OBSERVATÓRIO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO MOBILIZAÇÕES SOCIAIS FRANCESAS.
Editorial CORREIO SBI 1 tilhas francesas · cooperação do governo do Estado de São Paulo por...
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ISSN 1519-0021
Editorial
N 71 Utilidade Pblica Municipal: Decreto Municipal 36.331, So Paulo Utilidade Pblica Estadual: Decreto Estadual 42.825, So Paulo Utilidade Pblica Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000
Joo Pessoa Junho 2003
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Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia
Peixe da Vez...
Fatos importantes vm acontecendo no que diz respeito ao modo como pensamos a pesca no nosso pas e, tambm, como definimos os peixes, no con-junto maior da Fauna Brasileira. Dois momentos so emblemticos: a criao da Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca e a publicao da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino, Lista esta que no inclui o grupo dos peixes. Ambos os tpicos receberam cobertura da mdia e merecem uma reflexo por parte de todos que se dedicam ao estudo dos peixes e dos seus ambientes. Com relao criao da Secretaria, impor-tante que a comunidade ictiolgica acompanhe de perto os novos rumos delineados para a Aqicultura e Pesca no nosso pas e busque contribuir, dentro dos seus vrios campos de atuao, no sentido de tornar a sustentabilidade ecolgica um componente indissocivel de tais atividades no Brasil. Com respeito Lista: a excluso dos peixes, grupo que contm o maior nmero de espcies den-tre os vertebrados (sim, espcies, vrias ameaadas), preocupante. Empregar tratamento diferenciado para espcies ameaadas, com base em uma viso exclusivamente utilitria (recursos pesqueiros ve sus fauna) certamente no trar benefcios nem para as espcies nem para as atividades comerciais que delas dependem. Neste sentido, novos paradigmas conser-vacionistas devem ser buscados no nosso pas, incor-porando a noo de que, antes de serem recursos pesqueiros, os peixes so animais que necessitam manter populaes viveis para desempenhar suas funes no ecossistema.
r
importante destacar que, de acordo com a Lei no. 9.605/98, so espcimes da fauna silvestre to-dos aqueles pertencentes s espcies nativas, migra-trias e quaisquer outras, aquticas ou terrestres, que tenham todo ou parte do seu ciclo de vida ocor-rendo dentro dos limites do territrio brasileiro, ou guas jurisdicionais brasileiras. E que a Constituio Brasileira (Art. 225) incumbe ao Poder Pblico pro-teger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgi-ca, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais crueldade.
Leia nesta edio: Notcias...........................................................2 Comrcio de peixes ornamentais marinhos na Bahia..................................................................3 Os peixes brasileiros mais ameaados do que nunca..................................................................6 Desovas e produo de alevinos do tunar-comum em cativeiro...........................................7 Livros Anncios e Resenhas........................9 Comunicao dos Scios..............................10
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Envsbi@d
CORREIO SBI De: Ana-Lucia Vendel, das Antilhas francesas
Ls Saints, uma das ilhas do Arquiplago de Guadalupe, Antilhas francesas. uma ilha pequena e muito aconche-gante, tem praias desertas e divinas .... O lugar real-mente maravilhoso, pena que tenho tanto trabalho e no vou muito praia, como gos-taria.
At breve. Ana-Lcia.
ippocampus reidi. Foto
ie uma foto do seu pese.ufpb.br. Resolu
Foto: Ana-Lcia Vendel
: Thelma Dias
ixe favorito para o mnima: 600 dpi.
Pgina 10
Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n( 61
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Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia n( 56
N( 71
Utilidade Pblica Municipal: Decreto Municipal 36.331, So Paulo
Utilidade Pblica Estadual: Decreto Estadual 42.825, So Paulo
Utilidade Pblica Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000
Joo Pessoa Junho 2003
Editorial
MEMBROS DA DIRETORIA
E CONSELHO DELIBERATIVO
DA SBI
DIRETORIA
BINIO 2003-2005
Presidente:
Dra. Ierec Maria de Lucena Rosa Depto. de Sistemtica e Ecologia
Universidade Federal da Paraba
Secretrio:
Dr. Robson Tamar da Costa Ramos
Depto. de Sistemtica e Ecologia
Universidade Federal da Paraba
Tesoureira:
Dra. Renata Guimares Moreira
Departamento de Fisiologia
Universidade de So Paulo
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente:
Dr. Roberto Esser dos Reis
Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Membros:
Dr. ngelo Antonio Agostinho
Universidade Estadual de Maring - UEM
Dr. Jos Sabino
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal - UNIDERP
Dr. Luiz Roberto Malabarba
Museu de Cincias e Tecnologia - PUCRS
Dr. Paulo Andreas Buckup
Museu Nacional - UFRJ
Dr. Paulo de Tarso Chaves
Universidade Federal do Paran - UFPR
Dr. Thomaz Lipparelli
Fundao O Boticrio de Proteo Natureza - FBPN
Notcias
Conselheiro da SBI em destaque: o colega Paulo de Tarso Chaves adicionou s suas atividades acadmicas o cargo de Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Cincia e Tecnologia da UFPR, unidade vinculada Pr-Reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao.
Repovoamento de peixes na regio do Alto Tiet: No dia 20 de maro de 2003, em cerimnia realizada com representantes da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), do Departamento de gua e Energia Eltrica de So Paulo (DAEE) alm de prefeitos, deputados e vereadores dos municpios da regio, foi reinaugurada a Estao de Piscicultura da Barragem de Ponte Nova, no municpio de Salespolis/SP. A UMC, preocupada com o repovoamento e conservao gentica de peixes da regio do Alto Tiet, vem conduzindo trabalhos que objetivam no somente a conservao da diversidade gentica de espcies afetadas por impactos causados pela ao humana, mas que tambm, auxiliam nas medidas de manuteno de espcies importantes para alimentao humana advindas da pesca e piscicultura.
Os trabalhos do Laboratrio de Gentica de Peixes e Aqicultura, ligado ao Ncleo de Cincias Ambientais da UMC tm atuado na bacia hidrogrfica do Alto Tiet onde se insere a UMC. Este trabalho vem sendo realizado sob a coordenao do Prof. Dr. Alexandre Hilsdorf e com a cooperao do governo do Estado de So Paulo por meio do DAEE e empresas da regio como a Klabin e a Bandeirantes de Energia, que uniram esforos e esto contribuindo para recuperao da Estao de Piscicultura de Ponte Nova. Em breve, esta Estao, juntamente com o trabalho de pesquisadores do NcleDo de Cincias Ambientais da UMC ser um centro de produo de peixes nativos da regio para programas de repovoamento e tambm um local para o desenvolvimento de programas de educao ambiental. [matria enviada pela colega e Tesoureira da SBI Renata Guimares Moreira]
IX Congresso Brasileiro de Limnologia gua: Rompendo fronteiras entre Cincia, Educao e Cidadania; de 20 a 25 de Julho de 2003, em Juiz de Fora, Minas Gerais (www.cblimnologia.ufjf.br).
XIV Encontro de Zoologia do Nordeste A Zoologia no Desenvolvimento Sustentvel; de 12 a 16 de setembro, em Macei, Alagoas (www.uefs.br/snz/snz.html).
2 Simpsio de reas Protegidas Conservao no mbito do Cone Sul; de 13 a 15 de outubro de 2003, em Pelotas, Rio Grande do Sul (www.sap2.net).
VI Congresso de Ecologia do Brasil Ecossistemas Brasileiros: manejo e conservao; de 9 a 14 de novembro de 2003, em Fortaleza, Cear (www.viceb.com.br).
NOTA DE FALECIMENTO (texto enviado pelo colega Joo Vieira)
Prezados colegas,
com muito pesar que comunicamos o falecimento do nosso colega ictilogo Luis Eduardo Dias Pereira (Dudu) ocorrido em Rio Grande no dia 9 de abril do 2003. Dudu foi professor de Ictiologia no curso de graduao em Oceanologia da FURG desde 1978, aluno de mestrado do Prof. Dr. Chao e colega de laboratrio de Joo Vieira e Marlise Bemvenuti.
Laboratrio de Ictiologia/FURG - Departamento de Oceanografia
Comrcio de peixes ornamentais marinhos na Bahia: passado, presente e futuro
Cludio L.S. Sampaio1 & Ierec Lucena Rosa2
1: Universidade Federal da Paraba. E-mail: [email protected];
2: Universidade Federal da Paraba. E-mail: [email protected]
Introduo
A pesca com fins ornamentais uma crescente atividade comercial, composta por um complexo de pescarias artesanais, que fornece mais de 1.000 espcies e envolve cerca de 45 pases. Representa uma atividade sustentada por um comrcio internacional, bem-estruturado e multimilionrio, que atende s necessidades de vrios milhes de aquaristas em todo o mundo. A coleta de peixes ornamentais marinhos teve seu incio no Sri Lanka, nos anos 30. Porm, apenas nos anos 50 houve sua expanso gradativa, com o incio das exportaes por via area. Na dcada de 1970, a atividade se expandiu, em termos do nmero de pases envolvidos (Wood, 2001).
Apesar da importncia da pesca para fins ornamentais em termos scio-econmicos e ambientais, apenas recentemente dados de captura comearam a ser produzidos e os efeitos de remoo de espcies e potenciais danos aos ambientes de coleta investigados.
O Brasil tem participao ativa no comrcio de peixes ornamentais marinhos, principalmente como exportador de um grande nmero de espcies. Entretanto, pouco se conhece sobre a atividade no pas. Informaes gerais acerca do assunto podem ser encontradas em Guimares et al. (2000), Monteiro-Neto et al. (2000) Rosa & Dias (2002) e Rosa et al. (2002). Anlises detalhadas, porm, so recentes e existem apenas para os Estados do Cear (Nottingham et al., 2000; Monteiro-Neto et al, 2003) e Bahia (Sampaio, 2003), que embora sejam dois dos principais pontos da atividade no pas, no representam a totalidade das capturas, uma vez que estas ocorrem em outros Estados.
Paralelamente ao incio das pesquisas sobre o comrcio de peixes ornamentais marinhos no Brasil, a partir do final dos anos 90, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis), no intuito de buscar subsdios para uma regulamentao da atividade, realizou quatro reunies (respectivamente em Fortaleza, CE; Tamandar, PE; Itaja, SC e Fortaleza, CE), com a participao de pesquisadores e de tcnicos do IBAMA. A partir destas reunies, foram produzidos relatrios apresentando informaes oficiais sobre o comrcio de peixes ornamentais marinhos e recomendaes de carter tcnico-cientfico. Em termos de avano do conhecimento, merece destaque a primeira anlise global de dados oficiais brasileiros (a partir das autorizaes concedidas aos comerciantes pelo IBAMA) e do grau de vulnerabilidade das espcies de peixes capturadas com fins ornamentais, feita durante a reunio de Tamandar (IBAMA, 2000).
Embora tenha havido progressos no estado do conhecimento acerca do comrcio de peixes ornamentais marinhos no Brasil, iniciativas de monitorar tal atividade, apesar de necessrias, so ainda extremamente raras, tendo o IBAMA-CE e o IMAT (Grupo de Ictiologia Marinha Tropical, Universidade Federal do Cear) sido pioneiros neste sentido. O presente trabalho parte de um estudo mais amplo de acompanhamento do comrcio de organismos marinhos capturados com fins ornamentais na Bahia, sendo as informaes ora apresentadas parte da dissertao de mestrado Anlise do Comrcio de Peixes Ornamentais Marinhos no Estado da Bahia, Brasil (Sampaio, 2003).
Atravs do estudo centrado na Bahia, o Estado com maior rea de costa e um dos pioneiros na extrao de organismos para fins ornamentais no pas, espera-se colaborar com e aes concretas de conservao e manejo em prol das populaes de peixes comercialmente exploradas e dos seus habitats.
I. Breve histrico
O comrcio de peixes ornamentais marinhos relativamente recente no Brasil, tendo se iniciado na dcada de 1970 no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Eduardo Saar (com. pess.), o primeiro coletor profissional, oriundo da regio de Cabo Frio (RJ), instalou-se na Bahia em 1979, dando-se assim o incio das exportaes de peixes no Estado. Em meados da dcada de 80, a extrao de peixes desenvolveu-se de forma acentuada, em consonncia com o aumento da procura por invertebrados marinhos; nesta mesma poca, um outro componente do comrcio existia na Bahia: o cultivo do peixe-palhao (Amphiprion spp), uma espcie extica. Tal experincia representou a nica tentativa brasileira de cultivo de peixes marinhos para fins ornamentais e, atualmente, no mais ocorre no Estado. As capturas de peixes ornamentais marinhos firmaram-se ao longo dos ltimos 20 anos na cidade de Salvador e interior da Baa de Todos os Santos, onde a pesca artesanal tecnicamente propcia, seja ela embarcada ou no.
Material e Mtodos
A coleta de dados foi realizada no perodo de fevereiro de 2001 a outubro de 2002, atravs de visitas sistemticas ao maior atacadista de peixes ornamentais marinhos da Bahia, bem como pelo acompanhamento de coletores em atividade (Figura 1). Material testemunho encontra-se depositado nas colees do Laboratrio de Ictiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (LIUEFS) e Universidade Federal da Paraba (UFPB).
Resultados e Discusso
Foram registrados 60 famlias, 127 gneros e 187 espcies de peixes, distribudos em trs ordens e sete famlias de Chondricthyes e 15 ordens e 53 famlias de Actinopterygii. Dentre as espcies comercializadas, foram encontradas uma espcie ainda no registrada para o Atlntico Sul, 10 espcies raras no litoral brasileiro, seis recentemente descritas, trs em fase de descrio e uma possivelmente nova para a cincia (Sampaio & Rosa, em preparao). Tais resultados esto em acordo com Wood (2001), a qual estimou que aproximadamente 50 famlias so normalmente utilizadas no mercado internacional de peixes ornamentais marinhos.
O fato de 60 famlias de peixes, sendo sete de Elasmobrnquios, serem capturadas para fins ornamentais, um forte indicador da importncia deste comrcio na Bahia, tanto em termos ecolgicos, quanto scio-econmicos. Comparativamente, Nottingham et al. (2000), relacionaram cinco famlias para o Cear, sendo uma nica de Elasmobrnquio, enquanto que Monteiro-Neto et al. (2003) registraram, tambm para o Cear, 38 famlias, sendo quatro de Elasmobrnquios, em estudo abrangendo o perodo de janeiro de 1995 a novembro de 2000. O comrcio de peixes ornamentais na Bahia, embora centrado em torno de um nmero relativamente alto de famlias, concentra-se numericamente em poucas espcies. Esta uma caracterstica do comrcio em nvel mundial, tendo sido tambm uma tendncia observada nos estudos realizados no Cear.
As capturas de peixes para fins ornamentais na Bahia selecionam, em sua maioria, indivduos jovens, em tamanhos inferiores ao da maturidade sexual, podendo tal seletividade levar a desequilbrios na estrutura populacional das espcies-alvo da pesca. Um outro problema detectado foi o das identificaes errneas de espcies comercializadas. Tal problema tambm foi detectado por Monteiro et al. (2003) no Cear e certamente precisa ser corrigido, a fim tornar os dados de comercializao mais precisos.
Os resultados do primeiro inventrio das espcies capturadas com fins ornamentais na Bahia (Sampaio, 2003), onde foram registrados txons com declnios populacionais j observados (por exemplo, cavalos-marinhos), indicam urgncia na elaborao de estudos sobre as suas caractersticas biolgicas e ecolgicas, a fim de determinar a presso e a influncia da pesca sobre tais espcies, alm de estratgias para sensibilizar o mercado aquarista - coletores, comerciantes e consumidores - para os problemas de conservao detectados (por exemplo, manuseio inadequado levando a um aumento nas taxas de mortalidade, utilizao de espcies no recomendadas para manuteno em cativeiro).
A regulamentao do comrcio e a conservao das espcies de peixes ornamentais marinhos do litoral brasileiro devem ser encaradas como uma prioridade, uma vez que as conseqncias das capturas so virtualmente desconhecidas; alm disso, nosso pas possui uma parcela de espcies recifais endmica, de efetivo potencial ornamental, sequer descrita cientificamente.
Neste sentido, o conhecimento sobre o que capturado e comercializado premente para o delineamento de medidas conservacionistas e normativas que certamente devem ser implementadas no Brasil. Faz-se necessrio um entendimento adequado dos processos envolvidos no comrcio aquarista, com o objetivo de propor um manejo eficaz e de se buscar a sustentabilidade da atividade. Faz-se tambm necessria uma gesto participativa, que incorpore os vrios segmentos envolvidos no comrcio de peixes ornamentais marinhos, a fim de que se possa construir de fato uma atividade pautada pela responsabilidade scio-ambiental e para que medidas normativas elaboradas para o setor possam atingir os seus objetivos.
Referncias Bibliogrficas
Guimares, R.Z.P.; Gasparini, J.L.; Ferreira, C.E.L.; Rocha, L.A.; Floeter, S.R.; Rangel, C.A. & Nunan, G.W. 2000. Peixes recifais brasileiros. Riqueza desconhecida e ameaada. Cincia Hoje (28) 168: 16-23.
IBAMA. 2000. Relatrio da Reunio Tcnica sobre o estado da arte, pesquisa e do ordenamento da pesca de peixes ornamentais marinhos no Brasil.
Monteiro-Neto, C. Ferreira, B. P., Rosa, I. L., Rocha, L. A., Arajo, M. E., Guimares, R. Z. P., Floeter, S. R. & Gasparini, J.L. 2000. The marine aquarium trade in Brazil. A preliminary report submitted to IUCN. Fortaleza, Brazil.
Monteiro-Neto, C., Cunha, F.E.A.; Nottingham, M.C., Arajo, M.E., Rosa, I.L. & Barros G..M.L. (2003). Analysis of the marine ornamental fish trade at Cear State, northeast Brazil. Biodiversity and Conservation
Nottingham, M.C.; Cunha, F.E. de A. & Monteiro-Neto, C. 2000. Captura de peixes ornamentais marinhos no Estado do Cear. Arq.Cin.Mar, 33: 113-118.
Rosa, I. L. & Dias, T.L.P. 2001. Beleza Ameaada. Revista Mergulho, 70 : 44-47.
Rosa, I.L.; Sampaio, C.L.S. & Dias, T.L.. 2002. Peixes ornamentais marinhos. Revista eletrnica @qua. (abril, 2002) http:/www.aqua.brz.com.br
Sampaio, C. L. S. 2003. Anlise do Comrcio de Peixes Ornamentais Marinhos no Estado da Bahia, Brasil. Dissertao de Mestrado, Universidade Federal da Paraba.
Wood, E. 2001. Collection of coral reef fish aquaria: global trade, conservation issues and management strategies. Marine Conservation Society, U.K. 80.
Os peixes brasileiros mais ameaados do que nunca
Ricardo S. Rosa
Departamento de Sistemtica e Ecologia, UFPB E-mail: [email protected]
Foi com grande surpresa que aqueles diretamente envolvidos na elaborao da lista de espcies de peixes ameaadas de extino no Brasil (ver Boletim n 70), bem como toda a comunidade de ictilogos, receberam a notcia da excluso dos peixes da nova edio da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino, lanada no dia 22 de maio em Braslia. Surpresa desagradvel, pois como sabemos, os peixes j tinham sido desconsiderados na primeira verso da lista em 1989, e o resultado das avaliaes recentemente conduzidas, indicava que o seu nmero de espcies ameaadas chegara a 166, superando qualquer outro grupo zoolgico considerado. Medidas urgentes de proteo a essas espcies tero que ser adiadas, e os ictilogos interessados em submeter propostas voltadas para a conservao de peixes ameaados ao Edital FNMA 01/2003, tiveram suas iniciativas tolhidas, pois oficialmente no h peixes ameaados no Brasil que pudessem ser objeto de tais propostas.
Na verdade, a estratgia em reconsiderar as recomendaes dos grupos que avaliaram os peixes e os invertebrados marinhos j havia se delineada na reunio de maro em Braslia, quando os resultados foram formalmente apresentados ao governo pela Fundao Biodiversitas. Naquela oportunidade os representantes do Ministrio do Meio Ambiente (MMA) alegaram que os peixes e os crustceos deveriam ser objeto de estudos adicionais, dada a sua importncia scio-econmica, e lograram protelar por 6 meses sua incluso na lista oficial, em funo do tempo demandado para esses estudos. A argumentao utilizada pelo MMA vem de duas esferas inter-relacionadas: a repercusso scio-econmica de se interferir na captura de espcies exploradas pela pesca artesanal e industrial; j que muitas pessoas dependem dessa atividade como fonte de renda ou subsistncia, e em segundo, os desdobramentos jurdicos acerca da explorao de espcies ameaadas, que a rigor deveriam passar a ter proteo legal.
As implicaes jurdicas da incluso dos peixes na lista oficial de espcies ameaadas no so claras, em funo das inconsistncias dos instrumentos legais disponveis, particularmente da Lei dos Crimes Ambientais (LCA) de 1998. Segundo um representante do MMA, a captura ou pesca de espcies ameaadas da fauna silvestre constituiria um crime ambiental inafianvel. Entretanto a LCA, em seu artigo 29, no menciona a pesca como uma maneira de utilizao da fauna silvestre. O mesmo artigo d abertura para que a fauna silvestre possa ser utilizada mediante permisso, licena ou autorizao da autoridade competente. Alguns ainda se questionam se os peixes so representantes da fauna silvestre, uma vez que a antiga Lei de Proteo Fauna (Lei 5.197/67) enfatizava os aspectos relacionados caa, e no se referia explicitamente aos peixes. Todavia em seu artigo primeiro, a referida lei caracteriza como constituindo a fauna silvestre, animais de quaisquer espcies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro. Os peixes certamente se enquadram nesta definio, a menos que os representantes de nossos rgos ambientais pretendam inclu-los em algum outro reino que no o dos animais. A prpria LCA situa como representantes da fauna silvestre os espcimes pertencentes fauna nativa, migratria e quaisquer outras, aquticas ou terrestres que tenham todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do territrio brasileiro, ou em guas jurisdicionais brasileiras (grifo nosso). Portanto, segundo esta definio os peixes so representantes da fauna silvestre.
A maneira de resolver o impasse legal no proibir mas sim regulamentar a pesca de espcies ameaadas de extino, mesmo porque para monitorar o estado de suas populaes, na maioria das vezes os cientistas devem recorrer a capturas peridicas, muitas delas oriundas da pesca. A regulamentao de proteo deve incluir o estabelecimento de cotas de captura, perodos de defeso, e a criao de unidades de conservao aquticas e reas de excluso de pesca. Isso feito em todos os paises que tem medidas de proteo as espcies de peixes. A proibio total de capturas s caberia nos casos de espcies criticamente ameaadas de extino. Desta forma, cada espcie listada pode ser objeto de medidas especficas de proteo e fiscalizao, apropriadas ao seu manejo e conservao. Atualmente, a excluso dos peixes brasileiros da lista gera conflitos adicionais, tais como a incluso de espcies brasileiras no Livro Vermelho da IUCN, cujo nmero que dever aumentar na prxima edio prevista para 2004, e nos apndices do CITES, conveno internacional de proteo espcies da qual o prprio governo brasileiro signatrio.
Quanto s questes scio-econmicas, devemos considerar que a maioria das espcies listadas como ameaadas no tem importncia econmica, tratando-se principalmente de peixes de pequeno porte que ocorrem em bacias altamente degradadas. As excees so alguns peixes marinhos sobre-explorados, como tubares e serrandeos, que precisam de medidas urgentes de proteo. Alm disso, no se pode dissociar a explorao pesqueira do paradigma do desenvolvimento sustentvel: a utilizao de recursos sobre-explorados no tem qualquer sustentabilidade, e uma rota que pode levar extino de espcies.
Por fim, podemos concluir que a ameaa de extino nos peixes uma constatao cientfica, embasada em critrios internacionais da IUCN, que so os mesmos adotados para os outros grupos da fauna brasileira e da maioria dos outros pases que abordaram o assunto. As causas da ameaa podem ser distintas, mas por que deveramos aceitar que a pesca de uma espcie em extino eticamente mais justificvel do que a caa de uma outra? A extino decorrente de aes antrpicas deve ser considerada inaceitvel sob qualquer tica, mesmo aquela de saciar a fome dos necessitados. Esperamos que o MMA acate as recomendaes da comunidade cientfica e faa a incluso dos peixes ameaados lista no prazo estipulado. extremamente importante que nos manifestemos individualmente e como membros de nossas sociedades cientficas em favor desta causa. Caso contrrio, medidas urgentes contra a extino de espcies no podero ser tomadas em tempo hbil.
Desovas e produo de alevinos do tucunar-comum em cativeiro
Melquades Pinto Paiva 1 & Francisco Hilton Nepomuceno 2
1: Rua Baronesa de Pocon, 71/701 Lagoa / 22471-270 Rio de Janeiro RJ Brasil.
E-mail: .
2: Rua Professor Lino da Encarnao, 345 / 60450-230 Fortaleza CE Brasil
O tucunar-comum, Cichla ocellaris Schneider, um cicldeo neotropical, nativo da regio Guiano-Amaznica e da bacia Araguaia-Tocantins. Foi introduzido (1939) em audes pblicos do nordeste do Brasil, pela extinta Comisso Tcnica de Piscicultura (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DNOCS), com a dupla finalidade de melhorar a qualidade da produo de pescado e combater as piranhas e pirambebas espcies do gnero Serrasalmus Lacpde.
A tecnologia do cultivo em cativeiro do tucunar-comum foi desenvolvida por aquela agncia governamental, resultando na disseminao da espcie em guas interiores de grande parte do territrio brasileiro.
Os acasalamentos do tucunar-comum, nas Estaes de Piscicultura, se faziam por escolha natural dos reprodutores, apoiada pela presena de carter sexual secundrio e temporrio nos machos; na ocasio, os peixes tinham em mdia 280 mm de comprimento total e 1112 meses de idade, quando atingem a maturidade sexual (FONTENELE, 1948, 1950).
No acervo de documentos da Estao de Piscicultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil), recuperamos as fichas de 20 casais do tucunar-comum, cobrindo os anos de 1974 1982, das quais resultaram os dados constantes das tabelas I e II.
Os dados da tabela I indicam grande variao dos intervalos entre acasalamentos e primeiras desovas; tambm, mostram clara tendncia de reduo dos intervalos entre desovas, com mdias variando entre 69 34 dias. As 56 desovas observadas ocorreram em todos os meses do ano. H registro do mximo de 39 desovas por casal do tucunar-comum (FONTENELE, 1948).
A produo de alevinos por desova (tabela II), em termos mdios, evidencia queda aps a 5 desova dos casais, com a mdia geral de 898 alevinos por desova.
O tucunar-comum protege a prole, assim reduzindo a mortalidade de larvas e alevinos (FONTENELE, 1950). As contagens dos alevinos ocorreram nas ocasies em que foram separados dos progenitores, quando tinham 20 45 mm de comprimento total.
TABELA I Intervalos entre acasalamentos/primeiras desovas e entre sucessivas desovas de 20 casais do tucunar-comum, observadas entre 1974 1982, na Estao de Piscicultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil).
Acasalamentos
e desovas
Observaes (n)
Intervalos (dias)
mximos
mnimos
mdios
acasalamento / 1 desova
16
483
4
152
1 desova / 2 desova
2 desova / 3 desova
3 desova / 4 desova
4 desova / 5 desova
5 desova / 6 desova
6 desova / 7 desova
19
15
8
7
5
2
173
90
69
50
76
44
24
13
35
18
21
24
69
51
52
35
41
34
Entre desovas
56
173
13
54
TABELA II Alevinos por desovas de 20 casais do tucunar-comum, observadas entre 1974 1982, na Estao de Piscicultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil).
Desovas
Observaes
(n)
Alevinos (n)
mximos
mnimos
mdias
1 desova
2 desova
3 desova
4 desova
5 desova
6 desova
7 desova
11
9
8
3
2
2
1
1.858
3.677
1.820
1.457
1.235
889
-
40
264
110
741
996
592
-
810
1.185
720
1.008
1.116
741
275
Desovas em geral
36
3.677
40
898
Referncias bibliogrficas
FONTENELE, O. 1948 Um carter sexual secundrio extragenital nos tucunars (Actinopterygii, Cichlidae). Rev. Brasil. Biol., Rio de Janeiro, 8 (2): 185 188, 3 figs.
FONTENELE, O. 1950 Contribuio para o conhecimento da biologia dos tucunars (Actinopterygii, Cichlidae), em cativeiro. Aparelho de reproduo. Hbitos de desova e incubao. Rev. Brasil. Biol., Rio de Janeiro, 10 (4): 503 519, 11 figs.
LIVROS
Anncios e resenhas
Atlas de animais aquticos perigosos do Brasil Guia mdico de diagnstico e tratamento de acidentes (por Vidal Haddad Jr. Editora Roca, So Paulo, 145 p., il., 2000)
Hitoshi Nomura - ESALQ-USP
Com um pouco de atraso apresentamos o livro escrito por Vidal Haddad Jr., assistente-doutor do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Cincias Mdicas da UNESP de Botucatu, SP. Trata-se do Atlas de animais aquticos perigosos do Brasil, que em boa hora foi publicado pela Editora Roca.
Antes de entrarmos no assunto da obra vejamos um pouco de histria sobre o estudo dos animais peonhentos e venenosos do Brasil.
Os cronistas, missionrios e viajantes dos sculos XVI a XIX j mencionaram fatos relacionados com os acidentes causados pelos animais peonhentos e venenosos deste pas.
Os pesquisadores brasileiros comearam a se interessar pelo assunto em princpios do sculo XX. Os primeiros assuntos que despertaram a ateno dos cientistas nesses animais se referem s serpentes peonhentas, comeando por Vital Brazil (1914), Rodolpho Klaus (1923), Salvador de Toledo Piza Jr. (1930), Afrnio do Amaral (1931, 1945), Philipe Westin Filho (1941), Eurico Santos (1944), Aloysio Mello Leito (1948), Flvio da Fonseca (1949), caro Vital Brazil (1951), Wolfgang Bucherl (1971). Outros animais venenferos foram estudados por Alberico Diniz (peixes 1905), Jaime Silvado (peixes 1911), Piraj da Silva (pot 1912), Rodolpho von Ihering (taturanas - 1914), Edgard de Roquete Pinto (tocandira 1915), Olympio da Fonseca (peixes - 1917, 1924 ), Vital Brazil & Jehan Vellard (batrquios 1924, aranhas 1925), O. de Magalhes (escorpies 1938, 1939), Jehan Vellard (raias 1931), Heitor Fres (niquins 1932, 1933), E. F. Barros (escorpies, 1937-1938), Bento Pickel (pot 1940), Eurico Santos (batrquios 1942), Joo de Paiva Carvalho (tubares e caes, 1942, anmonas 1943), O. Machado (escolopendras 1944, celenterados - 1945), P. A. P. Rocha (medusas 1945), etc.
Vidal obteve a colaborao da Santa Casa de Ubatuba para fazer as observaes clnicas dos pacientes que sofreram alguma injria por parte de animais marinhos.
Os invertebrados marinhos que ele observou pertencem aos filos Porifera, Coelenterata, Annelida, Mollusca, Echinodermata e Crustacea. Quanto aos vertebrados marinhos foram estudadas as classes Chondrichthyes e Osteichthyes. No tocante aos vertebrados de gua doce ele estudou os siluriformes (bagres, mandis, etc.), arraias, peixe-eltrico e peixes traumatognicos; quanto aos rpteis tratou de jacars e serpentes.
H um captulo sobre como se deve tratar os acidentados.
Como diz o ttulo do livro trata-se de um Atlas, no qual ele mostra, por meio de fotografias coloridas, os animais e os locais afetados por eles (mos, ps, ndegas, etc.). So mostrados esponjas (espongirioos), guas-vivas, corais, medusas, anmonas, caravelas (celenterados), poliquetas (aneldeos), condeos, polvos (moluscos), ourio-do-mar (equinodermas), siris, tamburutacas (crustceos). Os danos causados pelos peixes cartilaginosos como a arraia-pintada, arraia-bicuda, arraia-ticonha e cao-bagre so mostrados com detalhes. No tocante aos peixes sseos marinhos foram registrados casos provocados pelos bagres amarelo, branco e bandeira, peixe-escorpio preto e vermelho, peixe-sapo, peixe-cirurgio, moria, mira-cu, mariquita, roncador, guaivira, coi, peixe-elefante, peixe-pescador, peixe-agulha, barracuda. Ele cita um caso ocorrido com um peixe-leo, aliengena, mas introduzido pelos aquaristas no Brasil. Quanto aos peixes fluviais ele analisou os danos causados pelos bagres, abotoado, arraias, candiru, peixe-eltrico, corvina. Quanto aos rpteis tratou do jacar-au e sucuris.
Nenhum livro brasileiro tratou, de maneira to magistral, os danos causados pelos animais peonhentos e/ou venenosos, marinhos e fluviais, embora exista o de Marcelo Szpilman, de 1998. uma satisfao dizer que o Atlas rivaliza com a obra do mdico-pesquisador Bruce Halstead, Dangerous Marine Animals (1959), a maior autoridade no assunto, hoje aposentado e que vive nos Estados Unidos.
Tenho a satisfao de encomendar o livro a todos os pesquisadores brasileiros que se interessam pelo palpitante assunto dos animais peonhentos e/ou venenosos.
Comunicao dos Scios
(Nossa Contribuio)
Registro de Bregmaceros sp. (Actinopterygii: Bregmacerotidae)
na Baa de Todos os Santos e plataforma continental adjacente (Bahia)
Paulo Roberto Duarte Lopes, Jailza Tavares de Oliveira-Silva e Orane Falco de Souza Alves
A famlia Bregmacerotidae marinha, habita guas tropicais e subtropicais e inclui no nico gnero, Bregmaceros Thompson, 1840, 15 espcies nominais que atingem cerca de 120 mm e ocorrem da superfcie at profundidades de aproximadamente 4000 m sendo algumas encontradas em guas costeiras rasas e esturios (Houde, 1984; Smith, 1986; Paulin et al., 1989; Cohen et al., 1990; Cervign et al., 1992; Nelson, 1994).
Foram capturados 5 exemplares de Bregmaceros sp. durante amostragem de bentos com draga de arrasto retangular (55 cm x 45 cm x 18 cm) na Baa de Todos os Santos (abril-maio/1997) e plataforma continental adjacente a Salvador (abril/97) e busca fundo tipo Van Veen na Baa de Todos os Santos (maio/97), Bahia, entre 19,8 e 62,2 m de profundidade. Os exemplares esto depositados na coleo do Lab. de Ictiologia (Univ. Est. de Feira de Santana, LIUEFS) conservados em lcool 70%.
Segundo Cohen et al. (1990), a maioria das espcies de Bregmaceros difcil de caracterizar e identificar sendo necessrio estudos que podero evidenciar que algumas das espcies conhecidas sejam sinnimas e/ou aquelas atualmente consideradas sinnimas sejam vlidas e, por isso, suas distribuies no podem ser definidas. Assim, optou-se pela identificao nvel genrico at uma melhor compreenso do grupo alm da necessidade de revisar os registros do Brasil.
Belyanina (1980) cita 3 espcies no Atlntico: B. atlanticus Goode & Bean, 1886, B. macclellandi Thompson, 1840 e B. nectabanus Whitley, 1941 sendo as 2 primeiras habitando prximo costa e em mar aberto e a ltima reconhecida apenas recentemente devido erros de identificao. Para Houde (1984), B. nectabanus no ocorre no Atlntico ocidental e B. cantori Milliken & Houde, 1984 a mais comum nesta regio ocorrendo do sudeste do Atlntico ao largo do Brasil tendo este autor examinado exemplares de guas costeiras brasileiras entre 22S e 27S.
Os registros de Bregmaceros para o Brasil so referidos como B. atlanticus: Eskinazi & Lima (1968), em 1035'42''S-3615'10''W, em 44 m de profundidade; Benvegn (1973), entre Torres (29S) e Maldonado (Uruguai, 35S); Roux (1973), em 3040'S-4935'W, entre 135 e 141 m de profundidade; Figueiredo & Menezes (1978), entre 21 e 315 m de profundidade no Rio Grande do Sul; Vazzoler et al. (1982), entre Cabo Frio (23S) e Torres (2921'S) e Sret & Andreata (1992), entre 1909'00''S-3735'00''W e 2354'23''S-4210'52''W, entre 200 e 3450 m de profundidade.
Smith (1986) assinala para a frica do Sul e adjacncias no ndico as mesmas espcies de Bregmaceros citadas por Belyanina (1980) e inclui uma chave para identificao. Com base nesta, os exemplares aqui citados aproximam-se de B. nectabanus pelo nmero de raios da dorsal e anal (exceto os 2 menores exemplares e LIUEFS 3054, quanto dorsal, que no coincidem com as espcies consideradas) mas diferem no nmero de escamas em srie transversal, sempre inferior ao citado na chave (embora vrias tenham sido perdidas) e na relao comprimento padro/altura do corpo (exceto por LIUEFS 3056 e LIUEFS 3909). Segundo Smith (1986), o colorido de B. nectabanus branco-amarelado com uma estria amarronzada ao longo de cada lado do dorso que visvel (nem sempre ntida) nos exemplares examinados.
Estes so os primeiros registros de Bregmaceros na Bahia. Os exemplares da Baa de Todos os Santos estavam associados com valores elevados de salinidades (34S - 35S); pelo mtodo de coleta, Bregmaceros sp. estava junto ao substrato, associado com diferentes tipos deste.
Agradecimentos: ao Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Programa Natureza e Sociedade (Projeto CSR-085/97), pelo apoio financeiro pesquisa de tese da terceira autora; ao PICDT/UFBA (CAPES) pela bolsa de doutorado terceira autora; ao Sr. Celso C.N. Neto pelas mudanas efetuadas em sua embarcao, necessrias para a coleta de bentos.
Referncias Bibliogrficas
Belyanina, T.N. 1980. J. Ichthyol. 20 (1): 138-141.
Benvegn, G.Q. 1973. Publ. Esp. Inst. Oceanogr. S Paulo (3) parte I: 489-500.
Cervign, F. et al. 1992. Guia de campo de las especies comerciales y de aguas salobres de la costa septentrional de Sur America.
Cohen, D.M. et al. 1990. FAO Fish. Synop. 10 (125): 1-442.
Eskinazi, A.M. & Lima, H.H. 1968. Arq. Est. Biol. Mar. Univ. Fed. Cear (8) (2): 163-172.
Figueiredo, J.L. & Menezes, N.A. 1978. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. II. Teleostei (1).
Houde, E.D. 1984. Bregmacerotidae: development and relationships. In: Moser, H.G. et al. Ontogeny and Systematics of fishes. Amer. Soc. Ichthyol. Herpetol., Spec. Public. (1): 1-758.
Nelson, J.S. 1994. Fishes of the world.
Paulin, C. et al. 1989. Nat. Mus. New Zeal. Miscellan. Ser. (19): 1-279.
Roux, C. 1973. Ann. Inst. Oceanogr. 49 (fasc. suppl.): 23-207.
Sret, B. & Andreata, J.V. 1992. Cybium 16 (1): 81-100.
Smith, M.M. 1986. Family no. 92: Bregmacerotidae. In: SMITH, M.M. & HEEMSTRA, P.C. Smiths' Sea Fishes.
Vazzoler, G. et al. 1982. Dusenia 13 (3): 127-133.
Univ. Est. de Feira de Santana - Dep. Cincias Biolgicas - Lab. Ictiologia - E-mail: [email protected], [email protected]
Univ. Fed. da Bahia - Inst. Biologia - Dep. Zoologia - E-mail:[email protected]
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Expediente
BOLETIM
Sociedade Brasileira de Ictiologia
N(70
Presidente: Ierec Maria de Lucena Rosa
Secretrio: Robson Tamar da Costa Ramos Tesoureira: Renata Guimares Moreira
Elaborao: Diretoria SBI
Editorao: Robson T. C. Ramos e
Ierec M. L. Rosa
Assistente: Rodrigo C. A. P. Farias
Tiragem: 500 exemplares
Impresso: JHC Formulrios
Endereo: Secretaria da SBI
Dpto. de Sistemtica e Ecologia
CCEN Universidade Federal da Paraba
Campus Universitrio Joo Pessoa PB
58059-900
Email: [email protected]
Web: http://www.sbi.bio.br
CGC: 53.828.620/0001-80
Os conceitos, idias e comentrios expressos neste boletim so de inteira responsabilidade da Diretoria da SBI ou dos que os assinam.
Elevando a Capacidade de Suporte...
Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica
Anna Emilia Vazzoler, 1996
SBI/UEM, 169p.
Preo: R$ 25,00 (R$ 20,00 para scios)
Peixes do Rio Tibagi: Uma abordagem Ecolgica
Sirley T. Bennemann, Oscar A. Shibatta & Julio C. Garavello, 2000. UEL, 62p.
Preo: R$ 25,00
Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes
Malabarba, L.R. et al (eds), 1998 Edipucrs, 608p.
Preo: US$ 50,00
Postagem: R$ 15 (Brasil) US$ 15 (exterior)
ISSN 1519-0021
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1
Leia nesta edio:
Notcias...........................................................2
Comrcio de peixes ornamentais marinhos na Bahia..................................................................3
Os peixes brasileiros mais ameaados do que nunca..................................................................6
Desovas e produo de alevinos do tunar-comum em cativeiro...........................................7
Livros Anncios e Resenhas........................9
Comunicao dos Scios..............................10
Fatos importantes vm acontecendo no que diz respeito ao modo como pensamos a pesca no nosso pas e, tambm, como definimos os peixes, no conjunto maior da Fauna Brasileira. Dois momentos so emblemticos: a criao da Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca e a publicao da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino, Lista esta que no inclui o grupo dos peixes. Ambos os tpicos receberam cobertura da mdia e merecem uma reflexo por parte de todos que se dedicam ao estudo dos peixes e dos seus ambientes.
Com relao criao da Secretaria, importante que a comunidade ictiolgica acompanhe de perto os novos rumos delineados para a Aqicultura e Pesca no nosso pas e busque contribuir, dentro dos seus vrios campos de atuao, no sentido de tornar a sustentabilidade ecolgica um componente indissocivel de tais atividades no Brasil.
Com respeito Lista: a excluso dos peixes, grupo que contm o maior nmero de espcies dentre os vertebrados (sim, espcies, vrias ameaadas), preocupante. Empregar tratamento diferenciado para espcies ameaadas, com base em uma viso exclusivamente utilitria (recursos pesqueiros versus fauna) certamente no trar benefcios nem para as espcies nem para as atividades comerciais que delas dependem. Neste sentido, novos paradigmas conservacionistas devem ser buscados no nosso pas, incorporando a noo de que, antes de serem recursos pesqueiros, os peixes so animais que necessitam manter populaes viveis para desempenhar suas funes no ecossistema.
importante destacar que, de acordo com a Lei no. 9.605/98, so espcimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes s espcies nativas, migratrias e quaisquer outras, aquticas ou terrestres, que tenham todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do territrio brasileiro, ou guas jurisdicionais brasileiras. E que a Constituio Brasileira (Art. 225) incumbe ao Poder Pblico proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais crueldade.
Boletim da
Sociedade
Brasileira
de Ictiologia
CORREIO SBI
De: Ana-Lucia Vendel, das Antilhas francesas
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Figura 1. Coletor de peixes ornamentais marinhos, Bahia.
Foto: Leo Dutra
Ls Saints, uma das ilhas do Arquiplago de Guadalupe, Antilhas francesas. uma ilha pequena e muito aconchegante, tem praias desertas e divinas .... O lugar realmente maravilhoso, pena que tenho tanto trabalho e no vou muito praia, como gostaria.
At breve.
Ana-Lcia.
Hippocampus reidi. Foto: Thelma Dias
Envie uma foto do seu peixe favorito para [email protected]. Resoluo mnima: 600 dpi.
Foto: Ana-Lcia Vendel
Peixe da Vez...
_989643649.doc
_997162709.doc
_997162735.doc
_997166890.doc
_989643661.doc
_989643642.doc
Roberto E. ReisBoletim 71.doc
Pgina 2 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71
Conselheiro da SBI em destaque: o colega Paulo de Tarso Cha-ves adicionou s suas atividades acadmicas o cargo de Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Cincia e Tecnologia da UFPR, unidade vinculada Pr-Reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao.
Repovoamento de peixes na regio do Alto Tiet: No dia 20 de maro de 2003, em cerimnia realizada com representantes da Univer-sidade de Mogi das Cruzes (UMC), do Departamento de gua e Energia Eltrica de So Paulo (DAEE) alm de prefeitos, deputados e vereado-res dos municpios da regio, foi reinaugurada a Estao de Piscicultura da Barragem de Ponte Nova, no municpio de Salespolis/SP. A UMC, preocupada com o repovoamento e conservao gentica de peixes da regio do Alto Tiet, vem conduzindo trabalhos que objetivam no somente a conservao da diversidade gentica de espcies afetadas por impactos causados pela ao humana, mas que tambm, auxiliam nas medidas de manuteno de espcies importantes para alimentao humana advindas da pesca e piscicultura. Os trabalhos do Laboratrio de Gentica de Peixes e Aqicultura, ligado ao Ncleo de Cincias Ambientais da UMC tm atuado na bacia hidro-grfica do Alto Tiet onde se insere a UMC. Este trabalho vem sendo realizado sob a coordenao do Prof. Dr. Alexandre Hilsdorf e com a cooperao do governo do Estado de So Paulo por meio do DAEE e empresas da regio como a Klabin e a Bandeirantes de Energia, que uniram esforos e esto contribuindo para recuperao da Estao de Piscicultura de Ponte Nova. Em breve, esta Estao, juntamente com o trabalho de pesquisadores do NcleDo de Cincias Ambientais da UMC ser um centro de produo de peixes nativos da regio para progra-mas de repovoamento e tambm um local para o desenvolvimento de programas de educao ambiental. [matria enviada pela colega e Tesoureira da SBI Renata Guimares Moreira]
IX Congresso Brasileiro de Limnologia gua: Rompendo fron-teiras entre Cincia, Educao e Cidadania; de 20 a 25 de Julho de 2003, em Juiz de Fora, Minas Gerais (www.cblimnologia.ufjf.br).
XIV Encontro de Zoologia do Nordeste A Zoologia no Desen-volvimento Sustentvel; de 12 a 16 de setembro, em Macei, Alago-as (www.uefs.br/snz/snz.html).
2 Simpsio de reas Protegidas Conservao no mbito do Cone Sul; de 13 a 15 de outubro de 2003, em Pelotas, Rio Grande do Sul (www.sap2.net).
VI Congresso de Ecologia do Brasil Ecossistemas Brasileiros: manejo e conservao; de 9 a 14 de novembro de 2003, em Fortale-za, Cear (www.viceb.com.br).
MEMBROS DA DIRETORIA E CONSELHO DELIBERATIVO
DA SBI
DIRETORIA BINIO 2003-2005
Presidente: Dra. Ierec Maria de Lucena Rosa Depto. de Sistemtica e Ecologia Universidade Federal da Paraba
[email protected] Secretrio:
Dr. Robson Tamar da Costa Ramos Depto. de Sistemtica e Ecologia Universidade Federal da Paraba
[email protected] Tesoureira:
Dra. Renata Guimares Moreira Departamento de Fisiologia Universidade de So Paulo
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Dr. Roberto Esser dos Reis
Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Membros: Dr. ngelo Antonio Agostinho
Universidade Estadual de Maring - UEM
[email protected] [email protected]
Dr. Jos Sabino Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal -
UNIDERP [email protected]
Dr. Luiz Roberto Malabarba Museu de Cincias e Tecnologia -
PUCRS [email protected]
Dr. Paulo Andreas Buckup Museu Nacional - UFRJ
[email protected] Dr. Paulo de Tarso Chaves
Universidade Federal do Paran - UFPR
[email protected] Dr. Thomaz Lipparelli
Fundao O Boticrio de Proteo Natureza - FBPN
Notcias
NOTA DE FALECIMENTO (texto enviado pelo colega Joo Vieira)
Prezados colegas,
com muito pesar que comunicamos o falecimento do nosso colega ictilogo Luis Eduardo Dias Pereira (Dudu) ocorrido em Rio Grande no dia 9 de abril do 2003. Dudu foi professor de Ictiologia no curso de graduao em Oceanologia da FURG desde 1978, aluno de mestrado do Prof. Dr. Chao e colega de laboratrio de Joo Vieira e Marlise Bemvenuti.
Laboratrio de Ictiologia/FURG - Departamento de Oceanografia
Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71 Pgina 3
Comrcio de peixes ornamentais marinhos na Bahia: passado, presente e futuro Cludio L.S. Sampaio1 & Ierec Lucena Rosa2 1: Universidade Federal da Paraba. E-mail: [email protected];
2: Universidade Federal da Paraba. E-mail: [email protected]
Introduo
A pesca com fins ornamentais uma crescente atividade comercial, composta por um complexo de pes-
carias artesanais, que fornece mais de 1.000 espcies e envolve cerca de 45 pases. Representa uma atividade
sustentada por um comrcio internacional, bem-estruturado e multimilionrio, que atende s necessidades de
vrios milhes de aquaristas em todo o mundo. A coleta de peixes ornamentais marinhos teve seu incio no Sri
Lanka, nos anos 30. Porm, apenas nos anos 50 houve sua expanso gradativa, com o incio das exportaes
por via area. Na dcada de 1970, a atividade se expandiu, em termos do nmero de pases envolvidos (Wood,
2001).
Apesar da importncia da pesca para fins ornamentais em termos scio-econmicos e ambientais, ape-
nas recentemente dados de captura comearam a ser produzidos e os efeitos de remoo de espcies e poten-
ciais danos aos ambientes de coleta investigados.
O Brasil tem participao ativa no comrcio de peixes ornamentais marinhos, principalmente como ex-
portador de um grande nmero de espcies. Entretanto, pouco se conhece sobre a atividade no pas. Informa-
es gerais acerca do assunto podem ser encontradas em Guimares et al. (2000), Monteiro-Neto et al. (2000)
Rosa & Dias (2002) e Rosa et al. (2002). Anlises detalhadas, porm, so recentes e existem apenas para os
Estados do Cear (Nottingham et al., 2000; Monteiro-Neto et al, 2003) e Bahia (Sampaio, 2003), que embora
sejam dois dos principais pontos da atividade no pas, no representam a totalidade das capturas, uma vez que
estas ocorrem em outros Estados.
Paralelamente ao incio das pesquisas sobre o comrcio de peixes ornamentais marinhos no Brasil, a
partir do final dos anos 90, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov-
veis), no intuito de buscar subsdios para uma regulamentao da atividade, realizou quatro reunies (respecti-
vamente em Fortaleza, CE; Tamandar, PE; Itaja, SC e Fortaleza, CE), com a participao de pesquisadores e
de tcnicos do IBAMA. A partir destas reunies, foram produzidos relatrios apresentando informaes oficiais
sobre o comrcio de peixes ornamentais marinhos e recomendaes de carter tcnico-cientfico. Em termos de
avano do conhecimento, merece destaque a primeira anlise global de dados oficiais brasileiros (a partir das
autorizaes concedidas aos comerciantes pelo IBAMA) e do grau de vulnerabilidade das espcies de peixes
capturadas com fins ornamentais, feita durante a reunio de Tamandar (IBAMA, 2000).
Embora tenha havido progressos no estado do conhecimento acerca do comrcio de peixes ornamentais
marinhos no Brasil, iniciativas de monitorar tal atividade, apesar de necessrias, so ainda extremamente raras,
tendo o IBAMA-CE e o IMAT (Grupo de Ictiologia Marinha Tropical, Universidade Federal do Cear) sido pionei-
ros neste sentido. O presente trabalho parte de um estudo mais amplo de acompanhamento do comrcio de
organismos marinhos capturados com fins ornamentais na Bahia, sendo as informaes ora apresentadas parte
da dissertao de mestrado Anlise do Comrcio de Peixes Ornamentais Marinhos no Estado da Bahia, Brasil
(Sampaio, 2003).
Pgina 4 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71
Atravs do estudo centrado na Bahia, o Estado com maior rea de costa e um dos pioneiros na extrao
de organismos para fins ornamentais no pas, espera-se colaborar com e aes concretas de conservao e
manejo em prol das populaes de peixes comercialmente exploradas e dos seus habitats.
I. Breve histrico
O comrcio de peixes ornamentais marinhos relativamente recente no Brasil, tendo se iniciado na d-
cada de 1970 no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Eduardo Saar (com. pess.), o primeiro coletor profis-
sional, oriundo da regio de Cabo Frio (RJ), instalou-se na Bahia em 1979, dando-se assim o incio das exporta-
es de peixes no Estado. Em meados da dcada de 80, a extrao de peixes desenvolveu-se de forma acentu-
ada, em consonncia com o aumento da procura por invertebrados marinhos; nesta mesma poca, um outro
componente do comrcio existia na Bahia: o cultivo do peixe-palhao (Amphiprion spp), uma espcie extica.
Tal experincia representou a nica tentativa brasileira de cultivo de peixes marinhos para fins ornamentais e,
atualmente, no mais ocorre no Estado. As capturas de peixes ornamentais marinhos firmaram-se ao longo dos
ltimos 20 anos na cidade de Salvador e interior da Baa de Todos os Santos, onde a pesca artesanal tecni-
camente propcia, seja ela embarcada ou no.
Material e Mtodos A coleta de dados foi realizada no perodo de fevereiro de 2001 a outubro de 2002, atravs de visitas
sistemticas ao maior atacadista de peixes ornamentais marinhos da Bahia, bem como pelo acompanhamento
de coletores em atividade (Figura 1). Material testemunho encontra-se depositado nas colees do Laboratrio
de Ictiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (LIUEFS) e Universidade Federal da Paraba (UFPB).
Resultados e Discusso
Foram registrados 60 famlias, 127 gne-
ros e 187 espcies de peixes, distribudos em trs
ordens e sete famlias de Chondricthyes e 15 or-
dens e 53 famlias de Actinopterygii. Dentre as
espcies comercializadas, foram encontradas uma
espcie ainda no registrada para o Atlntico Sul,
10 espcies raras no litoral brasileiro, seis recen-
temente descritas, trs em fase de descrio e
uma possivelmente nova para a cincia (Sampaio
& Rosa, em preparao). Tais resultados esto em
acordo com Wood (2001), a qual estimou que
aproximadamente 50 famlias so normalmente utilizadas no mercado internacional de peixes ornamentais ma-
rinhos.
O fato de 60 famlias de peixes, sendo sete de Elasmobrnquios, serem capturadas para fins ornamen-
tais, um forte indicador da importncia deste comrcio na Bahia, tanto em termos ecolgicos, quanto scio-
econmicos. Comparativamente, Nottingham et al. (2000), relacionaram cinco famlias para o Cear, sendo uma
nica de Elasmobrnquio, enquanto que Monteiro-Neto et al. (2003) registraram, tambm para o Cear, 38
Figura 1. Coletor de peixes ornamentais marinhos, Bahia. Foto: Leo Dutra
Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71 Pgina 5
famlias, sendo quatro de Elasmobrnquios, em estudo abrangendo o perodo de janeiro de 1995 a novembro
de 2000. O comrcio de peixes ornamentais na Bahia, embora centrado em torno de um nmero relativamente
alto de famlias, concentra-se numericamente em poucas espcies. Esta uma caracterstica do comrcio em
nvel mundial, tendo sido tambm uma tendncia observada nos estudos realizados no Cear.
As capturas de peixes para fins ornamentais na Bahia selecionam, em sua maioria, indivduos jovens,
em tamanhos inferiores ao da maturidade sexual, podendo tal seletividade levar a desequilbrios na estrutura
populacional das espcies-alvo da pesca. Um outro problema detectado foi o das identificaes errneas de
espcies comercializadas. Tal problema tambm foi detectado por Monteiro et al. (2003) no Cear e certamente
precisa ser corrigido, a fim tornar os dados de comercializao mais precisos.
Os resultados do primeiro inventrio das espcies capturadas com fins ornamentais na Bahia (Sampaio,
2003), onde foram registrados txons com declnios populacionais j observados (por exemplo, cavalos-
marinhos), indicam urgncia na elaborao de estudos sobre as suas caractersticas biolgicas e ecolgicas, a
fim de determinar a presso e a influncia da pesca sobre tais espcies, alm de estratgias para sensibilizar o
mercado aquarista - coletores, comerciantes e consumidores - para os problemas de conservao detectados
(por exemplo, manuseio inadequado levando a um aumento nas taxas de mortalidade, utilizao de espcies
no recomendadas para manuteno em cativeiro).
A regulamentao do comrcio e a conservao das espcies de peixes ornamentais marinhos do litoral
brasileiro devem ser encaradas como uma prioridade, uma vez que as conseqncias das capturas so virtual-
mente desconhecidas; alm disso, nosso pas possui uma parcela de espcies recifais endmica, de efetivo po-
tencial ornamental, sequer descrita cientificamente.
Neste sentido, o conhecimento sobre o que capturado e comercializado premente para o delinea-
mento de medidas conservacionistas e normativas que certamente devem ser implementadas no Brasil. Faz-se
necessrio um entendimento adequado dos processos envolvidos no comrcio aquarista, com o objetivo de
propor um manejo eficaz e de se buscar a sustentabilidade da atividade. Faz-se tambm necessria uma gesto
participativa, que incorpore os vrios segmentos envolvidos no comrcio de peixes ornamentais marinhos, a fim
de que se possa construir de fato uma atividade pautada pela responsabilidade scio-ambiental e para que me-
didas normativas elaboradas para o setor possam atingir os seus objetivos.
Referncias Bibliogrficas
Guimares, R.Z.P.; Gasparini, J.L.; Ferreira, C.E.L.; Rocha, L.A.; Floeter, S.R.; Rangel, C.A. & Nunan, G.W. 2000. Peixes recifais
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de Mestrado, Universidade Federal da Paraba.
Wood, E. 2001. Collection of coral reef fish aquaria: global trade, conservation issues and management strategies.
Marine Conservation Society, U.K. 80.
Os peixes brasileiros mais ameaados do que nunca
Ricardo S. Rosa Departamento de Sistemtica e Ecologia, UFPB E-mail: [email protected]
Foi com grande surpresa que aqueles diretamente envolvidos na elaborao da lista de espcies de peixes
ameaadas de extino no Brasil (ver Boletim n 70), bem como toda a comunidade de ictilogos, receberam a not-
cia da excluso dos peixes da nova edio da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino, lanada no dia
22 de maio em Braslia. Surpresa desagradvel, pois como sabemos, os peixes j tinham sido desconsiderados na
primeira verso da lista em 1989, e o resultado das avaliaes recentemente conduzidas, indicava que o seu nmero
de espcies ameaadas chegara a 166, superando qualquer outro grupo zoolgico considerado. Medidas urgentes de
proteo a essas espcies tero que ser adiadas, e os ictilogos interessados em submeter propostas voltadas para a
conservao de peixes ameaados ao Edital FNMA 01/2003, tiveram suas iniciativas tolhidas, pois oficialmente no h
peixes ameaados no Brasil que pudessem ser objeto de tais propostas.
Na verdade, a estratgia em reconsiderar as recomendaes dos grupos que avaliaram os peixes e os inver-
tebrados marinhos j havia se delineada na reunio de maro em Braslia, quando os resultados foram formalmente
apresentados ao governo pela Fundao Biodiversitas. Naquela oportunidade os representantes do Ministrio do Meio
Ambiente (MMA) alegaram que os peixes e os crustceos deveriam ser objeto de estudos adicionais, dada a sua im-
portncia scio-econmica, e lograram protelar por 6 meses sua incluso na lista oficial, em funo do tempo de-
mandado para esses estudos. A argumentao utilizada pelo MMA vem de duas esferas inter-relacionadas: a reper-
cusso scio-econmica de se interferir na captura de espcies exploradas pela pesca artesanal e industrial; j que
muitas pessoas dependem dessa atividade como fonte de renda ou subsistncia, e em segundo, os desdobramentos
jurdicos acerca da explorao de espcies ameaadas, que a rigor deveriam passar a ter proteo legal.
As implicaes jurdicas da incluso dos peixes na lista oficial de espcies ameaadas no so claras, em fun-
o das inconsistncias dos instrumentos legais disponveis, particularmente da Lei dos Crimes Ambientais (LCA) de
1998. Segundo um representante do MMA, a captura ou pesca de espcies ameaadas da fauna silvestre constituiria
um crime ambiental inafianvel. Entretanto a LCA, em seu artigo 29, no menciona a pesca como uma maneira de
utilizao da fauna silvestre. O mesmo artigo d abertura para que a fauna silvestre possa ser utilizada mediante
permisso, licena ou autorizao da autoridade competente. Alguns ainda se questionam se os peixes so represen-
tantes da fauna silvestre, uma vez que a antiga Lei de Proteo Fauna (Lei 5.197/67) enfatizava os aspectos rela-
cionados caa, e no se referia explicitamente aos peixes. Todavia em seu artigo primeiro, a referida lei caracteriza
como constituindo a fauna silvestre, animais de quaisquer espcies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro. Os peixes certamente se enquadram nesta definio, a menos que os represen-
tantes de nossos rgos ambientais pretendam inclu-los em algum outro reino que no o dos animais. A prpria LCA
situa como representantes da fauna silvestre os espcimes pertencentes fauna nativa, migratria e quaisquer ou-
tras, aquticas ou terrestres que tenham todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do territ-
Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71 Pgina 7 rio brasileiro, ou em guas jurisdicionais brasileiras (grifo nosso). Portanto, segundo esta definio os peixes so re-
presentantes da fauna silvestre.
A maneira de resolver o impasse legal no proibir mas sim regulamentar a pesca de espcies ameaadas de
extino, mesmo porque para monitorar o estado de suas populaes, na maioria das vezes os cientistas devem re-
correr a capturas peridicas, muitas delas oriundas da pesca. A regulamentao de proteo deve incluir o estabele-
cimento de cotas de captura, perodos de defeso, e a criao de unidades de conservao aquticas e reas de exclu-
so de pesca. Isso feito em todos os paises que tem medidas de proteo as espcies de peixes. A proibio total
de capturas s caberia nos casos de espcies criticamente ameaadas de extino. Desta forma, cada espcie listada
pode ser objeto de medidas especficas de proteo e fiscalizao, apropriadas ao seu manejo e conservao. Atual-
mente, a excluso dos peixes brasileiros da lista gera conflitos adicionais, tais como a incluso de espcies brasileiras
no Livro Vermelho da IUCN, cujo nmero que dever aumentar na prxima edio prevista para 2004, e nos apndi-
ces do CITES, conveno internacional de proteo espcies da qual o prprio governo brasileiro signatrio.
Quanto s questes scio-econmicas, devemos considerar que a maioria das espcies listadas como amea-
adas no tem importncia econmica, tratando-se principalmente de peixes de pequeno porte que ocorrem em ba-
cias altamente degradadas. As excees so alguns peixes marinhos sobre-explorados, como tubares e serrandeos,
que precisam de medidas urgentes de proteo. Alm disso, no se pode dissociar a explorao pesqueira do para-
digma do desenvolvimento sustentvel: a utilizao de recursos sobre-explorados no tem qualquer sustentabilidade,
e uma rota que pode levar extino de espcies.
Por fim, podemos concluir que a ameaa de extino nos peixes uma constatao cientfica, embasada em
critrios internacionais da IUCN, que so os mesmos adotados para os outros grupos da fauna brasileira e da maioria
dos outros pases que abordaram o assunto. As causas da ameaa podem ser distintas, mas por que deveramos
aceitar que a pesca de uma espcie em extino eticamente mais justificvel do que a caa de uma outra? A extin-
o decorrente de aes antrpicas deve ser considerada inaceitvel sob qualquer tica, mesmo aquela de saciar a
fome dos necessitados. Esperamos que o MMA acate as recomendaes da comunidade cientfica e faa a incluso
dos peixes ameaados lista no prazo estipulado. extremamente importante que nos manifestemos individualmen-
te e como membros de nossas sociedades cientficas em favor desta causa. Caso contrrio, medidas urgentes contra
a extino de espcies no podero ser tomadas em tempo hbil.
Desovas e produo de alevinos do tucunar-comum em cativeiro Melquades Pinto Paiva 1 & Francisco Hilton Nepomuceno 2
1: Rua Baronesa de Pocon, 71/701 Lagoa / 22471-270 Rio de Janeiro RJ Brasil. E-mail: .
2: Rua Professor Lino da Encarnao, 345 / 60450-230 Fortaleza CE Brasil
O tucunar-comum, Cichla ocellaris Schneider, um cicldeo neotropical, nativo da regio Guiano-
Amaznica e da bacia Araguaia-Tocantins. Foi introduzido (1939) em audes pblicos do nordeste do Brasil,
pela extinta Comisso Tcnica de Piscicultura (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DNOCS),
com a dupla finalidade de melhorar a qualidade da produo de pescado e combater as piranhas e pirambebas
espcies do gnero Serrasalmus Lacpde.
A tecnologia do cultivo em cativeiro do tucunar-comum foi desenvolvida por aquela agncia governa-
mental, resultando na disseminao da espcie em guas interiores de grande parte do territrio brasileiro.
mailto:[email protected]
Pgina 8 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71
Os acasalamentos do tucunar-comum, nas Estaes de Piscicultura, se faziam por escolha natural dos
reprodutores, apoiada pela presena de carter sexual secundrio e temporrio nos machos; na ocasio, os
peixes tinham em mdia 280 mm de comprimento total e 1112 meses de idade, quando atingem a maturidade
sexual (FONTENELE, 1948, 1950).
No acervo de documentos da Estao de Piscicultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil), recuperamos
as fichas de 20 casais do tucunar-comum, cobrindo os anos de 1974 1982, das quais resultaram os dados
constantes das tabelas I e II.
Os dados da tabela I indicam grande variao dos intervalos entre acasalamentos e primeiras desovas;
tambm, mostram clara tendncia de reduo dos intervalos entre desovas, com mdias variando entre 69 34
dias. As 56 desovas observadas ocorreram em todos os meses do ano. H registro do mximo de 39 desovas
por casal do tucunar-comum (FONTENELE, 1948).
A produo de alevinos por desova (tabela II), em termos mdios, evidencia queda aps a 5 desova
dos casais, com a mdia geral de 898 alevinos por desova.
O tucunar-comum protege a prole, assim reduzindo a mortalidade de larvas e alevinos (FONTENELE,
1950). As contagens dos alevinos ocorreram nas ocasies em que foram separados dos progenitores, quando
tinham 20 45 mm de comprimento total.
TABELA I Intervalos entre acasalamentos/primeiras desovas e entre sucessivas desovas de 20 casais do tucunar-comum, observadas entre 1974 1982, na Estao de Piscicultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil).
Intervalos (dias) Acasalamentos
e desovas Observaes
(n) mximos mnimos mdios acasalamento / 1 desova 16 483 4 152
1 desova / 2 desova 2 desova / 3 desova 3 desova / 4 desova 4 desova / 5 desova 5 desova / 6 desova 6 desova / 7 desova
19 15 8 7 5 2
173 90 69 50 76 44
24 13 35 18 21 24
69 51 52 35 41 34
Entre desovas 56 173 13 54
TABELA II Alevinos por desovas de 20 casais do tucunar-comum, observadas entre 1974 1982, na Estao de Pisci-cultura Pedro de Azevedo (Ic CE Brasil).
Alevinos (n) Desovas Observaes (n) mximos mnimos mdias 1 desova 2 desova 3 desova 4 desova 5 desova 6 desova 7 desova
11 9 8 3 2 2 1
1.858 3.677 1.820 1.457 1.235 889
-
40 264 110 741 996 592
-
810 1.185 720 1.008 1.116 741 275
Desovas em geral 36 3.677 40 898
Referncias bibliogrficas
FONTENELE, O. 1948 Um carter sexual secundrio extragenital nos tucunars (Actinopterygii, Cichlidae). Rev. Brasil. Biol., Rio
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FONTENELE, O. 1950 Contribuio para o conhecimento da biologia dos tucunars (Actinopterygii, Cichlidae), em cativeiro.
Aparelho de reproduo. Hbitos de desova e incubao. Rev. Brasil. Biol Rio de Janeiro, 10 (4): 503 519, 11 figs. .,
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LIVROS Anncios e resenhas
Atlas de animais aquticos perigosos do Brasil Guia mdico de diagnstico e tratamento de acidentes (por Vidal Haddad Jr. Editora Roca, So Paulo, 145 p., il., 2000)
Hitoshi Nomura - ESALQ-USP
Com um pouco de atraso apresentamos o livro escrito por Vidal Haddad Jr., assistente-doutor do Departa-
mento de Dermatologia da Faculdade de Cincias Mdicas da UNESP de Botucatu, SP. Trata-se do A las de animais
aquticos perigosos do B asil, que em boa hora foi publicado pela Editora Roca.
t
r
Antes de entrarmos no assunto da obra vejamos um pouco de histria sobre o estudo dos animais peonhen-
tos e venenosos do Brasil.
Os cronistas, missionrios e viajantes dos sculos XVI a XIX j mencionaram fatos relacionados com os aci-
dentes causados pelos animais peonhentos e venenosos deste pas.
Os pesquisadores brasileiros comearam a se interessar pelo assunto em princpios do sculo XX. Os primei-
ros assuntos que despertaram a ateno dos cientistas nesses animais se referem s serpentes peonhentas, come-
ando por Vital Brazil (1914), Rodolpho Klaus (1923), Salvador de Toledo Piza Jr. (1930), Afrnio do Amaral (1931,
1945), Philipe Westin Filho (1941), Eurico Santos (1944), Aloysio Mello Leito (1948), Flvio da Fonseca (1949), caro
Vital Brazil (1951), Wolfgang Bucherl (1971). Outros animais venenferos foram estudados por Alberico Diniz (peixes
1905), Jaime Silvado (peixes 1911), Piraj da Silva (pot 1912), Rodolpho von Ihering (taturanas - 1914), Ed-
gard de Roquete Pinto (tocandira 1915), Olympio da Fonseca (peixes - 1917, 1924 ), Vital Brazil & Jehan Vellard
(batrquios 1924, aranhas 1925), O. de Magalhes (escorpies 1938, 1939), Jehan Vellard (raias 1931), Hei-
tor Fres (niquins 1932, 1933), E. F. Barros (escorpies, 1937-1938), Bento Pickel (pot 1940), Eurico Santos
(batrquios 1942), Joo de Paiva Carvalho (tubares e caes, 1942, anmonas 1943), O. Machado (escolopen-
dras 1944, celenterados - 1945), P. A. P. Rocha (medusas 1945), etc.
Vidal obteve a colaborao da Santa Casa de Ubatuba para fazer as observaes clnicas dos pacientes que
sofreram alguma injria por parte de animais marinhos.
Os invertebrados marinhos que ele observou pertencem aos filos Porifera, Coelenterata, Annelida, Mollusca,
Echinodermata e Crustacea. Quanto aos vertebrados marinhos foram estudadas as classes Chondrichthyes e Osteich-
thyes. No tocante aos vertebrados de gua doce ele estudou os siluriformes (bagres, mandis, etc.), arraias, peixe-
eltrico e peixes traumatognicos; quanto aos rpteis tratou de jacars e serpentes.
H um captulo sobre como se deve tratar os acidentados.
Como diz o ttulo do livro trata-se de um Atlas, no qual ele mostra, por meio de fotografias coloridas, os ani-
mais e os locais afetados por eles (mos, ps, ndegas, etc.). So mostrados esponjas (espongirioos), guas-vivas,
corais, medusas, anmonas, caravelas (celenterados), poliquetas (aneldeos), condeos, polvos (moluscos), ourio-do-
mar (equinodermas), siris, tamburutacas (crustceos). Os danos causados pelos peixes cartilaginosos como a arraia-
pintada, arraia-bicuda, arraia-ticonha e cao-bagre so mostrados com detalhes. No tocante aos peixes sseos ma-
rinhos foram registrados casos provocados pelos bagres amarelo, branco e bandeira, peixe-escorpio preto e verme-
lho, peixe-sapo, peixe-cirurgio, moria, mira-cu, mariquita, roncador, guaivira, coi, peixe-elefante, peixe-pescador,
peixe-agulha, barracuda. Ele cita um caso ocorrido com um peixe-leo, aliengena, mas introduzido pelos aquaristas
Pgina 10 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71
no Brasil. Quanto aos peixes fluviais ele analisou os danos causados pelos bagres, abotoado, arraias, candiru, peixe-
eltrico, corvina. Quanto aos rpteis tratou do jacar-au e sucuris.
Nenhum livro brasileiro tratou, de maneira to magistral, os danos causados pelos animais peonhentos e/ou
venenosos, marinhos e fluviais, embora exista o de Marcelo Szpilman, de 1998. uma satisfao dizer que o Atlas
rivaliza com a obra do mdico-pesquisador Bruce Halstead, Dangerous Marine Animals (1959), a maior autoridade no
assunto, hoje aposentado e que vive nos Estados Unidos.
Tenho a satisfao de encomendar o livro a todos os pesquisadores brasileiros que se interessam pelo palpi-
tante assunto dos animais peonhentos e/ou venenosos.
Comunicao dos Scios
(Nossa Contribuio)
Registro de Bregmaceros sp. (Actinopterygii: Bregmacerotidae)
na Baa de Todos os Santos e plataforma continental adjacente (Bahia)
Paulo Roberto Duarte Lopes, Jailza Tavares de Oliveira-Silva e Orane Falco de Souza Alves
A famlia Bregmacerotidae marinha, habita guas tropicais e subtropicais e inclui no nico gnero,
Bregmaceros Thompson, 1840, 15 espcies nominais que atingem cerca de 120 mm e ocorrem da superfcie at
profundidades de aproximadamente 4000 m sendo algumas encontradas em guas costeiras rasas e esturios
(Houde, 1984; Smith, 1986; Paulin et al., 1989; Cohen et al., 1990; Cervign et al., 1992; Nelson, 1994).
Foram capturados 5 exemplares de Bregmace os sp. durante amostragem de bentos com draga de arrasto
retangular (55 cm x 45 cm x 18 cm) na Baa de Todos os Santos (abril-maio/1997) e plataforma continental ad-
jacente a Salvador (abril/97) e busca fundo tipo Van Veen na Baa de Todos os Santos (maio/97), Bahia, entre
19,8 e 62,2 m de profundidade. Os exemplares esto depositados na coleo do Lab. de Ictiologia (Univ. Est. de
Feira de Santana, LIUEFS) conservados em lcool 70%.
r
Segundo Cohen et al. (1990), a maioria das espcies de Bregmaceros difcil de caracterizar e identificar
sendo necessrio estudos que podero evidenciar que algumas das espcies conhecidas sejam sinnimas e/ou
aquelas atualmente consideradas sinnimas sejam vlidas e, por isso, suas distribuies no podem ser defini-
das. Assim, optou-se pela identificao nvel genrico at uma melhor compreenso do grupo alm da neces-
sidade de revisar os registros do Brasil.
Belyanina (1980) cita 3 espcies no Atlntico: B. atlanticus Goode & Bean, 1886, B. macclellandi Thomp-
son, 1840 e B. nectabanus Whitley, 1941 sendo as 2 primeiras habitando prximo costa e em mar aberto e a
ltima reconhecida apenas recentemente devido erros de identificao. Para Houde (1984), B. nectabanus no
ocorre no Atlntico ocidental e B. cantori Milliken & Houde, 1984 a mais comum nesta regio ocorrendo do
sudeste do Atlntico ao largo do Brasil tendo este autor examinado exemplares de guas costeiras brasileiras
entre 22S e 27S.
Os registros de Bregmaceros para o Brasil so referidos como B. atlanticus: Eskinazi & Lima (1968), em
1035'42''S-3615'10''W, em 44 m de profundidade; Benvegn (1973), entre Torres (29S) e Maldonado (Uru-
guai, 35S); Roux (1973), em 3040'S-4935'W, entre 135 e 141 m de profundidade; Figueiredo & Menezes
Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 71 Pgina 11
(1978), entre 21 e 315 m de profundidade no Rio Grande do Sul; Vazzoler et al. (1982), entre Cabo Frio (23S)
e Torres (2921'S) e Sret & Andreata (1992), entre 1909'00''S-3735'00''W e 2354'23''S-4210'52''W, entre
200 e 3450 m de profundidade.
Smith (1986) assinala para a frica do Sul e adjacncias no ndico as mesmas espcies de Bregmaceros
citadas por Belyanina (1980) e inclui uma chave para identificao. Com base nesta, os exemplares aqui citados
aproximam-se de B. nectabanus pelo nmero de raios da dorsal e anal (exceto os 2 menores exemplares e
LIUEFS 3054, quanto dorsal, que no coincidem com as espcies consideradas) mas diferem no nmero de
escamas em srie transversal, sempre inferior ao citado na chave (embora vrias tenham sido perdidas) e na
relao comprimento padro/altura do corpo (exceto por LIUEFS 3056 e LIUEFS 3909). Segundo Smith (1986),
o colorido de B. nectabanus branco-amarelado com uma estria amarronzada ao longo de cada lado do dorso
que visvel (nem sempre ntida) nos exemplares examinados.
Estes so os primeiros registros de Bregmaceros na Bahia. Os exemplares da Baa de Todos os Santos
estavam associados com valores elevados de salinidades (34S - 35S); pelo mtodo de coleta, Bregmaceros sp.
estava junto ao substrato, associado com diferentes tipos deste.
Agradecimentos: ao Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Programa Natureza e Sociedade (Projeto CSR-085/97), pelo apoio
financeiro pesquisa de tese da terceira autora; ao PICDT/UFBA (CAPES) pela bolsa de doutorado terceira autora; ao Sr. Celso
C.N. Neto pelas mudanas efetuadas em sua embarcao, necessrias para a coleta de bentos.
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Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica Anna Emilia Vazzoler, 1996 SBI/UEM, 169p. Preo: R$ 25,00 (R$ 20,00 para scios)
Peixes do Rio Tibagi: Uma abordagem Ecolgica
Sirley T. Bennemann, Oscar A. Shibatta & Julio C. Garavello, 2000. UEL, 62p. Preo: R$ 25,00
Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes Malabarba, L.R. et al (eds), 1998 Edipucrs, 608p. Preo: US$ 50,00 Postagem: R$ 15 (Brasil) US$ 15 (exterior)
EditorialReferncias BibliogrficasTABELA I Intervalos entre acasalamentos/primeiras desovas TABELA II Alevinos por desovas de 20 casais do tucunar-coReferncias bibliogrficasEndereo da Tesouraria: Dra. Renata G. Moreira. Depto. de FiE-mail: [email protected] a Capacidade de Suporte...Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes