Edição 236 - Convênio farmácias X empresas

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Convênio entre farmácias e empresas é uma ferramenta de fidelização capaz de elevar o faturamento da loja PROLIFERADO ano XIX • nº 236 julho de 2012 BENEFÍCIO

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Revista Guia da Farmácia - Edição 236

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Convênio entre farmácias e empresas é uma ferramenta de fidelização

capaz de elevar o faturamento da loja

proliferado

ano XIX • nº 236julho de 2012

benefício

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entrevista - giles platford, takeda brasil

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L

estratégicoFocoPara atender a nova classe média brasileira, takeda comPra multilab e aPosta no segmento de otc. emPresa revela seus Planos Para o brasil, entre eles está o lançamento de quatro novos ProdutosPor Tânia Longaresi

líder de mercado no Japão e 12ª maior farmacêu-tica global, a takeda entrou definitivamente no Brasil no ano passado, após comprar a Nycomed. de olho nos mercados emergentes, essa negociação foi estra-tégica para a empresa. Para consolidar sua presença no País, a takeda agora foca a nova classe média brasileira. Para atender esse consumidor, o laborató-rio recentemente adquiriu a Multilab. “a aquisição da Multilab vai posicionar a takeda como uma das dez maiores companhias farmacêuticas no Brasil, per-mitindo que a empresa aumente sua oferta de pro-dutos no País, atendendo melhor às diversas neces-

sidades da população brasileira. acreditamos que esse será um excelente complemento ao portfólio atual da takeda de produtos otC no Brasil”, relata, em um bate papo exclusivo com o Guia da Farmácia, o pre-sidente da takeda no Brasil, giles Platford. Há três anos morando com a família no País, o inglês Platford tem como desafio entender e atender à necessidades do consumidor brasileiro. Em um país com dimensões continentais, esse desafio torna-se ainda maior, mas os resultados já demonstram que foi um bom come-ço. Confira a seguir os principais trechos desta entre-vista, realizada em bom português.

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“Estamos dirEcionados nos sEgmEntos dE otc E gEnéricos dE marca (similarEs). Visando atEndEr a noVa classE média brasilEira, prEcisamos dE produtos dE qualidadE E com prEços acEssíVEis”

entrevista - giles platford, takeda brasil

Guia da Farmácia • Para entrar no Brasil, a Take-da comprou, no ano passado, a Nycomed – labora-tório suíço com uma fábrica em operação no País. No mês passado, a empresa anunciou uma nova aquisi-ção: a multilab. Qual a estratégia da Takeda com essa nova aquisição?

Giles PlaTFord • faz parte da nossa estratégia aten-der às necessidades da nova classe média do Brasil. a aquisição da Multilab vem ao encontro desta meta. o portfólio da Multilab tem esse perfil. diversificamos o nos-so portfólio, com produtos de qualidade e custo acessível, para melhor atender a população brasileira.

Guia • até agora, as aquisições de grandes labo-ratórios visavam o mercado de genéricos. o segmen-to de genéricos da multilab não é tão expressivo. o que os negócios desse laboratório de médio porte agregam nos resultados da Takeda?

PlaTFord • Nosso maior interesse é no segmento de genéricos de marca (medicamentos similares). a aquisição da Multilab vai posicionar a takeda como uma das dez maiores companhias farmacêuticas no Brasil, permitindo que a empresa aumente sua oferta de pro-

dutos no País, atendendo melhor às diversas necessida-des da população brasileira. a Multilab tem produtos líderes de mercado, como o Multigrip, o produto mais vendido no País para tratamento de gripes e resfriados em unidades. acreditamos que esse será um excelente complemento ao portfólio atual da takeda de produtos otC no Brasil.

Guia • mas a Takeda pretende aumentar a produ-ção de genéricos da multilab?

PlaTFord • Pretendemos atuar no segmento de genéricos, mas não é o nosso foco. a Mutilab também fabrica genéricos. Estamos direcionados nos segmentos de otC e genéricos de marca (similares). visando aten-der a nova classe média brasileira, precisamos de pro-dutos de qualidade e com preços acessíveis. Para lançar

um novo produto de referência é preciso um grande investimento e mais de 10 anos de pesquisa, o que eleva o custo final do produto. Com os genéricos de marca temos a oportunidade de oferecer medicamentos de qualidade. Hoje, 40% do faturamento da takeda no Brasil é com a venda de otC, trabalhamos com marcas fortes, como Neosaldina, Eparema e Nebacetin. acre-ditamos que com a Multilab reforçamos nosso portfólio com o Bulprovil e Multigrip.

Guia • a presença de medicamentos como multigrip não é tão forte nas grandes redes de farmácias e dro-garias. Há pouco mais de dois anos, a Panvel, por exemplo, rede de varejo que assim como a multilab é gaúcha, não vendia multigrip. a Takeda pretende reestruturar o sistema de distribuição da multilab?

PlaTFord • a Multilab tem uma distribuição bem estabelecida por meio de distribuidores regionais e far-mácias de pequeno e médio porte independentes – em particular em regiões emergentes do País – que deverão complementar os relacionamentos da takeda com os principais distribuidores e farmácias em grandes cidades e capitais. É uma sinergia positiva.

Guia • mas como fica a atuação da Takeda no mer-cado de prescrição? o senhor pretende trazer novos produtos para o Brasil?

PlaTFord • vamos ampliar o nosso pipeline no País, com o lançamento de novos produtos inovadores. atual-mente, temos quatro novos produtos com a anvisa. além do mercado de otC e genéricos de marca, faz parte da nossa estratégia fortalecer nossa atuação nos segmentos de cardiologia, oncologia, endocrinologia, respiratórios.

Guia • em relação a pesquisa e desenvolvimento, a Takeda pretende investir no Brasil?

PlaTFord • a takeda investe 20% das vendas globais em pesquisa e desenvolvimento e acreditamos que o Brasil tem condições de intensificar sua participação em pesquisas clínicas.

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Guia • o que representa o Brasil para a Takeda?

PlaTFord • a aquisição da Nyco-med foi estratégica para a takeda, pois consolidamos negócios no Brasil, um país emergente, onde não atuávamos.

a estratégia da companhia para o País está respaldada na introdução de novos medicamentos e diversificação de mercado. Nos últimos três anos, a Nycomed estava crescendo de 13% a 15% por ano no Brasil. Nós acredi-tamos que com o lançamento do novo portfólio é pos-sível acelerar esse índice de crescimento.

Guia • aquisições de empresas locais, como a mul-tilab, fazem parte da estratégia da empresa para crescer em mercados emergentes?

PlaTFord • temos estratégias diferentes para mer-cados diferentes. No Brasil, a compra da Multilab faz parte dessa estratégia. Mas também temos planos de crescer organicamente. No momento, não está em nos-sos planos a compra de outras empresas.

Guia • os produtos da Nycomed e da multilab passarão a ter a marca Takeda?

PlaTFord • as marcas da Multilab continuarão a ter um marketing próprio. Já os produtos da Nycomed passarão a ser takeda. Esse processo de mudança de nome do laboratório nas embalagens dos medicamen-tos já está em aprovação na anvisa.

Guia • essa é uma estratégia para consolidar a marca Takeda no Brasil?

PlaTFord • Exato, ao deixar de usar a marca Nyco-med, passaremos a fortalecer a takeda. Hoje, estamos presentes em mais de 15 mil farmácias e drogarias. Com a Multilab, nossa capilaridade está ainda maior. Queremos estar entre os 10 maiores laboratórios do País e entre os três maiores no segmento de otC.

Guia • intensificar o investimento em pesquisa e

desenvolvimento no Brasil é possível?PlaTFord • a anvisa está acelerando o período de

revisão para produtos inovadores, o que é bastante positivo. também há mudança na legislação sobre in-clusão de estudos clínicos globais, visando diminuir o tempo de aprovação. Em minha opinião, isso dá uma mensagem muito positiva de que o Brasil está olhando e recebendo bem processos de inovação. a legislação é o que faltava.

Guia • Hoje o sus (sistema Único de saúde) é um grande comprador de medicamentos similares. com a aquisição da multilab, aumentar o relacionamento com o governo para aumentar a participação das compras governamentais também faz parte da es-tratégia da Takeda?

PlaTFord • atualmente nossas vendas para o gover-no não são significativas. temos condições de fortalecer essa parceria, mas hoje não faz parte da nossa estratégia.

Guia • a empresa pretende lançar marcas de si-milares de medicamentos já consolidados da Takeda e Nycomed?

PlaTFord • sua colocação faz sentido. a takeda tem produtos de referência inseridos em um mercado que comporta um genérico de marca (similar). É possí-vel fazer isso; onde vemos oportunidade de duas marcas no mercado vamos explorar.

Guia • Para consolidar essas metas, o que mais faz parte da estratégia da Takeda?

PlaTFord • Nossas pessoas. temos um excelente time no Brasil e acreditamos muito que para diferenciar a takeda no mercado dependemos das pessoas. No ano passado fomos classificados como uma das melhores empresas para trabalhar. Nossa meta é valorizar ainda mais nossos colaboradores, queremos ser a melhor em-presa do setor farmacêutico para trabalhar no Brasil.

entrevista - giles platford, takeda brasil

ao deixar de usar a marca nycomed,

passaremos a fortalecer a Takeda

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desafio

S

Do you speakenglish?

fotos: shutterstock

A entrAdA de estrAngeiros no BrAsil BAte recorde e Aquece A economiA do PAís, desPejAndo Aqui mAis de us$ 6,7 Bilhões no Ano PAssAdo. esses números devem doBrAr Até 2020, mAs será que os vArejistAs estão PrePArAdos PArA Atender A essA demAndA?Por rodrigo rodrigues

se você não fala inglês, é bom se preparar. Aqueles que ainda tinham dúvidas sobre o Bra-sil ser ou não a bola da vez entre os países em desenvolvimento no mundo já têm mais um motivo para acreditar que sim. É que no ano passado o País bateu seu recorde histórico de visitantes estrangeiros: 5,4 milhões.

o número é superior a qualquer outro registra-do no Brasil nos últimos 40 anos, data em que o Instituto Brasileiro de turismo (embratur) começou a fazer a medição de turistas estrangeiros que

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entram no País. Para quem mora em cidades como rio de Janeiro, são Paulo e salvador, ouvir estrangei-ros conversando em uma outra língua pelas ruas, shoppings e supermercados não é novidade. Porém, esse fluxo de “gringos”começa a ser mais nítido tam-bém em capitais nordestinas como recife, Maceió, fortaleza e Natal, que recebem cada vez mais turistas.

Juntos, os estrangeiros que visitaram o Brasil em 2011 despejaram mais de us$ 6,7 bilhões no País ano passado. Desde o início de 2012 até o final do mês de abril, o Ministério do turismo diz que o montante já soma us$ 2,4 bilhões, crescendo 8,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

com a proximidade de eventos esportivos como a copa das confederações (2013), copa do Mundo (2014) e olímpíadas (2016), o fluxo de estrangeiros tende a aumentar ainda mais. segundo estimativa da embratur, até a copa do Mundo o número de turis-tas do Brasil anualmente deve chegar a 7,2 milhões. A agência governamental espera que esse número alcance a marca de 11 milhões anuais até 2020.

Mas não são apenas os turistas que chegam dia-riamente ao Brasil. o número de estrangeiros que desembarcam para trabalhar e se estabelecer cres-ceu 25% no ano passado, segundo o Ministério do trabalho. De acordo com o órgão governamental, cerca de 70 mil novos estrangeiros receberam per-missão para trabalhar no País. “É um momento único vivido pelo Brasil. Ninguém sabe quanto tem-po vai durar, uma década, duas. fato é que o pe-queno e médio empresário precisa investir e ter

planejamento estratégico se quiser surfar nesse período positivo”, diz o consultor cadri Awad.

com tantos números positivos, será que o comér-cio no Brasil está preparado para atender esse públi-co? A resposta é não. Num teste prático feito pela reportagem do Guia da Farmácia em são Paulo e

rio de Janeiro, percebemos que farmacêuticos e balconistas de copacabana (rJ) e Jardins (sP) não conseguem entender pedi-dos simples de um estrangeiro. Visitamos quatro lojas localizadas nas áreas onde existe maior con-centração de hotéis e turistas nessas duas cidades. falando apenas inglês, entramos nessas farmácias usando a seguinte fra-

se: “I have a severe headache. Do you have anything for me?” (estou com uma forte dor de cabeça. tem algum remédio pra me vender?). Para surpresa geral, em nenhuma das quatro farmácias escolhidas encontramos alguém que falasse inglês e pudesse nos atender corretamente. frases como “No English” e “I don’t speak English” foram repetidas exaustivamente.

o comércio varejista está muito pouco sintonizado com a realidade do meio onde atua. o pequeno e médio empresário no Brasil ainda não tem a cultura de investir em treinamento e capacitação dos empregados. o proBlema é oriundo da falta de visão estratégica e imediatismo dos comerciantes na Busca de resultados rápidos

são PAulo

rIo De JANeIro

foz Do IguAçu

florIANóPolIs

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BúzIos

Belo horIzoNte

curItIBA

cAMBorIú

Porto Alegre

BrAsílIA

BoMBINhAs

PArAtI

ANgrA Dos reIs

goIâNIA

recIfe

MAcAÉ

fortAlezA

VItórIA

DeMAIs cIDADes

13,50%

13,10%

6,70%

5,60%

3,20%

2,30%

2,10%

2,00%

1,90%

1,80%

1,70%

1,50%

1,50%

1,40%

1,20%

1,20%

1,20%

1,20%

1,20%

35,40%

Cidades mais visitadas pelos estrangeiros

perCentual de turistas

Fonte: Ministério do Turismo/Embratur

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desafio

o teste revela que o comércio varejista está muito pouco sintonizado com a realidade do meio onde atua, segundo análise do consultor fabio castro, da consul-toria Varejo Br. De acordo com ele, o pequeno e médio empresário no Brasil ainda não tem a cultura de inves-tir em treinamento e capacitação dos empregados. o problema, segundo o consultor, é oriundo da falta de visão estratégica e imediatismo dos comerciantes na busca de resultados rápidos. “No mundo ideal, ter um balconista ou farmacêutico bilíngue e treinado para um bom atendimento seria condição básica para um co-mércio localizado em regiões de grande fluxo de es-trangeiros. Mas o desafio é fazer o varejista entender isso não apenas como um gasto a mais, mas como investimento para a qualidade da apresentação do ne-gócio e como incentivo para o empregado”, diz castro.

Países como Japão e euA já entenderam esse fenô-meno e hoje são exemplos da capacidade de entender seu meio. em Miami, por exemplo, as lojas da fabrican-te de computadores Apple contam com atendentes que falam inglês, espanhol e até português, em virtude do grande fluxo de brasileiros que aportaram por lá nos últimos anos. Já no Japão, em regiões como a Província de Mie, localizada na região de kansai, na ilha de honshu, é possível encontrar várias farmácias que aten-

dem no idioma local, mas também em inglês e espanhol, em virtude do grande número de turistas que passam pelas redondezas durante as várias peregrinações reli-giosas existentes na região. Numa das unidades é pos-

a loja que tem ao menos um empregado com o inglês afiado já consegue se diferenciar do concorrente. aliado a uma Boa campanha de internet e divulgação nos hotéis, o investimento certamente será um diferencial importante

sível até conversar em português com o farmacêutico, contra-tado especialmente para dar conta da frequência de brasileiros que moram ou passam por lá.

No Brasil, que vai receber jogos da copa das confederações e da copa do Mundo em pelo menos 12 cidades-sedes, ainda não se vê movimentos semelhantes por parte do comércio. “Muitos varejistas encaram o caso apenas como gastos. eles calculam que não vale a pena investir na formação de um empregado para atender um público que deve ficar no País apenas durante os jogos. o que é um erro, especialmente em cidades com grande fluxo de turistas durante o ano”, diz cadri Awad. Para o consul-tor, o investimento na formação bilíngue dos funcionários deve ser aplicado dentro de um plano de formação ampla dos empre-gados. “tem de ser uma política aliada à valorização, aos resul-tados e ao reconhecimento. É uma forma de manter o funcioná-rio motivado e, ao mesmo tempo, qualificar o próprio negócio. A loja que tem ao menos um empregado com o inglês afiado já consegue se diferenciar do concorrente. Aliado a uma boa cam-panha de internet e divulgação nos hotéis, o investimento certa-mente será um diferencial importante”, alerta Awad.

os consultores ouvidos pelo Guia da Farmácia lembram que não é apenas na copa e das olímpiadas que os turistas se apre-sentam em bando no Brasil. eventos como o carnaval, Réveillon, Parada gay ou o círio de Nazaré também costumam atrair mi-lhares de estrangeiros, independentemente dos grandes eventos

esportivos. “o comércio padece mui-tas vezes por não olhar para o dina-mismo da sua atividade e do seu en-torno. só sobrevive no mercado quem tem capacidade de pensar estrategi-camente e olhar para dentro do seu negócio e perceber que certas inova-ções só trazem contribuição e quali-dade para a empresa”, avalia castro.

os especialistas dizem que o Brasil tem enorme potencial de crescimento do número de turistas comparado a outros países como a frança e estados unidos, que recebem, res-pectivamente, 76 milhões e 59 milhões de estrangeiros todos

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desafio

ArgeNtINA

estADos uNIDos

uruguAI

AleMANhA

ItálIA

chIle

frANçA

PArAguAI

esPANhA

PortugAl

INglAterrA

colôMBIA

Peru

BolíVIA

holANDA

cANADá

suíçA

MÉxIco

JAPão

VeNezuelA

outros

total

1.593.775

594.947

261.204

241.739

229.484

217.200

207.890

192.730

190.392

183.728

149.564

91.345

86.795

85.429

72.162

70.358

65.951

64.451

63.247

57.261

713.702

5.433.354

29,33

10,95

4,81

4,45

4,22

4,00

3,83

3,55

3,50

3,38

2,75

1,68

1,60

1,57

1,33

1,29

1,21

1,19

1,16

1,05

13,14

100

10º

11º

12º

13º

14º

15º

16º

17º

18º

19º

20º

origem dos turistas que Chegam ao brasil total de

turistas partiCipação % posição

2011

Fonte: Departamento de Polícia Federal e Ministério do Turismo

os anos. Nos próximos anos, as doze cidades-sedes da copa e o rio de Janeiro devem ser as sensações do turismo no País. Belo horizonte, Brasília, cuiabá, curitiba, fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, re-cife, rio de Janeiro, salvador e são Paulo são as ve-detes do momento e o empresário dessas cidades deve avaliar com afinco a possibilidade de ampliar o aten-dimento para os estrangeiros.

contudo, basta olhar para o gráfico sobre as cidades mais visitadas do Brasil no ano passado que é possível verificar que Macaé (rJ), camboriú (sc), Vitória (es),

Búzios (rJ) e Parati (rJ também figuram entre os destinos mais procurados pelos estrangeiros. entre os visitantes, os argen-tinos e norte-americanos figuram entre os que mais chegam ao País, representando aproximadamente 40% dos turistas que aportam em solo brasileiro, seguidos de uruguaios, ale-mães, italianos, chilenos e franceses, segundo levantamento do Ministério do turismo. “As oportunidades estão postas e os varejistas dessas cidades precisam desenvolver a estratégia mais singular para o seu negócio. o que não pode acontecer é perder o bonde da história, para não se arrepender no fu-turo”, sentencia o consultor cadri Awad.

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cenário

Ifotos: shutterstock

consumoPor rodrigo rodrigues

Com poder de Compra e renda elevados, o Centro-oeste é a nova sensação do Consumo no Brasil. região deve movimentar CerCa de r$ 5,1 Bilhões em produtos farmaCêutiCos neste ano

Eldorado do

Impulsionada pelo avançado processo de industria-lização regional e, principalmente, pelo agronegócio fértil e desenfreado, a região centro-oeste tem se tor-nado o novo “eldorado” do consumo no Brasil. com-preendida pelos estados de Mato Grosso, Mato Gros-so do sul, Goiás e Distrito federal, a região tem uma das maiores rendas per capita do País e cresce acima da média nacional.

segundo a última pesquisa nacional divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGe), a renda média da população do centro-oeste au-mentou 7,96% por ano na última década, alcançan-do r$ 1.139 por mês. o valor supera a renda da re-gião sudeste, que chegou a r$1.098 mensais e é a

segunda maior do País. A média nacional é de r$ 955. os brasileiros que aí vivem também foram os que mais amplia-

ram o volume de compras e os gastos com alimentos, bebidas, artigos de higiene pessoal, beleza e limpeza, em relação às demais regiões do país, segundo levantamento realizado pelo instituto kantar Worldpanel. o estudo analisa periodicamente o consumo de 8.200 famílias de todo o Brasil durante um ano inteiro. A en-quete descobriu que os lares do centro-oeste ampliaram em 18% o desembolso para compras de 65 itens considerados de primei-ra necessidade. o valor foi quase o dobro da média nacional, que chegou a 10,4% no último período pesquisado.

os moradores do centro-oeste também são os líderes de gastos em cada ida ao supermercado, desembolsando um tí-quete médio de r$ 16,01. A cifra é superior à média nacional

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cenário

estado de Goiás (sinfar-Go). “Vivemos um período diferenciado do consumo, graças à ascensão das classes c e D e do crescimento do crédito e da renda. Anápolis, Jataí, santa helena e catalão são exemplos de crescimento fora das capitais, que impulsionam nos-so estado. contudo, os farmacêuticos da nossa região não po-dem achar que o consumo por si gerará renda para o seu negó-cio. É preciso se profissionalizar para obter resultados mais pro-missores”, destaca o presidente do sincofago, João Aguiar.

gestão Profissionalizadaentre todas as farmácias de Goiás, 48,48% são de proprieda-

de de farmacêuticos, que detêm pelo menos 1.360 unidades no interior do estado e outras 365 na capital, Goiânia. com o cres-cimento do mercado, as grandes bandeiras buscam o mercado goiano com maior entusiasmo. A competição tem prejudicado muito os donos de farmácias locais, justamente por conta da falta de profissionalização de alguns empreendedores familiares mencionados por Aguiar.

Por outro lado, o presidente do sinfar-Go, cadri saleh Ah-mad Awad, também avalia que a invasão das grandes redes na região já despertou o interesse do médio e pequeno vare-jista pela modernização do negócio próprio. contudo, mui-tos comerciantes ainda cometem erros graves na administra-ção das lojas, segundo Awad. “faltam noções básicas de téc-nicas de gestão de caixa, pagamento de impostos, precifica-ção e gerenciamento de produtos para boa parte dos comer-ciantes locais. em alguns municípios, a informatização da loja, que é uma coisa básica, ainda nem chegou. Muitos até pa-

gam impostos dobrados, sem nem saber do que se trata”, aponta Awad. “A ausência de uma gestão profissionalizada impede que o comerciante vis-lumbre maior participação no mercado local e só abre portas para as grandes bandeiras usu-fruírem desse ótimo momento que a região atravessa”, com-pleta o presidente do sindicato

dos farmacêuticos de Goiás, que também é consultor na área de gestão de negócios.

Awad cita o Distrito federal como exemplo de falência do pequeno e médio comerciante. entre todas as 1.371 farmácias existentes na capital federal, apenas 346 são de propriedade de farmacêuticos. “sem profissionalização, é impossível con-correr com a ambição dos gigantes farmacêuticos”, sentencia.

em virtude da exuberância do consumo na região centro-oes-

em goiás a nova realidade gerou um crescimento de cerca de 30% no número

de farmácias

Um lEvantamEnto do ibopE aponta qUE o cEntro-oEstE também tEm Um potEncial dE dEsEmbolso médio anUal com mEdicamEntos mUito próximo ao da rEgião sUdEstE, a mais rica E com maior númEro dE habitantEs do país

de r$ 13,96 e ultrapassou os dois principais polos con-sumidores do Brasil: a Grande são Paulo (r$ 12,25) e o interior paulista (r$ 14,76). “É uma região muito favo-recida pelo crescimento econômico brasileiro no geral, mas também pela alta empregabilidade e instalação de polos industriais por lá nos últimos cinco anos”, diz a gerente de marketing da kantar Worldpanel, Patrícia Menezes. “Nesse período, as riquezas que a região pro-duzia praticamente dobraram em relação ao Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) total, saltando de 4% para 8%. É um avanço que não pode ser desprezado e que dá um potencial de consumo muito forte para os do-micílios da região”, explica.

No que diz respeito ao consumo de medicamentos, um levantamento do Instituto Brasileiro de opinião Pú-blica e estatística (Ibope) divulgado no último mês de mar-ço aponta que a região também tem um potencial de desembolso médio anual com medicamentos muito pró-ximo ao da região sudeste, a mais rica e com maior nú-mero de habitantes do País. segundo o Ibope, cada um dos 13 milhões de habitantes do centro-oeste deve gas-tar r$ 402,34 com medicamentos até o fim do ano. No sudeste, onde a população é pelo menos seis vezes maior, com cerca de 80,7 milhões de pessoas, o potencial de consumo individual é de r$ 429,70.

o Ibope aponta também que a região central do País deve movimentar neste ano cerca de r$ 5,13 bilhões em venda de medicamentos, representando 8,14% dos r$ 63 bilhões que o País deve gastar com medicamen-tos até 31 de dezembro.

segundo o sindicato do comércio Varejista de Produ-tos farmacêuticos no estado de Goiás (sincofago), a nova realidade gerou um crescimento de cerca de 30% no nú-mero de farmácias no estado nos últimos três anos. Atu-almente, Goiás tem 3.560 farmácias, sendo que 815 es-tão na capital e as outras 2.745 estão localizadas no inte-rior, de acordo com dados do conselho federal de farmá-cia, disponibilizados pelo sindicato dos farmacêuticos do

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cenário

Em virtUdE da ExUbErância do consUmo na rEgião cEntro-oEstE, o sEbraE inicioU Em 2009 Um programa EspEcífico dE trEinamEnto Em atEndimEnto farmacêUtico: o projEto “comércio varEjista dE drogarias E farmácias”

te, o serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas em-presas (sebrae) do Distrito federal iniciou em 2009 um programa específico de treinamento em atendimento far-macêutico. o projeto “comércio Varejista de Drogarias e farmácias” tinha o objetivo de melhorar a relação inter-pessoal dos farmacêuticos e balconistas com os clientes, além de auxiliar na elaboração de planos de marketing, administração das contas, gestão de processos, entre ou-tras atividades ligadas ao pequeno varejo farmacêutico. contudo, o projeto naufragou no primeiro ano por falta de demanda, segundo informou a assessoria do sebrae--Df. “se não nos prepararmos e capacitarmos, não che-garemos a lugar nenhum. É preciso aproveitar esse boom regional. os estabelecimentos precisam se unir e adquirir experiência e qualidade para aumentar as margens de lu-

cro, que hoje estão muito pequenas”, argumenta João Aguiar, presidente do sincofago.

No Mato Grosso a situação não é diferente. o estado tem cerca de 1.400 farmácias, sendo que cerca de 400 es-tão na capital cuiabá. entre todas as unidades estaduais, cerca de 90% são de pequenos e médios varejistas. Na ca-pital, a proporção das grandes redes é maior, cerca de 35% do total, de acordo com os números do sindicato do co-mércio farmacêutico de cuiabá (sindicofarma-Mt). o pre-sidente da entidade, ricardo cristaldo, acredita na força do consumo da região, que segundo ele foi impulsionada principalmente pelos programas de distribuição de renda do governo Lula. Porém, o executivo diz que a situação do comércio local está longe de ser um “eldorado do consu-mo”, como apregoam os institutos de pesquisa: “o mer-cado em Mato Grosso é igual ao do restante do País onde havia muita pobreza e miséria acentuada. contudo, a in-vasão das grandes redes trouxe uma guerra de preços que prejudica, sobretudo, o médio varejista da região. ele tem uma estrutura semelhante à dos grandes, com gerentes I, II e III, com os quais é difícil competir. Isso tem diminuí-do a força dos independentes no nosso estado. talvez te-nhamos sentido com maior impacto o avanço das gran-des bandeiras, que estão em busca justamente de merca-do próspero”, avalia.

o presidente do sindicofarma-Mt diz, contudo, que o peque-no varejista tem total condições de se manter no mercado e apro-veitar a nova onda, sabendo reduzir ao máximo os custos ope-racionais de sua loja. Para ele, farmácias que faturam menos de r$ 60 mil por mês não podem se dar ao luxo de manter um ge-rente e funcionar 24 horas. É preciso investir em alternativas ca-seiras e familiares, além de trabalhar com horários específicos e determinados, de acordo com ele.

No caso do próprio cristaldo, a solução foi reduzir o horário de expediente e apostar na esposa, que é farmacêutica por for-mação, para cumprir a lei que obriga a presença de um profis-sional de farmácia durante todo o funcionamento da loja. Do-mingos e feriados têm o expediente igualmente reduzido. “o empresário precisa conhecer a fundo o seu negócio, sua vizi-nhança e seu ponto de venda. Manter uma farmácia 24 horas

para atender meia dúzia de clientes, dependendo do bairro, é jogar dinheiro pela janela. são custos adicionais com emprega-dos, luz, limpeza, impostos, etc, que não valem a pena. Para as grandes lojas isso não é problema. Mas para o pequeno comer-ciante pesa muito ao final do mês”, revela.

alto Poder de consumoDe acordo com o levantamento do Ibope, o potencial de con-

sumo dos habitantes do centro-oeste se concentra nas classes A e B. Isso mostra que os consumidores da região têm um alto poder aquisitivo e uma formação acadêmica mais sólida, que exige mais atenção na qualidade do atendimento, segundo Pa-trícia Menezes, do Instituto kantar Worldpanel. Nos números do Ibope, as duas camadas da sociedade local serão responsáveis pelo faturamento de r$ 2,54 bilhões para o setor até o final de 2012, seguidas pela classe c, que deve injetar r$ 2,15 bilhões no setor, e as classes D e e, que devem representar algo em tor-no de r$ 440 milhões.

segundo pesquisa nacional do próprio kantar Worldpanel, o consumidor brasileiro procura mais qualidade em serviços e produtos à medida que sua renda e formação acadêmica evo-luem. As sondagens do instituto mostram que, em fevereiro de 2010, 20% dos brasileiros declararam que buscavam pre-ços módicos na hora de realizar uma compra. Já em 2012, esse número caiu para 18%. os que se declararam dispostos a ex-

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perimentar outros produtos de mais qualidade subiram de 20%, em 2010, para 25% em 2012. “o shopper brasileiro está mais seletivo e exigente. ele está se per-mitindo gastar mais com novas experiências de consu-mo e produtos mais inovadores. Por isso o varejista tem que ter o mix certo de sortimentos para atender a essa demanda”, avalia Patrícia Menezes.

Mas qual o mix certo de produtos para a região cen-tro-oeste? A resposta, segundo a representante da kan-tar Worldpanel, está na própria avaliação que o comer-ciante faz do seu negócio, através da percepção do bair-ro, do clima e da clientela atendida. contudo, ela afirma que os shoppers brasileiros estão cada dia mais fazendo as compras de produtos de higiene pessoal e beleza, que antes adquiriam nos supermercados, nas farmácias, para as quais pouco a pouco tais produtos estão migrando.

João Aguiar, do sincofago de Goiás, também acre-dita nos itens de higiene Pessoal, Perfumaria e cos-méticos (hPc) e deposita mais confiança na imple-mentação de produtos para os homens, que têm cres-cido significativamente no estado. ele destaca, igual-mente, a presença crescente dos genéricos em detri-

mento dos medicamentos de marca.Na opinião de ricardo cristaldo, presidente do sindicofar-

ma-Mt, o melhor investimento do varejista é apostar nos pro-dutos que estão na mídia e não fazer grandes estoques de produtos de média ou baixa saída. “o cemitério do pequeno varejista de farmácia está justamente na compra. Por mais que o desconto oferecido pelo distribuidor seja atrativo, não adianta comprar 500 unidades de um produto que vende ape-nas 100 unidades por mês. salvo aqueles que têm um capi-tal de giro fixo, parado e bem resolvido, aproveitar 2% ou 3% de desconto a mais sob o risco de encalhar o produto não pode acontecer”, destaca.

os varejistas ouvidos nesta reportagem são unânimes em afir-mar também que melhorar o relacionamento com o distribui-dor, sem fazê-lo esperar, pagando as dívidas em dia e buscando parceria, são as melhores formas de manter a loja abastecida e com novidades, pagando um preço competitivo. “conhecer cada cliente pelo nome, dar bom dia com entusiasmo, atenção e cor-dialidade são diferenciais que as grandes redes não têm. elas só trabalham com números e padronizações. esse diferencial deve se estender aos fornecedores. o resto é conversa de palestran-te”, adverte com bom humor cristaldo.

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panorama

Ffotos: shutterstock/divulgação

Prática visa à redução de custos e aumento da qualidade dos ProdutosPor lígia favoretto

Fabricaçãoterceirizada

fatores como redução de custos, globalização e foco específico no negócio levam diversos setores da eco-nomia mundial a optar pela terceirização na fabricação de produtos ou na prestação de serviços.

todo o processo envolve uma boa gestão, sobre-tudo por se tratar do repasse de algumas atividades para terceiros, com os quais se estabelece uma re-lação de parceria, ficando a cargo da empresa a concentração apenas em tarefas essencialmente li-gadas ao negócio em que atua.

especialistas afirmam que só há terceirização por-que há vantagens na prática, caso contrário, nin-guém faria. dentre os principais benefícios estão a

racionalização dos custos, economia de escala, au-mento da produtividade, redefinição de objetivos e foco, concentração de esforços, processos enxutos, ágeis, flexíveis e competitivos.

a terceirização na fabricação de medicamentos pode acontecer em qualquer etapa fabril, desde a embalagem primária e secundária, produção, formulação, estudos de estabilidade, controle de qualidade, até os estudos de pesquisa & desenvolvimento.

a rdc 25/07, da agência Nacional de vigilância sanitária (anvisa), dispõe sobre a terceirização de etapas de produção, de análise de controle de quali-dade e de armazenamento de medicamentos. Pelos

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regulamentos, as empresas que realizam contrato de tercei-rização devem cumprir as Boas Práticas de fabricação e con-trole vigentes no Mercosul, além de possuir autorização de funcionamento, concedida pela autoridade sanitária com-petente, para realizar as atividades do contrato. de acordo

com a agência, as atividades terceirizadas não eximem o titular do registro da responsabilidade pela qualidade do produto liberado para consumo.

cada contrato de terceirização deve definir os produtos e as etapas da fabricação, assim como todos os aspectos téc-nicos e operacionais. No contrato é preciso constar, ainda, a identificação completa das empresas envolvidas, suas obriga-ções, prazo de validade e cláusulas de rescisão. as regras não permitem à empresa contratada subcontratar os trabalhos previstos no contrato.

os regulamentos também definem os casos em que o con-trole de qualidade pode ser terceirizado. as medidas adotadas objetivam garantir a segurança dos produtos e definir as res-ponsabilidades da fabricação. as regras se aplicam tanto aos produtos nacionais quanto aos importados.

o vice-presidente do sindicato da indústria de Produtos farmacêuticos no estado de são Paulo (sindusfarma), Nelson Mussolini, comenta que a terceirização na fabricação de medicamentos não é de agora, sempre aconteceu em grau maior ou menor. “a eurofarma começou com a prática no Brasil. as mesmas regras e obrigações do fabricante de ori-gem devem ser seguidas pelos parceiros terceirizadores. além da garantia de qualidade do produto, devem seguir também as Boas Práticas de fabricação.”

segundo informa o executivo, a anvisa controla e fiscaliza, conhece cada etapa e sabe tudo sobre o que cada laboratório faz. Para o formato de terceirização, ele explica que não há uma regra. alguns terceirizam parte da fabricação com par-ceiros terceirizadores, outros terceirizam dentro de suas pró-prias instalações. “cada empresa age de uma forma, depen-de de sua necessidade e perfil.”

Mussolini ressalta que é de responsabilidade do labora-

tório acompanhar tudo. Para efeito de mercado é como se fosse feito pelo próprio. “o controle de qualidade, desde a embalagem, segue todos os pa-drões e roteiros de fabricação.”

No que diz respeito aos investimentos, o especia-lista pontua que uma das principais vantagens da terceirização é não preci-sar fazer investimentos na própria planta, sobre-tudo quando se trata de uma demanda sazonal; nesse caso, há melhor utilização da capacidade produtiva entre parceiros. “o nível de investimento

depende de avaliação de cada empresa, que só ter-ceiriza se obtiver vantagem. em tese, é um assunto que só traz benefícios, porque se houvesse qualquer tipo de desvantagem, ninguém faria.”

Na essêNcia da terceirizaçãoa eurofarma nasceu terceirizando produtos para

outras empresas em 1972 e, com o passar do tempo, adquiriu portfólio próprio.

de acordo com a diretora industrial do laboratório, tacyana salomão, a eurofarma trabalha com empre-sas que não têm como produzir formas farmacêuti-cas próprias. “os principais motivadores são a área física, questões econômicas e matéria-prima.”

a terceirização na eurofarma faz parte de uma uni-dade de negócios. segundo informa a executiva, é uma pequena área comercial que pode terceirizar qualquer tipo de forma. “conseguimos otimizar a capacidade instalada e potencializar alguma linha com percentual de sazonalidade.”

Nos termos contratuais, a arte dos produtos é de-terminada pelo contratante, com seu nome e marca. Na embalagem vem o nome do fabricante. o labo-ratório oferece full service – quando realiza todas as etapas da fabricação; só compra insumos, ou só atua com mão de obra. “o primeiro lote é sempre acom-panhado pelo cliente.”

Na aspen Pharma, a terceirização ocorre em produ-tos específicos cuja fabricação não seja possível na própria fábrica. o gerente de operações da companhia, leandro rodrigues, revela que se trata de uma decisão estratégica adotada pela empresa de acordo com suas

cada contrato de terceirização deve definir os produtos e as etapas da fabricação, assim como todos os aspectos técnicos e operacionais. no contrato é preciso constar, ainda, a identificação completa das empresas envolvidas, suas obrigações, prazo de validade e cláusulas de rescisão

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necessidades e procedimentos internos. “cada produto é produzido em um local de fabricação diferente. e esta infor-mação está disponibilizada na embalagem do medicamento. Para que uma empresa possa ser fabricante, precisa cumprir várias exigências. No próprio registro do medicamento cons-ta o seu local de fabricação.”

o executivo argumenta que nem sempre a decisão de terceirização segue razões econômicas. “Para que o pro-duto atenda a todas as exigências da anvisa, ele é analisa-do pela empresa que o fabrica e também pela empresa detentora do registro.”

a Boehringer ingelheim adotou como estratégia global, no ano de 2005, os serviços de terceirização de produção de medicamentos em seu parque industrial. o icB (industrial customer Business) é uma nova área de negócios, voltada diretamente para esse serviço, oferecendo para os parceiros uma completa solução para a sua operação farmacêutica. o icB já representa 8% do faturamento da Boehringer ingelheim no mundo, o equivalente a € 800 milhões.

um fator diferencial da Boehringer ingelheim, na sua uni-dade icB, é oferecer um serviço completo, iniciando desde a compra de materiais, passando pela produção, controle de qualidade, até a entrega do produto acabado, por meio de contratos de médio e longo prazo. desta forma, a Boehringer ingelheim utiliza o seu know-how para atender a todas as

fases de fabricação de medicamentos.Nos últimos anos, a unidade de itapecerica da serra

investiu mais de us$ 75 milhões, tanto na atualização tecnológica dos processos e instalações da fábrica, quanto na qualificação da equipe, para atender aos exigentes padrões internacionais e, consequentemen-te, aumentar as exportações. assim, os clientes pode-rão ampliar sua atuação no mercado brasileiro ou in-ternacional, ou mesmo lançar produtos sem a neces-sidade de pesados investimentos.

o laboratório possui certificações de Boas Práticas de fabricação, fornecidas por agências regulatórias externas,  que agregam valor aos produtos e possibi-litam a produção de medicamentos para serem vendi-dos no Mercosul, Pacto andino e europa.

o teuto tem inúmeros contratos de terceirização, tanto de empresas nacionais como de renomadas mul-tinacionais para a produção de seus medicamentos. seu complexo industrial é dotado de máquinas e sis-temas de última geração. são 105 mil metros quadra-dos de área construída de acordo com  rígidos padrões da anvisa e do fda (food and drug administration), uma das mais rígidas e conceituadas agências regula-doras de medicamentos do mundo.

o serviço de terceirização oferecido pelo teuto per-

A terceirização na Eurofarma faz parte de uma unidade de negócios

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mite que empresas possam ampliar sua produção, eliminar gargalos produtivos, e  lançar novos produtos sem a necessi-dade de grandes investimentos, podendo ainda contar com a certeza da qualidade e eficácia características dos medica-mentos produzidos no laboratório teuto Brasileiro.

HigieNe e belezatoda a produção da futura Biotech é terceirizada. o geren-

te-geral da empresa, Wagner falci, acredita que a terceirização é uma excelente alternativa, visto que é possível diminuir sig-nificativamente a imobilização de capital. “isso permite à empresa concentrar seus esforços nos aspectos mais estraté-gicos do negócio, como desenvolvimento de produtos e co-mercialização.” o executivo completa: “a terceirização é uma prática utilizada por pequenas e grandes empresas como uma forma de diminuir investimentos em infraestrutura fabril. exis-tem empresas especializadas em fabricação que não possuem marcas próprias, ou seja, que não estão no mercado de con-sumo. com isso, essas empresas atingem melhor performan-ce na fabricação de produtos, utilizam-se dessa experiência fabril para obter melhores custos de produção e diminuir seus investimentos nessa etapa do processo.”

a futura Biotech possui quatro parceiros fabris para onde se direcionam as produções conforme a viabilidade de cada época. os fabricantes são: aercamp, sinter futura, Yelck e inovatech. os parceiros fabris são escolhidos com base em

dois critérios, e nessa ordem: 1 – capacidade/com-petência fabril; 2 – custos de fabricação. “os pro-dutos são de propriedade da futura Biotech. o papel do parceiro fabril está na fabricação e na correspon-sabilidade técnica.”

No caso da futura Biotech, a maior economia está em poder direcionar os esforços ao desenvolvimento de produtos e ações de marketing e comunicação. falci conta que, inevitavelmente, há o risco de alguns problemas de fabricação que não estão sob o contro-le do contratante, como atrasos na produção. “feliz-mente temos ótimos parceiros fabris e problemas são raros, mas é imprescindível criar uma relação muito próxima com o parceiro fabril, o que é feito diretamen-te pelo fabricante, que assume a responsabilidade técnica e financeira sobre qualquer problema que pos-sa acontecer. Por outro lado, há auditorias frequentes que nos permitem acompanhar o processo, bem como o acesso a documentos sobre boas práticas.” isso tam-bém depende do tipo de terceirização que cada em-presa escolhe. No caso da futura Biotech, faz-se a compra dos insumos e deixa-se apenas o processo de fabricação a cargo do parceiro fabril.

todo o estoque de produtos acabados é controlado e distribuído pela futura Biotech. os parceiros fabris atendem a todas as exigências da anvisa.

Na Aspen Pharma, a terceirização ocorre em produtos específicos cuja fabricação não seja possível na própria fábrica

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Tfotos: shutterstock/divulgação/leandro kendy

ventosBons

Por lígia favoretto

convênio entre farmácias e empresas é uma ferramenta de atendimento capaz de fidelizar cliente e alavancar vendas

ter clientes fidelizados é uma estratégia de diferenciação competitiva e de retenção, já que esses consumidores tendem a escolher sempre a mesma loja para realizar suas compras, atitude que garante bons resultados ao negócio. dessa forma, dispor de programas de fidelização é ter o poder de aumentar o faturamento e as vendas.

o mercado apresenta diversas opções. além dos famosos e tradicionais programas que contemplam ofertas perso-nalizadas, vendas casadas, descontos cumulativos e pro-gressivos, pontos em perfumaria e envio de e-mail, existem

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os convênios entre farmácias e empre-sas de qualquer ramo profissional.

esta tendência cresce no Brasil e se apresenta como uma ferramenta de atendimento corporativo, que envol-ve a divulgação do produto, para que os conveniados realizem suas com-pras em pontos de venda preestabe-lecidos, com pagamento abatido em folha. o grande objetivo é levar o cliente até a farmácia.

Para atender à movimentação de mercado, a farma&cia, rede associa-tivista, criou um departamento exclu-sivo para cuidar de convênios. todo o gerenciamento é da própria empresa, não há terceirização. de acordo com o diretor de convênios e expansão da rede, silvio carlos dias, a farma&cia tem um sistema próprio em que cada associado tem tudo documentado, dentro de suas máquinas, e o cliente acessa, via internet, todo o sistema para fazer o gerenciamento. “isso aju-da o lojista, pois o sistema fornece as regras de atendimento, qual o limite disponível de cada consumidor, o que cada um pode comprar; e ajuda tam-bém a empresa conveniada, que pode acompanhar tudo, passo a passo, incluir ou deletar colaboradores, estipular limites e produtos”, revela.

Quando uma empresa decide beneficiar seus fun-cionários com o convênio farmácia, ela assina um contrato com a rede e dentro deste contrato esta-belece o limite de compra. “esta é a grande cartada, pois a empresa não quer ter custo algum. se não tiver esse tipo de controle, a pessoa pega o cartão e sai comprando; quando chega o dia do pagamen-to, não tem quase nada para receber.” dias explica que ao atingir o limite, o consumidor não tem mais como comprar, o sistema bloqueia a venda. “se o limite é de r$ 300,00 por mês, por exemplo, o clien-te já consumiu r$ 250,00 e vai fazer uma compra de r$ 70,00, a venda não é permitida. ao aderir ao convênio, as pessoas abastecem a casa e voltam todos os meses.” na farma&cia, as vendas de con-vênios superam 20% das vendas totais.

o diretor da farma&cia, Marco guerra, diz que

as empresas conveniadas podem escolher dentro de cinco tabelas que tipo de produto seu colaborador poderá com-prar e em quais deles terá desconto. “Medicamentos com ou sem receita, produtos de higiene e beleza, enfim, em cada contrato consta o que está liberado. existem empre-sas que só liberam medicamentos com receitas; outras liberam medicamentos isentos de prescrição. a grande maioria das conveniadas libera a compra de todos os itens das farmácias. as restrições só acontecem quando as em-presas subsidiam parte da compra.” nestes casos, guerra explica que, normalmente, só medicação com receituário médico pode ser adquirida.

o diretor de vendas institucionais, e-commerce e delivery da raiadrogasil, luiz felipe Bay, diz que o conceito de con-vênio está ultrapassado. na rede, este programa de fideliza-ção é nomeado Benefício farmácia. “evoluímos muito nos últimos dez anos e nossa forma de trabalho é diferenciada. dispomos de equipe de ti e software proprietário nas 400 lojas, o que possibilita definir limite de compras, qual a par-

na farma&cia, as vendas de convênios superam 20% das vendas totais

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ticipação, quanto o consumidor vai ter de subsí-dios, quem vai ter acesso ou não, ou seja, vai muito além de convênio.”

a raiadrogasil tem equipe comercial dedica-da a isso, são funcionários exclusivos, trabalhan-

do dentro de empresas, gente nas maiores plan-tas para coleta e entrega de pedidos. “constru-ímos uma ferramenta de atuação que se adap-tou ao atendimento corporativo, com bastante tecnologia e qualidade.”

Nicho de atuaçãoa farma&cia atua com foco muito forte nas

empresas de transporte coletivo de são Paulo e grande são Paulo, por meio de convênios exclusivos. a rede detém cerca de 80% dos contratos de convênio farmácia com empresas do segmento, o que corresponde a 50 mil vi-das. “somando as empresas de transporte e as

de outros ramos de atuação, são 65 em-presas no total, por volta de 65 mil vidas. Quando se fala de vidas, fala-se do bene-ficiário principal, mas isso se multiplica por três, pois os familiares também fazem uso do benefício, ou seja, este canal de fideli-zação é muito grande e dinâmico”, conta silvio carlos dias.

de acordo com os executivos da rede, é importante que todos os membros da fa-mília do colaborador tenham acesso ao benefício, pois se ele está trabalhando e a esposa levou o filho ao médico, ela apre-senta o cartão com documento do benefi-ciário para realizar a compra. “isso é muito interessante para a empresa, pois o cola-borador tem acesso fácil aos medicamen-

tos, além de ser uma excelente solução para que o funcionário tenha menos necessidade de se ausentar.”

guerra explica que com um cartão em mãos, o indivíduo vai à rede beneficiária, lá tem acesso às ofertas e campanhas, o que faz com que se torne um cliente fiel, além de não precisar dispor do dinheiro na hora da compra para pagar,

o que facilita muito. “os conve-niados têm duas opções: ou vão à farma&cia por poder não pagar na hora, ou vão comprar em ou-tras redes, pagando. fica fácil sa-ber em qual loja ele decide ir.” ele diz ainda: “caso a empresa con-tratante desista de oferecer o be-nefício aos seus funcionários e quebre o contrato com a rede, aqueles colaboradores tendem a continuar realizando suas compras

na mesma loja, ou seja, aquela porcentagem de clientes continuará sendo da farma&cia.”

na raiadrogasil são 2,5 milhões de vidas atendidas (bene-ficiário principal); expandindo para os familiares, calculam-se sete milhões. “a adesão é alta e proporcional ao envolvimen-to do gestor no benefício, à divulgação do produto e ao pós--venda, que monitora as adesões. Quando se deixa claro qual é a real função do benefício, as pessoas se lembram e utilizam”, explica luiz felipe Bay, que complementa: “Percebemos que não é normal que o mercado tenha equipes de pós-venda, o que é um diferencial. o mesmo gerente que cuida da venda também cuida do pós-venda; se não entregar o que vender é avaliado por isso, ou seja, não basta ter somente a preocupa-ção de fechar o contrato, mas de acompanhar todo o proces-

o serviço da farma&cia atende por volta de 65 mil vidas

outro aspecto que deve ser levado em consideração e que determina a adesão ou não ao convênio é a localização das lojas. a rede precisa estar em todas as regiões da cidade, para que o Beneficiário tenha acesso fácil

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a raia drogasil atende 2,5 milhões de vidas com os convênios

so. o Benefício farmácia é uma unidade de negócios que tem autonomia de 30 pessoas, desde a venda até o suporte, trata-se de uma empresa dentro de outra empresa, o que nos dá a experiência em aten-der o mercado corporativo”.

o executivo da raiadrogasil ressalta que a opção da empresa em deduzir o valor da compra do colaborador na folha de pagamento é a atitude que mais fideliza. “não cobramos nenhuma taxa por isso, a empresa só repassa o valor da compra de cada cliente à rede e 85% dos contratos são fechados dessa forma. apenas 15% negociam um outro método.”

a empresa trabalha fortemente com indústrias automobilísticas e bancos. as automobilísticas so-mam mais de 30% dos contratos. “não trabalha-mos com um número absoluto por carteiras de clientes, mas por segmentos.”

caPilaridade e adesãoembora o número de vidas conveniadas seja gran-

de e expressivo, a capilaridade ainda é pequena na

maioria das redes que trabalham com convênios.silvio carlos dias, da farma&cia, conta que em uma

empresa com 10 mil funcionários atinge-se 26%. “temos muito a crescer, estamos desenvolvendo ações para que a penetração aumente. o objetivo é que os funcionários saibam sobre o benefício e como podem utilizá-lo, para que de fato o utilizem.”

Para isso, a farma&cia realiza campanhas de divulga-ção, palestras, participa de eventos culturais e esportivos, como torneios de futebol, ou seja, divulga o trabalho dentro da empresa conveniada, com custo zero. “estas são alternativas que surtem efeito e fazem com que os números de adesão cresçam.”

outro aspecto que deve ser levado em consideração e que determina a adesão ou não ao convênio é a localização das lojas. “a rede precisa estar em todas as regiões da ci-dade, para que o beneficiário tenha acesso fácil. se ele mora na zona sul e o convênio só permite que faça compras em uma loja da zona leste, ele nunca usará o benefício.” segundo informa dias, existe um trabalho de capilaridade desenvolvido pela farma&cia. “vamos à região determi-

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nada pela empresa, fazemos um levantamento das lojas existentes ou da necessidade de novas lojas e credenciamos pontos de venda. verifica-mos o local de moradia dos funcionários, o que faz com que eles fiquem bem cobertos.”

gestão de beNefíciosoutra forma de oferecer o convênio farmácia

é através de credenciamento de redes de far-mácias e drogarias. este é o método de atuação da hiperlife, uma empresa de gestão de bene-fícios integrados, no segmento corporativo.

focada em qualidade de vida e promoção da saúde, a empresa oferece facilidades e descontos exclusivos. ao fechar contrato com uma empre-sa, a hiperlife credencia lojas para que os cola-boradores possam fazer suas compras. “a hiper-life é uma empresa que nasceu nesse mercado com a proposta de cuidar de setores de convênios de redes de farmácias. um de nossos principais clientes é a Bifarma. esta é uma modalidade nova do mercado, temos a propriedade de comprar a carteira de clientes ou de absorver todo o setor da rede”, diz o diretor executivo da empresa, luiz fernando toscani. ele explica que as empre-sas oferecem prazo de 30 dias para o consumi-dor pagar; com o cartão da hiperlife, este clien-te passa a ter mais dez dias de bônus. “são mais de 1.600 empresas, com 400 mil cartões.”

o executivo revela que quando a empresa fecha contrato, a adesão é de 100% e o per-centual de utilização gira em torno de 50%. segundo informa toscani, ter uma empresa exclusiva no gerenciamento do convênio é focar o negócio comercialmente. “a Bifarma, por exemplo, abre uma farmácia por mês. como conseguir administrar tudo e já implantar o

Produtos farmacêuticos na hora certa

A qualidade de saúde dos colaboradores de uma empresa tende a melhorar quando os medicamen-tos receitados pelos médicos são comprados com facilidade pelos funcionários e seus dependentes. O serviço oferecido pelo Sistema Golden Farma também permite a compra de produtos farmacêu-ticos na hora certa, sem comprometer o orçamen-to dos funcionários, sem burocracia e de acordo com os critérios estabelecidos pela empresa.

Vantagens para a empresa• Gerenciamento on-line do sistema (24 horas).• Economia de tempo e custos administrativos.• A empresa estabelece o limite mensal para compras.• Todo o processo é informatizado.• Pagamento da fatura após o efetivo desconto em folha de pagamento.• Bloqueio automático do cartão.• Controle eletrônico de utilização.

Vantagens para os funcionários • Acesso a medicamentos de maneira rápida e segura.• Garantia de saúde para toda a família.• Pagamento descontado em folha.• Até 45 dias para efetuar o pagamento.• Sempre uma drogaria próxima da empresa, residência, médico, hospital.• Manuais de orientação.

sistema na nova loja? temos sempre um profissional para captar empresas que podem se interessar pelo serviço do convênio, ao redor das redes de farmácias e drogarias. isso faz com as redes diminuam custos, já que ficarão focadas no segmento em que atuam e não precisarão se preocupar com outros serviços.”

ele concorda com luiz felipe Bay da raiadrogasil e afirma que o pós-venda é a parte mais importante. “Quando o contrato chega, uma executiva de conta é nomeada, ela se apresenta para a empresa, dando boas vindas, entregando os cartões, o catálogo de endereços das redes, olhando no olho do colaborador.”

o executivo acredita ainda que o público do convênio é mais fiel, mais assíduo, amigo e usuário, conhece o funcio-nário pelo nome. “isso gera uma fidelidade muito boa. exis-tem farmácias que chegam a 40% do faturamento com o cartão hiperlife”, finaliza.

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OpOrtunidade

Dfotos: shutterstock

Cada vez mais os adolesCentes estão indo aos pontos de venda, ganhando força e se tornando um públiCo Cobiçado pelas indústrias e varejo Por camila guesa

Desejo jovemDe acordo com o último censo Demográfico

(2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e estatís-tica (IBGe), mais de 24 milhões de pessoas no Brasil têm entre 12 e 18 anos. eles são vaidosos, exigentes e cheios de informação e, por terem voz ativa na família e opinião formada sobre quase todas as coi-sas, fazem parte de um grupo que tem atraído in-vestimento das indústrias e atenção dos varejistas.

“o adolescente hoje é mais adulto do que os jovens de uma década atrás, o que gera uma pre-

cocidade nesta geração e permite que eles atinjam e definam com mais objetividade o que querem, refletindo em números consideráveis no ponto de venda”, diz o diretor da Ga.Ma Italy no Brasil, christian hartenstein, detentora da marca too chic, voltada para este público.

Projeções do relatório de tendências de consumo dos adolescentes The Future Report Teens, organi-zado pelo britânico The Future Laboratory e repre-sentado no Brasil pela Voltage, apontam que, em

OpOrtunidade

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2011, os consumidores de 8 a 18 anos devem ter movi-mentado cerca de us$ 208,7 bilhões em todo o mundo. o estudo, que analisou o comportamento de consumo de jovens dos estados unidos, china, Brasil, África do sul, Índia, rússia, escandinávia, austrália, Nigéria e África oci-dental, demonstra que este número será resultado não somente de investimentos em marcas e produtos, mas também do consumo de conceitos e ideias inovadoras.

segundo o relatório, este novo grupo de jovens no mun-do, que estariam ditando novas tendências para o consu-mo e são conectados aos meios digitais, caracterizam a chamada “geração D”. a pesquisa indica que tal geração está presente em diversos países, independentemente da situação econômica. Nas terras tupiniquins, apesar de o número de adolescentes estar em queda – há 10 anos, o País contabilizava 28,5 milhões de brasileiros de idade entre 12 anos e 19 anos –, eles fazem parte de um grupo

expressivo de consumidores que, em 2015, repre-sentarão 13,5% da população brasileira, ou seja, 27,2 milhões de pessoas.

“além de impulsionar as vendas hoje, os adoles-centes representam um público consumidor extre-mamente importante, pois indicam também o fu-turo do varejo de diferentes segmentos”, analisa o diretor-geral da Voltage, Paulo al-assal. Para o presidente da associação Brasileira da Indústria de higiene Pessoal, Perfumaria e cosméticos (abihpec), João carlos Basílio, “as empresas que conseguirem entender o que eles querem e oferecer produtos e serviços adequados, em linguagens próprias para cada tribo, obterão grandes retornos financeiros, sejam indústrias ou varejos especializados”.

comPortamentocom uma mudança intimamente relacionada à

era da informação e tecnologia, eles estão cada vez mais precoces e decididos sobre o que querem ou não consumir. “o ritmo de vida está acelerado e o público teen acompanha este fenômeno na mesma medida. com isso, o jovem amadurece mais rápido, tem mais contato com a informação e, consequen-temente, se torna mais preparado para fazer suas próprias escolhas. e a evidência desse poder de decisão fica clara, sem dúvidas, no momento da compra”, diz a gerente de web marketing da Vult cosmética, Janaína Idalgo.

Dentre os valores mais importantes para esta geração, a moda e suas vertentes (vestuário e ma-quiagens) são importantes formas de expressar seus valores. “os cosméticos ajudam a retardar o enve-lhecimento da pele e manter a aparência sadia e bela, seja de qualquer idade, o que é muito impor-tante na sociedade atual”, diz o presidente da abihpec. “Por isso, tanto os homens quanto as mulheres dessa faixa etária sabem o que buscar e estão cada vez mais conscientes da ação de certos produtos de cosmética e higiene pessoal na sua aparência e saúde. e eles querem se destacar, seja entre os colegas ou, futuramente, no mercado de trabalho”, completa .

“com todo este desenvolvimento rápido e con-tínuo, vemos neles um potencial de mercado prós-pero, com grandes oportunidades para estes ‘novos consumidores’, que têm muita liberdade de escolha e gosto arrojado”, afirma christian hartenstein, diretor da Ga.Ma Italy.

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OpOrtunidade

Perfil de consumoeles são consumistas e querem comprar. Dados da kan-

tar Worldpanel de 2010 mostram que nas casas com ado-lescentes os gastos são, em média, 5% acima dos ganhos por mês. o buraco no orçamento decorre de gastos que buscam atender aos desejos adolescentes, como vestuário (43% maior que em lares sem jovens), itens de higiene pessoal e cosmética, telefone, uso intensivo de internet e outros meios de comunicação – item que apresenta des-pesas 9% mais altas que os demais domicílios do País com os mesmos serviços.

as classes sociais a e B consomem mais com os filhos na fase da puberdade e início da vida adulta: nesse gru-po, a média de gastos é 8% maior do que a de ganho. além disso, os adolescentes de famílias com rendas maio-res são mais descontrolados com o orçamento, chegan-do a gastar 14% mais do que dispõem (mesada, salário ou outros rendimentos).

em contraste, os jovens de classes mais pobres admi-nistram melhor os recursos que recebem da família ou de ganhos provenientes do trabalho. segundo o relatório da kantar, os adolescentes da classe c chegam a economizar 32% dos rendimentos, enquanto os das classes D e e poupam cerca de 48%.

antenados sempre conectados às redes sociais, esses jovens se

utilizam desses meios para ver e serem vistos. e para não errar, buscam opiniões diversas de sites de buscas, redes sociais e de amigos, sempre através desses recursos tec-nológicos para se destacarem.

Dados da kantar Worldpanel de 2010 conferem que o computador está presente em 32% dos do-micílios com jovens, índice 10% maior que os de-mais lares do País, enquanto a internet alcança 26% dos lares com jovens – dos quais 31% possuem banda larga, contra 19% das famílias sem adoles-centes (22% têm internet rápida). além disso, 88% dos indivíduos de 14 a 18 anos possuem telefone celular no Brasil, utilizando, em sua maioria (80%), o serviço de sMs (mensagens de texto).

em consequência, as mídias sociais, blogs e ce-lulares têm se tornado importantes plataformas de expressão para os adolescentes, influenciando, portanto, a maneira de consumir e a concepção do varejo voltado para esse público.

em busca da PerfeiçãoPara cuidar da pele e manterem-se sempre belas,

adolescentes se informam e exigem qualidade e sortimento do PDV quando o assunto é maquiagem e limpeza da pele.

Manter-se sempre bela é uma preocupação de nove em cada dez mulheres. Quando se trata de adolescen-tes, essa preocupação, própria da idade, é de 100%. Por isso, o uso de produtos de beleza (maquiagens) começa cada vez mais cedo, seja para esconder as imperfeições ocasionadas pelas estruturas hormonais características desse período da vida e/ou apenas para se manter na moda e sobressair no grupo.

“elas querem se destacar, aparecer, estar na moda e, até mesmo, causar certa ‘inveja’ e ‘ciúmes’ nas outras colegas e, para isso, buscam produtos que realcem sua beleza”, afirma a gerente de marketing da Dailus cosméticos, Luana stabile. Para dar conta dessa necessidade precoce do uso de produtos para beleza, o gestor varejista deve preparar o ponto de venda e suas dermoconsultoras para saber identificar as características cutâneas específicas da idade e, assim, poder indicar o produto ideal para cada ne-cessidade e pele das jovens consumidoras.

Luana stabile, da Dailus, lembra que o acesso facilitado à informação por meio do uso da internet e a influência sofrida pelas novelas, amigas e, prin-cipalmente, pelas mídias sociais (blogueiras) fizeram com que o perfil de jovens consumidoras mudasse, deixando-as mais bem informadas, com opinião própria sobre um produto, além de atentas e exi-gentes quanto à qualidade do atendimento e dos produtos disponibilizados.

perfil: adOlescentes

Fonte: IBGE – Censo Demográfico

Brasil e grande região

Variável

População Residente (pessoas)

População Residente

(percentual)

Brasil 24.033.745 12,6Norte 2.382.544 15,02Nordeste 7.346.838 13,84sudeste 9.263.339 11,53sul 3.266.336 11,93centro-oeste 1.774.688 12,62

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OpOrtunidade

“Não basta apenas serem atraídas por um visual ba-cana. Informação também é muito importante e elas querem saber todos os detalhes que envolvem aquele produto: desde características como durabilidade, pig-mentação e fixação, até outros fatores mais complexos, como, por exemplo, saber se os produtos são testados em animais”, diz a gerente de web marketing da Vult cosmética, Janaína Idalgo.

No geral, os adolescentes do sexo masculino vão em menor número e frequência ao ponto de venda e compram apenas géis para cabelo, quando não, um ou outro creme hidratante indicado pelas mães ou por colegas para man-terem as mãos menos ásperas para agradar ao sexo opos-to. Já as meninas estão sempre presentes no ponto de venda e sabem o que querem daquele estabelecimento. exigentes, as garotas esperam cada vez mais de um pro-duto e do atendimento que recebem.

saúde da PeleMas não basta apenas saber oferecer maquiagens de acor-

do com as expectativas da consumidora jovem; é sempre importante lembrar que a pele dos adolescentes exige cui-dados especiais, visto que se trata de uma idade em que a oleosidade da pele é grande.

Para a presidente da academia Brasileira de Medicina antienvelhecimento (abmae), edith horibe, as grandes

vilãs para a vaidade dos jovens são a acne, as estrias e a celulite, muito comuns nesta fase e que podem agravar-se com uma má alimentação. sempre in-desejável, a acne costuma surgir na adolescência, caracteristicamente, em maior incidência dos 16 aos 19 anos no sexo masculino e entre os 14 e os 17, nas meninas.

seja em qualquer região do corpo, pequenos cra-vos ou grandes espinhas incomodam muito e, além de causar constrangimento, podem deixar manchas e cicatrizes. Por isso, a dermoconsultora precisa lem-brar às suas consumidoras que apenas usar maquia-gens não é suficiente para melhorar a aparência e trazer mais bem-estar; cuidados diários adequados são essenciais para manter a saúde da pele.

a escolha de um bom sabonete, com caracterís-ticas específicas para a limpeza de cada tipo de pele, pode ser o primeiro passo para um dia a dia de mais tranquilidade em relação a cravos e espinhas. Nesse papel, a farmácia e/ou a perfumaria deve oferecer opções que colaboram para a remoção da oleosida-de e desobstrução dos poros, tais como os sabone-tes próprios mais abrasivos – líquidos ou em barra.

“uma outra dica importante é a higienização da pele, que pode ser feita em casa, utilizando-se os produtos adequados, como leite de limpeza, sabo-

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OpOrtunidade

netes esfoliantes e loções para controle da oleosidade, controle bacteriano e proteção solar”, informa a médica.

sem exagerosa dermatologista especialista em medicina estética Danie-

la Landim lembra que, desde que usadas com moderação, não há problemas no uso de maquiagens, porém, recomen-da, no caso de o ponto de venda não ter produtos específi-cos para a idade, que se ofereçam maquiagens não come-dogênicas (livres de óleos, emulsões e sérum). Devem ser evitados também os produtos que contêm excesso de álco-ol. “É importante sempre evitar os excessos, sugerindo-se apenas blush, brilho labial e outras maquiagens mais leves e ressaltando-se a importância do uso do filtro solar especí-fico para pele, que protege e hidrata”, diz a especialista.

Junto a isso, Daniela ressalta a necessidade de se indicar produtos específicos para retirar a maquiagem, pois apenas lavagem do rosto não elimina todos os resíduos da maquia-gem, o que pode provocar o agravamento da acne, além de propiciar o aparecimento de manchas e do envelhecimento precoce. “as atendentes devem informar especialmente sobre a importância da disciplina na frequência de uso do

higienizador para a efetividade da prevenção e tratamento contra a acne e outras doenças da pele”, ressalta a gerente de trade marketing da Galderma, Débora schultz.

como as peles dessas consumidoras, geralmente, são menos agredidas pelos fatores ambientais, a maquiagem deve ser recomendada apenas para cobrir pequenas imper-feições, sendo indicado utilizar produtos que inibam a ole-osidade da pele. utilizar corretivos e base líquida, apenas para tirar o brilho da pele, suavemente, já é suficiente para deixar o rosto mais bonito e com aparência natural.

“as adolescentes não devem exagerar na maquiagem, mas sim utilizá-la para realçar sua beleza natural”, desta-ca a dermatologista Daniela Landim. um batom neutro, cor de boca, é o suficiente para o dia, e os tons mais fortes devem ser reservados para baladas e/ou festas. o blush é dispensável e, nos olhos, o ideal e indicar sombras

suaves para iluminar as pálpebras. “Quando o as-sunto são seus gostos e preferências, os tons pas-téis (especialmente nas cores rosa e lilás) são os campeões para os lábios e olhos. o rímel também tem ganhado muito espaço nas nécessaires das garotas, seguidos dos lápis para olhos”, pontua a gerente da Vult cosmética.

escolhendoNo ponto de venda, o visual que fale a língua

deste público faz uma grande diferença para as garotas. uma boa apresentação, aliada a ações promocionais que ofereçam brindes úteis ao dia a dia, seguidos de um bom atendimento, também ganham muitos pontos no ato de decisão da com-pra. “organização, displays diferenciados e ações promocionais são um bom começo para atrair os olhares das adolescentes”, indica Janaína, da Vult.

“o consumidor adolescente busca praticidade, fa-cilidade e rapidez na compra. Por isso, gôndolas or-ganizadas, com informação de produtos e separação/categorização por higienização e tratamento podem

facilitar a procura e a compra dos produtos”, indica a gerente da Gal-derma, Débora schultz.

apesar de as recomen-dações das dermatologis-tas e consultoras serem de uso moderado, as adolescentes gostam de brilhos, néons ou outras makes que as desta-

quem. “o público teen é bastante visual e se encan-ta com embalagens diferenciadas. Geralmente levam muito em consideração as tendências de moda e indicações de amigas”, finaliza Janaína Idalgo.

Na comunicação, a representante da Dailus cos-mética indica uma linguagem mais informal e intimis-ta para com esta consumidora. “a atendente deve falar de forma direta e simples, buscando certa inti-midade com a adolescente antes mesmo de falar dos produtos, perguntando, por exemplo, para onde ela vai, com quem, se conhece esta ou aquela blogueira e outros detalhes que vão aproximar a cliente do pon-to de venda”, exemplifica Luana stabile. “Isso fará a garota se sentir mais acolhida, querendo voltar para pegar mais dicas e/ou contar novas experiências e, consequentemente, adquirir novos produtos.”

A Atendente deve fAlAr de formA diretA e simples, buscAndo certA intimidAde com A Adolescente Antes mesmo de fAlAr dos produtos, perguntAndo, por exemplo, pArA onde elA vAi, com quem, se conhece estA ou AquelA blogueirA e outros detAlhes que vão AproximAr A cliente do ponto de vendA

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OpOrtunidade

Sser adolescente é entrar, invariavelmente, na fase da puberdade, na qual ocorrem mudanças biológicas e fi-siológicas no corpo que trazem estranhamento e exigem cuidados redobrados com a boa limpeza e saúde, pois começa aí o crescimento dos pelos pubianos, dos testí-culos e aparecimento das mamas. Nessa época, iniciam também as discussões sobre o uso de desodorantes e cuidados com a higiene pessoal.

“o cuidado íntimo é um ato de respeito com o corpo e requer muita atenção para manter os órgãos femininos livres de infecções”, ressalta a gerente da Johnson & Johnson, Patricia Gimenes. encontrar os produtos ideais de acordo com o perfil e gostos de cada cliente é uma busca

na adolesCênCia iniCiam, invariavelmente, as disCussões e uso de produtos para Cuidar da saúde e higiene pessoal

Por camila guesa

Saúde eintimidade

da adolescente que pode e deve ser devidamente orienta-da pela dermoconsultora de farmácias e perfumarias.

em geral, o uso de determinada marca ou tipo de absorvente é inicialmente escolhido e indicado pelas mães, mas, com o tempo, as consumidoras teens se informam, testam, perguntam para as amigas e acabam escolhendo o que tem ‘a sua cara’. “Nos absorventes higiênicos, por exemplo, a escolha é uma decisão muito pessoal e se distingue, até mesmo, em casas onde há várias mulheres, nas quais cada uma pode ter preferências diferentes de acordo com seu fluxo menstrual”, lembra Patrícia, da J&J.

“os jovens estão cada vez mais precoces e sentimos que essa mudança está intimamente relacionada à era

foto: shutterstock

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da informação e tecnologia. o ritmo de vida está acelerado e o público teen acompanha este fenômeno na mesma medida. com isso, o jovem amadurece mais rápido, tem mais contato com a informação e, consequentemente, se torna mais prepa-rado para fazer suas próprias escolhas”, diz a gerente de web marketing da Vult cosmética, Janaína Idalgo. “esse público vem crescendo muito, já que as adolescentes estão amadurecendo cada vez mais cedo e tomando suas próprias decisões”, lembra a gerente de produtos da sanofi-aventis, ana carolina ruoppo-li, detentora da marca Dermacyd.

a gerente de marketing das marcas always e Naturella, da Procter & Gamble, Marcia Braga, explica que a consumidora bra-sileira, geralmente, confia em duas ou três marcas. “a escolha do absorvente é uma relação custo/benefíco, porque nesse período a mulher não quer ter surpresas, especialmente em relação ao desempenho do produto, por receio de ficar exposta”, diz.

higiene PessoalNo cuidado com a higiene íntima, outro produto que está

ganhando seu espaço na rotina diária de higienização e cuidados pessoais entre os consumidores jovens são os sabonetes íntimos. Prova disso é que, de uma maneira geral, a categoria cresceu 14% em 2011, considerando os canais farma e alimentar, com-parando com o ano anterior. Incluindo todos os tipos de sabo-netes íntimos, inclusive as versões teen, a categoria cresceu 10% no primeiro semestre de 2011, segundo dados da Nielsen.

“até um tempo atrás essa consciência não era tão notada. Mas, com o acesso facilitado à informação, as garotas têm se atentado para esses cuidados. claro que quando falamos em maquiagem a resposta das adolescentes ainda é mais rápida, mas os cuidados com a saúde já estão sendo percebidos pelo público teen, do ponto de vista do amor e cuidado com o próprio corpo. com isso, o hábito de compra de sabonetes íntimos já começou a se estabelecer entre as garotas com mais frequência”, diz Janaína Idalgo, da Vult cosmética.

Na hora de oferecer e/ou ajudar a consumidora a escolher o produto ideal para seu perfil, o importante é priorizar os indicados por ginecologistas, com ingredientes naturais e que seja hipoaler-gênicos. “os médicos geralmente encorajam as mulheres a seguir rigorosamente essas orientações na compra e na utilização de um sabonete feminino porque, ao fazer isso, garantem sua proteção e satisfação pessoal”, recomenda a sanofi-aventis.

No ponto de venda, esses produtos precisam estar visíveis às garotas e próximos a outros produtos que se relacionem com esse tipo de cuidado, como por exemplo próximos aos absor-ventes. “Por meio de uma comunicação visual atraente, dentro de uma linguagem contextualizada, certamente os produtos se tornarão mais atrativos e convidativos às garotas”, pontua a gerente de web marketing da Vult.

livre do “cÊ-cÊ”o suor é algo que incomoda, mas que também faz

parte do crescimento e mudanças corporais. especialistas explicam que a transpiração ocorre para manter a tem-peratura interna do corpo, nivelando o conteúdo de água dos órgãos internos através de glândulas subdivididas que se espalham pelo corpo. Na adolescência ocorre o início do funcionamento de algumas dessas glândulas com forte ligação hormonal, deixando o jovem mais pro-penso aos odores desagradáveis, por conta da degrada-ção realizada pelas bactérias e outros micro-organismos presentes na superfície da pele.

No caso dos meninos, a preocupação e a busca por esses produtos é maior e mais constante visto que estu-dos constataram que os meninos transpiram até 50% mais que as meninas, especialmente sob atividade física ou muito calor. “Procuramos sempre entender os desejos e as necessidades das adolescentes e, assim, criar produ-tos que façam parte do universo deles e delas. Isso faz com que se identifiquem com as inovações, além de se sentirem sempre seguros para fazer o que mais gostam”, diz a gerente de marketing de unilever, detentora da marca de antitranspirante rexona teens, thais hagge.

Nas gôndolas, separar por gênero – masculino e femi-nino – e por tipos de produtos ajuda a identificar as di-ferentes opções à disposição. Pode-se combinar também a exposição desses produtos com outros correlatos de higiene pessoal, como hidratantes, géis etc.

diferença entre aplicadOres

Roll-On: oferecem absorção mais rápida;

Creme: Ideal para peles sensíveis ou para quem opta por depilar as axilas com lâminas;

Bastão: com aplicação seca e suave, é recomendável para pessoas que necessitam de alta proteção;

Spray: Indicado mais para homens, por conterem alta concentração de álcool.

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IUm malcomum

fotos: shutterstock

saiba como o inverno interfere na saúde da garganta e como o ponto de venda pode atuar de maneira expressiva a favor da recuperação dos pacientes e contra hábitos nocivos, como a automedicaçãoPor ludmilla Pazian

Inverno é temporada de se cuidar. Por ficar mais

tempo em ambientes fechados, o número de pessoas

contaminadas por infecções aumenta. uma das áreas

mais afetadas, na estação, é a garganta. o inverno,

caracteristicamente seco e poluído na maioria das me-

trópoles, contribui para o surgimento e desenvolvi-

mento de quadros como amigdalites.

De acordo com o otorrinolaringologista do hospital sí-

rio Libanês, Dr. oswaldo Laércio Mendonça cruz, o inver-

no costuma contribuir de maneira negativa para a gargan-

ta e para todo o aparelho respiratório. “As características

doenças de inverno

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naturais da estação irritam a mucosa respiratória. esta

irritação, por sua parte, promove inchaço e aumento

da produção de secreção, causando congestão, sen-

sação de irritação e pigarro”, esclarece.

o especialista do hospital sírio Libanês considera que,

além dos fatores citados, a estação mais fria do ano cria

também um ambiente altamente propício para a proli-

feração de vírus e bactérias. “Por isso, a maior ocorrência de doen-

ças como gripes e infecções respiratórias nesta época”, opina.

Já segundo o otorrinolaringologista do hospital ceMA, Dr. cí-

cero Matsuyama, o inverno – em conjunto com mudanças brus-

cas de temperatura e climas mais frios – contribui para que dimi-

nua o aporte local de imunoglobinas (anticorpos) para as cavida-

des oral e nasal, como também para o aumento de secreções na

região da faringe e laringe, permitindo que fiquemos mais sujei-

tos a infecções de agentes oportunistas.

Para o médico do ceMA, já foi comprovado que as infecções

das cavidades nasais – como rinites e sinusites –, faringe e laringe

são mais prevalentes nas estações mais frias do ano. No caso da

amigdalite, ela pode ser tanto de origem viral quanto bacteriana.

A última é facilmente identificável pela presença de pus, ou seja,

pontinhos brancos na área, também conhecidos como placas.

“A amigdalite pode ser definida como uma infecção de um pe-

queno órgão situado em cada lado da faringe (garganta) em nú-

mero de dois, que pode ser causada por infecções virais e bacte-

rianas”, ensina. De acordo com o médico, a doença pode ser de-

sencadeada principalmente por situações como contato direto

com pequenas gotículas de outras pessoas já previamente infec-

tadas (virais). “Além disso, quando nos alimentamos com subs-

tâncias de temperaturas muito frias, como sorvetes e bebidas com

gelo, diminui a produção de imunoglobina local (IGA) e aumen-

ta a secreção local da rinofaringe”, ressalta.

segundo os especialistas, outros índices também devem ser

avaliados para justificar o surgimento de uma amigdalite. “Às ve-

zes, alterações da própria amígdala, como a infecção crômica,

que se torna aguda por fadiga ou qualquer fator de baixa resis-

tência, podem provocar o quadro. e, na infecção crônica, esta

agudização podem ser mesmo até espontânea”, avalia o Dr. cruz.

Para afastar os problemas, uma possível solução é evitar ao má-

ximo a exposição a ambientes fechados e com pouca

ventilação. “Acontece que permanecer em tais locais,

ainda mais quando contam com grandes aglomera-

ções, concorre para um maior índice de contágio por

doenças respiratórias”, orienta o Dr. Matsuyama. Já se-

gundo o Dr. cruz, situações oferecidas pelo próprio am-

biente domiciliar também devem ser avaliadas.

“como somos um País tropical, as habitações normal-

mente não estão preparadas para o frio mais intenso e

baixas temperaturas. se, por exemplo, levantarmos pela

manhã aquecidos pelas cobertas e formos ao banheiro –,

normalmente mais frio –, há um choque de temperatura

que agride o aparelho respiratório e facilita a infecção”,

ressalta. A mesma situação pode ocorrer se, ao sair do ba-

nho, o paciente for se trocar ou se enxugar em um local

que apresente temperaturas mais baixas.

informação in locoNo ponto de venda, o farmacêutico pode contribuir ex-

pressivamente no controle de quadros de infecções, prin-

cipalmente no inverno – pelos motivos explanados acima.

Ao atender um paciente que já apresenta sintomas de

amigdalite, a prestação de serviço pode vir por meio de

orientações contra a automedicação.

Para a professora de farmacologia do Instituto de ciên-

cias Biomédicas da universidade federal do rio de Janei-

ro (IcB/ufrJ), Dra. eline Matheus, a dor, por si, é sempre

um sinal de alarme, devendo ser avaliada cuidadosamen-

te pelos profissionais de saúde. “ela (dor) faz parte da tría-

de da inflamação: dor, calor e rubor. Portanto, a primeira

atitude a ser tomada é a de procurar um médico para o

correto diagnóstico”, avalia. sabendo os reais motivos do

quadro, fica mais fácil medicar corretamente o paciente –

o que evita, ainda, a automedicação.

o hábito da automedicação colabora na seleção de ger-

mes resistentes, pois os pacientes acabam não adminis-

trando a posologia adequada com relação aos medica-

mentos –, principalmente aos antibióticos. “Isto é, muitas

vezes não respeitam os prazos e periodicidades adequa-

o inverno contribUi para qUe diminUa o aporte local de imUnoglobinas (anticorpos) para as cavidades oral e nasal, como também para o aUmento de secreções na região da faringe e laringe, permitindo qUe fiqUemos mais sUjeitos a infecções de agentes oportUnistas

a dor é sempre um sinal de alarme, devendo ser avaliada pelos profissionais

de saúde

EspEcial saúdE doenças de inverno

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dos durante os dias, ou ainda sustam o tratamento antes do pra-

zo necessário”, opina o otorrinolaringologista do ceMA.

segundo o Dr. cruz, a automedicação é sempre desaconselhá-

vel, porque o paciente pode se encaixar em um quadro de uso de

medicamentos desnecessários ou até mesmo insuficientes para

tratar a doença de maneira definitiva. “Na amigdalite viral, por

exemplo, o paciente pode se automedicar com antibióticos sem

qualquer necessidade, enquanto na bacteriana ele corre o risco

de usar o medicamento não adequado”, avalia.

Diante do quadro (amigdalite bacteriana), o farmacêutico deve

orientar aos consumidores e pacientes que o uso de um medica-

mento menos eficiente pode influir na evolução da doença e fa-

zer com que ela fique mais demorada ou até mais complicada que

o usual, com formação de abscesso ou ainda evolução para um

sistema de infecção crônica.

“se a amigdalite for de origem bacteriana, o tratamento cor-

reto é com antibióticos. Porém, há a necessidade da visita mé-

dica para prescrição do medicamento”, avalia a Dra. eline Ma-

theus. casos de amigdalites virais também não excluem a visita

medica, mas exigem um tratamento diferente, com analgésicos

e antitérmicos em casos de dor e febre, a ingestão abun-

dante de líquidos e repouso.

Para a professora, a principal informação que o funcio-

nário do ponto de venda deve passar ao atender pacien-

tes com sintomas de amigdalite é a recomendação da vi-

sita médica. “em casos de pacientes que já estejam com

o receituário médico em mãos, ele deve orientá-los a man-

ter o tempo de tratamento prescrito, independentemen-

te do alivio aparente dos sintomas”, ensina.

De acordo com a profissional, é muito comum que

os pacientes suspendam o uso dos medicamentos

quando a febre ou a dor cessam, o que compromete

o sucesso do tratamento.

o Uso de Um medicamento menos eficiente pode

inflUir na evolUção da doença e fazer com qUe ela

fiqUe mais demorada oU até mais complicada qUe o UsUal, com formação

de abscesso oU ainda evolUção para Um sistema

de infecção crônica

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CON

TEÚD

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EspEcial saúdE doenças de inverno

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8 0 g u i a d a f a r m á c i a j u l h o 2 0 1 2

ASensibilidade

a baixas temperaturas

fotos: shutterstock

outra área que pode ficar comprometida no inverno é o ouvido. a dor pode ser causada tanto por doenças próprias quanto por distúrbios em outras estruturas orgânicas próximas ou mais distantes da áreaPor ludmilla Pazian

A própria formação biológica do ouvido, por suas

inervações, faz com que a área seja extremamente

sensível a temperaturas mais frias, tornando-o um

alvo importante para sintomas como a dor. segun-

do o otorrinolaringologista do Núcleo de otorrino-

laringologia do hospital sírio Libanês, Dr. oswaldo

Laércio Mendonça cruz, como no inverno as infec-

ções respiratórias são mais frequentes, é comum

que causem obstrução e infecção do nariz. “Dian-

te do quadro, é relativamente usual a propagação

da infecção para o ouvido por meio da tuba audi-

tiva, principalmente em crianças”, ressalta.

doenças de inverno

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tratamentoS poSSíveiS para a otite externa e para a otite média vêm na forma de antibióticoS SiStêmicoS e antibióticoS tópicoS, eSteS últimoS principalmente naS otiteS externaS. além diSSo, oS quadroS podem Ser tratadoS com medicamentoS SintomáticoS, como analgéSicoS e anti-inflamatórioS

Quanto à dor de ouvido, algumas causas são os

mesmos processos inflamatórios e infecciosos cita-

dos pelo Dr. cruz, mas que afligem, por sua vez, o

conduto auditivo externo e da orelha média, assim

como alterações da articulação temporomandibular.

“Acontece que a inflamação ou infecção do ouvido

– que pode ser da orelha externa ou da orelha mé-

dia – causa muita dor”, avalia.

Diante do quadro, é necessidade básica consultar

um especialista. “A dor é sempre um sinal de que

alguma coisa está errada. É um sinal de alarme e faz

parte da tríade da inflamação: dor, calor e rubor. Vá-

rias são as causas da dor de ouvido. o importante,

porém, é não negligenciar o sinal e procurar um médico

especialista”, alerta a farmacêutica e professora de farma-

cologia Dra. eline Matheus.

Dentre os dois tipos de infecção (a otite média e a otite

externa), o Dr. cruz explica que a primeira é mais comum em

temperaturas mais frias. “No inverno, prevalece a infecção da

orelha média pelo próprio mecanismo descrito: infecção da

gripe ou infecção do aparelho respiratório alto”, ensina. Já,

segundo o especialista, a otite externa

– que é a inflamação que acomete a ore-

lha externa (canal auditivo externo) – é

mais comum no verão, já que muitas

vezes está relacionada à água, presente

em hábitos típicos da estação, como ba-

nhos de piscina ou de mar.

sobre a diferença entre os quadros,

o especialista do hospital ceMA, Dr.

cícero Matsuyama, ainda define que a

otite externa pode ser explicada pela

afecção que acomete o conduto auditivo externo (canal do

ouvido), enquanto a otite média é aquela que ocorre na

região que se situa após a membrana timpânica (tímpano).

segundo os profissionais, diversos fatores podem colabo-

rar para o aparecimento dos quadros. Na otite externa, como

por dentro do ouvido

Pavilhãoauricular

Canal doouvido Membrana timpânica

ou tímpano

Ouvido interno

Ouvido médio

Tuba auditiva

Ouvido externo

EspEcial saúdE doenças de inverno

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já citado, o contato com a água sem o devido tratamen-

to de assepsia – de piscinas e oceanos – pode ser nega-

tivo, assim como o traumatismo causado pela introdução

de objetos no conduto auditivo externo e descamações

excessivas na área. “Já a otite média se manifesta pela

interferência de eventos como infecções das vias aéreas

superiores, ou seja, gripes e resfriados ou quadros como

rinossinusites”, avalia o otorrinolaringologista do ceMA.

Quanto aos sintomas, a otite externa costuma cau-

sar dor intensa, inchaço do canal auditivo e, eventual-

mente, secreção. “o outro caso (otite média) também

causa muita dor, que pode vir acompanhada de febre,

especialmente em crianças. Além disso, o quadro pode

trazer supuração na área”, ensina o Dr. cruz.

TraTamenToDe acordo com o otorrinolaringologista do hospital

ceMA, tratamentos possíveis para a otite externa e

para a otite média vêm na forma de antibióticos sistê-

micos (via oral, intramuscular ou endovenosos) e an-

tibióticos tópicos, estes últimos principalmente nas

otites externas. “Além disso, os quadros podem ser

tratados com medicamentos sintomáticos, como anal-

gésicos e anti-inflamatórios”, diz o médico.

o especialista do hospital sírio Libanês concorda e

completa: “no caso da otite externa, quando no início,

pode ser tratada com limpeza local, realizada com o

acompanhamento médico e aplicação de antibióticos

locais, em gotas. Quando mais avançada, podem ser

necessários antibióticos via oral. Já na otite média agu-

da, analgésicos podem ser suficientes no quadro viral.

Na bacteriana, é necessário o uso de antibióticos orais”.

Diante do atendimento ao paciente no ponto de venda,

é tarefa do farmacêutico ressaltar a importância da con-

sulta médica e, principalmente, os malefícios da autome-

dicação. “Infelizmente, ainda é prática comum o brasilei-

ro automedicar-se”, avalia a farmacêutica eline Matheus.

Para a profissional, esse hábito prejudica o diagnós-

tico e, consequentemente, o tratamento correto. “caso

o paciente já esteja com o receituário em mãos, o far-

macêutico deve orientá-lo a manter o tempo de trata-

mento prescrito de todos os medicamentos, indepen-

dentemente de os sintomas não existirem mais”, avalia.

segundo a professora de farmacologia, é muito co-

mum que os pacientes suspendam o uso dos medica-

mentos quando os sintomas cessam, mesmo que te-

nham usado as fórmulas por apenas dois ou três dias,

o que compromete o sucesso do tratamento.

EspEcial saúdE doenças de inverno

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Afotos: shutterstock

contínuoMal-estar

Constipação intestinal

Por LudmiLLa Pazian

também conhecida como prisão de ventre, a constipação intestinal causa desconforto frequente. confira mais detalhes sobre o quadro

A constipação ou obstipação intestinal pode ser de-finida como a dificuldade para eliminar as fezes, asso-ciada a um aumento significativo de sua consistência, o que provoca desconforto e dor abdominal. Além do aspecto físico, o quadro ainda desencadeia sérias con-sequências psicológicas para o paciente, o que torna o tratamento extremamente necessário.

segundo o gastroenterologista do complexo hospi-

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talar edmundo Vasconcelos, Dr. eduardo Berger, é preciso ter três características presentes para definir a constipação: “evacuações com esforço muito acima do normal, fezes endurecidas, resse-cadas e sintomas dolorosos abdominais”. o co-ordenador do curso de farmácia do centro uni-versitário são camilo, prof. Alexsandro Macedo silva, completa: “o quadro de constipação pode ser caracterizado quando o indivíduo evacua com a frequência inferior a três vezes por semana, apesar de poder também se expressar em indiví-duos que apresentam a frequência de evacuação normal, mas têm dificuldade para fazê-lo”.

Para definir o quadro corretamente e começar o tratamento, os especialistas recomendam di-ferenciar primeiramente os dois tipos de consti-pação: a crônica e a aguda. A primeira, mais significante, é aquela que é habitual e costuma acompanhar o paciente por anos ou décadas. Já a segunda costuma ser de curta duração, passa-geira – e com frequência regride espontanea-mente, muitas vezes associada a alguma mudan-ça brusca de hábito, como viagens, internação hospitalar ou em decorrência de algum ferimen-to que incapacite a locomoção, por exemplo.

A constipação crônica tem como causa mais fre-quente os maus hábitos adquiridos através do tempo, fruto da “falta de tempo”, da vida urbana atribulada, em que o paciente, que é predominantemente do sexo feminino, não atende ao reflexo fisiológico.

Para o gastroenterologista, evidentemente, uma dieta pobre em fibras, vegetais e grãos con-tribui para o agravamento do quadro. “Mas o que se observa, com frequência, é uma pessoa com ótimos hábitos à mesa e outros não tão bons no banheiro. explico: uma paciente que faz uma dieta absolutamente adequada pode

Uma das principais tarefas do profissional da farmácia, durante o atendimento a pacientes que apresentam quadros de constipação intestinal, é orientar o mesmo sobre os riscos da automedicação. para o gastroenterologista do Complexo Hospitalar edmundo Vasconcelos, Dr. eduardo Berger, o uso de fórmulas que aliviam os sintomas típicos da constipação, como laxantes, muitas vezes é abusivo. “na maioria dos casos, não é uso, é abuso. Diariamente, observo pessoas que têm diarreias crônicas pela utilização constante de medicações que soltam o intestino. essas pessoas trocaram um problema sério por outro ainda pior”, avalia.segundo o profissional, os laxantes podem e devem ser usados sob orientação médica. “acontece que a sensibilidade aos medicamentos é totalmente individual, ou seja, não há uma dosagem padronizada para todas as pessoas; há que se ajustar a dose”, revela.

riscos da automedicação

A constipAção intestinAl crônicA é uMA doençA priMáriA, funcionAl, e não

secundáriA A AlguMA lesão orgânicA dos intestinos. é preciso esclArecer

Aos pAcientes A forMA pelA quAl funcionA o intestino e jAMAis deixAr

pArA depois o que se deve fAzer AgorA

EspEcial saúdE Constipação intestinal

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não ter adquirido o hábito saudável e fisio-lógico de manter um horário destinado ao ato da evacuação”, ensina.

Para os especialistas, é preciso e saudável que os pacientes assumam um relógio bioló-gico que deve ser respeitado e mantido regu-larmente. “Assim, existiria uma ‘hora do ba-nho’, uma ‘hora do almoço’, ‘hora do jantar’, ‘hora de dormir e acordar’ e ‘hora da evacua-ção’”, opina o Dr. eduardo Berger.

orientações Passadas no Ponto de vendao primeiro passo para o paciente que apre-

senta os sintomas de constipação intestinal é buscar a orientação médica – e esta informação é primordial durante o atendimento a consu-midores no ponto de venda. “cabe ao profis-sional fazer um diagnóstico adequado. A cons-tipação intestinal crônica é uma doença primá-ria, funcional, e não secundária a alguma lesão orgânica dos intestinos”, opina o Dr. eduardo.

“É preciso esclarecer aos pacientes a forma pela qual funciona o intestino e jamais deixar para depois o que se deve fazer agora”, ava-lia o gastroenterologista do complexo hos-pitalar edmundo Vasconcelos, que completa: “estabelecer um horário determinado para ir ao banheiro, diariamente, com vontade ou sem, é primordial. Pode-se aí permanecer de 10 a 15 minutos, concentrado no ato de eva-cuar”, aconselha.

Além das práticas citadas, pode-se orientar no ponto de venda também que uma dieta rica em fibras é fundamental, associada à in-gestão de no mínimo dois litros de água e outros líquidos ao dia. caminhadas e exercí-cios físicos também ajudam. Porém, o uso de alguns laxantes às vezes se faz necessário na fase inicial do tratamento. “costumo dizer que a adequação dos hábitos resolve 100% dos casos – claro que isto é válido se duas condições forem preenchidas: primeiramente, o paciente deve aceitar e colaborar com o tratamento, em segundo lugar, o diagnóstico médico tem que estar correto. se não há lesão intestinal, não há doença que esteja levando à constipação”, orienta o Dr. Berger.

Confira o que indicar a pacientes durante o atendimento na farmácia. as dicas são do gastroenterologista do Complexo Hospitalar edmundo Vasconcelos, Dr. eduardo Berger, e do coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário são Camilo, prof. alexsandro Macedo silva.

DiCas DireCionaDas

a visita médica é essencial, principalmente para avaliar se por trás de uma prisão de ventre existe uma lesão intestinal.

a dose dos medicamentos ingeridos – se necessários – difere de paciente para paciente. o consenso será descoberto na avaliação conjunta de médico e paciente.

É positivo assumir hábitos rotineiros para a hora de ir ao banheiro. “É preciso educar a vontade e não segurar”, define o especialista do Complexo Hospitalar edmundo Vasconcelos.

aumentar a ingestão de água por dia é fundamental.

Mudanças de hábitos alimentares também são positivas. recomende que os pacientes ingiram mais alimentos ricos em fibras, como verduras e frutas.

Uma rotina frequente de exercícios físicos também colabora para colocar o organismo em dia.

Determinar um horário para ir ao banheiro é positivo.

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beleza

P

Aparência

renovada(sempre)

fotos: shutterstock

Produtos anti-idade ajudam a manter a

jovialidade e o viço da Pele, conservando a

beleza Por mais temPoPor camila guesa

Produtos rejuvenescedores que buscam manter a jovialidade e o viço da pele. essas são algumas das promessas dos cremes e géis anti-idade, utilizados cada vez mais cedo por mulheres em todo o mun-do para conservar a beleza e o aspecto jovial cutâ-neos. “o cuidado com a pele está começando cada vez mais cedo. hoje, as mulheres começam a utili-zar produtos anti-idade com, em média, 25 anos”, diz o cientista da Johnson & Johnson Nilo cobeiros.

Mas o que muitas consumidoras não sabem (ou esquecem) é que as marcas de envelhecimento da pele são consequência da degradação das fibras de colágeno e elastina, que acontecem de forma natu-ral com o avançar da idade. No entanto, cerca de

beleza

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85% dos casos são agravados devido a fatores externos como a exposição exagerada ao sol, principalmente sem proteção, distúrbios hormonais, consumo excessivo de ál-cool, cigarro e alimentação inadequada.

e, com a correria diária, é quase impossível manter uma rotina ideal, dando margem a essas fibras se degradarem mais facilmente. e é aí que entram os cremes anti-idade, que, segundo estimativas, movimentaram r$ 31,4 bilhões no último ano. “e a tendência é crescer, uma vez que o brasileiro aumentou sua renda, atraindo novos players para o segmento”, opina o representante da J&J.

ativos amigoscobeiros explica que esses itens possuem ativos que tra-

balham com a função de melhorar o aspecto de uma pele envelhecida e/ou de desacelerar o processo de envelheci-mento. Na composição, os antioxidantes, estimulantes de colágeno, incluindo o ácido retinoico e seus derivados, a linha de ácidos glicólicos, vitamina c e e se destacam.

“o retinol é também bastante utilizado pela indústria cosmética, pois promove a neocolagênese (produção de colágeno novo), aumentando a espessura da epiderme e reduzindo a intensidade das rugas”, pontua o cientista. A farmacêutica e consultora técnica da Biotec Dermocosmé-ticos, Mika Yamaguchi, completa: “reposição de silício or-gânico – elemento-chave dos tecidos conjuntivos – é im-portante, pois ajuda a pele a produzir um colágeno e elas-tina de boa qualidade, melhorando a firmeza da pele”.

Mas não basta à consumidora usar milhares de cremes anti-idade – a adoção de hábitos preventivos ajuda a po-tencializar seus resultados. “Por isso, a prescrição desses produtos vai depender muito da paciente”, explica a der-matologista membro titular da sociedade Brasileira de Dermatologia – regional são Paulo (sBD-sP), Meire Para-da. Portanto, o ideal é que se faça uma prevenção com uso de protetores solares e hidratantes ao longo da vida. “A boa alimentação e a complementação do tratamento com nutricosméticos ajudam bastante no combate às ru-gas”, complementa Mika.

Quanto ao início do uso de produtos anti-idade, a di-

retora de Vichy, Julia séve, afir-ma: “o mais comum era, no passado, fazer uso de produ-tos  antiidade apenas  após o aparecimento de rugas e manchas – com o objetivo de corrigir os sinais de envelhecimento. hoje, é possível também atuar na prevenção dos sinais de envelhecimento, usando, por exemplo, produtos antioxidantes, que retardam o envelhe-cimento cutâneo. Por isso, conscientes da neces-sidade dos cuidados com a pele, homens e mulhe-res estão iniciando o uso de produtos dessa cate-goria cada vez mais cedo”.

aPlicaçãoNo uso diário, é importante sempre lavar o ros-

to antes de passar os produtos, que devem ser apli-cados generosamente todas as manhãs no rosto e pescoço, sendo a frequência adaptada de acordo com a sensibilidade da pele. É importante também a utilização de um bom fotoprotetor sobre o pro-duto. À noite, deve ser aplicado após a limpeza e secagem da pele.

À atendente cabe a consciência (e o alerta à con-sumidora) de que o produto ideal varia de acordo com o tipo de pele, o problema a ser tratado e o grau do envelhecimento. “A consumidora conhe-ce bem as suas necessidades, mas ela sempre pre-cisa de orientação, uma vez que se tem uma gran-de variedade de produtos na prateleira”, diz Mika Yamaguchi. A farmacêutica da Biotec lembra que toda fórmula é desenvolvida de acordo com o tipo de pele, sempre respeitando as necessidades e co-locando ativos que minimizem os problemas, a exemplo da pele seca, que precisa de uma carga maior de óleos vegetais, hidratantes cremosos e ativos regeneradores, enquanto peles mais oleosas precisam de produtos mais líquidos ou fluidos.

sendo assim, a profissional deve conhecer bem os

não basta à consumidora usar milhares de cremes anti-idade. a adoção de hábitos preventivos ajuda a potencializar seus resultados. por isso, a prescrição desses produtos vai depender muito da paciente

É importante a utilização de um bom fotoprotetor sobre o produto

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beleza

produtos disponíveis no ponto de venda, suas funções, formulações, como aplicá-los e quais resultados prometem para poder auxiliar a consumidora em qualquer dúvida

que possa surgir. De acordo com a dermatologista da sBD-sP, não

há uma maneira de passar esses produtos na pele que seja mais eficiente (de cima para baixo, de den-tro para fora). “o sentido não muda a penetração. o mais importante é realizar movimentos delica-dos na pele toda, sendo que a frequência varia de acordo com a pele – pessoas mais sensíveis, por exemplo, devem ter aplicação de ácidos menos ve-zes para evitar irritação – mas cada caso é um caso”, explica a especialista.

“recebemos relatos de observação dos resulta-dos dois ou três meses depois do início do trata-mento, lembrando que tratamento anti-idade deve ser contínuo, visto que a pele envelhece a cada dia”, diz Meire Parada.

e por serem dermocosméticos, o ideal é que es-ses itens fiquem dispostos em móveis separados dos produtos massivos nas gôndolas, com ilumina-ção e exposição diferenciadas. “sempre que pos-sível, recomendamos a exposição  de marcas sofis-ticadas em móveis de parede, para que os consu-midores possam, mais facilmente, interagir com es-tes produtos”, recomenda Julia séve, da Vichy.

opções de produtos anti-idade é o que não falta e a ansiedade em manter a beleza por mais tempo norteia mulheres cada dia mais jovens. especialistas explicam que o ideal é iniciar tratamento a partir dos 25/30 anos, pois é a época em que a pele começa a apresentar os primeiros sinais de envelhecimento. “Isso vai depender muito do tipo e cor da pele de cada pessoa, e a quais fatores desencadeantes ela esteve (e/ou está) exposta”, explica Mika Yamaguchi, da Biotec.

quando usar cremes anti-idade

por serem dermocosméticos, o ideal é que esses itens fiquem dispostos em móveis separados dos produtos massivos nas gôndolas, com iluminação e exposição diferenciadas

Veja quais são os produtos indicados para cada fase da vida da mulher e oriente suas consumidoras para a escolha certa.www.guiadafarmacia.com.br

CON

TEÚD

O EXTRA NO PORTAL

o ideal é iniciar tratamento

a partir dos 25/30 anos

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Em dEbatE

E

Presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas, Medicamentos, Correlatos, Perfumarias, Cosméticos e Toucador no Estado de São Paulo (Sincamesp). Conselheiro-Executivo da Câmara do Comércio de Produtos Farmacêuticos da CNC

Site www.sincamesp.com.br

foto: fábio franci

João Franco de Godoy Filho

Negociaçãosalarial

O desaquecimentO da ecOnOmia tem dificultadO as negOciações de reajustes salariais dOs trabalhadOres

Estamos enfrentando problemas nas negociações salariais da maioria das categorias. o País corre o risco de ser contaminado pela crise que se insta-lou na Europa, e que contamina até mesmo a inglaterra, que não adotou a mesma moeda, o Euro. no brasil al-guns setores encontram importantes obstáculos. Um exemplo é a quebra de safra de cana-de-açúcar, que colo-ca as usinas em dificuldades. Para se ter uma ideia, o reajuste de 4,5% ofe-recido ao setor de álcool combustível é menor do que a inflação de 4,88% medida pelo Índice nacional de Preços ao consumidor (inPc).

a inflação está baixa, o que complica as negociações salariais, principalmen-te com os sindicatos dos empregados. Este primeiro semestre teve um en-cerramento tenso no que se refere às negociações de salário. no segundo semestre, há campanhas salariais de categorias importantíssimas, que bus-carão um aumento real.

Por parte das empresas, vale citar que 1% ou 2% de aumento pode representar acréscimo de r$ 100 mil ou r$ 200 mil em suas folhas de pa-gamento. Para o empregado, 1% de aumento pode representar apenas r$ 10 a mais em seu contracheque, ou seja, quase nada.

os aumentos reais dos pisos sala-riais da maioria das categorias nos Estados têm se situado em patama-

res maiores que os negociados em 2011, porque o salário mínimo teve em 2012 um acréscimo real maior. Mas as negociações estão difíceis em função do cenário macroeconômico. a desaceleração era esperada para o primeiro semestre, mas veio com in-tensidade maior que a prevista, e as empresas querem negociar em pata-mares menores que os do ano passado ou mantendo os mesmos índices.

Esse impasse faz com os represen-tantes das federações de empregados se tornem irredutíveis nas negocia-ções salariais. É preciso gerir ou admi-nistrar essas transações com cautela e perspicácia. não podemos esquecer que o empregado é o motor. isso au-menta a nossa responsabilidade no setor de medicamentos.

importante salientar que a partici-pação dos itens de perfumaria e cos-méticos no faturamento das farmácias do interior é menor, principalmente nos pequenos municípios do brasil, onde o aumento salarial pode repre-sentar um grande ônus.

temos de evidenciar a importante prestação de serviços dessas farmá-cias menores à população local. Elas representam até 550 municípios só no Estado de São Paulo. E essa situação se reflete em todo o brasil, pois são esses estabelecimentos que oferecem a dispensação primária e a atenção farmacêutica à população.

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atualidade

T

foto: DIVULGAÇão

Inovação na indústriafarmacêutica brasileira

Pesquisador, presidente do laboratório Kyolab e membro do Conselho Científico da Amazônia

Luiz FranciscoPianowski

Diversos fatores contribuíram para o abismo que temos entre a bioDiversiDaDe e o meDicamento na prateleira Das Drogarias munDiais

temos milhares de medicamentos de diversas marcas, diferentes sais, concen-trações e apresentações. A pergunta é: quantos são oriundos da nossa biodiver-sidade? ora, se temos milhares de sais me-dicamentosos, e destes, em torno de 60% são de origem natural, moléculas naturais modificadas (semissintéticos) e compostos inspirados em moléculas naturais, chegare-mos a uma conta fácil de fazer: se temos esse número (60%) e a nossa biodiver-sidade abrange 22% do total mundial, deveríamos ter 12% dos medicamentos mundiais com origem e (ou) inspirados em moléculas encontradas na nossa flora e fauna, além dos micro-organismos.

Encontramos alguns exemplos como a pilocarpina, extraída do jaborandi, usada mundialmente no tratamento do glaucoma e comercializada no mundo por décadas pela Merck alemã. outro exemplo é o captopril; oriundo do vene-no da jararaca, teve o início das pesqui-sas com o Dr. Mauricio Rocha e Silva, e, posteriormente, seu aluno Sérgio ferreira descobriu a substância presente no ve-neno que deu origem ao medicamento, ativo esse que potencializava os efeitos da Bradicinina. Essa descoberta resultou num Prêmio Nobel ao britânico sir John Vane e em um produto mundialmente comercializado pela Squibb.

O que vemOs nesses dOis exemplOs? Em minha opinião, diversos fatores

contribuíram para esse abismo que te-mos entre a nossa biodiversidade e o

medicamento na prateleira das drogarias mundiais. Uma delas, anterior à década de 50, é o descuido com o investimento na pesquisa nacional, tanto por parte das empresas como do governo. E de-pois dessa data, tivemos insegurança democrática aliada a desleixo da direita e medo da esquerda de perdermos nos-sas riquezas naturais para os “gringos” de um modo geral. Isso fez com que a academia se distanciasse da indústria e gerasse um grupo de “favoráveis” a patentes e outro “contra” patentes.

Com o reconhecimento da Lei de Pa-tentes no Brasil em 1996, e a aprova-ção da Lei dos Genéricos em 1999, a indústria nacional ficou sitiada. De um lado tinham de respeitar as patentes e do outro precisavam lidar com medica-mentos genéricos que concorreriam com os de marcas que elas vendiam há anos. Nessa situação deveriam e tinham de investir em P&D. Saíram da confortável situação de copiadores para buscar alter-nativas na academia. E tivemos avanços, alguns já se encontram no mercado e outros estão ainda por sair. Porém, essa situação, que parecia tirar a letargia das indústrias em P&D, gerou outra condi-ção. Houve uma mudança no cenário nacional sobre as posições de vendas e faturamentos das indústrias, colocando em primeiro lugar aquelas que produzem muitos genéricos. A indústria, com raras exceções, precisa entender a necessidade de aplicar em P&D, correr riscos, ter um pipeline forte e ativo no lugar cômodo de investir só no que já está pronto.

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varejo

O

foto: DIVULGAÇão

Competitividadena farmácia

Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora do livro Atender Bem Dá Lucro e do DVD Etiqueta Empresarial

[email protected]

silvia osso

A fArmáciA que vende ApenAs medicAmentos vAi perder espAço pArA A que se propõe A vender higiene, perfumAriA, cosméticos com Atendimento especiAlizAdo, crédito e serviços

o varejo farmacêutico precisa ser dinâ-mico e adaptar-se às mudanças impostas pelo mercado. Elas ocorrem com muita ra-pidez, exigindo agilidade e grandes trans-formações na forma de comercializar pro-dutos e gerir as farmácias.

Com a reorganização do mercado far-macêutico, as grandes fusões, o cresci-mento da concorrência globalizada assu-me enorme proporção, e por vezes dificul-ta a permanência no mercado de peque-nas farmácias com estruturas menores e sem profissionalização.

Utilizando-se do seu poder de nego-ciação na hora de adquirir produtos junto aos fornecedores, as novas redes de vare-jo desenvolvem campanhas de comercia-lização agressivas e podem praticar mar-gens de lucros menores, fruto da rotativi-dade dos produtos e da comercialização de produtos afins.

As pequenas farmácias, as lojas que es-tão estocando sem vender, comprando mercadorias que não giram ou precifican-do seus produtos só com base nos cálculos de formação dos preços de venda, já mor-reram ou estão a caminho,

As redes ou farmácias independen-tes mais profissionais e competitivas de hoje mantêm em suas estruturas funcio-nários específicos para treinamento, psi-cólogos para dar suporte na seleção ou acompanhamento dos colaboradores, além de empresas de consultoria tercei-rizadas que se especializaram na presta-ção de serviço de vários aspectos da em-presa ou no treinamento para gerentes, supervisores e vendedores.

o cliente de hoje é bem informado e

consciente dos seus direitos como consumi-dor, exigindo um atendimento qualificado. As lojas que sobreviveram ou surgiram nos últimos tempos tiveram de se adaptar a este novo cenário. o consumidor deste século, pressionado pela falta de tempo, anseia cada vez mais por conveniências. A ampla oferta de crédito, serviços e produtos é a base do novo conceito de varejo que vem ganhando a maior fatia do mercado.

os espaços físicos destinados às farmácias, além de totalmente informatizados, agora es-tão sendo ocupados por lojas que cuidam muito bem das suas marcas, fachadas, vitrines, ilumi-nação, layout e merchandising. A loja que não está informatizada perde cada vez mais espa-ço, pois estando sem sistemas de informações integradas, tem o grande o risco de tomar de-cisões ouvindo somente as emoções.

os clientes querem cada vez mais novidades quando passam em frente às vitrines, exigindo profissionais eficientes nos setores de compras e atendimento. Por outro lado, a escassez de recursos e os custos, aliados a um consumidor que quer sempre novidades, exigem uma ad-ministração competente dos estoques e do giro das mercadorias.

A farmácia que vende apenas medicamen-tos vai perder espaço para a que se propõe a vender higiene, perfumaria, cosméticos com atendimento especializado, crédito e serviços. A época em que os sazonais de verão ou de inverno eram comprados para toda a estação ficou para trás. Hoje o desafio do varejo é ser ágil na reposição, com estoque enxuto e atual.

o espaço agora é das farmácias que mantêm uma eficiente gestão de estoques e vendem os produtos com total domínio das tendências de mercado e de gosto do seu público.

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consultor jurídico

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foto: DIVULGAÇão

Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Rio de Janeiro (Ascoferj), OAB/RJ 113655

E-mail [email protected]

Gustavo semblano

A Lei de Acesso

e a AnvisaO ObjetivO desta nOrma é assegurar O direitO fundamental de acessO à infOrmaçãO, direitO este previstO na cOnstituiçãO brasileira

o tema do dia no noticiário diz respei-to à Lei de Acesso à Informação, que se encontra consubstanciada na Lei federal nº 12.527/11, que entrou em vigor no último dia 18 de maio de 2012.

o objetivo desta norma é assegurar o direito fundamental de acesso à infor-mação, direito este previsto na Consti-tuição brasileira.

Mas, o que a Anvisa tem a ver com a Lei de Acesso à Informação?

o inciso II do artigo 1º da Lei federal nº 12.527/11 diz que as autarquias de-vem se submeter a suas exigências e, em se tratando da Anvisa, que é uma autar-quia (conforme previsto na Lei federal nº 9.782/99), a ela se submete.

De boa medida se viu no Diário oficial da União do dia 18/05/2012 a adequa-ção à Lei federal nº 12.527/11: a edição da Portaria nº 748-C.

De antemão salienta-se que nem mes-mo com a Portaria nº 748-C a Anvisa passou a permitir a retirada ou carga dos autos de processos administrativos, findos ou em andamento.

Há dois pedidos que podem ser for-mulados à Avisa: de cópia de processos administrativos ou de vista de proces-sos administrativos.

Ainda assim a Anvisa acertou em cheio ao permitir que os pedidos de cópia ou de vista dos autos de processos admi-nistrativos sejam feitos por três formas:

• pelo telefone (por meio de um ser-viço de 0800 642 9782, disponível em

à Informação

todo o território nacional);• pela internet (por meio do formulário

eletrônico “fale Conosco” encontrado no site www.anvisa.gov.br);

• de forma presencial na própria An-visa, em Brasília (Df).

Há dois pedidos que podem ser formulados à Anvisa: de cópia de pro-cessos administrativos ou de vista de processos administrativos.

Em relação à cópia de processos ad-ministrativos, o serviço de busca e for-necimento das informações é gratuito, somente sendo cobrado do requerente o valor necessário ao ressarcimento do custo da reprografia (fotocópia), valor este pago mediante recolhimento de GRU-Guia de Recolhimento da União.

Quem não dispuser de condições econômico-financeiras estará isento do pagamento do custo da reprografia, hipótese esperada para requerentes pessoas físicas, mas dificilmente para requerentes pessoas jurídicas (drogarias, farmácias, etc.).

No que tange à vista dos autos, este serviço prestado pela Anvisa é gratuito.

Por fim, a Portaria nº 748-C da Anvisa informa que a autorização ou a conces-são do acesso às informações devem ser imediatas; no entanto, se não for possível, a Anvisa terá prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar do requerimento, para a analisar o pedido e responder ao usuário quanto à possibilidade de atendimento do pedido.

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artigo

U

foto: DIVULGAÇão

abusivo de ansiolíticos

Ionara VIeIra Moura rabelo

Doutora em Psicologia. É psicóloga do Núcleo de Prevenção à Violência e Promoção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Goiânia e professora adjunta da Universidade Paulista (Unip)

Pesquisa sugere acomPanhamento Profissional como contraPartida a medicamentos

Alerta para o uso

Uma recente pesquisa de douto-rado defendida no Departamento de Psicologia da Unesp de Assis (SP) apresenta uma proposta para retirar dos usuários medicamentos ansiolíti-cos do tipo BZD (benzodiazepinas), como Diazepam e Rivotril, sem recor-rer às estratégias mais comuns como a substituição por outros ansiolíticos. o estudo teve alto índice de sucesso, com 45% dos pacientes fazendo a retirada total do medicamento.

A ideia da tese é debater e modi-ficar as práticas de atendimento dos usuários de ansiolíticos para evitar a repetição de receitas e propor novas formas de cuidado que prescindam do uso de medicamentos. o estudo foi realizado em duas cidades brasi-leiras: Assis (SP) e Goiânia (Go).

Na primeira etapa, foram ava-liados 132 pacientes, usuários de Diazepam e Rivotril nos últimos três meses e que eram atendidos pela Es-tratégia Saúde da família (ESf), um programa gerido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). os pacientes ava-liados apresentavam quadros leves de ansiedade, nervosismo e insônia.

Nessa etapa, um grupo de seis equipes de profissionais, entre eles, médicos, enfermeiros, agentes co-munitários de saúde, que também acompanhavam os usuários nas ESf, realizou um trabalho de levantamen-to de prontuários e visitas às famílias dos participantes. Esse momento foi

importante porque fizemos o levanta-mento do perfil desses pacientes e mo-bilizamos os profissionais para que eles identificassem melhor aquela população. Na segunda fase da pesquisa, realizada somente na cidade de Goiânia, com 64 pacientes, equipes foram preparadas para fazer a retirada do BZD, levando em consideração que a dependência psicológica ao medicamento é ocasio-nada pela repetição de receitas usadas por tempo prolongado. Segundo a pes-quisa, para evitar a repetição buscou-se modificar as práticas de atendimento das pessoas que usam o ansiolítico.

Ao final, foi proposta pela equipe de profissionais a produção de duas cartas informativas para os pacientes, com o objetivo de conscientizá-los sobre o uso dos medicamentos. Além disso, foram realizados estudos de casos, visitas domi-ciliares e consultas individuais. A retirada do medicamento foi feita no período de nove meses, de forma gradual (sempre acompanhada por médicos das equipes), e autorizada pelo médico prescritor prin-cipal da receita.

foi uma surpresa o número de pesso-as que interrompeu o uso do ansiolítico apenas com as informações sobre a me-dicação, seja por meio da carta informa-tiva ou das orientações recebidas pelas equipes. Esse fato reforçou um dos prin-cípios básicos da saúde coletiva, que é o de modificar processos de adoecimento por meio da oferta de informações para a comunidade.

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competitividade

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foto: DIVULGAÇão

Dos alquimistas aovarejo farmacêutico

Coordenador de inteligência de mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza

NewtoN Guimarães

Novo estudo irá traçar o perfil e as teNdêNcias do setor

Creditam-se aos alquimistas as primei-ras experiências na combinação sistemá-tica de substâncias químicas e orgânicas para transformar a realidade e alterar o curso natural da vida humana.

Esta protociência, de resultados erran-tes, teve seu auge na Baixa Idade Média (século XI ao século XV).

Podemos deduzir que esses alquimis-tas estavam buscando, por que não, os atuais medicamentos com receitas, sem receitas ou otCs (over the coun-

ter) e artigos para cuidados pessoais ou higiene e beleza, hoje sim, com-provadamente eficazes e abertamen-te disponibilizados na maior parte do varejo farmacêutico contemporâneo.

E para termos uma ideia do tamanho deste varejo, segundo o NE&PE – Nú-cleo de Estudos e Projeções Econômicas da GS&MD, as farmácias e drogarias norte-americanas movimentaram, em 2011, US$ 229,3 bilhões, ou R$ 389,8 bilhões, com um crescimento de 3,2% em relação ao ano de 2010.

No Brasil, ainda segundo análise do NE&PE, tendo como base o IBGE, IMS Health e Abrafarma, o varejo farmacêuti-co movimentou R$ 51,7 bilhões em 2011, com um crescimento de 9,8% em relação ao ano anterior, cujo faturamento total foi de R$ 47,1 bilhões. Isto é muito signi-ficativo, considerando que o crescimento médio do varejo brasileiro foi de 6,7%.

Se ainda incluirmos as perfumarias, que em 2011 movimentaram R$ 7,7 bi-lhões, estaremos falando de um mercado de R$ 59,4 bilhões e, o que é mais insti-gante, em plena fase de transformação.

Como em nenhum outro segmento, ocorreram duas grandes fusões qua-se simultaneamente em 2011 entre bandeiras que estavam entre as cinco maiores: Drogaria São Paulo e Pacheco, Droga Raia e Drogasil, com faturamen-tos em 2011 de R$ 4,4 bilhões e R$ 4,1 bilhões, respectivamente.

Somada a estas fusões, podemos ressaltar a forte política de aquisições de redes regionais por parte da Brazil Pharma, já ocupando o quarto lugar no ranking de faturamento, atrás ape-nas da Pague Menos.

Por fim, tudo isto somado às cons-tantes notícias, nunca confirmadas, da chegada da maior rede mundial em número de lojas ao mercado brasileiro, a Rede Walgreens.

Com base nesta percepção, a GS&MD – Gouvêa de Souza está iniciando um estudo para aprofundamento do vare-jo farmacêutico brasileiro, tendo como objetivo o entendimento do momento e tendências das farmácias para a comer-cialização de otC e produtos de higiene e beleza, com entrevistas com canais de distribuição e consumidores jovens, ma-duros e seniores, com e sem filhos, em quatro regiões do Brasil.

E, certamente, contribuindo para que a indústria e o varejo farmacêutico, conhecendo os anseios destes consu-midores, continuem participando cada vez mais da qualidade de vida de seus clientes, oferecendo adequadamente produtos e serviços que aumentem sua longevidade com saúde e beleza. tal qual sonhavam os antigos alquimistas.