Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o desempenho, idade a puberdade e produção leiteira em fêmeas da raça Santa Inês Marlon Richard Hilário da Silva Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens Piracicaba 2009

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o desempenho, idade a puberdade e produção leiteira em fêmeas da

raça Santa Inês

Marlon Richard Hilário da Silva

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens

Piracicaba 2009

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Marlon Richard Hilário Da Silva Médico Veterinário

Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o desempenho, idade a

puberdade e produção leiteira em fêmeas da raça Santa Inês

Orientador: Prof. Dr. ALEXANDRE VAZ PIRES Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens

Piracicaba 2009

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Silva, Marlon Richard Hilário da Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o desempenho, idade a

puberdade e produção leiteira em fêmeas da raça Santa Inês / Marlon Richard Hilário da Silva. - - Piracicaba, 2009.

89 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2009. Bibliografia.

1. Crescimento animal - Taxas 2. Digestibilidade 3. Leite - Produção 4. Ovinos 5. Recria Título

CDD 636.3 S586e

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Ao Meu Pai, José Hilário da Silva (in memorian) pelo exemplo de homem honrado e digno, pelo

amor, capacitação, formação e incentivo e a minha mãe, Vanda Luci Pipino, pelo amor incondicional

apoio permanente e sacrifícios realizados em prol desta realização.

À vocês dedico muito mais que palavras dedico minha eterna gratidão, admiração, respeito e amor,

pois esta realização é reflexo do árduo sacrifício e doação de vocês.

As lembranças de cobrança hoje soam como incentivo e as de correções como provas sinceras de amor

incondicional.

À rica infância e a oportunidade precoce do contato com a vida no campo oferecida, hoje são os

mais ricos presentes aliados a educação e o amor sem medidas que me foram concebidos.

Com Grande Amor e Saudades Dedico.

Ao meu irmão e amigo Michael Hilário Da Silva pelo companheirismo, respeito, apoio e

amizade.

Ao amigo Edson Bomfin, pela dedicação e apoio e aos conselhos cedidos.

À minha namorada Andrea A. Machado pela compreensão, apoio, amor e respeito

Ofereço.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primordialmente a Deus, pelas bênçãos derramadas sobre minha vida.

Aos meus pais José Hilário da Silva (in memorian) e Vanda Luci Pipino e ao meu irmão

Michael Hilário da Silva, pelo constante amor e incentivo e pelo orgulho que possuo em

tê-los como primícias em minha vida

À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) e ao Departamento de

Zootecnia, pela credibilidade e oportunidade cedida para a realização do curso de

mestrado.

Ao Professor Dr. Alexandre Vaz Pires, pela valiosa oportunidade concedida, pelo

exemplo de profissional e orientador e à Profª. Drª. Ivanete Susin, pela colaboração,

conselhos e ensinamentos.

Aos professores do Departamento de Zootecnia, em especial aos professores Wilson

Roberto Soares Mattos, Luiz Gustavo Nussio e Carla Maris Bittar pela cordialidade,

ensinamentos, valiosa convivência e por refletirem o profissionalismo.

Aos Professores Fernando Miranda V. Jr., Marina Hojaj, Júlio Setti, Fernando Arévalo,

Alda Isabel e Charles Martins, pelos valiosos ensinamentos e convivência durante a

graduação em Medicina Veterinária.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), pelo aporte

financeiro através da concessão da bolsa de estudos.

Aos Amigos de longa data: Guilherme Lanziani, Paulo Gilberto Francisco, Wellintton

Souza, Roosevelt Nogueira, Adalcides Silveira, Diego Delfiol, Thiago Bogarin, Jhones

Sarturi e Rodrigo Denner pela amizade conquistada e mantida e por estarem sempre

presentes nessa empreitada.

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Aos Moradores da Saudosa República Tapéra Véia (nossa Casa): Rodrigo Denner

(Bolin), Yuri Farjalla (Criadão) Nino Scherer (Nino) e Tiago Zanetti (Athana) pela

convivência harmoniosa, amizade e parceria sempre presente e pelos momentos de

descontração, alegria e troca de experiências profissionais.

Aos amigos do Sistema Intensivo de Produção de Ovinos e Caprinos (SIPOC):

Rafael Meneghini (Harry), Rafael Carmargo, Rafael Araujo (K-neco), Fabiane Souza

(Fabi), Michelle Maia, Evandro Maia, Susana Gilavert, Renato Shinkai (Shimu), Marcos

Biehl, Diego Galvani, Gustavo Rodrigues, Cleiton Quirino (Cirilo), Fumi Urano e Adilson

Gastaldello, pelo auxilio na condução dos experimentos, amizade, pelas valiosas

conversas e ótima convivência.

Aos Funcionários do SIPOC: Adilson (Zica), Dito, Alexandre, Joseval, Sr. Marcos e

Roberto, pela colaboração, auxilio e ensinamentos.

Aos Amigos do Grupo de Qualidade e Conservação de Forragens: Vanessa Pillon, Maity,

Ana Schoggor, Mateus Castilho, Gisele Muraro, João Prati e Rodrigo Goulart.

Aos Amigos da Saudosa República Zona Rural: Q-xada, Xort-lég, Omiño, Strogonof,

Cérebro, Borrado, Pãtanero, Dogliña e Melita, pela amizade, momentos de diversão e

pela confiança no inicio desta jornada.

Aos Amigos Guilhermo Congio (Android), Luiz Alberto (Gãdi), João (Baiano) Aliedson

(Acreano), Michelle Nascimento, Viviane Maia, Neto, Salim, Juninho Pacheco, Bruna

Matos e Ingrid Medina pela parceria e amizade.

A todos os envolvidos na administração do Departamento de Zootecnia, pela

receptividade, profissionalismo e dedicação.

A todos os amigos e familiares pelo apoio e colaboração.

Enfim, a todos, que de maneira direta ou indiretamente colaboraram para a realização e

desse presente trabalho, registro meus sinceros agradecimentos.

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Epígrafe

“Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder

com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... E a

vida é muita para ser insignificante”.

(Charles Chaplin)

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... 12

ABSTRACT ............................................................................................................... 15

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 17

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 19

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... 21

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 25

2.1 Mamogêneses pré-puberal .................................................................................. 25

2.2 Puberdade ........................................................................................................... 26

2.3 Plano nutricional .................................................................................................. 27

2.4 Produção e composição do leite ovino ................................................................ 29

Referências ............................................................................................................... 31

3 DESEMPENHO PRODUTIVO E IDADE A PUBERDADE DE BORREGAS SANTA

INÊS SUBMETIDAS A DIFERENTES TAXAS DE CRESCIMENTO NA RECRIA .... 35

Resumo ..................................................................................................................... 35

Abstract ..................................................................................................................... 35

3.1 Introdução ........................................................................................................... 36

3.2 Material e métodos .............................................................................................. 37

3.2.1 Localização ...................................................................................................... 37

3.2.2 Animais e Instalações experimentais ............................................................... 37

3.2.3 Delineamento experimental e tratamentos ....................................................... 38

3.2.4 Manejo alimentar e coleta de dados ................................................................. 39

3.2.5 Determinação da progesterona sérica ............................................................. 40

3.2.6 Análise estatística ............................................................................................ 41

3.3 Resultados e discussão....................................................................................... 42

3.3.2 Desempenho animal......................................................................................... 42

3.3.3 Idade, peso e nível sérico de progesterona à puberdade ................................ 45

3.4 Conclusões .......................................................................................................... 48

Referências ............................................................................................................... 48

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4 PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE E DESEMPENHO DAS CRIAS DE

OVELHAS SANTA INÊS SUBMETIDAS A DIFERENTES TAXAS DE CRESCIMENTO

NA RECRIA ............................................................................................................... 50

Resumo ..................................................................................................................... 51

Abstract ..................................................................................................................... 52

4.1 Introdução ........................................................................................................... 52

4.2 Material e métodos .............................................................................................. 54

4.2.1 Localização ...................................................................................................... 54

4.2.2 Manejo pré-experimental .................................................................................. 54

4.2.3 Animais e Instalações experimentais ............................................................... 55

4.2.4 Período experimental e tratamentos ................................................................. 55

4.2.5 Manejo alimentar e coleta de dados ................................................................. 57

4.2.6 Controle leiteiro ................................................................................................ 58

4.3 Resultados e discussão ....................................................................................... 60

4.3.1 Peso corporal, escore de condição corporal, consumo de matéria seca e

produção de leite ....................................................................................................... 60

4.3.2 Produção e composição dos constituintes do leite ........................................... 63

4.3.3 Desempenho das crias ..................................................................................... 65

4.4 Conclusões .......................................................................................................... 67

Referências ............................................................................................................... 68

5 DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES, BALANÇO DE NITROGÊNIO

E PARÂMETROS RUMINAIS DE CORDEIROS DA RAÇA SANTA INÊS

ALIMENTADOS COM TEORES CRESCENTES DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

IN NATURA ............................................................................................................... 71

Resumo ..................................................................................................................... 71

Abstract ..................................................................................................................... 71

5.1 Introdução ........................................................................................................... 72

5.2 Material e métodos .............................................................................................. 73

5.2.1 Localização ...................................................................................................... 73

5.2.2 Animais e Instalações experimentais ............................................................... 73

5.2.3 Delineamento experimental e tratamentos ....................................................... 74

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5.2.4 Manejo alimentar e coleta de dados ................................................................. 75

5.2.5 Cálculo da digestibilidade aparente dos nutrientes e do balanço de nitrogênio76

5.2.6 Colheita de liquido ruminal ............................................................................... 77

5.2.7 Análise estatística ............................................................................................ 78

5.3 Resultados e discussão....................................................................................... 78

5.3.1 Consumo de nutrientes .................................................................................... 78

5.3.2 Digestibilidade dos Nutrientes .......................................................................... 81

5.3.3 Balanço de nitrogênio ....................................................................................... 82

5.3.4 Parâmetros ruminais ........................................................................................ 83

5.4 Conclusões .......................................................................................................... 87

Referências ............................................................................................................... 87

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RESUMO

Efeitos de diferentes taxas de crescimento no período pré-púbere sobre o desempenho, idade a puberdade e produção leiteira em fêmeas da raça Santa Inês

Experimento I: Foram utilizadas 60 borregas da raça Santa Inês com o objetivo de avaliar os efeitos de três taxas de crescimento até os 7 meses de idade. Os tratamentos foram delineados visando obter alta taxa de crescimento (ATC), moderada taxa de crescimento (MTC) e baixa taxa de crescimento (BTC). Foram avaliados o consumo de matéria seca, o ganho de peso corporal e as concentrações séricas de progesterona para a detecção da idade à puberdade. Foram verificados efeitos lineares (p<0,01) para o peso corporal e metabólico, sendo os maiores valores encontrados para os animais do tratamento ATC. Efeito linear (p<0,01) foi verificado para o ganho médio diário (GMD) sendo de 0,182; 0,156 e 0,136 kg/dia para os tratamentos ATC, MTC e BTC respectivamente. Borregas pertencentes ao tratamento ATC apresentaram maior conversão alimentar sendo os valores para o tratamento ATC de 6,1; MTC de 7,1 e BTC de 9,2 kg MS/ kg de ganho de peso. Verificou-se diferença (p<0,01) quanto a porcentagem de animais que atingiram a puberdade sendo o tratamento MTC com o maior número de borregas púberes até os 7 meses de idade (60%), seguida dos tratamentos ATC (45%) e BTC (15%)com peso médio de 39,3 kg de peso corporal, sendo 70% do peso adulto. Experimento II: As borregas utilizadas no experimento 1 com 37 Kg de PC entraram em estação de monta e após o parto receberam uma única dieta, sendo blocadas de acordo com o peso e dias de lactação. Observou-se efeito quadrático (p<0,01) na produção de leite em 3h (137,9; 150,1 e 104,4 g), efeito quadrático (p<0,05) para LCG (167,2; 178,9 e 129,4) e efeito quadrático (p<0,03) LCGP (216,5; 140,5 e 162,7). Os teores de gordura (9,8; 8,9 e 8,3%) e de proteína (4,2; 4,2 e 4,6 apresentaram efeitos lineares sendo (p=0,01) para gordura e (p<0,01) para proteína. Experimento III: Os objetivos deste experimento foram avaliar o efeito da inclusão de bagaço de cana-de-açúcar in natura (BIN) sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes, balanço de nitrogênio e os parâmetros ruminais de cordeiros Santa Inês. Quatro cordeiros providos de cânula ruminal com peso corporal (PC) médio inicial de 30kg foram alojados individualmente em gaiolas para ensaios de metabolismo. O tratamento controle positivo (CONT) consistia de uma ração de alto concentrado contendo de 10% de feno de “coastcross” (Cynodon sp.) na MS, sendo os demais tratamentos níveis crescentes de BIN em 10, 20 e 30% da MS, constituindo os tratamentos 10BC, 20BC e 30BC. As rações experimentais foram isonitrogenadas (13,75±0,25% PB). Não verificou-se efeito de tratamento (p>0,05) sobre o consumo de MS, MO, e PB em kg/dia e g/kg de PC 0,75; apenas sobre consumo de FDN com efeito linear (p< 0,01). O balanço de nitrogênio, assim como a concentração de acetato, propionato, butirato, concentração total de AGCC, amônia no fluido ruminal e a de digestibilidade aparente da MS, MO, PB e FDN não foram afetados pelos tratamentos. Palavras-chave: Taxa de crescimento; Santa Inês; Produção de leite; Digestibilidade

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ABSTRACT

Effects of growing rates in prepubertal period on performance, age at puberty and milk yield of Santa Ines sheep

Trial I: Sixty Santa Ines ewe lambs were used to evaluate the effects of three growing rates until 7 months of age. Treatments were defined to achieve high (HGR), moderate (MGR) and low (LGR) growing rates. The dry matter intake and average daily gain (ADG) were evaluated, well as serum levels of progesterone in order to detect the age of puberty. Linear effects (P<0.01) to body weight (BW) with values being 59.5, 61.4, and 58.0 to HGR, MGR and LGR, respectively. Linear effects (P<0.01) was also observed for average daily gain with values being 0.182, 0.156, and 0.136 kg/day, for HGR, MGR and LGR, respectively. The feed:gain ratio showed a linear effects (p<0.02) according to raw sugarcane bagasse inclusion in diet with values being 6.1, 7.1 (M) and 9.2 kgDM/kg BW for HGR, MGR and LGR, respectively. Linear effects (p<0.01) was observed for the percentage of animals of ewe lambs the reached puberty at 7 months of age, showing highest values for MGR (60%), followed by HGR (45%) and LGR (15%) treatment. Trial II: The same ewe lambs of Experiment 1 were bred at 37 kg of BW and after lambing they received a unique diet. The ewe lambs were blocked according to body weight and days in milking. According to the energy density increase in the diet, quadratic effects (p<0.01) was observed on milk production recorded in a 3-hour interval (137.9; 150.1 and 104.4 g), fat corrected milk (167.2, 178.9 and 129.4 g) and fat and protein corrected milk (216.5, 140.5, 162.7g). Fat (9.77, 8.92 and 8.35%) and protein (4.2, 4.2, and 4.6%) showed linear effects (P=0.01) for fat and (P<0.01) for protein. Trial III: The aim of this study was to evaluate the inclusion of raw sugarcane bagasse (RSB) on dry matter intake and apparent digestibility of nutrients, nitrogen balance and ruminal parameters of Santa Ines ram lambs. Four ruminally fistulated ram lambs averaging 30 kg of BW were placed in metabolism crates. The control treatment (CONT) consisted of a high concentrate diet with 10% of coastcross (Cynodon sp.) hay in the dietary DM and the others treatments consisted of 10, 20 and, 30% of RBS in the dietary DM. The diets were formulated to provide similar concentration of crude protein (13.75±0.25%). No effects were observed for DMI, OM, and CP in kg/day and g/kg of BW0.75. Linear effects (p<0.02) was observed for NDF intake according RBS inclusion. Variables, as well as total SCFA, acetate, propionate, and butyrate concentrations. Ruminal ammonia and apparent nutrient digestibility also did not differ among treatments.

Keywords: Growth rate; Santa Ines; Milk yield; Digestibility

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Consumo de mat41éria seca de borregas Santa Inês submetidas a diferentes

taxas de crescimento em função do período experimental ..................... 45

Figura 2 - pH do fluido ruminal de cordeiros Santa Inês submetidos a rações

experimentais .......................................................................................... 86

Figura 3 - Concentração de nitrogênio amoniacal no fluido ruminal de cordeiros Santa

Inês submetidos a rações experimentais. ............................................... 87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Proporções dos ingredientes e composição química das rações experimentais

(% MS) .................................................................................................... 39

Tabela 2 - Consumo de matéria seca, ganho médio diário (GMD) e conversão alimentar

(CA) de borregas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de crescimento

................................................................................................................ 44

Tabela 3 – Porcentagem de animais, teor sérico de progesterona, idade e peso corporal

de borregas Santa Inês que atingiram a puberdade até os 7 meses de

idade submetidas a diferentes taxas de crescimento .............................. 47

Tabela 4 - Proporções dos ingredientes e composição química da ração experimental (%

MS) ......................................................................................................... 56

Tabela 5 - Proporções dos ingredientes e composição química da ração inicial (%MS) 57

Tabela 6 - Peso corporal, consumo de matéria seca e produção de leite de ovelhas Santa

Inês submetidas à diferentes taxas de crescimento na fase de recria .... 62

Tabela 7 - Composição do leite de ovelhas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de

crescimento na fase de recria ................................................................. 65

Tabela 8 - Peso corporal, consumo de concentrado inicial e desempenho das crias em

função das taxas de crescimento que as matrizes foram submetidas na

fase de recria .......................................................................................... 67

Tabela 9 - Proporções dos ingredientes e composição química das rações experimentais

(% MS) .................................................................................................... 75

Tabela 10 - Peso corporal, peso metabólico e consumo de nutrientes pelos cordeiros

Santa Inês submetidos a rações experimentais ...................................... 80

Tabela 11- Digestibilidade dos nutrientes, consumo de nutrientes digestíveis por cordeiros

Santa Inês alimentados com rações contendo inclusões de bagaço de

cana-de-açúcar in natura ........................................................................ 81

Tabela 12 - Balanço de nitrogênio de cordeiros Santa Inês submetidos as rações

experimentais .......................................................................................... 83

Tabela 13 – Parâmetros ruminais de cordeiros Santa Inês submetidos as rações

experimentais .......................................................................................... 85

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LISTA DE ABREVIATURAS

10BC – 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura

20BC - 20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura

30BC - 30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura

AGCC – Ácido graxo de cadeia curta

ATC – Alta taxa de crescimento

BIN – Bagaço de cana-de-açúcar in natura

BTC – baixa taxa de crescimento

CA – Conversão alimentar

CCI – Consumo de concentrado inicial

CCS – Contagem de células somáticas

CMS – Consumo de matéria seca

CNF – Carboidrato não-fibroso

CONT – Controle

DATT – Digestibilidade aparente do nutriente no trato total

DP –Desvio padrão

ECC – Escore de condição corporal

EM – Estação de monta

EPM – Erro padrão da média

FDN – Fibra solúvel em detergente neutro

GMD- ganho médio diário

IV – Intravenosa

LCG – Leite corrigido para gordura

LCGP – Leite corrigido para gordura e proteína

MM – matéria mineral

MO – Matéria orgânica

MS – Matéria seca

MTC – moderada taxa de crescimento

N – Nitrogênio

ng/dL – nano gramas por decilitro

NRC – National Research Council

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NS – Não significativo

P – Probabilidade

P4 – Progesterona

PB – Proteína bruta

PC – Peso corporal

PC0,75 - Peso corporal metabólico

pH – Potencial hidrogeniônico

RIE – Radioimunoensaio

RR – Retículo-rúmen

RTM – Ração total misturada

SI – Santa Inês

T – Tratamento

UI – Unidades internacionais

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1 INTRODUÇÃO

Com aumento do consumo de carne ovinos verificado nos últimos anos faz-se

necessário traçar estratégias que alavanquem melhorias sobre a produtividade de

maneira sustentável, visando à produção de animais de qualidade, com custos reduzidos,

tornando o sistema de produção viável.

A necessidade em mudar o sistema extensivo de criação de ovinos para um sistema

mais intensivo tem aumentado. Devido aos baixos índices de produtividade do rebanho

ovino brasileiro, aumentou o interesse em pesquisar a idade à puberdade, e qual a taxa

de crescimento a ser imposta a categoria de recria.

O manejo reprodutivo da fêmea, relacionado à precocidade e reposição, e

conseqüentemente a produção de cordeiros, com peso ao nascimento, peso a desmama

e ganho de peso, são cotados com sendo os principais fatores responsáveis pelo

sucesso da produção.

Para a obtenção de altas produções com eficiência econômica, é necessária a

inserção no sistema de produção de tecnologias modernas como o controle sanitário,

alimentação adequada e práticas de manejo reprodutivo (COUTINHO; SILVA, 1989;

SIQUEIRA, 1990; TRALDI, 1990; CUNHA et al., 1999; PILAR et al., 2000).

Os estudos relacionados à raça Santa Inês sobre a idade a puberdade e a

adequada taxa de crescimento a ser imposta são escassos. A submissão de borregas a

taxas elevadas de crescimento apresentam vantagens de desvantagens, como

vantagens podemos salientar, a diminuição da idade ao primeiro parto, disposição de

animais para a reposição e ainda em melhorias econômicas no sistema de produção,

passando essa categoria de uma fase improdutiva (recria) para outra onde há geração de

receita. Embora, alguns estudos têm demonstrado que há uma correlação negativa

entre a taxa de crescimento e o desenvolvimento da glândula mamaria e

conseqüentemente a diminuição da produção de leite pela ovelha (ANDERSON, 1975;

UMBERGER et al., 1985), gerando portanto menos ganho de peso aos cordeiros, ou

aumento na demanda de ração inicial pela compensação da produção de leite

insatisfatória. Entretanto Hohenboken et al. (1995) não encontraram efeitos sobre a

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produção de leite em ovelhas e vacas de corte submetidas à altas taxas de crescimento

na pré-puberdade.

Frente a este cenário, os objetivos do presente estudo foram avaliar o desempenho

e idade a puberdade de borregas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de

crescimento e avaliar ainda a produção e composição do leite e a possível influência

sobre o desempenho das respectivas crias.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Mamogêneses pré-puberal

A porção da glândula mamária que contem os alvéolos secretórios e os ductos que

transportam o leite secretado é chamado de “parênquima” (tecido parenquimatoso é

composto por células epiteliais). Em borregas, o desenvolvimento do epitélio mamário é

restringido pela produção de células indiferenciadas: proliferação da “cadeia” de ductos é

restringida pelo “fat pad” mamário. Durante a gestação estas células epiteliais se

proliferarão e se diferenciarão nos ductos ou nas células especializadas na produção de

leite, os alvéolos. O parênquima da glândula mamaria é circundado e suportado pelo

“estroma”, chamado “fat pad” (bloco de gordura). O “fat pad” é composto primariamente

por tecido conjuntivo e adiposo, bem como pelo sistema vascular e linfático, nervos e

células mioepiteliais (TOLMAN; McKUSICK, 2001).

Em ruminantes, o desenvolvimento pós-natal da glândula mamaria é procedido de

estágios proliferativos específicos. Ao nascimento a estrutura glandular básica esta sendo

formada por ductos primários simples direcionados ao teto. Em borregas de 1- 2 meses,

o crescimento do tecido epitelial da glândula mamaria é isométrico (taxa de crescimento

similar ao desenvolvimento corporal) e é limitado ao desenvolvimento de tubos

secundários e terciários na zona de adjacência da cisterna glandular, e ao crescimento

de tecido não-epitelial conectivo e tecido adiposo (SERJSEN; PURUP, 1997).

A partir do segundo mês de vida das borregas, a glândula mamaria inicia a fase de

crescimento alométrico – número de células epiteliais aumenta a uma taxa de

crescimento rápida comparada ao crescimento corporal. Durante este período, uma

extensa bolsa externa de tecido epitelial surge dos tubos secundários e terciários ao

redor da cisterna da glândula. Hovey et al. (1999) descreveram estas "bolsas externas"

como agrupamentos de ductos que surgem ao final dos tubos mais consideráveis. Os

tubos avançam como massas densas, enquanto substituem o tecido gorduroso que os

circunda. O DNA está sendo sintetizado ativamente à periferia destas massas de tubos,

indicando proliferação de cela rápida. Durante este período o bloco gordura (fat pad) é

também crescente, assim como o tecido gorduroso e a estrutura e sustentação de tecido

conjuntivo (SERJSEN et al., 2000).

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26

Após a puberdade, a glândula mamaria retorna ao crescimento isométrico, com

crescimento da glândula paralelo ao crescimento corporal.

A gestação submete a glândula mamaria a um outro crescimento alométrico

(SERJSEN et al., 2000). Em ovelhas, o crescimento da glândula mamaria consiste em

um rápido crescimento dos ductos ao inicio da gestação. Com o avanço do período

gestacional ocorre a diferenciação do tecido epitelial formando os alvéolos, sendo estes

ancorados por tecido colagenoso. A analise de DNA de numerosas células epiteliais e

tecido conjuntivo em ovelhas da raça Rommey demonstraram que 20% do crescimento

da glândula mamaria ocorre do nascimento a puberdade, 78% durante a gestação e 2%

durante a lactação. (ANDERSON, 1975).

A produção de leite é proporcional ao total de células epiteliais (HOVEY et al.,

1999). Como revelado no estudo com as ovelhas Rommey, 98% do numero de células

epiteliais é estabelecido ao parto. Entre o parto e o pico de lactação, as células

secretórias hipertrofiam e completam a diferenciação. Forsyth (1996) estudou a relação

entre a produção de leite, a atividade das células alveolares e a persistência em vacas

leiteiras. Após o pico de lactação, a atividade celular é mantida, mas ocorre a diminuição

das células alveolares, provocada pelo declínio da produção de leite. O pico de produção

é primariamente determinado pelo número de células secretórias, sendo que qualquer

impacto negativo sobre o número de células epiteliais proporcionará impactos negativos

sobre a produção de leite.

2.2 Puberdade

A puberdade nas fêmeas é definida com a apresentação clínica do primeiro estro,

porém, na maioria das vezes apresenta-se com uma fertilidade baixa, pois a taxa de

hormônios gonadotróficos ainda é insuficiente para desencadear a ovulação (DERIVAUX,

1982; SASA, 2002).

A puberdade culmina em um processo gradual de maturação que começa antes

do nascimento e é primariamente determinada pelo peso corporal e fotoperíodo

(estação). A principal causa de variação na idade a puberdade em ovinos e bovinos esta

relacionada ao manejo nutricional. Raças que não apresentam sazonalidade estacional, o

Page 28: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

27

aparecimento da puberdade esta mais relacionado ao peso corporal do que a idade

(SERJSEN; PURUP, 1997).

No geral as borregas demonstram cio entre 6 e 9 meses de idade, um padrão

cíclico de liberação de hormônio luteinizante (LH) com secreção de progesterona a partir

de folículos luteinizados, ocorrendo antes do primeiro cio, que nem sempre é

acompanhado de ovulação (HULET; SHELTON, 1988).

Segundo Dyrmundsson e Hallgrãsson (1978) os sinais comportamentais do estro

são usualmente fracos e a intensidade é menos marcante do que em ovelhas adultas.

Além disso, a duração do estro é mais curta e o número de ciclos estrais é menor durante

a estação reprodutiva.

A idade em que uma fêmea ovina é coberta pela primeira vez pode variar de 7

meses, quando as borregas são criadas em sistemas intensivos de alta produção até 31

meses de idade, quando as condições de criação são muito adversas, mas em média a

cobertura ocorre aos 19 meses (OLIVEIRA et al., 1991).

Segundo Minola e Goynechea (1975), Derivaux (1980), Hafez (1988), Dukes

(1996) e Nunes et al. (1997), nos ovinos, as fêmeas podem entrar em puberdade entre 4

e 8 meses de idade, com 25 a 35 kg de peso vivo, isto é, quando atingirem 60 a 75% do

peso de uma fêmea adulta do rebanho, o que é influenciado pela raça e pelo nível

nutricional oferecido.

2.3 Plano nutricional

Numerosos estudos com novilhas leiteiras têm revelado uma relação curvilínea

entre a taxa de crescimento pré-púbere e a primeira lactação (SERJSEN et al., 2000;

JOHNSSON, 1988).

Aparentemente o nível energético da dieta é mais influente sobre a produção

hormonal e subsequentemente ao desenvolvimento da glândula mamária que a

formulação da ração ou mesmo o consumo. Em novilhas, o impacto negativo do nível

energético da dieta não foi afetado pelo tipo de volumoso (silagem de milho x casca de

cevada; HOHENBOKEN et al., 1995); fonte energética (Fibra x amido; HOUSEKNECHT

et al., 1988); fonte protéica ou nível protéica da dieta (SERJSEN e PURUP, 1997); ou

relação volumoso:concentrado (SERJSEN, 2000).

Page 29: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

28

As fases de crescimento alométrico são as mais susceptíveis aos efeitos negativos

da superalimentação ou a restrição rigorosa, sendo que a primeira fase (entre 3 meses

de idade e logo após a ocorrência da puberdade) tem sido identificada como o período

crítico para o potencial de produção de leite (LACASSE et al., 1993; VAN AMBURGH et

al., 1998; ABENI et al., 2000). Nesta fase em particular, ocorre alongamento e

ramificação dos ductos primários (CAPUCO et al., 1995).

Charles et al. (1999) citam que dietas com alto teor energético podem ser

utilizadas após a puberdade, sem interferência sobre o crescimento do tecido mamário.

Lacasse et al. (1993) demonstraram um efeito do plano nutricional sobre o consumo de

matéria seca e ganho de peso, com efeitos mais pronunciados durante a segunda fase

de crescimento alométrico da glândula mamária, mas sem efeito sobre o potencial

produtivo dos animais. Segundo os mesmos pesquisadores, as variações do plano

nutricional aplicadas fora do período crítico de desenvolvimento da glândula mamária,

produzem pouco ou nenhum efeito sobre o potencial produtivo do animal, ficando os

efeitos restritos muitas vezes ao peso que o animal atinge ao primeiro parto

Segundo Hurley (1998) o crescimento mamário que ocorre durante os estágios

críticos hormônios-dependentes do desenvolvimento, é sensível ao plano nutricional. As

variações na intensidade de alimentação (densidade do nutriente) podem alterar a

secreção de um ou mais hormônios, tais como a somatotropina e corticosteróides, que

regulam o crescimento mamário e sua diferenciação.

A superalimentação ou a restrição rigorosa da ingestão de alimentos inibe o

desenvolvimento normal da glândula mamária, especialmente o grau de proliferação do

parênquima.

A alimentação ad libitum em um grupo pré-pubere resultou em decréscimo de

tecido secretor em 23% e decréscimo do DNA mamário em torno de 32% quando

comparado ao grupo em restrição alimentar. O nível de alimentação não teve efeito em

novilhas pós-puberes (KNIGHT; PEAKER, 1982).

A concentração sérica de prolactina, insulina e glicocorticóides foram mais altas

nas novilhas alimentadas ad libitum tanto no período pré como no período pós-puberal.

Entretanto, o hormônio do crescimento teve aumento em novilhas pré-puberes com

restrição alimentar quando comparadas ao grupo ad libitum, mas não houve diferença no

Page 30: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

29

nível de GH no grupo de animais pós-puberes. O tecido mamário secretor tem uma

correlação positiva com os níveis de GH. O tecido secretor mamário possui uma

correlação negativa com o tecido mamário adiposo (KNIGHT; PEAKER, 1982).

O efeito da alta taxa de crescimento no desenvolvimento mamário em novilhas

pré-púbere afeta a lactação subseqüente. A restrição alimentar durante o período pré-

púbere também pode diminuir a lactação seguinte. Mas o efeito da superalimentação

durante o período pré-púbere pode ser permanente.

2.4 Produção e composição do leite ovino

O número de ovelhas ordenhadas no mundo atualmente é superior a 250 milhões

de cabeças, sendo que a cada cinco ovelhas existentes uma é ordenhada, parcial ou

totalmente, durante a fase de lactação (CAJA et al., 1993).

A produção de leite das ovelhas constitui-se um fator primordial nas primeiras

semanas de vida dos cordeiros, pois seu desenvolvimento depende em grande parte do

aleitamento. Nos últimos anos, têm ocorrido mudanças do sistema extensivo de criação

de ovinos para um sistema mais intensivo. Com esta mudança aumentou o interesse

em pesquisar a produção e a composição do leite de pequenos ruminantes

(FUENTE et al., 1997).

Muitos fatores que contribuem para as variações na produção e na qualidade do

leite de ovelhas têm sido descritos, tais como, o ambiente, a raça, idade da ovelha,

estágio da lactação, número de cordeiros, técnicas de ordenha, estado sanitário,

infecções de úbere, manejo do rebanho e nutrição durante a gestação e lactação

(PEETERS et al.,1992; BENCINI; PULINA,1997).

Ovelhas de primeira cria, produzem menos leite do que ovelhas mais velhas, e a

produção máxima é geralmente alcançada na terceira ou quarta lactação, sendo que

após, a tendência é ocorrer uma redução da produção de leite por lactação (BENCINI;

PULINA, 1997). Cardellino e Benson (2002) verificaram que ovelhas paridas no primeiro

ano de vida produziram 2,74 kg/dia enquanto ovelhas que pariram pela primeira vez ao

segundo ano de vida produziram 2,98 kg/dia, aumento este de 9%. No trabalho realizado

por Hassan (1995), raças nativas do Egito não diferiram significativamente na produção

de leite com relação à idade, mas nota-se uma tendência de ovelhas com 3 e 4 anos,

Page 31: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

30

apresentarem as maiores produções e uma maior persistência da lactação. Além da

idade da ovelha, a produção e a composição do leite podem estar relacionadas com o

estágio da lactação. Segundo Church (1984), o pico da lactação ocorre entre a segunda e

a quarta semana após o parto, entretanto, este resultado é variável entre os diferentes

trabalhos. Bencini e Pulina (1997) citaram que o pico de produção ocorre entre a terceira

e a quinta semana da lactação. Na pesquisa realizada por Boujenane e Lairini (1992), as

raças Sardi, D’man e seus cruzamentos, apresentaram o pico de produção na primeira

semana de lactação. Enquanto que Hassan (1995) demonstrou em seu trabalho, que o

pico de lactação para raças de alta produção leiteira, pode ocorrer mais tarde, em torno

da sétima semana após o parto. Depois do pico, o declínio da lactação pode ocorrer mais

ou menos rapidamente, em função do genótipo ou do potencial individual para a

produção de leite (BENCINI; PULINA, 1997). Para ovelhas que permanecem com os

filhos, o declínio na curva de lactação é explicado pela diminuição da intensidade de

sucção dos cordeiros, devido ao comportamento da mãe em restringir a amamentação.

Também, a maior ingestão de alimento sólido por parte dos cordeiros, diminui a

necessidade do consumo de leite (PEETERS et al., 1992).

Ovelhas de parto gemelar produzem mais leite do que ovelhas aleitando um único

cordeiro (CHURCH, 1984; GODFREY et al., 1997). Entretanto, na revisão realizada por

Godfrey et al. (1997), relata-se que o número de cordeiros nascidos por ovelha, pode não

afetar a produção de leite, se eles forem separados até 7 dias de idade, aleitados

artificialmente e a ovelha ordenhada manual ou mecanicamente. No caso de ovelhas

ordenhadas duas vezes por dia, a produção e a composição do leite proveniente da

ordenha da manhã, é diferente da ordenha da tarde. Fuente et al. (1997), obtiveram uma

maior produção de leite na ordenha da manhã, quando trabalharam com um intervalo

entre as ordenhas da manhã e da tarde de 10 horas. Inversamente à produção de leite,

os teores de gordura, proteína e células somáticas foram superiores no leite proveniente

da ordenha da tarde. Peeters et al. (1992) também obtiveram níveis maiores de gordura e

sólidos totais na ordenha da tarde e, Simos et al. (1996), embora não tenham obtido

diferença significativa entre a ordenha da manhã e a ordenha da tarde para a produção,

proteína e lactose, obtiveram níveis maiores e significativos de gordura no leite da

ordenha da tarde. Há uma correlação negativa entre a produção e a composição do leite.

Page 32: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

31

Portanto, quando as ovelhas produzem mais leite, a concentração de gordura e proteína

diminui. Esta relação é valida entre as raças de alta e baixa produção, bem como entre

animais de maior ou menor produção de leite em um rebanho e, dentro de um mesmo

animal, durante os diferentes estágios da lactação (BENCINI; PULINA, 1997). No

experimento realizado por Hassan (1995) à medida que a produção de leite diminuía ao

longo da lactação, os teores de gordura e sólidos totais aumentavam. Altas contagens de

células somáticas também podem alterar a composição do leite. As células somáticas

estão correlacionadas com a saúde do animal, indicando uma qualidade microbiológica

ruim quando em excesso. O número de células somáticas aumenta consideravelmente

em processos inflamatórios ou patológicos da glândula mamária e provoca uma redução

da gordura, caseína, sólidos totais e um aumento do nitrogênio total, nitrogênio não

protéico e proteínas, no leite (BENCINI; PULINA, 1997).

A habilidade materna, e conseqüentemente a produção de leite, é extremamente

importante para a atividade pecuária de produção de carne, já que almeja-se o rápido

crescimento das crias, de forma a diminuir a mortalidade na fase de aleitamento, permitir

um adequado desmame e possibilitar o abate precoce das crias.

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3 DESEMPENHO PRODUTIVO E IDADE A PUBERDADE DE BORREGAS SANTA

INÊS SUBMETIDAS A DIFERENTES TAXAS DE CRESCIMENTO NA RECRIA

Resumo

Os objetivos deste experimento foram avaliar os efeitos de diferentes taxas de crescimento durante a fase de recria sobre o crescimento e a idade a puberdade de borregas Santa Inês. Sessenta borregas Santa Inês com peso corporal (PC) de 19,5±0,5 kg foram alojadas em baias cobertas e distribuídas em delineamento de blocos completos casualizados definidos de acordo com o peso e idade ao inicio do experimento. As rações experimentais foram formuladas visando obter alta, moderada e baixa taxa de crescimento, constituindo os tratamentos ATC (alta taxa de crescimento), MTC (moderada taxa de crescimento) e BTC (baixa taxa de crescimento). As rações foram formuladas visando atender as exigências para essa categoria de acordo com o NRC (1985). As rações experimentais foram isonitrogenadas (14,1 % ± 0,25 de PB). Foram realizadas pesagens ao final de cada período e colheita de sangue semanal para determinação sérica de progesterona. Observou-se efeitos lineares (p<0,01) para o peso corporal e peso metabólico, sendo os maiores valores encontrados para os animais pertencentes ao tratamento ATC. Efeito linear (p<0,01) também foi observado para o ganho médio diário (GMD), sendo de 0,18; 0,16 e 0,14 kg/dia para os tratamentos ATC, MTC e BTC, respectivamente. Borregas pertencentes ao tratamento ATC apresentaram maior eficiência alimentar com consumo de matéria seca menor que os tratamentos MTC e BTC, embora não diferente (p>0,05) e GMD maior, culminando, portanto em efeito linear (p<0,01) verificado sobre a conversão alimentar, sendo os valores para o tratamento ATC de 6,1; MTC de 7,1 e BTC de 9,2 kg MS/ kg de ganho de peso. Do total de borregas, 40% entraram em puberdade até os 7 meses de idade, com idade média de 196 dias e peso corporal médio de 39,3 kg, ou seja, 79% do peso corporal adulto para a raça Santa Inês. Verificou-se diferença (p<0,01) quanto a porcentagem de animais em puberdade a essa idade apresentou efeito quadrático (p<0,02), sendo o tratamento MTC com o maior numero de borregas a puberdade antes dos 7 meses de idade (60%), seguida dos tratamentos ATC (45%) e BTC (15%), sendo portanto o fator nutricional relacionado a nível energético da dieta fundamental para o surgimento da puberdade. Palavras-chave: Puberdade; Crescimento; Progesterona; Nível energético

Abstract

The objective of this experiment was to evaluate the effects of three different growing rates during prepubertal period on the growth and the age the ewe lambs at puberty. Sixty Santa Ines ewe lambs with initial body weight (BW) of 19.5±0.5 kg allotted to indoor pens and a complete randomized block design acording body weight and age in initial period of the experiment. The experimental diets were formulated to achieve a high

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36

(HGR), moderate (MGR) and low growing rates (LGR). The experimental diets were formulated to provide similar concentration of crude protein (14.09±0.25%). Animals were weighed at the end of each period and blood samples were collected weekly for the determination of serum levels of progesterone. Linear effects (P<0.01) to body weight (BW) with values being 59.5, 61.4, and 58.0 to HGR, MGR and LGR, respectively. Linear effects (P<0.01) was also observed for average daily gain with values being 0.182, 0.156, and 0.136 kg/day, for HGR, MGR and LGR, respectively. The feed:gain ratio showed a linear effects (p<0.02) according to raw sugarcane bagasse inclusion in diet with values being 6.1, 7.1 (M) and 9.2 kgDM/kg BW for HGR, MGR and LGR, respectively. Linear effects (p<0.01) was observed for the percentage of animals of ewe lambs the reached puberty at 7 months of age, showing highest values for MGR (60%), followed by HGR (45%) and LGR (15%) treatment. The age the puberty presented in this study was on average of 196 days for Santa Ines ewe lambs with medium body weight of 39.36 kg, in other trials, 79% of the adult corporal weight for Santa Ines before the 7 months of age. The nutritional factor related to energy level of the fundamental diet for the appearance of the puberty.

Keywords: Puberty; Growth; Progesterone; Energetic level

3.1 Introdução

Os sistemas de produção de ovinos dependem do desempenho dos rebanhos de

recria. Nestes, de 10 a 20% das ovelhas são substituídas anualmente por borregas para

assegurar alta produtividade e eficiência do sistema. Segundo Bagley (1993) essas

reposições são necessárias para manter estável o tamanho do rebanho e permitir o

melhoramento ou alteração na sua base genética.

Dentre as raças deslanadas, a idade do primeiro estro é fortemente correlacionada

às flutuações nutricionais durante o período de crescimento e que podem retardar ou

antecipar o início da vida reprodutiva.

As borregas para estarem aptas a adentrar a estação de monta devem possuir de

65 a 75% do peso corporal de uma ovelha adulta, possuindo, portanto condições

fisiológicas de concepção. Dentro do sistema de produção a máxima eficiência é

alcançada quando essas borregas são acasaladas com idade entre 7 e 9 meses.

A idade a puberdade e a subseqüente produção de leite podem ser afetadas por

inúmeras causas, dentre elas a taxa de crescimento a qual são submetidas, visto que

essa categoria é classificada com não produtiva dento do sistema de produção, ou seja,

não gerando, portanto, renda. A tomada de decisão no que diz respeito a submeter ou

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37

não borregas a uma alta taxa de crescimento deve ser realizada de maneira criteriosa,

levando em conta principalmente os efeitos negativos sobre o desempenho produtivo e

longevidade destes animais dentro do rebanho.

Pesquisas têm demonstrado que altos níveis energéticos na dieta de ruminantes

pré-púberes podem limitar o desenvolvimento da glândula mamária (ANDERSON, 1975;

UMBERGER et al., 1985) e comprometer o longevidade da mesma.

Embora, há evidencias que a antecipação da vida produtiva, elevando e

acelerando o desempenho de borregas é viável, pelo fato gerarem receita de maneira

antecipada, passando de uma categoria na produtiva (borregas) para uma geradora de

receita (ovelha) com a produção de cordeiros em sistemas de corte, ou leite e derivados

em sistemas de exploração leiteira de ovinos.

Os objetivos deste presente estudo foram avaliar o desempenho e a idade a

puberdade de borregas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de crescimento dentro

de um sistema intensivo de produção.

3.2 Material e métodos

3.2.1 Localização

O experimento foi conduzido nas instalações do Setor de Produção Intensiva de

Ovinos e Caprinos do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura

"Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, localizada em Piracicaba (22° 42’ 30’’ S e

47° 38’ 01’’ W), estado de São Paulo, Brasil.

3.2.2 Animais e Instalações experimentais

Foram utilizadas 60 borregas Santa Inês com peso corporal (PC) médio inicial de

19,5 ± 0,5 kg; média ± DP e 86 ± 1 dias de idade; média ± DP). Os animais foram

confinados em baias cobertas (3,50 m x 1,75 m) com piso de concreto, cocho para

fornecimento de ração (0,95 m x 0,35 m) e bebedouro com bóia, dispostos dois animais

por baia. No início do período experimental todos os animais foram everminados com

aplicação via subcutânea de 1 ml de 1% moxidectina (Cydectin® Ingetável, Fort Dodge

Page 39: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

38

Saúde Animal, Campinas, Brasil), vacinados contra clostridioses com aplicação via

subcutânea de 3 ml de Sintoxan® Polivalente T (Merial Saúde Animal LTDA, Paulínia,

Brasil), também, vacinados contra salmonelose e pasteurelose com aplicação via

subcutânea de 2 ml (Laboratório Prado Cia, Curitiba, Brasil) e receberam aplicação de

0,5 ml via subcutânea de 20.000.000 UI vitamina A, 5.000.000 UI vitamina D3 e 6.000 mg

vitamina E (Valléevita ADE, Vallée S/A Produtos Veterinários, Montes Claros, Brasil).

3.2.3 Delineamento experimental e tratamentos

O período experimental teve duração de 140 dias, sendo divididos em seis períodos

de 28 dias. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental de blocos

completos casualizados (10 blocos) de acordo com peso e a idade dos animais no início

do experimento, sendo dois animais por baia (unidade experimental) e os tratamentos

foram definidos conforme a taxa de crescimento imposta, perfazendo, portanto os

tratamentos alta taxa crescimento (ATC), moderada taxa de crescimento (MTC) e baixa

taxa de crescimento (BTC). Todas as rações experimentais (tabela 1) foram

isonitrogenadas (14,08 ± 0,25% de PB; média ± DP), o tratamento ATC foi composto por

90% de concentrado e 10% de volumoso, o tratamento MTC 80% de concentrado e 20%

de volumoso e o tratamento BTC 70% de concentrado e 30% de volumoso com base na

matéria seca. O volumoso utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar in natura (BIN).

Page 40: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

39

Tabela 1 - Proporções dos ingredientes e composição química das rações experimentais (% MS)

1Tratamentos= ATC: alta taxa de crescimento; MTC= moderada taxa de crescimento e BTC= baixa taxa de crescimento

2 Composição=7,5% P; 13,4% Ca; 1% Mg; 7% S; 14,5% Na; 21,8% Cl; 500 ppm Fe; 300 ppm Cu; 4600 ppm Zn; 1100 ppm Mn; 55 ppm I; 40 ppm Co; 30 ppm Se. * Estimada pelo SRNS=Small Ruminant Nutrition System 1.8.7.

3.2.4 Manejo alimentar e coleta de dados

O milho, a polpa cítrica, a casca de soja peletizada foram moídos utilizando-se um

moedor (Nogueira® DPM – 4, Itapira, Brasil) desprovido de peneira, e misturados com os

demais ingredientes concentrados das rações (farelo de soja e mistura mineral),

utilizando-se um misturador horizontal (Lucato® , Limeira, Brasil) com capacidade para

500 kg, adicionou-se ainda aos ingredientes concentrados 25mg de monensina sódica

Ingredientes Tratamentos1

ATC MTC BTC

Bagaço de cana in natura 10,0 20,0 30,0

Milho moído 39,4 27,5 18,8

Farelo de soja 13,6 15,6 17,4

Casca de soja 18,3 18,2 18,2

Polpa cítrica 17,1 17,1 13,9

Mistura Mineral² 1,6 1,6 1,6

Composição Química

Matéria seca 91,75 91,54 90,91

Matéria mineral 6,10 5,24 6,20

Matéria orgânica 93,9 94,76 93,8

Proteína bruta 14,34 14,08 13,85

Fibra em detergente neutro 20,4 30,9 39,2

EL (Mcal/kg de MS)* 1,78 1,67 1,54

Page 41: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

40

por quilograma de ração (% da matéria natural). O bagaço de cana-de-açúcar in natura

(BIN) não foi submetido a nenhum processamento, pois se encontrava apto a utilização.

A cada dois dias o feno picado, o BIN e os concentrados foram pesados

individualmente em balança eletrônica com precisão de 10 g (Marte®, LC 100, São Paulo,

Brasil), homogeneizados de forma manual e ofertados ad libitum na forma de mistura

total.

Uma vez por semana as sobras das rações foram pesadas em balança com

precisão de 10 g (Marte®, LC 100, São Paulo, Brasil) para a determinação do CMS por

unidade experimental e devolvidas ao cocho juntamente com a nova oferta de ração. No

final de cada período experimental 10% das sobras por unidade experimental foram

amostradas e compostas por tratamento. As amostras das sobras e de cada partida de

ração ofertada foram conservadas a -18 ºC para posterior análise no Laboratório de

Bromatologia do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP. Os animais foram pesados

em balança mecânica (Marte®, LC 200, Londrina, Brasil) com precisão de 100 g, nos dias

0, 28, 56, 84, 112 e 140 do período experimental, após jejum de sólidos por 14 horas,

para determinação do ganho de peso médio diário (GMD).

Depois de descongeladas, as amostras foram secas em estufa a 60 ºC por 72 horas

de acordo com Silva e Queiroz (2002) e, posteriormente moídas em moinho tipo Wiley

provido de peneira com perfurações de 1 mm. As determinações de matéria seca (MS) e

cinzas (MM) foram realizadas de acordo com a AOAC (1990). O teor de proteína bruta

(PB) foi obtido pela combustão das amostras em equipamento auto-analisador de

nitrogênio, da marca LECO® (modelo FP-528), segundo Wiles et al. (1998).

A concentração de fibra em detergente neutro (FDN) foi determinada segundo Van

Soest et al. (1991) utilizando α-amilase termoestável e sulfito de sódio em um Ankom 200

analisador de fibra (Ankom Tech. Corp., Fairport, NY). A concentração de FDN foi

corrigida para cinzas.

3.2.5 Determinação da progesterona sérica

Para as determinações de progesterona sérica (P4), amostras de sangue das

borregas foram colhidas uma vez por semana, em tubos tipo Vacutainer® com gel

Page 42: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

41

separador inerte para soro e ativador de coágulo. As colheitas de sangue iniciaram-se

quando as borregas entraram no experimento (em média 86 dias de idade) e encerrou-se

20 semanas após (em torno de 7 meses de idade).

Após a colheita, os tubos foram centrifugados durante 12 minutos em centrífuga

Fanem® modelo Excelsa 280 R a 3000 rpm. Retiraram-se duas alíquotas de soro

sanguíneo de 1,5 mL cada, sendo armazenadas em tubos Eppendorf®. Em seguida,

todas as amostras de soro sanguíneo foram conservadas a -18 ºC. As dosagens de

progesterona foram realizadas por radioimunoensaio (RIE), em duplicatas, utilizando-se

kits comerciais (Diagnostic Products® Co., Los Angeles, CA - EUA) valendo-se do Iodo

125 e contador de cintilações gama (Beckman®, Mod. 5500). As dosagens de

progesterona foram realizadas no Laboratório de Dosagens Hormonais da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP). O coeficiente de variação intra-ensaios foi

de 4,49% e inter-ensaios foi de 3,07%. A sensibilidade foi de 95,7% para uma

concentração mínima de 0,01 ng/mL.

A atividade ovariana e o inicio da puberdade foi determinado quando a

concentração sérica de Progesterona das borregas atingiu valor maior ou igual a 1

ng/mL.

Segundo Minton et al. (1990) níveis de progesterona sérica inferiores a 1ng/mL por

período superior a dez dias, as fêmeas é indicativo de anestro.

3.2.6 Análise estatística

Todas as variáveis foram analisadas utilizando o procedimento MIXED do programa

estatístico SAS 9.1 (2002). A estrutura de covariância utilizada foi a Autoregressive.

Todas as médias foram calculadas utilizado o comando LSMENAS e as diferenças foram

consideradas significativas quando P < 0,05.

Foram realizados contrastes ortogonais linear e quadrático sobre as variáveis

analisadas e a interação entre tratamento e período.

Page 43: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

42

3.3 Resultados e discussão

3.3.2 Desempenho animal

Foram verificadas diferenças (p<0,01) no peso final e peso metabólico,

apresentando efeito linear para as variáveis de peso corporal (Tabela 2).

As borregas do tratamento alta taxa de crescimento (ATC) apresentaram maior

peso corporal ao final do período experimental (43,9 kg) sendo 5,36% e 8,43% maior que

os tratamentos MTC e BTC, respectivamente. Estes resultados são semelhantes aos

encontrados por McCann et al. (1989) que avaliaram os efeitos da taxa de crescimento

sobre a puberdade e observaram que dietas com maior densidade energético embora

diminuíram o consumo de MS, proporcionaram maior GMD.

Verificou-se efeito linear (p<0,01) para ganho médio diário (GMD) e consumo de MS

(CMS) em kg, em % Peso corporal (PC), em g/kg PC0,75 e sobre a conversão alimentar

(CA) com o aumento da taxa de crescimento. Além disso, observou-se efeito de

interação tratamento/semana (p<0,01) sobre o consumo alimentar.

O consumo de MS reduziu, conforme a densidade energética da dieta foi

aumentada (tabela 2), sendo provavelmente limitada por este fator e não por outros

efeitos como efeito de enchimento ou taxa de passagem. O consumo médio de MS

observado foi de 0,98 kg; 1,15 kg e 1,06 kg para as borregas submetidas aos tratamentos

ATC; MTC e BTC, respectivamente.

Segundo HUNTINGTON (1997) diminuição no CMS resultante de uma excessiva

fermentação ruminal pode significar maior eficiência de utilização do alimento, o que de

fato pode explicar o maior desempenho ocorrido pelo tratamento ATC que embora

apresentou um menor consumo de matéria e um maior GMD comparado aos tratamento

MTC e BTC.

Vários autores sugerem que o teor de FDN contido na dieta é o melhor preditor de

CMS para ruminantes (VAN SOEST, 1965; WALDO, 1986). No entanto a IMS pode estar

associada ao FDN conjuntamente correlacionada com o efeito de enchimento (repleção)

do reticúlo-rúmen (RR) e energia contida na dieta (MERTENS, 1994). Embora a ração

formulada para BTC apresentasse uma maior porcentagem de FDN, esta não foi uma

Page 44: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

43

limitação sobre o CMS, pois não houve diferença tanto no CMS como na digestibilidade

da MS, MO e FDN no trato digestório total entre os tratamentos ATC, MTC e BTC (tabela

11).

O ganho médio diário foi de 0,18; 0,16 e 0,14 kg/dia para os tratamentos ATC, MTC

e BTC, respectivamente. Sendo estes resultados superiores aos encontrados por Quintão

et al. (2009) de 0,13 kg/dia e Morais et al. (2007) 0,13 kg/dia e ao de Furusho-Garcia

(2001) com CMS de 0,14 kg todos estes trabalhos avaliaram o desempenho de borregas

Santa Inês.

O CMS relacionado com o peso metabólico também não foi afetado pelas rações e

apresentaram média de 78,2 g/kg PC0,75 para o tratamento ATC; 87,9 para MTC e de

82,0 para BTC, sendo estes resultados semelhantes aos encontrados por Quintão et al

(2009) e Morais et al (2007) que obtiveram valores de 87,6 e 85,1 respectivamente.

Embora discordando dos resultados de Johnssson et al. (1989) que também avaliaram

teores energéticos nas rações sobre o desempenho e idade a puberdade sendo o CMS

de 61g g/kg PC0,75 para borregas da raça Morada Nova compreendendo da 13 ª à 20ª

semana de vida. O menor consumo MS foi verificado no primeiro período para os três

tratamentos (ATC – 0,87 kg; MTC – 0,87 kg e BTC – 0,92 kg) sendo a provável causa a

adaptação à dieta experimental (figura 1).

Susin et al. (1995) avaliaram os efeitos da ração com alto teor de concentrado

sobre a puberdade de borregas e obtiveram resultados semelhantes para a raça Polypay

e Targhee com GMD de 172,3 g para dietas contendo 85% de concentrado com base na

MS. Estes resultados se assemelharam aos observados para os tratamentos ATC e MTC

contendo 90% e 80% de concentrado na ração, respectivamente.

Page 45: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

44 Tabela 2 - Consumo de matéria seca, ganho médio diário (GMD) e conversão alimentar (CA) de borregas Santa Inês

submetidas a diferentes taxas de crescimento

1GMD = ganho médio diário; MS = matéria seca; PC = peso corporal; g/kg PC0,75 = Peso metabólico; CA = conversão alimentar 2Tratamentos: ATC= alta taxa de crescimento na recria; MTC= moderada taxa de crescimento na recria e BTC= baixa taxa de crescimento na recria 3EPM = Erro padrão da média 4 T= Efeito de tratamento 5P= Valor de P para o teste de polinômios ortogonais linear (L) e Quadrático (Q); Trat *per – efeito de interação entre tratamento e período.

Variáveis1 Tratamentos2

EPM3 T4 Efeito, P5

ATC MTC BTC L Q Trat*per

Idade Inicial 87 86 85 1,49 - - -

Peso Corporal (kg)

Inicial 20,1 19,5 19,0 0,74 - - - -

Final 43,9 41,5 40,2 0,94 <0,01 <0,01 <0,01 0,35

Variação 23,8 21,9 21,2 0,33 <0,01 <0,01 <0,01 0,37

Peso metabólico 0,75 13,4 12,9 12,6 0,26 <0,01 <0,01 <0,01 0,40

GMD 0,18 0,16 0,14 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,87

Consumo de MS

kg/dia 0,98 1,15 1,06 0,01 0,35 0,32 0,30 0,30

% do PC 3,4 3,7 3,5 1,00 0,72 0,55 0,58 0,17

g/kg PC0,75 78,2 87,9 82,0 0,05 0,40 0,33 0,36 0,18

CA, kg MS/kg ganho 6,1 7,1 9,2 0,29 <0,01 <0,01 <0,01 0,11

Page 46: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

45

.

Figura 1 - Consumo de matéria seca de borregas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de crescimento durante o período experimental

O ganho de peso apresentado pelo tratamento ATC observado, foi provavelmente

ocasionado pelo maior aporte energético da dieta e conseqüentemente pelo consumo e

utilização da mesma, refletindo nestes resultados comparado aos demais tratamentos.

A conversão alimentar aumentou com a diminuição de bagaço de cana-de-açúcar in

natura nas rações, sendo que o tratamento ATC apresentou melhor CA, com média de

6,1 kg de consumo para ganho de 1kg de peso corporal, e os demais tratamentos

apresentaram médias de 7,1 e 9,2 kg para os tratamentos MTC e BTC respectivamente.

esta conversão apresentada pelo tratamento ATC está abaixo dos valores de 10,2 e 10,4

kg constatados por Quintão et al. (2009) e de acordo com os observados por Susin et al.

(1995) e Morais et al. (2007) com valores de 6,5 kg e 6,2 kg MS/kg de ganho

respectivamente.

3.3.3 Idade, peso e nível sérico de progesterona à puberdade

Embora a proposta inicial era de que todos os animais aos 7 meses iriam

apresentar o inicio da atividade reprodutiva, ou seja iniciar a puberdade, isto não foi

verificado, pois não foram todas a borregas que iniciaram a atividade ovariana com essa

idade (Tabela 3).

Page 47: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

46

Considerando os animais que atingiram a puberdade até os 7 meses de idade o

peso corporal, idade e nível de progesterona sérico não verificou-se diferença (p>0,05)

entre os tratamentos, porém verificou-se efeito quadrático (P<0,02) sobre a variável

porcentagem de animais que apresentaram níveis de progesterona sérico sendo

considerados estes níveis significativos acima de 1ng/dL entre os tratamentos.

Entre as borregas que atingiram a puberdade até os 7 meses a idade foi de 200;

188 e 200 dias para os tratamentos ATC, MTC e BTC, respectivamente. Estes resultados

são semelhantes aos encontrados por McCann et al. (1989) que obtiveram idade a

puberdade de 199 dias em animais submetidos a diferentes taxas de crescimento e Susin

et al. (1995) com borregas da raça Polypay que apresentaram o inicio da puberdade aos

203 dias de idade. Entretanto, no presente experimento apenas 40% das borregas

entraram em puberdade aos 7 meses, mesmo tendo atingido o peso adequado para

entrarem em reprodução (acima dos 75% do peso adulto), demonstrando provavelmente

que a raça Santa Inês é mais tardia do que as raças lanadas. Assim sendo, Traldi (1990);

Nunes et al. (1997) ao avaliarem as fêmeas da raça Santa Inês quando submetidas a um

manejo correto, nutrição adequada e controle sanitário apropriado, concluíram que as

borregas podem estar aptas para a reprodução a partir dos 245 a 305 dias de idade com

30 a 35 kg de peso corporal.

Silva et al. (1988) avaliaram a idade a puberdade de borregas Santa Inês em

sistemas de criação intensivo e extensivo e ainda a origem das borregas, sendo

avaliadas se estas nasceram de parto simples ou múltiplo, em média os resultados

encontrados foram de 278 dias de idade, onde as borregas confinadas apresentaram

puberdade aos 265 dias de idade enquanto que borregas criadas à pasto demonstram

inicio da puberdade aos 337 dias de idade. Quanto ao tipo de parto, os autores

constataram que borregas nascidas de parto simples iniciaram a vida reprodutiva de

maneira precoce aos 290 dias de idade, quando comparadas a borregas oriundas de

partos com múltiplos que atingiram a idade a puberdade aos 313 dias de idades.

Devido à maior taxa de crescimento no tratamento ATC as borregas apresentaram o

maior peso corporal aos 7 meses de idade. A proposta inicial era de que todos os animais

atingissem a puberdade com 75% de peso adulto (50 kg), sendo as porcentagens de PC

encontradas de 85,5; 73,2 e 77,4% do peso adulto para fêmeas Santa Inês para os

Page 48: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

47

tratamentos ATC, MTC e BTC, respectivamente. Embora o tratamento MTC apresentou

uma porcentagem menor do que o proposto, a porcentagem do PC fator não foi influente

sobre o inicio da atividade ovariana, uma vez que apenas 40% das borregas atingiram a

puberdade aos 7 meses.

Segundo Dýrmundsson (1981) a porcentagem do peso adulto a puberdade não é

constante e pode variar de 50 a 70% podendo ser influenciado pelo manejo nutricional

(nível protéico e energético), raça, época ao nascimento e fatores ambientais. Portanto

em ovinos a utilização somente do peso corporal como ferramenta para determinação de

puberdade não deve ser utilizada com cautela, pois todos os animais neste estudo

apresentaram porcentagens acima de 70% do peso corporal de animais adultos,

constando na literatura que possibilitaria o aparecimento da puberdade, embora não

sendo confirmado na sua totalidade.

Tabela 3 – Porcentagem de animais, teor sérico de progesterona, idade e peso corporal de borregas Santa Inês que atingiram a puberdade até os 7 meses de idade submetidas a diferentes taxas de crescimento

1 P4, ng/dL = Teor plasmático de progesterona sérica 2Tratamentos: ATC= alta taxa de crescimento na recria; MTC= moderada taxa de crescimento na recria e BTC= baixa taxa de crescimento na recria 3EPM= Erro padrão da média 4 T = efeito de tratamento 5P=Valor de P para o teste de polinômios ortogonais linear (L) e Quadrático (Q);

A porcentagem de animais por tratamento que atingiram a puberdade foi diferente e

apresentou efeito quadrático (p<0,02). Sendo que o tratamento MTC apresentou uma

porcentagem de 60% animais com manifestação de inicio da atividade ovariana (P4>

1ng/dL), seguido dos tratamentos ATC (45%) e BTC (15%). Indicando, portanto que a

densidade energética da ração influenciou o inicio da puberdade e o desempenho de

Variáveis1

Tratamentos2

EPM3 T4 Efeito,P5

ATC MTC BTC L Q % de animais que atingiram a puberdade 45 60 15 0,06 0,01 0,06 0,02

P4, ng/dL 2,87 2,16 2,49 0,31 0,56 0,73 0,44

Idade, dias 200 188 200 5,68 0,61 0,98 0,36

Peso corporal, Kg 42,75 36,62 38,71 1,56 0,13 0,40 0,18

Page 49: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

48

borregas, realçando, portanto a importância de um manejo nutricional correto na fase pré-

púbere.

O teor sérico de progesterona observados nas borregas estão de acordo com os

encontrados por Coelho et al. (2000) para raça Santa Inês, onde estes autores avaliaram

a concentração sérica de progesterona durante o ciclo estral de borregas, onde os

valores variaram de 2,16 ng/dL no proestro a 4,5 ng/dL no metaestro.

Da mesma forma Sutama; Edey e Fletcher (1988) ao trabalharem com borregas

Javanese Thin-Tail verificaram que o teor sérico de progesterona no proestro foi de 2,7

ng/dL..

3.4 Conclusões

O maior aporte energético para o tratamento ATC proporcionou maior ganho de

peso e melhor conversão alimentar quando comparado aos demais tratamentos MTC e

BTC.

Embora não apresentem efeitos de estacionalidade reprodutiva, verificou-se que o

inicio da puberdade para esta raça pode ultrapassar os 7 meses de idade (210 dias).

Mesmo as borregas atingindo o peso ideal para entrarem em reprodução, este

não foi o suficiente para desencadear na sua totalidade o aparecimento da puberdade

aos 7 meses de idade .

A limitação energética na ração das borregas submetidas a baixa taxa de

crescimento foi um fator de atraso para o aparecimento da puberdade aos 7 meses de

idade.

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4 PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE E DESEMPENHO DAS CRIAS DE OVELHAS SANTA INÊS SUBMETIDAS A DIFERENTES TAXAS DE CRESCIMENTO NA RECRIA

Resumo

A produção e composição do leite ovino é influenciada por vários fatores, sendo o fator nutricional o mais relevante. Os objetivos deste experimento foram de avaliar os efeitos sobre a produção e composição do leite e o desempenho das crias de ovelhas da ração Santa Inês submetidas a diferentes taxas de crescimento na fase de recria. Vinte e uma ovelhas primíparas Santa Inês com peso corporal (PC) médio inicial de 51,5±1,5 kg foram individualmente alojadas em baias cobertas e distribuídas em delineamento de blocos completos casualizados definidos pelo tratamento da fase de recria e peso ao parto. A ração foi formulada de acordo com as exigências do NRC (1985) com o intuito de avaliar o efeito da submissão de animais na fase de recria a diferentes taxas de crescimento. A ração experimental continha 13,4% PB; 52,4% de FDN e 56,6% de MS, sendo a relação volumoso:concentrado de 75:25. Os tratamentos foram estipulados na fase de recria de acordo com a taxa de crescimento a que a ovelha fora submetida, sendo, portanto, definidos como alta taxa de crescimento (ATC), moderada taxa de crescimento (MTC) e baixa taxa de crescimento (BTC). As ovelhas foram ordenhadas com auxilio de ordenhadeira mecânica, tipo “balde ao pé” uma vez por semana, da segunda até a oitava semana de lactação (data do desmame). A produção diária de leite foi estimada pelo cálculo do total de gramas de leite obtidos durante o intervalo de 3h, sendo colhidas amostras para a determinação da composição do leite por absorção infravermelha. Efeito quadrático (P < 0,01) e linear (P< 0,03) foi observado na produção de leite em 3h (137,9; 150,1 e 104,4 g) e efeito quadrático para LCG (167,2; 178,9 e 129,4) e para LCGP (216,5; 140,5 e 162,7) nos tratamentos ATC, MTC E BTC, respectivamente. Não foi observado efeito (P>0,05) sobre o consumo de MS. Os teores de gordura (9,7; 8,9 e 8,3%) e de proteína (4,2; 4,2 e 4,5%) foram diferentes e apresentaram efeitos lineares (P = 0,01) e (P < 0,01), respectivamente, enquanto que os teores de sólidos totais (19,0; 19,1 e 19,8%) e lactose (5,1; 4,8 e 4,6%) foram similares (P > 0,05) para ATC, MTC e BTC, respectivamente. Não observou-se efeito de semana (P > 0,05) Sobre as variáveis de produção de leite, consumo de matéria seca (CMS) e em todos os constituintes do leite (%). O ganho médio diário (GMD) das crias no pré-desmame e o GMD das crias no pós-desmame não apresentaram efeitos (P> 0,05). O PC das crias ao final do experimento (duas semanas após a desmama) foi similar (P > 0,05) entre os tratamentos. As ovelhas submetidas a MTC na fase de recria apresentaram um aumento na produção de leite e LCG. As ovelhas do grupo ATC proporcionaram os maiores teores para proteína e gordura. O desempenho das crias não foi alterado pelo efeito do tratamento imposto na fase de recria. Palavras-chave: Primíparas; Taxa de crescimento; Produção de leite; Creep-feeding;

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52

4 MILK PRODUCTION AND COMPOSITION AND OFFSPRING PERFORMANCE OF SANTA INÊS EWES SUBMITTED TO DIFFERENT GROWTH RATE FROM TWO TO SEVEN MONTHS OF AGE Abstract Milk production and composition are influenced by many factors and nutrition is a very important one. The objectives of this trial were to determine the effects of three different growth rates, from weaning until seven months of age, on milk production and composition and offspring performance of Santa Inês ewes. Twenty one primiparous Santa Inês ewes, weighing 51.5 ± 1.5 kg, were individually penned and allotted to a complete block design according to the nutrition plan the ewe lamb was fed from weaning to seven months of age. To achieve the target growth rate, ewe lambs were fed diets with different amount of roughage (10, 20 or 30% of sugarcane bagasse). These diets allowed different growth rates and defined the experimental treatments: High growth rate (HGR), Moderate growth rate (MGR) and Low growth rate. After lambing all ewes were fed the same diet. The experimental diet contained 13.4% CP, 52.4 % NDF and 56.6% DM with a forage : concentrate ratio of 75:25. The ewes were milked once a week, mechanically, from the second to eighth week of lactation (weaning time). Milk production was estimated considering the milk produced in a 3 hours interval and a sample was saved to determine milk composition by infrared absorption. There was no effect (P>0.05) on DMI among treatments. A quadratic (P< 0.01) effect (P<0.01) was observed for milk production (137.9, 150.1 and 104.4 g/3h), fat corrected milk (167.2, 178.9 and 129.4 g/3h) and fat and protein corrected milk (216.5, 140.5 and 162.7 g/3h) for the experimental diets HGR, MGR and LGR, respectively. Linear effects were observed on milk fat (9.8, 8.9 and 8.4%) and milk protein (4.24, 4.23 and 4.56%) content for treatments HGR, MGR and LGR, respectively. There was no effect (P>0.05) of treatments on total solids (19.1, 19.9 and 19.8%) and lactose (5.1, 4.8 and 4.6%). Week effect was not observed (P>0.05) for milk production, dry matter intake and milk composition. There was no effect on offspring average daily gain. Ewes submitted to moderated growth rate showed an increased milk production and fat corrected milk.

Keywords: Primiparous ewes; Growth rate; Milk Yield; Creep-feeding

4.1 Introdução

Existem no mundo mais de 100 milhões de ovelhas que são ordenhadas com uma

produção estimada em 8,72 milhões de litros de leite por ano (FAO, 2006).

A produção e a qualidade de leite de ovelhas são influenciadas por vários fatores

que corroboram para a ocorrência de variações, e estes fatores têm sido descritos, tais

como o ambiente, a raça, idade da ovelha, estágio da lactação, número de cordeiros,

técnicas de ordenha, estado sanitário, infecções de úbere, manejo do rebanho e nível

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53

nutricional durante a gestação e lactação (PEETERS et al., 1992; BENCINI;

PULINA,1997; MAVROGENIS, 1982; HOSSAMO et al., 1985). A submissão de animais

pertencentes à categoria de recria à taxas de crescimento acelerada vem sendo

amplamente estudada ao longo dos anos, mas há controvérsias no que diz respeito a

acelerar ou não o desenvolvimento, pois ganhos acima de 0,25% do peso corporal pode

comprometer o desenvolvimento da glândula mamária e consecutivamente acarretando

em menor produção de leite durante a lactação e uma menor longevidade dentro do

sistema de produção, assim como retardar essas taxas de crescimento podem

proporcionar animais com idade avançada ao inicio da puberdade e da vida

produtiva.Pesquisas têm demonstrado que altos níveis energéticos na dieta de

ruminantes pré-púberes podem limitar o desenvolvimento da glândula mamária

(ANDERSON, 1975; UMBERGER et al. 1985).

A possibilidade de obtenção de altas taxas de crescimento no período pré-púbere

pode reduzir a subseqüente produção de leite acarretando sérias implicações para a

longevidade da ovelha e para o sistema de produção devido à idade inadequada ao inicio

da vida reprodutiva, peso insatisfatório e ainda a ocorrência de um desenvolvimento da

glândula mamaria comprometido devidos aos efeitos nutricionais e hormonais.

Por outro lado existem pesquisas que confrontam e contrastam essas implicações,

pois um possível crescimento acelerado diminuiria a idade ao primeiro parto, aumentaria

a disposição de animais para a reposição e ainda acarretando em melhoras econômicas

no sistema de produção, passando essa categoria de uma fase improdutiva (recria) para

outra onde há geração de receita (produção de cordeiro, leite e derivados).

Os efeitos do plano nutricional sobre a mamogênese é similar em bovinos e ovinos

(HOHENBOKEN et al.,1995). Estes mesmo autores não encontraram efeitos sobre a

produção de leite em ovelhas e vacas de corte submetidas à altas taxas de crescimento

na pré-puberdade.

Em outros estudos dietas com restrição de ganhos para borregas acarretaram na

ocorrência de um menor desenvolvimento da glândula mamaria (UMBERGER et al.,

1985).

A produção de leite das ovelhas constitui-se um fator primordial nas primeiras

semanas de vida dos cordeiros, pois seu desenvolvimento depende em grande parte do

Page 55: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

54

aleitamento. Devidos aos baixos índices de produtividade do rebanho ovino brasileiro,

pesquisas têm sido realizadas no sentido de melhoras estes índices, principalmente no

que se refere a produção e composição do leite (FUENTE et al., 1997).

Desde o nascimento até a fase de desmama o crescimento e desenvolvimento dos

cordeiros são dependentes da produção leiteira da ovelha (WARDROP, 1968). O leite

deve ser produzido em quantidades suficientes e possuir qualidade, para acelerar a taxa

de crescimento do cordeiro e diminuir os custos com essa categoria, visto que haverá um

menor consumo de ração inicial e a presença no sistema de produção de animais

precoces. A produção de leite ovino influencia, portanto, de maneira direta o retorno

econômico no sistema de produção.

Elevar a produção de leite da mãe significa acelerar o ganho de peso na fase pré-

desmame (LEWIS et al., 1990). Para cordeiros na fase pré-desmame, a suplementação

com alimentos sólidos além do leite, é importante para estimular o desenvolvimento do

rúmen e também para suprir as exigências nutricionais, principalmente dos cordeiros com

baixo consumo de leite (SANTRA; KARIM, 1999).

Os objetivos deste presente estudo foram avaliar a produção e composição de leite

de ovelhas da raça Santa Inês submetidas a três diferentes taxas de crescimento na

recria e o desempenho dos cordeiros dessas ovelhas em lactação.

4.2 Material e métodos

4.2.1 Localização

O experimento foi conduzido no mês de julho de 2007 nas instalações do Setor de

Produção Intensiva de Ovinos e Caprinos do Departamento de Zootecnia da Escola

Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, localizada em

Piracicaba (22° 42’ 30’’ S e 47° 38’ 01’’ W), estado de São Paulo, Brasil.

4.2.2 Manejo pré-experimental

As ovelhas utilizadas neste experimento foram submetidas a diferentes taxas de

crescimento na fase de recria ( 86 a 210 dias de idade) para determinação da idade a

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55

puberdade. Após este período as ovelhas foram alocados em baias coletivas, recebendo

a mesma oferta de alimento e condicionados ao mesmo manejo. Estes animais

adentraram a estação de monta (em torno de 45Kg de PC) onde permaneceram por um

período total de 45 dias com machos das raças Santa Inês, Ille de France, Sufolk, Dorper

e Texel, totalizando 12 fêmeas para cada exemplar da raça. Após a estação de monta as

borregas receberam a ração segundo a exigência do NRC (1985) para ovelhas em

gestação e uma semana após o parto as ovelhas entraram na fase experimental.

4.2.3 Animais e Instalações experimentais

Foram utilizadas 21 ovelhas da raça Santa Inês, com peso Corporal (PC) médio

inicial de 51,5 kg com suas respectivas crias. Todas as ovelhas eram primíparas. Cada

ovelha com sua respectiva cria foram alojadas individualmente em baias cobertas (1,3 m

x 3,5 m) providas de piso de concreto, cocho para ração total, saleiro e bebedouro. Todas

as matrizes foram everminadas no dia do parto com 5 mL de cloridrato de levamisol 5%

(Fort Dodge Saúde Animal) e 1 mL de moxidectina 1% (Fort Dodge Saúde Animal).

4.2.4 Período experimental e tratamentos

O período experimental compreendeu da segunda à oitava semana de lactação,

época onde ocorreu o desmame dos cordeiros. Entre a primeira e segunda semana de

lactação todos os animais foram adaptados as rações experimentais.

Foram utilizados três tratamentos e sete repetições, os tratamentos foram definidos

de acordo com a taxa de crescimento a qual estes animais foram submetidos na fase de

recria.

As ovelhas foram submetidas a uma ração experimental única, com o intuito de

avaliar o efeito de diferentes taxas de crescimento na fase de recria. As ovelhas foram

mantidos nos mesmos tratamentos da fase de recria, sendo, portanto os tratamentos

definidos de acordo com a taxa de crescimento imposta na pré-puberdade, perfazendo os

tratamentos alta taxa de crescimento (ATC), moderada taxa de crescimento (MTC) e

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56

baixa taxa de crescimento (BTC). A ração experimental (tabela 4) foi balanceada de

acordo com as exigências do NRC (1985).

Tabela 4 - Proporções dos ingredientes e composição química da ração experimental (% MS)

Ingredientes Ração total

Silagem de sorgo 75,6 Milho 5,3 Farelo de soja 6,6 Casca de soja 5,0 Polpa cítrica 6,6 Mistura mineral1 0,4 Calcário 0,2 Uréia 0,3 Composição química2 MS 56,6 MM 5,2 PB 13,4 FDN 52,3

1 Composição=7,5% P; 13,4% Ca; 1% Mg; 7% S; 14,5% Na; 21,8% Cl; 500 ppm Fe; 300 ppm Cu; 4600 ppm Zn; 1100 ppm Mn; 55 ppm I; 40 ppm Co; 30 ppm Se. 2 MS =Matéria seca em; MM=matéria mineral; PB =proteína bruta; FDN =Fibra em detergente neutro.

O concentrado inicial oferecido às crias no “creep-feeding” continha 70% de milho;

23,8% de farelo de soja; 1,5% de calcário; 1% de mistura mineral e 3,7% de melaço de

cana, todos em base da matéria seca (tabela 5). Além disso, possuía 93,75% de MS;

4,71% e cinzas e 17,2% PB. Adicionou-se ao concentrado 25mg de monensina sódica

(Elanco Saúde Animal LTDA) por kg de matéria original.

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57

Tabela 5 - Proporções dos ingredientes e composição química da ração inicial (%MS)

1 Composição=7,5% P; 13,4% Ca; 1% Mg; 7% S; 14,5% Na; 21,8% Cl; 500 ppm Fe; 300 ppm Cu; 4600 ppm Zn; 1100 ppm Mn; 55 ppm I; 40 ppm Co; 30 ppm Se. 2 %MS=Matéria seca; MM=matéria mineral; PB=proteína bruta

4.2.5 Manejo alimentar e colheita de dados

A ração das ovelhas contendo milho, a polpa cítrica, a casca de soja peletizadas

foram moídos utilizando-se moedor (Nogueira® DPM – 4, Itapira, Brasil) desprovido de

peneira, e misturados com os demais ingredientes concentrados das rações (farelo de

soja, calcário e mistura mineral), utilizando-se um misturador horizontal (Lucato® Limeira,

Brasil) com capacidade para 500 kg, adicionou-se ainda aos ingredientes concentrados

25mg de monensina sódica por quilograma de ração (% da matéria natural). A Silagem

de sorgo foi retirada diariamente do silo localizado próximo a unidade experimental.

Diariamente a silagem de sorgo e o concentrado foram pesados individualmente em

balança eletrônica com precisão de 5 g (Marte®, LC 100, São Paulo, Brasil),

homogeneizados manualmente e ofertados ad libitum na forma de ração total misturada

(RTM), sendo a oferta da ração ajustada de acordo com o consumo obtido durante o dia

anterior, não sendo permitidas sobras acima de 10% da quantidade ofertada.

As sobras foram pesadas diariamente, sempre às 8h. Durante o período

experimental, amostras do oferecido de cada tratamento e das sobras de cada animal

Ingredientes Ração inicial

Milho 70,00

Farelo de soja 23,80

Calcário 1,50

Mistura mineral 1,00

Melaço de cana 3,70

Composição química MS 93,75

MM 4,71

PB 17,2

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58

foram colhidas semanalmente, compostas por animal e pelas semanas de lactação e

armazenadas a -18ºC, para posterior determinação do consumo de matéria seca.

Amostras do ofertado e das sobras dos animais foram analisadas no Laboratório de

Bromatologia do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP. Depois de descongeladas,

as amostras foram secas em estufa a 60 ºC por 72 horas de acordo com Silva e Queiroz

(2002) e, posteriormente moídas em moinho tipo Wiley provido de peneira com

perfurações de 1 mm. As determinações de matéria seca (MS) e cinzas (MM) foram

realizadas de acordo com a AOAC (1990). O teor de proteína bruta (PB) foi obtido pela

combustão das amostras em equipamento auto-analisador de nitrogênio, da marca

LECO® (modelo FP-528), segundo Wiles et al. (1998).

Os teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) foram obtidos pelo método

seqüencial proposto pela ANKOM® Fiber Analyser (ANKOM Technology Corporation,

Fairport, NY) e descrito por Holden (1999). A matéria orgânica (MO) das amostras foi

calculada pela diferença entre a MS e a MM.

Todas as ovelhas foram pesadas, por três dias consecutivos e sem jejum alimentar,

no início do experimento e no momento da desmama (final da oitava semana pós-parto)

para posterior avaliação da variação do peso corporal. Na desmama dos cordeiros,

também foi realizada a avaliação visual do escore de condição corporal (ECC) das

ovelhas. Os valores de ECC foram determinados entre 1 (muito magra) e 5 (muito gorda),

com valores de ECC a cada 0,25 pontos, segundo metodologia de Russel et al. (1969).

4.2.6 Controle leiteiro

Uma vez por semana as ovelhas foram separadas de suas crias e ordenhadas com

auxilio de ordenhadeira mecânica após a aplicação intravenosa (i.v.) de seis unidades

internacionais (UI) de ocitocina sintética injetável Univet®. O leite obtido nesta ordenha

foi descartado. Após três horas as ovelhas receberam nova aplicação de ocitocina e, em

seguida foram ordenhadas pela segunda vez. O total de leite produzido por ovelha,

nesse intervalo, foi pesado, registrado e amostrado. A produção diária foi estimada pelo

cálculo do total de gramas obtido durante o intervalo de três horas multiplicado por oito

(SUSIN; LOERCH; MCCLURE, 1995).

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59

Uma amostra de leite (cerca de 15 mL) por animal foi colhida semanalmente e

conservada em bronopol Broad Spectrum Microtabs® II (D&F Control Systems®,

Inc., Califórnia – EUA) para posterior quantificação de proteína, gordura, lactose,

sólidos totais e contagem de células somáticas (CCS) no Laboratório de Análise de

Leite da Clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da ESALQ – USP. As

concentrações de gordura, proteína, lactose e sólidos totais foram determinados por

absorção infravermelha, utilizando-se o equipamento Bentley 2000® (BENTLEY

INSTRUMENTS, 1995). Foram realizados os cálculos de produção de leite corrigida para

gordura (6,5%) e produção de leite corrigida para gordura (6,5%) e proteína (5,8%), de

acordo com Pulina e Nudda (2002). As equações utilizadas foram:

LCG (6,5%) = Produção x (0,37 + 0,097 x gordura) (1)

LCGP (6,5 e 5,8%) = Produção x (0,25 + 0,085 x gordura + 0,035 x proteína) (2)

Sendo:

LCG = Leite corrigido para gordura (1020 kcal/kg).

LCGP = Leite corrigido para gordura e proteína (1047 kcal/kg).

Produção de leite em kg.

Teor de gordura e proteína em %.

Conjuntamente com o experimento de produção e composição de leite avaliou-se o

desempenho das crias, visando verificar o efeito da submissão das borregas a taxas de

crescimentos diferentes na recria, sobre o ganho médio diário (GMD) e consumo de

concentrado inicial (CCI) das suas respectivas crias. Em cada baia, um alimentador

privativo metálico medindo 1,0 m x 0,80 m permitia que somente as crias tivessem

acesso ao concentrado inicial. O concentrado inicial foi fornecido a partir dos 14 dias de

idade, sempre que necessário e em quantidade regulada de acordo com a ingestão

observada, permitindo-se consumo ad libitum. As sobras foram pesadas semanalmente e

descartadas.

Page 61: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

60

O PC das crias, sem jejum alimentar, e o CCI foram acompanhados semanalmente,

até as crias completarem oito semanas de vida. Na oitava semana pós-parto (57 dias) os

animais foram desmamados, sendo que o Peso corporal (PC) das crias e o CCI foram

acompanhados por mais duas semanas. Dessa forma, visou-se acompanhar o GMD e o

CCI das crias, tanto antes como após a desmama.

4.2.7 Análise estatística

Todas as variáveis foram analisadas utilizando o procedimento MIXED do programa

estatístico SAS 9.1 (2002). A estrutura de covariância utilizada foi a Autoregressive.

Todas as médias foram calculadas utilizado o comando LSMENAS e as diferenças foram

declaradas significativas quando P < 0,05.

Foram realizados contrastes ortogonais linear e quadrático e verificado o efeito de

semana e a interação entre semana e tratamento.

4.3 Resultados e discussão

4.3.1 Peso corporal, escore de condição corporal, consumo de matéria seca e

produção de leite

Não verificou-se diferença (p>0,05) para o peso final e sobre o escore de condição

corporal (Tabela 6).

Estes dados estão de acordo com Susin et al. (1995) que ressaltaram que para que

o sucesso de sistemas de produção intensiva de cordeiros depende de muitos fatores,

salientando entre eles, a manutenção ou incremento do estado corporal das ovelhas

durante a lactação, pois afeta diretamente o período de anestro pós-parto.

Não constatou-se em nenhuma das variáveis relacionados ao CMS diferenças

(p>0,05). O consumo médio em porcentagem do peso corporal foi de 3,34; 3,37 e 3,40

para as ovelhas submetidas aos tratamentos ATC, MTC e BTC, respectivamente. O

ganho médio diário dos animais também não foi afetado. Camargo (2007) trabalhou com

ovelhas Santa Inês em lactação e observou valores semelhantes, com um consumo

médio em porcentagem do peso corporal de 3,2% sendo a fonte de volumoso utilizada a

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61

cana-de-açúcar. Da mesma forma Hubner et al. (2007) avaliaram o CMS de uma ração

contendo 52% FDN e encontraram valores de 1,75 (kg/dia) valor este semelhante aos

observados para os tratamentos ATC (1,79), MTC (1,89) e BTC (1,83). Para todas as

variáveis de PC e CMS não foi verificado efeito de semana e interação semana e

tratamento, mostrando um comportamento constante dessas variáveis.

Verificou-se efeito linear (p<0,03) e quadrático na produção de leite (g/3horas) e

quadrático (p<0,01), onde a maior média de produção foi verificada para o tratamento

MTC com uma produção em 3 horas de 150,1 gramas (1,2 kg/dia). A correção da

produção de leite para gordura (6,5%) foi alterada de forma quadrática (p<0,05). Embora

o tratamento MTC tenha apresentado um menor teor de gordura no leite em relação ao

tratamento ATC, este apresentou a maior produção de leite corrigido para gordura (LCG)

de 178,9 g/3horas (1,4 kg/dia) enquanto que o tratamento ATC apresentou a produção de

LCG de 167,2 g.

Não foi observado efeito de semana e interação semana tratamento sobre a

produção de leite, leite corrigido para gordura e proteína, sendo possivelmente justificado

pelo aumento de proteína e gordura no leite ao longo das semanas. Mesmo com a

diminuição da produção de leite, houve uma compensação da qualidade do leite pelo

aumento dos teores dos constituintes proteína e gordura.

McCann et al. (1989), trabalharam com animais pré-púberes submetidos a três

diferentes taxas de crescimento e avaliaram a produção e composição do leite, sendo os

animais constituídos geneticamente de cruzamentos da raça Dorset e da raça Suffolk. Os

animais submetidos a acelerada taxa de crescimento apresentaram menor produção de

leite de 188,25 g/3 horas, sendo a taxa intermediaria de crescimento a produção de

235,50 e baixa taxa de crescimento de 264,75 g/3 horas.

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62 Tabela 6 - Peso corporal, consumo de matéria seca e produção de leite de ovelhas Santa Inês submetidas à

diferentes taxas de crescimento na fase de recria

1 MS=matéria seca ; ECC= escore de condição corporal; PC=peso corporal 2 Tratamentos: ATC= alta taxa de crescimento na recria; MTC=moderada taxa de crescimento na recria e BTC= baixa taxa de crescimento na recria 3EPM=Erro padrão da média 4 T=efeito de tratamento 5 P=Valor de P para o teste de polinômios ortogonais linear (L) e Quadrático (Q); Sem – Efeito de semana; Trat *Sem – efeito de interação entre tratamento e semana 6 Leite corrigido para gordura (6,5%) conforme Pulina e Nudda (2002) 7 Leite corrigido para gordura (6,5%) e proteína (5,8%) conforme Pulina e Nudda (2002)

Variáveis Tratamentos2

EPM3 T4 Efeito5

ATC MTC BTC L Q Sem Trat*Sem Peso corporal (kg) Inicial 50,4 53,4 50,1 1,49 0,37 0,91 0,17 - - Final 59,5 61,4 58,0 1,56 0,60 0,66 0,37 - - Variação 9,0 8,0 7,8 1,58 0,91 0,71 0,88 - - ECC 3,1 3,4 3,4 0,09 0,52 0,95 0,16 - - Peso metabólico 20,1 20,7 19,9 0,34 0,51 0,30 0,66 - - GMD 0,21 0,17 0,19 0,04 0,33 0,73 0,28 0,95 0,42 Consumo de MS kg/dia 1,8 1,9 1,8 0,03 0,33 0,74 0,66 0,95 0,43 % do PC 3,3 3,37 3,4 0,06 0,90 0,54 0,17 0,93 0,50 g/kg0,75 90,2 92,2 92,2 1,54 0,81 0,64 0,99 0,93 0,44 Produção Leite 137,9 150,1 104,4 5,43 <0,01 0,03 0,01 0,74 0,31 LCG6 167,2 178,9 129,4 7,34 0,01 0,07 0,05 0,98 0,41 LCGP7 216,5 140,5 162,7 6,82 0,04 0,07 0,03 0,97 0,39

Page 64: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

63

Segundo os autores a aceleração da taxa de crescimento afeta a produção

subseqüente de leite, e ocorrem devido ao aumento na deposição de tecido conjuntivo na

glândula mamaria, culminando em uma menor produção, estes resultados não foram

observados neste presente estudo, pois os animais com taxa de crescimento

intermediaria (MTC) apresentaram melhores produções de leite em 3 horas e ainda no

leite corrigido para gordura, seguido dos tratamentos com alta taxa de crescimento (ATC)

e baixa taxa de crescimento (BTC).

Os resultados são semelhantes aos de Jonhson e Obst (1984) que avaliaram a

submissão de novilhas de corte a taxas alta, moderada e baixa de crescimento e

relataram que animais do tratamento moderado apresentaram maiores produções de leite

e gordura durante a primeira lactação.

4.3.2 Produção e composição dos constituintes do leite

Verificou-se efeito linear (p<0,01) para o teor de gordura no leite, sendo que o

tratamento ATC apresentou maior teor (9,77%) seguido pelos tratamentos MTC e BTC,

com os teores de 8,92 e 8,35%, respectivamente (tabela 7).

Estes valores estão de acordo com os dados encontrados na literatura para a raça

Santa Inês onde o valor médio médio obtido foi de 9,01%; sendo os valores revisados de

8,0 (SUSIN et al. , 2005) e 8,4 (MENDES et al., 2003).

McCann et al. (1989) também encontraram valores semelhantes onde o animais

submetidos a acelerada da taxa de crescimento apresentaram maior teor de gordura no

leite, embora os tratamentos intermediário e com baixa taxa de crescimento não foram

diferentes.

O teor de proteína no leite (4,35) aumentou linearmente com a inclusão de bagaço

de cana-de-açúcar (BIN) nas rações, embora para lactose (4,84%) houve um decréscimo

a medida que aumentou-se o teor de BIN. Tais valores estão de acordo com os

encontrados por Susin et al. (2005) que foi de 4,40% para proteína , 18,60% para sólidos

totais e 5,1% para lactose, assim como os de Mendes et al. (2003) com valores obtidoss

de 4,3%; 19,40% e 5,3 e Araújo et al. (2008) 4,48% para proteína; 18,45% para sólidos

totais e 5,07% para lactose.

Page 65: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

64

Verificou-se diferenças sobre a produção de gordura em 3 horas com efeito

quadrático, onde o tratamento ATC apresentou a maior produção (17,35 g). Assim como

para as variáveis Lactose (p<0,01) e sólidos totais (p<0,02) foram verificadas diferenças

com efeito quadrático para ambas, sendo os maiores valores encontrados para o

tratamento ATC (8,27 e 36,12 g/3 horas).

As produções de proteína, lactose e sólidos totais nas 3 horas foram semelhantes

aos encontrados por Camargo (2007) e Araújo et al. (2008) que também trabalharam com

ovelhas da raça Santa Inês.

Não foi verificado efeito de semana e interação entre tratamento e semana para as

variáveis referentes à produção em 3 horas.

Page 66: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

65 Tabela 7 - Composição do leite de ovelhas Santa Inês submetidas a diferentes taxas de crescimento na fase de recria

1Tratamentos: ATC=Submissão de borregas a alta taxa de crescimento na recria; MTC=Submissão de borregas a moderada taxa de crescimento na recria e BTC=Submissão de borregas a baixa taxa de crescimento na recria 2EPM=Erro padrão da média 3 T=efeito de tratamento 4 Efeito=Valor de P para o teste de polinômios ortogonais linear (L) e Quadrático (Q); Sem – Efeito de semana; Trat *Sem – efeito de interação entre tratamento e semana

Variáveis Tratamentos1

EPM2 T3 Efeito4

ATC MTC BTC L Q Sem Trat*Sem

Teor (%)

Gordura 9,77 8,92 8,35 0,15 0,01 <0,01 0,03 0,03 0,12

Proteína 4,24 4,23 4,56 0,03 <0,01 0,03 0,08 0,08 0,97

Lactose 5,09 4,78 4,64 0,05 0,08 0,03 0,03 0,03 0,40

Sólidos Totais 19,05 19,08 19,79 0,15 0,06 0,10 <0,01 <0,01 0,13

Extrato seco desengordurado 10,79 10,65 10,92 0,12 0,12 0,38 0,30 0,30 0,86

Produção (g/3h)

Gordura 17,35 10,74 12,22 0,56 0,03 0,04 0,95 0,43 0,95

Proteína 7,51 5,46 6,89 0,23 0,11 NS 0,68 0,29 0,68

Lactose 8,27 4,86 6,86 0,27 0,05 NS 0,47 0,55 0,47

Sólidos Totais 36,12 23,78 27,85 1,11 0,04 NS 0,92 0,41 0,92

Extrato seco desengordurado 18,76 13,04 15,57 0,58 0,07 NS 0,65 0,43 0,65

Page 67: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

66

4.3.3 Desempenho das crias

Não houve diferença em nenhuma variável analisada sobre o desempenho das

crias em função das diferentes taxas de crescimento na recria nas quais as ovelhas

foram submetidas na fase de recria (Tabela 8).

O Consumo médio de concentrado inicial na pré-desmama foi de 179,67 g/dia,

valores estes acima dos encontrados por Mendes et al. (2003) que foi de 127 g/dia e

abaixo dos encontrados por Araújo et al. (2008) que foi de 218,33 g/dia para cordeiros da

raça Santa Inês.

Este consumo pode ser explicado pela menor produção de leite obtida neste

presente estudo uma vez que utilizou-se somente animais de primeira lactação. Embora

tenha ocorrido um menor consumo na pré-desmame, verificou-se um aumento no

consumo pós-desmame (663,67 g/dia). Este consumo foi semelhante ao obtido por Neres

et al. (2001) os quais utilizaram animais cruzados.

De acordo com Neiva et al. (2004) a utilização do creep feeding justifica-se pelo fato

da curva de lactação de ovelhas, após o pico da lactação (3ª e 4ª semana de lactação),

reduzir progressivamente a produção de leite concomitante ao aumento das exigências

nutricionais das crias.

O GMD apresentado pelos cordeiros durante operiodo de aleitamento foi de 167,4;

175,7 e 167,1 g/dia para os tratamentos ATC, BTC e MTC, respectivamente verificou-se

peso médio a desmame de 14,5kg das crias, Fernandes et al, (2007) avaliando peso a

desmama de cordeiros Santa Inês (SI) e cruzamentos de SI x Suffolk aos 42 dias

atingiram peso de 11,45 kg e 15,2 respectivamente.

O desempenho das crias em aleitamento é altamente influenciado pela composição

e produção de leite. Assim sendo, Zamiri et al. (2001) demonstraram que ovelhas

produzindo 1,3 Litros/dia desmamaram suas crias pesando 31,1 kg de peso corporal

(PC), enquanto que ovelhas que produziram 1 litro/dia o peso das crias foi de 28,4 kg de

PC, o que representa 8,68% de aumento sobre o peso a desmama.

O coeficiente de correlação entre o GMD e a produção de leite é de 0,64 para parto

simples e 0,55 para parto duplo, segundo cálculos realizados por Torrez-Hernandez e

Hohenboken (1980).

Page 68: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

67

Tabela 8 - Peso corporal, consumo de concentrado inicial e desempenho das crias em função das taxas de crescimento que as matrizes foram submetidas na fase de recria

1Tratamentos :ATC=alta taxa de crescimento na recria; MTC=moderada taxa de crescimento na recria e BTC=Submissão de borregas a baixa taxa de crescimento na recria 2EPM=Erro padrão da média 3 T= efeito de tratamento 4 P=Valor de P para o teste de polinômios ortogonais linear (L) e Quadrático (Q);

4.4 Conclusões

As taxas de crescimento impostas na fase de recria afetaram a produção

subseqüente de leite. Por outro lado, não afetaram o consumo de matéria seca, o GMD,

peso final (PF) e escore de condição corporal ECC.

Não observou-se diferenças sobre o desempenho das crias das ovelhas submetidas

a diferentes taxas de crescimento, mesmo em sistema de creep feeding.

Ovelhas submetidas a taxa de crescimento moderada apresentaram melhor

desempenho leiteiro e as suas respectivas crias apresentaram menor consumo de

concentrado inicial na pré-desmama e o peso a desmama foi semelhante aos demais

tratamentos.

Variáveis Tratamentos1

EPM2 T3 Contrastes,P4

ATC MTC BTC L Q Peso Corporal (kg) Nascimento 4,3 4,1 4,7 0,12 0,19 0,24 0,15 Inicio do “creep” 7,2 6,2 6,9 0,33 0,46 0,68 0,24 Desmame 14,8 14,1 14,6 0,58 0,87 0,92 0,62 Final do experimento 16,6 16,1 16,2 0,60 0,94 0,82 0,79 Consumo conc. inicial (g de MS)) Pré-desmame 188 171 180 0,02 0,89 0,74 0,17 Pós-desmame 633 712 646 0,02 0,79 0,49 0,96 Ganho médio diário (g) GMD Pré-desmame 128,0 142,7 114,1 13,57 0,45 0,53 0,27 GMD durante “creep” 167,4 175,7 167,1 35,79 0,93 0,98 0,72

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71

5 DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES, BALANÇO DE NITROGÊNIO E PARÂMETROS RUMINAIS DE CORDEIROS DA RAÇA SANTA INÊS ALIMENTADOS COM TEORES CRESCENTES DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR IN NATURA

Resumo

A alimentação é a variável de maior impacto no custo de produção de ruminantes. Fontes alternativas, como subprodutos industriais, têm sido cada vez mais estudadas e utilizadas para a redução de custos. O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito da inclusão de bagaço de cana-de-açúcar in natura (BIN) sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes, o balanço de nitrogênio e os parâmetros ruminais de cordeiros da raça Santa Inês. Quatro cordeiros não castrados providos de cânula ruminal com peso corporal (PC) médio inicial de 30 ± 1,5 kg e aproximadamente 4 meses de idade foram alojados individualmente em gaiolas para ensaios de metabolismo. O tratamento controle positivo (CONT) foi uma ração contendo 10% de feno de “coastcross” (Cynodon sp.) e 90% de concentrado com base em % da MS, sendo os demais tratamentos crescentes de BIN em 10, 20 e 30% da MS, constituindo os tratamentos 10BC, 20BC e 30BC, respectivamente. As rações experimentais foram isonitrogenadas (13,75 ± 0,05 de PB). Não foi verificado efeito de tratamento (P>0,05) sobre o consumo de MS, MO, e PB em kg/dia e g/kg de PC 0,75. Observou-se efeito linear (P<0,01) e quadrático (P<0,02 sobre o consumo de FDN com o aumento do teor de FDN nas rações. O balanço de nitrogênio e assim como concentração de acetato, propionato, butirato, concentração total de AGCC e amônia no fluido ruminal não foram afetados pelos tratamentos. Os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB e FDN não foram afetados pelos tratamentos. Entretanto, a inclusão de BIN na ração melhorou o pH ruminal.

Palavras chaves: Bagaço de cana-de-açúcar; Digestibilidade; Cordeiros; Santa Inês; Balanço de nitrogênio

Abstract

Feeding cost has a major impact on ruminant livestock and alternative sources such as by-products have been widely studied and used for cost reduction. The aim of this study was to evaluate the addition of raw sugarcane bagasse (RSB) on dry matter and apparent digestibility of nutrients, nitrogen balance and ruminal parameters in Santa Ines ram lambs. Four rumen canulated lambs, averaging 30 kg of BW and 4 months old were penned individually in metabolism crates. The control diet contained 10% costcross hay (cynodon sp.)and 90% concentrate in the DM basis. In the remaining experimental diets, hay was replaced by 10, 20, 30% RBS in the DM, corresponding to 10BC, 20 BC and 30 BC experimental treatments, respectively. The diets were isonitrogenous (13,75% CP). There were no difference on DMI, OM and CP in kg/day and g/kg of BW0,75. NDF intake showed a quadratic effect (P<0.02). Nitrogen balance, acetate, propionate, butyrate, total short-chain fatty acids, ruminal ammonia content, DM, OM and NDF apparent digestibility

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72

were not affected by treatments. However, the inclusion of RSB in the ration, improved ruminal pH. Keywords: Raw sugarcane bagasse; Digestibility; Short-chain fatty acid

5.1 Introdução

Visando promover melhores desempenhos em ruminantes, faz-se necessário

avaliar o alimento quanto ao padrão de fermentação, para definir o potencial do alimento

em para proporcionar melhores desempenhos.

Os produtos finais da fermentação estão intimamente relacionados ao pH ruminal,

assim como o desenvolvimento de microorganismos ruminais. Em dietas ricas em

volumoso, o pH tende a ser mais elevado, comparado a dietas ricas em concentrado, e

permite o crescimento de bactérias celulolíticas no ambiente ruminal (CHURCH, 1979).

Após a oferta de alimento ocorre um súbito decréscimo do pH ruminal, devido a ingestão

de alimento realizada de maneira rápida e ainda pelo aumento da taxa de fermentação.

Para que a síntese microbiana não seja prejudicada, é necessário, além da

disponibilidade de N em quantidades suficientes, o sincronismo com a disponibilidade

energética no rúmen. Microrganismos do rúmen são fontes de proteína de excelente

qualidade, mas, em alguns casos, somente eles não são suficientes para fornecer a

quantidade necessária de aminoácidos, pois a quantidade de energia digestível na dieta

é limitada. Caso esta limitação não ocorra, podem ocorrer problemas metabólicos, como

acidose ou queda no consumo de matéria seca. Neste caso, fontes de proteína que são

menos degradáveis no rúmen podem ser utilizadas para aumentar a disponibilidade e

absorção de aminoácidos no intestino delgado, aumentando assim a produção animal

(HENSON et al., 1997).

A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos de cadeia

curta (AGCC) produzidos no rúmen pela fermentação de carboidratos e, em alguns

casos, da proteína. Desses ácidos, os principais são acetato, propionato e butirato.

Segundo Bergman (1990), as proporções molares de acetato:propionato:butirato variam

muito, sendo encontrados valores de 75:15:10, em dietas ricas em carboidratos fibrosos,

até 40:40:20, em dietas ricas em carboidratos não-fibrosos (CNF). Também, segundo

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73

este autor, as concentrações de AGCC variam de 6,0 a 15,0 mMol/100 mL de líquido

ruminal, podendo chegar até a 20 mMol/100 mL em dietas utilizando forragens frescas ou

a base de amido.

O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a inclusão do bagaço

de cana-de-açúcar in natura sobre o consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes, o

balanço de nitrogênio e os parâmetros ruminais de cordeiros alimentados com teores

crescentes de BIN nas proporções de 10, 20 e 30% da MS e a inclusão de 10% de feno

de “coastcross” como fonte de volumoso no tratamento controle.

5.2 Material e métodos

5.2.1 Localização

O experimento foi conduzido no mês de outubro de 2008 nas instalações para

ensaio de metabolismo do Setor de Produção Intensiva de Ovinos e Caprinos do

Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz",

Universidade de São Paulo, localizada em Piracicaba (22° 42’ 30’’ S e 47° 38’ 01’’ W),

estado de São Paulo, Brasil.

5.2.2 Animais e Instalações experimentais

Foram utilizados quatro cordeiros da raça Santa Inês, não castrados, com peso

corporal (PC) médio inicial de 30 ± 1,5 kg; e aproximadamente quatro meses de idade.

Um mês antes do início do experimento os animais foram preparados cirurgicamente

para colocação das cânulas ruminais. Após a cicatrização, os animais foram alojados

individualmente em gaiolas para ensaios de metabolismo com dimensões de 1,30 X

0,55m, providas de cocho, bebedouro e sistema para colheita de fezes e urina. As gaiolas

foram mantidas em ambiente coberto, ao abrigo da chuva e luz solar direta. No início do

período experimental todos os animais foram everminados com aplicação via subcutânea

de 1 ml de moxidectina à 1% (Cydectin® Ingetável, Fort Dodge Saúde Animal, Campinas,

Brasil) e receberam aplicação de 0,5 ml via subcutânea de 20.000.000 UI vitamina A.

Page 75: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

74

5.000.000 UI vitamina D3 e 6.000 mg vitamina E (Valléevita ADE, Vallée S/A Produtos

Veterinários, Montes Claros, Brasil).

5.2.3 Delineamento experimental e tratamentos

O experimento teve duração de 60 dias, sendo dividido em quatro períodos de 15

dias, dos quais 11 dias foram destinados a adaptação dos animais as instalações e as

rações experimentais e quatro dias para colheita de dados e de amostras.

Os animais foram distribuídos em delineamento experimental quadrado latino 4 x 4.

As rações continham teores crescentes de bagaço de cana-de-açúcar in natura (BIN) nas

proporções de 10, 20 e 30% na matéria seca (MS), além de um quarto tratamento

definido como controle positivo, que continha como única fonte de volumoso 10% de feno

de “coastcross” e 90% de concentrado na MS. Assim sendo, os tratamentos foram:

10BC, 20BC, 30BC e CONT. As rações foram isonitrogenadas com 13,75 ± 0,05 de

proteína bruta (PB) e contínhamos segfuintes teores de FDN 30,5; 45,4; 61,1 e 30,2 para

os tratamentos 10BC, 20BC, 30BC e CONT, respectivamente (tabela 9).

Page 76: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

75

Tabela 9 - Proporções dos ingredientes e composição química das rações experimentais (% MS)

TRATAMENTOS1

Ingredientes CONT 10BC 20BC 30BC

Bagaço de cana in natura - 10,0 20,0 30,0

Feno "coastcross" 10,0 - - -

Milho moído 41,6 39,8 27,9 16,3

Farelo de soja 11,8 13,6 15,5 17,1

Casca de soja 18,0 18,0 18,0 18,0

Polpa cítrica 17,0 17,0 17,0 17,0

Mistura Mineral2 1,6 1,6 1,6 1,6

Composição química3

MS 89,6 89,7 89,1 90,3 MM 5,8 5,4 6,8 4,9 PB 13,6 13,8 13,5 13,9 FDN 30,2 30,5 45,4 61,1

1Tratamentos: CONT= inclusão de 10% de feno de “coastcross” como fonte de volumoso; 10BC: inclusão de 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 20BC= 20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 30BC:= 30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura 2Composição: 7,5% P; 19% Ca; 1% Mg; 7% S; 14,3% Na; 21,8% Cl; 500 ppm Fe; 300 ppm Cu; 4600 ppm Zn; 1100 ppm Mn; 80 ppm I; 405 ppm Co; 30 ppm Se 3MS = matéria seca, MM = matéria mineral, PB = proteína bruta, FDN = fibra em detergente neutro.

5.2.4 Manejo alimentar e colheita de dados

O milho, a polpa cítrica, a casca de soja peletizadas foram moídos utilizando-se

um moedor (Nogueira® DPM – 4, Itapira, Brasil) desprovido de peneira, e misturados com

os demais ingredientes concentrados das rações (farelo de soja e mistura mineral),

utilizando-se um misturador horizontal (Lucato® , Limeira, Brasil) com capacidade para

500 kg, adicionou-se ainda as rações 25mg de monensina sódica por quilograma de

ração (% da matéria natural). O feno foi picado utilizando-se o mesmo equipamento

provido de peneira com crivos de 1,0 cm; enquanto que o bagaço de cana-de-açúcar in

natura (BIN) foi fornecido sem nenhum processamento.

Diariamente às 7 horas da manhã durante o período de coleta, o feno de

“coastcross” picado, o BIN e os concentrados foram pesados individualmente em balança

eletrônica com precisão de 5 g (Marte®, LC 100, São Paulo, Brasil), homogeneizados

Page 77: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

76

manualmente e ofertados ad libitum na forma de ração completa (RC), sendo as rações

ajustadas de acordo com o consumo obtido durante o período de adaptação dos animais,

não sendo permitidas sobras acima de 10% da quantidade ofertada. As sobras foram

pesadas diariamente para determinar o consumo médio diário de MS. Do 11ª a 15ª dias

de cada período experimental 10% das rações ofertadas e das sobras de cada animal

foram amostradas e imediatamente congeladas a –18 ºC. Neste mesmo período,

realizou-se colheita total das fezes e urina. As fezes foram individualmente colhidos todos

os dias utilizando-se de bolsas colhetoras para evitar a contato com a urina. Após a

pesagem, as fezes foram amostradas (10%) e imediatamente congeladas a −18oC.

Todas as amostras foram analisadas no Laboratório de Bromatologia do

Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP. As amostras de fezes foram descongeladas

e secas em estufa de ventilação forçada (55 ºC) por 72 horas, e moídas em moinho tipo

Wiley com peneiras com crivos de 1 mm, juntamente com as amostras do ofertado e das

sobras. As determinações de MS, matéria mineral (MM) foram realizadas de acordo com

a Association of Official Analytical Chemists - AOAC (1997), o N total foi determinado

utilizando o Leco FP 528 (Leco Corporation, St, Joseph, MI) conforme a AOAC (1997). A

concentração de fibra em detergente neutro (FDN) foi determinada segundo Van Soest et

al. (1991) utilizando-se α-amilase termoestável e sulfito de sódio no aparelho Ankom 200

(Ankom Tech, Corp,, Fairport, NY). A concentração de FDN foi corrigida para cinzas.

A urina dos animais foi colhida automaticamente pelos colhedores das gaiolas

metabólicas em vasilhames plásticos contendo de 30 a 60 mL de ácido clorídrico 6 N,

sendo o volume de ácido ajustado para manter o pH da urina abaixo 3, sendo realizada a

mensuração duas vezes ao dia. O volume de urina foi mensurado diariamente e uma

alíquota de 10% foi amostrada e congeladas a −18oC.

5.2.5 Cálculo da digestibilidade aparente dos nutrientes e do balanço de nitrogênio

Depois de descongeladas, as amostras de urina foram analisadas para a

determinação de N utilizando-se a técnica micro-Kjeldahl (AOAC, 1990). A digestibilidade

e a retenção de N foram calculadas conforme as fórmulas que seguem:

Page 78: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

77

DATT (%) = (MSC*NMS) – (MSF*NMF) * 100

(MSC*NMS)

Em que:

DATT = Digestibilidade aparente do nutriente no trato digestório total

MSC = matéria seca consumida;

MSF = matéria seca fecal;

NMF = porcentagem do nutriente na matéria seca fecal;

NMS = porcentagem do nutriente na matéria seca consumida,

Retenção de N (g/dia) = (Nconsumido – Nfezes – Nurina)

Retenção de N (%N consumido) = [(Nconsumido – Nfezes – Nurina)/ Nconsumido]

Retenção de N (%N digerido) = [(Nconsumido – Nfezes – Nurina)/(Nconsumido x DATTN)]

5.2.6 Colheita de liquido ruminal

Amostras do fluido ruminal foram colhidas no último dia do período experimental

(15º dia), com intervalos de duas horas entre cada colheita. Os horários de colheita foram

determinados com base no fornecimento da ração. A hora zero correspondeu ao

momento antes do fornecimento da ração, sendo as demais colheitas realizadas 2, 4, 6,

8, 10 e 12 horas após o fornecimento da ração total.

Uma amostra representativa do conteúdo ruminal de cada animal, foi colhida via

cânula, sendo rapidamente filtrada em tecido de algodão, obtendo-se, aproximadamente

200 mL de fluido ruminal filtrado, que em seguida, foi utilizado para a medição imediata

do pH em potenciômetro digital (DIGIMED® DM20). A fase sólida do conteúdo ruminal

que permaneceu no tecido após a filtragem, foi devolvida ao rúmen.

Após a determinação do pH, retirou-se 2 alíquotas de 25 mL do fluido ruminal que

foram armazenadas em frascos plásticos contendo 1,25 mL de ácido clorídrico, e

congeladas a -20 ºC para análise de AGCC e N amoniacal.

As amostras de fluido ruminal foram descongeladas e centrifugadas a 15.000 x g a

4 ºC por 60 minutos, e analisadas para determinação dos AGCC de acordo Campos,

Page 79: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

78

Nussio e Nussio (2004), utilizando um cromatógrafo líquido-gasoso (Hewlett Packard

5890 Series II GC), equipado com integrador (Hewlett Packard 3396 Series II Integrator)

e injetor automático (Hewlett Packard 6890 Series Injector). O padrão interno utilizado foi

o ácido 2-metilbutírico sendo acrescentado, em cada tubo para leitura no cromatógrafo,

um volume de 100 µl do padrão interno, 800 µ l da amostra e 200 µ l de ácido fórmico.

Uma mistura de ácidos graxos de cadeia curta com concentração conhecida foi utilizada

como padrão exter no para a calibração do equipamento.

A análise de N amoniacal foi realizada pelo método colorimétrico descrito por

Chaney e Marbach (1962), adaptado para leitura em leitor de microplaca (BIO – RAD,

Hercules, CA, EUA), utilizando-se filtro para absorbância de 550 nm (CAMPOS; NUSSIO;

NUSSIO, 2004).

5.2.7 Análise estatística

Todas as variáveis foram analisadas utilizando o procedimento MIXED do programa

estatístico SAS 9.1 (2002). A estrutura de covariância utilizada foi a Autoregressive.

Todas as médias foram calculadas utilizado o comando LSMENAS e as diferenças foram

declaradas significativas quando P < 0,05.

Foram realizados contrastes ortogonais linear, quadrático e comparação entre

teores crescentes de inclusão do bagaço de cana-de-açúcar com o tratamento controle

positivo para a determinação dos efeitos principais sobre as variáveis analisadas.

5.3 Resultados e discussão

5.3.1 Consumo de nutrientes

As variações do PC corporal ao inicio do período de adaptação (1° dia e ao término

do período experimental 15° dia) foram 1,45±0,23; 1,50±0,32; 1,29±0,15 e 0,90±0,11 para

os tratamentos CONT, 10BC, 20BC e 30BC, respectivamente (tabela 10).

Verificou-se efeito quadrático (p<0,04) sobre o CPB em g/Kg PC0,75 entre os

tratamentos com inclusão de BIN e comparando-o com o tratamento controle (p<0,05),

Page 80: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

79

sendo o maior CPB observado no tratamento 20BC, este fato pode estar relacionado a

uma eventual seleção de alimento realizada pelos animais pertencentes a este

tratamento, consumindo portanto uma quantidade maior de concentrado em relação ao

volumoso (BIN) resultando neste efeito quadrático.

Não verificou-se diferenças (p>0,05) no CMS e CMO em Kg/dia e em g/Kg PC0,75

entre os tratamentos com inclusão de BIN, embora ao se comparar com o tratamento

controle, este apresentou menor CMS em Kg/dia e em g/Kg PC0,75 e CMO em Kg/dia e

em g/Kg PC0,75 , sendo a possível causa a maior taxa de passagem do feno quando

comparado a bagaço de cana-de-açúcar in natura e ainda devido ao processamento ao

qual o feno fora submetido, diminuindo portanto o tamanho de partícula ocasionando

uma maior taxa de fermentação devido ao aumento de área de contato por bactérias

celulolíticas aumentando a digestibilidade (ANDERSON; MERRILL; KLOPFENSTEIN,

1988).

O consumo de FDN em Kg/dia e em g/Kg PC0,75 apresentou comportamento linear

(p<0,01) a medida que os teores de BIN foram adicionados a ração, pois aumentou-se os

níveis de FDN nas rações e conseqüentemente o consumo do mesmo.

Page 81: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

80 Tabela 10 - Peso corporal, peso metabólico e consumo de nutrientes pelos cordeiros Santa Inês submetidos a rações

experimentais

1CMS=consumo de matéria seca; CMO= consumo de matéria orgânica; CFDN=consumo de fibra em detergente neutro; CPB=consumo de proteína bruta, 2Tratamentos: CONT= inclusão de 10% de feno de “coastcross” como fonte de volumoso; 10BC: inclusão de 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 20BC= 20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 30BC: 30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura 3 EPM: Erro padrão da média, 4 T=efeito de tratamento 5 contrastes: L=efeito linear; Q=efeito quadrático e 1=comparação dos tratamentos 10,20 e 30BC com o tratamento controle positivo (CONT)

Variáveis1 Tratamentos2 EPM3 T4 Contrastes, P4

CONT 10BC 20BC 30BC L Q 1 Peso corporal (kg) 31,3 28,2 28,8 32,1 1,11 0,54 0,14 0,73 0,31

Peso metabólico(kg) 13,2 12,2 12,4 13,5 0,36 0,54 0,14 0,69 0,19

CMS

kg/dia 0,99 0,87 0,79 0,73 0,06 0,61 0,12 0,64 0,05

g/kg de PC0,75 74,9 63,0 63,6 54,4 4,77 0,58 0,28 0,64 0,05

%PC 3,1 2,7 2,7 2,4 0,20 0,60 0,18 0,36 0,07

CMO

kg/dia 0,94 0,82 0,73 0,69 0,06 0,86 0,85 0,63 0,04

g/kg de PC0,75 70,5 59,4 59,1 52,1 4,51 0,68 0,87 0,46 0,05

CPB

kg/dia 0,18 0,17 0,22 0,15 0,01 0,43 0,78 0,32 0,12

g/kg de PC0,75 13,3 13,8 17,7 11,6 1,15 0,08 0,45 0,04 0,05

CFDN

kg/dia 0,22 0,17 0,31 0,51 0,05 0,02 >,001 0,69 0,05

g/kg de PC0,75 19,8 14,6 28,3 47,6 4,32 0,02 0,01 0,85 0,05

Page 82: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

81

5.3.2 Digestibilidade dos Nutrientes

A digestibilidade aparente da MS, MO, PB e da FDN (p > 0,05) não foi afetada

pelos tratamentos (tabela 11). Resultados semelhantes foram observados por Morgullis et

al. (1997), onde não encontraram diferenças com a inclusão de 60% BIN e de bagaço de

cana-de-açúcar submetida a tratamento a vapor sobre a digestibilidade aparente da MS,

MO, PB e FDN em ovinos machos castrados, onde os valores encontrados foram de

59,5; 59,2; 56,4 e 59,22, respectivamente para MS, MO, PB e FDN.

Tabela 11- Digestibilidade dos nutrientes, consumo de nutrientes digestíveis por cordeiros Santa Inês alimentados com rações contendo inclusões de bagaço de cana-de-açúcar in natura

1 DATT=Digestibilidade aparente no trato digestório total; MS=matéria seca; MO=matéria orgânica; PB=proteína bruta; FDN=fibra em detergente neutro; 2Tratamentos: CONT=inclusão de 10% de feno de “coastcross” como fonte de volumoso; 10BC= inclusão de 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 20BC=20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 30BC=30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 3 EPM: Erro padrão da média; 4 T – efeito de tratamento; 5 Contrastes: L – efeito linear; Q – efeito quadrático e 1 – comparação dos tratamentos 10,20 e 30BC com o tratamento controle positivo (CONT).

Porem estes resultados discordam dos encontrados por Fimbres et al, (2002)

que analisaram os teores crescentes de volumoso e de Hejazi et al. (1999) com

processamento e fontes diversas de volumosos para cordeiros em terminação, onde

estes autores observaram que ao aumento de volumoso na dieta ocorreu a diminuição da

digestibilidade da MS, MO e FDN, devido ao aumento da taxa de passagem, acarretando

em uma diminuição da digestibilidades dessas frações.

Variáveis1 Tratamentos2

EPM3 T4 Contrastes, P5

CONT 10BC 20BC 30BC L Q 1

DATT, % MS MS 88,6 84,6 84,8 80,3 1,57 0,61 0,43 0,60 0,23

MO 89,6 85,8 85,8 83,2 1,35 0,81 0,60 0,75 0,43

PB 86,6 89,3 84,2 82,2 1,85 0,56 0,61 0,53 0,48

FDN 60,2 61,9 60,1 58,6 1,43 0,34 0,29 0,22 0,29

Page 83: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

82

Os coeficientes de digestibilidade obtidos não foram diferentes de outros estudos

(LALLO et al .,1996; OSUJI; DEVERS, 1979) onde reportaram a ausência de diferenças

quando o bagaço foi utilizado como parte ou fonte única de volumoso na ração total.

5.3.3 Balanço de nitrogênio

O consumo de nitrogênio, a excreção via urina e fezes, bem como a retenção de

Nitrogênio em g/dia, o nitrogênio consumido e o nitrogênio absorvido não foram afetados

pelos tratamentos com a inclusão de BIN, embora quando comparados com o tratamento

controle positivo observou-se diferenças (p > 0,01) para as variáveis N retido em g/dia, e

sobre a porcentagem de N consumido e absorvido, sendo que os tratamentos com

inclusão crescente de BIN apresentaram valores aos quais pode se afirmar que o

aproveitamento de N em dietas contendo BIN é melhor que o tratamento controle com

inclusão de feno de “coastcross” como volumoso, pois embora não foi constatada

diferença (p < 0,05) para o consumo de N, a retenção do mesmo foi superior nos

tratamentos 10, 20 e 30BC (tabela 12).

Lallo et al. (1996) encontraram efeito linear para o aumento da densidade

energética da dieta em relação a retenção de N, sugerindo portanto que dietas com

maior densidade energética proporcionam maior retenção de N assim como maior

fermentação de fontes de N em cordeiros em terminação.

A ausência de efeitos dos tratamentos com níveis crescentes de BIN sobre a

concentração de amônia no ambiente ruminal reforçam a constatação de que a inclusão

de níveis crescentes de BIN não afetou os dados de digestibilidade ruminal e o balanço

de nitrogênio.

A retenção de nitrogênio é um importante indicador de ganhos ou perdas de

proteína pelos organismos animais, quando alimentados com diferentes dietas, bem

como proporciona uma boa estimativa da quantidade de nitrogênio que estará disponível

para a deposição nos tecidos corporais (OWENS e ZINN, 1998). Sendo observado no

presente estudo uma variação numérica positiva do peso corporal dos animais em todos

os tratamentos.

Page 84: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

83

Tabela 12 - Balanço de nitrogênio de cordeiros Santa Inês submetidos as rações experimentais

1Tratamentos: CONT=inclusão de 10% de feno de “coastcross” como fonte de volumoso; 10BC= inclusão de 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 20BC=20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 30BC=30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura;, 2 EPM=Erro padrão da média, 3 T=efeito de tratamento 4Contrastes: L = efeito linear; Q = efeito quadrático e 1 = comparação dos tratamentos 10,20 e 30BC com o tratamento controle positivo (CONT).

5.3.4 Parâmetros ruminais

O aumento nos teores de BIN na dieta não afetaram as concentrações de AGCC,

assim como não foi detectada diferença (p>0,05) ao se comparar os teores com o

tratamento controle (tabela 13). Sendo apenas evidenciado efeito de hora sobre as

concentrações de propionato (p< 0,01), butirato (p< 0,01), valerato (p< 0,01) e AGCC

total (p< 0,05).

Segundo Owens e Goestch, (1988) após a alimentação ocorre um balanço entre a

produção de AGCC e o influxo de solução tamponante via saliva e ou por substancias

intrínsecas no alimento consumido, com um súbito abaixamento no pH devido a rápida

fermentação a qual o alimento é submetido (∅RSKOV 1986).

Os valores médios encontrados para os AGCC acetato, propionato e butirato foram

de 45,2; 14,0 e 9,1mM; sendo o valor de acetato abaixo do valor encontrado por de

Doreau et al. (1997) que obtiveram valores de 58,4 mM, enquanto que os resultados de

Variáveis Tratamentos1

EPM2 T3 Contrastes, P4

CONT 10BC 20BC 30BC L Q 1

Consumo de N, g/dia 21,6 16,4 19,8 15,7 1,68 0,60 0.89 0.40 0,08

N nas fezes, g/dia 5,5 5,0 6,9 5,1 0,90 0,80 0,96 0,34 0.84

N na urina, g/dia 7,5 6,0 7,1 5,3 2,23 0,70 0,72 0,43 0.68

N retido

g/dia 8,6 5,3 5,8 5,3 1,14 0,29 0,99 0,79 >0,01

% do N consumido 31,9 28,4 30,8 29,5 1,95 0,72 0,73 0,52 >0,01

% do N absorvido 46,1 36,8 40,5 42,3 3,13 0,21 0,2 0,80 >0,01

Page 85: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

84

propionato e butirato foram diferentes sendo de 15,7mM para propionato e 6,4 mM para

butirato em dietas com ingestão de MS ao redor de 700g/dia. Arelação média de

Acetato/propionato (A:P) obtida pelo mesmo autor foi similar aos encontrados no

presente experimento que foi de 3,71: 1.

Conforme esperado o pH do fluido ruminal aumentou linear (p<0,01) com a inclusão

de BIN. Verificou-se ainda efeito de hora (p<0,01). Na figura 1 encontram-se os valores

de pH ruminal em função dos tratamentos e horas de colheita pós alimentação. A

inclusão do BIN melhorou o tamponamento ruminal sendo os valores encontrados de

6,28; 6,49 e 6,57 para os tratamentos 10, 20 e 30BC e de 6,25 para o controle, sendo

similar ao tratamento com inclusão de 10% de BIN. Após 6 horas de alimentação os

tratamentos 20 e 30BC se comportaram de maneira similar, diferenciando dos demais,

que apresentaram valores inferiores de pH.

O aumento do pH nas rações com maior proporção de FDN, provavelmente esta

associado com o aumento no tempo despendido para ruminação, aumentando a

secreção de saliva, aumentando portanto, a capacidade de tamponamento ruminal. Lana

et al. (1998) concluíram que rações com maior participação de concentrado providenciam

maior aporte energético para o crescimento e metabolismo bacteriano. Embora Fimbres

et al. (2002) concluíram que dietas com alto concentrado podem reduzir o pH ruminal,

levando portanto à uma redução do crescimento bacteriano e uma diminuição da

eficiência de fermentação da fração fibrosa do alimento.

Page 86: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

85 Tabela 13 – Parâmetros ruminais de cordeiros Santa Inês submetidos as rações experimentais

1mM: milimol; AGCC= ácidos graxos de cadeia curta; N-NH3=concentração ruminal de nitrogênio amoniacal, 2Tratamentos: CONT=inclusão de 10% de feno de “coastcross” como fonte de volumoso; 10BC=inclusão de 10% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 20BC=20% de bagaço de cana-de-açúcar in natura; 30BC=30% de bagaço de cana-de-açúcar in natura, 3 EPM=Erro padrão da média, 4 T=efeito de tratamento 5 Contrastes: L =efeito linear; Q= efeito quadrático e 1=comparação dos tratamentos 10, 20 e 30BC com o tratamento controle positivo (CONT), 6H=efeito de horas, 7T*H=efeito da interação entre tratamentos e horas 8A:P=relação entre a concentração molar de acetato e a concentração molar de propionato.

Variáveis1 Tratamentos2

EPM3 T4 Contrastes, P5

H6 H*T7

CONT 10BC 20BC 30BC L Q 1

Parâmetros ruminais

Acetato, mM 50,3 41,4 45,1 44,1 1,35 0,89 0,14 0,06 0,60 0,18 0,94

Propionato, mM 15,4 12,1 14,9 13,6 0,46 0,58 0,76 0,07 0,70 0,01 0,40

Isobutirato,mM 1,0 0,8 1,5 1,1 0,08 0,28 0,08 0,11 0,89 0,14 0,60

Butirato, mM 10,9 8,1 9,2 8,3 0,27 0,74 0,14 0,06 0,24 <0,01 0,02

Isovalerato, mM 2,1 2,0 2,5 1,5 0,13 0,43 0,38 0,51 0,12 0,30 0,70

Valerato,mM 1,1 1,1 1,2 1,1 0,06 0,91 0,88 0,68 0,52 0,88 0,18

AGCC total,mM 80,8 65,5 74,3 69,5 2,13 0,07 0,24 0,08 0,37 0,05 0,67

A:P8 3,5 3,6 3,1 3,3 0,08 0,46 0,20 0,37 0,79 0,40 0,86

pH ruminal 6,2 6,3 6,5 6,6 0,03 0,01 0,03 0,30 <0,01 <0,01 0,07

N-NH3, mg/ dL 18,9 13,4 21,6 12,7 1,24 0,42 0,83 0,55 0,63 0,13 0,39

Page 87: Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o ...

86

Figura 2 - pH do fluido ruminal de cordeiros Santa Inês submetidos as rações experimentais

A rápida fermentação de carboidratos solúveis reduz o pH e a atividade celulolítica,

aumentando os resíduos fibrosos no rúmen (KAWAS et al., 1991). Os mesmos autores

reportaram que o aumento dos teores de FDN na dieta aumenta o pH, possibilitado pelo

aumento da atividade de ruminação e mastigação.

Mould e Orskov (1983) observaram que ruminantes com baixo pH ruminal devido a

ingestão de dietas com alta quantidade de concentrado, pode ocorrer mudanças na floral

ruminal e resultar em redução na digestão da fração fibrosa, o que não aconteceu neste

presente experimento. Não houve efeito da inclusão de BIN sobre a concentração de

amônia no fluido ruminal nem efeito de interação entre o tratamento e hora ( figura 3),

sendo evidenciado apenas efeito de horas após a alimentação (p<0,01). Os valores

encontrados de amônia no fluido ruminal estão acima do mínimo ideal (5 mg/dL) para

que ocorra uma adequada fermentação microbiana proposta por Satter e Slyter (1974).

Sugerindo, contudo que não houve deficiências de amônia para uma adequada síntese

microbiana, pois segundo VAN SOEST (1994) a concentração ruminal de nitrogênio

amoniacal é conseqüência do equilíbrio entre produção, absorção e utilização pelos

microorganismos, sendo que a utilização é dependente da disponibilidade de energia.

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Figura 3 - Concentração de nitrogênio amoniacal no fluido ruminal de cordeiros Santa Inês submetidos às rações experimentais

5.4 Conclusões

A inclusão de bagaço de cana-de-açúcar in natura não afetou o CMS, a

digestibilidade aparente das frações MS, MO, PB e FDN no trato digestório total, assim

como não verificou-se efeito sobre o balanço de nitrogênio e produção de AGCC. Sendo

o pH no liquido ruminal aumentou a inclusão do BIN nas rações.

A utilização do BIN em até 30% na MS pode ser uma alternativa de fonte de

volumoso na alimentação de ovinos.

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