Entrevista Jorge Massi e Sílvia Cardoso

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“Postura! Postura!”, diziam um para o outro em tom de brincadeira antes de iniciarmos a entrevista. E tinham razão, porque na profssão que Jorge Massi e Sílvia Cardoso querem seguir a postura correta marca, muitas vezes, a diferença.

“Podemos andar muitas vezes às turras uns com os outros, mas temos uma união forte dentro da turma”, confessa Jorge Massi, de 22 anos, quando questionado sobre aquilo de que vai ter mais saudades quando o ano letivo de 2010/2011 terminar. “O ambiente é amigável e em família. Mesmo a relação entre professores e alunos é como se fosse uma família”, diz Sílvia Cardoso, a colega de Jorge Massi, com 20 anos de idade.

Não se conheciam até entrarem para a Escola Profssional Proftecla, em Lisboa. Contudo, houve uma paixão que os ligou: a organização de eventos. Com um percurso semelhante, ele estava num curso científco-natural; ela pensava que o seu futuro iria ser ligado ao desporto. Estavam ambos na reta fnal do ensino secundário quando decidiram alterar as escolhas antes planeadas. “Surgiram-me algumas dúvidas em relação ao meu futuro… Andei a fazer uma pesquisa de cursos e vi o de relações públicas, mas o meu diretor de turma sugeriu-me que viesse à Profitecla ver o de organização de eventos”, até porque, “no curso em que eu estava, nós também tínhamos de planear alguns eventos desportivos e foi aí que eu comecei a reparar que gostava mesmo desta área (organização de eventos) e que não estava no curso certo”, conta Sílvia Cardoso, recordando o que esteve subjacente à sua nova decisão. Para Jorge Massi o determinante para a mudança foi o seu percurso enquanto presidente da comissão de fnalistas na sua escola secundária: “Eu estava no 12.º e propus-me organizar a viagem de finalistas. Desde aí fiquei com gosto pelo planeamento, pela gestão de recursos e pela confusão… Mas esta confusão motivou-me”.

Máscaras ibéricas

Do que tem sido o seu novo percurso, ambos destacam o projeto Máscaras Ibéricas como o mais marcante em que participaram durante estes três anos de curso, sobretudo, pelo desafo que representou: “Foi das coisas mais giras em que eu participei”, confessa Sílvia Cardoso. De forma entusiástica e saudosista, estes dois jovens participaram, na qualidade de guias turistas, no IV Grande Desfle da Máscara Ibérica, um evento organizado pela EGEAC e pela PROGESTUR que, em 2009, contou com a parceria na Escola Profssional Proftecla. Neste desfle, o

Estavam já no ensino secundário quando se deram conta de que o curso que haviam escolhido não era o caminho que queriam seguir. Voltaram atrás e optaram por um outro, desta vez orientado

para a atividade de organização de eventos. Dois jovens com percursos semelhantes, mas com ambições imediatas distintas.

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maior da Europa dedicado à apresentação das tradições pagãs das máscaras de origem ibérica, Jorge Massi e Sílvia Cardoso tiveram de liderar um grupo de participantes espanhóis proveniente da província de Zamora. “Era tanta gente que depois, na hora de vestirem os fatos, se não decorássemos as caras, não sabíamos quem pertencia ao nosso grupo”, conta Silva Cardoso de forma animada. “Ao estarem mascarados era para esquecer”, acrescenta Jorge Massi, revelando o quão difícil era a sua identifcação. No entanto, ambos destacam que “eram grupos muito amáveis” e colaborativos. “Eles próprios vinham ter connosco porque sabiam que nós não os conseguíamos identificar”. Para além disso, recordam que este evento “foi uma coisa diferente”. Tal como sucede em todas as edições deste desfle “eles andam por Lisboa e interagem com as pessoas, brincam com o público”, tornando este evento ímpar no conjunto das festas da cidade. “Mesmo a trabalhar, às vezes não dava para conter o riso”, acrescentam.

Planear e organizar

A Prova de Aptidão Profssional (PAP) já está estruturada na cabeça destes dois colegas de turma. A PAP de Jorge Massi vai incluir «três festas em simultâneo, em três pontos distintos do país (Lisboa, Portimão e Porto). Em cada espaço haverá três tendas: na tenda principal o espectador poderá assistir a um festival de música house ou eletrónica. “Agarradas” a essa tenda irão existir duas tendas mais pequenas

onde o participante poderá assistir ao que está a acontecer noutro ponto. Em cada ponto vai haver a possibilidade de ver, em direto, imagens holográficas dos outros espaços. O que quero é demonstrar ao público que a distância entre os festivais/eventos pode ser encurtada com uma boa criatividade». Quanto a Sílvia Cardoso, a arte vai ser o ponto de partida: «O evento proposto terá como objetivo a divulgação de novos talentos, em vários campos da arte, campos esses que são a dança contemporânea/ballet, a música e a fotografia. Assim, poderemos dar oportunidades aos artistas, principalmente aos mais jovens, a quem é difícil obter o reconhecimento do mercado. Deste modo, uma das apostas principais será a divulgação de talentos a partir de escolas de artes. Para este evento foi escolhido o Centro Cultural de Belém, onde vão ser apresentados três espaços distintos e em cada um deles estará uma “arte diferente”».

Capacidade de improviso a par da experiência

Mais uma vez, estes dois jovens caminharam juntos aquando do estágio na LineUp, uma empresa de organização de eventos. Sílvia Cardoso destaca o facto desta experiência ter sido diferente do que esperava, já que lhe mostrou que não se pode “estar atento apenas ao que se passa nas aulas. Há que ter sempre a capacidade do improviso, porque uma coisa é o que cada pessoa aprende dentro de uma sala de aula e o que é transmitido pelo professor e outra é aquilo que se passa na realidade”, quando se está “a lidar com o público, que pode reagir de qualquer maneira”. Esta perspetiva é também partilhada por Jorge Massi: “Nós estamos habituados a um regime de trabalho cá (na escola) e quando vamos para fora é completamente diferente, desde o contacto com as pessoas até ao planeamento do evento em si, que varia muito de empresa para empresa”.

Agora, com a reta do ensino profssional quase a chegar ao fm, o percurso destes dois jovens está prestes a mudar. Num futuro próximo, Sílvia Cardoso pretende ingressar no ensino superior, num curso ligado ao Marketing e à Publicidade, que, como a própria diz, “também está relacionado (com a organização de eventos)”. Jorge Massi não tenciona seguir o mesmo rumo, embora não descarte a hipótese de, mais tarde, vir a frequentar o ensino superior. É que, ao contrário de Sílvia Cardoso, este aluno já se encontra no mercado de trabalho, conciliando a atividade profssional com os estudos: “Foi-me proposto estar no departamento de eventos de uma associação (a Chaves d’Ouro – com a qual já colaborou várias vezes enquanto aluno da Profitecla) e vou organizar eventos para os sócios. Para este ano (2010) já está marcado o evento de Natal e ainda estamos a ver se conseguimos englobar a festa da passagem de ano”.

Pela forte ligação ao mundo do trabalho e talvez por muito mais, Sílvia Cardoso e Jorge Massi consideram que o ensino profssional é uma mais-valia. “Nós adquirimos experiência e motivação, mas principalmente experiência. Saímos daqui e somos capazes de entrar numa empresa e de ficar a trabalhar lá”, porque “temos o secundário e ainda a parte da profissionalização”, uma ideia defendida por Jorge Massi e reforçada por Sílvia Cardoso: “Torna-nos, como o próprio nome diz, profissionais. Ensina mesmo a prática”.