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HUGO MANUEL MACIEL SILVA
DOSSIÊ TMCI – Proposta de verbete e artigo:
“O Método Quadripolar e a Ciência da
Informação”
PORTO
JANEIRO de 2015
LICENCIATURA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO TEORIA E METEDOLOGIA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO HUGO SILVA
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Hugo Manuel Maciel Silva
Aluno do segundo ano da licenciatura em Ciência da Informação,
pertencente à Faculdade de Letras da Universidade do Porto
DOSSIÊ TMCI
Proposta de Verbete e Artigo sobre o Método Quadripolar
Trabalho destina-se à unidade curricular de Teoria e Metodologia da
Ciência da Informação, lecionada pelo Professor Armando Malheiro
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto, Portugal
JANEIRO de 2015
LICENCIATURA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO TEORIA E METEDOLOGIA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO HUGO SILVA
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Resumo
Todos sabemos da importância que tem o Dicionário Eletrónico de Terminologia
em Ciência da Informação, e agora com a proposta para a sua integração no site
do Observatório de Ciência da Informação terá naturalmente uma maior
visibilidade.
Por tudo isto, a proposta que apresento para um verbete, que poderá vir a integrar
o DeltCi, é o conceito de Indexação para a Ciência da Informação.
Em seguida, farei um artigo-científico sobre o Método Quadripolar e a Ciência
da Informação, onde irei explicar no que difere do outro método usado nas
Ciências Sociais, onde abordarei em que consiste, como está divido, falando
evidentemente dos seus 4 polos, o polo epistemológico, o polo teórico, o polo
técnico e o polo morfológico.
Palavras-chave: Indexação. Ciência da Informação. Método Quadripolar.
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Abstract We all know the importance of the Dicionário Eletrónico de Terminologia em
Ciência da Informação, and now with the proposal for its integration into the
website of Observatório de Ciência da Informação will naturally have a higher
visibility. For all that, the proposal to introduce an entry, which may integrate
DeltCi, is the concept of indexing for Information Science. Then, I’ll do an
scientific article about the quadrupole method on Information Science, where I
will explain what differs from other methods used in the Social Sciences, and I
will say what is it, how is divided, and speak about their 4 poles, the
epistemological polo, theoretical polo, tchnical polo and morphological polo.
Keywords: Indexing. Information Science. Quadrupole Method.
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Sumário:
Conteúdo Resumo 3
Abstract 4
Sumário: 5
Introdução 6
1- Verbete 7
2-Artigo sobre “O Método Quadripolar e a Ciência da Informação” 8
2.1 - O que é o método? 8
2.2- Em que consiste o método das Ciências Sociais? Quais são as etapas? 8
2.3- O que é o Método Quadripolar? 9
2.4- Quais são os polos do método quadripolar? 9
2.4.1- O polo epistemológico 9
2.4.2- O polo teórico 10
2.4.1.1- Método e teorização 11
2.4.1.2- Formulação teórica 11
2.4.3- O polo técnico 14
2.4.3- O polo morfológico 18
2.5- Método Quadripolar aplicado à Ciência da Informação 19
2.5.1- Vantagens 20
Referências Bibliográficas 21
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Introdução Para este trabalho e como forma de contribuição para o enriquecimento do
Dicionário Eletrónico de Terminologia em Ciência da Informação, foi-me
proposto que apresentasse um verbete sobre algo que diga respeito e tenha
interesse para a Ciência da Informação. Fui ainda confrontado com a elaboração
de um artigo, seguindo a normas fixadas no livro “Normas: guia prático para a
elaboração de trabalhos técnico-científicos.”, sobre o tema: “O Método
Quadripolar e a Ciência da Informação”.
O trabalho destina-se à unidade curricular de Teoria e Metodologia da Ciência da
Informação lecionada pelo Prof. Armando Malheiro.
Com este verbete que irei propor, espero sinceramente conseguir ajudar no
crescimento e enriquecimento do Deltci, e que este se torne numa ferramenta
cada vez mais usada pelas pessoas ligadas à Ciência da Informação, mas também
por outras pessoas meramente curiosas.
Na segunda parte do trabalho, elaborarei um artigo sobre o Método Quadripolar e
a Ciência da Informação, onde o irei apresentar, falar em que consiste e ainda
abordar os 4 polos que o constituem.
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1- Verbete Depois de analisar o Deltci, decidi que o verbete seria sobre “Indexação” e de
que forma é importante para a Ciência da Informação.
Indexação:
Quando ouvimos o termo indexação associamos prontamente à dimensão
económica. Em economia, indexar constitui um sistema de reajuste de preços,
incluindo salários, tendo em atenção os índices oficiais da inconstância de
preços. No entanto, e para a Ciência da Informação, este termo tem um
significado inteiramente diferente.
Indexar é uma operação complexa, que significa representar através de um
conceito/termo, seja ele vocabular (simples ou composto) quer simbólico, de
acordo com a linguagem de indexação utilizada, permitindo aceder à informação
para que mais tarde possa ser recuperada com relativa facilidade e rapidez, a
partir de uma busca por assunto num índice ou numa base de dados. Estes termos
são selecionados e atribuídos por indexadores com base na análise subjetiva
realizada ao documento, ou são escolhidos termos que tenham probabilidade de
virem a ser pesquisados por utilizadores no futuro. Designamos um termo de
simples, quando este é formado apenas por uma palavra, terá que ser sempre um
substantivo e não é possível que seja um verbo, um adjetivo ou um advérbio. Por
outro lado, o termo é composto, quando este é formado por duas partes, como por
exemplo Literatura Portuguesa. Gomes e Gusmão afirmaram que a indexação
surge a partir do momento em que o homem teve a preocupação de tornar
acessível a informação registada em um suporte e devido a isso decide ordená-la
de alguma forma.
Referências Bibliográficas:
ARRIMAR, Jorge – Análise, Indexação e Recuperação da Informação [Em
linha]. [Consult. 03 Jan. 2015]. Disponível na WWW: <URL:
http://www.rbe.mec.pt/newsletter//np4/869.html>.
LOPES, Mariângela – Indexação de Livros [Em linha]. [Consult. 03 Jan. 2015].
Disponível na WWW: <URL: http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-
detalhe.asp?ctl_id=56>.
MENDES, Maria – Indexação por Assuntos [Em linha]: princípios gerais e
normas. Lisboa: Gabinete de Estudos a&b, 2002. [Consult. 03 Jan. 2015].
Disponível na WWW: <URL:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/20805/1/Indexacao%20por%20assu
ntos.pdf>. ISBN 972-98827-0-3
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2-Artigo sobre “O Método Quadripolar e a Ciência da Informação” 2.1 - O que é o método?
Tudo o que é ciência, necessita de investigar, e para essa investigação necessita
de método. Assim sendo, método não é nada mais, nada menos do que o caminho
ou processo racional para atingir uma conclusão. Usa-se o método para se
conseguir ultrapassar e resolver problemas.
2.2- Em que consiste o método das Ciências Sociais? Quais são as etapas?
O método das Ciências Sociais, embora seja diferente do método das ciências
naturais, prima por conseguir dar ao investigador a objetividade necessária para a
resolução de problemas sociais, dando soluções para os problemas
epistemológicos da investigação científica.
O método engloba então 7 etapas de procedimento:
1- Pergunta de partida
Leituras
2- Exploração
Entrevistas exploratórias
3- Problemática
Conceitos gerais
4- Construção do modelo de análise Dimensão em que se aplica
Indicadores
5- Observação
6- Análise das informações
7- Conclusões
No entanto, a Ciência da Informação não usa (ou melhor, usa um método mais
apropriado) este método porque é muito rígido, obriga o investigador a ter de o
seguir à risca, primeiro formular a pergunta de partida, depois partir para a
exploração, e não permite saltar etapas. De referir que este método pode ser
designado como experimental. E não pode acontecer a etapa 2, primeiro que a
etapa 1? Pode, o investigador pode começar por explorar (efetuando leituras) e
daí formular a questão de partida. Por isso é que este método não é flexível, e a
ciência da informação em 2002 encontrou um método mais apropriado para a sua
investigação, o método quadripolar que irei explicar em seguida.
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2.3- O que é o Método Quadripolar? O Método Quadripolar é o método usado pela Ciência da Informação, é considerado um
método amplo que nos permite entender a informação. Resultou de uma alternativa ao
positivismo e à dicotomia redutora entre quantitativo e qualitativo, proposto principalmente
por Paul De Bruyne, nos anos 70. Pressupõem ser usado numa ciência social, aquando do seu
surgimento foi considerado um instrumento operativo de uma dinâmica de investigação
instauradora de um novo paradigma. A dinâmica que lhe é reconhecida resulta da interação
dos seus 4 polos.
2.4- Quais são os polos do método quadripolar?
Os polos que integram o método quadripolar são: o polo epistemológico, o polo
teórico, o polo técnico e o polo morfológico.
2.4.1- O polo epistemológico
No que às ciências diz respeito, a epistemologia é uma meta-ciência (a meta-
ciência é um campo do saber que tem por objeto a própria ciência e por tarefa
desenvolver as categorias científicas fundamentais que estão presentes em todas
as ciências), porque reflete sobre os princípios da ciência e engloba um carácter
intracientífico devido a ser intrínseco à pesquisa científica efetuada, e porque é
uma área que se preocupa em estudar o funcionamento da ciência, como esta
constrói as suas explicações e como esta verifica a sua validade e a sua
veracidade. O seu objetivo primordial é o fornecimento de regras às Ciências
Sociais para que esta disponha de instrumentos úteis para a realização de tarefas
problemáticas, com vista a criação e consolidação de conhecimentos científicos.
A epistemologia rege-se por alguns princípios: princípio da causalidade
(considera que todas as coisas e todos os acontecimentos surgem a partir das
condições prévias – toda a propriedade está licitamente conjugada a outras
propriedades); princípio da finalidade (caracteriza-se por resultar do princípio
anterior, o da causalidade, ou seja, o que advém da causalidade); princípio da
conservação (procura da linha dos fenómenos que não se manifestam); princípio
da negligenciabilidade (diferenciar o essencial do supérfluo); princípio da
concentração (uns níveis de análise são mais importantes que outros, ou seja,
possuem mais informação que outros); princípio da economia (princípio onde
entra o rigor sistemático); princípio da identificação (demarca fenómenos que
sejam diferentes do comum, fenómenos esses que não sejam facilmente
reconhecíveis); princípio da validade transitória até novas informações (as teorias
são verdadeiras enquanto não houver nada que as torne falsas, contundo todas
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podem ser falsificadas e abandonadas no momento a que já não deem resposta à
problemática que as desencadeou). A epistemologia interna também se divide em
alguns princípios, são eles: objeto e problemática científica (a registar que os
objetos evoluem à medida que evoluem os métodos e a sua problemática); objeto
real, percebido, construído (todo o objeto é muitas das vezes substituído por um
mais recente, a este fenómeno dá-se o nome de rutura epistemológica, assim
sendo, o percebido é o que se dá aos sentidos sob a forma de imagens, e o
construído é o que passa por um processo (objetivação, conceitualização,
formalização e estruturação até ser finalizado); e a génese e teorização, que
engloba a indução (não pode apoiar-se em procedimentos que podem ser
decididos, deve apelar à espontaneidade), o acaso (uma descoberta pode dar aso a
uma nova teoria), a crítica (desenvolve-se em oposição a teorias estabelecidas e
experiências já conhecidas), a análise comparativa (existe a comparação entre
teorias, das quais podem surgir novas hipóteses), a análise controlada (é o
princípio unificador dos objetos submetidos à definição de sistemas teóricos), a
intuição (critica os falsos problemas e inventa os verdadeiros, luta contra a ilusão
e propõe a resolução dos problemas em função do tempo) e por último, mas não
menos importante, a problemática (fonte direta das teorias e das hipóteses, resulta
da insistência dos problemas concretos).
Resumindo, a epistemologia é o motor de pesquisa do investigador, é a partir
disto que o objeto científico é criado/construído e a problemática da investigação
vê aí definida os seus limites. É neste polo que se dá a assunção do paradigma e é
este polo que nos leva a formular a pergunta de partida, pergunta de partida essa
que só se concretiza efetivamente no polo teórico.
2.4.2- O polo teórico
Podemos dizer que a teoria é todo o fundamento da ciência, para um investigador
em ciências sociais. O polo teórico assume uma grande importância se queremos
retirar conclusões pertinentes. Tem como principal função a rutura
epistemológica face ao senso comum, a teoria é fundamental para capturar as
experiências e explica-las. Resumindo, a teoria é o resultado de uma
generalização a partir dos factos que temos ao nosso alcance e que são por nós
conhecidos, no entanto, pode ser progressivamente atualizada, sendo-lhe
adicionada novos dados que colocam à prova os dados anteriores.
É no polo teórico que se formula a pergunta de partida, hipóteses, teorias,
conceitos operatórias, a problemática, onde se define o modelo de análise.
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2.4.1.1- Método e teorização
Todos sabemos que a teorização deve realizar a conexão entre os contextos da
prova e da descoberta. O contexto da prova sendo aquele no qual se levanta a
questão da aceitação ou não das hipóteses e teorias, e o contexto da descoberta
aquele no qual nos questionamos como construir essas hipóteses e teorias, é um
contexto de reflexão metodológica. Contudo, as teorias podem ser
frequentemente aceites ou rejeitadas por razões estranhas à lógica da prova,
resultando nos chamados paradigmas. Os objetivos da teorização são:
Explicação de factos;
Predição por derivações de consequências testáveis de um corpo de
hipóteses;
Entre muitos outros…
No entanto, há que reter que também pode suceder haver uma necessidade que a
teoria, acabada ou inacabada seja analisada.
2.4.1.2- Formulação teórica
As teorias são artefactos dos pesquisadores, sendo formuladas numa linguagem
construída para ter uma linguagem simbólica, e assim possuem:
Conceitos semânticos – dizem respeito aos fenómenos;
Conceitos sintáticos – tem como prioridade articular outros conceitos;
Estes níveis tomam a forma de corpo de hipóteses.
Proposições que formam o sistema teórico:
Sintética – forma lógica que a hipótese assume quando se submete ao teste
empírico, ou seja, a realidade;
Analítica – é basicamente uma tautologia, possui uma função
simplesmente operatória;
No entanto, podemos ainda distinguir dois aspetos fundamentais da teoria:
Conceitual – da explicitação do sentido;
Proposicional – da formulação lógica;
A formulação sujeita-se ao princípio da redução, que permite a manipulação de
um objeto teórico, e a explicitação obedece ao princípio da compreensão, dando
uma conformidade mais ampla às hipóteses.
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Quando falamos de um sistema integrado de proposições com relações lógicas
entre elas, estamos então a falar daquilo que deve ser a teoria. A teoria é
composta por conceitos que originam outros, dividem-se em classes:
Particulares – têm nomes próprios (só dessa maneira é que são conceitos);
Universais – são gerais (englobam todos os casos particulares possíveis);
Genéricos – são generalizações empíricas, classes de acontecimentos
singulares, com o poder de caracterizar de forma abstrata os dados;
Analíticos – não têm referentes empíricos, são valores particulares em
casos singulares;
Puros – ficções que transcendem os casos particulares;
Variáveis – existem relação com um conjunto de elementos com relações
expressas quantitativamente;
Concluindo, o polo teórico é o local onde se dá a junção dos outros polos
(epistemológico, morfológico, técnico). Assim sendo, a teoria fornece-nos
premissas a partir das quais podem derivar enunciados descritivos. Os sistemas
teóricos encontram-se em evolução permanente, o que faz com que possam
ocorrer transformações, e de tal forma é pertinente “trancar” as teorias.
Podemos ainda dizer que a teoria é uma rede sistemática, cujas malhas seriam
formadas pelas proposições-leis. No polo teórico é onde as hipóteses se
organizam e os conceitos são definidos.
Existem ainda várias teorias, irei falar apenas de uma, a sistémica. Assim sendo,
a Teoria Sistémica teve origem nos anos 20 por Ludwig Von Bertalanffy com o
intuito de enunciar princípios válidos para todo e qualquer sistema. Um sistema
resume-se a “um complexo de elementos em interação”. Por interação entende-se
os elementos p ligados por relações R, de modo que o comportamento de um
elemento p em R difere do seu comportamento numa outra relação R’. Quando
falamos de um sistema este só pode ser compreendido se atendermos aos
seguintes elementos:
Estrutura (complexo unitário formado por uma pluralidade de elementos
relacionados entre si de tal forma que possa apresentar características
próprias, que o “estado” de cada elemento dependa, pelo menos de um
outros elemento e acabe condicionado pela estrutura toda, que se a
estrutura modificar o próprio “estado”, afete os seus elementos e por
última que todos os elementos são necessários para formar a estrutura);
Organização;
Processos de atuação;
Programas operativos;
Ambiente;
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Interação ambiental;
Classificar sistemas:
Supersistema -> sistema formado por outros sistemas;
Subsistema -> sistema que se individualiza no interior de outro mais amplo, no
entanto mantém algumas relações;
Macro-sistema -> quando o sistema e o ambiente se interpenetram;
Mas temos ainda outra classificação em 2 grandes categorias:
Sistemas organizados ou operatórios;
Sistemas não organizados ou combinatórios;
Os sistemas organizados ou operatórios dependem não só da estrutura, mas
também da organização estrutural. Assim sendo, unidade, organização e estrutura
são todos os elementos-chave que caracterizam os sistemas organizados ou
operatórios. Existem vários tipos de sistemas organizados ou operatórios:
sistemas abertos, sistemas fechados, sistemas naturais, sistemas artificiais, redes
modulares, sistemas autopoiéticos e sistemas gerais.
Os sistemas não organizados ou combinatórios são uma macro unidade que
deriva de uma população (conjunto) de unidade análoga com vista a desenvolver
um micro comportamento autonomamente observável. Existem também vários
tipos de sistemas não organizados ou combinatórios: sistemas de acumulação,
sistemas de difusão, sistemas de prossecução e sistemas de ordem.
Podemos ainda definir algumas regras básicas do pensamento sistémico:
Objetos podem ser observados e interpretados como um sistema dinâmico,
porque manifestam um processo através de uma estrutura própria e
segundo algum programa operativo;
Fenómenos da realidade devem ser observados e interpretados como
inputs e outputs de um processo de algum sistema dinâmico, qualquer
dado, por exemplo, deve ser pensado como algo não isolado, mas como
algo associado a um processo ou como manifestação da dinâmica de uma
estrutura;
O sistema no seu todo deve ser pensado em ligação estrutural a algum
outro sistema para formar supersistemas;
Realidade deve ser observada e compreendida na sua dinâmica qualitativa
e quantitativa;
Superar a lógica da relação causa-efeito e adotar a da interdependência
sistémica e do feedback.
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2.4.3- O polo técnico
O polo técnico ocupa-se dos procedimentos, da recolha e transformação das
informações em dados cruciais para a problemática geral, construção do modelo
de análise, observação, análise da informação e exploração. Tem como função
primordial descrever os factos em sistemas significantes, por protocolos de
evidenciação experimental desses mesmos dados empíricos. Os dados podem ser
de variadas naturezas: doxológico, epistêmico ou teórico. Nas ciências sociais, as
informações que lhe interessam, assumem um significado especial antes de
alguma pesquisa científica, tornando-se mesmo dados pela própria aplicação das
técnicas de recolha. A esta, cabe-lhe a conservação da significação das práticas
sociais efetivas, e o dado deve apreender essa informação e transforma-la em
algo pertinente para a investigação científica, até porque os dados são algo
apreendido, representa uma apreensão do real que a investigação quer assegurar
no polo técnico. Para podermos chegar à categoria de facto, os dados devem ser
importantes e necessários às hipóteses teóricas precisas, deve confirmar essa
mesma hipóteses e verificar os sistemas teóricos nos quais essas hipóteses se
inserem.
Podemos então afirmar que os factos são então conquistados e construídos pelas
técnicas que os recolheram e tornaram-se significativos pelo sistema que os
concebeu. Mas atenção, não se deve pensar que um facto é uma teoria, o que
acontece é que não pode existir um facto dito puro, separado de qualquer ideia,
tal como se verifica nas teorias. O polo técnico marca o momento de observação
dos factos, enquanto que no polo teórico se dá a interpretação e explicação. A
recolha de dados é também muito importante e divide-se em várias distribuições:
problemáticas (que dão lugar às hipóteses de pesquisa, orientando a recolha de
dados sob a forma de questões); domínio de paradigmas (de natureza teórica e
epistemológica); elementos teoréticos não verificáveis (conceitos puros,
universais, entre outros); dados (sob a forma de factos, recolhidos a partir de
hipóteses e questões particulares); factos significativos (com origem nas
hipóteses teóricas, cujo teste se mostrou realizável); consequências factuais
(inesperadas e produzidas pela teoria); domínio das informação-acontecimentos
(aquelas que não respondem aos objetivos da pesquisa);
Abordagem/Corrente Estrutura
Abordagem Positivista Considera fatos atómicos e reagrupa-
os como conceitos genéricos, classe
da qual cada facto será um elemento
particular
Abordagem Estruturo-Funcionalista Marca a dependência dos factos
relativamente aos sistemas nos quais
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estão integrados, destaca-se a natureza
causal
Abordagem Compreensiva Potencializa o carácter essencialmente
significativo dos factos sociais e a
natureza fenoménica
Corrente Estruturalista Insiste na produção dos factos pela
transformação dos sistemas que os
explicam, conferindo-lhes
independência
Transformações efetuadas pelas operações técnicas de recolha a cada objeto de
conhecimento:
Figura 1 - Transformações técnicas (Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os polos da prática metodológica)
Quando falamos da descrição, pretendemos que esta seja rigorosa e que tome do
método fenomenológico a intuição dos fenómenos e a construção das essências e
tipos. A codificação é realizada por determinadas pesquisas estruturalistas, que
desagrupam o objeto em unidades discriminantes não significativas, para colocar
em evidência conjuntos significativos, chamados sistemas-signos. No que diz
respeito aos dados quantificados, estes apresentam-se sob a forma de indicadores
que fornecem índices globais. Os indicadores podem ser agregados (fruto das
informações recolhidas junto a membros singulares da classe estudada, obtenção
de uma informação que no entanto é insuficiente para uma pesquisa aprofundada)
ou globais (alicerçados em observações guiadas pelas propriedades da teoria).
É difícil constituir uma definição operacional que alcance todas as derivações de
um conceito quando se tem uma teoria minimamente coerente em ciências
sociais, a solução estratégica que mais se apropria é a que conecta os dois
indicadores (qualidades do primeiro e defeitos contrários do segundo). As
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técnicas de recolha de dados além de importantes obedecem também a regras
rígidas, como a fidelidade, a validade, a qualidade e a eficiência. Há três formas
para a recolha de dados:
Pesquisa (Entrevista (oral) ou Questionário);
Observações;
Análises Documentais;
A entrevista (oral) pode ser:
Estruturada (perguntas fixas);
Livre (sobre um tema geral);
Centralizada (num tema particular);
Informal e Contínua;
Panel, Entrevistas Repetidas;
Profundidade Indireta;
Os tipos de informações que se extraem são sobre factos observados e sobre
opiniões expressas sobre os acontecimentos, os outros ou a própria pessoa. Sabe-
se também as mudanças de atitudes e de influências, as evoluções dos
fenômenos, a significação das respostas, assim como o conteúdo latente. Em
termos de escolhas técnicas permite a seleção dos informantes aptos e dispostos a
responder (amostra, respondedores que sejam representativos ou pessoas que
sejam competentes. No entanto, existem obstáculos: a barreira para a
comunicação (relação artificial), mecanismos de defesa (recusa), estado de
informação aleatório dos respondedores, a subjetividade, a disparidade entre
declarações e comportamentos ou até mesmo a inadequação dos conceitos com o
real, dificuldades de linguagem, incompreensões. Por outro lado, existem alguns
vantagens como: as incitações a responder (desejo de comunicar), a quantidade e
qualidade aumentadas das informações, problemas mais complexos ou mais
carregados afetivamente e a flexibilidade.
Quanto ao questionário (escrito) as escolhas técnicas focam-se na formulação das
perguntas que podem ser:
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Fechadas (escolha das respostas reduzidas);
Abertas (conteúdo e forma das respostas deixadas à escolha);
Pré-formadas/Mistas (compromisso entre perguntas fechadas e abertas);
Existem também obstáculos como os desvios devidos à rigidez, exame e
ordenação mais difíceis, interpretação delicada/risco de erro e custo mais
elevado. Por outro lado, as vantagens são: a economia (nomeadamente de
tempo), uniformidade, anonimato, facilidade de exame, filtragem das perguntas e
respostas mais complexas.
Passando agora às observações a direta e à participante. A direta no que diz
respeito aos tipos de informação recolhe caracteres ou propriedades de um
número de acontecimentos ou de unidades (distribuições, frequências), vários
caracteres ou propriedades da mesma situação ou do mesmo objeto, ações
constatadas, explicações recebidas, significações referidas e incidentes ou
histórias. Nas escolhas técnicas conta com a definição dos objetos a serem
observados e das unidades, a amostragem representativa, a contagem, a seleção
dos dados, as monografias ou etnografias e ainda as necessidades de sistematizar
as anotações. Tem como obstáculos as manifestações sensíveis, a diversidade de
objetivos e de níveis de observação, o quadro de referência “sobre-determinante”,
o sujeito observado comportando-se de modo diferente do que sozinho (ou
comportamento diferente do pensamento, ou conduta ambígua), imprecisão,
acúmulo inútil de dados, observação intencional, interpretação “expost” das
notas. A vantagem é a intervenção mínima do pesquisador.
Já a observação participante recolhe tipos de informações como: factos tais como
são para os sujeitos observados, fenómenos latentes (que podem escapar aos
sujeitos, mas não ao observador). A escolha de técnicas tem a ver com a
entrevista ao vivo durante o acontecimento e observação quer direta, quer por
pessoas interpostas e ainda com a relação face a face durável (ativa ou não) e
ainda as capacidades necessárias ao pesquisador (intuição, imaginação, perceção
dos problemas). Os obstáculos a minimizar são: a recusa possível do observador,
a integração e socialização excessivas, o acontecimento que interessa
frequentemente é fortuito e ainda os problemas de ética. As vantagens são: a
participação máxima do pesquisador e a relação menos artificial.
Por último, temos as análises documentais, que tem o seu modo de coleta em
fontes, quer sejam privadas ou oficiais, como os arquivos, relatórios, estatísticas,
direta ou indiretamente pertinentes, referindo-se à instituição ou à situação
estudadas. Os tipos de informações são: factos, atributos, opiniões,
comportamentos, evoluções, tendências (exploração, pré-pesquisa, verificação de
hipóteses). As escolhas técnicas recaem na análise qualitativa do conteúdo
(necessidade de uma crítica histórica, autenticidade, valor, motivos e condições
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do estabelecimento do texto) e ainda na análise de conteúdo quantitativa (escolha
dos textos, descrição quantificada do texto e determinação das unidades. Os
obstáculos a minimizar são: a dificuldade de acesso, a dificuldade de
interpretação, o reemprego numa perspetiva de pesquisa e o importante nem
sempre está registado. As vantagens relativas são: instrumentos “não reativos” e
a economia de tempo e de dinheiro.
Como vimos nestas várias técnicas de recolha de informação, normalmente esta
limita-se às amostras da população estudada. Tal como a população as amostras
também possuem certas características, com o nome de parâmetros e estatísticas
respetivamente. Há duas eventualidades de amostragem.
Na 1ª, o pesquisador tem conhecimento da probabilidade que cada
indivíduo da população possui para entrar na amostra, o que lhe permite
precisar a representatividade da amostra.
Na 2ª, o pesquisador desconhece a probabilidade que cada indivíduo
possui para ser selecionado para a amostra, nestes casos a interferência
estatística não pode ser considerada legítima.
2.4.3- O polo morfológico
Neste polo temos a representação do plano de organização dos fenómenos. Opera
como quadro operatório prático da estruturação dos objetos científicos.
Funções do polo morfológico na economia geral de pesquisa (são todos
inseparáveis):
Exposição – função com maior evidência, neste ponto o polo morfológico
é visto como um aglomerado de conceitos/proposições, factos/leis, entre
outros, é aqui que se estruturam as teorias e as problemáticas úteis à
pesquisa;
Causação – operação que possibilita que um acontecimento ocorra sob
determinadas condições teóricas, posição de coerência lógica que articula
os fatos científicos numa certa forma. Pode ser expressiva ou
compreensiva num tipo ideal, e positiva num sistema empírico e
estrutural. Pode igualmente ser vista como consequente da classificação de
um conjunto de determinações, nesta operação atuam raciocínios que
pretendem levar à explicação de certo acontecimento, e do
estabelecimento de influências entre acontecimentos;
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Objetivação – tem a função capital fabricar um espaço de causação e
significado, ela envolve uma analogia e o polo morfológico ajuda a
destacar um capo de objetividade. Os modos de objetivação são: cópia e
simulacro. A cópia é a reprodução do objeto de pesquisa como uma
transcrição fiel e expressão adequada do objetivo, já o simulacro, é
basicamente uma autoconstrução, do objeto científico que se arquiteta a si
mesmo. Por vezes, estes dois modos produzem formas desvigoradas ou
ilegítimas, são elas as cópias esquemáticas (constitui o objeto num modelo
reduzido e com alguns traços essenciais, no entanto é demasiado simples,
resultando numa cópia enfraquecida) e o artefacto (é uma cópia de uma
cópia, uma tradução simplista numa outra linguagem qualquer, o que o
torna inútil, apenas serve para tornar ainda mais obscura a problemática);
Existem 6 tipos distintos de estilos de modos de expressão metodológicos:
Literário;
Académico;
Simbólico;
Erístico;
Postulativo;
Formal;
Podemos dizer que estes estilos são a estruturação da teoria, conceitos,
desenvolvimentos e resultados/conclusões da pesquisa. Cada um destes pontos
tem um valor particular/individual, no entanto, eles articulam-se todos de
maneiras diferentes com os elementos da pesquisa. É a este polo que compete a
função metodológica de fornecer a estrutura, a configuração.
O polo morfológico é autónomo no que à pesquisa diz respeito, que tem sentido
apenas nas relações concretas das abordagens metodológicas: epistemologia,
teórica, e técnica. É então um infecundo de determinabilidade, um espaço de
causação, e de combinatória, aqui se destacam progressivamente os objetos
científicos. É aqui que surge as conclusões e apresentação de resultados. As
funções do polo morfológico são representadas, pelas ciências sociais, por 4
quadros de análise.
2.5- Método Quadripolar aplicado à Ciência da Informação A distinção entre a proposta belga e o Método Quadripolar é que a proposta belga foi
concebida e apresentada para se constituir um método adaptado à natureza das Ciências
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Sociais que sendo ciência não podem reproduzir o mesmo método adequado à ciência natural
e exata.
2.5.1- Vantagens
O Método Quadripolar tem algumas vantagens em relação ao Método
Experimental, como por exemplo:
Não ter de seguir uma ordem, ou seja, no Método Experimental é
necessário seguir todas as etapas sem poder saltar nenhum, começando na
pergunta de partida em seguida passar para a exploração, depois a
problemática, em seguida construção do modelo de análise, depois a
observação, ainda a análise das informações e por último as conclusões. Já
no Método Quadripolar, podemos começar pelas leituras (exploração) e só
depois formular a pergunta de partida. Assim como, podemos começar a
investigação pelo polo morfológico, pois nenhuma investigação começa
sem o investigar se posicionar no polo morfológico, só que devido ao
método ser espiral, a investigação começa sempre com os resultados do
estudo anterior;
Método capaz de gerar um conhecimento novo de forma fundamentada;
Método capaz de nos permitir compreender a dinâmica mais profunda,
humana e social, do ciclo documental e dos modos como a informação
neles contida é procurada, apropriada, usada e transformada;
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Referências Bibliográficas
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de trabalhos técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
ISBN 978-989-26-0108-3
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pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: F.
Alves, 1977.
QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van – Manual de Investigação em
Ciências Sociais. 3ª edição. Lisboa: Gradiva, 2003. ISBN 972-662-275-1
SANTOS, Eliete; SOUSA, Francinete – Seminários de Saberes Arquivísticos: reflexões
e diálogos para formação do arquivista. Curitiba: Appris, 2013.
ISBN 978-85-8192-225-6
SILVA, Armando Malheiro; RIBEIRO, Fernanda – A Informação: da compreensão do
fenómeno e construção do objeto científico. Porto: Edições Afrontamento, 2006. ISBN
978-972-360-859-5
SILVA, Armando Malheiro; RIBEIRO, Fernanda – Das “ciências” documentais à
ciência da informação: ensaio epistemológico para um novo modelo curricular. 2ª
edição. Porto: Edições Afrontamento, 2008. ISBN 978-972-36-0622-5