entrevista ABRIL BENS SERVIÇOS 2009 Fecomércio revelam o...
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Ricardo Englert e o equilíbrio das contas gaúchas
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en t rev i s t a
SERVIÇOS
g e s t ã o
Empresas em fasede crescimento
emp r e g o
Os índices querevelam o Brasil
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Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul2 0 0 9
e s t r a t é g i a
Os cuidados para conservaçãoe exposição de seus produtos
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Maio
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SUMÁR IOEXPEDIENTE
12 Utilizando bem os númerosO Brasil possui duas grandes pesquisas de emprego,
uma do IBGE e outra do Dieese. Compreender os
critérios que as conduzem ajuda a entender um
pouco a real situação econômica nacional
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,Patricia Campello
Colaboração: Edgar Vasques, Moacyr Scliar, Priscilla Ávila, Soelide Oliveira
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Tiragem: 25,5 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
emp r e g o
FecomércioSERVIÇOSBENS &
É hora de cuidar dos produtosInseguro quanto à economia, o consumidor compra me-
nos por impulso e se torna mais exigente. Saiba como
manter a boa conservação e exposição de seus produtos
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SUMÁR IO
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Déficit zero como valorRicardo Englert assumiu a Secretaria Estadual da
Fazenda com a missão de manter a receita maior
que as despesas. Para isso, ele conta com a
experiência de quem já geriu dívidas anteriores
18
g e s t ã o
Em fase de crescimentoTransformar-se em uma média empresa
exige revisão de processos. Por isso, é
fundamental dar atenção especial à
gestão de finanças e pessoas
42s a ú d e
Melhor prevenir do que remediarHábitos de vida saudáveis desde a
juventude são a melhor alternativa para
evitar problemas futuros. Comer bem e
realizar atividades físicas são atitudes que
podem reduzir a incidência de câncer
me r c a d o
Quem a crise não pegaPor mais estranho que pareça, setores específicos
da economia foram pouco ou nada afetados pela
crise. Varejo de alimentos e transporte público são
alguns deles. Saiba por quê
40
44f o rm a ç ã o
Olhar atento no balcãoPresença de um técnico especializado nas ópticas de todo
o Estado passa a ser fiscalizada com mais rigor,
oferecendo conforto e segurança aos consumidores
p a l a v r a d o p r e s i d e n t e7
c o m u n i c a ç ã o
v i s ã o p o l í t i c a
v i s ã o e c o n ô m i c a46
n o t í c i a s e n e g ó c i o s
c o m é r c i o24
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c o m p o r t a m e n t o
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* Mais informações sobre as atividades culturais do Sesc-RS estão no site www.sesc-rs.com.br/artesesc
a b r i l
8SuportePalestra inaugural do Curso de
Manutenção de Notebooks, no
Senac Novo Hamburgo.
Informações: (51) 3594-6133.
14FormaçãoLançamento do Serviço de Estágio e
Aperfeiçoamento Profissional, no
Senac Santa Cruz do Sul, às 16h.
Informações: (51) 3711-6460.
17Festival de BalonismoDurante o 21º Festival de
Balonismo de Torres, que acontece
de 17 a 21/4, o Senac disponibiliza
acesso gratuito à internet
através da carreta da entidade.
O Sesc também promove
atividades culturais*.
22MúsicaCirculação dos espetáculos
Curupira, Saci e Cobra-que-Mama,
com Paulo Freire (22 a 29/4), Sem
batuta para todos (23 a 26/4),
Pedrinho Figueiredo Trio (24 a
29/4) e Poético-Musical Nossa
Bossa (29/4), por meio do projeto
Sesc Música*.
1Sesc Rio Grande no PalcoCirculação, ao longo de todo o
mês de abril, de 17 peças teatrais
por diversos municípios gaúchos*.
5Mix BazaarÚltimo dia do evento que busca
incentivar novos estilistas gaúchos.
No Cais do Porto, na capital.
Informações: www.mixbazaar.com.br
MinimaratonaÀs 9h30 acontece a etapa
Camaquã do Circuito Sesc de
Minimaratona. Informações
www.sesc-rs.com.br/minimaratona
6WorkshopSenac Comunidade realiza, até o
dia 9, Workshop Elaboração de
Projetos Sociais, das 8h às 12h,
em Porto Alegre. Informações:
(51) 3211-3579.
7Encontro com o autorAs cidades de Santa Cruz do Sul,
Rio Pardo, Porto Alegre, Tramandaí
e Bento Gonçalves recebem
Magda Raupp, no Encontro com o
autor, até o dia 29*.
30Festimalha 2009Início da feira de moda, que
acontece de quinta a domingo e
feriados até o dia 31/5, no centro
de eventos de Nova Petrópolis.
Informações www.festimalha.com.br
FotografiaÚltimo dia da Exposição Fotográfica
Inverno no RS. A mostra reúne as
imagens selecionadas no 5º
Concurso Sesc de Fotografias 2008.
Na Unidade Operacional do Sesc
Uruguaiana*.
Fenegócios 2009O Senac participa por meio de
atividades, como oficinas de
informática e idiomas, na Unidade
Móvel da entidade. Até o dia
3/5, no Parque de Exposições
Dr. Lauro Dornelles, em Alegrete.
FormaturaAlunos do curso Agente Comercial,
do Senac Santa Cruz do Sul,
formam-se às 19h na Câmara
Municipal do município.
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Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
riatividade é olhar uma situa-
ção corriqueira e pensar um
novo modo de executá-la.
Em geral, momentos turbulentos,
como o que vive a economia mun-
dial, são fatores desencadeantes
desse sentimento de inovação.
Quando se percebe que a prosperi-
dade dos negócios não caminha
mais com a mesma facilidade de
antes, logo paramos para pensar so-
bre nossos procedimentos, buscan-
do alternativas que superem ou evi-
tem perdas. Mas, infelizmente, te-
mos por hábito esperar a chegada
do desequilíbrio para sairmos em
busca de soluções.
O ponto de desarmonia, nes-
te momento, está na pouca disposi-
ção do consumidor para comprar.
Abalado e inseguro diante da insta-
bilidade econômica, ele freou o con-
sumo e está mais cauteloso e exi-
gente na hora de gastar. Percebe os
detalhes com muito mais atenção do
que antes, submetendo o empresá-
rio a repensar suas práticas comer-
ciais. O cuidado na exposição e
conservação das mercadorias passa agora a figurar como
procedimento fundamental para garantir uma parcela das
vendas. Loja limpa, mercadorias bem conservadas e em-
balagens acondicionadas adequadamente são processos
que, na verdade, devem ser diários e não momentâneos,
por respeito ao cliente.
Não foi só a crise que afastou o consumidor. Nos acos-
tumamos a deixar procedimentos básicos para depois.
E como consequência, distanciamos o cliente do nosso co-
mércio, do nosso serviço. Trazê-lo de volta é um desafio
que vai exigir muito mais do que a retomada de critérios
essenciais. Vamos precisar de soluções harmoniosas que
interpretem o consumidor dentro de um contexto social
economicamente abalado. A crise tem colocado nossa ca-
pacidade criativa à prova.
Saber ler os desejos do consumidor é a melhor estraté-
gia no momento em que a razão figura como fator de influ-
ência na compra. É preciso reconquistar um coração que
está em turbulência, despertando o desejo e oferecendo
aquilo que ele mais anseia.
C
e essenciaisSoluções criativas
Divulgação/Fecomércio-RS
NOTÍC IAS & NEGÓCIOS
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E d g a r V a s q u e s
Aeroportos regionaisterão R$ 32 milhõesRecursos da ordem de R$ 32 milhões, oriundos do go-
verno do Estado, da Contribuição de Intervenção no Do-
mínio Econômico (Cide), do Programa Federal de Au-
xílio a Aeroportos (Profa) e Aeronáutica, devem chegar
aos aeroportos regionais gaúchos ainda este ano.
A maior parcela desse investimento, cerca de R$ 17 mi-
lhões, será destinada à construção do aeroporto de Va-
caria. O empreendimento é uma velha reivindicação para
escoamento da produção local. Também recebem inves-
timentos os aeroportos de Passo Fundo, com a aquisição
de um caminhão para combate a incêndio; e de Caxias
do Sul, onde serão adquiridos um equipamento de raio-
X e um esteira rolante para bagagem. Outros aeroportos
gaúchos também serão beneficiados com a compra de
máquinas, recapagem de pista e outras melhorias.
Incentivo à inovaçãoAs empresas inovadoras com até dois
anos de existência que quiserem partici-
par do Programa Primeira Empresa Ino-
vadora (Prime), da Financiadora de Estu-
dos e Projetos (Finep), têm até o dia 30
de abril para se inscrever. É necessário es-
colher uma entre as 17 incubadoras-ân-
cora, que vão atuar como os agentes financeiros da Finep nos
estados brasileiros. No Rio Grande do Sul há duas cadastradas,
a Incubadora Multissetorial de Base Tecnológica Raiar, da Pucrs,
e o Centro de Emprendimento em Informática, da Universida-
de Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Na primeira etapa,
cada empresa receberá R$ 120 mil não reembolsáveis. Cumpri-
da essa fase, seguindo as metas definidas no projeto, serão de-
sembolsados mais R$ 120 mil, dessa vez com juro zero e parce-
lamento de até cem vezes. O objetivo do programa é fomentar
o desenvolvimento de ideias inovadoras, apoiando empresas
jovens na consolidação da sua estratégia.
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Instituições profissionalizamvarejo de CanoasCom o objetivo de fortalecer o comércio de Canoas por meio
da qualificação dos empresários e comerciários, a Escola de Edu-
cação Profissional Senac e o Sindicato do Comércio Varejista
(Sindilojas) dão início à temporada do Programa de Qualifica-
ção para o Comércio. A iniciativa ofertará, até outubro, quatro
cursos gratuitos de aperfeiçoamento profissional: Código de De-
fesa do Consumidor, Aperfeiçoamento em Vendas, Preparação
de Temporários para o Comércio e Atendimento ao Cliente.
O programa, que vai beneficiar 400 pessoas no município, foi
pensado para contemplar não apenas quem já está no mercado,
mas contribuir para a inserção daqueles que procuram uma colo-
cação. O primeiro curso a ser oferecido é o de Atendimento ao
Cliente, nos dias 14, 15 e 16 de abril. As aulas acontecem no
auditório da escola Senac Canoas, na rua Mathias Velho, 255.
Mais informações nos telefones (51) 3472-3789 ou 3476-7222.
Sesc-RS recebecertificação ISO 9001:2000Após uma série de auditorias, o Sesc-RS recebeu, no fi-
nal de março, a recertificação ISO 9001:2000, concedida
pelo Bureau Veritas. Foram recertificados as Escolas de
Educação Infantil Sesc Ijuí e Navegantes/Porto Alegre,
Academias do Sesc Centro/Porto Alegre e de Caxias do
Sul, o Hotel Sesc Campestre/Porto Alegre, as quatro
Carretas OdontoSesc, a Agência de Turismo de Lajeado,
a Odontologia de Santana do Livramento, a Direção Re-
gional. “A qualificação dos nossos serviços depende do
trabalho da equipe como um todo. Vemos o quanto o
processo da qualidade está internalizado na cultura orga-
nizacional de nossa entidade. A recertificação mostra que
estamos no caminho certo”, comenta o diretor regional
do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia.
Nova malha fina empresarialO controle das declarações de rendimentos e
deduções das empresas passará por uma nova
malha fina, parecida com a que já existe para as
pessoas físicas. Segundo a Receita Federal, a
malha atual não permite o cruzamento de muitas
informações; a nova proposta busca aproveitar
de maneira mais intensa os bancos de dados existentes.
Agora, será comparado o faturamento de uma empresa com
o número de empregados constantes do cadastro do Insti-
tuto Nacional de Seguro Social (INSS), por exemplo. Ou-
tra novidade está na criação de uma área especial que irá
definir estratégias de fiscalização por setor. A fiscalização
intensa e mais específica, segundo a Receita, poderá identi-
ficar com mais exatidão os pontos de sonegação.
Cartilha para agir na criseCom o intuito de auxiliar as micro e pequenas empresas
durante o período de turbulência econômica, o Sebrae Mi-
nas Gerais criou a cartilha Como agir na crise. São 23 páginas
com dicas que ajudam os empreendedores a tomarem deci-
sões e identificarem oportunidades nos momentos de crise.
Entre as recomendações estão: alerta na aquisição de crédi-
tos bancários; cuidados para quem pretende vender para o
mercado interno e para grandes empresas; atenção redo-
brada nas exportações e importações.
Há também informações para quem
deseja abrir um negócio, como plane-
jar, realizar pesquisa de mercado, bus-
car informações sobre o ramo de ativi-
dade e analisar a necessidade de inves-
timento. Os procedimentos apresen-
tados na cartilha deveriam ser cumpridos continuamente pelo
empreendedor, independentemente da situação financeira
nacional, mas em momentos instáveis eles são cruciais.
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Poucos setores não sofreram queda nas vendas em janeiro
Fonte: Fecomércio-RS
Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008/9 (%)
Atividades
Comércio
Comércio varejista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis e lubrificantes
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Comércio atacadista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Dez
2,9
0,8
-0,9
9,4
8,3
5,8
12,9
2,2
9,6
Jan
-4,7
-5,6
-0,9
3,1
-8,1
-3,6
0,7
-1,2
-1,1
MensalDez
4,7
4,5
-1,0
8,3
12,0
5,0
1,1
6,0
13,6
Jan
-4,7
-5,6
-0,9
3,1
-8,1
-3,6
0,7
-1,2
-1,1
Acum. ano
O início do ano não foi dos mais favoráveis para
o comércio gaúcho, que apresentou, em janeiro,
uma variação negativa de 4,7% no seu volume de
vendas, no comparativo com o mesmo mês de
2008. No varejo, a queda foi de 5,6%, sendo o se-
tor de combustíveis e lubrificantes o único com ele-
vação (3,1%). E a maior queda foi registrada nas
vendas de livros, jornais, revistas e papelaria
(-20,8%). No comércio atacadista o decréscimo foi
de 3,6%, com maior queda registrada no setor ma-
terial de construção, madeira, ferragens e ferramen-
tas (-24,5%), e taxas positivas nas matérias-primas
agropecuárias (11%). A Região Metropolitana de
Porto Alegre registrou um descréscimo de 6,2%, e
a Região Não Metropolitana, uma queda de 3% no
seu volume de vendas, em janeiro de 2009.
Senac-RS é destaqueno Marcas de Quem Decide
Pelo terceiro ano conse-
cutivo, o Senac-RS tem
a qualidade dos seus ser-
viços e produtos reco-
nhecida pelo público
gaúcho. A instituição fi-
gurou em primeiro lugar
como a marca líder em
preferência e lembrança
no segmento de Ensino de Capacitação Profissional da pes-
quisa Marcas de Quem Decide. A apresentação da pesquisa
– que ouviu 480 empresários, executivos e profissionais li-
berais, em mais de 40 municípios gaúchos – e a entrega dos
certificados aconteceram em março no centro de eventos
do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre (foto). O Mar-
cas de Quem Decide é realizado há 21 anos pelo Jornal do
Comércio e a QualiData, configurando-se como o mais
abrangente indicador de lembrança e de preferência de mar-
cas realizado no Estado.
Depois de quatro meses de trabalho árduo e um investimento
de R$ 2 milhões, o Sistema Fecomércio-RS inaugurou, em
março, as novas instalações do Sesc Uruguaiana. Com área to-
tal de 1.292 metros quadrados, a nova unidade possui sala de
cinema e espaço multimídia, com acesso à internet, livros e
jogos à disposição da comunidade. O Sesc está presente em
Uruguaiana desde 1956, onde desenvolve atividades de saúde
bucal, turismo social e cultura; disponibiliza também uma aca-
demia de musculação e ginástica, além do Sesccred – progra-
ma de financiamento voltado ao trabalhador do comércio de
bens, serviços e turismo, entre outras atividades. A nova unida-
de (foto) está localizada na rua Flores da Cunha, 1.984.
Sesc Uruguaianaganha novas instalações
Div
ulga
ção/
Ses
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NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
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Mulheres em açãoDuas pesquisas recentes, uma da Catho Consulto-
ria em RH e outra do Ibope/Instituto Patrícia Gal-
vão/Cultura Data, revelam a participação das mulhe-
res na política e nos negócios. Realizado em 142 mu-
nicípios brasileiros, o estudo do Ibope revelou que
75% da população brasileira é favorável à criação de
cotas para mulheres na política; seguindo a mesma
linha, 75% concordam que só há democracia se as
mulheres estiverem nos espaços de poder. A pesqui-
sa da Catho, intitulada A Mulher e o Mercado de
Trabalho, ouviu mais de 100 mil executivos de São
Paulo, sendo 48,37% mulheres. Para 49,92% dos pes-
quisados, as mulheres se comunicam melhor por
manterem as pessoas atentas e não usar vícios de lin-
guagem; 64,75% acreditam que o crescimento femi-
nino em altos cargos é explicado por salário menor,
maior competência e melhor preparo acadêmico.
es
pa
ço
do
le
ito
r
“Geralmente revistas institucionais abordam temas muito específicos, que não
são do interesse de leitores de outras áreas. No entanto, deparei-me com ótimos
artigos e temas variados na revista Bens & Serviços 47. Em especial, o texto
do Sr. Flávio Roberto Sabbadini chamou minha atenção, tanto pela relevância
do seu conteúdo como pelo fato de o presidente de uma instituição ligada ao
comércio preocupar-se com uma questão que, para a maioria das pessoas passa
completamente despercebida.”
Baiard Brocker
Administrador do Centro Municipal de Cultura – Porto Alegre/RS
“Eu considero esta revista excelente, pois retrata o Estado em sua conjuntura
econômica, social e cultural. Na edição 44 foram tantas reportagens boas que
nem posso dizer qual foi a melhor. Gostaria muito de ler mais sobre consumi-
dores, embalagens, informações e garantia de qualidade nos alimentos.”
Raquel FaccoQuímica industrial – Cruz Alta/RS
N. da E.: o texto referido por Baiard tratou do poder das
palavras; e a sugestão de Raquel foi aproveitada na matéria de
capa desta edição. Obrigada, leitores!
EMPREGO
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12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Utilizando bem
os númerosOs indicadores
de emprego
espelham tanto a
saúde das
empresas quanto
os rumos da
economia.
Conhecer bem
essa miscelânea de
índices e
porcentagens
pode ajudar a
evitar sustos com
o vai e vem
dos números
s taxas de emprego, desemprego e ocu-
pação se valem de dados oficiais e es-
tatísticas, seguindo critérios consolida-
dos internacionalmente. Compreender como
são estabelecidos os parâmetros sobre cada
segmento ajuda não só a entender o funcio-
namento desse mecanismo de aferição como
também a prevenir oscilações na produtivi-
dade ou, ainda, orienta na realização de in-
vestimentos quando o cenário se mostrar fa-
vorável. Saber se o setor em que se está inse-
rido tem uma boa projeção de empregos pode
significar a abertura de uma nova loja, a aqui-
sição de equipamentos e até o efeito reflexo
de contratar mais pessoas para o trabalho.
Assim como são diversificadas as fórmu-
las e os cálculos, os institutos de pesquisa que
Afornecem o quadro do emprego no país se multiplicam.
Os mais conhecidos e conceituados são a Pesquisa Men-
sal de Emprego (PME), realizada desde 1981 pelo Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a Pes-
quisa de Emprego e Desemprego (PED), iniciada em 1984
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), que atua em convênio com a
Fundação Seade e outros órgãos públicos de São Paulo.
Em relação aos dados fornecidos pelo governo federal, o
Ministério do Trabalho e Emprego detém os números da
Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadas-
tro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A Rais é formada a partir da coleta de informações junto a
empresas e instituições, sobre o vínculo ou relação de tra-
balho nos setores público e privado. Já o Caged guarda
os registros de admissões e dispensas de empregados re-
gidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Luci
a S
imon
13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
EMPREGO
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Esses indicadores, somados aos dados coletados em
pesquisas domiciliares, oferecem o caminho para se che-
gar aos valores que apontam os rumos do emprego no
país. Também com essas informações é possível formular
as políticas públicas de promoção do emprego ou inicia-
tivas que se proponham a ampliar o número de postos de
trabalho. Em cada estado há entidades que publicam ín-
dices regionais periódicos, mas é importante ressaltar que
todos seguem as recomendações da Organização Inter-
nacional do Trabalho. Essas diretrizes ajudam a estabele-
cer a comparação dos dados colhidos e a aferir as condi-
ções empregatícias em todo o mundo comparativamente.
Uma só realidade
Foi a partir do crash da bolsa americana, em 1929, que
se percebeu a necessidade de estatísticas consistentes para
mapear a massa sem ocupação formal e dissociá-la dos
grupos de indigentes. “Não ter um emprego ou ser de-
sempregado é característica de trabalhadores que perde-
ram seu posto de trabalho. Essas pessoas estão fora do
mercado formal, mas ainda procuram retornar a ele. Quem
não está em busca de um emprego, vive de assistência
social ou pratica mendicância, logo, não está desempre-
gado, e fica de fora da população economicamente ati-
va”, explica Patrícia Lino Costa, coordenadora da PED
na região metropolitana da capital paulista.
Os números variam, mas a realidade é única. Mesmo
com recomendações internacionais, cada instituto de pes-
quisa tem sua abordagem e linha de atuação. Ao longo de
anos os resultados obtidos pelo Dieese e IBGE eram mui-
to diferentes, dicotomia minimizada depois que ambos
os institutos buscaram ajustar seus métodos, a partir do
início do século 21. Ambas as pesquisas são realizadas em
domicílios, com entrevistas e avaliações da situação de
cada respondente. Hoje é possível avaliar não só a quan-
tidade de pessoas desempregadas, mas os motivos que as
levam a ficar fora do mercado. “Se você tem em mente
que as pessoas estão com dificuldades de conseguir tra-
balho ou se manter empregadas e desejam reverter essa
situação, a pesquisa pode fornecer dados concretos de
por que e como isso acontece. É um meio de mostrar aos
gestores públicos os caminhos possíveis para gerar mais
emprego, qualificar mão de obra e uma série
de outras ações”, avalia a pesquisadora.
Patrícia Costa lembra que não só entre as
pesquisas há diferenças, mas entre os países.
“Mesmo com uma linha-mestra para orientar
os pesquisadores, é preciso focar muito bem
a pesquisa para não cometer injustiças. No
Brasil se trabalha e estuda desde a adolescên-
cia, e em países da Europa a pessoa entra no
mercado de trabalho próximo de concluir o
ensino superior ou depois.” Também os siste-
mas de previdência e de amparo social apre-
sentam muitas diferenças. Os franceses, que
implantaram a redução da jornada diária, en-
frentaram uma grave crise recentemente e ain-
da sentem seus efeitos. Ainda assim o territó-
rio brasileiro tem sobressaído no globo, es-
pecialmente nesse período de crise econômi-
ca. O levantamento internacional da consul-
toria Grant Thornton International com 7.200
empresas revela saldo positivo de 20% para o
Brasil entre contratações e demissões, contra
4% na média global. A explicação ainda é o
bom andamento da economia até a eclosão
da crise. “A economia aquecida é o melhor in-
dicador para o aumento de empregos”, ob-
serva Patrícia.
Emprego e burocraciacontratação legal no Brasil se dá com base na Constituição
Federal e na CLT. Análise do National Bureau of Economic
Research, realizada em 2003, com base no exame de leis trabalhistas,
sistemas de negociação coletiva e leis da previdência social de 85
países, mostra o efeito da legislação sobre a empregabilidade.
O Brasil tem o mais alto índice de regulação legislada
Os países ricos têm menos regulação da lei para contratação
do que os países em desenvolvimento
Os índices de informalidade e desemprego são diretamente
proporcionais ao índice de regulação pela lei
No Brasil, as despesas de contratação chegam a 103,46% do
salário de um funcionário
A
GUIA DE GESTÃO
14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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48 –
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ril 2009
Enchentes,
roubos, furtos,
danos elétricos e
incêndios não
acontecem apenas
na empresa ao
lado. Conheça
quais são os
seguros que
podem garantir a
integridade da sua
empresa e
evitar que os
prejuízos sejam
ainda maiores
empresariaisPrimeiros socorros
eguro morreu de velho! O dito popu-
lar comum nos tempos dos nossos avós
ganha força no século 21, não apenas
pelo aumento da violência urbana, mas por-
que o conceito de seguro já não é mais o mes-
mo. Ele agora é encarado como uma ferramen-
ta de gestão tão importante quanto os inves-
timentos em comunicação ou treinamento de
pessoal. E não se restringe ao reembolso em
caso de roubo, assalto, enchentes ou qualquer
outro sinistro – palavra usada pelos profissio-
nais do seguro para simplificar eventuais aci-
dentes sobre o bem segurado – que possa atin-
gir o patrimônio da sua empresa.
SMas o que pode ser segurado? Tudo, garantem os pro-
fissionais da área. “A intenção do seguro é proteger a maior
gama possível de bens”, afirma Luciano Silveira, diretor
vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio
Grande do Sul. Sendo assim, nada impede que um mi-
croempresário faça seguros dos trailers da sua rede de
cachorro-quente, por exemplo, uma vez que todos os bens
de utilização da empresa podem ser segurados: desde o
aparelho de fax até computadores, maquinários, utensí-
lios, equipamentos, prédios, estoque, pessoas ou mesmo
o lucro da empresa. A escolha do bem a ser segurado fica
por conta do empresário.
Outro conceito que caiu por terra nos últimos anos
diz respeito ao custo do serviço: “Os seguros estão cada
GUIA DE GESTÃO
15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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vez mais acessíveis, uma vez que a procura crescente por
este serviço reduz os riscos e faz os preços caírem, dei-
xando-os com valores mais convidativos”, destaca o dire-
tor. Silveira lembra também que nada impede que uma
pequena empresa tenha acesso aos mesmos seguros que
uma companhia de grande porte. O segredo está em es-
colher um corretor de seguros de confiança para orientar
na contratação do serviço.
O cardápioEm tempos de tecnologia portátil cada vez mais aces-
sível, é comum que as empresas equipem seus funcioná-
rios com notebooks, palm tops, smarthphones e outros
apetrechos de última geração, que apesar de estarem bem
guardados em mochilas esportivas ainda são alvos fáceis,
principalmente em aeroportos e hotéis. Para segurar este
tipo de bens, que com frequência deixam as instalações
da companhia, existe a modalidade de seguro cha-
mado Riscos Diversos. “Há produtos de seguros
até mesmo para proteger um profissional que saiu
do estúdio fotográfico carregando sua máquina, que
é um bem de trabalho”, exemplifica Silveira.
Ricardo Pansera, vice-presidente administrati-
vo-financeiro do Sindicato dos Corretores de Se-
guros do Rio Grande do Sul e diretor da Pansera
Corretora de Seguros, em Canoas, cita o seguro
multirrisco patrimonial como uma alternativa com-
pleta para o empresário que deseja segurar não ape-
nas equipamentos, mas o estoque e a própria em-
presa. “Se a companhia não tiver um caixa muito
favorável, na eminência de um imprevisto o em-
presário não vai conseguir recuperá-la com recur-
sos próprios. Somente através do seguro ele vai
manter sua empresa com vida”, defende. Explican-
do melhor, este tipo de contrato garante a cober-
tura de todos os bens existentes na empresa do
segurado, em caso de incêndio, explosão, danos
elétricos, roubos e outros sinistros. Defende-se que
este tipo de seguro possui, além de taxas reduzi-
das, cláusulas mais compreensíveis e a possibilida-
de de personalizar o serviço de acordo com as ne-
cessidades da empresa.
Outra variedade de seguro comum no
mundo empresarial é o Lucro Cessante. Seu
objetivo é cobrir prejuízos causados pela in-
terrupção das atividades da empresa em caso
de algum acidente. “Essa modalidade de se-
guro irá garantir todos os custos fixos ocasio-
nados pelo fato de a empresa estar paralisa-
da”, explica Pansera. Em detalhes, o serviço
irá se responsabilizar pelo pagamento dos
funcionários e tributos, além de indenizar o
empresário por um eventual lucro da empre-
sa. “Se a companhia estivesse trabalhando
com lucro durante o período indenitário, o
seguro irá garantir o lucro que tinha antes do
sinistro pelo tempo determinado na apólice.”
Ainda na linha do lucro, há também o
Seguro de Crédito à Exportação, que garante
Seguro à la carte
Conheça alguns tipos de seguro interessantes para a sua empresa
Patrimonial – contra riscos como incêndio, vendaval, danos elétricos,
roubo, entre outros. Protege o prédio e seu conteúdo
Pessoas – saúde, vida, previdência. Oferece um benefício a mais aos
funcionários, além de ajudar a reter talentos
Lucro Cessante – mantém a lucratividade e operacionalidade da
empresa nos mesmos níveis anteriores ao acidente
Seguro de Crédito à Exportação – em caso de inadimplência dos
importadores, o empresário exportador tem seu pagamento garantido
Riscos Diversos – cobre perdas e danos materiais contra acidentes
externos. Ideal para equipamentos que são utilizados fora da
empresa, como equipamentos fotográficos e notebooks.
Multirriscos – é um seguro personalizado
Contrate com segurançaAlém de buscar um corretor de seguros de confiança e com registro
no Sindicato dos Corretores de Seguros, é recomendável, para se fazer
um seguro bem planejado, responder às seguintes questões:
O que se deseja segurar?
Quando vale este bem?
Qual é a proposta da seguradora para o bem que se quer segurar?
GUIA DE GESTÃO
16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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ao segurado o recebimento do valor das mer-
cadorias vendidas. “Um exportador não tem
exatidão de como o seu cliente está se com-
portando no exterior e realiza uma venda com
pagamento futuro; havendo inadimplência, o
seguro vai garantir o pagamento e depois a
seguradora é quem vai cobrar do importador”,
explica Pansera.
Pessoas seguradasNão só os bens materiais podem ser segu-
rados dentro de uma empresa: o bem pessoal
também pode ser garantido. Existem os se-
guros de vida, acidentes pessoais, saúde, pre-
vidência privada e mais uma gama de serviços
que podem servir de ferramenta para evitar a
troca constante de funcionários. “Esses segu-
ros são muito procurados por empresas que
desejam reter talentos e bus-
car os melhores profissionais”,
explica Silveira.
As variedades não param
por aí. Ainda no ramo empre-
sarial existe o Seguro de Res-
ponsabilidade Civil dos Exe-
cutivos. Destinado a adminis-
tradores, conselheiros, direto-
res e gerentes, ele oferece ga-
rantias por perda e danos cau-
sados por uma ação judicial
que responsabilize o gestor da
empresa, afetando seu patrimônio pessoal.
Diante de uma diversidade enorme de seguros, os
empresários devem saber exatamente o que querem e
buscar uma consultoria de confiança para encontrar as
melhores opções.
Luciano Silveira: a procura
crescente por seguros deixa
os preços mais acessíveis
OPIN
IÃO
17FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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atendimento ao cliente é o calcanhar
de Aquiles de muitas empresas. En-
quanto a empresa for de pequeno por-
te – e principalmente quando está iniciando –, é
preciso muito cuidado para não cair na ten-
tação de escolher colaboradores por sua bai-
xa pretensão salarial. A melhor ferramenta
para aumentar as suas vendas são
vendedores bem preparados. O fa-
tor isolado mais importante para o
sucesso dos negócios é a seleção
das pessoas. Como a pequena em-
presa tem poucos colaboradores, o
desempenho de cada um para o re-
sultado é fundamental.
As vendas são o coração da empresa.
Nada acontece enquanto não houver um
pedido de cliente. Em um mundo globaliza-
do, onde as mercadorias e preços são cada
vez mais semelhantes, o bom atendimento
faz toda a diferença. Por isso a função de
atendente deixou há muito tempo de ser o
ritual de iniciação na vida corporativa, reque-
rendo cada vez mais profissionalização.
Você, dono de um negócio próprio,
está preparado para selecionar colaborado-
res para a área-chave do atendimento? O su-
cesso de qualquer negócio depende da ha-
bilidade de atrair, conquistar e manter clien-
O
tes. Se você não sabe selecionar as pessoas certas, bus-
que ajuda com quem sabe, pois sem isso o seu sonho
de sucesso nos negócios poderá virar um pesadelo.
Ao vendedor não basta conhecer os produtos e ser-
viços. Primeiro é preciso que ele venda a credibilidade
sua e a de sua empresa. Em seguida, mais do que as
características dos produtos, é necessário vender so-
nhos. Focar as necessidades dos clientes. É preciso
dar permanente resposta à pergunta que não quer
calar dentro de cada cliente: “O que eu ganho com
isso?”. Venda os benefícios e
não as características dos seus
produtos e serviços. Seja dou-
tor em seus produtos, saiba
principalmente o que ele faz
por seus clientes.
O contato de atendimento
deve ser cada vez mais perso-
nalizado. Antes de vender é preciso “entender para
atender”, o que se faz perguntando e sabendo ouvir.
Muitas vendas e clientes são perdidos porque os ven-
dedores não sabem ouvir.
Vivemos a era dos clientes informados e exigentes,
que buscam mais do que satisfazer suas necessidades e
desejos, querem experiências, emoções, anseiam pelo
reconhecimento de sua importância, querem ser trata-
dos como únicos. E merecem, porque embora nem sem-
pre tendo razão, são a razão de ser de qualquer negócio.
Atendimento para vender
mais e melhor
Soeli de Oliveira
Consultora e palestrante de marketing
O sucesso de
qualquer negócio
depende da habilidade
de atrair, conquistar e
manter clientes
ENTREV I STA
18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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ril 2009
ENTREVISTA
Ricardo Englert
Fot
os:
Luci
a S
imon
19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
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ril 2009
B & S O senhor declarou, no dia de sua posse, que a
bússola de sua gestão será o orçamento realista. Em
que direção seguirão a partir de agora as contas do
Estado, tendo esse referencial?
E n g l e r t A partir do momento em que se tem um orçamento
equilibrado, temos que acompanhar receita e despesa ao longo
do ano, mês a mês. Se tudo andar como previsto, conquista-
mos o equilíbrio no final do ano. O tamanho do Estado e todas
as pessoas que atuam sob o seu guarda-chuva tornam essa tare-
fa aparentemente simples algo complexo. Especialmente esse
ano, com a crise mundial, acompanhar atentamente a receita
é extremamente importante, sempre visando ao equilíbrio.
B & S A crise abala esse equilíbrio?
E n g l e r t Acredito que não. O orçamento
deste ano já está acertado. O nosso principal
tributo, o ICMS, precisa crescer nominalmen-
te cerca de 6,5% em relação ao desempenho
de 2008 – quando o crescimento superou
20%. Se crescer acima disso, realizaremos a
receita do orçamento. Como as despesas es-
tão controladas, teremos espaço para melho-
rar o desempenho de alguns setores.
B & S Serão necessários mais cortes?
E n g l e r t O controle dos gastos e o cuidado
na execução das despesas são valores que pre-
Ricardo Englert
Secretário estadual da Fazenda desde janeiro, Ricardo
Englert tem como meta transformar o déficit zero em
valor intrínseco da sociedade, para tornar perene o
equilíbrio conquistado. Responsável pelo orçamento
estadual, Englert foi um dos responsáveis pela gestão
de dívidas passadas. Essa experiência é a principal
arma no desafio de manter as contas em dia.
Déficit zero
como valor
ENTREV I STA
20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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B & S Qual será sua missão prioritária à frente da Secre-
taria da Fazenda (Sefaz-RS)?
E n g l e r t Sem dúvida, manter o equilíbrio alcançado. O que
não significa que estamos perfeitamente saneados. O gasto
sempre foi maior do que a arrecadação, sobrando uma porção
de dívidas. É preciso ter receita maior que despesa por um
determinado período. Como a pessoa que gastava mais do
que tinha, até chegar ao ponto em que ela já não gasta mais
do que entra. O que sobra é para pagar as contas velhas. É
necessário transformar em um valor para a sociedade gaúcha
o fato de que o Estado não gasta mais do que arrecada. As-
sim como o Brasil conquistou o controle da inflação – e hoje
ninguém mais questiona se isso é bom ou ruim, porque se
sabe o preço dos produtos, é possível planejar as contas e
crescer realmente. Isso tem que ser um valor, para ficar ar-
raigado, não se perder, mas ainda não chegamos lá. O equi-
líbrio aconteceu, mas é muito tênue. Todos que se relacio-
nam com o Rio Grande do Sul devem saber que aqui se cum-
pre com as obrigações, hoje e no futuro. Se o funcionalismo
receber um aumento de 10%, acabamos com o investimento
previsto para este ano sobre a folha. Tenho certeza de que os
funcionários achariam pouco e atrapalharia o Estado, que
perderia a capacidade de fazer investimentos em outras
áreas. Ou seja, não ajuda a ninguém. É evidente que mais
adiante precisaremos remunerar melhor os professores, os
servidores da segurança pública, da saúde, todos, enfim. Re-
cuperar parte do que foi perdido pelas categorias funcionais
do Estado, mas com responsabilidade, vinculando ao cresci-
mento da receita. De maneira que esses valores não passem
a inviabilizar investimentos e a devolução em obras para a
sociedade daquilo que é arrecadado em tributos. Se nos en-
dividarmos novamente, voltaremos ao sistema antigo, em-
purrando vencimentos, pedindo prazos e voltando a um cír-
culo vicioso. O fornecedor vai cobrar mais caro e voltare-
mos a arcar com custos indiretos.
cisam ser constantemente reforçados junto a
todas as equipes de governo, de tal sorte que
façamos cada vez mais obras de qualidade,
apenas com recursos próprios e disponíveis.
Quanto ao custeio, sim, ainda temos espaço
para cortes. O Estado passou muito tempo
pagando com atraso. Quando se retoma a
adimplência dos compromissos, pode-se
avançar mais, não necessariamente para dimi-
nuir o que se gasta, mas para comprar mais
com os recursos existentes. Só na saúde o
Estado investe mais de R$ 100 milhões por
ano em remédios. A adimplência provocou
uma redução média de 30%, isto é, R$ 30
milhões. Significa que se continuarmos com-
prando a mesma quantidade de remédios, vai
sobrar para comprar outros itens. Multiplican-
do isso para todas as despesas, incluindo dis-
cricionárias, a soma ultrapassa R$ 1 bilhão. Se
isso acontecer com todas as compras, a cifra
atinge R$ 300 milhões de saldo positivo.
“O equilíbrio alcançado não significa que estamos
perfeitamente saneados.”
21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
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B & S Já está traçado um plano para aumentos ou boni-
ficações de funcionários?
E n g l e r t Hoje não há um plano para isso, existe o que foi
contratado em ocasiões anteriores. Veja o caso da segurança:
ainda na administração Rigotto, foi estabelecido um mecanis-
mo chamado matriz da segurança pública. Com exceção dos
delegados, todos são sócios do programa de ajuste fiscal. Pode-
se dizer que se o Estado tem ganhos fiscais, 10% dos ganhos
são distribuídos a título de remuneração para os profissionais.
Então o valor que vai ser pago este ano é de cerca de 125
milhões de reais – parte do R$ 1,25 bilhão do orçamento –, o
que significa aumento para os servidores da segurança públi-
ca. Os valores variam de 10,9%, para os menores salários, até
1,8%, para os maiores.
B & S Há alguma medida relacionada mais diretamente
ao setor empresarial, como o combate à informalidade
ou à sonegação fiscal?
E n g l e r t O combate à sonegação e à evasão fiscal é prioritá-
rio. Temos o compromisso de fortalecer os segmentos em-
presariais do Estado, de ouvi-los, especialmente nesse mo-
mento de crise. Estamos buscando formas para que cada vez
mais se negocie internamente. Enquanto se gera emprego e
renda aqui, se fortalece a economia, independentemente de
ser indústria, serviços ou comércio. São ações como a cobrança
diferencial de alíquota nas compras interestaduais. Essa é uma
questão debatida há muito tempo, e finalmente decidimos a
favor dela, a fim de que as empresas que produzem aqui não
sofram concorrência desleal. Uma empresa que concorria com
outra de fora tinha prejuízo fiscal, porque a outra tributava
menos. Já no sentido de equipar o Estado na melhoria da ad-
ministração tributária, fizemos um contrato com o BNDES, o
Profisco, já aprovado, e agora estamos enviando a documen-
tação necessária à Secretaria do Tesouro Nacional, que viabi-
lizará a assinatura e liberação dos recursos. São R$ 16 milhões,
a serem aplicados na gestão da despesa. É um investimento na
estruturação dos mecanismos, melhores controles e aparelha-
mento de nosso sistema de informação.
B & S Como as empresas podem participar
da manutenção do equilíbrio econômico
e da formação desse valor?
E n g l e r t Aí eu diria não só as empresas, mas
cada cidadão, e também as entidades de clas-
se, têm que ajudar, sendo vigilantes e cobran-
do que o Estado não gaste mais do que arre-
cada. Em relação aos empresários, pedimos o
esforço de evitar demissões. Mesmo na crise,
isso contribui para manter a economia estabi-
lizada. Enquanto as empresas estiverem bem,
também o Estado vai estar.
B & S Os investimentos previstos na casa
de R$ 700 milhões para o primeiro se-
“É necessário transformar em valor para
a sociedade gaúcha o fato de que o Estado não
gasta mais do que arrecada.”
ENTREV I STA
22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
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Ab
ril 2009 “Mais adiante precisaremos remunerar
melhor os professores, os servidores da segurança
pública, da saúde, todos, enfim.”
mestre apontam para infraestrutura,
saúde, educação e segurança. Como
será aplicado esse dinheiro e que bene-
fícios diretos terá o Estado?
E n g l e r t Fizemos uma contratação com a go-
vernadora, de que no mínimo 60% dos inves-
timentos previstos no orçamento sejam apli-
cados no primeiro semestre. Exatamente para
que o Estado consiga, por meio dessa medi-
da, contratar obras que vão gerar empregos e
benefícios para a sociedade. Do total de R$
1,25 bilhão, R$ 415 milhões vão para a infra-
estrutura – 60% aplicados no primeiro semes-
tre. Precisamos transformar o orçamento em
obra e em emprego. Temos um estudo da Fun-
dação de Economia e Estatística de qual seria
o impacto dos investimentos, que somam R$
2,5 bilhões com o R$ 1 bilhão das estatais, e
o número chegou a 85 mil empregos diretos
e indiretos. Traçamos um perfil desses pos-
tos de trabalho e vimos que 45 mil empregos
seriam da construção civil, com vencimentos de até dois salá-
rios mínimos. É o Estado atuando na manutenção do equilí-
brio social. É importante entender que o Estado não pode
pegar os poucos recursos que tem e atender casos isolados.
B & S As estradas receberão especial atenção, consumin-
do boa parte dos R$ 415 milhões destinados à infraes-
trutura. O que isso representa?
E n g l e r t Não só as estradas, mas toda a infraestrutura, quan-
do melhorada, potencializa a competitividade estadual. Por-
que isso significa menos custo com transporte, mais veloci-
dade e menos tempo de deslocamento, só para citar alguns
pontos. Também estamos trabalhando em aeroportos, vias na-
vegáveis, portos, dragagens, todo um conjunto de elementos
que gera renda para quem trabalha no projeto, melhorias es-
truturais e competitividade. Há um esforço na recuperação
de escolas, em dotar a Secretaria de Educação com melhor
nível de atendimento e favorecer a qualidade do aprendizado.
Também investimento na saúde, que tem um custeio muito
grande com os hospitais conveniados, repasse de recursos e
de melhorias na infraestrutura de atendimento. Foram entre-
gues 1.009 veículos à força da Segurança Pública, o que reduz
de imediato o custo de manutenção, e integrados mais 3 mil
oficiais não brigadianos. É dessa forma que se materializa o
fato de as contas terem sido equilibradas.
B & S Os ataques contra o governo e as reivindicações
dos professores podem atrapalhar o planejamento do
executivo para os investimentos do Estado?
E n g l e r t A governadora sempre diz que as manifestações e as
matérias negativas publicadas fazem parte da discussão políti-
ca, integram a rotina da administração pública. Isso só atrapa-
lha em um ponto: nos toma tempo demais. Enquanto poderí-
amos estar trabalhando em outros setores, é preciso dedicar
23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
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atenção a esses alardes. Mas não deixamos essas questões se
sobreporem à agenda de trabalho – porém, nosso expediente
não termina às 19h, e sim às 22h.
B & S Na sua opinião, o que torna um estado economi-
camente forte?
E n g l e r t Cumprir com os seus compromissos e ter as contas
ajustadas. Possuir um quadro funcional preparado e que aten-
da às demandas da sociedade com eficiência e eficácia.
B & S Além de cargos em instituições financeiras ligadas
ao desenvolvimento, o senhor já fez parte da equipe
econômica de dois governos estaduais, assumindo ago-
ra a Secretaria da Fazenda. O que essa experiência
ensina sobre momentos de crise?
E n g l e r t Eu estive durante muitas vezes aqui e aprendi que é
muito difícil administrar as finanças sem recursos, especial-
mente em tempos de crise. Se fecha a folha de pagamento em
um mês e já se começa a pensar em como pagar a próxima.
O desgaste emocional e físico de saber que tem gente que
não está recebendo salário é muito grande. O que eu tenho
como lema e todos devem ter em mente é que déficit nunca
mais. Temos que lutar com todas as forças para não perder
isso. Hoje temos tempo para analisar, escolher a melhor op-
ção, fazer o melhor negócio.
B & S Por que vivemos nesse cenário tanto tempo?
E n g l e r t Me parece que a principal causa foi a existência de
alternativas de endividamento. Até 2007 o custeio discricio-
nário (aquele que cada secretário decide) crescia 12% ao ano.
No primeiro ano de governo determinamos que em vez de
crescer 12% cortaríamos 30%. Isso não é fácil. Não significa
que outras vezes não se tentou fazer isso, mas se pegava um
empréstimo e depois se via como resolver. Justiça seja feita, o
funcionalismo entendeu muito bem o porquê de não receber
reajuste. No segundo ano também tivemos dificuldades, mas
sabemos que chegará o tempo de pagar essa fatura. Entre 2008,
2009 e uma pequena parcela de 2010, vamos
conceder reajuste a todos os funcionários, in-
clusive àqueles que não obtiveram ganho de
direito judicial. Os índices de reajuste são em
torno de 19% e 33%. Isso será pago.
B & S É possível fazer um paralelo entre a
administração financeira governamental
e a empresarial?
E n g l e r t Só gastar aquilo que se tem e fazer
poupança para investimento futuro são prin-
cípios comuns entre os setores público e em-
presarial. Gastar bem e com eficiência. Quem
faz isso bem estará mais bem aquinhoado.
Inclusive foi a parceria com o PGQP e a pro-
ximidade com o universo empresarial que nos
ensinaram a ser mais eficientes. Da mesma
forma que as empresas bem administradas têm
sucesso, o Estado também terá.
“Da mesma forma que as empresas bem
administradas têm sucesso, o Estado também terá.”
COMÉRC ION
úm
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24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
No segmento de produtos populares, o equilíbrio entre a
indústria brasileira e os itens made in Ásia espanta o
fantasma do alto custo da importação. As lojas conhecidas
como R$ 1,99 se fortalecem com a união dos lojistas e
atendem uma gama cada vez maior de consumidores
produtos populares
em empresário que não quer ouvir fa-
lar em importação, mas quem investiu
no setor de produtos populares não está
muito preocupado com a turbulência econô-
mica. Combinar a produção nacional com itens
importados de consumo rápido e garantido tem
resultado em bons negócios para as lojas de
R$ 1,99. A cifra ainda é o símbolo da iniciativa
que possibilitou às populações de baixa renda
uma experiência de consumo por muito tem-
po inimaginável: passar no caixa com as saco-
las cheias de utensílios de cozinha, material
escolar e até brinquedos. Ao longo dos anos,
porém, o preço das mercadorias já não é limi-
tado, e os pontos de venda, que antes tinham
o público formado essencialmente por consu-
midores das classes C, D e E, agora atraem tam-
bém aqueles que ignoraram a existência desse
comércio no seu início. “Atendemos diretamen-
te os anseios do consumidor com menor po-
der aquisitivo, mas conquistamos espaço na
preferência de outros perfis, especificamente
neste período de crise”, avalia Eduardo Todres,
proprietário de uma importadora e distribui-
dora para o mercado de populares.
Foi a paridade do real com o dólar, em
meados de 1994, que fez surgir no Brasil um
T
conceito de loja que já fazia sucesso na Europa – em es-
pecial na Espanha – e nos Estados Unidos, as Dolar Stores.
Por aqui, estabelecimentos que brotavam em todos os
lugares ostentavam o valor único dos produtos como lo-
gomarca e atraíam milhares de pessoas em busca de bugi-
gangas baratas, mas de qualidade duvidosa. Durante os
primeiros anos, cerca de 95% do mix era formado por itens
fabricados na Ásia – China e Taiwan –, e no quesito identi-
ficação com o consumidor brasileiro deixava a desejar. Eram
comuns os cartões de felicitações de Natal ou aniversários
com mensagens em inglês e espanhol, e estampas de ca-
dernos, garrafas térmicas, pratos e brinquedos com gran-
des imagens e frases conhecidas e entendidas somente por
quem habitava o setor norte do globo terrestre.
Mas a novidade chegou mesmo com os argentinos, que
tiveram a moeda dolarizada mais cedo. Quando houve a
A nova onda dos
Luci
a S
imon
25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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COMÉRC IO
primeira crise da década de 90 na terra do tango, foi sim-
ples para os empresários de lá migrarem para o território
brasileiro, consolidando rapidamente seus negócios. “A pri-
meira loja nasceu em Blumenau, Santa Catarina, e não de-
morou para que se percebesse o bom negócio que repre-
sentavam os produtos populares. Um ponto de venda onde
se encontra de tudo e onde quem compra uma vez sempre
volta”, argumenta Todres.
Não demorou para que o Brasil mostrasse seu poten-
cial e chamasse atenção dos fabricantes orientais e das
exportadoras da Califórnia, nos Estados Unidos, respon-
sáveis pelo envio de contêineres abarrotados, primeira-
mente para São Paulo e estados da região Sul. Logo se
estabeleceram parâmetros de qualidade e a adequação às
políticas de importação brasileira. Todres avalia que há
lojistas revendendo mercadorias compradas ilegalmente,
mas é um número pequeno, garante.
Unir para crescer
A união de quem arriscou trilhar um novo caminho no
mapa da economia brasileira foi o que manteve o setor atu-
ante. A partir de 1999, com a primeira forte desvalorização
do real frente ao dólar, muitos lojistas não conseguiram man-
ter as portas abertas. O movimento de aumento dos pre-
ços, que já vinha se manifestando nas pratelei-
ras, deixava para trás de vez o compromisso de
vender tudo por R$ 1,99 e concentrava-se em
oferecer bons produtos com preços razoáveis.
“Esse momento favoreceu a entrada do fabri-
cante nacional no mercado. Eles perceberam
que era um ramo importante e podia render
bons lucros. Foi só uma questão de tempo para
que eles adequassem a produção para atender
esse mercado e também criassem linhas espe-
cíficas para o segmento. Hoje o estoque é 50%
importado e 50% nacional”, diz Todres.
Para garantir a sobrevivência, 27 lojistas da
região metropolitana fundaram a Associação
Comercial Rede Bazar Sul, surgida em 2002.
“O nosso maior problema eram os custos agre-
gados ao produto. Sozinho ninguém podia com-
prar. Agora negociamos diretamente com o fa-
bricante e conseguimos um custo menor com
as importadoras”, conta Maria da Glória de Sou-
za Costa, presidente da associação. A experi-
ência serve para estes tempos de crise econô-
mica. Maria da Glória acredita que sempre há
espaço para inovar e crescer e vê na diversifica-
ção do mix e na modernização das lojas uma
oportunidade para se manter no mercado.
Um indicador de que tudo vai bem é o
permanente crescimento da Feira 1,99 Brasil,
que acontece desde outubro de 2000 em São
Paulo e tem duas edições anuais. O evento,
realizado pela primeira vez em uma área de
1,2 mil metros quadrados, hoje distribui seus
expositores em 15,5 mil metros quadrados. “Ali
é realizada a maioria das encomendas para as
épocas de maior volume de vendas, que são as
datas festivas”, comenta Eduardo Todres, que
também é diretor da Feira. A expectativa de
faturamento do evento para este ano ultrapas-
sa os R$ 5 bilhões. A euforia, no entanto, não é
maior do que a cautela. Por mais promissor que
seja o cenário, o momento é de atenção, e o
custo de qualquer deslize não é barato.
ESTRATÉGIA
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ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
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É hora de cuidar dos produtos
Cauteloso. É assim que podemos definir o
comportamento do consumidor brasileiro neste
momento de instabilidade econômica. Com isso, ele
muda seu modo de consumo e analisa mais detalhes do
produto que irá comprar. Se a mercadoria não estiver
bem conservada e exposta para saltar aos olhos e reforçar
o desejo, o consumidor não vai tirar a mão do bolso
m tempos de incertezas econômicas, o
consumidor tende a não consumir com
tanta frequência. Quando o faz, o valor
gasto não é o mesmo dos tempos de
bonança. Cada centavo que deixa sua con-
ta bancária vai para um destino detalhada-
mente escolhido, que alcança a melhor
relação custo/benefício. Isso significa que
o consumidor está mais cauteloso na hora
da compra e não consome tanto por impulso, colocando a
razão acima da emoção. Para conquistar esse prudente ci-
dadão, o empresário vai precisar ser tão cauteloso quanto
ele, ou seja, terá que prestar atenção nos detalhes. Produ-
tos empoeirados, roupas amassadas e manchadas, cosmé-
ticos expostos ao sol, carnes esverdeadas, frios mal emba-
lados: todos estes descuidos passam em uma fração de
segundos pela cabeça do consumidor mais atento e com
restrição de gastos na hora da compra. É o resultado dessa
percepção que vai conduzir ou não o cliente ao caixa da loja.
Estudos mostram que grande parte das de-
cisões de compra acontece no ponto de venda
– assim, se o zelo na conservação das mercado-
rias já era uma exigência, agora é uma necessida-
de. “O trabalho nesse momento vai ser mais
difícil, porque quem tem dinheiro não vai soltar
com muita facilidade. A tarefa então é envolver
o cliente de uma maneira mais eficiente do que
quando não há crise”, conta Kátia Bello, especi-
alista em comunicação estratégica do varejo e
sócia-diretora da Opus Design. “É no estabele-
cimento que acontece a conversão da intenção
na compra”, completa. Mesmo cauteloso, o cli-
ente mantém suas atividades de consumo, só
que agora elas seguem outros critérios. “As pes-
soas continuam sentindo a vontade de consu-
mir; independentemente da crise essa vontade
permanece. O que temos visto é que o direcio-
namento do consumo tem mudado”, observa
E
Por Bianca Alighieri
ESTRATÉGIA
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Vera Rita Ferreira, psicanalista e doutora em psi-
cologia econômica pela PUC-SP.
O caso da Cinderela
Kátia lembra que em situações econômicas
instáveis o consumidor sente necessidade de
extravasar e por isso é mais suscetível ao estí-
mulo visual; ou seja, mesmo que o cidadão se
sinta atraído por um cartaz enorme na frente da
loja informando uma queima de estoque, ele
não vai permanecer lá dentro por muito tempo
se encontrar som alto e mercadorias amontoa-
das e danificadas dentro de um balaio. “A con-
servação vale para todos os segmentos. O prin-
cípio é o mesmo: pensar no usuário. Quem
souber observar isso em tempo de crise vai se
dar bem”, destaca Kátia. Segundo a especialista,
um dos elementos que mais afastam o consumi-
dor é a poluição, não apenas a visual, mas a sujei-
ra mesmo. Produtos empoeirados ou sujos dão a sensação
de descaso e provocam desconfiança quanto ao estabeleci-
mento, principalmente se o pó estiver sobre medicamentos
ou a sujeira estiver na roupa de uma butique. “O que concre-
tiza a venda é o encantamento e a empolgação.” Aqui vale a
metáfora da Cinderela, que mesmo tendo o pé no tamanho
ideal para o sapatinho de cristal, precisou se arrumar linda-
mente para conquistar o coração do príncipe. O conceito é
o mesmo para todos os setores: presunto, xampu e sapatos
qualquer estabelecimento tem, a diferença principal está no
tratamento dado aos produtos.
Cuidados básicos
Percebe-se que, em momentos de menos fartura, o
consumidor tende a evitar bens de maior valor e que envol-
vam crédito; ao esbarrar nesse obstáculo ele acaba se dire-
cionando às compras de menor valor. “ Ele migra o consu-
mo, por isso é preciso ler a necessidade do cliente”,
completa Kátia. Se antes o consumidor comia na rua, agora
“A conservação
vale para todos os
segmentos.
O princípio é o
mesmo: pensar no
usuário. Quem
souber olhar isso
em tempo de crise
vai se dar bem.”
Kátia Bello
Especialista em
comunicação
estratégica do varejo e
sócia-diretora da
Opus Design
Div
ulga
ção/
Opu
s Des
ign
Esmero nas araras
pesar de não serem perecíveis, os
artigos de vestuário também estão
expostos a ameaças como pó, mofo, traças
e cupins. O maior manuseio dos produtos
pelos consumidores é outro fator que ex-
põe as peças a máculas e danos.
Seguindo a premissa de que cada elemento é pensa-
do para emocionar os clientes, a loja gaúcha de roupas
femininas Tok mostra como um pouco de disciplina
não faz mal a ninguém. Fundado em 1977, o estabeleci-
mento tem tanto cuidado com as roupas e acessórios à
venda que nos provadores há uma pequena orientação
às clientes sobre como experimentar as peças sem da-
nificá-las. “Caso ocorra algum acidente, a peça é devol-
vida para a fábrica”, explica Norma Stricker, gerente de
marketing da Tok. Não é só isso: se as mercadorias che-
garem com o fio puxado, manchadas ou no tamanho
errado em relação aos padrões de qualidade da loja, elas
também retornam à fábrica. E aquelas que foram ma-
chucadas na prova ganham mais uma sessão de ferro
antes de retornarem às araras. Além desses artifícios,
que fazem parte do check list diário das lojas, a Tok ob-
serva as demandas de mercado e expõe com mais aten-
ção as peças de maior demanda no momento, como os
jeans, no período de volta às aulas.
A
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ESTRATÉGIA
29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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ele vai comer em casa, por exemplo. O que valoriza a
sessão de congelados, comida pronta e rotisseria, além de
deixar o cliente mais atento à conservação de produtos como
carnes, legumes, peixes e demais alimentos perecíveis.
O esmero deve abranger o comércio varejista como
um todo e vai além da limpeza do chão e das vidraças do
estabelecimento. Em alguns ramos, como o alimentício e
o farmacêutico, os cuidados são regidos por critérios da
vigilância sanitária. “Em questão de saúde do consumidor
não há dinheiro que pague uma possível intoxicação e até
a interdição do estabelecimento pelos órgãos fiscalizado-
res. O próprio cliente faz questão de pagar por produtos
de melhor qualidade. Seguir os critérios básicos exigidos
não demanda muito investimento, somente disciplina e
responsabilidade”, defende Tânia Nakajima, engenheira de
alimentos. Logo, estamos diante de um consumidor que
sabe diferenciar um produto em bom ou mau estado de
conservação. Segundo Ronaldo Costa, farmacêutico e tu-
tor do Portal Educação, na hora de adquirir medicamentos,
o comprador mais atento irá prestar atenção à
integridade da embalagem externa, como rasu-
ras e sujeira, além da validade dos produtos. No
campo dos alimentos, Tânia acredita que os
consumidores já sabem avaliar a qualidade de
um alimento, principalmente a temperatura
ideal e também a validade, uma vez que o as-
pecto do produto é a primeira denúncia de al-
guma não conformidade.
Por isso, não basta tirar os pneus da loja de
autopeças do sol ou manter ideal a temperatura
do refrigerador da mercearia – a limpeza do local
e dos produtos também deve seguir regras que
vão garantir a integridade da mercadoria. “Quan-
to mais se adia a limpeza, mais difícil se torna.
Locais com fluxo intenso de veículos necessi-
tam de atenção especial, pois a fuligem se depo-
sita rapidamente em todos os locais”, observa
Costa. O farmacêutico lembra que a limpeza de
iante do número expressivo de farmácias exis-
tentes no comércio gaúcho, o consumidor tem
a facilidade de escolher onde quer comprar, e o co-
merciante tem, ainda maior, a tarefa de conservar com
cuidado os delicados produtos que vende. Para come-
çar, um dos grandes inimigos dos medicamentos é a
temperatura. “O primeiro cuidado que todo comerci-
ante de farmácia deve ter é com o calor e umidade”,
Com saúde não se brinca
destaca Ronaldo Costa, farmacêutico e tutor do Portal Educação. O clima
gaúcho é, em geral, úmido, com grandes variações de temperatura ao longo de
um único dia, por isso a atenção deve ser para lá de especial. “Deve-se conside-
rar como fonte de calor a própria temperatura ambiente. Comumente no Brasil
temos cidades onde a temperatura ultrapassa os 35ºC, e os medicamentos, em
geral, devem ser armazenados entre 8ºC e 25ºC, exceto os que necessitam de
refrigeração. Desta forma, a necessidade de ar condicionado é uma realidade.”
Costa também lembra que os produtos correlacionados devem ser dispostos
próximos uns aos outros, como aqueles focados no público infantil ou feminino.
Além da umidade, outros dois grandes vilões das farmácias são a luz solar
e a água. “Produtos expostos à luz podem sofrer reações, alterando a sua
composição original. No caso da água, além de danificar a embalagem, promo-
ve alterações drásticas, como dissolução de formas farmacêuticas sólidas.”
Entretanto, alguns medicamentos pedem ainda atenção especial, como os
antibióticos e vitaminas, que possuem estruturas mais sensíveis à oxidação.
“Um antibiótico alterado pode levar um paciente a óbito muito facilmente,
por não controlar uma infecção”, alerta. No caso das vacinas, insulinas e soros,
que precisam ser armazenados em refrigerador, Costa lembra que a tempera-
tura deve ser monitorada ao menos duas vezes ao dia, de forma a sempre se
manter entre 2ºC e 8ºC.
D
Lúci
a S
imon
ESTRATÉGIA
30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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“A vontade de
consumir ainda
existe. O que
temos visto é que o
direcionamento do
consumo tem
mudado.”
Vera Rita Ferreira
Psicanalista e doutora
em psicologia
econômica pela
PUC-SP
Arq
uivo
pes
soal
esmo sem ter sentido queda nas
vendas por conta da crise financei-
ra, Jorge Dolgener, proprietário da Padaria
Suíça, em Lajeado, não dispensou os cui-
dados que sempre teve com seus quitutes,
que conquistaram os clientes da região.
“Toda a nossa loja é climatizada e ainda as-
sim os produtos destinados ao autosservi-
ço são pré-embalados e os demais são
acondicionados nos balcões refrigerados”,
conta. Os frios, como presuntos, queijos e
salames, são fatiados na loja diariamente –
com exceção dos que já vêm de fábrica
fechados a vácuo. Ainda assim, os clientes
mais exigentes não abrem mão de ver os
produtos expostos, em embalagens impermeá-
veis, pode ser feita com um pano umedecido
em água, uma vez que álcool ou outro solvente
podem danificar as informações impressas. Além
disso, é fundamental selecionar criteriosamente
os fornecedores, assim como o carro que faz a
entrega, o comerciante precisa calcular adequa-
damente a frequência de venda do produto para
expor somente a quantidade necessária para durar
até a próxima reposição. “Se há reposição se-
manal, não há motivo para dispor nas prateleiras quantidade
de produto para 15 dias de venda”, alerta Costa.
Cuidados à parte, o consumidor está mais cauteloso não
apenas por conta da crise econômica, que reduziu a jornada
de trabalho e o salário no final do mês; a sua atenção também
é fruto de um cidadão mais informado. O conhecimento
hoje é moeda corrente, o acesso a ele deixou as pessoas
mais seguras dos seus direitos. Se o consumidor já pensava
duas vezes antes de comprar um produto, agora ele pensa
três; por isso, a conquista tem que ser diária.
Sabor de refinamento
produtos serem fatiados na sua frente. Um exemplo de
que o consumidor está cada dia mais atento ao destino
do seu dinheiro.
Assim como a Padaria Suíça já faz, todos os estabe-
lecimentos que comercializam alimentos precisam,
segundo a engenheira de alimentos Tânia Nakajima, ter
obrigatoriamente um manual de boas práticas de fabri-
cação e um responsável técnico – que pode ser o pro-
prietário do estabelecimento, devidamente certifica-
do pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). “Todos os produtos alimentícios merecem e
devem ser tratados dentro dos critérios exigidos pela
vigilância sanitária. Eles já foram estudados e são efeti-
vos para a manutenção correta da qualidade dos ali-
mentos.” Ao receber carnes, frios e produtos de ori-
gem animal frescos do fornecedor, preste atenção na
data de validade e fabricação; faça avaliação sensorial e
confira as condições das embalagens e do entregador;
meça as temperaturas (congelados: -18ºC a -12ºC;
refrigerados: até 4ºC; e resfriados: de 6ºC a 10ºC).
Frutas e verduras devem receber um pré-preparo an-
tes da exposição para retirar impurezas e também pre-
cisam ficar expostas em temperatura controlada de
até 10ºC; o local de exposição deve ser limpo e sani-
tizado diariamente, e o de estocagem, semanalmente.
“Alimentos mal condicionados podem sofrer contami-
nação e oferecer perigo à saúde do consumidor”, alerta
Tânia.
M
Lúci
a S
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ESTRATÉGIA
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Receitada com frequência por uma amiga
à outra que esteja com o lado emocional de-
bilitado, a “shoppingterapia” é o melhor
exemplo do momento em que deixamos a
razão de lado e consumimos apenas para o
deleite de nossas emoções. Em momentos
como o atual, em que a palavra crise é citada
com frequência tanto nos telejornais quanto
nas conversas informais, atormentando ânimos,
a shoppingterapia adquire um aspecto bas-
tante interessante. A prática é tão comum em
tempos de instabilidade econômica que, em
2001, Leonard Lauder, um grande empresário
do setor de cosméticos, verificou que mes-
mo com o sentimento de pânico instalado
pelo ataque às torres gêmeas do World Trade
Center, a venda de batons com a sua marca
apresentaou um crescimento de 11% em com-
paração com anos anteriores.
O índice batom mostra que a crise desen-
cadeia no consumidor outra necessidade de
compra: a do presentinho ou autopresente.
“O impulso para consumir se mantém, as pes-
soas podem tentar adequar um pouco a sua
nova realidade financeira”, constata Vera Rita
Ferreira, da PUC-SP. Vera destaca que o com-
portamento do consumidor só vai mudar de
verdade quando ele perder o emprego, antes
disso não haverá, necessariamente, uma alte-
ração radical no hábito de compra. “Temos
uma tendência ao otimismo excessivo.”
O sentimento de “pelo menos uma lingerie eu posso
comprar” surge como um atenuante do estresse que o mo-
mento de crise pode causar na profissional. “A emoção sem-
pre está presente, uma vez que ela é o substrato do nosso
funcionamento mental. A parte do nosso cérebro encarrega-
da do processamento das emoções é muito primitiva, em
termos de história da espécie, e a primeira a ser acionada em
qualquer momento”, explica Vera Rita. Nesse caso, o ideal
para o consumidor seria integrar razão e emoção, fazendo
com que esta funcione a seu favor.
Momentos de birra
Outro exemplo de que a emoção é um forte motivador
de compra é a mudança de comportamento quando se de-
seja muito um produto. Momento em que o lado infantil, ou
primitivo, como se refere Vera, ressurge com for-
ça: “Temos esse lado primitivo na nossa men-
te o tempo inteiro, mas disfarçamos. Ele vem
à tona na hora da compra porque achamos
que aquele produto irá resolver todos os nos-
sos problemas.” A psicanalista destaca
que esse lado é muito frágil e por conta
disso mais vulnerável às ilusões – con-
sequentemente, deixa o cidadão mais
suscetível às promoções do comércio.
“O ser humano nunca é completo e sem-
pre vai haver uma falta internamente; ou
se aprende a conviver com ela, achando
que se está em satisfação plena, ou o
consumidor continuará suscetível aos
apelos do consumo.”
Índice batom
Hid
den/
Sto
ck.x
chng
32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
SA IBA MA IS
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e m t e m p o
A
Mais informações na edição 47 da B&S
Um português para todospolêmica reforma ortográfica
continua angariando mais
opositores a cada dia. Confusas e
questionáveis, as discussões sobre as
mudanças na língua portuguesa se
iniciaram ainda na década de 80 e em
1990 a proposta começou a ser
alinhavada. Dezenove anos depois, as
novidades estão aí e exigem a
adaptação de todos os setores.
No entanto, existem brasileiros que
ainda querem lutar contra alguns
pontos impostos pela reforma, como a
falta de simplificação. Este é o caso dos
300 participantes do movimento
Acordar Melhor, organizado pelo
professor Ernani Pimentel e apoiado
por quatro senadores, entre eles
Cristovam Buarque e Adelmir Santana.
Com o objetivo de conquistar mais
simpatizantes, cerca de 20 pessoas
participaram, no início de março, de
uma manifestação no Senado Federal.
Os integrantes do movimento
salientam que não são contra a
reforma, mas sim contrários à forma
como ela foi conduzida,
desconsiderando a opinião pública e
colocando questões culturais em
segundo plano. O manifesto “Acordar
melhor enquanto há tempo” está
disponível no site
www.acordarmelhor.com.br.
Fusões e aquisições Nem sempre
casamentos dão certo. No mundo
corporativo esta realidade não é diferente.
A Associação Nacional dos Bancos de
Investimento (Anbid) afirma que,
somente no ano passado, foram
realizadas, no Brasil, 94 operações de
fusões e aquisições, envolvendo
aproximadamente R$ 20 milhões cada.
Para afastar o risco de separação, um dos
fatores mais significativos é a sinergia
cultural. Segundo a Tree Branding
Consultoria, isso ocorre em função da
falta de diagnóstico prévio sobre as
compatibilidades culturais entre as
organizações a serem integradas,
conhecido como Due Diligence Cultural, e
pela ausência de um plano sistêmico e
sistemático da integração cultural, que faz
parte do Post Merger Integration.
Tempo Verdadeiro inimigo da sociedade moderna, o tempo parece estar
diminuindo a cada dia; as 24 horas hoje parecem 12. Exatamente por
isso, administrar cada minuto de forma a evitar os desperdícios é mais
do que necessário. De acordo com o professor Newton Ferreira,
psicólogo e especialista em RH, é importante definir metas e agendá-las
seguindo a classificação urgente, crítica e normal.
Urgente: é tudo aquilo que precisa ser feito no mesmo dia
Crítico: são as atividades que precisam ser acompanhadas de perto
Normal: ações que integram a agenda convencional
SA IBA MA IS
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eu
r
ec
om
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do
Emoções A melhor tática de vendas para
o Dia das Mães, segundo Marcelo
Ortega, autor do livro Sucesso em vendas, é
usar e abusar das emoções. Mas lidar
com sentimentos não é tarefa fácil, por
isso o especialista em vendas aconselha
que desde já sejam desenvolvidos
workshops e treinamentos. Vale
ressaltar que a data é considerada a
segunda mais rentável do ano para o varejo. Para formar, treinar e gerenciar
uma equipe comercial, Ortega aconselha que se siga a técnica dos Três Erres:
Regras: sem regras a equipe fica solta e muitos vendedores saem do eixo;
é importante definir sua forma de trabalho e objetivos
Reconhecimento: elemento essencial para a produção da equipe
Resultado: competência não basta sem que haja resultado; o vendedor
deve ter esse objetivo central
Cartórios
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, os cartórios gaúchos
deverão cobrar taxas correspondentes ao custo do serviço prestado e, no
caso de partilhas, não poderão ser calculadas com base nos bens
partilhados. O Colégio Notarial do Brasil e o Sindinotars vinham
questionando a decisão usando como justificativa a legislação vigente, que
permite a cobrança de taxas utilizando como base de cálculo a soma do
valor de todos os bens. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
compreende que a lavratura de escritura de partilha de bens deve ser
cobrada como ato único, sem variação financeira.
Juventude Empreender definitivamente entrou para o
dicionário dos jovens brasileiros. O levantamento mundial
Global Entrepreneurship Monitor (GEM) colocou o país em terceiro
lugar no ranking de empreendedorismo jovem.
De acordo com o estudo, a razão para a busca pelo próprio
negócio, que antes era necessidade, agora é oportunidade.
A pesquisa apontou que 25% do total de empreendedores são
jovens; o Irã, com 29%, e a Jamaica, com 28%, ocupam a
primeira e a segunda posição, respectivamente. Sem considerar
a idade, o Brasil ocupa a 13a posição no ranking.
Andrew
C./S
tock.x
chng
Das tantas coisas boas a recomendar
entre as obras surgidas
recentemente, eu fico com o cd
“Frank Jorge - Volume 3”. Experiente
cancionista, integrante do famoso
grupo underground “Graforréia
Xilarmônica”, roqueiro de fé, dono
de um humor irresistivelmente
porto-alegrense, Frank Jorge passeia
pelo estilo da Jovem Guarda para
comentar a vida atual, com seus
amores e desencontros, em doze
canções. Diversão certa, sorriso mais
certo ainda, ao embalo daquele
sonzinho amigo.
Luís Augusto Fischer
Escritor e professor da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (Ufrgs)
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ção/
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GESTÃON
úm
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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
O processo de
transição da
empresa que deixa
de ser micro e se
torna média é árduo
e exige atuação
intensa não só do
setor comercial, mas
de toda a gerência,
especialmente em
áreas como
recursos humanos
e contabilidade
crescimentoEm fase de
rescer não é fácil. Nem mesmo quando
esse crescimento é extremamente de-
sejado e aguardado; o aumento do caixa
é diretamente proporcional ao acréscimo de
trabalho. Apesar disso, crescer é necessário.
CPara tornar todo esse processo menos passível de erros é
preciso estar atento a questões que envolvam a adminis-
tração de finanças e de pessoas. Boanerjes do Amaral Cou-
to, superintendente da HGB Consultoria, acredita que o
primeiro dos problemas se refere à estrutura. “A micro-
empresa é quase artesanal. No momento em que ela passa
a ser média, os processos deverão ser divididos, mesmo
que não seja uma organização formal.”
O consultor destaca que o gestor terá a incumbência
de desvendar o talento do seu pessoal e separá-lo de acor-
do com este critério. Neste momento, toda a atenção é
necessária, já que este é um dos trabalhos que possuem
mais chances de erro. No entanto, deve haver setorização
de processos e não de departamentos. “O empreendimen-
to pequeno não pode se dar ao luxo de ter departamentos.
Se insistir neste estratégia e tentar copiar a estrutura de
uma grande empresa, irá quebrar”, avisa Couto.
A fase de transição tende a ser difícil e dolorosa, por
esse motivo o empreendedor precisa ter consciência deste
momento e dar prioridade àquilo que é necessário.
“O grande perigo é ter a ilusão de que, de repente, virou
grande.” Contratar demais e não contratar também são
riscos vigentes. Couto destaca que o segredo é desempe-
nhar múltiplas funções, sem deixar de dar atenção inte-
gral à comercialização.
Segundo o consultor, é bastante comum nestes casos
que o gestor disponibilize toda a sua equipe para a execu-
ção do serviço que foi vendido e esqueça do comercial.
Depois que o trabalho estiver pronto, ou se algum con-
trato for cancelado, o empresário se deparará com a triste
35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
GESTÃO
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realidade de que durante um longo período não fechou
nenhum negócio. “Sem falar no tempo de maturação da
negociação, que geralmente leva meses.”
No Supermercado Dois Irmãos, de Santa Maria, o cres-
cimento foi sentido principalmente na questão de tribu-
tos e recursos humanos. Para o gerente de Marketing, Vi-
nícius Bittencourt, é complicado lidar com a diversidade
de perfis que compõem as equipes das lojas. Nascido em
1980 como um pequeno mercadinho de bairro, o Dois
Irmãos viu sua estrutura expandir-se em 2002, quando inau-
gurou uma filial no centro de Santa Maria. “De repente
saímos de um mercado com dez funcionários para 100!”
Nem tão simples
Bittencourt considera que enquanto a microempresa
possui benefícios fiscais, como o Simples, por exemplo, a
grande tem poder de barganha. “A média não tem nem
uma coisa, nem outra.” Segundo Daniela Wasem, sócia da
empresa de contabilidade Astercon, quando o empreen-
dimento muda de categoria a contabilização também é
alterada. No caso das empresas que aderiram ao sistema
de tributação simplificado as variações são ainda mais sig-
nificativas. “Quando deixa de integrar o Simples, o negó-
cio passa a ser tributado de acordo com o lucro presumi-
do ou real, segundo a atividade da empresa”, explica.
A assessora contábil destaca ainda que um empreen-
dimento não pode deixar o sistema no mesmo ano. “Quan-
do fatura a mais do que o permitido, a empresa deve pa-
gar um percentual a mais sobre o excedente e sair do Sim-
ples após a virada de ano.” Uma vez que o negócio supe-
rou este limite, não poderá voltar ao sistema.
Fita métrica
A definição de micro e pequena empresa no Brasil se-
gue, basicamente, duas linhas: a financeira e a humana.
No primeiro caso, em 1999, o Estatuto da Micro e Peque-
na Empresa indicou como critério a receita bruta anual.
Em 2004 o Decreto nº 5.028 definiu que microempresa é
aquela que tem receita bruta anual igual ou inferior a
R$ 433.755,14; enquanto no empreendimento de peque-
no porte a mesma receita deve ser superior ao valor da
micro, mas sem ultrapassar o teto de R$ 2.133.222,00.
Vale ressaltar que para o Simples Nacio-
nal, a micro deve ter receita bruta anual de até
R$ 240 mil e a pequena igual ou menor que R$
2,4 milhões. Apesar dessas definições, cada Es-
tado possui um critério próprio de acordo com
sua situação econômica e fiscal. Quanto aos
municípios, são poucos os que se referem, em
sua legislação, ao segmento de MPEs.
O segundo formato de classificação é o
adotado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que uti-
liza a contagem do número de pessoas na
equipe, inclusive nas pesquisas que indicam
índices de empreendedorismo brasileiro. Para
a entidade, os negócios da indústria e cons-
trução civil que contam com até 19 funcioná-
rios e, também, do comércio e serviços com,
no máximo, nove, são micro. Pequenos são
aqueles da indústria e construção civil que
possuem de 20 a 99 pessoas na equipe, e do
comércio e serviços de 10 a 49.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia
(IBGE), a formação de categorias considera
o número total de pessoas ocupadas, incluin-
do os proprietários. Seguindo este formato,
o IBGE pode mensurar o índice de microuni-
dades empresariais, que são fonte de renda
para seus proprietários, apesar de não contar
com colaboradores.
A prova dos cincoSegundo Couto, para gerir um empreendimen-
to que está passando por momento de transição,
o profissional deve contar com cinco habilidades,
“algumas que se aprende, outras com que se nasce”
Técnica
Administrativa
Comercial
Liderança
Estratégia
COMPORTAMENTO
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36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A hora da geração
multifuncionalA geração
“multitudo”
está chegando
ao mercado
de trabalho e
arrumando
confusão com os
mais experientes.
Aprenda a lidar
com estes jovens e
tire o melhor
proveito daqueles
que irão gerir
sua empresa em
alguns anos
s confrontos entre gerações deixaram a
sala de estar e agora fazem parte dos
escritórios das empresas de todo o mun-
do, independentemente do porte. A entrada
da geração Y no mercado de trabalho coloca
em discussão a necessidade de uma nova pos-
tura por parte dos gestores.
De acordo com o consultor Sidnei Olivei-
ra, presidente da Kantu Consultores Associa-
dos, o aumento da longevidade é um dos fato-
res responsáveis pela presença de profissio-
nais de diferentes idades em um mesmo em-
preendimento e, muitas vezes, competindo
pelo mesmo cargo. “As pessoas estão vivendo
mais e ficando mais tempo nos seus empre-
gos. Enquanto isso, os jovens chegam com in-
formação e conhecimento para ocupar a mes-
Oma vaga.” Oliveira destaca que esta é uma das razões para
os altos índices de desemprego dos jovens.
A explicação para os conflitos é a mais humana possí-
vel: o novo colaborador chega qualificado e com habilida-
des adicionais, concorrendo com quem já está no empre-
endimento. A reação é de insegurança e consequente cer-
ceamento de atuação. “Os gestores são das gerações Baby
Boomer e X; não estão habituados ao questionamento e à
quebra de autoridade imposta pela Y.” Um dos resultados
bastante comuns, segundo o consultor, é a limitação do
uso de ferramentas como o MSN Messenger, por exem-
plo. “Ele não sabe usar, acredita que aquilo não serve para
nada e impede sua utilização”, elucida Oliveira.
Sai gestor, entra mentor
Os modelos de liderança aplicados hoje não funcio-
nam com os colaboradores da geração Y. Os jovens profis-
Lúci
a S
imon
37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
C O M P O R TA M E N TO
Núm
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l 2009
sionais não querem passar 30 anos na mesma empresa e,
por isso, são difíceis de manter. Conforme Oliveira, eles
estão atrás de experiências e desafios; o salário não é fator
determinante. “Um funcionário de 40 anos teve dois ou
três empregos ao longo da sua carreira. Hoje quem entra
com 20 anos no mercado atuará em 15 ou 20 empresas.”
Para solucionar os problemas de relacionamento e tirar
proveito das capacidades desses talentos é preciso deixar
de lado a função de gestor e assumir a de mentor. “É impor-
tante adotar essa postura e ensiná-los. Já que todos, inde-
pendentemente de geração, estão lá pelo mesmo objetivo,
vale abrir mão do medo de comprometer o trabalho e dar
chances aos novatos.”
A maior fraqueza da geração Y é também sua força.
Eles são instruídos e capacitados, mas não possuem expe-
riência, e é nessa hora que o profissional da velha escola sai
ganhando. Por outro lado, essa mesma falta de know-how
abre nova possibilidade: a inexperiência faz com que suas
ideias não fiquem restritas a modelos já tentados e eles
acabam ousando mais. “A crise está mostrando que os mo-
delos adotados até agora estavam errados. Quem pode dar
as respostas que procuramos são os jovens, que estão com
a cabeça livre de conceitos”, assegura o consultor.
Mudar de posição parece simples, mas não é tarefa
fácil. O primeiro passo, segundo Oliveira, é não se sentir
ameaçado e não competir. A partir daí o mentor deve enca-
rar o iniciante como um aprendiz e transmitir para ele o
conhecimento adquirido ao longo dos anos. Ao mesmo
tempo, é importante lembrar que aquele inexperiente pro-
fissional tem experiência de vida diferente da sua, e por
essa razão tem o que ensinar.
Quem são esses foguetes?
Na opinião do presidente da Kantu, a geração Y possui
a força de um foguete, mas sem a orientação necessária
para alcançar os propósitos dos empreendimentos. Mas,
afinal, quem são estas pessoas? São considerados integran-
tes da geração Y os nascidos entre 1979 e 1999. Antes
deles houve a geração X – hoje com 30/50 anos – e os Baby
Boomers, gerados no pós-guerra.
A principal característica dos Ys é a sofisticação tecno-
lógica. Acostumados a utilizar os recursos da informática
desde que foi difundida, os jovens “digitais”
têm a capacidade de realizar diferentes ações
ao mesmo tempo, com agilidade e qualidade.
Questionadores e apressados, preferem tra-
balhar com metas específicas e curto prazo.
Sua ousadia e criatividade são estimuladas
pelos desafios. Hierarquia e formalidade são
palavras que não constam no dicionário, assim
como planos de longo prazo. Preocupados
em viajar e conhecer o mundo, eles querem a
variedade de experiências e buscam dinheiro
suficiente para realizar sonhos; poupar, logica-
mente, não é uma preocupação.
Determinados e conscientes do que que-
rem, os jovens de 20 e poucos anos estão aten-
tos às novidades do mercado. E para mantê-
los na empresa é necessário dar-lhes voz e
proporcionar ambiente adequado às expecta-
tivas. Se estão insatisfeitos com alguma situa-
ção, não pensarão duas vezes antes de deixar
o emprego. Independentemente de qualida-
des e defeitos, lembre-se que a geração Y e
todos os seus predicados são o futuro.
Sintomas de uma geraçãoÉ fácil diferenciar a geração Y das anteriores.
Confira algumas das principais características
destes jovens:
Questionadores
Impacientes
Bem informados
Possuem facilidade para desenvolver
novas ideias
Transitórios
Pouco experientes
Ambiciosos
Focados em resultados de curto prazo
Motivados por desafios e reconhecimento
Graduados e pós-graduados
Ágeis
SERV IÇOSN
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38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
É só sentar e aguardar,por favor
A frase não soa bem em seus ouvidos. Com a agenda lotada,
você ainda vai ter que esperar! O tempo perdido é inevitável, mas existem
ferramentas que podem tornar este momento menos tortuoso
sperar não é fácil; especialmente quan-
do o relógio faz pressão constante. Al-
gumas atividades – como ir ao médico,
ao banco ou ao restaurante – são quase impos-
síveis de serem feitas sem que haja aqueles
conhecidos momentos de tédio e irritação. Para
tornar o período mais agradável e menos an-
gustiante é interessante investir no espaço onde
o público aguardará, ou seja, a sala de espera.
As arquitetas Nina Rosa Rech e Marcela
Schneider Ferreira, da Anima Arquitetura, ex-
plicam que cada projeto varia de acordo com
o perfil do negócio desenvolvido. “O local de
espera de um consultório médico é diferente
de um escritório de advocacia, que, por sua
vez, é bem diferente de um salão de beleza.”
A sala de espera de uma estética no shopping
pode ser produzida de forma que pareça uma
vitrine; a de uma locadora, por contar com car-
tazes de cinema, pode remeter o cliente ao
foco do empreendimento.
Os valores necessários para desenvolver o
ambiente ideal também variam conforme di-
versos aspectos, segundo Marcela. Como
mencionado anteriormente, uma boa sala de
espera depende do que o empreendimento
oferece, mas se seguida uma pequena lista de
critérios que englobam ergonomia, bem-estar,
Ecriatividade (aproveitar os espaços) e funcionali-
dade, o resultado será positivo. Nina destaca que
cor, iluminação, vegetação e tapetes são funda-
mentais para tornar o local mais aconchegante.
Sob medida
No caso de restaurantes, por exemplo, as ar-
quitetas aconselham o uso de mesas altas com
apoio para copos. “É imprescindível que se pro-
picie o consumo ali mesmo”, salienta Marcela.
O restaurante Outback de Porto Alegre já co-
nhecia essa regrinha básica quando planejou seus
espaços. Segundo Naldo Barbosa, sócio do Ou-
tback Rio Grande do Sul, o ambiente faz parte
do conceito desenvolvido ainda na Austrália. “Aliar
uma área descontraída ao restaurante foi pensado desde o
início. Faz parte do que é o Outback.”
Com o sistema de pager, o cliente que vai ao restaurante
ganha mobilidade e tranquilidade. “Ele não precisa ficar
preocupado com o número que está sendo chamado. Quan-
do sua mesa estiver liberada receberá um aviso através do
equipamento”, explica Barbosa. Para aqueles que preferi-
rem comer nas mesinhas laterais ou no bar – locais dedica-
dos à espera – há a opção de contar com o mesmo serviço
disponibilizado na parte interna do restaurante. “Por não
ser tão reservado quanto as mesas e contar com a circula-
ção do público, o bar é o ponto preferido por executivos
que estão de passagem pelo Estado”, comenta.
Divulgação/Outback
39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
S E R V I ÇOS
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Um problema bastante comum é a quantidade de es-
paços disponibilizados. Nina e Marcela dizem que de-
pende da quantidade de pessoas que passam pelo local
ao longo do dia. O indicado é que se deixe 1,20 m entre
a cadeira e a recepcionista. Tem que haver 60 cm de circu-
lação para cada pessoa. “Se o movimento for muito gran-
de é importante contar com uma ferramenta que avise o
tempo de espera.”
Mantenha em dia
As revistas são de dois anos atrás, as flores estão mur-
chas, o branco já é bege. Uma das explicações plausíveis
para a frequente desatualização das salas de espera é a pou-
ca participação dos responsáveis pelo
ambiente. “Para o empresário é apenas
um local de passagem”, explica Marce-
la. Mas a sala de espera é extremamente
importante para a imagem da empresa.
É ela que será vista e analisada durante
um longo período.
“O espaço deve estar sempre lim-
po; banheiros, então, nem se fala.” As
revistas e jornais devem ser atuais e sem
dispositivos antifurtos. “É melhor ter
apenas um jornal diário do que uma re-
vista com um equipamento que atrapa-
lha a leitura, além de parecer que a em-
presa desconfia do cliente”, defende
Nina. O som deve estar com o volume
baixo e as rádios devem ser evitados.
“Grave um CD com boas músicas, que
sejam tranquilizantes.” A televisão, de
preferência, desligada.
Espera em miniatura
Esperar nunca foi o ponto forte da
criançada, ainda mais quietinhas e senta-
dinhas como exigem as salas de espera
tradicionais. Arquitetos têm aconselha-
do o desenvolvimento de locais ade-
quados para os pequeninos, que garan-
tam, acima de tudo, entretenimento. Te-
levisão passando desenho animado, mesinhas
para desenhar, jogos e livrinhos são as dicas
das profissionais da Anima Arquitetura.
Com os filhotes concentrados e envolvi-
dos com a brincadeira, a espera se torna bem
mais agradável e tranquila para as mães, sem
falar nas outras pessoas que aguardam também.
Vale lembrar que a segurança das crianças é
imprescindível, portanto proteja tomadas e
quinas e mantenha os brinquedos em locais
de fácil acesso. Não esqueça da organização; a
presença de crianças não é desculpa para dei-
xar o espaço bagunçado.
MERCADO
Núm
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40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Quem a crisenão pega
As manchetes sobre o mercado continuam pouco animadoras, mas alguns números
trazem alento até mesmo aos mais pessimistas. No entanto, mesmo os setores da
economia brasileira ainda distantes do cenário de crise estão pautados pela cautela
ensar que a crise econômica instalada
desde o segundo semestre de 2008 não
afeta todos é ingenuidade. Frente a
um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) da
ordem de 3,6%, é difícil encontrar quem acre-
dita estar imune aos efeitos da derrocada das
bolsas de valores ou da fuga de investimen-
tos. Mesmo assim, o vendaval das finanças foi
uma brisa para determinadas estruturas eco-
nômicas. Alguns setores da economia brasi-
Pleira sobrevivem e bem, depois de tantas más notícias e
golpes profundos nos cofres de governos e empresas.
O crédito corroído, em especial nos países do hemis-
fério norte, contrariou velhos costumes e fez valer uma
nova ordem na qual mais vale o dinheiro na mão do que o
crédito na praça. Por essa razão, os setores que vivem do
gotejar constante de moedas no caixa estão se saindo me-
lhor do que os gigantes que por décadas controlaram o
mercado, negociando grandes valores virtuais e o destino
econômico das nações.
Lucia Simon
41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
MERCADO
Núm
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48 –
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Para o economista Marcelo Portugal, quem está se
saindo melhor até agora estava bem capitalizado ou aten-
de a segmentos bastante específicos. Contudo, ele alerta
para as duas ondas da crise. “Na primeira os pequenos
estavam a salvo, ela pegou os exportadores de grande porte
e os especuladores. Agora vem a segunda e vai atingir
todos pela correia de transmissão do mercado de traba-
lho. Mesmo quem está empregado tem medo do desem-
prego e restringe o consumo.” O consultor da Fecomér-
cio-RS lembra que o Brasil registrou um dos maiores dé-
ficits na indústria de manufaturados em novembro, atin-
gindo o varejo de forma global em janeiro.
Mesmo nesse cenário, ao que tudo indica, vai demo-
rar um pouco para que o varejo de alimentos e o ramo de
transporte público sejam atingidos. Esses setores despon-
tam entre os que encampam as necessidades básicas do
consumidor. Ou seja, ainda que as vendas decaiam conti-
nuarão em um bom nível de atividade. Os gastos das fa-
mílias com produtos de primeira necessidade há muitos
anos comandam boa parcela do crescimento do país.
O longo período que antecedeu a crise, marcado pelo au-
mento do emprego formal e os baixos índices de inflação,
forneceu um esteio para a continuidade do consumo. Basta
ver a surpresa da Associação Brasileira de Supermercados
(Abras) ao constatar um aumento acima do traçado para
as vendas do segmento no último trimestre para entender
que as mudanças são poucas nos caixas.
Na rota do dinheiro
O agronegócio também vem apresentando crescimen-
to e superando expectativas, especialmente no Rio Gran-
de do Sul, com a volta das chuvas dos últimos meses. Sen-
sível ao clima, mas ainda forte nas exportações, enquanto
a desvalorização cambial derruba a indústria e aqueles que
atendem o mercado internacional, a diferença entre o real
e o dólar favorece o aumento no ganho dos agricultores,
mesmo com uma produção menor em relação ao ano pas-
sado. O Levantamento Sistemático da Produção Agríco-
la, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), aponta que a safra brasileira de grãos de-
verá atingir 135,3 milhões de toneladas, caindo 7,3% em
relação à anterior (145,8 milhões de toneladas).
O economista Marcelo Portugal, no en-
tanto, comenta que qualquer redução nos in-
dicadores da agricultura não precisa ser vis-
ta com alarde: “A soja é um exemplo, por-
que teve uma queda nos preços em torno de
50%, mas o pico de valorização foi de 150%
no semestre anterior. Se compararmos a mé-
dia histórica dos últimos cinco ou seis anos,
o mercado não está mal”.
Outro setor bem-sucedido nesse perío-
do é o de turismo, que terá investimentos
de R$ 11 milhões de sua pasta ministerial
utilizados na divulgação dos destinos turís-
ticos brasileiros na América do Sul este ano.
O valor é 20% maior que o aplicado no ano
passado e tem o objetivo de atrair nossos
vizinhos para o território verde-amarelo.
A Associação Brasileira de Agentes de
Viagem (Abav) divulga que as operadoras de
turismo tiveram um incremento de 15% nas
vendas de pacotes turísticos em relação a
janeiro e fevereiro de 2008. Aumentaram
também voos domésticos em cerca de 10%,
comparando o mesmo período. Esse quadro
reflete o redirecionamento dos gastos. Os
brasileiros trocaram o exterior pela terra
natal e os estrangeiros, mesmo com o de-
semprego generalizado, consideram o Bra-
sil mais barato.
Se o consumidor ainda tem algum di-
nheiro no bolso, é bom ficar atento às opor-
tunidades. “O empresário deve ter uma vi-
são ampla e ser sensível ao momento que
estamos vivendo. Com bom capital próprio
ele pode até comprar seu concorrente, se
este demonstrar sinais de fraqueza”, suge-
re Marcelo Portugal. Mas não se deixe le-
var pelas aparências ou afirmativas entu-
siasmadas de que o Brasil sentirá menos as
consequências da crise. O economista avi-
sa: “O momento é de cautela. Devemos ser
otimistas, mas não irresponsáveis”.
SAÚDE
42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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alar em prevenção está na moda. Mas
será que o brasileiro se preocupa em
ter atitudes capazes de evitar ou ame-
nizar a incidência de doenças? Estudos mos-
tram que hábitos de vida saudáveis contribuem
para uma saúde plena. No Brasil, segundo o
relatório do Fundo Mundial de Pesquisa para
o Câncer, a ocorrência dos 12 tipos mais co-
muns da patologia, como o de esôfago (60%),
endométrio (52%), estômago (41%), intesti-
no (37%), pulmão (36%) e mama (28%), po-
Melhor prevenir do
que remediarOs consultórios médicos recebem pacientes
ávidos por tratamento e pouco informados sobre
a importância da prevenção quando o assunto é
saúde. Medidas preventivas podem ser remédios
para muitos problemas
deria diminuir em 30% com a adoção de uma dieta equili-
brada e a atividades físicas regulares. Isso significaria pra-
ticar exercícios, consumir menos bebidas alcoólicas, aban-
donar o cigarro e primar por uma alimentação balanceada.
O problema está em justamente transformar comporta-
mentos e mudar histórias de vida.
Para Felice Riccardi, coordenador do Núcleo de Me-
lanoma do Hospital Santa Rita, unidade de oncologia do
Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, a
dificuldade em construir uma cultura preventiva no país
se explica pela má orientação iniciada em casa: “O pai e
a mãe não ensinam os filhos a tomar sol no horário ade-
quado, e as crianças seguem a conduta dos seus familia-
res. Se os adultos vão para a praia às 11 horas da manhã,
elas absorvem esta prática como a correta”. Riccardi lem-
bra a importância de unir prevenção e educação. Como
é algo comportamental, diz o médico, essa conscienti-
zação em apostar em prevenção só vai acontecer no lon-
go prazo a partir de campanhas educativas capazes de
promover o autoconhecimento.
Atitude preventiva
Cuidar da saúde de forma preventiva dribla proble-
mas como obesidade, doenças vasculares, cardíacas e tan-
tas outras que se observadas antecipadamente não che-
gam a um estágio avançado. “O paciente tem o costume
de ir ao dentista quando o dente dói e já há uma cárie para
tratar. Não se dá conta de que o ideal seria fazer revisões
periódicas”, exemplifica Joaquim Guilherme Cerveira, pre-
sidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio
Grande do Sul. De acordo com Cerveira, na área da saú-
F
Divulgação/Sesc-RS
43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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48 –
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ril 2009
SAÚDE
de bucal muito se evoluiu nos últimos anos. Desde a dé-
cada de 1970, por exemplo, a legislação nacional obriga
os municípios a colocar flúor nas águas de abastecimento
público. “Esta lei ajudou no processo de redução da cárie
dental.” O especialista ressalta que, assim como as inicia-
tivas do poder público e das entidades, também são im-
prescindíveis mudanças de hábito. “Criar uma nova cul-
tura realmente exige tempo e um esforço maior, que
depende de cada um. Temos atuado em uma linha dife-
renciada, orientando para alimentação saudável”, diz.
Olhar antecipado
Abrir mão do tabaco, do álcool, da exposição exa-
gerada ao sol, consumir alimentos adequados e realizar
consultas regulares ao médico representam
para os profissionais da área atitudes ideais
para alcançar resultados positivos e soluções
efetivas. Quanto mais cedo uma doença for
diagnosticada, mais chances de cura. Assim
caminha a medicina, buscando estar à frente
tanto na detecção precoce quanto em en-
contrar estratégias que minimizem a insti-
tuição de uma patologia. “As pessoas inves-
tem em tratamento, e a medicina, por sua
vez, em prevenir antecipadamente para ob-
ter uma resolução maior”, afirma Felice Ric-
cardi, coordenador do Núcleo de Melano-
ma do Hospital Santa Rita.
Saúde Sesc – Uma Vida Melhor é lançado no Rio Grande do Sulo mês de abril, foi lançado o
pilar de atividades voltado à
área da saúde. Denominado “Saú-
de Sesc – Uma vida melhor”, a ini-
ciativa reúne um conjunto de ações
já desenvolvidas pela entidade em
centenas de municípios gaúchos,
assim como foram lançados proje-
tos inovadores. “Nosso objetivo é
informar a comunidade e contribuir
com a prevenção de doenças, pro-
piciando qualidade de vida e bem-
estar, que é a missão do Sesc”, des-
taca o diretor regional da entidade,
Everton Dalla Vecchia, enfatizando
que, desde sua criação, o Sesc tem
a saúde como uma prioridade.
Sob esse guarda-chuva, o Sesc
manterá os programas OdontoSesc
e Sorrindo para o Futuro, assim
como suas clínicas odontológicas e
ações sistemáticas, a exemplo das
Oficinas da Memória e Alzheimer.
O Saúde Sesc, porém, lança novi-
dades: a Mostra Casa da Saúde
Sesc, uma exposição itinerante que
circulará, em 2009, pelas cidades
de Porto Alegre, São Leopoldo,
Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul
e Erechim, com dicas e informa-
ções relevantes sobre doenças
como obesidade x alimentação sau-
dável, IMC, câncer de mama, cân-
cer de pele, câncer de próstata, do-
enças crônicas não-degenerativas
(hipertensão, diabetes, trigliceríde-
os, colesterol), saúde visual e doen-
ças sexualmente transmissíveis. A
mostra é aberta à comunidade e
contará com o auxílio de monito-
res para o esclarecimento dos te-
mas abordados. Outro destaque do
programa está na Unidade Sesc de
Saúde Preventiva. O projeto, apre-
sentado em maquete, deve ser
inaugurado no segundo semestre
de 2009, e tem como objetivo dis-
ponibilizar serviços básicos de di-
agnóstico à saúde aos gaúchos. En-
tre os serviços disponíveis estarão
mamografia, ultrassonografia, ele-
trocardiografia, oftalmologia, exa-
mes clínicos e citopatológicos.
A partir do Saúde Sesc, a enti-
dade planeja realizar mais de 33 mi-
lhões de atendimentos na área.
“Entendemos que os problemas da
sociedade em geral passam pela dis-
seminação de informações que esti-
mulem a criação de hábitos voltados
para a prevenção e conseqüente pre-
servação da saúde”, comenta Dalla
Vecchia, ressaltando que, para isso,
o Sesc-RS contará também com a
parceria de diversas entidades no de-
senvolvimento do programa.
N
FORMAÇÃO
44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
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48 –
Ab
ril 2009
consumidor brasileiro encontra nas
ópticas um ambiente caracterizado pela
tecnologia e pelo profissionalismo. Para
atender a um mercado cada vez mais com-
petitivo, as empresas do setor qualificam suas
atividades e se enquadram nas normas de ex-
celência do segmento. A legislação também
contribui para que a aviação de receitas de ócu-
los e lentes de contatos seja realizada com se-
gurança. Exemplo disso, a lei estadual 12.903,
sancionada em janeiro do ano passado, deter-
Olhar atento
no balcãoA visita a uma óptica pode significar apenas um
momento de vaidade, bem como a solução
para um problema de saúde visual. A partir de
outubro, os gaúchos vão poder contar com
atendimento ainda mais qualificado
mina que todas as lojas do Estado tenham em seu quadro
funcional um responsável técnico. A medida objetiva dis-
ponibilizar no balcão um profissional com conhecimento
e capacidade para se responsabilizar pelos artigos comer-
cializados, uma vez que estão ligados à saúde visual.
A exigência da presença física de um técnico em ópti-
ca nos estabelecimentos já é antiga. Mas a partir do mês
de outubro a fiscalização será ampliada. Cada loja terá que
contratar um profissional com a
respectiva formação para traba-
lhar durante o horário de funci-
onamento do comércio. Fica a
cargo dele fazer os lançamentos
nos livros de registros onde
constam dados como o nome
do paciente, do médico, ende-
reço de ambos e a transcrição
da receita. “Ele assina a respon-
OH
idde
n/S
tock
.xch
ng
André Roncato, presidente
do Sindióptica-RS
Arq
uivo
Fec
omér
cio-
RS
45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
48 –
Ab
ril 2009
FORMAÇÃO
sabilidade pelo serviço”, afirma André Luiz Roncatto, pre-
sidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material
Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Estado do Rio
Grande do Sul (Sindióptica-RS). Conforme Roncatto,
tanto o varejo quanto o cliente ganha: “As mudanças im-
postas pela lei conferem credibilidade ao setor e respeito
às pessoas que buscam soluções nas ópticas”.
Hoje, além de uma gama de materiais modernos, o
setor ainda precisa estar atento para atender às peculiari-
dades do consumidor contemporâneo, que passou a va-
lorizar o conforto e o compromisso do fornecedor com o
seu bem-estar físico. Assim como deseja achar um meio
para resolver as dificuldades visuais, o cliente se preocu-
pa em seguir estilos e o que dita a moda. “Atualmente,
observamos uma variedade enorme de armações, mode-
los, cores, formatos e lentes. O consumidor compra um
óculos para cada ocasião”, ressalta Marlei Silva de Andra-
de, professora do curso de Técnico em Óptica do Senac-RS.
A habilitação técnica auxilia justamente no momento
de mensurar todas as opções oferecidas pelo mercado e
orientar a melhor escolha. “A pessoa chega na óptica lei-
ga. Se colocar um produto que não for o ideal, vai ser
difícil a adaptação. Cabe aos técnicos identificar as ne-
cessidades e levar em conta o que ela precisa.”
Segundo o Sindióptica-RS, o Estado contabiliza
aproximadamente 2.100 empreendimentos do ramo. A
contratação obrigatória de um colaborador especializa-
do ainda pode resultar na abertura de postos de traba-
lho. Roncatto enfatiza que todas as lojas (in-
clusive de departamento e boutiques) que ven-
derem produtos ópticos ficam condicionadas
a ter um espaço físico próprio para as merca-
dorias, assim como equipamentos e um técni-
co. “Algumas lojas de surfwear, por exemplo,
estão investindo na formação dos seus funci-
onários, pois apostam na comercialização de
óculos de sol para um público mais jovem. Sem
dúvida, o varejo vai acabar absorvendo esta
mão de obra.”
O que diz a leiSancionada em janeiro de 2008, a lei estadual 12.903
aponta algumas questões importantes para o setor
Todo estabelecimento de varejo e de serviços ópticos
deve ter licença do órgão de vigilância sanitária
A responsabilidade técnica compete ao óptico
habilitado e registrado no órgão fiscalizador
O comércio de produtos ópticos com departamento
de lentes de contato deverá ter uma área adequada
com pia e possuir caixa de prova, ceratômetro e
tabela universal de conversão de lentes de grau
Os estabelecimentos deverão manter livro de registro
de receita, o qual ficará disponível à fiscalização
Para atuar como contatólogo, profissional
especializado em lentes de contato, também é
preciso fazer o curso Técnico em Óptica
Senac-RS oferece curso Técnico em Ópticatento às tendências de mercado, o Senac-RS pro-
move anualmente o curso Técnico em Optica.
A atividade tem duração de um ano e meio, habilitando o
profissional para atuar na manufatura industrial, laboratóri-
os especializados, venda de produtos e serviços ópticos e
gerenciamento de estabelecimentos do setor. “Depois de
formado, o aluno pode ainda empreender, abrindo o seu
próprio negócio. Ele também tem a possibilidade de fazer
treinamentos e se voltar para a área de docência”, explica a
professora Marlei Silva de Andrade. Vale salientar, que o
Senac-RS está considerando as sugestões de empresários do
setor e do Sindiópticas na elaboração do projeto de atuali-
zação da matriz curricular do curso .
Por enquanto, o curso só está disponível na unidade do
Senac Passo d’Areia, em Porto Alegre. Contudo, a entidade já
projeta para 2010 ministrar as aulas por meio de um programa
de educação a distância. Informações adicionais a respeito
do curso podem ser obtidas pelo telefone (51) 3341-0444.
A
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Errata: Na Visão Tributária da edição 47, último parágrafo, leia-se: “...quase irrelevante, dado o fato do Poder Judiciário ter retirado a força...”.
iz a teoria econômica que, em momen-
tos de crise, é recomendável alguma
elevação do déficit público como for-
ma de minimizar possíveis efeitos negativos
sobre a renda e o emprego. É preciso levar
em conta, contudo, perguntas relativas a
“como” e “quanto” deve ser o im-
pulso fiscal.
O melhor caminho é de ele-
vação do déficit público através
de redução de impostos e de am-
pliação de gastos públicos em in-
vestimento. A redução de impos-
tos para as famílias e empresas
eleva os recursos disponíveis para
o gasto privado, que é feito de forma mais
eficiente que o gasto público. Por outro lado,
no caso da opção por uma elevação do gasto
público, é mais recomendável o aumento do
investimento em infraestrutura, que tem efei-
tos positivos sobre o crescimento da econo-
mia por vários anos. Nesse particular cabe
lembrar que, como o investimento público é
uma parcela muito pequena do gasto público
total, poderíamos dobrar os gastos em inves-
timento sem um impacto de grande magnitu-
de sobre o déficit total.
Infelizmente, a atuação do governo nos últimos anos
não aponta nessa direção. Há forte resistência à redu-
ção de impostos e incompetência gerencial no setor
público para elevar os gastos em investimento. O que
temos observado nos últimos anos, e em particular de-
pois do início da crise, é um discurso oficial que privi-
legia os gastos em investimento, mas uma atuação con-
creta que eleva os gastos em custeio.
Há ainda a questão referente ao tamanho recomen-
dável para a elevação do déficit
público. Nesse caso, não há mui-
to espaço para excessos, pois o
Brasil já é um país com uma ele-
vada e cara dívida pública. A re-
comendação óbvia nesse aspecto
é a de moderação. Não podemos
incorrer no mesmo erro já come-
tido em meados dos anos 70.
Naquela época, o governo Geisel, com o objetivo de
combater a crise externa gerada pela subida dos preços
do petróleo, elevou drasticamente a dívida pública, prin-
cipalmente com recursos externos, criando um proble-
ma de insolvência que nos assombrou ao longo de toda
a década de 80.
Em resumo, é preciso cuidar da forma e do tama-
nho do impulso fiscal a ser aplicado no momento de
crise. Caso contrário, estaremos plantando um proble-
ma de grande magnitude para o futuro.
Política fiscal no
combate à crise
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* Consultor econômico da Fecomércio-RS
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Marcelo S. Portugal*
Não podemos incorrer
no mesmo erro já
cometido em meados
dos anos 70, elevando
drasticamente a
dívida pública
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Núm
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COMUNICAÇÃO
Em tempos de economia instável, muitos empresários optam por enxugar o orçamento
cortando os investimentos em comunicação. Mas será este o momento ideal para isso? Na verdade,
não seria a hora de reforçar as relações com os públicos por meio de uma comunicação eficiente?
vender
s contas da empresa apertaram e você não viu ou-
tra saída, senão enxugar o orçamento. Corta da-
qui, corta dali, decide-se por não manter a verba
em comunicação. Em geral, essa prática, comum em tem-
pos de pouco dinheiro, acontece quando a experiência
anterior em comunicação não foi satisfatória devido à fal-
ta de planejamento e de objetivos claros, conforme expli-
ca o jornalista e administrador de empresas Luiz Santiago,
gerente de Comunicação e Marketing da Fundação Van-
zolini. “Empresas com uma cultura de comunicação mais
desenvolvida, diante de uma situação financeira menos fa-
vorável, irão reduzir os investimentos na área de forma pro-
porcional aos objetivos que tinham. Reduzir é parte da re-
visão da estratégia. Cortar é ter certeza de que não havia
nenhuma estratégia de negócios, o que favore-
ce o fortalecimento da empresa concorrente.”
Deixar o mercado livre para a concorrên-
cia não é uma estratégia muito sensata, princi-
palmente em tempos de recessão; afinal, sem
comunicação o consumidor vai esquecer a sua
marca. “Um corte nos investimentos na área
pode abrir espaço para que o principal con-
corrente tome o lugar da empresa ou conquis-
te seus principais clientes”, adverte Santiago.
Por isso, lembra o gerente, a comunicação,
mesmo que esteja representada por um traba-
lho de pós-venda, é fundamental para manter
o relacionamento com o cliente: “A marca deve
estar na mente dos consumidores”.
Comunicar para
Entretanto, antes que se pense que a co-
municação é a solução para os problemas, vale
lembrar que ela é parte do processo. Segundo
Santiago, ela é uma porção importante para
atravessar a crise e deve estar contemplada
tanto para o ambiente interno quanto para o
externo. “Os funcionários precisam conhecer,
em detalhes, quais os novos objetivos e estra-
tégias da empresa. Promover esse alinhamen-
to com todas as áreas será fundamental para a
empresa se reerguer. Quando retomado o
crescimento da economia, o que pode levar
meses ou anos, a companhia sairá em forte van-
tagem competitiva”, aconselha.
A
Custo ou investimento?
Quando o empresário sabe exatamente qual resultado espera atingir e
faz planejamento adequado para isso, a comunicação deixa de ser um custo e
passa a ser um investimento. Com esse pensamento, 48% dos empresários
entrevistados na pesquisa realizada pela Forma Editora responderam que,
entre os oito itens indicados, seus principais investimentos serão nas áreas
de marketing e comunicação; sendo que os segmentos de marketing de re-
lacionamento e digital representariam juntos 61,61% da aplicação de inves-
timentos; e brindes e produtos promocionais, 23,48%.
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uando os efeitos de qualquer crise
começam a ser sentidos por um gru-
po, as relações internas e externas deste
começam a ficar mais tensas. A economia
move o desenvolvimento de um país e suas
relações políticas. Em um
ambiente como esse, a for-
ma com que os agentes po-
líticos lidam com os confli-
tos e a popularidade de seus
mandatos, em um cenário
de antecipação do debate
eleitoral, exige que o em-
presariado fique atento às
medidas que podem ser adotadas.
Segundo o Instituto de Pesquisas Da-
tafolha, a popularidade do presidente Lula
caiu pela primeira vez desde o início do seu
segundo mandato. Conforme a pesquisa, a
percepção do aumento do desemprego foi
um dos fatores mais relevantes para tal re-
sultado. Mesmo assim, com uma aprova-
ção de 65%, o governo procura evitar per-
cepções negativas da população em rela-
ção aos seus atos, estimulando programas
e garantias sociais que não estão vinculadas à eficiên-
cia e o controle dos gastos públicos.
As três esferas de governo já sentem a queda na
arrecadação. Segundo a Confederação Nacional dos Mu-
nicípios (CNM), 60% do total de receitas tributárias das
prefeituras do país são compostas por repasses obriga-
tórios da União e dos estados. O último repasse do Fun-
do de Participação dos Municípios (FPM), no dia 20 de
março, foi 19% inferior à previsão da Secretaria do Te-
souro Nacional.
No Rio Grande do Sul, os desa-
fios do empresariado e do governo
são, principalmente, a manutenção
das condições de investimento e a
racionalização das contas públicas.
Além disso, medidas tributárias que
desonerem o potencial de empreen-
dedorismo da sociedade gaúcha tam-
bém são pleitos a serem conquistados.
A atuação do empresariado junto aos governos em
favor da ampliação das linhas de crédito, bem como
da diminuição de tributos, contribui para o aperfei-
çoamento da gestão pública, o aquecimento da eco-
nomia e o desenvolvimento do processo democráti-
co. A sociedade recebe maiores benefícios por parte
do Estado quando participa e fiscaliza as atividades
públicas, e não quando se afasta delas.
O empresariado
e a política
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*Cientista político do Sistema Fecomércio-RS
Rodrigo Giacomet
Julia
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O governo
procura evitar
percepções
negativas da população
em relação
aos seus atos
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MAIS & MENOS
Adesão
Números da secretaria
executiva do Comitê Gestor do
Simples Nacional (CGSN)
registraram mais de
pedido de adesão ao
Simples Nacional
Calote em alta
Segundo pesquisa Serasa
Experian, nos dois primeiros meses
do ano, a inadimplência dos
consumidores aumentou
8,6%
Rompimento internacional
Conforme levantamento da
Associação de Comércio Exterior
do Brasil, em janeiro,
empresas deixaram de atuar no
comércio exterior no Brasil
1.109
R$ 8,2 bilhões
E-commerce
As compras de bens de consumo
realizadas no comércio eletrônico
brasileiro somaram
em 2008. A informação é da 19ª
edição do Relatório WebShoppers
realizado pela e-bit
Carência desustentabilidade
As companhias brasileiras
investem menos de
de seu faturamento em tecnologias
sustentáveis. As conclusões
são do estudo Tecnologias
Sustentáveis no Brasil, feito pela
Roland Berger Strategy
1%
13oUm passo à frente
É a posição que o Brasil ocupa
entre as nações do mundo com a
maior economia de turismo.
O ranking é da World Travel and
Tourism Council (WTTC). Até o ano
passado, ocupávamos o 14º lugar
Despesas médicas
Nos últimos dez anos o
Senado gastou
com o ressarcimento de
despesas médicas e
odontológicas de senadores e
ex-senadores. O levantamento
foi feito com exclusividade pelo
Congresso em Foco
R$ 16,7 milhões
Tijolos a menos
Dados da Associação Nacional
dos Comerciantes de Material
de Construção (Anamaco)
apontam queda de
no varejo de material de
construção, no primeiro
bimestre de 2009
Mai
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ouva
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Sto
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chng
12%
Medo iminente
De janeiro a março, o percentual
de pessoas que manifestaram
temor de perder o emprego
passou de 42,7% para
segundo pesquisa CNT/Sensus44,8%,
Ameaça virtual
Conduzida pela Harris
Interactive, a pesquisa Norton
Online Living Report aponta que
dos brasileiros adultos pes-
quisados já sofreram alguma
tentativa de ataque via web
40%
440 mil
CRÔNICA
50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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Pelo que espera,a sala de espera
Por Moacyr Scliar
famosa Bíblia de Gutenberg foi impres-
sa por Johann Gutenberg na cidade de
Mogúncia, Alemanha, entre os anos de
1450 e 1455. É um livro muito importante,
não apenas por seu conteúdo, mas também
porque marca o início da produção em massa
de livros no Ocidente, me-
diante o uso da prensa com
tipos móveis. Existem exem-
plares cuidadosamente pre-
servados na Biblioteca Naci-
onal da França, em Paris, na
Staatsbibliothek, em Berlim,
na Bilblioteca do Vaticano, na
Biblioteca Nacional em Lis-
boa, na British Library, em
Londres, na Biblioteca do
Congresso em Washington; junto com outras
obras raras, atraem milhares de visitantes.
Mas há um lugar que, em matéria de publi-
cações antigas, rivaliza com estes relicários da
cultura: é a sala de espera, o lugar em que pes-
soas aguardam atendimento do médico, do
dentista, do cabeleireiro ou do gerente do ban-
co. Ali, sobre uma mesinha, a pessoa pode en-
contrar revistas, em geral em estado lamentá-
vel. Se folheá-las, o leitor descobrirá que o
Muro de Berlim acabou de ruir, ou que tomou
posse um novo presidente do Brasil, chamado
Itamar Franco; ou que a sensação do futebol
brasileiro é agora um garoto chamado Pelé. As
pessoas que organizam as salas de espera (se é
que se pode falar em organização neste caso) não estão
muito preocupadas com o grau de informação do clien-
te, que não está ali para se atualizar nos últimos aconte-
cimentos, mas sim para esperar. E esperar significa que
o tempo deixa de ter importância; fica por assim dizer
congelado, imóvel. A vida, nesses momentos (ou nessas
horas) está em suspenso, e
neste caso a leitura serve mais
como um derivativo. Aliás, no
caso de muitos psicanalistas
do passado, nem revistas es-
tavam disponíveis. Elas pode-
riam revelar alguma coisa da
preferência dos terapeutas (se
aparecesse ali algum exemplar
de Caras, o paciente teria mui-
to a comentar) e isto compro-
meteria a neutralidade do tratamento.
As revistas são velhas, mas o que dizer da tevê? É
pior ainda. De repente somos obrigados a rever uma an-
tiquíssima novela ou um programa que não nos interessa
nem um pouco.
Claro, a sala de espera pode ser diferente. Em unida-
des de saúde, há profissionais que aproveitam para con-
versar com as pessoas que ali estão, discutindo, por exem-
plo, a adoção de um estilo de vida sadio. Mas trata-se,
convenhamos, de uma exceção. As salas de espera em
geral ainda aguardam, desconsoladas, a fórmula mágica
que as transformará em lugares interessantes e acolhe-
dores. Onde está a fórmula mágica é uma questão em
aberto. Certamente não é nas velhas revistas empilha-
das sobre a mesinha.
A