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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE BELAS-ARTES
Equipamento para quartos séniores de residências de
serviços acompanhados ou domiciliários
Projeto de desenvolvido com a colaboração da empresa
Mundinter S.A
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Trabalho do Projeto
Mestrado em Design de Equipamento
Especialização em Design Urbano e Interiores
2015
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES
Equipamento para quartos séniores de residências de
serviços acompanhados ou domiciliários
Projeto de desenvolvido com a colaboração da empresa
Mundinter S.A
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Trabalho de Projeto
orientado pelo Prof. Doutor Raúl Cunca e Co-orientado pelo Prof. Doutor
Cristovão Pereira
Mestrado em Design de Equipamento
Especialização em Design Urbano e Interiores
2015
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
1
Resumo
O presente estudo, intitulado por “Equipamento para quartos séniores de residências
de serviços acompanhados ou domiciliários”, consiste no desenvolvimento de uma
nova linha de mobiliário para a empresa Mundinter S. A. Este projeto pretende
contribuir para a melhoria da qualidade de vida de indivíduos com carências especiais.
Esta resposta social consiste em integrar, temporariamente ou
permanentemente, pessoas idosas ou com deficiência, contribuindo para o seu
equilíbrio e bem-estar.
Focada numa economia social (de lares, residências assistidas e particulares) e
no âmbito dos cuidados a serem prestados aos mais idosos e dependentes pretende-se,
em conjunto com a Mundinter S. A., criar um equipamento mais versátil e apelativo
para quarto.
O interesse neste tema reside na análise das funções/objectivo dos espaços e
dos equipamentos, bem como nas necessidades dos seus utilizadores. Através da
contextualização procuramos encontrar soluções aliadas ao design que, embora em
enorme expansão com visível influência na sociedade, ainda se encontra por explorar
em equipamentos para idosos ou pessoas com deficiência.
Palavras-chave: Design, Equipamento hospitalar, Gerontologia
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
2
Abstract
The presente study, entitled “Equipamento para quartos séniores de
residências de serviços acompanhados ou domiciliários”, consists on a
development of a new furniture line for Mundinter SA.
This project aims to improve the quality of life of individuals with special
needs. This social duty is to integrate, temporarily or permanently, elderly or
disabled people, contributing to their balance and well-being.
Focused in the social economy (nursing homes, assisted and private
residences) and aware the care to be provided to the elderly and dependent it is
intended, together with Mundinter S.A., create more versatile and appealing
furniture equipment for rooms.
The interest in this topic is based on the analysis of the space and
equipment functions / purpose, as well as the user’s needs. Through
contextualization we try to find solutions allied to the design, though in
enormous expansion with society influence, is still unexplored in furniture
equipment for elderly or disabled people.
Keywords: Design, hospital equipment, Gerontology
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
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Agradecimentos
Em primeiro lugar quero deixar o meu agradecimento ao meu orientador, o
Professor Doutor Raul Cunca, e coorientador, o Professor Doutor Cristóvão Valente
Pereira, pela disponibilidade e paciência que demonstraram em me orientar, pela
oportunidade e confiança que me deram em fazer este trabalho em parceria com a
empresa Mundinter SA.
Agradeço também a toda a equipa Mundinter pelo empenho e dedicação
durante os 12 meses de estágio.
Estou grata à minha família que sempre esteve presente e sem o apoio, carinho
e dedicação não teria conseguido chegar tão longe.
Um especial e sincero agradecimento ao João Rocha e ao Bruno Vidal, por
toda a ajuda e incentivo que me ofereceram, desde a revisão do trabalho à ajuda sobre
o tema, sem esquecer a disponibilidade constante que sempre demonstraram ao longo
desta jornada.
Não posso também deixar de agradecer aos meus amigos que foram um pilar
muito importante nesta jornada, Joana Rosa, Joana Adão e Cláudia Gomes pela
paciência, amizade e disponibilidade constante em me ajudar.
Os meus sinceros agradecimentos a todos os que me apoiaram e fizeram parte desta
etapa da minha vida.
Muito Obrigada
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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Lista de Abreviaturas
INE - Instituto Nacional de Estatísticas
IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social
MTSS - Ministério do Trabalho e Segurança Social
OMS - Organização Mundial de Saúde
RNCCI - Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
SA – Sociedade Anónima
SPGG - Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia
TV - Televisão
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ÍNDICE
Resumo 1
Abstract 2
Lista de Abreviaturas 4
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 8
1.Introdução 9
1.1. Definição do tema ............................................................................................... 9
1.2. Objetivos ........................................................................................................... 10
1.3. Apresentação da estrutura da dissertação ......................................................... 12
1.4. Metodologia ...................................................................................................... 13
2. Mundinter S.A. 16
2.1. A empresa ......................................................................................................... 16
2.2. Posicionamento no Mercado ............................................................................. 17
2.3. Estágio Profissional .......................................................................................... 18
2.4. Meios técnicos .................................................................................................. 19
3. O Utilizador 21
3.1. Gerontologia ..................................................................................................... 21
3.2. Lares e residências em Portugal ........................................................................ 26
3.2.1 Residências para idosos ............................................................................................. 28
3.2.2 Lar para Idosos .......................................................................................................... 29
3.2.3. Equipamento Mobiliário: ......................................................................................... 32
3.2.4. Área de alojamento ................................................................................................... 33
3.2.5. Critérios de dimensionamento dos espaços e compartimentos ................................. 33
3.2.6. Quartos ..................................................................................................................... 34
3.2.7. Conforto Visual ........................................................................................................ 39
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3.3. Adaptações ergonómicas e Design ................................................................... 40
3.3.2 – Design Universal .................................................................................................... 45
4. Estudos de Caso 48
4.1. Interpretação de dados recolhidos ..................................................................... 48
4.1.1. Santa casa da Misericórdia da Benedita ................................................................... 49
4.1.2. Terapeuta Ocupacional Sr. Marco Pires ................................................................... 50
4.1.3. Casa de Repouso Santa Rita ..................................................................................... 51
4.2. Estratégias ......................................................................................................... 53
PARTE II - PROJECTO 54
1. Problemática e Objetivos 55
2. Programa 58
2.1. Princípios para a elaboração do projeto ............................................................ 58
2.2 Considerações finais .......................................................................................... 61
3. Desenvolvimento de Projeto 64
3.1. Produtos e Fichas técnicas ................................................................................ 64
Especificações Comuns: ..................................................................................................... 64
3.2. Produto .............................................................................................................. 66
CADEIRA .......................................................................................................................... 67
MESA DE CABECEIRA ................................................................................................... 76
TABULEIRO ..................................................................................................................... 84
CAMA ............................................................................................................................ 105
4. Proposta Final 114
PARTE III - CONCLUSÃO 116
ÍNDICE ICONOGRÁFICO 119
BIBLIOGRAFIA 121
LEGISLAÇÃO ...................................................................................................... 123
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NETGRAFIA ......................................................................................................... 124
ANEXOS 125
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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1.Introdução
1.1. Definição do tema
No contexto das respostas sociais disponíveis em Portugal há, cada vez mais, a
necessidade de satisfazer as necessidades básicas dos utentes respeitando a sua
identidade e privacidade, criando uma autonomia pessoal e social.
Atualmente os lares de idosos, e outros estabelecimentos, devem reunir
características que possam constituir um ponto de partida para a promoção da
qualidade de vida dos seus utentes.
Sendo o Design industrial uma atividade que dá forma a um indivíduo técnico1,
coordenando, integrando e articulando os factores que a constituem, relativos ao uso e
ao consumo individual ou social do produto2, compreende-se que a ergonomia e o
Design estejam relacionados entre si.
A interação do homem com os artefactos e o ambiente sempre foi um campo
de estudo essencial para o Design e produção material. A ergonomia está diretamente
relacionada com Design de tal modo que não se pode analisá-los em separado.
Cada ser humano comporta-se de maneira distinta possuindo diferentes níveis
de sensibilidade. As capacidades da interação humana são influenciadas por diversos
fatores, sendo que um dos mais determinantes é a idade.
Da infância à idade adulta, o ser humano possui habilidades e limitações
distintas em aspetos motores e cognitivos que se desenvolvem com o tempo, sendo
muito comum que usuários idosos tenham severas restrições em situações do dia a dia,
como comer em determinadas posições ou mesmo manusear uma maçaneta.
Nesse sentido o objectivo primordial do Design deverá ser a investigação e a
concepção de equipamentos que promovam a autonomia e a independência dos idosos
ou pessoas com deficiências, proporcionando conforto e adaptabilidade, diminuindo
1 SIMONDON, Gilbert; Du mode d’existence des objets techniques, Paris: Aubier, 2008 [1958] 2 MALDONADO, Tomas 1991: “Looking Back at Ulm”, in Herbert Lindinger Ulm Design: the
morality of objects. Hochschule fr Gestaltung Ulm, 1953-1958. Cambridge, Mass: MIT Press.
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os riscos de acidentes e aumentando a autoestima e a confiança, tendo sempre em
atenção o foco nos equipamentos para um quarto de uma instituição ou domicílio.
Parte-se do pressuposto que um Lar/Residência constitui uma resposta social
desenvolvida em alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, para
idosos em situação de maior risco de perda de independência e/ou de autonomia.
Como tal, o lar ou a residência requerem um conjunto de factores que juntos irão
contribuir para o desenvolvimento das capacidades motoras diminuindo o risco de
acidentes. Um espaço que garanta a adaptabilidade ao utilizador, que eleve a
autoestima e autoconfiança, que coloque os utilizadores seguros e protegidos
mantendo a sua privacidade e comodidade em primeiro lugar.
Todo este trabalho baseia a sua investigação no estudo e compreensão das
limitações motoras em idosos desenvolvendo uma hierarquia de requisitos ao Design
de produto, de forma a tornar possível a criação de uma linha de mobiliário
ergonómica num ambiente domiciliário e de serviços acompanhados para idosos ou
pessoas com deficiência.
Será proposta uma linha capaz de responder aos problemas que foram
encontrados tendo em conta que atualmente não encontramos em Portugal nenhuma
empresa que responda a estas preocupações, não só a nível formal, como ergonómico
e económico.
1.2. Objetivos
O presente estudo tem como finalidade investigar e propor eventuais soluções
para os equipamentos em residências de serviço acompanhado e domiciliário para
pessoas idosas ou com deficiência.
Sendo que, este projeto foi desenvolvido com o objetivo de criar uma linha de
mobiliário ergonómico para a empresa Mundinter SA, tendo como base uma estrutura
articulada já existente nos seus catálogos (neste caso a cama ClinicLar LC 50), uma
das maiores preocupações foi investigar e entender quais eram as principais lacunas
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existentes no mercado de mobiliário hospitalar e domiciliário, procurando responder
às necessidades encontradas.
Através da análise do mercado hospitalar, lares e residências, e em particular
das problemáticas do envelhecimento, propõe-se neste trabalho o estabelecimento de
uma nova linha de mobiliário coerente e que correspondesse à tipologia de linhas
clássicas de quartos em residências de serviço acompanhado e domiciliário para
pessoas idosas ou com deficiências.
No seguimento do que foi apresentado na definição do tema, o objectivo
principal é contribuir para a criação de condições materiais que possibilitem um
ambiente domiciliário acolhedor. Para este ambiente está previamente definido uma
cama articulada, mesa de cabeceira, cadeira de descanso temporária, armário e
cómoda. Estes cinco produtos de mobiliário são indispensáveis para a segurança do
utilizador e uma mais valia para o seu bem-estar e longevidade.
O cumprimento das normas técnicas de acessibilidade e a integração dos
princípios do Design Inclusivo são fundamentais. O objetivo principal é a inclusão de
todos os utilizadores com base nos princípios do Design universal, tais como: o uso
equitativo - proporcionando a mesma forma de utilização e interação a todos os
utentes; a flexibilidade no uso - garantindo adaptabilidade; e o uso simples e intuitivo
- para fácil compreensão independentemente da experiência, do conhecimento, das
capacidades linguísticas ou do nível de concentração do utente.
É igualmente importante tanto a minimização dos riscos de ações acidentais
ou consequências adversas como a redução do esforço físico para que os utilizadores
usem de forma eficaz e confortável os produtos com o mínimo de fadiga.
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1.3. Apresentação da estrutura da dissertação
Sendo que este tema possibilita um leque diverso de opções de recolha de
dados, o presente trabalho de projeto está estruturado em três partes, as primeiras duas
com quatro capítulos distintos e a última dedicada às conclusões finais. O primeiro
capitulo diz respeito à introdução da investigação e enquadramento teórico, o segundo
refere-se ao trabalho de projeto mediante os objetivos propostos e o último capitulo
extrai todas as conclusões da investigação e trabalho de projeto.
Numa primeira reflexão, começa-se por definir todas as bases para o
desenvolvimento teórico. Assim, no segundo capítulo aborda-se toda a envolvente
resultante do estágio curricular na empresa Mundinter SA., apresentando-se os
produtos existentes no mercado e as possibilidades de criação de novos produtos.
No terceiro capítulo, foi feita uma abordagem em lares e misericórdias, o que
levou a um levantamento de diversas opções graças à observação dos espaços e às
queixas/sugestões dos utentes, permitindo assim perceber de forma mais completa o
conhecimento sobre esta área em diferentes perspectivas.
O objectivo será promover a inclusão de todos os utilizadores com base em
princípios do Design inclusivo como a flexibilidade de uso, o uso simples e intuitivo,
a tolerância ao erro ou o baixo esforço físico, entre outros, tendo presentes os
objectivos comerciais e técnicos definidos pela Mundinter S.A.
Ainda no terceiro capitulo, e depois de se definir as bases para o arranque do
enquadramento teórico, aborda-se a problemática do envelhecimento influenciado por
inúmeros factores como doenças motoras e outras limitações, estudando-se também as
condições intrínsecas do idoso que lhe permitem um melhor enquadramento em novos
espaços como lares ou residências, onde são estudadas as respostas sociais existentes
em Portugal.
As adaptações ergonómicas e o Design são abordados como factores
determinantes para a elaboração do projeto onde se fala do bem estar do indivíduo e
da sua capacidade de mobilização nos espaços e equipamentos em questão de acordo
com as suas limitações.
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De seguida, no quarto capitulo, são extraídas as conclusões da investigação e
procede-se aos estudos de caso dedicados à investigação feita em lares, misericórdias
e casas de repouso. Neste capitulo é de salientar a importância dos questionários
feitos aos utentes e aos auxiliares de saúde, uma vez que neste momento da
investigação foram identificados os problemas e as respectivas soluções para a
realização deste trabalho.
A segunda parte constitui a proposta final de projeto, define-se a problemática
e objetivos do projeto, relata-se o levantamento de dados efectuado nos capítulos
anteriores do trabalho e de seguida define-se os princípios para a elaboração do
projeto. Este culmina com a apresentação de uma linha de produtos para residências
de serviços acompanhado e domiciliário que adopta uma conjunção ideal tendo em
conta as condicionantes estudadas na fase anterior ao projeto.
No último capitulo são extraídas as conclusões da investigação e do trabalho
de projeto.
1.4. Metodologia
A metodologia utilizada nesta investigação abordou uma vertente mais prática
no Trabalho de Projeto, dada a natureza projetual da concepção de produtos para um
espaço domiciliário.
Numa primeira fase, no seguimento da delimitação do objeto de estudo,
iniciou-se uma fase exploratória com o objectivo de alcançar as noções básicas e
gerais do tema. A pesquisa com recurso aos sites disponibilizados em rede foi um
ponto de partida para se proceder á análise dos documentos legais que sustentam as
abordagens expressas ao longo do trabalho.
No desenvolvimento do trabalho de projeto, recorreu-se a uma metodologia
que abrangeu várias técnicas de investigação:
- Contacto direto com ambientes hospitalares, lares e misericórdias, de forma a
constatar em primeira mão o quotidiano de um idoso e do cuidador, bem como todo o
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envolvente (todo o tipo de equipamento e mobiliário).
- Contacto direto com as instalações da empresa Mundinter SA bem como
com a fábrica, ateliers, espaço de linha de montagem e loja com todas as camas
articuladas. Foi assim possível perceber toda a dinâmica da empresa, quais as
limitações de produção, materiais existentes, linhas existentes e possibilidade de
inserir novos materiais dentro de uma nova linha de equipamento.
- Entrevistas realizadas a profissionais da área que ajudaram a aproximar da
realidade dos lares e residências, contribuindo para uma maior clareza em relação à
utilização dos espaços e do material envolvente.
- Técnica documental e pesquisa bibliográfica, onde se salienta todo o
conjunto bibliográfico e netgrafia. Estudou-se a temática relacionada com o idoso que
pudesse condicionar e sustentar as escolhas a adoptar na parte prática do Trabalho de
Projeto.
- Execução do projeto com base em todas as problemáticas descritas anteriormente,
identificação de problemas ergonómicos e extração das conclusões da investigação
procedendo-se assim para a fundamentação do projeto de acordo com o briefing
proposto pela empresa.
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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Figura 1: Metodologia utilizada para a definição dos assuntos a tratar
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2. Mundinter S.A.
2.1. A empresa
A Mundinter3, empresa Portuguesa consolidada na área da saúde, foi criada
em 1953 com o objectivo de desenvolver e comercializar produtos eficazes, de alta
qualidade, destinados á melhoria da saúde e divulgação de orientações relativas às
suas competências.
Em 1965 dá-se o inicio da expansão da Mundinter no desenvolvimento de
equipamento hospitalar, criando a empresa Fabrilar, que em 1993 muda a sua
denominação para Hospiarte.
A partir de 1990, a Mundinter impulsiona a atividade da exportação para os
Palop’s e expande os seus negócios exportando diretamente para Angola,
Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, e na Europa para o mercado
espanhol. A Mundinter tem como missão o desenvolvimento e consolidação da sua
posição na área da saúde, mais concretamente, na área dos serviços médicos. Coloca a
sua competência ao serviço da saúde, identificando parceiros de negócios em
diferentes geografias, de acordo com as necessidades do mercado e da sua atividade,
mobilizando todos os meios necessários.
Desta forma, procura a especialização em determinadas áreas, uma delas o
Design, de maneira a oferecer aos seus clientes, soluções integradas e um serviço de
maior qualidade dentro dos padrões da sociedade atual.
Apesar dos seus produtos serem líderes de mercado em Portugal e
caracterizarem-se pelos elevados padrões de qualidade e segurança clínica, o
mobiliário hospitalar, no geral, deixou de responder a todas as necessidades estéticas
e técnicas que muitas empresas do mercado Europeu passaram a liderar. É aqui que o
Design entra respondendo a todas as lacunas existentes.
A produção própria e nacional diferenciam esta empresa. Através da Hospiarte
produzem uma vasta gama de produtos de Material Geral, nomeadamente camas e
3 Informação obtida através do site: http://www.mundinter.pt/
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macas hospitalares, segmento em que se colocam na vanguarda técnica a nível
mundial, mas que no segmento do Design ainda se encontra muito limitado.
Todas estas gamas precisam de soluções com linhas mais simples e apelativas
que, a cima de tudo, promovam a autonomia e independência dos idosos ou pessoas
com deficiências, proporcionando conforto e adaptabilidade, aumentando a
autoestima e a confiança. Todos estes factores são influenciados por aspectos visuais
muito importantes, o Design tem um papel determinante neste campo tendo em
atenção o foco nos equipamentos para quartos de uma instituição ou doméstico.
2.2. Posicionamento no Mercado
A Mundinter cobre a generalidade das áreas de segmentação da saúde
(dispositivos médicos), sendo que as principais valências da sua oferta de soluções
passam por: Equipamento Hospitalar, Bloco operatório, Neurologia, Urologia,
Cardiologia, Imagiologia, Gastrenterologia, Pneumologia, Consumíveis, Produtos de
Higiene e Produtos de apoio.
Enquanto grupo dinâmico e proactivo, está atento ás mudanças e exigências
do mercado na saúde. Neste contexto têm procurado desenvolver e diversificar os
seus produtos, nomeadamente em mobiliário hospitalar e domiciliário, visando dar
resposta às necessidades do meio envolvente do sector onde atuam.
Desta forma, têm cultivado e adoptado o conceito de “Economia Social”4
ampliando um novo leque de produtos e respondendo com qualidade, conforto e
Design a este segmento de mercado emergente, dadas as características e exigências
da nossa sociedade.
Com a constante preocupação sobre os aspectos relacionados com o Design,
os produtos de marca Mundinter vão refletir num reforço de soluções técnicas, que
têm como objectivo melhorar a capacidade e leque de oferta para o equipamento
4 Comité Económico e Social Europeu (2007): A economía social na Uniao Europeia
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integral de unidades hospitalares.
2.3. Estágio Profissional
No âmbito da disciplina de projeto - Design Urbano e Interiores - do Mestrado
de Design de Equipamento da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa,
foi estabelecida uma parceria com a empresa Mundinter S.A. para o desenvolvimento
de um projeto.
Na abordagem ao briefing proposto pela empresa, houve a necessidade de
elaborar um estudo sobre o mercado doméstico numa vertente económica, adaptado
para residências assistidas que resultou posteriormente na criação de uma nova linha
de produtos.
No seguimento deste projeto, foi sugerida neste trabalho que se baseou na
economia atual e procurou atender às necessidades da empresa tendo em conta os
meios disponíveis para a criação/fabricação de novos produtos nas suas instalações
(Hospiarte).
Esta parceria culminou num estágio profissional do Instituto de Emprego e
Formação Profissional de forma a conciliar a dissertação de Mestrado feita na
Mundinter SA. com outras atividades que foram desenvolvidas no recém-criado
departamento de Design. Este estágio foi o desenvolvimento de uma experiência
prática em contexto de trabalho com o objetivo de promover a inserção de ideias
novas e motivando a criação de novos programas para o desenvolvimento de linhas de
produtos.
Houve um acompanhamento técnico e pedagógico, supervisionado face às
atividades indicadas no plano individual do estágio por parte dos orientadores.
Neste estágio, feito no âmbito dos cuidados de saúde, foram desempenhadas
diferentes funções. Para além do desenvolvimento do trabalho de projeto, foram feitos
levantamentos de todos os equipamentos e fichas individuais de cada produto
referentes ao mobiliário hospitalar com o objectivo de se criar um catálogo geral,
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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tendo sido concretizado com sucesso 5.
2.4. Meios técnicos
Através da experiência recolhida durante o estágio profissional foi possível
constatar que neste momento existem 5 modelos diferentes de camas articuladas
disponíveis para venda ao público (Multicare 800, Lusocare Standart, Multicare 200,
ClinicLar LC 50 e Multicare 111).
Nas instalações da Hospiarte todas as componentes das camas são importadas
e mais tarde montadas nas próprias instalações, nas áreas de linha de montagem,
serralharia e soldadura.
A estrutura base definida para a elaboração deste projeto foi a ClinicLar LC50,
uma cama com uma estrutura mais económica que combina a funcionalidade e a
operacionalidade de um quarto tanto hospitalar como domiciliário.
Com uma altura mínima de 330mm, tem articulação de costas e pés,
grade de madeira, comando eléctrico e altura variável, com roda antiestática e
travagem individual a 4 rodas.
5 Catálogo Geral de produtos Mundinter 2015
Figura 2: Cama ClinicLar LC50. Fotografada nas instalações da Hospiarte
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.
FUNCIONALIDADE
Comando eléctrico e
altura variável
SEGURANÇA
Grade de Madeir a
CONFORTO
Articulação de costas
e pés
MOBILIDADE
Base rodada com travagem
CARACTERISTICAS GERAISCLINICLAR LC 50
STANDARD
Medidas exteriores sem grades laterais 2000 x 910 mm
Medidas exteriores com grades laterais 2000 x 990 mm
Medidas interiores 1940 x 890 mm
Medida do colchão - 1900x860x120 mm
Estrutura metálica em aço ST 37 pintada a epoxy
Leito quadripartido com travessas em madeir a
Cabeceira em MDF folheado a faia
Rodas de 100 mm com espelho e tr avagem individual
Roda antiestática para dissipação de electricidade estática
Travagem individual a 3 r odas
Altura variável com estrutura em “X” e atuador eléctric o, 330-760 mm
Incluido
Opção
Acionamento da secção das costas - actuador eléctrico
Acionamento da secção das pernas/pés - actuador eléctric o
Comando de mão par a paciente/utilizadores
Cabeceiras e grades em MDF Plus G-f olheado a faia
Cabeceiras e grades em madeir a com tubo em inox
Travagem central para camas Cliniclar LC50
Terminal de uniformização de potencial
Peso da cama : 90 Kg
Carga de segurança de 170 Kg 170 kg
90 kg
Costas - 65º FowlerAltura máxima
- 760
Altura Mínima
- 330
DESIGN
Harmonia no lar
.
ACESSIBILIDADE
Altura minima de 330mm
Figura 3: Ficha técnica da cama ClinicLar LC 50. Catálogo Mundinter 2015
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3. O Utilizador
3.1. Gerontologia
Há várias formas de abordar os problemas relacionados com o envelhecimento.
Numa abordagem global o envelhecimento contém dimensões bio fisiológicas,
psicológicas, sociológicas, culturais e ambientais da saúde, permitindo dar ênfase a
elementos como a saúde, o conforto, o bem-estar e as relações interpessoais dos
idosos.
De acordo com o modelo conceptual de Virginia Henderson6, é importante
que exista um foco sobre os meios de ajudar os idosos a fim de poderem atingir e
manter o melhor estado possível de saúde e de bem-estar.
Os cuidados aos idosos, contrariamente ao que é escrito, não se improvisam,
apoiam-se em noções teóricas e práticas específicas e administram-se num contexto
de colaboração e respeito entre os idosos, as famílias e todos os intervenientes. Como
sublinhou Dominique Pasquale “Todos envelhecemos. A sociedade, os homens, as
mulheres, por vezes bem, por vezes mal. As instituições e as sociedades envelhecem
sempre mal. Quando querem durar muito estão condenadas a permanecer jovens
durante muito tempo.”7
Segundo o modelo conceptual de Virginia Henderson8
o ser humano tem
catorze necessidades básicas diferentes para satisfazer:
1. Respirar;
2. Comer e beber;
3. Eliminar;
4. Movimentar-se, manter uma postura correta (e manter a circulação adequada) ;
5. Dormir e repousar;
6 BERGER, Louise – Cuidados de enfermagem em gerontologia. In BERGER, Louise ; MAILLOUX-
POIRIER, Danielle – Pessoas idosas: uma abordagem global. Lisboa: Lusodidacta, 1995 7 Dominique de Pasquale, Revue des diplô més de l’Université de Montreal, nº348, hiver 1985, p.7 –
Tradução livre 8 PHANEUF, Margot, Soins Infirmiers, la demarche scientifique, orientation vers le diagnostic
infirmier, Montreal, McGrawHill, 1986. P.19
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6. Despir-se e vestir-se;
7. Manter a temperatura do corpo nos limites normais;
8. Estar limpo, cuidado e proteger os tegumentos;
9. Evitar os perigos (e manter a integridade física e metal);
10. Comunicar com os seus semelhantes (e assumir a sexualidade);
11. Agir segundo as suas crenças e valores;
12. Ocupar-se com a vista à sua realização;
13. Recrear-se;
14. Aprender;
O ser humano é um todo indivisível. Todas as dimensões – biológica,
psicológica, sociológica, cultural e/ou espiritual – que modulam o ser humano
definem igualmente cada uma das suas necessidades básicas. A satisfação de uma
necessidade passa, forçosamente, por cada uma das suas dimensões, tal como explica
o quadro que se segue:
Figura 4: Representação das necessidades básicas do ser humano, PHANEUF, Margot, op. Cit., p.20.
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A gerontologia, do grego geros, gerontos (velho)9
designa o estudo do
processo do envelhecimento sob todos os aspectos. Este termo, utilizado pela primeira
vez em 1901, engloba uma realidade muito complexa. A gerontologia abarca quatro
aspectos semelhantes mas distintos10
:
1 - Envelhecimento físico: perda progressiva da capacidade do corpo se renovar;
2 – Envelhecimento psicológico: transformação dos processos sensoriais, perceptuais,
cognitivos e da vida afectiva do individuo;
3 - Envelhecimento comportamental: modificações pré-citadas enquadradas num
determinado meio e reagrupando as aptidões as espectativas, as motivações, a auto
imagem, os papéis sociais, personalidade e adaptação;
4 – Contexto social do envelhecimento: influência que o individuo e a sociedade
exercem um sobre o outro.
A gerontologia, com apenas um século de existência, estuda a vida dos
homens e das mulheres que envelhecem e interessa-se tanto pelas pessoas saudáveis
como doentes. É ainda uma ciência imprecisa cujo campo de investigação é imenso.
O evidente aumento da população idosa deve receber especial atenção em
relação às sua limitações funcionais. A problemática do envelhecimento demográfico
está intrínseco nas transformações económicas, sociais e culturais operadas nas
sociedades contemporâneas.
As alterações verificadas na estrutura etária da população portuguesa traduzem
mudanças de comportamento demográfico resultantes do processo de
desenvolvimento socioeconómico.
As mudanças demográficas e a estrutura social das famílias criaram reformas
políticas nos cuidados de longa duração da população idosa no continente Europeu11
.
Após um período em que as mulheres assumiam o papel de principais cuidadoras dos
membros mais idosos, o aumento da sua inclusão no mercado de trabalho, assim
como o envelhecimento geral da população introduziu mudanças no enquadramento
9 Cit. Por SPGG - Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia http://www.spgg.com.pt 10 ZAY, Nicolas, Dictionaire/Manuel de gerontologie social, Les presses de L’Université Laval, 1981,
p.240 11 Geerts, et al., 2012; Grootegoed, et al., 2012; Pfau-Effinger, 2012
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dos cuidados a idosos12
.
O número e proporção de população com idade superior a 65 anos continuarão
a aumentar, assim como as taxas de prevalência de dependência e incapacidade nesta
faixa etária, sobretudo devido ao envelhecimento da população e a um aumento da
longevidade13
.
Há um conjunto muito vasto de literatura que investiga as principais
tendências no âmbito das políticas e reformas dos cuidados de longa duração para os
idosos, em especial dos idosos em condição de dependência14
. Estes estudos apontam
para o facto de inúmeros países terem alargado o apoio financeiro e a oferta pública
de serviços, no âmbito dos cuidados de longa duração.
Em Portugal, foi criado em 1989 um subsídio para os cuidadores informais,
atualmente denominado “Complemento por dependência”, acrescendo também as
novas estruturas criadas pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
(RNCCI) que pretendem dar igualmente suporte ao papel de cuidador informal. Num
momento de crise económica, social e financeira urgem soluções custo efetivas e que
colmatem, caso existam, as falhas existentes.
A melhoria das condições de vida e de trabalho, assim como a melhoria da
qualidade dos serviços de saúde proporcionou um aumento significativo da proporção
de idosos (idade superior a 65 anos), tendência que se continuará a verificar nas
próximas décadas. Em 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que
haveria cerca de 524 milhões de pessoas com 65 ou mais anos, ou seja 8% da
população mundial. Em 2050, é estimado que estes números tripliquem, passando a
representar 16% da população mundial, ou seja, cerca de 1,5 mil milhões de pessoas
(OMS, 2011). No ano de 2050, é esperado que 30% dos Europeus tenha 60 ou mais
anos, e que na EU-15 10% da população tenha idade superior a 80 anos (Comissão
Europeia, 2002).
Na última década o número de idosos, em Portugal, cresceu cerca de 19%
12 Anderson, 2004; Crompton, 2006; Stuifbergen, et al., 2008 13 Lafortune, et al., 2007 14 OCDE, 2005; Costa-Font, 2010; Santana, 2011; Costa-Font, et al., 2012
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(INE, 2012). De destacar que 22% do idosos em Portugal se encontram em risco de
pobreza após as transferências sociais (INE, 2010), demonstrando a vulnerabilidade
em que se encontram e a importância que deverá desempenhar para com o Estado.
A Saúde Pública enfrenta o desafio de promover o debate sobre a
reformulação das políticas de saúde que beneficiem toda a população, mas que visem
em especial os idosos. Nesta faixa etária é sobretudo relevante discutir-se a perda
progressiva de funcionalidade e consequente aumento de dependência nas suas
atividades diárias.
Figura 5: Factores determinantes do processo de envelhecimento . Netto, M. P., Kein, E. L., &
Brito, F. C. (2006). Avaliação geriátrica multidimensional, p. 74.
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3.2. Lares e residências em Portugal
As medidas de política social e de saúde relativas aos equipamentos e serviços
na área da população idosa enquadram-se, respectivamente, ao nível dos programas
de ação social do âmbito da Segurança Social e ao nível de algumas ações
desenvolvidas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
Os programas de Ação Social têm como objectivos a prevenção das situações
conducentes à degradação do processo de envelhecimento dos indivíduos e da sua
marginalização e a promoção das condições favoráveis à integração socioeconómica e
cultural dos indivíduos deste grupo etário. Estes equipamentos são essencialmente de
dois tipos: alojamento colectivo e centros de dia.
As respostas sociais de apoio15
, vocacionadas para as pessoas idosas são: os
Centros de convívio, que pretendem dinamizar atividades sócio recreativas e culturais,
havendo participação ativa, por parte dos idosos, na sua organização; os Centros de
dia que prestam um conjunto de serviços que permitem a sua permanência no seu
ambiente sociofamiliar; as Residência de idosos, sendo estas um conjunto de
apartamentos, onde existem serviços de utilização comuns, para idosos independentes
ou parcialmente independentes; os Serviço de Apoio Domiciliário que prestam
cuidados individualizados e personalizados ao domicílio, a indivíduos e famílias
quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam
assegurar a satisfação das suas necessidades básicas e/ou das atividades da vida diária.
Adicionalmente a estas respostas sociais existe o Acolhimento familiar que
consiste na integração temporária ou permanente em famílias consideradas
adequadas, de pessoas idosas quando, por ausência de condições de familiares e/ou
inexistência ou insuficiência de respostas sociais, não possam permanecer no seu
domicílio. Uma resposta social com o objetivo de acolher pessoas idosas (no máximo
de três) com 65 ou mais anos, que se encontrem em situação de dependência ou de
perda de autonomia, vivam isoladas e sem apoio por natureza sociofamiliar e/ou em
situação de insegurança, garantindo à pessoa acolhida um ambiente sociofamiliar e
15 MTSS, 2006 b
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afetivo propício à satisfação das suas necessidades e ao respeito pela sua identidade,
personalidade e privacidade, evitando ou retardando o recurso à institucionalização.
Outras das respostas sociais existentes são: os Centros de acolhimento
temporário para idosos que têm o objectivo de acolher temporariamente a pessoa
idosa, que necessita de apoio social de emergência, sendo posteriormente efectuada a
sua inclusão no seio familiar ou a transferência para outro serviço ou equipamento de
natureza permanente; os Centros de noite, utilizados por pessoas idosas que durante o
dia são autónomas, mas que durante a noite, por vivenciarem situações de solidão,
isolamento ou insegurança necessitam de suporte de acompanhamento. É uma
resposta social com o objetivo de assegurar bem-estar e segurança, favorecer a
permanência no seu meio habitual de vida e evitar ou retardar a institucionalização,
destinada a idosos de 65 ou mais com autonomia, ou em condições excepcionais de
idade inferior.
Por fim uma das respostas sociais mais conhecida e desenvolvida em Portugal
são os Lares para idosos, desenvolvida em equipamento, destinada a alojamento
coletivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras em
situação de maior risco de perda de independência e/ou de autonomia.
Com o objetivo de acolher pessoas idosas ou pessoas de outras idades em
condições especiais, cuja situação social, familiar, económica e/ou de saúde, não lhes
permite permanecer no seu meio habitual de vida, assegurando a prestação dos
cuidados adequados à satisfação das necessidades, tendo em vista a manutenção da
autonomia e independência;
Os lares para idosos proporcionam alojamento temporário, como forma de
apoio à família criando condições que permitam preservar e incentivar a relação inter-
familiar, encaminhando e acompanhando as pessoas idosas para soluções adequadas à
sua situação.
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3.2.1 Residências para idosos
Existe sempre uma incógnita quando se compara um lar de idosos a uma
residência para idosos. Avaliando os termos, estas estruturas não são iguais, isto
porque um lar de idosos é uma estrutura de índole social com uma qualidade e com
um profissionalismo muito elevado para os idosos que presta um serviço permanente,
enquanto a residência para idosos é uma estrutura com as mesmas ideologias, contudo
a diferença centra-se na independência dada ao idoso face à instituição, habitando em
residências independentes e com uma qualidade acima da média.
Estas residências têm uma complexidade para o idoso mais necessitado, isto é,
são estruturadas direcionadas para classes sociais preferencialmente abastadas, com
rendimentos mais elevados. Os serviços e mordomias próprias de uma instituição
como esta, incluem como é o caso do serviço de recepção que presta ajuda ao idoso
em marcação de barbeiro ou cabeleireira, aquisição de ingressos para eventos de
índole cultural, envio de correio pessoal, apoio e acompanhamento no acesso ao
mundo virtual em especial o da internet, entre outros.
Nestas residências os aposentos (quartos e/ou suites) têm uma higiene diária
com mudança de todo o tipo de adornos - como lençóis e toalhas. Têm um serviço de
enfermaria diário com médico de família presente na estrutura duas a três vezes ao dia,
sendo também prestado o serviço de urgência médica, onde o médico à solicitação do
doente se pode deslocar à Residência para com a maior brevidade possível,
encaminhar o mesmo para uma urgência hospitalar.
Nos cuidados continuados e mais críticos de doentes com problemas de
demência, imobilidade, etc. as residências assistidas procuram elaborar, caso
necessário, planos de apoio individual para o controlo de medicação ou o apoio na
higiene diária do utente. É de realçar que as últimas residências a surgir no mercado já
prestam serviços muito amplos como spa, ginásio, cabeleireiro, esteticista, personal
trainer, entre outros.
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Concluindo, as residências assistidas são estruturas luxuosas com uma
qualidade acima da média que prestam um serviço de qualidade aos seus
utentes/clientes como se estes estivessem num Hotel.
3.2.2 Lar para Idosos
O Lar de Idosos16
oferece uma resposta social desenvolvida em alojamento
coletivo, de utilização temporária ou permanente, para idosos em situação de maior
risco de perda de independência e/ou de autonomia.
Com o objetivo de atender e acolher pessoas idosas cuja situação social,
familiar, económica e/ou de saúde não permita uma resposta alternativa, proporciona
serviços adequados à satisfação das necessidades dos residentes. Faculta também o
alojamento temporário como forma de apoio à família (doença de um dos elementos,
fins de semana, férias e outras), prestando os apoios necessários às famílias dos idosos,
no sentido de preservar e fortalecer os laços familiares.
Alberga pessoas de 65 e mais anos cuja situação/problema não lhes permita
permanecer no seu meio habitual de vida e pessoas de idade inferior a 65 anos em
condições excepcionais, a considerar caso a caso.
Portugal dispõe atualmente de 615 Lares (sem incluir os 186 lares de tipo
lucrativo) dos quais 594 pertencem a Instituições Privadas de Solidariedade Social 21
são Instituições Oficiais.
Apesar destas instituições suportarem o final de vida de um idosos, as
estatísticas demonstram que uma pequena percentagem recorre a estes
estabelecimentos. No entanto, é um fato que “as condições de vida atual,
principalmente nos meios urbanos, tê m determinado a proliferação sempre crescente
de estabelecimentos [...] que se destinam a apoiar [...] pessoas idosas ou
16 Recomendações técnicas para equipamentos sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf,
Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
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30
diminuídas”.17
Atualmente existem, segundo o portal da Carta Social18
, 1583 equipamentos
que fornecem a resposta social “Lar de Idosos” com capacidade para receber 63 570
pessoas. Capacidade esta que representa 3,6% da população com mais de 65 anos, que
segundo as estimativas do INE, para o ano de 2007, eram de 1 787 344 mil indivíduos
(Continente).
De todas as respostas sociais existentes, o Lar e a Residência para Idosos
apresentam a maior taxa de ocupação (Figura 3)
Sobre este tema vários trabalhos de investigação têm sido desenvolvidos,
desde a década de 1950. Um número significativo destes trabalhos focaliza o impacto
17 Decreto-Lei nº350/81 de 23 de Dezembro 18 Ministério do Trabalho e da Segurança Social, Gabinete de Estratégia Planeamento 2007
Figura 6: Número de equipamentos por distrito – Portugal Continental - Daniel F.,
Profissionalização e Qualificação da Resposta Social ‘Lar de Idosos’ em Portugal, 2009. Pág.
67
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da experiência da institucionalização, destacando os efeitos negativos que a
institucionalização produz. A integração num Lar de Idosos constitui um processo
doloroso, na medida em que a institucionalização pressupõe, quase sempre, o
abandono definitivo do espaço físico familiar e a diminuição dos contactos com a rede
relacional até então dominante. É, assim, compreensível que este processo possa
associar-se ao aumento do stress, perda de saúde, ineficácia intelectual, auto-imagem
negativa, depressão, perda de interesse em atividades, passividade e até ao aumento
da mortalidade19
.
A necessidade de qualificar esta resposta destinada às pessoas idosas envolve
a integração entre práticas e conceitos de mudança e intervenção e profissionalização
de serviços. Em particular, a atenção pela diversidade na experiência de envelhecer
que exige uma modificação do universo simbólico nesta etapa da vida.
A evidência científica informa-nos que, quando um ambiente é considerado
inadequado, ameaça a integridade das pessoas, dos mais idosos em particular,
podendo estes regredir e ver o seu estado de saúde deteriorar-se rapidamente20
.
Assim, as ajudas protésicas (elevadores ou rampas), a utilização de materiais
com capacidade de absorção acústica que minimizem o ruído intrusivo podem ser
utilizadas para diminuir os efeitos negativos de algumas mudanças associadas à idade,
favorecendo a integração e a segurança. Uma adequada adaptação dos espaços físicos
favorece a interação e aumenta a independência, acrescentando qualidade de vida aos
residentes.
Os Lares de Idosos não devem ser considerados como o último recurso, mas
entendidos como espaços de promoção dos direitos dos seus residentes e da
dignificação da pessoa humana. A saúde debilitada e as fracas condições de vida que,
frequentemente, caracterizam os percursos de vida das pessoas idosas
institucionalizadas fazem uma fraca comparação com as suas condições de vida
anteriores. A profissionalização e qualificação dos serviços exige, neste sentido, uma
19 Lieberman 1969 20 Fernández-Ballesteros, Izal, Montorio, Gonzalez e Diaz 1992
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consciência simultaneamente ética e social, em termos dos padrões de rigor, eficácia,
transparência e o respeito pela dignidade das pessoas na sociedade de hoje.
Desta forma, impõe-se que os Lares de Idosos, enquanto resposta social, sejam
organizados e conceptualizados por princípios que incorporem o diagnóstico, a
planificação e a avaliação sistemática, compreendendo a transformação da própria
identidade do idoso, numa sociedade em mudança. Isto significa que se devem
desenvolver equipamentos organizados de acordo com as necessidades sociais e
afectivas dos residentes, com espaço para a realização pessoal, com respeito pelas
experiências vividas e a forma de cada um estar na vida e sua singularidade.
3.2.3. Equipamento Mobiliário:
O lar deve dispor de todo o equipamento e mobiliário necessários para poder
prestar adequadamente os serviços previstos. O mobiliário do lar deve ser, no geral,
semelhante ao usado na habitação, por forma a contribuir para criar um ambiente
próximo do familiar.
O mobiliário a utilizar pelos clientes deve satisfazer a um conjunto de
requisitos, nomeadamente:
- ser cómodo e agradável à vista;
- ser simples e sem arestas agressivas;
- utilizar materiais naturais (evitar materiais sintéticos);
- ser de fácil limpeza;
- ter resistência mecânica e estabilidade adequadas ao uso previsto;
- ter características que considerem as diversas limitações de mobilidade e as
diferenças de antropometria dos clientes.
No geral, as portas das instalações sanitárias devem abrir para o exterior do
compartimento, os puxadores das portas devem ser manuais e do tipo muleta e as
fechaduras devem permitir a sua abertura pelo interior e exterior dos respetivos
compartimentos.
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3.2.4. Área de alojamento
Nos quartos o referido mobiliário deve atender ás seguintes condições:
- pelo menos 80% das camas devem ser individuais, devendo existir camas articuladas
na percentagem mínima de 30% da totalidade de camas existentes;
- devem existir mesas de refeições próprias para apoio às camas articuladas na mesma
proporção destas;
- os quartos devem ser equipados, no mínimo, com roupeiros individuais com espelho
e mesas-de-cabeceira também individuais;
- a dimensão das camas é a estandardizada e estas devem ser colocadas de topo em
relação a uma das paredes, permitindo o acesso a partir dos três lados restantes.
- os quartos individuais devem estar preparados para ser integrada uma cama
individual acessível;
- Nos quartos duplos acessíveis podem ser integradas duas camas individuais, das
quais pelo menos uma deve ser acessível, ou uma cama de casal acessível;
- Nos quartos de casal acessíveis deve ser integrada uma cama de casal acessível.
3.2.5. Critérios de dimensionamento dos espaços e compartimentos
Existem também normas referentes às áreas de alojamento. As áreas úteis
mínimas dos espaços existentes nesta área devem ser:
- quarto individual – 10 m2 (acessível) ou 9 m2 (não acessível);
- quarto duplo – 16 m2 8acessivel) ou 13 m2 (não acessível);
- quarto de casal – 15 m2 (acessível) ou 12 m2 (não acessível).
Na concepção dos percursos e dos espaços acessíveis deve ser dada especial
atenção aos seguintes aspetos:
- zona de manobras;
- pisos e seus revestimentos;
- ressaltos no piso;
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- largura e altura livres;
- alcance;
- objetos salientes;
- comandos e controlos;
- portas;
- corrimãos e barras de apoio.
As portas devem ter uma largura útil não inferior a 77cm e a largura útil deve
ser medida entre a face da folha da porta quando aberta e o batente ou guarnição do
lado oposto; se a porta for de batente ou pivotante deve considerar-se a porta na
posição aberta a 90º.
3.2.6. Quartos
Os quartos devem ser individuais, de casal ou duplos e devem obedecer a
vários requisitos fundamentais. É imperativo que o ambiente seja agradável evitando
o aspeto hospitalar, ter ventilação e iluminação naturais dispondo de sistemas de
regulação da entrada de luz natural e que exista uma luz de cabeceira em todas as
zonas de dormir com opção de controlo a partir da cama ou botão de chamada ligado
á rede interna de comunicação.
É importante que haja um espaço para os objetos pessoais como relógios ou
fotografias, que haja um sistema manual de abertura e encerramento de todas as
portas dos equipamento e que todos os quartos sejam acessíveis permitindo o acesso e
a circulação de pessoas em cadeiras de rodas.
As camas integradas nos quartos devem ter dimensões de uso que satisfaçam
ao definido em seguida:
- nos quartos duplos deve ser integrada, pelo menos, uma cama individual acessível
ou uma cama de casal acessível;
- nos quartos individuais deve ser integrada uma cama individual acessível, nos
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quartos de casal acessíveis deve ser integrada uma cama de casal acessível;
- nos quartos duplos acessíveis deve ser integrada, pelo menos, uma cama individual
acessível;
- nos quartos individuais acessíveis deve ser integrada uma cama individual
acessível21
.
21 As figuras foram retidas em: Recomendações técnicas para equipamentos sociais – Lares de Isosos,
In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
A ≥ 150cm
B ≥ 90cm
C ≥ 100cm
D ≥ 90cm
A ≥ 150cm
B ≥ 90cm
C ≥ 100cm
D ≥ 90cm
Figura 7: Cama individual acessível . Recomendações técnicas para equipamentos sociais –
Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
Figura 8: Cama de casal acessível . Recomendações técnicas para equipamentos sociais – Lares
de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
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É recomendável que a superfície superior do colchão das camas esteja a uma
altura do pavimento compreendida entre 45cm e 50cm.
Os roupeiros e o armário de arrumação integrados nos quartos devem ter
dimensões de uso que satisfaçam ao definido em seguida:
A ≥ 60cm
B ≥ 60cm
C ≥ 100cm
A* ≥ 150cm
B ≥ 90cm
*Dimensão igual ao comprimento do roupeiro ou do
armário de arrumação com um valor não inferior ao
definido
Figura 9: Cama individual não acessível . Recomendações técnicas para equipamentos sociais –
Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
Figura 10: Roupeiro ou armário de arrumação (portas de abrir). Recomendações técnicas para
equipamentos sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social,
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É recomendável que o acesso a roupeiros e armários de arrumação esteja
totalmente desobstruído em toda a sua largura.
Se os roupeiros e armários de arrumação se destinarem ao uso exclusivo por
pessoas em cadeiras de rodas, é recomendável que:
- a calha de fixação do varão para pendurar cabides permitam colocar o varão a uma
altura ajustável entre 90cm e 140cm;
- o varão para pendurar cabides deve estar colocado a uma altura do pavimento de
120cm;
- o bordo superior das prateleiras, incluindo-se a colocada sobre o varão para pendurar
cabides, esteja a uma altura do pavimento compreendida entre 40cm e 140cm;
- a altura das prateleiras ao pavimento seja ajustável;
- as prateleiras tenham uma profundidade de 40cm;
- o fundo das gavetas deve estar a uma altura do pavimento compreendida entre 40cm
e 110cm.
Se os roupeiros e armários de arrumação se destinarem ao uso eventual por
pessoas em cadeira de rodas e existe a possibilidade de assistência de clientes sem
limitações, é recomendável que:
A ≥ 120cm
B ≥ 80cm
Figura 11: Roupeiro ou armário de arrumação (portas de correr) . Recomendações técnicas para
equipamentos sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social,
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- as calhas de fixação do varão para pendurar cabides permitam colocar o varão a uma
altura ajustável entre 120cm e 170cm;
- o varão para pendurar cabides esteja colocado a uma altura do pavimento de 170cm;
- o bordo superior das prateleiras interiores, incluindo-se a colocada sobe o varão para
pendurar cabides, esteja a uma altura do pavimento compreendida entre 30cm e
180cm;
- a altura das prateleiras ao pavimento seja ajustável.
É recomendável que os roupeiros e armários de arrumação permitam a entrada
dos estribos da cadeira de rodas no seu interior, satisfazendo as seguintes condições:
- ter uma largura não inferior a 50cm;
- não existirem socos, batentes ou calhas elevadas no pavimento;
- não existirem prateleiras ou gavetas na parte inferior que constituam um obstáculo à
aproximação de uma pessoa em cadeira de rodas.
É recomendável que o movimento das portas e dos roupeiros e armários de
arrumação se realize no plano frontal do armário (ex.: portas de correr, de fole ou de
acordeão). Quando forem cômodas nos quartos, é recomendável que tenham
dimensões de uso que satisfaçam ao definido em seguida:
A ≥ 120cm
B ≥ 120cm
Figura 12: Cómoda (acessível) . Recomendações técnicas para equipamentos sociais – Lares de
Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
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É recomendável instalar nos quartos, junto á cabeceira das camas, sistemas de
aviso (ex.: chamada de pessoal de serviço), de controlo (ex.: ventilação, aquecimento,
arrefecimento, interruptores de luz do quarto e da instalação sanitária privativa), e de
comunicação (ex.: telefone, rádio). É também recomendável que nas zonas de
circulação seja colocada iluminação junto do pavimento, que permita a circulação
durante a noite22
.
3.2.7. Conforto Visual
Tendo em consideração os materiais e aspecto das superfícies, os parâmetros
dos elementos de construção e dos equipamentos devem-se apresentar limpos, em
boas condições e agradáveis à vista. Neste sentido, deve evitar-se que características
inadequadas de cor e brilho, a existência de irregularidades e de outros defeitos
superficiais, e a falta de planeza, horizontalidade, verticalidade e esquadria possam
tornar a sua visão incómoda ou desagradável.
Os parâmetros exteriores e interiores devem apresentar superfície regular, sem
defeitos aparentes, tais como, bolhas, amolgaduras, empenos e fissuração.
As exigências relativas ao aspeto das superfícies devem ser expressas
considerando os seguintes fatores:
- regularidade geométrica de superfícies e arestas: desvios geométricos, em termos de
planeza, verticalidade e horizontalidade das superfícies e de linearidade das arestas;
- uniformidade, tais como saliências localizadas, fissuras, empolamento ou
descolamento;
- características de reflexão da luz: intensidade, cor e textura dos materiais.
Os acabamentos das superfícies interiores devem possuir cores que não prejudiquem o
seu desempenho funcional e contribuam de modo positivo para a distribuição da
iluminação e controlo do encandeamento.
22 DECRETO-LEI n.o 163/2006, de 8 de Agosto - Aprova as normas técnicas para melhoria da
acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada
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Os acabamentos superficiais das paredes e tetos devem ser de cor clara e mate.
Os pavimentos podem ser mais escuros mas possuir um acabamento mate para
minimização do encadeamento por reflexão.
3.3. Adaptações ergonómicas e Design
A saúde e o bem estar de um individuo depende da sua capacidade para se
mover e mobilizar os membros. A mobilização de todas as partes do corpo através de
movimentos coordenados e a manutenção de um bom alinhamento corporal permitem
ao organismo desempenhar eficazmente todas as suas funções (respiração, circulação,
regulação, eliminação, etc.)
É muito importante ter em conta a mobilização (movimento, postura,
alinhamento corporal, equilíbrio e atividade), os efeitos do envelhecimento e doenças
crónicas para se fazer uma abordagem mais coerente e iniciar todo o projeto de
Design.
A execução ou a produção ordenada de movimentos põe em jogo um conjunto
de elementos, como os ossos, articulações, músculos, estrutura das paredes viscerais e
de todos os órgãos, sistema nervoso, assim certos factores psíquicos como a atenção,
vontade e autocontrolo. Segundo Solomon “Os ossos, os músculos e as articulações
desempenham papéis complementares na mecânica animal e constituem o aparelho
motor do corpo humano23
.
Os músculos estão ligados aos ossos por tecido conjuntivo e trabalham
habitualmente aos pares, de forma antagónica, o que assegura a reversibilidade dos
movimentos. O movimento do osso sob a ação do músculo produz-se ao nível da
articulação, ponto de junção entre dois ou três ossos24
. As articulações permitem
diversos movimentos tais como a flexão, a extensão, abdução, adução, circundação,
23 SOLOMON, E. P. Et P. W., Davis, Anatomie et psysiologie humaine, adapté par Christian Cholette,
Montréal, McGraw-Hill, 1981, p.80 24 WOOD, L. A., Thechniques de nursing, volume 1, traduit por L. Berger, Montréal, H. R. W.,
1977 ,p. 56 e 258
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rotação, pronação e supinação. Estes movimentos são ilustrados e descritos na figura
seguinte:
Movimentos articulares
Flexão: Movimento que reduz
o ângulo formado por dois
ossos articulados entre si.
“Quem se põe de cócoras, flecte
os joelhos”
Extensão: Movimento oposto
ao da flexão. Aumenta o ângulo
entre dois ossos unidos por uma
articulação móvel. Quando da
extensão, se o ângulo raso (por
exemplo, quando a cabeça é
inclinada para trás), o
movimento é uma
hiperextensão.
Abdução: Movimento de um
membro ou segmento que tem
como resultado afastá-lo do
plano médio do corpo ou do
membro, respectivamente. Um
passo para o lado corresponde à
abdução de uma perna. A ação
afastar os dedos é uma abdução,
pois afasta-os do eixo mediano
do membro.
Abdução: O contrário da
abdução. Aproximação de um
osso do plano médio do corpo
ou de um membro.
Circundução: Associação dos
quatro tipos de movimentos
precedentes que contribuem
para que um membro ou
segmento de um membro
descreva um cone, cuja
articulação proximal constitui o
vértice.
Abdução: Movimento de uma
parte do corpo em torno do seu
eixo, como o movimento de
negação da cabeça. Nenhuma
parte do corpo pode efetuar
uma rotação completa (360º).
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42
O processo de envelhecimento físico (como artrites, perda de coordenação
motora, fadiga e processos reumáticos) torna qualquer movimento físico mais difícil e
desconfortável, e produz, como efeito, menor incentivo ao idoso em manter sua
flexibilidade física.
As doenças osteoarticulares são a segunda maior causa de problemas entre os
idosos. O aparecimento de fraqueza muscular, degeneração osteoarticular, disfunções
do sistema nervoso e insuficiência circulatória levam a uma consequente diminuição
da mobilidade, perda de segurança, aumento de suscetibilidade às quedas e fraturas,
gerando uma maior imobilidade. Sendo assim, esse processo acaba se tornando cíclico
e leva o idoso a uma incapacidade cada vez maior25
.
As diversas formas de doenças reumáticas causam dores e a perda de
movimentos em qualquer articulação do corpo. A osteoporose, que atinge cerca de
50% das mulheres acima de cinquenta anos, deve ser uma preocupação constante na
definição das mobílias, tendo em vista que as mulheres são as mais atingidas por esta
doença.
25 PICKLER, 1998
Pronação: Movimento do
antebraço que tem como
consequência a rotação da mão
de fora para dentro, a face
palmar virada para baixo ou
superfície posterior do corpo. O
termo só se aplica ao membro
superior.
Supinação: Movimento oposto
à pronação que tem como efeito
a rotação da mão de dentro para
fora, com a palma da mão
voltada para cima ou para a
superfície anterior ao corpo.
Figura 13: Movimentos articulares. Adaptação de E.P. Solomon e P.W. Davis. Anatomie et
physiologie humaine, adapte par Christian Cholette, Montréal, McGraw.Hill, 1981, p. 83-84.
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43
Com a deficiência das funções neurológicas e dos órgãos de sentido, o idoso
modifica a sua postura, afastando os membros inferiores na procura de melhor
equilíbrio para o corpo. Segundo PICKLER (1998), a diminuição de absorção de
força realizada pelos músculos do joelho interfere na flexibilidade física, refletindo
nas capacidades de sentar, deitar e comer. “Para evitar fadiga e desconforto, todo
assento deve ser ajustável à altura do indivíduo e à função exercida”26
.
. Ergonomia
O termo “ergonomia” advém de ERGO (do grego = trabalho) + NOMOS (=
lei), ou seja, o ramo de conhecimentos, que define leis ou regras na relação do homem
com o seu trabalho.
A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que, através de conhecimentos
científicos de diversas áreas, tais como Fisiologia, Antropologia, Sociologia,
Antropometria e Biomecânica, analisa a relação homem / ambiente / trabalho.
Teve origem durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi necessária a
junção de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas através do trabalho
conjunto de fisiologistas, médicos, antropólogos, e engenheiros para resolver os
problemas causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os
resultados desse esforço interdisciplinar foram tão gratificantes, que passaram a ser
aproveitados pela indústria no pós-guerra27
. A partir daí, a Europa e os Estados
Unidos apresentaram interesse neste novo ramo de conhecimentos.
A presença da ergonomia em projetos urbanos, interiores ou mesmo o
desenvolvimento de produtos é reforçada por Moraes (1993), que sugere que países
como Holanda ou Japão, mantêm ativos os ergonomistas nas equipes de projetos, não
sendo meramente uma disciplina de apoio.
O campo de atuação da ergonomia é vasto e vai muito para além do estudo do
conforto de uma cadeira ou da altura da mesa e o conhecimento já acumulado na área
26 CLT, apud VERDUSSEN, 1978, p.44 27 IIDA, 1997; DUL e WEERDMEESTER, 1998
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44
expandiu-se para as diversas áreas da vida humana. A contribuição da Ergonomia não
se restringe aos produtos industriais. Hoje são realizados estudos ergonômicos para
melhorar residências e locais públicos, como também ajudar pessoas com deficiências
físicas.
Para Moraes (1993), no desenvolvimento de qualquer projeto deve haver a
intervenção do ergonomista lado a lado com designers, engenheiros e arquitetos.
Desta forma, em função de seu lado característico que é a humanização, e da sua
importante finalidade que é melhorar a qualidade de vida do ser humano, a
Ergonomia surge em constante evolução quanto à sua função.
No Design de Produto é importante projetar linhas ergonómicas. Nas cadeiras
é imperativo que os assentos estejam numa altura correta, com encosto adequado,
estabilidade nos pés e que tenham braços (quando necessários) para facilitar o
movimento de sentar e levantar.
As cadeiras para idosos devem-se distinguir de todas as outras quanto ao
conforto e à qualidade, além de que se devem adequar a todas as funções. É
importante ter como noção de que as cadeiras destinadas a um utilizador mais velho
necessitam de cuidados especiais, tais como a facilidade para sentar, o conforto e
suporte ao sentar e encostar, e a facilidade para levantar.
Assim, as cadeiras utilizadas em instituições de cuidados especiais, deverão
ser leves e confortáveis. Muitas são desenhadas de forma inapropriada, o que pode
provocar rotura de junções ósseas em pessoas idosas.
Maioritariamente, as poltronas que se encontram no mercado são baixas,
macias e fundas, o que cria dificuldades ao idoso de se levantar ou sentar, tendo pouca
altura nos braços. As poltronas com braços bem dimensionados e seguras
proporcionam ao idoso uma maior proteção na ação de levantar, podendo estes
suportar o seu peso enquanto se prepara para caminhar.
O assento deve ter a altura padrão entre os 45 e 50 cm, a cadeira construída
dentro destes padrões, com assento fixo e com braços laterais, será confortável e
segura para o idoso. Brawley (1997) sugere que o assento seja plano (sem relevo no
acabamento) e de material impermeável para evitar o acúmulo de líquidos e odor.
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45
As horas das refeições requerem muita concentração por parte de um idoso,
em função das limitações físicas, até o manuseamento dos utensílios e talheres, pode
tornar-se muito difícil para o utilizador.
De acordo com Brawley (1997), as cadeiras e as mesas devem ser desenhadas
em conjunto: os braços das cadeiras deveriam caber debaixo das mesas, de forma a
que permita que o utilizador se consiga aproximar da refeição ou da tarefa a realizar
na mesa.
A altura média padrão de uma mesa é de 74 cm e, para se adaptar a cadeiras
de rodas, o ideal é uma altura de 87 cm.
Na posição deitada os utilizadores idosos, em especial os idosos em posição de
risco, são particularmente vulneráveis aos acidentes no seu próprio ambiente. Uma
simples queda pode resultar numa mudança radical na vida de um idoso, tornando-o
mais dependente de cuidados especiais.
O ambiente onde se encontra a cama deve proporcionar facilidades que
contribuam para a segurança e a independência do indivíduo. Nas instituições não é
obrigatório o uso de camas hospitalares e, por isso, muitas das camas acabam por ser
muito estreitas e desconfortáveis para os utilizadores.
O uso de grades laterais é citado por Calkins (1988), quando recomenda que
se as mesmas forem absolutamente necessárias não se devem prolongar até o chão,
para evitar que o utilizador corra o risco de cair quando se levanta da cama.
É importante ter atenção quanto ao material de fabricação, que deve ser
impermeável, antialérgico e que não acumulem fungos ou bactérias.
3.3.2 – Design Universal
O Design Universal pode ser definido como o Design de produtos e de
ambientes utilizáveis no maior grau possível por pessoas de todas as idades e
capacidades.
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46
Respeita a diversidade humana e promove a inclusão de todas as pessoas em
todas as atividades da vida. É pouco provável que qualquer produto ou ambiente
pudesse alguma vez ser usado por todas as pessoas sob todas as condições. Assim,
será mais apropriado considerar o Design Universal como um processo e não apenas
um resultado.
A preocupação com a “usabilidade” é a nova etapa do Design, uma barreira
que distingue todos os produtos.
Tentando inserir neste projeto o Design Universal é preciso ter em conta os
sete princípios básicos que vão distinguir o produto final de todos os outros. Poderem
ser aplicados em objetos e ambientes tornando-os mais usáveis o que se torna um
desafio inerente á abordagem proposta pelo Design Universal e que deve ser
entendido como uma inspiração e não como um obstáculos.
O uso equitativo é o primeiro principio, o Design deve ser útil e vendável a
pessoas de diversas capacidades, proporcionando a mesma fonte de utilização a todos
evitando estigmatizar ou segregar qualquer utilizador.
O Design acomoda um vasto leque de preferências e capacidades individuais e
por isso deve haver flexibilidade no uso, facilitando a exatidão e a precisão do
utilizador garantindo adaptabilidade.
O terceiro princípio baseia-se no uso simples e intuitivo independentemente da
experiência, das capacidades linguísticas, conhecimento, ou do atual nível de
concentração do utilizador. Eliminando a complexidade desnecessária, organizando a
informação de forma coerente garantindo prontidão e respostas efetivas durante e
após a execução das tarefas.
A informação perceptível é o quarto principio que visa a comunicação eficaz
entre o utilizador e o objecto/espaço. Sendo possível apresentar a informação
essencial, maximizando a legibilidade.
O Design Universal tem como quinto principio a tolerância ao erro, minimiza
riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais, ordenando os
elementos de forma a garantir o aviso de riscos, proporcionar características de falha
segura e desencorajar uma ação inconsciente.
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O baixo esforço físico é outro ponto essencial no Design, tornando-o
confortável e com um mínimo de fadiga. Permite minimizar operações repetitivas
fazendo com que o utilizador mantenha uma posição neutral do corpo.
Por último, o Design Universal destaca como principio o tamanho e espaço de
aproximação e uso. Isto é, são providenciados um tamanho e um espaço apropriados
para aproximação, alcance, manipulação de uso, independentemente do tamanho do
corpo, postura ou mobilidade do utilizador. Providenciando a qualquer utilizador
(sentado ou em pé) uma linha de visão desimpedida para elementos importantes.
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4. Estudos de Caso
4.1. Interpretação de dados recolhidos
Para realizar este projeto foi necessário compreender em detalhe algumas
matérias relativamente à área dos cuidados de saúde bem como da população idosa,
mais especificamente, o dia a dia de um idoso numa instituição.
Este Capitulo trata de três estudos de casos distintos entre si, nos quais onde
são demonstradas as metodologias utilizada em diferentes espaços. Estes “locais de
estudo” demonstram a realidade das instituições e todos os problemas vividos no
quotidiano pelos terapeutas e enfermeiros.
As conclusões foram baseadas e desenvolvidas, também, em entrevistas e
discussões informais com os profissionais designados para apresentação das
instituições visitadas. Em análise foram focados aspectos do ambiente físico,
compararam-se factores de mobiliário, iluminação, cores e comportamentos com os
conceitos e normas recomendadas pela literatura fundamentando a análise.
O objetivo geral do estudo é analisar o dia a dia do idoso a partir de uma
avaliação dos aspetos ergonómicos.
Inicialmente foi feita uma visita à Santa Casa da Misericórdia da Benedita
onde foram facultados os horários dos utentes da instituição bem como os hábitos dos
utentes tendo em conta o seu estado de saúde, foram descritos os quartos e de que
maneira eram utilizados os equipamentos dos quartos.
Numa outra abordagem distinta, foi entrevistado um terapeuta ocupacional
para responder a questões gerais sobre os idosos e como estes interagem com os
equipamentos.
Foi também feita uma visita a uma casa de repouso (Casa de Repouso Santa
Rita) onde foram registados os aspectos mais relevantes dos espaços que acolhiam os
idosos durante o dia. A interação com os idosos foi uma experiência muito
enriquecedora para estes projeto, tendo sido mais fácil de perceber como são as
rotinas dos utentes.
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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49
Estas visitas de observação fizeram com que fosse possível a compreensão da
interação do ambiente com o “homem”, pois esse é o fundamento básico da
ergonomia, a interação do homem, com a máquina e com o meio ambiente.
Das entrevistas com o Sr. Marco Pires e o Dr. Arlindo Serôdio denotou-se
uma grande preocupação com a segurança e bem estar do utente. Salientaram a
necessidade dos equipamentos refletirem no utente essa segurança e proteção nas
várias funções a que têm de se adaptar. Por outro lado referiram que os utentes
aceitam melhor as coisas que lhes fazem lembrar o passado, no entanto elas devem
adaptar-se ao presente da sua realidade. Assim o mobiliário é uma vertente que pode
ser trabalhada pelo designer adaptando-se às necessidades ergonómicas atuais,
evoluindo no conforto, adaptabilidade e segurança mas mantendo o traço ideal do
passado proporcionando lhes harmonia e bem estar.
4.1.1. Santa casa da Misericórdia da Benedita28
A entrevista com a Auxiliar da Santa Casa da Misericórdia da Benedita, para
além de dar a conhecer a instituição, baseou-se essencialmente nos horários e rotinas
dos utentes diferenciando-se os dependentes/acamados e os independentes. Os
primeiros em que todas as tarefas quer de higiene, alimentação são realizadas pelos
auxiliares nos quartos.
Verifica-se que em relação aos utentes dependentes há uma exigência muito
maior por parte dos trabalhadores e que por isso o equipamento deveria ser articulado
de modo a facilitar o trabalho. Os utentes independentes são autônomos nas suas
tarefas de higiene e alimentação embora sejam supervisionados.
A Santa Casa da Misericórdia da Benedita é constituída por quartos duplos e
quartos individuais. Os quartos duplos compõem-se de duas camas, duas mesas de
cabeçeira cada uma com três gavetas ou uma gaveta e um porta. Têm um roupeiro
28 Entrevista completa no Anexo A
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embutido composto por três portas e duas ou três cômodas ou camiseiros com cinco a
seis gavetas verticais e três a quatro horizontais. Têm ainda duas prateleiras na parede,
uma secretária, duas cadeiras e ou um cadeirão. Existe uma casa de banho fora do
quarto para dois quartos duplos.
Os quartos individuais são compostos por uma cama, uma mesa de cabeceira
com três gavetas ou uma gaveta e uma porta; um roupeiro embutido com duas ou três
portas, uma cadeira ou cadeirão, uma prateleira na parede é uma secretaria.
As mesas de cabeçeira servem para guardar bens pessoais, os medicamentos,
produtos de higiene e água.
As cômodas têm como função guardar nas primeiras gavetas a roupa interior e
nas seguintes a outra roupa e as últimas servem para o calçado.
4.1.2. Terapeuta Ocupacional Sr. Marco Pires29
Foi realizada uma entrevista ao terapeuta ocupacional Sr. Marco Pires no
sentido de perceber as áreas de intervenção quer da fisioterapia, enfermagem e terapia
ocupacional, bem como o apoio necessário aos utentes da instituição.
Os utentes são institucionalizados através da família ou vizinhos que entram
em contato com a misericórdia para um apoio especializado e por necessidade de
cuidados específicos.
As principais doenças e dependências são motoras resultado de problemas de
osteoporose, quedas, diabetes, hérnias discais que levam à fraqueza muscular e à falta
de equilíbrio. É necessário a intervenção de técnicos especializados tais como
fisioterapeutas, enfermeiros e terapeutas ocupacionais para apoio aos utentes de modo
a minimizar as suas patologias e a mantê-los ativos e ocupados quer nas suas terapias,
quer de ocupação do tempo livre.
Procura-se que os utentes estejam o menor tempo possível no quarto servindo
29 Entrevista completa no Anexo B
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51
este apenas para dormir, somente os acamados se mantém no quarto. Isto para evitar o
isolamento e a entrada em processos de depressão, procura-se estimular o convívio
em sala e cozinha de modo a minimizar o contexto impessoal da institucionalização.
Também para minimizar o contexto impessoal da institucionalização deve ter-
se em conta o tipo de mobiliário e utensílios do quarto. Estes devem ter uma ligação
emocional como o passado para serem bem aceites pelo utente. Por outro lado devem
ser funcionais e de fácil manuseamento estando os objetos mais pessoais na mesa
de cabeceira e os de apoio técnico e médico na cómoda. Os puxadores das gavetas
devem ser largos para facilitar a sua abertura devido às artrites e artroses.
Este tipo de utentes valoriza muito a segurança e os produtos técnicos de apoio
tais como andarilho, bengala, canadiana, cadeira de rodas são essenciais para o seu
equilíbrio.
A dimensão dos equipamentos é importante para a adequação a vários espaços
e a sua textura como por exemplo a madeira é valorizada para harmonia do ambiente
e adaptação ao utente.
As camas e as cadeiras devem ser adaptadas às necessidades de cada utente,
quer em termos elevatórios, quer de mobilidade. Por outro lado devem garantir a
segurança e estabilidade dos utentes.
4.1.3. Casa de Repouso Santa Rita30
Com o objetivo de conhecer um lar de idosos privado realizou-se uma visita à
Casa de Repouso Santa Rita em Campo de Ourique. O responsável da instituição Dr.
Arlindo Serôdio acompanhou a visita e deu a conhecer as suas instalações e o seu
funcionamento.
A instituição abriga trinta utentes que se distribuem por dois quartos para uma
pessoa, cinco quartos de duas pessoas e oito quartos de três pessoas.
30 Entrevista completa no Anexo C
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52
Trabalham na instituição dois médicos um de clínica geral e um fisioterapeuta,
um enfermeiro, dois terapeutas auxiliares, nove auxiliares paramédicos, uma
cozinheira é uma ajudante.
A maioria dos utentes são independentes e por isso passam a maior parte do
tempo na sala de convívio, no ginásio em fisioterapia tendo também uma capela e
jardim onde podem estar. Apenas alguns utentes dependentes é que se mantém o dia
todo no quarto, outros por indicação médica. O Dr. Arlindo salientou ainda que têm
muitos utentes com Alzheimer e alguns com Parkinson.
Na sala de convívio os utentes podem ver televisão, ler, conversar e três vezes
por semana realizam atividades de animação sócio cultural com o apoio de uma
animadora social.
O mobiliário da sala de convívio é composto por cadeirões, mesas e mesas de
apoio para livros e revistas e as televisões.
O mobiliário dos quartos é recente, tem cerca de seis anos. As camas são todas
articuladas mas só uma é eléctrica. Considera que seria muito bom ter todas as camas
eléctricas para facilitar o trabalho das auxiliares. Tem em todos os quartos cadeiras
Relax, todas as camas e mesinhas de cabeceira têm rodinhas devido às questões de
mobilidade e limpeza.
Considera que o mobiliário deve ser o mais simples possível e funcional. As
mesas de cabeceira são compostas por um armário para guardar os produtos de
higiene e acessórios que não convém estarem expostos, gavetas para guardar as coisas
pessoais e um espaço vazio que serve para colocar objetos pessoais como fotos é uma
garrafa de água, serve também de apoio às assistentes.
Os quartos têm ainda armários individuais com três gavetas e espaço para
pendurar a sua roupa do dia a dia. É curioso que os utentes gostam que a auxiliar lhes
deixe a roupa do dia seguinte no cadeirão. Têm ainda como hábito deixar ao lado da
cama como apoio a canadiana. Usam ainda como mobiliário de apoio carrinhos de
mão para levar os materiais necessários quando é necessário fazer tratamentos.
Não considera necessário as camas serem munidas de mesa incorporada
porque se a pessoa está acamada não consegue comer sozinha e precisa de apoio da
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auxiliar. Por outro lado se o utente precisa temporariamente de repouso nunca vai
precisar dessa mesa pelo que se justifica apenas num contexto mais hospitalar.
4.2. Estratégias
A estratégia desta dissertação prende-se numa aproximação maior de uma
realidade vivida pelos idosos de hoje e a possível realidade para os idosos de amanhã.
Com fundamento nas entrevistas e visitas realizadas conclui-se que a
consolidação destas vivências em conjunto com todo o material estudado e adquirido
no que se refere aos idosos, ergonomia e equipamento deu bases para criar uma linha
de objetos de mobiliário simples, versátil e ergonómica.
Pretende-se criar uma linha de equipamento mais funcional de acordo com a
imagem de marca da empresa Mundinter tendo em conta o sistema de modelo de
cama articulada já existente e as limitações de fabrico por parte da mesma.
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PARTE II - PROJECTO
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1. Problemática e Objetivos
Em relação a toda a problemática envolvente neste projeto, surgiu inicialmente
uma pergunta: de que maneira o Design pode potenciar a criação de uma linha de
produtos ergonómica e funcional adaptando uma estrutura de cama hospitalar para um
contexto domiciliário?
Foi necessário fazer um levantamento inicial sobre vários temas ligados aos
produtos hospitalares, bem como aos espaços físicos utilizados pelos idosos. Este
facto obrigou a um esforço acrescido para desenvolver este trabalho de investigação.
O Design é uma maneira de pensar, não é uma ciência exata e por isso nunca
existe uma só resposta para um problema, como não existe a aplicação de uma
formula correta. É importante distinguir o desenvolvimento do produto com o
processo de Design apesar destes estarem interligados, o primeiro consiste numa série
de atividades necessárias para trazer algo de novo aos utilizadores e o segundo
consiste num conjunto de atividades dentro do desenvolvimento do produto com o
objetivo de atingir as expectativas do mercado e negócio.
Este processo de Design é um “Design adaptativo”, ou um re-design, tendo em
conta que se partiu de uma estrutura de cama já existente para criar algo diferente,
sendo também uma “criação original” partindo do pressuposto que todos os outros
equipamentos (mesa de cabeceira, cadeira, cómoda e cadeira) foram desenvolvidos de
raiz tentando ser o mais simples possíveis e respondendo ás necessidades da
população idosa.
Depois das conclusões adquiridas nesta investigação resume-se, sem seguida,
os factores pertinentes para o desenvolvimento deste projeto:
1. Não existe um modelo único e definitivo que responda à criação de uma
linha de produtos ergonómica e funcional para residência de serviços acompanhados e
domiciliária.
2. No que diz respeito ao equipamento e material, já existem algumas versões
muito completas e destinadas a este sector.
3. O utilizador pode estar debilitado ou muito limitado a certos movimentos,
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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56
pelo que só o cuidador tem autonomia sobre os produtos e equipamentos em questão.
Todos estes factores condicionam e determinam a resposta à problemática já
referida, no entanto, foi proposta a projeção de uma linha de produto para residências
de serviço acompanhados ou domiciliárias.
Partindo do principio, a primeira etapa deste projeto foi perceber e identificar
as oportunidades, de seguida selecionar as ideias promissoras tendo em conta as
limitações impostas. Desenvolveu-se uma ideia ou conceito através da recolha de
informação sobre diversos factores e por fim procede-se á realização de um modelo
físico, definindo-se a imagem do projeto.
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Figura 14: Evolução do projeto
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2. Programa
Este trabalho de investigação pretende desenvolver uma nova linha de produto
para a empresa Mundinter S. A. Esta linha pretende contribuir para a melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos e suas famílias, cooperando para o seu equilíbrio e
bem-estar. Esta resposta social consiste em integrar, temporariamente ou
permanentemente, pessoas com deficiência ou idosas.
Tendo como objectivo principal a criação de um equipamento mobiliário para
quarto mais versátil e apelativo de acordo com todas as normas estudadas de maneira
a contribuir positivamente para o bem estar dos idosos através desta área de estudo.
O interesse neste tema reside na análise das funções/objectivos dos espaços e
dos equipamentos, bem como as necessidades dos seus utilizadores, contextualizando
e definindo o problema para encontrar melhores soluções.
Acreditando na importância do espaço e dos ambientes para os idosos e
pessoas que estão numa fase mais debilitada, estudaram-se diversas condicionantes à
abordagem da problematica e elaborou-se um projeto que respondesse a todas as
necessidades.
Esta linha de equipamento mobiliário inclui uma cama articulada (com base
produzida previamente na hospiarte), cadeira de apoio, mesa de cabeceira, cómoda e
armário.
2.1. Princípios para a elaboração do projeto
Neste capitulo é importante referir os princípios segundos os quais foi
elaborado o projeto.
Este projeto foi desenvolvido baseando-se em todos os estudos feitos
anteriormente focando pontos importantes de ergonomia, saúde e ambientes, com o
objetivo de criar produtos para um espaço domiciliário.
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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Esta linha deve possuir:
- Cadeira
- Mesa de cabeceira
- Cómoda
- Armário
- Cama
Os equipamentos devem ser móveis, não devendo estar fixos ao chão nem às
paredes, sendo polivalentes e adequando-se a vários espaços, fáceis de transportar e
montar, com matérias impermeáveis ou de fácil higiene.
Os materiais utilizados para a criação desta linha têm em conta a produção, a
sustentabilidade e as necessidades observadas no capítulo 3. Assim as estruturas
principais foram pensadas em MDF revestido em madeira ou melanina, criando assim
um ambiente mais familiar e acolhedor
A interação com o utilizador foi idealizada tendo em conta questões
ergonómicas e a comunicação visual. Assim, optou-se por aplicar nas zonas de
contacto (abertura de gavetas, portas ou pegas) perfis de borracha silicone colorida
com o intuito de facilitar a sua utilização. Estas zonas de contacto revestidas com
perfis de silicone são identificadas por um recorte característico a todos os
equipamentos desta linha.
As cores definidas para estes materiais basearam-se na comunicação da
empresa em questão, procurando recrear tons neutros em superfícies com acabamento
mate promovendo uma harmonia entre o espaço e o produto.
. A cadeira
Foi desenvolvida segundo as capacidades técnicas da empresa Mundinter SA,
como a serralharia, soldadura e linha de montagem das peças importadas. A estrutura
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de madeira inclinada em contraplacado pré-formado foi pensada segundo os estudos
ergonómicos falados no capitulo 3. Contém um estofo removível com bolsos para os
utentes colocarem os seus pertences pessoais, facilitando assim a sua higienização.
. A mesa de cabeceira
Foi desenvolvida em MDF revestido em madeira ou melanina (conforme a
escolha do cliente) com suporte de refeição incorporado. Suporte este que permite ser
utilizado na cama ou mesmo na cadeira, de forma ao paciente poder comer ou
manusear objetos.
Este suporte tem recortes com perfil de silicone nas zonas de contacto para
facilitar o manuseamento do tabuleiro, com pés rebatíveis para apoiar o suporte na
cama, e um apoio para meter a garrafa de água (objeto que está sempre presente no
dia a dia do utente).
A mesa de cabeceira não tem puxadores salientes o que permite um fácil
acesso às gavetas (corte com acabamento de perfis de silicone) e fácil limpeza. Tem
também a opção de se adicionar rodas à parte de trás da mesa facilitando o transporte
da mesma ao levantar a parte frontal.
. A cómoda
Foi desenvolvida em MDF revestido em madeira ou melanina (conforme a
escolha do cliente). Não tem puxadores salientes, tendo o corte com acabamento de
perfis de silicone, o que facilita o acesso às gavetas e a sua limpeza.
. O armário
Foi desenvolvido em MDF revestido em madeira ou melanina (conforme a
escolha do cliente) Não tem puxadores salientes, tendo o corte com acabamento de
perfis de silicone, o que facilita o acesso às gavetas e a sua limpeza. O seu interior
tem uma estrutura de gavetas incluída para guardar roupa e outro espaço com um
varão para pendurar cabides.
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. A cama
Foi desenvolvida a partir de uma estrutura base articulada (nomeadamente a
cama ClinicLar LC50) produzida na Hospiarte, com componentes laterais e de topo
em MDF revestido em madeira ou melanina (conforme a escolha do cliente). As ripas
laterais são amovíveis, descem e sobem facilitando o utilizador na hora de deitar ou
levantar da cama e também os cuidadores na deslocação dos doentes ou idosos. Na
hora de descanso, em que o utente está deitado, é importante que estas estejam
elevadas para evitar acidentes.
Estas barras laterais têm perfis de silicone nas zonas de contacto para os
movimentar para cima e para baixo, bem como as painéis de topo que facilitam o
deslocamento da cama por parte dos cuidadores.
Foi assim criada uma linha muito simples e homogénea recreando um
ambiente familiar, confortável e moderno evitando a contextualização de um serviço
de saúde.
2.2 Considerações finais
Com a proposta apresentada pretende-se criar uma linha de equipamentos que,
conjugando as necessidades características dos idosos e indivíduos com carências
especiais e a ação no espaço físico onde se vão inserir, detêm o poder de aumentar de
forma positiva o bem estar e as atividades motoras.
Esta proposta final apresenta uma linha de produtos para quarto, sendo
que a sua conformação baseou-se inicialmente numa estrutura de cama articulada,
produzida pela empresa Mundinter S.A.
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62
Para a criação da mesma respeitaram-se os princípios inumerados atrás
referentes à legislação para lares de idosos, às regras de espaços e compartimentos e
equipamento mobiliário. A partir da estrutura da cama articulada foram então
definidos outros quatro produtos chave para o desenvolvimento desta linha, são eles a
cadeira, a mesa de cabeceira (com tabuleiro incorporado), a cómoda e o armário.
Os quartos deverão ter, sempre que possível camas individuais evitando ao
máximo o aspecto hospitalar e o aspeto geral do mobiliário deve contribuir para criar
um ambiente familiar e acolhedor
O sistema manual de abertura de portas ou gavetas tem de ser o mais intuitivo
e ergonómico possível, é imperativo que a linha seja simples e fácil de manusear tanto
para o utente como para o cuidador. Foi então desenvolvida em toda a linha uma
abertura de portas e gavetas simples e intuitiva, com um perfil de silicone nas zonas
de contacto que harmoniza toda a linha com um apontamento de cor e facilita o
manuseamento das mesmas.
Todos os materiais das superfícies são agradáveis à vista, com opções de cor,
de fácil limpeza, com resistência mecânica e estabilidade, neste caso o MDF e o
contraplacado, revestido em melanina (ou ouro material opcional) garantindo uma
fácil higienização de forma a prevenir focos de infeção e assegurar um ambiente
seguro e saudável.
O armário foi desenvolvido de maneira a poder ser duplo ou individual,
consoante o gosto do utente ou o espaço do compartimento. Com uma altura de
1800mm permite que o utente pendure as suas roupas nos cabides e organize os seus
bens pessoais e restante roupa na cómoda.
A dimensão da cama é estandardizada, neste caso correspondente à estrutura
articulada da cama LC50 da Mundinter SA., e deve ser colocada de topo para permitir
o acesso pelos três lados restantes. As ripas laterais da cama sobem e descem para
aumentar a segurança e os painéis de topo têm uma saliência com um perfil de
silicone de forma a facilitar a mobilidade da mesma.
A cadeira tem a altura de 500mm do chão ao acento e um encosto de 645mm
com inclinação de 5º, sendo que esta tem apoios laterais para apoio da cabeça. Foi
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63
desenvolvido um forro removível com enchimento de espuma visco elástica (30mm)
com capa exterior em tecido bi-elástico impermeável aos líquidos e permeável ao ar.
As laterais deste forro têm bolsos onde os utilizadores podem guardar os seus
pertences.
Mesa de cabeceira com espaço para a disposição de objetos pessoais, tais
como fotografias, relógios e garrafa de água. Tem uma gaveta para arrumação de bens
pessoais e uma a porta onde pode armazenar todos os artigos de higiene.
A mesa de cabeceira, tem também incorporado um tabuleiro amovível que
pode ser utilizado para o utente fazer as suas refeições na cama ou mesmo na cadeira.
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64
3. Desenvolvimento de Projeto
3.1. Produtos e Fichas técnicas
A proposta apresenta um quarto-tipo sendo que o espaço é fictício. As
dimensões dos equipamentos respeitam os princípios ergonómicos falados
anteriormente.
Especificações Comuns:
Corpo MDF revestido em madeira ou melanina (conforme a escolha do
cliente); Opção de acabamentos em cor: verde água, amarelo , vermelho, azul31
:
- Verde Menta - Ref.: L4085
- Amarelo Malmequer - Ref.: L2065
- Powder - Ref.: L5217
- Azul Iris - Ref.: L1194
31 Referência cromática obtida pela empresa Innovus. Marca de produtos decorativos da Sonae
Indústria, sediada em Maia, Portugal
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65
. Componentes técnicos (dobradiças, calhas) facultado pela Mundinter SA;
. Estrutura articulada da cama ClinicLar LC50 facultada pela Mundinter SA;
. Roda dupla Standard (para cama) 100mm com espelho e travagem individual
(travagem central para a cama);
. Roda dupla (para mesa de cabeceira) 75mm com travão;
. Fabrico: Estrutura produzida na Hospiarte; MDF maquinado em CNC; Perfis de
poliuretano encaixado na estrutura (excepto cadeira).
. Fabrico Cadeira: Contraplacado pré-formado
. Perfis de Silicone esponjoso32
. Forro da cama: Enchimento de espuma bi-elástica (30mm) com capa exterior em
tecido vico elástico impermeável aos líquidos e permeável ao ar
. Corrediças para gavetas de madeira REF 812 TIC-TAC a Aço Zincado33
32 Perfil de Silicone esponjoso nº24. Referência obtida pela empresa Siliconny Silicone. 33 Corrediças ocultas TOC-TAC para gavetas de madeira, REFª 812. Referência obtida pela empresa Batista Gomes
Figura 15: Perfil de silicone esponjoso. Empresa Diliconny Silicone
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66
3.2. Produto
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CADEIRA
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68
PORMENORES
OPÇÕES DE COR
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69
PORMENORES
TABULEIRO DE REFEIÇÃO NA CADEIRA
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70
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71
VISTAS SEM FORRO
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72
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cadeira Desenho Técnico
FBAUL
1
11
60
550 30
95°
610
384
64
5
77°
117
50
0
66
0
39
0
125
385
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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73
DETAIL ASCALE 1 : 10
DETAIL BSCALE 1 : 10
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cadeira Pormenores
FBAUL
2
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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74
MAPA DE COMPONENTES
Descrição QT Material Conformação AcabamentoComponentes
C1
C2
C3
C4
C5
C1
C2
C3
C4
C5
Assento 1contraplacado
pré-formado Contraplacado Opcional
Encosto lateral 2 Corte CNC MDF Opcional
Pé 2 Corte CNC MDF Opcional
Barra 3 Corte CNC MDF Opcional
Calha 10 N/AMadeira N/A
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75
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Forro
Desenho Técnico
FBAUL
13
1290
1374
550 370370
38
01
60
44
645
145
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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76
MESA DE CABECEIRA
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77
PORMENORES
OPÇÕES DE COR
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78
PORMENORES
PORMENOR DE GAVETA E PORTA
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79
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80
VISTAS
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81
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Mesa de Cabeceira
Desenho Técnico
FBAUL
3
500
41
461
1
99
82
0
221
75
400
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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82
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Mesa de Cabeceira Pormenores
FBAUL
4
DETAIL DSCALE 1 : 5
DETAIL FSCALE 1 : 5
DETAIL GSCALE 1 : 5
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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83
MAPA DE COMPONENTES
Descrição QT Material Conformação AcabamentoComponentes
C4
C7
C6
C1
C2
C3
C4
C5
Painel lateral gaveta 3 N/A MDF Opcional
Porta 1 Corte CNC MDF Opcional
Perfil de borracha 2 N/ASilicone Opcional
Porta 1 Corte CNC MDF Opcional
Pé 2 N/AMadeira N/A
C3
C2
C1
C10
C12
C5
C9
C11
C8
C6
C7
C8
C9
Roda antiestática 2 N/AN/A N/A
Painel lateral 4 N/AMDF Opcional
Corrediça 2 N/AAço Zincado N/A
Base gaveta 1 N/AMDF Opcional
C10
C11
C12
Apoio tabuleiro 2 Corte CNC MDF Opcional
Dobradiça 6 N/AAço N/A
Tabuleiro 1Molde de
injeçãoPlástico Opcional
C13
C13 Calha 2 N/AMadeira N/A
4
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84
TABULEIRO
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85
MOVIMENTO PÉS DO TABULEIRO
PORMENORES
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86
VISTAS
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87
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Tabuleiro
Desenho Técnico
FBAUL
5
110°
520
614
30
340
75
210
70
21
0
410
70
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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88
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89
CÓMODA
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90
OPÇÕES DE COR
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91
PORMENORES
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92
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93
VISTAS
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94
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cómoda
Desenho Técnico
FBAUL
7
23
0
382
1140
10
60
75
300
1200
43
0
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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95
Andreia
Moutinho
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cómoda Pormenores
FBAUL
8
75
75°
30
DETAIL BSCALE 1 : 5
41
382
210°
91
DETAIL CSCALE 1 : 10
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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96
MAPA DE COMPONENTES
Descrição QT Material Conformação AcabamentoComponentes
C6
C1
C2
C3
C4
C5
Painel lateral gaveta 12 N/A MDF Opcional
Perfil de Borracha 4 N/ASilicone Opcional
Porta Gaveta 4 Corte CNCMDF Opcional
Pé N/AMadeira N/A
Calha 4 N/AMadeira N/A
C1C2
C7
C4
C8
C5
C6
C7
C8
Corrediça 8 N/AAço Zincado N/A
Painel 5 N/AMDF Opcional
Fundo gaveta 4 N/AMDF
C3
Opcional
4
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97
ARMÁRIO
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98
ARMÁRIO SINGLE X2
OPÇÕES DE COR
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99
PORMENORES
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100
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101
VISTAS
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102
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Armário
Desenho Técnico
FBAUL
9
700
1400
30
2
81
5
18
00
7
5
18
75
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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103
Andreia
Moutinho
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Armário Pormenores
FBAUL
10
DETAIL ASCALE 1 : 2
1:10
mm
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104
MAPA DE COMPONENTES
Descrição QT Material Conformação AcabamentoComponentes
C1
C2
C3
C4
C5
Varão 1 N/A Aço N/A
Dibradiça 3 N/AAço N/A
Porta Gaveta 2 Corte CNCMDF Opcional
Perfil de Borracha 2 N/ASilicone N/A
Pé 4 N/AMadeira N/A
C1
C2 C7
C5
C6
C6
C7
C8
Calha 4 N/AMadeira N/A
Painel 5 N/AMDF Opcional
Parafuso 12 N/AAço N/A
C3
C4
C8
x2
Perfil de Borracha 2 N/ASilicone OpcionalC9
C9
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105
CAMA
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106
POSIÇÕES ESTRUTURA
POSIÇÕES RIPAS
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PORMENORES
POSIÇÃO FOWLER
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109
VISTAS
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110
Andreia
Moutinho
1:10
mm
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cama
Desenho Técnico
FBAUL
11
58
0
169 658
36
4
5
535 230
680
26
30
250
80
197 2
70
1175
2027
99
5
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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111
Andreia
Moutinho
Design de Equipamento
Trabalho de projeto
Cama Pormenores
FBAUL
121:10
mm
658
46
71
147°
DETAIL ASCALE 1 : 10
135°
30
250
R20
DETAIL BSCALE 1 : 5
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112
MAPA DE COMPONENTES
Descrição QT Material Conformação AcabamentoComponentes
C1
C2
C3
C4
C5
Junção Metálica 4 N/A Aço N/A
Painel 4 N/AMDF Opcional
Barra Lateral 4 Corte CNCMDF Opcional
Painel frontal Corte CNCMDF Opcional
Calha 4 N/AMadeira N/A
C2
C3
C4
C5
C1
2
C6
C6 Perfil de Borracha 2 N/ASilicone Opcional
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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113
ESTRUTURA CLINICLAR LC50
MODELO INICIAL
ESTRUTURA CLINICLAR LC50
PROPOSTA FINAL
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114
4. Proposta Final
CÓMODA E MESA DE CABECEIRA BASE
CÓMODA E MESA DE CABECEIRA COM COR
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115
PROPOSTA FINAL
PROPOSTA FINAL EM QUARTO
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116
PARTE III - CONCLUSÃO
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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117
Com a realização deste trabalho de projeto, pretendeu-se desenvolver uma
linha de produtos para quartos séniores de serviços acompanhados ou domiciliários
para a empresa Mundinter S.A, interligando diversas temáticas ligadas à gerontologia
com o Design.
O percurso realizado ao longo do presente Trabalho de Projeto teve por base
os objetivos delineados na primeira parte (enquadramento teórico). Procurou-se assim
compreender o idoso e as suas interações com o ambiente, para desenvolver a partir
daí um projeto coeso inserido em instituições, de maneira a influenciar positivamente
a qualidade de vida do utilizador. Para isso, realizou-se um enquadramento teórico no
qual foi possível retirar conclusões.
A partir desta investigação constata-se, numa primeira fase que graças ao
envelhecimento da população mundial, justificado por inúmeros factores que incluem
o avanço tecnológico das pesquisas médicas, as melhorias económicas e politicas de
saneamento e saúde publica, a terceira idade passou a ocupar uma importante posição
na proporção populacional, em especial nos países mais desenvolvidos.
Como foi provado ao longo do trabalho de projeto, surgiram doenças
consideradas exclusivamente da terceira idade, que preocupam não somente as áreas
de ciências humanas e de saúde, como também a área do Design. Neste contexto, é
vital, para aqueles que trabalham diretamente com saúde de terceira ideia, aumentar
os seus conhecimentos e ter uma preocupação acrescida com as necessidades
especiais dessa população.
Conclui-se que o utilizador institucionalizado é obrigado a permanecer no seu
quarto ou, caso consiga, nos espaços comuns da instituição dependendo sempre de
assistência diária de cuidadores. Contudo, confirmou-se igualmente que o mercado
não está preparado para esta realidade e necessita de equipamentos que desenvolvam
a comunicação e confiança, imprescindíveis para garantir que o utilizador se sinta
confortável e capaz.
Durante a investigação constatou-se que quando um idoso é institucionalizado
é imperativo que haja uma responsabilidade para lhe fornecer a
mesma, ou melhor, qualidade de vida num ambiente doméstico confortável e com os
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
118
padrões normais fugindo do modelo hospitalar. A definição ergonómica de um
ambiente adequado e familiar que não comprometem a saúde e conservam a
integridade do organismo, foi aqui aplicada diretamente, visto que estes utentes são
bastante vulneráveis ás limitações e estímulos que o ambiente lhes transmite, quanto à
segurança física, proteção, higiene, privacidade e habilidades motoras.
Este estudo teve como finalidade aumentar o alcance da ergonomia com base
dos factores referidos anteriormente, aplicando-os no confronto de doenças ou mesmo
da velhice, querendo unicamente que o idoso se sinta “em casa” e em harmonia com o
espaço nos últimos dias da sua vida.
Através da presente investigação concluiu-se que, para além da abordagem
ergonómica e funcional, outra mais valia adiantada pela criação de uma nova linha de
produto, é o conforto visual tendo em consideração os materiais e superfícies.
Factores do ambiente físico, tais como ergonomia, cores, texturas e mobiliário
foram estudados nesta dissertação de maneira a recriar uma harmonia entre os objetos
e o utente.
Por fim, conclui-se a presente dissertação respondendo aos problemas
objetivados para o trabalho, delineando um equipamento capaz de responder às
necessidades dos utilizadores. Ao contrariar a institucionalização de pessoas séniores
ou com deficiência em residências de serviços acompanhados ou domiciliários,
contribuindo para o retorno da autoestima e autoconfiança colocando os utilizadores
seguros e protegidos num ambiente familiar e acolhedor.
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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119
ÍNDICE ICONOGRÁFICO
Figura 1: Metodologia utilizada para a definição dos assuntos a tratar, p. 13
Figura 2: Cama ClinicLar LC50. Fotografada nas instalações da Hospiarte
Figura 3: Ficha técnica da cama ClinicLar LC 50. Catálogo Mundinter 2015
Figura 4: Representação das necessidades básicas do ser humano, PHANEUF, Margot,
op. Cit., p.20.
Figura 5: Factores determinantes do processo de envelhecimento . Netto, M. P., Kein,
E. L., & Brito, F. C. (2006). Avaliação geriátrica multidimensional, p. 74.
Figura 6: Número de equipamentos por distrito – Portugal Continental - Daniel F.,
Profissionalização e Qualificação da Resposta Social ‘Lar de Idosos’ em Portugal,
2009. Pág. 67
Figura 7: Cama individual acessível . Recomendações técnicas para equipamentos
sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social,
Dezembro de 1996
Figura 8: Cama de casal acessível . Recomendações técnicas para equipamentos
sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social,
Dezembro de 1996
Figura 9: Cama individual não acessível . Recomendações técnicas para equipamentos
sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social,
Dezembro de 1996
Figura 10: Roupeiro ou armário de arrumação (portas de abrir). Recomendações
técnicas para equipamentos sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-
Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
120
Figura 11: Roupeiro ou armário de arrumação (portas de correr) . Recomendações
técnicas para equipamentos sociais – Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-
Geral da Acção Social, Dezembro de 1996
Figura 12: Cómoda (acessível) . Recomendações técnicas para equipamentos sociais –
Lares de Isosos, In Lar para idoso.pdf, Firecção-Geral da Acção Social, Dezembro de
1996
Figura 13: Movimentos articulares. Adaptação de E.P. Solomon e P.W. Davis.
Anatomie et physiologie humaine, adapte par Christian Cholette, Montréal,
McGraw.Hill, 1981, p. 83-84.
Figura 14: Evolução do projeto, p. 52
Figura 15: Perfil de silicone esponjoso. Empresa Diliconny Silicone
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
121
BIBLIOGRAFIA
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DANIEL, F., ‘O Conceito de Velhice em Transformação’. Interacções; 10. pp.113-21,
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DANIEL, F., Profissionalização e Qualificação da Resposta Social ‘Lar de Idosos’
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FIELL, Charlotte; FIELL, Peter, Design Industrial A-Z. Köln [Colónia]: Taschen,
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GOUVEIA, André Tiago – Briefing Innovation: Metodologia para a Inovação de
Andreia Sofia Afonso Moutinho
Equipamento para quartos séniores de residências de serviços acompanhados ou domiciliários
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Ministério do Trabalho e da Segurança Social, Gabinete de Estratégia Planeamento
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Nina. O uso da cor em ambiente de transcrição de dados. Anais do 2o Congresso
Latino-Americano e 6o Seminário Brasileiro de Ergonomia, Florianópolis: 1993.
MORAGAS, M. R. Gerontologia social: envejecimiento y calidad de vida. Barcelona:
Herder, 1991.
NETTO, M. P., Kein, E. L., & Brito, F. C. (2006). Avaliação geriátrica
multidimensional.
Andreia Sofia Afonso Moutinho
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PASCALE, Maria Aparecida – Ergonomia e Alzheimer: a contribuição dos factores
ambientais como recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da demência
do tipo Alzheimer. Florianópolis [Brasil]: Universidade Federal de Santa Catarina,
2002. Tese de Mestrado.
PICKLER, B. et al. Fisioterapia na terceira idade. São Paulo: Santos, 1998.
REED, J.; Cook, G.; Sullivan, A; Burridge , ‘Making a Move: Care-Home
Residents. Experiences of Relocation’. Ageing and Society 23. pp.225-41, 2003
SIMONDON, Gilbert; Du mode d’existence des objets techniques, Paris: Aubier,
2008 [1958]
SOLOMON, E. P. Et P. W., Davis, Anatomie et psysiologie humaine, adapté par
Christian Cholette, Montréal, McGraw-Hill, 1981.
VERDUSSEN, Roberto. Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
WOOD, L. A., Thechniques de nursing, volume 1, traduit por L. Berger, Montréal, H.
R. W., 1977 , p. 56 e 258
ZAY, Nicolas, Dictionaire/Manuel de gerontologie social, Les presses de
L’Université Laval, 1981
LEGISLAÇÃO
Decreto-Lei no 350/81 de 23 de Dezembro. Diário da República no 294/81 - I
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124
Série. Ministério dos Assuntos Sociais. Lisboa
NETGRAFIA
Alzheimer - http://alzheimerportugal.org/pt/doenca-de-alzheimer
Batista Gomes - http://www.batista-gomes.pt/
Borrachas MDO - http://www.borrachasmgo.com/
Carta Social - http://www.cartasocial.pt/index2.php
Design Boom - http://www.designboom.com
Economia Social - http://www.eesc.europa.eu/resources/docs/eesc-2007-11-pt.pdf
IDEO – http://www.ideo.com/
Innovus - http://www.innovus.co/pt
Lar de Idosos - http://www.laridosos.net/utopia-entre-lar-de-idosos-e-residencia-
para-idosos/
Mundinter - http://www.mundinter.pt/
OpenIDEO – http://openideo.com/
Segurança Social - http://www2.seg-social.pt/
Siliconny - http://www.siliconny.com.br/
Smooth-on - http://www.smooth-on.com/
Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia - http://www.spgg.com.pt
Tim Brown - http://designthinking.ideo.com/
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ANEXOS
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ANEXO A
Visita à Santa casa da Misericórdia da Benedita
Data: 05/12/14
c) Santa casa da Misericórdia da Benedita
HORÁRIOS/ROTINAS:
6:00 – 7:00 - Higiene dos acamados que não se levantam (levantam-se apenas às
9:00 – 9:30);
7:00 – 8:00 - Banhos e higiene a todos, menos aos acamados;
8:30 – 9:00 - Independentes levantam-se; Pequeno almoço para os dependentes
(no refeitório);
9:00 – 9:30 - Pequeno-almoço independentes (no refeitório); Pequeno-almoço dos
dependentes (na cama);
10:00 – 10:30 - Levantar os semi-acamados (para a sala);
11:30 – 12:30 - Almoço 1º grupo (dependentes no refeitório e nas camas;
12:30 – 13:30 - Almoço 2º grupo (independentes) no refeitório;
Até ás 15:00 - Higienes dos dependentes nos quartos; Higienes dos independentes
feita nas casas de banho com supervisão;
15:00 – 16:00 - Lanche para os dependentes que estão nas camas (nos quartos);
16:00 - Lanche dos independentes no refeitório;
16:30 – 17:00 - Algumas pessoas são deitadas por ordem do enfermeiro / faz-se a
higiene e ficam na cama à espera do jantar;
18:00 – 19:00 - Jantar do 1º grupo (dependentes) no refeitório;
19:00 – 20:30 - Jantar dos independentes no refeitório;
19:00 – 21:30 - Deitar os dependentes nos quartos / higienes;
té às 22:30 - Deitam-se os independentes; Faz-se a higiene;
RONDAS:
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23:30, 2:00; 4:00
BANHOS:
3x por semana
HIGIENES:
3x por dia (manhã, a seguir ao almoço, noite)
QUARTOS:
Duplos
1 casa de banho fora do quarto para 2 quartos duplos
2 camas
2 mesas de cabeceira ( com 3 gavetas ou 1 gaveta e 1 porta)
1 roupeiro embutido (3 portas)
2 cadeiras e/ou 1 cadeirão
2-3 cómoda/camiseiro (5-6 gavetas verticais; 3-4 horizontal)
2 prateleiras na parede
secretaria
Individuais
têm casa de banho privada dentro do quarto
1 cama
1 mesa de cabeceira, 8 com 3 gavetas ou 1 gaveta e 1 porta)
1 roupeiro embutido ( com 2-3 portas)
1 cadeira e/ou 1 cadeirão
1 prateleira na parede
secretária
Cómodas
as primeiras gavetas para arrumar a roupa interior e meias, camisolas interiores, as
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outras para guardar camisolas simples e as últimas ás vezes para arrumar calçado.
Mesa de cabeceira
bens mais pessoais, relógios, medicamentos, pomadas, cremes, telefone para ligar
ás funcionárias, água, fotografias, lenços, pentes, terços, figuras religiosas, presentes
da família, decorações.
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ANEXO B
Entrevista ao terapeuta ocupacional – Sr. Marco Pires
Caracterização do inquirido:
Nome: Marco Pires
Profissão: Terapeuta ocupacional
Data: 12/12/14
ACTIVIDADE:
1. Quais os melhores produtos de apoios técnicos?
R: Ajudas técnicas ( andarilho, bengala canadiana, bengala, cadeira de rodas).
Adaptações especificas de acordo com as necessidades de cada um.
2. Qual a diferença entre Fisioterapeuta vs. Terapeuta ocupacional?
R: O primeiro faz a terapia por meio do trabalho físico muscular (feito com
pesos, técnicas repetidas), o segundo trata as articulações periféricas (pulsos, dedos) –
utilizam estratégias diferentes, estes últimos utilizam a atividade e abrangem a
totalidade da população;
3. Quais são os principais prestadores de cuidados?
R: Enfermeiros e auxiliares (técnicos que trabalham diariamente com o utente).
4. Como é o procedimento para a institucionalização?
R: A família ou um vizinho entra em contacto com a misericórdia e é enviado
um terapeuta para avaliar a situação / funções motoras do utente
5. Quais as principais doenças dos cuidadores e dificuldades?
R: Hérnias discais, elevação de peso com rotação e movimento básico de todas
as transferências
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6. Onde passam os utentes a maior parte do seu tempo?
R: Na Sala ou na cozinha.
7. Os utentes passam muito tempo no quarto?
R: O quarto é só para dormir / não devem estar na cama – devem, sempre que
possível, ser transportados no cadeirão para a sala ou cozinha.
Quanto menos estimulação e movimentos fizerem mais debilitados ficam;
- a massa muscular desaparece,
- fraqueza muscular
- falta de equilíbrio
- maior limitação na movimentação
A maioria, depois de algum ferimento, nunca volta ao seu estado inicial.
8. Quais são as razões para o utente estar acamado?
R: Osteoporose (de grau elevado); diabetes (que impossibilitam o doente de
andar), nestas circunstâncias é evitado o movimento e a única solução é ficar na cama,
mas esta hipótese é sempre aplicada apenas a casos extremos – o objetivo é sempre
tirar o doente da cama e estimular a atividade;
A Dimensão da motivação das pessoas / contexto emocional; as pessoas passam de
um contexto privado, pessoal para um contexto publico e impessoal – entram num
processo de depressão;
9. O material dos equipamentos altera o contexto emocional?
R: Os objetos não podem só ser enriquecidos com a madeira e com a sua
função inerente devem ter em conta o conteúdo social e contexto emocional
USO E CARACTERISTICAS DO MOBILIÁRIO:
10. Onde são colocados os utensílios durante o tratamento do utente?
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R: No tampo da cómoda. As mesas de cabeceira não são utilizadas para esse
efeito. Servem para ter os objetos mais utilizados/necessários pelo/ao utente.
11. O que é importante no mobiliário de um quarto?
R: Os equipamentos serem mais pequenos para puderem ser adaptados a
vários espaços;
A textura é também importante. As coisas que são mais parecidas com o passado das
pessoas é sempre mais bem aceite
Os utentes usam os objetos que têm até à exaustão e resistem a coisas novas porque
rejeitam o aspeto hospitalar.
12. As guardas das camas podem ser reduzidas á zona da cabeceira?
R: Não, a grade deve cobrir toda a zona lateral da cama. As pessoas podem
cair por ter perturbações neurológicas. Doentes com demência devem estar em camas
o mais baixas possível e mais perto do chão para evitar quedas maiores. Os outros
utentes preferem a cama à altura dos joelhos.
A cama elevatória é a solução mais abrangente para ambas as necessidades.
As ajudas técnicas e produtos de apoio têm de estar adaptados a cada pessoa (altura /
punho);
Em relação aos painéis da cama, quando a cama articulada sobe e desce pode
fazer com que a pessoa escorregue e por isso esse painel acaba por fazer de travão.
Os painéis laterais, de topo e de baixo são objetos de apoio que servem para assegurar
o conforto e a segurança que os seus utilizadores procuram.
13. Quais são as principais preocupações em relação ao desgaste dos materiais?
R: O painel dos pés da cama parte-se, tal como o apoio dos pés. A base de
sustentação está apenas presa por baixo e as pessoas com demência oscilam as grades.
14. O que pensa dos cadeirões de baloiço?
R: Os idosos não gostam. O equilíbrio é o mais importante e têm medo de cair.
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A estabilidade e segurança é o ponto principal para qualquer produto.
15. Quais as principais dificuldades na destreza e manipulação das gavetas?
R: As artrites e artroses. Precisam de puxadores largos com espaço para as
mãos.
Muitas vezes não conseguem chegar aos objetos: os comandos, telemóvel e
água são os objetos mais usados e estão sempre ao lado dos utentes em cima da mesa
de cabeceira.
16. É necessário cadeiras no quarto?
R: Sim, é preciso um cadeirão ao lado da cama para utentes que precisam de
sair da cama. Convém também que o cadeirão permita levantar as pernas
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ANEXO C
Entrevista ao Dr. Arlindo Serôdio da Casa de Repouso Santa Rita
Caracterização do inquirido:
Nome: Arlindo Serôdio
Profissão: Enfermeiro
Data: 20/01/15
1. Nesta instituição têm fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais? Quais os
principais prestadores de cuidados?
R. Temos um quadro com dois médicos (um de clinica geral e um
fisioterapeuta), duas teraupeutas auxiliares, um enfermeiro e mais onze auxiliares
(uma cozinheira, uma ajudante e nove paramédicas).
2. Quantos utentes estão instalados nestes estabelecimento?
R. Estão instalados 30 utentes
3. Quantos quartos têm e quais são as suas características?
R. Temos dois quartos para uma pessoa, cinco quartos de duas pessoas e oito
quartos de três pessoas.
4. No geral, quais as doenças dos utentes que frequentam esta instituição?
R. Neste momento há muitos utentes com Alzheimer e alguns com Parkinson.
5. Onde é que o utente passa a maior parte do seu tempo?
R. A primeira coisa que os utentes fazem quando se levantam, por volta das
8:30, é tomar banho e fazer a sua higiene pessoal. Aqueles que precisam vão fazer
fisioterapia no ginásio ou mesmo na cama onde têm uma terapeuta que os trata.
Depois disto tomam o pequeno almoço e vão para o ginásio onde ficam até ao almoço.
Assim que acabam de almoçar vão para as salas de convívio e os utentes que têm
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indicação médica para não o fazer têm de ficar no quarto, como por exemplo os que
têm de estar ligados a máquinas ou precisam de cuidados médicos muito frequentes.
Os utentes que ficam no quarto são muito poucos e por isso este passa por ser um sítio
que não utilizam durante o dia.
6. O que fazem os utentes nas salas de convívio?
R. Nestas salas de convívio os utentes podem ler, ver televisão e conversar.
Por sua vez temos uma animadora social que vem três vezes por semana da parte da
tarde e que faz atividades com os utentes.
7. Qual é o mobiliário existente nas salas de convívio?
R. Têm televisões, os cadeirões, mesas e mesas de apoio para os livros e
revistas. Temos também a parte religiosa, uma pequena capela onde os utentes podem
ir sempre que quiserem.
8. O mobiliário dos quartos é novo?
R. É relativamente novo, tem cerca de 6 anos. As camas são todas articuladas
mas só uma delas é que é elétrica, e em todos os quartos temos os cadeirões Relax.
9. Como é que os utentes de deslocam do quarto para as outras divisões?
R. Na sua maioria usam canadianas, já não usam tanto as bengalas porque são
pouco eficazes. Nos casos mais graves, ou andam com andarilhos ou mesmo em
cadeira de rodas. Normalmente são sempre acompanhadas por uma auxiliar.
10. As canadianas são portanto o objecto que têm sempre com elas?
R. Sim, quando se vão deitar têm sempre as canadianas ao lado da cama e
mesmo quando estão nas salas de convívio encostam as canadianas aos cadeirões.
11. Em relação aos utensílios pessoais, o que é que elas têm sempre com elas no
quarto?
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R. Cada utente tem um armário com três gavetas e espaço para pendurar a sua
roupa do dia-a-dia, o stock da roupa toda de cada utente está armazenado num espaço
onde só têm acesso as auxiliares.
Na mesa de cabeceira os utentes gostam sempre de ter fotografias dos familiares e
pequenos objetos pessoais. Um objecto que nunca falta ao lado do utente é uma
garrafa de água identificada.
12. Os utentes têm o habito de ter a roupa do dia seguinte no fundo da cama ou no
cadeirão?
R. Normalmente cada auxiliar mete a roupa do dia seguinte em cima do
cadeirão, no entanto isto só acontece com utentes que ainda têm alguma autonomia.
13. Encontra algum erro no mobiliário atual que têm neste lar?
R. A meu ver o mobiliário tem de ser o mais simples e funcional possível. Se
todas as nossas camas fossem elétricas as auxiliares tinham o trabalho mais facilitado.
14. Os utentes têm algum mobiliário extra para descansar sem ser os cadeirões?
R. Não.
15. Onde são colocados os utensílios durante o tratamento ao utente?
R. Quando é preciso fazer pensos as auxiliares levam o material numa bandeja
que colocam em cima de mesas de apoio ou então em carrinhos de mão com todos os
materiais necessários.
16. Acha importante a cama ter uma mesa incorporada para auxiliar o utente nas suas
refeições diárias?
R. Quando um utente passa o dia deitado é porque se encontra dependente das
auxiliares e por isso não consegue comer sozinho. Mesmo que tenha mobilidade mas
esteja doente o paciente nunca vai precisar dessa mesa de apoio porque tem de estar
de repouso e não vai estar a ler ou comer pela sua mão. Considero que esse tipo de
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mobiliário justifica-se mais para um contexto hospitalar, no entanto neste contexto
mais domiciliário este tipo de acessórios auxiliam mais a própria assistente do que o
utente.
17. Considera importante que cada mesinha de cabeceira tenha só gavetas ou também
armários e espaços sem porta?
R. Todas as nossas mesas de cabeceira têm um armário, uma gaveta e um
espaço sem porta o que nos dá muito jeito. O armário para guardar os seus produtos
de higiene e acessórios que não convêm estar espostos, as gavetas para algo mais
pessoal e os espaços vazios que auxiliam as assistentes.
18. As mesas de cabeceira têm rodas? Considera importante?
R. As nossas mesas de cabeceira têm rodinhas e é importante terem por uma
questão de limpeza e mobilidade.
19. As camas têm rodas? Considera importante?
R. As nossas camas têm rodas e consideramos importante devido à mobilidade
e limpeza do espaço e da mesma.