Editorial Notas Rápidas Entrevistas Vida Saudável Espaço ... · Por um lado, os pais, jovens e...
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Notas Rápidas
Entrevistas
Vida Saudável
Espaço Gourmet
Autoaplicação
Gente
Editorial
Centro BD de Educação em Diabetes - Ano XXIV - Nº 5Centro BD de Educação em Diabetes - Ano XXIV - Nº 5
A educação em diabetes é uma poderosa
ferramenta contra a falta de informação,
que muitas vezes é traduzida em discrimi-
nação, insegurança e medo por parte de
quem está desinformado.
Por um lado, os pais, jovens e crianças que
sabem bem quais são as consequências
da falta de informação no ambiente esco-
lar. Do outro lado diretores, professores,
merendeiras, colegas de sala inseguros,
decidindo e agindo de forma incorreta por
desconherem como podem colaborar com
quem tem diabetes.
Nesta edição, a revista BD Bom Dia con-
tou com a participação de profissionais,
pais, jovens e crianças que compatilham as
suas experiências envolvendo o ambiente
escolar. As informações aqui relatadas
servirão como incentivo para os leitores
buscarem mais conhecimento e estarem
preparados para enfrentar o fantasma da
desinformação.
Boa leitura!
Márcia C. OliveiraCoordenadora do Centro BD de Educação em Diabetes
Editorial Notas Rápidas
Informação, não deixe de levá-la para a escola!
Ações educacionais do Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul atraem
alunos e professores
Conheça mais dos trabalhos realizados por entidades eassociações de diabetes. Pense em como você poderá contribuir
com programas que proporcionam informação e educação!
Criado pelo Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul, o Programa Aluno Cidadão entra em seu 5º ano de atividades. Nesse programa, que já certifi-cou mais de 200 alunos de deze-nas de escolas de Porto Alegre, um grupo de estudantes da rede pública e privada vestem semanalmente jalecos brancos e, durante um dia inteiro, per-correm todos os ambientes do Instituto da Cri-ança com Dia-betes. Desta forma, os estudantes entendem melhor o diabetes, sua complexidade e aprendem a aplicar este conhecimento no dia-a-dia da escola. Já o Programa Educador Cidadão, criado em 2006, tem o objetivo de levar informações so-bre diabetes aos educadores das escolas cadastradas e, assim, estabelecer um convívio saudável com os alunos. A cada semestre, os alunos e educadores que participam desses programas recebem os títulos de Aluno Cidadão e Educador Cidadão, enquanto que as escolas da qual fazem parte recebem o Troféu Escola Amiga do Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul. Visite o site
www.icdrs.org.br para conhecer mais sobre esses programas educacionais.
Publicação mensal do Centro BD de Educação em DiabetesDisque Centro BD de Educação em Diabetes - 0800 11 5097
Coodernação Geral: Marcia Camargo de OliveiraCoordenação Técnica: Debora M. Camilo
Jornalista Responsável: Milton Nespatti (MTb 12460-SP)Diagramação e Editoração Eletrônica: F. de Barros
Revisão Ortográfica: Paula G. AlmeidaAs matérias desta publicação podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.
O diretor do Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul,Dr. Balduino Tschiedel, com alunos participantes do Programa Aluno Cidadão.
Entrevista
A endocrinologista e diretora-fundadora da Associação Pernambucana de Diabetes Juvenil - APDJ, dra. Elcy Falcão, comenta por que alunos com diabetes às vezes encontram dificuldades na escola e como esses problemas podem ser superados.
É necessária uma lei para que as cri-anças e adolescentes com diabetes tenham a atenção especial na escola?
Não acredito que leis possam fazer esta mudança. Um profissional de saúde dentro das escolas é sempre recomendável, mas sozinho não fará as mudanças de compor-tamento das pessoas da escola em relação ao aluno com diabetes. Um programa de educação continuada, envolvendo todos os interessados e desmistificando o problema, teria melhor resultado. Seria muito interes-sante se houvesse uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação a fim de realizar um programa educativo nas Unidades Básicas de Saúde para atualizar os profissionais de saúde, os pais e seus filhos com diabetes. E há a necessidade também de um programa de orientação em diabetes para professores, diretores e coordenadores da rede escolar.
A dra. conhece casos de crianças ou adolescentes que tiveram o trata-mento prejudicado por não terem sido atendidas em situação de emergência na escola?
Creio que todos nós, médicos, que aten-demos crianças e adolescentes, já tivemos essa experiência. A professora pode não acreditar que o aluno precisa sair várias vezes da sala de aula para urinar. Já as crianças sonolentas, em vias de uma hipo-glicemia severa, são repreendidas por es-tarem desatenciosas. E há as situações em que não é permitido fazer um lanche antes
do horário determinado, entre outros ca-sos. Tudo isto às vezes torna o quadro mais grave e provoca eventuais saídas abruptas de alunos para o atendimento de emergên-cia, causando medo geral. Um processo educativo e um glicosímetro na escola se-riam uma boa solução.
E discriminação por parte das escolas?
Existem casos não só de escolas tentando impedir a matrícula de alunos com diabe-tes, mas também discriminação por parte de colegas que evitam sentarem-se junto ao portador por receio de “pegar a doen-ça”, o que é um absurdo, pois diabetes não é doença infectocontagiosa. Há pais que orientam seus filhos sem diabetes a não utilizar objetos que tenham sido to-cados por quem tem diabetes, chegando ao ponto de não permitirem que namorem com portadores.
Como a APDJ atua junto aos pais para orientá-los a fazerem a abor-dagem correta com os professores e educadores, a fim de que seus filhos recebam atenção adequada?
A APDJ já promoveu varias colônias de férias e promove cursos de férias periódi-cos, além de aulas de orientação mensais. Nessas ocasiões, sugerimos que nossos as-sociados tragam professores e colegas que não tem diabetes e permitimos a presença de pessoas que queiram aprender e obser-var o grupo.
Na volta das férias, quais são suas recomendações finais aos pais para que seus filhos não tenham a saúde prejudicada por falta de atendimen-to adequado nas escolas? Que orien-tações a dra. pode dar aos pais de alunos diagnosticados recentemente com diabetes tipo 1?
Que os pais se assegurem, cada vez mais, que estão cumprindo seu papel de fazer seus filhos compreenderem bem as formas de automonitorização e autocuidado, per-mitindo uma real segurança de suas ações. Na alimentação, devem procurar um pro-fissional que trabalhe bem com contagem de carboidratos, o que vai diminuir muito os problemas. Devem estimular a escola a promover nas reuniões de pais e mestre es-clarecimentos sobre o assunto. Nas feiras escolares tentar que seus filhos apresen-tem trabalhos sobre diabetes, quebrando a idéia de isolamento.Para os pais de novos pacientes, sugiro procurar um profissional muito paciente, que tire os seus medos para que não isole seu filho. É preciso compreender que o filho orientado corretamente e com auto-nomia para controlar o diabetes torna-se um aluno em pé de igualdade com todos os demais da escola. Não pense no filho como coitadinho e ofereça a ele atitudes positivas.
Dra. Elcy FalcãoEndocrinologista e diretora -fundadora da Associação Pernambucana de Diabetes Juvenil - APDJ
Melhor atenção ao diabetes nasescolas exige informação e parcerias.
Em qualquer escola, pública ou particular,
alunos com diabetes convivem com dois
tipos de situação. Ou encontram a soli-
dariedade, a amizade e o respeito de pro-
fessores, diretores e colegas; ou precisam
enfrentar a ignorância, o preconceito, a
intolerância e o despreparo dos mesmos.
No entanto, é evidente que quando existe
boa interação entre os educadores e os
pais, com troca de
informações de
ambos os lados, a
escola realmente
se torna o segundo
lar para os filhos.
Para o diretor-presi-
dente do Instituto da
Criança com Diabetes
do Rio Grande do Sul,
dr. Balduino Tschiedel,
o melhor caminho para
melhorar a relação entre
a escola e os alunos com
diabetes é os pais destes
levarem informações aos educadores
sobre o assunto e orientá-los a lidar em
situações de emergência. “Os pais de-
vem adquirir conhecimento e atuarem
nas escolas como agentes de informação
sobre diabetes”, recomenda o médico.
Pai de um adolescente de 17 anos, Frederico,
diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 4
anos de idade, o dr. Balduino é um en-
docrinologista de referência no Brasil. Ele
conta que seu filho não sofreu discrimi-
coitadinha”, argumenta.
Victória vive ganhando prêmios pelo seu
desempenho escolar. Ela adora alimen-
tos naturais e já sabe usar a contagem
de carboidratos. “Eu levo uma maçã na
lancheira para prevenir a hipoglicemia.
Se tiver que comer a fruta fora da hora
do lanche, eu peço para a professora e
tudo bem, ela deixa”, diz ela.
Comunicação é fundamental
Nos casos de crianças ou adoles-
centes recém-diagnosticados, o dr.
Balduino recomenda aos pais que
procurem marcar reuniões com os
educadores para orientá-los sobre
situações de emergência e até or-
ganizar pequenas palestras com
os colegas de classe e os pro-
fessores, a fim de fornecer-lhes
mais informação sobre como
agir em casos de hipoglicemia e ceto-
acidose. “Porém, é prioritário que antes
de levar informação às escolas, os pais
devem adquirir um amplo e bem funda-
mentado conhecimento sobre diabetes
para passar as informações aos educa-
dores”, aconselha.
nação nas escolas onde estudou, pois
sempre tomou a iniciativa de conver-
sar com professores e diretores sobre o
diabetes. “Sempre levava às escolas um
folheto, uma revista ou qualquer outro
material informativo sobre cuidados com
o diabetes e isso deu bons resultados”,
conta.
Outro exem-
plo é o de Victória Ferreira, uma garotinha
de 9 anos que vive em Olinda (PE), diagnos-
ticada com diabetes há pouco mais de 4
anos. Sua mãe, Cléa, faz questão de man-
ter os diretores e professores da escola
onde sua filha estuda bem orientados so-
bre como lidar com o diabetes. “Sempre
procurei demonstrar para o pessoal da
escola que minha filha é uma menina in-
teligente, alegre, comunicativa e que não
há nenhum motivo para ser tratada com
discriminação ou como se ela fosse uma
Gente
Aos mestres, pais e alunos com carinho
“O grupo de crianças da ANAD é diverti-
do e, ao mesmo tempo, muito educativo.
Através do convívio com outras crianças
é possível aprender e trocar experiências
e, desta maneira, a criança percebe que
não é a única com diabetes.
No brincar, entra em contato com a reali-
dade e aprende a lidar com a mudança
no estilo de vida. Percebe que pode fazer
tudo: brincar, estudar, passear ou correr.
E que o fato de ter diabetes não a impede
de sorrir e ser feliz.
O método educacional utilizado é basea-
do em jogos educativos, histórias em
quadrinhos e leitura de materiais de
apoio. Utilizamos, também, os mascotes
da ANAD, Ana e Dinho. Os mascotes pos-
sibilitam a realização de dramatizações,
Nesta seção, conheceremos o Grupo de Crianças da ANAD, Associação Nacional de Assistência ao Diabético.
A psicóloga Gislene Giuliano Lopes, diretora do departamento de pscicologia e responsável pelo grupo, relata
quais são as atividades desenvolvidas e os benefícios que o grupo proporciona às crianças com diabetes e a
seus familiares.
Vida Saudável
desenhos e pinturas. Além disso, conta-
mos com a participação da equipe mul-
tiprofissional da ANAD e de parceiros,
como é o caso da equipe do Centro BD
de Educação em Diabetes, que dá orien-
tações às crianças e aos pais.
Com relação aos pais, além de partici-
parem de algumas das atividades acima
mencionadas, contam, também, com um
espaço acolhedor para falarem de seus
sentimentos e compartilharem com outros
pais os momentos de ansiedade, dúvidas
e preocupações.”
Compartilhe suas experiências, faça novos
amigos e se prepare para novos desafios
do dia-a-dia. Faça parte desse grupo!
Para maiores informações sobre o grupo de crianças e outros grupos do departamento de psicologia da ANAD, entre no site www.anad.org.br ou ligue para (11) 5572-6559.
Espaço Gourmet
As frutas são alimentos importantes para a promoção da saúde e fazem parte das recomendações para uma alimentação saudável. Devem estar presentes na ali-mentação diária para diminuir o risco de doenças crônicas. São pouco calóricas e fornecem água, vitaminas, minerais e fi-bras.
A Organização Mundial de Saúde reco-menda o consumo de 3 a 5 porções ao dia,
podendo variar segundo o valor energético total do plano alimentar.
As frutas contêm diferentes compostos que o organismo necessita, é importante ingerir porções variadas para a obtenção de diferentes nutrientes. Variar as cores é uma ótima opção para tornar as refeições mais equilibradas.
Na hora da compra, prefira as frutas da época e se atenha a qualidade e seu estado de
conservação.
Não existem frutas proibidas para as pes-soas com diabetes. No entato, para manter o controle da glicemia, é preciso ingerir as porções adequadas, de acordo com a orien-tação de um profissional nutricionista.
Segue abaixo uma lista contendo as quanti-dades de carboidratos (açúcares) de algumas frutas.
Fernanda Castelo Branco - CRN 13.686Nutricionista da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ)[email protected]
Frutas: saúde na medida certa
AlimentoAbacate
Abacaxi
Açaí
Acerola
Banana maçã, ouro e prata
Caju
Caqui
Fruta do conde
Goiaba
Jabuticaba
Kiwi
Laranja
Maçã
Mamão papaia
Manga
Maracujá
Bem,Melancia
Melão
Morango
Pêra
Pêssego
Tangerina
Uva
Medida Caseira1 colher de sopa cheia
1 fatia média
1 porção
1 unidade pequena
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade pequena
1 unidade pequena
½ unidade média
1 unidade pequena
1 unidade média
1 fatia média
1 fatia grande
1 unidade média
1 unidade média
1 unidade grande
1 unidade média
1 unidade média
Carboidratos (g)3
7
33
0,5
11
14
5
10
29
0,6
10
10
12
15
10
10
10
7
1
13
12
15
1
Peso(g)45
75
200
10
40
85
50
60
170
5
76
90
80
155
60
45
200
115
12
110
110
135
8
Calorias (cal)25
34
162
60
42
54
22
65
129
3
48
40
45
54
36
20
44
28
4
46
45
25
4
Autoaplicação
Para evitar grandes alterações na gli-
cemia em consequência desta relação,
planeje as aplicações de acordo com
as atividades que desenvolverá, isto é,
realize a autoaplicação de insulina em
regiões que serão menos utilizadas nos
exercícios ou em atividades diárias.
Atividades e regiões recomendadas para autoaplicação
Enfermeira Débora CamiloConsultora educacional do Centro BD de Educação em Diabetes
Aplicação de insulina, exercício físico eatividades do dia a dia. Uma relaçãoimportante no controle da glicemia.
Você sabia que além de conhecer todas as
regiões recomendadas para aplicação de
insulina é preciso relacioná-las com a práti-
ca de exercícios ou atividades rotineiras?
Durante o exercício ou atividade, há o au-
mento da circulação de sangue na região
que está sendo exercitada. Isso faz com que
a insulina aplicada neste local seja absor-
vida rapidamente, causando hipoglicemia.
Se a absorção da insulina é acelerada, logo
ela não terá o tempo de duração que es-
perávamos e, com isso, poderá ocorrer um
estado de hiperglicemia tardia, ou seja, au-
mento da glicemia algumas horas depois.
Veja, abaixo, alguns exemplos de ativi-
dades e as melhores regiões para aplicação
de insulina:
Atividade
Nadar
Jogar futebol
Caminhar
Jogar videogame
Andar de bicicleta
Digitar
Entregar correspondências
Dirigir
Limpar a casa
Fazer abdominais
Região
Abdomên e nádegas
Abdomên, nádegas e braço
Abdomên, nádegas e braço
Abdomên, nádegas e coxa
Abdomên, nádegas e braço
Abdomên, nádegas e coxa
Abdomên e nádegas
Abdomên e nádegas
Abdomên, nádegas e coxas
Coxas, nádegas e braços
Quem convive com diabetes, cuida.