EDUCAÇÃO EM SAÚDE João M. Lucas.

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE PROF. JOÃO M. LUCAS COIMBRA, FEV2013 ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM 1º ANO-2º SEMESTRE/ANO LETIVO DE 2012 a 2013 TURMA – F

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE

PROF. JOÃO M. LUCAS

COIMBRA, FEV2013

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE

COIMBRA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

1º ANO-2º SEMESTRE/ANO LETIVO DE 2012 a 2013

TURMA – F

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CONCEITOS CENTRAIS E INTEGRADOS DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

Os conceitos de Educação e de Saúde estão em contínua reconstrução.

Prática dos Enfermeiros de Cuidados de Saúde Primários:

- Inicio precoce de hábitos de vida prejudiciais à saúde,

- Autorresponsabilização pela própria saúde,

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Grande numero de problemas de saúde resulta de

ações diretas e intencionais do Homem,

Os portugueses têm pouca informação sobre

problemas de saúde e potenciais riscos,

Deixam estes problemas entregues a Deus e à

sorte, não se envolvem neste processo que lhes

diz inteiramente respeito

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Até há poucos anos a saúde era abordada

apenas numa perspectiva do modelo biológico:

O individuo era dividido em partes e só era

observada a parte afetada ou a sintomatologia

que estava associada a determinado problema.

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A educação para a saúde (EpS) seguia o mesma linha:

- Prendia-se na transmissão de informação ou de

recomendações baseadas no poder técnico, não

respeitando a individualidade, nem a dimensão social,

nem tão pouco as determinantes culturais.

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O individuo não era envolvido no processo

educativo, assumindo apenas o papel de “objeto”

apesar de se tratar da sua própria saúde.

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Atualmente, este processo está particularmente

centrado no individuo como um todo, integrado

num grupo/família/comunidade e é chamado a

participar de pleno direito neste mesmo processo,

tendo sempre em conta o seu saber e experiencia

de vida

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Cada vez mais é necessário um modelo de EpS que

propicie a oportunidade de fazer com que os indivíduos

busquem, dentro da sua realidade, alternativas favoráveis

às mudanças necessárias.

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A Educação para a Saúde enquanto prática dos

Enfermeiros:

inclui o individuo,

valoriza as suas capacidades,

estimula a procura das causas e analisa as suas

implicações com o único objetivo de os ajudar a enfrentar

os problemas.

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Deve ser um modelo simples, prático, que valorize a

realidade dos indivíduos, as suas vivencias e

experiencias, seus saberes e conhecimentos,

objetivando o desenvolvimento cognitivo, crítico, e

autónomo a fim de proporcionar uma educação para a

saúde centrada e fundamentada numa politica de

confiança e respeito mútuos.

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As atividades da EpS são amplas e englobam:

o aconselhamento a doentes,

formação em serviço,

educação formal, em grupo (SES),

educação individual (Consultas de Enfermagem de

vigilância de saúde), campanhas publicitárias,

trabalho comunitário de intervenção programada.

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Onde se exerce a EpS?

- Instituições de ensino de todos os níveis (Creches,

infantários, escolas, universidades, etc.)

- Instituições de Saúde – Hospitais, Centros de Saúde,

lares de Idosos, …

- Zonas comerciais e de lazer, Locais de trabalho,

prisões, etc.

(Rodrigues, Pereira e Barroso, 2005, p.46)

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Promover e educar para a saúde é uma questão de

cidadania, sendo imperioso o envolvimento de todos,

cabendo maior responsabilidade aos que maior

formação possuírem.

A EpS há muito que é considerada uma parte integrante

dos esforços desenvolvidos para a Promoção da

Saúde e Prevenção dos problemas de Saúde

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A maioria destes problemas de saúde,

também conhecidos por problemas de

saúde da civilização, tem a sua origem em

duas grandes determinantes:

- o ambiente

- os estilos de vida

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A EpS deve ser dirigida a toda a

comunidade em geral, mas é nos mais

jovens que devemos centrar a nossa

particular atenção, tendo em conta alguns

aspetos particulares:

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1- No nosso País o ensino é obrigatório, pelo que

todas as crianças passam pela escola e é na escola

que são implementados os programas de Educação

para a Saúde.

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2- É na infância e na juventude que se adquirem e

adotam certos hábitos e comportamentos que

interferem, direta ou indiretamente, com a qualidade

de saúde no presente e no futuro.

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3- É na infância e na adolescência que se torna

mais fácil a assimilação de conhecimentos e a

aprendizagem, sendo nestes estádios de

desenvolvimento que se torna mais fácil a

implementação dos programas de Educação para

Saúde.

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Quando as crianças e os adolescentes terminam a

sua formação escolar, são portadores de

conhecimentos, princípios e valores, desenvolvidos

com a EpS, que lhes permitirão saber cuidar mais da

sua saúde e da saúde dos que lhe são mais próximos

(Família, amigos, grupos de pares, etc.), levando-os

a adoção de comportamentos e estilos de vida

responsáveis e conscientes que lhes proporcionarão

um desenvolvimento equilibrado a nível físico,

mental e social.

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Torna-se cada vez mais preocupante a adoção de

comportamentos e estilos de vida pelos nossos

jovens, que se iniciam desde logo na escola básica,

agudizam-se na escola secundária e agravam-se

significativamente no ensino superior.

Por isso mesmo, a Educação para a Saúde deve

desenvolver-se ao longo de toda a formação

escolar e académica dos nossos jovens.

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Se nas idades mais jovens a nossa preocupação

deve ter em conta hábitos precoces de consumo de

álcool, tabaco, hábitos alimentares pouco saudáveis,

sedentarismo, etc., nos mais crescidos os problemas

são mais sérios e exigem dos profissionais de saúde

maiores preocupações, nomeadamente com

vivência da sexualidade de risco, consumo de

drogas ilícitas, alcool, tabaco, etc.

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Educação em Saúde, porquê?

“Porque a educação é capaz de modificar o

comportamento do Homem” (Drugg; Ortiz, 1994).

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- Educação é um processo de desenvolvimento

pessoal e social, que prepara as pessoas para

enfrentarem as alterações quotidianas, numa

perspectiva de capacitação e evolução contínuas.

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A Educação …., … deve criar uma possibilidade de o

educando construir o seu próprio conhecimento,

baseado no conhecimento que ele traz de seu dia-a-dia

familiar

(Freire, 1996)

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Objetivos da Educação para a Saúde:

Promover alterações positivas nos comportamentos

de saúde:

- Mudança de conhecimentos e de crenças (é

fundamental conhecer as crenças dos indivíduos),

- Mudança de atitudes e valores,

- Capacidade para tomar decisões,

- Estabelecimento de ambientes saudáveis,

- Mudanças sociais (Ex.: lei reguladora da

publicidade, do tabaco, etc.)

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o Educador em Saúde….deve também…

…criar possibilidades e situações onde o educando

possa refletir sobre as suas vivencias e experiencias de

vida pessoal e familiar, para construir o seu

conhecimento bem estruturado e bem fundamentado.

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Torna-se necessário “pegar” nesse

conhecimento/saberes e reconstrui-lo e

desenvolve-lo para lá da simples

experiencia.

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A evolução e consequente melhoria da qualidade de vida

das famílias e das comunidades atuais estão na

emergência de novos problemas de saúde, consequentes

da adoção de novos hábitos e estilos de vida das

sociedades modernas, dos países industrializados.

“A EpS tem vindo a ser internacionalmente reconhecida,

como parte integrante dos esforços para a prevenção da

doença e a promoção da saúde”. (Rodrigues et all;

2005:16)

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EDUCAÇÃO

FORMAL

Escolar

INFORMAL

Familia e grupos

NAO FORMAL

Instituições nao

escolares

Proposta da Declaração de Nairobi (1976)

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“a educação é definida pela criação de condições para

que cada pessoa possa desenvolver integral e

harmoniosamente todas as suas capacidades e que as

coloque ao serviço da Comunidade”

(Declaração de Nairobi; 1976)

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A EpS é uma combinação de experiencias de

aprendizagem para predispor, capacitar e reforçar os

comportamentos voluntários que fomentem a saúde das

pessoas, grupos e comunidades

EpS consiste em dotar as pessoas de valores,

conhecimentos e comportamentos que lhes permitam

tomar decisões adequadas à sua saúde e bem-estar

físico, social e mental e também da saúde das pessoas

envolventes, concedendo-lhes assim um papel mais

interventivo (Ministério da Saúde)

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“o indivíduo deve ser considerado o centro da EpS,

atendendo às suas características individuais no

domínio afetivo, cognitivo, cultural ou espiritual”

2.1 - Qual é o foco da Educação para a Saúde?

“…são as atitudes e os comportamentos de saúde”

(Rodrigues, Pereira e Barroso, 2005, p.16)

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Um comportamento em saúde “é um padrão de

comportamento observável, tal como:

- as ações,

- os hábitos,

que se relacionam com a manutenção, a cura e a

melhoria da saúde.”

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A EpS concentra-se prioritariamente na mudança de

comportamento individual ou de fatores intrapessoais (tais

como atitudes ou crenças) considerados determinantes

do comportamento, a fim de promover um melhor estado

de saúde.

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O foco da EpS centra-se na complexidade das

respostas humanas, nos processos, contextos e

motivações de decisão de onde emergem essas

respostas, de forma que cada cidadão se assuma

como o principal responsável pela sua própria

saúde (Auto-responsabilização)

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Educar envolve processo de ensino/aprendizagem.

Ensinar é um processo que tem como objetivos:

1- Modificar o comportamento do indivíduo por intermédio

da aprendizagem;

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2- Habilitar cada individuo a orientar a sua própria

aprendizagem, a ter iniciativa, a cultivar a autoconfiança, a

esforçar-se a desenvolver a criatividade, a entrosar-se com o

seu semelhante, a fim de poder participar na sociedade como

pessoa consciente, eficiente e responsável

A aprendizagem é um processo pessoal, porquanto está

interligado com as características individuais de cada ser

humano: “Só o indivíduo pode aprender, ninguém pode

aprender em seu lugar”

(Giordan, 1998).

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Educação Aprendizagem

Tomadas de decisão

Comportamentos novos

INDIVIDUO/GRUPO/FAMÍLIA

Educação/ensino/aprendizagem

Mel

hora

r as

cap

acid

ades

Motivação

Mudança

Nov

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com

petê

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s

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Motivação: Necessária á aprendizagem

- Valorativa – porque estou a aprender?

- Expectativa – Serei capaz de realizar isto?

- Afetiva – Como me sinto perante isto?

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Quanto á sua natureza, a Aprendizagem

apresenta três princípios:

- Cognitivo – pensar,

- Afetivo – sentir,

- Psicomotor – agir.

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DOMINIOS DA APRENDIZAGEM

Cognitivo

(Pensar)

Afetivo

(Sentir)

Psicomotor

(Agir)

Memorização, reconhecimento, argumentação, compreensão(capacidades cognitivas individuais)

Mudança nas atitudes e nos valores…

Desempenho de tarefas/procedimentos

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SÍNTESE

EDUCAÇÃO - tem como objectivo criar e proporcionar acontecimentos que facilitem a aprendizagem.

APRENDIZAGEM: Processo de obter conhecimento e mestria resultando em mudança de comportamento

MOTIVAÇÃO

Valorativa (pq estou a aprender isto?)

Expectativa (consigo realizar isto?)

Afectiva (como me sinto perante isto?)

COMPONENTE

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PROCESSO DE ENSINO NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

Avaliação da necessidade

deaprendizagem

Avaliaçãoda

motivação

Declaração do diagnósticoe estabelecimento dos

objectivos com o utente/grupo

Ensino - aprendizagem

Avaliação e reensino se necessário