individual de materiais.

2. Qual é a norma que rege os valores de iluminância nos locais de trabalho e qual aparelho utilizado para medição?

3. Em relação ao mobiliário do checkout, este deve atender a quais requisitos?

4. A pesagem de mercadorias pelo operador de checkout só poderá ocorrer seguindo quais requisitos?

5. Em relação ao trabalho de teleatendimento/telemarketing, como deve ser o mobiliário do posto de trabalho?

6. A capacitação dos atendentes de telemarketing deve incluir quais itens?

7. Em relação a NR 11, descreva a forma correta do armazenamento de materiais.

8. Quais os cuidados especiais que se deve tomar na operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras?

Atividades de aprendizagem

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ISBN 978-85-8768-678-7