ELABORAÇÃO DE SALSICHA PREBIÓTICA COM RESÍDUO DE ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
DANIELA PEREIRA BESSA
ELABORAÇÃO DE SALSICHA PREBIÓTICA
COM RESÍDUO DE TILÁPIA (Oreochromis
niloticus) E REDUÇÃO DE SÓDIO
NITERÓI 2014
DANIELA PEREIRA BESSA
ELABORAÇÃO DE SALSICHA PREBIÓTICA COM RESÍDUO DE
TILÁPIA (Oreochromis niloticus) E REDUÇÃO DE SÓDIO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Teixeira Mársico
Co-orientadora: Profa. Dra. Claudia Emília Teixeira
Niterói
2014
DANIELA PEREIRA BESSA
ELABORAÇÃO DE SALSICHA PREBIÓTICA COM RESÍDUO DE
TILÁPIA (Oreochromis niloticus) E REDUÇÃO DE SÓDIO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________ Profa. Dra. Eliane Teixeira Mársico-Orientadora
Universidade Federal Fluminense
_______________________________________________________ Profa. Dra. Cláudia Emília Teixeira – Co-orientadora
Universidade Federal Fluminense
_______________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Adam Conte Júnior Universidade Federal Fluminense
_______________________________________________________
Prof. Dr. Alex Augusto Gonçalves Universidade Federal Rural do Semi-árido
Niterói 2014
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, por me iluminar e amparar em todas as
situações.
À minha família, meus pais José Carlos e Maria José, pelo apoio, sabedoria e
amizade. Meus irmãos Ju e Vi por serem tão companheiros, minha cunhada Lidi
pelas mensagens de ânimo, meu sobrinho Heitor por ser a alegria da casa, meus
avós Celeste, Carlos e Chiquinha por me ensinarem o valor e a importância da
família. Meu primo Thiago, pela boa vontade e ajuda nas viagens para realização do
experimento.
Ao Marcelo, meu amor, por estar ao meu lado sempre, por seu apoio,
amizade e companheirismo. Por ter uma personalidade incrível e me ensinar a arte
da serenidade.
À todos os amigos, de Lavras e Juiz de Fora, e os mais recentes de Niterói,
pelos momentos de descontração.
À minha orientadora Eliane Teixeira Mársico, pela generosidade de ter me
aceitado como orientada e por toda a paciência durante esses dois anos.
À minha co-orientadora Cláudia Emília Teixeira, por todos os seus
ensinamentos, pela ajuda em todos os momentos, pela sinceridade e amizade.
Aos professores Robson Maia Franco, Mônica Queiroz e Carlos Conte por
serem tão gentis e solícitos com as minhas dúvidas, além da ajuda nas análises.
À todos do Laboratório Físico-químico da Faculdade de Veterinária, em
especial Júlia Simões e Mozar Lemos pela amizade e auxílio nas análises.
Ao mestrando Leonardo Varon Gaze, pela paciência e ajuda nas análises
estatísticas.
À equipe do SENAI Vassouras, por terem disponibilizado a planta piloto de
alimentos para realização de parte do experimento, sempre com muita boa vontade.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
pelo auxílio financeiro.
À todos da Coordenação e Faculdade de Veterinária pelo apoio e auxílio.
“A sua vida será sempre o que você esteja mentalizando
constantemente. Em razão disso, qualquer mudança real em seus
caminhos, virá unicamente da mudança de seus pensamentos.
Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo porque a
dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em
habilitação e resistência.”
Chico Xavier
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p.8
LISTA DE TABELAS, p. 10
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS, p. 11
RESUMO, p. 12
ABSTRACT, p. 13
1 INTRODUÇÃO, p. 14
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 17
2.1 SITUAÇÃO DA PESCA NO MUNDO E NO BRASIL, p. 17
2.1.1 Produção de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), p. 18
2.1.2 Aproveitamento de resíduos da indústria de pescado, p. 19
2.2 ELABORAÇÃO DE EMBUTIDOS, p. 20
2.3 PREBIÓTICOS, p. 22
2.4 INULINA, p. 23
2.4.1 Efeito prebiótico da inulina, p. 24
2.4.2Aplicação da inulina em alimentos, p. 25
2.5 REDUÇÃO DE SÓDIO, p. 26
2.5.1 Importância do sódio na fisiologia humana, p. 26
2.5.2 Mecanismo de ação do sódio em produtos cárneos, p. 27
2.5.3 Alternativas para a redução de sódio em produtos industrializados, p. 28
2.6 ANÁLISE SENSORIAL, p. 30
3 MATERIAL E MÉTODOS, p. 32
3.1 MATERIAL, p. 32
3.1.1 Material permanente, p. 32
3.1.2 Material de consumo, p. 33
3.2 MÉTODOS, p. 34
3.2.1 Obtenção das amostras, p. 34
3.2.2 Formulação das amostras de salsicha, p. 36
3.2.3 Elaboração das amostras de salsicha, p. 37
3.2.4 Análises bacteriológicas, p. 41
3.2.4.1 Pesquisa de coliformes termotolerantes, p. 42
3.2.4.2 Pesquisa de Estafilococcus coagulase positiva, p. 42
3.2.4.3 Contagem de bactérias heterotróficas aeróbicas mesófilas, p. 42
3.2.4.4 Pesquisa de Samonella sp., p. 42
3.2.5 Análises físico-químicas, p. 43
3.2.5.1 Determinação de umidade, p. 43
3.2.5.2 Determinação de cinzas, p. 43
3.2.5.3 Determinação de proteínas, p. 44
3.2.5.4 Determinação de lipídios, p. 44
3.2.5.5 Determinação de carboidratos, p. 45
3.2.5.6 Determinação do valor calórico, p. 45
3.2.5.7 Potencial hidrogeniônico (pH), p. 46
3.2.5.8 Determinação do rendimento do cozimento, p. 46
3.2.5.9 Análise de cor, p. 46
3.2.6 Análise sensorial, p.47
3.2.6.1 Preparo das amostras, p. 47
3.2.6.2 Testes de aceitação e de atitude, p. 48
3.2.6.3 Just About Right (JAR), p. 51
3.2.6.4 Efeito da informação, p. 51
3.2.7 Tratamento estatístico dos resultados, p. 52
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 53
4.1 ANÁLISES DA MATÉRIA-PRIMA, p. 53
4.1.1 Análises bacteriológicas, p. 53
4.1.2 Análises físico-químicas, p. 53
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA SALSICHA, p. 54
4.2.1 Qualidade bacteriológica, p. 54
4.2.2 Avaliação físico-química, p. 55
4.2.3 Avaliação sensorial, p. 58
5 CONCLUSÕES, p. 68
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 69
7 ANEXOS, p. 77
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Estrutura molecular da frutose (esquerda), inulina (centro) e oligofrutose
(centro e direita). G= Glicose, F= frutose, p. 23
Figura 2 Polpa de peixe congelada em embalagem de 1kg, p. 35
Figura 3 Desenho experimental, p. 36
Figura 4 Fluxograma de produção de salsichas, p. 38
Figura 5 Emulsão formada no “cutter”, p. 39
Figura 6 Embutimento das salsichas em tripas artificiais com embutideira manual,
p.39
Figura 7 Salsichas em estufa de cozimento, p. 40
Figura 8 Salsichas embaladas a vácuo, p. 41
Figura 9 Ficha de avaliação sensorial de teste de aceitação, teste do ideal e Teste
de atitude, p. 50
Figura 10 Ficha de avaliação sensorial para efeito da informação, p. 52
Figura 11 Gráfico de componentes principais. L* = luminosidade; b*= componente
amarelo; a*= componente vermelho; Kcal= valor calórico; IG= impressão global sem
informação; IG com inf.= impressão global com informação; IC sem inf.= intenção de
compra sem informação; IC com inf.= intenção de compra com informação; IC sem
inf.= intenção de compra sem informação. T1= controle; T2= 6% de inulina; T3=
50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl, p. 60
Figura 12 Distribuição das avaliações do consumidor sobre cor de derivado de peixe
utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente
menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o
ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina,
50%NaCl:50%KCl, p. 61
Figura 13 Distribuição das avaliações do consumidor sobre intensidade do gosto
amargo utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2=
ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito
mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4=
6%inulina, 50%NaCl:50%KCl, p. 62
Figura 14 Distribuição das avaliações do consumidor sobre intensidade do gosto
salgado utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2=
ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito
mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4=
6%inulina, 50%NaCl:50%KCl, p. 63
Figura 15 Distribuição das avaliações do consumidor sobre suculência utilizando os
5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o
ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1=
controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina,
50%NaCl:50%KCl, p.64
Figura 16 Distribuição das avaliações do consumidor sobre elasticidade utilizando
os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o
ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1=
controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl :50%KCl; T4= 6%inulina,
50%NaCl:50%KCl, p. 65
Figura 17 Distribuição das avaliações do consumidor sobre maciez utilizando os 5
pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o
ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1=
controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina,
50%NaCl:50%KCl, p. 66
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Formulações das salsichas elaboradas com resíduo provenientes do
processamento de filetagem de tilápia (Oreochromis niloticus), p. 36
Tabela 2 Composição centesimal (umidade, cinzas, proteína, lipídeos, carboidratos e valor calórico) de salsichas produzidas com resíduo de Tilápia (Oreochromis niloticus), p. 56
Tabela 3 Valores de pH, rendimento de cozimento (%) e cor instrumental em amostras de salsicha com diferentes tratamentos produzidas com resíduo de tilápia (Oreochromis niloticus), p. 58
Tabela 4 Escores sensoriais de impressão global sem e com informação e intenção de compra sem e com informação de salsichas de resíduo de tilápia (Oreochromis niloticus), p. 59
Tabela 5 Notas médias obtidas no teste de aceitação, para avaliar os atributos impressão global (escala hedônica), cor, elasticidade, maciez, suculência, gosto salgado, gosto amargo (escala JAR) das formulações F1, F2, F3 e F4, e efeito sobre a média, p. 67
11
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
°C Graus Celsius ANOVA Análise de Variância ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AOAC “Association of Analytical Communities” APC Ágar Padrão para Contagem APHA “American Public Health Association” APT Água Peptonada Tamponada CHAM Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas cm Centímetros CMS Carne Mecanicamente Separada Cl- Íon cloreto CO2 Dióxido de carbono COOPERCRAMMA Cooperativa Regional de Piscicultores e Ranicultores do
Vale do Macacu e Adjacências DHA DocosaHexanoic Acid (Ácido DocosaHexanóico) EPA Eicosapentaenoic Acid(Ácido pentaenóico) FAO Food and Agriculture Organization FOS Frutoligossacarídeo g Grama hab Habitante HCl Ácido Clorídrico JAR Just About Right KCl Cloreto de Potássio Kg Quilograma ALA Alfa Linolenic Acid (Ácido alfa linolênico) MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Desenvolvimento mg Miligrama MgCl2 Cloreto de magnésio μL Microlitro ml Mililitro mm Milímetros MPA Ministério da Pesca e Aquicultura NaCl Cloreto de Sódio OMS Organização Mundial de Saúde PA Pro Analyse PCA Principal Components Analysis pH Potencial Hidrogeniônico RDC Resolução da Diretoria Colegiada RJ Rio de Janeiro SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SSP Solução Salina Peptonada UFC Unidade Formadora de Colônia % Porcentagem
RESUMO O cultivo de tilápias da espécie Oreochromis niloticus é uma atividade em amplo
crescimento no Brasil e no mundo, apresentando características como boa
adaptação a diversas condições de criação e carne muito apreciada pelo
consumidor. Entretanto, é comercializada principalmente na forma de filé gerando
resíduos que são subutilizados para alimentação animal ou descartados no
ambiente. O setor industrial tem demonstrado uma tendência de investimento neste
tipo de alimento, assim como em alimentos com baixo teor de sódio e com adição de
prebióticos. O objetivo do presente estudo foi reunir essas características desejáveis
em um único alimento, desenvolvendo uma salsicha com o resíduo de tilápia, com
redução de sódio e inclusão de prebiótico. Para a elaboração da salsicha foram
utilizados quatro tratamentos: o controle (T1) utilizando 100% de cloreto de sódio
(NaCl) sem a inclusão de inulina, o T2 com inclusão de 6% de inulina e 100% de
cloreto de sódio, um sem inclusão de inulina e substituição parcial do cloreto de
sódio por cloreto de potássio na proporção de 50%: 50% (T3) e finalmente o T4 com
inclusão de 6% de inulina com substituição parcial de cloreto de sódio por cloreto de
potássio na proporção de 50%: 50%. Foram realizadas análises físico-químicas
como pH, e teores de umidade, cinzas, proteínas, lipídeos e carboidratos, análises
bacteriológicas, como pesquisa de Salmonella sp, coliformes termotolerantes,
estafilococcus coagulase positiva e contagem de microrganismos aeróbicos
mesófilos de todos os tratamentos de salsichas, além de análises sensoriais, como
teste de aceitação, teste de atitude, “Just About Right” e efeito da informação.Os
resultados obtidos indicam que todos os tratamentos foram aceitos e representam
uma possibilidade de uso dos resíduos de forma sustentável em alimentos
prebióticos com baixo teor de sódio.
Palavras-chave: Salsicha, aproveitamento de resíduos, redução de sódio, inulina
ABSTRACT
The production of tilapia species Oreochromis niloticus is a large growth in activity in
Brazil and in the world, with features like good adaptation to different conditions for
breeding and meat greatly appreciated by the consumer. However, it is marketed
mostly in the form of fillet generating waste feed are underutilized or discarded into
the environment. The industry has shown a trend of investing in this type of food, as
well as foods with low sodium and addition of prebiotics. The aim of this study was
together these desirable characteristics in a single food, developing a sausage with
the tilapia waste with sodium reduction and inclusion of prebiotic. For the preparation
of sausage four treatments were used: control (T1) using 100% sodium chloride
(NaCl) without the inclusion of inulin, the T2 with 6% inulin and 100% sodium
chloride, one without inclusion of inulin and replacement of 50% sodium chloride by
potassium chloride (T3) and finally the T4 with addition of 6% inulin with partial
substitution of sodium chloride by potassium chloride in the ratio of 50%:50%. Many
analysis were performed such as Physico chemical analysis such as pH, moisture
content, ash, protein, carbohydrates, lipids and energy value, bacteriological
analysis, as search Salmonella sp, Escherichia coli, Staphylococcus coagulase
positive and count of aerobic mesophilic bacteria of all sausage treatments and in
addition to sensory analysis, as the acceptance test, attitude test, "Just About Right"
and effect information. The results obtained indicate that all treatments were
accepted and represent a possibility to use waste sustainably in prebiotic low sodium
foods.
Keywords: Sausage, tilapia waste, reduced sodium, inulin
14
1 INTRODUÇÃO
A Aquicultura é o ramo de produção de alimentos que mais cresce no mundo,
superando a agricultura e pecuária. A China continua liderando a produção de
peixes de cultivo, entretanto, o Brasil é o país com maior potencial para expandir
essa atividade, haja visto que possui 12% de água doce disponível no planeta e
8000 km de litoral. Aliado ao crescimento da aqüicultura está o aumento do consumo
de pescado, que aumentou 23,7% em 2010 e 2011, atingindo 11,17 kg/hab/ano em
2011, média próxima de 12 kg/hab/ano, quantidade recomendada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) (MPA, 2013).
A Tilápia do Nilo é considerada a espécie de maior importância para a
expansão da aqüicultura no mundo, apresentando boa adaptação a diversas
condições de criação e carne muito apreciada pelo consumidor, fatores que
favorecem o potencial mercadológico. Entretanto, é consumida principalmente na
forma de filé. Seu rendimento em filé é considerado baixo (30-37%) e os resíduos
são subutilizados na produção de farinha para alimentação animal ou descartados
no meio ambiente (GJERDE et al., 2012; THODESEN et al., 2012; MONTANHINI
NETO, OSTRENSKY, 2013). O uso destes resíduos para a alimentação humana é
extremamente interessante tanto do ponto de vista nutricional, como ambiental, pois
com aplicação de tecnologias e elaboração de novos produtos, agrega valor à
matéria prima e diminui o impacto ambiental, impulsionando a questão da
sustentabilidade.
O uso destes resíduos como fonte proteica para a fabricação de um embutido
cárneo representa uma alternativa economicamente viável para produzir alimentos
derivados de peixes, estimulando o consumo. A salsicha foi eleita como o produto a
ser elaborado pela boa aceitação mercadológica, fácil consumo e possível potencial
de aceitação pelo consumidor.
Uma grande preocupação da indústria tem sido a produção de alimentos mais
saudáveis, em função da preocupação dos consumidores que buscam atualmente
15
uma alimentação mais saudável, de fácil preparo e com apelo de inovação. Dentro
desse contexto, uma das linhas de ação atuais por parte de instituições de pesquisa
e pela indústria, é a diminuição do teor de sal dos alimentos em função da relação
direta entre hipertensão x doenças cardiovasculares x consumo de cloreto de sódio.
O grande desafio da redução de sódio é a manutenção da aceitabilidade dos
alimentos (DÖTSCH et al., 2012) sem prejuízo da textura (DESMOND, 2006)
atendendo aos padrões microbiológicos de qualidade (RUUSUNEN, 2005). Todavia,
estudos demonstram que a substituição parcial do cloreto de sódio por cloreto de
potássio é uma alternativa de relevância tecnológica expressiva pelo fato de não
alterar os padrões de qualidade e identidade do produto.
A inclusão de fibras nos alimentos também é alvo de pesquisas, com
destaque para os prebióticos. Estudos comprovam que tais fibras estimulam o
crescimento de bactérias benéficas do intestino do hospedeiro, diminuindo fatores
de risco para câncer, doenças cardiovasculares, estimulando o sistema imune, além
de melhorar o trânsito intestinal.
Sendo assim este estudo foi realizado visando o desenvolvimento de um
embutido tipo salsicha utilizando como fonte proteica e lipídica os resíduos oriundos
da indústria de filetagem de tilápia do Nilo, e avaliação dos efeitos da substituição
parcial do cloreto de sódio por cloreto de potássio e da inclusão de inulina, com os
seguintes objetivos: (1) Avaliar a composição centesimal de qualidade bacteriológica
das polpas de cabeça e carcaça utilizadas para elaboração das salsichas; (2)
Elaborar as amostras de salsicha de resíduo de tilápia, incorporando em sua
formulação 50% de cloreto de potássio e 6% de inulina, e suas combinações; (3)
Avaliar a qualidade bacteriológica dos quatro tratamentos de salsicha através de
contagem de organismos aeróbios e mesófilos (CHAM), contagem de coliformes
termotolerantes, pesquisa de Salmonella sp e Staphylococcus coagulase positiva;
(4) Realizar as análises físico-químicas de pH, proteína, lipídeos, umidade, cinzas,
carboidratos, valor calórico, rendimento de cozimento e cor de todas as formulações
e (5) Caracterizar sensorialmente as salsichas controle e tratadas com inulina e KCl
16
com teste de aceitação, intenção de compra, escala do ideal e efeito da informação
e sua correlação para avaliar a preferência entre as amostras.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SITUAÇÃO DA PESCA NO MUNDO E NO BRASIL
A produção de pescado tem demonstrado crescimento acelerado, chegando a
128 milhões de toneladas de peixe para alimentação humana em 2010 (FAO, 2011).
É a atividade de produção de alimentos que mais cresce no mundo, superando a
agricultura. Todavia há uma estagnação da pesca extrativista, e um aumento do
consumo de pescado no mundo, o que colabora para previsão de um amplo
crescimento da aqüicultura, necessário para suprir a demanda, visto que é esperado
que 62% do pescado consumido seja proveniente da aqüicultura até 2030 (FAO,
2013).
Embora relatos de 2011 indicassem a China como líder da produção aquícola
e responsável por 62,3% da produção global (FAO, 2011), o Brasil se destaca como
país de grande potencial nesta atividade (MATSUSHITA et al., 2003), tendo em vista
que detém 12% da água doce disponível no planeta e mais de 8000 quilômetros de
litoral (MPA, 2011). Em 2011, o país apresentou um aumento de aproximadamente
13% na produção de pescado em relação ao ano anterior. Nesta ocasião a região
Nordeste continuava sendo a principal produtora, contribuindo com 31,7% da
produção Nacional, seguida pelas regiões Sul, Norte, Sudeste e Centro-oeste, em
ordem decrescente de produção (MPA, 2011). Esses dados reafirmam a condição
de que o país possui potencial para ocupar o “ranking” dos maiores produtores de
organismos aquáticos do mundo.
Dentre as espécies mais cultivadas, se destaca a tilápia, principalmente a
Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), que apresenta crescimento rápido,
rusticidade, além de carne saborosa e bem aceita pelo mercado consumidor
(HAYASHI et al., 2002).
18
2.1.1 Produção de tilápia do nilo
A tilápia é um peixe originado da África, e a nomenclatura se refere a mais de
70 espécies da família Cichlidae (ARAÚJO, 2010). A criação desta espécie teve
início no Quênia em 1924 (SEBRAE, 2008), inicialmente como fonte de
sobrevivência (FULBER et al., 2009). No Brasil, a primeira espécie a ser introduzida
foi a Tilapia rendalli no século XX, porém a mais cultivada atualmente no Brasil e no
mundo é a Tilápia do nilo.
Segundo Araújo (2010) desde a década de 50, a espécie Oreochromis
niloticus apresentou boa adaptação a diversos sistemas de criação, representando
um grande potencial para aquicultura. Esse destaque se justifica pelas
características da espécie de suportar diversas condições climáticas, como a
temperatura da água, que pode variar de 12 a 30°C (SEBRAE, 2008), além de
hábito onívoro, se adaptando a vários tipos de rações, facilidade na reprodução e
menor tempo de engorda (FIGUEIREDO et al., 2008). Outros fatores descritos por
Meurer et al.(2003) fazem referência a rusticidade, facilidade de compra de alevinos,
carne bem aceita no mercado e adaptação adequada em tanques de criação em
estabelecimentos tipo pesque-pague.
O filé é a principal forma de comercialização da tilápia que apresenta
rendimento em torno de 30%. Os 70% restantes são de acordo com Buscou;
Fendem (2007), destinados à fabricação de farinha para alimentação animal ou
depositados no meio ambiente aumentando a poluição ambiental.
Segundo a FAO (2014), a produção global de tilápias deve saltar de 4 milhões
de toneladas por ano para aproximadamente 7 milhões entre 2010 e 2030. Neste
contexto, os países em desenvolvimento têm uma grande oportunidade para
assumir posições de destaque na aqüicultura, principalmente aqueles que investirem
na produção sustentável, sem agredir o meio ambiente.
19
2.1.2 Aproveitamento de resíduos da indústria de pescado
O consumo de pescado tem aumentado nos últimos anos, tendo amplo
crescimento em 2010 e 2011. No Brasil em 2011 o consumo chegou a
11,17kg/habitante/ano, próximo a recomendação da OMS, que recomenda o
consumo anual de pescado de 12kg/habitante (MPA, 2012). Esta matriz alimentar é
fonte de ácidos graxos poliinsaturados benéficos a saúde, principalmente, os alfa-
linolênico 18:3n-3 (ALA), eicosapentaenóico 20:5n-3 (EPA) e Docosaexaenóico
22:6n-3 (DHA) da família ômega-3. A ingestão desses ácidos graxos está
correlacionada a diminuição dos níveis séricos de colesterol e fatores de risco para
doenças como câncer, psoríase, cardiopatias e artrite (DECKELBAUM; TORREJON,
2012).
Devido ao aumento na demanda por pescado, há uma tendência expressiva
ao desenvolvimento da industrialização desse alimento, embora a forma mais
comercializada ainda seja o filé, cujo rendimento depende de fatores como
habilidade do filetador, tamanho do peixe e espécie, já que peixes com a cabeça
grande em relação ao corpo apresentam menor rendimento (SOUZA; MARANHÃO,
2001). Entre os peixes mais cultivados encontram-se a carpa, a tilápia e o
salmonídeos, com a tilápia e a carpa apresentando baixos rendimentos em filé (34-
37%) (OLIVEIRA FILHO et al., 2010; GJERDE, 2012). A abordagem de Simões
(2007) sobre o rendimento desta espécie sugerem valores em torno de 23% para filé
com pele e, sem pele, em torno de 18%. Entretanto Gjerde (2012) encontrou
rendimento de até 45%.
Os resíduos da filetagem constituem pele, ossos, vísceras e carne, entretanto
a polpa é a carne mecanicamente separada (CMS) que pode ou não ser lavada com
água clorada, sendo o número de lavagens também variável. Segundo Kirschnik;
Macedo-Viegas (2009), a lavagem pode melhorar a qualidade da polpa por remover
sangue, proteínas, lipídios e outras substâncias que podem contribuir para
degradação proteica e oxidação lipídica, contudo também promove a perda de
20
proteína, lipídeos e outros nutrientes. Enquanto alguns autores defendem que a
lavagem favorece a oxidação lipídica da CMS, por retirar antioxidantes e pró-
oxidantes solúveis em água, outros afirmam que a lavagem é benéfica por remover
produtos da oxidação lipídica durante o processo de obtenção da polpa. Esta polpa
pode ser amplamente utilizada na produção de alimentos, como surimi, salsichas,
nuggets, etc (FOGAÇA et al., 2013).
Segundo a FAO (2012), no período de 2010 a 2012, aproximadamente 870
milhões de pessoas sofriam de subnutrição crônica, incluindo indivíduos que passam
fome, em sua maioria de países em desenvolvimento e indivíduos desnutridos,
pertencentes principalmente a países desenvolvidos. Dessa forma, o aproveitamento
desses resíduos é uma alternativa para estimular o consumo de pescado e diminuir
a poluição ambiental, porém sua principal função é minimizar o problema da fome no
mundo, fornecendo alimentos fontes de proteínas de alto valor biológico e ácidos
graxos da série ômega-3.
2.2 ELABORAÇÃO DE EMBUTIDOS
A salsicha é um dos embutidos cárneos mais antigos, haja visto que existem
relatos de que foi inventada em 1484 em Frankfurt, na Alemanha, sendo
popularizada nos Estados Unidos por apresentar praticidade no consumo, além do
sabor apreciado aliado ao baixo custo (KORMIKIARIS, 2000). Atualmente, produtos
emulsionados, como a salsicha e a mortadela são consumidos por milhões de
pessoas no mundo, em casa, restaurantes ou “fast food”, representando um
importante segmento da indústria alimentícia, sendo a salsicha o embutido mais
popular (SANCHES et al., 2013).
De acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e abastecimento (MAPA),
a salsicha pode ser definida como produto cárneo industrializado, obtido de emulsão
de carne de uma ou mais espécies de animais de açougue, embutido em envoltório
natural ou artificial, adicionado de ingredientes e submetido ao processo térmico
21
adequado (BRASIL, 2000). As principais etapas no desenvolvimento da salsicha
são: cominuição, emulsificação e cozimento.
A cominuição é a etapa na qual proteínas e gordura são reduzidas a
pequenos pedaços. A gordura e a carne devem ter um menor tamanho para que
ocorra a ligação destas antes do cozimento. A emulsão é formada a partir de um
mistura de proteínas, gordura, água e aditivos, e deve ser estável. Nesta etapa os
ingredientes são misturados. Os ingredientes devem ser acrescentados seguindo
uma ordem para que possam funcionar de acordo com suas propriedades
(LOURENÇO et al., 2012; SORAPUKDEE et al., 2013). A miosina, principal proteína
estrutural da carne, é a mais importante das proteínas de emulsificação da gordura e
da capacidade de retenção de água da carne processada. Acredita-se que a miosina
possa unir a interface óleo-água, com a atração da cauda miosina para a superfície
da célula de gordura, enquanto a parte polar da cabeça da miosina estaria
associada a água (SORAPUKDEE et al., 2013).
Produtos emulsionados são formados por 2 fases. A fase dispersa é
composta por gordura e a fase contínua por sais e proteínas suspensas em água.
Apesar dessas fases não se misturarem, são estabilizadas por aditivos, formando
um gel estável, característica de tais produtos e depende de alguns fatores como a
capacidade de união entre as proteínas miofibrilares, água e gordura, tamanho de
partículas de gordura, fonte de gordura, a temperatura durante o cozimento e o
resfriamento rápido (LOURENÇO et al., 2012). Se a emulsão for instável, durante o
cozimento pode ocorrer maior separação de água e gordura. A instabilidade da
emulsão se reflete na textura, com um produto sem consistência.
O cozimento tem como objetivos o desenvolvimento da cor, a pasteurização e
a coagulação das proteínas e os fatores mais importantes nesta etapa são a
temperatura e a umidade relativa. A temperatura inicial de salsichas que sofrem a
depelagem deve ser baixa, para favorecer a retirada da tripa, uma vez que se a
temperatura for alta haverá a coagulação das proteínas antes da sua migração para
a superfície do produto. Por outro lado, a temperatura interna do embutido deve ser
alta, contribuindo para a desenvolvimento da cor e para a validade comercial do
22
produto. Já a umidade relativa deve ser em torno de 30% uma vez que umidade
relativa muito alta favorece a quebra da emulsão (HLEAP; VELASCO, 2010).
2.3 PREBIÓTICOS
O aumento da procura por alimentos saudáveis tem estimulado o
desenvolvimento de alimentos funcionais, isto é, alimentos que possuam algum
ingrediente que promova benefícios à saúde. Dentre esses alimentos estão os
probióticos, os prebióticos e os simbióticos. De acordo com Arihara (2006)
probióticos são microrganismos vivos que, se ingeridos em quantidades adequadas
conferem benefício para a saúde do hospedeiro. É desejável que bactérias
probióticas sejam originárias de bactérias que colonizam o trato gastrointestinal
humano, sejam resistentes aos ácidos biliares, colonizem o intestino do hospedeiro
e produzam substâncias antimicrobianas contra bactérias patogênicas. Os exemplos
clássicos de bactérias probióticas são dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium.
Já os prebióticos, podem ser definidos como ingredientes alimentares não
digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro por estimular seletivamente o
crescimento e/ou atividade de um ou de número limitado de bactérias no cólon e
assim, melhorar a saúde do hospedeiro” (GIBSON; ROBERFROID, 1995; MORRIS;
MORRIS,2012). Portanto, para ser prebiótico, o composto deve ser resistente a
acidez gástrica, ser fermentado pela microflora intestinal e estimular o crescimento
de bactérias relacionadas à saúde. Os prebióticos mais conhecidos e estudados são
a lactulose, os frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, entretanto existem
prebióticos emergentes como soioligosacarídeos, xilooligossacarídeos,
isomaltooligossacarídeos, gentiooligosacarídeos, lactossacarose,
glucooligosacarídeos e pecticoligosacarídeos (MORRIS;MORRIS, 2012). Por fim,
junção de prebióticos e probióticos em um mesmo alimento o define como
simbiótico.
23
2.4 INULINA
Todos os prebióticos são carboidratos de cadeia curta, e entre eles estão os
frutoligossacarídeos (FOS), polímeros de frutose e se diferenciam pelo grau de
polimerização.Oligofrutose apresenta de 3 a 5 polimerizações, enquanto que certos
tipos de inulina podem ter até 25 polimerizações (Figura 1). Esses prebióticos são
encontrados em diversas plantas, como alho-poró, cebola e banana, entretanto é a
chicória a mais utilizada pela indústria para produção de inulina (ROBERFROID,
2002; GARCÍA; CÁCERES; SELGAS, 2006; BROWNAWELL et al., 2012 ). A inulina
extraída da chicória é um pó branco, inodoro e apresenta sabor neutro agradável.
De acordo com Morris e Morris (2012), a inulina pode ser encontrada
comercialmente de várias formas de acordo com o objetivo. Alguns exemplos são:
Inulina DP:8, Inulina DP:10, Inulina HP (alta performance), Inulina HP-gel, entre
outros. A inulina padrão é levemente adocicada, característica que já não é
encontrada na de alto desempenho.
GF GFnFn
Figura 1. Estrutura molecular da frutose (esquerda), inulina (centro) e oligofrutose (centro e direita). G= Glicose, F= frutose
24
2.4.1 Efeito prebiótico da inulina
De acordo com Mendoza (2011), a ingestão de fibras pode reduzir os riscos
de câncer de cólon, obesidade, doenças cardiovasculares, além de outras injúrias.
Os prebióticos FOS têm seu efeito bem consolidado em modelos in vitro e in vivo,
não só estimulando o crescimento de bifidobactérias como inibindo o crescimento de
Escherichia coli e Clostridium (TUOHY et al., 2005). Em revisão de literatura, Tuohy
(2005) concluiu que a inulina pode ser uma alternativa para a substituição de
oligossacarídeos do leite materno, nutrientes que a indústria não consegue
reproduzir e que são fundamentais para o desenvolvimento imunológico de crianças.
Sabe-se que crianças amamentadas com leite materno têm um melhor
desenvolvimento do sistema imune, não só pelos anticorpos presentes no leite,
como também pelos oligossacarídeos.
A inulina, como outros prebióticos, também apresenta importância na redução
de risco de câncer de cólon, por diminuir a produção de metabólitos tóxicos,
protegendo a microflora intestinal. Além disso, a ingestão de inulina também está
associada a uma redução dos níveis séricos de triglicerídeos e uma melhor
absorção de minerais no intestino grosso, mesmo que a absorção desses nutrientes
ocorra no intestino delgado (TUOHY et al., 2005; ÁLVAREZ; BARBUT, 2013).
Em relação ao consumo, não existe uma ingestão diária recomendada pela
FDA para prebióticos (BROWNAWELL et al., 2012), todavia no Brasil segundo a
ANVISA (2008) para que um alimento seja considerado como funcional, no caso dos
FOS (frutooligosacarídeos) deve conter no mínimo, 3g de inulina por porção para
alimentos sólidos e 1,5g de inulina por porção para alimentos líquidos. Por outro
lado, Roberfroid (2002) sugere que a inulina tenha efeito prebiótico se consumida na
dose de 5 – 15 g/dia durante algumas semanas, assim como a ANSES (“French
Agency for Food, Environmental, and Occupational Health and Safety”) aprovam
inulina e FOS como prebióticos na dose de 5g/dia (BROWNAWELL et al., 2012).
25
2.4.2 Aplicação da inulina em alimentos
A inulina é um carboidrato, e por isso, sua inclusão influencia na composição
centesimal do produto, não alterando o rendimento de cozimento. Contudo, Álvarez
e Barut (2013) concluíram que o tipo de inulina afeta o rendimento de cozimento, isto
é, inulina em gel leva a uma perda de cozimento maior, por formar uma forte rede
com as proteínas, que com o calor do cozimento, diminuem a retenção de água. Em
relação a cor, os autores observaram uma diminuição de L* (luminosidade) e a*
(componente vermelho) de produtos cárneos com inulina em pó comparado a inulina
em gel. Todavia, Menegas (2013) concluiu que a inulina possui capacidade de
reflexão de luz semelhante a gordura, não afetando a luminosidade ou podendo até
aumentá-la.
Este prebiótico pode ser combinado com outros ingredientes sem alterar o
sabor, apresenta solubilidade em torno de 10% em água e possui grande
capacidade de substituir a gordura (FRANCK, 2002).
A gordura estabiliza a emulsão de carne, reduz a perda no cozimento,
melhora a capacidade de retenção de água, além de conferir suculência
(TOMASCHUNAS et al., 2013). Entretanto, Menegas (2013) afirma que a inulina tem
a capacidade de formar um gel sensorialmente semelhante à gordura quando em
contato com a água, podendo substituir a gordura em alimentos “low-fat”. Esse gel
apresenta uma rede tridimensional de partículas insolúveis de inulina na qual a água
fica retida, garantindo grande estabilidade (FRANCK, 2002). Como a inulina possui
alto teor de fibras e ação prebiótica, pode ser considerada um alimento funcional
(KEENAN et al., 2014). Keenan (2014) comparou salsichas com gordura de porco e
2 tipos de inulina e concluiu que a inclusão de inulina aumenta a dureza quando
comparado a salsichas com gordura de porco, pela forte ligação da inulina com os
componentes da emulsão.
A inclusão de inulina e oligofrutose melhora a textura e o sabor dos alimentos.
Em pães melhora a crocância e a validade comercial e tem sido muito utilizada em
produtos lácteos por substituir a gordura e ser um prebiótico. Em produtos cárneos,
26
diminui a gordura, melhorando o sabor, a suculência e a estabilidade devido à
gelificação (FRANCK, 2002). Morris e Morris (2012) concluíram que a adição da
inulina melhora a elasticidade e resistência a deformação. Embora alguns dados
sobre os efeitos tecnológicos da inulina sejam conflitantes, de modo geral o produto
pode ser usado para a fabricação de alimentos prebióticos, sem comprometer o
sabor ou a textura dos mesmos.
2.5 REDUÇÃO DE SÓDIO
A redução de sódio é uma preocupação atual da indústria de alimentos. Com
o aumento de consumidores com histórico de hipertensão e doenças
cardiovasculares cresce também a demanda por alimentos com teor de sódio
diminuído (DOTSCH et. al., 2009). Entretanto, o grande desafio da indústria é
reduzir o sódio sem causar alterações indesejáveis nas características sensoriais e
reológicas dos alimentos industrializados.
2.5.1 Importância do sódio na fisiologia humana
O sódio é um íon fundamental para o equilíbrio da pressão osmótica do corpo
humano, garantindo as funções fisiológicas, como função renal, atividades
musculares e neuronais, débito cardíaco e pressão arterial. Dada a importância do
sódio, o sistema hormonal possui um mecanismo de controle entre consumo de sal
e excreção de sódio. Dessa forma, a atração por alimentos salgados e o mecanismo
da sede ocorrem de acordo com a necessidade do indivíduo. Todavia, o consumo de
sódio está muito além do recomendado, de 180-230 mg/dia, sendo que cerca de
70% do sódio consumido provém de alimentos processados (DÖTSCH et al., 2009;
GRIMES et al., 2011). O sódio é utilizado para melhorar a aceitabilidade dos
alimentos, entretanto da mesma forma que o consumidor se adaptou a alimentos
com excesso de sódio, também pode se adaptar a dietas pobres em sódio,
diminuindo seu limiar de percepção do gosto salgado.
27
Em revisão de literatura, Dötsch et al. (2009) concluiram que o consumo
excessivo de sódio é a maior causa alimentar de doenças cardiovasculares e
também possui importante relação com câncer gástrico, catarata, osteoporose e
pedra nos rins.
2.5.2 Mecanismo de ação do sódio em produtos cárneos
O cloreto de sódio é amplamente utilizado na indústria por melhorar o sabor e
a textura dos alimentos, principalmente por solubilizar as proteínas miofibrilares,
aumentando a capacidade de retenção de água, diminuindo a perda no cozimento e
melhorando assim a maciez e suculência da carne (DESMOND, 2006). Segundo
Ruusunen (2005), este sal também aumenta a validade comercial do produto
por favorecer a diminuição da atividade de água do produto. Em produtos
cárneos o sal é considerado importante intensificador de sabor, juntamente com a
porção lipídica. De acordo com Desmond (2006), a salinidade é mais perceptível em
produtos mais gordurosos, enquanto que o aumento de proteína diminui a
percepção do sal.
Além disso, em produtos emulsionados, como salsichas e mortadelas, o
cloreto de sódio favorece a formação da emulsão, promovendo um aumento das
miofibrilas, dissociação da actinomiosina, que é solúvel apenas em soluções de alta
força iônica (HORITA et al., 2011) e despolimerização dos miofilamentos através de
uma mudança estrutural, com alterações eletrostáticas entre proteínas musculares e
íons de sódio e cloreto (TOTOSAUS;CHABELA, 2009). As proteínas miofibrilares
solubilizadas na presença do NaCl, formam uma rede protéica ao redor dos glóbulos
de gordura, evitando a perda de gordura durante o cozimento, contribuindo para a
textura desejada (DESMOND, 2006). Além disso, tais proteínas também são
responsáveis pela capacidade de retenção de água e formação do gel estável na
fase do cozimento (HORITA et al., 2011).
28
Em relação a validade comercial, alimentos com redução de sódio podem
apresentar aumento do crescimento microbiano, já que o sal diminui o crescimento
microbiano por diminuir a atividade de água (VERMA;BANERJEE, 2012), embora a
estabilidade microbiana dos alimentos dependa do teor de umidade e da
conservação dos produtos(TAORMINA, 2012). Bactérias podem ser classificadas de
acordo com sua tolerância ao cloreto de sódio, sendo tolerantes ao sal, resistentes
ao sal e halofílicas, tendo como exemplos Listeria monocytogenes, Staphylococcus
aureus e Vibrio parahaemolyticus. Microrganismos que ficam adaptados ao sal de
forma reversível são considerados resistentes ao NaCl. Em revisão de litaratura,
Taormina (2012) concluiu que a substituição do NaCl por KCl ou por CaCl2 é
possível e mantém a estabilidade microbiológica, embora dependa de fatores como
tipo de bactéria, proporção de substituição e sais utilizados. Estudos concluíram que
existem outros fatores envolvidos nas propriedades conservantes do NaCl, incluindo
a toxicidade direta do íon Cl-, remoção direta do oxigênio do meio, sensibilização dos
organismos pelo CO2 e interferência com a ação rápida de enzimas proteolíticas
(TAORMINA, 2012).
Segundo Desmond (2006), apesar do sal ser a maior fonte de sódio contido
em alimentos cárneos processados, não é a única. A carne também contém sódio,
além de outros aditivos, como nitrato de sódio, eritorbato de sódio e polifosfato de
sódio.
2.5.3 Alternativas para a redução de sódio em produtos industrializados
A dificuldade em reduzir o sódio dos alimentos processados está no fato
deste ingrediente garantir características sensoriais e tecnológicas com um custo
muito baixo. Dessa forma, o cloreto de sódio está sendo reduzido de algumas
formas dentre as quais incluem-se a redução do próprio NaCl, substituição total ou
parcial do NaCl por outros sais como cloreto de potássio ou de magnésio, mistura de
substitutos de NaCl, substituição de parte de NaCl por outros sais como fosfatos,
29
ascorbatos e citratos e uso de proteínas e ligantes não protéicos(VERMA;
BANERJEE, 2012).
A redução do NaCl nos produtos cárneos pode dificultar a ligação de água
com consequências indesejáveis na textura do alimento. Já a substituição por outros
sais e a mistura de sais tem sido muito utilizada com resultados positivos. O cloreto
de potássio é o sal mais utilizado para a substituição de NaClcom resultados
positivos no controle da pressão arterial. Entretanto, por ter um sabor metálico, suas
quantidades devem ser adaptadas (DÖTSCH, 2012). Outros sais que também tem
sido utilizados são o cloreto de magnésio e o cloreto de lítio. Entretanto este último
apresenta toxicidade podendo ocasionar náuseas.
De acordo com Verma e Banerjee (2012) a substituição de NaCl por outros
sais, como fosfatos e ascorbatos tem se mostrado eficaz. O fosfato aumenta a
retenção de água e melhora o rendimento de cozimento, não alterando a textura e a
salinidade dos alimentos. Entretanto pode levar a desequilíbrio de minerais no
organismo e a não adaptação do consumidor a produtos com pouco sal devido ao
seu forte sabor. Em relação a proteínas, os aminoácidos arginina e lisina tem sido
utilizados para contribuir na percepção do o gosto salgado (DÖTSCH, 2012).
Qualquer que seja a forma de redução de sódio, de acordo com Aaslying
(2014), a indústria deve atender parâmetros de qualidade para fabricar um produto
com baixo teor de sal, sendo eles: alimento seguro, manutenção da validade
comercial, textura do produto, aceitação do consumidor, sabor e rendimento da
produção. Horita et al. (2010) avaliou a substituição do cloreto de sódio por cloretos
de potássio, magnésio e cálcio em diferentes proporções em mortadela e concluiu
que a substituição por 50% de KCl afetou o sabor, pelo gosto metálico percebido
pelos julgadores.
30
2.6 ANÁLISE SENSORIAL
O desenvolvimento de novos produtos é uma demanda constante na indústria
alimentícia, dada a competitividade do setor e as exigências do consumidor, cada
vez mais seletivo e exigente. A avaliação sensorial é uma ferramenta fundamental
na indústria para o desenvolvimento de novos produtos, desde a seleção da matéria-
prima até a validade comercial do produto (BARBOZA et al., 2003).
Através dos testes sensoriais é possível avaliar a aceitação dos consumidores
frente a um produto e direcionar mudanças para melhorar um produto já existente ou
a criação de um novo. A aceitação sensorial depende de fatores relativos ao
alimento (aparência, odor, sabor, características nutricionais), ao consumidor (sexo,
idade, estado fisiológico e psicológico) e a fatores culturais do consumidor. Dessa
forma, a aceitação ou rejeição pelo alimento é variável não só entre os indivíduos,
mas o mesmo indivíduo em épocas diferentes (COSTELL, TÁRREGA, BAYARRI,
2009).
Os métodos sensoriais se dividem em 3 categorias: métodos discriminativos,
que visam a percepção de diferenças entre os produtos; métodos afetivos, que
avaliam a opinião do consumidor frente ao produto e métodos descritivos, que se
propõe a identificar e quantificar a intensidade de uma ou mais características.
Os métodos afetivos ou testes do consumidor, se dividem em Ordenação,
Comparação Pareada, Escalas de Atitude e Escala Hedônica, os dois últimos mais
utilizados para avaliar a aceitação de produtos. A partir desses testes é possível
acessar diretamente a opinião do consumidor, estabelecido ou potencial, frente a
características do produto ou idéias sobre o mesmo, sendo muito utilizados no
desenvolvimento de novos produtos (BARBOZA et al., 2003).
Em relação a escala hedônica, os provadores não são treinados e expressam
o gostar ou desgostar do produto a partir de uma escala previamente determinada,
sendo a mais utilizada a de 9 pontos, que varia gradativamente do gostar
extremamente ao desgostar extremamente.
31
Além de fatores intrínsecos, como a aparência do produto, fatores
extrínsecos, como embalagem e informações contidas nos rótulos podem influenciar
a intenção de compra dos consumidores. Segundo Dantas (2005) informações como
marca, legislação, importância do consumo do alimento e informações nutricionais
influenciam a avaliação do produto. A avaliação hedônica do produto tem relação
direta com sua intenção de compra. O teste de atitude é a forma utilizada para
avaliar a intenção de compra do possível consumidor, sendo mais comumente
utilizada a escala de 5 pontos, variando de certamente compraria ao certamente não
compraria.
Dentre os métodos descritivos, o teste do ideal ou “Just About Right” (JAR)
tem sido bastante utilizado. Caracteriza-se pelo julgamento de provadores não
treinados, que avaliam o produto de acordo com atributos previamente
determinados, em relação a percepção do consumidor sobre ideal. Esta avaliação é
realizada por uma escala de 5 pontos, na qual 1 se refere a muito menos que o
ideal, 3 caracteriza o ideal e 5, muito mais que o ideal. Relacionando - se os dados
do teste do ideal com dados da aceitação é possível inferir qual ou quais atributos
influenciaram na aceitação do produto, por estarem acima ou abaixo do ideal
considerado para o consumidor (VILLEGAS, 2010).
A análise de componentes principais (PCA) é uma análise estatística que
correlaciona os resultados físico-químicos e sensoriais e infere quais fatores são
responsáveis pela aceitação global do produto (GHOSH;CHATTOPADHYAY, 2012).
O PCA tenta identificar variáveis ou fatores que explicam o padrão de correlações
dentro de um conjunto de variáveis observadas. Esta ferramenta é muitas vezes
utilizada para identificar um pequeno número de fatores, que explicam a maior parte
da variação observada em um muito maior número de variáveis .
32
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 MATERIAL
O material utilizado no experimento será listado a seguir, sendo dividido em
material permanente e material de consumo.
3.1.1 Material permanente
• Câmara frigorífica
• Cutter
• Embutideira manual
• Estufa para cozimento
• Autoclave
• Estufa – Fabbe
• Balança analítica – modelo AM 550
• Contador de colônia tipo Quebc
• Destilador – Quimis
• Estufa – Fanem
• Mufla – Robertshow
• Extrator em bloco – Marconi MA-487
• Potenciômetro – Digimed
• Refrigerador Eletrolux
• Placa aquecedora
• Bloco digestor – Gerhardt
• Destilador de Kjeldahl – Quimis
• Aparelho de Soxhlet
• Colorímetro – Konica Minolta
33
3.1.2 Material de consumo
• Bastões de vidro
• Provetas (25, 50, 100 e 250 mL)
• Béqueres (50, 250 e 500 mL)
• Erlenmeyer (250, 500 mL e 2L)
• Balão volumétrico (50 e 100 mL)
• Funil de Buchner
• Pipetas graduadas (2, 5, 10 e 20 mL)
• Gral e pistilo
• Pinças de metal
• Estantes
• Espátula
• Algodão
• Barbante
• Buretas (5 mL e 25 mL)
• Cápsulas de porcelana
• Água destilada
• Álcool 70% v/v
• Tubos de ensaio rosqueados
• Ponteiras Kartell® (100 e 1000 μL)
• Eppendorf Kartell®(1,5 mL)
• Placas de Petri descartáveis 90 x 15 mm sem divisória
• Placas de Petri descartáveis 90 x 15 mm com 2 divisórias
• Sacos esterilizados
• Bico de Bunsen
• Ácido bórico P.A VETEC®
• Ácido sulfúrico
• Ácido clorídrico 0,1 Mol/L MERCK®
• Ácido tricloroacético 10% P.A MERCK®
• Indicador misto de Tashiro
34
• Meio de cultura Ágar Padrão para Contagem
• Solução salina peptonada 0,1%
• Água peptonada tamponada 1%
• Ágar Baird-Parker
• Caldo Hi - Coliform
• Caldo Mossel
• Caldo Rapapport Vassiliadis
• Ágar Salmonella seletivo
• Ágar Hecktoen
• Ágar BPLS
• Éter de Petróleo Vetec®
• Solução de hidróxido de sódio 1 mol/
3.2 MÉTODOS
3.2.1 Obtenção das amostras
Os resíduos de cabeça (10 kg) e carcaça (30 kg) de tilápia foram obtidos da
cooperativa Coopercramma, no município de Cachoeiras de Macacu- RJ, sendo
transportados em embalagens de 1kg (Figura 2) congeladas a temperatura de -18°C
em caixas isotérmicas e transportadas até o SENAI de Alimentos e Bebidas,
localizado no município de Vassouras/RJ, onde foram armazenadas em câmara de
estocagem à temperatura de -18°C até o momento de fabricação das salsichas.
35
Figura2. Polpa de peixe congelada em embalagem de 1kg
Os ingredientes utilizados para a fabricação do embutido, estão descritos na
tabela 1. Foram produzidas quatro formulações de salsicha, caracterizados como
controle (F1), substituição de 50% de cloreto de sódio por cloreto de potássio (F2),
inclusão de 6% de inulina em substituição à gordura (F3) e com a inclusão de inulina
6% e a substituição dos sais (F4), como demonstrado no desenho experimental
(Figura 3).
36
Figura 3. Desenho experimental
3.2.2 Formulação das amostras de salsicha
No dia previamente marcado para elaboração do produto na planta piloto do
SENAI, as salsichas foram produzidas e divididas em quatro tratamentos. O controle
(T1) foi elaborado com 100% de cloreto de sódio e sem a inclusão de inulina; o T2
incluiu na formulação 6% de inulina e 100% de NaCl; no terceiro tratamento (T3) o
cloreto de sódio foi substituído parcialmente por cloreto de potássio na proporção de
1:1 e não foi incluído a inulina; para o T4 foi proposto a substituição de 50% do NaCl
pelo KCl e inclusão de 6% de inulina. A tabela 1 mostra as formulações dos quatro
tratamentos.
Tabela 1Formulações das salsichas elaboradas com resíduo provenientes do processamento de filetagem de tilápia (O.niloticus).
Ingredientes T1 T2 T3 T4
Polpa Carcaça 81,91 81,91 81,91 81,91 Cloreto de Sódio 1,3 1,3 0,65 0,65
Cloreto de potássio - - 0,65 0,65 Proteína Soja 2,0 2,0 2,0 2,0 Polpa Cabeça 10,0 4,0 10,0 4,0
Inulina - 6,0 - 6,0 Polifosfato 0,5 0,5 0,5 0,5
37
Fécula de mandioca 2,0 2,0 2,0 2,0 Eritorbato 0,3 0,3 0,3 0,3 Carmim 0,05 0,05 0,05 0,05
Colágeno 1,0 1,0 1,0 1,0 Nitrito 0,25 0,25 0,25 0,25 Cebola 0,3 0,3 0,3 0,3
Alho 0,2 0,2 0,2 0,2 Pimenta branca 0,1 0,1 0,1 0,1
Coentro 0,05 0,05 0,05 0,05 Gengibre 0,04 0,04 0,04 0,04
*Valores referentes aos ingredientes em 100% de produto. *T1 controle, T2 com substituição de cloreto de sódio, T3 com inulina e T4 com substituição de cloreto de sódio e inulina.
3.2.3 Elaboração das amostras de salsicha
Após os ajustes na formulação, as salsichas foram produzidas
separadamente de acordo com o fluxograma demonstrado na Figura 4 para melhor
visualização do processo. Os ingredientes foram adicionados no “cutter” (Figura 5)
na seguinte ordem: polpa de carcaça, colágeno, sal, nitrito, polifosfato, proteína de
soja, condimentos, polpa de cabeça, corante carmim, fécula de mandioca e
eritorbato. Após a formação da emulsão, a massa foi embutida em tripas artificiais
de colágeno reconstituído com 21mm de diâmetro com auxílio de uma embutideira
manual (Figura 6 ), separadas em gomos e dispostas na estufa para o cozimento
(Figura 7).
38
Figura 4. Fluxograma de produção de salsichas
39
Figura 5. Emulsão formada no “cutter”
Figura 6. Embutimento das salsichas em tripas artificiais com auxílio de embutideira manual
40
Figura 7. Salsichas dispostas na estufa de cozimento O cozimento foi realizado com a temperatura inicial da estufa de 50°C por 15
minutos com chaminé aberta, seguido de aumento para 60°C por 30 minutos com
chaminé fechada e aumento de 5°C a cada 5 minutos até a temperatura interna do
produto atingir 72°C, com auxílio de um termopar. Posteriormente foi realizado o
esfriamento com ducha de água fria até o centro do produto atingir 40°C. As
salsichas foram armazenadas em câmara de resfriamento a 5°C até o dia seguinte,
no qual foram depeladas e embaladas em sacos de polietileno a vácuo (Figura 8),
armazenadas sob refrigeração (5 ± 2°C) acondicionadas em caixas isotérmicas e
transportadas até a Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense,
em Niterói/RJ, onde foram mantidas sob refrigeração durante 34 dias para a
realização de todas as análises.
41
Figura 8. Salsichas embaladas a vácuo
3.2.4 Análises bacteriológicas
As análises bacteriológicas realizadas foram determinadas seguindo a RDC
n° 12 da ANVISA, para produtos derivados de pescado e inclui pesquisa de
Samonella sp, coliformes termotolerantes, estafilococcus coagulase positiva. A
Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias e Mesófilas (CHAM) também foi
realizada e todas as análises seguiram a metodologia proposta pela “American
Public Health Association” (APHA, 2001).
Para os procedimentos analíticos bacteriológicos de coliformes
termotolerantes, Staphylococcus coagulase positiva e CBHAM utilizou-se uma
alíquota de 25g, retirada assepticamente de cinco pontos diferentes das salsichas e
homogeneizada em sacos plásticos próprios esterilizados, no equipamento
“stomacher” com 225 mL de solução salina peptonada a 0,1% (SSP) e realizou a
homogeneização no equipamento em velocidade normal por dois minutos, obtendo-
se a diluição 10-1. Desta, foram transferidas alíquotas de 1 mL para tubos de ensaio
com 9 mL de SSP 0,1% obtendo-se a diluição 10-2 e este procedimento foi repetido
para obter-se a diluição 10-3. Em seguida, prosseguiu-se com as análises
específicas.
42
3.2.4.1 Pesquisa de coliformes termotolerantes
Tubos com caldo Hi-coliforme foram inoculados com alíquotas de 100 μL de
cada uma das diluições em triplicata. Realizou-se a incubação a 36 + 1°C por 48
horas. A positividade paracoliformes totais foi verificada pela fluorescência
observada quando os tubos foram colocados contra a luz ultravioleta. Em caso de
formação de fluorescência realizou-se à prova bioquímica do indol.
3.2.4.2 Pesquisa de Estafilococcus coagulase positiva
Na contagem de Staphylococcus Coagulase Positiva utilizou-se o método
deplaqueamento em superfície, no qual inoculou-se 0,1mL de cada diluição em
placas de Petri com ágar Baird Parker, havendo espalhamento com auxílio da alça
de Drygalski estéril. As placas foram incubadas invertidas a 36+1°C por 48 horas.
Após o período de incubação, foi verificada a presença de colônias
típicas(circulares, pretas, lisas, convexas e rodeadas por halo transparente).
3.2.4.3 Contagem de bactérias heterotróficas aeróbicas mesófilas
Cada diluição foi distribuída em três placas de Petri, e homogeneizada com
20 mL do meio Ágar Padrão para Contagem (APC). As placas foram incubadas a
36±1°C por 48 horas. Após a incubação, placas que apresentaram colônias foram
contadas em contador do tipo Quebec.
3.2.4.4 Pesquisa de Samonella sp.
Uma alíquota de 25g da amostra foi adicionada a 225mL de água peptonada
tamponada (APT) 1% e incubada a 36+1°C por 24 horas para o pré-enriquecimento
do microrganismo. Após este período, realizou-se o enriquecimento seletivo, no qual
foi inoculado 1 mL do meio pré-enriquecido no Caldo Rappaport Vassiliadis e 0,1mL
43
no Caldo Rapapport Vassiliadis. Ambos foram incubados a 41+0,5°C. Em seguida
prosseguiu-se para o isolamento, que consistiu na inoculação do material presente
através de espalhamento com alça de Drygalski estéril nos ágares Salmonella
seletivo, Hektoen e Verde Brilhante, com posterior incubação em estufa a
41+0,5°C.O resultado é qualitativo, baseando-se na presença ou ausência do
microrganismo em 25g da amostra.
3.2.5 Análises físico-químicas
A composição centesimal (umidade, cinzas, proteína, lipídio, carboidrato e
valor calórico) e o pH foram realizados para as quatro formulações de salsicha e
para as polpas de cabeça e carcaça utilizadas na fabricação do produto. As análises
foram repetidas após 34 dias de estocagem das salsichas para verificar a
manutenção da identidade do produto.
3.2.5.1 Determinação de umidade
A análise de umidade foi realizada com o aquecimento da amostra em estufa
a 105°C, esfriamento em dessecador e pesagem em balança analítica até obtenção
de peso constante (AOAC, 2005), e utilização do cálculo:
% umidade = 100 x P P’
Onde: P = perda de peso em gramas
P’ = peso inicial da amostra em gramas
3.2.5.2 Determinação de cinzas
A análise de resíduo mineral fixo foi realizada conforme metodologia descrita
pela AOAC (2005) em duas etapas: carbonização e incineração até obtenção de
44
cinzas brancas. Esfriou-se em dessecador e pesou-se em balança analítica até
obtenção de peso constante, prosseguindo-se com o cálculo:
% cinzas = 100 x P P’
Onde: P = peso das cinzas em gramas
P’= peso da amostra em gramas
3.2.5.3 Determinação de proteínas
A quantificação de proteína foi realizada pelo Método de Micro Kjeldhal
(AOAC,2005) que se baseia na determinação de nitrogênio proteico e nitrogênio não
proteico, com exceção do nitrato e nitrito, sendo denominada proteína bruta (PB). A
metodologia consiste nas etapas de digestão, destilação e titulação seguida de
cálculo, conforme se segue:
PB% = V x Fc x 14 x 0,1 x 50 x 6,25 x 100 P x A
Onde: V = volume de HCl gasto na titulação
Fc = fator de correção do HCl
14 = peso molecular do nitrogênio
0,1 = normalidade do HCl
50 = volume do balão usado
6,25 = fator de proteína para carnes
3.2.5.4 Determinação de lipídios
A determinação de lipídios foi realizada em Soxhlet conforme metodologia
descrita pela “Association of Analytical Communities” – AOAC (2005).A partir da
análise de umidade, foi removido com auxílio de pinça e algodão desengordurado
45
embebido em éter, o extrato seco e depositado juntamente com o algodão no
cartucho de extração. Este cartucho foi depositado no extrator de Soxhlet e este
encaixado no balão previamente preparado (estufa 105°C por 1 hora, pesado e
adicionado de éter acima da metade do seu volume).Após aproximadamente 6horas,
o balão foi retirado do equipamento e todo o éter foi evaporado em manta
aquecedora. Em seguida o balão foi levado à estufa a 105°C por 1 hora, e pesado
até obtenção de peso constante. O cálculo de lipídios foi realizado pela fórmula:
%gordura = 100 x P P’
Onde: P = peso da gordura extraída em gramas
P’ = peso inicial da amostra (peso da amostra utilizada na análise de
umidade)
3.2.5.5 Determinação de carboidratos
A determinação de carboidratos foi obtida pela diferença dos componentes
quantificados (TRIKI, 2013), conforme cálculo:
CHO = 100 - (U + Lip + Ptn +Cnz)
Onde: U = Umidade
Lip = Lipídeo
Ptn = Proteína
Cnz = Cinzas
3.2.5.6 Determinação do valor calórico
O valor calórico foi obtido através da fórmula proposta por Triki (2013),
influenciado pelo teor de lipídios, proteínas e carboidratos, conforme se segue:
46
VL = 9,1 x Lip + 4,1 x Ptn + 4,1 x CHO
Onde: VL = valor calórico em Kcal/g
Lip = Lipídios
Ptn = Proteína
CHO = Carboidratos
3.2.5.7 Potencial hidrogeniônico (pH)
A análise de pH foi realizada em triplicata. Esta análise fundamenta-se na
medida da concentração de íons hidrogênio na amostra. O peagômetro foi ajustado
com as soluções tampões pH 4,0 e 7,0, sendo a sua mensuração feita através da
introdução do eletrodo em solução contendo 10g da amostra e 100mL de água
destilada (IAL, 2008).
3.2.5.8 Determinação do rendimento do cozimento
O rendimento de cozimento foi calculado de acordo com a fórmula abaixo
proposta por Horita (2011).
RC = 100 x P P’
Onde: RC = rendimento de cozimento
P = peso das salsichas cozidas
P’ = peso das salsichas cruas
3.2.5.9 Análise de cor
O perfil de cor foi avaliado por um colorímetro modelo Konica Minolta. As
amostras foram maceradas em béquer de vidro, atingindo espessura de
47
aproximadamente de 3 cm. A reflexão de luz foi registrada e os parâmetros foram: L*
(luminosidade), b* (componente amarelo - azul) e a* (componente vermelho - verde).
Todas as amostras foram medidas em triplicata.
3.2.6 Análise sensorial
A avaliação sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial do
Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Fluminense, em
duas etapas. Na primeira foram recrutados 100 julgadores não treinados para
realização do teste de aceitação, teste do ideal “Just About Right” (JAR) e teste de
atitude.
Em etapa seguinte, avaliou-se o efeito da informação (GARCÍA et al., 2009).
Para isso, os testes de aceitação e de atitude foram repetidos acrescentando uma
informação. Nesta etapa também foram utilizados 100 julgadores não treinados,
tendo ou não participado da primeira etapa.
3.2.6.1 Preparo e apresentação das amostras
As salsichas foram retiradas do refrigerador aproximadamente 30 minutos
antes do início dos procedimentos analíticos, para que pudessem estar em
temperatura ambiente no momento da avaliação. Foram apresentadas aos
julgadores de forma monádica, aleatória e dispostas em copos plásticos
transparentes codificados com números aleatórios de três dígitos. As fatias de
salsicha foram servidas acompanhadas de água a temperatura ambiente e biscoito
do tipo “craker”, ambos empregados visando a limpeza bucal entre as degustações.
48
3.2.6.2 Testes de aceitação e de atitude
O teste de aceitação foi realizado utilizando escala hedônica de 9 pontos, (1
= desgostei extremamente e 9 = gostei extremamente) avaliando-se a impressão
global, de acordo com Stone e Sidel (1998) e o teste de atitude, que avalia a
intenção de compra foi realizado utilizando escala estruturada de 5 pontos (1=
certamente não compraria e 5 = certamente compraria) como observa-se na Figura
9.
Nome: ______________________________ Idade:____ Sexo: (F) (M)Data: ________
Por favor, prove a amostra de derivado de peixe e responda ao questionário abaixo.
1) Para avaliação da impressão global
De uma forma geral, marque o quanto você gostou ou desgostou de cada amostra, de
acordo com a escala ao lado:
2) Para avaliação dos atributos: cor, gosto amargo, gosto salgado, suculência, elasticidade e
maciez, utilize as respectivas escalas abaixo:
2.1.) COR CARACTERÍSTICA DE DERIVADO DE PEIXE. Observe as amostras e
utilizando a escala abaixo julgue o quão ideal se encontra.
AMOSTRAS IMPRESSÃO
GLOBAL
AMOSTRAS COR
9- Gostei extremamente 8- Gostei muito 7- Gostei moderamente 6- Gostei ligeiramente 5- Nem gostei/ nem desgostei 4- Desgostei ligeiramente 3- Desgostei moderamente 2- Desgostei muito 1-Desgosteiextremamente
5- Muito mais escuro que o ideal 4- Ligeiramente mais escuro que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos escuro que o ideal
1-Muito menos escuro que o ideal
49
2.2.) SABOR. Prove as amostras e utilizando a escala abaixo julgue o quão ideal se
encontra em relação aos atributos abaixo:
a) GOSTO AMARGO:
b) GOSTO SALGADO:
2.3.) TEXTURA. Prove as amostras e utilizando a escala abaixo julgue o quão ideal se
encontra em relação aos atributos abaixo:
a) SUCULÊNCIA:
AMOSTRAS AMARGO
AMOSTRAS SALGADO
AMOSTRAS SUCULÊNCIA
5- Muito mais amargo que o ideal 4- Ligeiramente mais amargo que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos amargo que o ideal 1-Muito menos amargo que o ideal
5- Muito mais salgado que o ideal 4- Ligeiramente mais salgado que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos salgado que o ideal
1-Muito menos salgado que o ideal
5- Muito mais suculento que o ideal 4- Ligeiramente mais suculento que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos suculento que o ideal
1-Muito menos suculento que o ideal
50
b) ELASTICIDADE:
c) MACIEZ:
3) INTENÇÃO DE COMPRA. Diante desse produto no supermercado, você o compraria?
Comentários:_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Figura 9. Ficha de avaliação sensorial de teste de aceitação, teste do ideal e Teste de atitude.
AMOSTRAS ELASTICIDADE
AMOSTRAS MACIEZ
AMOSTRAS INTENÇÃO DE
COMPRA
5- Muito mais elástico que o ideal 4- Ligeiramente mais elástico que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos elástico que o ideal
1-Muito menos elástico que o ideal
5- Muito mais macio que o ideal 4- Ligeiramente mais macio que o ideal 3- Ideal 2- Ligeiramente menos macio que o ideal
1-Muito menos macio que o ideal
5- Certamente compraria 4- Possivelmente compraria 3- Talvez comprasse/ Talvez não comprasse 2- Possivelmente não compraria 1-Certamente não compraria
51
3.2.6.3 Just About Right (JAR)
O teste do ideal foi realizado na mesma etapa em que os testes de aceitação
e atitude (Figura 9) com escala do ideal de 5 pontos, em que 1 refere-se a muito
menos que o ideal, 3 é o ideal e 5 a muito mais que o ideal. O JAR foi realizado para
5 atributos: cor de derivado de peixe, gosto amargo, gosto salgado, suculência,
elasticidade e maciez (CERVANTES et al., 2010).
3.2.6.4 Efeito da informação
Para avaliação do efeito da informação os testes de aceitação e atitude foram
repetidos após uma semana da realização da primeira etapa, e na ficha de avaliação
constava a informação de que polpa de tilápia foi utilizada na fabricação das
salsichas e inserindo a afirmação de que sua utilização diminui a poluição ambiental
e estimula a sustentabilidade(Figura 10).
Nome: ______________________________ Idade:____ Sexo: (F) (M)Data: ________
“A polpa de peixe está sendo utilizada para a fabricação de novos produtos,
estimulando o consumo de pescado e diminuindo a poluição ambiental.”
Por favor, prove as amostras de salsicha de peixe produzida com polpa de peixe e
responda ao questionário.
1) De uma forma geral, marque por favor o quanto você gostou ou desgostou de cada
amostra, de acordo com a escala ao lado:
52
3) INTENÇÃO DE COMPRA. Diante desses produtos no supermercado, você os compraria?
Comentários:_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Figura 10. Ficha de avaliação sensorial para efeito da informação
3.2.7 Tratamento estatístico dos resultados
Os dados físico-químicos foram analisados pelo teste de variância (ANOVA)
seguido de teste de Tukey, com 5% de significância.Para avaliação sensorial, nos
testes de aceitação, de atitude, com e sem informação foram calculados média e
desvio padrão, seguido de análise de variância e teste de Tukey com intervalo de
confiança de 5%. O método de “penalty analysis” foi utilizado para os dados do teste
do ideal. Para a aplicação de tal metodologia, são utilizados os dados de impressão
global do consumidor em relação a um produto; e aqueles obtidos pela escala JAR,
que indicam o quão ideal um produto está em relação ao esperado pelo provador. O
método baseia-se em comparações múltiplas e consiste em identificar a relação
entre os valores obtidos no teste JAR aos valores obtidos na escala hedônica, para
a aceitação global (LEE, et al., 2011).Os dados físico-químicos e sensoriais foram
analisados em conjunto, pela análise de dados do método de Análise dos
Componentes Principais (PCA) (SAE-EAW et al., 2007).
AMOSTRAS IMPRESSÃO
GLOBAL
AMOSTRAS INTENÇÃO DE
COMPRA
9- Gostei extremamente 8- Gostei muito 7- Gostei moderamente 6- Gostei ligeiramente 5- Nem gostei/ nem desgostei 4- Desgostei ligeiramente 3- Desgostei moderamente 2- Desgostei muito 1-Desgostei extremamente
5- Certamente compraria 4- Possivelmente compraria 3- Talvez comprasse/ Talvez não comprasse 2- Possivelmente não compraria
1-Certamente não compraria
53
Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa
estatístico XLSTAT-Pro Version 2013.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ANÁLISES DA MATÉRIA-PRIMA
4.1.1 Análises bacteriológicas
Objetivando a garantia da qualidade dos produtos elaborados, foram
realizadas pesquisa de Salmonella sp, pesquisa de coliformes termotolerantes e
pesquisa de estafilococcus coagulase positiva das polpas, cujos resultados
demonstraram ausência de tais microrganismos e adequada possibilidade de seu
uso para a fabricação do embutido.
4.1.2 Análises físico-químicas
Objetivando caracterizar a matéria prima avaliou-se a composição centesimal
da polpa de carcaça que apresentou 0,43% (±0,0001) de cinzas, 86,14% (±0,0006)
de umidade, 2,34% (±0,0012) de lipídeos e 4,78% (±0,0055) de proteína. Observou-
se baixo teor de proteína, fato que pode estar relacionado as consecutivas lavagens
realizadas no processo de obtenção da polpa, fato também observado por Kirschnik;
Macedo-Viegas (2009), que concluiram que as lavagens podem reduzir em torno de
41% de proteína e de 44% e 66% de lipídeo e cinzas respectivamente. Oliveira Filho
(2010) encontrou 12,3% de proteína em carne mecanicamente separada de tilápia
obtida com somente uma lavagem do espinhaço antes da despolpagem. Os dados
obtidos para a polpa de cabeça indicaram 0,73% (±0,0007) de cinzas, 69,41%
(±0,0069) de umidade, 19,18% (±0,0224) de lipídeos e 16,62% (±0,0522) de
proteína, o que indica que a polpa de cabeça possui maiores teores de lipídeos e
proteínas e menor umidade em relação a polpa de carcaça. Em função do alto teor
54
de lipídios, a polpa de cabeça foi utilizada como fonte de gordura para elaboração
das salsichas auxiliando a formação da emulsão.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA SALSICHA
4.2.1 Qualidade bacteriológica
De acordo com a legislação brasileira, as salsichas atenderam à qualidade
bacteriológica uma vez que houve ausência de Salmonella sp, coliformes
termotolerantes e estafilococus coagulase positiva em todos os
tratamentos.Também foi realizada a contagem de bactérias heterotróficas aeróbias e
mesófilas e, como não há limites especificados na legislação brasileira para esse
parâmetro, adotou-se o limite máximo de 7,0 log UFC/g de acordo com dados
fornecidos pela Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para
Alimentos (1988).
Todas as formulações apresentaram contagem inferior ao limite com log 0,67
para F1, log 0,77 para F2, log 1,73 para F3 e log 3,38 para F4, não tendo diferença
entre os tratamentos. Apesar da contagem baixa, pode-se observar que as
formulações contendo maior quantidade de cloreto de sódio apresentam menor
contagem de mesófilos, o que sugere que o cloreto de sódio mantém a estabilidade
microbiológica (DÖTSCH et al., 2009). Segundo Desmond (2006) a substituição de
50% de NaCl por KCl não afeta a estabilidade microbiana, podendo-se inferir que a
substituição parcial dos sais não comprometeu a qualidade bacteriológica do
produto.
55
4.2.2 Avaliação físico-química
Imediatamente após elaboração das salsichas, considerando o controle e os
tratamentos propostos, foram realizadas análises relativas a composição centesimal
dos produtos. Os resultados são demonstrados na tabela 2. Não foi observado
diferença significativa entre os tratamentos com relação ao teor de umidade, cinzas
e proteína, entretanto, F1 e F3 apresentaram teor de lipídeos mais expressivo
quando comparados a F2 e F4 que demonstraram também maior quantidade de
carboidrato. De uma forma geral, alimentos com inclusão de inulina apresentam
teores de lipídios mais baixos e maior quantidade de carboidrato, fato relatado por
Menegas et al. (2013) que encontraram valores significativamente maiores de
carboidratos e menores de lipídeos ao comparar salames com inclusão de inulina e
sem inclusão de inulina, condição que pode ser explicada pelo fato da inulina ser um
carboidrato e atuar como substituto de gordura. Em todos os tratamentos, o teor de
cinzas foi de aproximadamente 3%, com valores variando entre 2,92 e 3,05,
resultado semelhante ao observado Oliveira Filho (2011) em salsichas com
diferentes porcentagens de carne mecanicamente separada de tilápia e que sugere
que a inulina e o cloreto de potássio não influenciaram o resíduo mineral fixo.
Apesar da diferença no teor de lipídeos observado nos tratamentos F1 e F3 e
F2 e F4, não foi observado diferença significativa (p>0,05) entre os tratamentos em
relação ao valor calórico, fato que pode ser explicado pelos relatos de Horita et al.,
(2011) que descrevem que este índice está relacionado a porcentagem de gordura,
assim como de proteínas e carboidratos. Dessa forma, as salsichas com menor teor
de gordura compensaram seu valor calórico pelo aumento de carboidratos.
Entretanto as salsichas com resíduo de tilápia ainda apresentam um valor calórico
muito baixo, semelhantes à salsichas “low-fat” (TRIKI et al., 2013), fator desejável
tanto para as indústrias quanto para o consumidor.
As amostras foram armazenadas em refrigeração e, após 34 dias de
estocagem, os procedimentos analíticos foram repetidos, não sendo observado
56
diferença significativa (p>0,05) entre os parâmetros de umidade, cinzas, proteína e
lipídeos (Tabela 3), o que garante que a identidade do produto se mantêm após
esse período de estocagem.
Tabela 2. Composição centesimal (Valores médios de umidade, cinzas, proteína, lipídeos, carboidratos e valor calórico) em salsichas produzidas com resíduo de Tilápia (O. niloticus).
Parâmetros Tempo de
estocagem
Formulações
F1 F2 F3 F4
Umidade(%) 0 74,05 70,28 73,33 70,22
34 72,86 69,30 73,43 70,01
Cinzas(%) 0 2,99 2,92 3,05 3,01
34 3,05 2,93 3,03 2,93
Proteína(%) 0 14,26 13,76 14,56 13,71
34 12,60 12,51 14,04 14,32
Lipídeos(%) 0 2,64a 0,86b 3,16a 1,37b
34 3,82a 1,72b 3,15ab 1,76b
Carboidratos(%) 0 6,06b 12,17a 5,90b 11,68ª
34 6,84b 13,53a 5,46b 11,35a
Valor
calórico(Kcal/g)
0 107,35 114,20 112,6 116,61
34 116,70 122,43 112,30 119,72
F1 (formulação controle), F2 (inclusão de 6% de inulina), F3 (substituição de 50%NaCl por KCl), F4 (inclusão de 6% de inulina e substituição de 50%NaCl por KCl). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa (P < 0,05)
Na tabela 3 são apresentados os resultados de pH, análise instrumental de
cor e rendimento de cozimento. Em relação a cor, a luminosidade (L*) foi maior no
F4(71,28), provavelmente pela inclusão da inulina que aumenta o brilho segundo
sugere Menegas (2013), seguido por F1(67,16) e F2(67,16). O menor valor de L* foi
o da formulação F3 com substituição de sódio (66,25), uma vez que o autor supra
citado descreve que produtos com baixo teor de gordura tendem a ser mais escuros
57
e que alimentos com inulina compensam essa característica, pois a inulina também
tem a capacidade de reflexão da luz semelhante a gordura. Entretanto os valores
observados para a* (cor vermelha) foram diferentes para todos os tratamentos,
maiores na formulação F2 (18,73), seguido por F4 (18,52), F1 (17,22) e F3 (16,52).
F2 e F4 tiveram redução de gordura, com diminuição de polpa de cabeça e inclusão
de inulina em sua formulação. Candogan e Kolsarici (2003) descrevem que produtos
com teor de gordura reduzido tendem a ser mais avermelhados devido a
concentração de carne magra, neste estudo representada pela polpa de carcaça.
Entretanto os valores médios para b* (cor amarela) foram maiores para as
formulações com NaCl F1 e F2 (6,99 e 6,59respectivamente) em relação aquelas
produzidas com redução de sódio F3 e F4 (6,45 e 6,15).
Os valores observados para pH variaram entre 6,70 e 6,75 para todas as
formulações não sendo observado diferença significativa entre os tratamentos (p>
0,05). O pH próximo do neutro afeta as proteínas miofibrilares que atingem sua
capacidade emulsificante máxima, favorecendo a formação da emulsão
(LOURENÇO et al., 2012). Lourenço (2012) encontrou altos valores para pH em
salsichas com resíduo de piramutaba, devido a adição de polifosfato.
Analisou-se também o rendimento de cozimento para cada tratamento não
tendo sido observado diferença significativa entre os mesmos, porém ressalta-se
que as formulações com redução de sódio (50% NaCl: 50% KCl) apresentaram os
menores rendimentos com 80% (F3) e 78% (F4). Horita (2011) estudando a
substituição parcial de cloreto de sódio por cloreto de potássio, magnésio e cálcio
em mortadelas com baixo teor de gordura também não observou diferença
significativa quanto a este parâmetro quando da substituição de NaCl por KCl.
Contudo segundo Triki (2013) a redução de sódio aumenta a perda no cozimento. A
relação direta entre teor de gordura e rendimento de cozimento deve-se a
estabilidade da emulsão garantida pela gordura. Como a inulina têm a capacidade
de formar um gel e atuar de forma semelhante a gordura, neste estudo não houve
relação entre teor de gordura e rendimento de cozimento. De forma semelhante,
Brennan, Kuri e Tudorica (2004) não encontraram diferenças de perda de cozimento
58
com inclusão de inulina em massa de espaguete. Todavia Álvarez e Barbut (2013)
sugerem que a forma de apresentação da inulina pode influenciar no rendimento de
cozimento, inulina em pó provoca um maior rendimento em relação a inulina em gel.
Tabela 3. Valores médios de pH, rendimento de cozimento (%) e cor instrumental em amostras de salsicha com diferentes tratamentos produzidas com resíduo de tilápia (O niloticus)
Características
físico químicas
Formulações
F1 F2 F3 F4
pH 6,72 6,71 6,75 6,75
Rendimento
de Cozimento
(%)
84,86 85,36 80,62 78,83
L* 67,16b 67,16b 66,25c 71,28ª
a* 17,22c 18,73a 16,52d 18,52b
b* 6,99a 6,59b 6,45c 6,15d
F1 (formulação controle), F2 (inclusão de 6% de inulina), F3 (substituição de 50%NaCl por KCl), F4 (inclusão de 6% de inulina e substituição de 50%NaCl por KCl). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa (P < 0,05). L*varia de 0 (preto) a 100 (branco); de a * varia de vermelho (+ a*) para a cor verde (-a*) e b*varia de amarelo (+ b*) para azul (- b*).
4.2.3 Avaliação sensorial
A tabela 4 demonstra os valores obtidos para a aceitação global através do
atributo impressão global obtida para as quatro formulações de salsicha a partir de
escala hedônica estruturada de 9 pontos. A impressão global de todos os
tratamentos foi superior a média, com escores de 6,61, 6,79, 6,17 e 6,33 para F1,
F2, F3 e F4 respectivamente, o que demonstra que o novo produto teve boa
aceitação. A aceitação global foi superior a encontrada por Oliveira Filho et al.
(2010), em salsichas com diferentes porcentagens de inclusão de CMS de tilápia.As
formulações controle e com inclusão de inulina apresentaram maiores escores,
59
enquanto a formulação com substituição do cloreto de sódio apenas foi a que
apresentou o escore mais baixo. Horita (2010) não encontrou diferenças em relação
a aparência, textura e aroma em mortadelas com diferentes substituições de sais.
Em relação a intenção de compra todas as formulações apresentaram escores
acima da média 3 (talvez comprasse/talvez não comprasse), o que enfatiza a
aceitação do consumidor frente a esse novo produto. As formulações com
substituição do cloreto de sódio em 50% apresentaram menores escores (F3 3,16 e
F4 3,17), indicando que a redução de sódio ainda é um grande desafio para a
indústria. Por outro lado, a formulação com inclusão de inulina (F2 3,57) apresentou
maior intenção de compra. Aliado a impressão global da formulação com inclusão de
inulina e redução de sódio (F4 6,33) a inclusão de inulina em alimentos com teor de
sódio reduzido pode indicar uma alternativa para melhorar a aceitação de tais
produtos.
Tabela 4. Escores sensoriais de impressão global sem e com informação e intenção de compra sem e com informação de salsichas de resíduo de tilápia (O. niloticus).
Avaliação
sensorial
Formulações
F1 F2 F3 F4
IG sem inf. 6,61ab 6,79ª 6,17b 6,33ab
IG com inf. 6,93ª 6,80ª 6,08b 6,20b
IC sem inf. 3,51ab 3,57ª 3,16b 3,17b
IC com inf. 3,68ab 3,76ª 3,17b 3,28bc
F1 (formulação controle), F2 (inclusão de 6% de inulina), F3 (substituição de 50%NaCl por KCl), F4 (inclusão de 6% de inulina e substituição de 50%NaCl por KCl). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa (P < 0,05)
A apresentação da frase “A polpa de tilápia está sendo utilizada para
elaboração de novos produtos, diminuindo a poluição ambiental” aos julgadores não
treinados não influenciou na impressão global dos quatro tratamentos e na intenção
de compra. Entretanto alguns pontos podem ser observados. A impressão global
das formulações F1 e F2 tiveram um ligeiro aumento com a informação, enquanto
60
que F3 e F4 tiveram discreta diminuição. A informação também não foi determinante
para gerar diferença significativa na intenção de compra, embora tenha havido um
discreto aumento em todas as formulações. A análise de componentes principais
(PCA) é utilizada para visualizar as características físico-químicas e sensoriais e
suas relações (Figura 11). Os dois componentes principais explicam 90,22% da
variação total. O PCA revela que a inclusão da inulina e o cloreto de sódio foram
determinantes para a aceitação global e intenção de compra. A inclusão da inulina
determinou o aumento de carboidratos. Dessa forma os componentes principais
podem ser definidos como substituição de sódio (F1) e inclusão de inulina (F2),
havendo uma evidente separação das formulações.
Figura 11. Gráfico de componentes principais. L* = luminosidade; b*= componente amarelo; a*= componente vermelho; Kcal= valor calórico; IG= impressão global sem informação; IG com inf.= impressão global com informação; IC sem inf.= intenção de compra sem informação; IC com inf.= intenção de compra com informação; IC sem inf.= intenção de compra sem informação. T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
Nas Figuras 12, 13, 14,15, 16 e 17 estão apresentados, respectivamente, os
gráficos da distribuição da frequência das respostas dos provadores, nas diversas
categorias da escala JAR, aplicada para avaliar os atributos de cor característica de
derivado de peixe, gosto amargo, gosto salgado, suculência, elasticidade e maciez
pH
Cinzas %
Umidade %Lipídeos %
Proteína %
Carboidratos
KcalL
a*
b*
IG sem info
IC sem infIG com info
IC com info
-1
-0,75
-0,5
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1
F2 (
39
,43
%)
F1 (50,79 %)
Variáveis (eixos F1 e F2: 90,22 %)
T1
T2
T3
T4
-3
-2
-1
0
1
2
3
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
F2 (
39
,43
%)
F1 (50,79 %)
Observações (eixos F1 e F2: 90,22 %)
61
das salsichas de resíduo de tilápia controle (F1), com inclusão de 6% de inulina (F2),
com substituição de sódio (F3) e com inclusão de inulina e substituição de sais (F4).
Na Figura 12 observa-se que a intensidade de cor característica de derivado
de peixe das formulações de F1, F2 e F3 foi considerada ideal para 50, 47 e 45%
dos julgadores, respectivamente. Entretanto a cor das formulações F2 e F4 foi
considerada um pouco mais clara que o ideal para 37 e 46%. Assim sugere-se que
as formulações com inclusão de inulina se apresentaram mais claras. Contudo
Alvarez; Barbut (2013) não encontraram diferenças na cor de produtos cárneos com
inclusão de inulina. Como a inulina não interfere na cor do produto, esse resultado
refere-se a diminuição da quantidade de polpa de cabeça nas formulações F2 e F4.
Relacionando esse resultado com a impressão global, na qual F2 foi a formulação
mais aceita, seguida por F1 e F3, e a F4 menos aceita, sugere-se que a cor não
influenciou na impressão global do produto.
Figura 12. Distribuição das avaliações do consumidor sobre cor de derivado de peixe utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
6 8 10 6
2937
2646
5047
45
39
158
159
0 0 4 0
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/COR)
1 2 3 4 5
62
Na Figura 13 observa-se que o sabor amargo foi considerado ideal para todas
as formulações por aproximadamente 80% dos provadores. A formulação F3 foi
considerada um pouco mais amarga que o ideal para 29% dos julgadores. Dessa
forma, sugere-se que o sabor amargo que poderia ser causado pela inclusão de
50% de KCl foi imperceptível. Relacionando esse resultado com a impressão global,
confirma-se que a inclusão de KCl não causou sabor amargo nem influenciou na
impressão global. Horita (2010) encontrou resultados nos quais o sabor metálico da
substituição do cloreto de sódio por 50% de cloreto de potássio foi perceptível,
causando um baixo escore para sabor da formulação com 50% de KCl.
Figura 13. Distribuição das avaliações do consumidor sobre intensidade do gosto amargo utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
Na Figura 14 observa-se que o sabor salgado foi considerado ideal para as
formulações F1 e F2 por 73 e 67% dos julgadores. O sabor salgado também foi
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
2 5 3 548
5 4
7678
6372
189
2917
0 0 0 2
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/AM)
1 2 3 4 5
63
considerado ideal para as formulações F3 e F4 (58 e 57%), entretanto
aproximadamente 30% dos julgadores consideraram essas formulações menos
salgadas que o ideal. Nascimento (2007) encontrou resultados semelhantes em
salsichas redução de sódio, com a formulação com substituição de 50% de cloreto
de sódio por cloreto de potássio sendo considerada menos salgada que o ideal.
Comparando esses resultados com a impressão global pode-se sugerir que a
substituição dos sais não foi perceptível e não influenciou na impressão global,
confirmando os dados do atributo sabor amargo.
Figura 14. Distribuição das avaliações do consumidor sobre intensidade do gosto salgado utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
Na Figura 15 observa-se que a suculência foi considerada ideal por 53, 65, 47
e 43% dos julgadores para F1, F2 F3 e F4, respectivamente. Assim, a adição de
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
0 1 2 114 16
25 28
73 6758 57
12 14 13 131 2 2 1
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/SALG)
1 2 3 4 5
64
inulina não influenciou na suculência da salsicha, embora García (2006) tenha
encontrado que a inclusão de inulina aumentou a suculência de salsichas, o que
comprova o fato de que essa fibra atua como substituto da gordura. Comparando os
resultados com a impressão global, sugere-se que a suculência influenciou na
impressão global, uma vez que as formulações F2, F1 e F3 foram mais aceitas em
relação a F4, embora F1 e F3 não apresentaram diferença significativa em relação a
F4.
Figura 15. Distribuição das avaliações do consumidor sobre suculência utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
Na Figura 16 pode-se observar que aproximadamente 50% dos julgadores
julgaram a elasticidade de todas as formulações ideal. Já na Figura 17 pode-se
observar que a maciez de F1 e F2 foi considerada ideal para 50 e 52% dos
provadores, enquanto que F3 e F4 foram consideradas mais macias do que o ideal
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
3 1 3 2
2419
29 32
53 65 47 43
20 1318 18
0 2 3 5
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/SUC)
1 2 3 4 5
65
por 39 e 42% dos julgadores. Esse resultado sugere que a substituição do cloreto de
sódio pelo cloreto de potássio em 50% influenciou na impressão global, uma vez que
F3 e F4 obtiveram os menores escores. O cloreto de sódio é um ingrediente
importante na formação da emulsão da salsicha, por extrair as proteínas
miofibrilares que em contato com água e gordura formam a emulsão estável
(OLIVEIRA FILHO, 2011). A inulina também aumenta a maciez em embutidos
cárneos (HORITA, 2010).
Figura 16. Distribuição das avaliações do consumidor sobre elasticidade utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
3 5 9 8
30 3233 33
5352 41 44
13 7 15 121 4 2 3
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/ELAS)
1 2 3 4 5
66
Figura 17. Distribuição das avaliações do consumidor sobre maciez utilizando os 5 pontos da escala JAR (1= muito menos que ideal; 2= ligeiramente menos que o ideal; 3= ideal; 4= ligeiramente mais que o ideal; 5= muito mais que o ideal). T1= controle; T2= 6% de inulina; T3= 50%NaCl:50%KCl; T4= 6%inulina, 50%NaCl:50%KCl
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
T1 T2 T3 T4
1 1 3 0
189 11 11
5052 38
35
2527
3942
6 11 9 12
%
Comparação dos resultados JAR através dos grupos (JAR/MAC)
1 2 3 4 5
67
Tabela 5. Notas médias obtidas no teste de aceitação, para avaliar os atributos impressão global (escala hedônica), cor, elasticidade, maciez, suculência, gosto salgado, gosto amargo (escala JAR) das formulações F1, F2, F3 e F4, e efeito sobre a média.
Formulações
Cor Sabor amargo Sabor salgado Suculência Elasticidade Maciez
Muito
menos
Muito
mais
Muito
menos
Muito
mais
Muito
menos
Muito
mais
Muito
menos
Muito
mais
Muito
menos
Muito
mais
Muito
menos
Muito
mais
F1 5,0
(0,90)
- - - - - 27,0
(1,22)
- 33,0
(0,75)
- - 31,0
(0,57)
F2 45,0
(1,01)
- - - - - - - 37,0
(0,74)
- - 38,0
(0,97)
F3 36,0
(0,53)
- - 29,0
(0,83)
27,0
(0,36)
- 32,0
(1,04)
21,0
(0,27)
42,0
(0,73)
- - 48,0
(0,16)
F4 52,0
(0,58)
- - - 29,0
(0,77)
- 34,0
(1,44)
23,0
(0,23)
41,0
(0,42)
- - 54,0
(0,24)
F1 (formulação controle), F2 (inclusão de 6% de inulina), F3 (substituição de 50%NaCl por KCl), F4 (inclusão de 6% de inulina e substituição de 50%NaCl por KCl). (-) indica que menos de 20% dos consumidores responderam muito menos ou muito mais para atributos do JAR.
Comparando os resultados da tabela 3 com a tabela 4 pode-se observar que
para as formulações F1, F3 e F4 a única penalidade considerável foi a suculência
(1,22), (1,04) e (1,44), indicando que este atributo influenciou na aceitação global. A
formulação F2 apresentou penalidade para cor (1,01), entretanto este atributo não
foi capaz de diminuir a aceitação, já que a formulação mais aceita foi F2,
provavelmente porque os provadores sabiam que se tratava de um produto derivado
de peixe.
68
5 CONCLUSÕES
As salsichas produzidas com resíduos de filetagem de tilápia do Nilo
representam uma boa alternativa para utilização sustentável dessa matriz alimentar,
tendo boa aceitação pelo consumidor. A inclusão de inulina é uma opção para
produção de alimentos “low-fat”, melhorando a estabilidade da emulsão, além de
garantir a ação prebiótica da salsicha. Contudo a redução de sódio ainda é uma
grande desafio para a indústria por afetar tecnologicamente o produto, diminuindo a
suculência. A inclusão de inulina em produtos com menor teor de sódio é uma
alternativa para solucionar possíveis problemas de textura do alimento.
69
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