Enemas de Limpeza
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Enemas de limpeza
Escola Superior de Enfermagem Cidade do PortoEstágio de Ensino Clínico Hospitalar
Serviço de Cirurgia B – Hospital Pedro Hispano
DefiniçãoConsiste em instilar uma solução líquida desde a ampola rectal até ao cólon descendente com a finalidade de promover a evacuação pela estimulação da peristalse
O volume do líquido instilado fracciona a massa fecal, distende a parede do recto e inicia o reflexo da defecação
ObjectivosAliviar a obstipação, distensão e desconforto abdominal
Limpar o intestinoFavorecer uma intervenção (cirurgia, parto, exames auxiliares de diagnóstico) de boa qualidade
Reduzir o risco de infecção durante uma intervenção
Preceder outros tipos de enema
Iniciar um programa de treino intestinal
Contra-indicações
Dores abdominais acompanhadas de febre (sintoma de apendicite, suspeita de peritonite)
Perfuração intestinal
Oclusão
Traumatismo abdominal
Hemorragia intestinal
Gravidez
Contra-indicações
Intervenções cirúrgicas recentes no local
Patologia cardíaca
Patologia renal
É preferível não realizar um enema quando há fístulas anais, rectocolite, hemorrágica e hemorróidas
Levantamento de dados
Verificar a prescrição médica que deve incluir o tipo de solução a instilar (água, óleo, solução isotónica, medicamento, etc), o volume, a temperatura do líquido e a pressão da administração (altura do saco de irrigação relativamente ao ânus do doente)
Verificar a data da última evacuação do doente e questionar o doente quanto ao padrão de evacuação normal
Levantamento de dados
Verificar sinais de obstipação (p. ex. dor e distensão abdominal)
Auscultar os sons intestinais
Inspeccionar as condições da área perianal (p. ex. presença de ulcerações, hemorróidas e escoriações)
Levantamento de dados
Avaliar os sinais vitais antes e após o enema
Despistar antecedentes que contra-indiquem a realização deste procedimento (p. ex. problemas cardíacos)
Verificar se o doente toma medicação que possa diminuir o peristaltismo (p. ex. narcóticos)
Volume de solução, temperatura e
pressão/velocidade da soluçãoVariável de acordo com a idade, a
estrutura física da pessoa e a finalidade do enema
Em geral, no adulto, o enema é feito com 0,5L a 1L de solução
Solução tépida: de 37 a 40º C
Geralmente, o enema deve ser administrado a baixa pressão, cerca de 45 a 60cm acima do nível da cama/maca
Tipos de soluções
Os enemas de limpeza utilizam soluções hipotónicas, isotónicas ou hipertónicas para distender o intestino e induzir a defecação
Cada solução exerce um efeito osmótico diferente influenciando o movimento dos líquidos entre o cólon e os espaços intesticiais através da parede intestinal
Tipos de soluções
Solução hipotónica
Solução isotónica
Solução hipertónica
Tipos de soluções
Solução Quantidade Mecanismo de acção
Água comum 500 a 1000 ml Distende o recto e hidrata as fezes
Solução salina normal
500 a 1000 ml Distende o recto e hidrata as fezes. É a mais segura devido à sua isotonicidade
Glicerina e água 500 a 1000 ml Distende o recto, hidrata as fezes e irrita o tecido local
Solução salina hipertónica
120 ml Irrita o tecido local
Óleo mineral, de oliva ou de semente de algodão
120 a 180 ml Lubrifica e amacia as fezes
Informação e educação do doente
antes do procedimentoExplicar ao doente em que consiste o
procedimento
Explicar ao doente como pode colaborar
Promover o relaxamento do doente
Advertir o doente para efeitos comuns dos enemas (ex. distensão abdominal)
Advertir o doente para possíveis complicações que deve comunicar ao enfermeiro (ex. cólicas)
Prevenir o doente de que poderá não defecar nos próximos dois dias devido ao esvaziamento do intestino
Consentimento informado do doente
PosicionamentoSIMS - decúbito lateral esquerdo (alguns autores referem a posição joelho-toráx)
Permite a acção da gravidade e a introdução de maior quantidade de solução
MaterialTabuleiro
Irrigador e sistema
Suporte de soro
Sonda rectal (22 a 30 Fr)
Lubrificante hidrossolúvel
Jarro com a solução indicada
Termómetro
Compressas
Luvas irrecuperáveis
Resguardo impermeável descartável
Aparadeira
Material para higiene
ProcedimentoLevantamento de dadosObter o consentimento informado do doentePedir ao doente para urinarAvaliar sinais vitais e da região abdominalPreparar a solução prescrita e o restante material necessárioLavar as mãos e levar para junto do doente todo o materialPreparar o irrigador, adaptar a tubuladura, verter a solução para dentro do irrigador, preencher o sistema e fechar a torneiraPosicionar o doenteProporcionar privacidade, cobrindo o doente de maneira a somente os glúteos ficarem expostos
ProcedimentoColocar o resguardo debaixo da região nadegueira para proteger a cama/maca
Verificar a temperatura da solução
Regular a altura do suporte de soros
Colocar a aparadeira em local de fácil alcance
Lavar as mãos e colocar luvas
Lubrificar a extremidade distal da sonda (cerca de 10 cm)
Afastar as nádegas com a mão não-dominante, de modo a que o ânus fique bem visível
ProcedimentoSolicitar ao doente para que respire profundamente e durante a expiração introduzir a sonda com movimentos rotativos em direcção ao umbigo cerca de 7,5 a 10 cm e segurar nessa posição com a mão dominante
Abrir a torneira e ir avaliando a reacção do doente
ProcedimentoAdministrar toda a solução ou a quantidade que o doente tolerar
Fechar de imediato a torneira
Lentamente remover a sonda rectal com movimentos rotativos, mantendo os glúteos aproximados e pedir ao doente para contrair as nádegas
Lembrar o doente que deve reter a solução cerca de 15 min, se conseguir
Reposicionar o doente e fazer higiene perineal se necessário
ProcedimentoArrumar o material e lavar as mãos
Reavaliar os sinais vitais
Colocar a campainha de chamada ao alcance do doente e a aparadeira junto do mesmo / ajudar o doente a ir ao WC. Caso o doente seja independente, solicitar-lhe para depois de ir ao WC não descarregar o autoclismo
Observar as características das fezes e auxiliar o doente na higiene perineal se necessário
Reavaliar a região abdominal
RegistosHora de realização
Tipo e quantidade de solução usada
Cor, consistência e quantidade de fezes eliminadas / líquido de retorno
Condições do ânus e área adjacente
Sinais vitais antes e após o enema
Descrição de reacções adversas durante o enema
RegistosAvaliação abdominal antes e depois do enema
Presença de desconforto antes, durante e após o enema
Reacção do doente (verbal e não-verbal)
Tempo de retenção da solução
Se for enema de limpeza para exames auxiliares de diagnóstico ou para preparação cirúrgica, referir se a última solução administrada saiu limpa
Ensinos realizados ao doente
ComplicaçõesIrritação da mucosa rectal ou lesões do intestino
Cólicas abdominais
Estimulação vagal que pode originar síncope ou paragem cardíaca
Alterações hídroelectrolíticas
Dependência psicológica
Retenção do enema
Educação para a saúde após o procedimento
Hábitos nocivos no que diz respeito à eliminação intestinal
Hábitos que promovem uma eliminação intestinal regular
Critérios de qualidade e
eficáciaAusência de dor
Boa tolerância ao enema
Respeito pelo tempo necessário para que o enema seja eficaz
Expulsão de matéria fecal
Última solução administrada sair limpa
Outros Tipos de Enemas
Enema medicamentoso
Enema alimentício
Enema de contraste
Enema de refluxo
Enema sedante
Enema emoliente
Enema carminativo
Enema astrigente/vasoconstritor
Enema antihelmíntico
BibliografiaWIECK, Lynn; KING, Eunice; DYER, Marilyn – Técnicas de Enfermeria: Manual ilustrado. 3ª Ed. México: Interamericana, 1988.
ATKINSON, Leslie; MURRAY, Mary – Fundamentos de Enfermagem: Introdução ao processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
SANTOS, Catarina; SANTOS, José – Clister de limpeza. “Revista Sinais Vitais”. Coimbra. N.º4 (Ago1995), p.15-16
CAMPOS, Ana [et al] – Manual de normas e procedimentos técnicos de Enfermagem. Lisboa: Igif, 2001
PAUCHET-TRAVERSAT [et al] – Cuidados de Enfermagem: Fichas técnicas. 3ª Ed. Loures: Lusociência – Edições técnicas e científicas, 2003
SORRENTINO, Sheila – Enfermeria práctica. 3ª ED. Madrid, 1994.
SWEARINGEN, Pamela; HOWARD, Cheri – Atlas fotográfico de procedimentos de Enfermagem. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001
SMITH-TEMPLE, Jean; JOHNSON, Joyce – Guia para procedimentos de enfermagem. Porto Alegre: ArtMed, 2000
GAS, Beverly – Enfermagem Prática. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988
BibliografiaPOTTER, Patricia; PERRY, Anne – Grande tratado de Enfermagem Prática: Clínica e prática hospitalar. São Paulo: Livraria Santos, 1996
POTTER, Patricia; PERRY, Anne – Fundamentos de Enfermagem: conceitos, processo e prática – Vol.2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999
POTTER, Patricia; PERRY, Anne – Técnicas y procedimientos basicos. Madrid: Harcout Brace, 1998
TIMBY, Barbara – Conceitos e habilidades fundamentais no atendimento de Enfermagem. 6ª Ed. Porto Alegre: ArtMed, 2001.
SORENSE; LUCKMANN – Enfermagem fundamental: Abordagem psicofisiológica. 1ª Ed.Lisboa: Lusodidacta, 1998.
ARAÚJO, Maria – Técnicas fundamentais de enfermagem. Rio de Janeiro: M.J. Bezerra de Araújo Editora Ltda, 1993
DORTA, Carolina - Administracion de un enema de limpieza. “Atencion Primaria en la red” in http://www.fisterra.com
Clister de limpeza - Norma 4, Cap IV - Hospital de Pedro Hispano
“Auxiliar de Enfermeria – dicionario de Terminos” in: http://users.servicios.retecal.es/chago2/letra_e.htm