DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO …áreas como Idalberto Chiavenato, Scott Snell, George...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
GESTÃO DO CONHECIMENTO E RECRUTAMENTO EM EMPRESAS: INICIATIVA DE UMA BUSCA TEÓRICA
Rosilane Santos da Silva
ORIENTADOR: Prof. Paulo José
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Rosilane Santos da Silva
GESTÃO DO CONHECIMENTO E RECRUTAMENTO EM EMPRESAS: INICIATIVA DE UMA BUSCA TEÓRICA
Rio de Janeiro 2016
3
AGRADECIMENTOS
A grande amiga e irmã Ana Angélica.
4
DEDICATÓRIA
Dedica-se a amiga Ana Angélica.
5
RESUMO
A sociedade da informação tornou o conhecimento o principal motor de
desenvolvimento e sucesso das organizações. A gestão do conhecimento,
então, surge como ponte para a administração do conhecimento que é
presente e aquele de necessária aquisição por parte das empresas, e presente
nos mais variados setores de uma empresa, o que não seria diferente na área
de Gestão de Pessoas. Uma vez nesta área, o recrutamento da empresa
requer uma análise mais especifica. Este trabalho então busca encontrar as
relações entre a área de Gestão do Conhecimento e Gestão de Pessoas de
forma a entender mecanismos de funcionamento e difusão em diversas
organizações através de uma pesquisa bibliográfica. Objetivo outro deste
trabalho é abrir o caminho para outras pesquisas que busquem entender as
relações entre recrutamento e práticas de Gestão do Conhecimento.
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METODOLOGIA O presente trabalho teve como primeira etapa de evolução uma
elaborada pesquisa exploratória baseada em levantamento bibliográfico e
documental. Visando o aprofundamento do conhecimento sobre o tema e
promovendo o encontro das relações para os conceitos vigentes aqui tratados.
Segundo Lakatos,
“a pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um
lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela,
por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo
(documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento
do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A
pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também
como o primeiro passo de toda pesquisa científica”.(1992, p.44)
A fim de explorar a problemática e incentivar ou não o uso das
ferramentas de Gestão de Conhecimento no trabalho do recrutador. A segunda
etapa do projeto consistiu em escrever o texto com base nas autoridades das
áreas como Idalberto Chiavenato, Scott Snell, George Bohlander entre outros.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Gestão de Pessoas 11
CAPÍTULO II
Recrutamento de pessoas: eficiência para o quadro de talentos 18
CAPÍTULO III
Gestão do Conhecimento: 22
CAPÍTULO IV
Aplicação Da Gestão Em Diferentes Áreas Econômicas 33
4.1 Gestão do conhecimento e Recrutamento: uma conjunção necessária 35
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41
ÍNDICE DE FIGURAS 42
ÍNDICE DE QUADROS 43
8
INTRODUÇÃO
As organizações mudaram. O tempo mudou. A globalização alterou
a forma de se fazer negócio, e os negócios mudaram as organizações. Isso
parece aos dias atuais um fato consumado e que não resta dúvidas, uma vez
que a sociedade não percebeu que as mudanças iam acontecendo na mesma
velocidade que viviam e participavam ativamente do processo, sem se dar
conta do mesmo. Há pouco tempo os computadores eram caixas pesadas e
desajeitadas, hoje eles cabem nas palmas da mão, elegantes e portáteis. A
informação demorava a chegar, o jornal chegava no dia seguinte, hoje tudo
acontece em tempo real.
O processo de transformação nas organizações parece ainda mais
rápido, uma vez que a competitividade não permite o gasto indevido de tempo.
O que parecia mais um setor da empresa, a gestão de pessoas tornou-se foco
de atenção. A informação sequer era elemento da empresa, e o conhecimento
era valorizado no sentido de manter um processo. A inovação, a alta
competividade e as transformações ligeiras do mercado exigiram algo mais – a
gestão do conhecimento, que nasce nesse momento, aplicado a todos os
setores.
Desta maneira, é imperativo dentro de uma grande empresa o bom
funcionamento da área de Gestão de Pessoas. Isso é verdade, uma vez que é
a área responsável por expandir o quadro de funcionários da empresa de forma
a gerar dividendos, o ponto chave para a vivacidade dos negócios. As ações
desse setor como selecionar, recrutar, remunerar, treinar e qualificar pessoas
são definidores do funcionamento e da lucratividade daquele negócio pois são
pessoas a manter e gerir o ambiente e a carga de trabalho (Certo e Peter,
1993). E para cada vez que a empresa cresce provoca em consequência o
aumento do número de pessoas necessárias para diversas funções.
“É especial, então, dentro da Gestão de Pessoas, a tarefa de
recrutamento pois competitiva em um mundo globalizado, instável, mutável e
fortemente concorrencial” (CHIAVENATTO, 2008. p. 4). Torna-se, então,
9
pertinente auxiliar o recrutador com todas as ferramentas de administração e
gestão que a empresa dispor, como por exemplo, a gestão do Conhecimento.
A área de Gestão de Conhecimento tornou-se referência para as
empresas na atualidade, e frente aos é a ponta inicial do desenvolvimento dos
colaboradores. Exemplo disso é que a aceitação de determinadas pessoas,
muitas vezes, é passível de erro podendo gerar conflitos. Minimizar os riscos e
aumentar a eficiência durante a execução das tarefas laborais posteriores à
seleção é preocupação de todo recrutador – fazer a escolha certa.
Pensando nesse ponto o setor responsável pelo recrutamento e
carreira de pessoas está avaliando a todo instante a si mesmo, funcionários e
candidatos, pois as pessoas são “o diferencial competitivo que mantém e
promove o sucesso organizacional: elas passam a constituir a competência
básica da organização, a principal vantagem avanços tecnológicos, para além
dos setores comuns das empresas – produção, recursos humanos, financeiro,
marketing, entre outros. Esta área é responsável pelo desenvolvimento e pela
manutenção de todo conhecimento gerado em cada processo e atuação dentro
da empresa. É uma grande biblioteca ou banco de dados de todas as
informações e conhecimento – trazidas ou desenvolvidas no trabalho – que são
realmente pertinentes ao desenvolvimento daquela empresa.
O conhecimento de uma empresa é um capital intelectual e
intangível e, portanto, deve ser utilizado e/ou armazenado com o mesmo
cuidado que outros tipos de capitais. Assim como os recursos humanos, os
conhecimentos atuais e àqueles a serem gerados dentro do ambiente de
trabalho devem ter a atenção especial do gestor. A perda de um dado
conhecimento ou informação deve ser imaginada da mesma forma como é
vista a perda de um capital financeiro.
As premissas em relação a boa gestão de Pessoas e a gestão do
Conhecimento devem ser identificadas não apenas para as empresas de
grande porte, mas também para as médias e pequenas empresas. Isso se dá a
partir do referencial de desenvolvimento em suas áreas de atuação de toda
organização, independentemente de seu porte.
10
Esse trabalho, então, busca relacionar ás áreas de Gestão de
Pessoas e Gestão do Conhecimento, em especial a atuação do recrutador,
com o objetivo de estudar ferramentas e habilidades que podem ser utilizadas
para melhorar a atuação do recrutador através da gestão do conhecimento na
empresa e na área de Recursos Humanos.
Todavia, frente as dificuldades de referencial teórico
correspondentes a essa relação, este trabalho busca gerar também o
questionamento e assim dar um pontapé inicial para o desenvolvimento de
outras pesquisas que aprofundem o tema. Não busca, desta maneira, esgotar o
tema, tampouco ser mais um na área, mas apresentar um campo aberto e
pouco explorado que é o entender a relação entre aos processos gerenciais
sobre o conhecimento e sua relação com o setor de recrutamento nas
empresas.
11
CAPÍTULO I
GESTÃO DE PESSOAS
Chiavenatto, (2008, p. 7), afirma que “muitos dos objetivos pessoais
jamais poderiam ser alcançados apenas por meio do esforço pessoal isolado” e
desta maneira as organizações nascem com o fim de proporcionar ganhos
conjuntos. Isso significa dizer que as organizações “constituem o meio através
do qual [as pessoas] podem alcançar vários objetivos pessoais, com um custo
mínimo de tempo, esforço e de conflito” (idem). O que o autor afirma é que há
uma finalidade construída de forma conjunta pelos agentes do processo, ou
seja, tanto colaboradores quanto empregadores.
Nesse sentido a Gestão de Pessoas é diferencial para qualquer
empresa, desde que o pensamento estratégico e a cultura da organização
reflitam as pessoas como participantes e colaboradores. Neste aspecto, para
Chiavenatto, os Recursos Humanos devem ser entendidos por Pessoas, e não
simplesmente como recurso estrutural, alterando a nomenclatura do setor de
Recursos Humanos para setor de Gestão de Pessoas. Em suas palavras,
“tratar as pessoas como recursos organizacionais é um desperdício de talentos e de massa encefálica produtiva. Assim, hoje se fala em Gestão de Pessoas e não mais em recursos humanos, exatamente para proporcionar essa nova visão das pessoas – não como meros funcionários remunerados em função do tempo disponibilizado para a organização – mas como parceiros e colaboradores do negócio da empresa”. (Chiavenatto, 2008, p. 34)
O autor identifica em um quadro comparativo (Figura 1) que existem
diferenças entre tratar a pessoa como recurso e tratar como parceiro.
Quadro 1 - As Pessoas Como Recursos ou Parceiros
Pessoas como Recursos Pessoas como parceiros
Empregados Isolados nos cargos Colaboradores agrupados em equipes
Horário rigidamente estabelecido Metas negociadas e compartilhadas
Preocupação com normas e regras Preocupação com resultados
12
Subordinação ao chefe Atendimento e satisfação do cliente
Fidelidade à organização Vinculação à missão e à visão
Dependência da chefia Interdependência com colegas e equipes
Alienação à organização Participação e comprometimento
Ênfase na especialização Ênfase na ética e na responsabilidade
Executora de tarefas Fornecedoras de atividade
Ênfase nas destrezas manuais Ênfase no conhecimento
Mão-de-obra Inteligência e talento
Fonte: Chiavenatto, 2008. p. 9
Neste quadro comparativo o autor identifica as diferenças no tratamento
e no comportamento do trabalhador tratado como recurso e como parceiro da
empresa. Em uma analogia simples, se tratado como recurso permanece
sendo uma peça de uma engrenagem em um sistema mecânico, apertado ou
solto quando necessário, em um comportamento regulado. Uma vez tratado
por sua inteligência, talento e liberdade, o trabalhador não é mais a peça de um
sistema, mas notas musicais de uma ordem sinfônica, não perdem a harmonia
dentro de uma ordenação, mas soltos, autorregulados e em composição a
outras notas oferecem uma sonoridade singular.
Essa diferenciação para Chiavenatto é importante porque qualifica o
empregado, que deixa de ser coisa (recurso ou patrimônio físico na
contabilidade organizacional), que precisa ser padronizada e uniforme, e passa
a ser colaborador dos processos da empresa. Essa diferenciação entende a
pessoa como fornecedora de “conhecimentos, habilidades e competências, e [o
mais importante] a inteligência que proporciona decisões racionais e que
imprime significado e rumo aos objetivos globais” (CHIAVENATTO, 2008, p.
10).
Bohlander e Snell, (2014, p. 2), por sua vez, não fazem uma
diferenciação do que é Gestão de Pessoas e Gestão de Recursos Humanos, e
identificam como Gestão de Recursos Humanos o “processo de gerenciar
13
talentos humanos para atingir os objetivos da organização”. Em aspecto geral,
não há uma diferenciação clara entre o pensamento desses autores e o que
afirma Chiavenatto em relação a necessidade de câmbio de nomenclatura. O
que ambos apresentam em comum, entretanto, é a preocupação dos
trabalhadores com o conhecimento (Chiavenatto, 2008; Bohlander, Snell, 2014)
como “Capital inteligente” e “Trabalhadores do Conhecimento”1.
Outro aspecto em comum dos autores se dá na construção lógica
de uma história da gestão de Pessoas e/ou Recursos Humanos a partir de
mudanças decorrentes do aprofundamento do pensamento administrativo e
das novas tecnologias.
Chiavenatto divide o período geral de mudanças e transformações
no cenário mundial para a administração em três eras: da industrialização
clássica; da industrialização neoclássica; e da Informação (Figura 2).
Quadro 2 - Divisão Das Eras Conforme Modelo Da Organização
Fonte: Chiavenato, 2008.
Durante a Era da industrialização clássica, logo após a Revolução
Industrial até meados da década de 1950, o sistema de recursos humanos é
1 Assim, para este trabalho é irrelevante a classificação dos termos. Será usado por ora tanto
Gestão de Pessoas e por outra Gestão de Recursos Humanos. Importante, entretanto,
qualificar o pensamento dentro da ótica do trabalhador como colaborador da empresa e agente
ativo dos processos de tomada de decisão independentemente de sua área de ação e
influência.
Era Industrial Clássica Era Industrial Neoclássica Era da Informação
Desenho mecanístico Desenho matricial Desenho orgânico
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controlado de forma central e departamental, as decisões são geridas no topo
da pirâmide e regras e regulamentos internos estabelecidos visando disciplinar
e organizar as pessoas (modelo mecanístico). O ambiente de trabalho na era
clássica era conservador e voltado a manter o status quo. O sucesso, por sua
vez, dependia, sobretudo de uma padronização e simplificação dos processos
baseados na intensa especialização.
A Era da industrialização neoclássica (1950-90) apresenta
alterações sensíveis em relação à anterior. Segundo Chiavenatto, “a teoria
clássica foi substituída pela Teoria Neoclássica da Administração e o Modelo
burocrático foi redimensionado pela Teoria Estruturalista” (op. cit., p. 36), a
Teoria das Relações Humanas, por sua vez, foi substituída pela Teoria
Comportamental. Esse câmbio de paradigmas é essencial para compreender
como uma estrutura fundamentalmente vertical amplia-se horizontalmente, isto
é, de um modelo burocrático e mecanístico, a administração de recursos
humanos, e/ou o sistema organizacional passam a ter uma visão sistêmica e
um desenho matricial. A realidade, entretanto, a reforma do conteúdo não
significou relativa revolução dos meios, mas uma espécie de “quebra-galho”
para as mudanças que acontecem rapidamente. O objetivo era adicionar
inovação e dinamismo a estrutura principal, possibilitando uma troca mais
eficiente entre mercado, produtos e serviços, sem alterar a essência de um
comando centralizado.
A revolução acontece a partir dos anos 1990 com a sociedade da
informação. Com o desenvolvimento de tecnologias de informação e
comunicação, e a velocidade proporcionada por estes somado a um mercado
de consumo e produção a nível global – entendendo a globalização não
apenas no âmbito econômico, mas social, político e cultural – a estrutura
mecanizada e centralizada dissipa-se em prol de uma engenharia
organizacional mais dinâmica e inovadora2. Uma tarefa pode ser gerenciada a
partir de um ponto do globo e executada em outro ponto, com uma velocidade
2 A maior parte das empresas ainda vivem no desenho matricial – modelo organizacional que
permite maior inovação que a anterior, porém mais rígido para o funcionamento,
principalmente, das pequenas e médias empresas.
15
ação e resposta antes não imaginada, permitindo um sistema organizacional,
portanto, mais ágil. Essa estrutura é um complexo sistemas de rede, que
permite maior ênfase em equipes autônomas e mais em órgãos e
departamentos; elevada interdependência entre as redes internas de equipes;
organização ágil, maleável, fluida e simples; intensa interação; cargos flexíveis;
tarefas programadas (complexas e variáveis); e processamento eficiente da
informação (CHIAVENATTO, 2008, p. 36).
O estabelecimento dessa ordenação se deve, sobretudo, ao fato que
esses fatores macroestruturais inferem sobre o nível de competitividade das
empresas no mundo e, a conjuntura que torna o capital financeiro menos
relevante frente ao capital humano e ao conhecimento. A Era da Informação
traz o paradigma do conhecimento como fator de desenvolvimento, e não mais
quem possui e quanto possui de capital financeiro. O investimento da Era da
Informação é sobretudo, a capacidade de criar, desenvolver e manter soluções
e inovações.
Figura 2. Desenhos organizacionais segundo as Eras ao longo do século XX.
Conforme Chiavenatto, 2008. pp. 35;36;38
Bohlander e Snell (2014) concentram seu estudo sobre as
mudanças de paradigmas na administração de Recursos Humanos na era da
Informação – o que chamam de transformação “da mão de obra tradicional
para os trabalhadores do Conhecimento” (p. 7). Atualmente as empresas tem
se concentrado em treinamento, e a capacitação de seus funcionários em prol
do trabalho menos especializado e de maior dinâmica na execução de tarefas.
Os trabalhadores do conhecimento, segundo os autores, são “profissionais
cujas responsabilidades vão além da execução física de um trabalho e incluem
planejamento, tomada de decisão e resolução de problemas” (op. cit., p. 7). O
motor dessa transformação é a evolução tecnológica que permitiu reunir
informações e conhecimentos, muitas vezes complexos, diversos e dispersos,
em sistemas de monitoramento e processamento ágeis, funcionais, muitas
vezes portáteis e de simples emprego.
Segundo esses autores, a introdução de sistemas de informação
(figura 3) atualizou a administração de recursos humanos causando mudanças
16
drásticas – “um potente recurso para reduzir os custos administrativos,
aumentar a produtividade, agilizar o tempo de resposta e melhorar o processo
de tomada de decisões e também o atendimento de clientes” (idem). Isso
significa dizer que a carga de trabalho para o setor de Recursos Humanos foi
consideravelmente reduzida e otimizada, uma vez que o controle é feito por
uma máquina capaz de processar os dados a uma velocidade superior à
humana. O exemplo decisivo, citam os autores, e que cabe a este trabalho em
específico, é o de recrutamento da Merck que é
“capaz de processar a contratação rastreando as informações dos candidatos, avaliando seus currículos e tornando as informações imediatamente acessíveis aos gerentes de linha, para que eles possam procurar sistematicamente as pessoas que tenham as habilidades que eles querem” (op. cit., p. 8).
Outro exemplo é cabe a Corning, Inc. que utiliza softwares de RH,
entre outros usos, para estabelecer objetivos para os funcionários e monitorar o
desenvolvimento deles quanto a execução das tarefas e sua eficiência.
Quadro 3 - Sistemas De Informação No Setor De Rh
Aplicações mais comuns de Sistemas de Informações no setor de RH
Folha de Pagamento 76,7%
Administração de benefícios 57,1%
Inclusão de Benefícios 41,4%
Recrutamento – acompanhamento do candidato 39,1%
Administração de Pessoal 39,1%
Treinamento de desenvolvimento 31,6%
Autoatendimento dos funcionários 24,8%
Autoatendimento dos gerentes 18,0%
Outros 3,8%
Fonte: Bohlander e Snell, 2014. p. 8. Conforme: “How HR managers use technology
applications to control HR Departments Costs”, Human Resource Department
Management Report, nº 4-5 (maio de 2004).
17
Em consonância com o pensamento de Chiavenatto, Bohlander e
Snell apontam mudanças na percepção dos gerentes e stakeholders na gestão
de recursos humanos a partir da noção de capital humano. Isto é, os reais
detentores do conhecimento de uma empresa são os funcionários e não a
empresa. Desta maneira, para os autores, as empresas não podem gerenciar o
capital humano da mesma forma que fazem com o financeiro, e tão menos
ainda, ou como fazem com cargos, produtos e tecnologia.
18
CAPÍTULO II
RECRUTAMENTO DE PESSOAS: EFICIÊNCIA PARA O
QUADRO DE TALENTOS
Com base no apontado não é difícil compreender a importância de
eficientes recrutamento e seleção de colaboradores. O mercado na sociedade
do conhecimento espera que os funcionários possam colaborar com o
desenvolvimento da empresa não apenas com sua força de trabalho, mas com
o intelecto. As grandes empresas, então, esperam contratar os melhores.
Recrutamento é “o processo de localizar indivíduos em potencial que
possam trabalhar para uma organização e encorajá-la a se candidatar a vagas
já existentes ou, então, antes que elas sejam abertas” (BOHLANDER e SNELL,
2014. p. 158), ou para Chiavenatto, recrutamento é um conjunto de
procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e
capazes de ocupar cargos dentro da organização. Bohlander e Snell apontam
como meio de recrutamento: (externo) anúncios, solicitações e currículos não
solicitados, recrutamento pela internet, indicações de funcionários, empresas
de recrutamento de executivos, instituições educacionais, associações de
profissionais, sindicato de trabalhadores, escritórios públicos de colocação,
agências de emprego privadas, e terceirização; (interno) promoção, sistemas
de informação de recursos humanos, divulgação e oferta de vagas, avaliação
de desempenho para desenvolvimento, inventário de talentos para a carreira
gerencial, assessment centers ou centros de avaliação.
São vantagens do recrutamento externo em relação ao interno a
diminuição dos custos de treinamento e orientação, e a familiaridade com a
organização. De outra maneira, mesmo com a criação de cargos novos deve-
se ponderar um recrutamento externo a fim de fomentar novas ideias a partir
de profissionais sem a experiência com o ambiente de trabalho.
O recrutador é a pessoa responsável pela retenção do recurso
humano em um processo de recrutamento. Para Bohlander e Snell (2014, p.
19
170), entretanto, “independentemente de quem estiver fazendo o recrutamento,
é imperativo que essa pessoa tenha uma boa compreensão do conhecimento,
das habilidades, da capacidade, experiências e outras características exigidas
para o trabalho”. O papel do recrutador é intrinsicamente relevante para o fator
sucesso do programa de recrutamento. Para esses autores, recrutadores
simpáticos, entusiasmados e competentes influenciam positivamente no
programa
Acrescenta-se a esse fator o que os autores entendem por visão
realista do trabalho, isto é, “informar os candidatos sobre todos os aspectos do
cargo, destacando facetas desejáveis e também as indesejáveis”. Isso inclui a
visita ao ambiente de trabalho. A vantagem de uma visão realista do trabalho é
oferecer desde cedo as informações de saúde, segurança e qualidade do
trabalho ao futuro colaborador, e assim aumentar a probabilidade de
permanência do mesmo no trabalho – redução das surpresas indesejáveis e da
rotatividade voluntária (BOHLANDER e SNELL 2014, p. 171).
Pouco diferente do programa de recrutamento, o processo de
seleção conforme Bohlander e Snell (2014, p. 210) consiste em “escolha dos
indivíduos com qualificações relevantes para preencher as vagas abertas
existentes ou planejadas” e é ordenado em etapas que se apresentam da
seguinte forma: preenchimento da solicitação de emprego, entrevista inicial no
departamento de RH, testes de seleção para a contratação, investigação da
história profissional (background), seleção preliminar no departamento de RH,
entrevista com equipe/supervisor, exame médico/teste de drogas, decisão de
contratação (figura 3).
20
Figura 1. Etapas De Seleção
Fonte: conforme Bohlander e Snell, 2014. p. 210.
Chiavenatto, por sua vez, apresenta dois conceitos importantes para
entender as transformações na área de Recrutamento, e para este trabalho,
propositalmente: talento humano; e capital humano.
Talento é uma pessoa que possui algum diferencial competitivo que
a valorize para a empresa, e envolve quatro aspectos essenciais:
conhecimento, que é o saber; habilidades, saber fazer; julgamento, saber
analisar a situação e o contexto; e atitude, saber fazer acontecer. Deve ser
tratado como ativo da empresa, e sua atração, aplicação, desenvolvimento,
recompensa, retenção e monitoração não é tarefa apenas da área de Gestão
de Pessoas, mas de toda empresa (CHIAVENATTO, 2008. p. 52).
O conceito de Capital humano entende-se como “o patrimônio
inestimável” da organização que pode reunir competitividade e sucesso. É
composto de dois aspectos essenciais: Talentos, já mencionados, e contexto.
Este último, a seu turno, é dividido em arquitetura organizacional, cultura
organizacional e estilo de gestão. Significa dizer que não basta ter talento, é
Decisão de contratação,
Exame médico/teste de drogas
Entrevista com equipe/supervisor
Seleção preliminar no departamento de RH
Investigação da história profissional (background)
Testes de seleção para a contratação
Entrevista inicial no departamento de RH
Preenchimento da solicitação de emprego
21
preciso toda uma estrutura voltada para a o desenvolvimento deste e da
empresa, segundo concepções básicas.
Segundo Chiavenatto, a arquitetura organizacional deve ser
integradora, flexível e que ofereça uma divisão do trabalho que coordene as
pessoas e os processos de forma integrada. Isto é, “a organização do trabalho
deve facilitar o contato e a comunicação com as pessoas”. A cultura
organizacional deve ser democrática e participativa, incentivadora de
confiança, comprometimento, satisfação e espírito de equipe. E o estilo de
gestão deve estar baseado na “liderança renovadora e no coaching, com
descentralização do poder, delegação e empowerment” (op. cit., p. 53).
A partir desses dois conceitos analisados conjuntamente é possível
entender as transformações da sociedade da informação. Chiavenatto relembra
uma fala de Henry Ford do início do século XX, em que o inventor da fábrica
Ford questiona o porquê de toda vez que solicita braços, as pessoas o trazem
“um ser humano inteiro”. Isso exemplifica a transformação, em que as
empresas não buscam mais recrutar apenas mão de obra, mas profissionais
altamente capacitados e que sejam capazes de analisar o que estão realizando
– seres pensantes em detrimento de apertadores de parafusos. As empresas,
atualmente, esperam contratar pessoas que possam trabalhar e melhorar o seu
ambiente de trabalho questionando e adaptando o ambiente através de
inovações de métodos, de estruturas ou de produtos.
22
CAPÍTULO III
GESTÃO DO CONHECIMENTO
Em mundo de recursos escassos e a busca de matéria-prima que
muitas vezes requer esforços inimagináveis, o conhecimento aparece como um
recurso, segundo Probst, Raub e Romhart (2002. p. 11), único com a
capacidade de aumentar conforme o uso. Atualmente, esse fator é decisivo
para as empresas, visto que mesmo que um determinado recurso físico e
estratégico seja desenvolvido pela organização, o conhecimento de como
processar esse recurso é definidor do sucesso empresarial. Isto é, um
determinado recurso é dado como escasso, mas o desenvolvimento de
métodos para aumentar a eficiência do processamento, utilização e
desempenho dele são conhecimentos que habitam cérebros de funcionários
talentosos.
Exemplo disso é o caso Volkswagen versus General Motors (Probst
et al, 2002. p. 26) em que houve a mudança de José Ignácio Lopez, executivo
de compras da General Motors, para a Volkswagen. Essa mudança
desencadeou processos judiciais em que a primeira companhia alegava que
arquivos e documentos tinham sido levados ilegalmente. A disputa não deixava
claro que, na realidade, o que tinha sido transferido era o conhecimento
daquele funcionário e, junto com ele, outro grupo de gerentes, pessoas chaves
do setor, altamente qualificados. Isto é, “ativos intelectuais não-codificados de
valor incalculável foram levados nas cabeças dos renegados e foram
irremediavelmente perdidos pela General Motors” (idem).
Assim, as empresas devem aprender como administrar seus ativos
intelectuais. E a isso denomina-se Gestão do conhecimento. Na Gestão do
Conhecimento estão inseridas diversas tarefas para o administrador como
23
identificar, adquirir, desenvolver e partilhar, usar, preservar, medir e incorporar
conhecimento (PROBST et al, 2002).
Para entender essas diversas tarefas é preciso trilhar um caminho a
partir da base do conhecimento e suas distinções estruturais. Isto é, o que o
administrador deve olhar de início para prosseguir na ordenação dos ativos
intelectuais. O começo se dá a partir da coleta de dados, e sua posterior
transformação em conhecimento que passa pelo fator informação em um
contínuo integrado (figura 4).
Probst et al explica que não é necessária uma diferenciação rígida
de dados, informação e conhecimento, mas entender de que forma eles se
transformam dentro de uma série contínua, isto é,
as habilidades e o conhecimento são adquiridos lentamente; eles se desenvolvem com o tempo, através de um processo em que somas de informações são reunidas e interpretadas. Este processo pode ser definido como uma progressão ao longo de continnum de dados, passando por informações até o conhecimento (PROBST et al, 2002. p. 24)
Quadro 4 - O Continnum De Dados/Conhecimento
Dados.............................. ......Informações... ......................Conhecimento
Desestruturados....................... ............................... .............................estruturado
Isolados.................................... ............................... ............................incorporado
Independentes do contexto...... ............................... ........Dependente do contexto
Baixo controle comportamental ............................... .Alto controle
comportamental
Símbolos.................................. ............................... ...Padrões cognitivos de ação
Distinção.................................. ............................... ..............Domínio/capacidade
.........Mudança de qualidade suave, de modo contínuo.........
Fonte: Probst et al, 2002. p.24
24
Isto é, o conhecimento é gerado a partir das informações processadas, por sua
vez, a partir de dados. A utilidade de dados e informações é determinada pela
análise humana e sua aplicação.
Em síntese, conhecimento é
“o conjunto total incluindo cognição e habilidades que os
indivíduos utilizam para resolver problemas. Ele inclui tanto a
teoria quanto a prática, as regras do dia a dia e as instruções
sobre como agir. O conhecimento baseia-se em dados e
informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado a
pessoas. Ele é construído por indivíduos e representa suas
crenças sobre relacionamentos causais” (op. cit., p. 29).
A partir de dados, informações e propriamente o conhecimento se
constroem as bases de conhecimento de uma organização. Estas bases, por
sua vez, consistem em ativos de conhecimento individuais e coletivos que as
organizações podem utilizar para desempenhar suas demandas laborais.
Constituídas as bases de conhecimento, o administrador deve
olhar para os processos essências da Gestão de conhecimento que são a
identificação, aquisição, desenvolvimento, partilha/distribuição, utilização e
retenção do conhecimento. Esses processos devem ser entendidos
interligados, e mesmo em uma análise individual otimizada de um determinado
processo deve-se considerar os efeitos amplos de ação e reação em cadeia
(figura 5).
25
Figura 2. Processos Essenciais Da Gestão Do Conhecimento
Fonte: Pobst et al, 2002. p. 33
Identificar o conhecimento consiste em analisar e descrever o
ambiente de conhecimento da empresa, assegurando transparência interna e
externa a fim de garantir que os funcionários possam localizar o que precisam.
Adquirir conhecimento, por sua vez, compreende a importação do
conhecimento de fontes externas, tal como, clientes, fornecedores,
concorrentes e parceiros em procedimentos cooperativos, ou recrutando
especialistas ou adquirindo de companhia de inovação. Desenvolver
conhecimento é o processo que complementa a aquisição do conhecimento na
geração de novas habilidades, novos produtos, ideias melhores e processos
mais eficientes. Destes processos é preciso tornar o conhecimento algo que a
organização possa efetivamente aproveitar, e nisso consiste o
compartilhamento e a distribuição do conhecimento. Deste processo é preciso
tomar cuidado com quem deve saber e o quanto deve saber sobre o quê, e a
26
que nível é capaz de realizar tarefas a partir daquele conhecimento. E disso, “o
objetivo integral da gestão de conhecimento é assegurar que o conhecimento
presente em uma organização seja aplicado produtivamente em seu benefício”
(PROBST et al, 2002. P. 35), ou seja, a utilização do conhecimento. E por
último, mas não menos importante, a gestão deve ter o cuidado também de
armazenar e reter o conhecimento identificado, adquirido e/ou desenvolvido, ou
seja, preservar o conhecimento.
Dois desses processos são intrinsicamente importantes para o
entendimento desse trabalho: a aquisição de conhecimento, especificamente
por recrutamento; e a retenção do conhecimento.
Sobre a aquisição de conhecimento, isso se dá, quando muitas
das vezes as organizações percebem a necessidade de conhecimentos que
não dominam, e, portanto, devem ser trazidos de fora. As empresas podem
adquirir conhecimentos a partir de especialistas externos; de outras firmas, de
parceiros, clientes, por exemplo; e de produtos de conhecimento.
O programa de recrutamento para a aquisição de conhecimentos
dentro de um processo de gestão de conhecimento parte do estudo de uma
necessidade pontual. Não é, portanto, algo novo para a empresa, mas sem
dúvidas, algo estruturalmente importante uma vez que o recrutamento é
específico – um determinado profissional de uma área de conhecimento isolada
com habilidades e capacidades específicas.
O recrutamento deve estar ligado a metas de conhecimento. Isto
significa dizer que o recrutamento deve estar orientado pela administração
estratégica, em outras palavras, pela definição de uma direção geral em que as
atividades da empresa se desenvolvem. As metas determinam os caminhos
chave da empresa e são divididas em normativas, estratégicas e operacionais
(Figura 6).
Um fenômeno atual nos Estados Unidos é a caça de talentos,
muitas vezes o negócio de algumas firmas de Recursos Humanos, ou mesmo
realizada por indivíduos. As empresas estão dispostas a ter o melhor talento de
uma área para suas organizações e cada vez mais aparecem pessoas
27
dispostas a encontrar esses talentos. A competitividade do mercado laboral
cresce diretamente com o nível de conhecimento que detém determinado
grupo de profissionais, isto é, quanto mais qualificado um determinado grupo é
maior a competividade no mercado de trabalho que é preciso enfrentar
(PROBST et al, 2002, p. 96-97).
Quadro 5 - Conhecimento em diferentes níveis de metas
Estruturas Atividades Comportamento
Gestão Normativa
Regulamentos da
empresa
- Estruturas legais
efeitos em Gestão do
Conhecimento
(regras de sigilo,
etc.)
Políticas da empresa
- visão de
conhecimento e
declaração de
missão
- identificação de
áreas críticas de
conhecimento
Cultura da empresa
- partilha de
conhecimento
desejável
- Espírito inovador
- comunicação
intensa
Gestão Estratégica
Estrutura da
organização
- fórum de
discursões, estrutura
hierárquica,
organização de P&D,
grupos de
experiência
Sistema de gestão
- EIS, Lotus Note
Programas
- Cooperação
- criação de
competências
essenciais
- provisão de
informações
Abordagem de
problemas
- orientação para
metas de
conhecimento
- identificação de
conhecimento
voltado para
problemas
Gestão Operacional
Processos
organizacionais
- controle de fluxos
de conhecimento
Processos de
distribuição
- infraestrutura de
Tarefas
- projetos de
conhecimento
- formação de
bancos de dados
especializado
Desempenho e
cooperação
- compartilhamento
de conhecimento
- conhecimento em
ação
28
conhecimento
- fornecimento de
conhecimento
- introdução de CBT
Estruturas Atividades Comportamento
Fonte: Probst et al, 2002. p. 43
Quando optam pela aquisição do conhecimento as organizações
podem passar pelo problema da rejeição da especialização externa. Isso
significa que importar conhecimento novo pode desestabilizar a segurança
habitual e muitas vezes desencadear emoções fortes e reações defensivas
dentro da organização. Probst et al (2002, p. 92) explica que
“os funcionários novos que não se encaixam nas imagens comuns, como por exemplo mulheres em cargos de alta gerência, ou especialistas administrativos como líderes de pesquisa, têm sérias dificuldades a superar. Da mesma forma, as ideias de especialistas externos podem conflitar com os resultados de estudos internos, desacreditando dessa forma os seus autores, ou fazendo-os parecerem tolos”.
Da mesma forma, “os especialistas, quando recrutados, podem ser
evitados e marginalizados por outros funcionários. Os relatórios de consultores
podem ser postos em gaveta e esquecidos” (op. cit., p. 90).
Esse tipo de problema deve ser visualizado desde a delineamento
das metas de conhecimento a fim de minimizar os riscos.
A retenção do conhecimento, por sua vez, é o processo da gestão
do conhecimento referente a preservação do conhecimento de uma
organização. Um tipo de conhecimento, muitas das vezes subestimados, é o da
experiência, que, entre outras tantas vezes, é descartado tornando-se uma
perda irreversível. Isso se dá com a aposentadoria de funcionários
especialistas no assunto, ou desligamento por diversos motivos de funcionários
chave (ou não) de determinados setores. A experiência e o conhecimento em
geral de diversos funcionários compõem a identidade e a memória de uma
organização, e portanto, devem ser preservados.
29
Selecionar Armazenar Atualizar
A retenção de conhecimento também tem processos definidos e
são a seleção, armazenamento e atualização (figura 7). Probst et al explicam
que as organizações, primariamente,
“devem selecionar dentre muitos eventos, pessoas e processos
aqueles que valem ser retidos. Em segundo lugar, elas devem
ser capazes de armazenar sua experiência de forma adequada.
Finalmente, elas devem garantir que a memória organizacional
esteja atualizada” (op. cit., p. 178).
Figura 3. Processos De Preservação Do Conhecimento
Fonte: Probst et al, 2002. P. 178
A seleção do conhecimento consiste em analisar os
conhecimentos desenvolvidos ou trazidos para a empresa (tácitos ou
explícitos) para que possam ser transformados todos em conhecimentos
explícitos e armazenados em sistemas computacionais de informação– para
melhor utilização, armazenamento e atualização. A atualização consiste em
manter as transformações dos conhecimentos de uma empresa catalogadas,
uma vez, que a inteligência e capacidades humanas não se mantém iguais
com o tempo, mas são reagrupadas gerando algo novo.
Nonaka e Takeuchi (2008), no que concerne à teoria da criação
do conhecimento organizacional, explicam de que forma o conhecimento é
gerado em uma empresa. À princípio, os autores diferenciam a ideia de
conhecimento apresentada anteriormente – que não se opõem a Probst, Raub
e Romhart, mas a complementa. Para Nonaka e Takeuchi (2008, p. 56) o
conhecimento é uma “crença verdadeira justificada”. Eles explicam que
“enquanto a epistemologia tradicional enfatiza a natureza absoluta, estática e não-humana do conhecimento, tipicamente expressa nas proposições e na lógica formal, consideramos o conhecimento como um processo humano dinâmico de justificação da crença pessoal dirigida à verdade” (idem).
30
Logo depois, a fim de entender sua teoria, os autores a
fundamentam a partir da dimensão epistemológica de Polanyi que divide o
conhecimento em duas modalidades: tácito e explícito (Quadro 5).
Quadro 6 - Dois Tipos De Conhecimento
Conhecimento Tácito (subjetivo) Conhecimento Explícito (objetivo)
Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento da racionalidade (mente)
Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento sequencial (lá e então)
Conhecimento análogo (prática) Conhecimento digital (teoria)
Fonte: Nonaka e Takeuchi, 2008. p. 58
O conhecimento tácito é mais difícil de codificar, restrito e
pessoal. O explicito, por sua vez, é mais simples de formalizar e comunicar,
porque é possível transmitir em uma linguagem comum. Em outras palavras, o
conhecimento tácito está ligado a operação e o explicito a comunicação.
Embora nitidamente diferentes – e como ocidentais e orientais
enfatizam como verdadeiro um tipo específico em oposição a outro (ocidentais,
explicito; orientais, tácito), os tipos de conhecimento não são tão separados,
mas “mutuamente complementares”. Da interação entre eles nasce e se
expande o conhecimento humano. A essa interação os autores denominam
“conversão do conhecimento” (NONAKA e TAKEUCHI, 2008, p. 59).
A conversão do conhecimento, por seu turno, está segmentada
em quatro modos: socialização, de conhecimento tácito para explícito;
31
externalização, de explícito para explícito; combinação, de explícito para tácito;
e internalização, de tácito para tácito (figura 4).
Figura 4. Espiral Do Conhecimento
Fonte: Nonaka e Takeuchi, 2008. p. 60;69
É possível recorrer a analogias para entende esse processo. Quando um
operário executa o seu trabalho está desenvolvendo o conhecimento tácito.
Quando outra pessoa observa essa prática e passa a repeti-la acontece
a socialização que é a transferência de conhecimento de tácito para tácito.
Quando este operário transfere seus conhecimentos de forma escrita ou oral
deixa armazenado aquele conhecimento e o torna acessível em outros
momentos, esse tipo de transferência de conhecimento é denominado
externalização, isto é, de conhecimento tácito para explícito; já a transferência
de conhecimento de explícito para explícito, como, por exemplo, o operário
reúne o conhecimento que adquiriu com as atualizações de seu mercado
disponíveis em livros e palestras, a isso denomina-se combinação. Quando
outro operário adquire o conhecimento desenvolvido pelo primeiro e passa a
aplicar em seu trabalho, desenvolve o conhecimento explícito para o tácito e a
32
isso denomina-se internalização. E, por sua vez, pode torna-se um ciclo em
que há atualização e desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos em
qualquer parte do ciclo através de inovação.
33
CAPÍTULO IV
APLICAÇÃO DA GESTÃO EM DIFERENTES ÁREAS
ECONÔMICAS
A gestão do conhecimento tem sido executada em diferentes ramos
econômicos: empresarial, setor público e terceiro setor como motor competitivo
ou plataforma de desenvolvimento de ações para a eficácia e/ou eficiência nas
tarefas laborais. A título de análise destaca-se aqui os estudos de caso de
pesquisadores brasileiros sobre a gestão do conhecimento em pequenas e
médias empresas (Denysson Mota e Maria Targino, 2013) e na administração
pública (Marcelo Campos e Sofia Baptista, 2008).
Sobre as pequenas e médias empresas, conforme apontado por
Mota e Targino, 2013, não há estudos profundos que se dediquem a entender
a Gestão do conhecimento para as empresas de tal dimensão. O que os
autores encontram em seus estudos de pequenas e médias empresas de
tecnologia em Sergipe, entretanto, é uma alta rotatividade de trabalhadores,
inconstante adoção de processos, e difícil implementação de modelos de
Gestão do conhecimento. Importante considerar, ainda, que para os
entrevistados da pesquisa a solução indicada é a contratação de profissionais
experientes, isto é, o recrutamento.
Desta maneira, o estudo de caso de pequenas e médias
empresas permite entender a pertinência da pesquisa para entender a relação
de gestão do conhecimento e recrutamento na via inversa àquela apresentada
aqui, ou seja, a do recrutamento para auxiliar a gestão do conhecimento em
vez da gestão do conhecimento amparar o processo de recrutamento. O que
não invalida o mesmo, mas reforça a relação de benefício mútuo existente
entre as atividades.
Já em relação a administração pública a gestão do conhecimento
apresenta processos e resultados mais otimistas. Os pesquisadores identificam
que o conceito de Gestão de pessoas na administração pública é entendido de
34
forma ainda incipiente, mas que as atividades orientadas a partir da Gestão do
Conhecimento avançam a passos largos. Isso se dá com base na emergência
de “uma nova responsabilidade para a administração pública federal brasileira
gerenciar o conhecimento organizacional para reforçar a eficácia de seus
serviços e contribuir para o desenvolvimento da sociedade” (CAMPOS,
BAPTISTA, 2008. p. 183).
O estudo foi realizado em nove organizações públicas federais3 e
através de entrevistas estruturadas.
Os resultados encontrados são divididos em dois setores:
entendimento sobre o conceito de gestão do conhecimento; e iniciativas em
gestão do conhecimento. Este último, ainda, dividido em três setores: fator
estratégico; fator humano; e fator tecnológico.
Como já afirmado, sobre o conceito existe uma compreensão
incompleta, que é apontada nas entrevistas. O setor de iniciativas, entretanto,
reflete, avanços consideráveis. No fator estratégico, ou seja, do planejamento
estratégico da organização, há atividades de gestão da memória
organizacional, importante para o processo de retenção e utilização do
conhecimento. Isto é reflexo do “crescimento exponencial do número de
documentos impressos e com a quantidade de informações que alimentam o
fluxo informacional da organização, obtidas por meios eletrônicos,
principalmente pela Internet” (CAMPOS, BAPTISTA, 2008. p. 190). Em relação
ao fator humano, se vê medidas efetivas para o desenvolvimento, a
partilha/distribuição e a utilização do conhecimento através de comunidades de
conhecimento, tanto presenciais como virtuais, haja visto o incentivo ao
aprendizado e a criatividade individual, promoção de cursos e a criação de
universidades da organização em duas das organizações estudadas. Esse
fator conta ainda com medidas em gestão de talentos e mapeamento de
competências – “saber como os funcionários, particularmente os profissionais,
3 Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL), Banco Central, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério das
Relações Exteriores e o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO).
35
são recrutados, capacitados, motivados e recompensados” (idem). Por fim, no
setor tecnológico, há grupos auto-organizados de funcionários a fim de
armazenar, preservar e compartilhar o conhecimento das atividades laborais
com a criação de bases de dados automatizadas.
Nas palavras dos autores, os resultados da pesquisa
evidenciaram que investir em recursos humanos, de modo que seja formada a tríade básica entre tecnologia, informação e pensamento, é fator fundamental para que se possa vislumbrar o uso realmente justificado desses três recursos primordiais à gestão do conhecimento pela administração pública federal (op. cit., p. 192-193)
E o fator restritivo dos avanços é a resistência às mudanças no setor
público. Uma vez que a gestão do conhecimento é uma prática recente para as
organizações, muitas ainda não se adaptaram aos processos, e muitas dessas
insistem em não incorporar a prática devido a sua cultura organizacional.
4.1 Gestão do conhecimento e Recrutamento: uma conjunção necessária
Este trabalho reflete uma árdua tarefa que é a de localizar
referências pontuais sobre a relação de gestão do conhecimento e
recrutamento. Entretanto, assim como nascem flores entre espinhos, a
dificuldade inicial não inviabiliza a pesquisa, mas a torna inovadora e criadora
de oportunidades, ou seja, de novas pesquisas que aprofundem o apresentado
aqui.
O referencial teórico apresentado separadamente sobre gestão do
conhecimento e gestão de pessoas se interligam de diversas maneiras como já
apresentado até aqui. Isso torna possível compreender que a ligação entre
esses processos gerenciais é possível, e não apenas possível, como complexa
e dinâmica. A partir disso, este trabalho retira, como quem olha através de uma
lupa, os pontos essenciais de conjunção a afim de explicar a natureza deste
trabalho.
Não apenas através dos referenciais já apresentados, dois trabalhos
de pesquisadores brasileiros, dentro de organizações brasileiras, ajudam a
compreender e desenvolver este trabalho. São a dissertação de mestrado de
36
Márcio Castanha cujo título é Gestão de Recursos Humanos como fator
estratégico da Gestão do Conhecimento: um estudo de caso em uma empresa
do setor farmacêutico; e a dissertação de mestrado de Juliana Silva cujo título
é Gestão do Conhecimento e Gestão de Pessoas: desafios para as
organizações públicas. Estes trabalhos abrem caminhos.
37
CONCLUSÃO
As organizações se preparam para uma fase de desenvolvimento
humano e tecnológico em que a informação e o conhecimento são primordiais
para o sucesso e crescimento dos negócios. Esse fenômeno é mundial. E essa
preparação e a instalação de uma estrutura formada para esse fim levam
considerável tempo, pois as organizações demandam recursos humanos e
qualificação que não se adquirem na mesma velocidade das transformações.
O processo globalizante, o acesso a informação, e as modernas
estruturas de comunicação auxiliam na transferência de conhecimento. Hoje,
em qualquer parte do mundo, com o domínio de uma língua estrangeira, ou
com o inglês, língua franca da contemporaneidade, é possível adquirir
conhecimentos que eram quase restritos a determinadas áreas do globo.
Entretanto, o conhecimento de ponta, permanece fechado em algumas
empresas – muito devido a segurança de mercado, e inteligência competitiva.
De outra maneira, tal limitação inerente do sistema de mercado
competitivo não é razão para deficiências da manutenção, identificação e
armazenamento do conhecimento existente, isto é, para este e outros
processos derivado da gestão do conhecimento em uma organização.
A gestão do conhecimento se insere como alternativa viável, testada
e eficiente a fim de organizar essa nova era. E exige um processo continuo de
aperfeiçoamento de pessoas e da cultura das organizações. Tornar esse
processo mais intenso requer investimento em pessoal antes mesmo que os
profissionais iniciem nas empresas, e assim o recrutamento é tarefa da área de
Recursos Humanos, ou Gestão de Pessoas que é dada a devida atenção neste
trabalho.
Para todo trabalho inicial, entretanto, a carência de fontes aparece
como obstáculo inicial ao progresso da pesquisa. Buscou-se então, fazer
associações outras, de forma metódica, para entender a relação entre Gestão
do Conhecimento e Recrutamento.
Os estudos de caso apresentados aqui reforçam a pertinência da
gestão do conhecimento na estrutura das organizações, e mais fortemente na
38
atuação da área de Recursos Humanos. Uma vez que os profissionais
valorizam, adquirem e compartilham conhecimento, tornando-se melhores e
tornando a organização melhor, eles ajudam a desenvolver a sociedade no
âmbito da vivência e responsabilidade sociais.
Espera-se que este trabalho desperte a atenção para a problemática
e a difusão dos conhecimentos reunidos aqui e desenvolvidos a partir deste
gerem no futuro pesquisas mais profícuas. Assim, o conhecimento é matriz de
todo progresso humano, e não nasce do nada, mas se cria aos poucos através
de pequenas sementes, em que homens e mulheres são capazes de cultivar
germinando e dando origem a coisas grandiosas.
39
BIBLIOGRAFIA
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41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I GESTÃO DE PESSOAS 11 CAPÍTULO II RECRUTAMENTO DE PESSOAS: EFICIÊNCIA PARA O QUADRO DE TALENTOS 18 CAPÍTULO III GESTÃO DO CONHECIMENTO 22 CAPÍTULO IV APLICAÇÃO DA GESTÃO EM DIFERENTES ÁREAS ECONÔMICAS 33 4.1. GESTÃO DO CONHECIMENTO E RECRUTAMENTO: UMA CONJUNÇÃO NECESSÁRIA 35 CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 41 ÍNDICE DE FIGURAS 42 ÍNDICE DE QUADROS 43
42
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Etapas de seleção 20
Figura 2 – Processos essenciais da gestão do conhecimento 25
Figura 3 – Processos de preservação do conhecimento 29
Figura 4 – Espiral Do Conhecimento 31
43
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – As Pessoas Como Recursos ou Parceiros 11
Quadro 2 – Divisão das eras conforme modelo da organização 13
Quadro 3 – Sistemas De Informação No Setor De Rh 16
Quadro 4 – O Continnum De Dados/Conhecimento 23
Quadro 5 – Conhecimento em diferentes níveis de metas 27