Economia Criativa ou Indústria Criativa
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Economia Criativa ou Indstria Criativa: Delimitao de um Conceito em Construo
Mauricio C. Serafim (ESAG/UDESC) [email protected]
Daniel Pinheiro (ESAG/UDESC) [email protected]
Eduardo Jara (ESAG/UDESC) [email protected]
velyn Nunes de Melo (ESAG/UDESC) [email protected]
Brendha Aguiar (ESAG/UDESC) [email protected]
Joo Victor Bernardes (ESAG/UDESC) [email protected]
Luciana Ronconi (ESAG/UDESC) [email protected]
Adilson da Silva (ESAG/UDESC) [email protected]
Resumo
O presente artigo faz parte de um projeto de pesquisa que busca analisar a constituio do
capital social dos empreendedores da indstria criativa da regio sul do Brasil e tem como
objetivo apresentar uma breve discusso sobre os conceitos de Economia Criativa a fim de
contribuir para o debate no meio acadmico. H um esforo em vrios pases para o
mapeamento de setores dessa indstria, que possui como caracterstica central a produo de
bens imateriais e intangveis com alta dependncia de inovao. O tema tem adquirido
relevncia nos ltimos anos e suscitado aes por parte de diferentes governos. Por exemplo,
a partir de 1997 o governo britnico convocou uma fora-tarefa para determinar quais os
setores criativos mais promissores do Reino Unido, culminando na criao do Ministrio da
Indstria Criativa. Em 2012, no Brasil, foi criada a Secretaria da Economia Criativa,
vinculada ao Ministrio da Cultura. Segundo dados do IBGE, aproximadamente 10% do PIB
brasileiro so provenientes de indstrias criativas, o que evidencia a relevncia do setor para a
economia do pas. Diante dessas consideraes, nosso artigo apresenta uma discusso terica
sobre o tema, contribuindo para o debate emergente, bem como para os aspectos tericos que
envolvem o conceito de Economia Criativa, sua origem e as diversas terminologias, indicando
pontos de similaridade entre os diferentes conceitos. Descrevemos como alguns pases tm
desencadeado iniciativas focadas no fomento da Economia Criativa, sobretudo, devido ao seu
importante papel na criao de riquezas. Destacamos que no h uma classificao terica
consensual dos conceitos de Indstria e Economia Criativa, tampouco quanto aos setores que
as constituem. Esperamos contribuir para a definio de novos contornos para o conceito e a
delimitao de setores, inclusive para os posicionamentos oficiais de governos e de
instituies que auxiliam nos processos de formulao e implementao de polticas pblicas.
Palavras-chave: Economia Criativa, Indstria Criativa, Polticas Pblicas
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1 CONTEXTUALIZAO
A pesquisa objetiva analisar a constituio do capital social dos empreendedores da
indstria criativa da regio sul do Brasil. Para isso, necessria a compreenso dos conceitos
sobre a indstria criativa, bem como a delimitao do campo. Entretanto, a indstria criativa
como foco de estudo recente e configura um campo de conhecimento pr-paradigmtico
(MIGUEZ, 2006).
A criatividade passou a ser percebida como uma fonte inesgotvel de recursos, por
possuir a peculiar caracterstica de ser abundante: quanto mais se explora, mais se tem. A
indstria criativa tem sido um tema importante tanto na atuao pblica quanto na privada, e
objeto de estudos e interesse por parte da academia, de agncias governamentais e
organizaes multilaterais. Tem tido, ainda, importncia nos processos de formulao das
polticas pblicas, que almejam o desenvolvimento local e econmico (CAIADO, 2011).
De acordo com Machado (2009), h uma tendncia em substituir o termo indstria
cultural por economia criativa, por dois motivos: afastar o sentido negativo e crtico do
conceito de indstria cultural, desenvolvido por Adorno e Horkheimer na Escola de Frankfurt;
e, a necessidade de encontrar uma denominao que d conta de uma srie de atividades no
contempladas pelo conceito anterior.
O fato da maior parte das publicaes e debates sobre o tema ser de origem anglo-sax
pode gerar incompreenses semnticas, devido a diferenas culturais. A terminologia
creative industries de origem inglesa pode ser traduzida no Brasil como indstrias
criativas. No entanto, o termo no ingls significa setor, ou seja, a cadeia de empresas que
realizam uma determinada atividade produtiva.
No Brasil, o Ministrio da Cultura que criou em 2012 a Secretaria da Economia
Criativa, considerou imprescindvel identificar a distino existente entre os setores
econmicos tradicionais e os setores denominados como criativos. Apontou que a distino
mais significativa para a delimitao da economia criativa deve partir da anlise dos processos
de criao e de produo, e no dos insumos e/ou da propriedade intelectual de bens ou do
servio criativo.
2 DEFINIES
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A categoria de economia criativa pode ser considerada como um conjunto de
atividades, bens ou servios culturais que possuem natureza tanto econmica quanto cultural.
Assim, os setores criativos so as atividades produtivas que apresentam como processo
principal um ato criativo gerador de valor simblico, elemento este base da formao do
preo, e que ir resultar na produo de riqueza cultural e econmica. Tal conjunto de
atividades, bens ou servios culturais apresenta como processo principal um ato criativo
gerador de valor simblico (o valor do bem criativo se encontra na capacidade humana de
inventar, de imaginar, de criar, seja de forma individual ou coletiva), elemento base da
formao do preo, e que ir resultar na produo de riqueza cultural e econmica. A
categoria, portanto, abrange mais que apenas setores tipicamente culturais, ligados produo
artstico-cultural (msica, dana, teatro, pera, circo, pintura, fotografia, cinema),
compreendendo outras expresses ou atividades relacionadas s novas mdias, indstria de
contedos, ao design arquitetura, entre outros (MINISTRIO DA CULTURA, 2011).
A Secretaria da Economia Criativa criada pelo Decreto 7743, de 1 de junho de 2012
e vinculada ao Ministrio da Cultura - considera que os setores criativos so aqueles cujas
atividades produtivas tm como insumos principais a criatividade e o conhecimento,
caracterizados pela variedade infinita, abundncia e no pela escassez. Tomando-se como
exemplo a pintura, seu valor est associado expresso artstica do pintor, indo alm do preo
dos materiais em si. A economia criativa, por conseguinte, a economia do intangvel, do
simblico.
A economia criativa pode ser um setor altamente competitivo, pelo fato da tecnologia
poder gerar um campo de feedback instantneo, onde a questo publicitria essencial para
sucesso das ideias. Entretanto, o setor baseado tambm na cooperao e compartilhamento
de conhecimentos. O modelo criativo influencia os jovens a produzir e compartilhar os
resultados de seus trabalhos, dando-lhes vida, apropriao e transformao, como nas redes
sociais. A produtividade e a dedicao esto associadas a recompensas: a autorrealizao, o
reconhecimento, a reputao e a contribuio para um bem em comum, fatores intangveis se
comparados recompensa financeira (ANNUNZIATA, 2012).
Um aspecto que reflete na formulao dos conceitos seja de indstria criativa,
economia criativa ou indstria cultural, o pressuposto que alguns estudos apoiam
(Ministrio da Cultura, 2011; UNCTAD, 2010; CAIADO, 2011): o mbito cultural est
inserido no criativo. No entanto, para compreender cada um dos conceitos citados
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necessrio analisar as definies que esto em construo.
Quanto economia criativa, Caiado (2011) descreve que o ciclo que engloba a
criao, produo e distribuio de produtos e servios que usam a criatividade, o ativo
intelectual e o conhecimento como recursos produtivos fundamentais. As atividades
econmicas so desenvolvidas a partir da combinao de criatividade com tcnicas e/ou
tecnologias, agregando valor ao ativo intelectual, ou seja, associa-se o talento aos objetivos
econmicos. Caracteriza-se no somente como um ativo cultural, produto ou servio
comercializvel, mas incorpora elementos tangveis e intangveis dotados de valor simblico.
De forma complementar, Annunziata (2012) expe que a economia criativa se
abastece dos talentos criativos, que se organizam de forma individual ou coletiva, para
produzir bens e servios criativos, segundo a autoidentificao do trabalhador com a tarefa.
As conversaes criativas permitem a mistura de conhecimentos pessoais, transformando-os
em linguagem tangvel, a partir das quais as mdias sociais promovem a amplificao dessa
capacidade de conversao e as modificam. O Quadro 1 apresenta uma sntese das principais
abordagens da economia criativa.
Economia Criativa Referncias Economia criativa seria uma abordagem holstica e multidisciplinar,
lidando com a interface entre economia, cultura e tecnologia, centrada
na predominncia de produtos e servios com contedo criativo, valor
cultural e objetivos de mercado, resultante de uma mudana gradual de
paradigma.
Edna dos Santos-Duisenberg (2011) Chefe do programa de Economia e
Indstrias Criativas da UNCTAD, a
Conferncia das Naes Unidas para
Comrcio e Desenvolvimento. Economia criativa abrange alm das indstrias criativas, o impacto de
seus bens e servios em outros setores e processos da economia e as
conexes que se estabelecem entre eles.
Hartley (2005)
[...] Economia criativa. Ao que tudo indica, trata-se de uma nova denominao que vem se afirmando no discurso dos profissionais
envolvidos com a rea cultural no Brasil administradores pblicos, produtores, gestores, entre outros em substituio quilo que se convencionou chamar de indstria cultural.
Machado (2007, p.83)
As atividades, bens e servios culturais possuem dupla natureza, tanto econmica quanto cultural, uma vez que so portadores de identidades,
valores e significados, no devendo, portanto, ser tratados como se
tivessem valor meramente comercial.
Declarao do Milnio das Naes Unidas
(2000)
Diferentemente da economia tradicional taylorista, a economia criativa se caracteriza pela abundncia e no pela escassez, pela
sustentabilidade social e no pela explorao de recursos naturais e
humanos, pela incluso produtiva e no pela marginalizao de
indivduos e comunidades.
Leito (2011, p.14)
A economia criativa , portanto, a economia do intangvel, do simblico. Ela se alimenta dos talentos criativos, que se organizam
individual ou coletivamente para produzir bens e servios criativos.
Por se caracterizar pela abundncia e no pela escassez, a nova
economia possui dinmica prpria [...]
Ministrio da Cultura (p.24)
-
Em todas as atividades realizadas pelo homem existe um grau maior ou menor de criatividade e, nos mais simples gestos de comunicao
entre os seres humanos, clara a presena de elementos culturais. No
entanto, se convencionou chamar Economia Criativa aquelas
manifestaes humanas ligadas arte em suas diferentes modalidades,
seja ela do ponto de vista da criao artstica em si, como pintura,
escultura e artes cnicas, seja na forma de atividades criativas com vis
de mercado, como design e publicidade.
Caiado (Coord) (2011, p. 11)
Economia Criativa o ciclo que engloba a criao, produo e distribuio de produtos e servios que usam a criatividade, o ativo
intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos. So
atividades econmicas que partem da combinao de criatividade com
tcnicas e/ou tecnologias, agregando valor ao ativo intelectual. Ela
associa o talento a objetivos econmicos. , ao mesmo tempo, ativo
cultural e produto ou servio comercializvel e incorpora elementos
tangveis e intangveis dotados de valor simblico.
Caiado (Coord) (2011, p. 15)
A capacidade da Economia Criativa de gerar novos produtos e servios transborda para atividades inovadoras em outras empresas e organizaes dentro e fora do setor, gerando encadeamentos nas
cadeias produtivas, potencializando inovaes em outros setores..
Economia Criativa na cidade de So Paulo:
Diagnstico e Potencialidade. (p. 140)
Quadro 1 - Definies de Economia Criativa Fonte: Elaborado pelos autores
Em relao ao conceito de indstria criativa, pode-se entender que h uma
convergncia de trs campos anteriormente mantidos separados: as artes, as indstrias
culturais e as novas tecnologias digitais de informao. A convergncia entre indstrias de
mdia e informao e o setor cultural e das artes promove o desenvolvimento nas sociedades
baseadas no conhecimento. O setor das indstrias criativas opera em importantes dimenses
contemporneas da produo e do consumo cultural, apresentando uma grande variedade de
atividades que possuem como ncleo a criatividade (BENDASSOLLI; WOOD JR, 2009).
Segundo Fonseca (2012), a Inglaterra identificou setores criativos que se mostravam
promissores para a economia nacional e concedeu-lhes benefcios econmicos, culturais e
sociais. Essas indstrias criativas se fundamentam no potencial para a gerao de riquezas e
empregos por meio da explorao da propriedade intelectual. Isto inclui: propaganda,
arquitetura, mercado das artes e antiguidades, artesanatos, design, filme e vdeo, softwares,
msica, artes cnicas, publicaes, jogos de computador, televiso e rdio (MIGUEZ, 2006).
Para Jaguaribe (2006), as indstrias criativas produzem bens e servios que utilizam
imagens, textos e smbolos como meio. So guiadas por um regime de propriedade intelectual
e trazem avanos para as novas tecnologias da informao. O Quadro 2 apresenta uma sntese
das principais abordagens da indstria criativa.
-
Indstrias Criativas Referncias Atividades que tm a sua origem na criatividade, competncias e talento individual, com potencial para a criao de trabalho e riqueza por meio da
gerao e explorao de propriedade intelectual [...] As indstrias criativas
tm por base indivduos com capacidades criativas e artsticas, em aliana
com gestores e prossionais da rea tecnolgica, que fazem produtos vendveis e cujo valor econmico reside nas suas propriedades culturais (ou
intelectuais).
DCMS (2005, p.05)
A ideia de indstrias criativas busca descrever a convergncia conceitual e prtica das artes criativas (talento individual) com as indstrias culturais
(escala de massa), no contexto de novas tecnologias miditicas (TIs) e no
escopo de uma nova economia do conhecimento, tendo em vista seu uso por
parte de novos consumidores cidados interativos.
Hartley (2005, p. 5)
Em minha perspectiva, mais coerente restringir o termo indstria criativa a uma indstria onde o trabalho intelectual preponderante e onde o resultado alcanado a propriedade intelectual.
Howkins (2005, p. 119)
[Indstrias criativas] produzem bens e servios que utilizam imagens, textos e smbolos como meio. So indstrias guiadas por um regime de
propriedade intelectual e [...] empurram a fronteira tecnolgica das novas
tecnologias da informao. Em geral, existe uma espcie de acordo que as
indstrias criativas tm um coregroup, um corao, que seria composto de
msica, audiovisual, multimdia, software, broadcasting e todos os
processos de editoria em geral. No entanto, a coisa curiosa que a fronteira
das indstrias criativas no ntida. As pessoas utilizam o termo como
sinnimo de indstrias de contedo, mas o que se v cada vez mais que
uma grande gama de processos, produtos e servios que so baseados na
criatividade, mas que tm as suas origens em coisas muito mais tradicionais,
como o craft, folclore ou artesanato, esto cada vez mais utilizando
tecnologias de management, de informtica para se transformarem em bens,
produtos e servios de grande distribuio.
Jaguaribe (2006)
As indstrias criativas so formadas a partir da convergncia entre as indstrias de mdia e informao e o setor cultural e das artes, tornando-se
uma importante (e contestada) arena de desenvolvimento nas sociedades
baseadas no conhecimento [...] operando em importantes dimenses
contemporneas da produo e do consumo cultural [...] o setor das
indstrias criativas apresenta uma grande variedade de atividades que, no
entanto, possuem seu ncleo na criatividade.
Jeffcutt (2000, p. 123-124)
As atividades das indstrias criativas podem ser localizadas em um continuum que vai desde aquelas atividades totalmente dependentes do ato
de levar o contedo audincia (a maior parte das apresentaes ao vivo e
exibies, incluindo festivais) que tendem a ser trabalho-intensivas e, em
geral, subsidiadas, at aquelas atividades informacionais orientadas mais
comercialmente, baseadas na reproduo de contedo original e sua
transmisso a audincias (em geral distantes) (publicao, msica gravada,
lme, broadcasting, nova mdia).
Cornford e Charles (2001, p. 17)
Indstrias criativas so entendidas como um conjunto de setores econmicos especficos, cuja seleo varivel segundo a regio ou pas,
conforme seu impacto econmico potencial na gerao de riqueza, trabalho,
arrecadao tributria e divisas de exportaes.
Reis (2008, p.24)
Conceito de Indstrias Criativas usado para representar um cluster de
atividades que tm criatividade como um componente essencial, esto
diretamente inseridas no processo industrial e sujeitas proteo de direitos
autorais. So os ciclos de criao, produo e distribuio de bens e servios que usam criatividade e capital intelectual como insumos
primrios.
Relatrio da Unctad IX (2004)
-
Os setores criativos so todos aqueles cujas atividades produtivas tm como
processo principal um ato criativo gerador de valor simblico, elemento
central da formao do preo, e que resulta em produo de riqueza cultural
e econmica. [...] seus insumos principais so a criatividade e o conhecimento [...] so aqueles cuja gerao de valor econmico se d
basicamente em funo da explorao da propriedade intelectual [...] vo
alm dos setores denominados como tipicamente culturais, ligados
produo artstico-cultural (msica, dana, teatro, pera, circo, pintura,
fotografia, cinema), compreendendo outras expresses ou atividades
relacionadas s novas mdias, indstria de contedos, ao design,
arquitetura entre outros.
Ministrio da Cultura (2011)
As indstrias criativas referem-se convergncia de trs campos anteriormente mantidos separados: as artes, as indstrias culturais e as
novas tecnologias digitais de informao [...] Economia do conhecimento, sociedade em rede e sociedade da informao, a cultura parece estar sendo reapropriada mediante sua converso em cdigo, informao, mediante sua caracterstica imaterial. Especialmente no bojo da chamada economia da criatividade, a cultura aparece em uma nova fronteira: cultura produo individual e coletiva de significados o termo que, ao que parece, est rebatizando a nova sensibilidade em relao cultura o de
indstrias criativas.
Bendassolli e Wood (2009)
As indstrias criativas so aquelas cujos produtos ou servios contm um elemento substancial de esforo criativo ou cultural. O termo engloba uma
gama maior de atividades: inclui as indstrias culturais, alm de toda
produo artstica e cultural seja ao vivo ou produzida como unidade individual (UNESCO, 2006, p.3, traduo livre).
Relaes de produo em indstrias
criativas: trabalho, consumo cultural
e sustentao identitria em editoras
infanto-juvenis. (p. 3)
Quadro 2 - Definies de Indstrias Criativas
Fonte: Elaborado pelos autores
Sustenta-se ainda outro conceito: a terminologia indstria cultural. Refere-se s
indstrias que combinam a criao, produo e comercializao de contedos criativos. Os
bens culturais no tm utilidade a priori, derivando seu valor da experincia subjetiva que
geram. Dessa forma, seus padres de qualidade correspondem a ideais abstratos e no a
padres especficos, derivados de atributos de adequao ou desempenho. Com a matriz
cultural e social, esto ainda arraigados padres estticos e comportamentais (COSTA et al.,
2001). Portanto, os bens simblicos por serem singulares e portadores de identidades, no
devem ser tratados como se possussem um valor exclusivamente comercial. O Quadro 3
apresenta os conceitos.
-
Industria cultural Referncias Segundo a UNESCO (2006), o termo indstria cultural refere-se s indstrias que combinam a criao, produo e comercializao de
contedos criativos que so intangveis e de natureza cultural. Os
contedos costumam ser protegidos por direitos autorais e os produtos
podem ser bens ou servios.
Relaes de produo em indstrias
criativas: trabalho, consumo cultural e
sustentao identitria em editoras
infanto-juvenis. (p. 3)
Os bens culturais, estes no tm utilidade a priori e seu valor deriva da experincia subjetiva que geram; seus padres de qualidade representam
ideais abstratos e no, padres especficos, derivados de atributos de
adequao ou desempenho. Atributos tais como originalidade ou ousadia podem ser identificados como relevantes para a percepo da qualidade de determinado bem cultural ou do valor da experincia por ele
produzida, mas o significado desses atributos pode ser radicalmente
diferente para cada consumidor. Ao mesmo tempo, padres estticos e
comportamentais encontram-se enraizados em uma matriz cultural e social
ampla, sobre a qual as organizaes da indstria cultural tm influncia
limitada.
Relaes de produo em indstrias
criativas: trabalho, consumo cultural e
sustentao identitria em editoras
infanto-juvenis. (p. 3)
Quadro 3 - Definies de Indstria Cultural Fonte: Elaborado pelos autores
A conceituao de tais mbitos continua em aprimoramento e constante formao, o
que gera dificuldades em se delinear com exatido as fronteiras desses setores, bem como dos
profissionais que neles atuam. Isso significa que h dois desafios principais: quanto
delimitao dos ramos que podem ser considerados criativos, bem como quais os indicadores
utilizados para tal delimitao (MENGER, 2001).
3 HISTRICO
O marco principal da economia criativa aconteceu em 1994, quando o ento primeiro-
ministro da Austrlia, Paul Keaton, fez um discurso em que convidou a populao a
aproveitar as oportunidades geradas pela globalizao e pelas mdias digitais (GIL, 2012). Foi
o primeiro Governo a dar ateno para este novo segmento, desenvolvendo o conceito de
Creative Nation como base de uma poltica cultural voltada para a requalificao do papel do
Estado no desenvolvimento cultural do pas (MIGUEZ, 2007).
Em 1997 na Inglaterra, o Novo Partido Trabalhista ingls (New Labour) defendeu em
seu manifesto pr-eleitoral a ideia de se identificar as indstrias criativas como um setor
particular da economia, assim reconhecendo a necessidade de polticas pblicas especficas
para este segmento. Portanto, apesar da iniciativa dos australianos, foi no Reino Unido que a
economia criativa ligada ao capital intelectual despontou com o incentivo do primeiro-
ministro Tony Blair. A fim de recuperar a competitividade diante do aumento da concorrncia
-
dos pases asiticos no mercado internacional, Tony Blair convocou uma fora-tarefa para
determinar quais os setores criativos mais promissores do Reino Unido. Segundo John
Howkins, esses seguimentos viraram prioridade e passaram a ter um crescimento de 16% ao
ano. Foi uma revoluo (GIL, 2012, p. 56).
Em 2001 Howkins escreveu o primeiro grande estudo sobre o tema: The Criative
Economy: How People Make Money From Ideas (A Economia Criativa: Como as Pessoas
Transformam Ideias em Dinheiro). O livro usou o termo pela primeira vez e explicou suas
origens. Alm desse livro, tivemos outros dois livros publicados nos Estados Unidos nessa
rea, o do professor de economia da Universidade de Harvard, Richard Caves, intitulado
Creative industries publicado em 2001, e o de Richard Florida, The rise of the creative class,
publicado em 2002.
Fundamentado em histricos recentes, no mbito acadmico, a temtica indstria
criativa abordada inicialmente em 2001, quando a Queensland University of Technology, em
Brisbane Austrlia, lanou o primeiro curso de bacharelado em Creative Industries.
Em setembro de 2002, em St. Petersburgo, na Rssia, realizado o Primeiro Frum
Internacional das Indstrias Criativas, organizado por diferentes governos, em torno do tema
Indstrias Criativas nas Cidades Modernas.
Em dezembro de 2002, aconteceu o Simpsio Internacional em Brisbane, que reuniu
pesquisadores e estudiosos da recm-criada Creative Industries Faculty (QUT), da London
School of Economics, do Massachusetts Institute of Technology e da New York University
com o intuito de refletir sobre o significado e os impactos sociais e culturais da economia
criativa e de contribuir para a construo de uma agenda dedicada a esta temtica. O resultado
deste encontro, intitulado New Economy, Creativity and Consumption Symposium, foi
posteriormente reunido numa edio especial do International Journal of Cultural Studies que
veio a pblico em maro de 2004 (MIGUEZ, 2007).
Em junho de 2004, em So Paulo, a XI UNCTAD, realizou pela primeira vez no Brasil
o Workshop on Cultural Entrepreneurshipon Criative Industries e um painel High
LevelPanelon Creative Industries and Development.
Em abril de 2005, o Frum Internacional das Indstrias Criativas, criado por governos
de cerca de 20 pases, realizado em Salvador, Bahia, definiu a instalao do Centro
Internacional das Indstrias Criativas naquela cidade. Em 21 de julho de 2005, a Revista
Business Week criou o Innovation & Design Channel, dentro da sua revista online, com a
finalidade de acompanhar os desenvolvimentos dentro Economia Criativa. O ttulo da capa
da Revista Business Week de 1 de agosto de 2005 foi Get Creative!, anunciando a criao
-
do referido canal e apresentando uma srie de artigos e matrias de alta repercusso sobre o
tema.
Em 15 e 16 de novembro de 2005 em Cingapura, foi realizado o Frum Beyond
2005, apresentado em conjunto pela Creative Industries Singapore, uma Diviso do
Ministrio de Informao, Comunicaes e Artes e pela Global Brand Forum Pte Ltd.. Em
1 de dezembro de 2005 realizada, pela primeira vez, em Shangai, a Shanghai International
Creative Industry Week. A Universidade de Glamorgan, no Reino Unido, anuncia para 2007
a instalao de cursos de graduao em Indstrias Criativas e Culturais.
Ainda em 2005 vem a pblico um livro que diz respeito s questes de ordem terico-
conceitual concernentes a este tema. Trata-se do trabalho organizado por John Hartley sob o
ttulo Creative Industries, publicado em Oxford, na Inglaterra, e que aborda variados
aspectos, permitindo pela primeira vez, uma compreenso mais substantiva da temtica da
economia criativa e das indstrias criativas (MIGUEZ, 2007).
Em 2007 os setores criativos comeam a ganhar espao no pas. Durante a So Paulo
Fashion Week, realizado um encontro sobre Economia Criativa. Criado em 1996, o evento
de moda considerado um dos maiores cases de sucesso da economia criativa brasileira.
Em 2008 a crise econmica provoca uma queda de 12% no comrcio internacional.
Apesar disso, as exportaes de produtos e servios culturais crescem 14,4%, gerando uma
receita de US$ 592 bilhes.
O Brasil lana em setembro de 2011, por meio do Ministrio da Cultura (MINC) o
Plano da Secretaria da Economia Criativa, que prev polticas, diretrizes e aes para o
setor da economia criativa no perodo de 2011 a 2014.
Em junho de 2012, aprovada por decreto 7743 de 1 de junho de 2012, a criao da
Secretaria da Economia Criativa (SEC), subordinada ao Ministrio da Cultura e que tem como
misso conduzir a formulao, a implementao e o monitoramento de polticas pblicas para
o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos
micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O objetivo tornar a cultura um
eixo estratgico nas polticas pblicas de desenvolvimento do Estado brasileiro.
Tambm em junho de 2012 anunciada pela ministra da Cultura, Ana de Holanda,
investimentos de R$ 12,4 milhes em estudos e pesquisa sobre economia criativa, com o
lanamento do Observatrio Brasileiro da Economia Criativa (OBEC) e a rede destes
equipamentos nos estados. Nesse ano, a Secretaria da Economia Criativa pretende implantar
14 observatrios, priorizando as sedes da Copa do Mundo e os locais onde j foram
conveniados o Criativa Bir equipamento, em parceria com os estados, que presta assessoria
-
a empreendedores criativos. A Secretaria da Economia Criativa brasileira busca cooperao
com representantes criativos portugueses e, por meio dessa parceria, pretende envolver pases
de lngua portuguesa e prepara frum com Amrica Latina e Unio Europeia em 2014.
Na Inglaterra os jogos Olmpicos de Londres ajudam a consolidar a posio do Reino
Unido como um dos lderes da economia criativa do planeta - o pas o sexto maior
exportador mundial de bens e servios criativos.
4 SETORES QUE CONSTITUEM A INDSTRIA CRIATIVA
O termo utilizado na lngua inglesa creative industries pode ser traduzido como
indstria, setor ou economia, dependendo da inteno do governo ou linha de modelo pelo
qual utilizado. Como ilustrao, no Quadro 4 mostram-se os vrios modelos de Indstria
Criativa.
John
Howkins,
2001.
Modelo
UK
DCMS,
2001.
Modelo de
Crculos
Concntrico
s, 2001.
Modelo de
Direitos
Autorais
WIPO, 2003.
UNCTAD,
2001. NESTA,
2007
(Refined
DCMS
model)
Conferncia
do Conselho
do Canad e
Estatstica do
Canad,
2008. Propagand
a
Arquitetur
a
Arte
Artesanato
Design
Moda
Msica
Artes
Cnicas
Mercado
Editorial
Software
Brinquedo
s e Jogos
Televiso
e Rdio
Games
Propagand
a
Arquitetura
Arte e
Mercado
de
antiguidade
s
Artesanato
Design
Moda
Filme e
Vdeo
Msica
Artes
Cnicas
Mercado
Editorial
Software
Televiso e
Rdio
Games
Ncleo de
artes
criativas
Literatura
Msica
Artes
Cnicas
Artes Visuais
Outros
ncleos de
indstrias
culturais
Filme
Museus e
Bibliotecas
Maiores
indstrias
culturais
Curadoria
Mercado
Editorial
Gravadoras
Televiso e
Rdio
Games
Indstrias
relacionadas
Ncleo de
Indstrias de
Direitos
Autorais
Propaganda
Colecionadores
Filme e Vdeo
Msica
Artes Cnicas
Publicidade
Software
Televiso e
Rdio
Artes Visuais e
Grficas
Indstrias de
direitos
autorais
interdependent
es
Materiais para
gravao
Equipamentos
eletrnicos
Instrumentos
Musicais
Papel
Fotocopiadoras
Equipamentos
Curadoria
Expresses
culturais
tradicionais
(Arte,
Artesanato,
festivais e
celebraes).
Espaos
culturais (Stios
arqueolgicos,
museus,
bibliotecas).
Artes
Artes visuais
Artes cnicas
Mdia
Mercado
editorial
Audiovisual
Criaes
funcionais
Design (moda,
grfico)
Nova mdia
(games,
software)
Ncleo de
reas
criativas
Produtos
comerciais
que possuem
um alto grau
de valor
expressivo e
demandam a
proteo de
direitos
autorais.
Indstrias
culturais
Atividades
que envolvem
a produo
em massa de
produtos com
valor
agregado
(baseado nos
direitos
autorais).
Indstrias
criativas e
atividades
Propaganda
Arquivos e
bibliotecas
Arquitetura
Difusora de
rdio e
televiso
Artesanato
Educao
cultural
Design
Indstria
cinematogrfic
a
Mdia
Museus e
Galerias de
arte
Music
publishing
Artes cnicas
Fotografia
Gravadoras
Artes visuais
Escritores
-
Propaganda
Arquitetura
Design
Moda
Fotogrficos
Indstrias de
direitos
autorais
parciais
Arquitetura
Roupas,
calados
Design
Moda
Artigos
domsticos
Brinquedos
Servios
Criativos
(arquitetura,
propaganda,
pesquisa e
desenvolviment
o criativo).
O uso do
valor
agregado
essencial para
o
desempenho
desses
setores.
O restante da
economia
Os setores de
servios e
manufatureir
os se
beneficiam e
exploram os
produtos em
larga escala
gerados pela
indstria
criativa .
Quadro 4 - Modelos de Indstrias Criativas
Fonte: Elaborado pelos autores
Constata-se que tal termo no possui consenso quanto sua definio, muito
menos quanto aos setores que constituem a indstria criativa. Como tentativa de criar um
critrio para definir tais setores, essa pesquisa optou pelo cruzamento de Spearman para
cada uma das categorias analisadas no Quadro 5 proposto pela Fundap. O cruzamento de
Spearman um filtro que identifica semelhanas entre setores, utilizando uma codificao de
respostas tratando No = 0 e Sim = 1. Com variveis categricas foi calculado o coeficiente
rho () de Spearman para identificar possvel correlao entre as metodologias utilizadas por
diferentes instituies. O resultado encontra-se na Tabela 1.
Categoria Descrio UNESCO UNCTAD IBGE DCMS FIRJAN OIC
Arquitetura e Lapidao de Gemas e
Fabricao de Sim No Sim No Sim No
Design
Artefatos de Ourivesaria e
Joalheria
Fabricao de Bijuterias e
Artefatos No No No No Sim No
Semelhantes Sim Sim No Sim Sim Sim
Servios de Arquitetura Sim Sim No c Sim No
Artes
Artes Cnicas, Espetculos e
Atividades Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Performticas Complementares
-
Gesto de Espaos para
Artes Cnicas, Sim Sim No Sim Sim Sim
Espetculos e Outras
Atividades Artsticas
Atividades de Organizaes
Associativas No No No No Sim No
Ligadas Cultura e
Arte
Artes Visuais, Atividades Fotogrficas e
Similares Sim Sim Sim Sim Sim No
Plsticas e Criao Artstica Sim Sim No Sim Sim No
Escrita
Audiovisual Fabricao de Instrumentos
Musicais Sim No Sim No Sim No
Atividades de Produo
Cinematogrfica, de Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Vdeos e de Programas de
Televiso
Atividades de Ps-
Produo Sim Sim No No Sim No
Cinematogrfica, de Vdeos
e de Programas
de Televiso
Distribuio
Cinematogrfica, de Vdeo e
de
Sim Sim Sim Sim Sim No
Programas de Televiso
Atividades de Exibio
Cinematogrfica Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Atividades de Gravao de
Som e de Edio Sim Sim No Sim Sim Sim
de Msica
Atividades de Rdio Sim Sim No Sim Sim Sim
Atividades de Televiso
Aberta Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Programadoras e Atividades
Relacionadas Sim Sim No Sim Sim Sim
Televiso por Assinatura
Aluguel de Fitas de Vdeo,
DVDs e Similares Sim No No No Sim No
Edio e Edio de Livros Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Impresso Edio de Jornais Sim No No Sim Sim Sim
Edio de Revistas No No No Sim Sim Sim
Edio de Cadastros, Listas
e Outros Sim No No Sim Sim Sim
Produtos Grficos
Edio Integrada
Impresso de Livros No No Sim No Sim Sim
Edio Integrada
Impresso de Jornais No No Sim No Sim Sim
Edio Integrada
Impresso de Revistas No No Sim No Sim Sim
Edio Integrada
Impresso de Cadastros, No No No No Sim Sim
Listas e Outros
-
Agncias de Notcias Sim Sim Sim Sim No Sim
Ensino e Cultura Ensino de Idiomas No No Sim No No No
Ensino de Arte e Cultura Sim No Sim No Sim No
Informtica Desenvolvimento de
Programas de No No Sim Sim Sim No
Computador Sob
Encomenda
Desenvolvimento e
Licenciamento de Sim No Sim Sim Sim No
Programas de Computador
Customizveis
Desenvolvimento e
Licenciamento No No No Sim Sim No
de Programas de
Computador no
Customizveis
Consultoria em Tecnologia
da Informao No No No No Sim Sim
Suporte Tcnico,
Manuteno e Outros No No No No Sim Sim
Servios em Tecnologia da
Informao
Tratamento de Dados,
Provedores de No No Sim No Sim No
Servios de Aplicao e
Servios de
Hospedagem na Internet
Portais, Provedores de
Contedo e Outros Sim No No No Sim No
Servios de Informao na
Internet
Patrimnio Atividades de Bibliotecas e
Arquivos Sim Sim Sim No Sim Sim
Atividades de Museus e de
Explorao, Sim Sim Sim No Sim Sim
Restaurao Artstica e
Conservao de
Lugares e Prdios Histricos
e Atraes
Similares
Atividades de Jardins
Botnicos, Zoolgicos, Sim Sim Sim No No No
Parques Nacionais, Reservas
Ecolgicas e
reas de Proteo
Ambiental
Pesquisa e Pesquisa e Desenvolvimento
Experimental No No Sim No No No
Desenvolvimento em Cincias Fsicas e
Naturais
Pesquisa e Desenvolvimento
Experimental Sim No Sim No No No
em Cincias Sociais e
Humanas
Publicidade e Agncias de publicidade Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Propaganda Atividades de Publicidade
no Especificadas Sim Sim No Sim Sim No
-
Anteriormente
Quadro 5 - Estudo da Fundap
Fonte: Fundap
UNESCO UNCTAD IBGE DCMS FIRJAN OIC F7
UNESCO Correlation
Coefficient
1,000 ,653**
,094 ,422**
,063 ,031 -,684**
Sig. (2-tailed) . ,000 ,544 ,004 ,685 ,841 ,000
N 44 44 44 44 44 44 44
UNCTAD Correlation
Coefficient
,653** 1,000 ,098 ,549** ,055 ,275 -,813**
Sig. (2-tailed) ,000 . ,526 ,000 ,721 ,070 ,000
N 44 44 44 44 44 44 44
IBGE Correlation
Coefficient
,094 ,098 1,000 -,098 -,312* -,006 -,283
Sig. (2-tailed) ,544 ,526 . ,526 ,039 ,968 ,063
N 44 44 44 44 44 44 44
DCMS Correlation
Coefficient
,422**
,549**
-,098 1,000 ,231 ,271 -,718**
Sig. (2-tailed) ,004 ,000 ,526 . ,131 ,075 ,000
N 44 44 44 44 44 44 44
FIRJAN Correlation
Coefficient
,063 ,055 -,312* ,231 1,000 ,231 -,278
Sig. (2-tailed) ,685 ,721 ,039 ,131 . ,131 ,068
N 44 44 44 44 44 44 44
OIC Correlation
Coefficient
,031 ,275 -,006 ,271 ,231 1,000 -,536**
Sig. (2-tailed) ,841 ,070 ,968 ,075 ,131 . ,000
N 44 44 44 44 44 44 44
F7 Correlation
Coefficient
-,684**
-,813**
-,283 -,718**
-,278 -,536**
1,000
Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,063 ,000 ,068 ,000 .
N 44 44 44 44 44 44 44
Tabela 1 - Cruzamentos apresentando coeficiente de Spearman Fonte: Elaborado pelos autores
Desta anlise podemos perceber o alinhamento entre as metodologias utilizadas por
UNESCO, UNCTAD e DCMS, todas as correlaes significativas a um nvel de significncia
menor que 1%. Os cruzamentos UNESCO x UNCTAD ( =0,653), UNESCO x DCMS (
=0,422), UNCTAD x DCMS ( =0,549) apresentaram correlao moderada, indicando algum
grau de semelhana quanto aos descritores de mensurao de economia criativa. Desta forma,
nosso estudo adotar tais metodologias como referncia para o prosseguimento da pesquisa.
5 CONSIDERAES FINAIS
-
Devido a diversidade de interpretaes a respeito da economia criativa foi realizado
um mapeamento das definies do tema para melhor orientar a pesquisa e seus resultados,
pois esses podem fundamentar e formular futuras polticas a serem implementadas para o
desenvolvimento da indstria criativa no Pas. As polticas pblicas promovidas pelo Estado
refletem nas mudanas ocorridas nas organizaes culturais. Nesse sentido, a economia
criativa requer polticas responsveis de todos os nveis do governo. No Brasil, sugere-se o
governo ficar atento para uma atualizao das leis de propriedade intelectual para que a
criatividade efetivamente se transforme em inovao (FONSECA, 2012).
Importante tambm salientar que um papel mais eficaz do governo para promover a
economia criativa precisaria levar em conta a peculiaridade dos setores que a formam. nesse
sentido que em termos de sugesto de abordagem de planejamento de poltica pblica seria
importante a busca da remoo de desincentivos econmicos e no a busca por privilgios
fiscais para os setores. Para tal, seria fundamental uma investigao sobre esses desincentivos,
o que os causa, e como evit-los.
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