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Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº 4295 • Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 10 PATACAS PUB O fim do “Porto de Macau” e o pára-quedista em “De Fonte Limpa” Págs. 2 e 3 Angela Leong entregou lista e apelou ao voto dos portugueses Pág. 10 Produção industrial da China atinge mínimo em nove meses A produção industrial na China contraiu-se pelo segundo mês consecutivo em Junho, atingindo o nível mais baixo desde Setem- bro, informou o HSBC. O banco britânico in- dicou que os resultados preliminares da ac- tividade industrial, o Purchasing Managers Index (PMI) caiu para 48,3, depois de no final de Maio se ter fixado em 49,2. O índi- ce mensal mede as actividades de produção numa escala de 100 pontos, sendo que quan- do está abaixo de 50 sugere uma contracção da produção. O economista-chefe do HSBC na China, Qu Hongbin, atribuiu os números a uma fraca procura externa pelos produtos chineses, acompanhada de um consumo in- terno apenas moderado e pressões derivadas dos stocks elevados de algumas indústrias. Quase tudo a água levou FOTO JTM Horários e propinas preocupam alguns pais do Costa Nunes Centrais Depressão tropical traz chuva ao arraial de São João Última Sugerida proibição de entrada para viciados no jogo A coordenadora do Centro Yat On, Mee Kam, sugeriu ao Governo a criação de um mecanismo para dissuadir os viciados no jogo não residentes de Macau de voltar ao território. O centro que apoia pessoas viciadas no jogo diz conhecer muitos jo- gadores não residentes que perdem todo o dinheiro e pedem depois ajuda para po- der voltar a casa. O problema é que de- pois esses mesmos jogadores regressam ao território passado pouco tempo, repetindo todo o processo. Neste contexto, a mesma responsável é da opinião que o Governo deve sempre ajudar essas pessoas a voltar para a sua terra mas que as deve depois proibir de entrar na RAEM durante um certo tempo, como forma de dissuasão. Os moradores e comerciantes do Porto Interior enfren- tam inundações a cada ano que passa. Arroz, livros an- tigos, vasos ou electrodomésticos fazem parte das per- das, acumuladas ao longo de décadas. Enquanto uns se compadecem com a falta de sorte, outros reclamam a falta de medidas por parte do Governo. A par das cheias que não abandonam, as lojas do Porto Interior perdem cada vez mais clientes. Este é o retrato de uma zona que vive entre ausências, repleta de memórias do passado, mas sem perspectivas de futuro. Págs 4 a 8 Raquel Carvalho DOSSIER Florinda Chan e Paulina Santos ponderam acções judiciais Não há leis que travem construção em Coloane Pág. 9 Pág. 11 HABITANTES DO PORTO INTERIOR FALAM DE PERDAS PROVOCADAS PELAS CHEIAS E DA FALTA SUCESSIVA DE CLIENTES

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Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº 4295 • Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 10 PATACAS

30anos ao serviçode Macau

PUB

O fim do “Porto de Macau”e o pára-quedista em “De Fonte Limpa” Págs. 2 e 3

Angela Leong entregoulista e apelou ao votodos portugueses Pág. 10

Produção industrial da China atinge mínimo em nove mesesA produção industrial na China contraiu-se pelo segundo mês consecutivo em Junho, atingindo o nível mais baixo desde Setem-bro, informou o HSBC. O banco britânico in-dicou que os resultados preliminares da ac-tividade industrial, o Purchasing Managers Index (PMI) caiu para 48,3, depois de no final de Maio se ter fixado em 49,2. O índi-ce mensal mede as actividades de produção numa escala de 100 pontos, sendo que quan-do está abaixo de 50 sugere uma contracção da produção. O economista-chefe do HSBC na China, Qu Hongbin, atribuiu os números a uma fraca procura externa pelos produtos chineses, acompanhada de um consumo in-terno apenas moderado e pressões derivadas dos stocks elevados de algumas indústrias.

Quase tudo a água levou

FOTO

JTM

Horários e propinas preocupam alguns pais do Costa Nunes Centrais

Depressão tropical traz chuva ao arraialde São João Última

Sugerida proibição de entrada para viciados no jogoA coordenadora do Centro Yat On, Mee Kam, sugeriu ao Governo a criação de um mecanismo para dissuadir os viciados no jogo não residentes de Macau de voltar ao território. O centro que apoia pessoas viciadas no jogo diz conhecer muitos jo-gadores não residentes que perdem todo o dinheiro e pedem depois ajuda para po-der voltar a casa. O problema é que de-pois esses mesmos jogadores regressam ao território passado pouco tempo, repetindo todo o processo. Neste contexto, a mesma responsável é da opinião que o Governo deve sempre ajudar essas pessoas a voltar para a sua terra mas que as deve depois proibir de entrar na RAEM durante um certo tempo, como forma de dissuasão.

Os moradores e comerciantes do Porto Interior enfren-tam inundações a cada ano que passa. Arroz, livros an-tigos, vasos ou electrodomésticos fazem parte das per-das, acumuladas ao longo de décadas. Enquanto uns se compadecem com a falta de sorte, outros reclamam

a falta de medidas por parte do Governo. A par das cheias que não abandonam, as lojas do Porto Interior perdem cada vez mais clientes. Este é o retrato de uma zona que vive entre ausências, repleta de memórias do passado, mas sem perspectivas de futuro. Págs 4 a 8

Raquel Carvalho

DOSSIER

Florinda Chan e Paulina Santosponderam acções judiciais

Não há leis que travemconstrução em ColoanePág. 9 Pág. 11

HABITANTES DO PORTO INTERIOR FALAM DE PERDAS PROVOCADAS PELAS CHEIAS E DA FALTA SUCESSIVA DE CLIENTES

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02 JTM | LOCAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administração: José Rocha Dinis • Director: José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo: Sérgio Terra • Grande Repórter: Raquel Carvalho • Redacção: Helder Almeida (editor), Fátima Almeida, Pedro André Santos, Sandra Lobo Pimentel e Viviana Chan • Secretária Redacção: Susana Diniz • Colaboradores: Rogério P. D. Luz (S. Paulo), Rui Rey e Vitor Rebelo • Colunistas: Albano Martins, António Ribeiro Martins, Daniel Carlier, João Figueira, Jorge Rangel e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa e Xinhua • Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

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• • • DO BAÚ DE RECORDAÇÕES

Do nosso “Baú de Recordações” apresentamos hoje uma foto de Abril de 1984, quando o comandante Amaral de Freitas, chefe das FSM-Forças de Segurança de Macau, se despediu, nas Portas do Cerco, do chefe da delegação das Forças de Segurança da Província de Guangdong, sob o olhar atento dos jornalistas locais. Interessante recordar o modelo da câmara de televisão com gravador “acoplado”, um das primeiros que entraram ao serviço da TDM.

Padre Lancelote recordado-IAqui no JTM chamámos-lhe “Um Homem Enorme”. Na morte, como na vida, o Padre Lancelote Rodrigues foi recordada, em todos os sítios por onde passou, a sua dedicação à causa dos refugiados.

Padre Lancelote recordado-IIEm Portugal, o Diário de Notícias recordou a vida do Padre Lancelote Rodrigues na peça principal da sua secção “Obituário”. Aí se salientaram os aspectos mais marcantes da vida deste extraordinário personagem que agora nos deixou. Esperemos que a RAEM não esqueça o seu trabalho em prol das populações de Macau e China.

Homenagem a Sequeira Costa-IO pianista Sequeira Costa regressou a Macau para brindar os residentes com um concerto inserido nas comemorações do 10 de Junho e dos 500 anos do encontro luso-chinês. No Centro Cultural, foi aplaudido de pé por aqueles que não quiseram perder o regresso do “mestre”.

Homenagem a Sequeira Costa-IIApós o concerto, “De Fonte Limpa” sabe que o Cônsul-geral de Portugal na RAEM ofereceu um almoço na Bela Vista em homenagem ao pianista, que ainda foi brindado com um retrato da autoria de Paulo Valentim.

Homenagem a Sequeira Costa-IIIO retrato foi feito em cerâmica, numa placa de 25x30 centímetros, e constitui igualmente uma homenagem mas da Casa de Portugal ao pianista de 82 anos.

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 03

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“Porto de Macau” vai fechar-IOs empresários põem e os arrendatários dispõem a seu belo prazer. O restaurante “Porto de Macau” da Taipa vai encerrar as suas portas devido ao brutal aumento da renda por parte do senhorio, soubemos “De Fonte Limpa”.

“Porto de Macau” vai fechar-IIÉ mais uma enorme machadada a uma empresa familiar, como normalmente são as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) de Macau que não conseguem resistir aos preços do imobiliário. A questão tem sido muito debatida entre nós, mas o liberalismo de mercado defendido pelas autoridades está a destroçar completamente as PME’s que foram e ainda são a parte mais sã do tecido empresarial local.

“Porto de Macau” vai fechar-IIIQual a solução para este problema é matéria que o Governo tem que equacionar, de uma vez para sempre, através de legislação mais concreta quanto ao preço das rendas e aos limites de aumentos nos finais dos contratos. De outro modo, não vale a pena falar de diversificação económica...

“Porto de Macau” vai fechar-IVNo caso concreto a situação é bastante injusta. O casal proprietário do “Porto de Macau” aguentou o período mais difícil, quando na zona decorriam obras no jardim fronteiro que impediam o estacionamento. Agora que o parque de viaturas está funcional, o senhorio ter-lhes-á tentado triplicar a renda. Lamentável!

Uma estória à Macau-IPor vezes somos surpreendidos pela realidade. Foi o que aconteceu esta semana aqui na redacção. Um homem, português, dirigiu-se às instalações e pediu trabalho, esta é a versão mais curta.

Uma estória à Macau-IIA versão mais longa conta-se deste modo, segundo o próprio que aqui veio: pela Internet retomou um contacto com um amigo da faculdade que já estaria há dois anos em Macau e que lhe terá contado que o ajudava a encontrar trabalho. Assim, o português lá se lançou à aventura, com 500 euros no bolso...

Uma estória à Macau-IIIAqui chegado, contou que o “amigo”, que viveria com a namorada, só o pôde receber uma noite em casa, sendo que na noite seguinte o “largou” numa pensão frequentada por prostitutas. “Tens tudo aqui no meio e não precisarás de mais nada”, ter-lhe-á dito.

Uma estória à Macau-IVMunido de três certificados, dobrados em oito partes, o homem garantiu ter uma formação no CENJOR - Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas, uma licenciatura em Gestão e um mestrado em Marketing, pelo ISEG. Gosta de escrever e por isso queria “um trabalho”.

Uma estória à Macau-VSegundo contou ainda, estava “desorientado”, não sabe “comer com pauzinhos”, comia “fruta há três dias” e já tinha “pouco dinheiro”, sem nunca pedir mais nada sem ser trabalho... Será este um daqueles casos que o Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, falava quando referia que ninguém devia vir para Macau “à aventura”?

Stanley Ho com “óculos de sol fica mais cool”Stanley Ho foi presenteado no domingo pelo filho Orlando Ho, ou não fosse aquele o Dia do Pai. Numa foto publicada no “Weibo”, o Twitter chinês, pelo próprio Orlando, Stanley parece ter ficado satisfeito com a lembrança do filho. “É o melhor e o pai mais bonito e com os óculos de sol fica mais cool”, escreveu Orlando.

Contra as inundaçõesApós as fortes inundações registadas recentemente na Taipa, a Direcção dos Serviços de Obras Públicas e Transportes parece, finalmente, ter começado a arrepiar caminho, pelo menos na Rua Direita Carlos Eugénio, onde uma máquina tenta remediar o problema da falta de escoamento de água. Será o suficiente?

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DOSSIER

Raquel Carvalho*

Frigoríficos pousados em bases de ferro e alguns tijolos. Sacos de arroz em cima de grades de cerveja. Vasos atirados para o topo das estantes. No Porto Interior, é preciso viver e fazer negócios uns centímetros a cima do chão. A braços com a água que entra pelas casas adentro e com a falta de clientes que foram sendo levados pelas ondas de modernidade, as lojas que se estendem pela antiga cidade chinesa entregam o destino à vontade dos tempos

Enfrentam duas intempéries de uma só vez, sujeitas a tempos di-ferentes. A chuva que inunda as

lojas, sempre que o céu larga mais água e a maré sobe, a par da falta de rostos que alimentem negócio. Os turistas são seduzidos pelos néones que florescem noutros cantos da cidade, os moradores vão acusando o peso da idade. Comer-ciantes e habitantes do Porto Interior resistem há décadas às inundações que lhes visita a casa e os negócios ano após ano. A água, que entra sem aviso, já lhes roubou quase tudo: sacos de arroz, frigo-ríficos, louça, livros. Entre a resignação face ao que dizem ser um “desastre na-tural” e a revolta perante a inoperância do Governo, habituaram-se a arregaçar as calças sempre que a água transborda, enquanto fazem contas à vida.

Lei Iao Leong, 81 anos, conhece bem o bater da chuva na Rua dos Ervanários. Corpo franzino, pele muito morena, dei-ta a cabeça de fora, olha para um lado e para o outro, e recolhe-se. Conta mais um dia de chuva, mas este não deve trazer ameaça, ao contrário dos dias de Maio. “Este ano já sofremos duas ou três inundações. A rua às vezes parece um rio e nem conseguimos andar”, descre-ve.

Sentado numa cadeira chinesa, satis-faz-se com o ar da ventoinha que lhe re-fresca os dias, sem esperar compradores. Antigo alfaiate e hoje vendedor de bases de madeira para vasos, vive naquela zona desde muito jovem. “Antigamen-te, tínhamos uma loja ali mais adiante, depois mudámo-nos para aqui. Era al-faiate e a minha mãe ajudava nas coisas mais simples, a coser, a pregar botões.... Fazia roupa tanto para homem como para mulher, era roupa de estilo chinês. E também fazia uniformes para a esco-la”, recorda.

Começou no negócio dos fatos e saias aos 24 anos. Só largaria as tesouras e a fita métrica aos 70 e poucos anos. “Dei-xei de fazer, porque os meus olhos já não chegavam e também não havia pessoas para ajudar”, nem para comprar. “Toda a gente passou a preferir coisas feitas. Antes havia muitos homens e mulheres a querem fazer roupa, depois deixou de haver”.

Durante várias décadas o andar de cima da loja era casa de sete pessoas. “Morava eu, a minha mãe, a minha mu-lher e quatro filhos”. Todos assistiram a cheias de ficar na memória. “Quando havia inundações, não saíamos. Ficáva-mos ali em cima, à espera, que passas-se”. A água mais teimosa podia demorar “umas nove horas” até abandonar o rés--do-chão.

Com o volver dos anos, a alfaiataria acabaria por transformar-se em loja de bases de madeira para vasos. O primeiro

andar ficou vazio. “Deixámos de viver aqui. Comprei uma casa mais lá para a frente. Os meus filhos cresceram e saí-ram. Estão todos a trabalhar”.

Não se lembra qual foi a pior cheia que viu. “Já tivemos muitas”, justifica. “Uma chegou até aqui”, diz, apontan-do para a vitrina. O tempo acabaria por ensinar-lhe as manhas das águas. “Co-meçámos a pôr os nossos objectos em estantes mais altas, mas ainda assim per-demos milhares de patacas. Toda a rua sofre”. O que mais lamenta ter perdido foram “vasos muito antigos”.

A água chega na medida inversa-mente proporcional dos clientes. “Aqui muitas lojas estão fechadas, mas não é por causa das inundações. Já há mui-to tempo que começaram a fechar. As pessoas vão ficando velhas e os filhos não querem continuar os negócios. Ha-

via muitas fábricas de algodão, muitos sapateiros, havia muita gente... Anti-gamente também havia mais pessoas a viver aqui, agora já não”, conta Lei Iao Leong, enquanto um vizinho atenta à conversa.

Agora como dantes, o içar do sinal de tufão continua a ser sinónimo de in-quietação. “As pessoas desta zona ficam preocupadas, claro. Mas não sei se isto algum dia se poderá resolver”.

Tempestade e bonançaTrês décadas de vida no Porto In-

terior fizeram com que Iong Sio Long aprendesse a desvalorizar tempestades. Chegou ao território em 1979 para aju-dar no negócio de canjas, criado pelo pai 17 anos antes. Na esquina da Travessa das Janelas Verdes, as vendas vão-se fa-zendo, porque as barrigas continuam a

precisar de companhia. Já as cheias fo-ram sempre uma constante. “A pior que me lembro, foi há mais de dez anos, che-gava até ao coração. Ficou assim a ma-nhã toda, mas à tarde a água saiu”.

Iong Sio Long está habituado a pre-venir e a remediar. “Como sabemos que isto acontece, pomos os electrodomésti-cos mais em cima”. Depois das cheias, o ritual é sempre o mesmo: secar o espa-ço e limpar. “A água traz sempre muito lixo. Mas depois de estar tudo limpo, às vezes até temos mais clientes mesmo que continue a chover”. Só este ano, já foram três vezes de esfregona na mão. “Depois de fazermos algumas obras, a entrada da água diminuiu, mas come-çou a ser mais forte outra vez este ano”, descreve Iong.

O carrinho que aquece a carne de vaca, meticulosamente cortada com uma tesoura por Iong Sio Leong, per-manece no mesmo local. Até quando o boletim meteorológico anuncia tem-pestade. “Vivo nesta zona e já sabemos como é. Claro que esperamos que isto seja resolvido, mas isto é uma coisa que acontece há décadas”. Mudar o negócio para outro lugar nunca lhe passou pela cabeça. “Não pensei nisso. Agora, ainda por cima, tenho este negócio mais para passar o tempo”.

O mundo pára no centro da cidadeMais perto do centro da cidade está

a loja de malas com o nome do que foi no passado: Qinquilharia Veng Sam. As-siste apenas a uma parte do bulício que fica para lá da Rua dos Mercadores. Está numa das fronteiras entre as lojas de marca do Largo do Senado e o comércio tradicional da zona dos “tintins”. Ela, à semelhança da cidade, também mudou, e nela também há recordações do antes e do depois.

Malas, porta-fatos, mochilas. Peque-nas, grandes, de várias cores. A loja está repleta. Um relógio de ponteiros mostra o avançar implacável do tempo, que roubou espaço à venda de botões. Res-tam algumas dezenas, expostos atrás do balcão, resquícios do que era a loja de quinquilharias. “Sou empregada aqui há 20 anos, já não sou do tempo das quin-quilharias, mas quando cheguei ainda vendiam botões. Até agora as pessoas podem trazer os tecidos e fazemos. Mas hoje em dia já ninguém quer, já ninguém faz roupa”, observa Chan Wa. Mandar fazer um botão custa oito ou nove pa-tacas, dependendo do tamanho. “É rá-pido. Sou eu que faço. Aprendi com o dono desta loja, quando comecei a tra-balhar aqui”.

Os botões têm estado a salvo das inundações. “Lembro-me que uma vez tinha água até ao cimo das pernas. Aí perdemos algumas coisas. As malas que estavam junto ao chão ficaram estraga-das e já não pudemos vender”. Sempre que o céu promete carga de água as ac-ções repetem-se: “levantamos as malas,

PORTO INTERIOR: A BRAÇOS COM INUNDAÇÕES SUCESSIVAS E NEGÓCIOS QUE DEFINHAM

Resistir ao subir das águas

As pessoas pensam que isto é um bairro antigo e que não tem nada para ver. Fica tudo concentrado no Largo do Senado

Tong Kan Leong

Senhor Sou

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DOSSIER

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mudamos tudo para sítios mais altos”. Ainda assim, Chan Wa entende que a loja tem escapado dos grandes infortú-nios. “Ali para a frente é bem pior”.

Avançamos pelas ruas, cheias de grades fechadas e vazias de gente. O som de uma máquina de costura faz--se ouvir timidamente por entre o som das motas que passam. Tong Kan Leng saúda quem chega com um sorriso bem desenhado. Sentada em frente à máqui-na de costura, na Rua da Tercena, vende roupa e faz arranjos. “No início é claro que tínhamos mais gente, porque mais pessoas faziam compras nesta rua”.

A senhora Tong juntou-se ao negócio da família do marido há duas décadas. Desde então até ao presente, as mu-danças são claras. “Nos primeiros cinco anos era muito popular, mas agora na última década tem sido muito calmo”. As vendas, hoje em dia, rendem pou-cas patacas. “Só moradores do bairro procuram pequenas lojas como a nossa. As pessoas pensam que isto é um bairro antigo e que não tem nada para ver. Fica tudo concentrado no Largo do Senado”.

Para escapar à chuva, Tong Kan Leng conta com a sorte. “Quando percebemos que vem aí uma carga de água, conse-

guimos tirar as coisas antes da chuva chegar e levamos tudo lá para cima. Mas se a chuva chega à noite, não podemos fazer nada. É uma questão de sorte”. As coisas mais valiosas, segundo diz, nunca foram levadas pelas águas. Ainda as-sim, Tong não esconde receios. “Tenho muito medo quando vem muita chuva e a maré fica alta. E fico também muito preocupada com a água que sai dos es-gostos”.

Salvar raridadesChao Soi defronta-se com a falta de

espaço para salvar todas as antiguida-des que vai comprando e acumulando. “Quando sei que chove, tiro as coisas mais caras, as coisas mais valiosas de perto do chão, mas não dá para levar tudo para cima, há sempre coisas que têm de ficar no chão”. Já quase tudo se estragou com a água: “colunas, apare-lhos de som, livros...”. Todavia, Chao não faz contas às perdas. “Toda a gente sofre com isto... Nunca se sabe até onde a água vai subir”.

Quando a chuva é traiçoeira, os pre-juízos são maiores. “Se vier à noite e eu não estiver aqui, não tenho tempo para salvar quase nada”. Uma vez, algures

em 2008, “a chuva subiu até mais de um metro de altura”, conta Chao, apontan-do para um poster chinês que guarda a marca. “Ficou tudo a flutuar”.

Está naquela loja há sete anos, depois de uma década passada na mesma zona, mas noutro espaço. O gosto por peças antigas vem de longe. “Interesso-me por coisas antigas desde pequeno. Comecei a comprar algumas coisas só por achar bonito e fui aprendendo a perceber o va-lor das peças”. Empregos já teve muitos, de pedreiro a condutor. “Sempre fiz o que aparecia, mas sempre com este ne-gócio”.

Na casa dos 50 anos, Chao Soi zela por memórias alheias. Como a de um telégrafo japonês. “Antes toda a gente ti-nha de usar isto”, explica em jeito pater-nal, descrevendo como as comunicações se processavam. As antiguidades que encontrou, nomeadamente “dois projec-tores grandes de cinema”, já foram até parar a museus.

São mais “os idosos e as pessoas com alguma idade a comprar. Não há muitos jovens interessados”. Mas independen-temente da idade, os compradores de antiguidades têm pelo menos um destes dois requisitos: “são pessoas com di-

nheiro ou pessoas que têm tempo para vir à loja e procurar coisas”. Chao Soi vai falando enquanto agarra em objectos diversos. Aponta que uns são antigos e outros já são modernos. Mas ali não há duas peças iguais.

Filmes de 8 milímetros, esculturas de deuses e de Mao Zedong, ventoinhas antigas, instrumentos musicais, porce-lanas, rádios, postais, livros, revistas. O recheio varia de dia para dia. “Há pes-soas que me chamam para ir a casa para ver o que quero. Vou a casa das pessoas e compro. Se encontrar muitas peças isto fica mais cheio. Há dias em que tenho muitas coisas e vendo tudo. Depende da sorte”.

Lojas como a dele já não existem muitas, lamenta. “Ainda há algumas, mas estão a desaparecer, em parte por causa do preço das rendas”. Essa foi uma das razões que o fez deixar a antiga loja e instalar-se na actual. Sair do Porto Interior foi uma ideia a passar-lhe pela cabeça, mas não encontrou soluções na nova cidade. “Pensei em mudar-me por causa das inundações, mas algumas zo-

Senhor Chao Soi

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A sorte é que vivemos aqui e conseguimos salvar coisas

Senhora Lo

nas não são adequadas para este tipo de negócio e as rendas noutros sítios ainda são mais caras”.

Chao Soi, do tempo em que as casas da zona não tinham mais que dois andares, aceita as inundações com a mesma calma com que pensa no fim do negócio. “Tenho três filhas e um filho. Eles estudaram, não se interessam por isto. Nunca ligaram muito”.

Tecidos sem bainhasEntre a loja de Chao Soi e a Loja de Fazendas Veng

On vão apenas alguns metros de estrada. Mas naquele lado da Rua das Estalagens as estantes fazem-se vazias. Apenas alguns tecidos permanecem nas prateleiras, bem enrolados, e às vezes envoltos em papéis ou plás-ticos. Há tecidos azuis e vermelhos às bolinhas brancas, tecidos às flores, tecidos lisos e com várias cores. “Es-tes panos daqui a bocado são antiguidades. Ninguém compra”, brinca a senhora Tam, na casa dos 60 anos, mas com um riso de rapariga jovem. “É muito raro termos clientes. Os poucos que vêm são moradores da zona, quase sempre pescadores. Acho que têm uma tra-dição de quando casam mandar fazer roupa”.

A senhora Tam desenrola e corta tecidos há 30 anos. Aquele lugar nunca foi frequentado por “pessoas ri-cas”, afiança, mas antigamente “vinham mais pessoas de fora, moradores e pescadores”. Os preços, assegura, subiram devagar. “Estes tecidos com flores custam 20 patacas por metro e os lisos ficam a 30 patacas”.

A última peça que se lembra de ter vendido foi a “um senhor idoso para fazer umas calças”. Há mais de uma década que novos tecidos não chegam à loja. “An-tigamente tínhamos muitos. Vinham de barco de Hong Kong e entregavam aqui”.

As inundações, explica, afectam pouco o negócio que quase já não existe. “Só este ano a loja já inundou três vezes”, diz, encolhendo os ombros. Os tecidos já estão todos nas estantes mais altas. O frigorífico e a televisão foram atirados para cima de mesas. “Quan-do há cheias, esperamos que a água saia e limpamos o chão. Também já não há muito que limpar”, afirma, desvalorizando o incómodo.

Chegou a Macau, vinda de Zhuhai, há mesma quantidade de tempo que ali trabalha: 30 anos. Lem-bra-se de ter achado “a casa muito apertada”. Hoje em dia, não condena o destino. “Fico aqui a ver as pessoas passar, a ver televisão, não trabalho muito e tenho um salário. Não tenho muito motivo para reclamar”. O dono da loja já está na reforma, conta a senhora Tam. “Mantém o negócio para passar o tempo. Já tem di-nheiro suficiente”.

Indo pelo mesmo passeio da rua, poucos passos às frente, encontramos uma loja de fazendas com o mes-mo nome. “Veng On” apelida também o número 47 da Rua das Estalagens. Aquele fio de casas liga a história de dois irmãos, cada um com a sua loja. Lam Hung, 86 anos, é o fiel guardião das dezenas de tecidos, quase todos escondidos atrás de plásticos. Embora as estantes estejam mais carregadas, sofre do mesmo vazio que a loja do lado. “Já não sei há quantos anos trabalho aqui...

Agora já não há negócios... Ninguém compra tecidos. Por isso, recolho e vendo papel”.

A voz de Lam Hung é uma melodia harmoniosa, sem muitos graves nem agudos, sem irritações pela segurança que a velhice não trouxe. Embora as costas reclamem, passa a tarde sentado a desfazer jornais, se-parando folha a folha e tirando os agrafos. Faz entre 30 a 100 patacas por dia. “Vou buscar os jornais aos caixo-tes do lixo e depois transporto com um carrinho até às estações de recolha”.

O negócio dos tecidos há muito que não dá susten-to. “Na década de 80 ainda havia muita gente a fazer roupa, depois na década de 90 começou a haver menos e agora não existe quem faça”, relata. Lam Hung tira um rolo de tecido. “Antes comprava em Hong Kong, depois comecei a comprar na China. Este é bom algo-dão”, garante com satisfação, enquanto passa os dedos pelo tecido branco. “Há mais de dez anos que não com-pro nada novo”, lamenta.

As inundações, essas não dão tréguas. “Aconteceu uma até aqui ao peito. Chegou ao contador da electri-cidade. Até causou curtos-circuitos aqui na zona. Foi em 2006, creio eu... nessa altura, perdemos muitos teci-dos”. Lam Hung aponta para uma vara de ferro junto à porta. Sempre que as águas sobem, agarra nela e abre o alçapão do esgoto que está no meio da estrada. A viver no andar de cima, o senhor Hung e a esposa habitua-ram-se à visita das águas. “Não podemos fazer nada”.

Enquanto as cheias teimam em aparecer, os clien-tes somem-se numa cidade que o homem oriundo de Zhongshan já não reconhece. “Cheguei com 18 anos. Comecei por transportar carne de porco no mercado.

Também vendi frutas e vegetais nas ruas sobretudo na zona do Teatro D. Pedro V. Mas depois os ‘kwailos’ proibiram que vendêssemos nas ruas”. Chegou a rece-ber cinco patacas por mês. Hoje, uma lata de comida para os oito gatos que encontrou na rua e acolheu custa o dobro. “Está tudo muito caro”, afirma, com um altar com o Deus do Dinheiro ao fundo. “Descobri aquele deus no lixo. Já tinha um, mas trouxe outro. A minha mulher não gosta, mas eu acredito”.

Sacos de arroz levados pelas chuvasO senhor Hung e a senhora Lo partilham o mesmo

retalho de estrada, com as lojas e as casas viradas umas para as outras. Mas enquanto os tecidos de Hung já não carecem de grandes preocupações, os alimentos da mercearia Mam Lei Long ainda fazem a senhora Lo viver em sobressalto constante. Sempre que há mais chuva, a vida da mulher de 71 anos vira um fandan-go. “Quando vejo a água, não sou parva e agarro nas coisas”.

Cada vez que pensa em enxurradas a dor no pei-to faz-se imediata. É assim há três décadas. “Quando chove muito, tenho medo de dormir. Fico acordada”. A água chega de todos os lados. “Vem ali de fora e tam-bém da casa de banho”, descreve. “A sorte é que vive-mos aqui e conseguimos salvar coisas”.

As precauções possíveis já foram tomadas. Os sacos de arroz estão em cima de grades de cerveja, à semelhan-ça dos restantes produtos; o tabaco fica guardado em ar-mários de vidro, os doces ficam fechados em caixas. Já os electrodomésticos são colocados em cima de tijolos e bases de ferro. Nada que, no entanto, evite perdas.

“Por causa da chuva, já se estragaram muitos apa-relhos. Uma vez a água chegou aqui à segunda estante. Perdemos mais de 40 e tal sacos de arroz, várias caixas de doces também...e estas caixas são caras”. A senhora Lo já não consegue encontrar o ano, mas lembra-se com clareza que teve de fazer um empréstimo de 150 mil patacas. “O Governo ajudou. Não tivemos que pagar juros”, recorda.

Os últimos anos, segundo explica, têm inspirado muitas dores de cabeça. “Tem sido pior. Só no último mês tivemos três inundações”. Dentro de casa, a água também entra por todas as frestas. “Já são casas anti-gas. No andar de cima, há água a pingar em vários sí-tios quando chove muito”.

Aquele lugar foi tecto para toda a família, mas ago-ra já todos os filhos saíram de casa e “não ajudam na mercearia”. O negócio “vai mais ou menos. Hoje em dia, esta zona está mais calma”, diz, conformada, en-quanto mói pimenta. A senhora Lo acredita que se co-meçasse agora não conseguiria acompanhar o ritmo da

Senhora Lo

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 07

DOSSIERcidade. “Se fosse alugar este espaço agora, o dinheiro não chegava. Pago duas mil e tal patacas de renda. Foi o meu irmão a começar a alugar este espaço. Pagava 140 patacas. E depois transferiu isto para nós”.

Os frascos de frutas secas à entrada da loja atraem muitos olhares. Turistas pedem uns gramas de limão seco. A senhora Lo levanta-se, agarra nos frascos e tira os pedaços com uma concha, colocando-os num pe-queno saco para serem pesados numa balança antiga. Os trocos vão para o bolso. Turistas saem, cliente da casa entra. “Onde está o patrão?”, questiona. “Foi ao médico. Deve estar quase a chegar”, riposta a senhora.

Os compradores, afirma, “são mais turistas”. As be-bidas e o tabaco encabeçam as preferências. Quanto a preços, diz fazer o que pode, mostrando-se pouco inco-modada com as grandes superfícies comerciais. “Cada um cuida do seu negócio, mas eu vendo este arroz e estes óleos mais baratos”, garante. A senhora Lo maldiz apenas “as grandes cadeias que fazem pressão sobre as agências para venderem arroz a um preço mais alto às mercearias”.

Proprietário de um dos armazéns de arroz da Aveni-da Cinco de Outubro, Yuen já viu água sem fim a roubar--lhe lucros de uma assentada. “Na pior cheia, que já foi alguns anos, perdemos 400 mil patacas em produtos”. Um dos empregados do armazém diz lembrar-se de ter que atirar “uns 500 a 600 sacos de arroz para o lixo”.

Encontrar um armazém noutra zona da cidade se-ria uma ambição do senhor Yuen, se houvesse patacas no bolso. “Nunca pensámos em mudar daqui, porque não há dinheiro”, explica a esposa, apontando culpas à Administração. “O Governo tem de tomar medidas para prevenir esta situação, que acontece todos os anos e que já aconteceu algumas vezes este ano. Tem de fa-zer alguma coisa para prevenir a chegada das marés e melhorar o sistema dos esgotos, para que a água saia mais facilmente, senão os bairros antigos vão estar per-manentemente nesta situação”.

O casal construiu uma espécie de muro à entrada do armazém para minorar estragos. “A água já chegou até aqui”, afirma o senhor Yuen. “O Governo tem de fazer os trabalhos necessários! Com tanto dinheiro, não se percebe que não tenham encontrado uma solução”, critica a esposa.

Livros desfeitosOs esgotos na Travessa do Armazém Velho tam-

bém “não funcionam”, afiança o senhor Sou. “Às ve-zes acumula-se tanta água que podemos andar aqui de barco”. Perdido no tecido de casas e lojas antigas do Porto Interior, passa os dias a limpar objectos enquanto olha para uma rua estreita que raramente traz pessoas. Com loja no número 22-A, reclama as perdas e queixa--se dos mosquitos que sobrevoam a zona depois das cheias. “A água vai até aqui e às vezes até mais acima”, diz, apontando para as marcas nas grades, nas paredes e nos objectos.

Cada vez que a chuva vem, a loja de antiguidades fica mais vazia. “Perco sempre coisas: livros, máquinas, peças em porcelana. Vai tudo, desde que esteja perto do chão”. O senhor Lei agarra em vários livros, de páginas que perderam a cor, de capas que ganharam bolor. “Em 2008, perdi os livros mais antigos. Tenho muita pena, mas o que posso fazer?”, pergunta. Os aborrecimentos não terminam com a saída da água. “Depois das inun-dações, fica tudo molhado e isso atrai mosquitos. Algu-mas coisas demoram meses a secar”.

Há cerca de quarenta anos no negócio, queixa-se de um Governo que não resolve um problema que afecta centenas de pessoas. “Fazem algumas coisas muito rá-pido, coisas que até nem servem para nada. E isto não resolvem. Sabemos que é um desastre natural, mas tem de haver algum remédio”.

Os negócios são escassos e Sou aos 69 anos já não espera fazer fortuna. “Vendo pouca coisa. Aquilo que ganho não chega para pagar a renda. E também há cada vez menos coisas velhas, para além de haver muita gente a fazer cópias, o que afecta o negócio”. O senhor Sou não se recorda do ano em que foi ali pa-rar. “Foi há uns 30 anos”, passado recheado, quando a travessa “estava cheia de coisas para vender” e havia quem apreciasse.

Lao Io Cun partilha as amarguras de Sou. Alfarra-bista há dez anos, mudou-se para o nº4 da Rua das Es-talagens por a renda ser mais barata do que a da loja anterior, também no Porto Interior. Há muito que per-deu a conta aos livros que se acumulam desordenados por estantes e pilhas quase até ao tecto. “Antes fazia ne-gócio com moedas, depois passei a vender livros. Não sei quantos tenho”.

Muitos livros são recuperados do lixo, conta, en-quanto espalha um pó que afasta os insectos. “Há pessoas que não gostam de vir aqui comprar, por cau-sa dos mosquitos. Mas é difícil evitá-los depois das cheias”. Em dias de dilúvio, os livros mais antigos têm prioridade. “Infelizmente, não consigo salvar todos”.

São às dezenas os livros destruídos e levados pelas águas, calcula. Lao pendura numa corda aqueles que sobreviveram à última intempérie. “Os livros que não ficaram em muito mau estado, ponho-os aqui a secar”.

Receita do antigamenteA loja de Cocos Hung Heng teve de adaptar-se à

mudança de rostos e de gostos. Lei, homem de “40 e tal anos”, cresceu na casa que pertence à família há qua-tro gerações. Lembra-se do chão da Rua da Tercena ter mudado com os governadores. “Este pavimento não é bom. Não ajuda ao escoamento da água”, considera.

As inundações repetem-se todos os anos. “Em 2011 foi muito mau, mas acho que a pior para nós foi em 1993. Os frigoríficos e as arcas ficaram a nadar”. Quan-do a loja fica inundada, a família Lei não consegue sair de casa. “Começamos a pôr as coisas para cima. Nor-malmente esperamos duas ou três horas até que a água saia. Depois é limpar, arrumar... isso pode levar dias”.

Segundo conta, já foi apanhado muitas vezes de sur-presa. “Ainda aconteceu no mês passado. Começou a chover de repente. A água veio ali do Ponte 16, mas não foi muita”. As cheias acompanharam sempre o negócio, que já corre desde 1868. “Sempre tivemos esse proble-ma”. Mas clientes nunca faltaram. Nem agora. “Temos mais ou menos as mesmas pessoas que antes. Há pes-soas locais e muita gente de Hong Kong”, descreve Lei.

Com a mudança de séculos, deixou de ser tudo à mão e têm agora uma máquina que serve para fazer sumos, outra para descascar cocos e mais uma para retirar o interior do fruto. Há gelado, sumo e sopa de coco. Como sinal de outrora surgem cocos pendurados à entrada, com o caracter da dupla felicidade pintado a vermelho. “Costuma dar-se isto quando as pessoas casam. Ainda há algumas a comprar”.

Apesar de resistir aos sucessivos dilúvios, a Loja de Cocos Hung Heng pode ter poucos mais anos de vida pela frente. “Tenho dois filhos. Trabalham ambos no Governo. Eles não querem continuar o negócio”, diz o senhor Lei, com resignação.

*com Viviana Chan

Às vezes acumula-se tanta água que podemos andar

aqui de barcoSenhor Sou

Senhora Tam

Para que as inundações deixem de acontecer no Porto Interior é necessário coragem política, aponta Miguel Campina. As soluções técnicas existem e são conhecidas, mas para colocá-las em prática é preciso negociar com os operadores que ocupam a margem do rio. Na opinião de Francisco Vizeu Pinheiro, todo o sistema de drenagem e o fluxo de trânsito naquela zona também têm de ser revistos

RESOLVER INUNDAÇÕES PASSARÁ POR NEGOCIAR COM OPERADORES AO LONGO DA MARGEM

Falta de vontade política trava soluções

Agarrando numa planta da cida-de, Miguel Campina identifica três problemas imediatos que

abriram espaço ao surgimento de cheias constantes no Porto Interior. “Toda esta zona de Macau foi conquistada ao mar ao longo dos séculos. À medida que foram crescendo os aterros, não houve

grandes preocupações quanto ao nível do braço do rio”. As cotas das vias do Porto Interior são demasiado baixas, o que facilita a invasão da água. Algu-mas situam-se nos 1.7 - 1.8 Nível Médio do Mar (NMM). “Para assegurar que a água do rio não invadirá terra em caso de uma conjugação particularmente

adversa de chuva intensa, vento forte e maré alta, a cota de coroamento da margem deveria ser na ordem dos 3.5 NMM”, indica o arquitecto.

Ao observarmos o mapa, verificamos ainda que existem duas colinas, uma do lado do Jardim Luís de Camões e outra do lado de São Lourenço. “A água que é

recolhida em ambas, desce e acumula-se aqui”. Ao mesmo tempo, existe um ou-tro aspecto que poderá contribuir para o agravamento da situação. “Algumas zonas ainda tinham - pelo menos era

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ADMITE UM TÉCNICO-AUXILIAR/ TÉCNICO

(Referência n.º 004/2013-GAI)

Função genérica: Desempenho de funções de natureza técnica no âmbito da competência do Gabinete de Auditoria Interna.

Função específica: Técnico-auxiliar auditor/ Técnico auditor.

Natureza do vínculo: Contrato individual de trabalho a termo certo por dois anos, renovável por períodos iguais.

Retribuição mensal: MOP25.617,10 (nível 3) a MOP38.215,90 (nível 6) do Grupo III (Pessoal técnico), consoante a experiência profissional.

Regalias: 14 (catorze) meses de retribuição (incluindo um a título de subsídio de férias e outro como gratificação de Natal); 30 dias de férias anuais; e Seguro de saúde para assistência médica, medicamentosa e hospitalar, segurança social (nos termos da legislação aplicável), participação em fundo privado de pensões (plano de contribuição definida) e demais regalias fixadas no contrato individual de trabalho.

Requisitos gerais de candidatura: Ser residente permanente na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) que reúna os requisitos gerais para o desempenho de funções públicas; Licenciatura, ou grau académico superior, em contabilidade, auditoria ou finanças;Experiência não inferior a 3 (três) anos em trabalhos realizados na área de auditoria; Domínio fluente (escrito e falado) de uma das línguas oficiais da RAEM e da língua inglesa; e Bons conhecimentos de informática em trabalhos de expediente geral do MS Windows (Excel, Word).

Factores de preferência: Experiência profissional de auditoria em instituições financeiras; Qualificação profissional nas áreas de contabilidade ou de auditoria; Domínio básico de outra língua oficial da RAEM (escrito e falado); e Domínio fluente de dactilografia em caracteres chineses.

Prazo de validade do concurso de admissão: 12 (doze) meses, terminando a 30 de Junho de 2014.

Selecção: A selecção dos candidatos admitidos é efectuada em três fases: apreciação dos currículos, prova escrita de conhecimentos e entrevista. O acesso à 2.ª fase e à 3.ª fase é condicionado pela passagem na 1.ª fase.

Prazo para apresentação de candidaturas: Até ao dia 31 de Julho de 2013.

Documentos a apresentar: Requerimento, conforme impresso a solicitar à AMCM ou a imprimir do “website” (http://www.amcm.gov.mo) desta entidade; Cópias autenticadas do documento de identificação e dos documentos comprovativos das habilitações académicas e profissionais exigidas, podendo a autenticação ser efectuada pela AMCM, ou pelo serviço público onde o original esteja arquivado, ou por notário (público ou privado); e Nota curricular.

Formalização das candidaturas:Os interessados devem formalizar a sua candidatura mediante a apresentação do requerimento anteriormente mencionado e:(i) Entregar pessoalmente o mesmo e os restantes documentos exigidos no “Serviço de Gestão dos Recursos Humanos” da AMCM, sita na Calçada do Gaio, n.º 24-26, em Macau; ou(ii) Enviar essa documentação por correio registado com aviso de recepção para o destinatário e endereço indicados em (i), devendo no envelope indicar-se “Ref. 003/2013-GAJ”); ou(iii) Enviar essa documentação (no formato PDF) por via electrónica para “[email protected]”, devendo indicar-se “Ref. 003/2013-GAJ”, não se responsabilizando a AMCM pela não recepção dos documentos em causa, devendo o candidato certificar-se, pessoal ou telefonicamente (Tel: 83952113 ou 83952220), dessa recepção e apresentar, posteriormente, os documentos de que se exige a autenticação, até ao dia 31 de Julho de 2013 (inclusivé).

Notas Finais: Todas as informações de natureza pessoal entregues na AMCM ficam sob a alçada da “Lei de protecção dos dados pessoais”, sendo classificadas como “confidenciais” e destinam-se, única e exclusivamente, para efeitos do concurso em apreço; e O “Regulamento de recrutamento de pessoal” para a AMCM está disponível no “website” desta entidade (http://www.amcm.gov.mo), ou pode ser pedido expressamente pelo candidato. Quaisquer informações respeitantes à composição do júri, local de consulta das listas provisória e definitiva dos candidatos e quaisquer outras informações/ esclarecimentos podem, igualmente, ser solicitados pelo candidato.

RECTIFICATIVO

PADRE LANCELOTE MIGUEL RODRIGUES

A Diocese de Macau cumpre a dolorosa missão de informar a população de Macau do

falecimento do Padre Lancelote Miguel Rodrigues, no passado dia 17 de Junho de 2013.

As cerimónias fúnebres realizar-se-ão no sábado (22 de Junho), na Sé Catedral, pelas 09:30 horas,

com a celebração da missa exequial, às 11:00 horas, presidida por D. José Lai, Bispo de Macau.

Após as referidas cerimónias, realizar-se-á o cortejo fúnebre até ao cemitério de S. Miguel Arcanjo.

A Diocese de Macau agradece, encarecidamente, o não envio de flores,

sugerindo que o respectivo montante em dinheiro seja entregue à Cáritas de Macau, instituição fundada pelo mesmo.

Diocese de Macau

Contacto: Tel: 83975225 Fax: 28309861

assim há algum tempo - o sistema uni-tário [rede pluvial junta com a rede de esgotos domésticos]”, analisa Miguel Campina, embora se tenham verificado “melhorarias substanciais” a este nível.

O arquitecto usa um lápis e uma fo-lha de papel para explicar como as águas conseguem galgar as margens do Porto Interior há várias décadas. As bocas de descargas estão ligadas através de tubos à rede pluvial e, por sua vez, a uma ou várias sarjetas. No entanto, como a zona é “relativamente plana, a inclinação que os tubos podem ter não é muito gran-de”. Torna-se essencial, salienta Miguel Campina, “que a boca de descarga este-ja colocada acima do limite corrente da maré alta”. Em circunstâncias normais e por gravidade, a água é escoada. No en-tanto, depende da quantidade de chuva que cai por hora. “A capacidade de es-coamento está relacionada com a capaci-dade da rede existente, mas não apenas com isto”, salienta.

Quando chove em demasia, a água entra pelo sistema até chegar à boca de descarga. No entanto, a água poderá não sair se o caudal do rio já tiver ultrapas-sado a válvula de maré. “Nós estamos, nos casos da cheia, perante uma situa-ção em que estes factores se combinam. A capacidade de escoamento desta rede não é suficiente, não porque ela não te-nha sido dimensionada para isso, mas simplesmente porque com a presença do vento, a água sobe e ultrapassa a vál-vula de maré com alguma frequência, o que faz com que a água não escoe e que a água do rio entre por terra”.

Perante semelhante cenário, a alter-nativa mais viável passa por fazer uma intervenção na linha da costa “que, pelo

lado de fora ou pelo lado de dentro, suba o coroamento, ocupando toda a zona que está sujeita à invasão da água para garantir que não há pontos fracos”.

A par da criação deste obstáculo físico, é necessário pensar em tanques de reten-ção, com capacidade para receber uma grande quantidade de água em período de pico. “Mas estes tanques também têm limites”, realça Miguel Campina. “Deve criar-se em paralelo uma estação ou vá-rias estações de bombagens. A água é transferida para umas bombas gigantes-cas, com uma capacidade de escoamento muito grande, fazendo a transferência da água daqui por cima do coroamento e despejando no rio”.

Tudo isto, tal como noticiou o JTM em Fevereiro, nomeadamente a loca-lização dos tanques e das estações de bombagem, “esteve delineado e indi-cado nas plantas e em vias de ser con-cretizado”, indica Miguel Campina, que elaborou um plano há mais de uma década, a pedido do ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long. No entanto, o processo co-meçou a ser travado quando chegou “a altura de falar com os operadores das pontes-cais”. Todas eles, nota o arqui-tecto, “dizem que o sistema é óptimo mas não no espaço deles”. É aqui que entra o Executivo. “Numa situação em que ninguém se quer sacrificar, tem de ser o Governo a tomar uma iniciativa”.

Já foram anunciadas soluções pro-visórias, que - alerta o arquitecto - só funcionarão se forem “articuladas e glo-bais”. A solução de médio a longo prazo que está a ser pensada pela Administra-ção é, na segunda fase do metro, cons-truir pelo lado de fora, um túnel semi--enterrado, onde irá circular o comboio, servindo ao mesmo tempo de barragem, ou seja, de obstáculo físico à água. “Mas

isto tem de ser complementado com os tanques e estações de bombagem”, real-ça Miguel Campina.

Também esta alternativa exigirá “uma negociação intensa e complexa com os operadores ao longo da mar-gem, de forma a transferir as activida-des para outro sítio”. Nos anos 90, Ka Ho foi o local sugerido para a transfe-rência das operações, essencialmente de importação e exportação de pro-dutos. Hoje em dia, há também um hotel-casino a operar na zona, o Ponte 16. Do ponto de vista técnico, o arqui-tecto garante que é possível resolver as cheias do Porto Interior, mas tem falta-do “vontade política”.

Actualmente, a abertura das com-

portas do Continente é feita de modo controlado. São sobretudo as mudan-ças de maré e as condições climatéricas a influenciarem a subida do caudal do rio, analisa Miguel Campina. “Do meu ponto de vista, os problemas estão do lado de Macau, logo as soluções têm de ser adoptadas do lado de Macau”.

Na perspectiva de Francisco Vizeu Pinheiro, é também necessário rever “todo o sistema de drenagem do Porto Interior” e “o fluxo de trânsito”. Segun-do analisa, “está-se a construir grandes edifícios sem existirem infra-estruturas próprias de apoio”. A construção exces-siva “também bloqueia os caminhos de saída da água”, salienta o arquitecto.

R.C.

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 09

Sandra Lobo Pimentel

O Conselho de Concertação Social em Macau alar-gou ontem até 30 patacas o ordenado mínimo por hora que os trabalhadores de limpeza e se-

gurança dos edifícios poderão auferir no quadro de fi-xação de um salário mínimo para o sector.

Depois de em Abril o mesmo Conselho ter fixado en-tre 23 e 28 patacas por hora como o vencimento mínimo dos mesmos trabalhadores para dar início ao processo pré-legislativo a concluir até ao final do ano, agora o le-que é alargado até 30 patacas, explicou o Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam.

O mesmo governante explicou que o montante ago-ra em estudo é “adequado”, tendo em consideração a si-tuação actual de Macau e das regiões vizinhas e garantiu

VALORES EM DISCUSSÃO PARA SECTORES DA LIMPEZA E SEGURANÇA

Fasquia do salário mínimo sobe até 30 patacasA proposta de salário mínimo dos serviços de limpeza e segurança nos condomínios prediais voltou ontem a ser debatida na Concertação Social, devendo ser submetida a consulta pública em Setembro com valores revistos em alta

que até ao final do ano, todo o processo estará concluído para ser legislado.

Francis Tam escusou-se, contudo, a indicar uma data para a fixação geral de um salário mínimo em Macau, uma matéria em debate há vários anos e que não gera consenso entre trabalhadores e patronato.

“Primeiro é preciso avaliar os efeitos desta medida”, salientou Francis Tam, quando questionado sobre um calendário para alargar o salário mínimo a toda a socie-dade.

Entre Julho e Agosto, acrescentou, a Direcção para os Assuntos Laborais vai elaborar um projecto de diploma, seguindo-se, em Setembro, uma consulta pública e, de-pois, até ao final do ano, a proposta final.

A mesma categoria de trabalhadores que prestam serviço em empresas privadas contratadas pela Admi-nistração já possui um vencimento mínimo definido e que foi estabelecido em 26 patacas por hora de trabalho, valor em vigor desde 1 de Junho e que traduz um au-mento de 13% face às 23 patacas até então garantidas.

Com o leque de vencimento mínimo proposto, um trabalhador que preste serviços de segurança e limpeza nos edifícios em Macau terá garantido um vencimento de 4.784 patacas no caso de auferir 23 patacas/hora ou de 6.240 patacas quando pago a 30 patacas por hora, va-lores apurados com 208 horas de trabalho mensais.

JTM/Lusa

FLORINDA CHAN E PAULINA DOS SANTOS ESTÃO A PONDERAR NOVAS ACÇÕES JUDICIAIS

“Batalha” sem fim à vistaFlorinda Chan convocou a imprensa para finalmente falar do processo das campas e abriu a porta a mais batalhas na justiça contra o que considera uma “acusação caluniosa”. A Secretária confessou que “sofreu” por não poder falar e adiantou que os seus advogados estão analisar tudo o que foi dito, reservando o direito de agir judicialmente. Contactada pelo JTM, Paulina dos Santos diz sentir-se “ameaçada” e também ela pondera voltar a recorrer aos tribunais contra Florinda Chan. O deputado Pereira Coutinho diz que “a procissão ainda vai no adro”

Parece não ter fim o chama-do processo das 10 cam-pas, agora no que respeita

aos danos colaterais de todo o longo caso. Florinda Chan final-mente falou sobre o caso e não afastou a possibilidade de vir a agir judicialmente. A Secretária diz ser “lamentável que ainda haja quem tenha apresentado acusação caluniosa”, depois de ter sido ilibada pelo relatório do Comissariado Contra a Cor-rupção e reserva-se “o direito de efectivar as respectivas respon-sabilidades nos termos da lei”.

Aos jornalistas, garantiu que ainda não tomou qualquer deci-são, mas os seus advogados es-tão a estudar o caso, sem nunca referir os nomes de Paulina dos Santos ou do deputado Pereira Coutinho. “Ainda não se sabe se alguém infringiu a lei ou o se-gredo de justiça, mas se alguém o fez porei o caso, por isso, reser-vo esse direito de participação”.

Ao JTM, Paulina dos San-tos reagiu dizendo que se sente “ameaçada” pelas declarações de Florinda Chan e, por isso, “está a ponderar” também ela agir judicialmente. Entende que

apenas fez uso do seu direito de acesso aos tribunais conferido pela Lei Básica, e vai mais lon-ge, dizendo que as palavras não se dirigem apenas a ela. “É uma ameaça perante o povo e não posso aceitar”.

A advogada, que foi assis-tente no processo que correu no Tribunal de Última Instância, desafia a Secretária a “meter já [o processo] se tiver coragem”.

Mas não só. Paulina dos Santos aproveitou para divul-gar que uma segunda acção judicial está em cima da mesa, uma vez que considera ter sido “insultada várias vezes durante a fase de instrução”. Como ex-plicou ao JTM, classifica como “injúrias” certos conteúdos da documentação apresentada por Florinda Chan na contestação, mas não disse quais.

“Ela é uma figura pública, está sujeita a críticas. Todos os dias o povo se queixa dela, assim sendo, tinha que intentar muitas acções”, afirmou, acrescentando que “o caso ainda não acabou, o inquérito pode ser reaberto”.

Também o deputado Pereira Coutinho, que tem falado sobre o caso na imprensa, foi instado a comentar as declarações de Flo-rinda Chan. “É óbvio que este

caso não vai acabar assim, a po-pulação de Macau não é aquela que era no passado, percebe o que está a acontecer e a procis-são ainda vai no adro”.

No final da sessão plenária de ontem na Assembleia Legis-lativa, o deputado disse ainda que “seria interessante que o processo fosse avante, assim o assunto não morria tão cedo”. E ainda acrescentou que “em Ma-cau seriam milhares de pessoas que viriam a terreiro para serem testemunhas”.

Na eventualidade de um processo contra si, Coutinho afirma estar “de consciência tranquila e até contente pelo facto das responsabilidades do principais cargos serem cada vez mais levantadas”, e conti-nua a pedir a demissão da Se-cretária.

“Tem o privilégio de utilizar os meios de comunicação social na sua qualidade de Secretária para se ilibar nas responsabili-dade que se mantêm, que são responsabilidades políticas e esta não é a primeira vez”, ati-rou.

Na sua opinião, Florinda Chan “já não tem condições para governar e liderar os tra-balhadores da função pública e

muito menos ter a pasta da Ad-ministração e Justiça”. “É alvo de chacota nos meios de comu-nicação social, todas as semanas nos jornais chineses e, perante a comunidade chinesa, ela já não vale quase nada”.

“Mais forte”,diz Florinda Chan

A Secretária admitiu que “so-freu” por não poder defender-se mais cedo. “Confesso que foi di-fícil, mas não podia sobrepor os meus sentimentos e a vontade de responder, tinha que respei-tar a independência da justiça”.

Sobre se tinha saído fragili-zada deste processo, respondeu

que “pelo contrário, senti-me mais forte”. E a força estendeu--se às relações dentro do próprio Governo. “Face a ter que enfren-tar esta dificuldade, a unidade com o Chefe do Executivo e com toda a equipa governativa, au-mentou”.

Florinda Chan comentou ainda a escolha do período de férias, afastando qualquer pro-pósito de não estar presente na altura do debate instrutório. “Inscrevi-me numa peregrina-ção e acabou por calhar na mes-ma altura”. A Secretária afirma ter rumado a Jerusalém com um grupo de peregrinos de Macau e de Portugal.

Florinda Chan convocou a imprensa para falar sobre o caso das 10 campas

Jovens pedem demissãoOntem um grupo de jovens deslocou-se aos Serviços de Administração e Função Pública manifestando o propósito de pedir a demissão de Florinda Chan. A Secretária para a Administração e Justiça reagiu na conferência de imprensa, dizendo que “Macau é uma cidade onde há liberdade e as pessoas podem manifestar as suas opiniões”, mas voltou a sublinhar que saiu deste episódio reforçada. “Sinto-me mais forte para desempenhar as minhas funções”.

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10 JTM | LOCAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2013

Angela Leong conta com voto dos portugueses A actual deputada e pré-candidata à AL tem confiança em conquistar mais votos para além do que é a base eleitoral da sua lista: o sector do jogo. Já o número dois da lista, Kent Wong acredita que desta vez possa ser eleito

Viviana Chan

A deputada Angela Leong entregou ontem o pedi-do de reconhecimento da sua comissão de can-didatura nos Serviços de Administração e Fun-

ção Pública (SAFP) com a presença do seu mandatário, Ambrose So.

Segundo Angela Leong, a sua lista, a Nova União para o Desenvolvimento de Macau, vai manter seis candidatos que com ela concorreram em 2009. Um dos principais objectivos da lista continua a ser o desenvol-vimento económico

Esta é já a terceira vez que Angela Leong vai parti-cipar nas eleições à Assembleia Legislativa (AL). A pré--candidata garante que vai dar mais atenção ao bem-

-estar dos trabalhadores da indústria do jogo, acredita na eleição do número dois da lista, Kent Wong - asses-sor sénior da Melco Crown Entertainment que disse ter muita confiança na sua eleição - e pede ainda o apoio da comunidade portuguesa e macaense.

A deputada lembra que Stanley Ho investiu muito em Portugal e está habituado a trabalhar com os portu-gueses. “Por isso, esperamos conseguir mais votos jun-to destas comunidades para que possamos contribuir igualmente para eles”, disse, citada pela Rádio Macau.

Confessa ainda que já sente muita competição nes-tas eleições, face à participação de outros candidatos do sector de jogo, e admite que possa perder votos nesta área mas não se diz preocupada porque diz que os re-sidentes sabem avaliar o trabalho que foi desenvolvido enquanto deputada. Salientou também que o contri-buto de Stanley Ho para a economia é óbvio e que os

frutos económicos do sector de jogo estão a ser parti-lhados.

Em relação às críticas feitas pela sociedade às cam-panhas eleitorais ilegais feitas por parte das associa-ções na generalidade, Angela Leong diz que “é difícil comentar”, mas reconhece que “houve sempre cam-panhas eleitorais à margem da lei”. Por um lado, a di-rectora executiva da SJM refere que estas campanhas eleitorais podem afectar as eleições. Por outro lado, ga-rante que não é pelas vantagens que tem, por ter do seu lado muitos trabalhadores do sector do jogo, que vai deixar de cumprir todas as regras.

O mandatário Ambrose So sublinhou a importância da participação do sector do jogo no palco político. “É muito importante a representatividade desta indústria [na AL], não só um representante, mas alguns”, porque “a economia de Macau está baseada no jogo”.

Angela Leong acredita que vai conseguir eleger mais um deputado este ano A candidatura de Angela parou ontem o trânsito na Rua do Campo durante vários minutos

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JTM

Direcção dos Serviços de Estatística e Censos

AVISO

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para a Economia e Finanças, de 5 de Junho de 2013, e nos termos definidos na Lei n.º 14/2009 (Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (Recrutamento, selecção e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos),se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, com prestação de provas, para o recrutamento de dois lugares de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão (área informática), da carreira de técnico, em regime de contrato além do quadro, da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 25, II Série, de 19 de Junho de 2013, e no website destes Serviços (www.dsec.gov.mo). Para mais informações, dirija-se por favor à Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, sita na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.º 411-417, Edifício Dynasty Plaza, 17.º andar, durante o horário de expediente.

Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, aos 11 de Junho de 2013.

O Director, SubstitutoIeong Meng Chao

2ª Vez

Proc. Execução Ordinária nº CV3-13-0001-CEO 3° Juízo Cível

Exequente: PROFIT INTERNACIONAL PROMOTOR DE JOGO SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, com sede em Macau, na Rua da Ponte Negra, Edifício Chun Fok Village, Fase 1, Bloco 1 - Ka Chon Kok, 6.º andar G, Taipa.Executada: YU YAN, ausente em parte incerta, com última residência conhecida em Macau, 氹仔濠景花園30座8樓A.

FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando a executada acima identificada, para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$3.248.479,00 (Três milhões, duzentas e quarenta e oito mil, quatrocentas e setenta e nove patacas), juros e custas, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido ao exequente o direito de nomeação, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a advertência de que é obrigatória a constituição de advogado, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo.

Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3.º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.

Macau, 10 de Junho de 2013.

A Juiz,a) Ip Sio Fan

O Escrivão Judicial Principal,a) Aníbal Gonçalves

“JTM” - 21 de Junho de 2013

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO Direcção dos Serviços de Finanças

AVISO

COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo au-tomaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos: - Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 35 a 55, Rua Dois do Bairro de Iao Hon, n.os 2 a 22, Rua Quatro do Bairro de Iao Hon, n.º 82 e Avenida da Longevidade, n.os 7 a 21, em Macau.

2. Agradecemos aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento da Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se--á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos 9 de Maio de 2013.A Directora dos Serviços de Finanças

Vitória da Conceição

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 11

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GCSFátima Almeida

LAU SI IO DIZ QUE NÃO TEM MARGEM PARA IMPEDIR OBRAS NA ILHA

Sem legislação para travar projectos em Coloane Foram muitos os pedidos para que o Governo impedisse a construção de projectos de grande envergadura em Coloane, antes da entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico, mas Lau Si Io mostrou-se de mãos atadas. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas disse ontem não se poder basear no argumento de que a ilha é o pulmão do território para impedir as construções naquela zona verde. Ainda não há uma posição quanto ao projecto da Rua de Entre-Campos e o governante acredita já existirem mecanismos para proteger aquele habitat natural

Lau Si Io diz que não tem margem para impedir obras na ilha

Terreno na Rua de Entre-Campos registado por Camilo Pessanha

Durante o debate, a autenticidade do registo do terreno da Rua de Entre-Campos - para qual se pediu uma autorização para construir - foi colocada em causa por alguns deputados. As dúvidas foram lançadas por Au Kam San, Melinda Chan e Paul Chan Wai Chi. “Foi registado em 1903. Pode dar-nos informações para clarificar a sua legitimidade?”, pediu Chan Wai Chi. Para o deputado Leonel Alves, esta é uma questão que não se deve colocar porque “é precisamente o registo predial a nossa segurança jurídica”. “Quem fez este registo em 1903 foi o poeta Caminho Pessanha, considerado por todos incorruptível”, afirmou. O deputado e advogado disse ainda que “questionar a validade dos registos prediais seria questionar a nossa segurança jurídica”.

Começou apenas por distribuir o jogo pelos responsáveis dos departamentos que o acom-

panharam à Assembleia Legislativa, mas acabou por usar da palavra e quebrar as esperanças dos deputados que ambicionavam que o Governo parasse com a aprovação de todos os projectos de grande envergadu-ra” previstos para Coloane, antes da entrada em vigor da Lei do Planea-mento Urbanístico. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas dis-se ontem na Assembleia Legislativa que não dispõe de um “suporte legal” que permita suspender os planos de desenvolvimento na ilha, mediante o argumento que aquela é uma zona verde e considerada pela população o pulmão da cidade.

Convocado pelos deputados para um debate sobre a protecção de Co-loane, Lau Si Io apenas considerou viável que os projectos caíssem em saco roto se, após uma análise, se verificasse que não cumprem todos os requisitos exigidos por alguns di-plomas vigentes. “Neste momento não dispomos de um suporte legal para suspender os projectos. Antes da entrada em vigor da Lei do Planea-mento Urbanístico, se quisermos sus-pender os projectos, o Regime Geral de Construção Urbana e o Código de Procedimento Administrativo podem ser a base legal para avançar com os nossos trabalhos”, referiu.

Embora o Executivo tenha afirma-do que não é possível dar um estatuto especial a Coloane, alguns deputados mantinham esperanças que os planos de construção pedidos para desenvol-ver nos terrenos naquela zona fossem analisados lentamente. Expectativas que Lau Si Io apagou. “Tenho de cla-rificar alguns pontos. Em primeiro lu-gar, a celeridade ou não de aprovação dos projectos não depende de uma ideia subjectiva do Governo, mas de vários factores objectivos, como por exemplo se os planos reúnem todos os requisitos requeridos pela lei”.

O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, que na primeira opor-tunidade que lhe foi dada para res-

ponder aos deputados pediu para se-rem os responsáveis dos organismos da sua tutela para usar da palavra, viria a sentir a necessidade de se justi-ficar sobre algumas questões levanta-das durante o debate. Com receio de ser mal interpretado e descrito na im-prensa como o governante que quer transformar o pulmão do território num oásis de cimento esclareceu ain-da: “Quando se fala em urbanização não quer dizer que pretendamos que Coloane venha a ficar como Macau”. “Tenho de deixar claro esta situação para que não apareça nos jornais como o Secretário que quer destruir tudo em Coloane para que a ilha seja como a península”, frisou.

Durante a discussão - desencadea-da depois da proposta de debate de Paul Chan Wai Chi e Ng Kuok Cheong ter sido aprovada no Hemiciclo com 20 votos a favor no mês passado - Lau Si Io discorreu também sobre a defini-ção de “destruir”, chegando à conclu-são que é “necessário ter um regime de avaliação de impacto ambiental” para tomar decisões. “Deve-se avaliar tendo em conta aspectos científicos e ver se este impacto pode ser ou não compensado. Na Direcção dos Servi-ços de Protecção Ambiental existem essas regras”, disse crente.

Entre apoio e desilusão A posição do Governo desiludiu

alguns deputados que esperavam medidas mais protectoras e mereceu o apoio de outros. Considerando que o Executivo agiu com “seriedade” quando lançou plantas de alinhamen-to para Coloane, Leonel Alves afirmou que a discussão de ontem poderia até dar uma ideia errada da idoneidade do Governo. “Este debate pode co-locar a ideia injusta que o Governo agiu com amadorismo no planeamen-to. Estas plantas foram emitidas com imparcialidade e depois de ouvidos vários serviços”, frisou, ao notar que nem toda a zona está definida como uma reserva natural.

Para contestar a opinião de quem defendia a interrupção dos planos de construção antes da entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico, e os respectivos planos directores, o ad-vogado ironizou. “A proposta de sus-pensão de todos os projectos é uma

medida cautelar (...). É melhor utili-zar uma placa em Coloane e dizer que está ‘out of work’ durante três ou cin-co anos”, disse, rejeitando ainda que o Governo tenha de recuar devido às pressões que está a sofrer ou “porque está na moda alguma política de me-gafone”.

Leonel Alves insurgiu-se assim quanto à proposta de Paul Chan Wai Chi e Ng Kuok Cheong que pediam ao Governo para parar com a aprovação de todos os projectos sob pena de vi-rem a ter de pagar uma indemnização ao promotor face à incompatibilidade que a construção poderia ter com a fu-tura Lei do Planeamento Urbanístico. “O mais provável é que tenha incluí-do o montante indemnizatório nas previsões de quem recebe ou aprova? [Ao mencionar-se nisso na parte fi-nal da proposta] lançou-se aqui uma suspeita de que há favorecimento do Governo a particulares, se há suspeita há crime, se há um crime denuncia-se, se não estamos fora do nosso âmbito”, contestou Leonel Alves.

Também Gabriel Tong disse que não se poderia pedir ao Governo que “superasse as próprias leis” para sus-pender os projectos. Já Ho Ion Sang vincou que o Executivo tem de assu-mir responsabilidades, uma vez que apresentou tardiamente à Assembleia Legislativa diplomas como o Planea-mento Urbanístico e a Lei de Terras, colocando a cidade neste impasse. “As leis que nós temos não acom-panham o desenvolvimento e se por causa disso a colina for destruída será um prejuízo para Macau. Peço que o Governo tenha em conta a opinião da população e os vários impactos”, exigiu. “Parece que a sociedade tem as suas exigências e as propostas de

lei foram apresentadas tardiamente. Devido a esta morosidade deparamo--nos com situações menos satisfató-rios”, recordou o deputado.

Que futuro esperar para o pulmão? Kwan Tsui Hang insurgiu-se várias

vezes contra a falta de clarividência do Secretário para as Obras Públicas e Transportes. “Quero uma resposta cla-ra. Que planos actuais dispomos para Coloane e que normas para a protec-ção ecológica?”, começou por questio-nar. “Qual vai ser o planeamento para Coloane? Torne isso público”, insis-tiu, mostrando-se preocupada com a posição do Executivo. “Há que obser-var medidas de protecção ambiental e nada disso ouvi da boca do Governo para ficarmos mais descansados”.

Perante as questões colocadas, o Executivo reconheceu que não dispõe de “um plano global para a ilha”, mas afiançou que existem medidas e nor-mas para a protecção da zona. Res-postas que não agradaram a alguns deputados que esperavam uma posi-ção mais firme do Executivo.

A necessidade de proteger Coloa-ne ganhou ênfase na sociedade depois de ter sido noticiado que o empresá-rio Sio Tak Hong submeteu à aprecia-ção da Direcção dos Serviços de So-los, Obras Públicas e Transportes um projecto de construção para a Rua de Entre-Campos, em Coloane. O plano de construção continua em análise, sem conclusões, disse Lau Si Io. “O projecto está em fase de apreciação. O Governo não tomou nenhuma posi-ção sobre este caso. Tenho receio que quando falo na necessidade de encon-trar um equilíbrio pensem que me re-firo àquele caso, mas estou a falar no geral”, clarificou.

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12 JTM | LOCAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

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Fundação Rui Cunha acolhe recital do pianista Lu WangNa segunda-feira, entre as 19:00 e 20:30, as instalações da Rui Cunha vão ser pal-co de um recital de piano por Lu Wang, organizado em parceira com a “Yun Yi Arts and Cultural Communication As-sociation”. Considerado um dos mais promissores talentos da música da Chi-na, Lu vai tocar obras de famosos com-positores, como Beethoven, Schumann e Chopin.

RAEM e Hunan podem cooperarna “educação patriótica”Os Governos de Macau e Hunan po-derão iniciar a cooperação no âmbito da educação patriótica e turismo, disse ontem o governador daquela província do Continente, Du Jiahao, num encontro com o Chefe do Executivo, Chui Sai On. Du Jiahao defendeu a organização de vi-sitas de jovens de Macau a Hunan “para adquirirem conhecimentos sobre o local, aprofundarem os conhecimentos da his-tória e desenvolvimento da Pátria”, refe-re uma nota oficial, acrescentando que os dois responsáveis também discutiram a cooperação em áreas como o comércio e as convenções e exposições.

Obras da rede de gás naturalestendidas até à TaipaO único distribuidor de gás natural de Macau iniciou a construção do rede de distribuição de gás natural na Taipa, aproveitando as obras do Metro Li-geiro, afirmou o vice-director-geral da “Nam Kwong Natural Gas Company”. Tang Zhaohui informou que a coloca-ção dos canos teve início nas obras do Metro junto às instalações do Jockey Club e acrescentou que a empresa con-clui praticamente a colocação de dois gasodutos que levarão gás natural às instalações da Universidade de Macau na ilha da Montanha.

NUNO AMADO, PRESIDENTE DO GRUPO MILLENIUM BCP

“Vamos desenvolver o mercado do renminbi”

O banco Millenium BCP mudou--se para o “Finance and IT Cen-tre” num claro investimento nas

valências que a instituição pode oferecer aos clientes de Macau. Para a inaugura-ção oficial, esteve presente o presidente do grupo, Nuno Amado, pela primeira vez no território.

Sobre a nova sucursal disse que “tem boas condições de trabalho e, acima de tudo, boas condições para desenvolver negócio”, referindo-se a um “grande conjunto de salas, não só à disposição do banco, mas também dos nossos clientes que queiram fazer negócio nos países onde estamos”.

Da nova sucursal pretende que seja “muito operacional no desenvolvimen-to do triângulo China, África, Portugal”, mas também seja importante no objecti-vo de “desenvolver o mercado do ren-minbi para as empresas que exportam e importam da China”.

Nuno Amado entende que o BCP “tem condições para isso e é uma área em que nos vamos focar”, salientado que “está pouco desenvolvida”, e tam-bém sublinhou “a vontade que a China tem que a moeda seja mais utilizada”.

“Também está a haver um fluxo de investimento chinês em Portugal”, que decorre do programa “visto gold”, lem-brou, acreditando que “o BCP com a

O Millennium BCP tem uma nova sucursal em Macau, consequência dos excelentes resultados do banco em 2012, que quase triplicou o lucro face ao ano transacto. O presidente do grupo, Nuno Amado, veio ao território presidir à inauguração e falou sobre os objectivos para o futuro, que passam pelo desenvolvimento do mercado do renminbi e aposta no apoio aos investimentos chineses em Portugal através do visto “gold”

estrutura que tem aqui [Macau] e pela dimensão que tem em Portugal, pode utilizar o banco como fonte adicional de negócio e de serviço para os chine-ses que queiram dar esse passo, é um processo crescente que está a aconte-cer”.

Como já tinha sido noticiado, o volume de negócios do banco tem au-mentado bastante em Macau. Em 2012, o BCP registou 117,7 milhões de pata-cas de lucro, mais de 11 mil milhões de patacas de depósitos e 10 mil milhões de crédito. “Os lucros em 2012 são qua-se o triplo de 2011”, disse João Pãosi-nho, director-geral da sucursal.

Segundo explicou, o sucesso deve--se “sobretudo, porque crescemos na

carteira de crédito onde tivemos boas margens de intermediação e crescemos significativamente na carteira de depósi-tos”.

O responsável fala de “resultados extraordinários no desenvolvimento da plataforma de negócios de empresas por-tuguesas em Macau e na China e de em-presas chinesas em direcção aos países africanos”.

Sobre os resultados do grupo, Nuno Amado apenas os vai divulgar em Julho, mas adiantou que em Portugal, “ainda vão ser difíceis este ano”, mas o presi-dente entende que o ciclo de crise está a terminar. O contributo de Angola, Mo-çambique, Polónia e Macau também tem ajudado a equilibrar.

Sandra Lobo Pimentel

Millennium BCP abriu nova sucursal na sequência de excelente resultados em 2012

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JTM | LOCAL 13Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

VÍTIMA DE BURLA INVESTIU 230 MIL YUANS PARA JOGAR ONLINE

“Jogo falso” na net custou caroUma burla virtual causou prejuízos de 230 mil renminbis a um cidadão da China Continental, que pensava que estava a jogar num site de um casino do COTAI. Veio a Macau para receber o dinheiro, mas afinal tudo não passou de um esquema

Agrediu porteiro por não deixar usar WC

O porteiro de um prédio situado na Estrada da Bela Vista foi agredido por um indivíduo após, supostamente, lhe ter negado a entrada no edifício para usar a casa-de-banho. Segundo o jornal “Ou Mun”, o indivíduo não gostou e agrediu o porteiro com uma garrafa de vidro, provocando-lhe ferimentos na zona dos olhos.

Análises confirmaram cocaína

Três indivíduos foram detidos pela polícia durante uma operação “stop” na Avenida Infante D. Henrique. Segundo as autoridades, os suspeitos seguiam num táxi que foi mandado parar. Um deles evidenciou um comportamento suspeito, e por isso foi revistado. Na sua posse foram encontrados vários cristais, correspondentes a 13,30 gramas de cocaína. Um exame feito no hospital viria a acusar a presença de cocaína no sistema dos três homens. Os suspeitos são de Macau, China Continental e Hong Kong.

Pedro André Santos

Muitos são os cidadãos do Con-tinente Chinês que visitam Macau para jogar nos casinos,

mas outros não podem vir tantas vezes quanto gostariam. Quando viu um site na internet onde supostamente poderia jogar como se estivesse em Macau, um cidadão da China Continental decidiu

criar uma conta, onde depositou 230 mil renminbis, para poder jogar.

Segundo as autoridades, o site apresen-tava-se como representante de um casino do COTAI, e por isso parecia legítimo. Após algumas horas a jogar, conseguiu arrecadar 450 mil renminbis, recebendo instruções do site de que o montante seria creditado na sua conta.

Esperou pela transferência, mas como o dinheiro tardava em chegar à conta decidiu contactar o serviço de apoio da página atra-

vés de telefone. Do outro lado, atendeu um homem que disse que teria que vir ao referido casino para receber o dinheiro. Assim o fez, mas quando chegou ao lo-cal percebeu que era tudo mentira e tinha sido burlado.

Arrendou a casa para “Mahjong”Uma queixa devido a barulho levou

as autoridades a um apartamento situa-

do na Travessa dos Trens. No local, os agentes encontraram duas mesas e oito pessoas a jogar “Mahjong”, e ainda o dono da habituação, um residente do ter-ritório de 67 anos.

Após investigações, as autoridades descobriram que o homem arrendava o espaço para as pessoas jogarem, cobran-do uma ficha azul, correspondente a 40 patacas, por cada ronda de “Mahjong”.

WASHINGTON COMETE EQUÍVOCO NA AVALIAÇÃO DO TRÁFICO HUMANO

Erro dos EUA facilita saída da “lista de vigilância”Os “esforços significativos” de Macau no combate ao tráfico humano foram valorizados pelo Departamento de Estado norte-americano com a retirada do território da categoria que antecede a imposição de sanções. Mas, o relatório anual dos EUA peca por falhas na análise à Lei de Contratação de Trabalhadores Não Residentes

Apesar de continuar “a não cumprir totalmente os padrões mínimos”, a RAEM “está a fazer esfor-ços significativos” com vista à “eliminação” do

tráfico humano, considera o Departamento de Estado norte-americano, ao sublinhar que a acção das autori-dades locais traduziu-se em “resultados tangíveis” ao longo do passado.

No “Relatório sobre Tráfico de Pessoas em 2012”, Washington especifica alguns progressos concretos, destacando o facto de terem sido deduzidas acusações em dois casos suspeitos de tráfico sexual, um dos quais envolveu seis mulheres forçadas à prostituição e já cul-minou com a condenação de nove arguidos a penas que variaram entre quatro e 13 anos de prisão. No ano em análise, Macau identificou e apoiou 25 vítimas de tráfi-co sexual e conduziu 15 processos de investigação, mais dois do que em 2011.

O tom positivo estende-se ainda ao impacto da Lei de Combate ao Crime de Tráfico de Pessoas, na medi-da em que preconiza penas “suficientemente rigorosas e punições compatíveis com as previstas para outros crimes graves, como a violação”. Além disso, os EUA realçam que as autoridades anunciaram um reforço da “capacidade judicial”, com a contratação de cinco ma-gistrados para o Ministério Público além da realização de estágios por parte de mais 12, “que deverão assumir funções em meados de 2013”.

O reconhecimento destes avanços levou mesmo Washington a retirar Macau da chamada “lista da vigi-lância”, um patamar para o qual o território tinha sido relegado no ano anterior. A RAEM distancia-se assim do degrau inferior, a categoria 3, também conhecida como “lista negra”, que pode dar origem a sanções por parte da Administração norte-americana.

A distracção de WashingtonO documento elaborado pelo Departamento de

Estado norte-americano evidencia, porém, um im-portante erro de apreciação, ao indicar que as auto-ridades da RAEM eliminaram em 2012 o regime de impedimento que obriga os trabalhadores não resi-dentes a sair do território durante seis meses após o término dos respectivos contratos.

Esta questão tem alimentado grande parte dos reparos negativos dos EUA ao longo dos anos, na convicção de que o longo período de espera deixa os migrantes vulneráveis à exploração laboral, no entanto, a verdade é que Macau não revogou tal disposição, introduzindo apenas excepções à Lei de Contratação de Trabalhadores Não Residentes. A re-visão legislativa estipula que, nalgumas situações, os trabalhadores não residentes podem permanecer em Macau durante meio ano, com visto de turista, mas estão obrigados a encontrar emprego na mesma área profissional.

Por outro lado, ao contrário do que indica o re-latório, as alterações só foram aprovadas no final de Março deste ano e entraram em vigor em Abril.

Apesar dos lapsos, a área laboral continua a preo-cupar a Administração norte-americana, sobretudo por não ter sido investigado qualquer caso de “tráfico laboral”. “Casos de tráfico laboral envolvendo 18 indi-

víduos foram vistos pelas autoridades como disputas com trabalhadores”, refere o relatório, classificando como “modestos” os esforços na área da prevenção.

O relatório de 2012 repete ainda recomendações já endereçadas em anos anteriores e, mais do que um local de origem, volta a apontar Macau como desti-no de mulheres e crianças vítimas de tráfico sexual e trabalho forçado. Segundo o documento, a maioria chega da China Continental, mas os registos tam-bém incluem mulheres de países como a Mongólia, Vietname, Tailândia e Rússia, muitas das quais são atraídas por falsos anúncios de emprego em Macau, acabando por ser controladas por “grupos de crime organizado” que “as mantêm em cativeiro e forçam à servidão sexual”.

Embora sem referir o relatório americano, a Co-missão de Acompanhamento das Medidas de Dis-suasão do Tráfico de Pessoas garantiu ontem que “vai continuar de forma prática” a prevenir e comba-ter todos os tipos de tráfico de pessoas na RAEM. Em comunicado, a Comissão recorda também que, em Março deste ano, sete pessoas foram condenadas a penas de prisão variáveis entre 12 anos e nove meses e 13 anos e três meses devido ao tráfico de pessoas.

Sérgio Terra

Macau identificou e apoiou 25 vítimasde tráfico sexual e, 2012, refere o relatório

China e Rússia rejeitam críticas

A China e a Rússia contestaram ontem o relatório dos EUA que as inclui na lista de países que não combatem suficientemente o tráfico de seres humanos, o que pode implicar a aplicação de sanções. “Pensamos que os EUA deviam ter uma visão objectiva e imparcial dos esforços da China (no combate ao tráfico de pessoas) e deixar de fazer juízos unilaterais ou arbitrários”, disse a porta-voz da diplomacia chinesa, assegurando que “o Governo chinês dá sempre grande importância ao combate a todos os tipos de tráfico”. Em Moscovo, o responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros para os direitos humanos, Konstantin Dolgov, frisou que “quanto à aplicação de sanções unilaterais contra a Rússia, a simples ideia de levantar essa questão provoca indignação”. Dolgov lamentou que os EUA “voltem a utilizar uma metodologia inaceitável segundo a qual os governos são classificados em função da simpatia ou antipatia política do Departamento de Estado”.

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14 JTM | LOCAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

JARDIM DE INFÂNCIA D. JOSÉ DA COSTA NUNES

Horários e propinas preocupam alguns paisReunião geral vai servir para “fazer um resumo de todas as preocupações dos pais de forma a que todas as opiniões sejam levadas até junto da direcção do Jardim de Infância”, explica Cristina Ferreira. Alguns pais temem que no futuro as propinas possam subir exponencialmente

Helder Almeida

A Associação de Pais do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes (APCN) marcou uma reunião geral para a semana com o objectivo de debater vários pontos, no-

meadamente horários, aumento de propinas e a componente curricular e pedagógica.

Ao JTM, a presidente da APCN refere que “há pais preocu-pados com um possível aumento das propinas, maior do que o normal aumento anual”, mas também há pais “insatisfeitos com questões de orientação pedagógica”.

A reunião geral vai servir para “fazer um resumo de todas as preocupações dos pais de forma a que todas as opiniões sejam levadas até junto da direcção do Jardim de Infância”, explica Cristina Ferreira.

No ano lectivo 2013/14, e inserido no pagamento da propi-na anual, a escola estará aberta até às 16:00, menos uma hora do que aconteceu durante este ano lectivo, segundo explicou ao JTM a directora da instituição, Vera Gonçalves.

Porém, aos pais que quiserem que os filhos tenham mais actividades serão dadas duas hipóteses: ou escolhem activi-dades extracurriculares, como aulas de ballet, futebol, música, entre outras, e que ocupará o horário das 16:00 às 17:00, ou escolhem o que se chama prolongamento de horário (activida-des livres com o acompanhamento de uma agente de ensino), entre as 16:00 e as 17:00 ou entre as 17:00 e as 18:00.

“WATER AURORA” REGRESSA COM NOVAS ATRACÇÕES

Especialista “destapa” aquário do MGMO aquário situado na Grande Praça do MGM está de regresso e conta com novas atracções. Depois de cerca de um mês tapado, o “Water Aurora” sofreu alterações pela mão de Jack Jewell, especialista que trabalha como curador no aquário de tubarões de Las Vegas

Custou, mas foi. O “Water Aurora” está de novo operacional e, apesar de não se encon-trar ainda a cem por cento, já (re)ilumina a Grande Praça do MGM com as suas cores.

A ambição e as expectativas para o projecto eram grandes, mas foi sol de pouca dura já que os peixes, devido a problemas de adaptação, começaram a morrer, levando à intervenção dos responsáveis.

O grande aquário ficou coberto durante cerca de um mês mas já voltou a ter os peixes em exibição, graças sobretudo à intervenção de Jack Jewel. “Tivemos que reagrupar e pensar em algumas coisas específicas, e é um processo complexo. Por isso, tivemos que voltar atrás e alterar algumas coisas, como o suporte de vida dos peixes. Mas também tivemos que ver as coisas de uma forma mais global, e isso demora sempre tempo”, disse ao JTM o curador do aquário de tubarões de Mandalay Bay, em Las Vegas.

Feitas as alterações e encontrada a “fórmula mágica” para manter os peixes num ambien-te sustentável, os responsáveis decidiram elevar a fasquia, introduzindo oito novas espécies. Para melhorar o habitat foram instalados corais artificiais, seguindo a política da companhia de não prejudicar a natureza retirando os verdadeiros dos oceanos, e ainda areia de coral, tornando o aquário o mais realista possível.

A grande atracção, contudo, passará sempre pelos tubarões. “Vão regressar assim que tenhamos confiança que os peixes estão confortáveis. Não sabemos ao certo o tempo, mas não deverá ser muito”, acrescentou Adam Titus, responsável pelo projecto. Ao que o JTM conseguiu apurar, o aquário irá contar com três espécies de ponta preta do recife australiano,

Pedro André Santos

que irão conviver com outros peixes daqui a cerca de um mês.Jack Jewell vai partir para Las Vegas brevemente, mas continuará a acompanhar todos os

desenvolvimentos relacionados com o “Water Aurora” e intervir sempre que necessário. “Irá voltar daqui a três a seis semanas, e sempre que necessário até nos sentirmos confortáveis. É o grande perito na química e variedade de peixes”, acrescentou Adam Titus.

Adam Titus, Jack Jewel e as mascotes do “Water Aurora”

O prolongamento de horário não existia e terá um custo extra de 40 patacas por hora enquanto as actividades curricu-lares terão um custo de 70 patacas por sessão.

Propinas preocupamQuanto às propinas, todos os anos são revistas pela di-

recção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), responsável pela gestão e funcionamento do Costa

Nunes. No próximo ano lectivo, serão de 21.900 patacas (valor total do ano) enquanto este ano foram de 20.300.

Só que os pais estão preocupados que o valor agora pago possa subir exponencialmente nos próximos anos. Segundo Vera Gonçalves, que referiu um estudo de viabilidade econó-mica elaborado pela Universidade de São José (USJ), em 2020, quando o Jardim de Infância alcançasse os 120.000 alunos, as propinas deviam estar no patamar das 30.000 patacas. Só que este número de alunos deve ser atingido já no próximo ano, sendo que o valor das propinas ainda está algo abaixo do defi-nido pelo estudo para que haja “sustentabilidade económica”.

Em todo o caso, a directora do Costa Nunes lembra que os pais não têm de desembolsar mais dinheiro uma vez que par-te das propinas para os residentes são comparticipadas pelo Governo. Para 2013/14, o Governo vai atribuir aos pais uma verba de 15.800 patacas (são 14.000 neste ano) o que significa que, feitas as contas, no próximo ano os pais pagarão menos 200 patacas em propinas.

Por outro lado, há ainda um subsídio para material escolar no valor de 1.500 patacas, sendo que o Costa Nunes não cobra por esse material.

“Acho que todos os pais não querem despender mais di-nheiro embora, quando falamos na qualidade, haja pais a reconhecer essa necessidade”, afirma Vera Gonçalves. “E os valores praticados pelo Costa Nunes estão muito abaixo de outros estabelecimentos, que cobram cerca de 50.000 patacas de propinas por ano”, sendo que o subsídio do Governo é igual, adianta.

Quanto à carga horária, a directora aponta que é “contra-producente que haja horas curriculares até tão tarde” e que para as crianças “o mais importante é que possam sair mais cedo”.

Relativamente à avaliação externa da USJ, que disse acon-selhou mais horas de inglês e de mandarim às crianças, Vera Gonçalves admite que vai fazer uma proposta à direcção da APIM para que possa ser contratado mais pessoal, uma vez que só assim é que “será possível aumentar a carga lectiva”.

A reunião geral de pais está marcada para 27 de Junho, pe-las 20:00.

As propinas para 2013/14 vão ter um custo de 21.900 patacas

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 15

À “descoberta” da Macau brasileiraRogério Luz visitou Macau, a do Brasil, estabelecendo um contacto formal inédito com a Prefeitura local, num esforço para a ligação entre as duas Macau. A iniciativa do macaense radicado em São Paulo foi “apreciada pelas autoridades municipais”, salienta o autor do site Projecto Memória Macaense, num relato na primeira pessoa que o JTM hoje publica

Rogério P.D. Luz*em São Paulo

O nome Macau é uma corruptela da pa-lavra chinesa A-ma-ngao, que significa ‘Abrigo ou Porto da A-Má’ deusa dos

navegantes, o que terminou em Amacau ou Ma-cau”, assim explica o website da Prefeitura Mu-nicipal de Macau, porém, a do Brasil, localizada na costa do Estado do Rio Grande do Norte, a 180 quilómetros da sua capital Natal.

A partir de 1715, a ilha desta Macau brasileira começou a ser habitada pelos seus fundadores, o capitão português Martins Ferreira e seus gen-ros António Joaquim de Souza, Manuel António Fernandes, José Joaquim Fernandes e Manuel José Fernandes, além do brasileiro João da Hora.

Uma das hipóteses levantadas numa outra publicação na internet para a sua denominação, especula que a maioria dos primeiros habitantes da região eram portugueses e muitos tiveram passagem por Macau, na China, e a baptizaram pela semelhança geográfica das regiões. De fac-to, apesar da sua área de 788 km2 a cidade está concentrada na pequena ilha ligada por um ist-mo ao continente. O município de Macau, no censo de 2010, tem uma população de cerca de 29 mil pessoas.

Há anos que almejava visitar esta Macau dis-tante cerca de 3.000 quilómetros de São Paulo, tendo concretizado esta vontade a 27 de Maio deste ano. Poderia visitá-la como turista, mas como já a divulguei no blogue Crónicas Macaen-ses e no website do Projecto Memória Macaense de minha autoria e que completou 10 anos no passado dia 5, senti que poderia haver um con-tacto formal com os administradores da cidade para procurar criar uma ligação entre esta Macau e a minha terra natal.

Após os contactos, inicialmente feitos com a Secretaria de Turismo do município, para o ob-jectivo, viajei munido de material informativo e artístico da nossa Macau recolhidos da minha co-lecção pessoal e parte cedido pela Casa de Macau de São Paulo, tais como gravuras, livros, folhetos turísticos, DVD’s da gastronomia e do patuá, etc.

Com o excelente acolhimento desde a che-gada àquela Secretaria, pude perceber que este contacto formal, do que se poderia dizer entre

a Macau-China e a Macau-Brasil, era inédito e apreciado pelas autoridades municipais e seus colaboradores. A visita foi registada com fotos e vídeos, além de uma entrevista com a rádio local e outros meios de comunicação, como blogues e o website da Prefeitura.

Acompanhado da minha esposa brasileira Mia Luz, fomos recebidos pelo Prefeito Kergi-naldo Pinto, empossado este ano, e a Secretária de Turismo, Sâmya Loraine, momento em que houve troca de presentes. A entrega da gravu-ra do Templo A-Má , origem do nome das duas Macau, foi o ponto de destaque do encontro com o Prefeito.

Jorge Rangel, pelo Instituto Internacional de

Macau, ao tomar conhecimento da visita, pediu para transmitir saudações às entidades locais e o desejo de uma maior aproximação entre as duas Macau. Destacou ainda que, pela sua vocação e missão, o IIM tem o maior interesse em apoiar a visita. Pela direcção da Casa de Macau, também levei os cumprimentos da comunidade macaen-se.

O programa prosseguiu até ao final do dia com um almoço com comida típica na Praia de Camapum, na companhia de Sâmia Loraine e colaboradores da sua pasta de Turismo, além de visitas a diversos pontos turísticos do municí-

pio, revelando as suas belezas naturais. O ponto alto foi a visita à vasta área das salinas da Sali-nor, permitindo conhecer de perto todo o pro-cesso da sua produção e a indescritível visão das dunas de sal.

Além dos pescados e a produção de petróleo na sua costa, Macau é o centro das maiores sali-nas do país constituindo-se como a sua princi-pal actividade económica, cujo produto, além de ser destinado ao consumo nacional é em grande parte exportado, inclusive para a China.

Em conversas informais com a população “macauense”, ou mesmo transitando pelas suas ruas, podia-se sentir a sua curiosidade e simpa-tia, com a presença anunciada de um nativo da

Macau oriental que é bem conhecida como uma irmã de mesmo nome. Após mais alguns regis-tos fotográficos da cidade, parti com esperança que um dia as duas cidades possam criar uma ligação consistente noutras esferas superiores.

Entretanto, o Prefeito de Macau já confirmou a sua presença num convívio com a comunida-de macaense de São Paulo, aproveitando a festa do Dia de Macau da nossa associação no domin-go, dia 23. Será um abraço para a comunidade macaense mundial e à Macau/RAEM.

* Autor do website Projecto Memória Macaense. Colaborador regular do JTM

Rogério Luz ofereceu ao Prefeito de Macau e à Secretária de Turismo uma gravura do Templo de A-Má

À entrada da cidade, destaca-se a imagem da sua Padroeira - Nossa Senhora de Conceição

JARDIM DE INFÂNCIA D. JOSÉ DA COSTA NUNES

Horários e propinas preocupam alguns pais

“WATER AURORA” REGRESSA COM NOVAS ATRACÇÕES

Especialista “destapa” aquário do MGM

que irão conviver com outros peixes daqui a cerca de um mês.Jack Jewell vai partir para Las Vegas brevemente, mas continuará a acompanhar todos os

desenvolvimentos relacionados com o “Water Aurora” e intervir sempre que necessário. “Irá voltar daqui a três a seis semanas, e sempre que necessário até nos sentirmos confortáveis. É o grande perito na química e variedade de peixes”, acrescentou Adam Titus.

Adam Titus, Jack Jewel e as mascotes do “Water Aurora”

FOTO

JTM

Nunes. No próximo ano lectivo, serão de 21.900 patacas (valor total do ano) enquanto este ano foram de 20.300.

Só que os pais estão preocupados que o valor agora pago possa subir exponencialmente nos próximos anos. Segundo Vera Gonçalves, que referiu um estudo de viabilidade econó-mica elaborado pela Universidade de São José (USJ), em 2020, quando o Jardim de Infância alcançasse os 120.000 alunos, as propinas deviam estar no patamar das 30.000 patacas. Só que este número de alunos deve ser atingido já no próximo ano, sendo que o valor das propinas ainda está algo abaixo do defi-nido pelo estudo para que haja “sustentabilidade económica”.

Em todo o caso, a directora do Costa Nunes lembra que os pais não têm de desembolsar mais dinheiro uma vez que par-te das propinas para os residentes são comparticipadas pelo Governo. Para 2013/14, o Governo vai atribuir aos pais uma verba de 15.800 patacas (são 14.000 neste ano) o que significa que, feitas as contas, no próximo ano os pais pagarão menos 200 patacas em propinas.

Por outro lado, há ainda um subsídio para material escolar no valor de 1.500 patacas, sendo que o Costa Nunes não cobra por esse material.

“Acho que todos os pais não querem despender mais di-nheiro embora, quando falamos na qualidade, haja pais a reconhecer essa necessidade”, afirma Vera Gonçalves. “E os valores praticados pelo Costa Nunes estão muito abaixo de outros estabelecimentos, que cobram cerca de 50.000 patacas de propinas por ano”, sendo que o subsídio do Governo é igual, adianta.

Quanto à carga horária, a directora aponta que é “contra-producente que haja horas curriculares até tão tarde” e que para as crianças “o mais importante é que possam sair mais cedo”.

Relativamente à avaliação externa da USJ, que disse acon-selhou mais horas de inglês e de mandarim às crianças, Vera Gonçalves admite que vai fazer uma proposta à direcção da APIM para que possa ser contratado mais pessoal, uma vez que só assim é que “será possível aumentar a carga lectiva”.

A reunião geral de pais está marcada para 27 de Junho, pe-las 20:00.

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16 JTM | PUBLICIDADE Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

06/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201307/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201306/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/201307/05/2013

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www.iacm.gov.mo

Notificação nº 011/NOEP/GJN/2013Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos

sancionatórios, nos termos do artigo 14º do Decreto-Lei nº 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68º e do nº 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, nos termos do nº 2 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo e no uso das competências subdelegadas pelo Despacho nº 01/PCA/2013, de 2 de Janeiro de 2013, publicado na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 3, de 16 de Janeiro de 2013, os infractores, constantes da tabela desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Nos termos do nº 4 do artigo 36º, nº 1 do artigo 37º, artigo 38º e artigo 39º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004, o Presidente do Conselho de Administração ou seus substitutos exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas, a existência de culpa e a ausência de qualquer circunstância atenuante confirmada. Assim:

1. Foram aplicadas aos infractores, constantes da Tabela anexa, as multas previstas no nº 2 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP600,00 (cada infracção):

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 7 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, lançar pontas de cigarros ou abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela)

2. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios para o autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos do artigo 145º, do nº 1 do artigo 148º e do artigo 149º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123º do referido código.

Para efeitos do disposto no nº 2 do artigo 150º do mesmo diploma, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto, salvo disposição legal em contrário.

3. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25º e 26º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei nº 110/99/M, de 13 de Dezembro, para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 27º do referido código.

4. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto no nº 4 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar a liquidação das multas aplicadas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da publicação da presente notificação, no Gabinete Jurídico e Notariado do IACM (Núcleo Operativo do IACM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sito na Avenida da Praia Grande, nºs 762-804, Edf. China Plaza, 5º andar, Macau, ou no Centro de Actividades de S. Domingos, sito na Travessa do Soriano, Complexo Municipal do Mercado de S. Domingos, 4º andar, Macau. Caso contrário, o IACM submeterá o processo à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para a cobrança coerciva, nos termos do artigo 17º do Decreto-Lei nº 52/99/M, mas sem prejuízo da aplicação do disposto no no 4 do artigo 18º do mesmo Decreto-Lei.

5. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes da tabela anexa tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone nº 8295 6868 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.

Aos 6 de Junho de 2013.

O Vice-Presidente do Conselho de AdministraçãoLei Wai Nong

SexoNomeData em que

foram exarados os despachos de

aplicação das multas

Data da infracção

N.º do auto da acusação

Tipo e Nº de Documento de Identificação

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Tabela

SexoNomeData em que

foram exarados os despachos de

aplicação das multas

Data da infracção

N.º do auto da acusação

Tipo e Nº de Documento de Identificação

何严云 HE YANYUN

李强   LI QIANG

刘德祥 LIU DEXIANG

沈明锋 SHEN MINGFENG

刘符  LIU FU

蔡加成  CAI JIACHENG

戴珍浩  DAI ZHENHAO

刁惠君  DIAO HUIJUN

林海云  LIN HAIYUN

林文仲  LIN WENZHONG

罗育权  LUO YUQUAN

叶润庆  YE RUNQING

罗嘉星  LUO JIAXING

王美青  WANG MEIQING

戴旭光  DAI XUGUANG

冯兆合  FENG ZHAOHE

余立权  YU LIQUAN

易才胜  YI CAISHENG

欧建锋  OU JIANFENG

赵奇亮  ZHAO QILIANG

何振文  HE ZHENWEN

梁润生  LIANG RUNSHENG

梁嘉英  LIANG JIAYING

李会兴  LI HUIXING

陆元松  LU YUANSONG

马力  MA LI

曾亚其  ZENG YAQI

唐银花  TANG YINHUA

刘清娇  LIU QINGJIAO

刘北浩  LIU BEIHAO

冯月海  FENG YUEHAI

陈焕棋  CHEN HUANQI

潘启招  PAN QIZHAO

黄金毫  HUANG JINHAO

梁怡显  LIANG YIXIAN

卜艺  BU YI

王树棠  WANG SHUTANG

何长清  HE CHANGQING

黎金昌  LI JINCHANG

梁细妹  LIANG XIMEI

陈炳焯  CHEN BINGZHUO

王胜贤  WANG SHENGXIAN

黄作玲  HUANG ZUOLING

周业开  ZHOU YEKAI

梁志勇  LIANG ZHIYONG

李会兴  LI HUIXING

吴海雄  WU HAIXIONG

曾爱文  ZENG AIWEN

石涛  SHI TAO

韦振标  WEI ZHENBIAO

阮彬  RUAN BIN

邓均林  DENG JUNLIN

邝俊杰  KUANG JUNJIE

魏火根  WEI HUOGEN

吴帅明  WU SHUAIMING

冯庆星  FENG QINGXING

赵子涵  ZHAO ZIHAN

梁志伟  LIANG ZHIWEI

汪阳   WANG YANG

陈钖强  CHEN XIQIANG

刘锐昭 

聂丰收  NIE FENGSHOU

阮锐文  RUAN RUIWEN

陈建群  CHEN JIANQUN

周运宣  ZHOU YUNXUAN

刘三秀  LIU SANXIU

傅卓焕  FU ZHUOHUAN

王雁冰  WANG YANBING

邱伟忠  QIU WEIZHONG

陆震峰  LU ZHENFENG

王磊  WANG LEI

谭伟山  TAN WEISHAN

史岩峰  SHI YANFENG

何娥珠  HE EZHU

陶峰  TAO FENG

赵鹏   ZHAO PENG

谢伍杰  XIE WUJIE

张天佑  ZHANG TIANYOU

刘德旺  LIU DEWANG

矫力民  JIAO LIMIN

卢德炜  LU DEWEI

黄维志  HUANG WEIZHI

周淑芳  ZHOU SHUFANG

朱建强  ZHU JIANQIANG

杜海平  DU HAIPING

赵新

廖国道  LIAO GUODAO

林培龙  LIN PEILONG

罗宪度  LUO XIANDU

陈思祺  CHEN SIQI

胡坤  HU KUN

王建喜  WANG JIANXI

欧阳达荣 OU YANG DARONG

刘继亮  LIU JILIANG

张保国  ZHANG BAOGUO

吴瑞新  WU RUIXIN

孙学胜  SUN XUESHENG

彭立宁  PENG LINING

冯伯龙  FENG BOLONG

陈明   CHEN MING

王赵刚  WANG ZHAOGANG

丁锫  DING PEI

林俊江  LIN JUNJIANG

陈永辉  CHEN YONGHUI

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W60504***

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W56815***

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W2782***

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W36976***

W39529***

W41088***

W60802***

W39818***

W61078***

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W49367***

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W41614***

W55436***

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W60484***

W60490***

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W42104***

W52808***

W65725***

W34388***

W66387***

W45364***

W44645***

W38943***

W47680***

W43105***

W24751***

W59502***

W32768***

W65734***

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W62559***

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W45954***

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | PUBLICIDADE 17

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Tabela I

SexoNomeData em que

foram exarados os despachos de

aplicação das multas

Data da infracção

N.º do auto da acusação

Tipo e Nº de Documento de Identificação SexoNome

Data em que foram exarados os despachos de

aplicação das multas

Data da infracção

N.º do auto da acusação

Tipo e Nº de Documento de Identificação

黄振权  HUANG ZHENQUAN

刘贺均  LIU HEJUN

梁文镜  LIANG WENJING

常凤儒  CHANG FENGRU

梁延钊  LIANG YANZHAO

梁毅   LIANG YI

秦文耀  QIN WENYAO

曾波  ZENG BO

周伟强  ZHOU WEIQIANG

曾庆炎  ZENG QINGYAN

苏剑华  SU JIANHUA

程小超  CHENG XIAOQI

吴伟博  WU WEIBO

杜文泉  DU WENQUAN

黄家光  HUANG JIAGUANG

庞建平  PANG JIANPING

刘戈  LIU GE

郭军  GUO JUN

唐继勋  TANG JIXUN

黄亚忠  HUANG YAZHONG

朱磊  ZHU LEI

江沛宜  JIANG PEIYI

苗得雨  MIAO DEYU

范寅生  FAN YINSHENG

柏振东  BAI ZHENDONG

刘勇  LIU YONG

邢强  XING QIANG

龚云峰  GONG YUNFENG

林惠祥  LIN HUIXIANG

罗运刚  LUO YUNGANG

龚美林  GONG MEILIN

周裕良 

曹之翀  CAO ZHICHONG

于跃军  YU YOEJUN

秦作国  QIN ZUOGUO

林琦森  LIN QISEN

晏颷   YAN BIAO

谢代红  XIE DAIHONG

吴源伟  WU YUANWEI

文玉茹  WEN YURU

郑荣顺 ZHENG RONGSHUN

王建龙  WANG JIANLONG

蒋婷婷  JIANG TINGTING

王东来  WANG DONGLAI

刘汉光  LIU HANGGUANG

相阳  XIANG YANG

郭家瑞  GUO JIARUI

赵正玉  ZHAO ZHENGYU

姚敏  YAO MIN

马孙中  MA SUNZHONG

唐振全  TANG ZHENQUAN

余红梅  YU HONGMEI

田晨  TIAN CHEN

陈从会  CHEN CONGHUI

张聪   ZHANG CONG

王晓明  WANG XIAOMING

黄友信  HUANG YOUXIN

刘全福  LIU QUANFU

王鑫   WANG XIN

龚振焕  GONG ZHENHUAN

张中元  ZHANG ZHONGYUAN

吴文娟  WU WENJUAN

马丙安  MA BINGAN

黄记锋  HUANG JIFENG

肖文富  XIAO WENFU

郑李文  ZHENG LIWEN

胡兜袍  HU DOUPAO

罗嘉星  LUO JIAXING

徐少凤  XU SHAOFENG

杨加仿  YANG JIAFANG

单影  SHAN YING

罗飞翔  LUO FEIXIANG

徐飞  XU FEI

冯焯开  FENG ZHUOKAI

李院生  LI YUANSHENG

廖炎枝  LIAO YANZHI

叶再荣  YE ZAIRONG

伍瑞佐  WU RUIZUO

李卫京  LI WEIJING

刘忠力  LIU ZHONGLI

谭巨勇  TAN JUYONG

陈加亮  CHEN JIALIANG

张国华  ZHANG GUOHUA

陈伟洪  CHEN WEIHONG

伍丽君  WU LIJUN

宋军  SONG JUN

张何  ZHANG HE

董长命  DONG CHANGMING

廖进  LIAO JIN

劳伟胜  LAO WEISHENG

彭聪  PENG CONG

陈宏浩  CHEN HONGHAO

邵锦恩  SHAO JINEN

梁有寿  LIANG YOUSHOU

许耀晃  XU YAOHUANG

徐玉明  XU YUMING

阮必兴  RUAN BIXING

李兴树  LI XINGSHU

冯展红  FENG ZHANHONG

李启培  LI QIPEI

尹建喜 

郭永旭  GUO YONGXU

吴精统 

何泽龙  HE ZELONG

朱礼祥  ZHU LIXIANG

安国平  AN GUOPING

徐新勇  XU XINYONG

陈树林  CHEN SHULIN

杨滔   YANG TAO

徐添財

山保法

戴锦最

李健华

曹海初

陈江兴

周智勇

陈斌

徐幼才

李书坤

陈春明

吴振喜

泮国麟

刘建国

张连丰

陈日旺

郭志炳

王一强

苏品珍  SU PINZHEN

尹海峰

李大鵬

黎揚浩

温栋华

何二龙

邝炳均

文忠林

刘杨

李锡平

高尚义

李宝华

区永生

袁雄锋

胡志彪

陈香耀

张定锋

谢志刚

黄志义

叶刚

赵治荣

李青心

陈富国

方忠成

宋鹏

叶兰

陈元镈

张志强

李树垣

雷越飞

刘涛

廖长武

叶计炯

潘祖佳

李国迎

李昱航

许道德

潘朝俊

刘从升

伍绍豪

冼锦涛

王学二

梁伟坚

李武生

李凤英

史建生

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Nota: * (*1) Salvo-conduto de residente da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau(*2) Bilhete de Identidade de Residente da República Popular da China

www.iacm.gov.mo

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18 JTM | LOCAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

EDITAL

Edital n.º: 44/E/2013Assunto: Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)

Processo n.º Local

1005/BC/2012/F Rua da Ribeira do Patane n.º 183, Edf. ¥au Wai, fracção 14.º andar I (CRP: I14), Macau

666/BC/2012/F Travessa de Sancho Pança S/N, Edf. 柏程苑, fracções 2.º andar A, 5.º andar A e escadas comuns entre os 4.º e 5.º andares, Macau.

179/BC/2011/F Avenida do Almirante Lacerda n.º 39-C, Edf. Kam Seng, terraço do edifício sobrejacente às fracções 5.º andar D, 5.º andar E, 5.º andar F e 5.º andar G, Macau.

889/BC/2012/F Estrada Marginal da Ilha Verde n.º 312, Fok Tak San Chuen (Edf. Fok Va), fracções 4.º andar A (CRP: A4) e 5.º andar A (CRP: A5), Macau.

Chan Pou Ha, Subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delega-das pela alínea 7) do n.º 1 do Despacho n.º 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), n.º 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos proprietários e donos das obras, cujas identidades se desconhe-cem, da obra existente no local acima indicado, o seguinte:1. O agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Processo n.º Andar Fracção Obra Si tuação da obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1 1005/BC/2012/F 14 1

Execução da obra de renovação de um compartimento não autorizado com cobertura metálica, paredes em alvenaria de tijolo, estrutura em betão e janela em caixilharia de alumínio no terraço sobrejacente à fracção.

Em cursoInfracção ao n.º 4 do

artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.2

666/BC/2012/F

2 A

Fechamento da janela da fracção com gradeamento metálico Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.3 5 AConstrução de um compartimento

não autorizado com suporte de madei-ra no terraço sobrejacente à fracção.

ConcluídaInfracção ao n.º 4 do

artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.4 -- --Instalação de gradeamento e portão

metálicos na escada comum entre os 4.º e 5.º andares.

Concluída

1.5

179/BC/2011/F

5 D

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura em chapa de zinco no terraço sobrejacen-te à fracção.

Concluída

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.6 5 E

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura em chapa de zinco e chapa metálica no terraço sobrejacente à fracção.

Concluída

1.7 5 F

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura em chapa de zinco, paredes em alvenaria de tijolo, janela em caixilharia de alu-mínio e gaiola no terraço sobrejacente à fracção.

Concluída

1.8 5 G

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura em chapa de zinco, paredes em alvenaria de tijolo, janela em caixilharia de alu-mínio e gaiola no terraço sobrejacente à fracção.

Concluída

1.9

889/BC/2012/F

5 A

Construção de um compartimento não autorizado com janela em caixi-lharia de alumínio, chapa, suporte e cobertura metálicos na parede exterior do edifício junto à janela da fracção.

Concluída Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.10Instalação de gaiola metálica na

parede exterior do edifício junto à janela da fracção.

Concluída

1.11Instalação de portão e gradeamento

metálicos no corredor comum do an-dar em frente da fracção.

Concluída Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.12 Instalação de portão metálico no ter-raço sobrejacente à fracção. Concluída

1.13

4 A

Construção de um compartimento não autorizado com janela de vidro e gaiola metálica na parede exterior do edifício junto à janela da fracção.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.14

Construção de um compartimento não autorizado com gaiola metálica, suporte metálico, tapume metálico, paredes em alvenaria de tijolo e janela de vidro na parede exterior do pátio do edifício junto à janela da fracção.

1.15

Instalação de portão metálico e cons-trução de paredes em alvenaria de tijolo no corredor comum em frente à fracção.

ConcluídaInfracção ao n.º 4 do

artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

2. Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se perma-nentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. Além disso, as janelas acima referidas são consideradas como ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, grelhagens, etc) de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.3. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4.000,00 a $40.000,00 patacas, e nos termos do n.º 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º, é sancionável com multa de $2.000,00 a $20.000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbaniza-ção desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).Aos 10 de Junho de 2013 A Subdirectora dos Serviços Engª Chan Pou Ha

Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes

• • • GLOBETROTTERS NO VENETIAN

Os mundialmente famosos Harlem Globetrotters vão trazer até Macau a magia dos seus truques de basquetebol na tour mundial que estão a fazer, chamada “Você decide as regras”. A exibição está agendada para 13 de Julho, na Arena do COTAI sendo que os bilhetes vão estar à venda a partir de hoje. E, pela primeira vez, os fãs vão decidir as regras para o jogo que podem influenciar o resultado final. Pode ser qualquer coisa como jogar com duas bolas de basquete ao mesmo tempo, para obter o dobro dos pontos, por exemplo. Basta ir a www.harlemglobetrotters.com e votar na regra inovadora que se deseja ver implementada no jogo.

Pelo quarto ano consecutivo, Macau vai acolher velejadores de Hong Kong para dois dias de regatas. Cer-

ca de 70 velejadores, entre atletas do terri-tório vizinho e atletas locais, vão competir já este fim-de-semana em mais um evento que, segundo a Associação de Vela de Ma-cau (AVM) demonstra o quanto a modali-dade está a crescer no território.

No seguimento de contactos com clu-bes de Hong Kong e participações em re-gatas no território vizinho, Macau acolhe as regatas, apoiadas pelos três principais clubes náuticos da RAEHK: Hebe Haven Yacht Club, Aberdeen Boat Club e Royal Hongkong Yacht Club. Do território vizi-nho, está prevista a vinda de cerca de 50 velejadores.

Com o apoio do Instituto do Despor-to da RAEM, as regatas vão decorrer em Hac Sa, em Coloane. Vão estar presentes dezenas de barcos, nas classes de Laser,

Topper, Topaz, Pico e Feva.“A prática de vela está a crescer em

Macau, o que felizmente se constata com o maior número de praticantes”, diz a AVM.

“A aposta na modalidade nos últimos anos e além fronteiras começa já a apre-sentar resultados. Na passada semana, um atleta do território subiu ao pódio numa competição em Hong Kong. Han-long Bordais conquistou o 3º lugar na classe Laser no 50º Aniversário da Regata Dinghy do Hebe Haven Yacht Club em Hong Kong”, aponta ainda a AVM num comunicado.

A associação garante que “Macau tem condições para ser um local de excelência para a prática da vela”.

Em ambos os dias, o briefing para os velejadores será realizado pelas 09:00, estando prevista para as 09:55 a primeira largada para as regatas.

PROVA INTERNACIONAL VAI DECORRER EM HAC SA

Regata de VelaLigeira volta a Macau“A prática de vela está a crescer em Macau, o que felizmente se constata com o maior número de praticantes”, diz a Associação de Vela de Macau. O território “tem condições para ser um local de excelência para a prática da vela”, é ainda referido. Prova decorre este fim-de-semana

Vão estar presentes dezenas de barcos, nas classes de Laser, Topper, Topaz, Pico e Feva

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LOCAL 19

TÍTULO DA LIGA DE ELITE DECIDE-SE ESTA NOITE

Monte Carlo obrigado a ganhar ao Lam PakCom uma diferença de apenas um ponto em relação ao Benfica, o Monte Carlo terá de vencer o Lam Pak. Três brasileiros dos “canarinhos” estão em dúvida, enquanto o adversário joga na máxima força

Tudo ficará decidido esta noite, no arranque da úl-tima jornada da Liga de Elite.

Os dois desafios mais importantes, Monte Carlo-Lam Pak e Benfica-Kei Lun, realizam-se à mesma hora, o primeiro no Estádio de Macau e o segundo no relvado do Estádio da Universidade de Ciência e Tec-nologia.

O Benfica, claramente favorito no confronto com um dos despromovidos, Kei Lun, está na expectativa de uma escorregadela do rival na questão do título, que não pode empatar para atingir o primeiro lugar.

A igualdade face ao Ka I, na ronda anterior, coloca os “azuis e amarelos” numa situação de pressão, ainda por cima porque sabem da quase certa vitória do Benfica.

Quis o calendário que dois dos “grandes” do futebol da RAEM se defrontassem no fecho da temporada e aí está o Lam Pak, há muito afastado da questão do título, a ter uma palavra a dizer no desfecho do campeonato.

Goleada anterior

O conjunto de Chan Man Kin nunca ganhou esta temporada aos seus adversários directos na luta pelo primeiro lugar, mas vai encontrar um Monte Carlo pres-sionado pela obrigatoriedade de somar três pontos.

No jogo entre as duas equipas efectuado na primeira volta, os “canarinhos” levaram a melhor de forma con-vincente, com goleada de 5-1, o que praticamente atirou o Lam Pak para fora da corrida.

Isso aconteceu num dos melhores períodos do “onze” de Tam Iao San, que tem vindo, na segunda vol-ta, a perder um pouco do fulgor atacante, como se viu nas partidas diante de Benfica e Ka I.

Mesmo assim, o Monte Carlo atinge a derradeira jornada com o estímulo de estar na frente, dependendo somente de si próprio para se tornar campeão.

Ao contrário do Benfica que, apesar de uma segun-da parte de temporada só com vitórias e exibições de “encher o olho”, vai depender do resultado do seu rival para ainda chegar ao primeiro lugar.

Adversário complicado

O desafio desta noite não vai ser “pêra doce” para os “canarinhos”, ainda que entrem com favoritismo, face ao que têm feito as duas formações.

O treinador está confiante: “Parto sempre com con-fiança para todos os jogos e este não será excepção. Mas reconheço que não vai ser nada fácil. Temos de actuar a cem por cento se quisermos ganhar e chegar ao título. Já fiz saber aos jogadores que eles têm de perceber a si-tuação em que nos encontramos, ou seja, o título depen-de desta última partida. Sabemos que o Lam Pak está motivado para nos ganhar. Há pressão do nosso lado e

por isso temos de ser fortes e estar muito concentrados, o aspecto psicológico vai ser também determinante. Nós sabemos os pontos fortes e fracos do Lam Pak. Eles sa-bem os nossos, por isso vai ser um grande jogo.”

Tam Iao San, campeão com este Monte Carlo em 2009, diz que vai impor uma táctica diferente dos jo-gos anteriores. “Temos de controlar o desafio na zona do meio-campo, ao contrário dos outros jogos em que apostámos mais claramente no ataque. Acima de tudo teremos de ser pacientes e rápidos nas transições. Claro que vamos continuar a dar prioridade ao ataque e tenta-remos marcar cedo, pois é importante que a equipa fique tranquila o mais depressa possível, como aconteceu no encontro diante da Polícia. O mais importante é confiar-mos em nós próprios até ao último segundo, mantendo acesa a esperança”, afirmou.

Lesões brasileiras

No que diz respeito à equipa a entrar de início, o téc-nico tem algumas dores de cabeça, com as lesões de três brasileiros, considerados fundamentais na manobra do conjunto.

Denilson Souza tem estado quase parado, treinando pouco. Recomeçou esta semana mais a sério, mas mes-mo assim não deve estar no “onze”, o mesmo acontecen-do com Francisco Rafael, que tem ainda algumas hipóte-ses de integrar o “onze”.

Quanto a Daniel Santana, lesionado no jogo da Taça com o Benfica, tudo aponta para que não recupere.

Regressa o reforço da china, Tou Chi Keong, com a tarefa mais adiantada no terreno reservada a Leong Ka Hang., que será certamente a “arma apontada à baliza de Fong Chi Hang.

Do lado do Lam Pak, como já dissemos, a equipa es-tará na máxima força, incluindo o artilheiro principal, o brasileiro William Carlos Gomes, que acabou por re-cuperar da cirurgia ao ombro esquerdo, tendo actuado durante os 90 minutos (com várias quedas pelo meio…),

no encontro com o Kei Lun.O sul-americano, também já com provas dadas aqui

ao lado em Hong Kong, diz esperar neste jogo a sorte que tem faltado em confrontos anteriores.

“De facto não temos sido felizes, como se viu no de-safio da Taça contra o Ka I, mas isto é futebol. Para este jogo, eu falo por mim e pelos brasileiros, não vamos en-trar derrotados, com toda a certeza. Queremos ganhar ao Monte Carlo e terminar da melhor maneira uma tem-porada que não nos correu bem. Não podemos fechar o campeonato sem triunfar num clássico. O Monte Carlo tem de nos respeitar. Estamos motivados e pretendemos valorizar a camisola que vestimos”, palavras de William, que reconhece que o adversário vai entrar a pressionar, para marcar cedo.

“Eles vão entrar ao ataque, desde o primeiro minu-to. Temos de ser sábios e jogar nos erros deles. Jogar de forma calma, sem qualquer pressão e tentar a sorte no contra-ataque.”

O brasileiro deverá actuar ao lado do compatriota Wilton Gilberto. “Entendemo-nos bem e o ataque fica mais forte”, salientou.

Benfica em suspenso

No que diz respeito ao segundo candidato, Benfica, tudo aponta para mais uma vitória e provavelmente por números elevados, uma vez que o adversário, Kei Lun, é de “outro campeonato”.

Jogadores, equipa técnica e dirigentes, vão ter os olhos no relvado da Universidade de Ciência e Tecnolo-gia, e os ouvidos no Estádio de Macau, sabendo que pelo menos um empate do Monte Carlo lhes proporcionará a festa do título.

Resta-lhes vencer, como é o mais provável, e aguar-dar pelos acontecimentos no jogo do rival.

É uma ponta final emocionante de campeonato e mais logo se saberá quem vai ser o sucessor do Ka I como campeão de Macau.

Vítor Rebelo

Sporting fecha campeonato com vitória e Casa de Portugal mantém-se na II Divisão

Caiu o pano do campeonato da II Divisão, com o Sporting Clube de Macau como campeão, enquanto que a Casa de Portugal garantiu a permanência. Os “leões” ganharam ontem à noite ao Chuac Lun por 8-2, resultado que atirou o seu adversário para a III Divisão, em detrimento da Casa de Portugal, que havia empatado no dia anterior a uma bola, com os Sub-18. Os golos da equipa sportinguista foram apontados por João Godinho (2), Leandro Fernandes (2), Rui Pires (2), Mandinho e Rui Cid. O desafio serviu também para que Mandinho se despedisse oficialmente dos relvados, como jogador, tendo actuado durante 30 minutos.

Na primeira volta, os “canarinhos” golearam o Lam Pak

Calendário da Última Jornada da Liga de Elite

HojeKei Lun-Benfica (19:30)Lam Pak-Monte Carlo (19:30)

AmanhãKa I-Kuan Tai (16:00)

DomingoPolícia-Sub 23 (16:00)Lam Ieng-Chau Pak Kei (18:00)

Jogos no Estádio de Macau com a excepção do Kei Lun-Benfica, que se irá realizar no Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia.

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20 JTM | ACTUAL Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

ANTÓNIO CAEIRO EM ENTREVISTA AO JTM

“Se há uma palavra que define a China de hoje é a mudança”“Novas coisas da China” é o novo livro do correspondente da Agência Lusa em Pequim. A residir na capital chinesa desde 1991, António Caeiro acompanhou o despertar do “Império do Meio” para a modernidade. Em entrevista ao JTM, o jornalista fala sobre factos e impressões de um país onde se continua a sentir “quase tão perplexo como no primeiro dia”

Em ambos os livros que escreveu sobre a China, a narrativa incide sobre-

tudo em factos. Resiste a fazer juízos de valor sobre aquilo que vai relatando. É difícil fa-zer uma análise objectiva so-bre a China?

-Eu acho que a opinião que eu possa ter sobre os factos que vou relatando, é menos im-portante que os factos em si. O mais importante para o lei-tor é conhecer o que os analis-tas chineses, os intelectuais e o povo em geral pensam sobre a China. O leitor deve fazer a sua análise. Provavelmente ficará tão perplexo como eu fico, pe-rante um país de grandes con-trastes, com realidades muito diferentes. É como se vivêsse-mos tempos históricos parale-los. Uma viagem, por exemplo, entre Qinghai e Xangai, não são só cerca de 3.000 quilómetros, são provavelmente 3.000 anos de diferença.

- Faz também referências ao passado recente da Chi-na, sobretudo como forma de realçar as transformações das últimas décadas. É essa a sua finalidade?

-Sim, a única pretensão do livro é ser um retrato das gran-des mudanças que agitam a sociedade chinesa. Se há uma palavra que define a China de hoje é a mudança. O país vive sobre esse signo. Esta nova li-derança, mais do que a outra, parece ter assumido a mudança como a sua bandeira, ou como a sua fonte de legitimidade.

- No primeiro livro “Pela China Dentro” quando se re-fere à viagem que o trouxe à China pela primeira vez, diz sentir-se “a caminho de um mito”. Entretanto, passaram--se 22 anos, a China tornou-se a sua casa?

-Já sinto mais familiarida-de com a China. É uma longa exposição a este país. Mas ao mesmo tempo a China é um país que me continua a sur-preender, que me deixa quase tão perplexo como no primeiro dia. É como um grande puzzle, em que o número de peças nin-guém sabe qual é, e as próprias peças parecem estar a mudar a toda a hora. Acho que é um sentimento comum a qualquer observador estrangeiro, mas acho que também para os pró-prios chineses. Penso que os chineses quando pensam no

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GCS

país, pensam “太大了”, um país “demasiado grande”, como se desafiasse a capacidade de en-tendimento.

- E perante a complexida-de do seu próprio país e as enormes mudanças pelo qual atravessa, o povo chinês pare-ce adaptar-se e resistir. A resis-tência é a principal caracterís-tica dos chineses?

-Acho que é um dos traços da população chinesa. Não se deixam vencer pelas adversida-des, é como se as dificuldades fossem sempre provisórias. Isso é flagrante e é um grande ensi-namento para todos nós.

- Ao longo destes anos, viu muitos colegas partir ao fim de

três ou quatro anos, mas o An-tónio Caeiro ficou. Porquê essa decisão?

-A China do ponto de vis-ta profissional é um país duro, há muitas notícias e as deslo-cações são muito grandes. Há muitas pessoas que, ao fim de alguns anos, sentem a necessi-dade de mudar. Mas há muitos que ficam. Existe uma escola de alguns países anglo-saxónicos que fazem carreira dentro da China ou pelo menos na Ásia oriental. Estão um tempo na China, depois Coreia, Japão, depois voltam à China, e isso eu acho que é uma abordagem correcta, porque a China por vezes é uma obsessão. Quando

se está na China, só se fala dos assuntos chineses. Mas é bom também ver a China de fora.

- Foi durante muito tempo o único jornalista português a residir na parte continental da China. Isso dá-lhe um sentido de responsabilidade acrescido relativamente a outros jorna-listas?

-Eu sentia que era. Quando se falava do jornalista portu-guês na China, era o homem da Lusa. Mas por outro lado isso tinha uma vantagem, porque tinha vários pedidos, de vários jornais, e isso obrigava-me a desmultiplicar-me por várias áreas. Aqui a notícia tanto pode ser o futebol, como pode ser a

música, política, ou economia, e isso permite-nos uma circu-lação pela sociedade chine-sa. Lembro-me por exemplo, quando eu era o único jorna-lista português aqui, o jornal A Bola convidou-me para ser cor-respondente. Eu nunca tinha trabalhado no desporto, mas foi extremamente interessante, porque acompanhei o início da profissionalização do futebol na China.

- Talvez devido a essa mes-ma responsabilidade, foi con-decorado em 2012 Comenda-dor da Ordem do Infante D. Henrique...

-Quando me deram a no-tícia nem queria acreditar. É uma grande honra, e também uma responsabilidade, mas eu tomei isso como uma distin-ção não apenas pelo trabalho, mas também pela importância que a Lusa tem como órgão de comunicação social que serve todos os outros órgãos do es-paço lusófono, e que projecta a imagem do país e dá a co-nhecer ao próprio país aquilo que se faz em português de Portugal, mas também do Bra-sil ou de Angola.

- Como vê as relações entre a China e Portugal, actualmen-te? As visitas de Estado torna-ram-se mais frequentes nos últimos dois anos. Os investi-mentos chineses em Portugal também são maiores.

-Há 20 anos, as relações eram exclusivamente domina-das pela transição de Macau. Hoje são mais diversificadas. Há relações ao nível comer-cial, de investimento econó-mico, ao nível académico, e até ao nível do desporto: a equipa de futebol de Pequim durante dois anos foi dirigida por um técnico português, e há ainda um técnico portu-guês a orientar a academia de futebol do Shandong Luneng, um dos grande clubes chine-ses. Os investimentos em Por-tugal, acho que têm a ver com o movimento chinês de inter-nacionalizar a economia para também absorver as tecnolo-gias mais avançadas, e a EDP nas áreas das renováveis é considerada uma grande com-panhia. Em França, Espanha, Alemanha, em todo o lado há investimentos chineses e Por-tugal nesse aspecto não é uma excepção, e tem a vantagem de estar inserido numa comu-nidade de língua portuguesa, onde a China tem cada vez mais relações.

* Especial para o JTM

João Pimenta*em Pequim

A China é um país que me continua a surpreen-der, que me deixa quase tão perplexo como no

primeiro dia. É como um grande puzzle, em que o número de peças ninguém sabe qual é, e as pró-prias peças parecem estar a mudar a toda a hora

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | ACTUAL 21

O Irão tem um novo presidente, Hasan Rowhani. E quer a população do país, quer a comunidade internacional pergun-

tam-se já, com alguma ansiedade e muita expec-tativa: E depois?

A maioria dos iranianos clama por uma altera-ção do rumo político do país que leve ao fim das sanções e assegure um crescimento económico sustentado, de modo a que o cidadão comum re-gresse à normalidade do quotidiano e a melhores perspectivas para os milhares de desempregados jovens, para já sem futuro e sem esperança.

E a comunidade internacional interroga-se sobre a margem de manobra política de um lí-der que, para ser candidato, teve de ter a bênção prévia de Khamenei, a figura central do regime islâmico (como guia supremo), representando o núcleo duro do sistema.

Em desespero de causa, isto é, em desespero de candidato, as personalidades cujas candidatu-ras foram inviabilizadas pela desconfiança polí-tica que nelas recaiu, entre as quais o ex-presi-dente Rafsanjani, aconselharam o voto no agora presidente eleito, por o considerarem, de todos os concorrentes que o regime legitimou, o mais capaz de protagonizar uma política de abertura ao Ocidente e de renegociar os termos do pro-grama nuclear, por cujas consequências para a região (e não só) tanto receiam americanos, eu-ropeus e Israel, assim como a generalidade dos outros países.

Quanto à tentativa de o Irão se dotar, desde há muitos anos, de capacidade nuclear, parece opor-tuno perguntarmo-nos se, sendo tal opção (como a sua persistência parece demonstrar), uma linha permanente do regime, como poderá um presi-dente, tão dependente do líder supremo e do seu círculo íntimo, negociar com alguma indepen-dência a redefinição dos seus termos, ou mesmo a sua cessação, como reclamam EUA e UE?

Será o presidente iraniano o mero gestor de uma linha por si não definida, mas decidida como prioridade nacional pelo Guia Supremo Ali Khamenei e o Conselho da Revolução?

E a ser assim, que margem de manobra terá Rowhani para dar passos políticos decisivos, de modo a convencer os países ocidentais de que o Irão mudou a partir da sua vitória eleitoral; e que se tornam por isso desnecessárias as medidas in-ternacionais restritivas do comércio que recaem sobre o povo iraniano, tanto ou mais do que so-bre o regime?

Ex-negociador do dossier nuclear há uma dé-cada, Hasan Rowhani tem, por este facto, perfei-to conhecimento do que se espera de si, a nível internacional, nesta altura.

Mas o grande teste para o presidente Hasan Rowhani não será principalmente o internacio-nal, mas o interno.

É que desde a geração que testemunhou o der-rube do Xá pelo Ayatollah Khomeini em 1979, os iranianos passaram três décadas a presenciar o declínio de um país outrora poderoso.

País que, em vez de progredir, se consome de forma estéril numa retórica anti-ocidental e anti--americana, para mero consumo interno.

Para além da imposição de uma ortodoxia re-ligiosa em que poucos verdadeiramente já acre-ditam.

*Ex-embaixador de Portugal nas Coreias, ASEAN e Indonésia. Docente da Universidade de S. José.

O reformismo do presidente

Rowhani

OBSERVATÓRIOCarlos Frota*

PORTUGAL/TIMOR-LESTE

Lisboa “comprometida” com Díli

Ban Ki-moon apelou à China para desempenhar um papel mais relevante na mediação internacional

CHINA

ONU “puxa” Pequim para a diplomacia mundial

O Governo português prometeu continuar a apoiar o desenvolvimento de Timor-Leste

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros dis-se ontem que Portugal vai

continuar “comprometido e empe-nhado” com o apoio a Timor-Leste. Francisco Almeida Leite falava na sessão de encerramento da reunião do Governo timorense com os par-ceiros internacionais dedicada ao tema “Operacionalizar o Plano Es-tratégico de Desenvolvimento para resultados mais efectivos”.

Segundo o secretário de Esta-do português, nesse contexto, os dois países acordaram no reforço da cooperação através de um novo

quadro de relacionamento, alinha-do com o Plano de Desenvolvimen-to Estratégico e os vários planos es-tratégicos sectoriais.

No discurso, Francisco Almeida Leite destacou também o “extraor-dinário progresso” verificado em Timor-Leste na primeira década desde a restauração da indepen-dência. “A par da maturidade polí-tica e dos consensos estabelecidos, são visíveis os sinais positivos no desenvolvimento sustentável do país”, disse.

Francisco Almeida viajou para Díli no âmbito de uma viagem alar-

gada que está a realizar a vários paí-ses lusófonos e que tem como objec-tivo fazer um balanço conjunto dos principais programas e projectos da cooperação portuguesa.

Portugal e Timor-Leste coope-ram no sector da educação, justiça, defesa e segurança, agricultura, saúde e comunicação social.

Ontem, o secretário de Estado aproveitou a visita para entregar oficialmente ao ministro da Educa-ção de Timor-Leste, Bendito Freitas, manuais para o ensino secundário timorense elaborados pela Univer-sidade de Aveiro.

HONG KONG

Autonomia para decidir caso SnowdenEditorial do “Global Times” está a ser visto como um sinal de que Pequim não irá interferir junto do Governo de Hong Kong sobre um eventual pedido de extradição de Snowden

A imprensa oficial chinesa sublinhou que Hong Kong tem autonomia política e judicial suficien-te para decidir se extradita ou não para os EUA

o ex-técnico da CIA Edward Snowden, que se refugiou na antiga colónia britânica após ter denunciado a exis-tência de um programa de vigilância na internet.

Hong Kong tem a oportunidade de “demonstrar ao mundo inteiro que é uma sociedade livre”, vincou o jornal “The Global Times”, uma publicação do Partido Comunista Chinês, em editorial.

“As coisas seriam muito mais fáceis se Hong Kong assumisse um papel de líder na solução deste caso, ao invés de deixar-se influenciar à distância por Pequim ou Washington”, sustenta o jornal, que recomenda às auto-ridades de Hong Kong que “sigam as suas próprias leis e processos ao ouvir a sua opinião pública”.

Hong Kong, onde Snowden está refugiado desde 20 de Maio, e os EUA assinaram um tratado de extradição, mas Pequim tem o direito de vetar pedidos nesse âm-bito.

De acordo com a agência AFP, é visto como um pos-sível reflexo da posição de Pequim de não interferir no caso.

As autoridades norte-americanas abriram uma in-vestigação contra Edward Snowden, mas ainda não emitiram um pedido de extradição.

Os conflitos na Síria e na Co-reia do Norte foram dois dossiers abordados por Ban

Ki-moon e Xi Jinping num encon-tro realizado no Grande Palácio do Povo de Pequim, tendo o secretário--geral das Nações Unidas aprovei-tado para exortar a China a assumir um papel mais incisivo na diploma-cia internacional. O repto de Ban vai ao encontro da mesma ideia defen-dida esta semana pelo Presidente dos EUA.

Ainda assim, de acordo com a imprensa oficial chinesa, Ban Ki--moon enalteceu o apoio e a partici-pação da China nas acções de manu-tenção de paz da ONU.

O secretário-geral da ONU, que se reuniu pela primeira vez com Xi Jinping desde a nomeação deste como Chefe de Estado em Março,

também felicitou o Governo chi-nês pelo recente lançamento da sua quinta missão espacial tripulada, o “Shenzhou X”, e expressou o de-sejo de que Pequim possa cumprir as suas metas de desenvolvimento, numa referência ao que Xi Jinping

costuma definir nos seus discursos como “o sonho chinês”.

Citado pela televisão estatal CCTV, Xi Jinping realçou o impor-tante papel que as Nações Unidas desempenham na promoção da paz e do desenvolvimento, e frisou que a China deseja que a organização “continue a trabalhar por um mun-do mais justo e igualitário”.

“A China precisa das Nações Unidas, e a ONU precisa de nós”, defendeu o Presidente da China, um dos cinco membros permanen-tes do Conselho de Segurança das Nações Unidos, ao lado dos Estados Unidos, Rússia, França e Reino Uni-do.

Ban também se encontrou em Pequim com o Primeiro-Ministro Li Keqiang e o titular da pasta dos Ne-gócios Estrangeiros, Wang Yi.

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22 JTM | PUBLICIDADE Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

TRIBUNA DE MACAU TVSabia que quase 3 mil pessoas já visionaram o filme “Natal em Macau” e ou-

tras quase 3 mil acompanharam o filme sobre o Ano Novo Chinês?

Concebidos pelo JTM para revelar como se celebram estas importantes datas no sul da China e ao mesmo tempo desejar Boas Festas às comunidades portuguesa, chinesa e de língua inglesa, aqui residentes, e aos milhares dispersos pelo mun-do e que têm Macau no coração, os filmes foram um enorme êxito no You Tube e nas redes sociais, nomeadamente no Face-book.

Se ainda os não viu, ligue-se ao nosso site www.jtm.com.mo, clique no You Tube e procure o canal Tribuna de Macau TV. Apreciará a quantidade de vídeos e quantas pessoas os visionaram.

No JORNAL TRIBUNA DE MACAU trabalhamos para os leitores que tenham Macau no coração, estejam onde estiverem.

Ideias, críticas e sugestões para [email protected]

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | DESPORTO 23

António Ribeiro Martins*

Segundo o site Izvestia, os “dra-gões” pretendem reforçar o ata-que com o jogador de 29 anos,

usando para isso o dinheiro conse-guido com a transferência de James Rodríguez e João Moutinho para o Mónaco.

O FC Porto procura um alvo espe-cífico querendo adquirir um jogador experiente e que não precise de tempo para se adaptar à equipa.

Danny apresenta-se como uma boa solução, depois de ter actuado em Portugal pelo Marítimo e Sporting, e por estar a enfrentar problemas no actual clube – o jogador não terá fica-do satisfeito por ter sido substituído na partida contra o Rostov e a relação com o treinador Luciano Spaletti terá ficado deteriorada.

Segundo a imprensa russa, a opi-nião generalizada no clube de S. Pe-tersburgo passa pela saída do por-tuguês. O próprio não descartaria a mudança do campeonato russo, onde está desde 2005 quando ingressou no Dínamo Moscovo.

Transferência de Herrerafará história no futebol mexicano

Hector Herrera está a uma assina-tura de ser oficialmente jogador do FC Porto. Entre o Pachuca e os “dragões” está tudo certo, assegura o presidente dos mexicanos, está tudo feito.

“Falta apenas a assinatura do joga-dor. Os nossos representantes já reu-niram com o FC Porto e, entre os clu-

bes, está tudo certo. Esperamos que a qualquer momento tudo fique trata-do e que Herrera possa ir a Portugal realizar os testes físicos e médicos”, referiu Jesus Martinez, presidente do Pachuca, à Fox Sports.

O dirigente não quis concretizar os valores do negócio, mas confirma que

a venda de Hector Herrera ao FC Por-to será “a mais alta da história do fu-tebol mexicano”. Os valores deverão rondar os dez milhões de euros.

Héctor Herrera, de 23 anos, é um médio de grande intensidade, sendo visto no Dragão como alguém capaz de lutar com Steven Defour pela vaga

Avançado português poderá jogar de dragão ao peito na próxima temporada

FC PORTO

Danny na agenda do DragãoDanny, do Zenit S. Petersburgo, estará na lista de contratações do FC Porto para a próxima época, indica a comunicação social russa. O jogador estará insatisfeito no clube e mostra-se bastante receptivo a regressar a Portugal

deixada por João Moutinho.

Pizzi no Sporting na próxima semana

Dificilmente Pizzi fugirá ao Spor-ting. Segundo noticia a TSF, o clube de Alvalade pensa mesmo em fechar o acordo com o jogador até ao início da próxima semana.

Nesta altura faltará apenas acertar os detalhes salariais entre Sporting e jogador, uma vez que com o At. Ma-drid, que detém os direitos desporti-vos de Pizzi, já tudo estará acordado.

Fonte próxima do jogador garantiu à TSF que o jogador está convencido que jogará de leão ao peito, pelo que tudo indica que as negociações chega-rão em breve a bom termo.

Perto da porta de saída deverá estar Capel. O Marselha continua in-teressado no jogador espanhol e, em breve, poderá fazer chegar à SAD do Sporting uma proposta formal para a contratação do extremo.

De acordo com a versão francesa do site da Eurosport, o clube do Vélo-drome está a preparar uma oferta de quatro milhões de euros pelo concur-so do jogador, de 25 anos, por quem os “leões” pretendem receber, no mí-nimo, sete milhões de euros.

O Marselha, porém, não é o úni-co candidato à contratação de Capel. Swansea, Olympiakos, Tottenham, Liverpool e Málaga também têm o es-panhol na lista de potenciais reforços para a época que se avizinha. P.A.S.

FÓRMULA UM

O piloto e a segurança passiva

A Fórmula Um, com essa designação, apare-ceu no ano de 1950, mais propriamente a 13 de Maio, no Grande Prémio da Grã Bretanha,

disputado no Circuito de Silverstone.Mas os carros de “Grande Prémio” apareceram

imediatamente a seguir à Primeira Guerra Mundial, e desde essa altura que tudo mudou.

Hoje, quando um piloto de Fórmula Um é “amar-rado” ao seu carro pela equipa de apoio no “grid” de largada, o elemento “sorte” está tão longe como es-teve perto naqueles dias heroicos, onde a morte e os ferimentos graves eram “normais” em cada corrida.

O piloto moderno acredita e confia a 150 por cen-to na sua capacidade de conduzir para além dos li-mites, dele e do carro de que dispõe, nos sistemas de segurança passiva incorporados no carro, e na equi-pa de mecânicos que montou o gigantesco “puzzle” que é um carro de Fórmula Um, numa peça de equi-pamento muito importante. Sem esquecer, claro está, o fato de piloto e seus acessórios.

Nos alvores do desporto motorizado, quando os “cavalheiros” se sentavam ao volante do seu bólide e não tinham a certeza se regressavam a casa no fim do dia. Corriam por pura paixão, e o risco de perde-rem a vida era mais um, entre muitos, na ambição de

levar para casa (mais um) troféu.Mas, ainda há muito pouco tempo, (se conside-

rarmos pouco tempo os 19 anos que passaram desde os acidentes que vitimaram Roland Ratzenberger e Ayrton Senna em Imola), os pilotos ainda arriscavam a vida a cada fim de semana, na busca da glória efé-mera de vencer mais uma corrida ou um campeo-nato. Nos dias de hoje esse cenário mudou, e muito.

O chassis do carro de Fórmula Um todo construí-do em fibra de carbono é sujeito a alguns dos testes destrutivos mais violentos da indústria automóvel, e tem que sobreviver a todos, se o fabricante desse chassis -monobloco- quiser vê-lo na pista.

Os tanques de combustível já não se rasgam com os acidentes, comuns numa corrida, e deixou de se ver um carro incendiado num circuito de Fórmula Um, que não em outras categorias do desporto au-tomóvel.

Os pilotos vestem fatos de dois estágios, que re-tardam a acção das chamas durante cerca de 35 se-gundos, tempo considerado suficiente para que o socorro chegue ao local de um possível acidente. Muitas pessoas pensam que o fato é à prova de fogo, mas apenas retarda a acção das chamas durante aquele lapso de tempo. Alguns pilotos de nomeada já experimentaram a protecção efectiva desses equi-pamentos, que ainda têm que ser permeáveis ao suor e frescos o suficiente para não cozerem -literalmente- o piloto dentro dos chassis, onde as temperaturas são

extremamente elevadas após apenas três ou quatro voltas, por falta deliberada de ventilação.

Esses fatos, e a roupa interior a condizer, pesam um total de cerca de dois quilogramas, sendo cons-truídos em Nomex, uma das muitas derivações do Kevlar, sendo que as duas peças diferentes, o fato exterior e o interior, actuam como o fato de um mer-gulhador, só que em vez de água, usam ar para man-terem uma temperatura constante, mais ou menos “agradável” à pele do piloto.

A segurança passiva a nível do piloto é comple-mentada por sapatos, luvas e a balaclava, que envol-ve totalmente a cabeça, e, por vezes, parte importan-te da face do piloto, e são feitos do mesmo Nomex.

E, finalmente, o capacete. No início começou por ser apenas um boné, uma protecção contra o vento, um capacete de alumínio, plástico, e desde há cerca de 25 anos, em fibra de carbono, que como o carro, é sujeito a testes brutais de resistência a quebras, esmagamento, calor e fogo. O visor em Perspex, de transparência cristalina, protege os olhos, dando 100 por cento de visão clara ao piloto.

Apesar de todos estes equipamentos, o desporto motorizado, e em especial o desporto automóvel, continua a ser muito perigoso, se bem que, nos dias de hoje já não é aceitável nem corrente, a perda de uma vida nos acidentes, esses normais, das corridas.

*Especialista JTM em desportos motorizados

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24 JTM | DESPORTO Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

UNIVERSITY OF MACAU AND

INTERNATIONAL INSTITUTE OF MACAU

take pleasure in announcing the revised edition of Jose Pedro Braga's book

"The Portuguese in Hong Kong and China" and the launch of its first volume by

Dr. Barnabas H. M. Koo.

You are invited to the session on June 21 (Friday), 2013, at 6 p.m.,

at the Auditorium of the IIM

Address: Rua de Berlim, Edf. Venus Court, 2/F (NAPE)Tel: 2875-1727 E-mail: [email protected]

Número de Socorro 999Bombeiros 28 572 222PJ (Linha aberta) 993PJ (Piquete) 28 557 775PSP 28 573 333Serviços de Alfândega 28 559 944Hospital Conde S. Januário 28 313 731Hospital Kiang Wu 28 371 333CCAC 28 326 300IACM 28 387 333DST 28 882 184Aeroporto 88 982 873/74Táxi (Amarelo) 28 519 519Táxi (Preto) 28 939 939Água - Avarias 28 990 992Telecomunicações - Avarias 28 220 088Electricidade - Avarias 28 339 922Directel 28 517 520Rádio Macau 28 568 333Macau Cable 28 822 866

TDM 13:30 Telejornal + 360° (Diferido) 14:45 RTPi DIRECTO 18:40 Cougar Town - Sr.1 19:00 TDM Talk Show (Repetição) 19:35 Vingança 20:30 Telejornal 21:20 Ler + Ler Melhor 21:30 Cenas do Casamento 22:10 Escrito nas Estrelas 23:00 TDM News 23:31 Portugueses Pelo Mundo

30 FOX SPORTS13:00 Smash 2013 13:30 Tour De Taiwan 2013 Highlights 15:00 FINA Aquatics World 2013 15:30 MLB Regular Season 2013 Tampa Bay Rays vs. New York Yankees 18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2013 19:30 (LIVE0 FOX SPORTS Central 20:00 Football Asia 2013/14 20:30 Global Football 2012/13 21:00 FINA Aquatics World 2013 21:30 Smash 2013 22:00 FOX SPORTS Central 22:30 Football Asia 2013/14 23:00 Total Rugby 23:30 Smash 2013 31 STAR SPORTS12:00 V8 Supercars Championship Series 2013 - Highlights 14:00 ATP - Ae-gon International 17:00 Laureus Spirit Of Sport 17:302014 FIFA World Cup Brazil Asian Qualifiers Korea Republic vs. IR Iran 19:30 Inside Gta - Montegi Round GTA 20:00 MotoGP World Championship 2013 - Highlights Cata-lunya Grand Prix 21:00 (Delay) Score Tonight 2013 21:30 (LIVE) ATP - Aegon International

40 FOX MOVIES11:35 The Vow 13:20 The House Bunny 15:00 Once Upon A Time 15:45 Exploding Sun 17:20 The Book Of Eli 19:20 This Means War 21:00 X-Men:

First Class 23:10 Planet Of The Apes

41 HBO12:00 S.W.A.T. 14:00 Love Never Dies 16:00 Star Trek Ii 18:00 Soul Surfer 19:50 Battleship 22:00 Sherlock Holmes: A Game Of Shadows 00:10 30: Minutes Or Less

42 CINEMAX12:15 Devil In A Blue Dress 14:00 Days Of Thunder 16:00 Murderers’ Row 17:50 Wonder Woman 19:15 All About The Benjamins 20:45 Epad On Max 21:15 Xiii 22:50 Sucker Punch 00:40 Spartacus: Vengeance

50 DISCOVERY13:00 Destroyed In Seconds 14:00 What Happened Next? 14:30 Magic Of Science 15:00 American Chopper 16:00 Belly Of The Beast 17:00 Man Vs. Wild 18:00 How Do They Do It? 18:30 How It’s Made 19:00 Danger By Design 20:00 How It’s Made 20:30 Everything You Need To Know 21:00 Mythbusters 22:00 Lost Tapes 23:00 Nightmare Next Door 00:00 How It’s Made 00:30 Everything You Need To Know

51 NGC12:30 Mega Factories 13:25 Don;t Tell My Mother 15:15 When Vacations Attack 17:05 Scam City 18:00 Trekking the Great Wall 19:00 Mega Factories 20:00 Seconds From Disaster 21:00 When Vacations Attack 23:00 Scam City 00:00 Breakout

54 HISTORY13:00 The Pickers 14:00 Gates Of Hell 16:00 Swamp People 17:00 Duck Dynasty 18:00 Kings Of Restoration 18:30 Pawn Stars 19:00 The Pickers 22:00 Cannibals 00:00 Cajun Pawn Stars

55 BIOGRAPHY13:00 Confessions: Animal Hoarding 14:00 Way Off Broadway 15:00

My Ghost Story 16:00 My Ghost Story Asia 17:00 Gene Simmons: Family Jewels 18:00 Sell This House 19:00 Inside Story: Fatal Attraction 21:00 Celebrity Ghost Stories 22:00 Hoarders 23:00 My Ghost Story Asia 00:00 Gene Simmons: Family Jewels

62 AXN13:00 Chuck 13:55 Wipeout 14:50 CSI: Ny 15:45 The Amazing Race 16:35 Wipeout 17:25 Leverage 18:15 CSI: Miami 19:10 Ncis: Los Angeles 20:05 Criss Angel Mindfreak 20:35 Ebuzz 21:05 Blue Bloods 22:00 The Voice 22:55 The Apprentice Asia 23:50 Hannibal 00:40 Ebuzz

63 STAR WORLD12:30 Glee 13:25 Happy Endings 14:20 Got To Dance UK 15:15 Ace of Cakes 16:10 Bunheads 17:05 Suburgatory 18:00 Beauty and the Geek Australia 19:50 SOMETHING BORROWED 21:50 Gallery Girls 22:45 Greek 23:40 Beauty and the Geek Australia

82 RTPI14:00 Telejornal Madeira 14:37 Percursos 15:33 Correspondentes 16:00 Bom Dia Portugal-Directo 16:59 Destinos.pt 17:09 Sexta às 9 17:40 Feitos ao Bife 19:13 Depois do Adeus 20:00 Jornal da Tarde-Directo 21:16 O Preço Certo 22:02 Ingrediente Secreto 22:29 ALTA PRESSÃO 22:54 Por-tugal no Coração-Directo 00:43 Notícias RTP - Madeira (17H00) 01:00 Portugal em Direto-Directo 01:47 Cristina Branco - Alegria 02:09 Baía das Mulheres-Directo 03:00 Telejornal-Directo 03:33 Em Reportagem (Madeira) 04:01 AntiCrise 04:54 Portugal Aqui Tão Perto 05:51 Música Maestro 06:35 Construtores de Impérios

• • • TEMPO WWW.SMG.GOV.MO

250C / 290C

• • • CÂMBIOS BNU

PATACA COMPRA VENDAUS DÓLAR 7.94 8.04EURO 10.49 10.62YUAN (RPC) 1.255 1.315

SOCIEDADE PROTECTORA

DOS ANIMAIS DE MACAU

TEL: 28715732/63018939ANIMA

TELEFONES ÚTEIS

CLUBE MILITAR DE MACAUAvenida da Praia Grande, 975, Macau

TEL: 28714000

A programação é da responsabilidade das estações emissoras

21:00

X-Men First Class

FOX MOVIES

• • • AMANHÃ 22/6

270C /340C

• • • HOJE 21/6

CINETEATROS1 World War Z - 14:30 • 19.30

S2 Now You See Me 16:30 • 19.30

TORRE DE MACAUStar Trek: Into Darkness (3D) (estreia dia 16) 14:00 • 16:30 • 19:00 • 21:30

GALAXYTHEATER 7The Great Gatsby 3D14:00 • 16:30 • 19:10 • 21:50 • 00:30

THEATER VÁRIOSStar Trek Into Darkness 3D - 19:30 • 20:50 • 22:00 • 22:50 • 23 •15 • 00: 30

THEATER 8Snitch - 18:30 • 20:40 • 01:50

THEATER 6 & 9*Dark Skies - 16:30 • 18:25 • 01:35*

THEATER 6The Last Exorcism Part II - 20:15 • 23:00 • 00:45

THEATER VÁRIOSIron Man 3 (3D) - 13:40 • 14:50 • 16:00 • 18:25 • 22:20 • 00:50

THEATER VÁRIOSTrance

14:35 • 16:3 5

THEATER 6The Big Wedding - 00:50

GRAND THEATER Great Expectations (02 de junho)

16:35

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | OPINIÃO 25

Dito

Carmen Amado Mendes, à Lusa

“Havia a preocupação em alargar a data porque havia interesses sub-jacentes a esse prolongamento da presença da administração portu-guesa que estavam muito ligados à negociação do contrato do jogo porque quanto mais tempo se man-tivesse a administração portuguesa, mais tempo estaria garantida a recepção de lucros provenientes do jogo para determinada facção partidária em Portugal”

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau”

21/06/1993

SERÁ QUE A PATACA AINDA VAI SUBIR MAIS?Para muitos portugueses as oscila-ções da pataca em relação ao escudo são ainda mais emocionantes que as angústias do campeonato nacional. Quando desce é o desânimo, o refa-zer de contas, o lamentar de que “as-sim não vale a pena”. Quando sobe, a dúvida sobre se devem ou não trans-ferir de imediato as suas economias. “Mando agora? Espero que suba?...” Não serão poucos os que se debatem hoje com essa dúvida, quando o “fi-xing” de abertura ultrapassou a meta simbólica dos vinte escudos. Certezas ninguém as tem, mas parece arrisca-do prever que a subida dos últimos dias se irá manter durante muito mais tempo. A pataca acompanha o dólar americano, como se sabe e este subiu por razões algo artificiais. Nomeada-mente a crise política aberta no Japão, que travou e inverteu mesmo alguma coisa a sua constante descida em rela-ção ao iene. Dúvidas também quanto ao que sairá da Cimeira da CEE que hoje se inicia, causam também alguma indefinição nos mercados europeus, o que naturalmente beneficiou algo a divisa americana. Mas a situação nos EUA também não é brilhante, pelo que é legítimo admitir que se trate ainda de sol de pouca dura. A curto prazo, portanto, a pataca a 20 escudos parece uma “boa” para quem tem res-ponsabilidades em Portugal.

SEMINÁRIO REFLECTE SOBRE EQUÍVOCOS CULTURAISIntelectuais europeus, asiáticos e afri-canos vão debater esta semana em Macau os equívocos entre civilizações numa iniciativa da Fundação Trans-cultura, durante a qual será divulgado o projecto da Universidade Sem Fron-teiras. Subordinadas ao tema genérico “Os Equívocos na Procura do Univer-sal”, as conferências, que decorrem de 22 a 24, são o prolongamento de um seminário itinerante iniciado no dia 4 na República Popular da China, com sessões nas cidades de Guangzhou, Xian, Dunhuang, Turufan e Pequim. Organizado pela Fundação Transcul-tura e pela Universidade chinesa de Zhongshan, o seminário conta com o apoio da UNESCO e da Comissão das Comunidades Europeias e reuni-rá mais de 30 académicos de diversos países, entre os quais Umberto Eco, Paolo Fabbri, Alain le Pichon, Wang Bin, Zhang Wenxing e ainda nove

O meu bom amigo Lancelote dei-xou-me.

Em toda a minha vida só tive três bons amigos vindos do clero.

Um eles, o primeiro, um pároco goês da freguesia de S. Adrião de Mo-çâmedes (Angola) que agora se usa chamar de Namibe, como é e sempre foi o deserto que me viu crescer, em-bora os caminhos de ferro continuem a chamar-se como dantes (CFM), con-seguiu convencer a minha madrinha, uma senhora muito rica da terra, para que eu fosse baptizado.

Em boa verdade, o problema era outro. É que já estava atrasado para entrar na primeira classe que, naquela altura, na minha terra, só entrava para a primária quem era baptizado. A mi-nha família fora avisada que naquele ano eu teria de entrar para a escola pois os seis anos já estavam a ir à vida, que os miúdos da terra já a frequenta-vam aos cinco.

Era o salazarismo no seu máximo, embora se dissesse à boca cheia que o Estado estava separado da santa ma-dre igreja!

Na minha terra não estava e lá tive de ir de pé na carrinha Chevrolet, de cor vermelha tinto, de caixa fechada, a primeira vez que andei de carro, agar-rado aos bancos da frente com o meu fato domingueiro para uma cerimónia tão marcante e tão estranha. Acompa-nhado da minha madrinha e do meu padrinho, um dos donos do cinema lo-cal, que ninguém da família me acom-panhou.

Acho que o atraso na minha entrada para a vida escolar me fez bem. Entrei mais maduro e fiz tudo como manda-va, para mim, a lei na minha casa, ou seja, nunca chumbei, sendo sempre o melhor aluno da turma, do ano e mui-tas vezes da própria escola.

Desse episódio, apanhei o gosto e como já dava sinais de não ser cábu-la, fiz tudo o que era possível fazer na igreja, a crisma (?), a primeira e a se-gunda comunhão e a comunhão sole-ne, se a minha memória me não enga-na. Fui cruzado, sabia o catecismo de trás para a frente e hoje ainda o que sei vem dessa altura.

Passados uns seis anos o meu pai, carpinteiro naval que puxava as trai-neiras para a terra com a força dos braços, ao lado dos seus companheiros negros, que com ele trabalhavam na Companhia Nacional de Navegação (CNN), chamado de o homem-peixe pois mergulhava dos paquetes San-ta Maria ou Vera Cruz para apanhar moedas que os passageiros atiravam para aquele mar que tanto medo me metia, que os tubarões tigres de vez em quando se encarregavam de fazer por lá uma razia, resolveu chamar-me e disse-me preto no branco em tom que não deixava dúvidas para onde era a ordem: “toma cuidado, ainda vais dar em padre”.

Enfim, a minha cruzada pelas igre-jas terminara aí. O colégio das madres, no final da cidade, já em pleno deserto, com umas freiras jovens e bonitas, fora à vida.

Hoje sou um fervoroso ateu, um so-cialista que não esconde os valores da solidariedade social para com pessoas

e animais, que muitos padres que fui conhecendo ao longo da vida me en-vergonharam.

Nunca mais vi esse meu primeiro amigo da igreja. A igreja lá está no mesmo sítio e sempre que a vejo em fotografia lembro-me do episódio dos porcos que o meu pai me obrigou a sair da motoreta NSU, para os apa-nhar com uma saca. Depois de tudo prepara quando olhei para a adro da igreja, já não havia porco algum por aquelas bandas. Dizia-me a minha tia Isaura, irmã mais velha do meu pai, que eram almas penadas que anda-vam por ali para se redimirem. Enfim, fiquei gelado. Como era habitual, e fo-ram vários os episódios que acontece-ram em toda a minha vida, o meu pai (chamado de o Gigante pois era duro e forte) não se dava ao incómodo de falar dessas coisas.

Lá fiz a minha vida toda até aos de-zoito anos em África, até chegar à Uni-versidade que as coisas aí pintavam de outra forma. Lançado ao desconhe-cido, sem família alguma por aquele rectângulo europeu, deixei a minha terra, onde toda a minha família nas-cera, pais e mesmos avós, e toda a co-lateralidade que praticamente nunca conheci a não ser a que vivia na mes-ma cidade, que o dinheiro não dava para grandes viagens (lembro-me que quando o meu pai morreu, com pou-co mais de 50 anos de idade e quase tanto de vida activa, poucos dias de-pois de ter retirado outras traineiras ao mar, já doente e todo curvado com dores no estômago, que o cancro não o deixava descansar, deitado em ple-na areia da praia, a CNN apenas pa-gara à família o ordenado dos dias de trabalho do mês e redondamente mais nada! Reforma nem ver!

Na altura, na pujança do colonia-lismo, talvez como reflexo ainda do mapa cor-de-rosa, era palavra de or-dem que toda a gente tivesse dez fi-lhos. A minha avó materna teve onze, dez raparigas e um rapaz e a minha mãe seguiu-lhe as pisadas. Do lado do meu pai foram outros tantos, mas a verdade é que só me lembro de cin-co ou seis que se quedaram pelas ter-ras do Namibe, que o resto (Bengue-la, Nova Lisboa, para não falar já de Luanda) ficava muito longe.

Todos haviam nascido em África e de vez em quando as velhotas conta-vam as histórias dos bisavós vindos da Madeira, do Algarve e pasme-se da própria Inglaterra, sítios que me fascinavam pelo que ia vendo nos fil-mes. Entremeadas com as dos mortos que iam de vez em quando aparecen-do naquelas noites mais escuras do deserto. A minha velha vai fazer 99 anos no próximo mês e está rija e lúci-da apesar do último acidente que teve há meio ano. Os anos que me esperam ainda pela frente, se eu seguir a velha, que não há doença que pareça entrar

Retalhosda minha vida

OS DESATINADOSAlbano Martins*

por este corpanzil!Fui para a Portugal nos anos 67 e

por lá vivi até quase finais de 81, quan-do resolvi navegar para estas bandas de Macau, com a família às costas e uma mala meio-cheia de esperanças e de desilusões, que a vida política sem-pre nos empresta, mesmo que não es-tendamos a mão. Essas ainda hoje não me largam, agora em plena era dos passos perdidos.

Por cá conheci o Padre Xico, um evangélico como eu achava quando era miúdo que os padres deviam ser. A ajudar os pobres, na rua, fora da igreja, no combate pelos mais desfavorecidos da sociedade. Enfim, está-se mesmo a ver que a religião não se pegou bem na minha pele e por que razão fui na faculdade “levado” pelos ideais da re-volução.

Esse timorense simples e afectuoso, acabou também por me deixar, dei-xando-me marcas. Lembro-me de ter estado no hospital público com ele, à espera de uma consulta do nosso ami-go Vitalino, que na altura me mandou entrar primeiro num compartimento que por lá encontrou, porque achava que comigo era mais rápido, fazendo--me de seguida uma série de perguntas e uns pequenos apalpões na barriga, ao que me lembro, para acabar por me mandar embora dizendo que o que eu queria era que ele me pusesse o dedo no cu, que o padre é que estava mal, que não cagava nem mijava há vários dias.

Só o Vitalino, homem como os da minha terra, experiente como nin-guém, que entrou para o departamen-to de Urologia do hospital de Macau em 1983, dois anos depois de eu ter cá chegado, era capaz de ir ensinando de forma tão simples à medida que as res-postas iam sendo assacadas.

Pois, o meu amigo padre Francisco Fernandes morreu em 2005 com seten-ta anos de idade, ao que me lembro pouco tempo depois desse episódio.

Agora, deixa-me o meu amigo Lan-celote, o padre dos refugiados, vinte e quatro anos mais velho do que eu, que aportou a esta terra vindo de Malaca nos anos 35 do século passado, com doze anos de idade, com quem tantas vezes me diverti com as suas histórias, por entre uns saudosos copitos que vi-nham sempre a jeito.

Um bom amigo. Deixámos projectos em aberto para

ajudar as crianças órfãs (mas fica aqui a palavra de amigo que nada do que fa-lámos será esquecido), ele contava-me os problemas que tinha com a nova po-lítica da igreja que secava os cordões da sua bolsa deixando-o atado. E nun-ca se esquecia de me perguntar “como estavam os animaizitos” sempre que falávamos das crianças desprotegidas e abandonadas. Consegui fazer-lhe chegar, numa homenagem que lhe fize-ram os amigos no Clube Militar, uma caravela de cristal que ele adorou, pa-triota de gema como ele era.

Curiosamente, nenhum deles ten-tou converter-me.

Que o meu amigo Lancelote descan-se em paz ao lado dos outros amigos.

*Economista.Escreve neste espaço às sextas-feiras.

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Kylie Minogue mostra figura invejável aos 45 anosKylie Minogue tem mostrado uma figura invejável em vários eventos que tem participado, provando que, aos 45 anos, continua a manter um corpo espantoso. A cantora australiana encontra-se actualmente a promover o seu livro de moda em Nova Iorque.

26 JTM | LAZER Sexta-feira, 21 de Junho de 2013

Morreu “Tony Soprano” James Gandolfini faleceu na quarta-feira, em Itália, onde se encontrava a passar férias. O actor, conhecido pelo papel de Tony Soprano na série televisiva “Sopranos”, que conquistou três “Emmy”, tinha 51 anos. Segundo o “Daily News”, James Gandolfini terá morrido de ataque cardíaco.

Irina Shayk chama polícia ao ser perseguida por fãIrina Shayk teve de pedir ajuda à polícia depois de ter reparado que andava a ser seguida por um fã nos últimos meses. Segundo a imprensa, o fã em causa terá mesmo entrado na casa da namorada de Cristiano Ronaldo há uns meses, quando o apartamento estava a ser remodelado. As autoridades já terão obtido as imagens das câmaras de vigilância, que podem ajudar a identificar o suspeito.

Modelo em ascensãoClarissa Abreu é uma bela uruguaia, modelo de profissão, que se tornou famosa após participação no Big Brother argentino, em

2011. A passagem no programa acabou por catapultar a morena para a ribalta, onde tem conseguido vários trabalhos como

modelo.

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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 JTM | LAZER 27

Tempos livresPaulo Mendes Ricardo

Macau é uma caixinha de surpre-sas. Ainda me sinto entusias-mado com a capacidade que

a cidade tem de me surpreender. Todos os dias encontro uma novidade, um canto especial, uma rua num frenesim imenso, uma pessoa diferente, um prato de comida com cheiro a casa, as ruas cheias de gente, o trânsito caótico, o nome das ruas em português, o encontro das di-

versas culturas e cheiros, entre tantos outros. Contudo, Ma-cau é também uma terra de grandes contrastes. É o canto da China produtora onde se vive um capitalismo pungente, a cidade de pescadores que se adapta aos gigantes casinos, a conquista ao rio de superfície para suprir as necessidades de espaço no terceiro maior país em área do mundo. Macau é diferente da Taipa e de Coloane, ainda se encontra num passado calmo e um pouco natural. Em apenas três meses e

meio de Macau observo e aprendo muito do que é esta terra. Procuro registar fotograficamente imagens desta realidade. Tenho partilhado os melhores momentos com as pessoas que tenho conhecido. Faço também algum desporto sem-pre que posso, treino futebol com a Casa de Portugal, faço jogging pela Taipa e vou à piscina Olímpica. Já experimentei também os barcos em Hac-sa, o ténis no Westin e alguns dos trilhos de Coloane.

Gente Gira Coordenação:Pedro André Santos

Envie as suas fotos para: [email protected]

Mestre nas caretasO pequeno Alfredo é um grande fã de fazer caretas, disse ao GENTE GIRA a mãe Sónia Silva. Desta vez o momento ficou registado em fotografia, e aconteceu num almoço de família em Cascais, juntamente com Luís Silva, pai do pequeno, a avó Olga Abrantes e a prima Cláudia.

Noite de karaokeMarta Tique e as amigas Raquel Alves e Maria Granjo são adeptas de karaoke, e aproveitaram mais uma noite de saída em grupo para testar as cordas vocais. E entre as várias sessões que fazem há sempre uma música que não falha: “My Love”, dos Westlife.

Almoçode famíliaFoi um almoço de família que reuniu Manuel Paiva, a esposa Victória e os filhos Danilo e Sofia. Uma refeição recheada de momentos agradáveis e de comida saborosa, claro está, referiu Manuel Paiva. Para além disso ainda puderam apreciar a decoração do estabelecimento e a música ambiente.

Festival em SeulUm grupo de amigos fez as malas e foi até à Coreia do Sul para assistir, no Estádio Olímpico, ao “Ultra Music Festival”, um dos maiores festivais de música electrónica. Mário Leal, João Canelas, Marco Araújo, Fábio Fontes, João Vaz e Pedro Pinheiro gostaram sobretudo do ambiente do festival, com principal destaque para a tenda electrónica de Carl Cox.

Page 28: DOSSIER a água levou - jtm.com.mo · bro, informou o HSBC. O banco britânico in - dicou que os resultados preliminares da ac-tividade industrial, ... chineses, acompanhada de um

28 ÚLTIMA Sexta-feira, 21 de Junho de 2013 • Fecho da Edição • 02:00 horas

Incêndios na Indonésia causam poluição recorde em Singapura e MalásiaO Governo de Singapura apelou ontem aos cidadãos da Cidade-Estado para permanecerem em ambientes fechados devido a níveis sem precedentes de poluição, provocados pela né-voa criada pelos incêndios florestais na vizinha Indonésia. Segundo a agência AFP, a névoa também afectou a Malásia, onde cerca de 200 escolas foram fechadas, e nalgumas zonas foram proibidas queimadas em espaços abertos. A gravidade dos índices registados esta semana está a suscitar tensões nas relações entre os países vizinhos. As autoridades de Sin-gapura acusaram a Indonésia de não fazer o suficiente para conter os incêndios na ilha de Sumatra, provocados por agricultores durante as limpezas de terrenos.

250 alunos de Macau tiveram aula com astronauta A astronauta chinesa Wang Yaping, 33 anos, deu ontem uma aula a bordo da nave espacial Shen-zhou X, que foi retransmitida ao vivo para 60 milhões de crianças na China, na primeira vez que o país organiza este tipo de atividade no espaço. Desses milhões, estima-se que pelo menos 250 crianças fossem de Macau, uma vez que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) organizou uma aula para aquele número de estudantes. De acordo com Ou Mun Tin Toi, a activi-dade foi realizada no Centro de Actividades na Areia Preta. Mas para além deste número, houve outras escolas do ensino não superior que organizaram esta actividade para os seus alunos, só que não foram divulgados mais números. A chefe do Departamento de Juventude, Un Hoi Cheng, reconheceu que era uma boa oportunidade para os alunos descobrirem a ciência. Wang, a segunda mulher astronauta da China, mostrou aos estudantes o funcionamento de algumas leis da física na gravidade zero e, como uma típica professora, fez perguntas às crianças para que demonstrassem os seus conhecimentos.

Depressão tropical traz chuva ao S. JoãoSerá um fim-de-semana chuvoso, prevêem os Serviços de Meteorolo-gia e Geofísica, devido a uma depressão tropical que se formou no mar do sul da China e que, até ao fecho desta edição, se encontrava a cerca de 680 quilómetros de Macau. Segundo explicou ao JTM o director dos Serviços de Meteorologia “em princípio esta depressão tropical não vai atingir Macau, mas deverá passar a sul”. As previsões de ontem indica-vam que esta depressão não deveria passar a menos de 200 quilómetros da costa de Macau. De acordo com Fong Soi Kun “como se trata ainda de uma depressão tropical é muito fraca”. O meteorologista recorda que esta classificação é a mais baixa e para atingir a categoria de tufão – o que não deve acontecer, prevê - ainda teria de passar a fase de ciclone tropical e ciclone tropical severo. Só que, por “já estar demasiado próxi-mo da costa não terá tempo suficiente para se formar” e assim ganhar força. A chuva é que será certa. “Com a aproximação da depressão ha-verá mais aguaceiros amanhã [hoje], sábado, que deverá ser o pior dia, e parte de domingo”, refere Fong Soi Kun. Desta forma, e como já é também tradição, o arraial de São João deverá ser mais uma vez marcado pela chuva. Este é o primeiro fenómeno do género este ano. H.A.

Morreu o antigo deputado Osvaldo de CastroO antigo secretário de Estado do Comércio no primeiro Governo de António Guterres, Osvaldo de Castro, ex--deputado pelo PCP e pelo PS, morreu ontem aos 77 anos vítima de doença prolongada, disse à Lusa fonte do Partido Socialista. Osvaldo de Castro, que foi agraciado em 1999 com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, foi presidente da Comissão Parlamentar Permanente de Assun-tos Constitucionais, Direitos Liberdades e Garantias. Licenciado em Direito, ex-membro da Comissão Política Nacional do PS, Osvaldo Castro, natural do Porto, foi um dos líderes da crise académica de 69, sendo vice--presidente da Associação Académica de Coimbra que tinha Alberto Martins, deputado do PS, como presidente.

Arqueólogos descobrem cidade Maia no MéxicoUm grupo internacional de arqueólogos desco-briu em Campeche, no leste do México, uma an-tiga cidade Maia que dominou uma vasta região há 1.400 anos, revelou o Instituto Nacional de An-tropologia e História do México. A cidade “per-maneceu oculta na selva” durante séculos, até ser descoberta há duas semanas por uma equipa de arqueólogos que a baptizou de Chactún, o que significa “Pedra Vermelha” ou “Pedra Grande” na linguagem maia. A cidade Maia, situada entre as regiões de Rio Bec e Chenes, tem mais de 22 hectares e viveu o seu esplendor entre os anos 600 e 900. “É definitivamente um dos maiores sítios das Terras Baixas Cen-trais” da civilização Maia, disse Ivan Sprajc, arqueólogo que liderou a expedição.

Comércio de marfim na China pode eliminarelefantes em 10 anosOs 400 mil elefantes que restam no mundo pode-rão desaparecer no prazo de 10 anos se a China não acabar com o comércio de marfim no país, advertiu a organização “Elephant Voices”, ao revelar outro dado assustador: em 2012, a espécie enfrentou o seu pior ano, com a morte de 7% da população total. Citada pela agência EFE, Joyce Poole, co-directora da organização, alertou para o facto de cerca de 40 mil elefantes serem mortos todos os anos devido ao tráfico de marfim. E, segundo a activista, 40% de todo o material comercializado tem a China como destino.

Portuguesesnas eleiçõesTem razão Angela

Leong ao considerar que haverá votos portu-

gueses na sua lista.Poderia dizer mais:

nas próximas eleições legislativas várias listas terão votos portugue-

ses.Não porque tudo faz

crer que desta vez não haja uma candidatura marcadamente portu-guesa como aconteceu

em anteriores actos eleitorais.

Já no passado houve dispersão de votos da comunidade portu-

guesa, e por isso nunca nenhuma lista de

portugueses fez o pleno dos votos da minoria.

Isto, tudo indica, foi até uma das causas (quiçá a maior) de, desta vez,

não haver uma lista portuguesa a concorrer.Os votantes portugue-ses vivem tão dema-siado enfronhados na sociedade de Macau que não se deixam

sugestionar apenas por questões étnicas.Na hora de votar,

colocarão a cruzinha em quem pensam que melhor servirá Macau e os seus interesses, e

até hoje provaram que não se deixam liderar por quem, de quatro

em quatro anos, pede o seu voto.

São pessoas livres, e assim continuarão a ser.

ENPASSANTJosé Rocha Dinis