EOSÃOR — página (local 5, global #5) Sumário · EOSÃOR — Prova 4 — 3/6/2013 —...
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EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 5, global #5)
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Sumário
1 Erosão dos solos e movimentos de massa – recuperação de áreas
degradadas com técnicas de bioengenharia e prevenção de acidentes 7
1.1 Erosão dos solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 Movimentos de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Prevenção de acidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Recuperação de áreas degradadas com técnicas de bioengenharia . . . . . . . 21
1.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2 Reabilitação de áreas degradadas por erosão em São Luís/MA . . . . . . . 31
2.1 Bioengenharia de solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 Monitoramento de estação experimental com técnicas de bioengenharia de
solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.3 Reabilitação de áreas degradadas por erosão com técnica de bioengenharia
de solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.4 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3 Importância do fator antrópico na redefinição de processos
geomorfológicos e riscos associados em áreas urbanizadas do meio
tropical úmido. Exemplos na Grande São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.1 Perspectiva geomorfológica na análise das intervenções antrópicas nas
paisagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.2 Intervenções antrópicas da urbanização: formas antropogênicas, materiais
tecnogênicos e redefinição de balanços e vetores de processos . . . . . . . . . . . 69
3.3 Geomorfologia urbana: Fases da urbanização, modalidades de intervenção e
processos associados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.4 Exemplos de intervenções urbanas, produção de morfologia complexa e
processos associados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
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6Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
4 O papel das geotecnologias no estudo de feições erosivas
e de movimentos de massa no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.1 Geotecnologias: instrumentos e ferramentas de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.2 Geotecnologias e pesquisa no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.3 Aplicação de geotecnologias em estudos de movimentos de massa e
processos erosivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.4 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
5 O papel do clima nos estudos de prevenção e diagnóstico de riscos
geomorfológicos em bacias hidrográficas na Zona da Mata Sul de
Pernambuco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
5.1 Eventos naturais e riscos geomorfológicos dependentes do clima . . . . . . . 127
5.2 O arcabouço geomorfológico da Zona da Mata de Pernambuco . . . . . . . . . . 131
5.3 Dinâmica climática sobre a Zona da Mata pernambucana e o evento pluvial
extremo de 16 a 19 de junho de 2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
5.4 Perigo de inundações nas bacias hidrográficas dos rios Una e Sirinhaém 147
5.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6 Erosão costeira, mudança do clima e vulnerabilidade . . . . . . . . . . . . . . . 160
6.1 Elevação do nível do mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
6.2 Dinâmica praial ou erosão costeira? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
6.3 Alguns exemplos de técnicas de levantamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
6.4 Erosão costeira e vulnerabilidade potencial por causa das mudanças do
clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
6.5 Transporte litorâneo e seus efeitos no balanço sedimentar . . . . . . . . . . . . . 182
6.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
Sobre os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
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1Erosão dos solos e movimentos de massa
– recuperação de áreas degradadascom técnicas de bioengenharia
e prevenção de acidentes
Maria do Carmo Oliveira Jorge | Antônio José Teixeira Guerra
Este capítulo se refere à erosão dos solos e movimentos de massa, tendo
como objetivo apresentar várias maneiras de como fazer a recuperação
de áreas degradadas, usando-se técnicas de bioengenharia aliadas à
prevenção desses acidentes.
São abordados diversos tópicos sobre esses processos de degradação, sua
prevenção e o que pode ser feito para recuperar as áreas danificadas com a
utilização de técnicas de bioengenharia.
Existem diversas formas de erosão, mas a provocada pelo escoamento
superficial e subsuperficial, nas encostas, é a que possui maior distribuição
geográfica em diversos países, e, por isso, é priorizada no capítulo.
Com relação aos movimentos de massa, sua distribuição espacial é menor,
ocorrendo com menos frequência. Apesar disso, também serão analisados,
em especial porque, além de causar danos materiais, em muitas situações
provocam a morte de centenas de pessoas, como é o caso das catástrofes
ocorridas num passado recente, no Estado do Rio de Janeiro, a pior delas em
12/1/2011.
Vamos procurar despertar no leitor o interesse por um tema atual, que
ainda se ressente de discussões teóricas, conceituais, aplicadas emetodológicas.
Entendemos que, dessa maneira, o assunto passará a ser explorado, tanto no
meio acadêmico – como subsídio teórico-conceitual a monografias, dissertações
e teses, no âmbito das universidades – como no meio técnico – por empresas de
consultoria e secretarias municipais e estaduais do meio ambiente – visando a
contribuir no diagnóstico, prognóstico e recuperação de áreas degradadas, por
meio do uso de técnicas de bioengenharia.
Por esse motivo, Recuperação de áreas degradadas por processos erosivos e
movimentos de massa possui capítulos que se constituem em estudos de caso,
mas, ao mesmo tempo, aborda questões relacionadas ao papel dos solos, do
clima, da geomorfologia e das geotecnologias, tanto no diagnóstico, como no
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8Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
prognóstico dos processos erosivos e dos movimentos de massa, em áreas
urbanas e rurais.
Acreditamos ser possível a adoção de técnicas de bioengenharia, de ma-
neira eficaz, na recuperação de áreas degradadas. Como esses processos de ero-
são costeira não ocorrem apenas no Brasil, mas em diversos países, existe um
capítulo sobre esse tema, que tanto preocupa pesquisadores e poder público.
1.1 EROSÃO DOS SOLOS
A erosão dos solos é um fenômeno natural. Todas as paisagens que pos-
suam algum tipo de declividade, geralmente superior a 3º, podem sofrer
erosão. Ashman e Puri (2002) indicam que, em algumas áreas, a erosão e a
consequente deposição são primordiais para a manutenção da fertilidade
natural dos solos, como é o caso do delta do rio Nilo, no Egito, que recebe
sedimentos erodidos vindos da Etiópia. Esse processo natural, segundo os
autores, manteve a fertilidade desses solos por séculos, mas a construção
de barragens, para controlar o regime do rio Nilo, alterou esse equilíbrio.
Os problemas relativos à erosão ocorrem quando as taxas de perda de solo
ultrapassam níveis naturais, geralmente por falta de práticas conservacionistas.
Nas regiões tropicais, onde as chuvas podem ser intensas, os sinais da erosão
são óbvios quando os rios se tornam cheios de sedimentos, causando até o
assoreamento deles (Ashman; Puri, 2002). Nas regiões de clima temperado,
nas quais as chuvas não são tão intensas – como nos trópicos –, além da
perda de solo, sem a mesma intensidade, elas causam prejuízos às atividades
agropastoris (Fig. 1.1), como diversos autores têm reportado (Small; Clark, 1982;
Abrahams, 1986; Parsons, 1988; Selby, 1990, 1993; Hasset; Banwart, 1992; Goudie,
1989, 1990, 1995; Goudie; Viles, 1997; Ashman; Puri, 2002; Fullen; Catt, 2004;
Morgan, 2005).
A erosão dos solos não é apenas um problema para as áreas em que
ocorre, ao diminuir a quantidade de nutrientes no topo do solo, mas também
causa assoreamento e poluição nos lugares em que os sedimentos se depositam
(Fig. 1.2), em especial, quando se trata de reservatórios, rios, lagos e açudes.
Em 1960, o Departamento Nacional de Conservação dos Solos dos Estados
Unidos estipulou um limite máximo de 5 t/ha/ano de perda de solo, nesse
país. Segundo Ashman e Puri (2002), existem estimativas de que 80% dos solos
agrícolas do mundo estão sujeitos a alguma forma de erosão.
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1 | Erosão dos solos e movimentos de massa – recuperação de áreas degradadas...11
Fig. 1.3 Voçoroca no bairro do Sacavém, na cidade de São Luís/MA, na qual algumas ruas
não são pavimentadas e há falta de galerias pluviais, o que contribui para a existência de
voçorocas urbanas
Fig. 1.4 Voçoroca em Morro Branco, no município de Beberibe/CE. Como as voçorocas
estão situadas próximas à praia, são utilizadas, de forma inapropriada, como atração
turística
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12Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
falta de galerias pluviais e de esgoto ou, então, de galerias maldimensionadas
para o escoamento das águas e ruas não pavimentadas, em especial na periferia
dessas cidades.
Outra forma de abordar os processos erosivos é pela sensitividade (sensi-
tivity), que vem sendo estudada por vários pesquisadores, dentre eles Evans
(1993). Esse autor destaca que a sensitividade à erosão depende do nível
do limiar em que os fatores detonadores pelo clima, em associação com a
gravidade, podem superar a resistência dos solos aos processos erosivos.
Ainda segundo Evans (1993), a percepção da sensitividade da paisagem à
erosão está relacionada com a percepção da magnitude, frequência e impacto
de um evento erosivo.
Dessa forma, a sensitividade é alta quando os limites a serem ultra-
passados pela força detonadora (trigger) são baixos, ou seja, a erosão ocorre
com frequência, embora os impactos causados no ambiente, resultantes de
um único evento não sejam tão elevados. Por outro lado, a sensitividade da
paisagem para sofrer erosão é baixa quando é necessária uma força de alta
magnitude, o que ocorre raramente, mas o impacto resultante é muito grande e
as evidências desse evento erosivo persistem por um longo período de tempo.
Existem centenas de trabalhos publicados sobre erosão dos solos anali-
sando esse processo, tanto em livros como em teses de doutorado e artigos
em periódicos (Small; Clark, 1982; Abrahams, 1986; Parsons, 1988; Selby, 1990,
1993; Hasset; Banwart, 1992; Goudie, 1989, 1990, 1995; Goudie; Viles, 1997;
Fullen; Catt, 2004; Guerra, 2009a, 2009b, 2010, 2011; Morgan, 2005; Oliveira, 2010;
Bezerra, 2011).
Selby (1990; 1993) conceitua erosão dos solos, no seu livro Hillslope materials
and processes, considerado um clássico no estudo das vertentes. A erosão dos
solos é abordada nos capítulos “Água nas vertentes” (Water on hillslopes), da 1ª
edição, e “Erosão das encostas pelas gotas de chuva e pela água que se escoa”
(Erosion of hillslopes by raindrops and flowing water), da 2ª edição. O autor descreve,
nesses capítulos, o papel da água que remove o solo das encostas, com uma
variedade de processos erosivos, como, por exemplo, a erosão laminar (sheet
erosion).
Fullen e Catt (2004) abordam esse tema apropriadamente, destacando
que, quando a intensidade da chuva excede a capacidade de infiltração do solo,
o escoamento superficial começa a ocorrer, provocando erosão.
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2Reabilitação de áreas degradadas
por erosão em São Luís/MA
José Fernando Rodrigues Bezerra
A Geomorfologia constitui uma ciência, cujo objeto se fundamenta na
busca da explicação da evolução das formas e processos que deram origem
ao modelado terrestre, procurando compreender a evolução temporal do
relevo por meio da atividade dos agentes e processos morfogenéticos,
tendo em vista a escala de atuação dos processos físicos, químicos e
biológicos, bem como a intervenção humana na dinâmica da paisagem
(Christofoletti, 1980; Penteado, 1980; Ritter, 1986; Cooke; Doornkamp, 1991;
Sumerfield, 1991; Selby, 1993; Guerra; Cunha, 1996; Bloom, 1998; Strahler;
Strahler, 2000; Casseti, 2005; Hjorta; Marmionb, 2008; Murray et al., 2009).
A inserção da Geomorfologia nos estudos ambientais está direcionada
para a compreensão das formas do relevo, procurando-se estabelecer a
explicação genética e as inter-relações com os demais componentes da
natureza, considerando também as atividades modificadoras causadas pela
ação humana (Gardiner, 1987; Ross, 1991; Guerra; Cunha, 1996; Guerra; Marçal,
2006; Gregory; Benito; Downs, 2008; Ruiz-Sinoga; Martínez-Murillo, 2009; Shou;
Chen; Liu, 2009).
Nesse contexto, a erosão dos solos ganha destaque nos estudos geomor-
fológicos.
A erosão é um dos principais processos responsáveis pela esculturação
do relevo terrestre, podendo ser percebida de forma direta em áreas urbanas e
rurais. Nos centros urbanos, onde a transformação da paisagem apresenta-se
de forma desordenada, os problemas ambientais que afetam a qualidade de
vida da população, como erosão, assoreamento, poluição e contaminação dos
recursos hídricos são iminentes. (Oliveira, 1999; Silva et al., 1999; Salomão, 1999;
Sudo, 2000; Fullen; Guerra, 2002; Fullen; Catt, 2004; Araújo; Almeida; Guerra,
2005; Gangolells et al., 2009; Goethals et al., 2009).
Com a crescente urbanização desordenada, os problemas socioambientais
nas cidades se intensificam. Nesse sentido, os processos erosivos tornam-se
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32Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
cada vez mais presentes nos centros urbanos, em todo o país, principalmente
nas zonas de cobertura sedimentar recente, contendo sedimentos inconsolida-
dos e friáveis.
Com a intensificação desses processos, tem-se a necessidade da produção
de trabalhos que analisem a complexidade desse tema, identificando suas
causas e fatores determinantes, no intuito de evitar efeitos catastróficos
(Mendonça, 2003; Bezerra; Guerra, 2007; Bezerra et al., 2009; Bezerra, 2011).
No município de São Luís/MA encontram-se vários trechos nos quais são
identificados fenômenos erosivos em larga escala, destacando-se as voçorocas
da bacia do rio Bacanga, localizada na porção centro-noroeste da ilha do
Maranhão: Coeduc, Batatã, Gapara, Itaqui, Maracanã, Posto, Sacavém, Torre e
Vila Maranhão. Isso vem a ser um agravante, pelo elevado índice de urbanização
da bacia, que possui características físicas, químicas e socioambientais
propícias à ocorrência desses processos. A bacia possui uma área de 95,24 km2
(Mendonça; Guerra; Mendes, 2001; Bezerra; Guerra; Rodrigues, 2005; Sathler et
al., 2005; Furtado et al., 2006; Bezerra; Guerra, 2007; Bezerra et al., 2009; Bezerra,
2011).
A área apresenta características favoráveis à ocorrência de erosão, com
média de precipitação anual acima de 2.000mm, nos últimos 30 anos, concen-
trada em um período chuvoso e outro seco. Os solos são suscetíveis à erosão,
provenientes das Formações Itapecuru e Barreiras, constituídas, predominante-
mente, de arenitos, argilitos e siltitos inconsolidados.
Quanto aos aspectos geomorfológicos, eles apresentam formas tabula-
res e subtabulares, intercaladas por colinas dissecadas (Feitosa, 1989, 1996;
Maranhão, 1998; Bezerra, 2011).
Associadas com essas características naturais, as atividades antrópicas –
o uso inadequado do solo, o desmatamento, obras de engenharia, a especulação
imobiliária, a retirada de material para construção civil (laterita, areia fina, silte
e argila) e a desconsideração com os limites impostos pelo ambiente – estão
acelerando a evolução dos processos erosivos na área urbana do município.
A associação da Geomorfologia com outras áreas de conhecimento, como
a Bioengenharia, pode oferecer ferramentas que auxiliem na contenção desses
processos.
Será feita a análise dos resultados obtidos no monitoramento de uma
estação experimental, durante o período chuvoso da região, de fevereiro a
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2 | Reabilitação de áreas degradadas por erosão em São Luís/MA33
junho de 2009, com técnicas de bioengenharia de solos, utilizando geotêxteis
produzidos com fibra de palmeira de buriti e com os seguintes parâmetros
avaliados: índice de cobertura vegetal, pinos de erosão, potencial matricial,
escoamento superficial e erosão. Os resultados alcançados serão apresenta-
dos com a aplicação da técnica de bioengenharia na reabilitação de áreas
degradadas na voçoroca do Sacavém, em São Luís/MA.
A pesquisa utilizou uma estação experimental na Universidade Federal do
Maranhão, dentro da bacia do rio Bacanga, com declividade de 20°. A estação
foi composta por duas parcelas com 10m2 cada, uma com solo exposto (SEa,
SEb) e outra com geotêxteis de buriti (GEa, GEb), sendo uma réplica para cada
tratamento (Fig. 2.1). Não foram adotadas medidas corretivas no solo. Na parte
inferior das parcelas foram colocados quatro galões d’água com 200 litros de
capacidade para avaliação dos parâmetros de perda de solo, utilizando os
processos e subprocessos relacionados ao comportamento hídrico.
Fig. 2.1 Esquema da estação experimental, com parcelas com geotêxteis (GEa, GEb) e
solo exposto (SEa, SEb)
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3Importância do fator antrópicona redefinição de processosgeomorfológicos e riscos associadosem áreas urbanizadas do meio tropicalúmido. Exemplos na Grande São Paulo
Cleide Rodrigues | Isabel Cristina Moroz-Caccia Gouveia
3.1 PERSPECTIVA GEOMORFOLÓGICA NA ANÁLISE DAS
INTERVENÇÕES ANTRÓPICAS NAS PAISAGENS
Alguns estudiosos de Geomorfologia, destacando-se os que aplicam esse
conhecimento das Ciências da Terra aos mais diversos instrumentos de
planejamento e gestão territorial, vêm dedicando esforços no sentido de
fazer uso dos principais instrumentais para discriminar os efeitos das
ações humanas nas paisagens.
A ideia central assumida pela maioria deles é a de que a avaliação das
mudanças ou dos níveis de perturbação física das paisagens e a descoberta
de seus principais agentes possam ser, ao menos em grande parte, realizadas
ao se utilizar o repertório, linguagem e instrumental analítico da ciência
geomorfológica, tendo em vista a natureza de seu objeto e a delimitação de seu
campo.
Frequentemente, assume-se que a Geomorfologia se dedica ao estudo
das formas, dos materiais e dos processos da superfície terrestre, tomados
em suas múltiplas escalas espaçotemporais e em suas relações espaciais
tridimensionais.
Esse campo, assim definido, pressupõe que seria comum a consideração
do fator antrópico nos diversos estudos geomorfológicos e que o grau de
desenvolvimento de suas abordagens para a consideração desse fator, ou
agente, já estivesse suficientemente consolidado no estudo de paisagens físicas.
De fato, não se pode afirmar que essas concepções sejam novas e diversos
esforços foram realizados ao longo do tempo no sentido de desenvolver tais
abordagens e inclusões. Autores como Gregory (2006) são enfáticos ao destacar
a importância de estudos como os de Marsh (1894) – Man and nature or physical
geography as modified by human action – e da série de estudos reunidos na
Conferência Internacional ocorrida em Princeton, em 1955, que acabou por
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3 | Importância do fator antrópico na redefinição de processos geomorfológicos...67
estruturar a publicação de Thomas (1956) – Man´s role in changing the face of the
Earth – já especialmente dedicada à antropogênese.
Goudie (1993; 1994) é outro autor dedicado a sistematizar o conhecimento
geomorfológico que deveria ser acessado para avaliar os efeitos das ações
antrópicas na superfície terrestre. Mais recentemente, organizou uma obra em
que são reunidos estudos dedicados à abordagem geomorfológica na questão
dos riscos (Goudie; Alcântara-Ayala, 2010).
Em 2006, Goudie chamou a atenção para a necessidade de reconhecer os
efeitos diretos e indiretos das ações humanas em sistemas geomorfológicos
e, especialmente, em sistemas fluviais, pois estaríamos numa nova era de
influência antropogênica, em que esses sistemas teriam respostas ou reações
geomorfológicas potencialmente discerníveis quanto aos inputs antrópicos ou
às mudanças climáticas.
Recentemente, Goudie destacou o fato de que são poucos os estudos
geomorfológicos que se utilizam de dados e de cenários climatológicos e
hidrológicos em suas avaliações, mesmo diante da possibilidade eminente de
mudanças climáticas.
Os esforços que se seguiram às reuniões científicas e às tentativas de
sistematização de alguns autores – mesmo diante de um mundo cada vez mais
consciente das necessidades de conhecer os efeitos locais regionais e globais
das ações antrópicas na superfície da Terra – foram muito mais desenvolvidos
no sentido de estudar áreas e intervenções específicas do que dedicados à
edificação e sistematização de recursos metodológicos, em que categorias de
análise, conteúdos e técnicas pudessem convergir para tal edificação teórico-
-metodológica.
Esse processo multiplicou estudos de caso, diversificou a linguagem e
as técnicas utilizadas e, em parte, dificultou as possibilidades de organização
contemporânea de referências metodológicas (Gregory, 1992).
Na busca por demonstrar o potencial de leitura e de avaliações que o
enfoque geomorfológico contém no tratamento de mudanças ambientais –
aí inseridas aquelas geradas por ações antropogênicas –, são exemplares os
esforços de sistematização dos estudos reunidos em Nir (1983), Goudie (1993,
1994, 1995, 2006) e Brunsden (1996), dentre outros.
Nir (1983) propõe a análise de cada uma das modalidades de intervenção
antrópica na paisagem, invertendo, em parte, o raciocínio dos efeitos das ações
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 83, global #83)
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3 | Importância do fator antrópico na redefinição de processos geomorfológicos...83
Fig. 3.4 Sequência histórica de intervenções na favela Nova República, São Paulo/SP
Fonte: Rodrigues (1984/1989)
Desenho: Rodrigues de Lima (2003).
A combinação de morfologia original e antropogênica, descrita a seguir, é
representativa em vastas áreas no município de São Paulo. Guiando-se pelos
procedimentos da cartografia geomorfológica retrospectiva e evolutiva de
Rodrigues (2004) e pela abordagem histórica em geomorfologia (Gurnell; Peiry;
Petts, 2003; Trimble, 2008; dentre outros), foram reconhecidos os sistemas
geomorfológicos originais, suas tendências em termos de processos hidrodinâ-
micos e a sequência histórica de intervenções sobrepostas a essa morfologia
original, com processos associados típicos.
Tratava-se originalmente de planícies fluviais meândricas holocênicas,
com vastas áreas aplainadas, sujeitas a inundações mais ou menos frequentes
e lençol freático próximo à superfície (média de 1,5 m), com conteúdos ma-
teriais bem característicos, variando entre argilas orgânicas moles (bacias de
decantação, backswamps e lagos em ferradura de meandros abandonados) e
areias de textura média nos cinturões meândricos de canais ativos ou subatuais.
(Figs. 3.5 e 3.6)
As Figs. 3.5 a 3.12 ilustram a sequência de intervenções antropogênicas
que ocorreram de forma a destruir as morfologias originais, desde a década de
1930. Nessa década, houve o processo de retificação e inversão do sentido do
curso do rio Pinheiros, como parte das obras de implantação da represa Billings
e da usina hidrelétrica Henry Borden, que foram intervenções contemporâneas
da exploração mineral de areia. Nas décadas seguintes, houve continuidade na
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4O papel das geotecnologias no
estudo de feições erosivase de movimentos de massa no Brasil
Hugo Alves Soares Loureiro | Stella Mendes Ferreira
Movimentos de massa e erosão de solos são fenômenos comuns na reali-
dade brasileira e podem ocasionar danos irreversíveis. Esses fenômenos se
constituem como um dos principais agentes de modificação da paisagem,
estando relacionados a processos de desgaste da superfície do terreno
com a remoção e transporte de grãos minerais, e são responsáveis, com
outros processos naturais, pela contínua modelagem das formas de relevo
(Souza et al., 2011).
De acordo com Guerra (2010), a erosão dos solos é considerada um dos
maiores riscos naturais, por causa dos grandes danos econômicos, ambientais
e sociais que provoca, e, quando ocorre sob a forma de erosão em canais, como
ravinas e voçorocas, leva à destruição ou à inoperância de diversas atividades
antrópicas, como estradas, dutos, edificações, barragens etc.
Para Fernandes et al. (2001), movimentos de massa são processos desen-
cadeantes nas encostas, decorrentes da atuação integrada de diversos fatores
condicionantes, e caracterizados pelo movimento gravitacional de material,
descendente e para fora da encosta.
Conhecer a dinâmica dos processos erosivos e dos fatores condicionantes
dos movimentos de massa é de extrema relevância para um planejamento e
gestão ambiental eficaz, uma vez que a compreensão da gênese e abrangência
desses fenômenos se faz essencial para mitigar as perdas materiais e humanas
que eles geram.
Buscando encontrar alternativas para minimizar impactos decorrentes
desses fenômenos, são cada vez mais comuns estudos que lançam mão
de geotecnologias, para predizer áreas vulneráveis ao desencadeamento de
processos erosivos e de movimentos de massa e para mapear temporalmente
as áreas atingidas por eles.
De acordo com Souza et al. (2011), técnicas ligadas ao geoprocessamento
emergem com sucesso enquanto ferramentas para avaliação de perda dos solos
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96Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
por erosão e de suscetibilidade à ocorrência de deslizamentos de terra. Nesse
contexto, Marinho et al. (2011) inferem que o mapeamento de áreas afetadas
por deflagração de movimentos de massa e processos erosivos é uma das
principais atividades na avaliação de danos ocorridos e população afetada, e
que o uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG) e de imagens de sensores
remotos fornecem informações de síntese para avaliação de riscos, tomada de
decisões e compreensão das causas e consequências desses eventos (Gillespie
et al., 2007 apud Marinho et al., 2011).
Segundo Lima (2008), o desenvolvimento do geoprocessamento e do
sensoriamento remoto vem apresentando crescimento acelerado nas últimas
décadas e, no Brasil, suas técnicas são cada vez mais utilizadas e aplicadas em
diferentes campos das Geociências.
De acordo com o referido autor, o sensoriamento remoto permite uma
rápida e confiável obtenção de dados, em diferentes faixas espectrais e escalas,
enquanto o SIG possibilita a ligação dessas informações com outros tipos de
produtos, tornando essas duas tecnologias complementares.
A evolução e popularização do SIG propiciam custos mais baixos e contí-
nuas melhorias, com o intuito de responder demandas de diversos ramos, tais
como o estudo de processos erosivos e de movimentos de massa, que passaram
a utilizar o Sistema de Informação Geográfica (Mendes, 2006).
Para esse autor, ferramentas provenientes de geotecnologias podem
contribuir para a elaboração de mapas de risco de escorregamentos, auxiliando
na criação e manutenção de sistemas de alerta, o que é de extrema relevância
para a redução das constantes perdas de vidas humanas, decorrentes dos
frequentes movimentos de massa desencadeados após eventos chuvosos de
grande intensidade.
Com o desenvolvimento de técnicas de sensoriamento remoto, que facili-
tam o exercício de integração e espacialização dos dados, a compartimentação
geomorfológica passou a ser mais precisa e mais coerente com a realidade do
terreno, o que favorece a redução da subjetividade na metodologia de análise
e possibilita a obtenção de trabalhos quantitativos e qualitativos das feições
da paisagem (Faria; Oliveira; Filho, 2011). Além de permitir a articulação de
distintos dados temáticos, facilitando a compreensão dos fatores que contri-
buem para o desencadeamento dos processos erosivos e dos movimentos de
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4 | O papel das geotecnologias no estudo de feições erosivas...101
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EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 126, global #126)
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5O papel do clima nos estudosde prevenção e diagnóstico de riscosgeomorfológicos em bacias hidrográficasna Zona da Mata Sul de Pernambuco
Osvaldo Girão | Antônio Carlos de Barros Corrêa
Ranyére Silva Nóbrega | Cristiana Coutinho Duarte
Apesar dos avanços tecnológicos contemporâneos voltados para o reco-
nhecimento das forças da natureza, a vulnerabilidade dos seres humanos
aos eventos naturais extremos, sobressaindo-se os de natureza meteoro-
lógica, nos faz refletir acerca da necessidade da apreensão e compreensão
dos fenômenos relacionados às chamadas anormalidades climáticas, com
destaque para os impactos pluviais, entendidos enquanto eventos que
fogem a um comportamento esperado para o ritmo climático considerado
normal.
Ao abordar a necessidade da prevenção a desastres naturais dependentes
do clima, devemos avaliar, além dos condicionantes climáticos e geológico-
-geomorfológicos, que devem ser considerados quando da ocorrência das
chamadas disritmias pluviais, as formas de uso e ocupação dos espaços pelos
seres humanos, as quais constituem um fator que agrava a ocorrência de
eventos climáticos extremos, pois aceleram consequências adversas para as
populações afetadas.
A convivência com perigos que cada ambiente pode proporcionar, per-
cebidos como iminentes – como deslizamentos e inundações –, são exemplos
de incidentes a que um indivíduo ou uma comunidade estão sujeitos pela
associação de riscos naturais com os decorrentes de processos agravados pela
ocupação de espaços suscetíveis a eles (Monteiro, 1996; Veyret, 2007).
A região da Zona da Mata Sul de Pernambuco foi afetada por um evento
pluvial extremo, no período entre 16 e 19 de junho de 2010, quando os rios
Una e Sirinhaém superaram níveis históricos de vazão em suas respectivas
bacias, provocando uma rápida elevação da lâmina d’água e o consequente
extravasamento do leito desses dois rios, o que levou à inundação de áreas
urbanas.
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 127, global #127)
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5 | O papel do clima nos estudos de prevenção e diagnóstico de riscos geomorfológicos...127
São analisados os fatores que provocaram esse fenômeno, tendo por re-
corte não só o estudo das causas climáticas, mas das de caráter geomorfológico
do processo de inundação que atingiu as cidades pernambucanas de Palmares
e Barra de Guabiraba, buscando-se esclarecer questões pertinentes à duração,
intensidade e recorrência temporal, além de aferir as possibilidades de perigo
de inundação para as bacias que sofreram com tal evento.
5.1 EVENTOS NATURAIS E RISCOS GEOMORFOLÓGICOS
DEPENDENTES DO CLIMA
As alterações do meio natural, por causa das intervenções antrópicas na
dinâmica do meio físico, em decorrência da expansão do processo de
ocupação, levam à intensificação de eventos naturais, tais como: processos
erosivos, movimentos de massa, erosão costeira, enchentes e inundações.
De fato, novos processos não se criam, mas a expansão das paisagens cul-
turais acaba por promover a aceleração de processos superficiais e o aumento
à suscetibilidade a riscos para a sociedade, na forma de prejuízos ao aparato
infraestrutural ou diretamente às pessoas afetadas.
Entendido como um acontecimento natural, em que não são registradas
perdas de cunho social e/ou econômico, esse evento ocorre em consonância
com a dinâmica do sistema ao qual se integra (Bittar, 1995).
É o caso, por exemplo, da ocorrência de processos erosivos em encostas
sob vegetação nativa, que refletem a natural retirada do solo com o transporte
de partículas derivadas do impacto direto da precipitação e do escoamento da
água da chuva sobre o solo, que levará a jusante à consequente deposição do
material transportado.
O mesmo ocorre quando de uma enchente em uma planície de inundação
não ocupada, decorrente tanto da sazonalidade quanto de uma disritmia pluvial
desencadeada pela ação de sistemas atmosféricos.
Deve-se ter em mente que a dinâmica de tais processos reflete as proprie-
dades dos mecanismos que a influenciam. No caso dos processos erosivos, por
exemplo, a taxa de erosão será controlada pelos seguintes fatores: a erodibili-
dade do solo, a erosividade da chuva, a presença ou não de cobertura vegetal e
as características da topografia do terreno; no caso de terrenos inclinados, o
grau de declividade e o comprimento da encosta (Guerra, 1995).
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 160, global #160)
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6Erosão costeira, mudança do climae vulnerabilidade
Dieter Muehe
Antes do desenvolvimento do conceito de gerenciamento costeiro como
estratégia de planejamento do uso do espaço costeiro – considerando
a integração de características físicas e socioeconômicas como a com-
preendemos atualmente –, os problemas associados à erosão costeira
já eram tratados por geógrafos e geólogos como o principal objetivo
do gerenciamento costeiro, ou seja, visando essencialmente à proteção
costeira.
A ocupação cada vez mais acelerada da zona costeira – com construções
muito próximas do limite com a praia – fez com que a percepção de risco
associado a processos erosivos, antes limitados a segmentos relativamente
pequenos do litoral, se tornasse mais generalizada. Ao mesmo tempo, as
previsões de mudanças climáticas – com cenários de elevação do nível do mar
e aumento da recorrência de eventos extremos – passaram a fazer parte do
conhecimento geral, como elementos de aceleração desse risco.
Apesar de a ocorrência da erosão costeira não estar associada apenas a
uma elevação do nível do mar, ela representa uma força que desencadeia um
ajustamento morfodinâmico, cujo resultado é, na maioria das vezes, um recuo
da linha de costa.
Uma estimativa da população atingida mundialmente pela elevação do
nível do mar em 1m avalia que 146 milhões de pessoas seriam afetadas,
correspondendo a um custo da ordem de 1 trilhão de dólares de Produto Interno
Bruto e mais 100 bilhões de dólares atribuídos a prejuízos diretos, ou seja, a
soma da perda de áreas emersas e úmidas mais gastos com proteção costeira e
custos de deslocamento da população (Anthoff et al., 2006). Estes últimos, de
acordo com os autores citados, são de sete a 12 vezes superiores aos custos
relacionados com uma elevação de 0,5 m.
Diante dos potenciais riscos sociais e econômicos que podem ser causados
pelo ajustamento da linha de costa às alterações climáticas previstas, este
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 161, global #161)
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6 | Erosão costeira, mudança do clima e vulnerabilidade161
capítulo apresenta uma análise dos diferentes processos responsáveis pela
erosão costeira e a forma de como lidar com essa nova ameaça.
6.1 ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR
Há cerca de 20 mil anos, no fim do último período glacial, o nível do mar
esteve cerca de 100 m abaixo do nível atual (Rohling et al., 2009), tendo
iniciado, há 7 mil anos, sua ascensão em direção ao nível que apresenta
hoje.
Naquela época praticamente toda a plataforma continental da região
Nordeste, cuja profundidade de contato com o talude continental se situa em
torno de 60 m, esteve emersa. Já as regiões Norte, Sudeste e Sul, mais profundas,
tiveram apenas parte da plataforma continental exposta (Fig. 6.1).
Essa ampla planície que se transformou, após a transgressão marinha,
em plataforma continental representa um bom exemplo para avaliação da taxa
histórica entre recuo erosivo da linha de costa e elevação do nível do mar.
Como a plataforma continental brasileira varia amplamente de largura e
de profundidade no seu limite distal, são tomados dois exemplos (Fig. 6.2):
� o primeiro, da plataforma ao largo de Recife, com largura de 30km e
profundidade de quebra de 60 m (correspondente ao nível do mar há 16
mil anos);
� o segundo, ao largo de Paranaguá, com largura da plataforma de 270km e
profundidade de quebra de 100 m (correspondente à posição do nível do
mar há 25 mil anos).
Os resultados mostram grande variabilidade da taxa média de recuo da
linha de costa, entre 3 m/ano e 15 m/ano, e uma elevação média da ordem
de 5,5mm/ano. Como o nível do mar não subiu de forma constante – e sim
em pulsos de elevação mais acentuada, de até 40mm/ano (Church; Aarup,
2007), e outros com estabilidade e até abaixamento –, essas taxas devem ser
interpretadas apenas como uma aproximação da ordem de grandeza do que
poderá vir a ocorrer.
Uma taxa de elevação de 5mm/ano (50 cm/século) se aproxima do cenário
mais conservador pelas previsões de elevação do nível do mar até o fim do
século XXI, e recuos da linha de costa, de apenas alguns metros por ano, já
representam perdas significativas de propriedades.
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 183, global #183)
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6 | Erosão costeira, mudança do clima e vulnerabilidade183
Como discutido acima, as principais fontes de sedimentos – a plataforma
continental interna e os rios – se encontram, em grande parte, indisponíveis,
tanto por exaustão, na primeira, como pela construção de barragens e afoga-
mento transgressivo das desembocaduras, na segunda. Consequentemente,
há uma vulnerabilidade intrínseca de grande parte das praias em manter sua
capacidade de adaptação.
A manutenção do balanço sedimentar em cada praia passou a ser extre-
mamente dependente da manutenção do afluxo de areia, ou da plataforma
continental interna ou dos sedimentos liberados pela erosão costeira ou,
ainda, fornecidos pelo aporte fluvial. Isso depende não apenas da existência
dessas fontes, mas também dos processos costeiros indutores do transporte de
sedimentos que, por sua vez, são condicionados pelo clima.
No âmbito dos processos costeiros, um importante mecanismo, depen-
dente da obliquidade de incidência das ondas, é o transporte longitudinal de
sedimentos, que ocorre entre a zona de arrebentação e a face da praia. Ele
funciona como uma correia transportadora, que leva sedimentos ao longo
da costa.
Dependendo do ângulo de obliquidade de incidência das ondas sobre a
linha de costa – que é dependente da direção do vento gerador e da morfologia
do fundo – esse fluxo longitudinal pode ou não mudar de sentido, fazendo
com que as praias se ajustem em planta, por meio de um mecanismo de
rotação, que retira areia de uma extremidade e a deposita na extremidade
oposta, conforme exemplificado para a praia de Ipanema-Leblon (Fig. 6.4) e
na disposição e truncamento das cristas de praia nas planícies costeiras dos
principais rios entre a Bahia e o Rio de Janeiro (Fig. 6.18).
A direção residual, ou resultante do transporte longitudinal, ao longo da
costa brasileira, foi inferida por Silvester (1968), por Muehe (1998) e, de forma
mais detalhada – para segmentos específicos –, por Bittencourt et al. (2000,
2002), para a Região Nordeste; Toldo Jr. et al. (2006a), para o Rio Grande do Sul; e
Siegle e Asp (2007), para Santa Catarina.
De maneira geral, pode-se dividir o litoral do Brasil em dois segmentos
distintos, conforme a direção dominante do transporte: o de transporte bimodal,
entre Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, com exceção do litoral entre a restinga
da Marambaia e Cabo Frio – onde o transporte residual tende a ser nulo –, no
Rio de Janeiro, e entre Cabo Frio/RJ e Pernambuco/Alagoas, ponto de divergência
EROSÃO — Prova 4 — 3/6/2013 — Maluhy&Co. — página (local 184, global #184)
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184Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
da deriva litorânea, segundo Bittencourt et al. (2002), com transporte resultante
para o norte; e o de transporte unimodal, de Pernambuco ao Amapá, com
direção residual para norte ou noroeste, dependendo da orientação da linha de
costa (Fig. 6.19).
Modalidade e direção residual do transporte litorâneo
Transporte unimodal
(domínio dos alísios de sudeste)
Transporte bimodal
(enfraquecimento gradualde ondulações do sul)
Transporte bimodal
(domínio de ondulações do sul)
Fig. 6.19 Modalidade e transporte sedimentar residual ao longo do litoral brasileiro
Os segmentos com bimodalidade de transporte – decorrência das alter-
nâncias entre o predomínio de ondas impulsionadas por ventos do quadrante
nordeste e as ondas do quadrante sul, associadas à penetração de frentes frias
– são, consequentemente, os mais vulneráveis, tanto por efeito de tempesta-
des quanto da potencial intensificação e, até mesmo, inversão localizada do
transporte longitudinal.
Este último afetando, potencialmente, os segmentos menos submetidos
à ação de frentes frias, cujo efeito vai se reduzindo em direção ao nordeste,