EFEITO OEUMPROGRAMA DEMUSCULACAO EM...
Transcript of EFEITO OEUMPROGRAMA DEMUSCULACAO EM...
Andre Luiz Sucha Heidemann
EFEITO OEUMPROGRAMA DE MUSCULACAO EM UM INDIViouo
-COMSiNDROME DE DOWN
Curitiba
2007
Andre Luiz Sucha Heidemann
EFEITO DE UM PROGRAMA DE MUSCULACAO EM UM INDIViDUO
COM SiNDROME -DE DOWN
Prpjeto apre_sentado ao Curso de £ducac;:a.o Fisicada Faculdadede Ciemcias Biol6gicas e da Saudeda Universidade Tuiuti do Parana como requisito_para a aprov_ac;:aono Curso de £ducac;:ao Fisi.ca -Licenciatura Plena_Orientadora: -Helia -Eunice Soares
Curitiba
2007
AGRADECIMENTOS
Agradeyo primeiramente a minhafamilia, pelo apoio e considerayao durante 0
decorrer do curso e pelo auxilio diversas vezes prestado. Aos ·amigos, ·tantopela
ajudaprestada quanto pelos momentos de diversao. E, finalmente, agradeyo a
orientadora e professora Hellia Eunice Soares, pela .ajuda e orientayao .que me
permitiram concluir 0 trabalho.
TERMO DE APROVACAO
Andre Luiz Sucha Heidemann
EFEITO DE -UM PROGRAMA DE MUSCULACA-O -EM -UM INDIViDUO
COM SiNDROME DE DOWN
Este Trabalho de Conciusao de Curso foi julgado € aprovado para a obten9ao dotitulo de gradua9ao em Educa9ao Fisica - LicenciaturaPlena com aprofundamento emPortadores de Necessidades Especiais no Curso de Educa9ao Fisica da Universidade Tuiutido Parana_
Curitiba, 25 de junho de 200.7..
-Educa9ao Fisica
Universidade Tuiuti do Parana
DOU\OR ARNO KRUG
C~deira de TCC
SUMARIO
RESUMO .4
1 INTRODU<;Ao 5
1.2 OBJETIVOS 7
1.2.1 Objetivo Geral. 7
1.2.2 Objetivos Especificos 7
1.3 PROBLEMA. 7
2 REVISAO DE LlTERATURA 8
2.1 SiNDROME DE DOWN (Trissomia do cromossomo 21) 8
2.2 ESPORTE E DEFICIENCIA. 12
2.3 FOR<;A. 14
2.3.1 Tipos de fon;:a 15
2.3.2 Fatores que modificam a forc;:ahumana 16
2.4 MUSCULA<;AO 17
2.4.1 Ciclos .de treinamento 19
2.4.1.1 Adaptac;:ao 19
2.4.1.2 Treino de .resistemcia muscular Jocalizada (RML) •.......•........................ _ .•........20
2.4.1.3 Treino parahipertrofia 21
2.4.1.4 Treino de Forc;:a 22
2.5 FORMAS DE AVALlA<;AO DA FOR<;A. 23
2.5.1 Uma repetic;:ao maxima (1RM) 23
2.5.2 Teste da repetic;:ao maxima 24
3 METODOLOGIA. 27
.3.1 Tipo.de Pesquisa 27
3.2 Populac;:ao e Amostra 27
3.2.1 Populac;:ao 27
3.2.2 Amostra 27
3.3 Instrumento 28
34 Coleta de dados 28
3.5 Analise dos dados 28
4 APRESENT A~AO DOS RESULTADOS 29
5 CONCLUSAO 31
REFERENCIAS c•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 32
4
RESUMO
ALTERACOES NA FORCA DE ~NDIViDUOCOM SiNDROME DEDOWN APOS 0 TREINO DE MUSCULACAo POR OOZE SEMANAS
Autor~ Andr.e Luiz Such.aHeldemannOrientadora: Helia Eunice SoaresCurso de Educac;:ao FisicaUniversidadeiUluti do Parana
o objetivo desse trabalho foi verificar .se .oavia o.unao alterayoes na fOJya deum individuo com Sind rome de Down apes 0 treinamento resistido por dozesemanas e de quanto foiessa alterac;:ao. Para tal,usou-se umaavaliac;:aode forc;:a jaexistente e recomendada a individuosiniciantes e valeu-se de uma pesquisa dotipoestudode caso. A amostrafoide um aluno iniciante ·na ·pratica demusculac;:ao,sendo 0 (mico .da academia com Sind rome de Down, .tendo .esse 18 anos .de idade esendo do sexo masculino. 0 resultado da pesquisa mostrou quehouveramalterac;:oes positivas no aumento da forc;:a do individuo apes 0 treino de exerciciosresistidos por doze semanas, 0 que tomou valido a indicagao desse tipo deexercicios para individuos com Sindrome de -Down, 'que ·tem -a ·hipotonia muscular.generalizadacomo uma de suas caracteristicas. Alem damelhorado sistemacardiovascular.
Palavras-chave: Sindrome de Down, Musculac;:ao, Forc;:aMllsclllar.e-mail: [email protected]
5
1 INTRODUC;Ao
EFEITO DE UM PROGRAMA DE MUSCULA<;AO EM UM INDIVfnuo
COM SiNDROME DE DOWN
UJUSTIFICATIVA
A sind rome de Down apresenta uma significativa incidemcia sobr.ea
populac;:ao geral: cerca de um adDis para cada mil individuos nascidos,
independente de rac;:a,genero, ou nivel socia economico(GALLAGHER, 1990).
Segundo 0 ministerio da saude (2000), nascem no Brasil cerca de oito mil
bebes .portador.es de Sindrome de Down .pm ano. Os indices de incidencia aliados
aos poucos estudos sobre 0 tema justificam essa pesquisa, uma vez que e preciso
'assegurar saude ao portador de Sindrome de Down e, forc;:a muscular, e um dos
fatores que interferem na saude fisica.
Mantoan (1.993) relata dificuldades em realizar estudos com a pop.ulac;:.ao
·especial, que van desde os cuidados ~ticos ate a falta de compreensao de alguns
sujeitos para executar as tarefas propostas.
A Sindrome de Down e mais comum de todas as sindromes mal formativas
da .especie humana. Cer.ca de 15% dosportadoresdeatraso mental.que fr.eqCtentam
instituic;:6es publicas para crianc;:as especiais sao portadoresda ·Sindromede Down
(MUSTACCHI e ROZONE, 1990).
Em pessoas com Sind rome de Down mais velhas, estudos mostraram que
houve maior incidemcia de doenc;:as cardiovasculares pr.ecocemente .adquiridas nesta
populac;:ao. Os autores entendem queuma das causas sao osfatoresambientais:
6
estilo de vida sedentaria, e consideram os exercicios iisicos como uma forma de
profilaxia (TELFORD e SAWREY, 1984).
Rosadas (1986) considera que, sem .umprograma de atividade fisica
cientificamente elaborado, portadores de Sindrome de Down ou nao, estarao
·totalmente sujeitosaos problemas da civiliza9ao moderna Tegidapelo sedentarismo.
Para Mathews e Fox (1983), nossa cultura oferece diversas oportunidades
para os individuos fazerem algum tipo .deatividade fisica .que r.equeira gasto
energetico acima dosvalores do metabolismo basal. Dessaforma a pratica regular
de atividades fisicas (desporto ou aulas de educa9ao iisica) ·tem side considerada
um fator de prote9'ao contra os processos degenerativos do organismo, atuando
.como um agente .promotor .da saude.
Watson (1986) descreve que 0 desempenho fisico resulta de umconjuntode
·todas as caracteristicas iisicase mentais do individuo. Para que haja um resultado
efetivo, devemos conhecer quais os fatores que infiuenciam 0 processo de
cresci mento, matura9aoeaprendizagem.
Com 0 ·embasamento de diversos autOFes, tanto ·da aFea de muscula9ao e
treinamento, quanto da area de portadores de necessidades especiais, esse
trabalho se prop'oe a aplicar um treinamento de muscula!(§o em um individuo com
Sindrome de Down .e avaliar 0 aumento ou nao da for9a muscular desse individuo
ap6s 0 periodo de ·doze semanas.
1.2 PROBLEMA
7
Qual 0 efeito de urn prograrna de rnusculas:ao em urn indivfduo cornSfndrorne
de Down?
1.3 OBJETIVOS
1.3.10bjetivo Geral
Avaliar efeitode urn prograrna de rnuscula9ao em urnindivfduo com Sfndrorne
de Down.
1.3.20bjetivos Especificos
• Avaliar a for9a do indivfduo com Sfndrorne de Down atraves de urn teste de 7
a 10 RM;
• .Aplicar urn prograrna de muscula9ao por doze sernanas;
• Reavaliar a fOf9a do aluno ap6s ·doze sernanas;
• 'Cornparar os resultados do prirneiro teste com os do segundo.
8
2 REVISAO DE LlTERATURA
2:1 SiNDROMEDE DOWN (TRISSOMIA DO CROMOSSOMO 21)
A causa da Sidrome de Downe oexcesso de material .genetico provindo do
·cromossomo 21. A trissomia ·do cromossomo 21 (tres cromossomos 21 ao inves de
dois), e uma das causas mais comuns de Retardo Mental em crians;as. Moreira et al
(2000), afirmam que 18% das cr'ian<;as que tem retardo mentalpossuem Sindrome
de Down. Rowland (1997), afirma que a Sindrome de Down e .vista em cerca de 1
em cada 800 nascimentos, com razao homem-mulher ·em tome ·de 3 para 2 e queo
-risco de ocorrencia aumenta nitidamente quando a gestante e idosa.
o cromossomo 21 e 0 responsiwel.pelas caracteristicas fisicas eintelectuais
do ser humano. Acredita-se que seja conseqiiente .a .uma falha na distribui<;ao
·cromossomica que ocorre no desenvolvimento do 6vulo, do espermatoz6ide ou
durante as divisoes do 6vulo fecund ado (LOPES, 1995).
Para a pessoa com Sind rome de Down desenvolver todo 0 seu potencial, ela
precisa serestimulada desde .seu nascimento. Ela faz parte do universe da
diversidade humana e tem muito a contribuir com sua ·forma ·de ser e sentir para 0
desenvolvimento de uma sociedade inclusiva (GALLAGHER, 1990).
Os portadores da Sind rome de Down tem uma evdlu<;ao em ritmo um pouco
mais lento que a maioria das crian<;as, devido a .uma falta de mieliniza<;ao das fibras
nervosas pre-centra is, indicando futuramente uma falta de maturidade do sistema
nervoso central, levando nao s6 a sua deficiencia mental, como tambem as
caracteristicas fisicas proprias e mal-forma<;oes associadas, sendo conveniente
.ressaltar .que .algumas crian<;as com a Sindrome apresentam certas caracteristicas
9
ou condic;:oes que outras sindromicas nao possuem (UMPHERED e McCORMACK,
1994).
A cabec;:a da crianc;:a .com Sind rome de Down e um pouco menor que a das
crianc;:as que nao a possuem, e a parte posterior elevemente achatada, quase reta
com 0 pescoc;:o, podendo haver uma instabilidade atlanto-axial ou atlanto-occipital;
no rosto, acorre 0 achatamento do dorso nasal e do maxilar, dentes pequenos,
lingua protusa, fenda palpebral obliqua, orelhas pequenas, .e .canaisdos ouvidos
estreitos; hipotonia muscular acentuada e hiper-flexibilidade no seguimento dos
membros; retardo da maturac;:ao ossea nas primeiras fases da vida,
consequentementeha umabaixa estatura; dedos e artelhos curtos; quinto
quirodacteo com curvatura para dentm; pes pequenos.e .largos; afastamento entre 0
primeiro e 0 segundo artelho, prega simia na palmada mao; orgaos genitais
masculino pouco desenvolvidos e mal-iormac;:ao congemita cardiaca; dificuldadede
maturac;:ao neuro-hormonal (SANVITO, 1997).
Segundo Pueschel et al (1993), sao caracteristicas da .crianc;:acom Sindrome
de Down:
• CABE9A: pouco menor que crianc;:as que nao possuem a Sindrome de
Down, parte posterior levemente achatada, dando uma aparencia
arredondada.a cabec;:a;
• ROSTO: devido aos 05505 faciais pouco desenvolvidos e ·ao nariz
pequeno, apresenta um contorno achatado. 0550 nasal afundado na
mairia;
• OLHOS: Normais quanto ao formato na maioria. As palpebras sao
estreitas e levemente obliquas;
• ORELHAS: peQ.uenas e com a borda superior dobradas;
10
• BOCA: pequena e, em algumas crian<;:as, aberta e com alfn.9ua projetada
para a frente;
.• PESCO<;:O:Largoe·grosso quanto it aparencia;
• T6RAX: 0 osso peitorai pode apresentar-se afundado ou projetado para a
frente;
.• CORA<;:Ao:40% das crianyas apresentam·defeito cardiaco ou congenito;
• PULMAo: Geralmente normais, apenas em alguns casos apresentam-se
subdesenvolvidos;
• ABDOME:geralmente nao demonstram anormalidade, podendo ser fracos
e protuberantes em grande parte;
.6RGAOS GENITAlS: na maioria dos casos nao sao afetados, em alguns
podem .serpequenos;
• DEDOS DO PE: geralmentecurtos, com umgrandeespayo entreo dedao
e 0 segundo dedo;
• PELE: geralmente clara e com apan§ncia maoch.ada nos primeirosanos de
vida.
Conforme Mustacchi e Razoni (1990), os portadores de Sindrome de Down
apresentam como caracteristica:
• Ausencia de reflexo moro;
.• Hipotonia muscular generalizada;
• Face achatada;
• Fenda palpebral oblfqua;
.Orelhas ·displasticas;
• Pele abundante no pescoyo;
• Prega palmar transversa unica;
11
• Hiper-elasticidade articular;
• Pelve displastica;
• Displasia da falange media do quinto dedo.
o tonus muscular baixo e a forya muscular reduzida melhoram a medida que
a crianc;:a com Sindrome de Down fica mais velha. Para aceilerar esse processo de
ganho de forc;:a e aumento .do tonus, .a maneira .mais indicada e a pratica de
atividade fisica com programas de exercicios resistidosquerecrutem diferentes tipos
de iibras musculares. Estas atividades podemfortalecer a musculatura desde que
sejam adaptadas de acordo com liniitac;:6es que pod em estar presentes nos
individuos nao havendo, portanto, relac;:aoentrea deficiemcia mental e a hipotonia
muscular (KISNER e COLBY, 1998).
A Sind rome de Down resulta de uma constituigaobiol6gica alterada por um
fator genetico (MANTOAN, 1993). Dentre as caracteristicas dos portadores de
.Sindrome de Down, Mustacchi e Rozone (1990)citamque alguns podem apresentar
um baixo grau de aptidao fisica, por exemplo: anomaliascongemitas do corac;:ao,
hipotonia muscular, hipoplasia muscular, estreitamento da arteria aorta, instabilidade
atlanto-axial e defiCienCia mental. 0 que deve ser observadopara que 0 trabalho de
musculac;:ao .seja realizado com seguranc;:a.
Para se planejar atividades fisicas a portadoresda Sindrome de Down, e
necessario recordar de algumas das caracteristicas fisicas e fisiol6gicas da
Sindrome, como: atraso no desenvolvimento pre e .pos natal, baixa estatura,
sobrepeso, anomaliascongenitas do corac;:ao, dificuldade de maturac;:ao neuro-
hormonal, pre-disposic;:ao a hipo-ventilac;:ao respirat6ria, ·hipotonia generalizada
(hiper-f1exibilidade -nas articulac;:6es, frouxidaoligamentar,instabilidade atlanto-axial
e fraqueza muscular), obesidade (compulsao alimentar), braquicefalia, cavidade
12
nasal achatada, maos curtas e atarracadas, espa90 grande entre 0 primeiro e
segundo artelhos, a:iem do grau de comprometimento cognitiv~, que pode servir
.como .orientador na aquisi9ao .ou desenvolvimento debabilidades e aptidao para
certas atividades fisicas. Essas caracteristicas demonstramque individuos com
Sindrome de Down -tem menor capacidade iisica quando comparados com
individuos normais (ROSADAS, 1986).
Rosadas (1.986) .ainda comenta .queestas pessoas vivem sob restri90es e
limita90es que devem ·ser superadas. Devido as diferen9as em determinadas areas,
muitos deficientes ainda sao subestimados, principalmente em rela9ao a area de
atividade fisica e e~portes e, tambem, por falta de estimulos culturais e ambientais,
se tornam pessoas inativas e sedentarias, .e passam a serem vistas dessa forma
pela sociedade.
Segundo Ghorayeb e Barros (1999)um programa ·deiortalecimento muscular
para individuos deficientes deve 'promover uma sobrecarga sufieiente para que
ocorram as adapta90es necessarias para .atingir-seo .objetivo. Lembrando que .0
·risco de lesoes aumenta para individuosque tenham altera9ao na fun9ao muscular
ou articular, quando aumenta-se a intensidade do exercicio.
2.2 ESPORTE E DEFIClfNCIA
o esporte para pessoas com deficiencia fisica teve inicio ap6s a 1" guerra
mundial(1914-1918), devido ao grande numero de lesoes e amputa90es causadas
em combate. Em 1918, soldados alemaes com deficiencia adquirida ap6s a primeira
guerra mundial, come9aram a praticar as modalidades de tiro e arco e flecha.Mas 0
grande marco foi em 1944, quando 0 Dr. Ludwig Guttmann, neurologista alemao, a
3
convite do governo ingles, estabeleceu um programa para reabilitar;:ao de veteranos
de guerra no Hospital de Reabilitar;:ao de Stoke Mandeville, na cidade inglesa de
Aylesbury (HIST6RICO, 2007).
No principio, a pratica esportiva tinha um carater de reabilitar;:ao, mas com 0
crescimento do numerode praticantes, 0 Dr. Guttmann considerou a possibilidade
de organizar um campeonato para homenagear estesher6is de guerra e divulgar 0
trabalho queestava sendo feito. Foi entao que .ele idealizou os I Jogos de Stoke
Mandeville, em 29 de Julho de 1948. Souza (1994) enfatiza que foi ap6s a segunda
Guerra Mundial que a pratica desportiva teve maior incremento no contexte da
prevenr;:ao e reabilitar;:ao. A partir dai, 0 esporte para pessoas com deficiencias
fisicas nao paroude crescer e, desde 1960, quando foram realizados os primeiros
Jogos Paraolimpicos (paralelo aos Jogos Olimpicos), vem se tornando cada vez
mais popular (Comite Paraolimpico Internacional - IPC).
° esporte para pessoas com deficiemcia fisica, iniciou como uma tentativa de
colaborar no processo terapeutico de pessoas com algum tipo de lesao grave ou
limitar;:ao motora, e logo cresceu e ganhou muitos adeptos. Atualmente, mais do que
terapia, 0 esporte para esta popular;:ao caminha para 0 alto rendimento e 0 nivel
tecnico dos atletas tende a crescer cada vez mais.
Um ponto importante na maneira de lidar com estas pessoas e nao enxerga-
las como incapazes, e sim como portadores de alguma capacidade. Todo 0
individuo, independente do tipo de limitar;:ao, possui tambem um potencial a ser este
trabalhado, quando feito isso, sua capacidade de superar;:ao aumenta e ele
consegue atingir niveis maiores de aptidao.
No Brasil, segundo 0 Censo realizado em 2000 pelo IBGE - Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatistica - existem 24,5 milh5es de brasileiros portadores dealgum
14
tipo de deficiencia, 0 que significa que 14,5% da populac;:ao brasileira apresentam
alguma deficiencia ffsica, mental ou dificuldade para enxergar, ouvir ou locomover-
se. Lembrando que destes 14,5% de deficientes do Brasil, apenas 1,5% praticam
alguma modalidade esportiva (IBGE - Censo 2000).
2.3 FORyA
Segundo Ghorayeb e Barros (1999), a definic;:ao de forc;:a e a capacidadede
gerar tensao nos musculos esqueleticos. Para Weineck (1999), forc;:a e uma
combinac;:ao ou como uma mislura de fatores fisicos de condicionamento da
performance. De acordo com Zakharov (1991) e Manson (1996), a forc;:a muscular e
acapacidade de superar a resistencia externa e decontra-ac;:ao a esta resistencia,
pelos esforc;:os musculares. Grosser (1989), fala que a capacidade de superar
resistencia e contra resistenciapor meio da a<;:aomuscular ou grupo muscular pode
realizar contra .uma .resistencia em um esforc;:o maximo.
Para Safrit e Wood (1995), e a forc;:amaxima ou nivel,de tensao muscular que
um musculo pode produzir. Hollmann e Hettinger (1983), entendem como forc;:a
estatica empre,gada por solicitac;:ao voluntaria maxima ou dinamica. Segundo Fox
,(1991), forc;:a,muscular e definida como a tensao de um musculo ,ou que umgrupo
muscular exerce contra uma resistenciaou um esforc;:o maximo.
15
2.3.1 TIPOS DE FOR9A
Segundo Bompa (2004), a fon;:a maxima desenvolve-se pelo aumento na
carga de treinamento e no processo que estimula a capacidade contratil do musculo,
dividida em doistiposbasicos:
o Dinamica: Capac1dade de desenvolver tensao maxima no
desenvolvimento de um movimento articular;
o Estatica:Maior fon;:a que o sistema neuromuscular pode realizar p~r
contrac;:ao voluntaria.
Uma forc;:a maxima s6 ocorre quando houver equilibrio entre a carga e a "forc;:a
de contrac;:ao do musculo.
A Forc;:amaximadepende dos seguintes fatores:
o Sec;:aofisiol6gicatransversa do musculo;
o Coordenac;:ao intermuscular;
o Coordenac;:ao intramuscular.
Tipos de contrac;:ao muscular:
o Contrac;:ao isometrica: M contrac;:ao dos elementos contrateis, mas os
elasticos sao estirados. Ainda que anteriormehte seja possivel
constatar.um encurtamento.do.musculo (WEINECK, 1999);
o Contrac;:ao isot6nica: os elementoscontrateis do musculo sao
contraidos, mas os elasticos nao modificamseu comprimento.
Produzindo um encurtamento dos musculos;
o Contrac;:ao muscular autot6nica: combinac;:ao das solicitac;:6es
isometricas com a isot6nica.E a forma mais frequente nodominio
esportivo.
'[6
Tipos detrabalho muscular:
o Concemtrico: pemiite, atraves de encurtamento muscular, mover o peso
dopr6priocorpo ou -pesos _exteriores, _ou _superar resistemcias. Esta
presente na maioriadosdesenvolvimentos motoresesportivos;
o Excentrico: e caracterizado -por -um aumento -longitudinal do musculo
queproduz um efelto ativo contrario. Intervem no amortecimento de
saltos.e na pr.epara<;:ao.de movimentos;
o Isometrico: e caracterizado por uma contra<;:ao muscular que -exciui 0
encurtamento. Serve para a fixa<;:ao de -posi<;:6es do corpo ou das
extremidades;
o Combinados: _caracterizacse por .elementos _do tipoconcentrico,
excentricoou isometrico. Eo utilizado paradesenvolver a for<;:a sem
aumentar ocortetransversal;
o Isocinetico: ResistenCia diretamenteprqporcional ao desenvolvimento
da for<;:apor espa<;:o de tempo. Hesistenciaadaptadaa for<;:a muscular
utilizada;
o Pliometrico: Passagem do trabalho muscular excentrico para 0
concentrico. Estimula 0 reflexo miotatico.
2.3.2 FATORES QUE MODIFICAM A EXPRESsAo DA FORyA HUMANA
Para Katch e McArdle (1996) alguns dosfatores que influenciam na
expressao da for<;:a .humana sao modificaveis _atraves de .um programa .d.e
-treinamento contra resistencia, -.enquantooutros ·parecemnao ser -modificaveis.
17
Milner e Brown, apos testes, observaram que os aumentos na fon;:a apos 0
treinamento fisico estavam associados a niveis significativamente maiores de
sincronizayao das !,Iarias unidades motoras (197.5citado por POLLOCK e
WILMORE, 1993, p.203). Gerchman e colaboradores (1975 citado por POLLOCKe
WILMORE, 1993,p.203) identificaram um aumento 1:10 nucleolo dos neuronios
motores com 0 treinamento, fornecendo ellid€mcias morfologicas do envolvimento do
neuronio motor nasadaptayoes registr.adas com 0 tr.einamento de forya.
Assim sendo, sao as complexas integrayoes neuro-musculares que resultam
na forya, nao dependendo somente do tamanho do musculo. Para 0 aumento da
forya e importante considerar fatores neurol69icos epsicologicos .
.segundo Katche McArdle (1996)0 principal limite para o.desenvolvimento da
forya e representado por fatores anatomicos e fisiologicosdo musculo. Esses ·fatores
-podem ser mudados -atraves dotreinamento de forya.
Katch e McArdle (1996) eitam uma serie de experimentos que demonstram a
importancia dos fatores psicologicos no .aumento da fon;:a muscular, tendo os
pesquisadores sugerido que os ·fatores fisicos determinariam em ultima analise a
capacidade de um individuo desenvolver a forya muscular. -Quando se esta em um
estado alterado psicolo.gicamente (emocional, hipnotico ou dro.gado) os mecariismos
.de inibiyao neural sereduzem, possibilitando que 0 individuo aplique algo proximo
de sua capacidade maxima de forya possivelfisiologicamente.
2.4 MUSCULA9Ji.O
A musculayaoe uma atividade queconsiste .em trabalRar a musculatura
corporal, realizando exercicios contra uma resist€mcia que pode ser empregada das
18
mais variadas formas(halteres, barra longa, aparelhos,1ensores elasticos, aparelhos
de ar comprimido ou utilizando 0 peso corporal).
Segundo Tubino (1987), sao os meios de prepara'tao fisica utilizados para
desenvolver as qualidades fisicas relacionadas as estruturas musculares.
Para Lambert (1987), e 0 conjunto dos processos e meios que levam ao
aumento e ao aperfei'toamento da for'ta muscular associada ou nao a outra
qualidade fisica.
Para Godoy (1994), e a atividade fisica desenvolvida predominantemente
atraves de exercicios analiticos, utilizandouma resistencia progressivafornecidas
por recursos materiais tais como: halteres, anilhas, aglomerados, extensores,pe'tas
lastradas,.o proprio corpo elou segmentos.
De modo geral pode-se dizerque a muscula'tao auxilia 0 individuo
fisicamente, aumentando seu tonus -muscular, -velocidade de contra'tao,
coordenar;:ao, flexibilidade, aumento do tamanho do muscUlo e da for'ta do mesmo
(RODRIGUESe ROCHA, 1997).
Para Katch e McArdle(~ 996) a tecnica de -exerciciocontra resistencia
progressiva (PRE) forma a base da maioria dos programas de condicionamento de
forr;:a e treinamento muscular. 0 estudo das varia'toes do pro.grama nos faz perceber
.que: Nenhuma sequencia em particular .de treinamento de PRE com diferentes
percentuais de 10 RM e mais eficiente arao aumentoda for'tado que asoutras,
desde que uma serie de 10 RMseja realizada emcada sessao de treinamento;
Realizar uma serie de um exercicio e menos eficientepara 0 aumento da forr;:a do
que duas ou tres series e realizar tres seriese melhor que duas; 0 numero ideal de
dias de treinamento por semana com PRE e desconhecido. Para iniciantes,
19
aumentos importantes de fors;a ocorreram com treinamento entre uma e cinco 'vezes
por semana.
Para Katch e McArdle (1990), os exer.cicios fisicos pr.oduzem modificac;:oes
adequadas e de forma harmonica em todo 0 organismo (sistema nervoso e
muscular, circulac;:ao e respirac;:ao nas vias metab6Iicas). Alem de ser uma atividade
prazerosa, 0 exercicio mantem a agWdade cOrporal e exerce uma influencia
psicol6gicae social profunda, prevenindo a obesidadeeafecc;:oes.
De muitas maneiras 0 corpo humane pode ser comparado a uma maquina
que converte uma forma de energia em outra na execuc;:ao deum trabalho. -Com isto,
o funcionamento do cOrpo e mantido por um equilibrio dinamico que necessita de
atividades para funcionar normalmente. A quebra desta equilibriocausada, por
exemplo, por habitos alimentares erroneos ou pela vida ·sedentaria, pode resultarem
doenc;:as cronico-degenerativas e desordens emocionais (BARBANTI, 1990).
2.4.1 CICLOS DE TREINAMENTO
2.4.1.1 Adaptac;:ao
A fase de adaptac;:ao tem como principal objetivo, fazer com .que 0 aluno
iniciante ada pte seus tendoes musculares e ligamentos articulares a um esforc;:o
progressiv~ e constante para que possam suportar periodos mais intensos de
treinamento, alem de aprender a c~rreta execuc;:ao dos movimentos dos exercicios
da musculac;:ao.
Eo 0 iniciodo trabalho de musculac;:ao. Neste cicio procuramos adaptar 0
sistema musculo esqueletico do praticante a esforyos maisintensos, que serao
20
realizados sUbsequentemente. No cicio de adapta.9ao 'buscamos realizar a
familiariza.9ao com a ficha ou a rotina de traba:lho e com tecnicas de execu.9ao dos
.exercicios (respira.9ao, postura, amplitude, velocidade de execu.9ao), (HERNANDES
JUNIOR, 1998).
Repeti.9oes: 20 repeti.9oes
Velocidade de execu.9ao: media
Sobrecargas: leves
Series: 3 series por exercfcio
2.4.1.2 Treinode Resistemcia Muscular Localizada (RML)
Otrabalho deRML visa obter em nivelmuscular umamelhoria naresistencia,
sendo que produz uma leve hipertrofia e .grande aumerito do tonus muscular. 0 cicio
.de RML e utilizado .como prepara.9ao para .0 inicio de trabalh.os mais intensos, como
·os de for.9a e hipertrofia, (HERNANDES JUNIOR, 1998).
Repeti.9oes: 20 repeti.9oes.
Velocidade de execu9ao: media.
Sobrecargas: 50% .da capacidade maxima (CM) .ou 80% a 100% da Repeti.9ao
Maxima (RM).
Series: 3 series por exercfcio.
De acordo com Campos (2001), apesar .dos exerdci.os de forya nao utilizarem
·gordura no momenta do exercicio, ha uma grandeutiliza.9ao de lipidiosentr-e uma
serie e outra dos exercfcios, por causa da atividade aer6bia aumentada, no intuito de
~:~:.:i'~";'~~~;J~;"'~1#, \1:'
~~!<\'
recuperar os sistemas anaer6bicos depletados. Ainda, 0 metabolismo permanece
ativo por varias horas, 0 que aumenta a oxida<;ao de gorduras. Eo importante ·Iembrar
.que, em repouso, a produ<;ao energetica depende quase que exclusivamente do
sistema aer6bio e as gorduras sao a principal fontede energia nesta situa<;ao.
Segundo Wilmore e Costill (2001), estudos sustentam 0 ·uso do ireinamento
de for<;a para promover altera<;6es favoraveis do perfil Hpidico, embora os resultados
nem sempre ten ham sido consistentes de um .estudo .a .outro. Quando foram
observadas altera<;6es da concentra<;ao serica de lipideos,elas -refletiam, ·em geral,
uma diminui<;ao da rela<;ao colesterol total - HDL - colesterol, ou LDL - colesterol.O
treinamento de for<;a tambem reduz 0 risco de obesidade. ·Evidencias indicam que
um programa de treinamento de for<;a aumenta a massa isenta de gordura e diminui
a massa gorda do praticante. Alguns cientistas especulam seesse aumento ·de
massa isenta de gordura aumenta a taxa metab61ica de repouso do individuo, pois 0
musculo e mais metabolicamente ativo do que agordura, 0 que aumentaria 0 gasto
cal6rico diario.
2.4.1.3 Treino para Hipertrofia
Hipertrofia eo crescimento em volume das fibrasmusculares,o que gera .0
aumento da massa muscular, sendo um dos trabalhos mais procurados em
muscula<;ao pelo publico masculino. Devidoas suascaracteristicas de execu<;ao,a
hipertrofia deve ser restrin.gida aos atletas de fisiculturismo, e a alunos que tenham
ao menos seis meses de treinamento em muscula<;ao .e .que .s.ejam adultos, poisa
hipertrofia pode prejudicar 0 desenvolviment06sseodos adolescentes. Dentro dos
trabalhos de hipertrofia temos varios niveis de repeti<;6es esobrecargas, sendo que
22
ha pouco consenso sobre 0 protocolo mais adequado. Descrevemos os diferentes
protocolos: (HERNANDES JUNIOR, 1998).
Protocolo A: 6 a 8 repetic;:5es, velocidade lenta, 80% a 75% da carga maxima
ou 80% a 100% da repetic;:ao maxima, 3 series por exercicio:
Protocolo B: 10 a 15 repetic;:5es, velocidade lenta, 70% a 60% da carga
maxima ou 80% a 100% da repetic;:ao maxima, 3 seriespor exerc1cio.
Segundo Flecke Kraemer (1999), hipertrofia aumenta.a secc;:ao transversa do
musculo, 0 que significa 0 aumento do tamanho e no numero defilamentos de actina
e miosina e adic;:ao de sarc6meros dentro das fibras musculares existentes.
Para Ghorayeb e Barros (1999), 0 aumento da tens·ao muscular durante os
.exercicios caracteriza uma sobrecarga tensional e e diretamente proporcional aresistenciaoposta ao movimento. Ele ainda cita que 0 treinamento tipico para
aumento daforc;:a enfatiza a sobrecarga 1ensional, compouca ·enfase na sobrecarga
metab6lica.
2.4.1.4 Treino de Forc;:a
Segundo Rodrigues e "Rocha (1997), para 0 desenvolvimento da forc;:apura
deve-se utilizar de 90% a 100% da forc;:a maxima do grupo muscular a ser
desenvolvido, utilizando-se de 4 a 6 grupos musculares, tendo cada um deles ·de 1 a
4 -repetic;:5es, dependendo dopercentual de peso utilizado paraodesenvolvimento
da forc;:apura.
Eleitos produzidos por esse treinamento seapresentam .com 0 aumento da
sec;:ao transversa do musculocomo tambem 0 aumento da forc;:a dinamica, sendo
23
esse um dos melhores metodos para este desenvolvimento (RODRIGUES e
ROCHA, 1997).
Segundo Vianna (2003), a forc;:a .e 0 resultado de uma melhoriado sistema
neuro muscular. 0 aluno ganha forc;:a a partir do maior recrutamentode unidades
motoras (coordenac;:ao intra-muscular).
2 ..5 FORMAS DE AVALlA<;:AO DA FOR<;:A
2.5.'1Uma repetic;:ao maxima (1 RM)
Um metodo dinamico para determinar a iorc;:a muscular utiliza 0 metodo de
uma repetic;:ao maxima (1 RM}.lsso se refere a quantidade maxima de .peso
levantado uma unica vez de formacorreta durante .a execuc;:ao de um .exercicio
padronizado de levantamento de peso. Para testar 1 RM de determinado grupo
muscular, e escolhido um peso inicial aproximado proximo porem abaixo da
capacidade maxima de levantamento do ·individuo. Se foi completada uma repetic;:ao,
acrescenta-se mais peso ao dispositivodo .exercicio, ate ser alcanc;:ada a capacidade
maxima de levantamento. Dependendo dogrupo muscular avaliado, os aumentos de
peso variam habitualmente entre 1 e5 Kg. Intervalos de repouso apropriados que
osc1lam de 1 a 5 minutos costumam ser suficientes antes de tentar um levantamento
com a proxima carga.
Considerando-se que pode ·ser ·indesejavel ou pouco pratico realizar uma
mensurac;:ao real de 1RM com certas populac;:5es, iais como pre-adolescentes,
idosos, hipertensos ou pacientes cardiacos, a 1 RMpode ser estimada atraves de
.umesforc;:o sub-maximo, utilizando"se .de equac;:5es tanto para individuos treinados
24
como paraindividuos destreinados. Em geral, 0 peso que pode serlevantado para
um valor de7 a 10 RM, representa cerca de 68% do escore de 1'RM para apessoa
.destreinada e apr.oximadamente 79% do novo .escore de 1RM .ap6s 0 treinamento,
(McARDLE, 1998).
Destreinados:
1 RM, kg = 1,554*(7 a 10 RM de peso, kg) - 5,181
Treinados:
1RM,kg = 1,172*(7 a 10RM de peso, kg) + 7,704
2.5.2 Teste da repetigao maxima
o teste de repetigao maxima e 0 mais indicado a elaboragao dos protocolos
'de treinamento dos diferentes -tipos de musculagao (esportivaou 'para fins desaude,
esteticos ou fitness). Em ambos os casos e necessario um .periodo de ada,ptas;ao
.antes de realizarmos D teste. No teste por repeti<;:ao, iremos determinara maxima
·cargaque e possivel para ·realizar um exercicio em urn numero ·estipulado de
repeti<;:6es, (HERNANDES JUNIOR, 1998).
A carga utilizada para 0 inicio do teste e geralmente superior aquela utilizada
no .periodo de .adapta<;:ao, .sendo .que devemos indagar as .sensa<;:6es subjetivas dos
alunos nos difeHmtes exercicios e, atraves desse -relato, estipulamos acarga para 0
inicio do -teste. Ou seja, em exercicios que oaluno responda, e em que encontrar
.grande facilidade na execu<;:ao dos mesmos durante a adaptas;ao, devemosiniciar
com uma carga maior que nos exercicios Dnde 0 atuno encontra maior dificuldade.
-Para aexecu<;:ao do teste 0 aluno deve realizar um minimode 15 minutos de
aquecimento e 5 minutos de aiongamento, sendo priorizadas nos alongamentos as
25
musculaturas que serao envolvidas naquela sessao de teste. Executamos entao seis
tentativas para a aferi9ao de repeti9ao maxima, pois 0 teste n'ao tem validade ap6s a
sexta tentativa, sendo necessario um grau de experiemcia razoavel do professor para
que a carga seja atingida, preferencialmente antes dasexta tentativa. Entrecada
tentativa deve-se obedecer a um intervalo de 3 a '5 minutos, para que as reservas
energeticas se]am totalmente ressintetizadas, (HERNANDES JUNIOR, 1998).
o teste de repeti9ao maxima e 0 protocolo mais indicado para a prescri9ao de
cargas, pois, atraves dele, determinamos diretamente a carga necessaFia para a
execu9ao do maximo do numero estipulado de repeti90es, 0 que nao acorre no teste
de Car9a Maxima, em que as cargas de trabalho serno determinadas indiretamente
atraves de tabelas, onde os percentuais a .serem utilizados da carga maxima, para
asdiferentes repeti90es, diferem entre diversos pesquisadores. Outro fator relevante
e que, estudos tem mostrado queindividuos, realizando oteste derepeti9ao maxima
com 80% da carga maxima, obtem resultados que variam de 3 a 20 r~peti90es,
executadas com .ess.epercentual da carga maxima.
Isto em parte deriva das diferentes constitui90eS musculares quanto aos
percentuais de diferentes tipos de fibras, pois, quando testamos a carga maxima,
obtemos preferencialmente a participa9ao das fibras brancas anaer6bicas e
elasticas, e caso executemos um trabalho com maior numero de repeti90es, estas
fibras nao iraQ contribuir de maneira muito significativa para esse esfor90
prolong ado. Torna"se evidente um principio do treinamento conhecido como
especificidade, ou seja, 0 teste de carga maxima e especffico 'para determinar a
for9a muscular em .uma repeti9ao, nao servindo assim .de parametro confiavel para a
-execu9ao de mais repeti90es, sendo esta distor9aomaior, quando maior 0 numero
de repeti90es queiremos empregar. Estes resultados demonstram as restri90es da
26
utilizayao da carga maxima para 0 calculo das sobrecargas de trabalho, sendo
recomendada a utilizayao do teste de repetiyao maxima, devido a sua maior
especificidade, (HERNANDES JUNIOR, 1998).
27
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Essetrabalho 'se caracteriza comosendo pesquisa do tipo estudo de caso,
com caracterfsticas de quase experimental, no qual se utiliza de umindiVfduo (ou
instituic;:ao, ou comunidade) para fornecer informac;:6es .detalhadasdesse. Tem como
objetivo determinar caracterfsticas unicas ·sobre 0 sujeito ou sua condic;:ao (THOMAS
e NELSON, 2002).
3.2 POPULA<;:AO E AMOSTRA
3.2.1 Populac;:ao
A populac;:ao para a qual este trabalho e destinado caracteriza-se por
praticantes de musculac;:ao com Sfndrome de Down deuma academia de Curitiba de
porte medio.
3.2.2 Amostra
A amostra desse trabalho foi composta por um aluno, com 18 anos de idade,
do sexo masculino,esccilhido de forma vciluntaria, sendo esse 0 unico praticante de
musculac;:ao nessa academia com Sfndrome de Down.
28
3.3 INSTRUMENTO
.0 instrumento desse trabalho comp6e-se das fichas de avaliayao de forya da
academia utilizando oscriterios de BOMPA (2004), para observayao da evoluyao·da
mesma.
3.4 COLETA DE DAD.oS
Os dados foram coletados pelo pesquisador no periodo compreendido entre
21 de agosto de 2006 e 13 de novembro de 2006, na academia em que 0 aluno
praticava, na cidade de Curitiba/PR Foi feito um periodo de adaptayao
neuromuscular de tres semanas, com tres series de vinterepetiy6es e, logo ap6s
esse periodo, foi avaliada a forya doaluno com um -teste de 7a 10 RM . Entao, foi
aplicado no aluno um treino de forya que consistia entre 7 e 10 repetic;:6es, variando
a cad a 4 semanas de treino, pelo periodo de doze semanas. Ap6s .as doze semanas
·foi re-aplicado 0 teste de 7 as 10 RM e comparadocom 0 resultadodo primeiro
teste.
3.5 ANALISE DOS DAD.oS
Para realizar'a -analise dos dados, os resultados obtidos -foram organizados
em tabelas e grafico, comparando 0 inicio do trabalho e seu termino e, por fim, a
analise dos dad os.
29
4 APRESENTA~Ao E DISCUssAo DOS RESULTACOS
Quadw 1 - Dados a avaliacaodaorcadopnmelro teste:EXERCICIO CARGAEM Kg REPETI!;OES CARGA ESTIMADA
PARA1RM
.Leg PressA5" 80 Kg 8 99 Kg
·SupinoReto 30 Kg 8 37 Kg
Remada Haixa 37 Kg 8 46 Kg
Flexor 20 Kg 10 27 Kg
- -
d
Peso levantado pelo aluno, numerode repetl<;:oes e ·carga ·estlmadapara uma repetl<;:aomaxima pelo 1" teste, realizado ap6s a fase de adapta<;:ao do individuo.
Q d 2 Od d d f d d tua ro - a os a avalacao e orca o segun .0 este:EXERCICIO CARGAEM Kg REPETIC;:OES CARGA ES"J"IMADA
·PARA 1 RM
Leg Press 4.5" 140 Kg 8 174 Kg
Supin~ Reto 42 Kg 8 52 Kg
Hemada Baixa 44 Kg 9 57 Kg
Flexor 30 Kg 9 39 Kg
- -.Peso levantado pelo aluno, numero de repelt<;:oes e carga estlmada para .uma repetl<;:aomaxima no 2" teste, realizado ap6s 0 periodo de 12 ·semanas de treino.
Grafico 1 - comp.ara~ao dos resultados pre e pas teste:
~ 150
.~ 100co
.~
(3 50
0
Alteracoes na forca a.p6s 12 semanas de tniino
.LegPress SupinoReto Remada45" Baixa
Exercicio/Aparelho
Flexor
Aumento de for<;:adoindividuo com Sind rome ·de Down apes treino ·por 12 semanas (Serie 1-
·primeira aferi<;:aode·carga;serie 2- segunda aferi<;:aodecarga).
30
TABELA 1 - RESUL TADO DOS TESTES DE REPETlgAO MAXIMA.
EXERCICIO/APARELHO
GARGA ESTIMADA PARA 1 RM' ALTERAyL>ES NA1°TESTE 2° TESTE FOR<;A (%)
Leg Press 45°Supin~ reto
Remada baixaFlexor
99 Kg 174 Kg 75,76%37 Kg 52 Kg 67,57%46 Kg 57 Kg 23,91 %27 Kg 39 Kg 44,44%
Nos quadros 1 e 2, a carga em Kg foi 0 iotalem '!uilogramas que oaluno
conseguiu utilizar para realizac;:ao dos exercicios, 0 numero de repetic;:oes foram
quantas vezes 0 .aluno conseguiu repetir 0 exercLcio .de maneira c~rreta e a carga
estimada em Kg seria a carga maxima com a qual aluno conseguiria realizar uma
(mica repetic;:ao c~rreta do exercicio, sem quefosse possivel realizar outra repetic;:ao
completa. A cargafoi estimada por ser um teste que nao esp5em 0 aluno a riscos de
saude, nao sendo indicado 0 teste de 1 reetiao maxima.
Observa-se que a diferenc;:a entre 0 primeiroeo segundo teste de repetic;:ao
maxima confirma umaumento da forc;:a muscular dosgrupos musculares testados,
ap6s 0 treino muscular de 12 semanas, promovendo, como consequencia, a melhora
da aquisic;:ao motora para pratica dos exercicios resistidos.
o principal ~esponsavel pelo aumentodafo~c;:adeum iniciante ·em
musculac;:ao e 0 maior recrutamento de unidades motoras para as ac;:oes musculares.
Tendo esse melhor aproveitamento por parte das unidades motoras fica reduzida a
.questao da hipotonicidade.
31
5CONCLUSAO
Pode ser observado e confirmado, apesar de nao ser estatisticamente
confirmado, que 0 tn~ino de musculac;:ao aplicado no individuo com Sind rome de
Down, provocou resultados positiv~s em relac;:aoaoaumentoda forc;:adesse
-individuo,uma -vez -que as -valoresdasegunda avaliac;:ao de forc;:a(apos -treino par 12
semanas) sao significativamente mais altos que as da :primeira avalias:ao_
Outro dado interessante foi a melhora na coordenac;:ao motora geral do
-individuo e melhora _na-percepc;:ao do -proprio corpo . .Apos -urn tempo carrig indo as
movimentos, a aluno comec;:ou a perceber os errose jil sabia a que tinha feito de
errado, apenas avisando que jil sabia a que tinha errado.
Eo lmportantelembrar que, antes de iniciar 0 treinamento de musculac;:ao, a
_aluno em questao nao .praticava nenhumaoutra atividade fisica programada a quatro
anos, tendo feito natac;:ao em clinica especializadaem individuos -especiais quando
ate ao quatorze anos de idade, send a que praticava natac;:ao desde as dez an as e
que possuia atestado medico para pratica de musculac;:ao.
Portadores da Sindrome de Down podem, seestimulados, terumaqualidade
de vida muito melhor que no passado. Podem fazer, inclusive, atividade f1sica mais
iorc;:ada, desde que orientados porprofissionais especializados elou bem informados
sabre as Iimitac;:5es e _pOSSibilidades de _progresso para cada caso.
o resultado _desse trabalho diz questao a um casoespecifico de treinamento
resistido com um unico individuo com Sindrome de Down -e-tendo -side -feita apenas a
avaliac;:ao da forc;:a. Seria interessante conseguiruma quantidade maior de
portadores da Sind rome de Down para iniciar 0 treino e comparar os resultados com
_alunos -iniciantesnao~portadores da Sindrome de Down.
32
REFERENCIAS:
BARBANTI, V.J Aptidao Fisica: um convite a saude. Sao Paulo: Manole, 1990.
HOMPA, T. O. Treinamento de potencia para 0 esporte. Sao Pal.llo: Phorte, 2004.
FLECK, S. J & KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de forr;a muscular.Porto Alegre: Artes Medicas, 1999.
FOX, E. L; BOWERS, R. W & FOSS, M. L. Bases fisiol6gicas da Educar;ao Ffsoca edos desportos. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
GALLAGHER, K. Educar;ao da crianr;a excepcional. Sao Paulo: Manole, 1990.
GHORAYEB, N & BARROS, T. 0 exercicio: preparagao fisiol6gica, avaliagaomedica, aspectos especiais e preventivos. Sao Paulo: Atheneu, 1999.
GODOY, E. S. Muscular;ao: Fitness. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.
HERNANDES JUNIOR, B. D. O. Treinamento Desportivo. 2. ed. -Rio de Janeiro:Sprint, 2002.
HIST6RICO das paraolimpiadas. Disponivel em http://www.cpb.org.brlparaolimpiadalinteqra.asp . Acesso em: 22 mar. 2007.
HOLLMANN, W & HETTINGER, T. Medicina do esporte:fundamentos anatomicosfisiol6gicos para B praticaesportiva. 4. ed. Sao Paulo: Manole, 20.0.5.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA- IBGE. Censo do anode 2000. Disponivel em:http://www.ibge.gov.brlhomelestatisticalpopulacaoldefault censo 2000.shtmAcessado em: 21 mar. 2007.
JOGOS paraolimpicos. Disponivel em:http://www.paralympic.org/releaseIMain Sections MenulParalympic GameslAcesso em: 22 mar. 2007.
KATCH, F.I & McARDLE, w.o. Nutrir;ao Contrale de peso e exercicio. 3ed. Rio deJaneiro: Medsi, 1990.
KISNER, C & KOLBY, L. Exercicios Terapeuticos: Fundamentos e tecnicas. 2 ed.Sao Paulo: Manole, 1998.
LOPES, S. Bio I. 14 ed. Sao Paulo: Saraiva, 1995.
MANTOAN, M. T. E. Essas crianr;as tao especiais ... Brasilia: Carde, 1993.
MINISTERIO DA SAUDE. 0 que e Sfndrome de Down? Brasilia: MEC, 2005.
33
MOREIRA, L. M; EL-HANI, C. N & GUSMAo,F. A. A Sfndrome de Down e suapatog{mese: considerac;:5es sobre 0 determinismo genetico. Revista Brasileira dePsiquiatria. Sao Paulo, v.22, n.2, p 25-29, junho, 2000.
MUSTACCHI, Z & ROZONE, G. Sfndrome de Down: Aspectos clinicos eodontol6gicos. Sao Paulo: Cid, 1990.
POLLOCK, M. L & WILMORE, J. H. Exercicios na saude e na doeng8. 2 ed. Rio deJaneiro: Medsi, 1993.
PUESCHEL, S; et al Sindrome de Down: guia para pais e educadores. Campinas:Papirus, 1993.
RODRIGUES, C. E. C & ROCHA, P. E. C. P. Musculagao: teo ria e pratica, 23 ed. 4rev. Rio de Janeiro: SPRINT,1997.
ROSADAS, S. de C. Educagao Fisica para deficientes. 2 ed. Rio de Janeiro:Atheneu, 1986.
ROWLAND, L. P. Tratado de Neurologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1995.
SANVITO, W. L. Sindromes neurol6gicas. 2ed. Sao Paulo: Atheneu, 1997.
SOUZA, P. A. 0 Esporte na Paraplegia e Tetraplegia. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 1994.
TELFORD, C. W & SAWRY, J. M. 0 indivfduo excepcional. Rio de Janeiro: Zahar,1984.
THOMAS, J. R & NELSON, J. K. Metodos de pesquisaem atividade fisica. 3 ed.Porto Alegre: Artmed, 2002.
TUBINO, M. J. G. Metodologia cientifica do treinamentodesportivo. 3 ed. Sao Paulo:Ibrasa, 1984 .
.UMPHERED, D. A & McCORMACK, G. L. Fisioterapia neurol6gica. Sao Paulo:Manole, 1994.
VIANNA, J. M. MuscuJagao: Conceitos. D.isponivel emhttp://www.saudeemmovimento.com.brlconteudos/conteudo frame. asp ?cod noticia=670>. Acesso em: 20 mar. 2007.
WATSON, A. W. S. Aptidao fisica e desempenho at/etico. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 1986.
WEINECK, J. treinamento ideal. 9 ed. Sao Paulo: Manole, 1999.
WILMORE, J. H & COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercfcio. 2 ed. SaoPaulo: Manole, 2001.
34
ZAKHAROV, A. Ci{mcia do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Palestra, 1992.