Encarte do CD ALMA WELT

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poemas de Alma Welt João Roquer e Guilherme de Faria cantam

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Encarte do CD João Roque e Guilherme de Faria cantam poemas de Alma Welt

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poemas de Alma Welt

João Roquer e Guilherme de Faria cantam

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CANÇÕES DE ALMA WELTPoemas de Alma Welt musicados e cantados por João Roquer e Guilherme de Faria

Alma Welt (1972-2007)Novo Hamburgo, RGS - Estância Sta Gertrudes, Pampa riograndense. “Alma do Mundo”, este é o significado do nome da grande poetisa gaúcha pampiana que faleceu pre-matura e misteriosamente aos 35 anos em 20/01/2007, no auge de seu talento e beleza. Alma Welt é um heterônimo de Guilherme de Faria que a “descobriu” em 13 de Janeiro de 2001, em seu “auto exílio” em São Paulo. O artista vem se dedicando à divulgação de sua profícua obra desde então. Alma Welt se tornou uma autora “cult” na Internet, através de 44 blogs póstumos de sua imensa obra (só de sonetos são mais de 2.000, todos publicados na rede).

João RoquerSão Paulo, leste / oeste, Brasil

João Roquer é músico, compositor e graduando no curso de Letras na Universidade de São Paulo, onde desenvolve suas pesquisas na área de música, literatura, cultura e comunicação. É membro do diretório de grupos de pesquisa no Brasil - cnpq- CELACC- Centro de Estudos Latinoamericanos sobre Cultura e Comunicação, na Escola de Comunicações e Artes. Conheceu os poemas de Alma Welt em 2007 e logo arriscou uma primeira composição. Então musicou “Quando volto ao casarão”; foi quando o Guil-herme de Faria ficou aliviado e disse: “vamos gravar um disco!”.

Guilherme de FariaSão Paulo, capital 1942

Renomado pintor, desenhista gravador, escritor, poeta, cordelista e declamador paulista. “Recebeu“ em 2001 a obra da poetisa Alma Welt e a lançou, prefaciou e ilustrou. Duas das composições deste CD são parcerias suas com a Alma.

Quando Volto ao Casarão(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de Faria)

Quando volto ao casarão após a lidaÉ que passo a ter do mundo um panorama,A olhar a vida aqui da minha camaE sentir a minha alma agradecida.

A vista do jardim... além, o pampa,Eis a minha verdade, ah! o pomar,O bosque, a cascata, ali a rampaQue leva até o vinhedo e o lagar!

O ser humano, eu vejo, se debatePerplexo, na vida e no mundoProcurando a superfície e não o fundo,

E percebo que o homem só suportaO rumor e agitação, sem que se farte,Pelas paredes, quatro, além da porta...

Pelos Caminhos da Noite (Alma Welt/ João Roquer/

Guilherme de Faria)

Pelos caminhos da noiteque já conheço tão bem

sem que tema nem me afoitecaminho como ninguém

O poema é meu guiae a lua farol brilhante

Meu corpo é a cotoviaque por sua luz se adiante

Ah! minha lua faroleiraque giras sobre este marque só tem sua fronteira

se mil porteiras fechar

Navego por entre coxilhascomo as ondas desse mar

Ah! encantadas ilhasdo meu doido navegar!

Lua, lua me carreguejá começo a me alçar

Estou nua estou entregueao teu fio de enredar

és a aranha da noiteem tua teia estelar...

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João Roquer

Timbre de Acalanto(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de

Faria)

Quero ter o timbre de um acalanto

para o meu amorquando se deitar

cansadoa mais doce melodia

brotará dos meus gestosquando ele cerrar os olhos

nos meus braçosseguro do meu amor

poderá sem medoadormecer

Canto da Lua Pálida(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de Faria)

Vaga a vaga lua após as chuvas No meu pampa como barca solitária,Nave fantasma, revolta e passionária Em farrapos sobre mar das minhas uvas.

Então saio pro jardim, vou ao vinhedoAo encontro da nave que me animaA deixar-me lunar em seu segredoPara saber o fim que me destina

Pois com meus alvos braços estendidosPara o alto clamo a indagaçãoDe quais os meus sinais e seus sentidos

E antes que a clareza se me esvaia,Meus joelhos dobram e vou ao chãoEnquanto a lua pálida desmaia.

A carruagem(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de Faria)

Um piano toca no salão!Ah! e não fui eu que coloqueiUm CD ou um velho long play,Talvez seja o Vati, e então...

Ele voltou! Sim, ele me quer!Vou ao seu encontro e sou mulher!Sim, ele vai ver agora souPelo menos a guria que sonhou.

Olha, Vati, há muito não me vias,Mas de verso em verso muito erreiPelo mundo, a viajante que querias...

E agora, com toda esta bagagem,Leva-me contigo que eu ireiQuietinha, assim, na carruagem!

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Guilherme de Faria em 1968 foto de Regastein Rocha

Quisera um Jardim(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme

de Faria)

Quisera um jardimsob um balcão

até onde a vistaencontra

o muro necessárioà mesma vista

repletaa braçada de flores

que então cheganuma manhã qualquer

com um cartãofugaz

e a escriturapelo apuro

desfaz cor e textura

ao próprio muro

Outra Canção de Lua (Alma Welt/ João Roquer/

Guilherme de Faria)

A Lua veio à noite me acordarE pela minha janela ouvi seu canto

A falar de uma noiva toda em prantoCoisa estranha de eu mesma acreditar

Pois não sonho mais tal condiçãoE um maior destino vislumbreiQue do Poeta assumi a solidão,

A chave do palácio que herdarei.

Se a prenda em mim ainda existe,Lamenta e chora a produzir um rio, Minha alma de poeta mais resiste...

E respondo à Lua em seu convite:Vai! Que tenho eu com teu delírio,

Teus sonhos, teus encantos e teu frio?

Lua de Yupanqui *(Alma Welt/ João Roquer/

Guilherme de Faria)

Também a ti cantarei pois cantar, lua, não manque

quem te pudera cantardepois do "gáltcho" Yupanqui*

quem te soubera encontrarem meio a névoas de sangue

de tanto tanto buscarem caminhadas de mangue,

as tuas sendas no ar.

*Nota:Esta é uma homenagem ao grande compositor

argentino Athaualpa Yupanqui, autor de Luna Tucumana

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Detalhe de “Alma Welt ao espelho”, de Guilherme de Faria

A Barca da Lua (Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de Faria)

Lua do meu pampa, remadoraQue me chamas nas noites de verãoPela minha janela tentadoraPor onde fujo descendo até o chão

Pelos galhos da minha amoreiraQue plantei, criança muito esperta Pois já tramava escapar de minha cobertaE vagar pelo jardim qual feiticeira

Co'a varinha acendendo os pirilampos,Brincando com os sonhos e a magiaQue sempre habitaram nestes campos.

Lua, promete, me arrebateAo olho fatal que, sei, me espia,E conduze-me em teu barco ao Grande Vate!

O volátil real(Alma Welt/ João Roquer/ Guilherme de Faria) Estou correndo o risco de viverA vida de soneto em sonetoPois somente neles posso verA mim e meus fantasmas, como um gueto.

Tenho em volta a mim tanta beleza,Este pampa, a pradaria, os animais,E já não consigo ter certezaSe são apenas versos ou reais.

Está faltando o senso do palpável,Ou da tênue fronteira do real,E temo já nem parecer saudável

Pois sinto que me olham já de esguelha,E faço com o Rôdo uma parelhaDe irmãos siameses do Nepal...

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Guilherme de Faria com Gustavo Faria e João Roquer ensaiando no atelier

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Guilherme e Duda Marsola

João Roquer e

Gabriela Gimenes

Juliana e João Roquer

Guilherme e Eliana

João Cristal

Edu Oliveira

Gustavo Faria

Guilherme e João

Gabriela Gimenes

foto: Danilo Tavares / JazznosFundos

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Lua de coxilha (Alma Welt/ Guilherme de Faria)

Pelos campos de coxilhasme verás cantar à luaqual fosse senda noturna do meu jardim, pelas trilhas.

Que podes senão seguir-mecom teu fino violãoe tentares perseguir-mena minha bela canção?

Seremos um sob a lua,assim me poderás terse me provares saberacompanhar, serei tua

Até deixarei tocar-mesob seus claros lumespara à lua fazer charmee provocar-lhe ciúmes.

Resvala a Noite (Alma Welt/ Guilherme de Faria)

Resvala a noite

sobre este dia glorioso

nada pode apagá-lo

meu amorvoltou

quero gritar de alegriao meu amor

nas altas horasdo dia

da noitedo dia

Ergue-se o diaem manhã de primavera

ninguém pode colheras flores do por vir

Somente eu e o meu amor nesta manhã

e o ramalhetedas horas

do dia da noite...

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