EDUARDO JARDIM Modernismo Revisitado-2
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Modernismo Revisitado1:
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2 1 de junho de 1925 o Jornal do Comércio do Recife publicou uma entrevista feita por Joaquim Inojosa com
Oswald de Andrade, naquele momento de passagem pela cidade. Na ocasião, tratava O escritor paulista de expor sua compreensão dos rumos que vinha tomando o movimento modernista. Oswald de Andrade é apresentado pelo diário pernambucano como um "dos que em São Paulo primeiro ergueram a voz em defesa do movimento renovador". E acrescenta a reportagem: "preocupa-o, apenas, o que diga respeito à modernidade, residindo aí o seu maior empenho". 1 Em seguida à apresentação, a palavra é do entrevistado:
"Linda cidade, o Recife. Foi uma surpresa para mim. E o será para quantos o visitarem. Como é que no Brasil existe uma cidade de aspecto tão encantador, e não na conhecem todos os brasileiros, e a ignora a maioria dos sulistas?
Eduardo Jardim de Moraes
Sinto-me encantado com estas paisagens, o verde destas árvores, as palmeiras, os bananais, tudo. Sinto-me brasileiro aqui. Aos pernambucanos compete trabalharem para que não desapareça, e, antes fulgure mais intensamente, o espírito de brasilidade. Veja as cores destas casas antigas: excelentes; repare na pintura destas ca� sas modernas: horríveis. Horríveis para nós, para o nosso ambiente. A arquitetura deve refletir a paisagem. A daqui apresenta tonalidades diversas, sedutoras, maravilhosas. Por que não aproveitá-Ia no cadinho da arte? Por que abandoná-Ia pela importação estrangeira? E não se pense que há incoerência nas minhas expressões. porque sou modernista. Sou-o sobretudo, por ser brasileiro. Quero, por isso, a formação de uma arte nacional, que se há de extrair, sem dúvida, da obra dos antepassados. Podemos muito bem construir um arranha-céu numa arte nossa, sem ser esta arquitetura de
• Este artigo é o desenvolvimento de uma reflexão já apresentada em meu livro A brrlsilidade modernista: sua dimensão filosófica (Rio de Janeiro, Graal. 1978). r"UdM lIistórlcos, Rio de Janelro, vaI. 1, n. 2, 1988. p. 22Q.t2J8.
MODERNISMO REVISITAOO 221
cartão postal que parece dominar o Brasil inteiro."!
E mais adiante:
.. Asseguro-lhe que, para a formação da pintura, da arquitetura e da poesia brasileira, tem o artista de visitar o Recife, porque aqui encontrará fontes emocionais de primeira grandeza. Nas classes p0-pulares, então, devem existir motivos para uma grande poesia, sem ser importada de Heredia ... '"
Esta declaração de Oswald de Andrade traz as marcas das preocupações modernistas daquele momento: o modernismo propunha a renovação no domínio da produção artística. Ao mesmo tempo, e enfaticamente, ela faz a defesa da nacionalização das fontes de inspiração do artista brasileiro. O que importa não é apenas compatibilizar o que é modtrno e o que é nacional. Importa m.,s apresentar o moderno como necessariamente nacional. Além destes propósitos, o texto introduz ainda outras duas articulações - em primeiro lugar, o compromisso do projeto modernista com a tradição. As cores das casas antigas, brasileiras, são melhores que as das casas modernas, importadas, e são as que é preciso valorizar. Em outros termos: a obra moderna há de "se extrair da obra dos antepassados". E ainda, em segundo lugar, tem-se a idéia de que é nas classes populares que se deve buscar os motivos da cultura nacional. Além de antigas e de brasileiras, são populares as "fontes emocionais" que devem interessar ao artista m.oderno.
A proposta de Oswald de Andrade •
e a mesma que se encontra presente nas declarações e nas obras dos participantes do movimento modernista a partir de 1924. Também é com relação a ela que a intelectualidade bra-
sileira da época, em seu conjunto, deverá se posicionar.
O mesmo Oswald de Andrade fora quem, com o Manifesto Pau-Brasil, formulara pela primeira vez essa proposta de maneira articulada. Nesse texto vem expressa uma concepção do que é modernizar a arte brasileira de maneira própria, nacional. Para o manifesto de 24, como de resto para o conjunto do modernismo, a modernização da cultura só se viabiliza se estiver assentada em tradições nacionais caracterizadas enquanto populares.
E certo que na discussão aberta pela publicação do Pau-Brasil, na qual se insere o texto transcrito atrás, encontram-se maneiras diferenciadas de abordar o problema, como por exemplo na ótica de Mário da Andrade, ou mesmo sua rejeição por completo, como em Tristão de Athayde. No entanto, é nítido que, para aqueles que adotam a postura modernizadora ou para os que a rejeitam, o que está sempre presente na atenção dos intelectuais da época é a apreciação deste bloco de questões em que se imbricavam modernidade, brasilidade, tradição e origens populares.
Ao comentar o manifesto em 1925, Mário de Andrade, sem discordar da proposta mais ampla que ele contém, procura retificar a articulação entre sua postura de autor erudito e as fontes de inspiração populares. A ressalva de Mário de Andrade diz respeito a uma distinção de fato considerável entre sua maneira de entender o elemento popular como traço definidor da nacionalidade, e aquela encontrada em Oswald de Andrade. Sublinhada esta diferença, a proposta dos dois autores é a mesma:' ao se colocar a exigência de modernização, esta passa pela discussão de sua caracterização para o ambiente bra.i-
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leiro, e daí pela reCerência ao elemento tradicional e ao popular.'
"Literatura suicida" é o título do comentário Ceito por Tristão de Athayde sobre o ,mesmo tema. O crítico ressalta vivamente a importância do momento por que se passava. Para ele, "nenhuma geração . . . teve necessidade tamanha de traçar o seu roteiro como a nossa" .• O problema enfrentado por essa geração era o da modernidade. Esta só poderia ser concebida se relacionada à questão da entidade nacional. De forma que a rejeição da problemática do nacionalismo trazia consigo a recusa do ingresso na ordem moderna. Ao atacar a proposta "independentista" de Oswald de Andrade, que propunha a elaboração de uma "poesia de exportação", ao afirmar ser necessária HCoragem literária suficiente para dizer bem alto: ainda não podemos prescindir de certa imitação",6 Tristão de Athayde tem, necessariamente, que optar por uma via antimodernista como é sua "ida ao clássico",
A argumentação de Tristão de Athayde busca inicialmente descaracterizar a postura nacionalista defendida pelo maniCesto. Para o crítico, o que na verdade Oswald de Andrade propunha era trazer para a discussão brasileira as contribuições do dadaísmo francês e do expressionismo alemão. Estes são caracterizados como dois grandes males culturais - o dadaísmo é Hesse cadáver" francês e o expressionismo é Hessa moléstia" alemã.7 O que está importando para Tristão de Athayde, entretanto, não é a crítica do processo de importação de padrões culturais estrangeiros, mas a qualidade do que se importa. Sua proposta não é a de uma ruptura com o processo de importação; ao contrário, seu maior empenho está em reivindicar a adoção e a importação de formas culturais disciplinadoras,
"clássicas". Estas são localizadas "nas Corças de sani'dade a que a Europa está lançando um apelo para reagir contra a decadência": 8
"Mas desde logo renunciar, sem saudade, a essa Carândola charlatanesca de novidades trazidas pelo último correio, a essa ânsia do novinho em Colha, da última moda francesa, do diferente, do extravagante, do nunca dito. Ir ao clássico é renunciar à desordem. "·
Assim, é o conjunto das questões propostas pelo modernismo que Cunciona como reCerencial para todos. No caso, é aquele conjunto que precisa ser rejeitado por Tristão de Athayde.
Entretanto, não foi desta forma que eclodiu a questão da modernidade em nosso ambiente intelectual. A brasilidade, com tudo o que ela implica de dimensionamento da proposta modernista e até de redefinição daquilo que se entende como sendo moderno, só constituiu uma indagação para os modernistas no desdobramento de sua discussão sobre a modernidade. Pode-se mesmo aCirmar que a vocação nacionalista do modernismo que se maniCesta grosso modo a partir de 1924 é o ponto de chegada de uma linha de indagações sobre o ingresso da produção artística brasileira na ordem da modernidade. E que, ao ser colocada em toda a sua complexidade, a questão da brasilidade possibilitou, da parte daqueles que deCendiam o projeto modernizador, a definição do próprio conceito de modernidade para o caso brasileiro. Vejamos como se fez este percurso.
1. Modernizar' etuerlur a produçlo cul· ture' • um novo tempo
O ano de 1917 ficou caracterizado na história do modernismo no
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Brasil como um ano inaugural. 10 IÔ que nele se manifesta pela primeira vez de forma clara a polêmica que opõe os modernos aos representantes e defensores da velha ordem estélica. A polêmica eclodiu a respeito da exposição de Anita Malfatti no final do ano. Ao conhecido artigo de Monteiro Lobato denunciando a paranóia ou a mistificação da obra da pintora respondia o inovador Oswald de Andrade. O que importa apontar neste momento inicial do modernismo, e também em todos os outros em que se considera este movimento do ponto de vista da sua oposição ao que ele próprio designou como passadismo, é a idéia, sempre afirmada, de que a estética moderna deveria ser entendida como alguma coisa de natural ou de adequado.
Vai ser preciso definir o que os modernistas entendiam por naturalidade ou adequação. Por ora quer-se chamar a atenção para o fato de que, contra o estranhamento do discurso de Labato diante da obra moderna, a resposta de Oswald de Andrade sublinha a sua propriedade. Com relação a Anita Malfatti, o articulista moderno diz:
"Na arte, a realidade na ilusão é o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor conseguem iludir. Anita Malfatti é um temperamento nervoso e uma intelectualidade apurada, a serviço do seu século. A ilusão que ela constrói é particularmente comovida, é individual e forte e carrega consigo as próprias virtudes e os próprios defeitos da artista." 11
O texto expressa a opinião de que é natural adotar o ponto de vista moderno. IÔ da natureza do nosso século. Vale ressaltar esta dimensão clara do texto. Também foi natural para os
antigos terem sido... antigos. Podese mesmo dizer, de um ponto de vista artístico, já que os antigos naturalistas eram os que melhor iludiam, que Monteiro Lobato saiu em' defesa da melhor parte. Mas vamos nos ater aos propósitos mais nítidos da critica. Eles logo aparecem: não há porque protestar, uma vez que até certo ponto, enquanto arte ou ilusão, não há ruptura entre o passado e o presente. No caso, entre os naturalistas e Anita Malfatti. O que importa é ver cada coisa no seu tempo e portanto relacionar a linguagem mode.rna ao tempo presente. Anita Malfatti, diferentemente dos naturalistas, manifesta com seu temperamento e sua inteligência a época de hoje. Sua obra é dotada de uma qualidade que interessa ao articulista ressaltar - a atualidade.
Pouco antes da Semana de 22, Mário de And.rade publicou na imprensa de São Paulo a série de artigos "Mestres do passado". São sete textos onde se pretende acertar as contas com o passadismo aqui representado pela poesia parnasiana. A argumentação de Mário de Andrade se ancora em um pressuposto que percorre os textos do período - na querela dos modernos contra os antigos o que importa é descartar o antigo, precisamente por não dizer respeito ao presente. Na postura parnasiana o criticável é sua persistência em não desaparecer. Para o modernismo não se trata tanto de desqualificar as manifestações artísticas passadistas por suas propriedades inlrlnsecas, mas de rejeitá-Ias enquanto insistem, como contemporâneas de uma época passada, em se imjscuir no tempo presente. Não é natural para os novos tempos a métrica e a rima parnasianas ou as ronnas "academizantes" na pintura. Donde o ponto de vista da critica de Mário de Andrade:
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"o Mestres do Passado, eu vos saúdo! Venho depor a minha coroa de gratidões votivas e de entusiasmo varonil sobre a tumba onde dormis o sono merecido! Sim: sobre a vossa tumba, porque vós estais mortos! E se, infelizmente para a evolução da poesia, a sombra fantasma I dalguns de vós, trêmula se levanta ainda sobre a terra, em noites foscas de sabat, é que esses não souberam cumprir com magnificência e bizarria todo o calvário do seu dever! Deveriam morrer! Assim o conelama, na marcha fúnebre das minhas lágrimas, a severa Justiça que não vacila e com a qual vos honro e dignifico! Deveriam morrer! A vida vegetal a que se agarraram, não se coaduna com o destino dos muezins duma arte do tempo incessante, dos troveiros alados, dos cortesãos da beleza fugitiva!. .. " "
A justiça a que se refere o texto é o próprio témpo. E a idéia sempre recorrente é a de que os mestres do passado devem ceder lugar aos homens do presente. A perspectiva modernizadora insiste em caracterizar-se como adequada a um novo tempo. Este não se encontra propriamente em oposição ao velho tempo. Tratase antes de compreender o ingresso na modernidade como uma passagem de um momento a outro. Não como ruptura, mas comó evolução. E passadista é aquilo que vem obstaculizar esta evolução.
Diferentemente do que ocorre em outros modernismos, onde a idéia de revolução ou de descrédito do passado se situa no centro das indagações, no caso brasileiro a modernização vem caracterizada como atuaJjzação, onde não está afastado o compromisso com a tradição.
A dupla dimensão polêmica e cons· trutiva do modernismo indica por um lado a preocupação em se acentuar o caráter inatual da ordem estética até então vigente, e por outro a _necessidade da incorporação da discussão, cultural na ordem moderna. A crítica modernista, ilustrada aqui pelos artigos de Mário de Andrade, lem seus critérios elaborados a partir do reconhecimento da dupla tarefa do movimento.
Em termos propriamente construtivos cabe a elaboração de uma nova postura estética adequada à vida moderna. Em outras palavras: é preciso produzir linguagens artísticas que possam dar conta da reaJjdade presente. E uma espécie de realismo que o modernismo propõe. No sentido mesmo da adequação do mundo e da sua representação.
O Manifesto da Poesia Pau-Brasil haveria de frisar com justeza o esforço do primeiro tempo do movimento: "O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional." 13 Tudo isto indica porlanto que se trata para O modernismo de adequar ao lempo da vida o lempo da produção intelectual.
A percepção da vida moderna é a que vem expressa na apresentaçao de KlaxonJ a primeira revista do movimento. A modernidade nesle momenlO de busca de definições é a vida nos centros urbanos. Klaxon está do lado do atual, do progresso, da ciência. da racionalidade, da técnica, do engenheiro. Por oulto lado, e com certeza, os redatores da revista estavam alentos à questão da sua relação com a Iradição. E o que vem dilo a uma certa altura de "Estética", segunda parle da apresentação.
"Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso sem renegar o passado, caminha para diante, sem-
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pre, sempre. O campanile de São Marcos era uma obra-prima. Devia ser conservado. Caiu. ReconstruI-lo foi uma erronia sentimental e dispendiosa - o que berra diante das necessidades contem· porâneas," U
Ao mesmo tempo em que toma estes cuidados, o que a revista transmite é a exigência de incorporação à ordem moderna entendida como urbana e suficientemente industrializada. O acesso à vida moderna é o acesso à racionalidade. Dal a necessária crítica do romantismo entendido como estágio pré-moderno da civilização. O romântico, sendo sentimental, é pré-racional. Sendo pré-racional, é pré-moderno. Donde a necessária "extirpação das glândulas lacrimais",
Entendida como realidade em movimento, a vida moderna encontra sua melhor forma de expressão no cinema. Os modernistas opinam: "t preciso observar-lhe a lição." 15 Já no momento da Semana de Arte Moderna, no início de 1922, a conferência de Menotti deI Picchia no Teatro Municipal exprimia o mesmo ponto de vista:
"Hoje que, em Rio Preto, o 'cowboy' nacional reproduz, no seu cavalo chita, a epopéia eqüestre dos Rolandos furibundos; que o industrial de visão aquilina amontoa milhões mais vistosos do que os de Creso; que Edu Chaves reproduz com audácia paulista o sonho de tcaro, por que não atualizamos nossa arte, cantando essas l!íadas brasileiras? Por que preferimos uma Atenas cujos destroços de Acrópole já estão pontilhados de balas de metralhadoras?
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Não! Paremos diante da tragédia hodierna. A cidade tentacular ra-
dica seus gânglios numa área territorial que abriga 600.000 almas. Há na angústia e na glória da sua luta odisséias mais formidáveis que as que cantou o aedo cego: a do operário reivindicando seus direitos; a do burguês deCendendo sua arca; a dos Cuncionários deslizando nos trilhos dos regulamentos; a do industrial combatendo o combate da concorrência; a do aristocrata exibindo o seu fausto; a do político assegurando a sua escalada; a da mulher quebrando as algemas da sua escravidão secular nos gineceus evenIrados pelas idéias libertá rias posbellum ... Tudo isso - e o automóvel, os fios elétricos, as usinas, os aeroplanos, a arte - tudo isso Corma os nossos elementos da estética moderna .. . " 16
Na ótica do modernismo deste momento, como se vê, o que vale é captar a modernidade enquanto vida em movimento, marcada de forma impressionista peJo ritmo da cidade onde se abrigam desordenamente os mais variados elementos. Velocidade e variedade são atributos da vida urbana e moderna e como tal positivamente qualificadas. Não está importando nenenhuma precisão na definição. Estáse querendo chamar a atenção para o fato de que à "riqueza" da realidade deve corresponder uma nova expressão. Também não bá uma definição precisa das formas adequadas para exprimir a realidade. O que se quer é propor o afastamento das Cormas consagradas, consideradas inatuais, e apelar para a adesão às formas modernas adequadas à representação da vida presente.
A mesma linha de preocupações que se percebe na conferência de Menotti deI Picchia está presente também no texto de Mário de Andrade.
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A escrava que não é Isaura, redigido em 1922. A nova poética é vista então como o "resultado inevitável da época". Ela é "conseqüência da eletri· cidade, telégrafo, cabo submarino, T.S.F., caminho de ferro, transatlân· tico, automóvel, aeroplano". Estes ingredientes da vida moderna sensibilizando o poeta são transformados em representação estética do mundo. J! o que está expresso no início do ensaio:
"Explico: o homem pelos sentidos recebe a sensação. Conforme o grau de receptividade e de sensibilidade produtiva sente sem qu� nisso entre a mínima parcela de inteligência a Necessidade de Expressar a sensação recebida por meio de gesto." 17
J! portanto sempre tendo por base a argumentação em moldes realistas que se deve prOduzir uma estética adequada 11 vida, e que se desqualifica a pretensão das velhas formas artísticas em sua função expressiva.
2. Modemlur. no C.IO bralllelro, nlo .Ignlflca lOiliper com o p .... do
Ao mesmo tempo, a adesão à estética moderna, que se faz pelo rec0-nhecimento da necessidade de adaptar a representação 11 nova realidade, não contém, seja na conferência de Menotti deI Picchia, seja no ensaio de Mário de Andrade, propósitos de ruptura com a tradição. O texto de Menotti deI Picchia chega mesmo a explicitar o sentido do compromisso que marca a opção do modernismo.
Trata-se de estahelecer uma comparação entre o modernismo no Brasil e aquele presente em outros países. Para Menotti deI Picchia, diferentemente do que ocorre em outras circunstâncias, a modernidade que se
pretendia instaurar no país não contradiz a perspectiva da tradição:
"Não somos, nunca fomos futuristas. Eu, pessoalmente, abomino o dogmatismo e a literatura da escola de Marinetti. Seu chefe é. para nós, um precursor iluminado, que veneramos como um general da grande batalha da Reforma, que alarga seu 'front' em todo o mundo. No Brasil não há, p0-rém, razão lógica e social para o futurismo ortodoxo, porque o prestígio do seu passado não é de molde a tolher a liberdade da sua maneira de ser futura." 18
O Brasil, no que concerne ao ingresso na modernidade, seria portanto "heterodoxo", já que a instauração do novo não se confronta com a ordem ulógica e sodal" até então vigente.
Ao responder ao crítico passadista de O Mundo Literário que rejeitara o ponto de vista moderno de Klaxon, Mário de Andrade, no terceiro número da revista, segue a mesma linha de raciocínio do texto de Menotti deI Picchia. Mais uma vez o que está em jogo é a comparação entre o modernismo brasileiro c o futurismo italiano. Aqui Mário de Andrade tem o cuidado de examinar ponto por ponto os princípios do manifesto de Marinetti, comparando-os aos que foram expressos na revista brasileira. São sobretudo os aspectos que enfatizam o movimento de ruptura com o passado que são rejeitados no futurismo. A idéia de se montar a modernidade sobre a evolução se expressa c1ar.mente na passagem que afirma a necessidade de se respeitar "o passado sem o qual Klaxon não seria Klaxon".19
Esta visão da modernidade no Brasil, feita pelos modernistas já neste primeiro tempo do movimento, vai
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adquirir um contorno amadurecido pouco mais tarde, quando, a partir de 24, o modernismo passa a trilhar o caminho da brasilidade. Por enquanto, na instabilidade de sua busca de rumos, o modernismo vai adotar, mesmo reconhecendo seu comparecimento atrasado no cenário mundial ou na modernidade, lima feição mais marcadamente imediatista.
3. O ImedlaUamo no acellO l ordem moderna no primeiro tempo mod.r� nl.ta - o reconhecimento do untve,... moderno
o que se chama aqui de imediatismo do primeiro tempo modernista, até 1924, pode ser percebido na correspondência de Mário de Andrade em 1922. A 6 de fevereiro deste ano, ao escrever a Manuel Bandeira, afirma o escritor de São Paulo:
"Sei que dizem de mim que imito Cocteau e Papini. Será já um mérito ligar estes dois homens diferentíssimos como grácil lagoa de impetuoso mar. Il. verdade que movo com eles as mesmas águas da modernidade. Isso não é imitar: é segtlir o espírito duma época." 20
o que garante a possibilidade do contato do escritor brasileiro com os modernos europeus é a existência de uma ordem universal que é a própria modernidade. No caso, o ingresso do brasileiro Mário de Andrade na ordem moderna se faz de forma imediata pelo reconhecimento de um solo c0-mum - a modernidade - entendida aqui como "espírito duma época".
A discussão sobre o universalismo no modernismo brasileiro percorre toda a sua história. Nem poderia ser de outra forma, já que tal como se procura pensar o ingresso na modernidade. este se identifica com o in-
gresso na universalidade. Até mesmo nos momentos em que o modernismo radicalizou sua dimensão nacionalista, o que está sempre em jogo é uma forma de se entender o movimento da relação entre o particular e o universal. Há que se perguntar então, não importa que momento do modernismo se estiver analisando, de que forma está sendo entendida a participação ou o ingresso da produção cultural local em uma ordem mais ampla. Este ingresso' é pensado de uma forma imediatista, como no primeiro tempo? De que forma são elaboradas as mediações dentro do nacionalismo do segundo tempo? Não se colocar esta questão impede que se compreenda a proposta bás.ica do
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movunento� que tem sempre em mira de forma conjugada o ideal modernizador e o que se costumou chamar de participação no concerto das nações.
O primeiro tempo modernista manifesta em seu conjunto um esforço de contrapor-se ao passadismo entendido como inatual e de produzir uma linguagem adequada ao tempo e à vida presentes. Para viabilizar o processo de adequação da representação à realidade nova, os modernistas dos primeiros anos vão buscar nas tendências inovadoras européias os instrumentos que lhes possibilitam efetuar a atualização da produção nacional. Neste período em que o panorama da vida urbana é aquilo que deve passar na estética nova, e em que freqüentemente São Paulo é apresentada como a "Londres de neblinas frias, sem beleza natural, onde tudo foi feito pelo homem, a vida é intensa. mas fabrica-se e pensa-se", 21
a incorporação na modernidade, integração do país no plano mundial, se faz pela absorção dos meios expressivos novos, importados, e pelo seu uso intensivo e polêmico na disputa com o passadismo.
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Com certeza, a produção de cultura no Brasil está defasada com relação aos países europeus. Isto não quer dizer - e a realidade moderna paulistana está aí a exigir esta definição - que não possamos chegar ao nível de atingimento da ordem moderna já conseguido pelos países mais adiantados. Crítico de música que era, entre os versos escritos em francês por Sérgio Milliet e a colaboração de autores italianos, Mário de Andrade não se cansa de comparar e de lamentar a posição atrasada de São Paulo no processo de absorção dos ingTedientes inovadores. A boa referência é sempre a modernidade pensada a partir de padrões europeus para os quais o consternado cronista acredita serem "Debussy e Ravel - músicos que já representam um passado na Europa e que inda mal são percebidos pela nossa ignara gente". t2
A observação de Mário de Andrade não faz com que nosso ingresso na modernidade deixe de ser "natural" e "necessário", Naturalidade e necessidade são atributos da arte moderna definida por Rubens Borba de Moraes em Klaxon. Natural também é a postura pretendida pela correspondência de Mário de Andrade nestes anos ao comentar com seus ami· gos as novidades de Paris. Para Sérgio MilIiet, O esclHor paulista comenta Cocteau e Ivan Golf. E observa o que convém agora ressaltar:
"Os poemas chegaram-me justamente após ter eu escrito uma crônica para a Revista do Brasil, em que dizia este anseio de universalidade que anima os modernistas de quase todo mundo.""
A mesma perspectiva, qualificada como internacionalista, já se manifestava na apresentação de Klaxon em
22. Ou ainda no terceim número da revista, no artigo-resposta de Mário de Andrade, na comparação com o futurismo. Apresentadas as diferenças entre o manifesto italiano e os ideais de Klaxon, mantém-se a visão da problemática comum que percorre os dois movimentos:
fi E se em outras coisas aceitamos o manifesto futurista, não é para segui-lo, mas por compreender o espírito de modernidade univer· sal." �4
Também as cartas de Mário de Andrade para Tarsila do Amaral traduzem a opinião de quem pretende a modernização e a integração na ordem universal.
Isto tudo faz com que a conferência feita por Oswald de Andrade na Sorbonne, em 1923, seja comemorada pelos nossos modernistas com orgulho de vencedor. Para Rubens Borba de Moraes, o reconhecimento da maturidade da proposta moderna brasileira pelos centros avançados produtores de cultura é comunicada em carta a Joaquim Inojosa:
"Sabes que o Oswald fez na Sorbonne uma conferência sobre nós? O Sérgio escreveu-me contando que em Paris o nosso movimento tem despertado o mais vivo interesse. Ivan GoIl, que publicou o ano passado uma antologia mundial onde todos os modernos dos "Cinco Continentes" (é o título do vaI.) estão reunidos. vai acrescentar um apêndice consagrado à poesia brasileira moderna." t5
O Brasil participa assim, como apêndice atrasado de uma antologia mundial, do concetto das nações cultas. Naquele momento era esta a for-
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ma que se percebia de garantir tegração. Precariamente.
4. A redeflnlçlo do untv.,...lIlmo no con· lexto da dlKuello sobre a br •• llldade
Aos poucos, entretanto, o sentido da impropriedade de um acesso imediato do pais à vida moderna começa a se esboçar. Na situação em que se encontrava, atrasado com relação ao progresso das nações mais ricas e sem conseguir diferenciar-se na ordem internacional, procurando pensar a modernização como repetição de um processo já realizado pelos países centrais, o Brasil só podia comparecer no cenário internacional como um participante pobre e indefinido.
A partir de 1924, sem que seja, é claro, colocada em questão a ordem mundial, ou, o que é a mesma coisa, sem abrir mão de seu ideal universalista, o modernismo brasileiro vi-, v�ndo um momento que se poderia dIzer de crise de participação, passa a
. se tnteressar pelos problemas que
dIzem respeito à sua identidade e à determinação da entidade nacional. Se�á este o momento a partir do qual o mgresso na modernidade não será mais buscado dentro de uma vertente imediata, mas. ao contrário, serão discutidas as mediações que irão ao mesmo tempo constituir o seu caminho e sua garantia.
ll, portanto, como exigência do •
•
comparecimento na ordem universal que se instaura no modernismo a q�estão da brasilidade. Isto significa dIzer que é no próprio cerne da definição do acesso à modernidade que ela vem se instalar.
De certa forma, 1923 já prenuncia a mudança de rumos. A conFerência de Oswald de Andrade em Paris, "O esforço intelectual do Brasil contemporâneo", e a correspondência de Mário de Andrade, em particular para
Tarsila. dão bem a medida do que •
ocorria. Certamente não é por acaso que no
exato momento em que se estabelecem relações de maior proximidade entre os autores nacionais e a produção intelectual não-nacional se opera uma reorientação do movimento modernista em direção à proposta nacionalista. A questão da brasilidade surge dentro do movimento no interior de um quadro de preocupações relativo à caracterização do papel que o Brasi! deve ocupar no cenário internacional. Ela só pode então ser compreendida no espaço de uma relação que tem como elementos a ordem mundial, por um lado, em uma p0-sição legisladora, e por outro lado o Brasil postulando o seu lugar.
Paulo Prado, prefaciando em 1924 o livro de Oswald de Andrade, Poesia Pau-Brasil, deixa clara a presença desta relação:
"A poesia 'pau-brasi!' é o ovo de Colombo - esse ovo, como dizia
• •
um Inventor meu am1go, em que ninguém acreditava e acabou enriquecendo o genovês. Oswald de Andrade, numa viagem a Paris, do alto de um ateUer da Place CUchy - umbigo do mundo -descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta à pátria confirmou, no encantamento das descobertas manueUnas, a revelação surpreendente de que o Brasil existia. Esse fato, de que alguns já desconfiavam, abriu seus olhos à visão radiosa de um mundo novo, inexplorado e misterioso. Estava criada a poesia 'pau-brasU'," t6
A fundação de uma arte e de uma cultura nacionais se faz, neste momento, a partir da experiência do contato com os centros avançados eu-
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ropeus. Seu movimento é descrito do ponto de vista da ótica do descobri· dor (trata·se do "encantamento das descobertas manuelinas"), e é nesta perspectiva que se vai explorar o mundo Ifnovo" e Hmisterioso",
Já não se está propondo nesta altu· ra a entrada do país de forma ime· diata no circuito da modernidade. Certamente é ainda esta participação do Brasil que se pretende alcançar. No entanto, diferentemente do que vinha ocorrendo no ideá rio do pri· meiro tempo do movimento, interessa agora a tematização das mediações que asseguram a viabilização do in· gresso na ordem moderna.
O modernismo da Semana de 22, de Klaxon, de Pau/icéia Desvairada pretendia dispor como instrumento do processo modernizador a absorção das fórmulas da modernidade presen· tes DOS centros mais avançados produtores de cultura. Paris, basicamen· te, funcionava como o referencial pa· ra o movimento. A maneira como naquele tempo se manifestava a crença na modernidade entendida como um universal possibilitava aos modernis· tas dispensar a consit:eração do problema nacional. A ordem moderna, se dizia, pode implantar·se de forma indistinta em todos os lugares. Con· siderava·se apenas que a sua implan· tação podia fazer·se de forma mais rápida ou mais lenta de acordo com a posição que se ocupava no cenário internacional. Pensado assim, linear· mente, o ingresso do Brasil no muno do moderno consistia na repetição do percurso já feito por outras nações. Ao situar de forma imediatista o processo de incorporação na ordem da modernidade, aos modernistas resta· va lamentar a precariedade da posi· ção em que se encontravam. Cada vez mais lhes parecia que a eficácia da ótica imediatista fracassara e que seria necessário investir nos disposi·
tivos mediadores para garantir corporação pretendida.
• 8 10-
5. A br •• llidlde •• Introduz no movimento pari! ... agu ... r • partlclpeçlo do pai. no concerto Internacional
A problemática da brasilidade, que expressa o esforço de determinação dos predicados particulares da nação brasileira, constitui dentro do modero nismo uma resposta mais satisfatória para a viabilização da incorporação ao país na modernidade.
Sintomática da mudança de rumos é a carta enviada por Mário de An· drade para Tarsila:
"Cuidado! Fortifiquem·se bem de teorias e desculpas e coisas vistas em Paris. Quando vocês aqui chegarem, temos briga, na certa. Desde já, desafio vocês todos jun· tos, Tarsila, Oswald, Sérgio para uma discussão formidável. Vocês foram a Paris como burgueses. Estão épatés. E se fizeram futu· ristas! hil hi! hi! Choro de inveja. Mas é verdade que considero vocês todos uns caipiras em Paris. Vocês se parisianizaram na epiderme. Isso é horrível! Tarsila, Tarsila, volta para dentro de ti mesma. Abandona o Gris e o Lhote, empresários de criticismos decrépitos e de estesias decaden· tes! Abandona Paris! Tarsilal' Tarsila! Vem para a mata virgem, onde não há arte negra, onde não há também �rroios gentis. Há MATA VIRGEM. Criei o mata· virgismo. Sou matavirgista. Disso é que o mundo, a arte, o Brasil e a minha queridíssima Tarsila precisam." 27
A preocupação de Mário de An· drade, chamando com urgência a atenção para a solução encontrada
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("ovo de Colombo", haveria de dizer Paulo Prado), traduz a necessidade de situar a produção da pintora com relação aos autores europeus. Aban· donar o Gris e o Lhote não significa abrir mão da exigência moderniza· dora. Significa, antes, optar por con· ceber a modernização a partir das particularidades da realidade da na· ção.
Il sempre tendo em vista a relação existente entre a ordem internacional moderna e a realidade nacional que se pensa a criação de uma arte própria. Sendo assim, a constituição do ideário nacionalista dentro do modernismo do segundo tempo se apresenta como uma proposta que se fundamenta no reconhecimento da legislação da ordem mundial e na consideração do lugar do Brasil em sua pretensão de ser um de seus participantes. Ao mesmo tempo e exatamente no movimento da sua instauração, a discussão sobre a brasilidade intervém no projeto modernista moldando de forma definitiva a concepção mesma de modernidade do movimento.
A partir de 1924, a proposta modernista passa nitidamente a enfatizar mais e mais a necessidade de se considerar os compromissos que se devem estabelecer entre a cultura atual e a tradição na caracterização de um projeto em que esteja expressa a nacionalidade. Il como se o ingresso na ordem mundial, portanto na vida moderna, ao exigir da produção cultural feita no Brasil uma contribuição própria, nacional, exigisse ao mesmo tempo que esta explicitasse na sua visão do passado relações de cumplicidade que viessem definir para O caso brasileiro uma forma específica de modernidade. .
A conceituação da modernidade no Brasil no tempo do modernismo que se inicia em 1924 e que constitui a
marca mais importante de todo o movimento é resultado de um esforço de compatibilização do antigo e do novo. Só desta forma, através da adoção desta solução que busca fundar a cultura nacional nova em um registro da temporalidade próprio, nacional, onde também se abriga o passado, é que se poderá pensar o ingresso da produção cultural do país no concerlO das nações cultas.
O Manifesto da Poesia Pau-Brasil publicado por Oswald de Andrade, centro da polêmica que se travou nos anos de 1924 e 1925, tenta uma exposição da solução modernista. A perspicácia do texto oswaldiano percebe inicialmente a distância e o débito com relação ao modernismo dos primeiros anos. Sabe também situar o caso brasileiro no contexto mais amplo em que a produção nacional deveria se inscrever. Com relação ao modernismo inicial o texto é claro:
"O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional. Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época. H 18
Reconhecendo os méritos do modernismo inicial, na medida em que dá continuidade ao esforço de modernização iniciado anteriormente, Oswald de Andrade percebe que já agora a perspectiva modernizadora há que ser colocada dentro dos parâmetros do nacionalismo. A categoria regional comparece então oposta ao expresso internacionalismo do primeiro tempo. Já a idéia de integração do elemento nacional na ordem mundial vem destacada da seguinte forma:
"O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movi-
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mento de reconstrução gera\. Poesia Pau-Brasil." 29
Aqui, o projeto de elaboração de uma arte própria, a poesia pau-brasil, deve ser compreendido como proposta de participação na ordem ampla da modernidade. O que coincide com a reconstrução geral não é um movimento de identificação imediata. IÔ, antes, a busca de uma definição própria de reconstrução para o Brasil que possibilita o comparecimento do modernismo brasileiro no cenário internacional moderno.
Para isso Oswald de Andrade propõe inicialmente que se estabeleça uma ruptura no processo de importação de padrões cullurais e que se adote a perspectiva da produção de modelos culturais próprios e adequados à exportação.
"Dividamos. Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação. Jt 30
Esta postura, que pretende a produção cultural própria, é ao mesmo tempo a única que assegura a possibilidade da inserção na ordem da modernidade. Nos termos do manifesto é ela que assegura a exportação, isto é, o reconhecimento do plano internacional.
Esta opinião torna-se ainda mais nítida quando o manifesto contextuaIiza o sentido da sua proposta. A poética pau-brasil insere-se dentro do desenvolvimento mais amplo da cultura universal. IÔ nele que ela adquire um lugar e um sentido. O texto refere-se à problemática artística do início do século caracterizando-o como um período revolucionário que apresenta dois momentos: no primeiro. "a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e De-
bussy até agora".3l No segundo, a que corresponde um projeto construtivo, inscreve-se a poética pau-brasi\. Ela participa, na sua "inocência", ,da "inocência construtiva" ampla. Esta participação, fazendo coincidir o esforço nacional com o esforço geral. não perde de vista, ao contrário, exige o ideal de elaboração de uma cultura nacional.
No contexto da polêmica suscitada pela pubUcação do Manifesto PauBrasil, Mário de Andrade se dirige, em carta, a Joaquim Inojosa, em novembro de 1924:
"A minha 'Escrava', derivada duma explícação oral que fiz da poética modernista universal, reflete necessariamente e demasiadamente ideais europeus. Ora jsso me desgosta no livro porque é lógico que a realidade contemporânea do Brasil, se pode ter pontos de contacto com a realidade contemporânea da esfaUada civilização do Velho Mundo, não pode ter o mesmo ideal porque as nossas necessidades são inteiramente outras. Nós temos que criar uma arle brasileira. Esse é o único meio de sermos artisticamente civilizados. Quem dentre nós refletir ideais ou apenas sentimento alemão, português ou mesmo ame· rica no do norte é um selvagem, não está no perlodo civilizado de criação. Está no período da imitação, do mimetismo a que o selvagem é levado pela dependência, pela ignorâhcia e pela fraqueza que engendra a covardia e o medo. Se é certo que nas conseqüências espirituais que a minha 'Escrava' dita, esse abrasileiramento do brasileiro está implicitamente promulgado, é também certo que a grande maioria se esquecerá de tirar a ilação e verá mais certa-
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mente do livro certos ditames práticos mais fáceis de apreender. Veja bem: abrasileiramento do brasileiro não quer dizer regionalismo nem mesmo nacionalismo = o Brasil pros brasileiros. Não é isso. Significa só que o Brasil pra ser civilizado artisticamente, entrar no concerto das nações que hoje em dia dirigem a civilização da Terra, tem que concorrer pra esse concerto com a sua parte pessoal, com o que o singulariza e individualiza, parte essa única que poderá enriquecer e alargar a Civilização. Da mesma forma que do lado prático. Se nós quiséssemos concorrer pra organização econô..,ica da Terra, com o trigo próprio da Rússia ou o vinho próprio da França ou da Itália, a nossa colaboração seria inferior, secundária, subversiva e inútil porque nem o trigo nem o vinho são específicos da nossa terra. Mas com a borracha, o açúcar e o café e a carne nós podemos alargar, engrandecer a economia humana. Da mesma forma nós teremos nosso lugar na civilização artística h�.nana no dia em que concorrermos com o contingente brasileiro, derivado das nossas necessidades, da nossa formação por meio da nossa mistura racial transformada e recriada pela terra e clima, pro concerto dos ho-mens terrestres." S! .
Certamente é uma reorientação do modernismo que se está pretendendo. Mais uma vez está em pauta a distância entre a problemática do modernismo inicial e a postura nacionalista do segundo tempo. Neste sentido, atento para o estabelecimento das distinções, Mário de Andrade faz a releitura de A escrava que não é ' /saura, texto de 1922.
o ideal universalista que se manifesta a partir de 1924 na idéia de ingresso no concerto das nações está presente nos dois tempos do movimento. Ocorre que agora, no segundo tempo, este ingresso, via da modernização, exige a definição da vocação nacionalista do movimento. Ser moderno significa sempre comparecer no cenário internacional. A modernidade é exigência que se faz sentir no processo de incorporação. J á agora, este só é bem-sucedido ao se dispensar a visão imediatista e se adotar a mediação da questão nacional.
O paralelo estabelecido por Mário de Andrade entre o processo de comercialização das matérias-primas brasileiras no mercado internacional e a produção da cultura vem enfatizar o ponto de vista de Oswald de Andrade no manifesto de 1924. Nos dois autores a exportação é o caminho da incorporação na vida moderna. O que define a qualidade daquilo que se deve exportar é a ordem ampla em que o país se insere e segundo a qual ele é regido.
Considerada em seus traços mais expressivos, a década de 20 se apresenta como o campo de um debate que tem sempre por horizonte aquele feixe de questões. No que concerne ao movimento modernista, um dos seus participantes, é possível perceber que seus eixos principais se aproximam ou se afastam até o estabelecimento de uma ruptura, na Antropofagia, conforme o modo como se dá o enfrentamento da questão da brasilidade.
e . A .rgument.içlo de Mário de Andrade - o fuga, do 8ralll no concerto Internacional , definido a partir de uma r.laçlo
Ao longo de sua obra Mário de Andrade deixará claro, a cada momento, que a ênfase dada à proble-
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mática do nacionalismo deve ser encarada dentro de um movimento mais amplo de direção universalista. Assim, ao discutir a definição da "fala brasileira", em crônica de 1929, sua argumentação se desdobra percorrendo todas as dimensões da questão:
. . Porque o Brasil é uma nação possuidora duma língua s6. Essa língua não lhe é imposta. � uma lfngua firmada gradativa e inconscientemente no homem nacional. � a língua de que todos os socialmente brasileiros têm de se servir, se quiserem ser compreendidos pela nação inteira. I? a língua que representa intelectualmente o Brasil na comunhão universal ." "
o raciocínio sublinha a importância de se tematizar o problema da língua nacional. Imediatamente este é contextualizado na discussão mais ampla onde seu sentido se revela no âmbito da comunhão universal.
Em 1928, no Ensaio sobre música brasileira, o que está importando para Mário de Andrade é a definição do "critério de música brasileira pra atualídade" . .. Naquele momento isto significa propor "aferradamente . . . nacionalizar a nossa manifestação". Enfrentar a problemática da atualidade, proposta básica do modernismo, consiste em defender a solução nacionalista. A redefinição do conceito de atualidade para o movimento exige então que se recoloque mais uma vez a questão da sua vocação universalista:
"E arara. Porque, imaginemos com sens()-CQmum: se um artista brasileiro sente em si a força do gênio, que nem Beethoven e Dante sentiram, está claro que deve fazer música nacional. Porque como gênio saberá fatalmente encontrar
os elemen tos essenciais de nacicr nulidade (Rameau Weber Wagner Mussorgsk.i). Terá pois um valor social enorme. Sem perder em nada o valor artfstico porque não tem gênio por mais nacional (Rabelais Goya Wbitman Ocussai) que não seja do patrimônio universal." 55
Valor social (compromisso com a tese nacionalista) e valor artístico é o que se procura, no texto, fazer coincidir. A mesma idéia poderia ser ex· pressa de outra forma afirmando que a dimensão universal da obra de arte, seu reconhecimento no plano mundial, advém do maior grau de nacionalidade que ela puder manifestar.
A perspectiva generalizante presente nesta passagem do texto, de caráter eminentemente polêmico, não deve entretanto encobrir uma dimensão do raciocínio de Mário de Andrade que visa exatamente circunstanciar a proposta nacionalista. Embora não explicitada neste texto, a preocupação de Mário de Andrade com sua proposta nacionalista diz respeito à problemática cultural dos países emergentes, países novos, e não às situações culturais já sedimentadas como nos palses mais adiantados.
O modernismo do segundo tempo preocupa-se em manter o ideal universalista. O que está em pauta é sempre o movimento da incorporação na ordem moderna. Ocorre que agora esta incorporação se faz levando em conta as determinações de cada situação cultural em sua especificidade. Se para os países mais avançados o ingresso na modernidade se faz de forma imediata (eles são de fato a própria ordem moderna), para os países novos, emergentes, a participação no concerto das nações deve fazer-se pe)a afirmação dos caracteres nacionais. Na organização do cenário cultural no
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plano mundial o modernismo procura diferenciar o papel que cada participante do concerto das nações deve desempenhar.
A questão do nacionalismo surge, desta forma, como manifestação no plano da cultura do esforço de incorporação dos países novos na ordem moderna . Em sua Pequena história da música, Mário de Andrade retoma esta idéia de forma clara:
"A pesquisa do caráter nacional s6 é justificável nos países novos, que-nem o nosso, ainda não possuindo na tradição de séculos, de feitos, de heróis, uma constância psicológica inata." "
Tendo por base estas preocupações, o modernismo da década de 20 elabora uma série de "retratos" que procuram dar conta daquilo que constitui a verdadeira realidade brasileira. Estes "retratos-do-brasil " apresentamse com uma dupla função. Em primeiro lugar, cabe ressaltar sua dimensão crítica, que pretende invalidar como inadequadas as representações da realidade hrasileira feitas ao longo da nossa história cultural. A inadequação, argumenta-se, deriva do fato de estas representações terem suas raízes presas em contextos culturais alienígenas descompromissados com a pesquisa da brasilidade. Em alguns momentos, sobrepondo-se à idéia de inadequação, o modernismo acredita que as representações tradicionalmente feitas a respeito da realidade da nação constituem um obstáculo para a apreensão da verdadeira entidade nacional.
Enquanto crítico e historiador da música, Mário de Andrade, em seu Ensaio sobre música brasileira, insiste na denúncia de um divórcio 'entre a música artística brasileira e a "nos� sa entidade racial". ·7 " propósito ge-
ral do ensaio chamar a atenção para a falta de cultura nacional e para o fato correlato de os homens de cultura no Brasil estarem embebedados pela cultura européia. O cultivo de valores culturais estrangeiros é o que impede, para o autor, o florescimento da música nacional. " certo também que a ausência de uma música de características marcadamente nacionais seria causa da impossibilidade do acesso da nação ao plano internacional. As obras de Luciano Gallet, de Lourenço Feroandez e de Villa-Lobos aparecem então, dada a "orientação brasileira" que apresentam, como um padrão que deve ser aconselhado.
O modernismo já não se apresenta nestes anos como um movimento que propunha a renovação restrita do domínio artístico. Está antes empenhado em se afirmar como elemento chave no processo de constituição da entidade nacional. A 1 .0 de novembro de 1929, em sua crÔnica para o Diário Nacional, Mário de Andrade observa:
•
"Me parece incontestável que nós estamos atravessando um momento muito importante da nacionalidade, principalmente pelas possibilidades que ele tem de despertar no povo brasileiro uma consciência social de raça, coisa que ele nunca teve." 88
E mais adiante, após ter transcrito 11mB passagem de Mar/in Fierro, acrescenta:
"Eu acho que também temos que cantar opinando agora, pra ninguém chegar atrasado no tragicômico festim. Há muito mais nobre civilidade em se ser conscientemente besta que grande poeta de arte pu.ra." "
O modernismo tem de si mesmo a crença de constituir o momento de
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fundação da vida cultural no pais. Cabe a ele a tarefa de desvendar os próprios fundamentos da nacionalidade.
Se o que se denuncia é lima situação de crise, crise de identidade, da consciência nacional, que se manifesta na existência do divórcio entre cultura e realidade, a superação deste estado de coisas exige o esforço para se chegar ao conhecimento da verdadeira entidade nacional.
A busca do que é próprio da nação brasileira, daquilo que a singulariza e a distingue no concerto internacional é o traço mais característico do segundo tempo do modernismo. Os "retratos-do-brasil" vão procurar, em sua dimensão positiva, ressaltar estes aspectos especificas, singulares - a própria brasilidade.
Traços distintivos na nacionalidade, por um lado, na medida em que nos destacam no conjunto das nações que participam do concerto internacional, os elementos que constituem a brasilidade são por outro lado o que possibilita referir-se à nação brasileira como uma realidade una e indivisa.
O modernismo crê poder atingir por trás do Brasil das aparências, de superfície, onde se expressa a diversidade, uma realidade nacional mais profunda, essencial, em que o paIs se dá como uma totalidade. Conflitos, diferenças, contradições são apenas a face externa e menos verdadeira de um ser nacional substrato que é preciso trazer à luz.
Os "retratos-do-brasil" apresentamse assim, durante toda a década, desempenhando um duplo papel. Por um lado, exercendo a função de crítica da cultura, pretendem denunciar a inadequação dos saberes vigentes na medida em que se enraízam no processo de importação de representações. Por outro lado, mesmo pagan-
do o preço de pessimisticamente constatar, por um momento, a nossa inconsistência de caráter, visam identificar positivamente a identidade substancial da nação.
O caminho que procuramos percorrer no modernismo apresenta dois momentos diferentes . No primeiro, chamado de primeiro tempo modernista, pôde-se pe.rceber que o acesso à ordem da modernidade era pensado a partir de uma perspectiva imediatista. Esta sustentava-se na crença de que a modernidade constituía uma ordem universal em um sentido especifico: aqui, ao menos em termos qualitativos, não eram consideradas particularidades regionais que condicionassem a sua implantação de forma particularizada em contextos diferentes. Ao contrário, imaginava-se que a adesão dos processos modernos de expressão cultural conduziria, de forma imediata, à incorporação da cultura feita no Brasil ao contexto internacional. Era esta a crença que aparecia nas afirmações de Mário de Andrade referindo-se às "mesmas águas da modernidade" onde estariam imersos ele próprio, Cocteau e Papini.
A opção manifestada no primeiro tempo do modernismo, entretanto, a partir de 1924, começou a parecer para os participantes do movimento como uma solução não eficiente. Ela desconhecia o fato de que era a afirmação da mediação do nacional que viabilizava o ingresso na ordem moderna.
O segundo tempo modernista introduz no ideá rio modernista uma versão nova do universalismo: ela acredita que a ordem moderna , associada sempre à idéia de concerto internacional, determina para a situação brasileira a necessidade de propor, para viabilizar a incorporação, uma produção marcada de "caráter" nacional.
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A exigêocia da tematização da mediação do nacional nesta visão universalista conduz ao propósito de constituição dos "retratos-do-brasil"_ A elaboração deste "retratos" está inserida, desde o início, no movimen· to de uma relação entre a parte, nacional, e o todo, concerto internacional. A existência desta relação vai determinar, no plano categorial, a escolha das vias utilizadas na elaboração destes "retratos-do-brasil"_
Ao mesmo tempo pôde-se observar que o modernismo manifestava desde os seus primórdios uma preocupação relativa ao ri/mo em que se processava a nossa modernização_ O primeiro tempo modernista considerava a problemática da nossa modernização a partir do ponto de vista da ótica - universalista que lhe era próprio. O "relógio" nacional poderia estar atrasado. Isto não significava que ele fosse regido por mecanismos que o singularizassem. Ao contrário, supunha-se que o "relógio" nacional pudesse ser acelerado no sentido de poder bater no compasso do ritmo internacional marcado por um relógio que por natureza não se distinguia do nosso.
O segundo tempo modernista encara a situação de "atraso" do tem· po nacional como constituindo a nossa temporalidade. Com isso ele não se destaca dos compromissos da ótica do primeiro tempo no q�e ela tem de fundamental : seu universalismo. Ocorre que agora, no segundo tempo, este universalismo determina a constituição de uma compreensão da temporalidade para o caso brasileiro.
A constituição de uma teoria da temporaJidade da vida nacional vai possibilitar a reavaliação da situação de "atraso" do contexto nacional. Ela vai também fornecer as bases da definição de um tempo da modernização próprio da nacionalidade.
No'"
1 . Joaquim I nojosa, O movimento modernista em Pernambuco, Rio de Janeiro, Tupy, 1968, p. 142.
2 . Ibid., p. 142-143. 3 . Ibid., p. 144. 4 . Mário de Andrade, "Oswald de An
drade: Pau-Brasil Sam Pareil. Pa.ris, 1925", transcrito em Marta Rossetti Batista, Telê Ancona Lopez e Yone Soares de Lima (org.) . Brasil: t ,- tempo modernista -
1917/29; documentação, São Paulo, IED, 1972, p. 225-232.
5 . Gilberto Mendonça Teles (seI. e apresent.), Tristüo de Athayde: teoria. crftica e hist6r;a literdria. Rio de Janeiro, Livros Téc· nicos e Cientificos e INL, 1980. p. 346.
6 . Ibid., p. 355. 7. Ibid., p. 354. 8 . Ibid., p. 356. 9 . 1bid., p. 358. 10. Esta opinião é partilhada por parti
cipantes e intérpretes do movimento madernista. Ver a conCeréncia "O movimento modernista'" de 1942, de Mário de Andrade, incluída em Aspecto� da fitemtllra brasileira, 5." ed., São Paulo. �arlins, 1974. Ver os comentários de Mário da Silva Brito em sua Hisldria do modernismo brasileiro: antecedentes da Semana de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 197 1 .
1 1 . "A exposição Anita Malfatti", transcrito em Mário da Silva Brito. op. cit .. p. 61-62.
12. "Mestres do passado", transcrito em Mário da Silva Brito. op. cit.. p. 257. . 1 3 . Oswald de Andrade, Obras completas VI - Do pau-brasil à antropolagia e às utopias, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1972.
14. Klaxon, n.- 1. p. 2. 1 5 . Ibid. 16. "Arte moderna", em O curupira f!
o carõo, São Paulo. Hélios, 1927, t 7 . li A escrava que não é haura ", em
Obra imatura, 3." ed., São Paulo. Martins: Belo Horizonte. Itatiaia. 1980.
1 8 . O curupira e o carõo, op. cit. 19 . Klaxon, n.- 3, p. 10. 20. Cartas a Manuel Bandeira, Rio de
Janeiro, Simões. 1967, p. 24, 2 1 . Carta de Rubens Borba de Moraes
em Joaquim Inojosa. op. di .. p. 365·366, 22, Klaxon, n," I , p, 3. 23 . Paulo Duarte, M6rio de Andrade por
ele mesmo, São Paulo. EDART. 1 97 1 . p. 289.
24. Klaxon, n.' 3, p. 10. 25 . Joaquim lnojosa, op. cit . • p. 368.
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26. Oswald de Andrade, Poesias reuni· das de Oswold de Andrade, São Paulo, Difel, 1966,
21. Aracy Amaral, TarsUa, sua obra e seu tempo, p. 369.
28. Oswald de Andrade, Obras comple-tas VI, op. cit., p. 9.
29. Ibid., p. 1. 30. Ibid., p. 7. 3 1 . Ibid. 32. Joaquim Inojosa, op. cit., p. 340-34-1. 33. "Fala brasileira - I", crônica de
25/5/1929 inc1ufda em Telê Ancona Lopez (arg.) . Táxi e crônicas no Diário Nacional. São Paulo, Duas Cidades·Secretaria de Cul. tura, 1976.
34. Ensaio sobre música brasileira, São Paulo, Chiarotto, 1928, p. 6.
35. Ibid. 36. Pequena IJistdria da mfÍsica. 9," ed ..
São Paulo, Martins, 1980, p. 195. 37. Op. cit., p. 3. 38. Telê Ancona Lopez (arg.) . Táxi e
crônicas . . . . op. cit., p. 155. 39. Ibid.
.
Eduardo Jardim de Moraes é doutor em filosofia pela UFRJ e professor do Departamento de Filosofia da PUC-R J. Em 1987 esteve na Universidade de Erlangen-Nürenberg, Alemanha, como bolsista da Funda· ção Humboldt. PubHcou o livro A brasili. dade modernista: sua dimensão filos6fica (Rio de Janeiro, Graa1, 1978) e diversos artigos sobre filosofia e pensamento bra· sileiro.
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