Ele foi e é o nosso ADELINO
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ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Capa: Fotografia e título da primeira página da Folha do CDS, edição
especial de Dezembro de 1980.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Nota editorial
No ano em que o CDS-PP comemora os 40 anos,
tantos quantos tem a democracia em que vivemos,
faz sentido relembrar os que lutaram e se
entregaram para o fortalecimento dos seus
alicerces. Uma dessas pessoas inevitavelmente foi
o Engº. Adelino Amaro da Costa.
Há 34 anos atrás, aquele que para muitos
representava a esperança e a força do CDS
entregava a sua vida na tragédia de Camarate,
juntamente com Francisco Sá Carneiro e todos os
que os acompanhavam naquele avião. Adelino
marcou incontornavelmente uma geração e
alimentou ideários futuros.
Logo após essa fatídica noite de Dezembro de
1980, a folha do CDS fez uma edição especial
recolhendo testemunhos de personalidades suas
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contemporâneas, que viveram e compreenderam de
maneira diversa Amaro da Costa. Da iniciativa
resultou um documento único revelador do seu
forte e vincado carácter, numa “homenagem
sentida” por todos aqueles que deram o seu
contributo.
Ao reeditar a publicação, da responsabilidade do
Departamento de Opinião Pública (DOP) do CDS,
quisemos perpetuar esses testemunhos para que não
se perdessem no tempo. Tentou-se por isso ser o
mais fiel possível ao documento original, editado
em formato de jornal, apresentando já alguns sinais
de degradação. A opção pela edição eletrónica
pareceu-nos a melhor forma de divulgar e guardar
para memória futura esses “testemunhos”.
Queria agradecer o apoio a todos os que se
envolveram neste projecto, nomeadamente o
António Miguel Lopes, André de Soure Dores,
António Reis Faria e Alexandra Benitez no apoio
que deram na edição, composição e revisão dos
textos.
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Espero que apreciem e disfrutem de um documento
único que pretende prestar homenagem a um
grande homem que “foi e é o nosso Adelino”.
Nuno Serra Pereira
Editor e coordenador da 2ª Edição. (Dezembro de 2014)
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Excerto da Intervenção em
homenagem a Adelino Amaro da
Costa1
Paulo Portas Presidente do CDS-PP
Eu não faço parte da geração que conviveu
pessoalmente com o Engº. Adelino Amaro da
Costa, mas faço parte da geração que aprendeu a
gostar de política, no sentido de serviço nobre a
uma causa, com o Engº. Adelino Amaro da Costa.
É uma honra muito grande presidir a um Partido
que teve entre os seus fundadores vitais o Engº.
Adelino Amaro da Costa. No percurso destes
quarenta anos, eu lembro sempre que,
independentemente das mudanças e oscilações, é
1 Sessão evocativa de Adelino Amaro da Costa, na sede do IDL no dia 07/12/2012.
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ao conjunto dos fundadores do CDS que nós
devemos a existência do CDS.
É ao núcleo duro desses fundadores que nós
devemos a resistência contra os que queriam
eliminar o CDS. Não tendo convivido
pessoalmente, para além do cumprimento furtivo,
da admiração de um jovem como muitos outros por
um extraordinário dirigente político, eu queria
apenas dizer aqui hoje aquilo que no CDS se diz e
se pensa sobre o Engº. Amaro da Costa, seja qual
for a geração e seja qual for a perspectiva.
O Engº. Amaro da Costa é recordado como um
militante de extraordinária proximidade com os
outros. Ele viveu um tempo em que a política tinha
muitos riscos, incluindo riscos de vida. E nunca a
circunstância da importância que ele tinha - dizem
todos os militantes que o conheceram - lhe deu
qualquer espécie de arrogância perante os outros e,
pelo contrário, o Eng. Amaro da Costa era um
homem de uma extraordinária proximidade - e eu já
ouvi contar histórias absolutamente extraordinárias
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e verdadeiras sobre a sua disponibilidade para os
outros e para os outros que não conhecia.
Esta é a primeira característica que eu gostava de
lembrar. Ele era fundador. Era o número dois
porque queria ser o número dois. E era de uma
enorme simplicidade e proximidade, como são os
homens grandes e as almas maiores.
A segunda forma como ele é recordado é como
dirigente. Como é normal na vida de um partido
democrático, há sempre sensibilidades, há sempre
diferenças que são democraticamente resolvidas
pela forma adequada. Foi sempre um político
unificador no Partido e acho que sempre contribuiu
para diminuir as divergências e aumentar as
convergências. Ele é recordado como um homem
de união do Partido.
O terceiro elemento que eu considero essencial é
lembrá-lo como muito provavelmente os seus
adversários o lembram e respeitam: Amaro da
Costa, porventura um dos maiores estrategos
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políticos que o sistema democrático português
conheceu.
Foi em grande medida Adelino Amaro da Costa
que concebeu e ajudou a traduzir a estratégia do
CDS, um Partido que a facção sectária da
Revolução queria ilegalizar: o Partido que teve a
coragem de votar contra uma constituição
socialista. Foi o Engº. Amaro da Costa que ajudou
a conceber a estratégia de como é que um Partido
que tinha esta firmeza podia ser reconhecido e
aceite como um dos partidos de Governo para o
futuro de Portugal. E foi ele que concebeu a então
pouco compreendida aliança, em circunstâncias de
emergência nacional, que, aliás, foi breve e
precária, quando o CDS esteve pela primeira vez
no Governo. E hoje, muitos anos passados, toda a
gente percebe que esse foi o selo de legitimação de
que o CDS precisava para ser um dos partidos de
Governo.
O Engº. Amaro da Costa foi essencial a conceber a
ideia de que Portugal era governável sem a
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esquerda, e, se necessário, contra a esquerda,
através da aliança entre o CDS e o PSD, formando
uma frente para reformar o País e o livrar de
perigos maiores. E essa ideia, comungada por Sá
Carneiro e Freitas do Amaral - é preciso,
evidentemente, salientá-lo e reconhecê-lo -,
transformou completamente a vida política a partir
de 1979.
Lembro também Amaro da Costa, o parlamentar,
porventura um dos mais brilhantes parlamentares
que o País conheceu. A alegria, a humanidade, a
ironia, a inteligência, a resposta pronta, a
capacidade de admitir as ideias dos outros, a
argumentação sólida - num tempo em que muitas
vezes não se usava gravata no Parlamento, e ainda
se fumava no Plenário, e onde a Assembleia da
República corria o risco de dia sim dia não estar
cercada, porque havia sempre gente que achava que
tinha mais poder e autoridade do que autoridade e o
poder que o povo tinha dado àqueles que lá
estavam.
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Amaro da Costa, se quiserem, o doutrinário,
manifestamente um homem confortável com uma
ideia social cristã da vida, do País e do mundo, para
quem valores como a liberdade de educação - a que
ele dedicou muito tempo -, a liberdade de escolha -
a que ele dedicou muita energia -, a empresa e a
família - a que ele entregava muita convicção -, a
tolerância e o saber vencer os outros por termos
melhores ideias, sem precisar de ofender quem quer
que seja, são marcas que ficaram para sempre do
Engº. Amaro da Costa.
Ilustração 1 - 24 de Outubro de 79 – Conferência de imprensa para apresentação do programa da A.D. Amaro da Costa, Freitas do Amaral e Sá
Carneiro, três pedras basilares do espírito que nos uniu.
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Índice O colaborador directo ...................................................... 14
Instituto Adelino Amaro da Costa .................................... 21
Homenagem da Assembleia da República a Adelino Amaro
da Costa ........................................................................... 22
Sindicato dos Jornalistas .................................................. 28
Perda irreparável ............................................................. 30
Homem de Fé ................................................................... 36
Tive o privilégio de aprender com Amaro da Costa ......... 41
Um homem muito próximo de cada um de nós .............. 44
Fazia-nos esquecer os aborrecimentos............................ 48
Manteve-se sem mácula no sujo mundo da política ....... 52
Na morte de um vencedor ............................................... 56
Obrigado Adelino! ............................................................ 62
Homem Grande ................................................................ 67
O seu trabalho será continuado....................................... 72
Exemplo vivo para todos nós ........................................... 75
Indicava-nos por onde ir .................................................. 80
Não teria havido CDS sem ele .......................................... 81
Simplicidade cristã ........................................................... 84
Um grande amigo............................................................. 87
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Aplauso e incentivo para a Juventude ............................. 94
Exemplo do Adelino triunfará .......................................... 97
Deus Quer o homem sonha, a obra nasce ..................... 101
Gostaria de ser igual a Amaro da Costa ......................... 103
O arquitecto discreto ..................................................... 106
Quem era Manucha? ..................................................... 111
Uma Homenagem … ...................................................... 113
A voz dos outros ............................................................. 115
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O colaborador directo Diogo Freitas do Amaral
(Editorial)
Conheci o Adelino Amaro da Costa, em 1967,
quando entrámos na Marinha para aí prestarmos o
nosso serviço militar. Foi aí que se criou, entre nós,
uma forte amizade que nunca mais deixou de
existir.
Pode mesmo dizer-se que foi nesse ano de 1967
que o CDS, que um partido centrista, democrata-
cristão, europeu, moderado e personalista, começou
a nascer.
Sete anos ainda faltavam para o dia 19 de Julho de
1974, em que um conjunto de determinado de
fundadores contraiu a responsabilidade de lançar o
Centro Democrático Social.
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Mas foi a partir daquele ano de 1967, num contacto
permanente que nunca deixámos de manter, que
foram ganhando corpo as ideias e o espírito que
haviam, depois, de enraizar o nosso partido.
Amigos na Marinha, nunca mais deixámos de nos
reunir regularmente, convivendo com amizade, mas
analisando também a evolução política de Portugal,
comungando das mesmas apreensões quanto ao
futuro, debatendo questões universitárias do nosso
tempo.
Assim formámos e consolidámos a nossa
solidariedade profunda e fomos alargando, a pouco
e pouco, um grupo de amigos que vieram, mais
tarde, alargando-se mais ainda, a construir os
primeiros fundamentos do CDS.
Foi um contacto longo e permanente, marcado
também pelo jornal universitário TEMPO, que o
Adelino dirigia e que igualmente pude colaborar.
Depois … depois, em 1974, foi a hora do CDS. E
muito do que, então formámos, encontramos
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justamente em textos do Adelino Amaro da Costa,
quer em três artigos magistrais que, então, escreveu
no “Diário Popular”, quer sobretudo na nossa
própria Declaração de Princípios, de que ele foi o
redactor e para cuja leitura chamo de novo a
atenção.
Aí encontramos, afinal aquela que era uma das
características mais conhecidas do Adelino. O
Homem de doutrina e de síntese política, capaz de
resumir, em cada momento, com o maior rigor,
aquilo que, na verdade, importava ser dito e
merecia ser sublinhado. Uma característica que
marcou toda a sua vida política e que todos nele
apreciávamos, quando redigia comunicados,
manifestos, documentos de orientação, que são
outros tantos marcos relevantes da evolução
política do CDS, na Aliança Democrática e do País.
O Adelino era, porém, muito mais que isso. O meu
“braço-direito”, colaborador permanente e directo
de todos os momentos, porque nos unia, além de
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uma amizade total, uma inteira solidariedade e
identificação política.
Ele foi, sem dúvida, ao longo de todos estes anos,
que não posso deixar de recordar com mágoa e
saudade, o meu apoio principal. Um organizador
imaginativo, um militante empenhado, um
estratega notável, um ânimo persistente e alegre,
uma vontade determinada de alcançar o objectivo.
Nestas ironias que o destino tem, é curioso como o
conheci ligado à vida militar, em serviço na
Reserva Naval e todos o perdemos, de novo ligado
à instituição militar – servindo agora como
Ministro da Defesa Nacional.
E este, que foi o último posto da sua rápida e
brilhante carreira política, é o posto de que nos fica
a memória e que muito serve, aliás, para
recordarmos a sua inteligência, a sua capacidade, o
seu enorme sentido político.
Ao primeiro ministro civil da Defesa Nacional, em
governos constitucionais, ficam o País, as Forças
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Armadas e a democracia a dever serviços
assinaláveis.
Quando assumiu essas funções, muitos punham
alguma desconfiança no bom êxito da sua missão.
Era um civil, as Forças Armadas não estavam na
dependência do Governo e tratava-se justamente de
preparar o terreno para esse futuro de normalização
democrática.
Mas o facto é que o Adelino o conseguiu, não se
perturbando sequer, nem deixando que o seu
trabalho fosse minimamente perturbado por um
clima desagradável de “conflito institucional” que
se desenvolveu e tornava ainda mais delicada e
espinhosa a sua tarefa.
Na verdade, conseguiu. Desenvolveu uma política
de respeito profundo pela instituição militar,
lançando as bases legislativas da orgânica futura do
Ministério da Defesa Nacional, ultimando a lei da
Defesa a propor ao Parlamento, orientando a
racionalização dos métodos de colaboração do
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orçamento das Forças Armadas – preparando em
tudo, com uma capacidade e um senso político
notáveis, o caminho em que, num quadro
democrático normal, as Forças Armadas venham a
inserir-se na dependência do Governo.
E também no plano internacional, nas relações com
os outros países da Aliança Atlântica, os progressos
que conseguiu foram assinaláveis, confirmando um
singular sentido estratégico no crítico momento
internacional dos nossos dias, como a participação
pela primeira vez em Portugal nas reuniões do
NPG 2 e a aceitação para o nosso País da
presidência do EUROGRUPO bem demonstram.
Essa presidência, que muito honra Portugal, está
ainda disponível para Portugal vir a assumi-la –
numa atitude que homenageia certamente o
Ministro Amaro da Costa, a que se destinava e que
a assumiria precisamente apenas quatro dias depois
do trágico acidente em que veio a morrer.
2 Grupo de Planeamento Nuclear (da NATO).
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Dirigente dedicado, parlamentar brilhante,
governante competente e atento – todos, assim, o
ficámos a conhecer e admirar no País. Porém, a
mim, coube-me, além de tudo isso, privilégio
único: o de conhecer como colaborador directo e
imediato e de com ele privar como amigo – e quase
mesmo como um irmão.
Ilustração 2 - Amaro da Costa um dos principais fundadores do CDS integra o grupo de personalidades que a 13 de Janeiro de 1975 apresentou no Supremo Tribunal de Justiça, mais de seis mil e duzentas assinaturas para a
legalização do Partido.
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Instituto Adelino Amaro da Costa
O Instituto Democracia e Liberdade, ligado ao
CDS, passou a designar-se por Instituto Adelino
Amaro da Costa, por decisão do respectivo
Concelho Directivo, ao aprovar por unanimidade
uma proposta apresentada por Ribeiro e Castro.
A proposta presta homenagem à “inteligência,
capacidade criadora no profundo sentimento
doutrinário, ao trabalho dedicado ao esforço
persistente de Amaro da Costa”.
Recorde-se que Adelino Amaro da Costa foi, em
1975 um dos fundadores do Instituto Democracia e
Liberdade, tendo sido presidente do Conselho
Directivo até 3 de janeiro de 1980, lugar que
deixou em virtude do cargo ministeriável que
ocupava.
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Homenagem da Assembleia da
República a Adelino Amaro da Costa
A Assembleia da República dedicou a sessão de 10
de Dezembro último à evocação de Francisco Sá
Carneiro, Adelino Amaro da Costa e António
Patrício Gouveia, tendo estado presentes, além dos
deputados, os membros do Governo e os filhos
mais velhos daquele que foi Primeiro-Ministro em
Portugal.
Nessa sessão de homenagem aos homens que tanto
lutaram pela democracia em Portugal ficou patente
que de um lado, mesmo reconhecendo-se
adversários dos políticos desaparecidos, tiveram
coragem de enaltecer a sua inteligência e a sua
militância ao serviço de um ideal. Do outro, os que
aproveitaram uma vez mais para o baixo ataque
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político a chicana, mesmo naquela sessão, de
homenagem póstuma. Em Portugal nem todos são
portugueses …
O deputado social-democrata Pedro Roseta
referiu-se àquele que foi o líder carismático do seu
partido, traçando a sua carreira política e tendo
afirmado que “nós continuaremos a sua obra”.
Aludindo à figura de Amaro da Costa, o deputado
social-democrata salientou a sua competência
profissional, o seu êxito nas lides jornalísticas, o
elevado nível do especialista em problemas da
educação e, sobretudo, um conjunto impressionante
de qualidades humanas e políticas: a inteligência, a
capacidade de trabalho, a simpatia esfusiante e a
abertura ao diálogo.
“Ele foi o político integral na oposição e no
Governo – assim o definiu Pedro Roseta – e foi
também um dos máximos entusiastas do projecto
da Aliança Democrática”.
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Por seu turno o líder do Grupo Parlamentar do
CDS, Francisco Oliveira Dias disse que “a
Aliança Democrática perdeu dois dos seus
criadores, dos seus dirigentes mais aptos e mais
experientes, dois dos mais notórios e mais
populares garantes da sua capacidade de acção”.
Segundo o deputado democrata-cristão, o CDS
perdeu alguém que foi, desde o início, a incarnação
do entusiasmo criador, do realismo e da capacidade
de fazer com que as dificuldades fossem apenas
obstáculos que é preciso superar.
“O Governo, a Assembleia da República e Portugal
sofreram rudes golpes com a morte de governantes
e parlamentares brilhantes e superiormente dotados
com provas que o povo português teve
oportunidade de apreciar”, referiu Oliveira Dias.
Em nome do PPM falou Ferreira do Amaral que
salientou, em relação a Adelino Amaro da Costa,
que era, todo ele, um político cheio de vida, um
deputado pleno de brilhantismo, um governante de
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profunda ponderação e um amigo de muita
simpatia. “Para nós – disse – importará para além
da digna tarefa de evocar a sua memória, colher a
lição de como se pode ser adversário sem ser
inimigo, debater vigorosamente ideias e pontos de
vista sem perder precisamente o irrecusável
respeito pelo homem”.
Um dirigente dificilmente substituível
Mário Soares, secretário-geral do PS referia que
“hoje, encontramo-nos perante um grande vazio
político”. Depois de recordar um pouco a vivência
política que teve com Sá Carneiro e Amaro da
Costa, o dirigente Socialista salientou: “Ao
contrário do que muitas vezes se disse, as nossas
relações, apesar de todas as sólidas divergências,
ficaram marcadas sempre por uma acentuada
solidariedade e por uma real e efectiva simpatia
mútua”.
Ao referir-se a Amaro da Costa, considerou-o um
dirigente dificilmente substituível, “tendo-se
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caracterizado como um homem de conciliação e
compromisso, de arranjos subtis e sobretudo de
imaginação política”. Parlamentar até à medula,
dir-se-ia, no entender de Mário Soares, que os
sobressaltos da política o encantavam e o divertiam
caso “não conhecêssemos a primazia das suas
convicções políticas”.
No final da sua intervenção, como homenagem
póstuma a Sá Carneiro, Amaro da Costa e os seus
acompanhantes, o dirigente socialista foi aplaudido
pelas bancadas da Aliança Democrática e FRS.
O reconhecimento da coragem política
Bastante aplaudido foi também o discurso proferido
pelo dirigente da UEDS, Lopes Cardoso, tendo
sublinhado que “adversários do Dr. Francisco Sá
Carneiro e do Engº. Amaro da Costa, não é isso que
nos impede de reconhecer a sua coragem política, a
inteligência e a militância que demonstraram no
combate pelas suas ideias que marcaram
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profundamente a vida política portuguesa dos
últimos anos”.
E acrescentou: “para além das suas indiscutíveis
qualidades de inteligência foi clareza com que
souberam assumir o seu próprio projecto que deu a
verdadeira dimensão política àqueles que foram
Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa de
Portugal”.
E já a terminar, reafirmou Lopes Cardoso: “Clareza
que nem todos os dirigentes políticos portugueses
se podem reclamar e que para todos ficará como
exemplo sobre o qual talvez valha a pena meditar”.
Ilustração 3 - O grande parlamentar. O tom firme que imprimia nos seus discursos está bem presente nesta intervenção por ocasião da votação na
A. R. da lei eleitoral e do Recenseamento.
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Sindicato dos Jornalistas
A direcção do Sindicato dos Jornalistas lamenta o
trágico acidente que vitimou personalidades de
relevo da vida política e, associando-se ao pesar
geral pelo falecimento de todos eles, expressou um
voto de sentidas e especiais condolências pela
memória do Engº. Adelino Amaro da Costa. Ao
fazê-lo, ciente de traduzir o sentimento da classe
dos jornalistas portugueses, a direcção do sindicato
dos jornalistas recorda os serviços que
desinteressadamente ele prestou a este sindicato e a
óptima relação que soube manter com os
profissionais de informação com que contactava,
mostrando uma compreensão, infelizmente pouco
comum, entre os políticos portugueses, da missão
dos jornalistas.
O Engº. Amaro da Costa foi colaborador da revista
“Jornalismo”, órgão oficioso do Sindicato dos
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Jornalistas, participou nos trabalhos da comissão
para o estudo de um projecto de ensino do
jornalismo em Portugal e foi professor no curso
organizado pelo Sindicato dos Jornalistas em
1968/1969.
Director do jornal católico universitário “Tempo”,
que se publicava antes do 25 de Abril e colaborador
de alguns jornais, Amaro da Costa sempre dedicou
aos problemas da informação uma especial atenção.
Nos seus contactos com os jornalistas, já como
dirigente partidário do CDS, como Ministro da
Defesa, Amaro da Costa sempre demonstrou ter a
perfeita consciência do que é a missão de informar.
Ilustração 4 - Junho de 78 – Amaro da Costa no 1º Encontro Nacional de
Quadros de Informação e Propaganda.
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Perda irreparável
Vasco de Sousa
Presidente do Secretariado Nacional da FTDC
A Federação dos Trabalhadores Democrata-
Cristãos (FTDC) sente, muito especialmente, a
perda irreparável de Adelino Amaro da Costa, pelas
razões que consideramos nosso dever salientar.
Adelino Amaro da Costa foi dos principais
mentores da Federação decerto um dos nossos
maiores amigos. Tivemos sempre da sua parte
palavras de encorajamento, pois estava no seu
espírito a imperiosa necessidade da nossa
existência, como representantes dos Trabalhadores
Democrata-Cristãos, da nossa utilidade para o
movimento sindical e para o CDS.
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Compreendia que uma FTDC activa é uma via
desejável de congregação de simpatizantes,
possíveis militantes do CDS.
Somos o veículo dos interesses dos Trabalhadores
Democrata-Cristãos que desgarradamente, sem
apoio nem poder, se batem ingloriamente no campo
sindical.
Há importantes metas a atingir-se para os
Trabalhadores Democrata-Cristãos, através do
papel que a FTDC quer desempenhar no campo
sindical.
Assim, temos como vital obter, do próprio CDS, a
audição que tanto nos tem sido negada,
principalmente porque muitos elementos do partido
não estão informados sobre a nossa actividade e
valor, como estava o Eng.º Adelino Amaro da
Costa.
Temos como prioridade maior, necessidade de
conhecer quantos somos, onde estamos, e o que
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cada um de nós tem para oferecer das suas ideias e
saber.
No âmbito sindical, é urgente que possamos
desempenhar papel moderador, que trave as lutas
que se adivinham entre as tendências Socialistas-
Social Democrata pela hegemonia da UGT, que tão
claramente se está definindo.
Somos dos que, sem ambições políticas, lutam no
campo sindical pelo ideal Democrata Cristão, sem
esperar contrapartida, a não ser o reconhecimento
do nosso justo valor, do esforço e do trabalho que
temos desenvolvido, apesar das extremas
dificuldades de ordem logística com que nos
debatemos.
Dificuldades que teremos que superar, apesar de
nos sentirmos neste momento mais pobres do que
nunca, com o desaparecimento de Adelino Amaro
da Costa, não iremos desfalecer; somos
sindicalistas e como tal vamos lutar pelos nossos
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direitos, cônscios dos nossos deveres, conforme
seria seu desejo.
A FTDC é o órgão coordenador de diversas
Associações sectoriais – de Seguros, Bancária, de
Professores, Hotelaria, Função Pública, etc.,
representando pela sua acção os Trabalhadores de
Tendência Democrata-Cristã, não podendo
confundir-se com sindicatos ou centrais sindicais,
mas sim pretendendo nestes ser porta-voz dos
Democrata-Cristãos.
Das nossas carências salientamos a necessidade
primária de instalações próprias, que em nenhuma
circunstância nos confundissem com o partido, pois
somos, na nossa acção, totalmente independentes
daquele.
Como se compreende, esta falta, agravada pela
circunstância de não haver ainda sequer local de
trabalho, sala de reuniões, etc., etc., têm impedido a
nossa implantação e provocado nalguns casos
alguma desmotivação.
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No entanto, esperamos a breve trecho ultrapassar
estas dificuldades, para enfim podermos aguardar
colaboração activa de todos os Trabalhadores
Democrata-Cristãos, para assim termos maior
capacidade de intervenção no campo sindical.
Avizinha-se em 30, 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro
o Congresso da UGT, e contamos já com um
número apreciável de delegados ao Congresso, para
assim colaborarmos activamente na estabilidade e
dinamização da UGT, pois defendemos ser esta a
única representante dos Trabalhadores Democratas
e para tal, torna-se imperioso que nos reconheça
por direito próprio.
Não é legítimo que se lamente a actuação da Inter-
Sindical se nada fizermos que contrarie os
processos antidemocráticos de uma Central
Sindical que, nesta altura, não sabemos
concretamente o que representa e que se encontra
enfeudada ao PCP.
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Dado que toda a acção planeada contava com o
apoio do Engº. Adelino Amaro da Costa, tão
infelizmente desaparecido, não é de mais
salientarmos que a nossa vontade de prosseguir não
esmoreceu, muito pelo contrário, mas que somos
dependentes daqueles que no CDS queiram
compreender a importância que temos e daquilo a
que nos propomos, dando-nos o indispensável
apoio, conselhos e indicações como tanto fez o Sr.
Engº. Adelino Amaro da Costa, cuja perda é para
nós irreparável.
Ilustração 5 - Dezembro 79 – No 2º Encontro da Federação dos Jovens
Trabalhadores Democratas-Cristãos em Viana do Castelo.
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Homem de Fé Pedro Vasconcelos
A notícia da morte do Engº. Adelino Amaro da
Costa caiu sobre nós com tal brutalidade que parece
ter parado o nosso tempo.
Ainda hoje nos é difícil acreditar.
A morte é a coisa mais certa e mais comum da
vida. Mas também é a mais misteriosa.
Para um católico, há sempre uma mensagem na
vida e na morte. Por mim, porém, ainda não
consegui compreender os desígnios de Deus ao
levar Adelino na força da sua capacidade e no
momento em que todos mais precisávamos dele.
Não compreendo, mas acato, na fé.
Faço-o, além do mais, porque o Adelino era um
homem de fé, que acreditava. Acreditava em Deus,
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acreditava em Portugal e nos portugueses, na
Democracia Cristã, no CDS, em nós e muito
particularmente, acreditava nele próprio.
Tinha fé e tinha uma vontade sobre-humana.
Para ele tudo era possível.
E por ele muito foi possível.
Daquele punhado de mulheres e homens que
fundaram o CDS em Julho de 1974 saiu um Partido
que está agora no Governo pela segunda vez, que
alcançou o poder e o exerce conforme a sua
doutrina. Um partido fresco, vivo, diferente, coeso,
implantado, forte, cheio de nobreza, de capacidade
e de ideais, muito particularmente, um partido
capaz de encaminhar Portugal pelo melhor
caminho.
Ele assim o quis e assim o conseguiu.
Não esteve só, mas deve-se-lhe muito. Devemos-
lhe muito. O Partido deve-lhe muito.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Teve, sobre os seus ombros, quantas vezes ao
mesmo tempo, um sem número de tarefas e
responsabilidades.
Além de fundador, foi Secretário-Geral, Presidente
do Grupo Parlamentar, Vice-Presidente e
Presidente da Comissão Directiva do Partido.
Foi Presidente da Direcção do IDL.
A Juventude Centrista, o MCDS 3 , a FTDC 4 , a
FJTC5, o CDS dos Açores, o CDS da Madeira, o
GAMA 6 , o GATIMOR 7 , as organizações
partidárias para emigrantes e retornados, qualquer
Distrital, qualquer Concelhia, guardam a marca
profunda e alegre da sua iniciativa.
A Democracia 76, a Folha CDS, cada jornal e cada
jornalista muito se dessedentaram em tão rica fonte.
Era incansável com a comunicação social.
3 Mulheres do Centro Democrata Social 4 Federação dos Trabalhadores Democrata Cristãos 5 Federação da Juventude dos Trabalhadores Cristãos 6 Gabinete de Apoio a Macau 7 Gabinete de Apoio a Timor
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Era também um impenitente manobrador, um
estratega de fundo, um táctico sempre adaptado.
Lembram-se dos seus famosos “golpes de rins”?
Quantos almoços, jantares, reuniões, conversas,
artigos, entrevistas, viagens, quilómetros,
madrugadas e mais que tudo, quantos cigarros …
E assim influiu decisivamente na vida do Partido e
dos portugueses.
Para todos nós, a sua acção e a sua presença eram
uma espécie de tranquilizante, um convite ameno à
lassidão.
Hoje deixou de ser assim.
Talvez seja esta a mensagem da sua morte:
despertar da lassidão e sermos nós, todos nós, a
repartir e tomar em mãos as generosas tarefas a que
Adelino metera ombros.
De qualquer modo, faço minha uma tal mensagem
e, como Presidente da Mesa do Congresso, a todos
vós apelo, neste momento em que o nosso tempo
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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parece parado e é mais viva dentro de nós, a
solenidade da vida e da morte, para que se
coloquem à disposição do Partido e dos
portugueses, em torno de Diogo Freitas do Amaral,
para tentarmos, todos juntos, dar corpo aos ideais
por que morreu o Adelino.
Ilustração 6 - Em Julho de 78, Amaro da Costa intervém no Encontro
Nacional sobre a Família.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Tive o privilégio de aprender com
Amaro da Costa Luís Queiró
Pedem-me umas breves palavras sobre o Engº.
Adelino Amaro da Costa.
Que dizer, que não seja a mera repetição do muito
que sobre ele, antes e depois da sua trágica morte,
se escreveu?
Foi alguém que conheci recentemente. No princípio
deste ano, começava uma semana de trabalho na
Juventude Centrista, quando recebi o recado
urgente de que o recém-empossado Ministro da
Defesa Nacional queria falar comigo. Até àquele
momento tinha tido apenas breves e formais
contactos com o Engº. Amaro da Costa.
Recebeu-me com uma simplicidade e uma
informalidade que normalmente se guardam só para
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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os velhos amigos e perguntou-me se queria
trabalhar com ele no Ministério. Logo ali tive o
privilégio de aprender com Adelino Amaro da
Costa. Aprender simplicidade, humildade,
confiança nos outros.
Começaram assim onze meses de actividade no seu
gabinete. Onze meses em que nada me foi exigido,
para além da colaboração jurídica a que me
comprometi. E voltei a aprender com Amaro da
Costa. Aprender, agora, a isenção e honestidade
política.
Ilustração 7 - Amaro da Costa não podia deixar de estar presente no 2º
Congresso da Juventude Centrista em Maio de 1977.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Ilustração 8 - 1º Encontro Nacional dos estudantes centristas em Maio de
78.
Ilustração 9 - Setembro de 1979 – Seminário do DEMYC. A presença de Amaro da Costa era sempre solicitada e preferida nos encontros da
juventude.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Um homem muito próximo de
cada um de nós Maria Laura Pinheiro
Perante o pouco tempo que me foi dado, para pôr
numas linhas qualquer coisa que me ficou dos anos
de relacionamento com o Adelino, vou tentar fazê-
lo – com muito orgulho.
Dá-me jeito falar daquele Adelino muito humano,
muito próximo de cada um de nós – da sua
grandeza de alma, da sua firmeza de carácter, da
sua abertura para com todos, da sua capacidade de
chegar a todos.
Deixarei para os políticos a oportunidade de
falarem do Adelino e da sua actuação e
participação da vida partidária e política; presto-lhe
entretanto, a minha maior homenagem (sentindo-
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|45
me honrada por ter sido um dos nossos) pela
determinação com que sempre se bateu.
Conheci o Adelino em Julho de 74, altura em que
algo de muito importante se gizava e tentava
construir – aquilo a que, na manhã do dia 19
apareceu nos órgãos de Comunicação Social, como
partido do Centro Democrático Social, o C.D.S.
Na sequência dos encontros realizados, é
interessante salientar aquele, na única sala limpa e
decente do Largo do Caldas nº 5, onde o Adelino,
em mangas de camisa, diante de um quadro branco,
com um marcador e um ponteiro na mão, expunha,
da maneira mais brilhante, qual a mensagem nova
que lhe ia ser apresentada.
Empenhou-se a fundo na transmissão dessa
mensagem e levou-nos consigo.
Recordo o Adelino nos primeiros comícios do
C.D.S., nos acontecimentos do 4 Novembro de 74,
no Congresso do Porto – com que aprumo e
dignidade respondia às agressões pessoais e aos
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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ataques ao Partido, às ameaças que muitas vezes
um povo em fúria dirigia a todos aqueles que se
atreviam a falar de democracia, paz, justiça social,
progresso e liberdade.
Recordo, com muita saudade, as suas passagens
pela minha casa onde, desde as reuniões da maior
responsabilidade, à preparação de intervenções na
televisão, à simples conversa de profunda amizade,
não é fácil apagar a sua presença.
Admirei sempre no Adelino, a sua força interior, o
vigor na defesa da verdade, a coerência de vida –
apoiado numa grande Fé e Confiança em Deus;
esse mesmo Deus que cedo lhe abriu as portas do
eterno, preservando-o da vida dura e difícil que ele
se propunha viver.
Recordo o Adelino no dia do seu casamento (penso
que foi uma das poucas vezes em que não chegou
atrasado!); dia em que, com a Manucha
comunicava Felicidade e Alegria – viveram em
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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“lua-de-mel” durante um ano e um mês que só
terminou porque terminaram as suas vidas.
O País perdeu uma extraordinária Personalidade
Política, o CDS perdeu um excepcional Dirigente e
eu, perdi tudo isso e … um grande Amigo.
Ilustração 10 - 18 de Outubro de 79 – bem longe da tragédia Manucha e Adelino Amaro da Costa com Filipa Melo e Castro e António Corte Real,
seus mais directos colaboradores nos últimos anos.
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Fazia-nos esquecer os
aborrecimentos Fernando Borges
Pediram-me para escrever, a título póstumo, sobre
Adelino Amaro da Costa.
Como posso eu fazê-lo se ainda não acredito que
aquele que eu conheci há mais de seis anos e que
me habituei a admirar e a respeitar, não pertence já
ao mundo dos vivos.
Vou assim, vagueando pelo caminho do
imaginário, fingir que acredito nesse facto
consumado e tentar dizer algo que vai mais
profundo da minha alma.
Tive a honra e o prazer de conhecer Adelino
Amaro da Costa em Setembro de 1974 quando
comecei a colaborar nos serviços administrativos
do CDS.
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Se há pessoas que interessa conhecer, Adelino
Amaro da Costa contava-se nesse número de
pessoas. Afável no trato, companheiro e amigo nas
horas boas e más, habituou-nos a todos à sua
compreensão e eu pessoalmente via nele mais do
que um chefe, mais do que um líder incontestado
no meu Partido um amigo que tinha sempre uma
palavra de ânimo, uma graça muito sua para por
vezes disfarçar os maus momentos e fazer-nos
esquecer as adversidades porque todos passámos
nos tempos difíceis do CDS em 1974 e 1975.
Acompanhei-o na sua dor quando dos selváticos
assaltos à nossa Sede em 04/11/74 e 11/03/75 e
com ele, lado a lado, percorri nos dias imediatos a
esses assaltos às nossas instalações andando sobre
tapetes de papéis e documentos rancorosamente
lançados para o chão, vendo máquinas e utensílios
destroçados, em suma, constatando a raiva
esquerdista à nossa razão, à nossa ideologia ao
nosso humanismo personalista.
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Com ele chorei lágrimas de desgosto pelo
espectáculo deparado. Dele ouvi, no meio da dor,
uma palavra de esperança e fé na implantação do
CDS.
Nestes seis anos acompanhei a sua ascensão quer
como parlamentarista brilhante quer como político
competente e dificilmente substituído. Nele vi
sempre humildade, vontade de bem servir sem
vaidades, sem falsas modéstias, sem complexos de
superioridade.
Para mim Adelino Amaro da Costa está e estará
sempre PRESENTE.
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Ilustração 11 - 1º Grande Comício do CDS no Campo Pequeno em Fevereiro de 76. O CDS tinha vencido a primeira batalha pela sua implantação como grande Partido. Amaro da Costa tinha de estar presente.
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Manteve-se sem mácula no sujo mundo da política
Comandante Costa Santos
Muito se tem escrito sobre o Eng.º Amaro da Costa
focando as suas qualidades humanas, a sua elevada
qualidade intelectual, a sua enorme capacidade de
trabalho, a sua total dedicação ao partido que
criara, a sua extrema lealdade e amizade por Diogo
Freitas do Amaral. Por isso, neste breve
apontamento, gostaria de referir apenas três
aspectos que pude observar ao longo do tempo em
que, com ele, tive o privilégio de colaborar.
O primeiro tem um carácter pontual e diz respeito
ao modo como soube encarar e desempenhar as
funções de Ministro da Defesa Nacional, funções a
que foi chamado como sinal percursor da prevista e
desejada subordinação das Forças Armadas (F.A.)
ao poder político civil e como preparador das
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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condições necessárias àquela subordinação. Ao ser
convidado a proferir no ISDM uma conferência
sobre temas de Defesa Nacional menos de trinta
dias depois da sua posse, poucos esperariam que
ele pudesse revelar ideias tão claras e “arrumadas”
tanto no quadro da Defesa a nível internacional
como no especificamente inerente ao nosso País.
As suas respostas às numerosas perguntas que
então lhe foram dirigidas desde logo
impressionaram muito positivamente a audiência
militar à qual se dirigia pelo misto de
conhecimentos e rapidez de claro raciocínio que
demonstraram. A sua acção à frente daquele
Ministério conquistou o respeito e admiração dos
sectores das F.A. com que mais directamente
trabalhava e o futuro se encarregará de demonstrar
não ser fácil a qualquer civil impor-se, no campo da
Defesa Nacional, à consideração e respeito da
Instituição Militar.
O segundo aspecto que referi diz respeito à sua
evolução como homem público, podendo talvez
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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constituir alguma surpresa e afirmação de que o
Eng.º Amaro da Costa que desapareceu brutalmente
a 4 de Dezembro estava já muito longe, neste
aspecto, do que era alguns anos atrás. Embora
aparentemente a sua imagem fosse a de sempre,
brilhante e multifacetada, a experiência vivida
aliada a um trabalho permanente de reflexão e
estudo como que foram criando e desenvolvendo
uma disciplina mental interior das pessoas ou seja
por um lado o conjunto daqueles princípios que
estão na base da sua posição face à vida e por
outro, a capacidade e força existente (se existirem)
para a sua preservação.
O Eng.º Amaro da Costa, conhecedor como poucos
de tudo o que de pouco limpo existe em redor da
política, quer no plano moral quer no plano
material, contudo e com todos lidava sem que a
muita porcaria sujasse um pouco que fosse. Creio
bem poder dizer-se que tal como água duma
represa se mantém limpa sobre o lodo imundo
assim também Amaro da Costa se manteve sem
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mácula no sujo mundo da política que tão bem
conhecia e tanto influenciava.
Ilustração 12 - Em Janeiro de 1980, Adelino Amaro da Costa, aos 36 anos toma posse do difícil cargo de Ministro da Defesa Nacional do Iº Governo
da Aliança Democrática.
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Na morte de um vencedor João Mattos e Silva
O “Diário Popular” de Junho de 1974 publicava,
com muito realce, um artigo de Adelino Amaro da
Costa – “O Governo Centrista e Democrático” –
em que o conhecido activista católico e qualificado
técnico de Educação, defendia, no auge da
manipulação ideológica marxista, “o ter-se esbatido
o primado do próprio fenómeno ideológico como
repositório da acção política” e que “uma base
doutrinal mais ampla – de raiz acentuadamente
personalista – e, por isso, bem mais rica e
complexa, passa a fecundar e a legitimar os
programas políticos … na Europa Ocidental”.
Numa sociedade que, em plena revolução marxista
em marcha, se polarizara no maniqueísmo dos
socialistas (a esquerda) e dos fascistas (a direita) a
defesa do centrismo” – que não é ideologia, mas
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uma plataforma aberta às ideologias que rejeitam
qualquer forma de transpersonalismo … que é um
contraste entre o centro-direita e o centro-esquerda”
– O artigo de Amaro da Costa foi uma pedrada no
charco.
A resposta à pergunta que finalizava esse artigo
“Esse centrismo … onde está em Portugal? Quem o
interpreta? Quem o proíbe como atitude
fundamental de Governo? e ao desafio de que “sem
ambiguidades urge preenchê-lo”, veio de imediato
com a fundação do Partido do Centro Democrático
Social – CDS, de que foi um dos pilares, um dos
obreiros, um dos entusiastas, um dos melhores, um
dos mais puros, um dos mais fiéis, sem dúvida o
que maior sacrifício por ele ofereceu.
Cinco anos depois, em 1980, o primeiro Governo
centrista, proveniente de uma coligação de partidos
do centro esquerda e do centro direita, entrava em
funções e ficava para trás um combate duro por
uma ideia agora realidade e um socialismo e uma
esquerda que não tinham nada a ver com este
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Portugal, com estes portugueses e com esta Europa
Ocidental. Adelino Amaro da Costa viu concretizar
o seu objectivo para a sociedade portuguesa. Foi
um vencedor.
O que foi o combate do Adelino, todos os sabemos:
a sua luta foi a vida do próximo partido de que foi
fundador, primeiro Secretário-Geral e primeiro
Vice-Presidente. Foi a coragem no Congresso do
Porto e dos comícios boicotados pela violência
totalitarista que se fizera filosofia e prática política;
foi a afirmação do pensamento Democrata-Cristão
e do centrismo em todas as circunstâncias e contra
todos os ventos e marés, todos os recuos, todos os
oportunismos; foi a pedagogia da democracia
pluralista, contra todas as tentações totalitárias; foi
a fecunda formação política em inúmeros artigos
publicados na imprensa nacional e partidária.
O sector da informação e da opinião pública
mereceu sempre o maior carinho e o maior
interesse de Adelino Amaro da Costa. Foi, no CDS
o seu maior impulsionador, o seu mais interessado
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coordenador, o seu mais sensível colaborador. Os
órgãos partidários – a Democracia 74, a
Democracia 76 e a folha CDS – devem-lhe a
criação, o crescimento, o entusiasmo de renovação,
artigos, ideias, arranjos gráficos, orientações. E se
mais não foi feito e se nem todas as ideias tiveram
continuidade, não foi porque o seu interesse, a sua
criatividade, a sua luta por mais e por melhor
deixaram alguma vez de manifestar-se, mas porque
o próprio CDS se foi forjando nas dificuldades
financeiras, nas depredações do seu património e
nos boicotes à divulgação do seu ideário, que
tiveram expressão também neste sector.
Recordar, num órgão de informação partidário,
Adelino Amaro da Costa, é recordar o seu
contributo … ciência doutrinária, ideológica e
política se alargasse e abrangesse um de cada vez
maior número de concidadãos; o semeador que
lançou a semente e viu-a germinar.
Recordar aqui Amaro da Costa é, também, recordar
a palavra de confiança, de apoio ou crítica, a
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ternura que punha em tudo, a generosidade que o
fazia esquecer-se de si próprio para, sem dormir ou
sem comer, escrever um artigo ou uma entrevista,
corrigir um texto, ouvir sugestões ou viabilizar
projectos, definir estratégias, animar desilusões ou
acalmar exaltações. Recordar aqui – Amaro da
Costa, é recordar, com uma saudade dolorida, o
amigo, o homem, o português, o democrata-cristão,
o centrista. Mas é sobretudo recordar o vencedor.
Morreu Adelino Amaro da Costa. Morreu o nosso
amigo, o nosso irmão, o nosso companheiro de luta
– da luta que continua e de que temos de saber ser
dignos -, o que acreditava, como Miguel de
Unamuno, que “Filho o Homem Filho;/Tu, Cristo
deste com a tua morte/finalidade humana ao
Universo/e foste, por fim, a morte da própria
morte”. Por isso o Adelino Amaro da Costa
permanecerá connosco!
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Ilustração 13 - Julho 80 – Na conferência de Imprensa de apresentação do
programa do Congresso da União Europeia Democrata- Cristã.
Ilustração 14 - 5º Aniversário do CDS – Julho de 79 – Missa na Capela da Sede Nacional.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Obrigado Adelino! Luiza Raposo M.C.D.S.
Falar de Adelino ainda é bem difícil! Ele está tão
presente, a sua personalidade marcou-nos tanto,
não conseguimos ter aquele distanciamento que nos
levaria a poder fazer uma análise do que foi a sua
vida.
O primeiro contacto que tive com o Eng.º Adelino
Amaro da Costa foi através dos brilhantes cursos de
formação política, organizados por ele, no Largo do
Caldas, em princípios de Novembro de 74, já o
CDS começava a ter vida dura. Depois foi o Iº
Congresso do CDS e tudo o que se seguiu.
Foi ele um dos primeiros a pensar na utilidade de
uma organização feminina no Partido, tendo
sempre havido uma palavra sua de encorajamento,
para o nosso trabalho. Nunca poderei esquecer a
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sua simpatia e alegria, chamando-me um dia para
me dizer que tinha encontrado a definição certa
para a actuação do MCDS: “Cabe-nos também
sublinhar, com não menos alegria o trabalho
discreto mas eficaz, que o MCDS tem desenvolvido
por todo o País, com uma coragem e uma
persistência que honraram as melhores tradições da
Mulher Cristã Portuguesa” (3º Congresso do CDS –
Porto/78).
Foi para nós o exemplo e a prática de um
cristianismo actuante e destemido, deu-nos a
dimensão do que um cristão pode fazer no mundo
actual e dentro da complicada vida política do
nosso País.
De o ter acompanhado, mais que uma vez a
Congressos Internacionais, era brilhante nas suas
análises, quando expunha os problemas de Portugal
e lançava o grito de alarme para o que se passava
no País.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Mais de uma vez foi-me dado apreciar como o
ouviam eminentes políticos cheios de experiência.
Foi ele um dos grandes obreiros das relações
internacionais do CDS.
Não posso também de deixar de lembrar a sua
permanente disponibilidade em serviço de Partido.
Se algumas vezes tinha de recusar pedidos feitos
para intervir nas nossas reuniões a nível nacional,
sentia-se que era um desgosto de não poder estar
em dois sítios ao mesmo tempo.
Esteve no nosso Iº Congresso em Janeiro passado,
já era ministro da Defesa. Lamento imenso que o
seu improviso não tenha ficado gravado por ter sido
extraordinariamente nova a sua tese sobre Política
de Defesa Nacional e o papel de um Ministro da
Defesa civil. Falou muito directamente às Mulheres
e de forma como ele encarava o nosso papel na
construção da Paz.
Entre os apontamentos tomados citarei alguns que
julgo devem ficar gravados no nosso coração:
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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“Só as Mulheres conseguem ter o verdadeiro
sentimento de Pátria gravado no seu coração,
porque o conceito de Pátria é o conceito de
Maternidade”.
“Na qualidade de Ministro da Defesa Nacional eu
teria de lhes agradecer por isso, seja qual for a
relação do ministro com as Forças Armadas, pois
não há Defesa Nacional que não se alicerce na
noção de Pátria”.
Deixo também outra nota do mesmo discurso que
calou bem fundo em todas nós e que ficará como
fecho deste meu muito modesto depoimento:
“A Política da Família diz respeito não só à
Mulher, mas também ao Homem. A Família ou
aceita que tem um papel político a desempenhar na
sociedade Portuguesa ou estará a cavar a sua
própria sepultura.
Não sejamos tímidos covardes ou ineptos, só assim
poderemos alcançar a vitória. Não seremos
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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derrotados enquanto o espírito do MCDS
permanecer!”.
Obrigado Adelino!
Ilustração 15 - Julho de 1978 – 4º Aniversário do CDS, os bons momentos
com Amaro da Costa serão inesquecíveis.
Ilustração 16 - Sempre acarinhado pelos militantes e simpatizantes do partido, Amaro da Costa dá autógrafo a uma jovem por ocasião do 2º Aniversário do CDS em Mangualde.
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Homem Grande Francisco Lucas Pires
Quando se recorda o Adelino, um problema é saber
por onde começar. É aliás, no sentido de ser um
homem que não acaba que ele, aliás, resiste à
morte.
O Adelino chegava sempre e agora não chega mais,
mas chegou sempre tão longe que está por toda a
parte, dentro de nós próprios. Não sei se era a sua
sensibilidade que estava à medida da sua
inteligência, se era a sua inteligência que estava à
medida da sua sensibilidade e ambas criavam um
ambiente dentro do qual os outros se moviam.
Havia um estilo, um ambiente, um método que
dentro do Largo do Caldas era particularmente
notório e visível. Entre todos os acontecimentos e
pessoas o Adelino era uma força de junção e
movimento, tão serena quanto interrogante.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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E, no entanto, o Adelino era um homem fiel,
nomeadamente ao partido e ao seu presidente. Pode
até parecer, excessivamente, um homem do partido.
Mas depois vinha a abertura. Gostava, porém, do
partido-família, da própria vida doméstica do
partido. Discutia-se com ele mas ninguém se
zangava como nas zangas de família. O que não
impedia que fosse um homem de poder e de
influência, neste aspecto tendo parecido tantas
vezes, como o enorme órgão de comunicação de
massas do seu partido. Homem múltiplo mas fiel e
límpido.
Era um homem caloroso, tocante e expansivo, no
que traduzia um enorme respeito dos outros. A
atenção e a dádiva por igual intensa em relação aos
outros eram um apanágio da sua personalidade.
Sabia ouvir e sabia falar às pessoas, como que
numa atitude de respeito, curiosidade e empenho
permanente e activos.
O Adelino era um corredor de fundo. Não caía.
Lembrou-me às vezes os candeeiros transmontanos
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a que os meus avós chamavam “teimoso” e estão
sempre em pé. Com um sorriso, sem arrogância,
passava por tudo, tudo vivendo até à última gota e
por vezes até ao limite de resistência física.
Homem de Paz e de alegria também. O seu sorriso
é um clássico. O Adelino aliava toda a carga
dramática que a política tem. Nunca ninguém o viu
furibundo. Homem de Paz e pacificador, neste
aspecto “ministro da defesa” onde quer que
estivesse – não da guerra mas da Paz pois! A Paz
do CDS e AD devem-lhe muito.
Homem vivo até à medula. Vivendo tudo por
dentro, sabia reproduzir com minúcia, às vezes
fazendo até gostosamente como os “imitadores”
para os amigos, as conversas, os pormenores, os
tiques. Homem de memória, pois, também, mas
sempre de agulha na mão, a continuar os factos, a
tecer os fios de que se faz a História, procurando
cerzir as razões que alguém viesse fazer da sua
malha.
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Homem grande em suma! Homem, sobretudo, e
por isso mesmo nunca teve sentido o que se
chamou o “adelinismo” ou o “amarismo”. A
redução total dos “ismos” com que se simplificam
os grandes carácteres para os pôr ao nível de uma
compreensão mais geral, não chega para abarcar
este quem profundo e largo que é o Adelino Amaro
da Costa.
Homem grande porque ficou, ao mesmo tempo, no
nosso coração, na nossa memória e na nossa
sensibilidade … e para sempre.
Ilustração 17 - 25 de Abril de 1980 – Na sessão solene realizada na
Assembleia da República.
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Ilustração 18 - Encontro PSD/CDS em Junho de 79 no edifício da Assembleia da República.
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O seu trabalho será continuado
Basílio Horta
O desaparecimento de Adelino Amaro da Costa
constituiu para todos quantos o conheceram e com
ele mantiveram um profundíssimo desgosto.
Nos nossos corações permanecerá a saudade
enorme por alguém que, ao longo de tempos
difíceis, sempre nos deu com generosidade total o
muito que a sua amizade, o seu talento, a sua
inteligência tinham para nos oferecer.
Nesta hora de homenagem é, sobretudo e antes de
mais, o Amigo que cumpre recordar. O Amigo no
conselho sempre avisado, na palavra adequada dita
no momento próprio, na compreensão generosa dos
problemas humanos de cada um, na dedicação
levada ao sacrifício, na presença corajosa em todas
as horas e situações difíceis.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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Além do Amigo, desapareceu também o Político. O
homem que, tanto no campo da actividade
partidária como no plano da política nacional
desempenhou um papel de enorme relevo,
manifestando brilhantemente a sua riquíssima
personalidade de político ao longo de seis difíceis e
fecundos anos de vida do C.D.S., na preparação do
grande projecto nacional da A.D., em tantas
intervenções memoráveis no Parlamento, em
inúmeros artigos de análise e pedagogia política
publicados na Imprensa, na sua presença sempre
tão apreciada em meios internacionais e,
ultimamente, como ministro da Defesa Nacional,
empenhado com rara inteligência em instituir o
princípio fundamental da democracia nesse
importante sector da vida pública, ou seja, a
subordinação do poder militar ao poder civil.
Toda essa intensa actividade desenvolvida ao
serviço do C.D.S., da Democracia e de Portugal.
Por isso, nós no C.D.S. afirmamos que o exemplo
de Amaro da Costa será seguido e o seu trabalho
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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será continuado. E também, porque recordar com
fidelidade a memória do Adelino é prosseguir com
entusiasmo a sua obra.
Ilustração 19 - Na Assembleia da República quando se discutia o Programa
do 1º Governo Constitucional.
Ilustração 20 - Freitas do Amaral, Amaro da Costa e Basílio Horta com os membros do CDS que participaram no IIº Governo Constitucional.
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Exemplo vivo para todos nós Ruy G. de Oliveira
Morreu o Amaro da Costa! Dolorosa notícia que a
família democrata-cristã recebeu e que aturdiu,
deixando-a destroçada, desmoralizada e
profundamente magoada pela marca da injustiça
que ela aparentemente continha. Perder um tão
querido amigo, deixar de sentir a sua forte,
insinuante, sã e acalentadora presença ao nosso
lado é algo difícil de aceitar e muito mais de
suportar.
Jovem de corpo e de espírito, rico de inteligência e
saber, fonte inesgotável de ideias, dotado de uma sã
moral e de sentimentos nobres que lhe davam a
condição de homem de excepção, o Adelino era
generoso e bom até ao limite do sobre humano,
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
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dedicado até ao sacrifício, como aconteceu, à
defesa das causas justas e ao amor entre os homens.
Dotado de uma extraordinária centelha para a coisa
política, serviu a Pátria, o Partido e a comunidade
internacional de uma forma brilhante, com
humildade, por vezes bem na sombra, sofrendo
incompreensões e agravos, que só um ser superior é
capaz de admitir, sem rancor nem desmotivação.
Homem de uma só fé e um só querer, estabeleceu a
sua linha de rumo, definiu objectivos, marcou
tempos e metas e, indómito, suave e serenamente,
foi vencendo todas as barreiras a caminho do êxito
que sempre alcançou.
Foi um homem vitorioso, porque nunca teve
necessidade de se trair e de pôr em causa carácter e
princípios para atingir os fins que tinha em vista.
Foi e será um exemplo vivo para todos nós, seus
amigos devotados e companheiros, nesta luta sem
cartel que vimos travando para salvar e reanimar
Portugal.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|77
Ariete da democracia-cristã entre nós, desde o
tempo da sua não longínqua juventude, foi um dos
mais influentes fundadores do nosso Partido, o
grande obreiro da sua organização e arranque, o
alimentador por excelência de iniciativas que o
tornaram uma peça imprescindível da vida política
nacional e um dos partidos mais prestigiados nas
organizações internacionais a que está vinculado.
Afirmativo, sempre apoiou todos aqueles que
tinham algo para oferecer e realizar a favor da
causa a que se tinha entregado de alma e coração.
A sua alegria contagiante e a fé ardente que
destilava, foram o bálsamo e o motor para muitos
de nós que, a seu lado, menos sólidos, por vezes
desmoralizávamos.
Bem hajas, querido Amigo, pelo muito que a todos
deste em tão curto período da tua breve mas
decisiva passagem pelo mundo dos vivos.
Não serás esquecido, tão forte foi a herança que nos
deixaste. Tudo faremos por merecer os valores sem
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|78
conta que nos ofereceste, preservá-los-emos e
embora com dificuldades vamos procurar aumentá-
los, honrando-te e compensado o sacrifício sem
preço que por todos fizeste – o de dares a tua vida e
o da querida Manucha a que, como tu, adorávamos.
A tua presença pairará sempre sobre nós, o que
bem desejamos, pelo que não nos despedimos de ti,
antes diremos – até já, pois estou seguro de que em
cada acção que venhamos a realizar ela terá a tua
marca, o teu compromisso, a tua inspiração.
Que o Céu te tenha recebido em alvoroço e alegria.
Acolheu no seu seio um grande espírito, um grande
coração, um grande homem.
Lisboa, 10 de Dezembro de 1980.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|79
Ilustração 21 - Setembro de 1977 – Convívio em Corelhã, Ponte de Lima.
Ilustração 22 - Em Junho de 79, no comício do Pavilhão dos Desportos em Lisboa. Amaro da Costa, como sempre, empolgou a multidão – o CDS lançava publicamente o seu repto contra a maioria de esquerda.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|80
Indicava-nos por onde ir
Victor de Sá Machado
Dele nos sentíamos mais que companheiros irmãos
– beneficiários dessa fraternidade solidária e atenta,
capaz de infinitas delicadezas. E todos lhe ficamos
devedores desse seu jeito descomprometido e
afável de nos indicar por onde ir, sobretudo
quando, como nos tempos da perversão totalitária
da revolução, o horizonte nos parecia fechado e
sem esperança: a sua inteligência fulgurante, o seu
optimismo generoso, a confiança nos valores que
servíamos, a sua espantosa coragem, aí estavam,
como luzeiros, iluminando o caminho.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|81
Não teria havido CDS sem ele Adriano Moreira
A morte do engenheiro Adelino Amaro da Costa
pareceu, nas circunstâncias dramáticas que a
rodearam, em completa harmonia com a sua breve
mas fecunda vida. Não teria havido CDS sem ele, e
todavia não disputou proeminências; não teria
havido coligação com o Partido Socialista, por
imperativo do interesse nacional de então, sem a
sua argúcia, e todavia não reivindicou qualquer
notoriedade; não teria havido Aliança Democrática
sem o seu entusiasmo, e todavia foi alheio a
qualquer triunfalismo; a tragédia que explodiu
sobre o país seria mais sem esperança, se não
ficasse o exemplo dessa persistente vontade de
servir sem alardes escusados. Não era um homem
de segundo plano, era sim uma energia sem a qual
nenhum projecto parecia viável, uma pedra de
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|82
alicerce. Recordo-me das suas participações de
jovem nos colóquios em que se discutiam os
difíceis problemas nacionais agudizados na década
de sessenta, e que a sua geração teve de enfrentar
na década seguinte. Parecia esperar sempre, com
modéstia, que a luz aparecesse noutra boca, mas
finalmente, socrático na atitude, contribuía para
alargar a meditação e a pesquisa como uma série de
perguntas que mais eram respostas. Ligeiramente
cético como convém aos políticos, irónico como é
útil aos polemistas, cortês como é indispensável aos
homens públicos, era também firme como é próprio
dos crentes, tolerante por amor ao próximo,
pluralista por espírito comunitário, institucionalista
por formação. As pequenezes da vida política não
pareciam afectá-lo de maneira apreciável, talvez
porque a formação cristã o ensinara a contar sem
surpresa com as debilidades humanas. Combatia
pela boa causa, mas parecia não esquecer, em
qualquer momento, que o Reino em que acreditava
é deste mundo.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|83
Ilustração 23 - Ilustração 38 - Com a habitual jovialidade, Amaro da Costa troca impressões com candidatos às autárquicas locais no Encontro
Nacional realizado em Setembro de 1976.
Ilustração 24 - A juventude de Amaro da Costa esteve sempre em primeiro plano, podemos vê-lo na recepção duma delegação de Jovens
Conservadores Noruegueses em Maio de 78.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|84
Simplicidade cristã Luiz de Azevedo Coutinho
Conheci o Engº Adelino Amaro da Costa quando
conheci o CDS.
Recordar-me-ei sempre do primeiro encontro que
tivemos no Caldas em Agosto de 1974. Adelino era
o único dirigente do partido presente nesse dia;
conversámos durante mais de uma hora.
Convenceu-me… e a partir desse instante iniciámos
uma amizade que sempre se reforçou.
Não falarei do Adelino como político, como
deputado, como dirigente do Partido.
Para mim, foi muito mais do que isso. Adelino foi
um Homem, com um coração tão grande que todos
lá couberam. De uma generosidade sem … apagar-
se para que outros fossem poupados. De uma
grandeza de alma e de uma coragem reflectida que
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|85
o levaram sempre a tomar as atitudes mais
decididas.
De uma simplicidade cristã, que o fazia estar alegre
e confiante, quando tudo parecia ruir.
Tantas vezes ficávamos em minha casa,
conversando até altas horas fazendo projectos,
tecendo críticas, abrindo perspectivas, buscando
soluções…
Tantas horas amargas e de desilusão, que sempre
acabavam por se transformar em esperanças com
firme convicção de nada aceitar como facilidade!
Adelino alargou a sua amizade à minha família.
Tocava piano, contava histórias, vivia a vida de um
homem simples.
E tantas vezes sentíamos lá em casa, como ele
precisava dos amigos, como confiava neles.
E depois, encontrou a Manucha!
Adelino Amaro da Costa, tinha finalmente a seu
lado, a todas as horas, alguém que com o seu amor,
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|86
a sua firmeza de carácter, a sua inteligência, o
completava.
Nada se alterou nas suas amizades. Continuou a
distinguir aqueles em quem desde a primeira hora
confiou.
E teve razão. Esses como a minha mulher, como eu
e como tantos outros lembrar-se-ão sempre de
Adelino Amaro da Costa como um dos nossos
maiores amigos com quem gostávamos de estar.
Com ele continuaremos, com ele lutaremos, com
ele aguentaremos, com ele completaremos a missão
do CDS.
Ilustração 25- Julho de 1977, 3º Aniversário do CDS, em Lamego. Amaro da Costa sempre procurado pela sua simpatia e “charme” pessoal, rodeado por militantes do partido.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|87
Um grande amigo Teresa Costa Macedo
Adelino Amaro da Costa, o homem que amava e
que nos fazia acreditar, que pensava e nos fazia
agir, que sonhava e nos fazia cheios de esperança.
Projetado no futuro de um país, dimensionado a um
projecto que para ele ambicionou, Adelino Amaro
da Costa foi tudo o que já tantos disseram e muito
mais impregnado em tantos actos e ideias que
tantos não conhecem!
Homem à medida de um mundo que queria
transformar; político à medida de um povo que
queria libertar; é também aquele que tantos de nós
encontrámos no dia-a-dia de um combate ou em
horas de tranquila e divertida intimidade, sempre
grande, a alargar-se em cada conversa, projecto ou
estratégia.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|88
Quanto dói, hoje, falar ou escrever de quem como
ninguém falou ou escreveu.
Quanta saudade de quem viveu cheio de alegria,
inteligência, certeza. Para nós que o admirámos,
que com ele nos identificámos é uma permanência
e um exemplo, uma mesma luta, ideal a defender.
É um Homem na História de Portugal. É um
homem no devir do CDS a quem deu tanto e tão
plenamente.
Olho para trás e vejo o Adelino em Anadia a pedir-
me opinião sobre assuntos relacionados com a
política de segurança social que então, estávamos
em 1975, se praticava em Portugal.
Logo ali soubemos que as mesmas ideias, um
mesmo sentido da política, eram para nós o
princípio de uma grande e perene amizade. Depois,
pela sua mão, comecei a colaborar na “Democracia
76”. Pela sua mão, comecei uma luta, a luta pelos
valores fundamentais que o povo português via
destruídos dia a dia, e que o CDS, Diogo Freitas do
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|89
Amaral e Adelino Amaro da Costa, assumiam na
grandeza da sua certeza e da sua esperança.
Diogo Freitas do Amaral, em quem desde tão nova
acreditava viesse a pertencer ao futuro do nosso
país, que desde sempre sentia, e sentíamos todos os
que éramos seus amigos, viria a ser alguém que
seguiríamos porque era competência e confiança,
foi com o Adelino, um motor histórico da viragem
essencial de um País à procura de si próprio. Falar
do Adelino é pensar no Diogo e olhar o dom
maravilhoso da amizade, da lealdade e de uma
solidariedade absoluta e sem falhas.
Ter comungado, na pequena parte que me coube,
neste projecto de vida, que foi ao mesmo tempo
projecto político e projecto social, será imperativo
para continuar, para nunca ter a tentação de desistir
ou desanimar.
Adelino sabia o que valia e o que os outros valiam.
Sabia os riscos que devia correr e aqueles que os
outros deviam correr por uma causa eterna, que
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|90
para ele e para nós era a causa da liberdade, da
justiça, do progresso, que víamos cada vez mais
longe dos nossos filhos. Adelino acreditava nos
outros quando sabia que eles eram capazes de dar
tudo na medida das suas capacidades. Fazia-os
partir. Eram as suas certezas e as suas esperanças
que nos guiavam.
Lembro quanto ele soube a hora fundamental em
que uma política de família teria de começar a ser
definida em Portugal, para que o valor que esta
representa no progresso de um país, fosse tida em
conta pelas forças e grupos sociais nele existente.
Foi ele que, através do IDL, hoje Instituto Adelino
Amaro da Costa, mais apoios e incentivos deu
àqueles, tantos, que até sem filiação partidária mas
comungando os mesmos princípios, iniciavam o
militantismo familiar, pioneirismo de que fez parte
integrante.
Criou quadros, deu possibilidades a uma maior
competência técnica neste domínio como noutros,
procurou que um eficaz intercâmbio se delineasse
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|91
ao nível das Democracias Cristãs europeias e
internacionais e doutros movimentos que a nós
militantes familiares nos deram uma autêntica
dimensão de modernidade.
Escrever sobre este grande projecto que foi apoiar e
dinamizar as Associações Familiares, para que elas
neste país assumissem o lugar fundamental que era
e é o seu, e a função social que lhes cabe, não é só
lembrar o Adelino que o avalizou, o sentiu como
essencial, lhe deu meios; é lembrar conjuntamente
o Zé Ribeiro e Castro, que conheci por intermédio
do Adelino, e que o complementava através da sua
competência e dinamismo, e que o Adelino
descobriu, motivou e acreditou, como aconteceu
com tantos de nós.
Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa
e Zé Ribeiro e Castro hão-de perdurar, cada um na
sua própria dimensão, mas num todo de dinâmica
vivência partidária e nacional.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|92
É com o coração que recordo o Adelino e por isso o
faço com a simplicidade que a sua lembrança me
traz.
De um dirigente de que todos gostávamos, de uma
alegria e um humor que a todos encantava, de uma
profundidade que a muitos espantava.
Se a amizade é um dom, a alegria também o é. E o
poder da amizade e da alegria perduram para todo o
sempre: Contar esse poder, é contar o Adelino.
Passadas as horas mais tristes de uma falta
irrecuperável, depois de termos ouvido quanto o
Adelino representava para tantos, só quero dizer
simplesmente que Adelino era, para além de tudo,
um grande amigo.
É por isso que vejo nele a dimensão do Homem que
ama os princípios e os homens e por isso os faz
acreditar e os faz seguir, a dimensão do político que
pensa para agir e faz os outros agirem, a dimensão
do cristão cuja fé é envolvente, cuja esperança
contagiante, cujo sonho é a realidade do futuro.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|93
Em todos nós deixou uma afirmação de verdade e
de verticalidade, e certeza de que um político pode
ser um “Homem bom”.
Ilustração 26 - Almoço de aniversário de Filipa, secretária de Amaro da
Costa.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|94
Aplauso e incentivo para a
Juventude
Francisco Cavaleiro Ferreira
Morreu o Eng. Adelino Amaro da Costa.
Mais do que relembrar aqui a sua vida, devemos
talvez reflectir sobre o seu exemplo.
Foi indiscutivelmente um dos políticos mais hábeis.
Porque era um homem extraordinariamente
trabalhador e dedicado.
Foi um político agressivo e rápido. Porque era um
homem de uma inteligência viva e transbordante.
Foi um negociador dificilmente igualável. Porque
era um homem simultaneamente sereno e de uma
alegria contagiante.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|95
Deixou em todos os recantos do partido que fundou
um risco personalizado do seu trabalho, um toque
da sua alegria – a dor da sua ausência.
Neste momento de luto, em que respeitosamente
nos curvamos diante da sua imagem, não podemos
deixar de salientar esta característica rara nos
políticos que vamos conhecendo.
Foi um homem amigo e afável mesmo quando o
político estava determinadamente discordante.
Nessas alturas nunca deixou de nos dar um
conselho, uma palavra de ânimo, ou um pouco de
boa disposição. Na sua última aparição na RTP,
exactamente no dia do acidente, Amaro da Costa
acabou o seu discurso com palavras de aplauso e de
incentivo para a Juventude.
Aceitamo-las com o respeito e determinação que se
devem às últimas vontades.
Adelino Amaro da Costa restaurou o prestígio do
político, honrando as virtudes da tolerância e da
firmeza, da tolerância dos homens e da firmeza dos
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|96
princípios, cultivando o risco das situações e a
elegância dos modos, resistindo à tentação do
conforto.
Morreu!
Ao nosso profundo respeito pela sua inconfundível
personalidade veio juntar-se a forma trágica e
inesperada como encontrou a morte.
Com o seu espírito. A sua presença torna-se mais
fácil, mais fluída e o seu pensamento mais
permeável e mais penetrante.
Exista ou não exista, Amaro da Costa sobre existe,
existindo-nos, fazendo-nos existir.
Ilustração 28 - Em Dezembro de 1978 é reeleito no Congresso do Porto Vice-Presidente do CDS. O seu contributo está presente na estratégia do
partido nos últimos 2 anos.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|97
Exemplo do Adelino triunfará Alexandre Sousa Pinto
Não há palavras que resumam, nem elogios
suficientes para descrever o que Adelino
representou para o CDS, para o País e para o
momento internacional da Democracia Cristã na
Europa. Só recolhendo depoimentos de muitas
pessoas, desde muitos eleitores modestos que ele
contactava e contagiava com o seu entusiasmo, até
aos políticos europeus que o admiravam nas suas
claríssimas exposições doutrinárias, até aos seus
colegas no Eurogrupo de Ministros da NATO que
quereriam eleger seu presidente, todos terão uma
achega a dar, uma faceta para ilustrar a
personalidade viva e brilhante do Adelino Amaro
da Costa. O professor Freitas do Amaral
testemunha privilegiada da sua acção política
prometeu já dar-nos em tempo oportuno, uma
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|98
descrição de como o viu e aguardamos com
impaciência esse depoimento fundamental.
Porém, a riquíssima personalidade multifacetada do
Adelino tinha aspectos particulares susceptíveis de
mais profundamente influenciar cada um de nós e
nesse sentido é que poderei apresentar um
depoimento, sem a preocupação de contemplar
todas as suas muitas qualidades humanas.
Admirava no Adelino em especial a sua
“endurance” isto é, a sua enorme capacidade de
manter intactas as suas faculdades de raciocínio
claro, de palavra viva, alegre, colorida, mas exacta,
forte e acutilante quando necessária, de presença
comunicativa, independente das circunstâncias
favoráveis ou desfavoráveis que o rodeavam.
Moderado e equilibrado no triunfo, o Adelino
mantinha exactamente o mesmo rigor combativo
nos momentos em que tudo parecia correr contra
nós. Não se deixava inebriar pela vitória como não
se deixava deprimir pela derrota. Era um lutador
que ficada sempre de pé, respeitando o adversário,
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|99
não subestimando o inimigo, mas não receando
nem se deixando deprimir por ele.
Quem não se lembra da grandeza com que o
Adelino aceitou o que toda a comunicação social –
que ele tanto prezava – descreveu erroneamente
como sendo a derrota da sua estratégia no Terceiro
Congresso do CDS? Quem não se lembra de o ver
na televisão, no dia seguinte a esse Congresso,
manter todo o seu brilho, todo o seu entusiasmo,
toda a sua clareza de exposição e de raciocínio sem
estremecer, pouco que fosse, com críticas que
imerecidamente lhe dirigiam?
O Adelino tinha uma enorme força interior que não
deixava abater em circunstâncias, por mais
adversas que fossem. Essa força vinha-lhe de uma
completa identificação entre as suas palavras, as
suas obras e as suas convicções. Ele era acima de
tudo sincero e honesto consigo próprio, como era
com os que o escutavam. A sua sinceridade ter-lhe-
á trazido uma ou outra antipatia, mas trouxe-lhe
também uma total serenidade em todas as
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|100
circunstâncias, a certeza de que a sua verdade
triunfará e a tranquilidade perante os revezes que
nunca considerou se não como curtos incidentes de
um percurso que não pode conduzir senão à vitória
final.
O exemplo de Adelino triunfará: nenhuma batalha
perdida nos desviará do rumo certo para a vitória.
Ilustração 29- Abril 80 – Visita de cortesia a uma esquadra holandesa no Tejo.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|101
Deus Quer o homem sonha, a obra
nasce
Nuno Gonçalves
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Só
quem da Política tem a concepção aristotélica, só
quem conhece que tem de ser a meta política a
enformar a política, só quem sabe que no modelo
civilizacional que perfilhamos, a Cidade se constrói
na permanente prospeção da articulação
harmoniosa entre as várias componentes do todo
social – a Cultura, a Arte, a Economia, a Educação,
o Sindicalismo – poderá compreender a dimensão e
o sentido do sonho e da obra de Adelino Amaro da
Costa em prol de um determinado projecto de vida
para Portugal, projecto que é também o que motiva
os membros da Federação dos Trabalhadores
Democrata-cristãos.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|102
Morreu um Amigo: deixa-nos a chama do seu
exemplo. Com ele a obra nasceu. Sem ele, e
também em sua intenção, a obra continuará.
Ilustração 30 - Na assembleia da república quando se discutia o Programa do 1º Governo Constitucional.
Ilustração 31 - Novembro 79 – Amaro da Costa, ao lado de Sá Carneiro, discursa num comício na Campanha Eleitoral para a Assembleia da
República.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|103
Gostaria de ser igual a Amaro da Costa
Jeannete Fonseca e Silva
Se fosse figura pública gostaria de ser “igual” ao
Engº. Amaro da Costa. Inteligente, sabedor,
ponderado, honesto e sincero, audaz e autêntico,
respeitador dos outros e das suas ideias.
Brilhante. A melhor homenagem que posso prestar-
lhe é dizer que, em tais condições pretendia
assemelhar-me a ele.
Como militante-colaboradora do CDS pude seguir
a sua carreira desde a fundação do Partido em
1974, tendo o grande prazer de com ele conviver
muito de perto no dia-a-dia do trabalho, então em
condições muito difíceis. Era nessa ocasião
necessária muita perseverança e força de ânimo
para difundir o Partido e a sua doutrina, coragem
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|104
para enfrentar a intolerância, a incompreensão, a
injúria e mesmo a violência que outros mal
formados contra nós usavam.
Entre os bravos lutadores de primeira linha, cheio
de dinamismo, optimismo e aceitação dos outros,
estava o nosso Engenheiro.
A força do seu carácter a sua jovialidade e humor
nessas horas duras eram para todos nós motivo de
boa disposição e de renovação da vontade de
prosseguir sem desfalecimentos.
Em qualquer tarefa aparecia a nosso lado como um
“colega” amigo e pronto a dar uma ajuda,
acamaradando com todos, sem distinção.
Sempre assim se manteve ao longo do melhor
tempo que, progressivamente foi chegando, sem
que o muito trabalho e preocupações lhe roubassem
o dito ou a graça própria, para cada um de nós.
Quando os “jovens” do DOP se reuniam havia que
o “AMAC” (assim o tratávamos com ternura,
usando a forma sincopada da sua rubrica) para que
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|105
com a sua alegria e enorme graça, fizesse das
reuniões momentos altos.
É esta imagem que dele quero guardar.
Homem de espírito vivo e elevado,
extraordinariamente perspicaz na vida, como na
política, com o dom da resposta pronta e acertada,
ficará para sempre nos nossos corações, como
exemplo a seguir de um lutador pelas ideias
democratas cristãs.
Se fosse figura pública gostaria de ser “igual” ao
Engenheiro Amaro da Costa.
.
Ilustração 32 - Outubro de 79 – o casal Amaro da Costa com um grupo de
colaboradores do Departamento de Opinião Pública.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|106
O arquitecto discreto
José Ribeiro e Castro
Durante algum tempo, foi corrente na Imprensa
designar o Eng.º Amaro da Costa de o “arquitecto
discreto”, uns elogiando-o, outros procurando
ridicularizar essa designação. Ora, a verdade é que,
naquilo que tem a ver com a fundação do CDS, o
seu crescimento, a sua consolidação, o Eng.º
Amaro da Costa – o nosso Adelino – foi sempre o
“arquitecto” de passos sucessivos, no êxito do
nosso caminho, até à Aliança Democrática em que
nos encontramos. E “discreto” também nessa sua
influência decisiva e permanente, porque, mau
grado ser um destacado dirigente e serem muitos os
aspectos em que conhecemos a sua presença, a
discrição foi sempre uma característica dominante
da sua acção, quer pela humildade que o
caracterizava pessoalmente, quer por conhecer o
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|107
valor que a humildade tem também, quantas vezes,
para a própria eficácia política dos
comportamentos.
Há muitos aspectos em que o País e
particularmente os militantes democrata-cristãos,
não terão dificuldades em identificar o nome de
Amaro da Costa. Mas a verdade é que são muitos
mais ainda os pormenores, os elementos, as linhas
de crescimento político do nosso partido e da
evolução política do nosso País, em que o dedo de
Amaro da Costa se manifestou de forma decisiva e
determinante, sem que a maioria disso se desse
sequer conta.
Uma personalidade política decisiva no CDS, que
rapidamente se tornou numa personalidade política
central também da Aliança Democrática, do seu
projecto, do seu Governo. Arquitectando sempre o
nosso crescimento e a nossa vitória, com eficácia,
dedicação e discrição assinaláveis. E sobretudo
portador ainda de um exemplo humano de
perseverança e tenacidade, nunca deixando cair os
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|108
braços diante de qualquer adversidade ou percalço
e tendo a imaginação de transformar mesmo estes
em novos trampolins para novos avanços, sem
nunca os encarar como fonte de desânimo e fosso
de derrota.
Um homem que vivia mais as paredes-mestras de
um projecto doutrinário, profundamente
personalista, do que o mero encantamento e a
ostentação banal de acenar às janelas. E um homem
que, mesmo quando aparecia à janela, o fazia
apenas na estrita medida em que fossem já seguras
as paredes e as traves do edifício.
Foi assim que nos habituámos a conhecê-lo e a
respeitá-lo. Tenaz, alegre, determinado,
imaginativo, empenhado no serviço de valores. E
que aprendemos também a admirar e a estimar o
seu exemplo humano, de quem conhecia que a vida
e a política se fez com homens que são pessoas,
credoras sempre de respeito e não apenas
devedoras de serviços.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|109
Esse é o Adelino Amaro da Costa que conheci. Um
Homem que sabia que a política precisa de uma
bandeira, mas que conhecia sobretudo que a
bandeira flutua mais alto e por tanto mais tempo,
quanto mais extenso e mais sólido for o mastro que
a segura. Um Homem que sabia como, na vida, a
bandeira é mais olhada que o mastro, mas que sem
o mastro, que é a solidariedade efectiva das pessoas
e o trabalho discreto da organização, da estrutura,
dos mecanismos de base, seria a própria bandeira
que não flutuaria em parte nenhuma. E um Homem,
enfim, que nunca se importou – antes apreciava –
fazer o trabalho duro, cansativo e discreto do
“mastro”, mesmo quando aí não era o palco, as
palmas se ouviam menos e as luzes não
iluminavam tanto
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|110
Ilustração 33 - Conselho Nacional do CDS em Maio de 76. Discutia-se a questão presidencial. Adelino Amaro da Costa conversa com Ribeiro e Castro.
Ilustração 34 - Março de 80 – Nas III Jornadas Parlamentares do CDS.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|111
Quem era Manucha?
Maria Manuela Pires da Costa, para os amigos
simplesmente “Manucha”, era jovem encantadora
esposa de Adelino Amaro da Costa.
Casada com aquele que foi o vice-presidente do
partido, em 3 de Novembro de 1979, “Manucha”
era natural de Lourenço Marques, tendo apenas 28
anos. Era doutorada em Química e lecionava como
assistente na Faculdade de Ciências de Lisboa. Era
filha do comandante Gustavo Pires e de Manuela
Simões Vaz.
Ao que consta, a jovem esposa de Amaro da Costa
tinha receio de viajar de avião, pelo que raramente
acompanhava o marido nas suas frequentes
deslocações. Nesta ida ao Porto, “Manucha” teria
decidido, entusiasticamente, fazer a viagem.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|112
Uma viagem curta. Fatal. Uma viagem onde
“Manucha” quis estar com Amaro da Costa, para
todo o sempre.
Figura 35 – Manucha e Adelino Amaro da Costa em Outubro de 1979, no almoço na Sede Nacional do partido. Avizinhavam-se dias de alegria para o
jovem casal.
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|113
Uma Homenagem … Luiz Pinto Gonçalves
(Coordenador da Edição Especial da Folha do
CDS)
“ … Toda a acção impõe uma doutrina; mas o
cristão não pode admitir a que implique uma
filosofia materialista e ateia, e não respeite a
orientação religiosa da vida para o seu último fim, a
liberdade e dignidade humana. Mas garantidos
esses valores, é admissível e, até certo ponto útil,
um pluralismo de organizações, contando que
projetam a liberdade e exaltem a dignidade… É
com toda a nossa Alma, que prestamos
homenagem, a quem quer que, por este meio,
trabalha, servindo desinteressadamente os seus
irmãos” – é também, a nossa homenagem a
Adelino Amaro da Costa, um exemplo de espírito,
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
|114
ainda bem vivo entre nós, do que trabalhou, lutou e
sacrificou-se em luta de um ideal, ideal esse que
tinha como fim a liberdade e a dignidade humana.
Adelino Amaro da Costa morreu! Mas só o seu
corpo está reduzido a cinzas…; pelo contrário, o
espírito, a luta, os ideais e a dignidade de Amaro da
Costa, são em nós um exemplo bem vivo, onde o
seu espírito é agora a nossa consciência, onde a sua
luta é o nosso alimento, onde os seus ideais
constituem o nosso modelo de vida, onde a sua
dignidade é o nosso objectivo.
Não há palavras que consigam adjectivar o que foi
o exemplo de Amaro da Costa… ANOSSA
HOMENAGEM A SI SR. ENG.º!
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A voz dos outros
Francisco Oliveira Dias
Porque é que os adversários do CDS admiravam
ADELINO AMARO DA COSTA e respeitam
como respeitam a sua memória?
Porque o ADELINO fazia aquilo que se deve fazer
no CDS – e também nisso deve ser exemplo vivo
para nós. Distinguia os erros daqueles que erram.
Ninguém mais frontal, mais corajoso, mais
brilhante, mais arguto do que ele a desmascarar e
combater o erro. Ninguém mais compreensivo,
mais aberto, mais cordial para aquele que caiu no
erro, que apenas o repetiu ou mesmo o engendrou.
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Manuel Alegre (Dirigente do PS)
Presto a minha homenagem a Adelino
Amaro da Costa, com quem convivi mais de
perto, homem cordial que gostava da vida e
que era, sem dúvida um dos mais brilhantes
políticos da cena política nacional.
Mota Pinto (Primeiro-Ministro do IV Governo
Constitucional)
Adelino Amaro da Costa foi um político
hábil e competente, parlamentar
brilhantíssimo, dirigente esfuziante de
vivacidade e capacidade de galvanização.
Alfredo Barroso (Director do jornal “Acção
Socialista”)
A morte de Adelino Amaro da Costa – que
tive o privilégio de conhecer pessoalmente
em 1978 – chocou-me profundamente:
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tratava-se, sem dúvida, de um político de
excepcional talento, que indiscutivelmente
se tornou um dos mais notáveis
parlamentares da história ainda breve do
regime democrático após o 25 de Abril.
Jaime Gama (Deputado do PS)
Adelino Amaro da Costa, que recordo desde
os tempos da universidade, era um notável
político. Brilhante parlamentar e governante
não menos eficaz, Amaro da Costa
conseguia aliar a uma sólida formação
democrática-cristã um precioso sentido de
negociação política e um salutar espírito de
diálogo com os outros partidos. Fiz com ele
uma viagem à China Popular e negociámos
em conjunto os acordos políticos tendentes
à formação do IIº Governo. No mais aceso
da controvérsia política, não se apagou
entre nós uma amizade de aí gerada.
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Gonçalo Ribeiro Teles (Líder do PPM e da AD)
A morte em circunstâncias trágicas de
Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da
Costa suscitou, por parte da grande maioria
dos políticos nacionais e estrangeiros,
diversas manifestações de pesar.
Muitos deles adversários políticos, nesta
hora de luto, e dor nacional baixaram-se
perante a memória dos dois estadistas
prestando-lhes a homenagem devida
aqueles que souberam entregar-se com
determinação e tenacidade à defesa dos seus
ideais.
Em jeito de homenagem póstuma,
recolhemos diversos depoimentos através
de órgãos de comunicação social, de
políticos que directa ou indirectamente
conviveram e trabalharam com aqueles que
pereceram no auge de uma intensa luta
política.
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O desaparecimento de Adelino Amaro da
Costa constitui perda insubstituível para o
País, para o seu partido, para o Governo.
Desempenhava um importantíssimo papel
na consolidação das nossas instituições
democráticas. É com imenso pesar que vejo
desaparecer um amigo com quem
estabeleci, desde que o conheci, as mais
leais relações.
Vaz Portugal (Ministro do Governo de Mota Pinto)
Com a morte de Adelino Amaro da Costa, o
parlamentarismo, o Estado e o CDS,
perdem uma figura de notável capacidade.
Recordo com imensa saudade a vivacidade
da sua inteligência e a coragem da sua
determinação.
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Salgado Zenha (Dirigente do PS)
São uma tragédia para Portugal e para a
democracia as mortes de Francisco Sá
Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
António Ramalho Eanes (Presidente da
República)
Desapareceram brutalmente homens que
dedicaram toda a sua vontade, toda a sua
determinação à defesa de Portugal e dos
interesses dos portugueses. Como
Presidente da República quero prestar a
homenagem sentida e exprimir o
testemunho de respeito profundo que todos
devemos àqueles que colocaram acima de
tudo a missão de orientar a nossa vida
política.
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Ilustração 36 - Posse do Presidente da República em 1976.
Ilustração 37 - Em 14 de Setembro de 1976 Amaro da Costa felicita Carlos Assumpção pela assinatura do acordo CDS com a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM).
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Ilustração 38 - Primeira Cimeira CDS/PSD em Maio de 1977. Amaro da Costa com Sousa Franco, Sá Carneiro e Freitas do Amaral.
Ilustração 39 - Acordo do Governo PS/CDS em 19 de Dezembro de 1977. Na Sede Nacional, reunião com o Partido Socialista. Amaro da Costa tem a perfeita noção do que é o interesse nacional.
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Ilustração 40 - 10 de Agosto de 79 – Cimeira PSD/CDS/PPM na sede do
PSD.
Ilustração 41 - Apresentação pública da candidatura do General Soares
Carneiro.
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Edição Original:
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
Folha do CDS especial
•
Edição do Departamento de Opinião Pública do CDS
•
Orientação e coordenação
João Guerra Tavares
Luis Pinto Gonçalves
•
Orientação gráfica
Henrique de Queiroz e Lima
•
Fotografia
António Ortigão Ramos
•
Composição e Impressão
Mirandela & Cª
Travessa Condessa do Rio, 7-9
•
Tiragem
80.000 Exemplares
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2ª Edição (4 de Dezembro de 2014):
ELE FOI E É O NOSSO ADELINO
Edição
CDS Notícias - Publicações
Editor e coordenador
Nuno Serra Pereira
Colaboradores
António Miguel Lopes
André de Soure Dores
António Reis Faria
Alexandra Benitez
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