Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento
Transcript of Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL
Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento
Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no
Assentamento Chico Mendes III
Recife -PE
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL
Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no
Assentamento Chico Mendes III
Monografia apresentada ao Departamento
de Ciência Florestal da UFRPE, como
parte das exigências para obtenção do
Título de Engenharia Florestal.
Orientador: Prof. Dr. Tadeu Jankovski
Recife - PE
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL
Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento
Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no
Assentamento Chico Mendes III
Monografia submetida ao Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal
Rural de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de
Engenharia Florestal.
Data de Aprovação: ________ de ______________________ de 2017.
____________________________________________
Orientador
Prof° Tadeu Jankovski
UFRPE/DCFL
___________________________________________
Membro da Banca Examinadora
Prof° Jorge Luiz Schirmer De Mattos
UFRPE/DED
___________________________________________
Membro da Banca Examinadora
Prof° Rafael Leite Braz
UFRPE/DCFL
Dedico este trabalho a todas as pessoas que contribuíram para que pudesse chegar
ao final de mais uma jornada, em especial minha família e amigos que me apoiaram e
sempre me deram força para nunca desistir.
“Seu trabalho vai preencher boa parte da sua vida e a
única maneira de ser verdadeiramente satisfeito é fazer o
que acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de
fazer um ótimo trabalho é amar o que você faz. ”
Steve Jobs.
Agradecimentos
Primeiramente, a Deus que sempre me abençoou, ajudando-me a passar pelas
dificuldades e dando-me sabedoria necessária para concluir esta etapa da minha vida.
À minha namorada Alexandra, que me guiou para vida acadêmica, pensando no
melhor para mim.
À minha mãe Maria José e meu pai Antônio Soares, e ao meu grande Avô José
Damião “ Sr. Bilá” que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram em meus estudos.
Agradeço aos demais familiares e amigos por terem me motivado nesse longo
caminho.
Aos “Xepeiros” (residentes casa 02), minha segunda família pelo apoio,
brincadeiras, lições... Enfim, todos os momentos de fraternidade dentro da casa n°2.
“Uma vez Xepeiro, sempre Xepeiro!”.
Ao Professor Tadeu Jankoviski pela orientação, paciência, apoio e confiança.
Ao professor Jorge Mattos por me permitir e ajudar a realizar a minha pesquisa no
assentamento Chico Mendes III.
À dona Leni e sr. Daniel por me receberem em seu lar e com toda paciência, simpatia,
alegria, de braços abertos e plena contribuição ao meu trabalho.
A todos os professores que contribuíram com a minha formação nesses anos de
jornada e me proporcionaram um ótimo aprendizado, tanto profissional quanto para a vida.
Por que melhor é sabedoria do que as riquezas de mais subido
valor; e tudo quanto é apetecível com ela se não pode comparar.
Provérbios 8, 11
Resumo
O desenvolvimento rural sustentável deve ser preocupação de toda a sociedade tendo em
vista o explicito cenário desgastante que os sistemas modernos de produção disseminam,
deixando vestígios de sua insustentabilidade por uma agricultura enraizada e difundida
de forma unilateral privilegiando o agronegócio. Em consequência disso, a agricultura
camponesa passa por um processo de empobrecimento sistemático, com diminuição de
propriedades rurais, aumento de degradação do ambiente e com a produção de alimentos
estagnada. Na busca por abordar a importância de sistemas agroflorestais, o presente
trabalho procura indagar sobre as potencialidades dessa prática que tem como sustentação
os princípios agroecológicos, capaz de promover o desenvolvimento agrícola e diminuir
o êxodo rural ao mesmo tempo que contribui para conservação e preservação ambiental.
O trabalho foi desenvolvido na propriedade de Dona Leni da Silva e Sr. Daniel Pedro no
Assentamento Chico Mendes III, sendo realizadas visitas de campo com caminhadas
transversais para coleta de dados, assim como entrevistas semiestruturadas, anotações e
registros geográficos e fotográficos. Os resultados obtidos apontaram que os sistemas
agroflorestais são ecológica e economicamente viáveis, desde de que a implantação seja
pensada de acordo com as necessidades de quem o deseja, respeitando as limitações da
área e que este o maneje corretamente.
Palavras-chave: Sistema Agroflorestal; Quintal Agroflorestal; Desenvolvimento
Sustentável.
Abstract
The Sustainable rural development must be a concern for the whole of society in
view of the explicit depleting scenario that modern production systems disseminate,
leaving traces of its unsustainability for a rooted and unilaterally spread agriculture
privileging agribusiness. As a result, peasant agriculture is undergoing a process of
systematic impoverishment, with diminishing rural properties, increasing environmental
degradation and stagnant food production. In the search to address the importance of
agroforestry systems, the present work seeks to investigate the potential of this practice
based on agroecological principles, capable of promoting agricultural development and
reducing rural exodus while contributing to conservation and environmental preservation.
The work was carried out on the property of Dona Leni da Silva and Mr. Daniel Pedro in
the Chico Mendes III settlement. Field visits were carried out with transversal walks for
data collection, as well as semi-structured interviews, annotations and geographical and
photographic records. The results showed that agroforestry systems are ecologically and
economically feasible, since the implantation is thought according to the needs of those
who want it, respecting the limitations of the area and that it handles it correctly.
Keywords: Agroforestry System; Agroforestry Backyard; Sustainable Development.
Lista de figuras
Figura 1: Mapa de localização do Assentamento Chico Mendes III. ............................ 35
Figura 2: Delineamento da área do Lote 14 (quintal agroflorestal). ............................. 35
Figura 3: Delineamento da área do Lote 24 (Sistema agroflorestal) próximo ao afluente
do Rio Tapacurá.............................................................................................................. 36
Figura 4: Criação de animais para complementação da renda no lote 14: Aprisco com
cabra e bodes.. ................................................................................................................ 42
Figura 5: Composição do quintal agroflorestal de acordo com o grupo de espécies em
(%).. ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 6: Mudas de banana (Musa sp.) prontas para plantio, produzidas no quintal
agroflorestal.. .................................................................................................................. 49
Figura 7: Dona Leni com Jerimum (Curcubita sp.) de 36kg obtido em seu quintal
agroflorestal.. .................................................................................................................. 50
Figura 8: Percentual de espécies de acordo com a finalidade no quintal agroflorestal.. 51
Figura 9: Percentual dos diferentes tipos de estratos em 2010 (A), ano de implantação;
e 2017 (B), ano de levantamento.. .................................................................................. 56
Figura 10: (A) Percentual de frutíferas em 7 anos. (B) Número de espécies no SAF em
2010 e 2017, de acordo com a funcionalidade. (C) e (D) Percentual de espécies no SAF
em 2010 e 2017 respectivamente, de acordo com a funcionalidade. ............................. 56
Figura 11: Corredor feito com sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), inicialmente
utilizado para adubação verde, mas que fugiu ao controle de crescimento, necessitando
de poda de rebaixamento para reduzir o sombreamento às culturas. ............................. 57
Figura 12: Prática de cobertura morta no solo em plantio de batata-doce (Ipomea
batatas L). ....................................................................................................................... 59
Figura 13: Pés de macaxeira e milho em declive em terra nua com solo compactado,
com presença de cajueiro (no meio) e bananeiras (ao fundo). ....................................... 59
Figura 14: Colheita de limão taiti no Sistema Agroflorestal. ........................................ 60
Figura 15: “Covas” para plantação de macaxeira em terreno íngreme juntamente com
leirões de hortaliças em consórcio com bananas.. .......................................................... 61
Figura 16: Espécies frutíferas (caju, banana, laranja, manga), medicinais (babosa, canto
direito) e ornamentais (pião-roxo, lado esquerdo) compondo o Quintal Agroflorestal.. 62
Lista de Quadros
Quadro 1- Espécies levantadas no quintal agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro
de Souza (Lote 14) no Assentamento Chico Mendes III.de Souza (Lote 14)....................44
Quadro 2-Espécies constantes do projeto e implantação do sistema agroflorestal de Leni
da Silva e Daniel Pedro de Souza, lote 24 do Assentamento Chico Mendes III, em 2010
........................................................................................................................................ 52
Quadro 3- Espécies levantadas no sistema agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro
de Souza (Lote 24) do Assentamento Chico Mendes III, em 2017, sete anos após
implantação. .................................................................................................................... 53
Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 13
2.1. Desenvolvimento Agrícola Brasileiro: início da agricultura convencional .......... 13
2.2. Problemas sociais da agricultura convencional ...................................................... 15
2.3. Desenvolvimento Rural Sustentável ........................................................................ 17
2.4. Sistemas Agroflorestais (SAFs) ................................................................................ 21
2.5. Vantagens e Limitações dos SAFs ............................................................................ 23
2.6. Classificação dos sistemas agroflorestais ................................................................ 25
2.7. Sistemas agroflorestais em regiões tropicais úmidas ............................................. 28
3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 34
3.1. Área de estudo ........................................................................................................... 34
3.2. Levantamento de dados ............................................................................................ 36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 39
4.1. Caracterização histórica da propriedade ................................................................ 39
4.2. Caracterização econômica dos agricultores ............................................................ 41
4.3. Caracterização produtiva da propriedade .............................................................. 42
4.3.1. Produção no Quintal Agroflorestal. ................................................................... 42
4.3.2. Produção no Sistema Agroflorestal ..................................................................... 51
4.3.3. Tratos culturais: Quintal Agroflorestal e Sistema Agroflorestal ......................... 58
4.4. Limitações dos agricultores e da propriedade ........................................................ 61
4.5. Perspectivas futuras .................................................................................................. 63
4.6. Recomendações quanto ao manejo .......................................................................... 63
4.6.1. Manejo de solo .................................................................................................... 64
4.6.2. Manejo da agrofloresta ........................................................................................ 64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 67
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 69
7. ANEXO .............................................................................................................................. 77
11
1. INTRODUÇÃO
Com o advento de novas tecnologias para o cultivo no campo afim de favorecer o
desenvolvimento rural que adotou como base produtiva a monocultura, sendo esta vista
como principal fonte de alimento e lucro, acabou se destacando o agronegócio e a
exportação. Nessa perspectiva, o modelo convencional de produção do campo não
considerou as questões ambientais, consumando a degradação dos recursos naturais por
meio do desmatamento desenfreado para abertura de áreas de produção em grande escala.
Frente a esses problemas de insustentabilidade, deve-se pensar em alternativas eficientes
na geração de alimentos de qualidade, e que ao mesmo tempo, favoreçam a segurança
alimentar, o que beneficia tanto à sociedade quanto o ambiente.
Associado aos conhecimentos tradicionais passados por gerações e
conhecimentos técnicos repassados por profissionais da área, bebendo da fonte da
agroecologia e pondo em prática em suas propriedades sob uma ótica sustentável, os
agricultores podem ter autossuficiência econômica e alimentar na própria unidade
familiar.
Para Gaboardi Junior (2013), a agricultura familiar tem papel importante como
fonte principal de abastecimento do mercado interno. Cerca de 70% dos alimentos na
mesa dos brasileiros. A agricultura familiar se destaca pela sua variedade e qualidade,
tendo grande importância para a soberania alimentar do país e do mundo.
É interessante o uso de tecnologias de baixo custo, principalmente para pequenos
agricultores, havendo a participação ativa desses atores levando em consideração seu
conhecimento tradicional associado ao conhecimento técnico que viabilizem a
recuperação e manutenção de suas áreas, consequência da má utilização do solo e demais
recursos, ao mesmo tempo o agricultor terá retorno na forma de produtos exploráveis e
serviços.
Dessa forma, destacam-se os sistemas agroflorestais que permitem a flexibilidade
de aproveitamento das áreas rurais, sendo compostos por espécies arbóreas e/ou
arbustivas com espécies agrícolas e/ou animais, de forma sequencial ou simultaneamente.
Esse sistema adota uma nova concepção de produção de alimentos, impulsionando
a conservação ou recuperação da natureza, pois abandona a ideia de remoção da
vegetação nativa para plantio em larga escala, buscando a sustentabilidade e levando em
consideração as relações ecológicas dos seres vivos criando um sistema biodinâmico.
12
Como qualquer sistema produtivo, existem desvantagens, a exemplo, o difícil
manejo devido a conhecimento limitado destas técnicas pelos agricultores. Contudo,
estudos apontam que são notáveis às vantagens desse sistema, mostrando que seus
benefícios superam suas desvantagens (NARDELE & CONDE, s.d.).
Na agrossilvicultura são bastante funcionais os quintais agroflorestais, terrenos
vizinhos às residências, cultivados pela família compostos por uma diversidade de
espécies, principalmente frutíferas consorciadas com agrícolas, para suprir as diversas
necessidades da família, oferecendo múltiplos produtos e serviços, o que contribui para
diminuição dos gastos da família. Nestes casos é explícita a eficiência do uso da terra por
meio dos quintais, os quais incorporam uma diversificação de espécies, que em alguns
casos, se assemelham ao processo de sucessão (GAZEL FILHO, 2008; PEREIRA &
FIGUEIREDO NETO, 2015; PEREIRA et al., 2010).
É importante observar que para melhor aproveitamento e rápido retorno de
produtos, o agroecossitema deve ser planejado de forma que no seu primeiro ano de
implantação já promova colheita, e que isso se mantenha ao longo do tempo em diferentes
épocas. De acordo com Almeida et al. (2006) para implantação de um sistema
agroflorestal viável, deve-se levar em consideração aspectos naturais e sociais da área,
ou seja, realizar um diagnóstico detalhado caracterizando o agricultor e sua parcela, afim
de auxiliar no planejamento do sistema.
Santos e Paiva (2002) ao citarem Almeida et al. (1995) e Santos (2000) afirmaram
que sistemas agroflorestais são vistos como forma promissora quanto a escassez de
alimento, degradação ambiental e baixa produtividade para propriedades rurais de países
em desenvolvimento. Resumidamente, o sistema agroflorestal tem grande potencial de
promover o desenvolvimento agrícola para a produção e geração de renda, sendo capaz
de manter o homem no campo e, ao mesmo tempo, contribuir para conservação e
preservação ambiental, além de poder ser alternativa de restauração de ambientes
antropizados.
Dessa forma, o presente trabalho objetiva, por meio de um estudo de caso, avaliar
um agroecossistema composto por quintal e sistemas agroflorestal de agricultores
familiares no Assentamento Chico Mendes III, mais especificamente, apresentar uma
unidade familiar, de modo a observar os resultados obtidos desde a implantação do
agroecossitema até o presente momento, procurando diagnosticar seu desenvolvimento e
dificuldades encontradas ao longo do tempo, a fim de contribuir com a otimização do
trabalho.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Desenvolvimento Agrícola Brasileiro: início da agricultura convencional
Inicialmente, no Brasil já existia agricultura, a qual era exercida pelos índios para
sua alimentação. Ou seja, bem antes da chegada dos colonizadores europeus no século
XVI, os quais iniciaram o processo de exploração do pau-brasil, degradação ambiental
nas zonas litorâneas, implantação de monoculturas, principalmente cana-de-açúcar, e a
pecuária extensiva (VASCONCELOS, 2007 apud STEUER, 2014).
Um novo modelo de agricultura veio a se desenvolver a partir da primeira
revolução agrícola, a qual aconteceu entre os séculos XVIII e XIX, na Europa. Este
modelo se utilizava da rotação de culturas e da utilização do esterco animal como
fertilizante, aproximando a agricultura e a pecuária (ROCHA, 2006).
Conhecido como Norfolk, esse sistema usava as leis da natureza para superar as
limitações inerentes à atividade agrícola, que por meio da interação da produção vegetal
e animal, favoreceu o aumento do número de animais, solos mais férteis e o aumento da
diversidade de culturas. Esse modelo, entretanto, não conseguiu acompanhar o
crescimento populacional e começou a apresentar limitações (OLIVEIRA, 2010;
AQUINO & ASSIS, 2006). Ehlers (1996) apud Rocha (2006) aponta três fatores
principais que acarretaram seu fracasso:
“[...] a) a diminuição do pousio das rotações e o aumento da produção exigiam
mais fertilização dos solos; b) a mão-de-obra e o tempo gastos com a
fertilização orgânica eram excessivamente grandes; c) a manutenção de terras
com plantas forrageiras restringia a expansão do cultivo de grãos, que eram
produtos mais rentáveis e com uma maior demanda de mercado. ” (Ehlers,
1996 apud Rocha, 2006, p.21)
O discurso de que o aumento da produção de alimentos seria a solução para o
problema da fome no mundo, e que até hoje vem sendo aceito; foi a razão principal para
que houvesse a implantação do novo padrão agrário, adotando-se o modelo tecnológico
e difusionista, promovendo a ideia de “modernização agrícola”.
Surge então a segunda revolução agrícola que ocorreu partir do conhecimento da
química agrícola no século XIX, a chamada Revolução Verde. Justus von Liebig (1803-
14
1873), químico alemão foi o precursor, juntamente com o agrônomo francês Jean-
Baptiste Boussingault (1802-1887) (OLIVEIRA, 2010).
Por meio de seus estudos, Liebig defendeu que para o aumento do incremento
produtivo, a planta dependeria de certa quantidade de substâncias químicas no solo. Para
que a planta desse reposta de crescimento, teria que haver uma quantidade mínima
disponível de cada elemento químico, em contrapartida, na ausência ou quantidades
inferiores as necessitadas pela planta, afetaria seu crescimento. Esta teoria desprezava a
importância da matéria orgânica, ficando conhecida como Lei do Mínimo. Liebig
descreveu a formulação do NPK, dando início a era dos fertilizantes sintéticos,
agrotóxicos, drogas veterinárias e maquinário pesado na agricultura, impulsionando a
agroindústria. Houve então a separação da produção agrícola e animal e a substituição do
antigo sistema rotacional (EHLERS, 1996 apud ROCHA, 2006).
O melhoramento genético também foi explorado no período da Revolução Verde,
a partir dos estudos do monge austríaco Johann Gregor Mendel (1822-1884), com a
seleção e produção de sementes melhoradas, as sementes híbridas.
A partir daí, iniciada na década de 1960 e que se intensificou em 1970, o processo
de desmatamento e agressões à natureza no Brasil pelo processo de modernização
agrícola, denominada agricultura convencional, principal responsável por vários
problemas ecológicos (AQUINO & ASSIS, 2006).
Atrelado ao capitalismo, este modelo agrícola era voltado para o aumento de
produtividade a curto prazo, diminuindo os riscos e criando, artificialmente, condições
naturais necessárias ao bom desenvolvimento das culturas para a maximização da
produção. Além disso, a modernização favoreceu, de forma unilateral, o grande
latifúndio, detentores de grande capital e capazes de comprar equipamentos e insumos
agroindustriais, os quais, eram encontrados com facilidade devido às indústrias já
instaladas no país. Dessa forma, esse processo gerou um desenvolvimento agrícola
heterogêneo e excludente (AGRA & SANTOS, 2017).
Para Bonilla (1992), a agricultura dita “moderna” se baseou na intensa
mecanização reduzindo ao mínimo a mão-de-obra; uso intensivo de insumos sintéticos
para desenvolvimento das culturas (fertilizantes químicos) e sua proteção (herbicidas,
fungicidas etc.) e concentração de capital e recursos físicos com adesão do regime de
monoculturas.
Aquino e Assis (2006) afirmam que o processo de modernização agrícola deixou
de fora o agricultor e o ambiente, partes principais do processo, consequentemente, o
15
surgimento de problemas sociais e ambientais. A partir desse processo gerou-se a
dualidade de produção, a convencional, excludente e parcial; e a tradicional, discriminada
sendo dita de baixa produção e sofrendo marginalização. A incorporação dos pacotes
tecnológicos na agricultura ocorreu universalmente e a maximização da produção em
pouco tempo era o principal objetivo.
Pensar na questão da fome mundial era apenas um falso discurso para camuflar os
reais propósitos, como alega Bonilla (1992) ao expor dados do IBGE relacionados a
quantidade produtiva de diversas culturas no país nos anos de 1936-1980. Constatando,
já naquela época que o feijão, principal fonte de proteína do consumidor popular, caiu
300 Kg/ha (800 para 500 Kg/ha); enquanto que a cana-de açúcar subiu de 35 para 54
toneladas, o que comprova o fato que o próprio autor denota, se tratar de uma
maximização de lucro e produção com fins econômicos, pautados numa visão capitalista.
Existia a prioridade em desenvolver culturas de exportação como cana-de-açúcar,
café e cacau por exemplo, do que culturas alimentares como mandioca, feijão, arroz etc.
que não tiveram crescimento, aliás, declinaram ou estagnaram a produção na época.
Não se pode negar o fato do espetacular aumento produtivo com esse novo modelo
no país, que, segundo Aquino e Assis (2006), de 1950 a 1984 dobrou e a disponibilidade
alimentar chegou a 40% por habitante. Porém, não foi suficiente para perdurar por muito
tempo, o qual veio declinando desde 1985, devido aos impactos ambientais e viabilidade
energética.
O discurso de que o alto índice populacional acarretaria a fome diverge com o
Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen que afirma, que o que configura a ocorrência
da fome não diz respeito a baixa produção de alimentos ou a escassez do mesmo, mas
sim, a má distribuição de renda (OLIVEIRA, 2010).
2.2.Problemas sociais da agricultura convencional
Durante a expansão da agricultura moderna, o Norte e Nordeste do país, regiões
com predominância de policultura e com relevante quantidade de agricultores familiares,
foram esquecidas por se tratarem de “regiões mais pobres”, enquanto que o Sul, Sudeste
e Centro-Oeste foram as regiões mais favorecidas nesse processo de produção
monocultural. Ao tratar da questão da desigualdade agrícola brasileira, o próprio Estado
foi agente principal para desenvolvê-la, concedendo benefícios a quem possuía mais terra,
16
ou seja, quanto mais terra se possuía, maior facilidade de crédito e maiores ganhos
especulativos ao mesmo tempo que se aumentava a concentração e a centralização de
capitais no campo.
O Estado disponibilizou por meio do Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR,
muitos subsídios e propiciou “políticas de maxidesvalorização cambial”, que é uma
máxima desestimulação de importações e maior estímulo de exportações, tendo em vista
beneficiar multinacionais e grandes proprietários. O latifúndio incorporou as terras de
agricultores familiares, estes por sua vez, foram obrigados a abandonar suas terras com
suas famílias, que nesse período teve um número alarmante de 30 milhões de agricultores
(AGRA & SANTOS, 2017).
As pequenas propriedades eram engolidas pelos latifúndios, fazendo com que o
camponês migrasse para áreas com menor produtividade (áreas marginais),
consequentemente, essa população se via obrigada a aumentar suas terras para poder
sobreviver derrubando matas nativas. Ou seja, além de afetar diretamente as famílias
rurais, afetavam indiretamente a redução do ambiente. O processo de expulsão dos
trabalhadores rurais foi mundial e por causa desse processo de expulsão em massa,
eclodia daí o êxodo rural, o qual os agricultores tiveram que migrar para áreas urbanas,
contribuindo para sua superpopulação, vendendo sua força de trabalho, impulsionando o
surgimento dos centros periféricos, e os que os que ainda insistiam em ficar no campo, se
submetiam as relações de trabalho determinadas pelo sistema estabelecido, com salários
precários, havendo o aumento da sazonalidade de trabalho. A população do meio rural
declinou de 1950 até 1996, tendo uma redução na participação da população nacional de
41% devido ao êxodo rural reduzindo as taxas de crescimento demográfico no campo
(ROCHA, 2006; TEIXEIRA & LAGES, 1996 apud ROCHA, 2006).
Essa nova agricultura com adesão de tecnologias de alto custo instituiu uma
marginalização social dos agricultores que, economicamente, não tinham viabilidade para
apropriar-se dela, assim como acesso a informação e assistência técnica adequada para
sua produção.
Mariani e Henkes (2015) defendem que com a nova agricultura oriunda da
Revolução Verde, houve apenas o beneficiamento industrial e de grandes produtores para
a produção de commodities:
[...] como consequência dos resultados da Revolução Verde, obteve-se
um aumento significativo da produção agrícola e pecuária nacional, com uma
17
série de políticas e ações prioritariamente direcionadas aos estabelecimentos
rurais patronais. Ou seja, o modelo de agricultura praticado no período era
direcionado aos grandes produtores e contribuiu tanto para o aumento da
produção no meio rural como para a liberação de mão de obra e o crescimento
das indústrias. (MATIANI & HENKES, 2015, p. 319).
Essa transformação no cenário rural contrastou uma diminuição na importância
da propriedade rural sobre os alimentos básicos sendo substituídos pelos industrializados,
deixando de lado a relação do homem do campo com a natureza e a segurança alimentar.
Em suma, o processo de modernização agrícola impactou negativamente as
condições empregatícias, de renda e vida do camponês.
2.3.Desenvolvimento Rural Sustentável
A atividade agrícola constitui-se da simplificação da natureza, havendo distúrbio
nos processos ecológicos do ambiente antropizado, existindo a necessidade permanente
de intervenção humana.
O processo de antropização foi intenso na adequação à agricultura convencional,
sendo realizados desmatamentos em diversas áreas, levando a diminuição da diversidade
biológica; em casos extremos, a extinção de algumas espécies animais e vegetais; perda
de material genético do ambiente pela devastação de florestas e campos nativos
quebrando o equilíbrio dos ecossistemas para a criação de novas áreas de produção em
larga escala. Nas áreas de clima temperado, com o uso dos pacotes tecnológicos houve
erosão, salinização e diminuição de produtividade dos solos do país (PALUDO &
COSTABEBER, 2012).
Nos agroecossitemas “modernos”, as intervenções exigem cada vez mais o uso de
insumos químicos seletivos, que ao longo do tempo se tornam mais ineficientes, levando
ao aumento de suas dosagens ou a substituição por outros mais eficazes decorrentes da
sua alta concentração química, ao mesmo tempo em que se obtém sucesso momentâneo,
tem-se como saldo negativo os custos humanos e ambientais irreparáveis. Hoje, por
exemplo, a poluição hídrica por agrotóxico ou fertilizante é a segunda maior causa de
contaminação da água no Brasil. Segundo IBGE o Brasil ganhou a posição de maior
consumidor mundial de agrotóxicos nos últimos três anos (AGRA & SANTOS, 2017;
ALTIERI, 2012; PALUDO & COSTABEBER, 2012).
18
Segundo Rosset et al. (2014); Rocha (2006); Chappell e Lavalle (2011, apud
Rosset et al., 2014), os fertilizantes têm eficiência somente de 40 a 50% do nitrogênio
aplicado em lavouras tropicais de regiões secas, vindo a cair ainda mais em efeito de alta
precipitação, extensos períodos de seca, solos erodidos (que tem uma média de 16 a 40%
de degradação de área terrestre) e com baixo conteúdo de matéria orgânica. O sistema
convencional agrícola, além de provocar contaminação dos solos e água (salinidade e
contaminação por nitrato como principais indicadores de poluição), também provocam a
emissão de gases de efeito estufa, responsável por 30 a 35% da emissão desses gases.
Diversos estudos elaborados por profissionais da saúde detectaram a presença de
fertilizantes em amostras de sangue e leite materno no ser humano, e em resíduos
presentes em alimentos consumidos pela população, existindo a possibilidade de
ocorrência de anomalias congênitas, câncer, doenças mentais e disfunções na
reprodutividade humana.
Devido aos padrões da civilização mundial pós II Guerra Mundial bastante
impactantes sobre homem e o ambiente, surgiu a necessidade de se pensar a
sustentabilidade.
Para Xavier e Dolores (2001) e Almeida (2015), refletir sobre modelos de
desenvolvimento rural que sejam sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente
aceitáveis, é a chave para o sucesso de uma agricultura menos agressiva ao ambiente
como o modelo vigente. Uma agricultura é dita sustentável quando tem equilíbrio
ecológico, viável economicamente e socialmente justa. Nesse contexto, o
desenvolvimento sustentável atende as necessidades e aspirações presentes sem o
comprometimento das gerações futuras. Sendo assim, o desenvolvimento sustentável tem
o dever de contribuir com a redução da fome, miséria e autorregular seus recursos.
Segundo FAO (2012) e Xavier e Dolores (2001), a sustentabilidade deve ser
observada em dois níveis, local e global. Em nível local, se relaciona com o a capacidade
de aumento ou degradação dos recursos naturais locais, sendo positiva quando se
aproveita a produtividade dos recursos naturais renováveis, e se torna negativo quando as
práticas produtivas mantêm a produtividade por meio da importação e exportação de
insumo e produtos. Em nível global, a sustentabilidade se relaciona com os efeitos,
positivos ou negativos, sobre a biosfera, ou seja, efeitos que certo agroecossistema tem
sobre as condições de sobrevivência de outro agroecossistema, ao longo do tempo.
Caporal, 2007 apud Fontes, 2012, afirma que a sustentabilidade também envolve
a dimensão política, que deve ser integrada aos vários setores sociais, garantindo seus
19
direitos, promovendo a cidadania. A participação das pessoas na gestão das políticas
públicas é imprescindível para garantir que atendam, realmente, os interesses locais sem
prejudicar sua continuidade. Socialmente, a sustentabilidade só tem sucesso quando se
entende a importância de cada membro da comunidade, assim como o papel que cada um
exerce a partir de uma relação de vivência, troca de experiências. Essa pluralidade
enriquece e alimenta as relações e a criatividade do coletivo. Na perspectiva de mudança
dos moldes convencionais para um modelo de agricultura mais sustentável, se resgata,
reinventa e/ou se potencializa o conhecimento agroecológico, tomando como exemplo as
experiências exitosas, para que os sujeitos sociais se emancipem, possam ter condições
adequadas para se fazer o verdadeiro desenvolvimento rural e ajudar no fortalecimento
da agricultura familiar.
Abdo, Valei e Martins (2008) abordam a agricultura familiar como uma
agricultura que, mesmo com área de exploração reduzida, é capaz de obter o máximo
rendimento econômico por área. Mas claro, isso vai depender da conscientização do
agricultor ao escolher o melhor modelo exploratório para garantir sua produtividade a
longo prazo, como também pensar na reposição dos nutrientes, implantação e práticas de
manejo do solo e diversificação das espécies constituintes do seu sistema.
Segundo Perske (2004), culturas anuais são vulneráveis à estiagem, isso causa
frustação no agricultor quando ele perde seu investimento. Por essa razão, o mesmo autor
opta pela diversificação da propriedade e uso do solo de acordo com sua aptidão e
capacidade, utilizando mão-de-obra familiar. Desta forma, se diminuem os problemas
direcionados ao ambiente natural, além de oferecer um menor risco econômico ao
agricultor, uma vez que os problemas de estiagem ou preço de mercado podem ser
contornados pela produção de outras culturas na propriedade, sendo outras alternativas
de renda.
A agricultura familiar que segue a premissa agroecológica de produção garante
uma produção viável em pequenas propriedades, seguindo uma linha mais sustentável
que lhe garante diversos benefícios. Ou seja, a agroecologia é a base desse novo
paradigma de desenvolvimento rural.
Para Assis (2006) a Agroecologia não dá ênfase apenas nos parâmetros
agronômicos e ecológicos, mas também nas questões socioeconômicas. O autor define
agroecologia como:
20
[...] é uma ciência surgida na década de 1970, como forma de
estabelecer uma base teórica para esses diferentes movimentos de agricultura
não convencional. É uma ciência que busca o entendimento do funcionamento
de agroecossistemas complexos, bem como das diferentes interações presentes
nestes, tendo como princípio a conservação e a ampliação da biodiversidade
dos sistemas agrícolas como base para produzir autorregulação e,
consequentemente, sustentabilidade (ASSIS, 2006, p. 77).
Altieri (1993) apud Guivant (1997) fala que a Agroecologia apresenta uma
abrangência em alguns aspectos que devem ser levados em consideração:
Com uma proposta que abrange aspectos teóricos, metodológicos e
empíricos, a agroecologia tenta aproximar a perspectiva antropológica da
pesquisa agronômica, procurando formular o novo paradigma científico que
focalize a agricultura de uma forma integral, enfatizando as interações entre o
biológico, o técnico, o cultural e o socioeconômico, e sendo particularmente
sensível às complexidades das agriculturas locais (ALTIERI, 1993 apud
GUIVANT, 1997, p. 287).
Nesse aspecto, Rocha (2006) reforça que o saber agroecológico é mais complexo
que se imagina, não se prendendo ao convencional meio de observação para ter validação:
É importante destacar que a agroecologia não pode ser validada apenas
conforme as regras da produção científica convencionais, mas, sim, através da
experiência dos saberes práticos. Apesar de pesquisas cientificamente
convencionais estarem sendo feitas com relação aos sistemas agroecológicos e
demonstrarem dados concretos sobre as vantagens desses sistemas. O que
realmente tem validado as práticas agrícolas não são os resultados obtidos em
laboratórios ou estações experimentais, mas, sim, as práticas de sucesso
aplicadas por populações tradicionais (indígenas e camponesas) (ROCHA,
2006, p. 46).
Neste sentido, os saberes agroecológicos envolvem o sujeito do conhecimento,
pessoas de saberes tradicionais, em que a vida cotidiana e produtiva não está enraizada
em práticas guiadas por regras, mas pela criatividade individual.
21
Assim, seguindo o conceito de desenvolvimento sustentável, é necessário visar à
harmonia e à racionalidade, não somente entre o homem e a natureza, mas também entre
os seres humanos. As pessoas devem ser o sujeito no processo, respeitando-se as
características étnico-culturais, melhoria de qualidade de vida para as distintas
populações, especialmente os menos favorecidos.
2.4. Sistemas Agroflorestais (SAFs)
Sendo um sistema vivo, o SAF é extremamente complexo, no qual existe uma
grande interação entre seus elementos, configurando redes de fluxo de matéria e energia,
a qual a diversidade propicia o aumento do funcionamento, ao mesmo tempo que conduz
a um estado estável, no qual o ecossistema é mantido ou, até mesmo, melhorado.
O sistema agroflorestal é uma alternativa que visa minimizar os danos causados
ao ambiente pela agricultura convencional por meio do aproveitamento dos benefícios
gerados pela integração de seus componentes arbóreos, animais e agrícolas.
Compete o uso integrado da terra, particularmente adequado às áreas marginais e
a sistemas de baixo uso de insumos. (FARRELL & ALTIERI, 2012; STEENBOCK &
VEZZANI, 2013).
Nardele e Conde (s.d.), Abdo, Valei e Martins (2008) e Miccolis et al. (2016)
ainda reforçam que o SAF é uma forma de produzir conservando ou recuperando a
natureza. Isso, graças a observação do funcionamento da natureza e tentativa de imitá-la,
ao invés de seguir por padrões convencionais de produção, onde há a retirada da
vegetação nativa para colocar em seu lugar culturas de interesse em larga escala. De forma
conceitual, sistema agroflorestal é uma forma de manejo da terra buscando alcançar uma
maior produtividade a partir da combinação de culturas agrícolas, arbóreas e/ou animais
simultaneamente ou não em uma mesma propriedade, interagindo ecologicamente,
levando em consideração o arranjo espaço-temporal.
Os SAFs apresentam uma alta densidade e uma grande variedade de espécies,
multiestratificada, imitando a dinâmica da sucessão ecológica em regeneração natural,
mas sua composição e manejo girando em torno da segurança alimentar e aumento da
renda familiar. Objetiva-se à otimização do uso da área ajustando a produção florestal
com a alimentícia, usando técnicas conservacionistas, principalmente para o solo que
sofre pressão pelo uso agrícola (ENGEL, 1999; STEENBOCK et al., 2013).
22
Segundo Farrell e Altieri (2012), existem quatro características que integram os
sistemas agroflorestais:
Estrutura, referente a combinação de árvores, espécies anuais e animais. O que
não se remete mais a visão dos agrônomos que pouco consideravam a importância das
árvores no imóvel rural ou a de engenheiros florestais, se referindo apenas ao crescimento
arbóreo. Secularmente, agricultores por meio da utilização desses três componentes, não
veem sua importância isoladamente, mas em conjunto, vem suprindo suas necessidades
em suas propriedades.
Sustentabilidade, o qual se segue o modelo de ecossistemas naturais esperando-
se, a longo prazo, obter uma produtividade sem causar danos ao solo. Isso pelo fato dos
sistemas agroflorestais otimizarem as interações dos componentes (arbóreo, agrícola e
animal) que o compõem, sendo muito interessante em áreas marginais.
Aumento de produtividade, à medida que há o estímulo da interação das partes
integrantes do sistema, ocasionando um melhor aproveitamento de seus recursos,
consequentemente, levando à melhores condições de crescimento, se prevê uma
produtividade maior em SAFs se comparado à sistemas convencionais.
Adaptabilidade socioeconômico/cultural, é sabido do sucesso dos SAFs em
propriedades de diversos tamanhos e condições socioeconômicas, porém tem sua maior
eficiência em se tratando de pequenas propriedades rurais de áreas marginais pobres dos
trópicos e subtrópicos. Os agricultores existentes nessas áreas não têm o poder econômico
suficiente para adoção da agricultura moderna e suas técnicas, estando na parte periférica
dos estudos agrícolas e sem poder político e social estabelecido, os sistemas agroflorestais
lhes é bastante adequado.
Almeida (2015) aponta que não se deve pensar a implantação de agroecossitemas
de uma forma generalizada, como uma única receita pronta para todos os públicos, pois
cada agricultor tem sua peculiaridade. Pensar na implantação de um SAF consiste levar
em consideração os seguintes aspectos:
[...] as necessidades, a estrutura social, as crenças e os costumes dos
agricultores, além da disponibilidade da mão-de-obra do mercado,
infraestrutura e mercado, aceitabilidade dos insumos, a existência de
informações sobre o manejo do sistema e a compreensão de seus impactos e
benefícios (REBUÁ, 2012 apud ALMEIDA, 2015, p. 12).
23
Esta autora ainda menciona que para seu sucesso, sistemas agroflorestais devem
ser planejados de forma a garantir retorno desde seu primeiro ano de implantação com
espécies de ciclo curto até o aparecimento de produtos das culturas de ciclo longo. Dessa
forma, a lucratividade do agricultor é recorrente durante todo o ano incrementando a
renda familiar.
2.5. Vantagens e Limitações dos SAFs
Com uso dos SAFs diminui-se ou até extingue-se o uso de insumos externos,
principalmente produtos químicos agrícolas, deixando de ocorrer a contaminação do solo,
da água (superficial e subterrânea) e de fragmentos florestais próximos; contribuem para
controle da erosão em áreas susceptíveis; promovem a ciclagem de nutrientes; melhoria
da qualidade alimentar das populações rurais e consumidores, além de facilitarem o
trabalho do agricultor e, após seu estabelecimento, reduzem as exigências quanto a mão-
de-obra garantindo produção e gerando renda (ARMANDO et al, 2002; MANJABOSCO,
2013; NARDELE & CONDE, s.d.).
Manjabosco (2013) afirma que por apresentar padrões ecológicos similares ao
natural, os sistemas agroflorestais possuem aspectos peculiares como a recirculação de
nutrientes, diminui os efeitos do vento e maior eficiência na adubação, ou seja, os insumos
são melhor aproveitados. Não o bastante, usando espécies leguminosas, pode haver a
fixação e incorporação de nitrogênio ao ecossistema, produzindo maior biomassa.
Por ser implantado levando em consideração o saber prévio do agricultor com
relação as suas culturas de produção, os SAFs não causam uma mudança brusca no
sistema tradicional e contribui com um menor custo, por não exigir alto controle
fitossanitário. Por outro lado, o SAF por se apresentar geralmente muito diversificado,
seu manejo se torna mais difícil para o agricultor familiar, o qual deve ter algum
conhecimento e técnica sobre sistemas agroflorestais. Por isso para implantação de um
SAF deve-se ter um bom planejamento, pois o conhecimento sobre SAFs entre
agricultores, técnicos e pesquisadores ainda é limitado, além da falta de tradição dos
agricultores que dificulta a extensão e implantação desse sistema (PERSKE, 2004).
Com o aumento da diversidade vegetacional, aumenta-se também a diversidade
microbiológica do solo. Munidos de uma importância singular, mas que não se sobrepõem
uns aos outros, os animais que compõe a microfauna e a fauna edáfica dos SAFs mantêm
em equilíbrio à fertilidade do solo. As minhocas, por exemplo, atuam na aceleração da
24
aeração do solo, solubilização de nutrientes e incorporação de matéria orgânica,
consequentemente, aumentam a capacidade de retenção de água pelo solo, demonstrando
dessa forma, sua importância no processo de transformação física e química do solo em
área que necessitam recuperação. Esses pequenos animais são capazes de aumentar os
níveis de nutrientes assimiláveis pelas plantas por meio do seu trato digestivo, havendo a
possibilidade de se estender a todos os macro e micronutrientes, como exemplo, o
aumento do teor de nitrato em 5 vezes, cálcio 2 vezes, magnésio 2 1/5 vezes, fósforo em 7
vezes e o de potássio em 11 vezes (FRANÇA & MOREIRA, 1998).
Nos SAFs os componentes arbóreos são os mais importantes, pois as árvores têm
papel importante no sistema de produção rural influenciando nos diversos componentes
biológicos, trazendo diversos benefícios e melhorando a produtividade do
agroecossistema. Elas afetam diretamente o teor de nutrientes presentes no solo, de forma
que são capazes de explorar minerais de rochas matrizes e, pela deposição da serapilheira,
além de retornarem os nutrientes lixiviados. Além do mais, suas raízes associam-se às
bactérias mizorrízicas fixadoras de nitrogênio, propiciando ainda mais esse aumento de
nutrientes no solo para os vegetais. Esse sucesso se dá pelas altas temperaturas e umidades
do solo, criando condições favoráveis para o aumento de produção de matéria orgânica
sob as árvores pela deposição de restos vegetais e animais. As árvores provocam
sombreamento favorável às espécies agrícolas e animais. Também como bomba de
sucção para outras espécies vegetais, pois a árvore disponibiliza nutrientes do solo das
camadas mais profundas puxando-os para as camadas mais superficiais. Os componentes
arbóreos também implicam na redução de espécies competidoras servem de matéria-
prima para produtos medicinais, são eficientes em regeneração natural de áreas
degradadas e matas nativas, e em adensamento de espécies de interesse socioeconômico.
No entanto, no processo de exploração das árvores mais velhas dentro deste sistema,
ocorre danos a outros componentes, além de acidentes. A presença deste componente
numa agrofloresta diminui a incidência dos raios solares sob o dossel, diminuindo
significativamente a perda de água por evaporação, consequentemente, mantendo o solo
úmido. Concomitante a isso, em agroecossistemas com essa estrutura, ocorre a
competição por luz, nutrientes e água no sistema, além do risco de interferências
alelopáticas entre os componentes, que podem gerar enfermidades ou surgimento de
pragas, prejudicando a qualidade dos ramos e frutos, mas esses problemas podem ser
minimizados pela escolha de espécies apropriadas (ALTIERI, 2012; FRANÇA &
25
MOREIRA, 1998; MANJABOSCO, 2013; NARDELE & CONDE, s.d.; PERSKE, 2004;
REBUÁ, 2012).
Segundo Manjabosco (2013) e Rebuá (2012), um sistema agroflorestal transpõe
as questões ambientais. Do ponto de vista socioeconômico, existe a capacidade de
produtos e serviços disponibilizados para o homem por meio do sistema agroflorestal.
O SAF caracteriza-se como um sistema capaz de proporcionar a segurança
alimentar, devido a sua diversidade de produção contribuindo para uma melhor saúde,
tanto do agricultor quanto do consumidor. É capaz de gerar emprego, por exigir maior
mão-de-obra para seu manejo em todas seus componentes (animal, agrícola e florestal),
favorecendo a fixação do homem no campo. Atrelado a isso, o sistema agroflorestal induz
à sustentabilidade econômica de tal forma que o homem do campo pode ser capaz de
produzir mercadologicamente, acumular riquezas e dessa forma, não necessitar adentrar
em novas áreas nativas ao mesmo tempo que evita o êxodo rural. Além do mais, propicia
a interação das comunidades adjacentes na busca por soluções para a utilização consciente
dos recursos a fim de assegurar, permanentemente, o acesso a estes pelas famílias
residentes.
Porém, todas essas vantagens estão atreladas aos problemas de que a implantação
do SAF venha a ter retorno do capital mais lento. Além do que, se manejado
incorretamente, acarreta a diminuição da produtividade ao invés de aumentá-la. E não
menos importante, é o fato de que os produtos de propriedades rurais que trabalham com
agrofloresta encontram limitações de mercado (NARDELE & CONDE, s.d.).
2.6. Classificação dos sistemas agroflorestais
SAFs são classificados de acordo com os diversos níveis, como a estrutura
espacial, desenho no tempo, importância relativa e a função dos diferentes componentes,
objetivos da produção e características socioeconômicas predominantes, porém o mais
utilizado é o critério estrutural, remetendo-se à composição (ALMEIDA, 2015).
Segundo Farrell e Altieri (2012) e Rebuá (2012), para classificação dos SAFs, os
critérios geralmente utilizados são a estrutura, função, escala socioeconômica, nível de
manejo e distribuição ecológica. Quanto a sua composição, se classificam em:
Agrossilvipastoril: combinação de cultivos agrícolas, pastagens e (ou) animais e árvores.
26
Silviagrícolas: uso da área rural de forma sequencial ou concomitante por espécies
agrícolas anuais ou perenes e espécies florestais.
Silvipastoris: uso da terra por espécies arbóreas para obtenção de madeira, alimento e
forragem, consorciado com espécies animais domesticados.
Segundo Veiga et al. (2000), sistemas silvipastoris (SSP) subdividem-se, quanto
à duração da integração dos componentes na área, em:
Temporários, quando a associação de seus componentes (árvore, pastagem e
animal) ocorre por um breve período, com os animais se alimentando do sub-bosque (toda
vegetação espontânea rasteira) promovendo a limpeza e reduzindo custos.
Isso ocorre até o momento que haja competição por luz imposta pelas árvores, que
são o principal interesse na área. Permanentes, quando os três componentes são
planejados para coexistirem e serem explorados permanentemente. São feitos arranjos de
espaçamento ou densidade para que não haja competição entre os componentes
existentes. Permite que no início de sua implantação, as áreas de pastagem possam ser
usadas para cultivos temporários até o momento que as árvores desenvolvam altura
suficiente para a introdução dos animais, passando a ser um sistema agrossilvipastoril.
Levando em conta a origem dos componentes arbóreos do sistema, o SSP pode
ser com componente arbóreo não-plantado (elemento arbóreo já fazia parte ou houve
regeneração natural) e componente arbóreo plantado (plantado pelo agricultor).
Sistemas de produção florestal de uso múltiplo: sistema voltado não apenas para a
obtenção de produtos madeireiros, por meio da regeneração e manejo das árvores,
aproveitando todas as partes da árvore (folhas e frutos), adequadas a forragem e
alimentação.
Altieri (2012) menciona que um sistema é comercial, intermediário ou de
subsistência, observando-se a escala de produção socioeconômica e seu nível de manejo
para poder defini-la. Orientar-se por esses critérios ajudam na hora de sua aplicação,
verificando seus pontos fortes e fracos para implantação de um sistema agroflorestal, suas
fragilidades e potencialidades, pois dependerá do objetivo pretendido.
Também existe a classificação dos sistemas agroflorestais por meio da disposição
das espécies ao longo do tempo, ou seja, os SAFs concomitantes ou simultâneo e SAFs
sequenciais. No simultâneo, os componentes são associados ao mesmo tempo. Quando
duas culturas têm mesma época de plantio e colheita, são ditos SAFs coincidentes, já
27
quando tem épocas iguais de semeadura e diferentes épocas de colheita, são ditos SAFs
concomitantes. No sequencial, existe uma cronologia, um intervalo de tempo entre a
colheita da primeira cultura e a semeadura da segunda. E ainda existem os SAFs
complementares, classificação usada pelo Centro Mundial Agroflorestal - ICRAF e Rede
Brasileira Agroflorestal - REBRAF, que fazem uso de cercas vivas e cortinas de quebra-
vento como forma de proteção a outros ecossistemas (ALMEIDA, 2015; ENGEL, 1999;
MAY et al., 2008; OLIVEIRA, 2011).
Segundo Rebuá (2012) e May et al. (2008), um SAF também pode ser
diferenciado de acordo com a adoção de manejo pelo agricultor, o qual implica em seu
desenho e composição. Quando as intervenções não modificam a composição e a estrutura
do SAF, este é dito estático. Em contrapartida, quando esta combinação estrutural é
modificada, este é considerado dinâmico, ou também conhecido como sucessional, que
tem em vista a segurança alimentar e aumento de renda da família.
Quanto ao arranjo espacial das espécies que compõem um agroecossitema, May
et al. (2008) classificam da seguinte forma:
Distribuição espacial irregular: as espécies são arranjadas mais ou menos ao acaso ou
adaptadas a variações ecológicas, tais como condições físicas e orgânicas do solo,
sombreamento, etc. Isso ocorre porque existem diferenças entre espécies, onde algumas
são mais exigentes que outras. Espécies que necessitam de mais matéria orgânica e outras
menos, como também, determinadas plantas se desenvolvem mais em solos profundos e
com boa drenagem natural, enquanto outras se desenvolvem bem mesmo em solos de
pouca profundidade.
Distribuição espacial uniforme: neste caso, existe uma distribuição espacial das espécies
em um padrão pré-determinado, onde os espaçamentos para cada espécie já são pré-
estabelecidos, ficando de fora deste arranjo a cobertura viva espontânea ou introduzida.
Distribuição espacial mista: é a combinação da distribuição uniforme e a irregular.
Utilizado em SAF de café, com a destruição uniforme dos cafeeiros e a irregular das
espécies florestais nativas de regeneração natural ou plantadas.
Distribuição espacial em faixas: na área do SAF a composição é feita pelo cultivo em
faixas com espécies de ciclo curto ou cultivos de baixo porte separadas das faixas das
espécies de porte mais alto.
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Distribuição espacial em “mosaico”: a área do SAF fica subdividida em “unidades”,
estas por sua vez, possuem forma e extensão variáveis. Levando em consideração o grau
de luminosidade, em unidades levemente sombreadas, ou seja, com maior incidência de
luz solar, são plantadas culturas comerciais de ciclo curto. Enquanto que em unidades de
menor luminosidade, obviamente, mais sombreadas, são utilizadas espécies perenes de
ciclo mais longo. Objetiva-se nesta distribuição espacial a formação de agroflorestas
biodiversificadas, gerando uma grande variedade de produtos comerciais e maior
segurança econômica para o agricultor.
2.7. Sistemas agroflorestais em regiões tropicais úmidas
Sistema Taungya
Originado na Birmânia, esse termo significa “cultivo de encostas” e é o mais
antigo sistema agrossilvicultural. Esse sistema foi desenvolvido pelo botânico alemão
Dietrich Brandis em 1856. Nele se faz o consórcio de culturas agrícolas de ciclo curto
com espécie florestal por determinado tempo (2 a 4 anos), objetivando-se ao final, a
produção de madeira, ou seja, o intuito é formar uma floresta de rendimento.
Os produtos agrícolas vendidos colaboram para minimizar os custos do plantio
florestal. É ideal para pequenos agricultores que tem área disponível, mas que necessitam
reduzir custos de implantação e manutenção. Além do mais, o sistema taungya concede
maior disponibilidade de nitrogênio quando consorciado as árvores com espécies
leguminosas (ENGEL, 1999; MAY et al, 2008; SANTOS, 2000).
Segundo Engel (1999), nesse sistema existem problemas entre os componentes,
como competição e alelopatia, dependendo da escolha das espécies, densidade e manejo;
além do sombreamento causado pelas árvores sobre as culturas agrícolas. Este fator
determina o término do sistema e início do plantio florestal puro.
O mesmo autor salienta que se o intuito da cultura for a colheita das raízes, então
estas devem ser plantadas a mais de um metro de distância das árvores na implantação e
mais de dois metros nos anos subsequentes. Além disto, deve ser feito o manejo das
árvores para favorecer o desenvolvimento da cultura, e deve-se evitar o uso da mesma
cultura dois anos consecutivos.
May et al (2008) informa que esse sistema também é usado em restauração de
APPs (quando fora da Mata Ciliar) e RLs. É também muito praticado por indústrias de
29
papel e celulose em contrato com pequenos e médios produtores para a produção de
eucaliptos ou pinheiros exóticos.
Sistema de aleias ou faixas (Alley cropping)
Consiste do cultivo de faixas de espécies arbustiva e/ou arbóreas intercaladas com
faixas mais longas de cultivo agrícola. Esse sistema constitui-se de práticas muito
potenciais para todas as regiões tropicais, especialmente em áreas com problemas de
fertilidade ou terrenos declivosos. Os componentes arbóreos e/ou arbustivos devem ser
podados constantemente a fim de impedir sombreamento as demais culturas anuais, e os
resíduos devem ser utilizados como adubo verde.
Nesse sistema, as espécies arbóreas contribuem para o enriquecimento do solo,
diminuição da vegetação competidora nas faixas de plantio agrícola, reduzem a
susceptibilidade à erosão, melhoram as propriedades físicas do solo, aumentam a
biodiversidade e pode-se usar o material lenhoso. De forma negativa, esse sistema
demanda mais trabalho do produtor, maior dificuldade de mecanização, serve de
esconderijo para formigas e predadores e esse sistema não é indicado para áreas de déficit
hídrico (ENGEL, 1999; SANTOS, 2000).
Sistema de pousio melhorado
Originário da agricultura nômade ou itinerante, tendo como objetivo principal
recuperar a produtividade do solo pela regeneração natural da floresta, onde as árvores
fazem o papel de reciclagem. Geralmente, esse sistema é usado para recuperação de áreas
degradadas por meio do poder de resiliência do solo (ALMEIDA et al., 2012).
Segundo Steuer (2014), a efetividade desse sistema ocorre tanto pela indução da
regeneração natural quanto por plantio e semeadura de plantas anuais melhoradores do
solo. Este favorecimento deve ser acentuado no último ano de cultivo.
Caso não seja feito o enriquecimento, a regeneração natural vai depender da
propagação de arvores vizinhas. Quanto mais pobre o solo, o ciclo de rotação deve ser
mais longo, porem vai depender da área disponível (áreas grandes).
Em terrenos de maior fertilidade a rotação poderá ser mais curta, necessitando de
áreas menores. Além do papel de recuperação do solo, a área em repouso pode fornecer
outros produtos como: frutíferas, lenha, vara para tutores, apicultura e caça controlada.
30
Sistema de capoeira enriquecida
É o enriquecimento da capoeira através da indução ou plantio de espécies
alimentares (principalmente frutíferas). Este plantio ocorre principalmente nas clareiras
ou dispostas em linhas buscando pouca intervenção na regeneração natural.
À medida que o sistema vai se desenvolvendo, pratica-se o manejo conjunto de
produtos alimentares e madeira sem descobrir o solo (ALVES, 2009).
Para Engel (1999) melhorar e transformar a capoeira em agroflorestas mais
produtivas diminui a necessidade do agricultor em expandir sua área agrícola, fixando o
homem no campo e dando-lhe uma melhor qualidade de vida.
Em resposta ao uso desse sistema, é possível antecipar e recompor o potencial
produtivo do ecossistema, além de melhorar as características químicas, físicas e
biologias do solo (Silva, 2008 apud Steuer, 2014).
Quebra-ventos
Quebra-ventos são fileiras de árvores plantadas com objetivo de reduzir a
velocidade dos ventos dominantes. Também são usados com o intuito de proteger
culturas, animais, casas, instalações etc. além desse sistema provocar o sombreamento
parcial das culturas e disponibilizar um microclima favorável (ALVES, 2009; ENGEL,
1999; REBUÁ, 2012).
Segundo Primavesi (1992) apud Rebuá (2012) e Alves (2009), os quebra-ventos
também disponibilizam abrigo e fonte de alimento para animais, inclusive, aves
responsáveis por controle biológico de pragas. Fornece flores para apicultura, diminui o
ressecamento do solo, controla a erosão e conserva o lençol freático.
Engel (1999) ressalta que, no planejamento na implementação do quebra-vento,
se deve levar em consideração a escolha de espécies é também muito importante, em
função da resistência da copa e sistema radicular, altura, porosidade e densidade de sua
parte aérea, e capacidade de fornecer outros produtos.
31
Cercas vivas
Segundo Rebuá (2012) e May et al. (2008), cercas vivas consistem de plantios de
árvores em linha, dentro ou na borda do sistema, com intuito de separar ou delimitar a
área de cultivo. Quando densas, propiciam a diminuição da velocidade dos ventos e
passagem de animais e pessoas.
A partir desse sistema é possível obter vários produtos como lenha, mourões, etc.
além de durarem mais, dependendo da espécie, que as cercas tradicionais. Assim como
os quebra-ventos, as cercas vivas são usadas como abrigo para aves que exercem controle
biológico (DUBOIS, 2008 apud STEUER, 2014; REBUÁ, 2012).
De acordo com Engel (1999), no Brasil é mais comumente utilizada para esse fim
a espécie sabiá ou sansão-do-campo (Mimosa caesalpinaefolia) devido sua densa
ramificação e presença de espinhos, além de ser fixadora de nitrogênio, ter potencial
melífero e boa madeira para lenha. Com relação a escolha de espécies para facilitar o
manejo das cercas vivas, usar espécies lenhosas, cactáceas, bromeliáceas, ou qualquer
espécie que se adapte ao local se torna interessante. Preferencialmente, usa-se espécies
de crescimento rápido e boa capacidade de rebrota, com múltiplos usos e que se tenha um
bom conhecimento silvicultural para que seja possível a elaboração de um plano de
manejo pelo produtor em função de seus objetivos pretendidos. Para que a cerca viva não
fuja ao controle de crescimento deve-se usar podas constantes.
Quintais Agroflorestais:
Também conhecidos como hortos caseiros ou pomares caseiros, os quintais
agroflorestais são áreas ao entorno da residência na propriedade rural onde existe um
diversificado cultivo de espécies e criação de animais para complementação alimentar, e
que também entregam vários outros produtos e serviços (fibras, lenha, matéria prima para
artesanato etc.), sendo estes quintais manejados pela própria família (ALMEIDA, 2015;
FLORENTINO et. al. 2006; GAZEL FILHO, 2008; LOURENÇO et. al., 2009; LUNZ,
2007; PEREIRA et. al. 2010). Estão presentes nesse sistema o cultivo de espécies
frutíferas, medicinais, ornamentais, alimentícias, condimentares e hortaliças, usados para
autoconsumo da família como também os produtos excedentes podem ser vendidos,
complementando a renda familiar. Na região amazônica, as frutíferas têm grande
importância para os produtores, por ser opção para segurança alimentar da comunidade
32
e retorno econômico via comercialização pelo agricultor (LOURENÇO et. al. 2009;
NAIR, 1990 apud STEUER, 2014).
Para Gomes (2010), os quintais de agricultores na Amazônia têm potencial para
serem usados como bancos de material genético, conservando espécies de interesse para
uso próprio ou agroindústrias. No entanto, mesmo com esse potencial, os quintais são
pouco explorados pela comunidade cientifica.
Dubois et. al. (1996) apud Steuer (2014) comenta que existem diversos tipos de
quintais agroflorestais, com diferenças estruturais, onde uns podem ser bem delimitados,
organizados e outros não, alguns de subsistência, onde a produção é usada apenas na
alimentação familiar e manejada pela mesma, outros com fins de comercialização, que
serve tanto para o autoconsumo como para venda. Como consequência do desmatamento
da Mata Atlântica a prática de quintais se tornou escassa ou até ausente nas propriedades
rurais, sendo substituídos por hortas com enriquecimento de algumas frutíferas, e os
quintais que ainda existem, estão em áreas cada vez menores com pouca diversificação.
Como forma de incentivo à utilização de quintais agroflorestais pelos produtores é
interessante que exista a troca de conhecimentos a partir do intercâmbio entre agricultores
familiares de uma mesma região, assim como também parceria com os serviços de
extensão rural. Deve-se pensar na criação de quintais nas escolas rurais para melhoria da
merenda escolar e a transmissão dos saberes para as crianças que terão a oportunidade de
aprender como produzir mudas de espécies preferidas e introduzi-las nos quintais
agroflorestais, favorecendo a melhoria da alimentação e da saúde nas zonas rurais; e,
como forma de melhor aproveitamento das espécies alimentícias produzidas nos
quintais, a capacitação das mulheres do meio rural para beneficiamento e novas receitas
para que se possa ter mais opções de produtos comercializáveis.
De acordo com Almeida (2015); Florentino et. al. (2006) e Rosa et. al. (2007), a
tradição do uso dos quintais agroflorestais fornece conhecimentos empíricos difundidos
de geração em geração pelos agricultores, ou seja, a prática dos quintais é bastante antiga,
sendo encontrada em todas as regiões tropicais do mundo.
Segundo Almeida (2015); Chagas (2012) e Méndez (2000) apud Gazel Filho
(2008), as principais vantagens apontadas pelo uso dos quintais agroflorestais são: i)
Ofertam uma diversidade de produtos e benefícios ao longo do ano todo; ii) Alta
diversidade de plantas, principalmente para uso humano, com arranjo similar às florestas
naturais; iii) Eficiência na ciclagem de nutrientes; iv) Redução do uso de insumos
externos sintéticos; v) Manejo baseado no conhecimento ecológico desenvolvido
33
localmente, e vi) Reduzido impacto no meio ambiente. Os quintais podem proporcionar
à família 32% de proteínas, 44% de calorias, além de compor de 20 a 30% da renda anual.
Gliessman (2001a) apud Gazel Filho (2008), relata que as árvores nos quintais
agroflorestais são responsáveis por impedir a lixiviação de nutrientes por meio de suas
raízes, enquanto que os detritos de suas folhas reciclam esses mesmos nutrientes para o
sistema. Além do mais, os quintais podem servir de fonte de alimento e abrigo aos
animais, este autor exemplifica mostrando que em Karnataka (Índia), 93% dos
agricultores dividem os quintais em parcelas para guardar animais.
Para manejo dos quintais, ocorre a divisão do trabalho familiar, a mulher tem um
papel importante na implantação e desenvolvimento desses SAF’s, pois diversos estudos,
apontam a mulher como responsável por implementar e manejar o quintal agroflorestal.
No que diz respeito à composição dos quintais, as mulheres são as maiores
responsáveis por diversificá-los. As mulheres produzem com o intuito de consumo,
enquanto que os homens visam a comercialização. Elas diversificam os quintais
agroflorestais não só para uso da dieta alimentar, mas também usam espécies ornamentais
e fitoterápicas para confecção de remédios caseiros, a partir de conhecimento empírico
ou repassado para cura ou prevenção de alguma enfermidade, tanto física quanto
espiritual, chamados de “farmácias caseiras” ou “laboratório de experiências”
(ALMEIDA, 2015; GAZEL FILHO, 2008; ROSA et. al. 2007).
. Os SAFs são considerados por alguns como uma forma atrasada de produção,
mas confere-se que ao longo do tempo vem sofrendo adaptações, tanto de plantas
cultivadas quanto de técnicas de cultivo, que favorecem a harmonia com o ambiente
natural. Sendo assim, tanto os quintais quanto outros sistemas são uma boa sugestão de
produção para o agricultor que contribui à ideia de conservação ao mesmo tempo em que
se torna um viés para o diálogo entre o saber cientifico e o popular (DUQUE-BRASIL et
al., 2007 e MICHON, 1983 apud GOMES, 2010).
34
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de estudo
O trabalho foi realizado em uma das duas Agrovilas do Assentamento Chico
Mendes III, localizada às margens da BR-408 no município de São Lourenço da Mata,
estando o assentamento a 7 km do centro da cidade.
A parcela escolhida para pesquisa e levantamento de dados foi a do casal de
agricultores familiares Sr. Daniel Pedro e Dona Leni. A parcela do casal, agora
denominada “Sítio Sonho Meu Mattos”, apresenta duas áreas produtivas, uma próxima à
residência (quintal agroflorestal) e outra nas imediações do Rio Tapacurá (SAF). A área
produtiva no entorno da residência corresponde ao tamanho total de 1 ha (50m x 200m).
A área próxima ao afluente do Rio Tapacurá, na qual se implantou a agrofloresta,
corresponde a uma área total de 2 ha, mas que apresenta apenas 4.500 m2 (50m x 90m)
de área utilizada.
O assentamento ainda está em processo de julgamento, mas é mantido por liminar
judicial sendo composto por 55 famílias, das quais 33 estão na área correspondente a São
Lourenço da Mata e 22 na área de Guadalajara, distrito pertencente a Paudalho. Em 2004
o Movimento dos Sem Terra (MST) ocupou as terras pertencentes ao Engenho São João.
Passados 4 anos, em 2008 os assentados se estabeleceram tomando posse da área,
coordenados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
O Assentamento possui uma área total de 413,33 ha, compondo-se de
aproximadamente 313,33 ha de área cultivável e mais 100 ha de reserva legal e Área de
Preservação Permanente (APP). Destaca-se pela presença de dois rios, Tapacurá e Goitá
e de várias nascentes e açudes (Oliveira, 2010) (Figura 1), (Figura 2) e (Figura 3).
35
Figura 1: Mapa de localização do Assentamento Chico Mendes III. Fonte: Almeida, 2015.
Figura 2: Delineamento da área do Lote 14 (quintal agroflorestal). Fonte: Google Earth, 2017.
36
Figura 3: Delineamento da área do Lote 24 (Sistema agroflorestal) próximo ao afluente do Rio
Tapacurá. Fonte: Google Earth, 2017.
O município de São Lourenço da Mata, criado em 1884, está localizado na
mesorregião da Zona da Mata pernambucana, pertencendo à Região Metropolitana do
Recife (RMR), inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe e possui
área correspondente à 262,106 km2, segundo o IBGE (2005). A economia gira,
basicamente, em torno da agroindústria, gerando 567 empregos, embora outros setores
também geram uma grande quantidade de empregos diretos no município. Os setores de
Agropecuária, caça e pesca e Extrativismo Vegetal geram 407 empregos. Está inserida no
bioma de Mata Atlântica, predominando a Floresta Subperenifólia, com partes de Floresta
Hipoxerófila e com solos representados pelos Latossolos (CPRM, 2005).
3.2. Levantamento de dados
Para subsidiar a elaboração do presente trabalho, durante os meses de maio e junho
de 2017, foram feitas pesquisas bibliográficas documentais de periódicos científicos,
livros, teses e dissertações, anais e meio eletrônicos, como forma de levantar informações
sobre o assunto, as quais são imprescindíveis para a formulação do mesmo, pois a revisão
da literatura é uma parte vital do processo de investigação.
37
Considerada como o primeiro passo de uma pesquisa, o levantamento
bibliográfico auxilia o pesquisador na análise ou manipulação de suas informações, a
partir do contato direto do material já produzido, lhe dando propriedade suficiente para
poder discorrer sobre o que se propõe estudar (PERSKE, 2004).
Na escolha da parcela a ser estudado utilizou-se como critério a diversidade de
espécies cultivadas, e que o morador apresentasse certo grau de conhecimento sobre SAF
a ponto de ser um bom informante, mais além, um sistema agrossilvicultural que
apresentasse carência de tratos culturais (PEREIRA &FIGUEIREDO NETO, 2015).
Com base nessas informações, foi selecionada a parcela de Dona Leni da Silva e
Sr. Daniel Pedro Souza, a qual é uma Unidade de Referência Agroflorestal (URA). As
URAS foram introduzidas nos lotes de sete assentados de Chico Mendes III em 2010 via
projeto do Prof. Jorge Luiz Schirmer de Mattos (UFRPE) sendo implantadas e orientadas
pela equipe técnica da UFRPE.
Periodicamente foram realizadas visitas de campo à propriedade rural com
acompanhamento dos agricultores residentes para informar sobre o sistema produtivo e a
dinâmica organizativa da família. Fez-se registro de informações no quintal agroflorestal
e na agrofloresta elencando as espécies, também registros fotográficos.
Para obtenção do quantitativo das espécies vegetais e animais, realizou-se um censo
dos indivíduos presentes na parcela. Para as espécies animais (criação) houve apenas a
contagem dos indivíduos de cada espécies e obtenção de informações sobre a finalidade
de criação no sistema. Para as espécies vegetais, foi realizado o registro dos nomes vulgar
e cientifico; família; hábito de crescimento; tipo de planta dentro do sistema; número de
indivíduos e a finalidade.
Ressalva-se que foram incluídas no senso apenas as espécies florestais nativas e/ou
exóticas plantadas pelos agricultores por terem alguma finalidade à sua parcela.
As demais espécies já existentes na área não foram registradas por fazerem parte
da fitossociologia do assentamento (a qual necessita de estudos), pois este apresenta áreas
de mata nativa e capoeira em avançado estágio de regeneração dentro e próximas as várias
parcelas dos assentados.
Com o intuito de obter informações de contexto sócio histórico, econômico e
ambiental da unidade familiar e do Assentamento Chico Mendes III, foi elaborado um
questionário semiestruturado e realizada entrevista com os proprietários (ANEXO I).
38
A entrevista foi dividida em blocos procurando conhecer o contexto histórico do
Assentamento e da propriedade, como também das características econômicas e de
produção na parcela da família.
Com o questionário semiestruturado permite uma flexibilização na entrevista,
permitindo uma maior obtenção de informações, pois as respostas são mais livres e não
seguem uma padronização. Isso possibilita que as perguntas propostas no questionário
sejam complementadas por questões inerentes às circunstâncias à entrevista, além de
possibilitar respostas mais abrangentes e aprofundadas, dando maior informações ao que
se pesquisa (Manzini, 2004). Para finalizar a coleta de dados, foi realizado a medição das
áreas correspondentes ao quintal agroflorestal (lote 14) e SAF (lote 24) por meio do
equipamento GPS Garmin eTrex 30. Os dados foram processados nos softwares
TrackMaker v.13.9 e Google Maps para obtenção de imagens georreferenciadas das áreas
dos agricultores.
Após todos esses procedimentos, realizou-se a análise dos dados da parcela,
verificando-se o que era produzido desde a implantação do agroecossitema no
Assentamento Chico Mendes III até o presente momento, identificando as
potencialidade(s) e dificuldade(s) na condução e manutenção do sistema, quais espécies
que o compõe e a que se destinam.
39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização histórica da propriedade
Formada por 19 municípios, a Zona da Mata Norte é uma região explorada há
séculos, predominantemente, pela cultura canavieira. No entanto, devido a problemas
enfrentados no setor sucroalcooleiro ao longo do tempo muitos engenhos foram a
falência, como foi o caso do antigo Engenho São João, distrito de Tiúma, em São
Lourenço da Mata, refletindo em problemas sociais aos trabalhadores rurais, como o
desemprego, e aos recursos naturais com a degradação do solo e rios. Desde 28 de março
de 2004 o Movimento de Trabalhadores Sem Terra ocupou as terras do Engenho São João
localizado no distrito de Tiúma, São Lourenço da Mata - PE. Após 4 anos, com vários
conflitos, despejos e novas ocupações, os trabalhadores sem-terra tomaram posse da área
pelo INCRA em 14 de outubro de 2008.
Obtida a emissão de posse, os agricultores passaram por dificuldades devido à
seca que assolava a região no mesmo ano e por não terem auxílio para começarem a
produzir. Por esse motivo o Coordenador do MST, Jaime Amorim, foi ao assentamento
com o intuito de organizar e planejar o sorteio de áreas próximas ao afluente do Rio
Tapacurá que corta a área do assentamento para que se facilitasse a produção, próximo
ao curso d’agua, o que diminui a carência por irrigação. Dessa forma, ficou acordado que
no verão os agricultores poderiam cultivar na área próxima ao rio, enquanto que no
inverno, os mesmos passariam a trabalhar nas encostas dos morros.
As residências dos assentados foram construídas na área perto do rio, pois como
a facilidade de trabalho era maior, resolveram se estabelecer neste local. No entanto, com
o problema de locomoção para as feiras, enchentes, adoecimento do Sr. Daniel e a
necessidade de energia elétrica, o casal resolveu se mudar para a parcela original que
tinha melhor acessibilidade. A presidente do assentamento solicitou energia eletrica junto
a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) via programa “LUZ PARA TODOS”
do Governo Federal.
As áreas sorteadas, posteriormente, foram utilizadas por alguns para formação de
sistemas agroflorestais através de projeto da UFRPE. No sorteio realizado em novembro
de 2008, Dona Leni (64 anos) e Sr. Daniel (59 anos) adquiriam, a princípio, o lote 24
referente a parcela 24, mas como já havia uma família estabelecida nessa parcela, Dona
Leni e seu esposo resolveram trocar a parcela 24 pela parcela de número 14, porém
40
mantendo número do lote 24 próxima ao rio, formando o SAF que está sendo avaliado.
O casal de agricultores vem trabalhando bem na área, no entanto, desde 2012 Dona
Leni cuida do sítio sozinha devido a problemas de saúde de seu esposo. Ambos sempre
trabalharam na agricultura, mas também já exerceram atividades não relacionadas a ela.
Leni exerceu atividade de técnica de enfermagem por 12 anos e seu esposo Daniel exerceu
a atividade de pedreiro por 25 anos, abandonando a profissão e passando a ser
agricultores. Como agricultora, Dona Leni participou do curso “camponês a camponês”
em 2012 promovido pelo Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA entre outros e
diversos intercâmbios visitando outras propriedades nas cidades de Pombos, Gloria do
Goitá, João Pessoa –PB e Abreu e Lima no sitio do conhecido Sr. Jones Pereira.
Em relação à auxílios do Governo Federal, o INCRA, principal órgão responsável
pelo Chico Mendes III, subsidiou aos agricultores o valor de R$ 3.200,00 a fundo perdido
via projeto, inicialmente ao se estabelecer o assentamento. Logo após, forneceu outro
projeto para as mulheres, subsidiando R$ 3.000,00, mas com retorno de R$ 603,00 (valor
pago por Dona Leni e Sr. Daniel). Este último foi melhor elaborado, fornecendo não
apenas auxílio financeiro, como também assistência técnica pela DELTA, empresa
selecionada pelo INCRA via chamada de ATER, porém por um breve período,
permanecendo no assentamento fornecendo atividades de assistência técnica e extensão
rural por apenas 6 meses.
O professor Jorge Mattos, por meio do Núcleo de Agroecologia e Campesinato-
NAC da UFRPE foi o responsável por trazer assistência técnica de forma contínua através
de projetos de extensão para o assentamento Chico Mendes III, entre eles, o projeto
“Camponês a camponês: uma metodologia para a transição agroecológica no
assentamento Chico Mendes III”, que se tornou muito importante para que se pudesse
trazer recursos aos agricultores, tanto por este quanto por outros projetos derivados deste,
pois ainda não houve a divisão dos lotes nem acesso de apoio financeiro aos assentados.
Apesar de ser bem aceito pelos assentados, infelizmente, somente uma pequena parte dos
agricultores ainda trabalham na linha do projeto de Transição agroecológica.
Como se cultivou cana-de-açúcar por longos anos, o solo se tornou improdutivo,
por isso à necessidade de recompor suas qualidades estruturais. Para recuperar as
propriedades do solo, os projetos trazidos pela UFRPE visavam sempre trabalhar com
cobertura morta do solo, compostagem, produzir de forma orgânica, sem uso de
agrotóxicos.
41
Para Dona Leni, a produção mais rentável, financeiramente, foi a de hortaliças
orgânicas, a qual foi introduzida aos assentados por mais um projeto do NAC/UFRPE
encabeçado pelo professor Jorge, “Transição agroecológica: produção, comercialização
e integração com a comunidade local”, ainda em época de saúde de seu marido.
Seu trabalho foi tão árduo que em 2010 o casal foi o primeiro a inaugurar a 1°
feira agroecológica em São Lourenço e também participou da feira agroecológica no
bairro de Dois Irmãos criada em 2012.
Os agricultores têm dois filhos, ambos não moram no assentamento, o que
dificulta a condução do sitio por Dona Leni. No entanto, mesmo com o problema de saúde
de seu esposo e lidando sozinha no cultivo e manutenção da sua parcela, a proprietária
ainda vem exercendo, com louvor, as premissas agroecológicas do projeto em sua parcela.
4.2. Caracterização econômica dos agricultores
Das informações obtidas em entrevista, observou-se que a fonte de renda da
família vem do salário benefício do Sr. Daniel Pedro, que é a principal fonte de renda da
família, juntamente com os ganhos da venda da produção obtida no quintal agroflorestal
e SAF. As vendas são tanto de produtos arbóreos madeireiros quanto não madeireiros, e
também provenientes da produção agrícola e ervas medicinais, além de animais. Grande
parte destes produtos são repassados às feiras, mas também conseguem vender em sua
própria residência. Com o lucro das vendas e salário de seu esposo, a renda gira em torno
de R$ 1.237,00, R$ 937,00 + R$ 300,00 de produtos do SAF (em média, na época de
safra), sendo uma renda mensal variável, pois depende de cada safra obtida ao longo do
ano.
Dessa quantia, uma parte é gasta em remédios para Sr. Daniel e locomoção para
consulta médica, o restante é usado nas despesas do lar. Referente a essas despesas, os
gastos com alimentação são bastante onerosos, mesmo com o consumo próprio advindo
da produção agrossilvicultural diversificada. A produção não é contínua e muitas das
espécies encontradas ainda não produzem por estarem fora da época ou foram a pouco
tempo plantadas. Das que já estão fornecendo produtos, algumas não fazem parte da dieta
do proprietário que é diabético, implicando numa despesa de R$ 700,00, em média, de
alimentação para Sr. Daniel de Souza e sua esposa. Desta forma, recomenda-se planejar
um calendário de produção.
42
4.3. Caracterização produtiva da propriedade
4.3.1. Produção no Quintal Agroflorestal.
O sistema produtivo é composto tanto por plantas quanto por animais. No quintal
agroflorestal são encontradas aves, caprinos e roedores que são utilizados como fonte de
alimentação e também como renda extra.
A criação de aves e caprinos iniciou-se em 2013, mais uma vez via projeto da
UFRPE junto ao Prof.° Dr. Jorge Mattos denominado “Integração da produção animal e
vegetal no processo de transição agroecológica no assentamento Chico Mendes III-Pe”.
Por meio de sorteio, a parcela de Dona Leni foi contemplada com a construção de
um aprisco e de um bode reprodutor, como também um galinheiro para recebimento dos
pintos. Os caprinos foram distribuídos para 8 famílias, sendo que uma recebeu 2 cabras
que seriam levadas ao aprisco na residência de Dona Leni em época de cio para
reprodução e posterior redistribuição aos demais assentados que não obtiveram esses
animais via sorteio (Figura 4).
Figura 4: Criação de animais para complementação da renda no lote 14: Aprisco com cabra e
bodes. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
43
No caso das aves, os assentados receberam 3 remessas de 750 pintos, das quais
2 já foram levadas ao Chico Mendes III. Na primeira, os 750 indivíduos foram levados
ao galinheiro na residência de Leni e Daniel, criados por 20 dias e distribuídos aos demais.
No entanto, na segunda remessa esses animais foram entregues diretamente a cada
um dos assentados e o mesmo ocorrerá com a chegada da terceira.
Os roedores (porquinho-da-índia) são de fonte externa apresentando 7 indivíduos,
até a data da pesquisa, e os demais animais (cães e gatos) existentes no local são
domésticos.
Com relação a produção vegetal, encontra-se no terreno do casal de agricultores
uma variedade de plantas, indo de espécies ornamentais à frutíferas, que se apresenta mais
diversificada do que o SAF (Quadro 1).
As famílias que tem maior representatividade de espécies no quintal são
Anacardiaceae (5), Asparagaceae (5), Poaceae (5) e Lamiaceae (4).
Quanto a heterogeneidade de espécies (Figura 5), verificou-se a predominância
das frutíferas (26 espécies), seguida pelas ornamentais (15 espécies), medicinais (13
espécies), raízes e grãos (6 espécies), olerícolas (5 espécies) e adubadoras (3 espécies) ,
totalizando 38 famílias.
Figura 5: Composição do quintal agroflorestal de acordo com o grupo de espécies em (%). Fonte:
Edvanilson Luiz, 2017.
Frutíferas 38%
Adubadoras5%
Medicinal19%
Ornamental22%
Olarícolas7% Raízes e
grãos 9%
44
Quadro 1-Espécies identificadas no quintal agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro de Souza (Lote 14) no Assentamento Chico Mendes III.
Fonte: Edvanilson Luiz (2017).
Família
Nome comum Nome científico Estrato
Tipos de
plantas
Nº de plantas Finalidade
Anacardiaceae
Cajá Spondia lútea Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda
Manga Mangifera indica Arbóreo Frutífera 15 (4 var.) Consumo e venda
Caju Anacardium
occidentale
Arbóreo Frutífera 15 Venda
Siriguela Spondias purpurea L. Arbustivo Frutífera 06 Consumo
Aroeira Schinus
terebinthifolius
Raddii
Arbustivo Medicinal 02 Consumo
Annonaceae
Graviola Anona muricata Arbustivo Frutífera 05 Consumo
Pinha Annona squamosa Arbustivo
Frutífera 01 Venda
Apiaceae
Coentro Coriandrum sativum Herbáceo Olerícola 300* Consumo e Venda
Cenoura Daucus carota Herbáceo Raízes e grãos 150* Venda
Apocynaceae
Buquê-de-noiva Plumeria pudica Arbustivo Ornamental 02 Venda
Araceae Comigo-ninguém-
pode
Dieffenbachia sp. Herbáceo Ornamental 02 Venda
Arecaceae Coco Cocos nucifera Arbóreo Frutífera 08 (2 var.) Consumo e venda
Palmeira-areca Dypsis lutescens Arbustivo Ornamental 03 Venda
Asparagaceae
Aspargo-alfinete Asparagus
densiflorus Sprengeri
Herbáceo Ornamental 02 Venda
Espada-de-são
Jorge
Sansevieria
trifasciata
Herbáceo Ornamental 01 Venda
Dracena Dracaena fragrans Herbáceo Ornamental 01 Venda
Aspargo-pendente Asparagus
densiflorus
Sprengeri.
Herbáceo Ornamental 01 Venda
Lança-de-são Jorge Sansevieria Herbáceo Ornamental 01 Venda
45
cylindrica
Asteraceae
Alcachofra Cynara scolimus Herbáceo Medicinal 03 Venda
Sempre-viva Xerochrysum
bracteatum
Herbáceo Ornamental 05 Venda
Bignoniaceae
Coité Crescentia cujete Arbóreo Ornamental 01 Venda
Bixaceae
Açafrão Bixa orellana L. Arbóreo Frutífera 03 Consumo
Brassicaceae
Rabanete Raphanus sativus Herbáceo Raízes e grãos 60* Venda
Nabo Brassica rapa Herbáceo Raízes e grãos 70* Venda
Rúcula Eruca sativa Herbáceo Olerícola 120* Venda
Bromeliaceae
Abacaxi Ananas comosus Herbáceo Frutífera 70 Consumo e venda
Cactaceae Palma Opuntia ficus-indica Arbustivo Ornamental 18 Consumo
Caricaceae
Mamão Carica papaya Arbóreo Frutífera 09 (3 var.) Venda
Chenopodiaceae Mastruz Chenopodium
ambrosioides L.
Herbáceo Medicinal 05 Venda
Chrysobalanaceae
Oiti Licania tomentosa Arbóreo Frutífera 01 Venda
Combretaceae
Castanhola Terminalia catappa Arbóreo Frutífera 01 Consumo
Convulvulaceae Batata-doce Ipomea batatas L. Herbáceo Raízes e grãos 142 Consumo e venda
Cucurbitaceae
Jerimum Curcubita sp
Herbáceo Olerícola 06 Consumo e venda
Davalliaceae
Samambaia Davalia fejeensis Herbáceo Ornamental 02 Venda
Euphorbiaceae
Macaxeira Manihot esculenta
Herbáceo Raízes e grãos 1000* Consumo e venda
Aveloz Euphorbia tirucalli
L.
Arbustivo Ornamental 02 Venda
Fabaceae Feijão-de-porco Cajanus cajan Herbáceo Adubadora 15 Consumo
Feijão-verde Vigna unguiculata Herbáceo Olerícola 1000* Consumo e venda
Lamiaceae Vega-morta Mentha aquatica L. Herbáceo Medicinal 03 Venda
46
Manjericão Ocimum minimum L Herbáceo Medicinal 10 Venda
Hortelã-graúda Plectranthus
amboinicus L
Herbáceo Medicinal 05 Venda
Erva-cidreira Melissa officinalis L. Herbáceo Medicinal 03 Venda
Lauraceae
Abacate Persea gratissima Arbóreo Frutífera 03 Consumo e venda
Liliaceae Babosa Aloe vera L Burm. f Herbáceo Medicinal 12 Venda
Malpighiaceae Acerola Malpighia
emarginata
Arbustivo
Frutífera 10 Consumo e venda
Malvaceae Quiabo Abelmoschus
esculentus (L.)
Moench.
Herbáceo Olerícola 50* Consumo e venda
Mimosaceae Ingá Inga sp Arbóreo Frutífera 01 Consumo e venda
Myrtaceae
Azeitona-do-
nordeste
Syzygium cumini Arbóreo Frutífera 08 Venda
Jabuticaba Plinia cauliflora Arbóreo Frutífera 01 Venda
Pitanga Eugenia uniflora Arbustivo
Frutífera 08 Venda
Monimiaceae
Boldo –do-chile Peumus boldus M. Herbáceo Medicinal 05 Venda
Moraceae Jaca Artocarpus sp Arbóreo Frutífera 12 Consumo e venda
Fruta-pão Artocarpus altilis Arbóreo Frutífera 02 Venda
Musaceae
Banana Musa sp. Arbóreo Frutífera 430* (7 var.) Consumo e venda
Passifloraceae
Maracujá Passiflora edulis Herbáceo Frutífera 05 Consumo e venda
Poaceae
Milho Zea mays Herbáceo Raízes e grãos 100* Consumo e venda
Capim santo Cymbopogon citratus Herbáceo Medicinal 05 Venda
Citronela Cymbopogon citratus Herbáceo Medicinal 01 Venda
Cana-de-açúcar Saccharum
officinarum L.
Herbáceo Ornamental 18 (2 var.) Venda
Sorgo Sorghum vulgare Herbáceo Adubadora 1000* Consumo
Portulacaceae Onze horas Portulaca
grandiflora
Herbáceo Ornamental 03 Venda
47
Rutaceae
Limão Citrus aurantifolia Arbóreo Frutífera 11 (2 var.) Consumo e venda
Laranja Citrus aurantium Arbóreo Frutífera 24 (8 var.) Consumo e venda
Noni Morinda citrifolia L. Arbustivo
Frutífera 03 Venda
Sapindaceae
Pitomba Talisia esculenta Arbóreo Frutífera 02 Consumo
Solanaceae Erva-moura Solanum nigrum Herbáceo Medicinal 01 Venda
Pimenta Capsicum spp. Herbáceo Medicinal 11 (2 var.) Venda
- Croti - Arbustivo Adubadora 1000* Consumo
Total de famílias
Total de espécies
Total de plantas
38
68
5797
*- Número aproximado de plantas
Var – variedades
Obs.: O croti quando dito para “consumo”, implica-se ao sinônimo de “uso”. Neste sentido, sua utilização como cerca-viva ou adubadora.
48
A maior abundância de espécies frutíferas se dá devido a maior importância
econômica e alimentar, sendo muito pouco o uso de espécies lenhosas. É conhecido
também que pessoas de baixo poder aquisitivo tem a tendência a cultivarem mais espécies
produtoras de fibras, verduras e frutíferas nos quintais, enquanto que as com maior poder
aquisitivo optam pelas espécies de valor ornamental e comercial.
Ao levar em consideração as espécies medicinais que também são ocorrentes no
sistema compondo o jardim no entorno da residência para o seu embelezamento, ou seja,
com características de ornamentais, o percentual em número de espécies ultrapassa o de
frutíferas (41%), porém, o número de plantas desta categoria é muito menor do que as
que produzem frutos.
Nota-se que com exceção da palma (Opuntia ficus-indica) que é utilizada como
alimento para os caprinos, todas as espécies ornamentais são vendidas,
independentemente da quantidade de indivíduos presentes. Isso ocorre porque a
agricultora responsável, quando dispõe de tempo, faz propagação vegetativa (semente ou
estaquia) das espécies para revender.
O custo de produção na propriedade é mínimo e recai sobre a obtenção de mudas,
sementes e insumos. Inicialmente pelo projeto “Transição Agroecológica no
assentamento Chico Mendes III: educação ambiental e revegetação das margens dos Rios
Goitá Tapacurá” em 2010, no qual os agricultores participantes recebiam sementes e
adubo orgânico. Em alguns casos, recebem informalmente mudas de espécies frutíferas,
mas geralmente fazem propagação vegetativa, renovando a produção por meio das
sementes ou mudas de espécimes já estabelecidos na área (Figura 6).
49
Figura 6: Mudas de banana (Musa sp.) prontas para plantio, produzidas no quintal agroflorestal.
Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
Segundo Dona Leni, maior parte do que é produzido em sua parcela é para
autoconsumo e obviamente, o excedente é vendido. A lucratividade no 1° semestre de
2017 foi muito alta, segundo a agricultora, principalmente com a venda de produtos como
milho (aproximadamente 40 mãos-1 mão de milho = 50 espigas), feijão (20kg), banana
(mais de 200kg), mamão (100kg), acerola (30kg), limão (50kg), cana (mais de 300kg),
jaca (400kg), caju (150kg), melancia (20kg), jerimum (70kg) e manga (mais de 1000kg).
A produção de manga foi muito grande, havendo um alto percentual de perda.
A proprietária ainda permanece muito otimista em relação à safra deste 2°
semestres que ainda está rendendo muitos produtos para comercializar (Figura 7).
50
Figura 7: Dona Leni com Jerimum (Curcubita sp.) de 36kg obtido em seu quintal agroflorestal.
Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
Observou-se que a escolha de espécies alimentares anuais e perenes,
predominantemente, frutíferas na área de estudo estão de acordo com a preferência dos
agricultores e com a demanda do mercado local. Apesar disto, não se faz o beneficiamento
dos frutos, o que é um ponto negativo, pois o produto beneficiado tem maior valor
comercial que in natura, favorecendo maior potencial produtivo na parcela.
Atualmente, mais da metade das espécies presentes nos arredores da casa têm a
finalidade exclusiva de venda (57%) e para uso exclusivo dos agricultores (alimentar,
medicinal, ornamental etc.) são 15%. Dos 28% restantes, as espécies se destinam tanto a
venda quanto ao próprio consumo (Figura 8).
51
Figura 8: Percentual de espécies de acordo com a finalidade no quintal agroflorestal. Fonte:
Edvanilson Luiz, 2017.
De acordo com o que foi colhido em depoimento, os agricultores alegam que a
propriedade vem aumentando sua produtividade ao longo do tempo, por seguirem
algumas das orientações da equipe técnica da UFRPE. Isso contribui positivamente para
alavancar a economia da unidade familiar possui uma agrofloresta bem desenvolvida.
4.3.2. Produção no Sistema Agroflorestal
Ao tratar da situação da produção do lote 24 (área de implementação da URA em
2010), foram encontradas as espécies mostradas no (Quadro 2) comparando-as com as da
(Quadro 3).
No lote 24, local em que foi instalado o sistema agroflorestal em 2010, foram
levantadas as seguintes espécies, conforme mostra o quadro 2.
Venda57%Consumo
15%
Consumo e venda28%
52
Quadro 2-Espécies constantes do projeto e implantação do sistema agroflorestal de Leni
da Silva e Daniel Pedro de Souza, lote 24 do Assentamento Chico Mendes III, em 2010.
Fonte: Oliveira (2010).
Nome
comum
Família
Estrato
Função no
sistema
Nº de
plantas
Espécies de Ciclo Curto
Batata doce Convulvulaceae herbáceo alimentar 20
Macaxeira Euphorbiaceae herbáceo alimentar e tutora 144
Milho Poaceae herbáceo alimentar 28
Inhame Dioscoreaceae herbáceo alimentar 10
Pinhão-roxo Euphorbiaceae herbáceo tóxico 01
Feijão
de porco
Fabaceae herbáceo adubadora
167
Espécies de Ciclo Médio
Abacaxi Bromeliaceae herbáceo tutora e alimentar 470
Mamão Caricaceae arbustivo alimentar 03
Espécies de Ciclo Longo
Romã Lythraceae arbustivo alimentar 02
Acerola Malphighiaceae arbustivo alimentar 02
Carambola Oxalidaceae arbustivo alimentar 01
Banana Musaceae arbóreo alimentar 16
Coco Arecaceae arbóreo alimentar 03
Goiaba Myrtaceae arbóreo alimentar 04
Citrus Rutaceae arbóreo alimentar 04
Jabuticaba Myrtaceae arbóreo alimentar 01
Jambo Myrtaceae arbóreo alimentar 01
Croti - arbustivo cerca viva e
adubadora
80
Fruta-pão Moraceae arbóreo alimentar 01
Manga Anacardiaceae arbóreo alimentar 02
Abacate Lauraceae arbóreo alimentar 02
Nim Meliaceae arbóreo adubadora 01
Total de famílias 19
Total de espécies 22
Total de plantas 963
53
Quadro 3-Espécies levantadas no sistema agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro de Souza (Lote 24) do Assentamento Chico
Mendes III, em 2017, sete anos após implantação.
Fonte: Edvanilson Luiz (2017).
Família
Nome comum Nome científico Estrato
Tipos de
plantas
Nº de
plantas
Finalidade
Acanthaceae
Chambá Justicia pectoralis Herbáceo Medicinal 30* Venda
Amaranthaceae Terramicina Alternanthera
dentata
Herbáceo Medicinal 50 Venda
Anacardiaceae
Cajá Spondia lútea Arbóreo Frutífera 01 Consumo e venda
Manga Mangifera indica Arbóreo Frutífera 25 (5 var.) Consumo e venda
Caju Anacardium
occidentale
Arbóreo Frutífera 15 Venda
Siriguela Spondias
purpurea L.
Arbustivo Frutífera 05 Consumo e venda
Annonaceae
Graviola Anona muricata Arbustivo Frutífera 03 Consumo e venda
Araticum Annona
crassiflora
Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda
Arecaceae Coco Cocos nucifera Arbóreo Frutífera 14 Consumo
Dendê Elaeis guineensis Arbóreo Frutífera 01 Venda
Asparagaceae Espada-de-são
Jorge
Sansevieria
trifasciata
Herbáceo Ornamental 30 Venda
Bignoniaceae
Coité Crescentia cujete Arbóreo Ornamental 05 Venda
Bixaceae
Açafrão Bixa orellana L. Arbóreo Frutífera 08 Consumo
Bromeliaceae
Açaí Euterpe oleraceae Arbóreo Frutífera 03 Consumo
Caesalpiniaceae Pau-brasil Caesalpinia Arbóreo Ornamental 02 Venda
54
echinata Lam
Combretaceae
Castanhola Terminalia
catappa
Arbóreo Frutífera 02 Consumo
Fabaceae
Pata-de-vaca Bauhinia forficata Arbóreo Medicinal 02 Venda
Lauraceae Abacate Persea gratissima Arbóreo Frutífera 02 Venda
Canela Cinnamomum sp. Arbóreo Medicinal 01 Venda
Leguminosa-
papilionoideae
Sombreiro Clitoria
fairchildiana
Howard
Arbóreo Adubadora 30 Consumo
Malpighiaceae Acerola Malpighia
emarginata
Arbustivo
Frutífera 11 Venda
Malvaceae
Xixá-branco Sterculia striata Arbóreo Ornamental 08 Venda
Meliaceae
Nim Azadirachta
indica A. Juss
Arbóreo Adubadora 05 Venda
Cajarana Cabralea
canjerana
Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda
Mimosaceae
Ingá Inga sp Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda
Leucena Leucaena
leococephala
Arbóreo Adubadora 04 Consumo
Moraceae
Jaca Artocarpus sp Arbóreo Frutífera 06 Consumo e venda
Musaceae
Banana Musa sp. Arbóreo Frutífera 62* (3 var.) Venda
Myrtaceae
Azeitona-do-
nordeste
Syzygium cumini Arbóreo Frutífera 06 Venda
Pitanga Eugenia uniflora Arbustivo
Frutífera 08 Venda
Jambo-vermelho Syzygium
malaccense
Arbóreo Frutífera 02 Venda
Passifloraceae Maracujá Passiflora edulis Herbáceo Frutífera 05 Venda
55
Rhamnaceae
Juá Ziziphus joazeiro Arbóreo Frutífera 01 Venda
Rutaceae
Limão Citrus
aurantifolia
Arbóreo Frutífera 12 (2 var.) Consumo e venda
Laranja Citrus aurantium Arbóreo Frutífera 14 (5 var.) Consumo e venda
Sapotaceae
Abiu Pouteria caimito Arbóreo Frutífera 02 Consumo
Zingiberaceae
Colônia Alpinia zerumbet Herbáceo Medicinal 03 Venda
Cana-de-macaco Costus
spicatus
Herbáceo Medicinal 03 Venda
- Croti - Arbustivo Adubadora 50* Consumo
Total de famílias
Total de espécies
Total de plantas
26
39
437
*- Número aproximado de plantas
Var – variedades
Obs.: O croti e leucena quando ditas para “consumo”, implica-se ao sinônimo de “uso”. Neste sentido, sua utilização como cerca-viva e
adubação.
56
Analisando-se o desenvolvimento do sistema pode-se perceber que desde sua
implantação até o presente momento, houve um aumento na introdução de espécies de
estrato arbóreo em 27% e diminuição de espécies de estrato arbustivo e herbáceo (Figura
9).
Figura 9: Percentual dos diferentes tipos de estratos em 2010 (A), ano de implantação; e 2017
(B), ano de levantamento. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
As famílias com maior representatividade encontradas no SAF são das famílias
Anacardiaceae (4), Myrtaceae (3) e Zingiberaceae (3).
As espécies que produzem frutos, ou seja, maior interesse econômico,
aumentaram cerca de 64% (25) comparado a 2010 (36%) (14), ou seja, quase que dobrou,
mas quando levando em consideração todos os tipos de plantas ocorrentes de acordo com
os diferentes estratos que compõem o sistema, o percentual de frutíferas é menor que do
ano de criação do SAF (Figura 10).
Figura 10: (A) Percentual de frutíferas em 7 anos. (B) Número de espécies no SAF em 2010 e
2017, de acordo com a funcionalidade. (C) e (D) Percentual de espécies no SAF em 2010 e 2017
respectivamente, de acordo com a funcionalidade. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
arbóreo45%
herbácio32%
arbustivo23%
SAF-2010
arbóreo72%
herbácio15%
arbustivo13%
SAF-2017A B
57
Atualmente não se produz mais espécies anuais tolerantes ao sombreamento como
macaxeira, milho, feijão-verde e etc. no lote 24, devido a estratificação arbórea da área
que produz sombreamento, as quais se tornaram inviáveis economicamente, três anos
após implantação; no entanto, continuam sendo plantadas no quintal agroflorestal, com
exceção do inhame (Dioscorea cayenensis), cujo preço das sementes é caro e como a
renda da família é direcionada aos gastos domiciliares, inviabiliza a continuidade de seu
cultivo.
Deve-se salientar também que o coco (Cocos nucifera), segundo os proprietários
teve sua produção reduzida, inicialmente existiam 70 coqueiros introduzidos, mas devido
à seca, 56 destes morreram sobrando apenas 14.
O sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), utilizado para fornecer sombra a
outras espécies e biomassa como técnica de cobertura morta, teve um acréscimo muito
elevado, necessitando urgentemente de manejo para controlar sua multiplicação.
Segundo Meirelles e Souza (2015), espécies leguminosas como o sombreiro são
fixadoras de N2, plantas de rápido crescimento eficientes em aumentar o N do solo.
Frequentemente usadas no sistema de cultivo em aleias, cujo material é colocado nas
entrelinhas como adubo verde. Contudo, sem o manejo periódico, fato que já acontece
a algum tempo, incluindo podas e controle de indivíduos, a proliferação dessa espécie
traz riscos por ser de rápida germinação e fácil dispersão gerando competitividade e
inibindo o desenvolvimento de outras espécies de interesse (Figura 11).
Figura 11: Corredor feito com sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), inicialmente utilizado
para adubação verde, mas que fugiu ao controle de crescimento, necessitando de poda de
rebaixamento para reduzir o sombreamento às culturas. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
58
4.3.3. Tratos culturais: Quintal Agroflorestal e Sistema Agroflorestal
As decisões de manejo das áreas são discutidas entre o casal de agricultores, mas
as atividades muitas vezes não são dirigidas por eles, uma vez que a saúde de Sr. Daniel
está fragilizada e Dona Leni não consegue realizar algumas tarefas. Na área da residência,
a agricultora não sente muita dificuldade na realização das atividades producentes, pois
quando tem tempo disponível e as condições climáticas são favoráveis, ela mesma as faz,
para alguns trabalhos específicos, como abertura de covas para plantio de batata,
macaxeira; construção de leirões para hortaliças etc. A Dona Leni conta com um
companheiro chamado “Carreiro” para auxiliá-la. Na área do SAF não ocorre esse tipo
de cuidado, as atividades são realizadas por um companheiro ou pessoa de fora do
assentamento que é pago para realizar os tratos culturais mais básicos, como roçada e
algumas podas.
Gomes (2010) afirma que a idade avançada ou doenças diminuem a resistência do
agricultor na realização de determinadas atividades reduzindo a eficácia na realização de
determinados trabalhos, como também existe uma perda de força de trabalho dessas
atividades com a morte de um dos componentes familiares. Geralmente, sempre coube ao
homem as atividades que envolvem maior força bruta, como o preparo do terreno para o
plantio, seja revirando o solo ou cavando covas. Em situações de falta de força de
trabalho, a opção é a contratação de trabalhadores externos (diaristas) para o trabalho
mais pesado.
A regra geral para o manejo ou manutenção de uma agrofloresta é seguir os traços
da natureza, que demonstram como criar mais variedade e produzir melhor aquilo que
necessitamos. As principais atividades de manejo de uma agrofloresta são a capina
seletiva, as podas das árvores, a cobertura do solo com matéria orgânica, o replantio,
roçagem, desbaste ou raleio e, claro, a colheita (ROCHA, 2014; MICCOLIS et al., 2016).
As atividades realizadas na propriedade são poda, roçagem e capina; e para
proteção do solo na área do quintal agroflorestal, faz-se uso da técnica de cobertura morta,
atividade que impede a exposição do solo contribuindo para sua conservação (Figura 12).
59
Figura 12: Prática de cobertura morta no solo em plantio de batata-doce (Ipomea batatas L).
Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
Entretanto esta técnica só é utilizada em algumas áreas devido a escassez de mão-
de-obra e, em muitas áreas, principalmente as mais declivosas, vem ocorrendo o processo
da erosão. Por isto recomenda-se que a cobertura morta seja usada em todo o quintal
(Figura 13).
Figura 13: Pés de macaxeira e milho em declive em terra nua com solo compactado, com presença
de cajueiro (no meio) e bananeiras (ao fundo). Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
60
Segundo Wadt et al. (2003), é preciso ficar atento a degradação biológica onde há
uma intensa diminuição da capacidade de produção de biomassa vegetal causada,
primeiramente, pela degradação dos solos, a partir da perda de nutrientes e matéria
orgânica, aumentando a acidez ou a compactação. Descobertos, os solos sofrem ação
direta das partículas de água das chuvas que desagregam partículas sendo mais
vulneráveis ao arraste mecânico causado pelo escoamento superficial (erosão laminar), e
quanto maior a declividade do terreno e extensão da encosta, maior serão os danos
causados pela erosão, provocando sulcos ou até mesmo voçorocas e neste caso, se torna
mais difícil a restauração.
Como forma de evitar algumas pragas, como cochonilhas em citrus por exemplo,
o casal usa alguns biofertilizantes bem eficazes. A mistura de sabão, leite, cinzas e açúcar;
também fumo embebido em água ou ureia, mas de forma alguma usam agroquímicos em
sua produção, tão pouco fazem uso de fogo em qualquer uma de suas áreas produtivas.
De qualquer forma a situação não é tão alarmante, pois existe um certo cuidado mais
intrínseco às plantações próximas a residência. Mudanças habituais do preparo do solo
podem contribuir para a reversão dos distúrbios mencionados. Todavia, deve-se dar mais
importância ao estado em que se apresenta o Sistema Agroflorestal, o qual com sete
anos, ainda apresenta uma produtividade relativamente baixa. Mesmo assim, algumas
espécies dominantes alcançam colheitas significativas (Figura 14).
Figura 14: Colheita de limão taiti no Sistema Agroflorestal. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
61
Embora tenha aumentado o número de espécies, principalmente frutíferas, não
houve avanço na produção de frutos para comercialização. Houve o declínio na
produtividade de algumas espécies por falta de cuidados, outras ainda não atingiram idade
de frutificação. Comparada ao quintal, o SAF apresenta produtividade menor,
possivelmente pela falta de mão-de-obra e manejo.
4.4. Limitações dos agricultores e da propriedade
Apensar de apresentar uma alta diversidade botânica, existem alguns fatores que
limitam maior rentabilidade dentro da propriedade dos agricultores. Esses fatores afetam
diretamente o desenvolvimento dos agroecossitemas (quintal agroflorestal e SAF) que
poderiam prover mais produtos e serviços para aumentar o atendimento às necessidades
do casal. O principal agravante neste caso, é que Dona Leni é a única força de mão-de-
obra familiar, e a contratação de diaristas tem um preço muito elevado, considerando a
renda da família.
Corroborando com o problema anterior, a propriedade (lote 14) mesmo tendo
solos férteis, exibe um relevo muito acidentado para realização das atividades. A área dos
fundos da residência que serve para expansão das plantações é bastante declivosa, tendo
na parte abaixa o poço que abastece a casa, além de algumas plantações em seu entorno,
sendo acessadas apenas por uma escadaria improvisada (Figura 15).
Figura 15: “Covas” para plantação de macaxeira em terreno íngreme juntamente com leirões de
hortaliças em consórcio com bananas. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.
62
Na implantação do SAF em 2010, houve a questão da organização em relação ao
espaçamento das espécies dentro do sistema e o cuidado com o manejo de forma a facilitar
o trabalho e desenvolvimento das espécies. Esse espaçamento, principalmente para as
árvores que tem predominância no local, é variável e sua distribuição dependeu da
arquitetura das espécies, fertilidade do solo, entre outros fatores.
A observância do espaçamento é muito importante para evitar e comprometer seu
crescimento, também facilita a manutenção da área, e contribui para que a planta cresça
sadia e a colheita seja menos exaustiva. Percebe-se que atualmente a área do quintal
agroflorestal está sendo bem conduzida, apesar de algumas controvérsias, como capina
não seletiva deixado solo descoberto devido ao aculturamento da agricultura
convencional (Figura 16). Porém, isso não ocorre no SAF, que apresenta necessidades de
tratos culturais urgentes.
Figura 16: Espécies frutíferas (caju, banana, laranja, manga), medicinais (babosa, canto direito) e
ornamentais (pião-roxo, lado esquerdo) compondo o Quintal Agroflorestal. Fonte: Edvanilson
Luiz, 2017.
Dona Leni é a principal responsável pelo trabalho doméstico e atividades de
manejo, beneficiamento e comercialização dentro da propriedade. Contudo, a falta de
maquinário e equipamento específico para processamento das frutas (fabricação de doces,
polpas, licores etc.), por falta de incentivo dos órgãos responsáveis (INCRA/EMATER),
63
limita a obtenção de uma variedade maior de produtos a serem consumidos e
comercializados, pois o beneficiamento agrega diversidade, durabilidade e valor aos
produtos.
Também existe o problema da comercialização, que mesmo acontecendo, é bem
limitada devido à falta de transporte aos assentados. Poderia ser mais rentável se a
produção tivesse alcance constante nas feiras agroecológicas e outros pontos na cidade,
mas como o custo de transporte é alto, se torna economicamente inviável, dessa forma o
casal prefere utilizar o carro do filho e levar suas mercadorias aos pontos de venda.
4.5. Perspectivas futuras
Para o casal de agricultores, em especial Dona Leni, mesmo satisfeitos com seu
imóvel e a produtividade que este vem promovendo, ainda sim almejam elevar a produção
de frutíferas, especialmente limão, laranja e coco. Estes produtos têm maior
comercialização e não requerem muito esforço com relação aos cuidados.
Aspira-se também a criação de mais animais como bovinos, pois apesar do
tamanho da propriedade ser suficiente para produção vegetal, para criação de animais de
grande porte é insuficiente, contando também com o relevo inconveniente na área o que
dificulta ainda mais, segundo eles. Não só tamanho da propriedade que inviabiliza essa
atividade, como também o custeio, uma vez que todo o capital é convertido para o gasto
domiciliar. Espera-se que com o aumento da produtividade proveniente das melhorias na
área possa-se adquirir um veículo que possibilite a transporte dos produtos do
assentamento até os pontos de comércio.
4.6. Recomendações quanto ao manejo
Após estabelecido o agroecossitema, é preciso realizar algumas práticas de
manejo para permitir o bom desenvolvimento e produção das plantas no sistema. Quando
se pensa no manejo, objetiva-se também a redução de perdas e a racionalização da
colheita e comercialização. Seguir algumas recomendações podem ajudar na evolução
dos sistemas, otimiza a realização dos trabalhos futuros e auxilia na obtenção de maior
produtividade.
64
4.6.1. Manejo de solo
Incialmente, manejar o solo é a prioridade num sistema agroflorestal, pois é ele o
principalmente responsável por prover os componentes necessários ao desenvolvimento
da planta (nutrientes, sustentação etc.). Quando buscamos realizar as práticas de manejo,
estamos “produzindo solo”, melhorando suas qualidades físicas e químicas para sustentar
as várias espécies que utilizamos.
Segundo May et al (2008), deve-se evitar grande espaçamento inicial entre as
espécies perenes, pois assim evita-se o risco de invasão por gramíneas e outras plantas
herbáceas de difícil manejo ou de onerosa eliminação. É imprescindível adensar o sistema
com espécies subordinadas ou de permanência temporária para formar uma cobertura
viva do solo. A cobertura do solo entre os espaços das plantas perenes principais podem
ser ocupados com adubação verde ou cobertura morta oriundas da limpeza da área, e/ou
pela biomassa fornecida pelas podas periódicas.
Como maneira mais simples de cobrir o solo, a cobertura morta é recomendada,
sendo incrementada e mantida pela prática de podas, principalmente das espécies perenes
que precisam de rebaixamento periódico, espécies que são utilizadas para efeito de
sombreamento. Mas também pode haver a incorporação de material vegetal a partir de
outras práticas como roçagem e capina da vegetação competidora. Uma boa cobertura
morta reduz a evapotranspiração e favorece a infiltração da água das chuvas.
4.6.2. Manejo da agrofloresta
Para culturas anuais, nos primeiros anos, como milho, feijão, mandioca etc., os
tratos culturais consistem na adubação orgânica e capinas. Após a colheita, os restos
vegetais devem permanecer no local.
O intuito é que o solo se mantenha coberto com a biomassa produzida proveniente
da produção, para protegê-lo da insolação e manter a umidade junto às raízes superficiais.
É ideal que haja a rotação de culturas para contribuir com a diminuição da
incidência de pragas e doenças. Hortaliças rústicas e a melancia devem ser semeadas nas
covas de plantio de espécies florestais e de frutíferas, aproveitando a adubação já feita
para as árvores.
Espécies ornamentais podem ser incluídas no sistema para aproveitar o espaço
semi-sombreado entre as frutíferas e florestais, já que no 3º ano não há mais luz suficiente
65
para as anuais. Bem interessante são a helicônia e alpínia que crescem bem no sistema
devido seu ciclo curto, sendo opções interessantes de espécies para melhorar a renda do
agricultor familiar, com boa aceitação no mercado das flores de corte (ARMANDO,
2002).
A realização de capinas radicais, aquelas em que o solo fica descoberto, feitas com
enxada não são remendadas em hipótese alguma, pois afetam de forma negativa a
produtividade, facilitam a queima da matéria orgânica acumulada no solo e aceleram o
processo de erosão. Em caso de necessidade de capinas não seletivas, o ideal é o agricultor
realizá-la na forma de coroamento. A capina seletiva é uma atividade de limpeza pela
prática do arranquio ou corte de plantas herbáceas competidoras, deixando as plantas que
permanecerão na área. Pode ser feita arrancando as plantas com as mãos ou cortando
com facão ou tesoura de poda. Arrancar ou cortar as plantas herbáceas envelhecidas
acelera a sucessão e favorece o desenvolvimento das árvores.
Os plantios ou da regeneração natural jovem devem ser marcadas com estacas
para que não sejam pisoteadas. Em locais em que o capim é dominante, suas touceiras
devem ser arrancadas, sacudidas e viradas para cima, essas plantas devem ser colocadas
sobre galhos ou folhas podadas de outras espécies, para evitar novo enraizamento e
retorno do capim no local plantado.
Com o objetivo de formar uma boa estrutura de copa, a poda de formação é
indicada, pois deixa a copa simétrica e arejada e facilita os tratos culturais, além de
garantir uma maior resistência a tombamentos e quebras de galhos. É feita em plantas
geralmente jovens e garante fustes de boa qualidade se o objetivo também for a venda de
madeira. Tendo-se por objetivo a eliminação dos galhos velhos ou secos; ou excesso de
ramos que estejam mal posicionados, fracos ou contaminados, indica-se a poda de
limpeza.
Mas se o interesse for facilitar a produção de flores e frutos, executa-se a poda de
frutificação. Esta poda é feita periodicamente em espécies perenes com o propósito de
aumentar a produtividade da cultura. A prática da poda pode ser feita com serrote de poda,
ou ainda com uso de tesoura de poda, não se recomenda o uso do facão. Todo material
podado deve ser picado ou triturado e lançado ao solo, permitindo um melhor
aproveitamento dos nutrientes e da umidade da matéria orgânica a partir da sua
decomposição. Para acelerar o processo, uma dica é colocar o material lenhoso em contato
com o solo, dispondo as folhas e galhos finos por cima.
66
Não se recomenda que a poda seja realizada em época de lua crescente ou cheia,
pois a lua exerce influência sobre as plantas e a seiva está presente em maior quantidade
na parte aérea (caule, ramos e folhas). Podar neste momento podem enfraquecer a planta.
Tão pouco em época de frutificação e floração, com exceção da manga, o biriba e
o cajá, que podem ser podadas também após a frutificação uma vez que entrarão em
dormência e rebrotarão no início das próximas chuvas. O ideal é que podas sejam feitas
em lua minguante e no final da estiagem ou início das chuvas, pelo fato das plantas
estarem com sua seiva menos ativa e sendo mais tolerantes à poda nesta época do ano
(MICCOLIS et al., 2016).
Sobre a questão de plantas daninhas, Pitelli (1987), diz que ao trabalhar novas
áreas dentro da prioridade para aumento de produção deve sempre haver uma certa
cautela. Uma cultura, ao ser implantada em determinado agroecossistema, encontra, no
solo, uma certa quantidade de propágulos que vão emergir espontaneamente durante o
ciclo de vida da planta cultivada. Logo, aplicar medidas protetivas contra a emergência e
entrada de ervas daninhas no agroecossitema devem ser pensadas.
Algumas ações simples podem ajudar a conter a infestação dessas plantas como a
limpeza dos implementos agrícolas utilizados em determinada área para não ser
transferidos os propágulos a outros locais.
Reparar também os fertilizantes orgânicos, pois estes quando parcialmente
humificados, são importantes meios de disseminação de plantas daninhas.
Para baratear esse processo, a técnica de solarização se torna viável.
67
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou perceber que os
agroecossitemas abordados (quintal e SAF) contribuem para a autossuficiência,
quando bem manejados, e sustentabilidade do sitio e que devem ser mais usados visto
que suas vantagens superaram as desvantagens.
A condição de acesso aos alimentos para segurança alimentar mantendo sua
qualidade e valor nutricional é, relativamente, favorável. A quantidade dos alimentos
ali produzidos é suficiente para o autoconsumo, mas ressalva-se o fato de Sr. Daniel
ter que seguir uma dieta especifica e isso implica na maior utilização de alimentos
específicos.
Deve-se observar a importante atuação da agricultora Leni, que de forma
persistente, cuida dos sistemas com envolvente compromisso, não só para com sua
propriedade, mas também com o “Projeto Transição Agroecológica” mantendo suas
atividades produtivas no lugar de seu esposo simultaneamente com as funções
familiares.
De modo geral, o quintal agroflorestal se apresenta mais sortido do que o SAF,
tanto em número de espécies quanto em números de indivíduos presentes, do que o
Sistema Agroflorestal, que é plausível pelo fato da produção manutenção se
concentrar mais na área anexa à residência.
A preferência dos agricultores é pelo plantio de espécies frutíferas visando o
mercado e a ergonomia de trabalho. Mesmo assim, nota-se que a evolução do sistema
em relação a estas espécies e as demais, não foi considerável ao que deveria ter sido
desde sua implantação.
Os cursos, intercâmbios e acompanhamento técnicos são fundamentais para a
experiência com estes sistemas e alavancar a economia das unidades familiares,
principalmente, as que aderiram ao projeto de transição agroecológica, mas ainda
existe uma certa resistência em seguir algumas práticas ecológicas pelo aculturamento
da produção agrícola convencional
É preciso tomar cuidado com as práticas de manejo, pois essas medidas tomadas
afetam diretamente para o aumento ou diminuição da produção e afetam a
sustentabilidade da área, e em especial, voltar atenção a melhoria do lote 24 que se
encontra desassistido.
68
Não existem ações de desenvolvimento para o Assentamento por parte das
instituições responsáveis com relação ao beneficiamento dos produtos. Isso impede
que alguns agricultores, especialmente os agricultores familiares abordados neste
trabalho, possam ter um aproveitamento maior do que é gerado em suas propriedades,
impedindo uma maior lucratividade. A implantação de maquinário e equipamentos
específicos ajudaria a diminuir o prejuízo causado pelas perdas de mercadorias
colhidos em demasia.
Com base na análise e observação dos fatores socioeconômicos e ambientais, o
manejo da propriedade por meio dos quintais e sistemas agroflorestais é uma
alternativa que pode aumentar a produtividade, bem como melhorar as condições de
vida das famílias rurais pertencentes ao Assentamento Chico Mendes III.
Eficientemente, as metodologias participativas propiciaram informações
concretas permitindo a atuação efetiva dos participantes no processo, valorizando
seus conhecimentos e experiências para conhecer sua realidade, discutindo,
identificando e buscando soluções para problemas.
Como recomendação a futuros trabalhos, necessita-se estudos mais aprofundados
e práticas com relação a vegetação existente em especial, na APP; as implicações
legais; e paramentos econômicos. Isso contribuiria para o desenvolvimento do
Assentamento Chico Mendes III.
69
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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77
7. ANEXO
Roteiro de entrevista semiestruturada realizada com os agricultores do
Assentamento Chico Mendes III.
Bloco 1. Identificação
Nome:
Idade:
Escolaridade:
Bloco 2. Dados da Unidade Familiar
Qual o nome da propriedade?
Qual o tamanho da propriedade?
Qual o tamanho da área cultivada?
Quantos trabalham na propriedade?
Quanto tempo trabalha com agricultura?
Exerceu ou exerce outra atividade?
Estrutura familiar:
NOME PARENTESCO IDADE ESCOLARIDADE
OBS.:
Bloco 3. Histórico e caracterização da propriedade
Qual o uso da terra antes e depois dos sistemas agroflorestais?
Como e quando começaram a experiência com Sistema Agroflorestal-SAFs?
Quais as principais mudanças na propriedade?
Participou ou participa de cursos, mutirões, intercâmbios?
Recebe/recebeu assistência ou assessoria técnica?
Participa de alguma organização e/ou entidade?
78
Bloco 4. Dados econômicos
Qual a renda da família?
Qual a principal fonte de renda?
Quanto se gasta do orçamento familiar mensal na compra de alimentos?
Bloco 5. Dados da produção
O que se produz ?
Qual o custo da produção?
Qual a origem das mudas e/ou sementes?
Usa que recursos (insumos) na propriedade? Quais? Origem?
Existe algum alimento comprado que poderia ser produzido na propriedade? Qual
a dificuldade?
Quais dos alimentos produzidos contribuem para alimentação da família?
O que é comercializado do que é produzido? Onde?
A produção tem aumentado ou diminuído ao longo dos anos?
Qual(is) a(s) dificuldade(s) de produzir?
Existem algum produto que precisa ser beneficiado?
Existem outras atividades produtivas?
Bloco 6. Recursos naturais e técnicas produtivas
Faz algum trato cultural? Quem faz?
Quais tratos culturais são realizados?
Qual(is) trato(s) cultural(is) tem maior dificuldade?
Protege o solo contra a erosão? Como?
Como faz para manter e aumentar a fertilidade do solo?
Como combate as doenças das culturas?
Quais vantagens se observa pelo uso dos sistemas agroflorestais?
De onde vem a água de sua propriedade?
Bloco 7. Perspectivas dos agricultores
Está satisfeito com as atividades desenvolvidas em sua propriedade?
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O tamanho da propriedade é suficiente para sua produção?
Quais atividades gostaria de desenvolver? Por qual(is) motivo(s) ainda não
desenvolveu?
O que se espera do futuro?