Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

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d o s s i ê i p h a n 2 Wajãpi{ }Expressão gráfica e oralidade entre os Wajãpi do Amapá

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Page 5: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

presidente da república

Luiz Inácio Lula da Silva

ministro da cultura

Gilberto Gil Moreira

presidente do iphan

Luiz Fernando de Almeida

chefe de gabinete

Thays Pessotto de Mendonça Zugliani

procuradora-chefe federal,

interina

Tereza Beatriz da Rosa Miguel

diretora de patrimônio imaterial

Márcia Sant’Anna

diretor de patrimônio material

e fiscalização, interino

Cyro Correa Lyra

diretor de museus

e centros culturais

José do Nascimento Junior

diretora de planejamento

e administração

Maria Emília Nascimento Santos

coordenadora-geral de pesquisa,

documentação e referência

Lia Motta

coordenadora-geral de promoção

do patrimônio cultural

Grace Elizabeth

superintendente regional

no pará e amapá

Maria Dorotéa de Lima

instituto do patrimônio histórico

e artístico nacional

SBN Quadra 2 Bloco F Edifício Central BrasíliaCep: 70040-904 Brasília – DFTelefones: (61) 3414.6176, 3414.6186, 3414.6199Faxes: (61) 3414.6126 e 3414.6198http://[email protected]

Elaboração do dossiê e dos anexos

iniciativa e produção cultural

Comunidade Wajãpi do Amapá e Conselho das Aldeias / Apina

pesquisa e textos

Dominique Tilkin Gallois

fotografias

Dominique Tilkin GalloisMarina WeisCatherine Gallois

revisão

Marina AlbuquerqueCristina BotelhoFabiane Chiesse

Edição do Dossiê

gerente de editoração do iphan

Ana Carmen Amorim Jara Casco

edição de texto

Regina Stela Braga

revisão de texto

Graça MendesGrace ElizabethRegina Stela Braga

projeto gráfico

Victor Burton

diagramação

Fernanda GarciaAna Paula Brandão

parceria institucional para

a edição deste dossiê

Instituto Brasileiro de Educação e Cultura – Educarte

agradecimentos especiais

Antonio Augusto Arantes NetoCristovão Fernandes DuarteSilvana Lima

impressão

Imprinta

Ficha Técnica Wajãpi

registro da arte kusiwa

pintura corporal e arte

gráfica wajãpi

Processo nº 01450.000678/2002-27proponente:

Conselho das Aldeias Wajãpi – Macapá/AP e Museu do Índio – Funaidata de abertura do processo:

18/09/2002Pedido de Registro aprovado na 38ª reunião do Conselho Consultivo, em 11/12/2002Inscrição no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 20/12/2002

página ™padrão gráficocodificado,pira kã’gwer(espinha de peixe).parua wajãpi, ™ººº.

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presidente da república

Luiz Inácio Lula da Silva

ministro da cultura

Gilberto Gil Moreira

presidente do iphan

Luiz Fernando de Almeida

chefe de gabinete

Thays Pessotto de Mendonça Zugliani

procuradora-chefe federal,

interina

Tereza Beatriz da Rosa Miguel

diretora de patrimônio imaterial

Márcia Sant’Anna

diretor de patrimônio material

e fiscalização, interino

Cyro Correa Lyra

diretor de museus

e centros culturais

José do Nascimento Junior

diretora de planejamento

e administração

Maria Emília Nascimento Santos

coordenadora-geral de pesquisa,

documentação e referência

Lia Motta

coordenadora-geral de promoção

do patrimônio cultural

Grace Elizabeth

superintendente regional

no pará e amapá

Maria Dorotéa de Lima

instituto do patrimônio histórico

e artístico nacional

SBN Quadra 2 Bloco F Edifício Central BrasíliaCep: 70040-904 Brasília – DFTelefones: (61) 3414.6176, 3414.6186, 3414.6199Faxes: (61) 3414.6126 e 3414.6198http://[email protected]

Elaboração do dossiê e dos anexos

iniciativa e produção cultural

Comunidade Wajãpi do Amapá e Conselho das Aldeias / Apina

pesquisa e textos

Dominique Tilkin Gallois

fotografias

Dominique Tilkin GalloisMarina WeisCatherine Gallois

revisão

Marina AlbuquerqueCristina BotelhoFabiane Chiesse

Edição do Dossiê

gerente de editoração do iphan

Ana Carmen Amorim Jara Casco

edição de texto

Regina Stela Braga

revisão de texto

Graça MendesGrace ElizabethRegina Stela Braga

projeto gráfico

Victor Burton

diagramação

Fernanda GarciaAna Paula Brandão

parceria institucional para

a edição deste dossiê

Instituto Brasileiro de Educação e Cultura – Educarte

agradecimentos especiais

Antonio Augusto Arantes NetoCristovão Fernandes DuarteSilvana Lima

impressão

Imprinta

Ficha Técnica Wajãpi

registro da arte kusiwa

pintura corporal e arte

gráfica wajãpi

Processo nº 01450.000678/2002-27proponente:

Conselho das Aldeias Wajãpi – Macapá/AP e Museu do Índio – Funaidata de abertura do processo:

18/09/2002Pedido de Registro aprovado na 38ª reunião do Conselho Consultivo, em 11/12/2002Inscrição no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 20/12/2002

página ™padrão gráficocodificado,pira kã’gwer(espinha de peixe).parua wajãpi, ™ººº.

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GESTÃO91 Salvaguarda, preservação erevitalização da forma de expressãocultural 96 Ações que garantem acontinuidade das manifestaçõesculturais dos Wajãpi99 Mecanismos jurídicos jáexistentes 100 Proteção contra a exploraçãodas manifestações culturais102 Medidas já tomadas paraassegurar a transmissão

PLANO DE AÇÃO107 Mecanismo administrativo110 Componentes do Plano de Ação110 Ações do primeiro componente113 Objetivos do segundo componente120 Principais planos de ação 121 Fontes de financiamentoe projetos em andamento

124 BIBLIOGRAFIA

125 ANEXO 1 Carta da comunidadeindígena Wajãpi do Amapá

126 ANEXO 2 Bibliografia sobre osWajãpi do Amapá

133 ANEXO 3 Lista de formas deexpressão cultural similares

IDENTIFICAÇÃO9 Modo de vida e tradiçõesdos Wajãpi do Amapá:descrição sintética12 Funções simbólicas ecomunicativas da arte gráfica kusiwa16 O sistema codificadodo grafismo kusiwa16 A pintura corporal18 Código de padrões gráficos21 Descrição dos padrões kusiwa54 Composições a partir do repertóriode padrões76 Depositários da tradição77 Fatores de risco dedesaparecimento

O VALOR DAS FORMASDE EXPRESSÃO GRÁFICASE ORAIS DOS WAJÃPI81 Apresentação 87 Uma tradição cultural viva89 Um processo de afirmaçãoidentitária

SUMÁRIO

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GESTÃO91 Salvaguarda, preservação erevitalização da forma de expressãocultural 96 Ações que garantem acontinuidade das manifestaçõesculturais dos Wajãpi99 Mecanismos jurídicos jáexistentes 100 Proteção contra a exploraçãodas manifestações culturais102 Medidas já tomadas paraassegurar a transmissão

PLANO DE AÇÃO107 Mecanismo administrativo110 Componentes do Plano de Ação110 Ações do primeiro componente113 Objetivos do segundo componente120 Principais planos de ação 121 Fontes de financiamentoe projetos em andamento

124 BIBLIOGRAFIA

125 ANEXO 1 Carta da comunidadeindígena Wajãpi do Amapá

126 ANEXO 2 Bibliografia sobre osWajãpi do Amapá

133 ANEXO 3 Lista de formas deexpressão cultural similares

IDENTIFICAÇÃO9 Modo de vida e tradiçõesdos Wajãpi do Amapá:descrição sintética12 Funções simbólicas ecomunicativas da arte gráfica kusiwa16 O sistema codificadodo grafismo kusiwa16 A pintura corporal18 Código de padrões gráficos21 Descrição dos padrões kusiwa54 Composições a partir do repertóriode padrões76 Depositários da tradição77 Fatores de risco dedesaparecimento

O VALOR DAS FORMASDE EXPRESSÃO GRÁFICASE ORAIS DOS WAJÃPI81 Apresentação 87 Uma tradição cultural viva89 Um processo de afirmaçãoidentitária

SUMÁRIO

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Os Wajãpi do Amapá são,atualmente, 670 pessoas,

distribuídas entre 48 aldeias.Constituem um gruporemanescente de um povo outroramuito mais numeroso, subdivididoem vários grupos independentes ecuja população total foi estimadaem cerca de 6 mil pessoas nocomeço do século xix. Esta etniatem origem em um complexocultural maior, de tradiçãoe língua tupi-guarani, hojerepresentado por diversos povos,distribuídos entre vários estadosdo Brasil e países adjacentes.Até o século xvii, os Wajãpi viviamao sul do rio Amazonas, numaregião próxima da área até hojeocupada pelos Asurini, Araweté eoutros, todos falantes de variantesdessa mesma família lingüística.Mantém-se uma conexãohistoricamente importante com

os grupos Wajãpi e Emerillon(ou Teko), que vivem na GuianaFrancesa, e com os Zo´é, do nortedo Pará, com os quais os Wajãpido Amapá compartilham algumastradições. Entretanto, mesmovariantes de uma mesma famílialingüística, nem todas as línguasfaladas por esses grupos sãomutuamente compreensíveis,justamente por expressaremevoluções históricas particulares

com evidentes reflexos nadiferenciação de suassociocosmologias (ver Gallois,1986 e 1988; Grenand, 1982).

O modo de vida e as tradiçõesdos Wajãpi do Amapádiferenciam-se significativamentedaqueles dos índios da GuianaFrancesa, tanto em função dopadrão de adaptação ecológica àregião de serras do noroeste doAmapá (e não às margens de rios,caso dos Wajãpi do Oiapoque)como na suas experiências decontato, tendo os do Amapáficado mais isolados, até a décadade 1970, da convivência com apopulação não-indígena. No quediz respeito aos conteúdos de suamitologia e de sua iconografia,as diferenças são também muitoevidentes. Assim, o repertóriocodificado de padrões kusiwautilizado hoje pelos Wajãpi do

Modo de vidae tradições dosWajãpi do Amapá:descriçãosintética

identificação

página ao ladogrupo da famíliado chefe waiwai naaldeia de mariry.foto: dominique t.gallois.

página 6detalhe: composiçãode siro wajãpi, ™ººº-™ºº¡.

chefe waiwai, compintura anõ kusiwa.foto: dominiquet. gallois.

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Os Wajãpi do Amapá são,atualmente, 670 pessoas,

distribuídas entre 48 aldeias.Constituem um gruporemanescente de um povo outroramuito mais numeroso, subdivididoem vários grupos independentes ecuja população total foi estimadaem cerca de 6 mil pessoas nocomeço do século xix. Esta etniatem origem em um complexocultural maior, de tradiçãoe língua tupi-guarani, hojerepresentado por diversos povos,distribuídos entre vários estadosdo Brasil e países adjacentes.Até o século xvii, os Wajãpi viviamao sul do rio Amazonas, numaregião próxima da área até hojeocupada pelos Asurini, Araweté eoutros, todos falantes de variantesdessa mesma família lingüística.Mantém-se uma conexãohistoricamente importante com

os grupos Wajãpi e Emerillon(ou Teko), que vivem na GuianaFrancesa, e com os Zo´é, do nortedo Pará, com os quais os Wajãpido Amapá compartilham algumastradições. Entretanto, mesmovariantes de uma mesma famílialingüística, nem todas as línguasfaladas por esses grupos sãomutuamente compreensíveis,justamente por expressaremevoluções históricas particulares

com evidentes reflexos nadiferenciação de suassociocosmologias (ver Gallois,1986 e 1988; Grenand, 1982).

O modo de vida e as tradiçõesdos Wajãpi do Amapádiferenciam-se significativamentedaqueles dos índios da GuianaFrancesa, tanto em função dopadrão de adaptação ecológica àregião de serras do noroeste doAmapá (e não às margens de rios,caso dos Wajãpi do Oiapoque)como na suas experiências decontato, tendo os do Amapáficado mais isolados, até a décadade 1970, da convivência com apopulação não-indígena. No quediz respeito aos conteúdos de suamitologia e de sua iconografia,as diferenças são também muitoevidentes. Assim, o repertóriocodificado de padrões kusiwautilizado hoje pelos Wajãpi do

Modo de vidae tradições dosWajãpi do Amapá:descriçãosintética

identificação

página ao ladogrupo da famíliado chefe waiwai naaldeia de mariry.foto: dominique t.gallois.

página 6detalhe: composiçãode siro wajãpi, ™ººº-™ºº¡.

chefe waiwai, compintura anõ kusiwa.foto: dominiquet. gallois.

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Amapá não é reconhecido, nemcompartilhado, pelos Wajãpi daGuiana Francesa, cujos sistemasiconográfico e cosmológico sãoprodutos de outra história eresultantes de sua convivênciamaior com grupos de línguacaribe – entre eles os Wayana.

Para decorar corpos e objetos,os Wajãpi do Amapá fazem usoda tinta vermelha do urucum,do suco do jenipapo verde e deresinas perfumadas. Onças, sucuris,jibóias, peixes e borboletas sãoparte de um repertório codificadode padrões gráficos. É por meiode suas formas ou de suaornamentação, tal como lá noinício dos tempos foram percebidaspelos primeiros homens, que osWajãpi expressam a diversidade deseres, humanos e não humanosque, com eles, compartilham ouniverso. O repertório se modifica

de forma dinâmica, pela própriavariação dos motivos e pelaapropriação de outras formas deornamentação, como a bordunados inimigos, a lima de ferro,as letras do alfabeto e até marcasda indústria do vestuário.

Do mesmo modo, os episódiosda criação e da transformação domundo – que, como dizem osWajãpi, é uma transformação emconstante movimento – são

profundamente marcados pelaperformance da oralidade. Aquiloque um narrador nos contará umdia, jamais será o que outronarrador nos dirá. Os ditos dosanciãos são, dessa forma,constantemente atualizados einterpretados nos diferentescontextos que continuam aalimentar os saberes sobre ascomplexas relações existentes entretodos os seres que compartilhamos mundos terrestre, celeste eaquático, no universo ameríndio,ou até dos brancos.

A linguagem gráfica que osWajãpi do Amapá denominamkusiwa sintetiza seu modoparticular de conhecer, concebere agir sobre o universo. Tal formade expressão, complementar aossaberes transmitidos oralmente,afirma, ao mesmo tempo, ocontexto de origem e a fonte de

eficácia dos conhecimentos dosWajãpi sobre o seu ambiente.Por outro lado, arte gráfica e arteverbal se completam portransmitirem os conhecimentosindispensáveis ao gerenciamentoda vida em sociedade. Sociedadeesta que não é exclusivamenteWajãpi, nem unicamente humana.As formas de expressão gráfica eoral permitem agir sobremúltiplas dimensões: sobre omundo visível, sobre o invisível,sobre o concreto e sobre o mundoideal. Não se trata de um saberabstrato e, sim, de uma prática,que é permanentemente interativae, portanto, totalmente vivo.

reunidos no finalda tarde, os jovensaprendem astradições contadaspelos idosos.foto: dominique t.gallois.

moça preparamingau. foto:dominique t.gallois.

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Amapá não é reconhecido, nemcompartilhado, pelos Wajãpi daGuiana Francesa, cujos sistemasiconográfico e cosmológico sãoprodutos de outra história eresultantes de sua convivênciamaior com grupos de línguacaribe – entre eles os Wayana.

Para decorar corpos e objetos,os Wajãpi do Amapá fazem usoda tinta vermelha do urucum,do suco do jenipapo verde e deresinas perfumadas. Onças, sucuris,jibóias, peixes e borboletas sãoparte de um repertório codificadode padrões gráficos. É por meiode suas formas ou de suaornamentação, tal como lá noinício dos tempos foram percebidaspelos primeiros homens, que osWajãpi expressam a diversidade deseres, humanos e não humanosque, com eles, compartilham ouniverso. O repertório se modifica

de forma dinâmica, pela própriavariação dos motivos e pelaapropriação de outras formas deornamentação, como a bordunados inimigos, a lima de ferro,as letras do alfabeto e até marcasda indústria do vestuário.

Do mesmo modo, os episódiosda criação e da transformação domundo – que, como dizem osWajãpi, é uma transformação emconstante movimento – são

profundamente marcados pelaperformance da oralidade. Aquiloque um narrador nos contará umdia, jamais será o que outronarrador nos dirá. Os ditos dosanciãos são, dessa forma,constantemente atualizados einterpretados nos diferentescontextos que continuam aalimentar os saberes sobre ascomplexas relações existentes entretodos os seres que compartilhamos mundos terrestre, celeste eaquático, no universo ameríndio,ou até dos brancos.

A linguagem gráfica que osWajãpi do Amapá denominamkusiwa sintetiza seu modoparticular de conhecer, concebere agir sobre o universo. Tal formade expressão, complementar aossaberes transmitidos oralmente,afirma, ao mesmo tempo, ocontexto de origem e a fonte de

eficácia dos conhecimentos dosWajãpi sobre o seu ambiente.Por outro lado, arte gráfica e arteverbal se completam portransmitirem os conhecimentosindispensáveis ao gerenciamentoda vida em sociedade. Sociedadeesta que não é exclusivamenteWajãpi, nem unicamente humana.As formas de expressão gráfica eoral permitem agir sobremúltiplas dimensões: sobre omundo visível, sobre o invisível,sobre o concreto e sobre o mundoideal. Não se trata de um saberabstrato e, sim, de uma prática,que é permanentemente interativae, portanto, totalmente vivo.

reunidos no finalda tarde, os jovensaprendem astradições contadaspelos idosos.foto: dominique t.gallois.

moça preparamingau. foto:dominique t.gallois.

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morto pelos humanos. Ao morrer,entretanto, transformou-senuma imensa cobra, a anaconda –ou moju, na língua wajãpi.Os primeiros homens abriramo cadáver e extraíram seusexcrementos, que eram todoscoloridos. Organizaram uma festae disseram para seus convidados sepintarem com as cores deixadaspela anaconda. Estes assim ofizeram e, enfeitados, dançaram

e cantaram. Quando terminaram,uma parte dos convidados foiembora, voando. Eram osprimeiros pássaros, com suasplumagens diferenciadas.Ao se distanciarem dos humanosque ficaram na terra, pousaramnuma imensa árvore sumaumeira,de onde se espalharam por todasas direções, levando consigoas águas que correm nos riose igarapés da terra.

Já os homens, que ficaramno centro da terra, aprenderamas danças dos peixes e os cantosdos pássaros, além dos nomesdas cores, que designamas plumagens variadas das aves.Ao observarem a ossada e apele da anaconda morta, viramas espinhas dos peixes queela havia comido e assimdescobriram os padrões comos quais continuam até hoje

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Atradição gráfica que os Wajãpido Amapá denominam kusiwa

aplica-se à decoração de corpos eobjetos, envolvendo técnicas ehabilidades diversificadas, comoo desenho, o entalhe, o trançado,a tecelagem etc. Sua funçãoprincipal, no entanto, vai muitoalém deste uso decorativo, pois omanejo do repertório de padrõesgráficos é um prisma que reflete,de forma sintética e eficaz, acosmologia deste grupo, suascrenças religiosas e práticasxamanísticas.

Trata-se de uma forma deexpressão que evidencia, no seuuso cotidiano, o entrelaçamentoentre a estética e outros domíniosdo pensamento. Sua eficácia estána capacidade de estabelecercomunicação com uma realidadede outra ordem, que somente sepode conhecer na mitologia e pelo

elenco codificado de padrões.Narrativas orais e composiçõesgráficas colocam em cena seres quenão podem mais ser vistos peloshumanos de hoje, mas cujaexistência pode ser acessada pormeio dessas formas particulares deconhecimento e expressão.

Pela tradição oral dos Wajãpi,a origem das cores e dos padrõesgráficos remonta aos temposprimevos, quando surgiram osancestrais da humanidade atual.Antes disso, não existiam coresnem formas distintas entre oshabitantes do mundo: todos eramiguais, sem diferenças marcadas emseus corpos, em suas línguas ou emseus conhecimentos e práticas devida. A aparência era a mesma paratodos, mas não os repertóriosmusicais, nem os conhecimentos.

Foi durante uma grande festaque coube ao demiurgo Janejar

promover a separação entrehomens e animais, destinando acada um seu espaço diferenciado eorganizando, assim, a vida emsociedade. Os futuros homens eanimais exibiam seus cantos e suasdanças. Uma parte desses primeirosseres, que dançavam à beira doprimeiro rio, caíram n’água e setransformaram em peixes. A partirde então, passaram a servir dealimento para os humanos.No fundo das águas, entretanto,peixes e cobras aquáticas continuamvivendo e festejando. Somenteos xamãs podem acessar sem perigoesse domínio, percebendo essesseres como realmente são:“como a gente”.

De acordo com a tradição oral,no centro da pequena terraoriginária havia um grande lajedode pedra onde vivia um serpoderoso e muito temido que foi

Funçõessimbólicas ecomunicativasda artegráfica kusiwa

para ilustrar aorigem mítica dasdiferenças entreanimais e humanos,o professormakaratorepresentou a cobragrande, cujosdejetos coloridosderam a origemà variedade depássaros. makaratowajãpi, ™ººº.

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morto pelos humanos. Ao morrer,entretanto, transformou-senuma imensa cobra, a anaconda –ou moju, na língua wajãpi.Os primeiros homens abriramo cadáver e extraíram seusexcrementos, que eram todoscoloridos. Organizaram uma festae disseram para seus convidados sepintarem com as cores deixadaspela anaconda. Estes assim ofizeram e, enfeitados, dançaram

e cantaram. Quando terminaram,uma parte dos convidados foiembora, voando. Eram osprimeiros pássaros, com suasplumagens diferenciadas.Ao se distanciarem dos humanosque ficaram na terra, pousaramnuma imensa árvore sumaumeira,de onde se espalharam por todasas direções, levando consigoas águas que correm nos riose igarapés da terra.

Já os homens, que ficaramno centro da terra, aprenderamas danças dos peixes e os cantosdos pássaros, além dos nomesdas cores, que designamas plumagens variadas das aves.Ao observarem a ossada e apele da anaconda morta, viramas espinhas dos peixes queela havia comido e assimdescobriram os padrões comos quais continuam até hoje

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Atradição gráfica que os Wajãpido Amapá denominam kusiwa

aplica-se à decoração de corpos eobjetos, envolvendo técnicas ehabilidades diversificadas, comoo desenho, o entalhe, o trançado,a tecelagem etc. Sua funçãoprincipal, no entanto, vai muitoalém deste uso decorativo, pois omanejo do repertório de padrõesgráficos é um prisma que reflete,de forma sintética e eficaz, acosmologia deste grupo, suascrenças religiosas e práticasxamanísticas.

Trata-se de uma forma deexpressão que evidencia, no seuuso cotidiano, o entrelaçamentoentre a estética e outros domíniosdo pensamento. Sua eficácia estána capacidade de estabelecercomunicação com uma realidadede outra ordem, que somente sepode conhecer na mitologia e pelo

elenco codificado de padrões.Narrativas orais e composiçõesgráficas colocam em cena seres quenão podem mais ser vistos peloshumanos de hoje, mas cujaexistência pode ser acessada pormeio dessas formas particulares deconhecimento e expressão.

Pela tradição oral dos Wajãpi,a origem das cores e dos padrõesgráficos remonta aos temposprimevos, quando surgiram osancestrais da humanidade atual.Antes disso, não existiam coresnem formas distintas entre oshabitantes do mundo: todos eramiguais, sem diferenças marcadas emseus corpos, em suas línguas ou emseus conhecimentos e práticas devida. A aparência era a mesma paratodos, mas não os repertóriosmusicais, nem os conhecimentos.

Foi durante uma grande festaque coube ao demiurgo Janejar

promover a separação entrehomens e animais, destinando acada um seu espaço diferenciado eorganizando, assim, a vida emsociedade. Os futuros homens eanimais exibiam seus cantos e suasdanças. Uma parte desses primeirosseres, que dançavam à beira doprimeiro rio, caíram n’água e setransformaram em peixes. A partirde então, passaram a servir dealimento para os humanos.No fundo das águas, entretanto,peixes e cobras aquáticas continuamvivendo e festejando. Somenteos xamãs podem acessar sem perigoesse domínio, percebendo essesseres como realmente são:“como a gente”.

De acordo com a tradição oral,no centro da pequena terraoriginária havia um grande lajedode pedra onde vivia um serpoderoso e muito temido que foi

Funçõessimbólicas ecomunicativasda artegráfica kusiwa

para ilustrar aorigem mítica dasdiferenças entreanimais e humanos,o professormakaratorepresentou a cobragrande, cujosdejetos coloridosderam a origemà variedade depássaros. makaratowajãpi, ™ººº.

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Para os Wajãpi, os animaistambém têm alma e uma vidasocial semelhante à dos humanos,em contínuo desenvolvimento.As árvores e a maioria das plantas,por sua vez, abrigam almasem corpos de gente, mas desdea diferenciação das espéciespromovida por Janejar no começodos tempos, apenas os xamãstêm acesso a essa realidade.

Janejar, que dirigiu, noinício dos tempos, o destinoda humanidade, significa,literalmente, “nosso dono”.Tudo e todos, neste mundo,pela tradição wajãpi, têm seusrespectivos donos: homens,plantas, animais e até mesmoos elementos que costumamosconsiderar “inanimados”,como as pedras. A principalatribuição dos donos de todosesses seres consiste em tomar

conta de suas criaturas, cuidandode seu crescimento, seu bem-estare seu movimento.

É justamente por existiremmestres específicos que todospodem se reproduzir, mantendoa indispensável diferença.A manutenção da diversidade éum pressuposto importante destacosmologia. Cada porção douniverso conhecido é definidacomo a moradia de um dessesdonos e das espécies que cria econtrola, como se faz comxerimbabos. Mas o criador dahumanidade, Janejar, deixou deexercer este controle desde quefoi embora para sua aldeia celeste.As relações que os humanosmantêm com os donos de animaise de plantas podem então semanifestar por meio de ações decooperação, identificação e curade males e infortúnios, mas

podem igualmente resultar emagressão. Pois o dono da caça – oudos peixes, ou das árvores – vairevidar quando alguém intervierexageradamente em seu domínio.

Para os Wajãpi, os humanos nãosão donos da diversidade existentena terra. Por esta razão, a rupturano padrão comedido e respeitosode relações entre esses múltiplosdomínios e ambientes, representauma ameaça para a atualhumanidade. Ela será um diasubstituída por outra, composta apartir das almas dos mortos, quevivem junto de Janejar, nas aldeiascelestes, onde todos permanecemjovens e fartamente decorados compadrões kusiwa.

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a decorar seus corpos e seusartefatos, em composições infinitas.

Existem muitas narrativas,na tradição oral dos Wajãpi, queexplicam como se repartiu ocontrole dos espaços que seconstituem até hoje como habitatdas espécies que povoam as águas,a floresta, as montanhas, os céuse as bordas da terra. Nessadistribuição, a humanidade temum lugar específico, mas sempreinstável, já que os homens nãoencontraram pronto seu domínio,tendo que forjá-lo, alterando oambiente para criar roças, aldeiase caminhos. Precisaram aindado apoio dos animais que,de acordo com a tradição, lhesensinaram diversas técnicasnecessárias à vida na floresta,além de lhes transmitiremseus repertórios musicais ede padrões decorativos.

a separação entreos animais e oshumanos está aquirepresentada pelovôo dos pássaros,que partem paratodas as direções.eles se pintaram,cada um aoseu modo, comos excrementoscoloridos deanaconda.a diversidadede pássaros e de

anaconda, ou moju,é mestre das águas.em seu domínio subaquático, viveem companhia desuas criaturas,cuja vida socialé tão complexaquanto a doshumanos. kasiripinawajãpi, ™ºº¡.

suas plumagenssimboliza a imensadiversidade dosseres que habitamesse mundo, naconcepção doswajãpi do amapá.arikima wajãpi, ™ººº.

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Para os Wajãpi, os animaistambém têm alma e uma vidasocial semelhante à dos humanos,em contínuo desenvolvimento.As árvores e a maioria das plantas,por sua vez, abrigam almasem corpos de gente, mas desdea diferenciação das espéciespromovida por Janejar no começodos tempos, apenas os xamãstêm acesso a essa realidade.

Janejar, que dirigiu, noinício dos tempos, o destinoda humanidade, significa,literalmente, “nosso dono”.Tudo e todos, neste mundo,pela tradição wajãpi, têm seusrespectivos donos: homens,plantas, animais e até mesmoos elementos que costumamosconsiderar “inanimados”,como as pedras. A principalatribuição dos donos de todosesses seres consiste em tomar

conta de suas criaturas, cuidandode seu crescimento, seu bem-estare seu movimento.

É justamente por existiremmestres específicos que todospodem se reproduzir, mantendoa indispensável diferença.A manutenção da diversidade éum pressuposto importante destacosmologia. Cada porção douniverso conhecido é definidacomo a moradia de um dessesdonos e das espécies que cria econtrola, como se faz comxerimbabos. Mas o criador dahumanidade, Janejar, deixou deexercer este controle desde quefoi embora para sua aldeia celeste.As relações que os humanosmantêm com os donos de animaise de plantas podem então semanifestar por meio de ações decooperação, identificação e curade males e infortúnios, mas

podem igualmente resultar emagressão. Pois o dono da caça – oudos peixes, ou das árvores – vairevidar quando alguém intervierexageradamente em seu domínio.

Para os Wajãpi, os humanos nãosão donos da diversidade existentena terra. Por esta razão, a rupturano padrão comedido e respeitosode relações entre esses múltiplosdomínios e ambientes, representauma ameaça para a atualhumanidade. Ela será um diasubstituída por outra, composta apartir das almas dos mortos, quevivem junto de Janejar, nas aldeiascelestes, onde todos permanecemjovens e fartamente decorados compadrões kusiwa.

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a decorar seus corpos e seusartefatos, em composições infinitas.

Existem muitas narrativas,na tradição oral dos Wajãpi, queexplicam como se repartiu ocontrole dos espaços que seconstituem até hoje como habitatdas espécies que povoam as águas,a floresta, as montanhas, os céuse as bordas da terra. Nessadistribuição, a humanidade temum lugar específico, mas sempreinstável, já que os homens nãoencontraram pronto seu domínio,tendo que forjá-lo, alterando oambiente para criar roças, aldeiase caminhos. Precisaram aindado apoio dos animais que,de acordo com a tradição, lhesensinaram diversas técnicasnecessárias à vida na floresta,além de lhes transmitiremseus repertórios musicais ede padrões decorativos.

a separação entreos animais e oshumanos está aquirepresentada pelovôo dos pássaros,que partem paratodas as direções.eles se pintaram,cada um aoseu modo, comos excrementoscoloridos deanaconda.a diversidadede pássaros e de

anaconda, ou moju,é mestre das águas.em seu domínio subaquático, viveem companhia desuas criaturas,cuja vida socialé tão complexaquanto a doshumanos. kasiripinawajãpi, ™ºº¡.

suas plumagenssimboliza a imensadiversidade dosseres que habitamesse mundo, naconcepção doswajãpi do amapá.arikima wajãpi, ™ººº.

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e bandoleiras de miçanga e pelosadornos de plumária.

A aplicação de padrões gráficosno corpo não está relacionadaà posição social, nem existemdesenhos reservados paradeterminadas categorias deindivíduos ou status. No entanto,o uso da pintura corporal comurucum, jenipapo ou resina variaem acordo com o estado da pessoa:em momentos de resguardo,de luto ou doença, evita-se decoraro corpo com jenipapo ou laca.

Cada um desses revestimentostem sua própria eficácia. Tinta deurucum, resina de cheiro epadrões gráficos aplicados comjenipapo constituem revestimentoscorporais que interferem narelação entre a pessoa e o mundoa sua volta. Com o corpo cobertode urucum e exalando o cheiroforte dessa tinta, ela está

protegida de uma aproximaçãoperigosa dos espíritos da floresta.Por esse motivo, os pajés evitamse revestir de urucum, o queafastaria os espíritos comos quais eles podem mantercomunicação.

Ao contrário do urucum, quedissimula a pessoa, a laca preparadacom resinas perfumadas tem acapacidade de seduzir e amansar.É muito utilizada pelos jovenspara atrair suas namoradas,pelos anfitriões que desejamreceber com alegria hóspedes emuma festa ou pelos desconhecidosque chegam à aldeia.

Os padrões gráficos aplicadoscom jenipapo também aproximamentidades espirituais diversas.São referências diretas à beleza eà potência dos seres do tempodas origens. Considera-se queesses motivos tornam as pessoas

particularmente visíveis aosmortos, que vivem na aldeiaceleste do criador Janejar. Por essemotivo, as pessoas de luto evitamessa decoração, que tambémpode ser perigosa para criançasmuito pequenas.

Nos últimos anos, o campo deaplicação desta arte gráfica, antesreservada ao corpo, tem seampliado muito. Os Wajãpi doAmapá desenvolvem atualmenteseu estilo decorativo em umconjunto variado de suportes.Fazem desenhos nas peças decerâmica destinadas à venda edecoram suas cuias com motivosincisos, utilizados também natecelagem de bolsas e de tipóias,e no trançado de seus cestos.O uso do papel e de canetascoloridas tornou-se um camponovo e muito apreciado para aexpressão artística.

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A pintura corporalA tradição de decorar corpos eobjetos é, para os Wajãpi, umprazer estético e um desafiocriativo, e não marcas étnicas ousímbolos rituais. Não são tatuagensnem decalques, mas pinturasutilizando sementes de urucum,gordura de macaco, suco dejenipapo verde e resinasperfumadas, representandoanimais, como peixes, cobras,pássaros, borboletas ou objetos,como a lima de ferro.

Para decorar o corpo, sãoutilizados três tipos de tintas.O vermelho claro é obtido comsementes de urucum amassadase misturadas com gordura demacaco ou óleo de andiroba.O preto azulado é obtido coma oxidação do suco de jenipapoverde misturado com carvão.O vermelho escuro é uma laca

preparada com diversas resinasde cheiro e urucum.

Muitas vezes, essas tintas sãoaplicadas em justaposição ousobrepostas, como quando ospadrões gráficos são pintados comjenipapo sobre uma camadauniforme de urucum aplicada emtodo o corpo e rosto. Neste,desenhos mais delicados sãoaplicados com as resinas de cheiro.Como pincel, os Wajãpi utilizam

finas lascas de bambu ou de talosde folhas de palmeira,sobre as quaissão enrolados fios de algodão.Partes do corpo podem serdecorados diretamente com o dedoou com chumaços de algodãoembebidos de tinta.

A pintura corporal é umaatividade do cotidiano, realizada noâmbito familiar. Os homens sãopintados pelas esposas e vice-versa.Moças e rapazes apreciam pintar asi próprios, olhando-se emespelhos para compor desenhosatraentes na face. As mães têm umcuidado especial com os filhospequenos, revestindo-os comcamadas de urucum após cadabanho, de manhã e de tarde, esempre renovando as composiçõesde motivos aplicadas com jenipapo.Por ocasião das festas, todos exibemuma decoração mais farta, quandoa pintura é realçada pelos colares

nos braços e nocorpo, composiçãode padrões espinhade peixe. foto:dominique t.gallois.

pai elaboracomposição gráficanas costas do filho.foto: dominique t.gallois.

O sistemacodificadodo grafismokusiwa

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e bandoleiras de miçanga e pelosadornos de plumária.

A aplicação de padrões gráficosno corpo não está relacionadaà posição social, nem existemdesenhos reservados paradeterminadas categorias deindivíduos ou status. No entanto,o uso da pintura corporal comurucum, jenipapo ou resina variaem acordo com o estado da pessoa:em momentos de resguardo,de luto ou doença, evita-se decoraro corpo com jenipapo ou laca.

Cada um desses revestimentostem sua própria eficácia. Tinta deurucum, resina de cheiro epadrões gráficos aplicados comjenipapo constituem revestimentoscorporais que interferem narelação entre a pessoa e o mundoa sua volta. Com o corpo cobertode urucum e exalando o cheiroforte dessa tinta, ela está

protegida de uma aproximaçãoperigosa dos espíritos da floresta.Por esse motivo, os pajés evitamse revestir de urucum, o queafastaria os espíritos comos quais eles podem mantercomunicação.

Ao contrário do urucum, quedissimula a pessoa, a laca preparadacom resinas perfumadas tem acapacidade de seduzir e amansar.É muito utilizada pelos jovenspara atrair suas namoradas,pelos anfitriões que desejamreceber com alegria hóspedes emuma festa ou pelos desconhecidosque chegam à aldeia.

Os padrões gráficos aplicadoscom jenipapo também aproximamentidades espirituais diversas.São referências diretas à beleza eà potência dos seres do tempodas origens. Considera-se queesses motivos tornam as pessoas

particularmente visíveis aosmortos, que vivem na aldeiaceleste do criador Janejar. Por essemotivo, as pessoas de luto evitamessa decoração, que tambémpode ser perigosa para criançasmuito pequenas.

Nos últimos anos, o campo deaplicação desta arte gráfica, antesreservada ao corpo, tem seampliado muito. Os Wajãpi doAmapá desenvolvem atualmenteseu estilo decorativo em umconjunto variado de suportes.Fazem desenhos nas peças decerâmica destinadas à venda edecoram suas cuias com motivosincisos, utilizados também natecelagem de bolsas e de tipóias,e no trançado de seus cestos.O uso do papel e de canetascoloridas tornou-se um camponovo e muito apreciado para aexpressão artística.

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A pintura corporalA tradição de decorar corpos eobjetos é, para os Wajãpi, umprazer estético e um desafiocriativo, e não marcas étnicas ousímbolos rituais. Não são tatuagensnem decalques, mas pinturasutilizando sementes de urucum,gordura de macaco, suco dejenipapo verde e resinasperfumadas, representandoanimais, como peixes, cobras,pássaros, borboletas ou objetos,como a lima de ferro.

Para decorar o corpo, sãoutilizados três tipos de tintas.O vermelho claro é obtido comsementes de urucum amassadase misturadas com gordura demacaco ou óleo de andiroba.O preto azulado é obtido coma oxidação do suco de jenipapoverde misturado com carvão.O vermelho escuro é uma laca

preparada com diversas resinasde cheiro e urucum.

Muitas vezes, essas tintas sãoaplicadas em justaposição ousobrepostas, como quando ospadrões gráficos são pintados comjenipapo sobre uma camadauniforme de urucum aplicada emtodo o corpo e rosto. Neste,desenhos mais delicados sãoaplicados com as resinas de cheiro.Como pincel, os Wajãpi utilizam

finas lascas de bambu ou de talosde folhas de palmeira,sobre as quaissão enrolados fios de algodão.Partes do corpo podem serdecorados diretamente com o dedoou com chumaços de algodãoembebidos de tinta.

A pintura corporal é umaatividade do cotidiano, realizada noâmbito familiar. Os homens sãopintados pelas esposas e vice-versa.Moças e rapazes apreciam pintar asi próprios, olhando-se emespelhos para compor desenhosatraentes na face. As mães têm umcuidado especial com os filhospequenos, revestindo-os comcamadas de urucum após cadabanho, de manhã e de tarde, esempre renovando as composiçõesde motivos aplicadas com jenipapo.Por ocasião das festas, todos exibemuma decoração mais farta, quandoa pintura é realçada pelos colares

nos braços e nocorpo, composiçãode padrões espinhade peixe. foto:dominique t.gallois.

pai elaboracomposição gráficanas costas do filho.foto: dominique t.gallois.

O sistemacodificadodo grafismokusiwa

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– pontilhado: wiriwiri (que indicaum conjunto de peixinhos);– linhas paralelas: kã’gwer(espinha ou osso);– linhas cruzadas: rykyry (traduzidohoje como “lima de ferro”);– linha quebrada: moj(cobra comum) ou moju (jibóiaou anaconda).

Esses elementos nunca estãosoltos numa composição, masenquadrados entre linhas paralelasque contornam as representaçõesde cobras, peixes, rãs, borboletasetc. Cada um é apresentado a partirde um foco específico, ou seja, pelaseleção de uma de suas partes,interna ou externa. A parterepresentada varia muito, de umanimal para outro. Assim, se ospadrões de cobras e de peixesconstituem-se de uma estilização“em transparência” dos seus ossosou espinhas, o jabuti é sinalizado

pelo relevo de seu casco,a borboleta pelo formato de suasasas e a onça pelas manchas de suapelagem. Algumas rãs sãorepresentadas pelas marcas quea espécie apresenta na face e são,segundo os Wajãpi, sua pinturacorporal. Quando se trata dereproduzir grafismos kusiwa,ninguém pensaria em representaruma onça por sua estrutura óssea,um peixe por suas escamas ouuma borboleta pelos desenhosde suas asas.

De um total de cerca de 20janypa kusiwa (padrões da pinturacorporal com jenipapo), alguns sãomais freqüentemente utilizadospara a decoração do corpo e dosartefatos. Pode-se até dizer quecertos padrões deixam de serusados, temporariamente, porqueestão “fora de moda”, e voltarão aser utilizados em outro momento.

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Código de padrões gráficos Os Wajãpi do Amapá possuem umrepertório codificado de padrõesgráficos que representam, deforma sintética e abstrata, partesdo corpo ou da ornamentaçãode animais e de objetos. Em seuconjunto, esse sistema derepresentação gráfica é chamadokusiwa. São hoje 21 padrões, quese transformam de forma dinâmica,com a inclusão de novos elementos,enquanto outros podem entrarem desuso ou se modificaratravés de variantes.

Este repertório, enquanto bemcultural, não é um produtoacabado. Ao contrário, deve seridentificado como um produtohistórico, dinâmico e mutável(Arantes, 2000). Por esta razão,é impossível produzir uma listadefinitiva. Mas a amostragem queaqui se apresenta é plenamente

representativa do repertórioutilizado pelos Wajãpi do Amapános últimos 20 anos, inventariadasatravés de duas/três coleções,reunidas em 1983, 2000 e 2005,respectivamente.

Cada padrão é identificadonominalmente, ou seja, temuma denominação específica,por representar um ser ou objetoindividualizado, existente erepresentativo de algum domíniocósmico. Em relação aos demais,apresenta diferenças expressasformalmente e, por isso, serásempre reconhecido porqualquer adulto Wajãpi doAmapá, independentementede seu grupo local.

Como se pode constatar nasilustrações anexas, é notável avariação interna de cada padrão,que poderia induzir aidentificações diferentes.

No entanto, como se trata deum sistema codificado, todas asversões de um padrão costumamser reconhecidas por um mesmonome. Caso existam termosespecíficos para cadaum dos padrões, também hádenominações para os elementosbásicos do desenho. Os dois traçosmínimos – ponto e linha – sãocompostos de diversas maneiras,identificadas como:

paku kã’gwer(espinha de peixe).waivisi wajãpi, ™ººº.

detalhe decomposição gráfica.matupi wajãpi, ™ººº.

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– pontilhado: wiriwiri (que indicaum conjunto de peixinhos);– linhas paralelas: kã’gwer(espinha ou osso);– linhas cruzadas: rykyry (traduzidohoje como “lima de ferro”);– linha quebrada: moj(cobra comum) ou moju (jibóiaou anaconda).

Esses elementos nunca estãosoltos numa composição, masenquadrados entre linhas paralelasque contornam as representaçõesde cobras, peixes, rãs, borboletasetc. Cada um é apresentado a partirde um foco específico, ou seja, pelaseleção de uma de suas partes,interna ou externa. A parterepresentada varia muito, de umanimal para outro. Assim, se ospadrões de cobras e de peixesconstituem-se de uma estilização“em transparência” dos seus ossosou espinhas, o jabuti é sinalizado

pelo relevo de seu casco,a borboleta pelo formato de suasasas e a onça pelas manchas de suapelagem. Algumas rãs sãorepresentadas pelas marcas quea espécie apresenta na face e são,segundo os Wajãpi, sua pinturacorporal. Quando se trata dereproduzir grafismos kusiwa,ninguém pensaria em representaruma onça por sua estrutura óssea,um peixe por suas escamas ouuma borboleta pelos desenhosde suas asas.

De um total de cerca de 20janypa kusiwa (padrões da pinturacorporal com jenipapo), alguns sãomais freqüentemente utilizadospara a decoração do corpo e dosartefatos. Pode-se até dizer quecertos padrões deixam de serusados, temporariamente, porqueestão “fora de moda”, e voltarão aser utilizados em outro momento.

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Código de padrões gráficos Os Wajãpi do Amapá possuem umrepertório codificado de padrõesgráficos que representam, deforma sintética e abstrata, partesdo corpo ou da ornamentaçãode animais e de objetos. Em seuconjunto, esse sistema derepresentação gráfica é chamadokusiwa. São hoje 21 padrões, quese transformam de forma dinâmica,com a inclusão de novos elementos,enquanto outros podem entrarem desuso ou se modificaratravés de variantes.

Este repertório, enquanto bemcultural, não é um produtoacabado. Ao contrário, deve seridentificado como um produtohistórico, dinâmico e mutável(Arantes, 2000). Por esta razão,é impossível produzir uma listadefinitiva. Mas a amostragem queaqui se apresenta é plenamente

representativa do repertórioutilizado pelos Wajãpi do Amapános últimos 20 anos, inventariadasatravés de duas/três coleções,reunidas em 1983, 2000 e 2005,respectivamente.

Cada padrão é identificadonominalmente, ou seja, temuma denominação específica,por representar um ser ou objetoindividualizado, existente erepresentativo de algum domíniocósmico. Em relação aos demais,apresenta diferenças expressasformalmente e, por isso, serásempre reconhecido porqualquer adulto Wajãpi doAmapá, independentementede seu grupo local.

Como se pode constatar nasilustrações anexas, é notável avariação interna de cada padrão,que poderia induzir aidentificações diferentes.

No entanto, como se trata deum sistema codificado, todas asversões de um padrão costumamser reconhecidas por um mesmonome. Caso existam termosespecíficos para cadaum dos padrões, também hádenominações para os elementosbásicos do desenho. Os dois traçosmínimos – ponto e linha – sãocompostos de diversas maneiras,identificadas como:

paku kã’gwer(espinha de peixe).waivisi wajãpi, ™ººº.

detalhe decomposição gráfica.matupi wajãpi, ™ººº.

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O valor atribuído pelos Wajãpi àpreservação do conjunto desserepertório pôde ser comprovadona comparação das duas coleçõesde desenhos, reunidas em 1983 e2000. Padrões kusiwa realizados porautores diferentes e com umintervalo de 17 anos evidenciam aintegridade deste sistema gráfico.

Mesmo que os Wajãpi nãoidentifiquem subconjuntos depadrões kusiwa, optamos por

apresentá-los numa seqüência queesclarece a riqueza interna dorepertório e a especificidade dasdenominações. Os grafismosconstituem representaçõesanalógicas de seres e de objetos,possibilitando o reconhecimentopor sintetizar os traços maiscaracterísticos de cada modelo,seja ele um animal, um vegetal,um objeto ou um ser sobrenatural.A assimilação de elementos estranhos

é uma característica importante dosistema, evidenciando como essaforma de expressão cultural é capazde incorporar o outro sem perdersua integridade.

Aliás, alguns desenhos utilizadospelos Wajãpi do Amapá sãodifundidos entre os diversos povosindígenas que vivem na região dasGuianas. No entanto, cada grupoidentifica esses padrões comsignificações próprias. A ênfase emrepresentar o domínio aquático,com anacondas e peixes, ressoa numtema mítico significativo em todaa região, que os Wajãpi do Amapáinterpretam à sua maneira econsideram que – como dizem osmitos – os grafismos kusiwa vêmdo fundo dos tempos. É nessesentido que sua reprodução ecombinação expressa, de formaexemplar, uma tradição queconsideram exclusivamente sua:

paku kã’gwer(espinha de peixe).waivisi wajãpi, ™ººº.

abaixodetalhe: pira(peixe). yrowaitewajãpi, ™ººº.

tapi’i ra’yr(filhote de anta).sawer wajãpi, ™ººº.

descrição dospadrões kusiwa

Aramari jibóia aramari; Moju kã’gwer espinhade anaconda, ou sucurijuMoj kupea dorso de cobra Tukã moj cobra-tucanoExistem vários padrões para jibóiasda família boa constrictor,distinguindo-se entre espéciesterrestres (jibóias) e aquáticas(anacondas). Para diferenciá-lasdas cobras comuns, chamadas moj,os Wajãpi do Amapá designam essas“cobras grandes” pelo termogenérico moju. Com suasvariações, moju é uma entidadepoderosa e respeitada. Diz-se queanaconda é dona do mundoaquático e de todos os peixes, eque também controla as serrase formações rochosas. Outro sermonstruoso, chamado tukã moj,

tem aparência de cobra, mas atraisuas vítimas perto da árvoreonde se esconde, cantando comoum tucano.

Pira kã’gwer espinha de peixeSuruvi kã’gwer espinha de peixesurubim Paku kã’gwer espinha de peixe pacuPaku ruvaj rabo de peixe pacuSão essas as quatro alternativaspara a representação de peixes,uma delas focando apenas a parteinterna, ou espinhas. Doispadrões de peixe selecionam,além da estrutura, elementosdecorativos da pele de espéciesespecíficas, como o surubime o pacu, que também gerou umpadrão que reproduz sua cauda.

Anõ kusiwa pintura facial de rã anõ; Murua soka pernas da rã murua; Juve (pintura facial) desta rã.

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O valor atribuído pelos Wajãpi àpreservação do conjunto desserepertório pôde ser comprovadona comparação das duas coleçõesde desenhos, reunidas em 1983 e2000. Padrões kusiwa realizados porautores diferentes e com umintervalo de 17 anos evidenciam aintegridade deste sistema gráfico.

Mesmo que os Wajãpi nãoidentifiquem subconjuntos depadrões kusiwa, optamos por

apresentá-los numa seqüência queesclarece a riqueza interna dorepertório e a especificidade dasdenominações. Os grafismosconstituem representaçõesanalógicas de seres e de objetos,possibilitando o reconhecimentopor sintetizar os traços maiscaracterísticos de cada modelo,seja ele um animal, um vegetal,um objeto ou um ser sobrenatural.A assimilação de elementos estranhos

é uma característica importante dosistema, evidenciando como essaforma de expressão cultural é capazde incorporar o outro sem perdersua integridade.

Aliás, alguns desenhos utilizadospelos Wajãpi do Amapá sãodifundidos entre os diversos povosindígenas que vivem na região dasGuianas. No entanto, cada grupoidentifica esses padrões comsignificações próprias. A ênfase emrepresentar o domínio aquático,com anacondas e peixes, ressoa numtema mítico significativo em todaa região, que os Wajãpi do Amapáinterpretam à sua maneira econsideram que – como dizem osmitos – os grafismos kusiwa vêmdo fundo dos tempos. É nessesentido que sua reprodução ecombinação expressa, de formaexemplar, uma tradição queconsideram exclusivamente sua:

paku kã’gwer(espinha de peixe).waivisi wajãpi, ™ººº.

abaixodetalhe: pira(peixe). yrowaitewajãpi, ™ººº.

tapi’i ra’yr(filhote de anta).sawer wajãpi, ™ººº.

descrição dospadrões kusiwa

Aramari jibóia aramari; Moju kã’gwer espinhade anaconda, ou sucurijuMoj kupea dorso de cobra Tukã moj cobra-tucanoExistem vários padrões para jibóiasda família boa constrictor,distinguindo-se entre espéciesterrestres (jibóias) e aquáticas(anacondas). Para diferenciá-lasdas cobras comuns, chamadas moj,os Wajãpi do Amapá designam essas“cobras grandes” pelo termogenérico moju. Com suasvariações, moju é uma entidadepoderosa e respeitada. Diz-se queanaconda é dona do mundoaquático e de todos os peixes, eque também controla as serrase formações rochosas. Outro sermonstruoso, chamado tukã moj,

tem aparência de cobra, mas atraisuas vítimas perto da árvoreonde se esconde, cantando comoum tucano.

Pira kã’gwer espinha de peixeSuruvi kã’gwer espinha de peixesurubim Paku kã’gwer espinha de peixe pacuPaku ruvaj rabo de peixe pacuSão essas as quatro alternativaspara a representação de peixes,uma delas focando apenas a parteinterna, ou espinhas. Doispadrões de peixe selecionam,além da estrutura, elementosdecorativos da pele de espéciesespecíficas, como o surubime o pacu, que também gerou umpadrão que reproduz sua cauda.

Anõ kusiwa pintura facial de rã anõ; Murua soka pernas da rã murua; Juve (pintura facial) desta rã.

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Sapos e rãs são considerados pelosWajãpi como os “donos da chuva”,pois eles anunciam, com seuscantos, a chegada desta estação.Como se verá adiante, todos osseres da floresta, apesar de suaaparência animal, são na verdadehumanos, que apreciam decorarseus corpos como fazem os Wajãpi.E é a beleza dos motivosdecorativos que esses seresostentam no rosto que sãoreproduzidos nos padrões kusiwa.

Jawi jabotiJakare jacaréTapi’i ra’yr filhote de antaJawara onçaO jaboti e o jacaré também sãorepresentados pelos padrõesdecorativos que eles ostentamem suas costas. O mesmo ocorrecom as marcas das peles daonça e da anta.

Y’o kusiwa lagartaPanã borboletaNo caso da lagarta, o padrãorepresenta um conjunto delas,evidenciando a forma de umacolônia quando se desloca.As borboletas, com suas asas emmovimento, abertas ou fechadas,são também representadas emgrupo, quando pousam emarbustos ou no chão.

O repertório de padrões kusiwainclui, finalmente, quatroartefatos, sinalizados pelos seusaspectos decorativos. São eles:

Meju beijuRykyry lima de ferroUrupe aravekwa ânus da peneiraKaparu kusiwa desenhos parabordunaPara o beiju, além do formatoredondo, reproduz-se o grafismo

que as mulheres desenham namassa de mandioca enquanto elaassa. A lima de ferro é um utensíliode uso cotidiano que apresentatambém um padrão gráfico delinhas cruzadas que o identifica.No caso da peneira, o elementorepresentado é uma parteespecífica: quando iniciam umtrançado com talos de arumã,os Wajãpi cruzam as lascas numformato que chamam de ânus –ou começo – do trançado.Já os grafismos identificadoscomo “desenhos para borduna”são motivos decorativospropriamente ditos, que nãoaludem à forma ou parte destaarma, mas estão integrados aosistema gráfico por representara agressividade dos inimigos(grupos de língua Caribe,vizinhos dos Wajãpi).

aramari jibóia aramari

siro wajãpi, ™ººº-™ºº¡.

siro wajãpi, ™ººº-™ºº¡.

siro wajãpi, ™ººº-™ºº¡.

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Sapos e rãs são considerados pelosWajãpi como os “donos da chuva”,pois eles anunciam, com seuscantos, a chegada desta estação.Como se verá adiante, todos osseres da floresta, apesar de suaaparência animal, são na verdadehumanos, que apreciam decorarseus corpos como fazem os Wajãpi.E é a beleza dos motivosdecorativos que esses seresostentam no rosto que sãoreproduzidos nos padrões kusiwa.

Jawi jabotiJakare jacaréTapi’i ra’yr filhote de antaJawara onçaO jaboti e o jacaré também sãorepresentados pelos padrõesdecorativos que eles ostentamem suas costas. O mesmo ocorrecom as marcas das peles daonça e da anta.

Y’o kusiwa lagartaPanã borboletaNo caso da lagarta, o padrãorepresenta um conjunto delas,evidenciando a forma de umacolônia quando se desloca.As borboletas, com suas asas emmovimento, abertas ou fechadas,são também representadas emgrupo, quando pousam emarbustos ou no chão.

O repertório de padrões kusiwainclui, finalmente, quatroartefatos, sinalizados pelos seusaspectos decorativos. São eles:

Meju beijuRykyry lima de ferroUrupe aravekwa ânus da peneiraKaparu kusiwa desenhos parabordunaPara o beiju, além do formatoredondo, reproduz-se o grafismo

que as mulheres desenham namassa de mandioca enquanto elaassa. A lima de ferro é um utensíliode uso cotidiano que apresentatambém um padrão gráfico delinhas cruzadas que o identifica.No caso da peneira, o elementorepresentado é uma parteespecífica: quando iniciam umtrançado com talos de arumã,os Wajãpi cruzam as lascas numformato que chamam de ânus –ou começo – do trançado.Já os grafismos identificadoscomo “desenhos para borduna”são motivos decorativospropriamente ditos, que nãoaludem à forma ou parte destaarma, mas estão integrados aosistema gráfico por representara agressividade dos inimigos(grupos de língua Caribe,vizinhos dos Wajãpi).

aramari jibóia aramari

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aramari jibóia aramari aramari jibóia aramari

siro wajãpi, ™ººº.mikiuku wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ºº¡.

nekuia wajãpi, ¡ªª£.

siro wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ººº.

nekuia wajãpi, ™ººº.

Page 26: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 4

aramari jibóia aramari aramari jibóia aramari

siro wajãpi, ™ººº.mikiuku wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ºº¡.

nekuia wajãpi, ¡ªª£.

siro wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ººº.

nekuia wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 6

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

kumai wajãpi, ¡ª•£.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

miwã wajãpi, ¡ª•£.

sara wajãpi, ™ººº.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 6

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

kumai wajãpi, ¡ª•£.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

miwã wajãpi, ¡ª•£.

sara wajãpi, ™ººº.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 8

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£. kenewe wajãpi, ™ººº. nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

Page 30: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 2 8

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

moju kã’gwer espinha de anaconda ou sucuriju

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£. kenewe wajãpi, ™ººº. nekuia wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ¡ª•£.

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moj kupea dorso de cobra tukã moj cobra-tucano

siro wajãpi, ™ºº¡.

siro wajãpi, ™ºº¡.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡. siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡. siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 1d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 0

moj kupea dorso de cobra tukã moj cobra-tucano

siro wajãpi, ™ºº¡.

siro wajãpi, ™ºº¡.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡. siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡. siro wajãpi, ¡ª•£-™ºº¡.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 2

tukã moj cobra-tucano pira kã’gwer espinha de peixe

waiwai wajãpi, ™ººº.

kenewe wajãpi, ™ººº. siro wajãpi, ™ºº¡. siro wajãpi, ™ºº¡.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

siro wajãpi, ¡ª•£.sawer wajãpi, ™ººº. marinau wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 2

tukã moj cobra-tucano pira kã’gwer espinha de peixe

waiwai wajãpi, ™ººº.

kenewe wajãpi, ™ººº. siro wajãpi, ™ºº¡. siro wajãpi, ™ºº¡.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

siro wajãpi, ¡ª•£.sawer wajãpi, ™ººº. marinau wajãpi, ™ººº.

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pira kã’gwer espinha de peixe pira peixe

katirina wajãpi, ™ººº.

matupi wajãpi, ™ººº. parua wajãpi, ™ººº.

yrowaite wajãpi, ™ººº.

mo’i wajãpi, ™ººº. yrowaite wajãpi, ™ººº. yrowaite wajãpi, ™ººº.

Page 36: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 4

pira kã’gwer espinha de peixe pira peixe

katirina wajãpi, ™ººº.

matupi wajãpi, ™ººº. parua wajãpi, ™ººº.

yrowaite wajãpi, ™ººº.

mo’i wajãpi, ™ººº. yrowaite wajãpi, ™ººº. yrowaite wajãpi, ™ººº.

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suruvi kã’gwer espinha de peixe suruvi

paku kã’gwer espinha de peixe paku

kujuri wajãpi, ¡ª•£.winipi’i wajãpi, ™ººº.

waivisi wajãpi, ™ººº. waivisi wajãpi, ™ººº.januari wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº.

Page 38: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

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suruvi kã’gwer espinha de peixe suruvi

paku kã’gwer espinha de peixe paku

kujuri wajãpi, ¡ª•£.winipi’i wajãpi, ™ººº.

waivisi wajãpi, ™ººº. waivisi wajãpi, ™ººº.januari wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº.

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paku kã’gwer espinha do peixe paku

paku ruvaj rabo do peixe paku

miwã wajãpi, ¡ª•£.

januari wajãpi, ¡ª•£. nekuia wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£. marawa wajãpi, ™ººº.

jawari wajãpi, ™ººº.

masiri wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 3 8

paku kã’gwer espinha do peixe paku

paku ruvaj rabo do peixe paku

miwã wajãpi, ¡ª•£.

januari wajãpi, ¡ª•£. nekuia wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£. marawa wajãpi, ™ººº.

jawari wajãpi, ™ººº.

masiri wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 1d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 0

anõ kusiwa pintura facial da rã anõ

murua soka pernas da rã murua

nazaré wajãpi, ¡ª•£. siro wajãpi, ¡ª•£-™ººº.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ººº.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

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anõ kusiwa pintura facial da rã anõ

murua soka pernas da rã murua

nazaré wajãpi, ¡ª•£. siro wajãpi, ¡ª•£-™ººº.

siro wajãpi, ¡ª•£-™ººº.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 2

juve pintura facial da rã juve jawi jaboti

nazaré wajãpi, ¡ª•£. kumai wajãpi, ¡ª•£.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£. nazaré wajãpi, ¡ª•£.

Page 44: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 2

juve pintura facial da rã juve jawi jaboti

nazaré wajãpi, ¡ª•£. kumai wajãpi, ¡ª•£.

waivisi wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£. nazaré wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 4

jakare jacaré tapi’i ra’yr filhote de anta

jamy wajãpi, ™ººº.

kuretari wajãpi, ¡ª•£.

kuretari wajãpi, ¡ª•£.

januari wajãpi, ¡ª•£. sawer wajãpi, ™ººº.

Page 46: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 4

jakare jacaré tapi’i ra’yr filhote de anta

jamy wajãpi, ™ººº.

kuretari wajãpi, ¡ª•£.

kuretari wajãpi, ¡ª•£.

januari wajãpi, ¡ª•£. sawer wajãpi, ™ººº.

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jawara onça y’o kusiwa lagarta

arakura wajãpi, ™ººº.

sara wajãpi, ™ººº. teju wajãpi, ™ººº.

werena wajãpi, ¡ª•£.

jamy wajãpi, ™ººº.

parua wajãpi, ™ººº.

waivisi wajãpi, ™ººº.

we’i wajãpi, ™ººº.

Page 48: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

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jawara onça y’o kusiwa lagarta

arakura wajãpi, ™ººº.

sara wajãpi, ™ººº. teju wajãpi, ™ººº.

werena wajãpi, ¡ª•£.

jamy wajãpi, ™ººº.

parua wajãpi, ™ººº.

waivisi wajãpi, ™ººº.

we’i wajãpi, ™ººº.

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panã borboleta panã borboleta

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº. jamy wajãpi, ™ººº.

tue-tue wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

Page 50: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 4 8

panã borboleta panã borboleta

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº. jamy wajãpi, ™ººº.

tue-tue wajãpi, ¡ª•£.

nazaré wajãpi, ¡ª•£.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 1d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 0

rykyry lima de ferromeju beiju

werena wajãpi, ¡ª•£. waivisi wajãpi, ¡ª•£. parua wajãpi, ™ººº.

nazaré wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº.

Page 52: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 1d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 0

rykyry lima de ferromeju beiju

werena wajãpi, ¡ª•£. waivisi wajãpi, ¡ª•£. parua wajãpi, ™ººº.

nazaré wajãpi, ¡ª•£. januari wajãpi, ¡ª•£.

arakura wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 2

urupe aravekwa ânus da peneirakaparu kusiwa desenhos para borduna

wynamea wajãpi, ™ººº. karaviju wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ºº¡. arinã wajãpi, ™ººº.

januari wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ™ººº.

kasiripina wajãpi, ¡ªª∞.

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urupe aravekwa ânus da peneirakaparu kusiwa desenhos para borduna

wynamea wajãpi, ™ººº. karaviju wajãpi, ™ººº.

siro wajãpi, ™ºº¡. arinã wajãpi, ™ººº.

januari wajãpi, ¡ª•£.

nekuia wajãpi, ™ººº.

kasiripina wajãpi, ¡ªª∞.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 5

preto/vermelho da pintura docorpo não permitiria.

Se as formas de reproduçãodo grafismo wajãpi se adaptarama novos suportes e novas técnicas,os conteúdos transmitidos poresta tradição gráfica também estãoincorporando novos temas ouobjetos para a representação,como a bandeira nacional, algumasletras do alfabeto, logomarcasde roupas etc. No entanto,as composições continuammarcadas pela associação deelementos básicos e pela abstraçãocaracterística da linguagemgráfica dos Wajãpi do Amapá.Quando indagados a respeitodos desenhos, os autorespodem até enumerar os padrõesutilizados na composição, masnunca atribuem um significadoao conjunto, dizendo se tratar,sempre e apenas, de kusiwa.

Essa arte decorativa, quepotencializa o prazer estético dadecomposição e recomposição deelementos de um repertório, écompletamente diferente dasrepresentações figurativas que osWajãpi do Amapá também realizamhoje e que denominam -a’ãga,“imagens”. Esse termo, tambémutilizado para as fotografias, indicaque algo da pessoa ou do objetorepresentado – seu princípio vital –

se fazem presentes no desenho.Trazer a alma de seres representadosem desenhos não era parte datradição ou do interesse dos Wajãpie muitos adultos ainda desprezamesse estilo de representação,experimentado pela geração maisjovem, há muito pouco tempo, nocontexto da escola.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 4

Composições a partir dorepertório de padrõesOs desenhos apresentados nocatálogo de padrões gráficos foramrealizados, em folhas de papel,com o mesmo cuidado que setivessem sido aplicados no corpo.Os Wajãpi julgam a beleza doskusiwa a partir de critérios quevalorizam a firmeza do traço –sem respingo nem manchas –e o acabamento – ângulos dospadrões corretamente fechados.Qualquer que seja o suporte,procuram sempre preenchercompletamente o espaçodisponível, o que exige controlena proporção e na composiçãodos elementos gráficos.

Na decoração do corpo –especialmente das costas e daspernas – e nos desenhosespontâneos sobre papel,os padrões kusiwa não são

reproduzidos isoladamente,mas associados entre si paraformar composições complexas.É praticamente impossívelencontrar duas pessoas com omesmo conjunto de padrõespintados em seus corpos.Nos desenhos feitos em novossuportes, essas composições nuncase repetem. Folhas de papelbrancas ou coloridas, canetas etintas diversificadas ampliaramas possibilidades de desdobramentoe de combinação de padrõesgráficos, valorizando tantoo conhecimento do repertóriocomo a expressão individual.As obras apresentadas a seguirevidenciam o encanto com queos Wajãpi se apropriaram dorecurso da cor, que viabiliza aimbricação ou a repetição depadrões básicos, obtendo-seresultados que a sobreposição

detalhes decomposições depadrões kusiwa.

detalhe decomposição.parua wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 5

preto/vermelho da pintura docorpo não permitiria.

Se as formas de reproduçãodo grafismo wajãpi se adaptarama novos suportes e novas técnicas,os conteúdos transmitidos poresta tradição gráfica também estãoincorporando novos temas ouobjetos para a representação,como a bandeira nacional, algumasletras do alfabeto, logomarcasde roupas etc. No entanto,as composições continuammarcadas pela associação deelementos básicos e pela abstraçãocaracterística da linguagemgráfica dos Wajãpi do Amapá.Quando indagados a respeitodos desenhos, os autorespodem até enumerar os padrõesutilizados na composição, masnunca atribuem um significadoao conjunto, dizendo se tratar,sempre e apenas, de kusiwa.

Essa arte decorativa, quepotencializa o prazer estético dadecomposição e recomposição deelementos de um repertório, écompletamente diferente dasrepresentações figurativas que osWajãpi do Amapá também realizamhoje e que denominam -a’ãga,“imagens”. Esse termo, tambémutilizado para as fotografias, indicaque algo da pessoa ou do objetorepresentado – seu princípio vital –

se fazem presentes no desenho.Trazer a alma de seres representadosem desenhos não era parte datradição ou do interesse dos Wajãpie muitos adultos ainda desprezamesse estilo de representação,experimentado pela geração maisjovem, há muito pouco tempo, nocontexto da escola.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 4

Composições a partir dorepertório de padrõesOs desenhos apresentados nocatálogo de padrões gráficos foramrealizados, em folhas de papel,com o mesmo cuidado que setivessem sido aplicados no corpo.Os Wajãpi julgam a beleza doskusiwa a partir de critérios quevalorizam a firmeza do traço –sem respingo nem manchas –e o acabamento – ângulos dospadrões corretamente fechados.Qualquer que seja o suporte,procuram sempre preenchercompletamente o espaçodisponível, o que exige controlena proporção e na composiçãodos elementos gráficos.

Na decoração do corpo –especialmente das costas e daspernas – e nos desenhosespontâneos sobre papel,os padrões kusiwa não são

reproduzidos isoladamente,mas associados entre si paraformar composições complexas.É praticamente impossívelencontrar duas pessoas com omesmo conjunto de padrõespintados em seus corpos.Nos desenhos feitos em novossuportes, essas composições nuncase repetem. Folhas de papelbrancas ou coloridas, canetas etintas diversificadas ampliaramas possibilidades de desdobramentoe de combinação de padrõesgráficos, valorizando tantoo conhecimento do repertóriocomo a expressão individual.As obras apresentadas a seguirevidenciam o encanto com queos Wajãpi se apropriaram dorecurso da cor, que viabiliza aimbricação ou a repetição depadrões básicos, obtendo-seresultados que a sobreposição

detalhes decomposições depadrões kusiwa.

detalhe decomposição.parua wajãpi, ™ººº.

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matupi wajãpi, ™ººº. matupi wajãpi, ™ººº.

winipi’i wajãpi, ™ººº. winipi’i wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 6

matupi wajãpi, ™ººº. matupi wajãpi, ™ººº.

winipi’i wajãpi, ™ººº. winipi’i wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 8

tarakuã’si wajãpi, ™ººº. emyra wajãpi, ™ººº. emyra wajãpi, ™ººº. parua wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 5 8

tarakuã’si wajãpi, ™ººº. emyra wajãpi, ™ººº. emyra wajãpi, ™ººº. parua wajãpi, ™ººº.

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makarato wajãpi, ™ººº. tua wajãpi, ™ººº.

jamy wajãpi, ™ººº. jamy wajãpi, ™ººº.

Page 62: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

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makarato wajãpi, ™ººº. tua wajãpi, ™ººº.

jamy wajãpi, ™ººº. jamy wajãpi, ™ººº.

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katirina wajãpi, ™ººº. wynamea wajãpi, ™ººº.

morapi wajãpi, ¡ªª¢.

sem autor.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 3d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 2

katirina wajãpi, ™ººº. wynamea wajãpi, ™ººº.

morapi wajãpi, ¡ªª¢.

sem autor.

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jawarua wajãpi, ™ººº. namaira wajãpi, ™ººº.

mikiuku wajãpi, ™ººº. viseni wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 4

jawarua wajãpi, ™ººº. namaira wajãpi, ™ººº.

mikiuku wajãpi, ™ººº. viseni wajãpi, ™ººº.

Page 67: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 6

muruti wajãpi, ™ººº. siro wajãpi, ™ºº¡. emyra wajãpi, ™ººº.werena wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 6

muruti wajãpi, ™ººº. siro wajãpi, ™ºº¡. emyra wajãpi, ™ººº.werena wajãpi, ™ººº.

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sara wajãpi, ™ººº. nekuia wajãpi, ¡ª•£.

sara wajãpi, ™ººº. sara wajãpi, ™ººº.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 9d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 6 8

sara wajãpi, ™ººº. nekuia wajãpi, ¡ª•£.

sara wajãpi, ™ººº. sara wajãpi, ™ººº.

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mikiuku wajãpi, ™ººº. we’i wajãpi, ™ººº. werena wajãpi, ¡ª•£.

werena wajãpi, ¡ª•£.

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mikiuku wajãpi, ™ººº. we’i wajãpi, ™ººº. werena wajãpi, ¡ª•£.

werena wajãpi, ¡ª•£.

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miwã wajãpi, ¡ª•£. mikiuku wajãpi, ™ººº. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£.

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miwã wajãpi, ¡ª•£. mikiuku wajãpi, ™ººº. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£.

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pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. jamy wajãpi, ™ººº. waivisi wajãpi, ™ººº.

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pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. pitika e anisio wajãpi, ¡ª•£. jamy wajãpi, ™ººº. waivisi wajãpi, ™ººº.

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Em todas as aldeias, os gruposfamiliares podem identificar

quem são seus respectivos“especialistas” na arte de narrarou de elaborar as mais belascomposições gráficas. A princípio,os idosos – homens e mulheresentre 40 e 60 anos – sãodepositários da tradição. Sãopessoas designadas como jovijãkõ,“nossos líderes”, ou seja, aquelesque conhecem e têm capacidade

DEPOSITÁRIOSDA TRADIÇÃO

de transmitir os conhecimentosherdados do tempo antigo.Os jovens, que sentem estaremperdendo esta capacidade,costumam dizer que jovijã sãoaqueles que sabem “dizer”, ou seja,enunciar esses conhecimentos nospadrões estéticos ainda valorizadospor todos os Wajãpi do Amapá.No quadro as seguir, estão as53 pessoas consideradas “sábias”,como indica a categoria jovijãkõ.

lista de grupos locaisAramirã - Pinoty - Purakenupã:Kumare, Ajãreaty, Taoka, Suinã,Pisika, Sisiwa, Ororiwo, Pororipa

Akaju - YvyraretaJasitu, Kuruari, Nawyka, Karota

Manilha - CTA - Jakareakãgoka - YtuwasuSa’ku, Waivigatu, Jawaton, Pamy,Porã, Matia, Kanyra, Jurara, Turu,Roman, Taruku, Warakupirã

Taitetuwa - PypyinyMatapi, Kaiku, Seremete, Pupira,Paranawari, Kapu’a, Patuku, Atõga,Jereman, Piriri, Araperu

Mariry - Okakai - KumakaryWaiwai, Werena, Parua, Kasiripinã,Taema, Wyrakatu, Mekuja, Taremã,Kujuri, Juramy, Emyra, Waivisi,Pajari, To’a, Teju, Nairu, Siro, Nawai.

Segundo diagnóstico realizadopelos pesquisadores que vêm

atuando e assessorando os Wajãpido Amapá (equipe do ProgramaWajãpi/ Iepé e do NHII-USP)há três fatores de risco para acontinuidade e durabilidade dasformas de expressão gráfica e detransmissão oral dos Wajãpi doAmapá, descritos a seguir:

As pressões crescentesno seu entornoEmbora este grupo viva numaterra que, segundo a legislaçãobrasileira, lhes foi reservadapara uso exclusivo, as pressõescrescentes no seu entorno sefazem sentir não apenas atravésde impactos sociais e ambientais,mas, sobretudo, através dadesvalorização dos conhecimentose práticas culturais queasseguraram, durante gerações,

a sustentabilidade de seu modode vida nesse território.

Desinteresse dos jovens pelosacervos e pelas práticastradicionais, em função de suaaproximação crescente com modosde vida da população não-indígena, que continua vendo adiferença cultural dos Wajãpi comolhar e reações preconceituosas.Essa discriminação tem levado

FATORES DE RISCO DEDESAPARECIMENTO

paranawari, chefedo pypyiny. foto:dominique t.gallois.

aplicando a pinturade urucum. foto:dominique t.gallois.

abaixopreparação de tintade urucum. foto:marina weis.

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Em todas as aldeias, os gruposfamiliares podem identificar

quem são seus respectivos“especialistas” na arte de narrarou de elaborar as mais belascomposições gráficas. A princípio,os idosos – homens e mulheresentre 40 e 60 anos – sãodepositários da tradição. Sãopessoas designadas como jovijãkõ,“nossos líderes”, ou seja, aquelesque conhecem e têm capacidade

DEPOSITÁRIOSDA TRADIÇÃO

de transmitir os conhecimentosherdados do tempo antigo.Os jovens, que sentem estaremperdendo esta capacidade,costumam dizer que jovijã sãoaqueles que sabem “dizer”, ou seja,enunciar esses conhecimentos nospadrões estéticos ainda valorizadospor todos os Wajãpi do Amapá.No quadro as seguir, estão as53 pessoas consideradas “sábias”,como indica a categoria jovijãkõ.

lista de grupos locaisAramirã - Pinoty - Purakenupã:Kumare, Ajãreaty, Taoka, Suinã,Pisika, Sisiwa, Ororiwo, Pororipa

Akaju - YvyraretaJasitu, Kuruari, Nawyka, Karota

Manilha - CTA - Jakareakãgoka - YtuwasuSa’ku, Waivigatu, Jawaton, Pamy,Porã, Matia, Kanyra, Jurara, Turu,Roman, Taruku, Warakupirã

Taitetuwa - PypyinyMatapi, Kaiku, Seremete, Pupira,Paranawari, Kapu’a, Patuku, Atõga,Jereman, Piriri, Araperu

Mariry - Okakai - KumakaryWaiwai, Werena, Parua, Kasiripinã,Taema, Wyrakatu, Mekuja, Taremã,Kujuri, Juramy, Emyra, Waivisi,Pajari, To’a, Teju, Nairu, Siro, Nawai.

Segundo diagnóstico realizadopelos pesquisadores que vêm

atuando e assessorando os Wajãpido Amapá (equipe do ProgramaWajãpi/ Iepé e do NHII-USP)há três fatores de risco para acontinuidade e durabilidade dasformas de expressão gráfica e detransmissão oral dos Wajãpi doAmapá, descritos a seguir:

As pressões crescentesno seu entornoEmbora este grupo viva numaterra que, segundo a legislaçãobrasileira, lhes foi reservadapara uso exclusivo, as pressõescrescentes no seu entorno sefazem sentir não apenas atravésde impactos sociais e ambientais,mas, sobretudo, através dadesvalorização dos conhecimentose práticas culturais queasseguraram, durante gerações,

a sustentabilidade de seu modode vida nesse território.

Desinteresse dos jovens pelosacervos e pelas práticastradicionais, em função de suaaproximação crescente com modosde vida da população não-indígena, que continua vendo adiferença cultural dos Wajãpi comolhar e reações preconceituosas.Essa discriminação tem levado

FATORES DE RISCO DEDESAPARECIMENTO

paranawari, chefedo pypyiny. foto:dominique t.gallois.

aplicando a pinturade urucum. foto:dominique t.gallois.

abaixopreparação de tintade urucum. foto:marina weis.

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muitos jovens a esconder edepreciar sua identidade indígena,levando alguns a crises profundasde angústia e/ou disputas comos adultos, que resultaram atéem suicídios.

Risco de folclorização e demercantilização dos saberestradicionaisesvaziamento dos seus conteúdossimbólicos, especialmente ossignificados e usos do sistemagráfico kusiwa, decorrente de suaexcessiva exposição ou difusãoa públicos externos, sem que osdetentores desses saberes e usuáriosdessas práticas possam se contraporàs iniciativas danosas, seja porfalta de compreensão do sistemamercantil e dos impactos daglobalização, seja por interesseimediatista em comercializarelementos de sua cultura.

Tal descentramento da produçãocultural – quando passa a serdirecionada e/ou integrada aosistema de informação e deconsumo mais amplos – costumaresultar no enfraquecimento daslealdades culturais (cfr. P. Montero,1998). É exatamente esteprocesso que está ocorrendoentre os Wajãpi do Amapá.

Verifica-se, entretanto, umintenso trabalho de reflexão paracontrolar a difícil passagem“dos kusiwa à escrita”. Por estaremmuito envolvidos nos programasde alfabetização bilíngüe, a maiorparte dos jovens vem procurandotraduzir conhecimentos e adaptarnovos instrumentos para oseu próprio universo conceitual.Estão particularmente interessadosem se apropriar da escrita,considerando o poder que nossasociedade atribui a essa forma

de registro e de transmissão desaber. E é nesse processo que osacervos culturais tradicionais e,em particular, suas variadas formasde linguagem não escrita, comoo sistema gráfico kusiwa,encontram-se ameaçados.

A ampliação de significadosatribuídos ao termo kusiwarepresenta, por si só, um desafiopara os jovens Wajãpi quefreqüentam a escola, considerandoas múltiplas transposiçõesconceituais que a expressão carregae que não estão simetricamentedisponíveis quando se passa deuma cultura a outra.

O termo kusiwa refere-se ao“dente da cotia”, akusi, utilizadopelos antigos Wajãpi comoinstrumento para fazer incisões.Kusi era o vocábulo antesexclusivamente utilizado paradesignar qualquer traço, risco

ou desenho produzido cominstrumental variado, em pedras,cerâmica, ou ainda no corpo, parafins decorativos ou terapêuticos.Hoje, kusiwa – literalmente,“o caminho do risco” – tambémrefere-se à escrita.

Noções complexas como esta,quando transpostas ao único espaçoda escola, acabam por reduzira abrangência dos contextos designificação que o termo expressa.O mesmo processo está ocorrendocom o termo ayvu, a “palavra”,“os ditos”. O termo refere-se auma prática carregada de sentidose vinculada à transmissão oral deconhecimentos e de reflexões, quese encontra ameaçada pelo impactoda escola convencional, que nãocostuma valorizar essa forma deexpressão cultural.

waiwai, chefe demariry. foto:dominique t.gallois.

abaixo, à esquerdapintura dorsal.foto: marina weis.

abaixo, à direitadesenhando comjenipapo.foto: dominiquet. gallois.

pintura dorsale facial.foto: dominiquet. gallois.

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muitos jovens a esconder edepreciar sua identidade indígena,levando alguns a crises profundasde angústia e/ou disputas comos adultos, que resultaram atéem suicídios.

Risco de folclorização e demercantilização dos saberestradicionaisesvaziamento dos seus conteúdossimbólicos, especialmente ossignificados e usos do sistemagráfico kusiwa, decorrente de suaexcessiva exposição ou difusãoa públicos externos, sem que osdetentores desses saberes e usuáriosdessas práticas possam se contraporàs iniciativas danosas, seja porfalta de compreensão do sistemamercantil e dos impactos daglobalização, seja por interesseimediatista em comercializarelementos de sua cultura.

Tal descentramento da produçãocultural – quando passa a serdirecionada e/ou integrada aosistema de informação e deconsumo mais amplos – costumaresultar no enfraquecimento daslealdades culturais (cfr. P. Montero,1998). É exatamente esteprocesso que está ocorrendoentre os Wajãpi do Amapá.

Verifica-se, entretanto, umintenso trabalho de reflexão paracontrolar a difícil passagem“dos kusiwa à escrita”. Por estaremmuito envolvidos nos programasde alfabetização bilíngüe, a maiorparte dos jovens vem procurandotraduzir conhecimentos e adaptarnovos instrumentos para oseu próprio universo conceitual.Estão particularmente interessadosem se apropriar da escrita,considerando o poder que nossasociedade atribui a essa forma

de registro e de transmissão desaber. E é nesse processo que osacervos culturais tradicionais e,em particular, suas variadas formasde linguagem não escrita, comoo sistema gráfico kusiwa,encontram-se ameaçados.

A ampliação de significadosatribuídos ao termo kusiwarepresenta, por si só, um desafiopara os jovens Wajãpi quefreqüentam a escola, considerandoas múltiplas transposiçõesconceituais que a expressão carregae que não estão simetricamentedisponíveis quando se passa deuma cultura a outra.

O termo kusiwa refere-se ao“dente da cotia”, akusi, utilizadopelos antigos Wajãpi comoinstrumento para fazer incisões.Kusi era o vocábulo antesexclusivamente utilizado paradesignar qualquer traço, risco

ou desenho produzido cominstrumental variado, em pedras,cerâmica, ou ainda no corpo, parafins decorativos ou terapêuticos.Hoje, kusiwa – literalmente,“o caminho do risco” – tambémrefere-se à escrita.

Noções complexas como esta,quando transpostas ao único espaçoda escola, acabam por reduzira abrangência dos contextos designificação que o termo expressa.O mesmo processo está ocorrendocom o termo ayvu, a “palavra”,“os ditos”. O termo refere-se auma prática carregada de sentidose vinculada à transmissão oral deconhecimentos e de reflexões, quese encontra ameaçada pelo impactoda escola convencional, que nãocostuma valorizar essa forma deexpressão cultural.

waiwai, chefe demariry. foto:dominique t.gallois.

abaixo, à esquerdapintura dorsal.foto: marina weis.

abaixo, à direitadesenhando comjenipapo.foto: dominiquet. gallois.

pintura dorsale facial.foto: dominiquet. gallois.

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O sistema gráfico kusiwa operacomo um catalisador para a

expressão de conhecimentos e depráticas que envolvem desderelações sociais, crenças religiosase tecnologias, até valores estéticos emorais. O excepcional valor destaforma de expressão está nacapacidade de condensar,transmitir e renovar – por meio dacriatividade dos desenhistas e dosnarradores – todos os elementosparticulares e únicos de um modode pensar e de estar no mundo,próprio dos Wajãpi do Amapá.

Partindo do pressuposto de queconhecimento é uma das principaismodalidades da cultura, o sistemagráfico kusiwa constitui umaexpressão cultural excepcional eabsolutamente particular do grupoWajãpi do Amapá. Seu usocotidiano e seu valor estético sãocapazes de condensar elementos

da complexa cosmologia a que estegrupo indígena da Amazôniabrasileira se reporta parainterpretar e agir sobre distintosdomínios do universo, terrestre,celeste, aquático etc.

Na vida dos Wajãpi do Amapá,a presença de seres não humanos quecompartilham modos de vida sociale circulam nos mesmos espaços estáposta desde a origem dos tempos econtinua manifestando-se no dia-a-dia. Nas atividades diáriasrealizadas nas roças e na floresta,nos modos de preparar alimentos,nos cuidados com as crianças, nasrestrições alimentares e de acessoa certos ambientes, nos sonhos,na música etc., manifesta-se umelo profundo entre todos os seresque compartilham os mesmosambientes. E é deste elo que“falam” os grafismos kusiwa e asnarrativas que os complementam.

O sistema gráfico kusiwaconstitui, portanto, uma linguagemque sintetiza o modo particularcomo os Wajãpi do Amapáconhecem, concebem e agem sobreo universo. É potencializado pelossaberes transmitidos oralmente, quecontextualizam a origem e os efeitosdos grafismos, usados para decorarcorpos e objetos, combinandopadrões em composiçõescriadas individualmente quenunca se repetem.

Trata-se, entretanto, de umalinguagem gráfica que não tem porúnica função a decoração corporalou o embelezamento de objetos,nem se limita à expressão daidentidade étnica. Os grafismoskusiwa têm, sobretudo, uma eficáciasimbólica que atualizapermanentemente um mododiferenciado de pensar e deexperimentar a relação com

O VALOR DAS FORMASDE EXPRESSÃOGRÁFICAS E ORAISDOS WAJÃPI

APRESENTAÇÃO

página ao ladopintura facial.foto: dominiquet. gallois.

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O sistema gráfico kusiwa operacomo um catalisador para a

expressão de conhecimentos e depráticas que envolvem desderelações sociais, crenças religiosase tecnologias, até valores estéticos emorais. O excepcional valor destaforma de expressão está nacapacidade de condensar,transmitir e renovar – por meio dacriatividade dos desenhistas e dosnarradores – todos os elementosparticulares e únicos de um modode pensar e de estar no mundo,próprio dos Wajãpi do Amapá.

Partindo do pressuposto de queconhecimento é uma das principaismodalidades da cultura, o sistemagráfico kusiwa constitui umaexpressão cultural excepcional eabsolutamente particular do grupoWajãpi do Amapá. Seu usocotidiano e seu valor estético sãocapazes de condensar elementos

da complexa cosmologia a que estegrupo indígena da Amazôniabrasileira se reporta parainterpretar e agir sobre distintosdomínios do universo, terrestre,celeste, aquático etc.

Na vida dos Wajãpi do Amapá,a presença de seres não humanos quecompartilham modos de vida sociale circulam nos mesmos espaços estáposta desde a origem dos tempos econtinua manifestando-se no dia-a-dia. Nas atividades diáriasrealizadas nas roças e na floresta,nos modos de preparar alimentos,nos cuidados com as crianças, nasrestrições alimentares e de acessoa certos ambientes, nos sonhos,na música etc., manifesta-se umelo profundo entre todos os seresque compartilham os mesmosambientes. E é deste elo que“falam” os grafismos kusiwa e asnarrativas que os complementam.

O sistema gráfico kusiwaconstitui, portanto, uma linguagemque sintetiza o modo particularcomo os Wajãpi do Amapáconhecem, concebem e agem sobreo universo. É potencializado pelossaberes transmitidos oralmente, quecontextualizam a origem e os efeitosdos grafismos, usados para decorarcorpos e objetos, combinandopadrões em composiçõescriadas individualmente quenunca se repetem.

Trata-se, entretanto, de umalinguagem gráfica que não tem porúnica função a decoração corporalou o embelezamento de objetos,nem se limita à expressão daidentidade étnica. Os grafismoskusiwa têm, sobretudo, uma eficáciasimbólica que atualizapermanentemente um mododiferenciado de pensar e deexperimentar a relação com

O VALOR DAS FORMASDE EXPRESSÃOGRÁFICAS E ORAISDOS WAJÃPI

APRESENTAÇÃO

página ao ladopintura facial.foto: dominiquet. gallois.

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portanto, a um processo culturalvivo, ou seja, dinamicamenteenriquecido pela experiência desucessivas gerações.

Se a relação do sistema gráficocom a mitologia é evidente, nãodeixa de ser extremamentecomplexa. Sem dúvida, a mitologiapode ser considerada como o pontode convergência dos múltiplosaspectos da experiência e dossentimentos que movimentam acultura de um povo: relações como ambiente natural, relações deparentesco, relações políticas,crenças e práticas religiosas, usose costumes diversos. É nessesentido que a transmissão dasnarrativas míticas é complementarà expressão gráfica; esta não éapenas a “ilustração” da mitologiae nem a mitologia é “legenda”dos padrões gráficos (cfr. BarcelosNeto, 1999).

Os mitos são enunciados quedependem da vivência de cada um;são ditos, não são textos. Como sãofalas situadas, importa saber porque tal pessoa contou determinadahistória neste e naquele momento,produzindo enunciados semprenovos. Da mesma forma, a arte decombinar padrões kusiwa, aplicadosno corpo, em objetos ou em folhasde papel, resulta sempre emcomposições inéditas. Quando os

Wajãpi do Amapá desenham,é notável a segurança no traço,comparável à fluidez discursivae à capacidade de construirnarrativas sempre atualizadas.É nesta capacidade criativa daexpressão gráfica e oral que se devebuscar correspondências ecomplementaridade. Ou seja, nãose trata de se perguntar “o quê”desenhos e mitos devem continuarsignificando, mas de se perguntar“como” eles podem continuara criar significados culturais.

Como definiu Lévi-Strauss(1963), os mitos constituem odiscurso de uma sociedade, parao qual não há um emissor pessoal,já que todo mito remete a umoutro mito, do qual retomaelementos para reorganizá-los,como se faz na bricolagem.Não se deve procurar portanto,numa narrativa ou numa

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 2

o outro, seja este animal, vegetal,humano ou não humano, índioou não índio, parceiro ou inimigo.Assim, o sistema gráfico e asnarrativas acopladas nãoexpressam apenas taxinomias,crenças e sentimentos, mastambém processos históricos,que continuam validando osmodos particulares de conhecerque os Wajãpi do Amapá utilizampara se situar no mundocontemporâneo. Eles contêm,ao mesmo tempo, um saber sobreas origens e o destino dahumanidade, preceitos morais evalores estéticos, assim como todoum conjunto de conhecimentospráticos para o manejo do seupróprio meio-ambiente.Também armazenam a históriade suas relações com outros gruposda região, incluindo a populaçãonão-indígena. Remetem,

wajãpi do rioaraguari em ¡•¶§.jules crevaux. decayenne aux andes,¡•¶§-¡•¶ª. paris,ed. phébus, ¡ª•¶.

tecelagem de umatipóia. foto:dominiquet. gallois.

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portanto, a um processo culturalvivo, ou seja, dinamicamenteenriquecido pela experiência desucessivas gerações.

Se a relação do sistema gráficocom a mitologia é evidente, nãodeixa de ser extremamentecomplexa. Sem dúvida, a mitologiapode ser considerada como o pontode convergência dos múltiplosaspectos da experiência e dossentimentos que movimentam acultura de um povo: relações como ambiente natural, relações deparentesco, relações políticas,crenças e práticas religiosas, usose costumes diversos. É nessesentido que a transmissão dasnarrativas míticas é complementarà expressão gráfica; esta não éapenas a “ilustração” da mitologiae nem a mitologia é “legenda”dos padrões gráficos (cfr. BarcelosNeto, 1999).

Os mitos são enunciados quedependem da vivência de cada um;são ditos, não são textos. Como sãofalas situadas, importa saber porque tal pessoa contou determinadahistória neste e naquele momento,produzindo enunciados semprenovos. Da mesma forma, a arte decombinar padrões kusiwa, aplicadosno corpo, em objetos ou em folhasde papel, resulta sempre emcomposições inéditas. Quando os

Wajãpi do Amapá desenham,é notável a segurança no traço,comparável à fluidez discursivae à capacidade de construirnarrativas sempre atualizadas.É nesta capacidade criativa daexpressão gráfica e oral que se devebuscar correspondências ecomplementaridade. Ou seja, nãose trata de se perguntar “o quê”desenhos e mitos devem continuarsignificando, mas de se perguntar“como” eles podem continuara criar significados culturais.

Como definiu Lévi-Strauss(1963), os mitos constituem odiscurso de uma sociedade, parao qual não há um emissor pessoal,já que todo mito remete a umoutro mito, do qual retomaelementos para reorganizá-los,como se faz na bricolagem.Não se deve procurar portanto,numa narrativa ou numa

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o outro, seja este animal, vegetal,humano ou não humano, índioou não índio, parceiro ou inimigo.Assim, o sistema gráfico e asnarrativas acopladas nãoexpressam apenas taxinomias,crenças e sentimentos, mastambém processos históricos,que continuam validando osmodos particulares de conhecerque os Wajãpi do Amapá utilizampara se situar no mundocontemporâneo. Eles contêm,ao mesmo tempo, um saber sobreas origens e o destino dahumanidade, preceitos morais evalores estéticos, assim como todoum conjunto de conhecimentospráticos para o manejo do seupróprio meio-ambiente.Também armazenam a históriade suas relações com outros gruposda região, incluindo a populaçãonão-indígena. Remetem,

wajãpi do rioaraguari em ¡•¶§.jules crevaux. decayenne aux andes,¡•¶§-¡•¶ª. paris,ed. phébus, ¡ª•¶.

tecelagem de umatipóia. foto:dominiquet. gallois.

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Não é a linguagem em abstratoque interessa salvaguardar ourevitalizar, mas seus modos deexecução – ou seja, sua capacidadede combinação e atualização – emconformidade com uma tradiçãoreconhecida pelos membros maisidosos do grupo Wajãpi do Amapá.Como são formas de expressão ecomunicação desenvolvidas emconformidade com padrõesde qualidade, são esses padrõesque devem ser preservados.Cabe ressaltar mais uma vez que,tanto no sistema gráfico como naenunciação de narrativas do corpusmítico, não há cânone, nemfixidez. Assim sendo, não se tratade reproduzir, mas sim decompor, interpretar, paracomunicar algo novo. Esta formade expressão gráfica e oralconstitui, portanto, seu próprioarcabouço transformativo.

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composição de padrões kusiwa,o reflexo de alguma instituição oualguma relação específica de ordemcausal com determinado ser, visívelou invisível. Entre os Wajãpi doAmapá, as narrativas (ayvu kwer –“palavras ditas”) não sãoconsideradas réplicas de umarealidade, mas interpretaçõesparticulares que, pelo seu acúmuloe combinações, dão sentido efundamento aos saberes sobre

os elementos do cosmos, às relaçõesentre humanos e não humanos etc.

Segundo E. Samain, os moroneta(mitos e, ao mesmo tempo,desenhos) dos índios kamayurás doXingu também são “figuras de umarealidade, presente e ausente, sema qual não teriam existência e,ao mesmo tempo, os espelhosnecessários sem os quais não sepoderia nem pensar nem recriara atualidade” (1991:77).

Arte gráfica e arte verbal podem,efetivamente, ser descritas como artesde caráter efêmero, e é justamenteessa característica que lhes conferevalor, por corresponder amecanismos cognitivos que refletema visão e os sentidos ativados paraa produção de discursos estéticosparticulares (cf. Van Velthem,2002). São, portanto, osoperadores por excelência desaberes acumulados e sempre

atualizados na memória coletiva dosWajãpi do Amapá, a respeito dasinterrelações entre todos osdistintos seres – humanos e nãohumanos, Wajãpi e não Wajãpi –que compartilham seu mundo.

O valor excepcional desta formade expressão gráfica deriva de suacapacidade de gerar infinitascomposições, criações sempreinéditas, elaboradas a partir de umrepertório de temas e motivos quetestemunha a relação particularconstruída por este grupo comseu meio social e ambiental.A decoração da pele, de objetosou de folhas de papel abre apossibilidade de múltiplascombinações, tanto quanto estãosempre abertas as alternativas parainterpretar, oral e localmente,experiências de relacionamentoentre os seres e grupos quehabitam esse mundo.

detalhe decomposiçãográfica. karavijuwajãpi, ™ººº.

abaixoa narração de mitos.foto: dominiquet. gallois.

a festa do peixepacu. foto:dominique t.gallois.

Page 86: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 5

Não é a linguagem em abstratoque interessa salvaguardar ourevitalizar, mas seus modos deexecução – ou seja, sua capacidadede combinação e atualização – emconformidade com uma tradiçãoreconhecida pelos membros maisidosos do grupo Wajãpi do Amapá.Como são formas de expressão ecomunicação desenvolvidas emconformidade com padrõesde qualidade, são esses padrõesque devem ser preservados.Cabe ressaltar mais uma vez que,tanto no sistema gráfico como naenunciação de narrativas do corpusmítico, não há cânone, nemfixidez. Assim sendo, não se tratade reproduzir, mas sim decompor, interpretar, paracomunicar algo novo. Esta formade expressão gráfica e oralconstitui, portanto, seu próprioarcabouço transformativo.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 4

composição de padrões kusiwa,o reflexo de alguma instituição oualguma relação específica de ordemcausal com determinado ser, visívelou invisível. Entre os Wajãpi doAmapá, as narrativas (ayvu kwer –“palavras ditas”) não sãoconsideradas réplicas de umarealidade, mas interpretaçõesparticulares que, pelo seu acúmuloe combinações, dão sentido efundamento aos saberes sobre

os elementos do cosmos, às relaçõesentre humanos e não humanos etc.

Segundo E. Samain, os moroneta(mitos e, ao mesmo tempo,desenhos) dos índios kamayurás doXingu também são “figuras de umarealidade, presente e ausente, sema qual não teriam existência e,ao mesmo tempo, os espelhosnecessários sem os quais não sepoderia nem pensar nem recriara atualidade” (1991:77).

Arte gráfica e arte verbal podem,efetivamente, ser descritas como artesde caráter efêmero, e é justamenteessa característica que lhes conferevalor, por corresponder amecanismos cognitivos que refletema visão e os sentidos ativados paraa produção de discursos estéticosparticulares (cf. Van Velthem,2002). São, portanto, osoperadores por excelência desaberes acumulados e sempre

atualizados na memória coletiva dosWajãpi do Amapá, a respeito dasinterrelações entre todos osdistintos seres – humanos e nãohumanos, Wajãpi e não Wajãpi –que compartilham seu mundo.

O valor excepcional desta formade expressão gráfica deriva de suacapacidade de gerar infinitascomposições, criações sempreinéditas, elaboradas a partir de umrepertório de temas e motivos quetestemunha a relação particularconstruída por este grupo comseu meio social e ambiental.A decoração da pele, de objetosou de folhas de papel abre apossibilidade de múltiplascombinações, tanto quanto estãosempre abertas as alternativas parainterpretar, oral e localmente,experiências de relacionamentoentre os seres e grupos quehabitam esse mundo.

detalhe decomposiçãográfica. karavijuwajãpi, ™ººº.

abaixoa narração de mitos.foto: dominiquet. gallois.

a festa do peixepacu. foto:dominique t.gallois.

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S e ainda existem no Brasil 210grupos indígenas, falantes de

mais de 180 línguas diferentes,poucos são aqueles que aindautilizam e valorizam suas formasparticulares de conhecer erelacionar-se com seu meio. Elasdependem muito de equilíbriosocial e ambiental, indispensáveispara a manutenção dos sentidos edas dinâmicas próprias detransmissão e experimentação desaberes e práticas milenares.Condições que a maior parte dapopulação indígena perdeu emdecorrência dos impactos doconvívio com a sociedade nacionale da exclusão cultural a que vemsendo submetida pelo preconceitoainda enraizado no olhar eno tratamento que os índiosrecebem no País.

São muito poucos os gruposindígenas no Brasil – e praticamente

todos eles localizados nas regiõesde mais recente colonização naAmazônia – que ainda mantêmautonomia em sua capacidade decriar sentidos e expressá-los apartir de esquemas próprios.Esse preocupante cenário ocorreespecialmente porque suas línguasse vêem cada vez mais depauperadasfrente à necessidade de utilizara língua nacional para aindispensável comunicação

interétnica. Da mesma forma, suasformas de manejo de recursos, suasmaneiras de experimentar e criarconhecimento técnico deixam deser valorizadas diante da presençamaciça de tecnologias ocidentaismodernas. O que sobra, namaioria dos casos, são fragmentosde saberes e de formas de expressãoque estão rapidamente caindo emdesuso, ou estão sendofolclorizadas porque destinadasa outros usos, decorrentes dainserção dos índios nas economiasde mercado e nas redesglobalizadas de relações.

Os Wajãpi do Amapárepresentam um entre esses rarosgrupos indígenas amazônicos queaté hoje conseguiu manter ativasua cosmovisão, manifestaespecialmente em valores epráticas xamanísticas, e que estacomunidade está preocupada em

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 6

Cabe também lembrar que asidéias e as emoções associadas auma história não são evocadasapenas no momento da suanarração, mas também através detodo um conjunto de práticasrituais, de cantos e de danças.Assim, é essencial considerar ocaráter integrado das práticasartísticas das sociedades indígenas,como é o caso dos Wajãpi doAmapá, para quem a arte gráficae a arte verbal não são para acontemplação, mas para atransmissão de valores. Se oselencos decorativos e as narrativasmíticas proporcionam afirmaçãoétnica, é muito mais comoconseqüência do que como umobjetivo em si. De acordo com VanVelthem (2000), o objetivo é acompreensão do universo no seutodo e nas suas diferentes partes,assim como a inserção individual

e coletiva dos homens e seusobjetos nesses âmbitos.

Por esta razão, é de valorexcepcional a capacidade deatualização do sistema gráfico kusiwa– assim como da tradição oral –que proporciona à comunidademeios de adaptação a novasrealidades. Narrativas sãoreelaboradas, novos padrõesdecorativos são apreendidos ereformulados, mas sempre no

sentido de uma apropriaçãoincorporada ao sistema de valorese significados mais vastos.É por isso que arte gráfica e arteverbal devem ser preservadas, nãocomo expressões de um passado,mas como formas contemporâneasde codificação de significadosculturais próprios do grupoWajãpi do Amapá.

UMA TRADIÇÃOCULTURAL VIVA

jovens no postoaramirá. foto:dominiquet. gallois.

detalhe padrãopira kã’gwer.miwã, ¡ª•£.

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S e ainda existem no Brasil 210grupos indígenas, falantes de

mais de 180 línguas diferentes,poucos são aqueles que aindautilizam e valorizam suas formasparticulares de conhecer erelacionar-se com seu meio. Elasdependem muito de equilíbriosocial e ambiental, indispensáveispara a manutenção dos sentidos edas dinâmicas próprias detransmissão e experimentação desaberes e práticas milenares.Condições que a maior parte dapopulação indígena perdeu emdecorrência dos impactos doconvívio com a sociedade nacionale da exclusão cultural a que vemsendo submetida pelo preconceitoainda enraizado no olhar eno tratamento que os índiosrecebem no País.

São muito poucos os gruposindígenas no Brasil – e praticamente

todos eles localizados nas regiõesde mais recente colonização naAmazônia – que ainda mantêmautonomia em sua capacidade decriar sentidos e expressá-los apartir de esquemas próprios.Esse preocupante cenário ocorreespecialmente porque suas línguasse vêem cada vez mais depauperadasfrente à necessidade de utilizara língua nacional para aindispensável comunicação

interétnica. Da mesma forma, suasformas de manejo de recursos, suasmaneiras de experimentar e criarconhecimento técnico deixam deser valorizadas diante da presençamaciça de tecnologias ocidentaismodernas. O que sobra, namaioria dos casos, são fragmentosde saberes e de formas de expressãoque estão rapidamente caindo emdesuso, ou estão sendofolclorizadas porque destinadasa outros usos, decorrentes dainserção dos índios nas economiasde mercado e nas redesglobalizadas de relações.

Os Wajãpi do Amapárepresentam um entre esses rarosgrupos indígenas amazônicos queaté hoje conseguiu manter ativasua cosmovisão, manifestaespecialmente em valores epráticas xamanísticas, e que estacomunidade está preocupada em

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 6

Cabe também lembrar que asidéias e as emoções associadas auma história não são evocadasapenas no momento da suanarração, mas também através detodo um conjunto de práticasrituais, de cantos e de danças.Assim, é essencial considerar ocaráter integrado das práticasartísticas das sociedades indígenas,como é o caso dos Wajãpi doAmapá, para quem a arte gráficae a arte verbal não são para acontemplação, mas para atransmissão de valores. Se oselencos decorativos e as narrativasmíticas proporcionam afirmaçãoétnica, é muito mais comoconseqüência do que como umobjetivo em si. De acordo com VanVelthem (2000), o objetivo é acompreensão do universo no seutodo e nas suas diferentes partes,assim como a inserção individual

e coletiva dos homens e seusobjetos nesses âmbitos.

Por esta razão, é de valorexcepcional a capacidade deatualização do sistema gráfico kusiwa– assim como da tradição oral –que proporciona à comunidademeios de adaptação a novasrealidades. Narrativas sãoreelaboradas, novos padrõesdecorativos são apreendidos ereformulados, mas sempre no

sentido de uma apropriaçãoincorporada ao sistema de valorese significados mais vastos.É por isso que arte gráfica e arteverbal devem ser preservadas, nãocomo expressões de um passado,mas como formas contemporâneasde codificação de significadosculturais próprios do grupoWajãpi do Amapá.

UMA TRADIÇÃOCULTURAL VIVA

jovens no postoaramirá. foto:dominiquet. gallois.

detalhe padrãopira kã’gwer.miwã, ¡ª•£.

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N ão é da natureza dos saberese práticas criadoras de

significados culturais, como osistema gráfico e a arte verbal dosWajãpi do Amapá, serem associadosà identidade. Nem era sua funçãoou característica constituírem-secomo “patrimônio”, mas osimpactos das transformaçõessociais, ambientais e econômicasa que estão sendo submetidos vêmfortalecendo o entendimento dadiferença que sua condição de“índios” representa. Afinal, há30 anos são vítimas de invasões,destruição de suas terras e perdade qualidade de vida devido a suacrescente dependência daeconomia de mercado.

No bojo dessas rápidastransformações processam-setambém, de forma acelerada,significativas mudanças de valoresna nova geração. Mais da metade

da população desse pequeno grupodo Amapá já nasceu num contextoem que a escrita aprendida naescola para dar conta de saberes“dos brancos”, do dinheiro etc.é percebida como prática cotidianamais atraente do que o modo devida dos “antigos”.

É também nesse contexto,entretanto, que a arte gráfica e astradições orais acopladas passam aser reconhecidas como suportesexemplares para a expressão de umrepertório diferenciado de saberes,sendo percebidas como exclusivasdo grupo. Do ponto de vista dosWajãpi do Amapá, o sistema gráficokusiwa tem valor excepcional,justamente por evidenciar um“estilo próprio” e ser umaexpressão adequada para enunciara especificidade cultural dessacomunidade. Sua valorizaçãointerna tem crescido com sua

utilização para marcar fronteirassimbólicas e políticas e tornou-se,hoje, um dos elementos maissignificativos da auto-imagemconstruída pelos Wajãpi.

O sistema é uma referênciapor carregar uma idéia de verdade,consensualmente aceita etransmitida há gerações. Verdadeque é agora conscientementevalorizada como parte do conjuntode manifestações e representaçõesque os Wajãpi do Amapáconstroem para se diferenciar nãoapenas da população não-indígenada região, mas de todos osdemais grupos indígenas,inclusive de seus distantes parentesWajãpi da Guiana Francesa.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 8 8

continuar alimentando através daoralidade e de formas de expressãopróprias – como é o caso dosistema gráfico kusiwa. Esta situaçãoprivilegiada está em constantedesequilíbrio nos últimos anos,podendo ruir logo adiante, emmeio às próximas gerações, quandose terão perdido as condiçõesindispensáveis para a suasignificação e a sua transmissão.

Na vivência da maior parte dapopulação Wajãpi do Amapá, osistema gráfico é a principalreferência para a estética e saberescosmológicos que seus ancestraisvêm lhes transmitindo há gerações.Mas há, atualmente, entre eles,a consciência de que, com oreduzido número de pessoas maisidosas, e com o desinteresse cadavez maior dos adolescentes nospadrões éticos, estéticos e religiosostradicionais, correm o risco de se

perder, em poucos anos, com amorte inevitável dos velhos, ospontos de referência de umacultura que sentem a necessidadede preservar, para enfatizar suadiferença, argumentar demandaspolíticas etc.

Com base nos censosdemográficos, os professoresindígenas calcularam que osindivíduos tratados como jovijã –chefes, sábios, que aprenderam

ao longo de sua vida o repertóriocompleto de sua tradição edominam a arte verbal paratransmiti-la – totalizam menosde 7% da população, existindoaté mesmo aldeias em que nãohá mais nenhuma pessoa queassim possa ser considerada.Todos admitem que, atualmente,apenas esses poucos homens emulheres idosos conhecem orepertório e sabem executá-lode acordo com padrões dequalidade (qualidade embasadaem conhecimento difusoe compartilhamento estético,que é ainda reconhecida pelamaioria dos adultos).Essa constatação é uma, entreoutras evidências, de umaprofunda crise de identidadee da angústia diante daiminente perda da capacidadede transmitir a tradição.

UM PROCESSODE AFIRMAÇÃOIDENTITÁRIA

reunião de líderesdurante ademarcação daterra indígena.foto: dominique t.gallois.

Page 90: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

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N ão é da natureza dos saberese práticas criadoras de

significados culturais, como osistema gráfico e a arte verbal dosWajãpi do Amapá, serem associadosà identidade. Nem era sua funçãoou característica constituírem-secomo “patrimônio”, mas osimpactos das transformaçõessociais, ambientais e econômicasa que estão sendo submetidos vêmfortalecendo o entendimento dadiferença que sua condição de“índios” representa. Afinal, há30 anos são vítimas de invasões,destruição de suas terras e perdade qualidade de vida devido a suacrescente dependência daeconomia de mercado.

No bojo dessas rápidastransformações processam-setambém, de forma acelerada,significativas mudanças de valoresna nova geração. Mais da metade

da população desse pequeno grupodo Amapá já nasceu num contextoem que a escrita aprendida naescola para dar conta de saberes“dos brancos”, do dinheiro etc.é percebida como prática cotidianamais atraente do que o modo devida dos “antigos”.

É também nesse contexto,entretanto, que a arte gráfica e astradições orais acopladas passam aser reconhecidas como suportesexemplares para a expressão de umrepertório diferenciado de saberes,sendo percebidas como exclusivasdo grupo. Do ponto de vista dosWajãpi do Amapá, o sistema gráficokusiwa tem valor excepcional,justamente por evidenciar um“estilo próprio” e ser umaexpressão adequada para enunciara especificidade cultural dessacomunidade. Sua valorizaçãointerna tem crescido com sua

utilização para marcar fronteirassimbólicas e políticas e tornou-se,hoje, um dos elementos maissignificativos da auto-imagemconstruída pelos Wajãpi.

O sistema é uma referênciapor carregar uma idéia de verdade,consensualmente aceita etransmitida há gerações. Verdadeque é agora conscientementevalorizada como parte do conjuntode manifestações e representaçõesque os Wajãpi do Amapáconstroem para se diferenciar nãoapenas da população não-indígenada região, mas de todos osdemais grupos indígenas,inclusive de seus distantes parentesWajãpi da Guiana Francesa.

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continuar alimentando através daoralidade e de formas de expressãopróprias – como é o caso dosistema gráfico kusiwa. Esta situaçãoprivilegiada está em constantedesequilíbrio nos últimos anos,podendo ruir logo adiante, emmeio às próximas gerações, quandose terão perdido as condiçõesindispensáveis para a suasignificação e a sua transmissão.

Na vivência da maior parte dapopulação Wajãpi do Amapá, osistema gráfico é a principalreferência para a estética e saberescosmológicos que seus ancestraisvêm lhes transmitindo há gerações.Mas há, atualmente, entre eles,a consciência de que, com oreduzido número de pessoas maisidosas, e com o desinteresse cadavez maior dos adolescentes nospadrões éticos, estéticos e religiosostradicionais, correm o risco de se

perder, em poucos anos, com amorte inevitável dos velhos, ospontos de referência de umacultura que sentem a necessidadede preservar, para enfatizar suadiferença, argumentar demandaspolíticas etc.

Com base nos censosdemográficos, os professoresindígenas calcularam que osindivíduos tratados como jovijã –chefes, sábios, que aprenderam

ao longo de sua vida o repertóriocompleto de sua tradição edominam a arte verbal paratransmiti-la – totalizam menosde 7% da população, existindoaté mesmo aldeias em que nãohá mais nenhuma pessoa queassim possa ser considerada.Todos admitem que, atualmente,apenas esses poucos homens emulheres idosos conhecem orepertório e sabem executá-lode acordo com padrões dequalidade (qualidade embasadaem conhecimento difusoe compartilhamento estético,que é ainda reconhecida pelamaioria dos adultos).Essa constatação é uma, entreoutras evidências, de umaprofunda crise de identidadee da angústia diante daiminente perda da capacidadede transmitir a tradição.

UM PROCESSODE AFIRMAÇÃOIDENTITÁRIA

reunião de líderesdurante ademarcação daterra indígena.foto: dominique t.gallois.

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Gestão

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Quatro instituições estãodiretamente incumbidas

da preservação e revitalização daforma de expressão culturaldos Wajãpi do Amapá, atuandocada uma delas em seus camposespecíficos, mas de formaarticulada. Esta articulaçãointerinstitucional se dará atravésdo recém criado ConselhoConsultivo do Plano de SalvaguardaWajãpi (ver adiante), que incluioutras instituições parceiras destacomunidade e que dará apoioà organização representativa dogrupos Wajãpi do Amapá(o Conselho das Aldeias Wajãpi /Apina) na execução e gestão doplano de revitalização cultural.

As quatro instituições que sedispuseram a colaborar com oPlano de Ação, desde aapresentação da Candidaturados Wajãpi à Unesco, são:

Museu do Índio – FundaçãoNacional do Índio / FUNAI Diretor: José Carlos Levinho Rua das Palmeiras 55,Botafogo, Rio de Janeiro, RJBrasil CEP 22270-070Tel.: 21 2286 8899 / 21 2286 2097 E-mail:[email protected]

O Museu do Índio, órgãovinculado à Fundação Nacionaldo Índio, do Ministério da Justiça,tem 49 anos de tradição napreservação e divulgação de acervosmuseológico, bibliográfico earquivístico referentes aos povosindígenas brasileiros. Oriundoda Seção de Estudos do Serviço deProteção aos Índios, reuniu umnúmero expressivo de pesquisadoresque realizaram amplo estudo dosgrupos indígenas de diferentesregiões do país, por meio de diversas

expedições de pesquisas nas áreas daetnologia, medicina, etnobotânicae etnozoologia, levadas a efeito coma colaboração de instituiçõesnacionais e estrangeiras.

Atualmente, o museu reúneum importante acervo etnográfico,cuja característica marcante éestar relacionado a populaçõescontemporâneas, que sãointerlocutoras nas açõesdesenvolvidas pela instituição.Deste modo, presta serviço não sóao público visitante, como outrasinstituições similares, e,particularmente, aos povosindígenas cujas referênciasetnográficas encontram-se nelereunidas. O acervo etnográfico,textual, fotográfico e fílmicojá está identificado, acondicionadoe sistematizado, compondobases de dados disponíveis àconsulta pela internet.

Salvaguarda,preservaçãoe revitalizaçãoda formade expressãocultural

página ao lado cena do cotidiano.foto: dominiquet. gallois.

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Gestão

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Quatro instituições estãodiretamente incumbidas

da preservação e revitalização daforma de expressão culturaldos Wajãpi do Amapá, atuandocada uma delas em seus camposespecíficos, mas de formaarticulada. Esta articulaçãointerinstitucional se dará atravésdo recém criado ConselhoConsultivo do Plano de SalvaguardaWajãpi (ver adiante), que incluioutras instituições parceiras destacomunidade e que dará apoioà organização representativa dogrupos Wajãpi do Amapá(o Conselho das Aldeias Wajãpi /Apina) na execução e gestão doplano de revitalização cultural.

As quatro instituições que sedispuseram a colaborar com oPlano de Ação, desde aapresentação da Candidaturados Wajãpi à Unesco, são:

Museu do Índio – FundaçãoNacional do Índio / FUNAI Diretor: José Carlos Levinho Rua das Palmeiras 55,Botafogo, Rio de Janeiro, RJBrasil CEP 22270-070Tel.: 21 2286 8899 / 21 2286 2097 E-mail:[email protected]

O Museu do Índio, órgãovinculado à Fundação Nacionaldo Índio, do Ministério da Justiça,tem 49 anos de tradição napreservação e divulgação de acervosmuseológico, bibliográfico earquivístico referentes aos povosindígenas brasileiros. Oriundoda Seção de Estudos do Serviço deProteção aos Índios, reuniu umnúmero expressivo de pesquisadoresque realizaram amplo estudo dosgrupos indígenas de diferentesregiões do país, por meio de diversas

expedições de pesquisas nas áreas daetnologia, medicina, etnobotânicae etnozoologia, levadas a efeito coma colaboração de instituiçõesnacionais e estrangeiras.

Atualmente, o museu reúneum importante acervo etnográfico,cuja característica marcante éestar relacionado a populaçõescontemporâneas, que sãointerlocutoras nas açõesdesenvolvidas pela instituição.Deste modo, presta serviço não sóao público visitante, como outrasinstituições similares, e,particularmente, aos povosindígenas cujas referênciasetnográficas encontram-se nelereunidas. O acervo etnográfico,textual, fotográfico e fílmicojá está identificado, acondicionadoe sistematizado, compondobases de dados disponíveis àconsulta pela internet.

Salvaguarda,preservaçãoe revitalizaçãoda formade expressãocultural

página ao lado cena do cotidiano.foto: dominiquet. gallois.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 3

Conselho das Aldeias Wajãpi / ApinaCoordenador: Kaitona Wajãpi(substitui Aikyry Wajãpi, diretorna época do encaminhamentoda Candidatura à UNESCO)Rua São José 1.570, Centro,Macapá, Amapá, Brasil CEP 68906-270 Tel.: 96 224 2113E-mail: [email protected]

O Conselho das Aldeias Wajãpi,também chamado Apina (nome deum subgrupo wajãpi, rememoradopela sua valentia), foi constituído em1994 e oficialmente registrado em1996, como organizaçãorepresentativa da comunidade Wajãpido Amapá perante a sociedadenacional. Nasceu do movimento demobilização para a preservação e adefesa de sua terra, hoje reconhecidapelo estado brasileiro como de uso

exclusivo desse grupo. Desde então,o conselho vem construindoparcerias com organizações não-governamentais e órgãos dosgovernos federal e estadual, paraprogramas de intervenções quevisam a melhorar as condiçõesde vida, assim como promoverações de educação, saúde evigilância territorial.

Para as atividades de saúde,o Apina obteve financiamento

da Fundação Nacional de Saúdee do Distrito Sanitário EspecialIndígena do Amapá. No planocultural, o Conselhoresponsabiliza-se pela organizaçãoda produção e da comercializaçãode artesanato, com apoio daAgência de Promoção daCidadania do Governo do Estadodo Amapá – Agemp e, atualmente,da Secretaria Especial de PovosIndígena - SEPI/ GEA.

O Apina também desenvolveatividades de gestão territorial eambiental, por meio do projetoApoio ao movimento de descentralizaçãodas aldeias Wajãpi, financiado peloMinistério de Meio Ambiente/PDPI. Além disso, o Apina contacom assessoria direta da equipedo Programa Wajãpi / Iepé.Tal programa constitui umaparceria entre o Instituto dePesquisa e Formação em Educação

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 2

Nesse processo, a parceria com osgrupos indígenas tem sidocrescente, com participação emdiversos projetos e ações setoriais,sobretudo nas áreas de identificaçãode objetos, imagens, matérias-primas e atividades com o público.

O Museu do Índio conta comum corpo técnico multidisciplinare de crescente qualificação,formado por antropólogos,museólogos, historiadores,

arquivistas e engenheiros, voltadopara o trabalho sistemático na áreade documentação etnográfica.A atuação institucional inclui,ainda, a criação e a administraçãode um Registro de Bens doPatrimônio Cultural Indígena,assim como a assessoria naimplantação, junto àsAdministrações ExecutivasRegionais da Funai, de Centrosde Preservação e Divulgação doPatrimônio Cultural Indígena.Por meio de parcerias cominstituições congêneres – como oMuseu Nacional, da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, aUniversidade Federal de MinasGerais e a Universidade Federalde Santa Catarina –, realizouprojetos diversos para apreservação, registro e divulgaçãode informações sobre os povosindígenas no Brasil.

Dentre as principais fontes,públicas e privadas, definanciamento dos projetosrealizados pela instituição,destacam-se: o Ministério daCultura, por meio de suaSecretaria de Patrimônio, Museuse Artes Plásticas e de duas desuas vinculadas, a FundaçãoNacional de Arte – Funarte, e oInstituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional – Iphan,além de organismosinternacionais, como a Unesco,e instituições privadas, comoa Fundação Vitae, na áreada educação e da cultura.Cabe ainda mencionar aFinanciadora de Estudos eProjetos – Finep, o ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico –CNPq, e a Fundação Ford,na área de ciência e tecnologia.

detalhe dopadrão gráficojawara (onça).we’i wajãpi, ™ººº.

oficina de desenho,™ººº. foto:catherine gallois.

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Conselho das Aldeias Wajãpi / ApinaCoordenador: Kaitona Wajãpi(substitui Aikyry Wajãpi, diretorna época do encaminhamentoda Candidatura à UNESCO)Rua São José 1.570, Centro,Macapá, Amapá, Brasil CEP 68906-270 Tel.: 96 224 2113E-mail: [email protected]

O Conselho das Aldeias Wajãpi,também chamado Apina (nome deum subgrupo wajãpi, rememoradopela sua valentia), foi constituído em1994 e oficialmente registrado em1996, como organizaçãorepresentativa da comunidade Wajãpido Amapá perante a sociedadenacional. Nasceu do movimento demobilização para a preservação e adefesa de sua terra, hoje reconhecidapelo estado brasileiro como de uso

exclusivo desse grupo. Desde então,o conselho vem construindoparcerias com organizações não-governamentais e órgãos dosgovernos federal e estadual, paraprogramas de intervenções quevisam a melhorar as condiçõesde vida, assim como promoverações de educação, saúde evigilância territorial.

Para as atividades de saúde,o Apina obteve financiamento

da Fundação Nacional de Saúdee do Distrito Sanitário EspecialIndígena do Amapá. No planocultural, o Conselhoresponsabiliza-se pela organizaçãoda produção e da comercializaçãode artesanato, com apoio daAgência de Promoção daCidadania do Governo do Estadodo Amapá – Agemp e, atualmente,da Secretaria Especial de PovosIndígena - SEPI/ GEA.

O Apina também desenvolveatividades de gestão territorial eambiental, por meio do projetoApoio ao movimento de descentralizaçãodas aldeias Wajãpi, financiado peloMinistério de Meio Ambiente/PDPI. Além disso, o Apina contacom assessoria direta da equipedo Programa Wajãpi / Iepé.Tal programa constitui umaparceria entre o Instituto dePesquisa e Formação em Educação

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Nesse processo, a parceria com osgrupos indígenas tem sidocrescente, com participação emdiversos projetos e ações setoriais,sobretudo nas áreas de identificaçãode objetos, imagens, matérias-primas e atividades com o público.

O Museu do Índio conta comum corpo técnico multidisciplinare de crescente qualificação,formado por antropólogos,museólogos, historiadores,

arquivistas e engenheiros, voltadopara o trabalho sistemático na áreade documentação etnográfica.A atuação institucional inclui,ainda, a criação e a administraçãode um Registro de Bens doPatrimônio Cultural Indígena,assim como a assessoria naimplantação, junto àsAdministrações ExecutivasRegionais da Funai, de Centrosde Preservação e Divulgação doPatrimônio Cultural Indígena.Por meio de parcerias cominstituições congêneres – como oMuseu Nacional, da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, aUniversidade Federal de MinasGerais e a Universidade Federalde Santa Catarina –, realizouprojetos diversos para apreservação, registro e divulgaçãode informações sobre os povosindígenas no Brasil.

Dentre as principais fontes,públicas e privadas, definanciamento dos projetosrealizados pela instituição,destacam-se: o Ministério daCultura, por meio de suaSecretaria de Patrimônio, Museuse Artes Plásticas e de duas desuas vinculadas, a FundaçãoNacional de Arte – Funarte, e oInstituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional – Iphan,além de organismosinternacionais, como a Unesco,e instituições privadas, comoa Fundação Vitae, na áreada educação e da cultura.Cabe ainda mencionar aFinanciadora de Estudos eProjetos – Finep, o ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico –CNPq, e a Fundação Ford,na área de ciência e tecnologia.

detalhe dopadrão gráficojawara (onça).we’i wajãpi, ™ººº.

oficina de desenho,™ººº. foto:catherine gallois.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 5

do Amapá – colaborando comorganizações não-governamentaisou órgãos públicos para aimplementação de políticas desaúde e educação adequadas àsdemandas indígenas, além daregularização fundiária e docontrole ambiental das terrasdessas comunidades.

Entre 2003 e 2005, o NHIIdesenvolveu o projeto DocumentaçãoWajãpi: memória para o futuro, comapoio da Fapesp. Tratou-se deorganizar um volumoso acervodocumental referente aos Wajãpi,reunido por Dominique T. Galloise alguns de seus orientandos, aolongo dos últimos 20 anos.Representantes wajãpi participaramdo trabalho, que visa à implantaçãode um banco de dados que tornaráacessível documentos emaudiovisuais e textuais, paraembasar as pesquisas dos jovens

indígenas que estão sendoformados para a realização doinventário das formas de expressãocultural wajãpi.

Núcleo de Educação Indígena /NEI – AP Coordenadora: Eclemilda Macial(substitui Davi dos Santos Serrão,coordenador na época doencaminhamento da candidaturaà Unesco)Secretaria de Educaçãodo Estado do AmapáAvenida FAB, 96, Centro Macapá, Amapá CEP 68900-000Tel.: 96 212 5263

Para atender à determinaçãodo Ministério da Educação,o Governo do Estado do Amapácriou esse Núcleo em 1991, masfoi efetivamente consolidado a

partir de 1998, com o objetivode planejar e implementar apolítica de educação escolarindígena no estado. Suas ações sãodefinidas em consonância comdeliberações tomadas emassembléias indígenas e visam asupervisionar as ações de carátereducacional, científico e culturalrealizadas no âmbito da SecretariaEstadual de Educação, em todasas áreas indígenas sob suaresponsabilidade (Uaçá, Oiapoque,Wajãpi, Parque Indígena doTumucumaque e Terra IndígenaParu de Leste).

O NEI-AP conta com seistécnicos de nível superior, além deprofessores de ensino médio efundamental. Desde sua criação,mantém colaboração estreita como Programa Wajãpi que atua, desde1991, na formação de professoresindígenas do grupo Wajãpi.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 4

Indígena /Iepé e o conjuntodas aldeias desse grupo, paraa realização de atividadesde capacitação em gestãoadministrativa e política (comapoio da Fundação Mata Virgemda Noruega), de formação deprofessores indígenas (com apoioda Secretaria de Educaçãodo Amapá / SEED-AP) e defortalecimento cultural,programa este inclui aformação de pesquisadores(com apoio do Iphan/Mince da Petrobrás Cultural).

Núcleo de História Indígenae do Indigenismo / NHII daUniversidade de São Paulo Coordenadora: Dominique Tilkin GalloisRua do Anfiteatro, 181, Colmeia,Favo 8, Cidade UniversitáriaSão Paulo, SP, Brasil

CEP 05508-900Tel.: 11 3091 3301Fax: 11 3091 3156E-mails: [email protected] [email protected]

O NHII foi fundado em 1990 poretnólogos com larga experiência depesquisa científica junto apopulações indígenas e docentesde uma das universidades maisconceituadas do Brasil.Os fundadores idealizaram umprograma de investigação de âmbitonacional, visando à renovação dosconhecimentos e abordagens sobrea história e a etnologia indígena.

Desde 1995, com apoiofinanceiro do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico – CNPq e daFundação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo – Fapesp, umgrupo de antropólogos e lingüistas

vem trabalhando junto aos gruposindígenas da Guiana Brasileira(Amapá, norte do Pará e Roraima),com vistas à caracterização de suasespecificidades culturais.Paralelamente à pesquisa científica,esta equipe presta assessoriaantropológica e lingüísticadiretamente às comunidadesindígenas Wayana, Aparai, Tiriyó,Zo’é, Kaxuyana, Galibi, Palikur,Karipuna e, em particular, Wajãpi

jovem pinta suaesposa. foto:dominiquet. gallois.

sessão de pinturacoletiva. foto:dominiquet. gallois.

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do Amapá – colaborando comorganizações não-governamentaisou órgãos públicos para aimplementação de políticas desaúde e educação adequadas àsdemandas indígenas, além daregularização fundiária e docontrole ambiental das terrasdessas comunidades.

Entre 2003 e 2005, o NHIIdesenvolveu o projeto DocumentaçãoWajãpi: memória para o futuro, comapoio da Fapesp. Tratou-se deorganizar um volumoso acervodocumental referente aos Wajãpi,reunido por Dominique T. Galloise alguns de seus orientandos, aolongo dos últimos 20 anos.Representantes wajãpi participaramdo trabalho, que visa à implantaçãode um banco de dados que tornaráacessível documentos emaudiovisuais e textuais, paraembasar as pesquisas dos jovens

indígenas que estão sendoformados para a realização doinventário das formas de expressãocultural wajãpi.

Núcleo de Educação Indígena /NEI – AP Coordenadora: Eclemilda Macial(substitui Davi dos Santos Serrão,coordenador na época doencaminhamento da candidaturaà Unesco)Secretaria de Educaçãodo Estado do AmapáAvenida FAB, 96, Centro Macapá, Amapá CEP 68900-000Tel.: 96 212 5263

Para atender à determinaçãodo Ministério da Educação,o Governo do Estado do Amapácriou esse Núcleo em 1991, masfoi efetivamente consolidado a

partir de 1998, com o objetivode planejar e implementar apolítica de educação escolarindígena no estado. Suas ações sãodefinidas em consonância comdeliberações tomadas emassembléias indígenas e visam asupervisionar as ações de carátereducacional, científico e culturalrealizadas no âmbito da SecretariaEstadual de Educação, em todasas áreas indígenas sob suaresponsabilidade (Uaçá, Oiapoque,Wajãpi, Parque Indígena doTumucumaque e Terra IndígenaParu de Leste).

O NEI-AP conta com seistécnicos de nível superior, além deprofessores de ensino médio efundamental. Desde sua criação,mantém colaboração estreita como Programa Wajãpi que atua, desde1991, na formação de professoresindígenas do grupo Wajãpi.

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Indígena /Iepé e o conjuntodas aldeias desse grupo, paraa realização de atividadesde capacitação em gestãoadministrativa e política (comapoio da Fundação Mata Virgemda Noruega), de formação deprofessores indígenas (com apoioda Secretaria de Educaçãodo Amapá / SEED-AP) e defortalecimento cultural,programa este inclui aformação de pesquisadores(com apoio do Iphan/Mince da Petrobrás Cultural).

Núcleo de História Indígenae do Indigenismo / NHII daUniversidade de São Paulo Coordenadora: Dominique Tilkin GalloisRua do Anfiteatro, 181, Colmeia,Favo 8, Cidade UniversitáriaSão Paulo, SP, Brasil

CEP 05508-900Tel.: 11 3091 3301Fax: 11 3091 3156E-mails: [email protected] [email protected]

O NHII foi fundado em 1990 poretnólogos com larga experiência depesquisa científica junto apopulações indígenas e docentesde uma das universidades maisconceituadas do Brasil.Os fundadores idealizaram umprograma de investigação de âmbitonacional, visando à renovação dosconhecimentos e abordagens sobrea história e a etnologia indígena.

Desde 1995, com apoiofinanceiro do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico – CNPq e daFundação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo – Fapesp, umgrupo de antropólogos e lingüistas

vem trabalhando junto aos gruposindígenas da Guiana Brasileira(Amapá, norte do Pará e Roraima),com vistas à caracterização de suasespecificidades culturais.Paralelamente à pesquisa científica,esta equipe presta assessoriaantropológica e lingüísticadiretamente às comunidadesindígenas Wayana, Aparai, Tiriyó,Zo’é, Kaxuyana, Galibi, Palikur,Karipuna e, em particular, Wajãpi

jovem pinta suaesposa. foto:dominiquet. gallois.

sessão de pinturacoletiva. foto:dominiquet. gallois.

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indispensáveis ao fortalecimentoda autonomia da comunidade.O programa em curso, construídoao longo dos últimos dez anos,inclui a formação de professores ede agentes de saúde indígenas,o acompanhamento das atividadesdas escolas e dos postos de saúdenas aldeias, assim como aelaboração de materiais didáticosadequados à realidade dacomunidade. Já existem dezprofessores habilitados a alfabetizaras crianças das aldeias na línguawajãpi e a implementar umcurrículo escolar diferenciado, poreles idealizado durante os cursos deformação. Além desses dezprofessores, que estarãoconcluindo sua formação emmagistério indígena diferenciadono final de 2005, uma nova turmade 20 professores iniciou suaformação em 2003. O trabalho é

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 6

As quatro instituiçõesmencionadas – bem como

o Iepé – já desenvolvem, cada umaem sua esfera e atribuiçõesespecíficas, diversas atividadesvisando à conservação do contextosocioambiental indispensável àmanutenção da integridade domodo de vida e dos valores culturaisdos Wajãpi do Amapá. São elas:

Usufruto exclusivo da terrademarcada A Terra Indígena Wajãpi foihomologada pela Presidência daRepública em 1996. Os controlesterritorial e ambiental sãoindispensáveis para a continuidadedo modo de vida e do manejosustentável dos recursos naturaispraticados tradicionalmente pelogrupo. Os Wajãpi vêm sendoapoiados em suas iniciativas defiscalização permanente dos limites

da terra demarcada, pela realizaçãode um diagnóstico socioambiental(com apoio do Fundo Nacional doMeio Ambiente e do Centro deTrabalho Indigenista) e de umplano de gestão ambiental (iniciadocom verbas do PPTAL/Funai e,atualmente, consolidado com apoiodo MMA/PDPI).

Fortalecimento da organizaçãocoletiva Através da formação continuadade jovens e adultos wajãpi, que seresponsabilizam pela supervisãode um conjunto crescente deintervenções promovidas pordiversas agências que atuam naterra indígena e no seu entorno.Esse trabalho é assegurado peloPrograma Wajãpi, com apoio daFundação Mata Virgem daNoruega. Trata-se de um programade longa duração, proporcionando

capacitação para que eles possamenfrentar coletivamente osdesafios da representação e dadefesa dos interesses de suasaldeias. Em especial, visa afortalecer o Conselho / Apinacomo um movimento dearticulação interna, tendo comopressuposto que esta é tambéma melhor maneira de fortalecer aorganização indígena frente aseus interlocutores externos.

Educação escolar diferenciadaImplementação e execução de umprograma de educação escolardiferenciada, atendendo às normasdo Ministério da Educação,Tem por objetivo assegurar avalorização das manifestaçõesculturais e dos saberes tradicionaisdos Wajãpi do Amapá, ao mesmotempo que atender à demandade conhecimentos instrumentais

Ações quegarantem acontinuidadedasmanifestaçõesculturais dosWajãpi

mãe passa urucum nocorpo de sua filha.foto: marina weis.

página ao ladoexposição dedesenhos realizadosna oficina. foto:catherine gallois.

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indispensáveis ao fortalecimentoda autonomia da comunidade.O programa em curso, construídoao longo dos últimos dez anos,inclui a formação de professores ede agentes de saúde indígenas,o acompanhamento das atividadesdas escolas e dos postos de saúdenas aldeias, assim como aelaboração de materiais didáticosadequados à realidade dacomunidade. Já existem dezprofessores habilitados a alfabetizaras crianças das aldeias na línguawajãpi e a implementar umcurrículo escolar diferenciado, poreles idealizado durante os cursos deformação. Além desses dezprofessores, que estarãoconcluindo sua formação emmagistério indígena diferenciadono final de 2005, uma nova turmade 20 professores iniciou suaformação em 2003. O trabalho é

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As quatro instituiçõesmencionadas – bem como

o Iepé – já desenvolvem, cada umaem sua esfera e atribuiçõesespecíficas, diversas atividadesvisando à conservação do contextosocioambiental indispensável àmanutenção da integridade domodo de vida e dos valores culturaisdos Wajãpi do Amapá. São elas:

Usufruto exclusivo da terrademarcada A Terra Indígena Wajãpi foihomologada pela Presidência daRepública em 1996. Os controlesterritorial e ambiental sãoindispensáveis para a continuidadedo modo de vida e do manejosustentável dos recursos naturaispraticados tradicionalmente pelogrupo. Os Wajãpi vêm sendoapoiados em suas iniciativas defiscalização permanente dos limites

da terra demarcada, pela realizaçãode um diagnóstico socioambiental(com apoio do Fundo Nacional doMeio Ambiente e do Centro deTrabalho Indigenista) e de umplano de gestão ambiental (iniciadocom verbas do PPTAL/Funai e,atualmente, consolidado com apoiodo MMA/PDPI).

Fortalecimento da organizaçãocoletiva Através da formação continuadade jovens e adultos wajãpi, que seresponsabilizam pela supervisãode um conjunto crescente deintervenções promovidas pordiversas agências que atuam naterra indígena e no seu entorno.Esse trabalho é assegurado peloPrograma Wajãpi, com apoio daFundação Mata Virgem daNoruega. Trata-se de um programade longa duração, proporcionando

capacitação para que eles possamenfrentar coletivamente osdesafios da representação e dadefesa dos interesses de suasaldeias. Em especial, visa afortalecer o Conselho / Apinacomo um movimento dearticulação interna, tendo comopressuposto que esta é tambéma melhor maneira de fortalecer aorganização indígena frente aseus interlocutores externos.

Educação escolar diferenciadaImplementação e execução de umprograma de educação escolardiferenciada, atendendo às normasdo Ministério da Educação,Tem por objetivo assegurar avalorização das manifestaçõesculturais e dos saberes tradicionaisdos Wajãpi do Amapá, ao mesmotempo que atender à demandade conhecimentos instrumentais

Ações quegarantem acontinuidadedasmanifestaçõesculturais dosWajãpi

mãe passa urucum nocorpo de sua filha.foto: marina weis.

página ao ladoexposição dedesenhos realizadosna oficina. foto:catherine gallois.

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embora com porte menor, foramdesenvolvidas pelo Programa Wajãpinos últimos anos. Pequenasexposições itinerantes e publicaçõesdivulgam as formas de manejo esaberes dos Wajãpi do Amapá,como o Livro do artesanato Wajãpie a mostra Roças, pátios e aldeias,preparada pelos professoresindígenas. Cabe ainda citar umasérie de seis documentários emvídeo dirigidos pela antropólogaDominique T. Gallois em parceriacom líderes de aldeias Wajãpi e pelaONG Centro de TrabalhoIndigenista. Entre eles, merecedestaque Segredos da mata, construídoem torno da narração e darepresentação de encontros dosantigos Wajãpi com os seres quecontrolam os animais e a floresta.Oficinas de formação audiovisualestão viabilizando novos produtoscom essas características.

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desenvolvido por meio de umaparceria entre o NEI/SEED e oIepé, cuja equipe de formadoresinclui assessores da Universidadede São Paulo.

Pesquisa científica As investigações são desenvolvidasnos campos da antropologia e dalingüística, com a anuência dacomunidade, focando temas de seuinteresse. São pesquisas de longaduração, levadas a cabo pela equipedo NHII da Universidade de SãoPaulo, com ênfase no estudo daorganização social e da cosmologia dogrupo, da dinâmica de transformaçãoe da avaliação dos diversos impactosdas transformações sociais eeconômicas em curso na vida dacomunidade, sobre o desempenhodesses conhecimentos e práticasculturais. Os financiamentos paraessas pesquisas são obtidos junto à

Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado do São Paulo / Fapesp e aoConselho de Nacional de PesquisaCientífica e Tecnológica / CNPq.

Difusão das manifestaçõesculturaisEssas iniciativas são sempre feitas emacordo com seleção de conteúdos eparticipação intensa dacomunidade. A mais recente foi aorganização, pelo Museu do Índio,em parceria com o Conselho /Apina, da exposição Tempo e espaço naAmazônia: os Wajãpi, para a qual foramproduzidos mais de 300 objetos etodos os elementos de uma casaconstruída no jardim do museu.A exposição resultou na publicaçãode um catálogo de padrões ecomposições que ilustram o sistemagráfico kusiwa e de um livro sobre aarquitetura dos Wajãpi. Outrasexperiências de difusão cultural,

As bases de entendimentojurídico e as decisões

políticas sobre a questão dopatrimônio imaterial estãofundadas na Constituiçãobrasileira e em uma recentelegislação específica. No entanto,a proteção de bens culturaisde excepcional valor históricoe artístico é uma práticaconsolidada no Brasil há maisde 60 anos.

Decreto-Lei n° 25 Já em 1937, legitimava a escolhados bens a serem protegidos efortalecia o Serviço doPatrimônio Histórico e ArtísticoNacional / Sphan, explicitandoque o patrimônio cultural danação brasileira compreendiamuitos outros bens, além demonumentos e obras de artede caráter “material”.

Constituição brasileira de 1988 Em seus artigos 215 e 216, defineo conceito de Patrimônio Cultural,abrangendo tanto obrasarquitetônicas, urbanísticase artísticas de grande valor(patrimônio material), quantomanifestações de natureza“imaterial”, relacionadas à culturano sentido antropológico: visões demundo, memórias, relações sociaise simbólicas, saberes e práticas,resultantes de experiênciasde grupos sociais diferenciados.Nesse sentido, o artigo 216destaca, para efeito de proteçãoespecial, bens culturais indígenase afro-brasileiros.

Decreto n° 3.551 Em conseqüência das recomendaçõesdo seminário Patrimônio imaterial:estratégias e formas de proteção,comemorativo dos 60 anos do

Iphan, que produziu a Cartade Fortaleza, esse decreto, de 4de agosto de 2000, instituio Registro de Bens Culturais deNatureza Imaterial que constituempatrimônio cultural brasileiro.Trata-se de um instrumentojurídico que permite registraroficialmente práticas e estruturassócioespaciais – bens intangíveis –a que os grupos sociais atribuemsentidos de identidade.Conforme previsto nessa legislação,o Ministério da Cultura estálançando o Programa Nacional doPatrimônio Imaterial, que devearticular, fomentar e apoiar aspolíticas federais, dos estados edos municípios, para promovero reconhecimento e o registrodo patrimônio imaterial,consolidando assim políticaspúblicas de valorização e apoioà diversidade cultural.

Mecanismosjurídicos jáexistentes

festa do peixe pacu.foto: dominiquet. gallois.

página ao lado oficina de desenho.foto: catherinegallois.

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embora com porte menor, foramdesenvolvidas pelo Programa Wajãpinos últimos anos. Pequenasexposições itinerantes e publicaçõesdivulgam as formas de manejo esaberes dos Wajãpi do Amapá,como o Livro do artesanato Wajãpie a mostra Roças, pátios e aldeias,preparada pelos professoresindígenas. Cabe ainda citar umasérie de seis documentários emvídeo dirigidos pela antropólogaDominique T. Gallois em parceriacom líderes de aldeias Wajãpi e pelaONG Centro de TrabalhoIndigenista. Entre eles, merecedestaque Segredos da mata, construídoem torno da narração e darepresentação de encontros dosantigos Wajãpi com os seres quecontrolam os animais e a floresta.Oficinas de formação audiovisualestão viabilizando novos produtoscom essas características.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 9 8

desenvolvido por meio de umaparceria entre o NEI/SEED e oIepé, cuja equipe de formadoresinclui assessores da Universidadede São Paulo.

Pesquisa científica As investigações são desenvolvidasnos campos da antropologia e dalingüística, com a anuência dacomunidade, focando temas de seuinteresse. São pesquisas de longaduração, levadas a cabo pela equipedo NHII da Universidade de SãoPaulo, com ênfase no estudo daorganização social e da cosmologia dogrupo, da dinâmica de transformaçãoe da avaliação dos diversos impactosdas transformações sociais eeconômicas em curso na vida dacomunidade, sobre o desempenhodesses conhecimentos e práticasculturais. Os financiamentos paraessas pesquisas são obtidos junto à

Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado do São Paulo / Fapesp e aoConselho de Nacional de PesquisaCientífica e Tecnológica / CNPq.

Difusão das manifestaçõesculturaisEssas iniciativas são sempre feitas emacordo com seleção de conteúdos eparticipação intensa dacomunidade. A mais recente foi aorganização, pelo Museu do Índio,em parceria com o Conselho /Apina, da exposição Tempo e espaço naAmazônia: os Wajãpi, para a qual foramproduzidos mais de 300 objetos etodos os elementos de uma casaconstruída no jardim do museu.A exposição resultou na publicaçãode um catálogo de padrões ecomposições que ilustram o sistemagráfico kusiwa e de um livro sobre aarquitetura dos Wajãpi. Outrasexperiências de difusão cultural,

As bases de entendimentojurídico e as decisões

políticas sobre a questão dopatrimônio imaterial estãofundadas na Constituiçãobrasileira e em uma recentelegislação específica. No entanto,a proteção de bens culturaisde excepcional valor históricoe artístico é uma práticaconsolidada no Brasil há maisde 60 anos.

Decreto-Lei n° 25 Já em 1937, legitimava a escolhados bens a serem protegidos efortalecia o Serviço doPatrimônio Histórico e ArtísticoNacional / Sphan, explicitandoque o patrimônio cultural danação brasileira compreendiamuitos outros bens, além demonumentos e obras de artede caráter “material”.

Constituição brasileira de 1988 Em seus artigos 215 e 216, defineo conceito de Patrimônio Cultural,abrangendo tanto obrasarquitetônicas, urbanísticase artísticas de grande valor(patrimônio material), quantomanifestações de natureza“imaterial”, relacionadas à culturano sentido antropológico: visões demundo, memórias, relações sociaise simbólicas, saberes e práticas,resultantes de experiênciasde grupos sociais diferenciados.Nesse sentido, o artigo 216destaca, para efeito de proteçãoespecial, bens culturais indígenase afro-brasileiros.

Decreto n° 3.551 Em conseqüência das recomendaçõesdo seminário Patrimônio imaterial:estratégias e formas de proteção,comemorativo dos 60 anos do

Iphan, que produziu a Cartade Fortaleza, esse decreto, de 4de agosto de 2000, instituio Registro de Bens Culturais deNatureza Imaterial que constituempatrimônio cultural brasileiro.Trata-se de um instrumentojurídico que permite registraroficialmente práticas e estruturassócioespaciais – bens intangíveis –a que os grupos sociais atribuemsentidos de identidade.Conforme previsto nessa legislação,o Ministério da Cultura estálançando o Programa Nacional doPatrimônio Imaterial, que devearticular, fomentar e apoiar aspolíticas federais, dos estados edos municípios, para promovero reconhecimento e o registrodo patrimônio imaterial,consolidando assim políticaspúblicas de valorização e apoioà diversidade cultural.

Mecanismosjurídicos jáexistentes

festa do peixe pacu.foto: dominiquet. gallois.

página ao lado oficina de desenho.foto: catherinegallois.

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Além dessas leis já em vigor,há vários anos está sendo discutidaa atualização dos mecanismos deproteção dos direitos indígenas,na forma de um Estatuto dasSociedades Indígenas, para o qualexistem duas propostas, queprocuram garantir direitos aosíndios sem considerá-losincapazes, como estabelece aLei 6.001. Ambas mantêm aobrigação do Estado de dar

assistência aos índios nas áreasde saúde e educação, estabelecendouma série de novos direitos,que não existem no atualEstatuto do Índio:Estatuto das Sociedades Indígenas Atualmente em fase de aprovaçãono Congresso Nacional, prevê,entre outros, a garantia do direitoautoral, a proteção aoconhecimento tradicional, arepresentação segundo seus usos ecostumes, o direito de participaçãoem todas as instâncias oficiais dediscussão da questão indígena e aproteção aos recursos naturais.As propostas para o Estatuto dasSociedades Indígenas tambémasseguram que atos queprejudiquem os direitos dascomunidades indígenas não têmvalidade, dando às comunidades opoder de ir à Justiça para pedirindenização pelos danos que

possam ter sofrido. As duaspropostas reconhecem crimescometidos contra os índios, comoo uso indevido dos seusconhecimentos tradicionais.

Nesse sentido, cabe tambémmencionar a lei de 1997, deautoria da deputada JaneteCapiberibe (AP):Lei 0388 Protege os direitosdas populações tradicionais,no que toca ao acesso aos seusconhecimentos, que passama ser protegidos diante dosinteresses da prospecção dabiodiversidade. Essa lei asseguraa retribuição ou o ressarcimentodessas populações pelo seuconhecimento acumulado.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 0

No Brasil, as populaçõesindígenas são tuteladas pelo

Estado, que criou a FundaçãoNacional do Índio – Funai, emsubstituição ao Serviço de Proteçãoao Índio – SPI.

Lei n° 6.001 Publicada em 19 de dezembro de1973, dispõe sobre o Estatuto doÍndio, regula a situação jurídicados índios ou silvícolas e dascomunidades indígenas, com opropósito de preservar a sua culturae integrá-los, progressiva eharmoniosamente, à comunhãonacional. O Capítulo II trata,especificamente, dos CrimesContra os Índios:– escarnecer de cerimônia, rito,uso, costume ou tradição culturaisindígenas, vilipendiá-los ouperturbar, de qualquer modo,a sua prática;

– utilizar o índio ou comunidadeindígena como objeto depropaganda turística ou deexibição para fins lucrativos.

A Constituição brasileirapromulgada em 1988 estabelecetambém que: Artigo 215 Assegura àscomunidades indígenas o uso de suaslínguas maternas e de seus própriosprocessos de aprendizagem (artigo210), cabendo ao Estado proteger asmanifestações de suas culturas.Artigo 231 São reconhecidosaos índios sua organização social,costumes, línguas, crenças etradições, e os direitos origináriossobre as terras que tradicionalmenteocupam, competindo à Uniãodemarcá-las, proteger e fazerrespeitar todos os seus bens.Os índios, suas comunidades eorganizações representativas são

partes legítimas para ingressar emjuízo em defesa de seus direitose interesses, intervindo oMinistério Público em todosos atos do processo.

Um desdobramento dessedispositivo foi a aprovação deinstrumentos legais que tratamda educação escolar indígena,como segue:Lei 9.394. Diretrizes e Bases daEducação Nacional (Lei DarcyRibeiro) e Lei 10.172. PlanoNacional de Educação Abordam o direito dos povosindígenas a uma educaçãodiferenciada, pautada pelo uso daslínguas indígenas, pela valorizaçãodos conhecimentos e saberesmilenares desses povos e pelaformação dos própriosíndios para atuarem comodocentes em suas comunidades.

Proteçãocontra aexploração dasmanifestaçõesculturais

detalhe decomposição a partirdo repertóriode padrões kusiwa.seni wajãpi, ™ººº.

abaixooficina de desenho,™ºº∞. foto:dominique t.gallois.

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Além dessas leis já em vigor,há vários anos está sendo discutidaa atualização dos mecanismos deproteção dos direitos indígenas,na forma de um Estatuto dasSociedades Indígenas, para o qualexistem duas propostas, queprocuram garantir direitos aosíndios sem considerá-losincapazes, como estabelece aLei 6.001. Ambas mantêm aobrigação do Estado de dar

assistência aos índios nas áreasde saúde e educação, estabelecendouma série de novos direitos,que não existem no atualEstatuto do Índio:Estatuto das Sociedades Indígenas Atualmente em fase de aprovaçãono Congresso Nacional, prevê,entre outros, a garantia do direitoautoral, a proteção aoconhecimento tradicional, arepresentação segundo seus usos ecostumes, o direito de participaçãoem todas as instâncias oficiais dediscussão da questão indígena e aproteção aos recursos naturais.As propostas para o Estatuto dasSociedades Indígenas tambémasseguram que atos queprejudiquem os direitos dascomunidades indígenas não têmvalidade, dando às comunidades opoder de ir à Justiça para pedirindenização pelos danos que

possam ter sofrido. As duaspropostas reconhecem crimescometidos contra os índios, comoo uso indevido dos seusconhecimentos tradicionais.

Nesse sentido, cabe tambémmencionar a lei de 1997, deautoria da deputada JaneteCapiberibe (AP):Lei 0388 Protege os direitosdas populações tradicionais,no que toca ao acesso aos seusconhecimentos, que passama ser protegidos diante dosinteresses da prospecção dabiodiversidade. Essa lei asseguraa retribuição ou o ressarcimentodessas populações pelo seuconhecimento acumulado.

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No Brasil, as populaçõesindígenas são tuteladas pelo

Estado, que criou a FundaçãoNacional do Índio – Funai, emsubstituição ao Serviço de Proteçãoao Índio – SPI.

Lei n° 6.001 Publicada em 19 de dezembro de1973, dispõe sobre o Estatuto doÍndio, regula a situação jurídicados índios ou silvícolas e dascomunidades indígenas, com opropósito de preservar a sua culturae integrá-los, progressiva eharmoniosamente, à comunhãonacional. O Capítulo II trata,especificamente, dos CrimesContra os Índios:– escarnecer de cerimônia, rito,uso, costume ou tradição culturaisindígenas, vilipendiá-los ouperturbar, de qualquer modo,a sua prática;

– utilizar o índio ou comunidadeindígena como objeto depropaganda turística ou deexibição para fins lucrativos.

A Constituição brasileirapromulgada em 1988 estabelecetambém que: Artigo 215 Assegura àscomunidades indígenas o uso de suaslínguas maternas e de seus própriosprocessos de aprendizagem (artigo210), cabendo ao Estado proteger asmanifestações de suas culturas.Artigo 231 São reconhecidosaos índios sua organização social,costumes, línguas, crenças etradições, e os direitos origináriossobre as terras que tradicionalmenteocupam, competindo à Uniãodemarcá-las, proteger e fazerrespeitar todos os seus bens.Os índios, suas comunidades eorganizações representativas são

partes legítimas para ingressar emjuízo em defesa de seus direitose interesses, intervindo oMinistério Público em todosos atos do processo.

Um desdobramento dessedispositivo foi a aprovação deinstrumentos legais que tratamda educação escolar indígena,como segue:Lei 9.394. Diretrizes e Bases daEducação Nacional (Lei DarcyRibeiro) e Lei 10.172. PlanoNacional de Educação Abordam o direito dos povosindígenas a uma educaçãodiferenciada, pautada pelo uso daslínguas indígenas, pela valorizaçãodos conhecimentos e saberesmilenares desses povos e pelaformação dos própriosíndios para atuarem comodocentes em suas comunidades.

Proteçãocontra aexploração dasmanifestaçõesculturais

detalhe decomposição a partirdo repertóriode padrões kusiwa.seni wajãpi, ™ººº.

abaixooficina de desenho,™ºº∞. foto:dominique t.gallois.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 3

No que toca à transmissão oraldos conhecimentos e das formasde expressão gráfica dos Wajãpi doAmapá, são esses os procedimentosque embasam os trabalhosrealizados pela equipe do ProgramaWajãpi e do NHII / USP:

Compreender a dinâmica internade relações sociais e as tensõesentre gerações Uma especial atenção é dada paraas dificuldades que os líderestradicionais e todos os maisvelhos encontram para continuartransmitindo, nas formas deenunciação e em acordo com osvalores estéticos tradicionais, todo oconjunto de conhecimentos e valoresque desejam passar às gerações maisnovas. Estas, por sua vez, estão hojemais interessadas em se aproximarou se apropriar de modos de serda população não indígena.

Entre os trabalhos rotineiros daequipe do Programa Wajãpi, está apromoção de discussões acerca dasmudanças culturais que afetam, háalguns anos, o equilíbrio social epolítico das aldeias. O debatecoletivo das transformações emcurso permite a todos explicitar suaconsciência da mudança e proporalternativas em relação à perda devalores e à desagregação dos saberestradicionais. A temática dessesdebates coletivos, que vêm sendorealizados duas a três vezes por ano,é diversificada, mas ultimamentetem se concentrado na discussão dealternativas de valorização dasformas de manejo e conservaçãoque os Wajãpi praticam desdemuitas gerações, garantindo suasubsistência com o uso sustentáveldos recursos de seu território.Os conteúdos desses debatescoletivos são retrabalhados durante

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 2

Apesar do ordenamentojurídico exposto, muito pouco

foi feito para assegurar, na prática,o respeito às diferenças culturais.Mais grave ainda é a falta decapacitação para que funcionáriosdos órgãos oficiais da políticaindigenista possam conhecer,respeitar e valorizar a continuidadeda transmissão dos saberes oraisdiferenciados dos índios do Brasil.Continua persistindo uma distânciaconsiderável entre os excelentesdispositivos legais e as dificuldadesimensas encontradas pelos agenteslocais em compreender eimplementar esses instrumentos deproteção e valorização. São poucasas iniciativas, por parte dasentidades oficiais responsáveis pelaassistência aos índios, no sentidode desenvolver ou investir emadequações de suas intervençõespara públicos diferenciados.

Entre a maior parte dos agentes,com baixa capacitação no lidar compopulações indígenas, dominaainda a idéia de que a condiçãode índio é transitória e que se deveurgentemente “modernizar” osseus modos de vida e de pensar.“Modernização” esta que resulta,muitas vezes, em exclusãocultural, por meio da imposiçãode valores e formas de transmissãoda sociedade dominante,como os valores religiosos queas práticas de evangelização dasmissões de fé levam aos índioscomo única alternativa defuturo e salvação.

No sentido de reverter essequadro e de acordo com asdiretrizes da política nacionalde educação indígena sobresponsabilidade do MEC,o Programa Wajãpi incumbiu-se,há dez anos, de iniciar um

programa de atuação educacionalbaseado num profundoconhecimento da realidade e dasespecificidades culturais dos Wajãpido Amapá. Como recomenda aCoordenação Geral de Apoioàs Escolas Indígenas do MEC,coube aos antropólogos,lingüistas e educadores doPrograma Wajãpi idealizar econsolidar procedimentosinovadores para a alfabetizaçãobilíngüe e a promoção dainterculturalidade. Essasiniciativas resultaram em umprograma piloto de educaçãoescolar voltado especificamenteaos Wajãpi do Amapá,difundindo os resultados paraque possam ser apropriados,no decorrer do processoou em outro momento, pelosórgãos convencionais deassistência aos índios.

Medidas játomadas paraassegurar atransmissão

aldeia yvyrareta.foto: dominiquet. gallois.

abaixokaoripinãdesenha, ¡ªª∞.foto: dominiquet. gallois.

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No que toca à transmissão oraldos conhecimentos e das formasde expressão gráfica dos Wajãpi doAmapá, são esses os procedimentosque embasam os trabalhosrealizados pela equipe do ProgramaWajãpi e do NHII / USP:

Compreender a dinâmica internade relações sociais e as tensõesentre gerações Uma especial atenção é dada paraas dificuldades que os líderestradicionais e todos os maisvelhos encontram para continuartransmitindo, nas formas deenunciação e em acordo com osvalores estéticos tradicionais, todo oconjunto de conhecimentos e valoresque desejam passar às gerações maisnovas. Estas, por sua vez, estão hojemais interessadas em se aproximarou se apropriar de modos de serda população não indígena.

Entre os trabalhos rotineiros daequipe do Programa Wajãpi, está apromoção de discussões acerca dasmudanças culturais que afetam, háalguns anos, o equilíbrio social epolítico das aldeias. O debatecoletivo das transformações emcurso permite a todos explicitar suaconsciência da mudança e proporalternativas em relação à perda devalores e à desagregação dos saberestradicionais. A temática dessesdebates coletivos, que vêm sendorealizados duas a três vezes por ano,é diversificada, mas ultimamentetem se concentrado na discussão dealternativas de valorização dasformas de manejo e conservaçãoque os Wajãpi praticam desdemuitas gerações, garantindo suasubsistência com o uso sustentáveldos recursos de seu território.Os conteúdos desses debatescoletivos são retrabalhados durante

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 2

Apesar do ordenamentojurídico exposto, muito pouco

foi feito para assegurar, na prática,o respeito às diferenças culturais.Mais grave ainda é a falta decapacitação para que funcionáriosdos órgãos oficiais da políticaindigenista possam conhecer,respeitar e valorizar a continuidadeda transmissão dos saberes oraisdiferenciados dos índios do Brasil.Continua persistindo uma distânciaconsiderável entre os excelentesdispositivos legais e as dificuldadesimensas encontradas pelos agenteslocais em compreender eimplementar esses instrumentos deproteção e valorização. São poucasas iniciativas, por parte dasentidades oficiais responsáveis pelaassistência aos índios, no sentidode desenvolver ou investir emadequações de suas intervençõespara públicos diferenciados.

Entre a maior parte dos agentes,com baixa capacitação no lidar compopulações indígenas, dominaainda a idéia de que a condiçãode índio é transitória e que se deveurgentemente “modernizar” osseus modos de vida e de pensar.“Modernização” esta que resulta,muitas vezes, em exclusãocultural, por meio da imposiçãode valores e formas de transmissãoda sociedade dominante,como os valores religiosos queas práticas de evangelização dasmissões de fé levam aos índioscomo única alternativa defuturo e salvação.

No sentido de reverter essequadro e de acordo com asdiretrizes da política nacionalde educação indígena sobresponsabilidade do MEC,o Programa Wajãpi incumbiu-se,há dez anos, de iniciar um

programa de atuação educacionalbaseado num profundoconhecimento da realidade e dasespecificidades culturais dos Wajãpido Amapá. Como recomenda aCoordenação Geral de Apoioàs Escolas Indígenas do MEC,coube aos antropólogos,lingüistas e educadores doPrograma Wajãpi idealizar econsolidar procedimentosinovadores para a alfabetizaçãobilíngüe e a promoção dainterculturalidade. Essasiniciativas resultaram em umprograma piloto de educaçãoescolar voltado especificamenteaos Wajãpi do Amapá,difundindo os resultados paraque possam ser apropriados,no decorrer do processoou em outro momento, pelosórgãos convencionais deassistência aos índios.

Medidas játomadas paraassegurar atransmissão

aldeia yvyrareta.foto: dominiquet. gallois.

abaixokaoripinãdesenha, ¡ªª∞.foto: dominiquet. gallois.

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os cursos de formação deprofessores e de agentes indígenasde saúde, de modo a seremutilizados nas escolas das aldeias.

Conhecer é o primeiro passopara proteger acervos culturais Para que sejam conhecidos,é preciso, antes, enunciá-los.Tendo em vista esse princípio,a atuação de pesquisadores eeducadores das equipes consisteem promover a enunciação dosconhecimentos específicos aosWajãpi do Amapá, além defomentar a comparação comsaberes de outros povos e suasformas de transmissão. Todosos registros – especialmentenarrativos, mas também gráficos –são multiplicados e distribuídosnas aldeias. O trabalhode pesquisa reverte, assim,diretamente para a comunidade,

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 5

que passa a contar com mais umcontexto valorativo, para viver econhecer sua especificidade culturale refletir acerca de suasdimensões simbólicas.

Uma das experiências maisbem-sucedidas nesse sentido foramas oficinas de desenho, realizadas apedido dos líderes tradicionais,preocupados com o desinteresse dascrianças e de muitos jovens emaprender a arte gráfica específicados Wajãpi. Nessas oficinas,realizadas no pátio das aldeias e nãona escola, todos tinham acesso aosmateriais e não havia temasdefinidos para serem ilustrados.Os habitantes da aldeia tinhamacesso às obras expostas, que eramcomentadas diariamente, e seusautores incentivados aexperimentar novas composiçõesou registrar elementos menosconhecidos do repertório.

Com a mesma intenção, estãosendo realizadas oficinas audiovisuais,que capacitam jovens e adultos aouso de equipamentos de vídeo e àelaboração de roteiros. Muitosjovens estão interessados emdominar essa tecnologia pararegistrar narrativas e performancesdos mais velhos, assim como outrasmanifestações culturais cotidianasde sua comunidade. Para apreparação da exposição Tempo eespaço na Amazônia, organizada peloMuseu do Índio, um grupo demulheres mais idosas tomou ainiciativa de organizar oficinas decerâmica para ensinar a arte àsmulheres mais jovens.

Participação ativa da comunidadenas iniciativas de difusão de suasmanifestações culturais Trata-se de uma maneira decapacitar os jovens Wajãpi do

Amapá a organizar, de formaautônoma, o processo de seleçãodos conteúdos a serem divulgados.

Após uma série de pequenasexposições realizadas ao longo dosúltimos três anos, a experiênciapropiciada pelo Museu do Índio,em 2001 e 2002, foi de extremarelevância nesse esforço decapacitação. Além da mostra deobjetos, textos e ilustrações, osWajãpi interessaram-se em divulgarseu sistema gráfico kusiwa na formade um livro, com a expectativa deampliar o diálogo com todosaqueles que reconhecerem, nessenovo formato para a expressãode sua tradição, um patrimônioque lhes é próprio e que elesesperam ver cada vez maisdifundido e respeitado.

sessão de pinturacoletiva.foto: marina weis.

atividades deformação empesquisa, ™ºº∞.foto: dominiquet. gallois.

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os cursos de formação deprofessores e de agentes indígenasde saúde, de modo a seremutilizados nas escolas das aldeias.

Conhecer é o primeiro passopara proteger acervos culturais Para que sejam conhecidos,é preciso, antes, enunciá-los.Tendo em vista esse princípio,a atuação de pesquisadores eeducadores das equipes consisteem promover a enunciação dosconhecimentos específicos aosWajãpi do Amapá, além defomentar a comparação comsaberes de outros povos e suasformas de transmissão. Todosos registros – especialmentenarrativos, mas também gráficos –são multiplicados e distribuídosnas aldeias. O trabalhode pesquisa reverte, assim,diretamente para a comunidade,

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que passa a contar com mais umcontexto valorativo, para viver econhecer sua especificidade culturale refletir acerca de suasdimensões simbólicas.

Uma das experiências maisbem-sucedidas nesse sentido foramas oficinas de desenho, realizadas apedido dos líderes tradicionais,preocupados com o desinteresse dascrianças e de muitos jovens emaprender a arte gráfica específicados Wajãpi. Nessas oficinas,realizadas no pátio das aldeias e nãona escola, todos tinham acesso aosmateriais e não havia temasdefinidos para serem ilustrados.Os habitantes da aldeia tinhamacesso às obras expostas, que eramcomentadas diariamente, e seusautores incentivados aexperimentar novas composiçõesou registrar elementos menosconhecidos do repertório.

Com a mesma intenção, estãosendo realizadas oficinas audiovisuais,que capacitam jovens e adultos aouso de equipamentos de vídeo e àelaboração de roteiros. Muitosjovens estão interessados emdominar essa tecnologia pararegistrar narrativas e performancesdos mais velhos, assim como outrasmanifestações culturais cotidianasde sua comunidade. Para apreparação da exposição Tempo eespaço na Amazônia, organizada peloMuseu do Índio, um grupo demulheres mais idosas tomou ainiciativa de organizar oficinas decerâmica para ensinar a arte àsmulheres mais jovens.

Participação ativa da comunidadenas iniciativas de difusão de suasmanifestações culturais Trata-se de uma maneira decapacitar os jovens Wajãpi do

Amapá a organizar, de formaautônoma, o processo de seleçãodos conteúdos a serem divulgados.

Após uma série de pequenasexposições realizadas ao longo dosúltimos três anos, a experiênciapropiciada pelo Museu do Índio,em 2001 e 2002, foi de extremarelevância nesse esforço decapacitação. Além da mostra deobjetos, textos e ilustrações, osWajãpi interessaram-se em divulgarseu sistema gráfico kusiwa na formade um livro, com a expectativa deampliar o diálogo com todosaqueles que reconhecerem, nessenovo formato para a expressãode sua tradição, um patrimônioque lhes é próprio e que elesesperam ver cada vez maisdifundido e respeitado.

sessão de pinturacoletiva.foto: marina weis.

atividades deformação empesquisa, ™ºº∞.foto: dominiquet. gallois.

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plano de ação*

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 7

Apublicidade de um bemcultural patrimoniado tem,

necessariamente, impactos sobre osprocessos internos de apropriaçãodesse bem, que deve ser mantidosob o efetivo controle dacomunidade Wajãpi do Amapá.Essa “reflexividade” dos processosde reconhecimento de bensculturais envolvendo relaçõessociais internas às comunidades(cfr.Arantes, 2001) abarcaráconseqüências para a auto-imagemdos Wajãpi do Amapá – um aspectopositivo – mas poderá tambémresultar em efeitos políticos ecomerciais indesejados para agestão e valorização interna dopatrimônio cultural que sepretende preservar. Para controlare compensar as conseqüênciaspráticas dessa inevitávelpublicidade, assim como paraavaliar os resultados das

atividades de revitalização interna,foi recentemente instaladoo Conselho Consultivo do Planode Salvaguarda do Patrimônio ImaterialWajãpi, com a seguinte composição:

Os quatro membros da diretoriado Conselho das Aldeias / Apina(eleitos a cada dois anos): KaitonaWajãpi, Jawapuku Wajãpi, PatenãWajãpi e Jawaruwa Wajãpi. Alémdestes, participam do Conselho seisprofessores bilíngües: Moropi

mecanismoadministrativo

página ao lado atividades no cursode formação deprofessoresbilíngües.foto: dominiquet. gallois.

reunião políticaem macapá, ¡ªª¡.foto: dominiquet. gallois.

* O Plano de Ação

apresentado a seguir foi

encaminhado à Unesco em

2002, com o título Plano

integrado de

valorização dos

conhecimentos

tradicionais, para o

desenvolvimento

socioambiental

sustentável da

comunidade indígena

Wajãpi do Amapá.

O Conselho das Aldeias

Wajãpi / Apina é a

organização representativa

da comunidade que se

responsabiliza pela sua

implementação, com apoio

de diversas instituições

parceiras.

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plano de ação*

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Apublicidade de um bemcultural patrimoniado tem,

necessariamente, impactos sobre osprocessos internos de apropriaçãodesse bem, que deve ser mantidosob o efetivo controle dacomunidade Wajãpi do Amapá.Essa “reflexividade” dos processosde reconhecimento de bensculturais envolvendo relaçõessociais internas às comunidades(cfr.Arantes, 2001) abarcaráconseqüências para a auto-imagemdos Wajãpi do Amapá – um aspectopositivo – mas poderá tambémresultar em efeitos políticos ecomerciais indesejados para agestão e valorização interna dopatrimônio cultural que sepretende preservar. Para controlare compensar as conseqüênciaspráticas dessa inevitávelpublicidade, assim como paraavaliar os resultados das

atividades de revitalização interna,foi recentemente instaladoo Conselho Consultivo do Planode Salvaguarda do Patrimônio ImaterialWajãpi, com a seguinte composição:

Os quatro membros da diretoriado Conselho das Aldeias / Apina(eleitos a cada dois anos): KaitonaWajãpi, Jawapuku Wajãpi, PatenãWajãpi e Jawaruwa Wajãpi. Alémdestes, participam do Conselho seisprofessores bilíngües: Moropi

mecanismoadministrativo

página ao lado atividades no cursode formação deprofessoresbilíngües.foto: dominiquet. gallois.

reunião políticaem macapá, ¡ªª¡.foto: dominiquet. gallois.

* O Plano de Ação

apresentado a seguir foi

encaminhado à Unesco em

2002, com o título Plano

integrado de

valorização dos

conhecimentos

tradicionais, para o

desenvolvimento

socioambiental

sustentável da

comunidade indígena

Wajãpi do Amapá.

O Conselho das Aldeias

Wajãpi / Apina é a

organização representativa

da comunidade que se

responsabiliza pela sua

implementação, com apoio

de diversas instituições

parceiras.

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de Ação, atendendo toda equalquer demanda dos Wajãpi arespeito do trabalho.

Os membros não-indígenas doConselho Consultivo foramescolhidos entre profissionais cominquestionável competênciatécnica, além de experiênciaanterior no trabalho compopulações indígenas e,especialmente, com os Wajãpi.Cabe aos membros desse conselhorealizar – conjuntamente ou não –visitas semestrais para verificar oandamento dos trabalhos devalorização e revitalização interna,avaliar a atuação de técnicos não-indígenas que por ventura sejamcontratados e ouvir o parecer dacomunidade sobre os resultadosalcançados. Essas vistorias devemincluir estadias em diferentesaldeias dos Wajãpi do Amapá ereuniões de trabalho com os

membros da diretoria do Conselho/ Apina. Cada conselheiroelabora relatório a serintercambiado com os demaismembros do Conselho Consultivopara que, ao final de cada ano,se possa realizar uma reuniãode avaliação e planejamento dacontinuidade das ações.

Cabe principalmente aoConselho das Aldeias / Apinaavaliar o progresso e os resultados –positivos ou não – de todas asintervenções decorrentes doreconhecimento de seu patrimônioimaterial. O Apina constitui ainstância deliberativa comcapacidade de interromper oureorientar ações e/ou suasconseqüências que não sejamadequadas aos interesses dacomunidade. E, sobretudo, tema responsabilidade para indicar aoConselho Consultivo prioridades

ou necessidades de ordem prática,pedagógica, ou mesmo ética, paragarantir que as ações de diagnóstico,investigação participativa,inventário e difusão interna,previstas no Plano de Ação,possam atingir seus objetivos derevitalização do sistema gráfico e daarte verbal, assim como dos valoresculturais dos Wajãpi do Amapá.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 8

Wajãpi, Viseni Wajãpi, MakaratoWajãpi, Aikyry Wajãpi, JaparopiWajãpi e Taraku´asi Wajãpi;– dois representantes do Iphan/Minc: Márcia Sant´Anna (titular)e Simone Macedo (suplente);– dois representantes do Museu doÍndio – Funai: José Carlos Levinho(titular) e Arilza de Almeira(suplente);– dois representantes do Núcleo deEducação Indígena da Secretaria deEducação do Estado do Amapá –NEI/SEED: Eclemilda Maciel(titular) e Rosilene Corrêa daSilva (suplente)– dois representantes do Núcleo deHistória Indígena e do Indigenismo– Universidade de São Paulo:Dominique Tilkin Gallois (titular)e Marta Amoroso (suplente).– dois representantes do Institutode Pesquisa e Formação emEducação Indígena: Lúcia

Smrecsányi (titular) e Paulo AfonsoCardoso Favacho (suplente)

O Conselho das Aldeias Wajãpi /Apina será o gestor dos recursos,por meio de convênios com asdemais instituições envolvidas.Alguns projetos já implementadospara ações de valorização cultural ede formação no âmbito doPrograma Wajãpi estão sendogeridos pelo Iepé, principalparceiro do Apina. Os recursos a

serem captados pelos novosprojetos terão sua destinaçãoespecificada e caberá ao ConselhoConsultivo auxiliar o Apina e oPrograma Wajãpi nessa gestão,aprovando um plano de aplicaçãodos recursos que irá definir oselementos de despesas eprocedimentos para sua utilização.Assim, o Conselho Consultivooferece assessoria permanenteao Apina, na execução do Plano

encontro delíderes indígenasem macapá.foto: dominiquet. gallois.

detalhe de padrãopira kã’gwer.katirina wajãpi, ™ººº.

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de Ação, atendendo toda equalquer demanda dos Wajãpi arespeito do trabalho.

Os membros não-indígenas doConselho Consultivo foramescolhidos entre profissionais cominquestionável competênciatécnica, além de experiênciaanterior no trabalho compopulações indígenas e,especialmente, com os Wajãpi.Cabe aos membros desse conselhorealizar – conjuntamente ou não –visitas semestrais para verificar oandamento dos trabalhos devalorização e revitalização interna,avaliar a atuação de técnicos não-indígenas que por ventura sejamcontratados e ouvir o parecer dacomunidade sobre os resultadosalcançados. Essas vistorias devemincluir estadias em diferentesaldeias dos Wajãpi do Amapá ereuniões de trabalho com os

membros da diretoria do Conselho/ Apina. Cada conselheiroelabora relatório a serintercambiado com os demaismembros do Conselho Consultivopara que, ao final de cada ano,se possa realizar uma reuniãode avaliação e planejamento dacontinuidade das ações.

Cabe principalmente aoConselho das Aldeias / Apinaavaliar o progresso e os resultados –positivos ou não – de todas asintervenções decorrentes doreconhecimento de seu patrimônioimaterial. O Apina constitui ainstância deliberativa comcapacidade de interromper oureorientar ações e/ou suasconseqüências que não sejamadequadas aos interesses dacomunidade. E, sobretudo, tema responsabilidade para indicar aoConselho Consultivo prioridades

ou necessidades de ordem prática,pedagógica, ou mesmo ética, paragarantir que as ações de diagnóstico,investigação participativa,inventário e difusão interna,previstas no Plano de Ação,possam atingir seus objetivos derevitalização do sistema gráfico e daarte verbal, assim como dos valoresculturais dos Wajãpi do Amapá.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 0 8

Wajãpi, Viseni Wajãpi, MakaratoWajãpi, Aikyry Wajãpi, JaparopiWajãpi e Taraku´asi Wajãpi;– dois representantes do Iphan/Minc: Márcia Sant´Anna (titular)e Simone Macedo (suplente);– dois representantes do Museu doÍndio – Funai: José Carlos Levinho(titular) e Arilza de Almeira(suplente);– dois representantes do Núcleo deEducação Indígena da Secretaria deEducação do Estado do Amapá –NEI/SEED: Eclemilda Maciel(titular) e Rosilene Corrêa daSilva (suplente)– dois representantes do Núcleo deHistória Indígena e do Indigenismo– Universidade de São Paulo:Dominique Tilkin Gallois (titular)e Marta Amoroso (suplente).– dois representantes do Institutode Pesquisa e Formação emEducação Indígena: Lúcia

Smrecsányi (titular) e Paulo AfonsoCardoso Favacho (suplente)

O Conselho das Aldeias Wajãpi /Apina será o gestor dos recursos,por meio de convênios com asdemais instituições envolvidas.Alguns projetos já implementadospara ações de valorização cultural ede formação no âmbito doPrograma Wajãpi estão sendogeridos pelo Iepé, principalparceiro do Apina. Os recursos a

serem captados pelos novosprojetos terão sua destinaçãoespecificada e caberá ao ConselhoConsultivo auxiliar o Apina e oPrograma Wajãpi nessa gestão,aprovando um plano de aplicaçãodos recursos que irá definir oselementos de despesas eprocedimentos para sua utilização.Assim, o Conselho Consultivooferece assessoria permanenteao Apina, na execução do Plano

encontro delíderes indígenasem macapá.foto: dominiquet. gallois.

detalhe de padrãopira kã’gwer.katirina wajãpi, ™ººº.

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os setores públicos e privados quelidam – nas esferas federal, estaduale municipal – com as populaçõesindígenas do Amapá e regiõesadjacentes. A idealização dascampanhas estará a cargo doConselho Consultivo que assessorao Apina, e sua implementaçãoenvolverá especialmente o Museudo Índio da Funai e o NEI-AP.Essa campanha deverá focar opatrimônio cultural dos índiosWajãpi e de outros grupos da regiãoe, na medida do possível, de todo oPaís. Tratar-se-á de reverter a idéiade que a oralidade é sinônimode limitação no acúmulo deconhecimentos e de pobreza daatividade intelectual. Tratar-se-á,ainda, de capacitar todos ostécnicos que trabalham em áreasindígenas para a avaliação crítica eos cuidados indispensáveis norepasse de conhecimentos e práticas

exógenas a essas culturasdiferenciadas. Será difundidainformação sobre os impactos dacomercialização e uso indevidodos saberes indígenas, que acabampor desvalorizar as diferençase singularidades culturais.

O caráter dessas campanhasserá antes preventivo que curativo(C. Londres, 2000), pois se tratade difundir respeito a práticas detransmissão oral e a valoresculturais que estão vivos – enão apenas “objetos do passado” –e que, portanto, sãoconstantemente produzidos ereelaborados. É essa dinâmicade recriação e atualização dosconhecimentos, ao longodas gerações, por intermédioda oralidade, que será objetodas campanhas de sensibilizaçãoe informação, para que o maiornúmero possível de atores sociais

não indígenas passe a entendermelhor e respeitar o valor excepcionaldesta dinâmica característicado patrimônio imaterial.

2. Difusão dos patrimôniosimateriais de grupos indígenasbrasileirosPara alimentar essas campanhas,será realizada uma difusão – seletivae controlada pelos seus detentores –dos saberes orais e das técnicasculturais dos Wajãpi e de outrosgrupos da região, tendo em vista,sempre, sua dinâmica detransformação e suas diferentesmodalidades de transmissão.Para evitar desconfigurar asparticularidades desse tipo depatrimônio, assim como suaapropriação e utilização indevidas,a difusão deverá ser realizada,preferencialmente, em meiosaudiovisuais. Os responsáveis irão

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 1 0

Para colocar em prática umaproteção eficaz do patrimônio

imaterial dos Wajãpi do Amapáe de outros grupos indígenas,distinguimos medidas de duasordens, operacionalmente distintas:

1. a implementação decampanhas dirigidas aos múltiplosagentes que atuam, direta ouindiretamente, junto a esta e aoutras comunidades, e queprecisam incorporar formasde relacionamento e intervençãoadequadas à valorização depatrimônios orais e à manutençãodas diferenças culturais;

2. a implementação de ações paraa revitalização interna das formasde expressão gráfica e orais entreos Wajãpi do Amapá.

Ações do primeiro componenteO primeiro componente inclui trêsconjuntos de ações:

1. Campanhas de sensibilizaçãoe informação Intervenções desta natureza são tãoprioritárias quanto as ações locais,à medida que todos os esforçosinternos da comunidade Wajãpido Amapá poderão se tornarimprodutivos se não foremalteradas as atitudes e práticasetnocêntricas correntes,revertendo, assim, os preconceitosque ainda caracterizam a relaçãoda sociedade brasileira com aspopulações indígenas.

Considerando a existência deuma boa legislação, assim como deum conhecimento acumulado e deexcelente qualidade sobre aspopulações indígenas, e de recursos– mesmo que atualmente malaplicados –, será fundamentalarticular esses diferentes níveis paraa realização de campanhas desensibilização e informação de todos

Componentes doPlano de Ação

crianças naescola mariry. foto:dominiquet. gallois.

preparação dourucum.foto: dominiquet. gallois.

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os setores públicos e privados quelidam – nas esferas federal, estaduale municipal – com as populaçõesindígenas do Amapá e regiõesadjacentes. A idealização dascampanhas estará a cargo doConselho Consultivo que assessorao Apina, e sua implementaçãoenvolverá especialmente o Museudo Índio da Funai e o NEI-AP.Essa campanha deverá focar opatrimônio cultural dos índiosWajãpi e de outros grupos da regiãoe, na medida do possível, de todo oPaís. Tratar-se-á de reverter a idéiade que a oralidade é sinônimode limitação no acúmulo deconhecimentos e de pobreza daatividade intelectual. Tratar-se-á,ainda, de capacitar todos ostécnicos que trabalham em áreasindígenas para a avaliação crítica eos cuidados indispensáveis norepasse de conhecimentos e práticas

exógenas a essas culturasdiferenciadas. Será difundidainformação sobre os impactos dacomercialização e uso indevidodos saberes indígenas, que acabampor desvalorizar as diferençase singularidades culturais.

O caráter dessas campanhasserá antes preventivo que curativo(C. Londres, 2000), pois se tratade difundir respeito a práticas detransmissão oral e a valoresculturais que estão vivos – enão apenas “objetos do passado” –e que, portanto, sãoconstantemente produzidos ereelaborados. É essa dinâmicade recriação e atualização dosconhecimentos, ao longodas gerações, por intermédioda oralidade, que será objetodas campanhas de sensibilizaçãoe informação, para que o maiornúmero possível de atores sociais

não indígenas passe a entendermelhor e respeitar o valor excepcionaldesta dinâmica característicado patrimônio imaterial.

2. Difusão dos patrimôniosimateriais de grupos indígenasbrasileirosPara alimentar essas campanhas,será realizada uma difusão – seletivae controlada pelos seus detentores –dos saberes orais e das técnicasculturais dos Wajãpi e de outrosgrupos da região, tendo em vista,sempre, sua dinâmica detransformação e suas diferentesmodalidades de transmissão.Para evitar desconfigurar asparticularidades desse tipo depatrimônio, assim como suaapropriação e utilização indevidas,a difusão deverá ser realizada,preferencialmente, em meiosaudiovisuais. Os responsáveis irão

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Para colocar em prática umaproteção eficaz do patrimônio

imaterial dos Wajãpi do Amapáe de outros grupos indígenas,distinguimos medidas de duasordens, operacionalmente distintas:

1. a implementação decampanhas dirigidas aos múltiplosagentes que atuam, direta ouindiretamente, junto a esta e aoutras comunidades, e queprecisam incorporar formasde relacionamento e intervençãoadequadas à valorização depatrimônios orais e à manutençãodas diferenças culturais;

2. a implementação de ações paraa revitalização interna das formasde expressão gráfica e orais entreos Wajãpi do Amapá.

Ações do primeiro componenteO primeiro componente inclui trêsconjuntos de ações:

1. Campanhas de sensibilizaçãoe informação Intervenções desta natureza são tãoprioritárias quanto as ações locais,à medida que todos os esforçosinternos da comunidade Wajãpido Amapá poderão se tornarimprodutivos se não foremalteradas as atitudes e práticasetnocêntricas correntes,revertendo, assim, os preconceitosque ainda caracterizam a relaçãoda sociedade brasileira com aspopulações indígenas.

Considerando a existência deuma boa legislação, assim como deum conhecimento acumulado e deexcelente qualidade sobre aspopulações indígenas, e de recursos– mesmo que atualmente malaplicados –, será fundamentalarticular esses diferentes níveis paraa realização de campanhas desensibilização e informação de todos

Componentes doPlano de Ação

crianças naescola mariry. foto:dominiquet. gallois.

preparação dourucum.foto: dominiquet. gallois.

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adiante: fontes de financiamentoe ações em andamento)

3. Pesquisa e elaboração dosdados num inventário participativoMedidas de proteção de umpatrimônio oral exigem a produçãosistemática de dados e suainterpretação, para configuração deum inventário. Ressalte-se que arealização de registros e suareprodução para fins diversos sópoderá ser realizada com aconcordância e participação diretada comunidade indígena, paragarantir que o sistema referencialseja realizado em acordo com asênfases culturais e o contextosociopolítico do grupo. Por outrolado, como já se constatou naexperiência de tombamento demanifestações de grupos sociaisdiferenciados, cabe garantir que osWajãpi do Amapá possam

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assumir o compromisso de evitaruma difusão de narrativas escritas,e toda e qualquer difusão deconhecimentos dos Wajãpi nesseformato deverá ser, antes, submetidaa seus detentores e ao ConselhoConsultivo. A propriedade coletivadesse patrimônio dos Wajãpi doAmapá será garantida em todoe qualquer ato de difusão.

Para se alcançar a qualidadedesejada nas atividades de difusãode elementos do patrimônioimaterial desse grupo, será essencialestabelecer uma comparação com asituação de patrimônios similaresem diferentes áreas indígenas doBrasil, visando a trazer subsídios aoestabelecimento de políticas na áreado patrimônio cultural específicodessas populações. A açãoprioritária deve ser a de oferecerreconhecimento aos detentoresdesse patrimônio para que

tomem consciência de seu valor econsolidem seu interesse emperpetuá-lo e transmiti-lo àsgerações mais novas. Ações nessesentido estão sendo planejadas,especialmente através daaproximação entre representantesdos grupos indígenas do Amapá,que participarão conjuntamente deum seminário, em 2005, visando aconsolidar sua participação em açõesde difusão cultural na região (ver

compreender e se apropriar detodo o conjunto de significadosenvolvidos no reconhecimentode suas expressões culturais como“bem imaterial da humanidade”,de acordo com suas necessidadese prioridades.

Nesse processo, é indispensávelgarantir condições de diálogointenso com os pesquisadores etécnicos das instituições envolvidasno plano de gestão, para umtrabalho continuado e de qualidadeem benefício desses interesseslocais. Para os jovens wajãpi, queserão chamados a participar desseinventário ao lado dos mais velhos,esta medida poderá significar aoportunidade de identificar partesde seu acervo de conhecimentos epráticas culturais antesdesconhecidas, ou em desuso,ou inadequadamente avaliadas.A formação de pesquisadores

wajãpi, já iniciada, está trazendoresultados expressivos nesse sentido(ver adiante: fontes de financiamentoe ações em andamento).

Objetivos do segundocomponenteAs instituições representadas noConselho Consultivo que assessorao Apina serão responsáveis pelodesenvolvimento do Plano integrado devalorização dos conhecimentos tradicionaispara o desenvolvimento socioambientalsustentável da comunidade Wajãpi do Amapá,cujas atividades e metas principaissão as seguintes:

1. Diagnóstico permanentedo processo de revitalização dacultura oral:A realização de um diagnósticopermanente é indispensável paraorientar ações progressivas e avaliarse os resultados alcançados são

aqueles esperados pelo Plano deAção. Deverá considerar, emespecial, os fatores desfavoráveisà persistência das formas deexpressão cultural como o sistemagráfico kusiwa. Os professoresbilíngües idealizaram umlevantamento de situações dediscriminação cultural, que estásendo realizado por eles, emdiversas aldeias, e irá comporos resultados de um primeirodiagnóstico, pautado pelo ConselhoConsultivo, em julho de 2005.

2. Procedimentos e focosprioritários para a avaliaçãodos resultados:São quatro os principaisprocedimentos que orientam todasas atividades propostas neste Planode Ação:– os resultados do trabalho derevitalização cultural são

na escola, háalguns anos,a alfabetizaçãoé feita em línguamaterna.foto: dominiquet. gallois.

uma das primeirasreuniões doconselho dasaldeias apina.foto: dominiquet. gallois.

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adiante: fontes de financiamentoe ações em andamento)

3. Pesquisa e elaboração dosdados num inventário participativoMedidas de proteção de umpatrimônio oral exigem a produçãosistemática de dados e suainterpretação, para configuração deum inventário. Ressalte-se que arealização de registros e suareprodução para fins diversos sópoderá ser realizada com aconcordância e participação diretada comunidade indígena, paragarantir que o sistema referencialseja realizado em acordo com asênfases culturais e o contextosociopolítico do grupo. Por outrolado, como já se constatou naexperiência de tombamento demanifestações de grupos sociaisdiferenciados, cabe garantir que osWajãpi do Amapá possam

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assumir o compromisso de evitaruma difusão de narrativas escritas,e toda e qualquer difusão deconhecimentos dos Wajãpi nesseformato deverá ser, antes, submetidaa seus detentores e ao ConselhoConsultivo. A propriedade coletivadesse patrimônio dos Wajãpi doAmapá será garantida em todoe qualquer ato de difusão.

Para se alcançar a qualidadedesejada nas atividades de difusãode elementos do patrimônioimaterial desse grupo, será essencialestabelecer uma comparação com asituação de patrimônios similaresem diferentes áreas indígenas doBrasil, visando a trazer subsídios aoestabelecimento de políticas na áreado patrimônio cultural específicodessas populações. A açãoprioritária deve ser a de oferecerreconhecimento aos detentoresdesse patrimônio para que

tomem consciência de seu valor econsolidem seu interesse emperpetuá-lo e transmiti-lo àsgerações mais novas. Ações nessesentido estão sendo planejadas,especialmente através daaproximação entre representantesdos grupos indígenas do Amapá,que participarão conjuntamente deum seminário, em 2005, visando aconsolidar sua participação em açõesde difusão cultural na região (ver

compreender e se apropriar detodo o conjunto de significadosenvolvidos no reconhecimentode suas expressões culturais como“bem imaterial da humanidade”,de acordo com suas necessidadese prioridades.

Nesse processo, é indispensávelgarantir condições de diálogointenso com os pesquisadores etécnicos das instituições envolvidasno plano de gestão, para umtrabalho continuado e de qualidadeem benefício desses interesseslocais. Para os jovens wajãpi, queserão chamados a participar desseinventário ao lado dos mais velhos,esta medida poderá significar aoportunidade de identificar partesde seu acervo de conhecimentos epráticas culturais antesdesconhecidas, ou em desuso,ou inadequadamente avaliadas.A formação de pesquisadores

wajãpi, já iniciada, está trazendoresultados expressivos nesse sentido(ver adiante: fontes de financiamentoe ações em andamento).

Objetivos do segundocomponenteAs instituições representadas noConselho Consultivo que assessorao Apina serão responsáveis pelodesenvolvimento do Plano integrado devalorização dos conhecimentos tradicionaispara o desenvolvimento socioambientalsustentável da comunidade Wajãpi do Amapá,cujas atividades e metas principaissão as seguintes:

1. Diagnóstico permanentedo processo de revitalização dacultura oral:A realização de um diagnósticopermanente é indispensável paraorientar ações progressivas e avaliarse os resultados alcançados são

aqueles esperados pelo Plano deAção. Deverá considerar, emespecial, os fatores desfavoráveisà persistência das formas deexpressão cultural como o sistemagráfico kusiwa. Os professoresbilíngües idealizaram umlevantamento de situações dediscriminação cultural, que estásendo realizado por eles, emdiversas aldeias, e irá comporos resultados de um primeirodiagnóstico, pautado pelo ConselhoConsultivo, em julho de 2005.

2. Procedimentos e focosprioritários para a avaliaçãodos resultados:São quatro os principaisprocedimentos que orientam todasas atividades propostas neste Planode Ação:– os resultados do trabalho derevitalização cultural são

na escola, háalguns anos,a alfabetizaçãoé feita em línguamaterna.foto: dominiquet. gallois.

uma das primeirasreuniões doconselho dasaldeias apina.foto: dominiquet. gallois.

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complexo, demorado e delicadoque a produção de registroseditados ao gosto do público nãoindígena. O que se pretendepromover com este Plano de Açãoé menos a cultura como“espetáculo” que como um“bem próprio” da comunidadeindígena (Arantes, 2000), semser, entretanto, nem um retornoao passado nem uma buscade isolamento.

O tipo de “interculturalidade”convencionalmente praticadopelas instituições educativasconsiste apenas em promover acoexistência ou a comparação deconhecimentos e valores dasociedade indígena com os dasociedade dominante. O que secostuma veicular como temastípicos da indianidade não sãooutra coisa que um conjunto deelementos genéricos, que em nada

correspondem à enormediversidade cultural indígenaexistente no Brasil. O tipo deinterculturalidade que se almejaalcançar através das atividadespropostas neste Plano não deveráse limitar a essa coexistência, quenão é pacífica, pois geralmenteresulta na substituição dosconhecimentos, práticas e valoresindígenas pelos da sociedadeenvolvente. O registro escrito defragmentos de mitologias, emdetrimento de um trabalho maisprofundo de recuperação depráticas enunciativas e da arteverbal tradicional, são exemploscorrentes desses desvios dainterculturalidade.

Interculturalidade significalevar ao conhecimento dos índiostécnicas e conteúdos de outrassociedades – e não apenas dasociedade envolvente – que estão

interessados em conhecer.A informação sobre essas outrasformas de pensar deve ser a maisprecisa possível, para que possaentender a diversidade das culturasno mundo. No caso dos Wajãpi doAmapá, cujos jovens passam, nomomento, por um processo desedução pelas “coisas dos brancos”,tratar-se-á de recolocar as práticasdos não-índios – que a jovemgeração anseia por adotar comopadrão – como uma entre muitasalternativas possíveis, mas não“a” única alternativa para suaidentificação ou para a construçãode seu futuro. Valores religiosos,práticas curativas, formas dediversão como as sugeridas pelatelevisão, mecanismos de trocamonetária, costumes de higiene,padrões estéticos e outros devemser apresentados em toda suadiversidade, evidenciando-se

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direcionados prioritariamente àapropriação interna da comunidadeWajãpi do Amapá, evitando-sedestinar os produtos desse processode valorização a finalidadescomerciais;– as ações são desenvolvidas comcaráter prioritariamente educativoe secundariamente voltadas àdivulgação externa;– todas as ações são executadas coma participação intensa da

comunidade, cujos representantespara dirigir atividades específicassão criteriosamente selecionadosentre os mais interessadosnesse tipo de ação cultural;– as atividades levam emconsideração parâmetros dainterculturalidade, entendidacomo o processo de seleçãocrítica de técnicas de transmissãoe de conhecimentos queinteressam à comunidade, sem

obliterar seus próprios saberes eformas de enunciação.

O respeito a esses procedimentosdeve constituir um dos indicadoresmais importantes nas avaliações dotrabalho em andamento. Se foremrespeitados, espera-se impedirdesvios comuns na implementaçãode programas de valorizaçãocultural, quais sejam:

A maior parte das atividadesdo chamado “resgate” cultural, queas mais diversas agências costumamapoiar, inclui a produção de livros,discos, e outros, destinados aopúblico externo e comercializadosa favor das comunidades. Esse tipode produção garante visibilidadeaos seus realizadores e à própriacomunidade, mas nem sempreé acompanhado da valorizaçãointerna das manifestações culturais.Esse trabalho de revitalização,efetivamente, é muito mais

crianças assistindoà dança.foto: dominiquet. gallois.

jovem com seufilho. foto:marina weis.

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complexo, demorado e delicadoque a produção de registroseditados ao gosto do público nãoindígena. O que se pretendepromover com este Plano de Açãoé menos a cultura como“espetáculo” que como um“bem próprio” da comunidadeindígena (Arantes, 2000), semser, entretanto, nem um retornoao passado nem uma buscade isolamento.

O tipo de “interculturalidade”convencionalmente praticadopelas instituições educativasconsiste apenas em promover acoexistência ou a comparação deconhecimentos e valores dasociedade indígena com os dasociedade dominante. O que secostuma veicular como temastípicos da indianidade não sãooutra coisa que um conjunto deelementos genéricos, que em nada

correspondem à enormediversidade cultural indígenaexistente no Brasil. O tipo deinterculturalidade que se almejaalcançar através das atividadespropostas neste Plano não deveráse limitar a essa coexistência, quenão é pacífica, pois geralmenteresulta na substituição dosconhecimentos, práticas e valoresindígenas pelos da sociedadeenvolvente. O registro escrito defragmentos de mitologias, emdetrimento de um trabalho maisprofundo de recuperação depráticas enunciativas e da arteverbal tradicional, são exemploscorrentes desses desvios dainterculturalidade.

Interculturalidade significalevar ao conhecimento dos índiostécnicas e conteúdos de outrassociedades – e não apenas dasociedade envolvente – que estão

interessados em conhecer.A informação sobre essas outrasformas de pensar deve ser a maisprecisa possível, para que possaentender a diversidade das culturasno mundo. No caso dos Wajãpi doAmapá, cujos jovens passam, nomomento, por um processo desedução pelas “coisas dos brancos”,tratar-se-á de recolocar as práticasdos não-índios – que a jovemgeração anseia por adotar comopadrão – como uma entre muitasalternativas possíveis, mas não“a” única alternativa para suaidentificação ou para a construçãode seu futuro. Valores religiosos,práticas curativas, formas dediversão como as sugeridas pelatelevisão, mecanismos de trocamonetária, costumes de higiene,padrões estéticos e outros devemser apresentados em toda suadiversidade, evidenciando-se

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direcionados prioritariamente àapropriação interna da comunidadeWajãpi do Amapá, evitando-sedestinar os produtos desse processode valorização a finalidadescomerciais;– as ações são desenvolvidas comcaráter prioritariamente educativoe secundariamente voltadas àdivulgação externa;– todas as ações são executadas coma participação intensa da

comunidade, cujos representantespara dirigir atividades específicassão criteriosamente selecionadosentre os mais interessadosnesse tipo de ação cultural;– as atividades levam emconsideração parâmetros dainterculturalidade, entendidacomo o processo de seleçãocrítica de técnicas de transmissãoe de conhecimentos queinteressam à comunidade, sem

obliterar seus próprios saberes eformas de enunciação.

O respeito a esses procedimentosdeve constituir um dos indicadoresmais importantes nas avaliações dotrabalho em andamento. Se foremrespeitados, espera-se impedirdesvios comuns na implementaçãode programas de valorizaçãocultural, quais sejam:

A maior parte das atividadesdo chamado “resgate” cultural, queas mais diversas agências costumamapoiar, inclui a produção de livros,discos, e outros, destinados aopúblico externo e comercializadosa favor das comunidades. Esse tipode produção garante visibilidadeaos seus realizadores e à própriacomunidade, mas nem sempreé acompanhado da valorizaçãointerna das manifestações culturais.Esse trabalho de revitalização,efetivamente, é muito mais

crianças assistindoà dança.foto: dominiquet. gallois.

jovem com seufilho. foto:marina weis.

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diferenciado. Essas atividadesde formação em pesquisa paraos Wajãpi devem prosseguirnos próximos cinco anos.A continuidade de tal capacitaçãoassim como seu acompanhamentocientífico, paralelamente à realizaçãodo inventário (ver adiante)é indispensável para a corretaexecução do Plano de Ação.

As investigações pelas quais essesjovens Wajãpi vêm sendocapacitados consistem em estudosrealizados no contexto local e nãoapenas em sistematização de dadospreexistentes. Assim, para a pinturacorporal, por exemplo, somenteatravés de pesquisa de campoprolongada se poderá entendercomo, na atual situação, esta artegráfica se relaciona com outrosmeios de comunicação verbais e nãoverbais existentes no cotidiano dosWajãpi do Amapá, e verificar suas

conexões internas, suas funçõesespecíficas e características que dãoconta de sua persistência etransformação. Espera-se que talinvestigação possa ser desenvolvidapelos pesquisadores wajãpi emformação, a partir de 207, quandoestarão iniciando o inventáriocompleto do sistema gráfico kusiwa,das narrativas orais que lhes sãoassociadas, além de todo o conjuntode saberes relacionados aos

diversos aspectos já descritos,particularmente aqueles voltadosao campo da saúde e do manejoambiental. Esse inventário deveter por metas intermediáriasatividades coletivas que tornemconhecido no seio de todas asaldeias o andamento dos trabalhosde registro e a comparação deversões, variantes e composiçõesdas mais diversas.

Como todo inventário deum patrimônio oral, deve-seconsiderar a fluidez dosconhecimentos e tradições locais,assim como respeitar o dinamismocriativo dos executores tanto dascomposições de padrões kusiwa,como de performances narrativas.Não se tratará de selecionarvariantes, nem de perenizarversões consideradas maisautênticas, como se fossemobjetos sem história, mas,

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também a profunda desigualdadeque essa diversidade mascara, paraque possam ser comparados eapreciados com espírito crítico.

3. Atividades de pesquisacientífica, de registro ede inventário do sistema gráficokusiwa e do conjunto dossaberes orais vinculados a estaforma de expressão.A comunidade Wajãpi do Amapáestá sendo mobilizada e capacitadapara a pesquisa, a documentação eo reconhecimento amplo de suariqueza cultural. Para tanto, estãoprevistas ações em duas etapas, aprimeira com dois anos de duração,a segunda com três ou quatro anos.

A primeira etapa consistiuna instalação de um programade investigação antropológicae lingüística, envolvendopesquisadores do NHII/USP que

se dedicam ao aprofundamentode estudos sobre a língua e culturados Wajãpi do Amapá. Para atenderas demandas da comunidade,assim como facilitar a iniciaçãoà pesquisa de jovens indígenas,foi indispensável procederà organização de registrospreviamente realizados porpesquisadores acadêmicos vinculadosao NHII/USP. Essa documentaçãoetnográfica já está sistematizada,para consolidar um conjunto deinformações antropológicas elingüísticas sobre as formas detransmissão oral, a arte verbal e osusos do sistema gráfico kusiwa.

Paralelamente, os pesquisadoresdo NHII colaboram com o Iepé nasatividades de formação de 50jovens e adultos wajãpi, nos camposespecíficos da história indígena,da etnologia, da lingüística e daecologia. Tal formação está sendo

realizada por meio de cursos eoficinas, com apoio de váriasinstituições financiadoras. Assim,desde 2004, os dez professoresindígenas “veteranos” iniciarampesquisas individuais no âmbito desua formação em magistério(realizada pelo Iepé, através deconvênio com a Secretaria deEducação do Amapá). Outros 20jovens iniciaram sua formação empesquisa no início de 2005 e jáestão desenvolvendo pesquisasindividuais, que vem sendoavaliadas conjuntamente no âmbitodos cursos e oficinas realizadas peloIepé (com apoio do Iphan/Minc eda Petrobrás Cultural até 2006).Finalmente, a turma de 20professores “novos”, ainda emformação, irão também iniciarpesquisas individuais a partir de2006, como parte de sua formaçãoem magistério indígena

estudando o“livro de mapasda terra wajãpi”.foto: dominiquet. gallois.

padrão juve. nazaréwajãpi, ¡ª•£.

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diferenciado. Essas atividadesde formação em pesquisa paraos Wajãpi devem prosseguirnos próximos cinco anos.A continuidade de tal capacitaçãoassim como seu acompanhamentocientífico, paralelamente à realizaçãodo inventário (ver adiante)é indispensável para a corretaexecução do Plano de Ação.

As investigações pelas quais essesjovens Wajãpi vêm sendocapacitados consistem em estudosrealizados no contexto local e nãoapenas em sistematização de dadospreexistentes. Assim, para a pinturacorporal, por exemplo, somenteatravés de pesquisa de campoprolongada se poderá entendercomo, na atual situação, esta artegráfica se relaciona com outrosmeios de comunicação verbais e nãoverbais existentes no cotidiano dosWajãpi do Amapá, e verificar suas

conexões internas, suas funçõesespecíficas e características que dãoconta de sua persistência etransformação. Espera-se que talinvestigação possa ser desenvolvidapelos pesquisadores wajãpi emformação, a partir de 207, quandoestarão iniciando o inventáriocompleto do sistema gráfico kusiwa,das narrativas orais que lhes sãoassociadas, além de todo o conjuntode saberes relacionados aos

diversos aspectos já descritos,particularmente aqueles voltadosao campo da saúde e do manejoambiental. Esse inventário deveter por metas intermediáriasatividades coletivas que tornemconhecido no seio de todas asaldeias o andamento dos trabalhosde registro e a comparação deversões, variantes e composiçõesdas mais diversas.

Como todo inventário deum patrimônio oral, deve-seconsiderar a fluidez dosconhecimentos e tradições locais,assim como respeitar o dinamismocriativo dos executores tanto dascomposições de padrões kusiwa,como de performances narrativas.Não se tratará de selecionarvariantes, nem de perenizarversões consideradas maisautênticas, como se fossemobjetos sem história, mas,

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também a profunda desigualdadeque essa diversidade mascara, paraque possam ser comparados eapreciados com espírito crítico.

3. Atividades de pesquisacientífica, de registro ede inventário do sistema gráficokusiwa e do conjunto dossaberes orais vinculados a estaforma de expressão.A comunidade Wajãpi do Amapáestá sendo mobilizada e capacitadapara a pesquisa, a documentação eo reconhecimento amplo de suariqueza cultural. Para tanto, estãoprevistas ações em duas etapas, aprimeira com dois anos de duração,a segunda com três ou quatro anos.

A primeira etapa consistiuna instalação de um programade investigação antropológicae lingüística, envolvendopesquisadores do NHII/USP que

se dedicam ao aprofundamentode estudos sobre a língua e culturados Wajãpi do Amapá. Para atenderas demandas da comunidade,assim como facilitar a iniciaçãoà pesquisa de jovens indígenas,foi indispensável procederà organização de registrospreviamente realizados porpesquisadores acadêmicos vinculadosao NHII/USP. Essa documentaçãoetnográfica já está sistematizada,para consolidar um conjunto deinformações antropológicas elingüísticas sobre as formas detransmissão oral, a arte verbal e osusos do sistema gráfico kusiwa.

Paralelamente, os pesquisadoresdo NHII colaboram com o Iepé nasatividades de formação de 50jovens e adultos wajãpi, nos camposespecíficos da história indígena,da etnologia, da lingüística e daecologia. Tal formação está sendo

realizada por meio de cursos eoficinas, com apoio de váriasinstituições financiadoras. Assim,desde 2004, os dez professoresindígenas “veteranos” iniciarampesquisas individuais no âmbito desua formação em magistério(realizada pelo Iepé, através deconvênio com a Secretaria deEducação do Amapá). Outros 20jovens iniciaram sua formação empesquisa no início de 2005 e jáestão desenvolvendo pesquisasindividuais, que vem sendoavaliadas conjuntamente no âmbitodos cursos e oficinas realizadas peloIepé (com apoio do Iphan/Minc eda Petrobrás Cultural até 2006).Finalmente, a turma de 20professores “novos”, ainda emformação, irão também iniciarpesquisas individuais a partir de2006, como parte de sua formaçãoem magistério indígena

estudando o“livro de mapasda terra wajãpi”.foto: dominiquet. gallois.

padrão juve. nazaréwajãpi, ¡ª•£.

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desejam encaminhar a este centro,decidindo, enfim, quais referênciasdevem ser ali preservadas.

Além disso, será garantido aeles o poder de decisão sobre o usoe difusão dessas referências. Essepoder deve ser mantido dentro dacomunidade Wajãpi do Amapá, quejá está suficientemente organizadapara indicar quais são seusrepresentantes – entre chefes epessoas mais experimentadas nomanejo e na transmissão de suaarte gráfica e sua arte verbal –para operar essa seleção, evitando,assim, conflitos de interesse.A existência de um centrode referências contribuirá paraque os Wajãpi percebam suacultura do ponto de vista dooutro (L.Lévi Strauss, 2001),aprendendo assim a reconhecer econfrontar diferentes perspectivassobre a diversidade cultural.

5. Formação de professoresindígenas, responsáveis pelaalfabetização das crianças em sualíngua materna e pela elaboraçãode materiais didáticos deinteresse da comunidadeEsta formação já está emandamento há 14 anos, sobresponsabilidade do ProgramaWajãpi e assessoria do NHII/USP.Os cursos de formação foramampliados a partir de 1998, coma colaboração do Núcleo deEducação Indígena da Secretariade Educação do Amapá.A consolidação deste programade formação continuada deveráainda incluir atividades que“falem” mais explicitamente docontexto cultural no qual sedesenvolvem a arte gráfica e a arteverbal tradicional dos Wajãpi.

Em praticamente todas asescolas indígenas do País, apesar da

orientação inovadora do MECem prol da educação diferenciada,a escrita continua supervalorizadaem detrimento das formas oraisde transmissão. Para evitar aestandardização que a escritaveicula, é preciso não apenas detrazer à escola temáticas da culturawajãpi, mas também promover ainterpretação desse patrimôniocultural diferenciado a partir daprópria oralidade. Esta é uma dasalternativas para evitar a reduçãodas peças de arte verbal ahistorinhas com sabor infantil(B. Franchetto, 2000). Ao mesmotempo, a utilização das artes visuais,que constituem um ferramentapoderosa, poderá auxiliar osprofessores índios a transmitiros valores de sua cultura.

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ao contrário, de verificar, coma apreciação ampla e internaà comunidade produtora, o graude dinamismo e de diálogo dessasexpressões culturais com valorese práticas externas.

O registro não só visa apreservar essas manifestações paraas gerações futuras, mas também avalorizar seus detentores,consolidando sua capacidade dedefender e exibir marcas de sua

diferença frente à sociedadeenvolvente. A participação indígenano registro é também fundamentalpara prepará-la a evitarinterferências danosas narevitalização de seu patrimôniooral (G.Coutinho, 2001).

4. Implantação de um centrode referências da cultura dosWajãpi do AmapáOs produtos do inventário e doregistro participativos serãoguardados e disponibilizados àcomunidade Wajãpi pelo seuCentro de Documentação e Formação, quedeve ter sua construção iniciadaainda em 2005, num local jáescolhido na Terra Indígena Wajãpie com recursos já alocados aoApina pela Petrobrás Cultural.O projeto executivo deste Centrojá foi concluído e contou como apoio do Iphan. A construção

do Centro será realizada soba gestão do Apina, que deverátambém receber apoios parasua manutenção.

Caberá às instituiçõesrepresentadas no ConselhoConsultivo orientar e ajudar osWajãpi a decidir as formas maisadequadas para o manejo edivulgação de elementos de seupatrimônio imaterial ao público.De fato, as ações previstas não visamapenas a organizar um “banco dedados” (C.Londres, 2000), nemsomente alimentar o Centro deDocumentação, mas pretendemconsolidar a gestão coletiva dessepatrimônio pelos Wajãpi, a partirde atividades continuadas noCentro de Documentação eFormação. Caberá aos Wajãpi doAmapá não apenas executar apesquisa e dirigir o inventário,mas também selecionar o que eles

aula na escolade aramirá.foto: dominiquet. gallois.

desenhando namassa de beiju.foto: dominiquet. gallois.

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desejam encaminhar a este centro,decidindo, enfim, quais referênciasdevem ser ali preservadas.

Além disso, será garantido aeles o poder de decisão sobre o usoe difusão dessas referências. Essepoder deve ser mantido dentro dacomunidade Wajãpi do Amapá, quejá está suficientemente organizadapara indicar quais são seusrepresentantes – entre chefes epessoas mais experimentadas nomanejo e na transmissão de suaarte gráfica e sua arte verbal –para operar essa seleção, evitando,assim, conflitos de interesse.A existência de um centrode referências contribuirá paraque os Wajãpi percebam suacultura do ponto de vista dooutro (L.Lévi Strauss, 2001),aprendendo assim a reconhecer econfrontar diferentes perspectivassobre a diversidade cultural.

5. Formação de professoresindígenas, responsáveis pelaalfabetização das crianças em sualíngua materna e pela elaboraçãode materiais didáticos deinteresse da comunidadeEsta formação já está emandamento há 14 anos, sobresponsabilidade do ProgramaWajãpi e assessoria do NHII/USP.Os cursos de formação foramampliados a partir de 1998, coma colaboração do Núcleo deEducação Indígena da Secretariade Educação do Amapá.A consolidação deste programade formação continuada deveráainda incluir atividades que“falem” mais explicitamente docontexto cultural no qual sedesenvolvem a arte gráfica e a arteverbal tradicional dos Wajãpi.

Em praticamente todas asescolas indígenas do País, apesar da

orientação inovadora do MECem prol da educação diferenciada,a escrita continua supervalorizadaem detrimento das formas oraisde transmissão. Para evitar aestandardização que a escritaveicula, é preciso não apenas detrazer à escola temáticas da culturawajãpi, mas também promover ainterpretação desse patrimôniocultural diferenciado a partir daprópria oralidade. Esta é uma dasalternativas para evitar a reduçãodas peças de arte verbal ahistorinhas com sabor infantil(B. Franchetto, 2000). Ao mesmotempo, a utilização das artes visuais,que constituem um ferramentapoderosa, poderá auxiliar osprofessores índios a transmitiros valores de sua cultura.

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ao contrário, de verificar, coma apreciação ampla e internaà comunidade produtora, o graude dinamismo e de diálogo dessasexpressões culturais com valorese práticas externas.

O registro não só visa apreservar essas manifestações paraas gerações futuras, mas também avalorizar seus detentores,consolidando sua capacidade dedefender e exibir marcas de sua

diferença frente à sociedadeenvolvente. A participação indígenano registro é também fundamentalpara prepará-la a evitarinterferências danosas narevitalização de seu patrimôniooral (G.Coutinho, 2001).

4. Implantação de um centrode referências da cultura dosWajãpi do AmapáOs produtos do inventário e doregistro participativos serãoguardados e disponibilizados àcomunidade Wajãpi pelo seuCentro de Documentação e Formação, quedeve ter sua construção iniciadaainda em 2005, num local jáescolhido na Terra Indígena Wajãpie com recursos já alocados aoApina pela Petrobrás Cultural.O projeto executivo deste Centrojá foi concluído e contou como apoio do Iphan. A construção

do Centro será realizada soba gestão do Apina, que deverátambém receber apoios parasua manutenção.

Caberá às instituiçõesrepresentadas no ConselhoConsultivo orientar e ajudar osWajãpi a decidir as formas maisadequadas para o manejo edivulgação de elementos de seupatrimônio imaterial ao público.De fato, as ações previstas não visamapenas a organizar um “banco dedados” (C.Londres, 2000), nemsomente alimentar o Centro deDocumentação, mas pretendemconsolidar a gestão coletiva dessepatrimônio pelos Wajãpi, a partirde atividades continuadas noCentro de Documentação eFormação. Caberá aos Wajãpi doAmapá não apenas executar apesquisa e dirigir o inventário,mas também selecionar o que eles

aula na escolade aramirá.foto: dominiquet. gallois.

desenhando namassa de beiju.foto: dominiquet. gallois.

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 1d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 0

As fontes de financiamentojá disponíveis para a

implementação de ações junto aosWajãpi do Amapá, assim comoas que se está buscando garantirpara a implementação dasintervenções, são as seguintes:

Por parte do Iphan/MincO Instituto alocou, em 2004, umrecurso de 67.300 reais ao Plano deSalvaguarda Wajãpi, por meiode convênio com o Iepé; foramrealizadas atividades que incluíramum encontro de pesquisadoreswajãpi e a produção de diferentesmateriais de difusão. Em 2005,o Iphan alocará uma verba de30,000 reais para realização de umSeminário, em Macapá, visando aointercâmbio entre representantesde diferentes grupos indígenas daregião e discussão de planos desalvaguarda de suas manifestações

culturais. Está previsto também oapoio à realização de uma segundareunião do Conselho Consultivodo Plano de Salvaguarda doPatrimônio Imaterial dos Wajãpi,a ser realizada em Macapá, emnovembro de 2005.

Por parte do Museu do Índioda FunaiPara colaborar com as ações emcurso na Terra Wajãpi, o Museu

do Índio alocará verbas decontrapartida ao projeto Valorização egestão de patrimônios culturais indígenas noAmapá e norte do Pará (PetrobrasCultural/Iepé); além disso, estarárealizando em 2005 uma exposiçãovoltada à arte e cultura dos povosindígenas do Uaçá, norte doAmapá. Para 2006, está previstaa montagem de uma exposiçãosobre a cultura Wajãpi em Macapá.

Por parte do Núcleo de EducaçãoIndígena da SEED do AmapáO NEI-AP conta com recursosdiretamente repassados pelaSecretaria de Educação do Estadodo Amapá. Desde 2002, mantêmconvenios com o Iepé, para açõesde formação na Terra IndígenaWajãpi. Em 2005, a verba alocadapela SEED foi de 278.632 reais,viabilizando a realização de cursosde formação, de acompanhamento

Fontes definanciamentoe projetos emandamento

componentes / ações

componente 1

campanhas e difusão

componente 2

revitalização interna

pesquisa etnográfica e

formação de pesquisadores

indígenas

registro das formas de

expressão cultural e dos

conhecimentos orais

centro de documentação e

formação wajãpi

plano de gestão ambiental

da terra indígena wajãpi

formação de professores

indígenas e

acompanhamento das

escolas wajãpi

instituições envolvidas

Museu do Índio-FunaiNúcleo de Educação Indígenada seed/gea e Iphan/Minc;

nhii da Universidade de São Pauloe Instituto de Pesquisa e Formaçãoem Educação Indígena/Iepé;

Comunidade Wajãpi, com apoio do Apina e demais instituiçõesenvolvidas;

Conselho das Aldeias Wajãpi/Apina,com financiamento da PetrobrasCultural e apoio do Ministério daCultura, do Museu do Índio-Funaie do nhii/usp;

Conselho das Aldeias Wajãpi/Apina,com assessoria do Programa Wajãpi/Iepé e suporte do Ministério doMeio Ambiente;

Parceria entre o nei/seede o Programa Wajãpi/Iepé.

principais planos de ação processamentodo jenipapo.foto: dominiquet. gallois.

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As fontes de financiamentojá disponíveis para a

implementação de ações junto aosWajãpi do Amapá, assim comoas que se está buscando garantirpara a implementação dasintervenções, são as seguintes:

Por parte do Iphan/MincO Instituto alocou, em 2004, umrecurso de 67.300 reais ao Plano deSalvaguarda Wajãpi, por meiode convênio com o Iepé; foramrealizadas atividades que incluíramum encontro de pesquisadoreswajãpi e a produção de diferentesmateriais de difusão. Em 2005,o Iphan alocará uma verba de30,000 reais para realização de umSeminário, em Macapá, visando aointercâmbio entre representantesde diferentes grupos indígenas daregião e discussão de planos desalvaguarda de suas manifestações

culturais. Está previsto também oapoio à realização de uma segundareunião do Conselho Consultivodo Plano de Salvaguarda doPatrimônio Imaterial dos Wajãpi,a ser realizada em Macapá, emnovembro de 2005.

Por parte do Museu do Índioda FunaiPara colaborar com as ações emcurso na Terra Wajãpi, o Museu

do Índio alocará verbas decontrapartida ao projeto Valorização egestão de patrimônios culturais indígenas noAmapá e norte do Pará (PetrobrasCultural/Iepé); além disso, estarárealizando em 2005 uma exposiçãovoltada à arte e cultura dos povosindígenas do Uaçá, norte doAmapá. Para 2006, está previstaa montagem de uma exposiçãosobre a cultura Wajãpi em Macapá.

Por parte do Núcleo de EducaçãoIndígena da SEED do AmapáO NEI-AP conta com recursosdiretamente repassados pelaSecretaria de Educação do Estadodo Amapá. Desde 2002, mantêmconvenios com o Iepé, para açõesde formação na Terra IndígenaWajãpi. Em 2005, a verba alocadapela SEED foi de 278.632 reais,viabilizando a realização de cursosde formação, de acompanhamento

Fontes definanciamentoe projetos emandamento

componentes / ações

componente 1

campanhas e difusão

componente 2

revitalização interna

pesquisa etnográfica e

formação de pesquisadores

indígenas

registro das formas de

expressão cultural e dos

conhecimentos orais

centro de documentação e

formação wajãpi

plano de gestão ambiental

da terra indígena wajãpi

formação de professores

indígenas e

acompanhamento das

escolas wajãpi

instituições envolvidas

Museu do Índio-FunaiNúcleo de Educação Indígenada seed/gea e Iphan/Minc;

nhii da Universidade de São Pauloe Instituto de Pesquisa e Formaçãoem Educação Indígena/Iepé;

Comunidade Wajãpi, com apoio do Apina e demais instituiçõesenvolvidas;

Conselho das Aldeias Wajãpi/Apina,com financiamento da PetrobrasCultural e apoio do Ministério daCultura, do Museu do Índio-Funaie do nhii/usp;

Conselho das Aldeias Wajãpi/Apina,com assessoria do Programa Wajãpi/Iepé e suporte do Ministério doMeio Ambiente;

Parceria entre o nei/seede o Programa Wajãpi/Iepé.

principais planos de ação processamentodo jenipapo.foto: dominiquet. gallois.

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Tais atividades, assim como açõesde formação em gestão deverãoser ampliadas a partir de 2006,com apoio de um financiamentosolicitado pelo Apina à FundaçãoMata Virgem da Noruega.

Caberá ainda ao Apinagerenciar seu Centro deDocumentação e Formação, a serconstruído na terra indígena comapoio da Petrobras Cultural e doMinc, que já alocou uma verba de296 mil reais para a construção.Nos próximos anos, seránecessário o apoio de outrosparceiros para a manutençãoe o gerenciamento das atividadesdesse Centro. Um apoio nessesentido foi encaminhado peloIepé à Unesco Brasil.

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 2

pedagógico nas aldeias, além daremuneração dos professoresindígenas. Para 2006 e anosseguintes, espera-se a renovaçãodesse convênio, necessário para acontinuidade do trabalho deformação e consolidação de umprograma de educação diferenciadajunto aos Wajãpi.

Por parte do NHII daUniversidade de São PauloEntre 2003 e 2005, o NHIIdesenvolveu o projeto DocumentaçãoWajãpi: memória para o futuro,recebendo um apoio financeiro daFapesp, no valor de 85 mil reais.Esse projeto viabilizou arecuperação e organização completado acervo etnográfico já disponívelsobre a cultura wajãpi assim como aparticipação de representantesindígenas que realizaram estágio naUniversidade de São Paulo.

Para assegurar a continuidadedas pesquisas etnológicas elingüísticas realizadas por seusmembros em várias regiões do País,incluindo o Amapá, a equipedo NHII elaborou um projeto depesquisa temática, intituladoRedes ameríndias: geração e transformação derelações nas baixas terras sul-americanas eestá buscando financiamento paraseu desenvolvimento nos próximosquatro anos.

Por parte do Programa Wajãpi / IepéPara o desenvolvimento desteprograma de múltiplas ações eassessoria direta à comunidadeWajãpi, o Iepé conta com apoiodas instituições supramencionadas, que alocaramverbas para atividades de formaçãoem diferentes áreas temáticas.Além destes parceiros acimamencionados, o Iepé conta comapoio da Fundação Mata Virgemda Noruega para o Programade formação em gestão dos Wajãpi(90 mil reais); a partir de 2006,esse programa específico serágerenciado diretamentepelo Apina.

Para a realização de oficinasde formação de pesquisadoresindígenas dos diferentes povosda região, assim comoa preparação de publicações

sobre a problemática dopatrimônio imaterial, o Iepéconta com apoio da PetrobrásCultural, que alocou uma verbade 400 mil reais ao projetoValorização e gestão de patrimôniosculturais indígenas no Amapá e nortedo Pará, cujo desenvolvimento seestenderá até o final de 2006.

Por parte do Conselho dasAldeias Wajãpi / ApinaEm 2002, o Apina obteve daAgência de Desenvolvimento doEstado do Amapá o montante de30 mil reais para consolidar o seufundo de artesanato, capacitarjovens na sua comercialização epublicar um Catálogo do artesanatoWajãpi. Em 2005, receberá daSecretaria Especial de PovosIndígenas / SEPI, o montante de13 mil reais para suas atividadesde fortalecimento institucional.

aldeia ytape.foto: dominiquet. gallois.

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Tais atividades, assim como açõesde formação em gestão deverãoser ampliadas a partir de 2006,com apoio de um financiamentosolicitado pelo Apina à FundaçãoMata Virgem da Noruega.

Caberá ainda ao Apinagerenciar seu Centro deDocumentação e Formação, a serconstruído na terra indígena comapoio da Petrobras Cultural e doMinc, que já alocou uma verba de296 mil reais para a construção.Nos próximos anos, seránecessário o apoio de outrosparceiros para a manutençãoe o gerenciamento das atividadesdesse Centro. Um apoio nessesentido foi encaminhado peloIepé à Unesco Brasil.

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pedagógico nas aldeias, além daremuneração dos professoresindígenas. Para 2006 e anosseguintes, espera-se a renovaçãodesse convênio, necessário para acontinuidade do trabalho deformação e consolidação de umprograma de educação diferenciadajunto aos Wajãpi.

Por parte do NHII daUniversidade de São PauloEntre 2003 e 2005, o NHIIdesenvolveu o projeto DocumentaçãoWajãpi: memória para o futuro,recebendo um apoio financeiro daFapesp, no valor de 85 mil reais.Esse projeto viabilizou arecuperação e organização completado acervo etnográfico já disponívelsobre a cultura wajãpi assim como aparticipação de representantesindígenas que realizaram estágio naUniversidade de São Paulo.

Para assegurar a continuidadedas pesquisas etnológicas elingüísticas realizadas por seusmembros em várias regiões do País,incluindo o Amapá, a equipedo NHII elaborou um projeto depesquisa temática, intituladoRedes ameríndias: geração e transformação derelações nas baixas terras sul-americanas eestá buscando financiamento paraseu desenvolvimento nos próximosquatro anos.

Por parte do Programa Wajãpi / IepéPara o desenvolvimento desteprograma de múltiplas ações eassessoria direta à comunidadeWajãpi, o Iepé conta com apoiodas instituições supramencionadas, que alocaramverbas para atividades de formaçãoem diferentes áreas temáticas.Além destes parceiros acimamencionados, o Iepé conta comapoio da Fundação Mata Virgemda Noruega para o Programade formação em gestão dos Wajãpi(90 mil reais); a partir de 2006,esse programa específico serágerenciado diretamentepelo Apina.

Para a realização de oficinasde formação de pesquisadoresindígenas dos diferentes povosda região, assim comoa preparação de publicações

sobre a problemática dopatrimônio imaterial, o Iepéconta com apoio da PetrobrásCultural, que alocou uma verbade 400 mil reais ao projetoValorização e gestão de patrimôniosculturais indígenas no Amapá e nortedo Pará, cujo desenvolvimento seestenderá até o final de 2006.

Por parte do Conselho dasAldeias Wajãpi / ApinaEm 2002, o Apina obteve daAgência de Desenvolvimento doEstado do Amapá o montante de30 mil reais para consolidar o seufundo de artesanato, capacitarjovens na sua comercialização epublicar um Catálogo do artesanatoWajãpi. Em 2005, receberá daSecretaria Especial de PovosIndígenas / SEPI, o montante de13 mil reais para suas atividadesde fortalecimento institucional.

aldeia ytape.foto: dominiquet. gallois.

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arantes , A. A. 2000.Introdução e marco teórico.Inventário nacional de referênciasculturais: manual de Aplicações.Brasília.

2001. Patrimônio imaterial ereferências culturais.Revista Tempo Brasileiro: PatrimônioImaterial, vol. 147,5/9 (129-139).

barcelos neto , A. 1999.Arte, estética e cosmologia entre os índiosWaurá da Amazônia Meridional.Dissertação de mestrado.Departamento de Antropologia,Universidade de Santa Catarina.

coutinho , G. 2001. Mosaicoda memória. Revista TempoBrasileiro: Patrimônio Imaterial,vol. 147,5/9 (101-106).

franchetto , B. 2000.Escrever línguas indígenas:apropriação, domesticação,representações. In: Os índios, nós.Joaquim Pais de Brito (org).Museu Nacional de Etnologia,Lisboa (44-50).

lévi-strauss , C. 1963.Anthropologie structurale, Paris. Plon

levi strauss , L. 2001.Patrimônio imaterial ediversidade cultural: o novodecreto para a proteção dosbens imateriais. Revista TempoBrasileiro: Patrimônio Imaterial,vol. 147,5/9 (23-27).

londres , C. 2000,Referências culturais: base para novas políticas de patrimônio in: arantes A. A. (org). Inventário nacional de referênciasculturais, Manual de Aplicações.Brasília.

montero , P. 1998. Cultura edemocracia no processo daglobalização. Novos Estudos Cebrap,n˚44, 1996 (89-113).

samain , E. 1991. MoronetaKamayurá: mitos e aspectos darealidade social dos índios Kamayurá(Alto Xingu). Rio de janeiro:Lidador. 245 p. il.

van velthem , L. 2000.Em outros tempos e nostempos atuais: arte indígena.In: Mostra do Redescobrimento:artes indígenas. Nelson Aguilar(org.), São Paulo, AssociaçãoBrasil 500 anos, 2000.

Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2003

Exmo. Sr. Ministro da Cultura, Gilberto Gil

Nós Wajãpi estamos muito felizesporque ganhamos o prêmio daUnesco que escolheu nossa culturacomo patrimônio imaterial daHumanidade. Nós achamos queeste prêmio é o reconhecimento dotrabalho que nós estamos fazendohá muito tempo para fortalecercada vez mais a cultura wajãpi.

Nossa cultura wajãpi é muitoforte porque nós já demarcamosnossa terra e continuamos semprefazendo vigilância para não terinvasões dos não-índios. NósWajãpi nunca vamos deixar nossomodo de vida, como por exemplo,as nossas festas, a nossa pinturacorporal, o nosso jeito de mudar

sempre as aldeias de lugar para nãoacabar com os recursos naturais.Nós nunca vamos esquecer nossacultura porque continuamosensinando nossos filhos e netos naescola e no dia-a-dia. Nós temosnossa proposta curriculardiferenciada que está sendoconstruída pelos própriosprofessores wajãpi para fortalecer acultura wajãpi na escola. Mastambém fora da escola, nósensinamos nossos conhecimentospara as crianças, através de nossatradição oral, das caçadas ecaminhadas na mata.

Outra coisa para ajudar afortalecer a nossa cultura é a nossaorganização, o Conselho dasAldeias Wajãpi / Apina. Tambémtem o nosso parceiro, o Iepé –Instituto de Pesquisa e Formaçãoem Educação Indígena, quetrabalha junto com o Apina noPrograma Wajãpi, com atividadesnas áreas de educação, saúde,cultura, terra e ambiente.O objetivo principal do ProgramaWajãpi é formar os Wajãpi paraserem autônomos e nãodependerem dos não-índios.Além do Iepé, tem outrosparceiros que estão ajudandoo programa de fortalecimentocultural wajãpi, que são o Museudo Índio e o Núcleo de História

Indígena e do Indigenismo daUniversidade de São Paulo.

Faz tempo que esses parceirosestão pesquisando nossa culturajunto com pesquisadores wajãpi eeles ajudam a explicar nossa culturapara outros não-índios. Nósqueremos que os não-índiosconheçam nossa cultura pararespeitar nossos conhecimentos enosso modo de vida. Se os não-índios não respeitam nossa cultura,até os nossos próprios jovenspodem começar a desvalorizarnossos conhecimentos e modo devida. Por isso, nos queremos apoiopara continuar este trabalho com osnossos parceiros de formação dosWajãpi, e também de formação dosnão-índios, para entender erespeitar os povos indígenas.

Atenciosamente,

Kasiripinã WajãpiKaiku WajãpiTaraku´asi WajãpiJaparopi WajãpiJawapuku Wajãpi

Bibliografia

ANEXO 1:Carta dacomunidadeindígena Wajãpido Amapá

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 5d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 4

arantes , A. A. 2000.Introdução e marco teórico.Inventário nacional de referênciasculturais: manual de Aplicações.Brasília.

2001. Patrimônio imaterial ereferências culturais.Revista Tempo Brasileiro: PatrimônioImaterial, vol. 147,5/9 (129-139).

barcelos neto , A. 1999.Arte, estética e cosmologia entre os índiosWaurá da Amazônia Meridional.Dissertação de mestrado.Departamento de Antropologia,Universidade de Santa Catarina.

coutinho , G. 2001. Mosaicoda memória. Revista TempoBrasileiro: Patrimônio Imaterial,vol. 147,5/9 (101-106).

franchetto , B. 2000.Escrever línguas indígenas:apropriação, domesticação,representações. In: Os índios, nós.Joaquim Pais de Brito (org).Museu Nacional de Etnologia,Lisboa (44-50).

lévi-strauss , C. 1963.Anthropologie structurale, Paris. Plon

levi strauss , L. 2001.Patrimônio imaterial ediversidade cultural: o novodecreto para a proteção dosbens imateriais. Revista TempoBrasileiro: Patrimônio Imaterial,vol. 147,5/9 (23-27).

londres , C. 2000,Referências culturais: base para novas políticas de patrimônio in: arantes A. A. (org). Inventário nacional de referênciasculturais, Manual de Aplicações.Brasília.

montero , P. 1998. Cultura edemocracia no processo daglobalização. Novos Estudos Cebrap,n˚44, 1996 (89-113).

samain , E. 1991. MoronetaKamayurá: mitos e aspectos darealidade social dos índios Kamayurá(Alto Xingu). Rio de janeiro:Lidador. 245 p. il.

van velthem , L. 2000.Em outros tempos e nostempos atuais: arte indígena.In: Mostra do Redescobrimento:artes indígenas. Nelson Aguilar(org.), São Paulo, AssociaçãoBrasil 500 anos, 2000.

Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2003

Exmo. Sr. Ministro da Cultura, Gilberto Gil

Nós Wajãpi estamos muito felizesporque ganhamos o prêmio daUnesco que escolheu nossa culturacomo patrimônio imaterial daHumanidade. Nós achamos queeste prêmio é o reconhecimento dotrabalho que nós estamos fazendohá muito tempo para fortalecercada vez mais a cultura wajãpi.

Nossa cultura wajãpi é muitoforte porque nós já demarcamosnossa terra e continuamos semprefazendo vigilância para não terinvasões dos não-índios. NósWajãpi nunca vamos deixar nossomodo de vida, como por exemplo,as nossas festas, a nossa pinturacorporal, o nosso jeito de mudar

sempre as aldeias de lugar para nãoacabar com os recursos naturais.Nós nunca vamos esquecer nossacultura porque continuamosensinando nossos filhos e netos naescola e no dia-a-dia. Nós temosnossa proposta curriculardiferenciada que está sendoconstruída pelos própriosprofessores wajãpi para fortalecer acultura wajãpi na escola. Mastambém fora da escola, nósensinamos nossos conhecimentospara as crianças, através de nossatradição oral, das caçadas ecaminhadas na mata.

Outra coisa para ajudar afortalecer a nossa cultura é a nossaorganização, o Conselho dasAldeias Wajãpi / Apina. Tambémtem o nosso parceiro, o Iepé –Instituto de Pesquisa e Formaçãoem Educação Indígena, quetrabalha junto com o Apina noPrograma Wajãpi, com atividadesnas áreas de educação, saúde,cultura, terra e ambiente.O objetivo principal do ProgramaWajãpi é formar os Wajãpi paraserem autônomos e nãodependerem dos não-índios.Além do Iepé, tem outrosparceiros que estão ajudandoo programa de fortalecimentocultural wajãpi, que são o Museudo Índio e o Núcleo de História

Indígena e do Indigenismo daUniversidade de São Paulo.

Faz tempo que esses parceirosestão pesquisando nossa culturajunto com pesquisadores wajãpi eeles ajudam a explicar nossa culturapara outros não-índios. Nósqueremos que os não-índiosconheçam nossa cultura pararespeitar nossos conhecimentos enosso modo de vida. Se os não-índios não respeitam nossa cultura,até os nossos próprios jovenspodem começar a desvalorizarnossos conhecimentos e modo devida. Por isso, nos queremos apoiopara continuar este trabalho com osnossos parceiros de formação dosWajãpi, e também de formação dosnão-índios, para entender erespeitar os povos indígenas.

Atenciosamente,

Kasiripinã WajãpiKaiku WajãpiTaraku´asi WajãpiJaparopi WajãpiJawapuku Wajãpi

Bibliografia

ANEXO 1:Carta dacomunidadeindígena Wajãpido Amapá

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1. história e etnologia

1.1. Documentos históricos erelatos de viagem (seleção)bauve , Adam e ferre , P.

1833-1835. Voyage dansl’intérieur de la Guyane – Bull.Soc. Géogr., Paris 1 (126): 201-26; 1 (127/1): 265-83; 1(127/2): 105-117; 165-78; (4);21-40; 8-109.

brue. 1825. Précis de la relationencore inédite d’un voyage chezles Oyampi à la source de lariviere Oyapock par MonsieurBodin – Bull. Soc. Georgr., Paris,4 (1): 50-61.

brusque , Francisco Carlos deAraújo. 1862. Relatórioapresentado à AssembléiaLegislativa da Província do Parána Primeira Sessão da xiiiLegislatura pelo Exmo. Sr.Presidente Dr. Francisco Carlosde Araújo Brusque em i desetembro de 1862 – Pará,Typ.F.C.Rhossard, 91 p.

coudreau , Henri. 1893. Chez nos indiens: quatre années enGuyane Française (1887-1891),Paris, Hachette, 614 p.

crevaux , Jules. 1987.Voyage d’Exploration dans l´intérieurdes Guyanes (1876-1877).[Le Mendiant de l´Eldorado] –D’Ailleurs, Phébus, Paris, 1987.

leprieur , M. 1834. Voyage dansla Guyane Centrale en 1830 –Bull.soc.Géogr.Paris, 1 (2).

nimuendaju , Curt U. 1927.Streifzug vom rio Jary zumMaracá – Pettermans Geogr.Mitt.,Goteborg, 73: 356-358.

thebault , Frederic, de laMonderie. 1856. Voyages faits dansl’intérieur de l’Oyapock de 1819 à 1847– Nantes, A.Guerand, 96 p.

1.2. Estudos de antropologia(publicados) arnaud , Expedito. 1971.

“Os índios Oyampi e Emerillon(Rio Oiapoque): referênciassobre o passado e o presente” –Bol. do Museu Paraense Emilio Goeldi /Antropologia 47, Belém, 28p.

campbell , Alan Tormaid. 1989.To Square with Genesis. CausalStatements and Shamanic Ideas inWayãpi, Edinburgh UniversityPress, 198 p.

_______. 1995 - Getting to know Waiwai:an Amazonian Ethnography –Routledge, London, 253 p.

gallois , Dominique Tilkin.1981. “Notícia histórica sobre osíndios do rio Jari” – Cadernos dacpi/sp (2), Ed. Global (119-123).

_______. 1983 “A casa Waiãpi” – in:Habitações Indígenas. Sylvia CaiubyNovaes (org), São Paulo,

Ed. Nobel/Edusp (147-168)._______. 1984/85 “O pajé Waiãpi

e seus espelhos” – Revista deAntropologia -usp, Vol. 27/28(179-196).

_______. 1985 “Índios e brancos namitologia Waiãpi: da separaçãodos povos à recuperação dasferramentas” – Revista do MuseuPaulista/usp, Vol.30 (43-60).

_______. 1986 Migração, guerra ecomércio: os Waiãpi na Guiana –fflch/usp, SérieAntropologia vol.15

_______. 1989 “O discurso Waiãpisobre o ouro: um profetismomoderno”, Revista de Antropologia,vol.30/31/32, São Paulo.

_______. 1991 “A categoria doença debranco: ruptura ou adaptaçãode um modelo etiológicoindígena”, in: Medicinas tradicionaise Políticas de Saúde na Amazônia,Coord. Dominique Buchillet,mpeg/ufpa, Belém.

_______. 1993 “Jane karakuri: o ourodos Waiãpi. A experiência de umgarimpo indígena” – in:Sociedades Indígenas e TransformaçõesAmbientais, Org. A.C.Magalhães,numa/ufpa, Belém.

_______. 1994 Mairi revisitada: areintegração da Fortaleza de Macapána tradição oral dos Waiãpi –Série Estudos, Núcleo deHistória Indígena e do

Indigenismo / usp._______. 1996 “Xamanismo Waiãpi:

nos caminhos invisíveis,a relação i-paie” – in: Jean M.Langdon (org) Xamanismo no Brasil:novas perspectivas, Editora da ufsc,Florianópolis, (39-74).

_______. 1999 “O índio na MissãoNovas Tribos”, em colaboraçãocom Luis D.B.Grupioni – in:R.Wright (org) Transformando osdeuses: Religiões Indígenas e Cristianismono Brasil, Editora da unicamp.

_______. 2001. “Nossas falas duras”.Discurso político e auto-representação waiãpi” – in:Pacificando o branco: cosmologias docontato no norte-amazônico. AlcidaRita Ramos e Bruce Albert (org),Editora Unesp & ird (205-238).

_______. 2005. “Redes de relações nasGuianas” – Série RedesAmeríndias, Ed.Humanitas /nhii/fapesp,

gallois , D.T. & fajardogrupioni , D. 2003. Povosindígenas do Amapá e norte do Pará.Iepé, São Paulo.99 pag.il.

grenand , Pierre. 1972. “Lesrelations intertribales en haute Guyane,du XVIII siecle à nos jours” – Arch.Micro - Ed. Inst. EthnologieParis, 72.031.35, 196 p.

_______. 1979 “Histoire desamérindiens” - in: Atlas des DOU,IV: La Guyane, cnrs/orstom,

pl. 17._______. 1982 “Ainsi parlaient nos ancêtres.

Essai d’ethnohistoire Wayãpi” – Tr. Doc./ orstom, 148, Paris, 408 p.

grenand , Pierre & Françoise.1972. “Différents traitsd’acculturation observés chez lesindiens Wayana et Wayãpi deGuyane Française et Brésiliene”– in: De l’ethnocide, org. P. Jaulin, Paris, Union Gen.Ed. (159-175).

hurault , Jean Marcel. 1972.“Français et indiens en Guyane: 1604-1972” – Paris, Union Généraled’Editions, 438 p.

sztutman , Renato. 2005.“Sobre a ação xamânica” –in: Gallois, D.T. “Redes de relaçõesnas Guianas”, Ed. Humanitas/nhii/fapesp, São Paulo.

1.3. Dissertações e tesesnão publicadascampbell , Alan Tormaid. 1982.

Themes for translating: an account onthe Waiãpi indians of Amapá, northernBrazil – Tese de doutorado.Oxford University.

casagrande , H.C. 1997.Representação em torno do domíniovegetal entre os Waiãpi do Amapari –Diss. mestrado, fflch-usp.

dias , Flora. 1997. Trocas matrimoniaise relações de qualidade entre os Waiãpido Amapá. Diss. mestrado,

* Compilação

produzida

pela equipe do

nhii-usp

ANEXO 2:Bibliografiasobre os Wajãpido Amapá*

Page 128: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 7d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 6

1. história e etnologia

1.1. Documentos históricos erelatos de viagem (seleção)bauve , Adam e ferre , P.

1833-1835. Voyage dansl’intérieur de la Guyane – Bull.Soc. Géogr., Paris 1 (126): 201-26; 1 (127/1): 265-83; 1(127/2): 105-117; 165-78; (4);21-40; 8-109.

brue. 1825. Précis de la relationencore inédite d’un voyage chezles Oyampi à la source de lariviere Oyapock par MonsieurBodin – Bull. Soc. Georgr., Paris,4 (1): 50-61.

brusque , Francisco Carlos deAraújo. 1862. Relatórioapresentado à AssembléiaLegislativa da Província do Parána Primeira Sessão da xiiiLegislatura pelo Exmo. Sr.Presidente Dr. Francisco Carlosde Araújo Brusque em i desetembro de 1862 – Pará,Typ.F.C.Rhossard, 91 p.

coudreau , Henri. 1893. Chez nos indiens: quatre années enGuyane Française (1887-1891),Paris, Hachette, 614 p.

crevaux , Jules. 1987.Voyage d’Exploration dans l´intérieurdes Guyanes (1876-1877).[Le Mendiant de l´Eldorado] –D’Ailleurs, Phébus, Paris, 1987.

leprieur , M. 1834. Voyage dansla Guyane Centrale en 1830 –Bull.soc.Géogr.Paris, 1 (2).

nimuendaju , Curt U. 1927.Streifzug vom rio Jary zumMaracá – Pettermans Geogr.Mitt.,Goteborg, 73: 356-358.

thebault , Frederic, de laMonderie. 1856. Voyages faits dansl’intérieur de l’Oyapock de 1819 à 1847– Nantes, A.Guerand, 96 p.

1.2. Estudos de antropologia(publicados) arnaud , Expedito. 1971.

“Os índios Oyampi e Emerillon(Rio Oiapoque): referênciassobre o passado e o presente” –Bol. do Museu Paraense Emilio Goeldi /Antropologia 47, Belém, 28p.

campbell , Alan Tormaid. 1989.To Square with Genesis. CausalStatements and Shamanic Ideas inWayãpi, Edinburgh UniversityPress, 198 p.

_______. 1995 - Getting to know Waiwai:an Amazonian Ethnography –Routledge, London, 253 p.

gallois , Dominique Tilkin.1981. “Notícia histórica sobre osíndios do rio Jari” – Cadernos dacpi/sp (2), Ed. Global (119-123).

_______. 1983 “A casa Waiãpi” – in:Habitações Indígenas. Sylvia CaiubyNovaes (org), São Paulo,

Ed. Nobel/Edusp (147-168)._______. 1984/85 “O pajé Waiãpi

e seus espelhos” – Revista deAntropologia -usp, Vol. 27/28(179-196).

_______. 1985 “Índios e brancos namitologia Waiãpi: da separaçãodos povos à recuperação dasferramentas” – Revista do MuseuPaulista/usp, Vol.30 (43-60).

_______. 1986 Migração, guerra ecomércio: os Waiãpi na Guiana –fflch/usp, SérieAntropologia vol.15

_______. 1989 “O discurso Waiãpisobre o ouro: um profetismomoderno”, Revista de Antropologia,vol.30/31/32, São Paulo.

_______. 1991 “A categoria doença debranco: ruptura ou adaptaçãode um modelo etiológicoindígena”, in: Medicinas tradicionaise Políticas de Saúde na Amazônia,Coord. Dominique Buchillet,mpeg/ufpa, Belém.

_______. 1993 “Jane karakuri: o ourodos Waiãpi. A experiência de umgarimpo indígena” – in:Sociedades Indígenas e TransformaçõesAmbientais, Org. A.C.Magalhães,numa/ufpa, Belém.

_______. 1994 Mairi revisitada: areintegração da Fortaleza de Macapána tradição oral dos Waiãpi –Série Estudos, Núcleo deHistória Indígena e do

Indigenismo / usp._______. 1996 “Xamanismo Waiãpi:

nos caminhos invisíveis,a relação i-paie” – in: Jean M.Langdon (org) Xamanismo no Brasil:novas perspectivas, Editora da ufsc,Florianópolis, (39-74).

_______. 1999 “O índio na MissãoNovas Tribos”, em colaboraçãocom Luis D.B.Grupioni – in:R.Wright (org) Transformando osdeuses: Religiões Indígenas e Cristianismono Brasil, Editora da unicamp.

_______. 2001. “Nossas falas duras”.Discurso político e auto-representação waiãpi” – in:Pacificando o branco: cosmologias docontato no norte-amazônico. AlcidaRita Ramos e Bruce Albert (org),Editora Unesp & ird (205-238).

_______. 2005. “Redes de relações nasGuianas” – Série RedesAmeríndias, Ed.Humanitas /nhii/fapesp,

gallois , D.T. & fajardogrupioni , D. 2003. Povosindígenas do Amapá e norte do Pará.Iepé, São Paulo.99 pag.il.

grenand , Pierre. 1972. “Lesrelations intertribales en haute Guyane,du XVIII siecle à nos jours” – Arch.Micro - Ed. Inst. EthnologieParis, 72.031.35, 196 p.

_______. 1979 “Histoire desamérindiens” - in: Atlas des DOU,IV: La Guyane, cnrs/orstom,

pl. 17._______. 1982 “Ainsi parlaient nos ancêtres.

Essai d’ethnohistoire Wayãpi” – Tr. Doc./ orstom, 148, Paris, 408 p.

grenand , Pierre & Françoise.1972. “Différents traitsd’acculturation observés chez lesindiens Wayana et Wayãpi deGuyane Française et Brésiliene”– in: De l’ethnocide, org. P. Jaulin, Paris, Union Gen.Ed. (159-175).

hurault , Jean Marcel. 1972.“Français et indiens en Guyane: 1604-1972” – Paris, Union Généraled’Editions, 438 p.

sztutman , Renato. 2005.“Sobre a ação xamânica” –in: Gallois, D.T. “Redes de relaçõesnas Guianas”, Ed. Humanitas/nhii/fapesp, São Paulo.

1.3. Dissertações e tesesnão publicadascampbell , Alan Tormaid. 1982.

Themes for translating: an account onthe Waiãpi indians of Amapá, northernBrazil – Tese de doutorado.Oxford University.

casagrande , H.C. 1997.Representação em torno do domíniovegetal entre os Waiãpi do Amapari –Diss. mestrado, fflch-usp.

dias , Flora. 1997. Trocas matrimoniaise relações de qualidade entre os Waiãpido Amapá. Diss. mestrado,

* Compilação

produzida

pela equipe do

nhii-usp

ANEXO 2:Bibliografiasobre os Wajãpido Amapá*

Page 129: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 8

fflch-usp.gallois , Dominique Tilkin.

1988. O movimento na cosmologiaWaiãpi: criacão, expansão etransformacão do universo. –Tese de doutorado, fflch-usp.

olson , Gary. 1982. The Waiãpi:a world in conflict –Diss. mestrado Univ.Texas/Arlington.

pellegrino , Silvia. 2003.A comunicação reflexiva:antropologia e visualidade nocontexto indígena. Diss.mestrado, Institutode Artes/unicamp.

santos , Lilian Abram dos. 2002.Aspectos da fonologia waiãpi.Diss,.mestrado, fflch-usp.

sztutman , Renato. 2000.Caxiri, a celebração do contato:ritual e comunicação na AmazôniaIndígena. Diss. mestrado,fflch-usp.

tinoco , Silvia Lopes. 2000.Jovinã, cacique, professor e presidente:as relações entre o Conselho Apinae os cursos de formação deprofessores wajãpi. Diss.mestrado, fflch-usp.

rosalen , Juliana. 2005.Aproximações à temática das DSTjunto aos Wajãpi do Amapari.Um estudo sobre malefícios, fluidoscorporais e sexualidade. Diss,

mestrado fflch-usp.2. estudos de temáticasespecíficas

2.1. Classificações e descriçõeslingüísticascoudreau , Henri. 1892.

“Vocabulaires méthodiquesdes langues Ouayana, Aparai,Oyampi, Emerillon” – Paris,Bib.Ling.Am.

jensen , Allen A. 1979.“Ritmo, acentuação eentonação em Oiampí” – sil, dat.

jensen , Cheryl J.S. 1979.“O desenvolvimento fonológicoda língua Oiampi” – sil, dat.

_______. 1981. “Formulário padrãoTupi: Oiampi” – sil/funai/unicamp, dat.

_______. 1983. “Algumasconsequências morfológicas dodesenvolvimento fonológicoda língua Wayãpi (Oiampí)” –Estudos Linguísticos/ sil, Vol.7 (16-25).

_______. 1984. O desenvolvimentohistórico da língua Wayãpi – Diss.Mestrado/ unicamp, dat. 183 p.

olson , Gary. 1975.“Formulário dos vocabuláriospadrões para estudoscomparativos preliminares naslínguas brasileiras, para a línguaOiampí” – sil/funai/ museu

nacional, dat._______. 1978 “Descrição preliminar

de orações Wajapi” – EnsaiosLinguísticos/sil, Vol.3.

olson , Roberta. 1978.“Dicionário por tópicos naslínguas Oiampí (Wajapi) /Português” – EnsaiosLinguísticos /sil, Vol.2.

2.2. Comunicação visual,educação escolar e materialdidático específicoehlers , Clarice & sztutman ,

Renato. 2001. Parceria ecomunicação por meio deimagens: entrevista comDominique Tilkin Gallois.Cadernos de Antropologia e Imagem,Rio de Janeiro, vol.12/1 (141-156).

gallois , Dominique Tilkin.1994. “Vídeo nas aldeias:a experiência Waiãpi”, emcolaboração com VincentCarelli, Cardenos de Campo, vol.2,fflch-usp.

_______. 1995. “Diálogo entre povosindígenas: a experiência dedois encontros mediados pelovídeo”, em colaboração comVincent Carelli, Revista deAntropologia, vol38/1, fflch-usp, 1995.

_______. 2001. “Programa deEducação Waiãpi: reivindicações

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 9

indígenas versus modelosde escolas” – in: Centro de EducaçãoIndígena / mari , usp &fapesp , Ed. Global.

_______. 2005. “De sujets à objets:défis de la patrimonialisationdes arts et savoirs indigènes »– in: Grupioni, L.D.B. (org).Les Arts des Indiens du Brésil.

tinoco , Silvia Lopes da SilvaMacedo. 2000. Relações decontato interétnico na décadade 90: o adensamento derelações entre Waiãpi e karaiko.Cadernos de Campo, São Paulo,fflch-usp, ano 10, vol. 9.

_______. 2001. «Nunca dez !A matemática karaiko e o usodo ábaco entre os Waiãpi doAmapá» In: Lopes da Silva,A et Kawall Ferreira,M. Práticas Pedagógicas na EscolaIndígena. São Paulo,Global/fapesp/mari .

programa wajãpi – Materiaisdidáticos

_______. 1990. Cartilha Waiãpi:Alfabetização em Português &Manual do Professor.Marina Kahn (org)

_______. 1990. Kusiwa: Exercíciosde Coordenação Motora. MarinaKahn e Dominique T. Gallois(org), São Paulo, mimeo.

_______. Livro dos Mapas:Território Waiãpi. Livro de

Leitura e Exercícios.Marina Kahn e DominiqueT. Gallois (org).

_______. 1992 . Exercícios de Leitura eEscrita em Matemática, 2 vol.Marina Kahn (org).

_______. O livro das Tabelas. Livro deTextos e Exercícios.Marina Kahn (org.).

_______. Cartilha dos Professores Waiãpi:Alfabetização. Marinha Kahn (org).

_______. Cartilha de Matemática semnúmeros. Marina Kahn (org).

_______. Representantes do Conselho dasAldeias Waiãpi na Semana da Amazôniaem Nova Iorque. Livro de Leitura.Dominique T. Gallois (org).

_______. 1999. Doenças Respiratórias –Livro de Textos e Exercícios.Maria Bittencourt (org).

_______. 1999. Jane Yvy Jimõsã’ãga GwerKareta – Livro de Leitura.Dominique T. Gallois (org).

_______. 1999. Mijar Rewar Kareta –Livro de Leitura. LúciaSzmrecsányi (org)

_______. 1999. Relatos da Demarcaçãoda Terra Indígena Waiãpi. Livro deLeitura e Exercícios.Dominique T. Gallois (org).

_______. 2000. Jane Kwer Kareta Re TuiUpa Okusiwa Kupa – Livro deLeitura. Waldemar FerreiraNeto & Angela Rangel(org).

_______. 2000. Livro das Mulheres – vol.I. Livro de Leitura e Exercícios.

Angela Rangel (org)._______. 2000. Conversando sobre

Verminoses – Livro de Textose Exercícios. MariaBittencourt (org).

_______. 2005. Taa rewarã. Livro detextos e exercícios. DominiqueT. Gallois (org).

summer institute oflinguistics / SIL. 1983.Wajapí mo’ea. Cartilhas 1/2/3 –Belém, mimeo.

_______. 1985. Kareta Jamo’eypy.Pré-cartilha na língua Oiampí –Belém, mimeo.

2.3. Questões territoriaise ambientaisgallois , Dominique Tilkin.

1981. “Os Waiãpi e seuterritório” – bmpeg/antropologia 80, 38 p.

_______. 1981 “Os Waiãpi e alamentável proteção oficial”,Cadernos da Comissão Pró-Indiode São Paulo, n.2. Global Ed.,São Paulo.

_______. 1984 “Territórios semdemarcação cobiçados pormineradoras”, Aconteceu PovosIndígenas/83, cedi, São Paulo.

_______. 1985 “Os Waiãpi e osgarimpos”, Aconteceu PovosIndígenas/84, cedi, São Paulo(106-109).

_______. 1990. “L’or et la boue:

Page 130: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 8

fflch-usp.gallois , Dominique Tilkin.

1988. O movimento na cosmologiaWaiãpi: criacão, expansão etransformacão do universo. –Tese de doutorado, fflch-usp.

olson , Gary. 1982. The Waiãpi:a world in conflict –Diss. mestrado Univ.Texas/Arlington.

pellegrino , Silvia. 2003.A comunicação reflexiva:antropologia e visualidade nocontexto indígena. Diss.mestrado, Institutode Artes/unicamp.

santos , Lilian Abram dos. 2002.Aspectos da fonologia waiãpi.Diss,.mestrado, fflch-usp.

sztutman , Renato. 2000.Caxiri, a celebração do contato:ritual e comunicação na AmazôniaIndígena. Diss. mestrado,fflch-usp.

tinoco , Silvia Lopes. 2000.Jovinã, cacique, professor e presidente:as relações entre o Conselho Apinae os cursos de formação deprofessores wajãpi. Diss.mestrado, fflch-usp.

rosalen , Juliana. 2005.Aproximações à temática das DSTjunto aos Wajãpi do Amapari.Um estudo sobre malefícios, fluidoscorporais e sexualidade. Diss,

mestrado fflch-usp.2. estudos de temáticasespecíficas

2.1. Classificações e descriçõeslingüísticascoudreau , Henri. 1892.

“Vocabulaires méthodiquesdes langues Ouayana, Aparai,Oyampi, Emerillon” – Paris,Bib.Ling.Am.

jensen , Allen A. 1979.“Ritmo, acentuação eentonação em Oiampí” – sil, dat.

jensen , Cheryl J.S. 1979.“O desenvolvimento fonológicoda língua Oiampi” – sil, dat.

_______. 1981. “Formulário padrãoTupi: Oiampi” – sil/funai/unicamp, dat.

_______. 1983. “Algumasconsequências morfológicas dodesenvolvimento fonológicoda língua Wayãpi (Oiampí)” –Estudos Linguísticos/ sil, Vol.7 (16-25).

_______. 1984. O desenvolvimentohistórico da língua Wayãpi – Diss.Mestrado/ unicamp, dat. 183 p.

olson , Gary. 1975.“Formulário dos vocabuláriospadrões para estudoscomparativos preliminares naslínguas brasileiras, para a línguaOiampí” – sil/funai/ museu

nacional, dat._______. 1978 “Descrição preliminar

de orações Wajapi” – EnsaiosLinguísticos/sil, Vol.3.

olson , Roberta. 1978.“Dicionário por tópicos naslínguas Oiampí (Wajapi) /Português” – EnsaiosLinguísticos /sil, Vol.2.

2.2. Comunicação visual,educação escolar e materialdidático específicoehlers , Clarice & sztutman ,

Renato. 2001. Parceria ecomunicação por meio deimagens: entrevista comDominique Tilkin Gallois.Cadernos de Antropologia e Imagem,Rio de Janeiro, vol.12/1 (141-156).

gallois , Dominique Tilkin.1994. “Vídeo nas aldeias:a experiência Waiãpi”, emcolaboração com VincentCarelli, Cardenos de Campo, vol.2,fflch-usp.

_______. 1995. “Diálogo entre povosindígenas: a experiência dedois encontros mediados pelovídeo”, em colaboração comVincent Carelli, Revista deAntropologia, vol38/1, fflch-usp, 1995.

_______. 2001. “Programa deEducação Waiãpi: reivindicações

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 2 9

indígenas versus modelosde escolas” – in: Centro de EducaçãoIndígena / mari , usp &fapesp , Ed. Global.

_______. 2005. “De sujets à objets:défis de la patrimonialisationdes arts et savoirs indigènes »– in: Grupioni, L.D.B. (org).Les Arts des Indiens du Brésil.

tinoco , Silvia Lopes da SilvaMacedo. 2000. Relações decontato interétnico na décadade 90: o adensamento derelações entre Waiãpi e karaiko.Cadernos de Campo, São Paulo,fflch-usp, ano 10, vol. 9.

_______. 2001. «Nunca dez !A matemática karaiko e o usodo ábaco entre os Waiãpi doAmapá» In: Lopes da Silva,A et Kawall Ferreira,M. Práticas Pedagógicas na EscolaIndígena. São Paulo,Global/fapesp/mari .

programa wajãpi – Materiaisdidáticos

_______. 1990. Cartilha Waiãpi:Alfabetização em Português &Manual do Professor.Marina Kahn (org)

_______. 1990. Kusiwa: Exercíciosde Coordenação Motora. MarinaKahn e Dominique T. Gallois(org), São Paulo, mimeo.

_______. Livro dos Mapas:Território Waiãpi. Livro de

Leitura e Exercícios.Marina Kahn e DominiqueT. Gallois (org).

_______. 1992 . Exercícios de Leitura eEscrita em Matemática, 2 vol.Marina Kahn (org).

_______. O livro das Tabelas. Livro deTextos e Exercícios.Marina Kahn (org.).

_______. Cartilha dos Professores Waiãpi:Alfabetização. Marinha Kahn (org).

_______. Cartilha de Matemática semnúmeros. Marina Kahn (org).

_______. Representantes do Conselho dasAldeias Waiãpi na Semana da Amazôniaem Nova Iorque. Livro de Leitura.Dominique T. Gallois (org).

_______. 1999. Doenças Respiratórias –Livro de Textos e Exercícios.Maria Bittencourt (org).

_______. 1999. Jane Yvy Jimõsã’ãga GwerKareta – Livro de Leitura.Dominique T. Gallois (org).

_______. 1999. Mijar Rewar Kareta –Livro de Leitura. LúciaSzmrecsányi (org)

_______. 1999. Relatos da Demarcaçãoda Terra Indígena Waiãpi. Livro deLeitura e Exercícios.Dominique T. Gallois (org).

_______. 2000. Jane Kwer Kareta Re TuiUpa Okusiwa Kupa – Livro deLeitura. Waldemar FerreiraNeto & Angela Rangel(org).

_______. 2000. Livro das Mulheres – vol.I. Livro de Leitura e Exercícios.

Angela Rangel (org)._______. 2000. Conversando sobre

Verminoses – Livro de Textose Exercícios. MariaBittencourt (org).

_______. 2005. Taa rewarã. Livro detextos e exercícios. DominiqueT. Gallois (org).

summer institute oflinguistics / SIL. 1983.Wajapí mo’ea. Cartilhas 1/2/3 –Belém, mimeo.

_______. 1985. Kareta Jamo’eypy.Pré-cartilha na língua Oiampí –Belém, mimeo.

2.3. Questões territoriaise ambientaisgallois , Dominique Tilkin.

1981. “Os Waiãpi e seuterritório” – bmpeg/antropologia 80, 38 p.

_______. 1981 “Os Waiãpi e alamentável proteção oficial”,Cadernos da Comissão Pró-Indiode São Paulo, n.2. Global Ed.,São Paulo.

_______. 1984 “Territórios semdemarcação cobiçados pormineradoras”, Aconteceu PovosIndígenas/83, cedi, São Paulo.

_______. 1985 “Os Waiãpi e osgarimpos”, Aconteceu PovosIndígenas/84, cedi, São Paulo(106-109).

_______. 1990. “L’or et la boue:

Page 131: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 1

(58-65, ilustr.)._______. 1989. Ka’a ete: Waiãpi, povo

da floresta, Catálogo deexposição itinerante, fflch-usp., 45 pag. Ilustr.

_______. 1996. Verbete Waiãpi,Site do Instituto Socioambiental.www.socioambiental.org/website/epi/waiapi/waiapi.htm

_______. 2002. Kusiwa: pinturacorporal e arte gráfica Wajãpi –Apina / Conselho dasAldeias Waiãpi – Catálogopublicado pelo Museu doIndio / Funai, Rio de Janeiro,71pag, ilustr.

4. documentários em vídeo_______. 1990 O espírito da TV, 18’,

Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista.

_______. 1992. At the Edge of Conquest:the journey of Chief Waiwai, 28’,Geoffrey O’Connor,Realis Pictures, 1991 –Tradução: A saga do chefe Waiwai,tv Cultura.

_______. 1993. A arca dos Zo’e, 22’,Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista

_______. 1994. Meu Amigo garimpeiro...,30‘, Programa Waiãpi, Centrode Trabalho Indigenista.

_______. 1995. Jane Moraita: Nossasfestas, Kasiripinã Waiãpi, 32’,

Centro de Trabalho Indigenista._______. 1996. Placa não fala, 35’,

Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista &Sociedade Alemã deCooperaçao/gtz.

_______. 1998. Segredos da Mata, 37’,Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista &Conselho das Aldeias Waiãpi.

_______. 2002. Expressão gráfica eoralidade entre os Wajãpido Amapá. 17´.Documentoanexo ao Dossiê daCandidatura do Conselhodas Aldeias Wajãpi à SegundaProclamação do PatrimônioOral e Imaterial daHumanidade / unesco.

5.documentosadministrativos e relatóriosde assessoria técnica

5.1 Documentos da fundaçãonacional do índio / Funaiparise, Fiorello. 1973.

“Relatório de reconhecimentoda região do rio Amaparí” –2.dr/ funai, Belém,07.05.1973, dat. 10 p.

_______. 1975 “Frente de AtraçãoAmapari: Relatório deAtividades” – Minter-Funai,

Belém-PA, 12p.5.2 Documentos do Serviçode Proteção aos Indios / SPIfernandes , Eurico. 1943.

“Relatório apresentado àDiretoria do SPI e 2. Insp.Regional” – Belém, dat., 8 p.

5.3 Documentos do Ministérioda Justiça1991 Portaria n. 544, de 23/10/91

[Declara como de possepermanente indígena a ÁreaIndígena Waiãpi], DOU,24/10/91, Brasília-DF, p.23443

5.3 Documentos da Presidênciada República do Brasil1996 Decreto de 23/05/96

[homologa a demarcação daTerra Indígena Waiãpi no estadodo Amapá], DOU, 24/05/96,Brasília-DF, p.9029

bittencourt , Maria. 1996/1997– Relatórios do Programa deSaúde Waiãpi, Centro deTrabalho Indigenista,encaminhados à Secretaria deSaúde do Governo do Estadodo Amapá e à FundaçãoNacional de Saúde.

_______. 1998/1999. Relatórios doPrograma de Saúde Waiãpi,Conselho das Aldeias Waiãpi /Apina, encaminhadosà Secretaria de Saúde

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 0

cosmologie et orpaillageWaiãpi”, Ethnies, SurvivalInternational, vol.11-12, Paris.

_______. 1991 “Trajetória de umatentativa de redução de áreaindígena: a Flona Waiãpi”,Aconteceu Povos Indígenas 87/90,cedi, São Paulo.

_______. 1996 “Controle territoriale diversificação do extrativismoentre os Waiãpi” – AconteceuPovos Indígenas 91/95, isa,São Paulo.

_______. 1998 “Brazil: the Case ofthe Waiãpi” – in: Gray, A.,Paradella, A. &Newing, H. (eds)From principle to practice: IndigenousPeoples and biodiversity conservationin Latin America, iwgia, ForestPeople Programme & aidesep,Copenhagen (167-185).

_______. 1999 “Participaçãoindígena: a experiência dademarcação Waiãpi” – in:Demarcando Terras Indígenas,pptal/funai & gtz, Brasília(139-153).

_______. 2002. “Vigilância econtrole territorial entre osWajãpi: desafios para superaruma transição na gestão docoletivo” – in: Demarcando TerrasIndígenas II, pptal/funai & gtz,Brasília (95-112).

_______. 2004. “Terras ocupadas ?Territórios? Territorialidades?”

– in: ricardo, Fany emacedo, Valéria (Orgs.).Terras Indígenas e Unidades deConservação da Natureza. O desafiodas sobreposições territoriais. SãoPaulo, Instituto Socioambiental.

gallois , Catherine. 2001. Waiãpirena: roças, aldeias e habitações dosWaiãpi do Amapá – Museu doÍndio e Apina, Rio de Janeiro,45 p. ilustr.

jensen, Allen a. 1985 Sistemasindígenas de classificação de aves: aspectoscomparativos, ecológicos e evolutivos –UNICAMP, dat. 222 p.

programa wajãpi / cti. 1999.“Terra Indígena Waiãpi:alternativas para odesenvolvimento sustentável”,Publicação do texto base doSeminário “A terra indígenaWaiãpi”, promovido peloCentro de Trabalho Indigenista,em colaboração com a FundaçãoMata Virgem da Noruega e doGoverno do Estado do Amapá.

schwengber, A M. A recentesaga Waiãpi – Aconteceu PovosIndígenas no Brasil, 1996/2000,Instituto Socioambiental / isa,São Paulo, 2001.

2.4. Estudos médico-sanitáriosblack , Francis e alii. 1983

“Failure of linguisticrelationships to predict genetic

distances between the Waiãpiand other tribes of LowerAmazonia” – American Jour.Physical Anthropology, Vol.60 (327-335).

silva , Amires F. da. 1985. “Buscaativa de casos novos de Hanseníase”:rel. viagem realizada à triboindígena Waiãpi de 27.02. a08.03.1985 – Macapá, dat.12p.

3. divulgação da culturae da situação do grupowajãpi do AmapáApina / Conselho das Aldeias

Waiãpi – 2000. “Livro de ArtesanatoWaiãpi”– cti & mec, (40 pag.il.)

_______. 2002. Catálogo doartesanato Wajãpi – Apina &Agemp/gea (23 pag.il)

cedi . 1983. Povos Indígenas doBrasil: Vol.3 Amapá-norte doPará. Centro Ecumênico deDocumentação e Informação,São Paulo. Carlos AlbertoRicardo e Dominique T. Gallois(org) (Cap.Waiãpi: 93-137).

gallois , Dominique Tilkin.1985. “Waiãpi: representandoo mundo sobrenatural”in: Arte e corpo, a pintura sobre apele e adornos de povos indígenasbrasileiros, Catálogo da SalaEspecial do 8. Salão Nacionalde Artes Plásticas,funarte, Rio de Janeiro

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d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 1

(58-65, ilustr.)._______. 1989. Ka’a ete: Waiãpi, povo

da floresta, Catálogo deexposição itinerante, fflch-usp., 45 pag. Ilustr.

_______. 1996. Verbete Waiãpi,Site do Instituto Socioambiental.www.socioambiental.org/website/epi/waiapi/waiapi.htm

_______. 2002. Kusiwa: pinturacorporal e arte gráfica Wajãpi –Apina / Conselho dasAldeias Waiãpi – Catálogopublicado pelo Museu doIndio / Funai, Rio de Janeiro,71pag, ilustr.

4. documentários em vídeo_______. 1990 O espírito da TV, 18’,

Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista.

_______. 1992. At the Edge of Conquest:the journey of Chief Waiwai, 28’,Geoffrey O’Connor,Realis Pictures, 1991 –Tradução: A saga do chefe Waiwai,tv Cultura.

_______. 1993. A arca dos Zo’e, 22’,Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista

_______. 1994. Meu Amigo garimpeiro...,30‘, Programa Waiãpi, Centrode Trabalho Indigenista.

_______. 1995. Jane Moraita: Nossasfestas, Kasiripinã Waiãpi, 32’,

Centro de Trabalho Indigenista._______. 1996. Placa não fala, 35’,

Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista &Sociedade Alemã deCooperaçao/gtz.

_______. 1998. Segredos da Mata, 37’,Dominique T. Gallois &Vincent Carelli, Centro deTrabalho Indigenista &Conselho das Aldeias Waiãpi.

_______. 2002. Expressão gráfica eoralidade entre os Wajãpido Amapá. 17´.Documentoanexo ao Dossiê daCandidatura do Conselhodas Aldeias Wajãpi à SegundaProclamação do PatrimônioOral e Imaterial daHumanidade / unesco.

5.documentosadministrativos e relatóriosde assessoria técnica

5.1 Documentos da fundaçãonacional do índio / Funaiparise, Fiorello. 1973.

“Relatório de reconhecimentoda região do rio Amaparí” –2.dr/ funai, Belém,07.05.1973, dat. 10 p.

_______. 1975 “Frente de AtraçãoAmapari: Relatório deAtividades” – Minter-Funai,

Belém-PA, 12p.5.2 Documentos do Serviçode Proteção aos Indios / SPIfernandes , Eurico. 1943.

“Relatório apresentado àDiretoria do SPI e 2. Insp.Regional” – Belém, dat., 8 p.

5.3 Documentos do Ministérioda Justiça1991 Portaria n. 544, de 23/10/91

[Declara como de possepermanente indígena a ÁreaIndígena Waiãpi], DOU,24/10/91, Brasília-DF, p.23443

5.3 Documentos da Presidênciada República do Brasil1996 Decreto de 23/05/96

[homologa a demarcação daTerra Indígena Waiãpi no estadodo Amapá], DOU, 24/05/96,Brasília-DF, p.9029

bittencourt , Maria. 1996/1997– Relatórios do Programa deSaúde Waiãpi, Centro deTrabalho Indigenista,encaminhados à Secretaria deSaúde do Governo do Estadodo Amapá e à FundaçãoNacional de Saúde.

_______. 1998/1999. Relatórios doPrograma de Saúde Waiãpi,Conselho das Aldeias Waiãpi /Apina, encaminhadosà Secretaria de Saúde

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 0

cosmologie et orpaillageWaiãpi”, Ethnies, SurvivalInternational, vol.11-12, Paris.

_______. 1991 “Trajetória de umatentativa de redução de áreaindígena: a Flona Waiãpi”,Aconteceu Povos Indígenas 87/90,cedi, São Paulo.

_______. 1996 “Controle territoriale diversificação do extrativismoentre os Waiãpi” – AconteceuPovos Indígenas 91/95, isa,São Paulo.

_______. 1998 “Brazil: the Case ofthe Waiãpi” – in: Gray, A.,Paradella, A. &Newing, H. (eds)From principle to practice: IndigenousPeoples and biodiversity conservationin Latin America, iwgia, ForestPeople Programme & aidesep,Copenhagen (167-185).

_______. 1999 “Participaçãoindígena: a experiência dademarcação Waiãpi” – in:Demarcando Terras Indígenas,pptal/funai & gtz, Brasília(139-153).

_______. 2002. “Vigilância econtrole territorial entre osWajãpi: desafios para superaruma transição na gestão docoletivo” – in: Demarcando TerrasIndígenas II, pptal/funai & gtz,Brasília (95-112).

_______. 2004. “Terras ocupadas ?Territórios? Territorialidades?”

– in: ricardo, Fany emacedo, Valéria (Orgs.).Terras Indígenas e Unidades deConservação da Natureza. O desafiodas sobreposições territoriais. SãoPaulo, Instituto Socioambiental.

gallois , Catherine. 2001. Waiãpirena: roças, aldeias e habitações dosWaiãpi do Amapá – Museu doÍndio e Apina, Rio de Janeiro,45 p. ilustr.

jensen, Allen a. 1985 Sistemasindígenas de classificação de aves: aspectoscomparativos, ecológicos e evolutivos –UNICAMP, dat. 222 p.

programa wajãpi / cti. 1999.“Terra Indígena Waiãpi:alternativas para odesenvolvimento sustentável”,Publicação do texto base doSeminário “A terra indígenaWaiãpi”, promovido peloCentro de Trabalho Indigenista,em colaboração com a FundaçãoMata Virgem da Noruega e doGoverno do Estado do Amapá.

schwengber, A M. A recentesaga Waiãpi – Aconteceu PovosIndígenas no Brasil, 1996/2000,Instituto Socioambiental / isa,São Paulo, 2001.

2.4. Estudos médico-sanitáriosblack , Francis e alii. 1983

“Failure of linguisticrelationships to predict genetic

distances between the Waiãpiand other tribes of LowerAmazonia” – American Jour.Physical Anthropology, Vol.60 (327-335).

silva , Amires F. da. 1985. “Buscaativa de casos novos de Hanseníase”:rel. viagem realizada à triboindígena Waiãpi de 27.02. a08.03.1985 – Macapá, dat.12p.

3. divulgação da culturae da situação do grupowajãpi do AmapáApina / Conselho das Aldeias

Waiãpi – 2000. “Livro de ArtesanatoWaiãpi”– cti & mec, (40 pag.il.)

_______. 2002. Catálogo doartesanato Wajãpi – Apina &Agemp/gea (23 pag.il)

cedi . 1983. Povos Indígenas doBrasil: Vol.3 Amapá-norte doPará. Centro Ecumênico deDocumentação e Informação,São Paulo. Carlos AlbertoRicardo e Dominique T. Gallois(org) (Cap.Waiãpi: 93-137).

gallois , Dominique Tilkin.1985. “Waiãpi: representandoo mundo sobrenatural”in: Arte e corpo, a pintura sobre apele e adornos de povos indígenasbrasileiros, Catálogo da SalaEspecial do 8. Salão Nacionalde Artes Plásticas,funarte, Rio de Janeiro

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Entre as criações baseadas natradição de comunidades indígenas,formas de expressão gráfica e oralsimilares à dos Wajãpi do Amapá,merecem destaque e reconhecimentoas seguintes tradições iconográficas:– dos grupos indígenas de línguaCaribe que vivem na região doTumucumaque, norte do estadodo Pará, em particular o sistemaiconográfico dos índios Aparaie Wayana, assim como dosTiriyó e Kaxuyana;– dos grupos indígenas que vivem naregião do Uaçá, também no estadodo Amapá (Karipuna, Galibi-Marworno e Palikur), que estão semobilizando para a implantação deum Museu dos Povos indígenas nacidade de Oiapoque;– dos grupos que ocupam oParque Indígena do Xingu,em particular dos Wauja e Kuikuru,no estado de Mato Grosso;

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 2

do Governo do Estadodo Amapá e à FundaçãoNacional de Saúde.

campbell , Alan Tormaid. 1976.“Some suggestions towards aneffective programme of controland protection of theOyampi reserve, Amapá”,Brasília, dat. 13 p.

Equipe do programa wajãpi /cti. 1999/2002. Relatórios doProjeto de Fiscalização eVigilância da Terra IndígenaWajãpi – Centro de TrabalhoIndigenista, encaminhadosao pptal/funai.

gallois , Dominique Tilkin.1979. Reserva indígenaWaiãpi: proposta –São Paulo, dat. 17 p.

_______. 1980 Relatório: Eleição daAI Waiãpi (Uiapii), Port. funai677/E de 15.02.1980 – Brasília,17.06.1980, dat. 46 p.

_______. 1984 Proposta dedemarcação da Reserva IndígenaWaiãpi – São Paulo, janeiro 85, dat. 26 p.

_______. 1984 Relatório: Eleição daai Waiãpi, Port. funai 1.651/Ede 16.06.84 – São Paulo,13.08.84, dat. 58 p.

_______. 1991 Laudo “Informaçãosobre a ai Waiãpi”,apresentando a anuênciados índios Waiãpi aos limites

da área indígena,credenciamento Funai/tc002/cea/91.

_______. 1994/1996 “Relatórios deAcompanhamentoantropológico (I a IV) doProjeto Demarcação Waiãpi,Centro de Trabalho Indigenista,encaminhado à funai e à gtz

_______. 1994/1998 Relatóriosanuais do Projeto EducaçãoWaiãpi, Centro de TrabalhoIndigenista, encaminhados àFundação Mata Virgem daNoruega / rfn

_______. 1995 “Controle territoriale diversificação do extrativismona ai Waiãpi” – SegundoRelatório de Atividades doprojeto Manejo não-predatórioe preservação ambiental deÁreas Indígenas na AmazôniaBrasileira (12/93-12/94) –Centro de Trabalho Indigenista,encaminhado à Comissãoda Comunidade Européia

_______. 1996 “Projeto DemarcaçãoWaiãpi / Relatório Final”,em colaboração com MarcoAntonio Gonçalves,encaminhado à funai e à gtz.

iepé . Programa Wajãpi: parceriaIepé / Apina. São Paulo, 2002(também disponível no sitewww.institutoiepé.org,br)

macario, Dafran. 2001.

Relatório de atividades doPrograma Ambiental do cti –Componente Waiãpi, Centro deTrabalho Indigenista,encaminhado à Fundação MataVirgem da Noruega / rfn.

macario, Dafran & gallois ,D.T. – Diagnóstico etno-ambientalda TI Wajãpi, Amapá. Relatórioapresentando ao fnma/mma,outubro 2002.

scmrecsányi, Lúcia.1999/2000. Relatórios anuaisdo Programa de EducaçãoWaiãpi, Centro de TrabalhoIndigenista, encaminados àFundação Mata Virgem daNoruega / rfn.

ANEXO 3:Lista de formasde expressãoculturalsimilares*

– do grupo Kadiweu, no estado deMato Grosso do Sul;– do grupo Kayapó-Xikrin, noestado do Pará;– do grupo Asurini do Koatinemo,no mesmo estado.

Todas essas formas de expressãográfica foram estudadas e seencontram, parcialmente,inventariadas por investigaçõescientíficas, que evidenciaram suaprofunda conexão – nos termosespecíficos de suas respectivastradições – com a cosmologiae/ou ordenação social dessascomunidades.

* Cuja candidatura

poderá ser proposta

no decorrer da

próxima década.

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Entre as criações baseadas natradição de comunidades indígenas,formas de expressão gráfica e oralsimilares à dos Wajãpi do Amapá,merecem destaque e reconhecimentoas seguintes tradições iconográficas:– dos grupos indígenas de línguaCaribe que vivem na região doTumucumaque, norte do estadodo Pará, em particular o sistemaiconográfico dos índios Aparaie Wayana, assim como dosTiriyó e Kaxuyana;– dos grupos indígenas que vivem naregião do Uaçá, também no estadodo Amapá (Karipuna, Galibi-Marworno e Palikur), que estão semobilizando para a implantação deum Museu dos Povos indígenas nacidade de Oiapoque;– dos grupos que ocupam oParque Indígena do Xingu,em particular dos Wauja e Kuikuru,no estado de Mato Grosso;

d o s s i ê i p h a n 2 { Wa j ã p i } 1 3 2

do Governo do Estadodo Amapá e à FundaçãoNacional de Saúde.

campbell , Alan Tormaid. 1976.“Some suggestions towards aneffective programme of controland protection of theOyampi reserve, Amapá”,Brasília, dat. 13 p.

Equipe do programa wajãpi /cti. 1999/2002. Relatórios doProjeto de Fiscalização eVigilância da Terra IndígenaWajãpi – Centro de TrabalhoIndigenista, encaminhadosao pptal/funai.

gallois , Dominique Tilkin.1979. Reserva indígenaWaiãpi: proposta –São Paulo, dat. 17 p.

_______. 1980 Relatório: Eleição daAI Waiãpi (Uiapii), Port. funai677/E de 15.02.1980 – Brasília,17.06.1980, dat. 46 p.

_______. 1984 Proposta dedemarcação da Reserva IndígenaWaiãpi – São Paulo, janeiro 85, dat. 26 p.

_______. 1984 Relatório: Eleição daai Waiãpi, Port. funai 1.651/Ede 16.06.84 – São Paulo,13.08.84, dat. 58 p.

_______. 1991 Laudo “Informaçãosobre a ai Waiãpi”,apresentando a anuênciados índios Waiãpi aos limites

da área indígena,credenciamento Funai/tc002/cea/91.

_______. 1994/1996 “Relatórios deAcompanhamentoantropológico (I a IV) doProjeto Demarcação Waiãpi,Centro de Trabalho Indigenista,encaminhado à funai e à gtz

_______. 1994/1998 Relatóriosanuais do Projeto EducaçãoWaiãpi, Centro de TrabalhoIndigenista, encaminhados àFundação Mata Virgem daNoruega / rfn

_______. 1995 “Controle territoriale diversificação do extrativismona ai Waiãpi” – SegundoRelatório de Atividades doprojeto Manejo não-predatórioe preservação ambiental deÁreas Indígenas na AmazôniaBrasileira (12/93-12/94) –Centro de Trabalho Indigenista,encaminhado à Comissãoda Comunidade Européia

_______. 1996 “Projeto DemarcaçãoWaiãpi / Relatório Final”,em colaboração com MarcoAntonio Gonçalves,encaminhado à funai e à gtz.

iepé . Programa Wajãpi: parceriaIepé / Apina. São Paulo, 2002(também disponível no sitewww.institutoiepé.org,br)

macario, Dafran. 2001.

Relatório de atividades doPrograma Ambiental do cti –Componente Waiãpi, Centro deTrabalho Indigenista,encaminhado à Fundação MataVirgem da Noruega / rfn.

macario, Dafran & gallois ,D.T. – Diagnóstico etno-ambientalda TI Wajãpi, Amapá. Relatórioapresentando ao fnma/mma,outubro 2002.

scmrecsányi, Lúcia.1999/2000. Relatórios anuaisdo Programa de EducaçãoWaiãpi, Centro de TrabalhoIndigenista, encaminados àFundação Mata Virgem daNoruega / rfn.

ANEXO 3:Lista de formasde expressãoculturalsimilares*

– do grupo Kadiweu, no estado deMato Grosso do Sul;– do grupo Kayapó-Xikrin, noestado do Pará;– do grupo Asurini do Koatinemo,no mesmo estado.

Todas essas formas de expressãográfica foram estudadas e seencontram, parcialmente,inventariadas por investigaçõescientíficas, que evidenciaram suaprofunda conexão – nos termosespecíficos de suas respectivastradições – com a cosmologiae/ou ordenação social dessascomunidades.

* Cuja candidatura

poderá ser proposta

no decorrer da

próxima década.

Page 135: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

ficha catalográfica elaborada pela

biblioteca noronha santos

Expressão gráfica e oralidade entre os Wajãpi

do Amapá. – Rio de Janeiro: Iphan, 2006.

136 p.: il. color, 25cm. – (Dossiê Iphan; 2)

isbn 85-7334-025-8

Bibliografia: p. 126-132.

1. Índios brasileiros. 2. Índios Wajãpi. 3. Cultura

indígena. 3. Arte indígena. I. Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. II. Série.

Iphan/RJ cdd – 305.898

Page 136: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

Este livro foi produzido no outono de 2006 para o Instituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional.

Page 137: Dossiê Iphan nº 2 - Wajãpi

ficha catalográfica elaborada pela

biblioteca noronha santos

Expressão gráfica e oralidade entre os Wajãpi

do Amapá. – Rio de Janeiro: Iphan, 2006.

136 p.: il. color, 25cm. – (Dossiê Iphan; 2)

isbn 85-7334-025-8

Bibliografia: p. 126-132.

1. Índios brasileiros. 2. Índios Wajãpi. 3. Cultura

indígena. 3. Arte indígena. I. Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. II. Série.

Iphan/RJ cdd – 305.898