ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Profª Flávia Rezende 2012.

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ECONOMIA BRASILEIRACONTEMPORÂNEA

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AGROEXPORTAÇÃO

É a forma de inserção da economia brasileira na economia mundial desde a época colonial, passando pelo período imperial.

A República Velha (1889-1930) é o momento de auge e ruptura desta forma de inserção.

Cada período foi marcado por um produto que dava dinâmica ao Balanço de Pagamentos e à economia: ciclo do açúcar, ouro, café etc.

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VULNERABILIDADE DAS ECONOMIAS AGROEXPORTADORAS

Alto peso do setor externo na economia

A exportação é a variável quase que exclusiva na determinação da renda nacional e de seu dinamismo

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VULNERABILIDADE DAS ECONOMIAS AGROEXPORTADORAS

Exportações: dependência de variáveis fora de controle das autoridades nacionais

- demanda externa, oferta de países concorrentes, comercialização internacionalizada

- C. Tavares: Modelo de Desenvolvimento voltado para fora (América Latina)

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PAÍSES AGROEXPORTADORES

Exportação: variável-chave na determinação da renda

Pauta de exportação: base estreita, poucos produtos primários (café: 65%)

Importações: base para suprir consumo interno Grande diferença entre base produtiva e de consumo

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PAÍSES CENTRAIS

Exportação importante, mas investimento interno também

Pauta de exportação: não diferente da pauta de consumo

Importações: atende parte do consumo Proximidade entre base produtiva e de consumo

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ECONOMIA CAFEEIRA

Oscilações de preços se devem:

Às condições de demanda (mercado mundial) ciclos da economia mundial

Às condições de oferta (geadas, pragas) À defasagem entre o plantio e a colheita do café

(pelo menos 4 anos)

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DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA

Termos de Troca: relação entre os preços das exportações e das importações de uma economia

Segundo alguns autores existe a tendência dos preços dos produtos agrícolas caírem frente as manufaturas tendência de deterioração dos termos de trocas

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DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA

Se realmente houver tal tendência haverá uma perspectiva de crescimento relativamente inferior das economias agroexportadoras frente às outras

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DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA

Outros fatores que explicam:1) Elasticidade-renda da demanda de produtos

primários menor que 1 e dos produtos manufaturados maior que 1

2) Mercado com características oligopolísticas para produtos manufaturados e mercado concorrencial para produtos primários

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A AÇÃO DO GOVERNO E A CRISE DA ECONOMIA AGROEXPORTADORA

Possibilidades de ação do governo nos momentos de queda dos preços:

1) Desvalorização Cambial2) Política de Valorização do Café

Eficientes no curto prazo para proteger a cafeicultura, mas tinham efeitos negativos a longo prazo

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DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL

Vantagem: mantinha em moeda nacional a rentabilidade da cafeicultura e o nível de emprego

Dois tipos de problemas:- “escondia” os sinais dados pelo mercado (tendência de superprodução de café)- encarecia todos os produtos importados desta economia (socialização das perdas) → C. Furtado

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VALORIZAÇÃO DO CAFÉ

Consistia em reter parte da oferta na forma de estoques

- Política de Preços Mínimos: o governo estabelece preços mínimos na safra, a partir dos quais ele adquire e estoca produtos

- Estoques Reguladores: estocar na safra para “desovar” na entressafra, evitando aumentos excessivos de preços

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VALORIZAÇÃO DO CAFÉ

Problemas com a estocagem do café

A expectativa é que houvesse nos anos seguintes uma reversão da oferta de café cada vez mais difícil à medida que a estocagem ia ocorrendo

A política acentuava a tendência à superprodução e outros países também eram indiretamente incentivados a plantar café

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CRISE DA ECONOMIA CAFEEIRA EM 1930

Com a manutenção da rentabilidade da economia cafeeira, os recursos convergem para esta atividade levando à superprodução

Dois elementos em 1930:1) A produção nacional era enorme2) A economia mundial entrou em crise

Conseqüências: - Os preços despencaram- O Governo passou a queimar parte dos estoques

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INDÚSTRIA E ECONOMIA AGROEXPORTADORA

A fragilização do modelo agroexportador traz à tona a necessidade da industrialização

A industrialização teve início no final do século XIX, mas foi a partir de 1930 que passou a ser meta de política econômica

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AS ORIGENS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Duas correntes:

1) Teoria dos Choques Adversos: a indústria surgiu como uma resposta às dificuldades de importar produtos industriais em determinados períodos (I GM e Depressão de 30)

2) Industrialização Induzida por Exportações: a indústria crescia nos momentos de expansão da economia cafeeira (expansão da renda e do mercado consumidor)

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AS ORIGENS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Teoria dos Choques Adversos: é a crise do setor agroexportador que gera o impulso para a industrialização

Industrialização Induzida por Exportações: o impulso é o bom desempenho do setor exportador

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AS ORIGENS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Conjugando as duas explicações:O investimento industrial ocorreu nas fases de

expansão do setor exportador (divisas para importar máquinas)

A ocupação da capacidade instalada (aumento da produção) dava-se em parte nos momentos de crise do setor exportador (dificuldade de importação de bens de consumo)

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AS ORIGENS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

A origem do capital industrial é um vazamento de capital cafeeiro e ela surge para atender as necessidades da economia cafeeira

De acordo com o censo industrial de 1920, os produtos têxteis, alimentícios e bebidas, respondiam por mais de 60% do valor da produção industrial no país

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AS ORIGENS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Revolução 30: industrialização como chave para o desenvolvimento

Descrédito no liberalismo econômico (Grande Depressão) → caminho para a social-democracia (Keynes)

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QUADRO POLÍTICO BRASILEIRO

1930-45: fase autoritária (centralização do poder) → sociedade urbano-industrial → projeto nacional-desenvolvimentista → populista (Weffort)

1946-64: fase democrática (Gov. Dutra)

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DIRETRIZES DA AÇÃO GOVERNAMENTAL

Crise pós 29: queda exportações Rumos do capitalismo brasileiro? Fontes de

financiamento? Papel do Estado? E os trabalhadores?

Prioridade à industrialização → empresa nacional

Industrialização tardia: 150 anos de atraso

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DIRETRIZES DA AÇÃO GOVERNAMENTAL

Necessidade Estado forte devido às fragilidades econômicas, sociais, políticas e culturais

Estado populista (Estado de Compromisso): Não alterar a situação política e fundiária do campo Trazer para a base de sustentação do governo as massas

urbanas sem radicalização

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DIRETRIZES DA AÇÃO GOVERNAMENTAL

Necessidade altos investimentos: infraestrutura e produção insumos básicos

Estado produtor (empresário) + Estado protetor indústria nacional (nascente) → PSI

Utilização poupança interna → criação de estatais

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PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO

Fatos / circunstâncias:

1ª GM Crise do café Revolução 30 Aumento mercado interno Relativa disponibilidade de capital Presença imigrantes europeus

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PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO

Influência da 2ª GM: ↑ Xs e ↓Ms (BC superavitária)

Desperdício histórico Governo Dutra (1951-54): importação bens supérfluos (artigos de plástico e imóveis no exterior) e bens de capital obsoletos

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FASES DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

PSI: voltado para o mercado interno (CEPAL) → 3 fases: 1) Até meados anos 50: produção bens de consumo

imediato (bens não-duráveis) → alimentação e têxtil 2) Década de 50: bens de consumo duráveis →

automotiva, eletrodomésticos e eletroeletrônicos 3) Até década de 70: bens de capital e insumos básicos

Afirmação de São Paulo como líder do processo de industrialização

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CONTINUIDADE DA DEPENDÊNCIA EXTERNA

Novas formas de dependência (financeira e tecnológica)

Subordinação aos interesses norte-americanos (hegemônico)

Esforço de industrialização para dentro sem estímulos às exportações de produtos com maior valor agregado

Empresas multinacionais: ocupação do espaço econômico nos setores mais dinâmicos e lucrativos (bens duráveis) → fragilidade do empresariado brasileiro

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PROGRAMA DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES (PSI)

Celso Furtado: deslocamento do centro dinâmico (década de 30)

Período em que a determinação do nível de renda deixa de estar ligada a elementos como a demanda externa (base de uma economia agroexportadora) e passam a depender de elementos ligados ao mercado interno, como o consumo e o investimento doméstico.

 

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CARACTERÍSITCAS DO PSI(M. C. TAVARES)

Industrialização fechada Voltada para dentro (atendimento mercado interno) Depende de medidas de proteção: desvalorização

cambial, controles cambiais (licenças), taxas múltiplas de câmbio e tarifas aduaneiras

Estrangulamento externo como motor: escassez divisas → controle das Ms → proteção indústria nacional → Is domésticos → aumento RN e DA → novo estrangulamento externo

Industrialização por etapas

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DIFICULDADES DO PSI(M. C. TAVARES)

1) Tendência ao desequilíbrio externo: indústria sem competitividade e elevadas demandas por Ms);

2) Aumento da participação do Estado: institucional, infraestrutura básica (transportes e energia), fornecimento insumos básicos, captação e distribuição de poupança (BB e BNDE) Problema: necessidade de planejamento e financiamento

(recursos da Previdência Social, emissões e endividamento externo)

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DIFICULDADES DO PSI(M. C. TAVARES)

3) Aumento do grau de concentração de renda Êxodo rural; Investimento industrial capital intensivo; Concentração industrial

4) Escassez fontes de financiamento Quase inexistência do sistema financeiro → “Lei da

Usura” Ausência reforma tributária