Entendimento coletivo
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O DESIGN PARA
UM ENTENDIMENTO COLETIVO
THE DESIGN FOR
AN UNDERSTANDING COLLECTIVE
ASSUNÇÃO, Alexandre V.; Doutor em Educação; Instituto Federal Sul-Rio-Grandense –
IFSul –[email protected]
COITINHO, Manuela A.; Graduanda de Bacharelado em Design – Instituto Federal Sul-Rio-
Grandense – [email protected]
RESUMO
Este artigo tem por finalidade fazer reflexões sobre o Design Instrucional aplicado ao sistema
educacional baseado nas plataformas dos AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Considerando a semiótica como fator fundamental nas estratégias para a produção de
material, também será vista a importância dos estudos dentro das teorias psicológicas e de
aprendizagem na a formatação desses sistemas para que sejam utilizados num entendimento
coletivo.
PALAVRAS-CHAVE: Design instrucional; Educação à distância; Inteligências múltiplas;
Conectivismo.
Abstract
This article has to make reflections on the Instructional Design applied to the educational
system based on the platforms of VLE - Virtual Learning Environment. Condsidering
semiotics as a fundamental factor in the strategies for the production of material, will also be
seen in studies of the importance of psychological theories and learning in the formatting of
these systems to be used in a collective understanding.
KEYWORDS: Design instructional Distance Education, Multiple Intelligences; Connectivism.
Percepção e Cognição – Bacharelado em Design – IFSul
INTRODUÇÃO
Para questões pedagógicas como de onde vem o conhecimento há respostas óbvias e
tradicionais – estudando em boas escolas, com bons professores. (ASSMANN, 2001) Hoje, o
avanço das tecnologias e das teorias comportamentais viabilizam discussões importantes
sobre o estudo das teorias de aprendizagem enquanto desenvolvedoras de sistemas efetivos
para o entendimento comum de variadas temáticas.
Numa análise superficial, se entende que o ato de aprender num mundo globalizado se dá pela
constante troca e aglutinação de conhecimentos, sendo de primordial importância o estudo de
teorias cognitivas, sendo evidente que o conhecimento adquirido ocorre não só por meios
institucionais como, também, por meio de redes de informações. (ARAÚJO, 2010; CTAE, ?)
Neste artigo, será feita uma reflexão do modo como o design instrucionalcomo uma nova
forma da aprendizagem, pode influenciar na cognição de um coletivo humano, com base em
teorias e estudos de semióticado filósofo Charles Pierce eem teorias de aprendizagemdo
psicólogoLev Vygotsky.
O DESIGN INSTRUCIONAL
Históricamente tem-se que as primeiras manifestações do DI (Design Instrucional) ocorreram
durante a Segunda Guerra Mundial ao existir a necessidade de treinamento de batalhões de
soldados no manejo de armas julgadas sofisticadas através de mídias instrutivas
desenvolvidas com base em filmes de grande sucesso à época. Entre as décadas de 1960 e
1970 surgiram os primeiros modelos de DI e, em 1980 os computadores, junto com seus
produtos multimídias, facilitaram sua implantação nos modos não-oficiais de ensino até então.
Já nas décadas de 1940 e 1960, a psicologia comportamental influenciou as teorias nas quais o
DI está alicerçado pois considera que a aprendizagem não é somente compreendida, mas
controlada por meio de instrução programada. Como participante das ciências da informação,
o DI encontra seu vértice na comunicação por conseguir trabalhar com uma informação
dentro de um ambiente tecnológico. (BATISTA, 2008)
A INFLUÊNCIA DA SEMIÓTICA
Sendo a ação signa uma atividade evolutiva onde um signo se transforma em outro num
sistema organizado de informações, Charles Pierce terceirizou conceitos de signo que
priorizassem o processo evolutivo do significado, evidenciando a fenomenologia desse
Percepção e Cognição – Bacharelado em Design – IFSul
processo. Dessa maneira, Pierce estabeleceu perspectivas e fundamentações teóricas para o
estudo da aquisição do conhecimento humano. (CORREIA, 2009)
O conhecimento, segundo Pierce, é construído em função dos componentes que integram o
processo de comunicação. Para que o impacto e a interação da informação com o receptor seja
eficaz e de qualidade, devem ser considerados pontos importantes no processo de formação de
conteúdo, dentre os quais está o estudo da semiótica, que alicerça o desenvolvimento de
simbolismos eficientes e coesos. (MAGER, 2010)
Nesse momento, os estudos sobre semiótica de Pierce se relacionam com a Teoria da Gestalt,
da qual nos baseamos na ideia de que a instrução é fundamentada nas leis da organização
gestalticas.Não cabe aqui discutir as ideias de Werthimeir¹, mas é importante salientar essa
relação entre as duas teorias já que se referem ao entendimento cognitivo por meio de formas,
principalmente no DI, quando a escolha correta de um signos define o sucesso ou o fracasso
de um projeto.
“As ações de percepção consideram principalmente o aspecto visual,
fundamentado na capacidade, facilidade e rapidez na captação,
decodificação e compreensão da informação pelo usuário-receptor, em
sua relação com o signo e com o entorno no qual o signo se destaca.”
(BATISTA, 2008)
No mundo digital, principalmente no que tange o DI, é importante que se tenha uma
padronagem de formatação textual, bem como iconológica. É provável que a eficácia de um
produto instrucional dentro do sistema educacional virtual somente aconteça totalmente
quando tal ponto for abordado na construção do produto, desde o princípio das discussões que
o permeiam.
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Um sistema de informações é um eficiente gerador de conhecimento quando, ali, há o papel
ativo de agentes cognitivos²; toda informação pode ser classificada e analisada, processada e
refletida de maneiras diferentes para que seja configurado um conhecimento. (ASSMANN,
2001, p. 149)
Segundo Vygotsky (apud Rabello; PASSOS; ?), o desenvolvimento humano está ligado à
aprendizagem e ao amadurecimento do mesmo, até o momento em que esses pontos se
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fundam em uma nova forma de comportamento.A espécie humana poderia ser caracterizada
pela capacidade de utilizar ferramentas criadoras de cultura, elementos que determinam o que
devemos aprender e o tipo de habilidades que precisamos desenvolver – a partir do
aprendizado de um conjunto de símbolos é que surge o pensamento. (AZAMBUJA;
ARENDT; 2008)
É importante que se compreenda como os indivíduos controlam os sistemas significantes
pertinentes ao seu desenvolvimento cognitivo e como ocorre a decodificação desses sistemas,
bem como seu reprocessamento. Assim, a aprendizagem é acumulada sob a forma de
conteúdos cognitivos, sendo a responsável por sustentar a comunicação do homem com o
mundo (AZAMBUJA; ARENDT; 2008), sendo importante conhecer o fenômeno que é o
estudo da inteligência coletiva: todos os dados transformam-se em hipertextos³,
desaparecendo o texto, o conceito. (ASSMANN, 2001, p. 161)
“No sentido mais tradicional do conceito, fala-se de inteligência
coletiva (ou termos similares) quando um grupo social consegue
enfrentar e resolver problemas de forma da qual nenhum agente
isolado seria capaz.” (ASSMANN, 2001, p. 160)
Considerando a interação como a base do processo comunicativoe percebendo o
desenvolvimento cognitivo humano alicerçado nas interações e na linguagem, é constatada
uma relação das formas de contato do indivíduo com mundo externo e o plano das
organizações internas do conhecimento (organização cognitiva) onde as transformações no
mundo contemporâneo exigem mudanças nos conceitos de sujeito, sociedade e sua
interrelação.
“Interação social é a origem e o motor da aprendizagem e do
desenvolvimento intelectual.” – Teoria Sócio-interativista
de Vygotsky
(BATISTA, 2008)
Talvez mais do que os recursos disponíveis que facilitam a aprendizagem, essa interrelação
seja o que promova o desenvolvimento de habilidades e a educação, pois são processos
presenciais que exigem troca e cooperação, mesmo que os sujeitos estejam à distancia. Assim,
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a presença virtual de um significa a presença virtual do outro, à medida que os espaços se
tornam redes de aprendizagem onde os sujeitos aprendem, cooperam e aprendem juntos.
Não podemos negar que as tecnologias se desenvolvem rapidamente e que é necessária nossa
adaptação à essa realidade de novos métodos de aprendizagem, sendo a avaliação e o
reconhecimento das conexões e padrões adquiridos extremamente importantes; isso permite
comportamentos de aprendizagem com diferentes potencialidades.
O conceito da inteligência coletiva foi criado a partir de alguns debates relacionados às TICs4
– Tecnologias de Informação e Comunicação – teorizando o DI. Caracteriza-se por uma nova
forma depensamento que se sustenta através de conexões sociais viabilizadas pela utilização
das redes abertas deinternet para as plataformas AVA5. Essas tecnologias da inteligência são
representadas pelas linguagens, por sistemas de signos, por recursos lógicos e pelos
instrumentos dos quais nos servimos. Segundo o filósofo e sociólogo criador do conceito de
inteligência coletiva, Pierre Lévy6, os seres humanos não são capazes de pensar sozinhos e
sem a ajuda quaisquer ferramentas. Assim, a inteligência coletiva é uma forma de
compartilhamento de pensamentos e conhecimentos com a utilização de recursos mecânicos
como a internet, por exemplo.
CONSIDERAÇÕES
Dentro de um processo educacional, o design surge com ideias inovadoras dentro das
necessidades do usuário de um produto final que, nesse caso, são as plataformas AVA
aplicadas com as TICs.
O DI, apesar de ligado diretamente com aspectos de funcionamento do produto – o AVA –,
não está colocado em meros aspectos visuais e abstratos mas se comporta como uma
“articulação entre forma e função, a fim de que cumpramos objetivos educacionais propostos”
(Batista, 2008).
Deve-se considerar muitos fatores culturais e regionais, estéticos-formais para que sejam
desenvolvidos processos de aprendizagem eficazes para o entendimento de um maior número
de usuários e, para tanto, basear-se numa instrução dentro das leis da organização visual
facilita a experiência do usuário.
Nesse aspecto é importante saber que o conhecimento humano não se faz somente individual
mas, igualmente, em conjunto. Um projeto bem estruturado, com a existência de padrões
visuais e, também, linguísticos, fomentam o processo cognitivo ao qual o usuário se submete,
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possibilitando a troca de informações pertinentes a outros membros/usuários do mesmo
ambiente.
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NOTAS
¹Max Werthimeir:um dos fundadores da Teoria da Gestalt juntamente com Kurt
Koffka e Wolfgang Köhler.
²Agente Cognitivo: indivíduo que, ao mesmo tempo, recebe, classifica, analisa, processa e
constrói ou reconstrói o conhecimento – há somente um receptor, não há um conhecimento.
³Hipertextos:termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros
conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso
se dá através de referências específica.4TIC:Tecnologias da Informação e Comunicação - correspondem a todas as tecnologias que
interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos dos seres.5AVA: softwares que auxiliam na montagem de cursos acessíveis pela Internet. Elaborado
para ajudar os professores no gerenciamento de conteúdos para seus alunos e na
administração do curso, permite acompanhar constantemente o progresso dos estudantes.
Como ferramenta para EAD, são usados para complementar aulas presenciais.
Ex: Moodle, SOLAR, TelEduc etc.6Pierre Lévy:filósofo da informação que sugeriu uma conceituação para a teoria da
inteligência coletiva a partir de seus estudos sobre a interação entre a Internet e a sociedade.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Isabel Maria T. M. V. Araújo.Será possível dissociar o conectivismo do contexto
do ensino superior actualmente?IndagatioDidactica, v. 2, 2010
ASSMANN, Hugo. Aprender na era das redes: Glossário de conceitos. 5 ed. Petrópolis:
Vozes, 2001.
ASSMANN, Hugo. Reencantara educação: rumo à sociedade aprendente – Com um
glossário de conceitos. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
Percepção e Cognição – Bacharelado em Design – IFSul
AZAMBUJA, Patrícia; ARENDT, Ronald J. J. Abordagem Cognitiva para Interfaces na
Era Digital: anotações sobre uma transformação social. Intercom, 2008.
BATISTA, Márcia Luiza F. S. Design instrucional: uma abordagem do design gráfico
para o desenvolvimento de ferramentas de suporte à Educação a Distância. Bauru:
FAAC/UNESP, 2008. Dissertação (Mestrado em Design), Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2008.
CORREIA, Claudio Manoel de C. Fundamentos da Semiótica Pierceana. Rio de Janeiro:
CiFEFiL, 2009.
CTAE. Conectivismo. (http://www5.fgv.br/ctae/publicacoes/Ning/Publicacoes/00-
Artigos/Conectivismo/Artigo_Conectivismo_impressao.html) Acesso em 23 ago. 2012.
EDUTECH. O que é Design Instrucional? (http://www.edutech.org.br/design.htm) Acesso em
17 out. 2012.
FILATRO, Andrea. Design Instrucional Contextualizado.
(http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2004/06/16/504800/esign-instrucional-
contextualizado.html) Acesso em 17 out. 2012.
HAMZE, Amélia. Inteligência coletiva. (http://educador.brasilescola.com/trabalho-
docente/inteligencia-coletiva.htm) Acesso em 16 out. 2012.
MAGER, Gabriela B. A Relação entre Semiótica e Design. Doutora em Design – PUC – Rio
de Janeiro, 2010.
RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano.
(http://www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf) Acesso em: 16 de nov.2012.