Embriaguez alcoólica
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UCMMEDICINA-LEGAL
EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA
Ézio Massinga&
Faiaz Issa
6º ano, 2011
CONTEUDO• INTRODUÇÃO
• EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA AGUDA– DEFINIÇÃO– FASES DE EMBRIAGUEZ– FORMAS DE EMBRIAGUEZ– ESTUDO PERICIAL– PESQUISA BIOQUÍMICA DO ÁLCOOL– DOSAGEM DE ÁLCOOL NO CADAVER– AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
• ALCOOLISMO
• ASPECTOS JURÍDICOS– ESFERAS PENAL, CIVÍL E LABORAL
• BIBLIOGRAFIA
INTRO.
• O consumo exagerado de bebidas alcoólicas leva sempre a embriaguez e até mesmo ao alcoolismo
• Criando problemas médicos, psiquiátricos, psicológicos, policial, médico-legal, judiciários
• Esses problemas crescem dia a dia pelo aumento assustador do consumo dessas bebidas e sua contribuição criminógena
Cont.
• BEBIDAS ALCOÓLICAS
– Fermentadas: fermentação natural de substâncias terciárias e têm menor teor alcoólico (ex.: vinho e cerveja)
– Destiladas: destilação em “alambiques” e possuem grande concentração alcoólica (ex.: aguardentes e uísque)
– Alcoolizadas artificialmente (ex.: vinho do porto)
NB: Podem ser acrescentadas substâncias diferentes do álcool às bebidas alcoólicas (ex.: corantes, essências, produtos para conservação, etc.)
EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA AGUDA
• DEF.: Conjunto de manifestações neuro-psico-somáticas que resultam da intoxicação etílica aguda/imediata de carácter episódico e passageiro– É um estágio…
• FASES DE EMBRIAGUEZ
– Excitação (euforia): indivíduo vivo, animado, humorado, gracejador, revelador de segredos, contudo, é extremamente instável.
– Confusão ( FASE MÉDICO-LEGAL): perturbações nervosas e psíquicas como disartria, pert. sensoriais e motoras, irritabilidade e tendências às agressões.
– Sono/inconsciência/comatosa: indivíduo não se mantém em pé, caminha apoiando-se… sono profundo… não reage aos estímulos normais, pupilas dilatam-se e não reagem à luz, esfíncteres relaxam e a sudorese é profusa.
Formas de embriaguez(Não acidentais)
• CULPOSA: decorrente da imprudência/negligência de beber exageradamente e não conhecer os efeitos reais do álcool– Não isenta de responsabilidade
• PREORDENADA: o agente se embriaga com propósito de favorecer a prática criminosa• Não isenta da responsabilidade/Agrava a pena
• PRETERDOLOSA: o agente não quer o resultado mas sabe que poderá cometê-lo assumindo contudo o risco de produzi-lo.– Não isenta de responsabilidade
Cont.(Acidentais)
• ACIDENTAL (propriamente dita): “beber por engano” ou após ingestão de remédios que potenciam os efeitos de pequenas doses de bebida.– Quando caracterizada pode haver isenção da responsabilidade.
• FORTUITA: ocasional, rara, em momentos especiais, tendo origem num erro compreensível e não em uma acção predeterminada ou imprudente. Desconhece a natureza da bebida– Pode haver isenção de pena
• POR FORÇA MAIOR: aquela que a capacidade humana é incapaz de prever ou resistir.– É possível a redução da pena
Cont.(Outras)
• HABITUAL: indivíduos que vivem sob a dependência do álcool, assumindo um estado de normalidade, equilibrando as suas acções e escondendo as suas inibições em condições de frequente embriaguez.
Cont.
• PATOLÓGICA: com pequenas doses, manifestações intempestivas.
– Segundo Vibert:• Embriaguez agressiva e violenta (crime e sangue)• Embriaguez excito-motora (raiva e destruição)• Embriaguez convulsiva (destruidores e sanguinários)• Embriaguez delirante (delírios e auto-acusação)
• NB: Todas formas de embriaguez patológica são de interesse médico-legal.– QUANDO BEM CARACTERIZADA PODE CHEGAR A
INIMPUTABILIDADE
Estudo
• ASPECTOS A CONSIDERAR
– METABOLISMO DO ÁLCOOL ETÍLICO
– TOLERÂNCIA INDIVIDUAL AO ÁLCOOL
– DIAGNÓSTICO CLÍNICO DEVE ASSENTAR-SE NO ESTUDO ASSOCIATIVO DAS MANIFESTAÇÕES SOMATONEUROPSÍQUICAS
Metabolismo do álcool etil.
• A absorção é pela via digestiva, iniciando no estômago e continuando pelo intestino delgado
• A velocidade de absorção depende de vários factores– quantidade de álcool ingerido
– Espaçamento das doses
– [ ] do álcool na bebida
– Presença ou não de alimentos no estômago
– Capacidade de absorção do indivíduo
Cont.
INGESTÃO ABSORÇÃODISTRIBUIÇÃO PELOS TECIDOS
CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA E
LINFÁTICA
EQUILIBRIO DE DIFUSÃO
DESINTOXICAÇÃO
ABSORÇÃO =
DIFUSÃO
Pulmões (2-3%)RinsPele
Intestinos
OXIDAÇÕES (95%)
Cont.
• CURVA ALCOOLÉMICA1.ABSORÇÃO/DIFUSÃO
Dura cerca de 30-60min
3. ELIMINAÇÃOTem início a
partir de 1:30min da
ingestão
2.PICO(nível de
manutenção)
Álcool (g%)
Tempo (h)
2
13
Tolerância ao álcool
• Capacidade que uma pessoa/indivíduo tem de se embriagar
• Varia de pessoa para pessoa e até no mesmo indivíduo em algumas circunstâncias
• Depende de vários factores:– Peso do indivíduo– [ ] alcoólica da bebida, ritmo da ingestão, plenitude do estômago,
fenómenos de boa ou má absorção– Hábito de beber– Estados emotivos, sono, a Tª, fumo, doenças, estados de
convalescença– etc.
Manifestações clínicas
• Man. físicas: congestão das conjuntivas, taquicardia, taquipneia, hálito álcoólico-acético, etc.
• Man. neurológicas: alterações de equilíbrio (romberg simples e combinado positivos), marcha (cerebelar/ziguezague), coordenação (ataxia, dismetria, dissinergia, disdiadocoquinésia)– Tônus muscular, sensibilidade táctil, dolorosa e térmica.– Fenómenos vagais (soluço, vómito)– Embotamento das funções sensoriais (visão, audição,
gustação e olfacto)
Cont.
• Man. Psíquicas: apresentam-se de maneira progressiva (do córtex cerebral às esferas menores; do humor aos impulsos menores).
– Atenção diminuída, memória prejudicada, capacidade de julgamento pobre, deficiência das inibições morais e intelectivas podendo até atentar contra moral pública
– Acto sexual prejudicado, pode manifestar impulsos homossexuais
Pesquisa bioquímica do álcool
• Pode se usar: saliva, urina, LCR, ar expirado e sangue (cada uma com suas limitações)
• FÓRMULA DE ARBENZ:– Estima a taxa de álcool no sangue no exacto
momento do facto• A1=A2+E (t2-t1) onde
– A1 – Taxa procurada
– A2 – Taxa da colecta
– E – Coeficiente de etil-oxidação (H=0.22 M=0.20)
– T1 – Tempo do acto
– T2 – Tempo da colecta
Dosagem do álcool no cadáver
• Pode ser realizada desde que ainda não tenham surgido os fenómenos putrefativos, devido a presença de substâncias redutoras que se assemelham ao álcool etílico.
– De preferência no sangue venoso periférico (é a que responde melhor à [ ] do álcool no momento do óbito
– Após 48h da morte, sangue colhido na veia femoral pois há difusão pós-mortal do estômago para o coração (Plueckhan-1967)
• Outros meios indirectos: através da dosagem de álcool no humor vítreo, bílis e medula óssea
Avaliação dos resultados
• Questões que o perito deve responder:– Há ou não embriaguez?
– Se há, é ou não completa?
– É um fenômeno episódico, ocasional ou a agudização do alcoolismo crônico?
– Trata-se da forma patológica?
– A segurança do próprio indivíduo e de outros pode ser colocada em risco?
– É necessário tratamento compulsório??
Cont.• Considerar todos aspectos do estudo
• Uma única cifra não tem nenhum valor
• Só um estudo detalhado do comportamento do embriagado dará uma concepção exacta do grau de embriaguez
• Cifras consideradas por alguns autores:– < 0.5g/1000ml – Intoxicação inaparente
– 0.5-2g – Presença de distúrbios tóxicos
– > 2g – Estado de embriaguez
ALCOOLISMO
• Magness Huss define como uma síndrome psico-orgânica resultante do uso imoderado e contínuo do álcool
– Independentemente, no momento do exame, de um maior ou menor consumo de bebida
– É um estado…
• Alcoólatra: bebedor excessivo, cuja dependência chegou ao ponto de lhe criar transtornos em sua saúde física ou mental, nas relações interpessoais e na sua função social e econômica
Fases de instalação do alcoolismo (OMS)
• I- Fase pré-alcoólica ou alfa de jellineck
• II- Fase prodrômica ou beta de jellineck
• III- Fase crucial ou gama de jellineck
• IV- Fase crônica
Cont.
• Seu estudo é importante:
– Por apresentarem, os portadores, transtornos de conduta e relativo perigo a si próprio a aos outros
– Por serem tendentes a outras formas de transtornos mentais
– Por apresentarem modificações do juízo crítico e da capacidade de administrarem seus interesses
Cont.
• Manifestações somáticas: hepatomegalia, edemas palpebrais, tremores das mãos, ventre aumentado, pescoço fino, insegurança na marcha, congestão das conjuntivas, dispepsia, vermelhidão da face…
• Man. Neurológicas: Polineurite, poliencefalite superior hemorrágica de wernicke, síndrome de korsakov (síndrome amnésica ou psicose polineurítica)
• Man. Psíquicas: Delirium tremens, alucinose dos bebedores delírio de ciúmes de bebedores, epilepsia alcoólica, Dipsomanias
ASPECTOS JURÍDICOS
• ESFERA LABORAL
– Art. 66, alínea M, lei de 23/2007 de 1 de Agosto
• A embriaguez ou estado de droga e o consumo ou posse de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas no local de trabalho ou no desempenho das suas funções constitui uma infracção . Esta infracção pode culminar com o levantamento de um processo disciplinar contra o trabalhador que poderá eventualmente conferir ao empregador o direito de fazer cessar o contracto de trabalho por despedimento. No estado de embriaguez o empregador pode aplicar dentro dos limites legais as sanções disciplinares previstas no nº 1 do art. 63 da lei do trabalho
– A demoestação verbal
– Repreensão registada
– Suspensão do trabalhador com perda de remuneração
– Despromoção de categoria profissional
– Despedimento
Cont.• ESFERA PENAL
– Art. 50 (Privação voluntária e acidental da inteligência)
• A privação voluntária e acidental do exercício da inteligência, inclusivamente a embriaguez voluntária e completa, no momento da perpetração do facto punível, não dirime a responsabilidade criminal, apesar de não ter sido adquirida no propósito de o perpetrar, mas constitui circunstância atenuante de natureza especial, quando se verifique algum dos seguintes casos:
– 1º. Ser a privação ou a embriaguez completa e imprevista, seja ou não posterior ao projecto do crime;
– 2º. Ser completa, procurada sem propósito criminoso e não posterior ao projecto do crime.
– Art. 71 (Aplicação de medidas de segurança)
• Os delinquentes que forem alcoólicos habituais e predispostos pelo alcoolismo para a prática de crimes, ou abusem de estupefacientes, poderão cumprir a pena em que tiverem sido condenados e ser internados após esse cumprimento em estabelecimento especial, em prisão-asilo ou em casa de trabalho ou colónia agrícola por período de seis meses a três anos. O internamento só pode ser ordenado na sentença que tiver condenado o delinquente.
Cont.– Art.185, nº 3 (Arruído, embriaguez e rompimento de selos)
• Aquele que nalgum lugar público se apresentar em manifesto estado de embriaguez será condenado como contraventor a multa até oito dias. A primeira reincidência será punida com prisão por dez dias; a segundo com prisão por quinze dias; as subsequentes com prisão por um mês e multa.
– Art. 39 (Circunstâncias atenuantes)
• A embriaguez quando for:
– 1º. incompleta e imprevista, seja ou não posterior ao projecto do crime;
– 2º. incompleta, procurada sem propósito criminoso e não posterior ao projecto do crime;
– 3º. completa, procurada sem propósito criminoso, e posterior ao projecto do crime;
BIBLIOGRAFIA
• MEDICINA-LEGAL, Genival França, 16ª edição
• Código penal MOZ + Lei do trabalho MOZ
• MEDICINA LEGAL, Ricardo Bina
• www.alcoolismo.tudosobre.org ente outros sites
Chamam-me de otário porque fumo maconha e bebo, mas
chamam de gênio aquele que criou a bomba atómica
“Bob Marley”
OBRIGADO