Ensino aprendizagem de história

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aprendizagem de História: Planejando o processo UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA, MAIO DE 2015 PROFESSOR ANDRÉ AUGUSTO DA FONSECA [email protected]

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Ensino-aprendizagem de História: Planejando o processo UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA, MAIO DE 2015

PROFESSOR ANDRÉ AUGUSTO DA FONSECA

[email protected]

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Como começar? Começar uma aula jogando informações sobre a cabeça dos alunos é

a prática usual nas escolas, mas não faz nenhum sentido. Os alunos

simplesmente não compreendem POR QUE precisam estudar isso.

O que os faraós do Egito tem a ver com seus problemas diários?

Qual a relação entre os nomes das capitanias hereditárias do

século XVI e a “formação de cidadãos críticos e participativos”?

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Como começar? Os PCNs e a legislação educacional, toda o conhecimento científico acumulado sobre educação e mesmo o simples bom senso tem sido jogados no lixo.

Com frequência, a prática escolar tem sido alienada e alienante, contrariando tudo o que aprendemos na Licenciatura!

Não estamos na escola para formar pequenos historiadores, mas para formar cidadãos.

Há problemas urgentes que exigem compreensão aprofundada e histórica e debate organizado. Se não fizermos isso, demagogos vão criar uma inifinidade de novas disciplinas como “Educação Para o Trânsito”, “Aulas sobre Drogas”, “Sustentabilidade” etc., como se esses temas não pudessem ser tratados nas disciplinas existentes.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Os conteúdos tradicionais podem ser tratados de

duas formas:

De forma alienada, rotineira, como fins em si mesmos, em

grande quantidade, de forma expositiva, sem

sentido e sem aprendizagem alguma (conteudismo). Alunos

passivos e desinteressados.

OU

Selecionando-se uma pequena quantidade de

temas que SIRVAM como meios para compreender a

sociedade e o mundo em que vivemos, tendo

como PONTO DE PARTIDA problemas atuais vividos pelos

alunos direta ou indiretamente.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Veja um exemplo do que acontece quando começamos pelos conteúdos (como se faz usualmente, em um ensino alienado com alunos passivos):

“Conteúdos: Causas da Revolução Industrial. Primeira Revolução Industrial (revolução do ferro e do carvão). Capitalismo liberal. Segunda Revolução Industrial (revolução do aço e do petróleo). Capitalismo monopolista. Consequências da revolução industrial.”

“Objetivos: Compreender a Revolução Industrial. Estudar as consequências da Revolução Industrial. Analisar as consequências da Revolução Industrial.”

Veja bem: para que redigir objetivos e conteúdos se eles são a mesma coisa? Isso já mostra que se começou de forma errada. É um ensino fechado em si mesmo, alienado.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Assim, mesmo que você se sinta na obrigação de tratar de temas tradicionais de Pré-História, Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, selecione e recorte conteúdos relevantes para que os alunos compreendam melhor o mundo em que vivem.

Lembre-se: o livro didático TAMBÉM é um recorte. Seus autores também fizeram uma seleção. Melhor aprender significativamente a história do que receber milhares de informações irrelevantes que serão esquecidas logo a seguir.

Quem está no controle? Você ou o autor do livro didático?

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O que diz TODA A LITERATURA ESPECIALIZADA?

O processo de ensino-aprendizagem deve ter a PRÁTICA SOCIAL como ponto de

partida e ponto de chegada.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Ao começar um PLANO DE ENSINO E APRENDIZAGEM, você precisa

fazer uma reflexão ou problematização. Ensinar de forma alienada

não leva a lugar algum, mas também não exige reflexão. Ensinar de

forma efetiva e emancipatória exige PARAR PARA PENSAR sobre as

capacidades e as necessidades dos alunos. É isso que permitirá

definir os objetivos e, DEPOIS, selecionar os conteúdos.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Basta fazer um teste rápido: O que te ensinaram em oito anos de escola serve agora para compreender a fundo o que significou a ditadura e quais classes sociais se beneficiaram dela? Ajudou a compreender os problemas de nossa democracia? Contribuiu para você entender a situação da América Latina, a crise econômica mundial iniciada em 2008, o conflito no Oriente Médio, a violência urbana e no campo no Brasil? Você chegou à faculdade sabendo preparar seminários, analisar criticamente textos argumentativos e interpretar as intenções do autor, redigir resumos e organizar seu estudo?

Se a resposta a todas essas questões for SIM, ótimo! Pode imitar os professores que teve. Se NÃO, você precisa romper com a forma de ensinar que conheceu.

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Como começar? Reflita e desaliene-sePARA QUE OS ALUNOS COMPREENDAM...

Desigualdade social/ miséria

Corrupção

Violência contra a mulher

Discriminação/ intolerância religiosa

Racismo

ESTUDEM CONTEÚDOS COMO:

Pré-História; diferentes relações de trabalho

Fim da Ditadura e transição (1974-1992); República Velha (1889-1930)

mulher no Brasil Colonial; mulher na Idade Média (Joana D’Arc. Perseguição às Bruxas)

nascimento do Cristianismo; Cruzadas; Islamismo; heresias medievais

escravidão antiga e moderna e tráfico negreiro; Colonialismo; Apartheid; nazismo

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Como começar? Reflita e desaliene-seINVERSAMENTE, SE PRECISAMOS TRABALHAR ESTES CONTEÚDOS...

Guerra Fria

Roma Antiga

Brasil Império

...QUE ELES SIRVAM PARA COMPREENDER COISAS COMO:

compreender características do capitalismo e do socialismo “real”; conceitos de democracia e ditadura; problemas da democracia atual

lutas de grupos oprimidos contra grupos dominantes (ex. luta pela Reforma Agrária); clientelismo; liberdade religiosa x discriminação religiosa; diferentes tipos de relação de trabalho

como se “fabrica” uma nação e seus cidadãos

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Por acaso os alunos já chegam motivados para QUERER aprender História (ou qualquer outra disciplina escolar)? Pode crer, eles não saem de casa “loucos de vontade” de decorar datas e nomes de reis e generais mortos há 500 anos.

Podemos no entanto conquistá-los, prender sua atenção e mobilizar energias incríveis dos alunos tomando como PONTO DE PARTIDA questões que tem impacto sobre eles.

Se fizermos isso, os alunos realmente sentirão a necessidade e terão interesse em compreender processos e conceitos históricos. São os Conteúdos Conceituais.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Os alunos já nascem sabendo fazer resumos, seminários? Já

dominam técnicas de estudo antes de chegar à escola? Acredite:

por incrível que pareça, eles não nascem sabendo fazer essas

coisas.

Precisamos ensiná-los. Esses são os Conteúdos Procedimentais.

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Como começar? Reflita e desaliene-se

Os alunos já vem de casa com as atitudes necessárias ao convívio democrático,

como a empatia, a cooperação, o respeito, a preferência pelo diálogo?

SURPRESA: não, eles não desenvolvem isso naturalmente, como os pelos que

aparecem na puberdade. Pelo contrário, vivendo em uma sociedade marcada

pelo fenômeno da alienação, é comum que cheguem à escola com atitudes

contrárias ao convívio democrático. Precisamos ensinar. São os Conteúdos

Atitudinais.

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As relações entre as partes do plano

Se eu começo com os conteúdos, eles se tornam os

objetivos.

O que são os meios e o que são os fins?

Síncrese, análise e síntese

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Síncrese – as ideias iniciais dos alunos

Conhecimentos prévios

Possuem coerência do ponto de vista do aluno, não do da

ciênciaSão estáveis e resistentes à

mudança

Procuram a UTILIDADE, mais do que a verdade

São implícitos, não explícitos

São compartilhados por outras pessoas (senso

comum)

São construções pessoais

(espontâneas)

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Avaliação: não complique! Se realmente queremos superar a avaliação terminal e praticar uma avaliação realmente

contínua e promotora, integrada ao processo de ensino e aprendizagem, só precisamos

planejar em que momentos iremos privilegiar a coleta e/ou observação da produção dos

alunos para saber o quanto eles atingiram ou não os objetivos do início do plano. TEMOS

DE AVALIAR SE CADA UM DOS OBJETIVOS FOI ATINGIDO. Assim deveria ser em qualquer

planejamento.

Temos insistido nisso, pois o processo avaliativo na prática escolar frequentemente

contraria todo o bom senso, esquecendo os objetivos.

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Avaliação: não complique! No entanto, a maioria dos estudantes da licenciatura continua escrevendo uma “frase-padrão” na parte do plano sobre avaliação, ignorando os objetivos:

“A avaliação será de forma contínua: através da participação individual do aluno durante as discussões e explicações, na criatividade da atividade proposta (produção de texto), nas apresentações em grupos com domínio de conteúdo e posturas”. Mas como se faz então essa avaliação “contínua”?Como se avalia “participação”, se mesmo no ensino superior apenas 10% da turma faz perguntas, opina, arrisca hipóteses? Zero para 90% da turma?Como se avalia essa “criatividade”? Que “posturas” são avaliadas e como? Por que isso não estava previsto nos objetivos?

No fim das contas, só se avalia conteúdo, pois ele mesmo era o objetivo.