Entre a avaliação classificativa e a formativa: a centralidade do professor no sucesso escolar
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ENTRE A AVALIAÇÃO FORMATIVA
E A AVALIAÇÃO CLASSIFICATIVA
como as estratégias de liderança de topo nas escolas
podem ter influência na melhoria dos resultados escolares
Luís Ribeiro/2015
• A escola como objeto de estudo entre a formação de professores e as reformas do
sistema educativo
• Reconhece-se à escola maior eficácia na resolução de problemas
importância da autonomia
• Retórica do discurso político Controlo apertado sobre os diferentes domínios da organização escolar Duma forma geral as escolas continuam sem prestar contas sobre a sua eficácia Quando o fazem não há qualquer tipo de consequências
A ESCOLA COMO CENTRO DAS POLÍTICAS EDUCATIVAS
Luís Ribeiro/2015
Vértice estratégico Constituída pelos dirigentes. Responsável por assegurar a eficácia no cumprimento da missão organizacional e, também, por atender as necessidades dos que a controlam. Ex.: CEO, Conselho de Administração, Diretor de Escola/Agrupamento. Linha Média É o ponto de ligação entre a cúpula estratégica e o núcleo operacional. Ex.: Gerentes intermediários, Coordenadores de Departamento. Núcleo Operacional São todas as pessoas que executam os trabalhos relacionados diretamente com a produção de bens ou prestação de serviços. Ex: Operários, Professores Tecnoestrutura Grupo de pessoas que desempenha atividades de planeamento e controle. Ex.: Analistas. Pessoal de Apoio Área especializada. Dá suporte às operações da empresa que não estejam ligadas à sua atividade-fim. Ex.: Relações Públicas, Jurídico, Serviços Administrativos
CARACTERÍSTICAS DA PROFISSÃO DOCENTE E DAS ORGANIZAÇÕES PROFISSIONAIS (Mintzberg)
ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL
ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA
Luís Ribeiro/2015
• Características das organizações profissionais • As qualificações dos seus profissionais são adquiridas em momento anterior à
organização
• São compostas por profissionais altamente qualificados
• Estes profissionais têm um elevado grau de autonomia no exercício da atividade dentro das organizações
• No caso dos docentes, caracteriza-se por: • uma elevada autonomia e poder discricionário na gestão do currículo
• o trabalho é desenvolvido de forma isolada ou com pouca cooperação/colaboração com outros docentes
• muita relutância em discutir as suas práticas com outros docentes
• grande resistência a mecanismos de diferenciação de desempenho
• os mecanismos de supervisão da atividade docente são ténues ou mesmo inexistentes
• a formação é entendida como condição para progressão na carreira e não como estratégia de desenvolvimento profissional (alguma mercantilização da educação)
• em sistemas educativos centralizados (como o português) existe uma resistência à inovação (as escolas otimizam práticas mais conservadoras e que sabem que não lhes vão trazer problemas com a Administração Educativa em detrimento de práticas mais inovadoras)
CARACTERÍSTICAS DA PROFISSÃO DOCENTE E DAS ORGANIZAÇÕES PROFISSIONAIS (Mintzberg)
Luís Ribeiro/2015
Conclusões dos estudos de larga escala levados a cabo nos últimos a anos
• Professores com bons desempenhos conseguem resultados muito significativos junto dos alunos (efeito aditivo – Joaquim Azevedo)
• Professores com maus desempenhos têm exatamente resultados contrários
• É muito difícil a um professor com bom desempenho conseguir inverter os resultados dum professor com mau desempenho
FATORES (internos e externos à escola) QUE MAIS INFLUENCIAM OS RESULTADOS ESCOLARES
FATORES EXTERNOS • Nível socioeconómico das famílias
• Escolarização das mães
FATORES INTERNOS
• Influência da escola
• A qualidade do professor
A CENTRALIDADE DO PAPEL DO PROFESSOR NO SUCESSO
A eficácia do professor é o fator mais determinante no sucesso dos alunos
Realidade muitas vezes escamoteada dentro da escola Luís Ribeiro/2015
UM PROFESSOR É UM ESPECIALISTA EM PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM, EM SABER
ENSINAR Maria do Céu Roldão
Luís Ribeiro/2015
• Tem capacidade de gestão da sala de aula • Cria um clima propício à aprendizagem na sala de aula (calmo, estimulante, motivador,…) • Controla e monitoriza as aprendizagens dos alunos • Adequa e ajusta as estratégias educativas à diversidade de cada aluno (cria mecanismos de
diferenciação pedagógica) • Privilegia a avaliação formativa como reguladora das aprendizagens dos alunos das estratégias
do professor • Diversifica os instrumentos de avaliação em função dos alunos e das suas dificuldades • Estabelece relações personalizadas com os seus alunos (baseadas na afetividade e respeito),
funcionando muitas vezes como modelo de referência • Valoriza sempre os aspetos positivos das pequenas conquistas dos alunos, aumentando a sua
autoestima e confiança, centrando-se mais na qualidade que na quantidade e mais no esforço que no resultado final,
• É capaz de motivar os alunos porque ele próprio está motivado (efeito de modelação) e a sua motivação é intrínseca (não depende de fatores externos)
• Compreende que a motivação dos alunos é um fator essencial na aprendizagem (Lurdes Veríssimo)
• Compreende que os alunos não aprendem porque • Têm dificuldade em compreender o que está a ser estudado • Não percebem a finalidade do que estão a aprender • É desagradável aprender (clima de sala de aula, conflitualidade com o professor, dificuldade das
matérias,…)
FATORES (internos e externos à escola) QUE MAIS INFLUENCIAM OS RESULTADOS ESCOLARES
O QUE É UM PROFESSOR EFICAZ, UM PROFESSOR COM BOM DESEMPENHO
Luís Ribeiro/2015
Mas se temos tantos professores eficazes, com bons desempenhos, por que razão o resultados escolares
teimam em não descolar da mediocridade?
Luís Ribeiro/2015
Há um problema com a qualidade das organizações escolares e das suas lideranças
• Tradicionalmente as escolas (e os professores) têm muita dificuldade em lidar com a diversidade (alunos com níveis de desempenho diferentes, diferentes níveis de motivação,…)
• Até final dos anos 90 só tinha sido efetivamente massificado o 3º ciclo (em 2005 apenas frequentavam o ensino secundário cerca de 30% dos alunos que tinham transitado)
• A maioria dos professores do 2º/3º ciclos e ensino secundário foram formados quando a estes níveis, nas escolas, apenas acedia uma reduzida parte da população (a taxa de sucesso no final dos anos 80 no 2º ciclo rondava os 45%), o que modelou muito das suas conceções educativas e as representações que têm dos alunos
• O alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos implica que TODOS os alunos estejam no sistema até aos 18 anos
• A massificação do ensino põe grandes problemas às escolas, pois estas são obrigadas a dar resposta a uma maior diversidade de alunos
• A preocupação das escolas com os resultados só passou a ser uma realidade a partir de 2005, entre outras razões pela introdução da avaliação externa
ESCOLAS, EQUIDADE E LIDERANÇA
Luís Ribeiro/2015
• Em Portugal, as retenções são uma prática comum nas escolas (que se acentuou nos últimos anos), com consequências devastadoras nos alunos, principalmente nos oriundos de estratos socioeconómicos mais baixos
• Um aluno com baixo estatuto socioeconómico tem 3,5 vezes maior probabilidade de ter insucesso que os de estatuto socioeconómico elevado
• Os alunos retidos uma vez têm uma probabilidade duas vezes superior a um aluno que não tenha sido retido de ter uma nova retenção
• Para os que têm duas retenções a probabilidade quadruplica
• As retenções precoces (1º e 2º ciclos) contribuem fortemente para o abandono escolar precoce e acentuam riscos de exclusão social
• Existem poucas lideranças transformacionais nas escolas e, por essa razão, as escolas promovem pouco a equidade e são pouco orientadas para o sucesso
ESCOLAS, EQUIDADE E LIDERANÇA
• As escolas têm que criar mecanismos que promovam a igualdade de oportunidades
• Ter especial atenção aos alunos de estratos socioeconómicos mais desfavorecidos (criar mecanismos de diferenciação positiva)
• Não podem promover a excelência à custa dos alunos mais fracos e desfavorecidos
• Elevado número de alunos em cursos vocacionais e CEF
• Alunos cujas famílias são as mais ausentes e as que menos valorizam o papel da escola
Luís Ribeiro/2015
A importância das lideranças transformacionais
• Promovem a equidade e a igualdade de oportunidades como princípio
• Elegem o aluno como centro do processo
• Têm uma visão sistémica da realidade, percebem a escola como um conjunto integrado de acontecimentos e relações
• Orientam a escola para o sucesso, promovendo uma cultura de compromisso dos professores com a aprendizagem dos alunos e com o sucesso escolar
• São capazes de mobilizar os docentes, levando-os a “ir mais além”, a adotar estratégias de ensino inovadoras, a envolverem-se, empenharem-se e comprometerem-se – o professor tem que ser uma parte da solução e nunca uma fonte do problema
• Apostam na formação em contexto como estratégia de desenvolvimento profissional dos professores e da própria organização escolar
• Conseguem capitalizar as boas práticas docentes em processos coletivos (efeito de disseminação)
• Elegem o trabalho cooperativo e colaborativo entre docentes como estratégia de desenvolvimento profissional e combate ao insucesso escolar
• Apostam na avaliação formativa como reguladora das aprendizagens dos alunos e das estratégias do professor
• Apostam na diversificação dos instrumentos de avaliação, contextualizados em função da diversidade e características dos alunos
• Dão coerência à ação, assegurando que o desempenho da organização escolar vai de encontro aos objetivos contratualizados (evitam decisões erráticas, contraditórias,…)
ESCOLAS, EQUIDADE E LIDERANÇA
Luís Ribeiro/2015
• O PROFESSOR É O ELEMENTO CENTRAL NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS E DO SEU SUCESSO
• NENHUMA ESCOLA NEM NENHUM PROFESSOR TEM O DIREITO DE AFIRMAR A EXCELÊNCIA PELA EXCLUSÃO DOS MAIS FRACOS
• SÓ ALUNOS MOTIVADOS APRENDEM PORQUE SÓ APRENDE QUEM QUER E QUEM SE DISPONIBILIZA PARA TAL E PORQUE APRENDER TEM QUE SER UM PRAZER
• COMPREENDER QUE, NA ESCOLA, ONDE TUDO SE GANHA E PERDE É DENTRO DA SALA DE AULA, E QUE AS MEDIDAS DE APOIO FORA DA SALA SÃO UM “REMÉDIO” POUCO EFICAZ
• A FORMAÇÃO EM CONTEXTO ORGANIZACIONAL, OS PROCESSOS COOPERATIVOS E COLABORATIVOS E A DISCUSSÃO DE PRÁTICAS PERMITEM QUE OS DOCENTES MENOS EFICAZES POSSAM MELHORAR AS SUAS PRÁTICAS EDUCATIVAS
• UM PROCESSO DE SUPERVISÃO DA PRÁTICA DOCENTE CENTRADO NOS ASPETOS FORMATIVOS DA AVALIAÇÃO, PODE MELHORAR AS PRÁTICAS EDUCATIVAS E TRANSFORMAR PRÁTICAS INDIVIDUAIS DE QUALIDADE EM PROCESSOS COLETIVOS
• SÓ LIDERANÇAS TRANSFORMACIONAIS SÃO CAPAZES DE MOBILIZAR OS PROFESSORES E O COMPROMISSO DESTES COM O SUCESSO DOS ALUNOS
• AS ESCOLAS TÊM QUE FAZER DIFERENÇA NA VIDA DE TODOS OS ALUNOS, PARTICULARMENTE DAQUELES ORIUNDOS DE ESTRATOS SOCIOECONÓMICOS MAIS DESFAVORECIDOS, ASSEGURANDO ASSIM UMA VERDADEIRA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES
ALGUMAS CONCLUSÕES
Luís Ribeiro/2015
AS ESCOLAS TÊM QUE ABRIR HORIZONTES, RASGAR JANELAS,
PARA QUE OS ALUNOS OLHEM PARA O MUNDO COM UMA VISÃO MAIS ABRANGENTE
“Porque sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura” Carlos Drummond de Andrade
Luís Ribeiro/2015