Editorial J - Número 7 - Julho/Agosto de 2012
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JULHO/AGOSTO 2012. NÚMERO 6. FAMECOS PUCRS
www.pucrs.br/famecos/editorialjGiovanna Pozzer
No aniversário do curso de Jornalismo
da Famecos, Editorial J reúne fatos e
fotos da história e ouve profissionais
sobre o futuro da educação na área.
editorial | caderno especial | contracapa
especial
Diminuição da participação no PIB, considerada natural por especialistas, preocupa empresários e trabalhadores /7
Na nova economia, indústria encolhe
Eduarda Alcaraz
A história de quem contrariaa preferência dos candidatos à adoção e opta por crianças com mais de cinco anos /3
Amor que vence as estatísticas
Dimitria P
rochnow
O ensino de jornalismo passa por profundas transformações, e isso ocorre nos últimos 60 anos. Muitos imaginam que, no atual cenário, o jornalismo e os cursos precisarão ser
revisados, reinventados, revitalizados e tantos outros termos agendados em momentos de mudança.Os projetos pedagógicos sempre passaram
por atualização e iss , sim, pelas tecnologias de comunicação. As dimensões, porém, são diferentes em cada momento. Os currículos, inicialmente, eram pautados pelo texto e pela mídia
a inclusão de disciplinas de rádio e televisão, foram revisados novamente com a ampliação de cargas horárias para mídia eletrônica e,20, passaram a contar com disciplinas da área digital e de assessoria de imprensa.
foco na desocial do jornalismo. Estes formatos evidenciam que os currículos têm sido reféns, em certo ponto, das transformações tecnológicas, das demandas de mercado e na mesma proporção dos modelos de
O Editorial J nasceu da união
jornalismo da Famecos – TV, rádio, internet, impresso
que era preciso uma redação convergente e multimídia. Nos seis primeiros meses, ainda em 2011, a conquista de duas distinções no 28º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo mostrou que esse era o caminho. No primeiro semestre deste ano, se a evolução das rotinas de produção.
Dentre as novidades, destaca-se a série de vídeos Geração J, na qual alunos-repórteres
reportagens, e a iniciativa de construir
de crowdsourcing. A expansão da última ação se transformou em um site em que cidadãos-internautas podem indicar prioridades políticas para a Capital e, a partir das opiniões, matérias são produzidas com vistas às eleições municipais. Um dos temas mais discutidos no semestre foi a
muitos jovens repórteres, alguns ainda nos
primeiros semestres da faculdade, para quem a experiência das redações é muito valiosa. Com esse pensamento, a repórter Letícia Duarte, do jornal Zero Hora, contou
como fez a reportagem Filho da Rua em que foram investidos três anos de apuração. Letícia provou que é possível fazer jornalismo de qualidade sem precisar de pirotecnia.Nesta edição, é apresentado um caderno
o curso de Jornalismo da PUCRS. Conjuntamente, desenvolveu-se uma revista digital que pode ser acessada no portal do Editorial J
O fato motiva o práticas jornalísticas das últimas décadas e as tendências para o futuro. Conversamos com diversos jornalistas para elucidar a questão. Em uma
, Aron Pilhofer, editor de notícias interativas do
o jornalismo precisa encontrar a melhor maneira de contar uma história no meio digital e, ao mesmo tempo, não perder a forma impressa de se pensar.
JULHO/AGOSTO DE 2012 / PÁGINA 2
papo de redação
Texto: Igor Grossmann (6º sem)
Tendências em debate
na redação universitária
Educação e jornalismo:
testemunhas do tempoMágda Cunha*
expediente
Laboratório convergente da Famecos
www.pucrs.br/famecos/editorialj
editorial J
Jornal mensal da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Avenida Ipiranga, 6681, Porto Alegre (RS).
Reitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraPró-reitora de Graduação: Solange Medina Ketzer
FAMECOS
Diretora: Mágda Rodrigues da CunhaCoordenador do curso de Jornalismo:
Vitor NecchiCoordenador do Espaço Experiência: Fábian Chelkanoff Thier
Coordenador do Editorial J: Fabio CanattaCoordenadora de produção: Ivone CassolProjeto gráfico: Luiz Adolfo Lino de SouzaProfessores responsáveis: André Pase, Caroline de Mello, Eduardo Lorea,Fabio Canatta, Flávia Quadros, Geórgia Santos, Ivone Cassol, Marcelo Träsel, Marco Villalobos, Sérgio Stosch, Rogério Fraga e Vitor Necchi.
EQUIPE DE ALUNOS
Editores: Cassiana Machado Martins, Eduarda Alcaraz, Eduardo Bertuol Rosin, Felipe Martini e Igor Grossmann. Repórteres: Alina Oliveira de Souza, Allan de Oliveira, Anahis Vargas, Angela Ferreira, Bruna Canani, Bruna Essig, Bruna Cabrera, Bruno Moraes, Caio Venâncio, Camila Foragi, Camila
Hermes, Camila Salton, Cândida Schaedler, Carime Oliveira, Carla Simom, Carolina Matzenbacher, Caroline Corso, Caroline Rech, Carolina Teixeira, Carolini Zanini, Cassia Sirio, Cristine kist, Daniela Boldrini, Daniela Flor, Daniele Souza, Débora Ely, Dimitria Prochnow, Diogo Puhl Pereira, Emily Mayer, Fernanda Correa, Fernando Lopes, Gabriel Amaral, Gabriela Guadanin, Gabriella Monteiro, Gerson Raugust, Guilherme Tubino, Gustavo Becker, Gustavo Frota, Henrique Meneghini Dihl, Ian Linck, Janaina Marques dos Santos, Jean Pereira, Jéssica Mello da Rosa, Jéssica de Souza Barbosa, João Vitor Araújo, José Luiz Dalchiavon, Juliana Prato, Juliana Vencato, Julian Schumacher, Karine Flores, Kimberly Winheski, Laís Flores, Larissa de Bem, Larissa Lofrano, Liege Ferreira, Lúcia Feijó Vieira, Manuela Ferreira, Manoela Ribas, Marcela Ambrosini, Maria Eduarda Sinigaglia, Mariana Amaro, Mariana Caldieraro, Mariana Ramos, Mariana Soares, Martina Jung, Maya Lopes, Milena Haas, Muriel Porfiro, Muriell Krolikowski, Natacha Gomes, Priscila Vanzin, Rafaela Masoni, Rafael Grendene, Rafael Ribeiro, Ramiro Macedo, Renan Sampaio, Renata Paiva Pias, Roberto Stone, Rodrigo Sartori, Shaysi Melate, Stéfano de Souza, Tiago Rech, Thiago Netto, Vanessa Pacheco, Vinícius Velho, Virgínia Miranda, Vitória Di Giorgio, Yasmine dos Santos.
Impressão: Apoio Zero Hora Editora Jornalística
* Jornalista, diretora da Famecos
Uma cena em dois tempos
A capa do jornal retrata, no passado e no presente, a interação entre professores e estudantes em atividades práticas, uma das marcas da faculdade. Na foto em preto e branco, uma aula de Telejornalismo no início dos anos 80. A “continuação” atual foi produzida em 4 de julho de 2012.
especial
Arquivo PUCRS
André Pase
Ndesenvolver, a expectativa talvez fosse de uma acomodação em alguns anos, a exemplo do que já havia ocorrido com jornal, rádio e a televisão. Todos provocaram rupturas, mas, em certa medida, construíram um diálogo com a sociedade. Diálogo repleto de contradições que se manteve estável.
desenhando suas marcas e o ensino em consequência. Agora, o
de informação seguem um padrão diferente do industrial.
jornalismo? Certamente não! E essa talvez seja uma das principais provocações pelas quais passe o ensino. A ufundamental, que atende demandas sociais de informação
os princípios originais do jornalismo, que permanecem independentemente de qualquer transformação, poderá dar conta deste diálogo constante com a sociedade, seja qual for a plataforma tecnológica. O leitor, o ouvinte, o telespectador, o usuário, sendo um e todos ao mesmo tempo, tem direito de
de fazer, e com certeza fazemos, muito melhor do que jornalismo.
Aqui se
faz, aqui
se bebe
tendência
Há mais de uma versão para explicar o surgimento da cerveja. Uma das mais difundidas diz que um galpão que abrigava vasos com grãos, na Suméria, mais de 5 mil anos atrás, foi atingido por uma tempestade.
A água da chuva teria entrado nas caixas sem que as pessoas percebessem. Com o tempo, os grãos fermentaram e, voilà, surgiu um novo prazer no mundo. Assírios, babilônios e egípcios também se refestelaram com a bebida.Atualmente, em Porto Alegre, cresce a quantidade
de gente que, misturando maltes na cozinha de casa, cria sabores particulares da bebida. Além disso, bares como Malvadeza Pub e A Virgem oferecem diversos tipos de cerveja, muitas delas carregando no rótulo o nome da capital gaúcha. Há, inclusive, estabelecimentos especializados em versões artesanais. Alguns deles já
, agora com sede no bairro Moinhos de Vento, após ter iniciado suas
.As cervejas artesanais, em geral, custam mais do que
as industrializadas. Ainda assim, a procura por sabores e aromas diferenciados tem impulsionado as vendas e conquistado um público cervejeiro cativo. De acordo com
teria crescido mais se a carga de imposto sobre a cerveja artesanal não fosse tão grande – podendo chegar a 100% sobre as pequenas empresas do segmento.“Outra prova da aceitação da cerveja artesanal pelo
ampliada, mas continuam obedecendo padrões artesanais”, avalia o empresário.Para o dono do bar A Virgem, Fábio Oliveira de Andrade,
de experimentar cervejas mais maltadas e mais doces. Contudo, detecta que nem todas as pessoas mudam seus padrões de consumo. “A industrial continua vendendo mais pelo preço. Nem todos querem investir alguns reais a mais numa bebida que não conhecem. Muitos degustam uma ou duas variedades e voltam para as comuns”, observa.
A convite do Editorial J, dois cervejeiros elaboraram um roteiro de degustação para quem nunca provou cervejas especiais, partindo das mais suaves às mais fortes e amargas. Mas atenção: sugere-se que se experimente um ou dois tipos de cada vez. “Até porque, pelo meio da lista, o cara já vai estar mais para lá do que para cá”, alerta Tiago Ávila.
Bares com produção própria de cervejas especiais conquistam novos apreciadores e diversificam opções noturnas da Capital
Texto: Bruno Moraes (7º sem) e Caroline Corso (7º) Fotos: Caroline Corso
Cada dia uma
nova cerveja
L , no
partir da paixão de quatro amigos por cerveja. Assim, decidiram unir forças e mostrar suas receitas artesanais. No início, o pub fazia as variedades da
bebida no próprio estabelecimento. Com o crescimento da clientela, a capacidade de
Hoje a cerveja é preparada em uma fábrica própria, que depois de pronta segue para o bar dentro de barris. O Lagom detém uma carta com 40 receitas, que se revezam no menu periodicamente. “Sempre variamos o cardápio, apresentamos opções
dos sócios da cervejaria.
Pdo pub, pouquíssimos lugares em Porto Alegre combinam, em apenas um ambiente, o que ele mais busca para passar boas horas junto com os seus amigos: cerveja de qualidade, bom atendimento dos garçons e uma atmosfera agradável. “Melhor ainda é que, em relação aos outros bares voltados a cervejas artesanais e especiais, o Lagom é o que apresenta a melhor relação custo-benefício”, recomenda .Além das cervejas especiais, o Lagom,
procurando seguir as características essenciais de um bom pub, preserva a cultura do rroll. Não espere deixar o bar sem ter ouvido faixas clássicas de AC/DC ou Rolling Stones.
Por Cristiano Meotti
produtor da Santaclaus
1. Munich heller2. Export3. Pale ale4. Weiss
Por Tiago Ávila
produtor da Hafen von Paaren
1. Pilsen2. Weiss3. Pale ale4. Dunkel
5. Red ale6. IPA7. Irish red ale8. Weissenbock
5. Belgian blond ale6. American pale ale (APA)7. Indian pale ale (IPA)8. Stout
O Bier Markt (topo, à esq., e foto do
brinde) é um dos bares que despertou
um novo paladar em clientes fiéis
como Mariana Bortolon (topo, à dir.),
frequentadora do Malvadeza (acima)
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economia
M esmo com a economia brasileira em fase de destaque internacional, um
dado tem alarmado empresários e trabalhadores. A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro era, em 1985, de 27,2%. Em 2011, havia diminuído para 15,5%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No Rio Grande do Sul, enquanto o PIB de toda a economia do Estado cresceu 32,7% nos últimos nove anos, o PIB industrial avançou, neste período, apenas 9,4%, conforme informações da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). O fenômeno está sendo chamado de desindustrialização.Nos últimos meses, o
Movimento Grito de Alerta, que reúne centrais sindicais e federações de indústrias, tem organizado manifestações, pois temem que empregos deixarão o país, caso nada for feito.“Esse fenômeno é natural,
ocorreu pela primeira vez na Inglaterra, nos anos 1960. O que preocupa é a precocidade com que está acontecendo no Brasil”, alerta Adalmir Marchetti, professor da pós-graduação em Economia da PUCRS. O motivo, segundo ele, é quase sempre o mesmo. “Quando os países atingem um determinado nível de renda, o setor de serviços começa a ganhar espaço na economia. Se olharmos os dados, a agricultura, inicialmente, perde espaço para a indústria. A indústria chega a um determinado ponto e passa a perder espaço para o setor de serviços”, explica.Mesmo em economias
maduras, o setor de serviços ocupa grande espaço nesse cenário. O professor usa como exemplo a Alemanha e os Estados Unidos, onde os setores industriais tiveram certa retomada, pelo fato de haver
conceito “indústria”. A indústria de antigamente, que lembra
Tempos modernos, não existe mais, segundo Marchetti. Óleo, sujeira e muitos funcionários não fazem parte do cenário atual. Robôs, ambientes limpos e muito conhecimento são os elementos que compõem a cena que vigora hoje. “Atualmente, os funcionários chegam em casa com o guarda pó limpo”, ilustra.
Texto: Caio Venâncio (1º sem) e Mariana Ramos (2º) Foto: Caroline Corso (7º)
As fábricas perdem espaço
Chaminé do Shopping Total, resquício da cervejaria que funcionou no local até 1998
Celso Woyciechowski, até maio presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), uma das centrais sindicais que integra o Movimento Grito de Alerta, é mais uma voz no combate à desindustrialização. “Isso afeta enormemente emprego e produção. É uma perda para empregados, empregadores e sociedade”, critica. A resolução da questão, segundo ele, passa pela queda dos juros e do spread bancário, diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária. Além disso, menciona a necessidade de investimentos governamentais nas universidades e escolas técnicas. “Se isso não for feito, o Brasil será um país de apertadores de parafusos, incapaz de trabalhar suas matérias-primas”, adverte. A união de industriais e industriários
em torno desta causa pode parecer
contraditória aos olhos de muitos, mas entendida como necessária. “O conjunto da sociedade deve lutar pela
nosso país. Estamos preocupados com o
Embora a maioria das centrais sindicais declare apoio ao Movimento Grito de Alerta, há organizações que não compartilham desta posição. Líder da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas) e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), Luiz Carlos “Mancha”, considera o movimento uma “armadilha” contra os trabalhadores. “Os industriais usam as manifestações em benefício próprio. Eles querem se manter no Brasil, pois é muito cômodo. São multinacionais cientes de que na zona do Euro, nos EUA ou no Japão não seria possível obter uma margem de lucro gigantesca como aqui”, alega.
Trabalhadores temem por empregos
Apesar da ascensão da economia brasileira, participação da indústria de transformação no PIB declinou
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, acredita que os fatores que contribuem para a desindustrialização podem ser vistos de duas maneiras. Do ponto de vista externo, se deve tanto à concorrência com os produtos importados, quanto ao esfriamento da demanda de parceiros comerciais importantes do Estado. Pelo lado interno, o processo se deve ao fato de a indústria estar passando por um período de elevação dos custos de produção.A indústria, seja através
da criação de produtos com maior valor agregado ou da criação de processos produtivos eficientes, é um dos principais componentes que induz à geração de tecnologia, segundo Müller. O setor deve ser analisado juntamente com as demais atividades. “A economia está cada vez mais interligada, com cadeias produtivas mais longas e complexas. Desta forma, a perda de dinamismo do setor secundário se constitui como um gargalo para o desenvolvimento dos demais segmentos, como a agricultura e os serviços”, argumenta. Para o presidente da
Fiergs, uma indústria com pouco crescimento acaba por gerar menos empregos, contribuindo para que o dinamismo do Estado torne-se menor. “O horizonte para o planejamento dos investimentos que objetivam aumentar a capacidade produtiva envolve o longo prazo”, conclui, ressaltando a importância de o país adotar uma política industrial de caráter permanente.
Empresários pedem maior planejamento
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Odiados, mas gente boa
O adversário da torcida
D eve ser difícil estar na pele deles. Quem nunca xingou um árbitro de futebol de ladrão ou questionou a utilidade daquele monte de fórmulas ensinadas pelo professor de matemática? Representantes dessas
curiosas que estão acostumados a enfrentar no dia a dia.
As vaias da torcida marcando a entrada da arbitragem no gramado não afetam Altemir Hausmann, árbitro assistente da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Independentemente de quem vença, o juiz
Hausmann conta que, além dos usuais copos plásticos, já foram arremessados nele todo tipo de objeto, desde um rolamento de carro até pedaços de vaso sanitário.Presidente do Sindicato dos Árbitros
de Futebol do Rio Grande do Sul (Safergs), Ciro Camargo, 61 anos, é representante de outra geração. Para ele, a atividade requer muito treinamento e coragem.Camargo relata que chegou a entrar
armado em campo quando os jogos envolviam decisões importantes. O árbitro cita um episódio que aconteceu no Estádio Colosso da Lagoa, em Erechim, quando torcedores enraivecidos tentavam quebrar a porta de madeira do vestiário para encontrá-lo. “Quando foi abaixo, eu estava com o revólver apontado para eles. Arregalaram os olhos de medo”, lembra, rindo. “Minha mãe é torcedora fanática do Internacional e até ela me ofende, às vezes”.Para Hausmann, o torcedor precisa
lembrar que o juiz é um cidadão como os outros. No ambiente de jogo, considera
Sse começa em colégio público, na terceira série do Ensino Fundamental, com alunos de oito a 15 anos e sem nenhum professor titular. Foi isso que Daniela Ribas enfrentou no início da sua carreira.Aos 13 anos, a atual professora de matemática do colégio
Anchieta escolheu a atividade do magistério. Em seguida, mais um questionamento: “Se eu vou ser professora, de qual matéria?”. Daniela cogitou lecionar Língua Portuguesa, mas pensou que não teria aptidão por não gostar de ler. A grande dúvida foi quando teve que decidir entre Física e Matemática, suas matérias preferidas na escola. “Eu só tive Física na primeira série do Ensino Médio, acho que eu gostava porque eu vi muito pouco”, cogita. A Matemática, assustadora para muitos alunos, foi a escolhida.Por se tratar da disciplina que
mais reprova nas escolas, a procura pela Matemática nos vestibulares é bastante baixa em relação a outros cursos disponíveis. Daniela dribla a rejeição à disciplina investindo em uma boa relação com os estudantes. “Eu tento fazer com que os alunos se deem bem comigo, porque, por mais que ele não goste, já facilita o modo com que se olha a matéria. Temos que conquistar os alunos aos pouquinhos e colocar a matemática para eles”, propõe.
Subtraindo o medo
teria aptidão por não gostar de ler. A grande dúvida foi quando teve que decidir entre Física e Matemática, suas matérias
na primeira série do Ensino Médio, acho que eu gostava porque eu vi muito pouco”, cogita. A Matemática, assustadora para muitos alunos, foi a
or se tratar da disciplina que mais reprova nas escolas, a procura pela Matemática nos vestibulares é bastante baixa em relação a outros cursos disponíveis. Daniela dribla a rejeição à disciplina investindo emuma boa relação com os estudantes. “Eu tento fazer com que os alunos se deem bem comigo, porque, por mais que ele não goste, já facilita o modo com que se olha a matéria. Temos que conquistar os alunos aos pouquinhos e colocar a matemática para eles”,
O Justiça Paulo Sérgio da Costa, presidente
ser autoridade, sem ser autoritário. “Pela ignorância da população, houve casos de colegas assassinados. V Justiça em cárcere privado”, revela. Ofensas verbais ou ameaças físicas são cotidianas. Costa lembra que já desempenhou sua atividade, sob mira de um revólver. U pelo
é a estrutura de trabalho precária. Carros, celulares e GPS utilizados são particulares e, por vezes, acabam destruídos. “O governo nunca investiu no agente público, então trabalhamos sem equipamento de proteção. Não temos armas, curso de defesa pessoal ou veículos à disposição”, reclama. Na
círculo de amizades. “Quando conhecemos gente
Justiça e parece que todo mundo dá um passo atrás”, desabafa. A Abojeris procura destacar para a sociedade o lado
. Segundo Costa, até produziu um CD com cançõesUma delas descreve de maneira divertida a missão
Justiça que recebeu um mandado de busca e apreensão: “Me esgoelei, me escabelei, bati palma de montão/Só faltou usar um apito pra chamar a atenção /Daqui a pouco apareceu um ricaço de roupão/Antes de eu abrir a boca, já me disse um palavrão”, diz a
de Rosi Maria Gambato.O Tribunal de Justiça já disponibilizou coletes
desembargador Francisco Moesch, reconhecendo a necessidade de maior proteção. Informou que os
enfrentarem situações de risco e que as despesas com veículos são cobradas das partes nos processos.Para Costa, é difícil até fazer novas amizades
Mensageiro de más notícias
os insultos comuns, mas, quando está fora do gramado, não os tolera. “Se quiseres me ofender na rua, me paga R$ 50, que é o preço do ingresso”, provoca. Ele situações, e acredita que ser neutro é da essência dem campo, esqueço o time que simpatizo, porque está em jogo meu nome e futuro”,
contas e não é o Grêmio ou o Internacional que fará isso, mas o trabalho dele”.
Hausmann não tolera insultos fora de campo
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adoção
O amor
além dos
números
No Brasil, 5235 crianças e adolescentes aguardavam a adoção, no início de agosto, e 28139 eram os candidatos a pais adotivos, segundo dados do Conselho
Nacional de Justiça. A variação dos números seria um alento se a maioria dos pretendentes não procurasse bebês idealizados e vindos de situações especiais, como nas histórias em que um recém nascido é largado em uma caixa na porta do orfanato. “As pessoas vêm para o judiciário em busca de crianças que não existem”, comenta a psicóloga Marília Wedy de Moraes, da Vara da Infância do Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre.A predileção por determinadas crianças
está estampada nos gráficos. Os menores de três anos são a escolha de mais de 56% dos candidatos. Menores de cinco ainda têm mais chances do que os mais velhos, já que apenas 0,63% das pessoas quer crianças com mais de 10 anos. Outros fatores são observados na hora da adoção. A procura por meninas é maior em relação aos meninos. O dado, entretanto, é menor do referente à escolha da cor da pele – a preferência pela tonalidade branca é de 91%. Apesar das preferências, as estatísticas de
crianças e adolescentes aptos à adoção são praticamente inversas às dos pretendentes. Quem vive nos abrigos, geralmente, tem idade mais avançada e vem de famílias problemáticas, sem condições para criar essas crianças. Cerca de 68% têm mais de 10 anos. Porto Alegre abriga atualmente 257 crianças e adolescentes aptos à adoção. Destes, 57% são do sexo feminino e 43% do masculino. Apenas 4% possuem de zero a cinco anos, a maioria encontra-se na faixa etária entre 11 e 15 anos (cerca de 54%). Para a efetivação da adoção há um longo
caminho a seguir. Mas, no caso de o adotado ser uma criança mais velha e parte ativa do processo, é necessário fazer uma avaliação psicológica e social com a família. Afinal, ele tem o “poder” de decidir se deseja ou não aceitar os “novos pais”. A psicóloga Lizianne Cenci é mãe adotiva
de Pedro, que tinha seis anos e nove meses em 2007, quando ganhou uma família. Ela comenta
que, no início, as coisas eram difíceis porque “ele desafiou meu amor diversas vezes”. É normal que a criança desconfie do carinho dos novos pais, afinal, quem deveria cuidar e criar simplesmente não cumpriu seu papel. O tempo necessário para concluir processos
de adoção tardia variam. Alguns levam meses, como o do filho de Lizianne, e outros levam anos, como o de Katrine, filha de Assis e Elisabete Heinske. Isto acontece devido à escolha da faixa etária que o casal deseja adotar e pelo número de crianças disponíveis. A espera do casal Heinske durou dois anos,
após as últimas consultas com psicólogas e assistentes sociais da Vara da Infância. “Quando recebi a ligação e falaram que tinham achado uma menina, igual a uma princesa, para nós, comecei a chorar”, relembra Assis. Katrine chegou à família com quatro anos de idade, em 2008. Apesar de já ter sido rejeitada por outro casal, ainda tem muita alegria e amor para compartilhar.Outro problema envolvendo a adoção é o
relacionamento da criança com outros membros da família, que podem não aceitar o novo integrante. No caso de Assis e Elisabete, eles acabaram se afastando dos parentes. “Ela precisa de pai e mãe, não dos tios ou avós. Minha filha nunca teve nada disso, então não sente falta. Duas pessoas amando-a é o suficiente”, comenta Elisabete.A psicóloga Lizianne acrescenta que isso não
acontece somente no núcleo familiar, mas sim na sociedade em geral. Lizianne comenta que muitas pessoas perguntam se ela não teve medo de deixar que menino entrasse na casa dela e roubasse alguma coisa. “Um absurdo”, reclama.Apesar das dificuldades do processo,
ambas as famílias não veem o que fizeram como uma “boa ação”. Adotar não é caridade, mas uma forma de ampliar a família. “Se todos entendessem que criança é criança e não importa a idade, com certeza, teríamos menos problemas com a adoção no Brasil. Não importa se é um bebê. Essa coisa de selecionar não faz sentido, o único tamanho que importa é o do amor que você quer dar”, esclarece Liziane.
Texto: Kimberly Winheski (1º sem)
e Lúcia Vieira (1º)
Foto: Dimitria Prochnow (1º)Katrine, adotada em 2008, aos quatro anos, faz parte de faixa etária pouco procurada
Preteridas nos orfanatos, crianças com
mais de cinco anos vivem a experiência
de terem uma família pela primeira vez
Como elas são,
como eles querem
As preferências de escolha dos pais adotivos difere das características das crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Confira os números do Conselho Nacional de Justiça para o Brasil:
Preferência dos pretendentes por idade*
Crianças aptas por idade
* Os candidatos podem selecionar mais de uma faixa etária
Quantidade de crianças e pretendentes
JULHO/AGOSTO DE 2012 / PÁGINA 7
Na batida do esportentes de disputas ou nas concentrações, é comum jogadores de futebol e atletas de diversas modalidades escutarem música com fones de ouvido. Nas disputas de MMA, o lutador escolhe uma música para tocar, enquanto segue em direção ao octógono. Esses fatos permitem dizer
que, no esporte, a música pode ter algum efeito?Amante do rock, Nei, lateral do Internacional, já mostrou
na mídia sua adoração pela música, principalmente por tocar instrumentos. O lateral começou o estudo de violão aos dez anos de idade e, com o tempo, conheceu outros instrumentos, como guitarra, baixo, piano e bateria. Segundo ele, a
envolvimento do atleta com a música. “Depende do jogador, existem músicas que tocam muito o competidor, mexendo no emocional e, consequentemente, motivando-o dentro de campo”, acredita. Com mais de 10 mil músicas no seu notebook e sempre que possível conectado no iPod, Nei escuta bastante música, principalmente na concentração. “Gosto de rock, de bandas como Metallica, Guns ‘N Roses, Red Hot Chilli Peppers e Iron Maiden. As minhas preferidas são Tears Of The Dragon, do Bruce Dickinson, e Nothing Else Matters, do Metallica”, revela.No lado tricolor, o zagueiro Werley mostra ter um gosto
peculiar e bem diferenciado se comparado ao lateral colorado. O gremista ouve músicas mais calmas na concentração, como gospel. “Gosto bastante das canções do cantor Regis Danese. As músicas dele me inspiram bastante, mas no jogo é outro ritmo e não é por causa da música que meu desempenho pode melhorar ou cair”, avalia o jogador.O
diferentes. Em vez da música, ele valoriza mais uma boa conversa com os companheiros de equipe antes das lutas. “Se
vou fazer na luta e bate o nervosismo”, explica. Eleito revelação e melhor jogador do mundo de Futebol
Steinmetz, mais conhecido como Ricardinho, podia ter seguido um rumo diferente. Um dos seus desejos, antes de iniciar a vida no esporte, era estudar música. “Eu gosto muito de música. Não pude fazer faculdade, pois quando comecei a treinar, tive que mudar minha rotina e focar apenas no futebol. Porém, tenho planos para entrar na área musical quando eu parar de jogar”, revela. O jogador da Associação Gaúcha de Futebol para Cegos (Agafuc) e da Seleção Brasileira costuma ouvir música, com seus fones, antes das partidas. Segundo o atleta, isso ajuda a distrair
“Sou fã dos Engenheiros do Hawaii, e as músicas deles me fazem pensar em tudo que já conquistei no futebol e no que eu ainda
Além disso, o jogador destaca que o som ajuda a relaxar antes da disputa. “É bem válido para mim, pois me deixa tranquilo e tira
Texto: Eduardo Bertuol (6º sem) Foto: Caroline Corso (7º)
Quando começaram a
ser desenvolvidos os
primeiros aplicativos
musicais para
smartphones, os
aparelhos se tornaram
comuns entre atletas,
que o utilizam na
academia ou durante
corridas. A relação da
música com o esporte
ganhou um novo
capítulo.
Um dos apps é o
Cadence Run DJ, em que o usuário
pode escolher o
ritmo das batidas
por minuto (BPM)
adequado para
a intensidade do
exercício, ajudando
a controlar as
passadas ou mesmo
a frequência
cardíaca. O
sistema busca
automaticamente
as músicas
adequadas ao ritmo
do treinamento.
Outro aplicativo que
também relaciona
atividades aeróbicas
à música é o Total Cardio Workout. Com um sistema
mais simples, o
atleta seleciona
o esporte a ser
realizado e músicas
disponíveis on-line
são escolhidas
automaticamente
para acompanhar o
exercício.
comportamento
Zagueiro Werley prefere ritmos mais calmos na concentração
Apesar de não haver uma pesquisa
atleta, reconhece a musicoterapeuta Maria Helena Rockenbach. “Ainda necessitamos de mais pesquisas na área, entretanto, está provado que a música distrai o atleta antes de jogos, impulsiona e auxilia no relaxamento e pré-condicionamento para momentos decisivos”, argumenta. A
terapeuta ressalta que este auxílio direciona não apenas o desempenho de atletas
“Todo mundo tem uma identidade sonora.
musical do atleta, acreditamos poder melhorar até 80% do seu desempenho”, promete.A professora de Educação Física da
PUCRS Sonia Gomes acredita que o
no desempenho de qualquer pessoa, mas principalmente no caso do atleta. “Não existem estudos que sustentem isso, mas vemos no dia a dia que quando alguém escuta uma música com o ritmo mais rápido, começa a se movimentar com mais velocidade”, explica. Ela destaca que qualquer sensação de apoio pode colaborar para o melhor desempenho do competidor.
Falta consenso sobre efeitos no desempenho
aquela ansiedade para chegar a hora do jogo”, conta.O são-borjense Beto
Campos, treinador campeão da divisão de acesso ao
1 pelo Esporte Clube Avenida, de Santa Cruz do Sul, conta que costuma utilizar a música no vestiário para a concentração dos jogadores. “Quando usamos uma música que o atleta gosta faz com que ele se concentre mais e ajuda a tirar a tensão normal da partida”, observa.
A música tem acompanhado o treinador por todos os clubes que passou. Segundo Campos, a escolha de um ritmo para colocar no vestiário depende do momento e do jogo. “Nas palestras, costumo colocar músicas que despertam um sentido motivacional. Quando os atletas estão se arrumando,
rápida, para deixar os jogadores mais soltos para o aquecimento e para a partida. Tudo depende da situação”, explica.
Atletas e especialistas debatem a influência da música no desempenho dos competidores
A
JULHO/AGOSTO DE 2012 / PÁGINA 8
Sempre em açãoUma pesquisa de imagens realizada nos arquivos da PUCRS revela o ambiente pulsante em que alunos, professores e técnicos estão envolvidos no fazer jornalístico nas salas da Famecos, não importa a década. Veja:
1.
2.
3.
4.
1
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especial
Seis décadas de educação em JornalismoA ntecedida pelo clamor da Associação Riograndense de Imprensa
(ARI), do Sindicato dos Jornalistas e de empresas de comunicação, o primeiro curso de Jornalismo da Região Sul e terceiro do país foi autorizado, pelo governo federal, em 31 de julho de 1951, passan-‐
do a funcionar em março de 1952. O propósito de qualificar e profissionalizar a mão de obra das redações se transformou em aulas que ocupavam as salas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da PUCRS, então sediadas no Colégio Rosário, no centro de Porto Alegre. Parte dessa história está registra-‐da nas páginas do livro PUCRS: 50 anos formando jornalistas, organizado pela professora Beatriz Dornelles em 2002.
Após 60 anos, e depois de ter formado destacados profissionais do país, é possível dizer que a razão de ser do curso não mudou. Na verdade, a necessi-‐dade de uma formação completa e específica na área de comunicação se tor-‐nou ainda mais relevante, diante do desenvolvimento das mídias. A Famecos é considerada uma das melhores faculdades de Jornalismo do Brasil, com excelente desempenho no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), do Ministério da Educação. Também tornou-‐se uma das escolas tec-‐nologicamente mais bem equipadas.
A primeira turma tinha 64 alunos, selecionados através de provas escri-‐tas e orais. As 23 disciplinas podiam ser concluídas em quatro semestres, e os pioneiros 46 fomandos colaram grau em 16 de dezembro de 1954. Uma década após, uma reforma estrutural na universidade transformou o curso em Escola de Jornalismo, independente da área de Filosofia, unindo-‐se aos de Publicidade e Propaganda e de Relações Públicas. Assim surgiu a Faculdade dos Meios de Comunicação Social, cuja sigla gerou o hoje con-‐sagrado nome Famecos.
Em 1967, a faculdade se transferiu para o atual campus do bairro Partenon e ficou sediada provisoriamente no prédio da Reitoria, antes da conclusão da sede atual, em 1972. O currículo também teve mudanças importantes, especialmente a ampliação do número de disciplinas. Naquele ano, assumiu um formato que tinha dois anos de ensino geral, comum às três habilitações da Comunicação, e mais dois específicos de cada curso.
As atividades práticas ganharam um capítulo de destaque em 1968, quando a Famecos colocou no ar a Rádio Setembrina. Outro marco foi a inau-‐guração da Televisão Educativa (TVE), canal 7, nos estúdios da Famecos, em 1974, em convênio com o governo do Estado. Com isso, os alunos ganharam a possibilidade de estagiar na emissora e aprender com situações reais do mercado. Em 1988, nasceu um dos eventos de graduação mais importantes do Brasil: o SET Universitário, que, em 2012, chega à sua 25ª edição. O SET recebe estudantes e professores nacionais e internacionais e se notabilizou pela realização de concurso de trabalhos acadêmicos, de oficinas e de palestras. O programa de pós-‐graduação teve início em 1994, quando
foi criado o Mestrado em Comunicação Social. Em 1999, começou o Doutorado. Desde então, o PPGCOM recebe graduados da
Famecos e candidatos de todo o país.
Colégio Rosário foi a primeira sede do curso, vinculado à Filosofia
Em 1972, lançamento da pedra fundamental da sede atual
Nos anos 1970, carros estacionavam em frente à faculdade
Em 2012, jardim demarca a entrada do prédio 7
Texto: Rafael Grendene (6º sem)
Arquivo P
UCRS
Arquivo P
UCRS
Arquivo P
UCRS
Eduarda Alcaraz
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linha do tempo
2003
1993
20122002
Google e Facebook mostram a cara
Surge a era digital A popularização das redes sociais e a transformação do Google em sinônimo de buscador universal mudaram a maneira como as pessoas consomem informação.
2003 Surge o Skype, pioneiro em telefonia via internet. Inicia-‐se o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro
presidente oriundo da classe operária.2004 Lançada a rede social2005 Mágda Cunha torna-‐se a primeira mulher a dirigir a Famecos. Entra no ar em Porto Alegre a BandNews FM, emissora com
programação jornalística em FM.2006 É inaugurada a rede social Twitter, notabilizada pela comunicação
em 140 caracteres.2007 Steve Jobs apresenta ao mundo o iPhone, que
popularizou o uso da internet em celulares. A Rede Record compra o Sistema Guaíba-‐Correio
do Povo, passando a ter o controle do jornal e das emissoras de rádio e TV.
Primeira transmissão de TV digital no Brasil.2009 Barack Obama assume como primeiro presidente negro dos EUA. Começa a funcionar o Espaço Experiência, da Famecos. O projeto
reúne 13 núcleos e estudantes e professores de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Produção Audiovisual.
2010 Site Wikileaks promove o maior vazamento de documentos oficiais da história.
2011 Toma posse Dilma Rousseff, a primeira presidente mulher do Brasil.
Lançado o Editorial J, nova redação integrada do curso de Jornalismo da PUCRS.
O ano de 1994 marca o início de uma revolução: o nascimento da internet cria uma nova era para a mídia, com reflexos no jornalismo praticado em todos os meios.
1994 Em julho, o Brasil adota o Real como moeda. Eurico Lemos assume como diretor da Famecos. Revista Playboy publica ranking das universidades,
e Famecos é segunda colocada em Jornalismo. Governo dos EUA abre o acesso à internet.1995 Criada, pelo Programa de Pós-‐Graduação em
Comunicação, a Revista Famecos.1996 Criado o curso de Mestrado em Comunicação Social. O New York Times começa a ser publicado na internet.1997 Jerônimo Braga é empossado diretor da Famecos.1998 Inicia-‐se o estágio de televisão da Famecos, TV Foca e a
Cyberfam. Em setembro é fundado o1999 Lançado o Doutorado em Comunicação Social da PUCRS. Implantados os Laboratórios Integrados da Famecos, dos quais
faziam parte, entre outros, o jornal Hipertexto, o LabFoto, a TV Foca e a Radiofam.
2000 Criado o Laboratório Apple Training Center, primeiro centro de treinamento certificado pela Apple no RS.
2001 Criação do Laboratório de Imagem Digital. Atentado terrorista ao World Trade Center, em Nova York. Rede Pampa lança, em Porto Alegre, o jornal O Sul.2002 Criação do Centro de Produção Multimídia (CPM) da Famecos.
1973
1982
No período em que a Famecos foi sede da TVE, Porto Alegre ganhou novos jornais. Um dos marcos foi o Coojornal, editado por uma cooperativa de jornalistas.
1974 Instalação da TV Educativa (TVE), emissora pública, nas dependências da faculdade.
1975 Lançada em abril a primeira edição do Jornal Experiência, uma das mais antigas e regulares publicações produzidas pela Famecos.
1976 Lançado o Coojornal, principal jornal da imprensa alternativa do RS. Caracterizou-‐se por denunciar a repressão do regime militar.
Pela primeira vez surge uma programação de âmbito nacional na TV.
Lançado o computador pessoal Apple I. Antonio Gonzalez assume a direção da faculdade.
1983
1992
Solavanco no mercadoA década foi marcada pelo fechamento e reabertura do mais
tradicional jornal gaúcho, o Correio do Povo.
1983 Entra no ar a Rede Manchete. A TV Pampa era a afiliada de Porto Alegre.
1984 Inauguração da VídeoPUC, produtora que funcionava nos estúdios da Famecos.
Crise da empresa Caldas Júnior leva ao fechamento do Correio do Povo, de 1895, e da Folha da Tarde, de 1936, o primeiro jornal brasileiro em formato tabloide. Em 1986, adquirido pelo empresário Renato Ribeiro, Correio do Povo volta a circular.
1988 Famecos promove o 1º SET Universitário.1991 Guerra do Golfo, o primeiro conflito televisionado ao vivo da
história.1992 O presidente Fernando Collor de Mello sofre impeachment, dando
lugar ao vice, Itamar Franco.
Entrevistas por Cassiana Martins (2º sem), Eduardo Bertuol (6º), Felipe Martini (6º) e Gustavo Frota (6º). Linha do tempo por Felipe Martini (6º) e Rafael Grendene (6º). Fotos e pesquisa de imagens por Eduarda Alcaraz (7º). Coordenação gráfica e diagramação por Daniele Souza (3º) e Gustavo Frota (6º). Projeto gráfico por Rogério Fraga.
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Experiência do passadoAs transformações da sociedade implicaram em
mudanças no Jornalismo da Famecos nos últimos 60 anos. Na era da revolução digital, o desafio está renovado. É preciso preparar profissionais para atuar em um tempo em que a tecnologia não para de possibilitar novas formas de consumo de informação. Para entender os rumos da educação em Jornalismo, este
caderno reúne opiniões de seis personalidades do mundo acadêmico e do mercado. A íntegra das entrevistas está na revista digital sobre os 60 anos, disponível em agosto no site do Editorial J (www.pucrs.br/famecos/editorialj).
Diretora da Famecos, a jornalista Mágda Cunha destaca a influência da evolução da profissão nas
prioridades do curso de Jornalismo, em busca de uma formação em sintonia com as tendências do mercado.
“Houve um época em que se dizia que o jornal-‐ista era um grande generalista, tinha que saber um pouco de tudo. Hoje ele tem que saber, claro, e ao mesmo tempo dominar técnicas que são cada vez mais importantes e aprendidas durante os quatro anos de curso. A capacidade de ler várias situações, conectá-‐las, transformá-‐las em uma técnica narrativa é que o jornalista vai ter que aprender. Não quer dizer que ele vai ‘apertar botão’. Existe muito polêmica sobre isso. Não pode o jornalista ter ideias e ficar na mão do empregador ou dos técnicos. É preciso saber o que é possível fazer e o que não é possível. Isso interfere no produto final, na narrativa, e assim no produto que você entrega para a sua audiência.”
ENTREVISTA: Mágda Cunha, DIRETORA DA FAMECOS
“É preciso ler situações, conectá-‐las
linha do tempo
1952
1962
Nasce a educação em Jornalismo no RS
A inauguração dos cursos da PUCRS e da URGS, atual UFRGS, deram início à profissionalização do jornalismo no Estado. A década iniciada em 1952 marca o surgimento do primeiro canal de televisão gaúcho, a TV Piratini.
1952 Em março, iniciam-‐se as aulas do Jornalismo da PUCRS, o primeiro do sul do Brasil.
Em setembro é inaugurado o curso de jornalismo da Universidade do Rio Grande do Sul, atual UFRGS.
1954 Em 24 de agosto, Getúlio Vargas, que havia sido eleito presidente em 1951, comete suicídio.
Lançado, em Porto Alegre, o jornal A Hora, pioneiro na publicação de fotos coloridas no Brasil e primeiro periódico gaúcho diagramado. Nele trabalharam Ibsen Pinheiro, Xico Stockinger, Célia Ribeiro, Flávio Tavares e Fausto Wolff. Fechou em 1961.
1955 O jornal Última Hora, de Samuel Wainer, fundado em 1951 no Rio de Janeiro com apoio de Vargas, passa a ter uma edição na Capital gaúcha.
1959 Entra no ar a primeira emissora de TV do RS, a TV Piratini, canal 5 de Porto Alegre
1960 Inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília torna-‐se capital do Brasil.
1961 Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, Leonel Brizola comanda, pelos microfones da Rádio Guaíba, a campanha da Legalidade, em favor da posse do vice João Goulart, que estava em viagem à China. O movimento é vitorioso.
Coordenador do curso de Jornalismo da Famecos desde 2010, Vitor Necchi acredita que os funda-‐
mentos do ofício resistem às mudanças nos meios de comunicação e continuarão a nortear a formação dos profissionais no futuro.
“O que define o bom Jornalismo, em essência, não mudou. Alteraram-‐se alguns procedimentos, maneiras de se ter acesso ao conteúdo. Algumas questões são inegociáveis: o compromisso ético, o texto preciso, a apuração profunda – se formos pen-‐sar em reportagem –, bem como a ideia do compromisso social, o interesse públi-‐co como principal critério de noticiablidade. Vivemos um momento em que esses valores voltam a ganhar mais ênfase. Chegamos a um ponto em que se percebe que os suportes, as plataformas, não são os elementos mais importantes. O mais importante é o conteúdo.”
ENTREVISTA: Vitor Necchi, COORD. DO CURSO DE JORNALISMO DA PUCRS
“Mais importante do que
E ric Newton, jornalista dos Estados Unidos e consel-‐heiro sênior do presidente da Knight Foundation, participou da Iniciativa Carnegie-‐Knight para O Futuro da Educação em Jornalismo, onde escolas norteamer-‐icanas se juntaram para repensar a profissão. Em con-‐versa via Skype, expressou sua opinião sobre o melhor modelo de ensino nas faculdades.
“A metáfora mais importante para a educação jor-‐nalística é o modelo do hospital-‐escola. Ele é um hos-‐pital como qualquer outro, só que dentro da universi-‐dade. Nos EUA, essas unidades hospitalares são exemplares. Apesar de tudo isso ser uma metáfora, podemos dizer que este é o modelo mais adequado ao ensi-‐no do jornalismo neste momento. Cada escola de jornalismo é uma produto-‐ra de conteúdo. E também é necessário a presença de profissionais. Não
é possível um hospital universitário sem médicos. Aqueles que fazem pós-‐graduação, acabam se especializando em uma área específica,
por isso a importância da presença dos profissionais.”
ENTREVISTA: Eric Newton, CONSELHEIRO DA PRESIDÊNCIA DA KNIGHT FOUNDATION
“Hospital-‐escola é modelo
ENTREVISTA: Celso Schröder, PRESIDENTE DA FENAJ E PROFESSOR
“Abrir mão do conhecimento
Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e professor da Famecos, Celso Schröder
acredita que a formação universitária ganhou importância na era digital.
“O diploma é uma garantia pública. Este mundo da blogosfera, que disponibilizou para a humani-‐dade uma quantidade de dados fantásticos, da maneira como é apresentado para a sociedade, ao invés de informar, descomunica, cria um ambi-‐ente de entropia, no sentido de não compreensão. Organizadores desses dados são fundamentais, não somente jornalistas, mas teóricos, cientistas que atuem sobre as redes. Os jornalistas são fundamentais para este outro discurso, que é o relato do cotidiano, envolto em opiniões, boatos, mentiras, verdades, coisas criativas, revolucionárias, deliciosas, perver-‐sas. Tem de tudo nesse mundo global. Abrir mão do conhecimento me parece um equívoco.”
linha do tempo
1963
1972
Informação sob censuraCom o início do regime militar, em 1964, o jornalismo e a sociedade
sofrem com a censura prévia nos jornais. Curiosamente, foi também nesse período que a profissão de jornalista foi regulamentada.
1964 Com o fim do vínculo com a Faculdade de Filosofia, o curso se transforma em Escola de Jornalismo da PUCRS. Em 1965, une-‐se à Publicidade e Propaganda e às Relações Públicas dando origem à Faculdade dos Meios de Comunicação Social (Famecos), dirigida por Claudio Candiota.
Em 31 de março é deposto o presidente João Goulart, dando início ao regime militar.
Em maio é fundado o jornal Zero Hora, como sucessor da edição gaúcha do Última Hora.
1967 Famecos transfere-‐se para o novo campus da PUCRS, na Avenida Ipiranga, e funciona no prédio da Reitoria.
1968 Em abril, foi posta no ar a primeira rádio da PUCRS, a Setembrina, com sede em Viamão.
1969 Decreto-‐Lei 972 regulamenta a profissão de jornalista. Empresa Caldas Júnior lança o jornal Folha da Manhã. Começa a funcionar a Arpanet, rede que deu origem à internet,
de uso exclusivo do governo dos EUA.1970 Diplomada a primeira turma de Jornalismo Polivalente da PUCRS,
em que o bacharel podia solicitar o registro profissional na três áreas da Comunicação Social.
A Famecos passa a ser dirigida por Alberto André.1971 No dia 5 de novembro, é lançada a pedra fundamental do atual
prédio da Famecos, inaugurado em 1972.
1972 No dia 20 de setembro, é apreendida pela censura militar toda a edição do Jornal Correio do Povo.
Inventada, nos EUA, a TV a cabo. Em 31 de março, a TV Difusora, de Porto Alegre, faz a primeira
transmissão a cores para todo o Brasil: o desfile da Festa da Uva, em Caxias do Sul.
O Washington Post publica a primeira notícia do caso Watergate, que culminou, em 1974, na renúncia do presidente dos EUA, Richard Nixon.
O editor de Notícias Interativas do The New York Times, Aron Pilhofer, é responsável por desen-‐volver infográficos dinâmicos para o site do jornal. Em conversa por Skype, destacou a importância da colab-‐oração, até mesmo entre veículos de comunicação concorrentes.
“Eu acho que as notícias em colaboração são o futuro. Se tem alguma coisa que estou convencido é disso. Lançamos no ano passado um projeto chama-‐do School Book [www.nytimes.com/schoolbook], em colaboração com a rádio WNYC. Também colaboramos com uma das histórias do Wikeleaks sobre Guantánamo, e obviamente colaboramos com o [jornal britâni-‐co] The Guardian. A concorrência ainda existe, mas se você puder pensar em algo positivo em relação à diminuição do tamanho da indústria da notícias nos EUA é a colaboração. Estamos trocando mais informação, tecnologia, conhecimento e até mesmo histórias e reportagens.”
ENTREVISTA: Aron Pilhofer, EDITOR DO THE NEW YORK TIMES
“Estamos trocando mais tecnologia,
Ojornalista Woile Guimarães exerceu uma série de cargos de destaque no jornalismo, incluindo
o de editor-‐chefe da revista Realidade. Por email, Guimarães analisou as mudanças na profissão nos últimos 60 anos.
“Na maioria dos veículos, o repórter e o editor se fundiram. Pela velocidade do fechamento, pela rapidez com que a notícia precisa ser editada. Nas edições on-‐line, nem se diga. No rádio, a operação ao vivo é crucial, a entrada ao vivo dá densidade ao noticiário, tudo isso requer repórteres que se editam no ar. Mas há scripts, os programas editados ainda exigem tratamento, sonorização e edições
cuidadas e sofisticadas. A TV também exige que seus repórteres editem, enviem imagens via satélite, cada vez mais se familiarizem
com as possibilidades de equipamentos portáteis etc.”
ENTREVISTA: Woile Guimarães
gera futuro de desafios