Edição Antiga do Cosmopolítico #03

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RI.UFF DEZEMBRO/2011 A TINTA VERMELHA: discurso de Slavoj Žižek aos manifestantes do movimento Occupy Wall Street. “NÃO SE APAIXONEM POR SI MES- MOS, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo traba- lho duro e paciente somos o início, não o fim. Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas. Há um longo cami- nho pela frente, e em pouco tempo teremos de enfrentar questões real- mente difíceis questões não sobre aquilo que não queremos, mas sobre aquilo que QUEREMOS. Qual organi- zação social pode substituir o capita- lismo vigente? De quais tipos de líde- res nós precisamos? As alternativas do século XX obviamente não ser- vem.” O restante do discurso você encontra disponível no link: http://bit.ly/r9lJwf A cortina de fumaça da segurança na USP Pablo Ortellado, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Maquiavel, teórico da política, defendia numa obra famosa (os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio) que a causa da intensa e fratricida violência política da cidade de Florença era a não institucionalização dos seus conflitos. Em Florença, dizia Maquiavel, cada partido (os guelfos e os gibelinos, os negros e os brancos, os nobres e o povo) consoli- davam a vitória com a expulsão do partido adversário da vida política da cidade de maneira que só restava ao grupo derro- tado atuar de fora do jogo político estabelecido, preparando um golpe de estado. O resultado era uma vida política violenta e sanguinária, sem estabilidade política e sem paz interna. Guardadas as grandes diferenças de contexto histórico, essa é uma excelente explicação para a conturbada vida políti- ca da Universidade de São Paulo. Ao contrário das outras grandes universidades públicas, como a Unicamp ou as fede- rais do Rio, Minas e Rio Grande do Sul, a gestão da USP é incrivelmente não democrática, o que, com os anos, empurrou todos os setores não alinhados com o grupo no poder para ação extra-institucional simplesmente por falta de opção. As eleições para reitor na USP são definidas por um colegiado de apenas cem pessoas dessas, há um represen- tante dos professores doutores (que compõem a maioria dos docentes), quatorze representantes dos estudantes e apenas três dos funcionários. Os demais são representantes dos ór- gãos de direção que, com poucas exceções, se autoperpetuam no poder. Todas as comissões estatutárias são compostas pelas mesmas vinte ou trinta pessoas que se alternam nas diferen- tes funções há pelo menos duas décadas. É um jogo marcado, viciado e sem qualquer espaço para que a comunidade de oi- tenta mil alunos, quinze mil funcionários e cinco mil professo- res consiga se manifestar ou influir efetivamente nas decisões. Essa forma institucional excludente e arcaica empurrou as forças políticas para atuar por meio de greves, piquetes e ocu- pações de prédios, já que simplesmente não têm outra manei- ra efetiva de atuar. Para complicar ainda mais a situação, nem mesmo es- ses injustos procedimentos de eleição de reitor foram honra- dos, já que na última eleição o governador escolheu o segun- do colocado na lista tríplice. E esse segundo colocado, o reitor João Grandino Rodas, tem tido uma gestão fortemente con- frontativa, impondo decisões injustas e ameaçando a dissidên- cia com o uso de força policial.” O artigo completo você encontra no link: http://bit.ly/vkHHam No dia 12 de novembro (sábado) ocorreu a 1ª Olimpíada das Faculdades Federais de Relações Internacionais. Com a desistência da Rural nos 45 do segundo tempo (por motivos de roça maior), o campeonato contou somente com a participação da UFF e UFRJ em três modalidades de esporte masculinos: vôlei, basquete e futsal. Ainda assim, todos os contratempos não significaram nem de longe um fracasso. As universidades foram muito bem representadas pelos seus jogadores. A torcida presente, muito exaltada, chegou a invadir a quadra para abraçar os jogadores. No desempenho geral, a UFF sofreu uma elegante derrota no basquete por 28 a 21 pelo time sem reserva da UFRJ, seguida pela feliz recuperação no futsal, com a incrível vitória de 9 a 2. Fato curioso é que Tiago fez, sozinho, 4 gols! O W.O. do time da UFRJ no vôlei decidiu, por fim, o desempate no saldo de pon- tos. O resultado foi a vitória uffiana, que levou para casa (aka sala do CA) as me- dalhas do futsal e a taça de ouro da modalidade geral. Parabéns aos addoristas! Parabéns aos addoristas! Que venham as próximas! Que venham as próximas! Por: Fernanda Olívia uma história, dois pontos de vista A agência da ONU sobre energia atômica afirmou haver informação “confiável"“de que o Irã estava realizando "atividades relevantes para o desen- volvimento de um dispositivo nuclear explosivo". Em novembro, o governo israelense alertou para a possibilidade de “usar ogivas táticas de baixa radiatividade” contra o Irã. Teerã continua afirmando que “não há prova de atividades iranianas voltadas para propósitos militares”. Como diria Drummond, e agora, José?

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O Cosmopolítico é um periódico do curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense. Criado em 2011, pelo Centro Acadêmico Sergio Vieira de Mello, teve como objetivo divulgar textos, acadêmicos ou literários, charges, entrevistas, pérolas, dentre outros diversos conteúdos para toda a comunidade acadêmica como um todo. Após um longo período sem publicações, pensou-se na transferência do jornal, para uma versão totalmente online.

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Page 1: Edição Antiga do Cosmopolítico #03

RI.UFF DEZEMBRO/2011

A TINTA VERMELHA: discurso de

Slavoj Žižek aos manifestantes

do movimento Occupy

Wall Street.

“NÃO SE APAIXONEM POR SI MES-

MOS, nem pelo momento agradável

que estamos tendo aqui. Carnavais

custam muito pouco – o verdadeiro

teste de seu valor é o que permanece

no dia seguinte, ou a maneira como

nossa vida normal e cotidiana será

modificada. Apaixone-se pelo traba-

lho duro e paciente – somos o início,

não o fim. Nossa mensagem básica

é: o tabu já foi rompido, não vivemos

no melhor mundo possível, temos a

permissão e a obrigação de pensar

em alternativas. Há um longo cami-

nho pela frente, e em pouco tempo

teremos de enfrentar questões real-

mente difíceis – questões não sobre

aquilo que não queremos, mas sobre

aquilo que QUEREMOS. Qual organi-

zação social pode substituir o capita-

lismo vigente? De quais tipos de líde-

res nós precisamos? As alternativas

do século XX obviamente não ser-

vem.”

O restante do discurso você encontra

disponível no link: http://bit.ly/r9lJwf

A cortina de fumaça da segurança na USP Pablo Ortellado,

professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

“Maquiavel, teórico da política, defendia numa obra famosa (os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio) que a causa da intensa e fratricida violência política da cidade de Florença era a não institucionalização dos seus conflitos. Em Florença, dizia Maquiavel, cada partido (os guelfos e os gibelinos, os negros e os brancos, os nobres e o povo) consoli-davam a vitória com a expulsão do partido adversário da vida política da cidade – de maneira que só restava ao grupo derro-tado atuar de fora do jogo político estabelecido, preparando um golpe de estado. O resultado era uma vida política violenta e sanguinária, sem estabilidade política e sem paz interna. Guardadas as grandes diferenças de contexto histórico, essa é uma excelente explicação para a conturbada vida políti-ca da Universidade de São Paulo. Ao contrário das outras grandes universidades públicas, como a Unicamp ou as fede-rais do Rio, Minas e Rio Grande do Sul, a gestão da USP é incrivelmente não democrática, o que, com os anos, empurrou todos os setores não alinhados com o grupo no poder para ação extra-institucional – simplesmente por falta de opção.

As eleições para reitor na USP são definidas por um colegiado de apenas cem pessoas – dessas, há um represen-tante dos professores doutores (que compõem a maioria dos docentes), quatorze representantes dos estudantes e apenas três dos funcionários. Os demais são representantes dos ór-gãos de direção que, com poucas exceções, se autoperpetuam no poder. Todas as comissões estatutárias são compostas pelas mesmas vinte ou trinta pessoas que se alternam nas diferen-tes funções há pelo menos duas décadas. É um jogo marcado, viciado e sem qualquer espaço para que a comunidade de oi-tenta mil alunos, quinze mil funcionários e cinco mil professo-res consiga se manifestar ou influir efetivamente nas decisões. Essa forma institucional excludente e arcaica empurrou as forças políticas para atuar por meio de greves, piquetes e ocu-pações de prédios, já que simplesmente não têm outra manei-ra efetiva de atuar. Para complicar ainda mais a situação, nem mesmo es-ses injustos procedimentos de eleição de reitor foram honra-dos, já que na última eleição o governador escolheu o segun-do colocado na lista tríplice. E esse segundo colocado, o reitor João Grandino Rodas, tem tido uma gestão fortemente con-

frontativa, impondo decisões injustas e ameaçando a dissidên-cia com o uso de força policial.”

O artigo completo você encontra no link: http://bit.ly/vkHHam

No dia 12 de novembro (sábado) ocorreu a 1ª Olimpíada das Faculdades Federais de Relações Internacionais. Com a desistência da Rural nos 45 do segundo tempo (por motivos de roça maior), o campeonato contou somente com a participação da UFF e UFRJ em três modalidades de esporte masculinos:

vôlei, basquete e futsal. Ainda assim, todos os contratempos não significaram nem de longe um fracasso. As universidades foram muito bem representadas pelos seus jogadores. A torcida presente, muito exaltada, chegou a invadir a quadra para abraçar os jogadores. No desempenho geral, a UFF sofreu uma elegante derrota no basquete por 28 a 21 pelo time sem reserva da UFRJ, seguida pela feliz recuperação no futsal, com a incrível vitória de 9 a 2. Fato curioso é que Tiago fez, sozinho, 4 gols!

O W.O. do time da UFRJ no vôlei decidiu, por fim, o desempate no saldo de pon-tos. O resultado foi a vitória uffiana, que levou para casa (aka sala do CA) as me-dalhas do futsal e a taça de ouro da modalidade geral.

Parabéns aos addoristas!Parabéns aos addoristas!

Que venham as próximas!Que venham as próximas! Por: Fernanda Olívia

uma história, dois pontos de vista

A agência da ONU sobre energia atômica afirmou haver informação “confiável"“de que o Irã estava realizando "atividades relevantes para o desen-volvimento de um dispositivo nuclear explosivo". Em novembro, o governo israelense alertou para a possibilidade de “usar ogivas táticas de baixa

radiatividade” contra o Irã. Teerã continua afirmando que “não há prova de

atividades iranianas voltadas para propósitos militares”.

Como diria Drummond, e agora, José?

Page 2: Edição Antiga do Cosmopolítico #03

Enquanto isso, no Cairo... O Farol

Por Tiago Dias, o cara dos quatro gols..

Meu bem, somos como explora-dores portugueses,

procurando o desconhecido pra chamarmos de lar; porém ressentindo a saudade do que deixamos... Segure minha mão, e em meio a

imensidão

de tudo o que eu não consiga ver leve-me e seja o meu motivo pra que eu possa me perder

em tudo o quê for você...

Pois se há um farol, há sempre

um pretexto para se viver qualquer ilusão, pois se há uma estrela e uma bússola achemos sempre uma nova dire-ção...

Meu bem, somos como explora-dores portugueses,

com medo de tudo o que chama-mos de lar

procurando qualquer pedaço de

terra em meio ao mar...