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editorial Texpediente

O BandeiranteANO XI - nº 123 - Fevereiro 2003

Publicação da SOBRAMES-SP

Sociedade Brasileira de Médicos Escritores

Regional do Estado de São PauloSede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP - telefax (11)

3062.9887 / 3062-3604

Editores: Flerts Nebó, Marcos Gimenes Salun /Redatores: Arlete M.M.Giovani, Carlos AugustoFerreira Galvão, Luiz Giovani, Marcos GimenesSalun / Jornalista Responsável: MarcosGimenes Salun - MTb 20.405 - SP

Correspondência: Av.Prof. Sylla Mattos, 652 -apto. 12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP -CEP 04182-010 E-mail: [email protected]

Diretoria Gestão 2003/2004

Presidente: Luiz Giovani / Vice-presidente:

Milton Maretti / Primeiro-secretário: KarinSchimidt Rodrigues Massaro / Segundo-

secretário: Flerts Nebó / Primeiro-tesoureiro:

Arlete M.M.Giovani / Segundo-tesoureiro:

Marcos Gimenes Salun / Conselho Fiscal

Efetivos: Carlos Augusto Ferreira Galvão,Madalena J.G.M.Nebó, Aldo Miletto / Suplentes:

Sérgio Perazzo, José Jucovsky, ManlioM.M.Napoli

HOSPITAL METROPOLITANOServiços de Pronto-socorro

e tratamentos de ambulatório.Rua Marcelina, 441 - Vila Romana - SP

(11) 3677.2000

LIFE SYSTEMASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA

Avenida Brasil, 598 – Jardim América – SP

(11) 3885 – [email protected]

2 O Bandeirante - Fevereiro 2003

Lendo “O Bandeirante”

Ontem acordei com a idéia de “encadernar” os números do “OBandeirante”, publicação oficial da SOBRAMES de São Paulo, que guardeicuidadosamente durante os anos e 2001 e 2002, e que estavam numa prateleirade meu escritório.

Entre acordar, pensar e fazer foi obra de breves instantes. Apanhei todosos boletins e fui em busca de um lugar onde os pudesse encadernar, fazendodois volumes. Atendido pela funcionária da firma, a primeira coisa que ela fezfoi colocar todos os números em um só tamanho e a seguir, os perfurou ecolocou as capas., e após uns vinte minutos já estava com os dois volumesprontos “para uso” e arquivados entre meus livros.

Hoje, calmamente, passei a folheá-los e a reler tudo quanto foi publicadono decorrer desses dois primeiros anos deste século XXI. Encantei-me! Nãopoderão fazer idéia das alegrias e por vezes das tristezas que senti ao ler ostrabalhos dos escritores que colaboraram com o nosso noticioso.

Trabalhos de colegas que nos deixaram e de outros que, com a Graçade Deus, ainda estão entre nós. Li e reli versos, contos e crônicas encantadorasque tornei a viver como se as estivesse ouvindo e lendo pela primeira vez.Revi as fisionomias dos que nos ajudaram a publicar o nosso “Bandeirante”,com suas colaborações, alguns com poucas contribuições outros mais assíduose com um número maior de trabalhos publicados.

Quanta pureza nas poesias e nos trabalhos em prosa, que me encheramos olhos de lágrimas de saudades e ao mesmo tempo de alegria.Trechosromânticos agradáveis de serem lidos outra vez. Como me senti leve, feliz esobretudo contente em folhear os “Bandeirante” editados do número 99 deFevereiro de 2001 até o número121, de dezembro de 2002. Faltou o de janeiro?Foi uma grande pena, mas ele fora publicado em outro tamanho e não podeser encadernado juntamente com seus pares para formar os exatos dois anos...

Saudade é algo que se sente no coração. Se alguém teve o cuidado deguardar, como eu o fiz, e depois mandar encadernar, terá em mãos, sempreque os folhear uma grata recordação e poderá passar momentos deliciososlembrando daquelas “Pizzas Literárias” alegria de nossos “encontros”mensais. Rever todos os colegas, amigos e mesmo muitos dos convidados, queconosco compartilharam daqueles agradáveis momentos nas noites cálidas,chuvosas e até mesmo frias e geladas de nossos dias passados.

Reler os “velhos O Bandeirante”, posso dizer, com certeza, nos trásuma tremenda paz de espírito e de alegria. Experimente fazer, como eu o fiz edepois me dirão se tenho ou não razão. Faça isso, mesmo que você não tenhaenviado nenhuma colaboração. Assim mesmo a leitura o levará de volta paraum tempo que não voltará jamais. Particularmente, agradeço aos queescreveram a história desses dois anos do nosso jornal e faço votos que todosos que venham a ler esta crônica, passem a colaborar nos próximos númerosdo “O BANDEIRANTE”. Não tenho dúvida que também se tornarão motivode deleite para muitos outros amantes da literatura como eu.

Flerts Nebó

chegouna redação

PARTICIPE: [email protected]

Faça seu anúncio assim: custa só R$ 30,00 por edição!

Srs. Editores de O Bandeirante,

Parabéns pela continuidade na boaqualidade do nosso informativo.A inserção de ilustração, bem comoum breve currículo e/ ou comentáriosobre os autores no rodapé dostextos, contribuíram para melhorarainda mais o informativo.O Bandeirante é motivo de orgulhonão somente para a diretoria, comotambém para todos os associados daregional.SinceramenteHelio [email protected]

Parabéns

Caro Dr. Helio,Palavras tão elogiosas quanto as suasnos dão sempre novo incentivo acontinuar em busca do melhor, masjamais do perfeito. Não temos poupadoesforços para dar sempre a melhor formaa este veículo de comunicação, muitoembora saibamos ser impossível agradara todos ou atingir a perfeição.Os editores

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O Bandeirante - Fevereiro 2003 3

Suplemento Literário

* Walter Whitton Harris é médico ortopedista em SP, ex-presidente da SOBRAMES-SP no biênio 1999/2000, períodoem que também foi editor de “O Bandeirante” e de“Páginas Sobrâmicas”, o então suplemento literário. Osatuais editores do Suplemento Literário, que sucedeu a“Páginas Sobrâmicas” também lamentam a ausência destesnossos queridos e saudosos confrades e espera receber delesnovas e boas notícias além de mais obras literárias de tãorefinado talento para publicação.

Walter Whitton Harris*

Tenho a coleção completa das “Páginas Sobrâmicas”que, como muitos devem se lembrar, era o suplemento literáriodo informativo “O Bandeirante” de 1997 a 2000. Ao folhearaquelas “Páginas”, bateu-me a saudade de muitos companheirosque não encontramos mais em nossas Pizzas Literárias. Nemestou me referindo aos que já se foram, que Deus os tenha,mas daqueles que há tempos não comparecem às nossasreuniões.

O ELDÁH, de Santos, nosso sócio-colaborador, juizaposentado, é um exemplo, e que um dia escreveu: ‘Saudade’

Saudade, amiga tristonhaque do meu peito não sai ––e já bem distante vaio dia em que eu vim de lá.Então, Eldáh, cadê você?Do GARRAFA, então, nem se fala. Compreendemos

sua dificuldade para ir e vir, mas sempre nos comoveu as poesiasnas quais as musas inspiradoras eram suas filhas. Como bemdizia, ao descrever

‘O Conteúdo de uma Lágrima’Lágrimas que não vêm do peito,São insinceras, não oferecem asilo,Não gozam de bom conceito,São Lágrimas-de-Crocodilo.E o FONSÊCA, que não vemos há mais de um ano,

por onde anda? Sentimos falta das ‘Atas’ de nossas PizzasLiterárias, brincadeira salutar que todos apreciávamos. Seuspoemas são lindos, e especialmente uma quadra que gostomuito:

Neste mundo de ilusões.A vida é bem engraçada.–– Tão pouca gente com tudoE tanta gente sem nada.Outro colega que nunca mais apareceu foi o MELLO.

Mello da voz suave e sorriso fácil, apresentando, juntamentecom Marcos Salun, a parte literária de nossas Pizzas, durantea gestão em que fui presidente. Ah, que saudade. Cadê você,meu caro?

Sem falar do ‘Garoto de Programa’, de autoria doEDSON, poema que o identificou como um poeta porexcelência, e primeiro a vencer o Prêmio “Bernardo de OliveiraMartins”, para a melhor poesia de 1998. Um colega que fazfalta.

Que dizemos, então, da MARCIA, instrumentadora,com suas lindas poesias de amor e sofrimento, que hesitavatanto em declamá-las, quando de suas primeiras participações:‘Chama’, ‘Solidão’, ‘Dança Inacabada’, entre outras. Cadêvocê?

Ah, não podemos nos esquecer do NIVALCI.Lembram-se dele? Nivalci Labareda dos Luzeiros, um atendentede enfermagem que depois mudou de profissão. Que não tenhasido este o motivo de sua ausência cá entre nós. Era sócio eassim deveria permanecer. Repentista e escritor de literaturade cordel. Todos ficavam atentos ao ouvi-lo.

Mais recentemente, quem não tem comparecido é oGILBERTO, nosso sonetista-mór. Sabemos que vem enfrentandouma residência em psiquiatria que, por sinal, deve estar findando.Cadê?

Outro sócio que há muito não temos notícias é oGONZALEZ. Colega conceituado, escreve muito bem. Seu soneto‘Certo Errado’ ficou bem conhecido:

Tenho comigo certo o peito aberto,Liberto o que alerta do errado o correto.E é o errado correto, se falando o certo.Do certo o difícil é o incerto.Há tantos outros dos quais me lembro. Menciono alguns,

sem esquecer-me dos outros, não querendo cometer injustiças,mas cadê BITELI, GUARACY, BOURROUL, MARIAVIRGÍNIA, MARIO FARO, MARSAL, VERONESI, RÉGIS,TONY, VERA LÚCIA?

Pois é, será que esses confrades perderam seu interessepela arte de escrever, ou então pela SOBRAMES? Será que asPizzas Literárias deixaram de ser atrativas? Pessoalmente, nãocreio, por que não se alteraram com o passar dos anos e afreqüência não arrefeceu.

Compreendo que há sócios no Interior de nosso Estadoe que é difícil o comparecimento deles às Pizzas. Mesmo assim,sentimos falta deles. Quando alguém que não comparece hátempos, subitamente vem à nossa reunião mensal, é festa na certa.Exemplifico a presença recente de LÍGIA, que ficou tempo demaisausente.

Convoco a todos o contato com nossos companheirosque não têm aparecido. Tenho saudades. Temos saudades. Cadêvocês?...

Cadê?

Desperdício

Empresto tudo o que é meuAté meu caniveteCarro, roupa e sapatoReparto meu vinho e meu pratoNão meço sacrifícioAjudar e repartir é meu ofícioAté no amorEu souUm desperdício.

Perboyre Lacerda Sampaio*

*Perboyre Lacerda Sampaio é doutor emotorrinolaringologia pela FMUSP. Poeta e compositor devárias músicas já gravadas.

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Suplemento Literário

FloresceuCarlos Galvão*

* Carlos Augusto Ferreira Galvão, médico psiquiatra, ex-presidente da SOBRAMES-SP no biênio 2001/2002, é umdos criadores do gênero “poesia de guardanapo”, surgidohá algum tempo nas Pizzas Literárias. A poesia acima éfruto deste gênero.

Não que acredite tão demasiadoQue algo mude no malfadado EstadoAurora do subdesenvolvimentoQue agora enfrenta grande atrevimento.

Tem algo no ar que cheira mudançaTem alegria e muita esperançaTem gente má com grande preocupaçãoPor ver a moral aprumando o canhão.

Há o povo cantando em acalantoHá lugar comum: o sentimento varonilHá lirismo, há clima de encantoBrotou flor vermelha no povo do Brasil.

PoetrixJosé Rodrigues Louzã*

PUDOR

Há nas pessoasum estranho pudorde serem boas.

FAROL

Sejamos, no ocaso, como o solque tinge de paz e serenidadetudo ao seu redor – um belo farol.

MOMENTO

Viver é aceitar cada momentocomo um milagreque pode ser levado pelo vento

O RIO

O rio pode seu destino alcançarporque com muita calma e habilidadesabe os obstáculos contornar.

* José Rodrigues Louzã é médico pela FMUSP, presidenteda Academia de Medicina de São Paulo 1991-92. Recebeu oPrêmio “Bernardo de Oliveira Martins” pela melhor poesiade 2001 - SOBRAMES-SP

Aos colegas Sérgio Perazzo e José Jukovsky (Menção honrosa – Prêmio “Bernardo de Oliveira Martins”)

Quero falar... e não posso... Calo e, calado, suspiro...A emoção é mesmo um “troço”, que me embarga... Me refiroAo nó górdio,... um tal caroço, que se aloja n a garganta,De repente, quando eu ouço: - És premiado!... – Isso me encanta!...

Mas “Cautela” do Perazzo,... do Jucovsky, a “Alvorada...”,Que enaltecem-me – este é o caso – na poesia que foi premiada,E entre as quais eu me balanço, sem saber qual escolher, ...São poemas, que não canso, de apreciar e de reler...

Concorrentes de primeira pelo estilo inusitadoE com graça pura, ... inteira, ... pelo histórico enfocado,Pela carga literária, que abrilhanta o versejar,

Em sua lírica bem vária e pela forma que a enfocaram,Tema expresso com fineza,... ao desejo me levaram,De meu prêmio, por justeza, com os dos compartilhar!....

Aldo Miletto*

* Aldo Miletto é médico psiquiatraformado em 1946 pela FMUSP. Um dospoetas mais premiados da SOBRAMES-SP,bi-campeão do Prêmio Bernardo deOliveira Martins (1999 e 2002) Aldo prestaneste poema uma homenagem aosconfrades que receberam menção honrosano último concurso.

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Suplemento Literário

* Arlete Miranda Mazzini Giovani é enfermeira e pelasegunda vez ocupa o cargo de tesoureira na Diretoria daSOBRAMES-SP. Já fez grande sucesso com livros técnicos esó agora começa a escrever ficção, já revelando seu gostopela crônica.

O olhar do poeta, girando em delírio, / Vai do céu para a terra, da terra para o céu; /E, no que a imaginação vai tomando corpo, / Sua pena cativa a essência das coisasdesconhecidas, / Moldando-lhes a forma e dando a um nada construído no ar / Um

nome e um ponto de referência. Shakespeare (1564 - 1616)

Sonho de uma Noite de Verão, Ato V. Palavras de Teseu.

“ “Arlete Giovani*O assalto

Carlos é um médico muito ocupado ecomprometido com sua profissão. Corre de um ladopara outro para poder atender a todos quenecessitam de seus cuidados. Não mede esforços.Nasceu para a medicina. Seus poucos momentosde reflexão e descanso são interrompidos pelos bipsinsistentes do celular e do pager. Olha a agendaabarrotada de clientes e compromissos e lamenta:“Ah, prometi levar o Fernandinho para conhecer ocinema novo, tenho que cumprir!” Fernandinho éuma criança de 13 anos, paciente internado eimobilizado pela fratura de coluna, resultado de ummergulho imprudente na cachoeira aos 6 anos. Nãorespira espontaneamente e necessita de umrespirador. Relê a agenda e sente um arrepio:“Droga, não posso chegar em casa novamente semo creme facial de minha mulher, desta vez não tereiargumento...” Corre então apressado em direção afina loja de produtos importados, compra ohidratante e sai balançando a sacola pronto paracumprir mais um item da agenda apertada. Derepente, um golpe fulminante: olhadesesperadamente à procura de seu carro. Faz umescândalo e rapidamente está na delegaciaprovidenciando a ocorrência do furto. “E oFernandinho? Como vou fazer agora?” Angustia-se e se tortura: “Mulheres! Tudo por culpa de ummaldito creme!” Ao chegar ao hospital, surpresa:olha atônito para o seu carro estacionado em suavaga. E não é que era o próprio! Sai do taxi dandogritos de alegria e tapinhas carinhosos no veículo.Havia se esquecido! Para facilitar sua rotina malucaachara melhor ir de taxi. Assim ganharia tempo, omesmo tempo que lhe era tão escasso.

Encontro da primavera

Nas ruas cinzas,Ipês floridos,Árvores nuas...Novas folhagens,Já no caminho.A tarde é fria,Tão solitária...Há pressa, nas azaléias,Florindo.Flor malvada das meningites...Quero retê-las, indefinidamente,Mas é chegada a hora da partida,Na cinza abóbada, outonal.Metamorfose linda,Transmudando a viagem muda.Em despedida silenciosa,Noite soluça.Tanta estrela a fecundar as flores.Viajor perdidoNo gole suicida,Anjo de prataSaúda a primavera,Que lhe acena, em frágeis asas.Sem nuvens da aurora,Vejo-a linda, a sorrir.

Arlinda Lamêgo*

Procura-se textos inéditos para páginas em brancoEsta é uma campanha permanente. Estamos procurando “aqueles” textos e “aqueles” autores que não são tão assíduos às

atividades da SOBRAMES-SP. Temos espaço reservado para eles, mas infelizmente eles estão ausentes. Entrem em contato:[email protected] ou 9182.4815. Depois não venham dizer que publicamos “sempre os mesmos”!

* Arlinda Lamego é médica endocrinologista e especialistaem medicina nuclear pela USP. Pernambucana, é poeta ecronista apaixonada. Membro da SOBRAMES-SP desde julhode 2002, é autora do livro “Viver em um Poema”, EditoraPhysis.

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Suplemento Literário

Galinha aqui é uma expressão genérica. Pode serfrango, franga, galo, ou galinha mesmo. Naturalmenteque a carne de galinha é muito mais saborosa, e existe atéa expressão: “Galinha velha é que dá caldo gordo”, ditacom uma certa malícia referindo-se às balzaquianas. Ondeencontrar galinhas? Aqui em São Paulo, em quase todosos bairros existem avícolas que mantém galinhas vivas eeles abatem, depenam, sapecam, evisceram e esquartejam.As melhores são as carijós, New Hampshire aclimatadashá muitos anos, carnudas, gordas. Existem as amarelas ebrancas de granja que também são boas. As galinhasíndias, da raça de galo de briga, são muito musculosas emesmo na panela de pressão demoram a cozinhar. Suacarne beira à caça, seu caldo é escuro, e comê-las é umato de atavismo, uma volta aos tempos imemoriais.Servem também as galinhas d’Angola, ou Guiné, mas estasficam melhor em outras receitas.

Na falta de uma destas galinhas, encontra-segalinha congelada no Mercado Central da Cantareira eno da Lapa. No supermercado Pão de Açúcar, faço justiçaa eles, comumente se encontra uma galinha congelada,da marca Flamboyam, em geral de dois tamanhos umagrande e outra pequena. A pequena costuma ser muitomagra, quase não tem músculos, mas é saborosa, porémrende pouquíssimo. Esta galinha é descarte de granjaspoedeiras e trata-se de uma galinha velha, em torne deuns dois anos de idade, o que é bom. E na falta de galinha,qualquer frango de granja serve, com algum prejuízo dosabor.

O primeiro passo é tirar mais da metade da peleda galinha e as gorduras da cavidade abdominal, moer oupicar muito miudinho, e em seguida colocar numa panelafunda, para apurar a banha. Não se põe nenhum tempero.Vai-se apertando os grânulos para soltarem a gordura e omais correto é ir escorrendo fora da panela cada porçãode gordura obtida, até que a pele solte toda a gordura ecomece a virar torresminho. Não deixe queimar.

Ponha um pouco desta banha derretida na panelade pressão e ponha uma pitada de açúcar para queimar ecebola para dourar. Assim que estiver bem escuro, juntemais banha e refogue alho e cebola, sem queimar. Emseguida coloque os pedaços de galinha para refogar e vámovimentando-os, para que fiquem todos morenos.Quando estiverem todos bem refogados, ponha outrostemperos que queira, pimenta, pimenta do reino, noz-moscada, cominho, etc., e salgue. Nada de extrato detomate, nem molho. Acrescente bastante água quente,feche a panela e deixe cozinhar. Demora. Em torno de

Galinha roubada(Resgate de receita antiga, adaptada para os recursos atuais)

uma hora. Faça isto bem antes, para só abrir a paneladepois de esfriada naturalmente.

Confirmado o total cozimento de galinha, retireos pedaços e desosse grosseiramente, em nacos grandes.Reserve.

Ponha numa panela de duas abas o restante dabanha de galinha apurada anteriormente, coloquetemperos para refogar, e refogue o arroz. O ideal é arrozintegral, só que este também demora muito para cozinhar,mas melhora muito o refinamento do prato. Refogado oarroz, assim que seja necessário pôr água, ponha oabundante caldo do cozimento da galinha, e vá cozinhandoo arroz. Se for insuficiente, acrescente água quente.

Quanto o arroz estiver praticamente cozido eseco, afofe-o e acrescente os pedaços desossados dagalinha, complete o cozimento. Quem quiser mais escurouse shoio ou molho inglês. Finalizando, pulverize comfarinha de milho amarela de beijús pequenos, joguesalsinha e cebolinha verde picados, mexa bem paramisturar. Leve a panela para a mesa, da qual todos seservem. Este é o chique, o toque. Não se come com maisnada, nem feijão, nem salada, nem verduras. Depois deservido no prato, polvilha-se com queijo mineiro raladoou parmesão. Uma farinheira extra para quem quiser maisseco. Uma vasilha com mais cheiro verde picado e secocom um pano, para gostos mais picantes. E vidro depimenta. Tome-se a bebida preferida.

No ato de introduzir os pedaços de frango, pode-se também colocar pedaços de queijo minas fresco oumeia cura, também gordos e em forma de cubo, paraaparecerem derretidos e fiapentos. No caldo final docozimento da galinha podem ser cozidos ovos batidoslevemente, só para misturar, formando também fiapos deovos, que serão acrescentados no final do cozimento doarroz, para que não se desfaçam.

Este prato deve ser seco e nada parecido comrisoto. Se ficar aguado a farinha de milho cozinha e perdeo caráter crocante. Quem achar a quantidade de banhade galinha insuficiente, pode usar gordura animal, comobanha de porco, manteiga de leite, e em último caso, óleovegetal. Azeite de oliva, nem pensar, desnatura o sabor.

É tão leve, que uma hora depois já se tem fome.

Geovah Paulo da Cruz*

* Geovah Paulo da Cruz é médico oftalmologista e licenciadoem biologia. Tem 72 anos, sendo 42 de exercício da medicina,que divide com a atividade de fazendeiro. Esta receita é partede um livro sobre alimentos, suas histórias, costumes, origense memórias, ainda em fase de conclusão.

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PIZZAS LITERÁRIAS

2003Fevereiro - 20

Março - 20Abril - 24Maio - 15Junho - 26Julho - 17Agosto - 21

Setembro - 18Outubro - 16

Novembro - 20Dezembro - 18

O Bandeirante - Fevereiro 2003 7

Você com a palavra:seja colaborador oucolunista deste jornal

Estamos querendo dividir umpouco a responsabilidade pelaqualidade e pelo conteúdo destejornal com você, caro confrade quesempre nos pretigia com sua leiturae com seus comentários.

Não é por nada, mas está cadavez mais difícil cumprir o desafio deproporcionar aos nossos leitores apublicação de matérias de interesseliterário, que ao final, justifiquem apresença mensal de “O Bandeirante”.

Para que a integração entre ojornal e seus leitores se torne maisampla, vários fatores estãoenvolvidos. Dentre eles o financeiro,o que trocando em miúdos, significaconseguir o indispensável “apoiopublicitário”.

Enquanto buscamos esseimprescindível requsito, estamosconvidando os confrades a umaparticipação mais ativa, como aquelaque já acordamos com Walter Harris,que passa a assinar a coluna deLIVROS a partir da próxima ediçãode “O Bandeirante”.

Está interessado? Entre emcontado com nossa redação. Se vocêtem uma idéia para uma boa colunaliterária, seu espaço está garantido.

Pizzaria LivornoRua Vergueiro, 2645

(entre as estações Vila Mariana eAna Rosa do metro) -20h00

Anunciada na reunião de janeiro deste ano, a nova “brincadeira literária” pro-posta pela Diretoria para motivar seus confrades já está causando muito interesse. Acada três meses serão propostos um ou mais temas para que os sócios da SOBRAMES-SP “exercitem” sua criatividade. Vale verso e vale prosa.

Os trabalhos inscritos para a Superpizza também participam dos dois concursospermanentes da SOBRAMES. Um convidado, professor de português, escolherá o me-lhor dentre os trabalhos inscritos sob o tema proposto. No mês seguinte, o melhor traba-lho será premiado com um pequeno brinde simbólico. Tudo por conta de brincar com aspalavras e com o exercício da criatividade. Não deixe de participar.

TEMAS DE FEVEREIRO: “Carnaval” ou “Uma carta”

Um novo desafio: a Superpizza

Encontro InternacionalDe 23 a 27 de abril a cidade de Buenos Aires, capital da Argentina,

será a sede da “I Jornada de Médicos Escritores da Argentina”. Organizadopela “Asociación de Médicos Escritores de Argentina” e pela SOBRAMES-SP, o encontro terá o apoio cultural da “Asociación de Médicos Municipales dela Ciudad de Buenos Aires” e do CADAN “Centro Argentino de Difusión deAutores Noveles”

A Regional do Estado de São Paulo está preparando sua comitiva paramarcar presença no evento. Até o momento já são 14 os confrades paulistasinscritos. A diretoria da SOBRAMES-SP estará representada pelo seu vice-presidente, Dr. Maretti e pelo segundo-secretário, Dr. Flerts Nebó.

Se quiser mais esclarecimentos, programa e inscrições, entre em contatocom o representante brasileiro na organização do evento, Dr. Flerts Nebó, pelotelefone (11) 3062.9887.

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Você tem alguma informação interessante sobre livros e literatura? Escreva para [email protected]@[email protected]@[email protected]

8 O Bandeirante - Fevereiro 2003

Saiba o que ée para queserve o ISBN

Certamente todos os que já manusearam um livrodepararam-se com uma Ficha Catalográfica, onde dentrediversas informações pertinentes à publicação constatambém um código numérico denominado ISBN. Para osleitores de um modo geral, este número não tem qualquerimportância. Talvez muitos escritores também não saibamo que ele significa e portanto deixam-no passardesapercebido.

Para todos os confrades que já publicaram ouque pensam em publicar um livro, talvez estas informaçõespossam ser interessantes. O ISBN - International StandardBook Number - é um sistema internacional padronizadoque identifica numericamente os livros segundo o título,o autor, o país, a editora, individualizando-os inclusivepor edição. Utilizado também para identificar software,seu sistema numérico é convertido em código de barras,o que elimina barreiras lingüísticas e facilita a suacirculação e comercialização.

Criado em 1967 por editores ingleses, passou aser amplamente empregado tanto pelos comerciantes delivros quanto pelas bibliotecas, até ser oficializado, em1972, como norma internacional pela InternationalStandard Organization - ISO 2108 - 1972. O sistemaISBN é controlado pela Agência Internacional do ISBN,que orienta, coordena e delega poderes às agênciasnacionais designadas em cada país. A Agência Brasileira,com a função de atribuir o número de identificação aoslivros editados no país, é, desde 1978, a FundaçãoBiblioteca Nacional.

O fundamento do sistema é identificar um livro esua edição. Uma vez fixada a identificação, ela só se aplicaàquelas obra e edição, não se repetindo jamais em outra.A versatilidade deste sistema de registro facilita ainterconexão de arquivos e a recuperação e transmissãode dados em sistema automatizados, razão pela qual éadotado internacionalmente. O ISBN simplifica a buscae a atualização bibliográfica, concorrendo para aintegração cultural entre os povos.

IDENTIFICAÇÃO DO EDITOR A atribuiçãodo número de identificação do editor é competênciaexclusiva da agência local; no caso do Brasil, é oDepartamento Nacional do Livro da Fundação BibliotecaNacional.

IDENTIFICAÇÃO DO TÍTULO. O número deidentificação de título, distribuído pela agência local aoseditores, é determinado pela extensão dos identificadores

de grupo e da editora: quanto maior for o número de dígitosreferente à editora, menor será o de título.

APRESENTAÇÃO DO ISBN. O ISBN deve serescrito ou impresso, precedido pela sigla ISBN, e cadasegmento separado por um hífen (Ex: 85-333-0096-4).

IMPRESSÃO DO NÚMERO DO ISBN - OISBN deve ser sempre impresso em lugar visível. Porexemplo: no verso da folha de rosto; ao pé da quarta capa,do lado direito junto à lombada; na sobrecapa, quandohouver. Se a programação visual da capa for prejudicadapela impressão do ISBN, ele deverá ser impresso em localbem visível, na parte externa da publicação. O ISBN deveser atribuído a publicações impressas com, no mínimo,cinco páginas, em que predomine texto de natureza literária,técnica e/ou científica. Deve ser também aplicado asoftware, de acordo com a resolução do ConselhoConsultivo da Agência Internacional do ISBN (Berlim,outubro de 1983). Para utilizar o código de barras, bastaacrescentar a seqüência 978 à frente do código ISBN,suprimir o dígito verificador do ISBN e calcular o novoverificador para o código EAN.

VANTAGENS DO ISBN - A consulta à base dedados do ISBN é importante para editores, livreiros eleitores. A todos ela proporciona o acesso a informaçõessobre a produção editorial no país, o que pode ser feitosegundo o assunto, o autor, o título ou pelo número doISBN. Para editores e livreiros a base é útil também poreliminar as barreiras geográficas à comercialização doslivros. As livrarias podem fazer suas consultas aoscatálogos das editoras, acessando uma única base de dados,o que torna mais dinâmica e prática a aquisição de livros.Os leitores, por sua vez, interessados na compra de livros,não só têm acesso à produção de todas as editoras, dequalquer estado, como podem identificar o livro de umaedição determinada.

MGSInformações obtidas no site da Biblioteca Nacionalwww.bn.gov.br

Publicações recebidasRecebemos na redação as seguintes publicações,que passam a incorporam o acêrvo daSOBRAMES-SP:

Revista SER MÉDICO - nº 17 - edição de jan/fev/mar/2003. Publicação da CREMESP.

Revista LITERAPIA - nº 7 - edição de dez/2002.Publicação da SOBRAMES-CE

Ensaio biográfico “AS PLUMAS DE JOÃOCABRAL” - fascículo de autoria do Dr. PedroHenrique Saraiva Leão, da SOBRAMES-CE.