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Para além das fronteiras: a história do anarquismo através da ótica transnacional
EDUARDO AUGUSTO SOUZA CUNHA*
Introdução
A partir dos anos 1990, as discussões em torno do transnacionalismo difundem-se no
meio da historiografia. Em um contexto político permeado pela discussão sobre a
globalização, suas consequências e limitações, pesquisadores de diversos países voltaram suas
atenções sobre métodos que transcendessem a escrita da história restrita aos limites dos
Estados-Nações. Com isso, há o surgimento de diferentes concepções como Global History,
World History, Connected Histories e Histoires Croisées. Embora cada uma tenha suas
particularidades, elas compartilham o foco em buscar as conexões, os contatos e as
circulações que atravessam as nações ao longo do tempo (PURDY, 2012; WEINSTEIN,
2013; BOUCHERON; DELALANDE, 2015; BERTRAND, 2015). Esse movimento
caracteriza-se mais por um caráter de renovação do que de inovação, pois muitas obras de
escolas distintas no século XX já trabalharam sob tal prisma1. Todavia, é necessário
reconhecer a contribuição dos estudos transnacionais para as variadas áreas da historiografia.
No caso referente à historiografia do anarquismo, alguns estudos recentes têm dado
destaque ao enfoque transnacional. Essa perspectiva converge com o objeto de pesquisa, uma
vez que o anarquismo se constituiu como uma corrente política eminentemente
internacionalista ao se colocar contra o Estado e ao defender a unidade dos trabalhadores para
além das suas nações. Na virada do século XIX para o século XX, os militantes anarquistas se
difundiram por diversas partes do mundo, sobretudo devido à necessidade do exílio por causa
das repressões policiais, além do propício contexto das ondas imigratórias. Apesar da
dispersão, eles mantiveram vínculos entre si, por meios que iam desde o intercâmbio de
publicações, possibilitando a circulação de informação e ideias, até campanhas de
solidariedade e ações em conjunto. Desse modo, os estudos transnacionais e a história do
* Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (HE/FFLCH-USP). Este trabalho é resultado parcial da
dissertação de mestrado intitulada “Editar a Revolta: a edição e a circulação de impressos na formação das
organizações operárias de Buenos Aires (1890-1910)”, realizada com apoio da FAPESP (nº 2015/10523-6,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)). As opiniões, hipóteses e conclusões ou
recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem
a visão da FAPESP. Contato: [email protected]. 1 Para citar somente dois exemplos: a Escola dos Annales, com Fernand Braudel (2016) como figura de proa; e a
historiografia marxista do Caribe, sobretudo os trabalhos de C.L.R. James (2000) e Eric Williams (2012).
2
anarquismo resultaram em um encontro fértil.
Nesse sentido, a última década apresentou muitos avanços. A seguir apresentaremos
algumas contribuições, a começar por duas publicações pioneiras. A primeira é Under three
flags, livro de Benedict Anderson (2014) publicado originalmente em 2005. Prosseguindo sua
discussão sobre as identidades nacionais, o autor se debruça sobre a imaginação anticolonial
ao tratar dos vínculos existentes entre a luta de libertação nacional filipina e cubana com o
anarquismo. Apesar de não se abordar de modo exclusivo sobre o movimento anarquista, o
Anderson abre as portas para um olhar mais atento para os vínculos transnacionais dos
libertários. A segunda referência é a pesquisa de Davide Turcato (2007) sobre a rede
estabelecida entre anarquistas italianos que emigraram para os Estados Unidos com aqueles
que permaneceram na Itália. Metodologicamente, ele trabalha a partir de dois elementos: a
trajetória biográfica, partindo de Errico Malatesta; e a imprensa anarquista, com ênfase no
jornal La Questione Sociale, de Paterson, Nova Jersey. Fugindo da repressão, Malatesta viveu
em diversos países, como Itália, Argentina, Egito e Inglaterra. Em seu périplo, ao manter sua
militância, travou contato com companheiros dos países em que passou, tornando um
importante “nó” da “rede”. Quanto ao La Questione Sociale, ele abordou aspectos comuns em
relação aos jornais libertários. Eles desempenharam um papel central em dois aspectos: de um
lado, era o principal meio de divulgação de ideias. Ao serem distribuídos internacionalmente,
eles eram essenciais para a circulação da informação entre os militantes. Por outro lado, o
jornal também era um meio importante para a organização. Ao refutar a criação de uma
organização política centralizada, os jornais foram uma instância que aglutinava militantes,
possibilitando a criação de novos grupos. Também era um meio de manter a continuidade do
movimento, frente à mudança de gerações de quadros. No caso específico do jornal
estadunidense, Turcato mostra a organização do movimento anarquista através dos vínculos
existentes entre os militantes italianos que migraram para os Estados Unidos e seus
companheiros que permaneceram na sua terra natal, formando uma rede transnacional de
militância. Em meio a um contexto repressivo contra o anarquismo na Itália, no qual era
proibida até mesmo a impressão de qualquer jornal anarquista, essa rede foi essencial para a
circulação de ideias e recursos, com o envio de impressos e de dinheiro dos Estados Unidos
para a Itália.
Anos depois, outras obras deram suas contribuições para o debate. Lucien van der
Walt e Michael Schmidt (2009), em Black Flame, escrevem uma síntese histórica do
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anarquismo dentro de uma perspectiva global. Um ano depois, duas importantes coletâneas
foram publicadas. A primeira é o livro Anarchism and Syndicalism in the Colonial and
Postcolonial World (1870–1940), sob a organização de Lucien van der Waalt e Steven Hirsch
(2010), contando com a participação de mais de dez trabalhos que analisaram o
transnacionalismo no movimento anarquista na África do Sul, Argentina, Brasil, Egito, Peru,
Coréia, China, Ucrânia, Irlanda, Caribe, México e Estados Unidos. A outra coletânea é New
Perspectives on Anarchism, Labour and Syndicalism: The Individual, the National and the
Transnational, compilada por David Berry e Constance Bantman (2010), com dez artigos de
diferentes autores que apresentam novas abordagens e métodos sobre a história do
anarquismo. No ano seguinte, Steven Hirsch organizou um dossiê de artigos na revista
Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe (EIAL, 2011).
No Brasil e na Argentina, ainda são poucos os estudos que analisam o anarquismo sob
a perspectiva transnacional. Podemos destacar a tese de doutorado de Clayton Peron (2013),
na qual aborda o anarquismo em São Paulo na virada do século XIX para o século XX como
um movimento social integrado em uma rede composta por militantes de outros países.
Caminhando por uma trilha semelhante, encontram-se os trabalhos de Lucas Alvarenga
(2017) e Kauan Santos (2017), ao analisarem as relações transnacionais do jornal Terra Livre,
no primeiro caso, e dos jornais A Plebe e Guerra Sociale, no último estudo. No caso da
historiografia argentina, Laura Fernández Cordero (2017) adota a mesma abordagem em sua
pesquisa sobre o Nuestra Tribuna. Olhando para o anarquismo a partir de outro ponto de
vista, Diego Galeano e Martín Albornoz (2017) traçam as redes de colaboração policial no
Atlântico sul-americano para a vigilância e a deportação de militantes. Por fim, temos o
estudo de Sepúlveda e Margarucci (2016) sobre o intercâmbio teórico e prático entre os
ácratas argentinos, chilenos e bolivianos e suas consequências para a formação do anarquismo
nos dois últimos países.
No presente trabalho pretendemos discutir as possibilidades da ótica transnacional
para a compreensão do anarquismo em Buenos Aires, no final do século XIX e início do
século XX. Inicialmente iremos nos deter com mais calma em uma das correntes no meio dos
estudos transnacionais que, na nossa compreensão, tem maior afinidade temática com a
historiografia do anarquismo: a História Global do Trabalho. Em seguida, trataremos
particularmente da atividade editorial em Buenos Aires. Acreditamos que através desse estudo
de caso podemos elucidar melhor o debate metodológico.
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A História Global do Trabalho: o transnacionalismo contra o “nacionalismo
metodológico”
Nos últimos anos, houve notáveis avanços no campo da História do Trabalho. Uma
das correntes inovadoras é a chamada “História Global do Trabalho”, cujo principal
proponente é Marcel Van der Linden, diretor do IIHS (International Institute of Social
History) de Amsterdã, Holanda. Ele a define como uma área de interesse, ao invés de uma
escola de pensamento, permitindo certo pluralismo teórico entre os pesquisadores que
convergem no estudo transnacional das relações de trabalho e dos movimentos sociais das
classes trabalhadoras. Nas palavras do autor, “por ‘transnacional’, quero dizer, situar, no
contexto mais amplo de todos os processos históricos, não importa quão ‘pequenos’ em
comparação com processos em outras partes, o estudo de processos de interação ou a
combinação de ambos” (VAN DER LINDEN, 2009:18). Ao adotar essa perspectiva, a
História Global do Trabalho pretende superar dois paradigmas presentes em grande parte da
historiografia: o eurocentrismo e o nacionalismo metodológico.
Permanecendo ainda com as definições dadas por Van der Linden, o eurocentrismo se
configura como “a ordenação mental do mundo do ponto de vista da região do Atlântico
Norte” em que “a temporalidade desta ‘região central’ determina a periodização dos
desenvolvimentos do restante do mundo” (VAN DER LINDEN, 2009:15). Sua consequência
para a historiografia é a transposição abusiva de categorias interpretativas criadas para a
compreensão de tal região para outras realidades sócio-históricas distintas. Em outras
palavras, podemos afirmar que o eurocentrismo consiste na leitura do mundo a partir do
prisma europeu. Quanto ao nacionalismo metodológico, caracteriza-se a partir de dois
equívocos. O primeiro é a naturalização do Estado, ao considerá-lo como unidade básica de
análise inquestionável, transformando-o em um axioma. O segundo erro dos nacionalistas
metodológicos é a fusão entre “sociedade” e “Estado”, quando “pensam que as sociedades são
geograficamente idênticas aos estados nacionais” (VAN DER LINDEN, 2009:20). A presença
do nacionalismo metodológico na pesquisa histórica leva à construção do que o autor chama
de “mônadas leibzianas”, se referindo à interpretação da história em processos separados por
“blocos”, distinguidos de acordo com seu Estado-Nação. Se o Estado é um dado
inquestionável e é indistinto do conceito de sociedade, então enxergamos as sociedades
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“mexicana”, “brasileira” e “argentina” como totalidades homogêneas. Por conseguinte, a
história dos conflitos entre capital-trabalho e a autoformação da classe trabalhadora é vista da
mesma forma.
Todavia, a partir dos anos 1970, com os efeitos trazidos pela descolonização, assim
como os avanços da história do trabalho em países da América, África e Ásia trouxeram
novos olhares para o tema. Por exemplo, o debate sobre a definição de “classe trabalhadora”,
uma categoria restrita nas obras marxistas tradicionais aos assalariados livres que passou por
uma intensa revisão devido à sua incongruência no contexto dos países do hemisfério Sul.
Com as transformações do capitalismo, até mesmo essa noção tradicional ficou ultrapassada.
Desse modo, buscar uma classe trabalhadora em sua forma “autêntica” é uma ilusão. Conclui
Van der Linden (2002:08): “O proletariado “clássico” está rodeado por, e misturado com, um
variado grupo de “semi-proletários” – de ambulantes, meeiros, trabalhadores a domicílio,
prostitutas, trabalhadores por conta própria, ladrões e catadores de lixo”. Assim, os grupos
sociais que compõem a classe trabalhadora são separados por linhas tênues e fluidas e essa
configuração tem efeitos em suas formas de organização.
Nesses mesmos anos, o Estado-Nação passa a ser mais historicizado e, portanto,
relativizado, perdendo aos poucos o seu caráter axiomático em muitas pesquisas das Ciências
Humanas. Compondo essa nova agenda, encontram-se os estudos transnacionais. Contudo,
cabem duas considerações: o combate ao nacionalismo metodológico não significa, de modo
algum, que para os estudos transnacionais o Estado-Nação se torna uma categoria a ser
deixada de lado. É evidente que ele segue como um dos elementos mais importantes para a
análise, por ser o centro do poder político, porém a partir de um ponto de vista que integra os
âmbitos local e regional, e também com o transnacional. Assim, sociedade deixa de ser vista
como um sistema homogêneo – caracterizado por determinada identidade nacional – mas sim
como uma trama complexa de redes espaciais que se sobrepõem e se interseccionam umas às
outras. Outro ponto é que, como afirma van der Linden (2002:03), “a sociedade transnacional
é uma espécie de estrutura para os nossos estudos”. Isto é, para a História Global do Trabalho
o transnacionalismo é uma perspectiva de análise, não obrigatoriamente seu objeto de estudo.
Pode ser escolhido um recorte mínimo (monografias sobre uma mina de carvão ou um
sindicato, por exemplo), porém devem ser buscadas suas relações que o conectem com um
escopo mais amplo. Em suma, o objetivo é a vinculação entre as relações existentes entre o
local, o nacional e o global.
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Ao adotar o prisma transnacional, a história do trabalho se enriquece ao complexificar
processos históricos. Propicia um novo olhar para fenômenos que se desenvolveram
espacialmente em âmbitos transcendentes aos territórios dos Estados-Nação, permitindo olhar
com maior cuidado as redes de contato, o intercâmbio e a circulação para além das fronteiras.
A rede transnacional do anarquismo portenho em ação: o financiamento e a
distribuição das edições anarquistas
No final do século XIX e início do século XX, os anarquistas se tornaram a força
hegemônica no movimento operário argentino. A atividade editorial ácrata acompanhou esse
processo ao se transformar, nesse período, em uma das mais intensas do globo. O principal
objetivo dos seus impressos era propagandear ideias e não o retorno financeiro. E as tarefas
não seguiam uma divisão clara, ocorrendo situações em que as mesmas pessoas exerciam
diferentes funções. Os anarquistas estavam imersos na cultura do proselitismo característico
da esquerda do século XIX, sintetizado por Regis Debray (2007:10): “os filhos de Marx e
Bakunin compartilhavam do mesmo evangelho: ler e fazer com que outros lessem”.
É evidente que seus projetos editoriais mantinham elementos característicos da cultura
impressa da Argentina de fins do século XIX, assim como outros próprios das edições dos
grupos de esquerda, todavia notam-se elementos específicos praticados pelos libertários. Dada
às especificidades de como os anarquistas realizavam suas edições, podemos afirmar que sua
atividade editorial seguia uma lógica própria. Por isso, acreditamos que, para uma melhor
análise, é necessário pensar em um circuito editorial anarquista. Para pensá-lo, partimos do
modelo de “circuito das comunicações” proposto por Robert Darnton (2010:122-149). O autor
enfatiza a importância para os historiadores de uma noção abrangente do processo da
produção e circulação dos impressos, mesmo quando o foco esteja restrito a uma parte da
totalidade. Para Darnton, seu modelo “pode ser descrito como um circuito da comunicação
que vai do autor ao editor (se não é o livreiro que assume o papel), ao impressor, ao
distribuidor, ao vendedor, e chega ao leitor” (DARNTON, 2010:125).
Para compreendermos o transnacionalismo presente no anarquismo portenho da época,
destacaremos duas etapas desse circuito: o financiamento e a distribuição. No circuito
editorial anarquista, os fundos necessários eram coletados a partir de quantias doadas por
indivíduos ou grupos por meio das listas de subscrição. Em geral, o processo se dava da
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mesma maneira para financiar as edições de impressos, de livros, folhetos, jornais, revistas e
almanaques: o grupo interessado em editar algum impresso divulgava sua iniciativa, em geral
através dos jornais e por meio de panfletos. Junto com a divulgação, o grupo imprimia as
“listas de subscrição”: isto é, panfletos nos quais incluía uma descrição sucinta do que seria
publicado e uma lista para que as pessoas interessadas em apoiar a iniciativa doassem alguma
quantia de dinheiro.2 Essa prática era denominada pelos militantes de “subscrição voluntária”.
Vale notar que esse mecanismo não era apenas uma forma de arrecadação de dinheiro para as
edições; era uma prática recorrente entre os grupos anarquistas para reunir dinheiro para
diversos fins: para a edição de impressos, para a criação de centros sociais e escolas,
campanhas de libertação de presos, de apoio à família de militantes presos ou executados,
entre outros.
A organização para a arrecadação não ficava a cargo apenas dos grupos editores. Com
as listas em mãos, outros grupos também se encarregavam de coletar as doações. Dessa
forma, percebemos uma organização do trabalho editorial no qual as tarefas eram divididas
coletivamente. Se o grupo editor se responsabilizava por todas as tarefas referentes à
preparação e produção dos textos e de enviá-los para as oficinas tipográficas imprimirem, o
financiamento era viabilizado não só por sua ação, mas também pela mobilização de outros
grupos e indivíduos. Inclusive, em algumas situações, essa tarefa era levada a cabo por
militantes de outras latitudes. Nesse sentido, daremos dois exemplos.
Em 1892, o grupo Mocidade Comunista Anárquica, do Rio de Janeiro, preparava sua
primeira edição de folheto. O título seria aquele que, muito provavelmente, serviu de
inspiração para a escolha do seu nome: À Mocidade, de Piotr Kropotkin3. As notícias sobre a
preparação do folheto e a coleta de fundos para cobrir seus custos eram noticiadas com
atenção pelo jornal El Perseguido, de Buenos Aires. Os anarquistas da capital do Brasil
mantinham relações próximas com aqueles residentes na capital argentina. A edição do
folheto À Mocidade contou com doações de anarquistas que residiam na Argentina, como
Baldomero Salbans, redator do El Perseguido (EL PERSEGUIDO, 27/11/1892). A relação
era recíproca: o Mocidade Comunista Anárquica também organizava listas de subscrição em
favor do El Perseguido no Rio de Janeiro. Os dois grupos eram tão próximos que o balanço
2 Em alguns jornais e revistas, os anarquistas utilizavam essas listas para a venda por subscrição, uma prática
editorial recorrente no século XIX. Tal procedimento se assemelha à prática ao que hoje chamamos de
“assinatura”: os leitores se inscreviam para receber os impressos e pagavam antecipadamente. Por adotarem o
mesmo nome, é válido ressaltar as distinções entre uma prática e a outra. 3 Nas futuras edições em português, o título se estabelecerá como Aos Jovens.
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de contas de À Mocidade foi publicado nas páginas do El Perseguido (EL PERSEGUIDO,
27/11/1892).
Logo após o grupo iniciar a impressão do folheto na gráfica, foi surpreendido pela
polícia carioca. A ação da repressão fez com que a edição do folheto À Mocidade ficasse
prejudicada. Segundo nos informa as páginas do El Perseguido, os militantes foram
deportados, “habiendo quedado el folleto impreso en la imprenta y con la mitad pago en el
momento del destierro”. O destino de parte deles foi Buenos Aires, onde destinaram a outra
metade do dinheiro reunido para os custos de impressão para Juventud Comunista Anárquica,
novo grupo dos militantes que já editava folhetos naquele tempo. (EL PERSEGUIDO,
26/02/1893).
Situação semelhante ocorreu com o grupo Fermín Salvochea, de São Paulo. Eles
organizaram listas de subscrições na cidade paulistana entre dezembro de 1899 a fevereiro de
1902, arrecadando dinheiro para contribuir com os jornais bonaerenses La Protesta Humana,
L’Avvenire, El Rebelde, El Obrero Panadero e para a edição de livros e folhetos da Librería
Sociológica, além de enviar doações para Soledad Gustavo em Madri – na época, uma das
editoras da Revista Blanca – e para a campanha de libertação de Cesare Batacchi. O Fermín
Salvochea foi um dos grupos mais regulares na tarefa de arrecadação de recursos para os
grupos portenhos: ele contribuiu de dezembro de 1899 até fevereiro de 1902. (LA
PROTESTA HUMANA, 24/12/1899; 07/01/1900; 18/03/1900; 01/04/1900; 13/05/1900;
10/06/1900; 08/07/1900; 05/08/1900; 02/09/1900; [?]/09/1900; 26/01/1901; 06/04/1901;
08/02/1902).
A campanha de libertação de Cesare Batacchi foi um dos diversos casos do uso de
listas de subscrição para outras atividades fora às relacionadas ao trabalho editorial. Batacchi
e outros membros da seção italiana da AIT foram acusados de participarem do “caso da via
Nazionale”, como ficou conhecido o atentado à bomba em uma manifestação monárquica em
Florença em 1878. Sem indícios que ligassem o fato aos acusados, a prisão foi denunciada
como uma represália à atuação dos internacionalistas florentinos. Desde então, Cesare
Batacchi e os demais acusados receberam a pena de prisão perpétua.
Outro acusado pelo mesmo caso foi Fortunato Serantoni. A perseguição desencadeada
pelo caso da via Nazionale foi o estopim para seu exílio em Barcelona. Depois de dez anos na
cidade mediterrânea, foi obrigado a novamente se exilar, chegando em Buenos Aires em
1893. Abriu uma livraria, a Librería Sociológica, e capitaneou diversos projetos editoriais,
9
como as revistas La Questione Sociale e Ciencia Social e as coleções de folhetos Biblioteca
de La Questione Sociale e Biblioteca Sociológica. Ao manter seus vínculos criados
anteriormente com militantes na Itália e na Espanha e por meio da sua atividade de editor-
livreiro em Buenos Aires, foi personagem central para a edição e a circulação de impressos
anarquistas na última década do século XIX e a primeira do século XX e, por conseguinte,
figura notória na rede transnacional de militância dos ácratas nesses anos.
Seu protagonismo evidencia-se na campanha citada, iniciada em 1899. Serantoni,
radicado nesse momento em Buenos Aires, organizou uma subscrição em apoio do seu
companheiro encarcerado e imprimiu 3000 retratos de Batacchi para ajudar na coleta de
recursos. Para incentivar a divulgação do caso, escreveu o folheto Per um inocente d’Italia.
Cesare Batacchi condannato all’ergastolo, distribuído gratuitamente. Grande parte dos 3000
exemplares impressos foi enviada para a Itália. No ano seguinte, Cesare Batacchi e outros
militantes tiveram sua pena perdoada e após mais de vinte anos presos, foram libertados. Ele e
outros militantes – Giuseppe Scarlatti, Natale Nencioni, Natale Conti e Aureli Vanni –
escreveram uma carta de agradecimento a Serantoni e aos “generosos companheiros de
Buenos Aires” (GIORDANO, 2007:116).
Vale lembrar que a década de 1890 representou uma das épocas de repressão mais
dura do governo italiano contra os anarquistas locais. Para contornar a situação, foi essencial
o apoio dos companheiros que já tinham emigrado e residiam em outros países (TURCATO,
2007). Esse apoio se traduziu de diversas formas, como o envio de publicações e de dinheiro
para os grupos da Itália. Esses dois aportes vimos acima, no envio dos exemplares do folheto
escrito por Serantoni e na subscrição para financiar ações da campanha pela libertação dos
presos do “caso da via Nazionale”. Além da campanha para a libertação de Batacchi,
Fortunato Serantoni organizou outras coletas para apoiar grupos anarquistas na Itália. Sobre
sua importância na rede de apoio aos militantes italianos, Luigi Fabbri afirma, em 1909, no
necrológio de Serantoni:
Radunò a beneficio della propaganda in Italia ed in Spagna migliaia e migliaia di
lire, che furono spesso la salvezza in momenti critici dei nostri giornali. La nostra
Agitazione in Ancona e Roma spesse volte fu tolta d'imbarazzo dalle trate di due o
trecento lire da Buenos Aires, firmate dal Serantoni e raccolte da questi fra i
compagni di laggiù. Nei tempi di reazione, nel 1894 e nel 1898, a noi che eravamo
allora in carcere e a domicilio coatto egli fecce avere delle migliaia di lire di
10
soccorsi sempre raccolte fra compagni. Insomma fu di una attivitá fenomenale,
sempre. (FABBRI apud GIORDANO, 2007:112)
A edição de Per un inocente d’Italia. Cesare Batacchi condannato all’ergastolo nos
mostra também a presença da rede transnacional anarquista em outra etapa do circuito
editorial: a distribuição. Desde Buenos Aires, os grupos editores planejavam que seus
impressos seriam enviados para outras latitudes além da sua própria região. Para tratar dessa
questão voltaremos a Fortunato Serantoni. Além do citado folheto de sua autoria ser editado
na capital argentina com a ideia de ser distribuído não apenas localmente mas, sobretudo, na
Itália, outras das suas edições foram feitas seguindo a mesma lógica. Nesse sentido,
destacamos seus vínculos com anarquistas dos Estados Unidos.
Quando publicou Per ché siamo anarchici?, de Saverio Merlino, em 1896, Serantoni
enviou exemplares para o jornal La Questione Sociale, de Paterson, Nova Jersey, distribuírem
pela região. A edição foi tão bem recebida que houveram pedidos nos Estados Unidos para
que houvesse uma nova edição em Buenos Aires (GIORDANO, 2007:111). Isso ocorre em
1900, quando o anarquista florentino reedita o título sob o selo da Biblioteca Sociológica.
Outro êxito de Serantoni no norte do continente americano foi a edição de seu Almanaque de
la Questione Sociale. Na edição de 1899, os pedidos para a compra chegaram à redação do
jornal estadunidense antes mesmo do recebimento das cópias enviadas de Buenos Aires. Logo
após recebê-las, o La Questione Sociale de Paterson noticia: “Abbiamo finalmente ricevuto
l'Almanacco pel 1899 della Questione Sociale di Buenos Ayres. [...] Non potendo disporre
che di un numero limitado di copie, i compagni si affrettino a inviare le richieste
accompagnate dall'importo di 25 cents la copia”4. (LA QUESTIONE SOCIALE, 18/02/1899).
Outra cidade onde houve a presença de publicações portenhas foi São Paulo. Tal
relação pode ser vista nas páginas do L’Avvenire. Entre janeiro e agosto de 1895, é possível
encontrar mensagens enviadas para grupos de Buenos Aires na seção “In barba al Correio”,
destinada para a troca de mensagens escritas de forma telegráfica. Algumas delas referem-se
ao envio de folhetos do Rio da Prata para a cidade paulistana, mas não há referências dos
títulos listados, exceto em uma oportunidade. No número de julho de 1895, o L’Avvenire faz
seu pedido: “B. Ayres. F.S. ricevuto 12 Q.S. gli opuscoli a quando? Gr. J. An. Spediteci copie
4 “Nós finalmente recebemos o Almanaque para 1899 de La Questione Sociale de Buenos Aires. [...] Não
podendo dispor mais do que um número limitado de cópias, os companheiros se apressem a enviar seus pedidos
acompanhados da quantia de 25 centavos por cópia”.
11
C. del P. Gr. Expropr. Riceveste copie Espropriazione? Spediteci op. Ravachol”5
(L’AVVENIRE, 14/07/1895). A linguagem abreviada pode dificultar o entendimento do
texto, contudo a leitura do conjunto das comunicações enviadas pelo jornal à Buenos Aires
auxilia a compreensão. Há três destinatários no trecho citado: o primeiro é Fortunato
Serantoni, para o qual é acusado o recebimento de doze exemplares da sua revista La
Questione Sociale e é feita uma cobrança para a expedição de folhetos; em seguida, há o
pedido para o Juventud Comunista Anárquica enviar cópias do La Conquista del Pan, de
Kropotkin; por fim, pergunta-se ao La Expropriación se receberam a remessa dos exemplares
de Espropriazione, de Piotr Kropotkin, editado pelo L’Avvenire e pede-se para mandar o
folheto Ravachol, publicado pelo grupo bonaerense.
Isto é, o intercâmbio de impressos ácratas entre Buenos Aires e outras localidades é
um indício que converge com os outros casos apresentados anteriormente: a distribuição das
edições anarquistas não era destinada apenas para o âmbito local e nem se restringia ao país
em que elas foram publicadas.
Conclusão
O anarquismo, enquanto corrente política com identidade própria, se origina após a
experiência do setor federalista no interior da Associação Internacional dos Trabalhadores na
década de 1860 e 1870. Nesse período, a repressão na maioria da Europa se intensifica contra
os internacionalistas, não só dificultando suas atividades como também obrigando parte deles
a se exilar. Simultaneamente, em alguns desses países adotam-se políticas migratórias de
incentivo ao deslocamento transatlântico. Com isso, muitos militantes libertários optaram por
se juntar a outros milhões de trabalhadores que foram em busca de um novo lar no continente
americano. Desse modo, logo em sua origem o anarquismo surge relacionado ao processo de
imigração de massas.
Ademais, os militantes se caracterizaram pela criação de vínculos com companheiros
de outras latitudes. Além da forte ênfase no internacionalismo, característica da sua oposição
ao Estado como instituição do poder político, esses vínculos se constituíram por outra razão
mais pragmática: o exílio forçado pela repressão. A relação coercitiva estabelecida por Itália,
5 Tradução sem manter as abreviaturas: “Buenos Aires. Fortunato Serantoni recebido 12 La Questione Sociale os
folhetos quando? Grupo Juventud Anárquica envie-nos cópias Conquista del Pan. Grupo Expropriación recebeu
cópias Espropriazione? Envie-nos folheto Ravachol”.
12
Espanha e França contra os anarquistas (e as demais correntes políticas que fizeram parte da
AIT) após a Comuna de Paris, em geral, se manterá. Nos países americanos, há um primeiro
momento em que o direito à liberdade de expressão e de organização para os anarquistas será
respeitado. Porém, a partir da década de 1890, a repressão também será a tônica por essas
latitudes. No caso argentino, o marco é a Ley de Residencia, de 1902, levando diversos
militantes ao exílio. Muitos deles foram recebidos por companheiros de outros países, com os
quais já mantinham vínculos políticos. Portanto, movidos por seus ideais e em respostas às
adversidades da repressão, se dá a formação de uma rede transnacional de militância.
Apesar de o contexto repressivo ter um peso muito importante para sua constituição,
ele não é o único fator determinante. A rede transnacional de militância que dá a base ao
anarquismo em fins do século XIX e início do século XX não tinha caráter esporádico, sendo
acionada somente em situações de urgência, mas sim se mantinha ao longo do tempo através
de outras ações além de recepcionar companheiros exilados. Acreditamos que o exemplo mais
nítido é a atividade editorial. Como vimos, as etapas do circuito editorial anarquista –
sobretudo aquelas que nós destacamos aqui, o financiamento e a distribuição – se
desenvolveram por meio da ação de militantes de diferentes países. Expomos algumas
situações: em relação ao financiamento, estudamos os casos do folheto A Mocidade,
publicado no Rio de Janeiro contou com doações de grupos e indivíduos de Buenos Aires, a
tal ponto do balanço de contas ser publicado em um jornal da cidade e do grupo Fermín
Salvochea de São Paulo, que organizou listas de subscrição em favor de grupos portenhos,
além de madrilenos e outros que estavam na Itália. No caso da distribuição, vimos anarquistas
nos Estados Unidos que pediram por uma nova edição de um folheto editado em Buenos
Aires; a edição de um folheto publicado na capital argentina para apoiar a campanha de
libertação de um preso em Florença, na Itália; e, por fim, o intercâmbio de publicações entre
anarquistas bonaerenses e paulistanos.
Reforçamos essas situações para reafirmar a necessidade de se adotar um prisma
transnacional para analisar a história do anarquismo. Para isso, precisamos romper com a
tradicional escrita historiográfica baseada no “nacionalismo metodológico”. Nesse sentido,
acreditamos que os historiadores do anarquismo encontram um aporte muito importante na
“história global do trabalho”, apresentada sucintamente por nós através das reflexões de
Marcel van der Linden. Seu apelo à perspectiva transnacional sem excluir o indispensável
olhar para o regional e o nacional resulta em um modelo analítico de integração entre os
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níveis macro e micro da história, possibilitando uma trama mais complexa dos eventos
históricos. Através dessa ótica, é possível ter uma visão mais próxima do desenvolvimento do
anarquismo em uma localidade específica (no caso que trabalhamos, Buenos Aires) a partir
dos seus múltiplos vínculos com companheiros de outras latitudes, isto é, a partir da sua rede
transnacional de militância. Se essa dimensão é ignorada, perdemos aspectos essenciais da
história do anarquismo. Porém, se a levamos em conta, temos uma visão mais próxima da
dinâmica inerente do movimento, sendo possível enxergar a intensa circulação de militantes,
recursos e ideias que ultrapassaram as fronteiras.
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