Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

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Universidade Federal do Piauí Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no Cerrado do Piauí Marcones Ferreira Costa Dissertação apresentada à Universidade Federal do Piauí como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento para obtenção do título de “Mestre”. Teresina 2015

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Universidade Federal do Piauí

Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no

Cerrado do Piauí

Marcones Ferreira Costa

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Piauí como parte das exigências do

Programa de Pós-graduação em Genética e

Melhoramento para obtenção do título de

“Mestre”.

Teresina 2015

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Marcones Ferreira Costa

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas

Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no Cerrado do

Piauí

Orientadora:

Profa. Dra. Ângela Celis de Almeida Lopes

Coorientadores:

Profa. Dra. Regina Lucia Ferreira Gomes

Prof. Dr. José Baldin Pinheiro

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Piauí como parte das exigências do

Programa de Pós-graduação em Genética e

Melhoramento para obtenção do título de

“Mestre”.

Teresina 2015

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Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no Cerrado do

Piauí

Marcones Ferreira Costa

Aprovada em: ____/____/____

Comissão julgadora:

_______________________________________________________

Dr. Miklos Maximiliano Bajay– ESALQ/USP

_______________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Sarmanho da Costa Lima– EMBRAPA MEIO NORTE

_______________________________________________________

Profa. Dra. Regina Lucia Ferreira Gomes – CCA/UFPI

(Coorientadora)

_______________________________________________________

Profª. Dra. Ângela Celis de Alemida Lopes - CCN/UFPI

(Orientadora)

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Á minha querida mãe Antônia Ferreira da Costa.

Dedico

Ao meu Deus Senhor da minha vida, nada seria possível se não fosse à

presença do Espírito Santo.

Ofereço

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AGRADECIMENTOS

Ao meu amado e misericordioso Senhor Jesus, que em meio de sua soberania e

graça trouxe momentos de alívio e refrigério para que eu conseguisse suportar todas

as adversidades, pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se

podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Romanos 8:18);

À Universidade Federal do Piauí, pela oportunidade de realização do curso de

Mestrado em Genética e Melhoramento;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI), pela concessão

da bolsa de estudos;

À Embrapa Meio-Norte pela infraestrutura concedida assim como a disponibilização

do espaço físico e auxílio de pessoal para realização das extrações de DNA;

À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo,

em especial ao Laboratório de Diversidade Genética e Melhoramento, pelo apoio

técnico na realização das análises moleculares;

À professora orientadora Dra. Ângela Celis de Almeida Lopes, sobre tudo pela

amizade, preocupação, apoio e ensinamentos transmitidos. Sem dúvidas foi um anjo

em minha vida. Como sempre me diz: “Marcones, hoje pode ser difícil, mas o futuro

deve ser de esperança”;

À professora e coorientadora Dra. Regina Lucia Ferreira Gomes, pelo apoio,

amizade, compreensão, pelos ensinamentos em sala de aula e fora dessa e pela

confiança em mim depositada;

Ao professor Dr. José Baldin Pinheiro e a professora Dra. Maria Imaculada Zucchi,

pelo incentivo, apoio durante o treinamento na ESALQ e pela extrema competência

em me auxiliar;

Aos professores da pós-graduação, Ana Paula Peron, Lidiane de Lima Feitoza, José

Evando Aguiar Beserra Júnior, Sérgio Emílio dos Santos Valente, Fábio Barros Britto

e Kaesel Jackson Damasceno e Silva, pelos ensinamentos obtidos durante o

mestrado;

A todos os alunos do Laboratório de Diversidade Genética e Melhoramento do

Departamento de Genética na ESALQ-USP, especialmente ao Alessandro Alves

Perreira e a Jaqueline Bueno de Campos;

Ao Dr. Marcelo Mattos Cavallari e ao Msc. Fabiano Lucas Araújo, pela

disponibilidade e contribuição no trabalho;

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À Dra. Maria Edileide Alencar Oliveira e a bióloga amiga Samara Raquel de Sousa e

seu marido Victor Bezerra, pelo auxílio durante a coleta do material botânico;

À botânica e taxonomista, Dra. Roseli Buzanelli Torres, do Instituto Agronômico de

Campinas (IAC), pela identificação dos exemplares coletados;

À Artemisa Nazaré Borges, por ter se mostrado companheira em todos os

momentos, ajudando-me desde a extração do DNA até as inúmeras caronas

oferecidas, uma grande amiga que pretendo levar por toda vida;

Ao Mário Henrique Rodrigues Mendes Torres, pela parceria além de ter sido a

primeira pessoa a andar comigo assim que comecei a dirigir. Obrigado Mário

Henrique você realmente é corajoso;

À Lívia do Vale Martins (minha morena), foram tantos momentos divertidos juntos,

sacamos a resenha só no olhar, nunca vou esquecer seus conselhos - “Dona dos

meus olhos é você”;

À Bruna Lima Barbosa (meu loiro), pela simplicidade e atenção, temos tanta coisa

em comum, entre elas o bom gosto musical;

Ao Raimundo Carvalho Borges, Karla Annielle Bernardo da Silva e Laíze Raphaelle

Lemos Lima, pelo prazer da convivência durante dois anos;

Aos meus companheiros em Piracicaba João Paulo Gomes Viana, José Ribamar de

Assunção Filho e Josilane Souza da Penha, pela amizade e apoio, foi ótimo morar

esse tempo com vocês;

Aos amigos que conquistei ao longo desta caminhada de estudos e pesquisas, em

especial a Márcia Rocha Ferreira, Raimundo Nonato Oliveira Silva, Camila Campêlo

de Sousa e Iradenia da Silva Sousa;

Ao meus grandes amigos Francisco de Assis Bezerra e Ana Carla da Silva Santos,

pelo companheirismo e momentos de diversão;

À minha namorada, Maria Fernanda da Costa Gomes, pelo amor, paciência,

compreensão, incentivo e auxílio prestado em todos os momentos deste trabalho;

Aos meus três sobrinhos por sempre fazerem barulho quando eu tentava estudar, o

tio ama vocês;

Aos meus pais Antônia Ferreira da Costa e Agenor Ribeiro da Costa e meus irmãos,

Patrícia Ferreira da Costa e Marcos Vinicius Ferreira da Costa por terem sido a

minha base, o principal motivo de minhas conquistas, por acreditarem e sem medir

esforços me apoiarem em cada passo;

A todos que de alguma maneira contribuíram para execução deste trabalho.

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“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de

Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus

caminhos (...) Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas;

glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”

(Romanos 11:33-36)

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................. IX

ABSTRACT......................................................................................................... X

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... XI

LISTA DE TABELAS........................................................................................... XIII

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 16

2.1 Aspectos botânicos do gênero Casearia...................................................... 16

2.2 Gênero Casearia: importância ambiental e farmacológica............................ 16

2.3 Cerrado e Parque Nacional de Sete Cidades................................................ 18

2.4 Marcadores moleculares no estudo da diversidade genética....................... 20

2.4.1 Microssatélites cloroplastidiais................................................................... 21

2.5 Distribuição da diversidade genética em populações naturais...................... 22

2.6 Métodos multivariados de estudo da diversidade genética........................... 24

2.6.1 Métodos de agrupamento........................................................................... 24

2.6.2 Análise de Componentes Principais (ACP)................................................ 25

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 27

3.1 Área de estudo............................................................................................. 27

3.2 Coleta do material botânico........................................................................ 28

3.3 Caracterização morfológica........................................................................ 29

3.3.1 Avaliação biométrica folha, fruto e semente......................................... 29

3.4 Caracterização molecular........................................................................... 31

3.4.1 Extração e quantificação de DNA........................................................... 31

3.4.2 Amplificação heteróloga dos locos microssastélites nucleares

(nSSR).................................................................................................................

31

3.4.3 Amplificação dos locos microssatélites colroplastidiais (cpDNA)...... 32

3.4.4 Genotipagem dos locos de nSSR e cpSSR............................................ 33

3.4.5 Análise estatístico-genético.................................................................... 33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 37

4.1 Caracterização morfológica e divergência genética................................ 37

4.2 Caracterização molecular........................................................................... 50

4.2.1 Transferibilidade dos locos microssatélites.......................................... 50

4.2.2 Divergência haplotípica........................................................................... 52

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5 CONCLUSÕES................................................................................................. 59

REFERÊNCIAS................................................................................................... 60

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IX

RESUMO

COSTA, M.F. Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no

Cerrado do Piauí. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento), UFPI,

Teresina, 2015.

Casearia grandiflora (Salicaceae) é uma espécie típica do Cerrado piauiense

adaptada a ambientes antropizados, o que permite que seja utilizada em projetos de

restauração. O conhecimento da diversidade e estrutura genética desta espécie

natural é de grande importância para estabelecimento de práticas e estratégias de

conservação biológica. O presente estudo teve como objetivo avaliar a estrutura

genética e populacional de C.grandiflora em duas áreas de Cerrado do Piauí, em

ambiente natural e antropizado. As populações estudadas foram a unidade de

conservação do Parque Nacional de Sete Cidades, e uma área em torno da BR-341

no município de Cocal de Telha, com distância de 67 km entre as mesmas. A

caracterização morfológica, utilizando quinze descritores de natureza quantitativa, foi

realizada através da medição do caule, folha, fruto e semente, seguida de posterior

análise multivariada (componentes principais e agrupamento). A caracterização

molecular foi realizada através da transferibilidade de dez iniciadores microssatélites

nucleares de C. sylvestris para C. grandiflora, embora apenas três iniciadores foram

transferidos com sucesso. A estrutura genética e a diversidade haplotípica foram

estimadas por sete locos de microssatélites cloroplastidiais. Estas análises

morfológicas e moleculares sugeriram maior variação dentro que entre as

populações. O número de haplótípos foi maior na população situada na unidade de

conservação, quando comparada à outra localizada em ambiente antropizado. A

análise bayesiana realizada no programa Structure indica que as populações não

estão geneticamente estruturadas. Os resultados fornecem informações importantes

que contribuem para melhor compreensão da diversidade genética dessa espécie,

uma vez que a literatura especializada apresenta limitação quanto ao seu perfil

descritivo.

Palavras-chave: caracterização morfológica, análise multivariada, diversidade

haplotípica, estrutura genética.

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X

ABSTRACT

COSTA, M.F. Genetic diversity in populations of Casearia grandiflora in

Cerrado of Piauí. Dissertation (Master in Genetics and Breeding), UFPI, Teresina,

2015.

Casearia grandiflora (Salicaceae) is a common specie in Cerrado of Piauí which

occupies anthropic environments, permitting it use in restoration projects. Knowledge

on diversity and genetic structure of its natural species are important to establish

practices and strategies of biological conservation. This study aimed to evaluate the

genetic and population structure of C. grandiflora in two areas in Cerrado of Piauí,

are is a natural area and in human disturbed environment. The populations studied

were the unit conservation Parque Nacional de Sete Cidades, and around BR-341

road in Cocal de Telha´s city, 67 km away each other. Morphological

characterization, using 15 quantitative descriptors, was carried out by measurement

of stalk, leaf, fruit and seed, followed by multivariate analyzes (principal component

analysis and clustering). Molecular characterization was achieved through transfer of

ten nuclear microsatellite primers of C. sylvestris for C. grandiflora, and only three

primers were successfully transferred. The genetic structure and haplotype diversity

were estimated by seven chloroplastidial microsatellite loci. These morphological and

molecular analysis suggested larger differentiation within than among populations.

The haplotypes´s number was higher in unit conservation´s population than in

anthropic environment. The bayesian analysis performed indicates that populations

are not structured genetically. The results provide powerful information that

contribute to better comprehension of genetic diversity of this species, since

specialized literature has limitation as to descriptive profile.

Keywords: morphological characterization, multivariate analyses, haplotype

diversity, genetic structure.

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XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ilustração C. sylvestris Sw. A- Ramo, B- Flor, C- Fruto.......................... 17

Figura 2 Estrutura química de Casearina B........................................................... 18

Figura 3 Representação esquemática do gradiente fisionômico da vegetação

de Cerrado.............................................................................................................

Figura 4 Mapa com a localização das áreas de coleta marcadas em seus

respectivos municípios..........................................................................................

19

27

Figura 5 Exemplar de C. grandiflora (a) detalhe da inflorescência; (b) detalhe

do fruto e sua abertura..........................................................................................

28

Figura 6 Caracterização morfológica em genótipos de C. grandiflora (a)

medidas físicas da folha........................................................................................

30

Figura 7 Dendrograma resultante da análise multivariada em duas populações

de C. grandiflora, com base em 15 descritores morfológicos, pelo método de

agrupamento UPGMA...........................................................................................

45

Figura 8 Gráfico biplot entre os dois primeiros componentes principais para os

quinze descritores avaliados em duas populações de C. grandiflora...................

49

Figura 9 Perfil do gel correspondendo ao primer SSR nuclear Csy 11,

genotipados no estudo de duas populações de C. grandiflora. Número ao lado

na vertical indica tamanho do marcador por pares de bases................................

50

Figura 10 Perfil do gel correspondendo ao loco ccSSR-22 avaliado no estudo

de duas populações de C. grandiflora...................................................................

52

Figura 11 Rede de haplótipos, o tamanho de cada círculo é proporcional a

frequência geral de cada haplótipo. As cores dos círculos indicam a ocorrência

destes haplótipos em 2 grupos populacionais (azul claro: Parque Nacional de

Sete Cidades; azul escuro: Cocal de Telha) ........................................................

55

Figura 12 Valores de ΔK, calculado de acordo com o proposto por EVANNO et

al. (2005). O maior valor de ΔK corresponde ao K mais provável, que no gráfico

corresponde a K=2................................................................................................

56

Figura 13 Análise discriminaste de componentes principais (DACP). Em verde

população do Parque Nacional de Sete Cidades e em azul população de Cocal

de Telha.................................................................................................................

57

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XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características dos microssatélites nucleares testados......................... 32

Tabela 2 Caracterização dos microssatélites cloroplastidiais usados nas

análises das populações de C. grandiflora............................................................

34

Tabela 3 Morfometria foliar de duas populações de C. grandiflora do Cerrado

piauiense...............................................................................................................

38

Tabela 4 Caracterização morfológica de frutos e sementes das populações C.

grandiflora analisadas...........................................................................................

40

Tabela 5 Contribuição relativa de caracteres para divergência genética entre

duas populações de C. grandiflora do cerrado piauiense, com base em 15

características morfológicas, pelo método de SINGH

(1981)....................................................................................................................

41

Tabela 6 Agrupamento dos genótipos das duas populações de C. grandiflora

coletadas no Parque Nacional de Sete Cidades (G-1 a G-40) e Cocal de Telha

(G-41 a G-80), com base em 15 descritores morfológicos, pelo método de

Tocher...................................................................................................................

43

Tabela 7 Distância inter e intragrupos pelo método de Tocher de duas

populações de C. grandiflora coletadas no Cerrado piauiense com base em

caracteres morfológicos..................................................................................

44

Tabela 8 Estimativa dos autovalores associados aos componentes principais e

sua variância percentual e acumulada dos 15 caracteres morfológicos, em C.

grandiflora..............................................................................................................

46

Tabela 9 Frequência de haplótipos por populações de C. grandiflora................ 53

Tabela 10 Análise da variância molecular entre e dentro de populações de

Casearia grandiflora..............................................................................................

54

Tabela 11 Estimativa de parâmetros de diversidade genética para haplótipos

cloroplastidiais nas populações de C.grandiflora..................................................

54

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14

1 INTRODUÇÃO

O Cerrado brasileiro comporta formações florestais, savânicas e campestres

totalizando 11 tipos fitofisionômicos principais (RIBEIRO; WALTER, 2001). Devido à

riqueza de espécies e do seu elevado grau de endemismo, este bioma é

considerado hotspot para a conservação da biodiversidade mundial (KLINK;

MACHADO, 2005).

Se por um lado, o Cerrado destaca-se por apresentar grande diversidade de

tipos de ambientes, abrigando alta diversidade de espécies endêmicas e passíveis

de serem comercializadas, por outro, é o bioma brasileiro mais ameaçado de

destruição (ANGELO et al., 2012).

Uma estimativa sobre vegetação natural remanescente indica que o Cerrado

brasileiro sofreu um grande impacto. Cerca de 78,7% de sua área está sob

influência antrópica (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2005), sendo que a taxa

de desmatamento é de 22.000 a 30.000 Km2 por ano (BRASIL, 2010).

Os efeitos desses impactos trazem danos ambientais, os quais são

responsáveis pela diminuição da variabilidade genética das espécies. À vista disso

há necessidade de estabelecer metodologias para a preservação e manutenção da

diversidade genética de populações do Cerrado.

Nesse contexto, marcadores morfológicos e moleculares são ferramentas

importantes utilizadas em pesquisas genéticas para explicar a distribuição da

diversidade em populações naturais. Entre os marcadores moleculares que tem

contribuído para esta finalidade estão os microssatélites (SSR), que podem estar

relacionados com o DNA nuclear (nSSR) ou cloroplastidial (cpSSR).

O Piauí é o estado brasileiro com a maior representatividade do Cerrado na

região Nordeste, o estado ocupa cerca de 12 milhões de hectares dos quais 70,4%

estão em sua área de domínio e 29,6% em sua área de transição (MATOS; FELFILI,

2010). Apresenta três Unidades de Conservação de Cerrado (Estação Ecológica de

Uruçuí-Uma, Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba e Parque Nacional de

Sete Cidades).

A espécie Casearia grandiflora (Salicaceae), é uma espécie relativamente

importante para o Cerrado, aparecendo em diversos levantamentos fitossosiológicos

(GUILHERME et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2007). Sabe-se que algumas espécies

do gênero Casearia (C. decandra Jacq.; C. obliqua Spreng.; C. sylvestris Sw.)

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15

podem ser utilizada para recuperação de áreas degradadas (KLEIN; SLEUMER,

1984; GRIS; TEMPONI; MARCON, 2011).

Apesar de apresentar uma ampla distribuição, ainda não há relatos na

literatura especializada sobre as características biológicas e genéticas desta

espécie. Além da falta de informações genéticas sobre C.grandiflora, existem

poucos estudos relacionados à distribuição da diversidade de populações naturais

do Cerrado piauiense.

Assim, pesquisas relacionadas a esta espécie são necessárias para o

entendimento de sua estrutura e diversidade, o que aponta para o conhecimento e

esclarecimento de sua importância biológica, contribuindo com o aumento de

informações sobre a organização da diversidade genética das espécies nativas

presentes no Cerrado piauiense.

Considerando a importância dos estudos de diversidade genética e a

escassez de informações nesse âmbito sobre esta espécie, o objetivo do presente

trabalho foi desenvolver estudos genéticos com C. grandiflora em duas populações

no Cerrado do Piauí, com utilização de marcadores morfológicos e moleculares.

Uma população está situada dentro da unidade de conservação do Parque Nacional

de Sete Cidades e a outra no município de Cocal de Telha, em torno da BR-343,

apresentando uma maior influência antrópica.

De forma específica, os objetivos foram testar a amplificação de iniciadores

de microssatélites nucleares desenvolvidos para C. sylvestris em C. grandiflora, uma

vez que ainda não foram desenvolvidos iniciadores para a espécie em estudo;

caracterizar duas populações de C.grandiflora do Cerrado piauiense; estimar a

diversidade haplotípica das populações por meio de marcadores cloroplastidiais e

verificar se os índices de diversidade são maiores nos indivíduos da unidade de

conservação do que nos indivíduos que estão presentes na área de influência

antrópica.

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16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos botânicos do gênero Casearia

Os representantes do gênero Casearia, estão agrupados na família botânica

Salicaceae, composta por árvores e arbustos amplamente distribuídos, desde

regiões tropicais a temperadas e árticas, caracterizada por folhas decíduas,

alternadas, espiraladas ou dística, simples, serreadas a dentadas e com estípulas

geralmente presentes (JUDD et al., 2009).

Esse gênero foi tradicionalmente considerado como pertencente á família

Flacourtiaceae (CRONQUIST, 1981). Contudo, com base em análises filogenéticas

de sequências de rbcL, os taxonomistas perceberam que a família Salicaceae não

inclui apenas os gêneros Populus e Salix, mas também numerosos gêneros de

Flacourtiaceae, entre eles Casearia. Esta relação monofilética é bem sustentada por

sequências de DNA, que apoiam uma relação próxima entre estes táxons.

Segundo Machado e Oliveira (2000), a espécie C. grandiflora apresenta flores

branco-esverdeadas com cerca de 7mm de diâmetro, dispostas em capítulos sésseis

axilares. Possuem 10 estames férteis livres entre si e unidos à corola na base. Entre

os estames existem estruturas pilosas originárias do receptáculo floral.

O pólen é liberado nas horas mais quentes do dia, com alta viabilidade

(96,6%). O visitante mais frequente é a mosca Ornidia obesa (Syrphidae), embora

tenham outros visitantes casuais como abelhas Meliponinae e borboletas, a planta é

auto-incompatível e não apomítica.

2.2 Gênero Casearia: importância ambiental e farmacológica

As espécies agrupadas no gênero Casearia, podem ser utilizadas para

recuperação de áreas degradadas, pois seus frutos são comestíveis e muito

procurados por aves, responsáveis por sua dispersão (KLEIN; SLEUMER, 1984).

Segundo Carvalho (2007), a madeira de C. decandra é utilizada na confecção de

utensílios leves, brinquedos e também para lenha e carvão, sendo considerada

moderadamente pesada (0,7 g cm-3).

Durante a primavera, ainda quando está sem folhas, C. decandra produzem

uma grande quantidade de flores brancas, que exalam um aroma forte e particular

que atrai abelhas, fornecendo uma grande quantidade de mel de excelente

qualidade (HALISKI et al., 2013).

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17

A espécie C. sylvestris Sw, popularmente conhecida como guaçatonga

(Figura 1) é uma das plantas mais bem conhecidas e estudas desse táxon botânico.

Apresenta princípios farmacológicos, que garantem a existência de propriedades

medicinais importantes. Suas folhas contêm teores elevados de óleos essenciais,

flavonóides, saponinas, taninos, resinas e antocianosídeos (SILVA FIALHO et al.,

2010) com ação antitumoral, antifúngica e antibiótica, enquanto sua ação

antiinflamatória foi considerada similar do piroxicam e meloxicam (MARQUES et al.,

2013).

Há relatos de que os índios tupis utilizavam a guaçatonga para tratar

ferimentos e picadas de cobras. Fundamentado nesse histórico, hoje C.sylvestris é

matéria-prima para vários estudos e fonte de inspiração na busca de novos

fármacos e de terapias alternativas para outras patologias como neoplasias

malignas (ESTEVES et al., 2005; FERREIRA et al., 2010, 2011).

Figura 1

Extratos e componentes químicos de C.sylvestris particularmente diterpenos

clerodânicos, apresentam atividade citotóxica contra células tumorais (SANTOS et

al., 2010). Oliveira et al. (2009), em estudo com células do sangue de rato,

mostraram que o extrato etanólico obtido de folhas protegem o DNA contra danos

tanto in vitro e in vivo em baixas concentrações.

Ilustração C. sylvestris Sw. A- Ramo, B- Flor, C- Fruto. Fonte: MAQUETE

(2001).

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18

Prieto et al. (2013) analisaram o efeito quimiopreventivo do composto

casearina B (Figura 2) e obtiveram resultados interessantes, uma vez que esse

composto apresentou características quimiopreventivas importantes em células

HepG2 (linhagem de células obtida a partir de um carcinoma hepatocelular humano),

atuando na proteção do DNA contra diferentes tipos de danos, agindo como

antioxidante.

Figura 2 Estrutura química de Casearina B. Fonte: PRIETO (2013).

2.3 Cerrado e o Parque Nacional de Sete Cidades

Dá-se o nome de Cerrado a um gradiente de fisionomias ou tipos de

vegetação (Figura 3), que vai desde o campo sujo ou cerrado ralo (gramíneas com

arbustos pequenos esparsos) até o cerradão (árvores formando um dossel contínuo,

semelhante a uma floresta seca). Alguns fatores naturais explicam a existência dos

diferentes tipos fisionômicos de Cerrado. Por exemplo, quanto maior a

disponibilidade de nutrientes e água, maiores e mais abundantes tendem a ser as

árvores (DURIGAN, et al., 2011).

As plantas de cerrado geralmente apresentam estruturas subterrâneas muito

desenvolvidas (raízes, tubérculos, xilopódios), que possibilitam a rebrota rápida e

vigorosa após impactos como o corte, o fogo ou a geada, dependendo muito menos

da dispersão e germinação de sementes do que as espécies de floresta. Desta

forma, pode-se dizer que o Cerrado tem uma enorme capacidade de resistir às

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19

perturbações e recuperar rapidamente sua estrutura e riqueza de espécies, sem que

seja necessária intervenção humana (DURIGAN, et al., 2011).

Figura 3-

Esse bioma apresenta uma área nuclear distribuída principalmente pelo

Planalto Central brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, na região sul de Mato

Grosso, mato Grosso do Sul, no oeste e norte de Minas Gerais, oeste da Bahia e

Distrito Federal, e em áreas consideradas periféricas, que abragem os estados do

Maranhão, Piauí, Tocantins, São Paulo e Paraná (FELFILI et al., 2005)

O Parque Nacional de Sete Cidades criado em 1961, possui uma área de

6.221,48 ha. Está localizado entre os municípios de Brasileira e Piracuruca (04º02’–

08’S e 41º40’–45’W) no norte do estado do Piauí, com altitudes variando de 100 a

290 m (MENDES et al., 2012). É uma área focal para estudos, principalmente os de

longa duração, por se tratar de uma unidade de conservação Federal de proteção

integral (MATOS; FELFILI, 2010).

O Parque encontra-se inserido em uma região designada como prioritária

para a conservação da biodiversidade do bioma Cerrado, onde ainda existem

lacunas de conhecimento. A vegetação do Parque é caracterizada por grande

variedade de comunidades, distribuindo-se mosaicos, incluídas no domínio do

Cerrado ou de transição Cerrado/Caatinga (MENDES et al., 2012).

Oliveira et al. (2007) mapearam a vegetação do Parque e evidenciaram o

complexo mosaico de tipos estruturais dominados por formações savânicas (Cerrado

sentido restrito e Cerrado rupestre), além de Campo limpo, Cerradão, Floresta

Representação esquemática do gradiente fisionômico da vegetação de

Cerrado. Adaptado por: DURIGAN et al. 2011.

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20

ocasionalmente inundada e estacional semidecídua. A área de ocorrência da

vegetação do Cerrado típico ou sensu stricto ocupa 37,6% de extensão total do

Parque.

2.4 Marcadores moleculares no estudo da diversidade genética

A diversidade genética pode ser estimada por meio de marcadores

morfológicos, que estimam a divergência genética através de características

fenotípicas; ou por meio de marcadores moleculares, os quais realizam análise

direta do DNA ou indiretamente pela sequência de uma proteína ou RNA. A

aplicabilidade da técnica dos marcadores moleculares passou a incluir

potencialmente todas as espécies de plantas (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

Ferreira e Grattapaglia (1998) definem marcadores moleculares como todo e

qualquer fenótipo molecular oriundo de um gene expresso, como no caso das

isoenzimas, ou de um segmento específico do DNA correspondente a regiões

expressas ou não. Podem ser classificados em função de sua herança, como

dominantes e co-dominantes.

A escolha do tipo de marcador a ser empregado na análise depende de uma

série de fatores relacionados ao objetivo da pesquisa, recursos financeiros e de

infraestrutura disponível (CIAMPI; VINSON; GAIOTTO, 2007).

Entre os marcadores moleculares que utilizam a técnica de PCR, destacam-

se os microssatélites ou repetições de sequências simples (SSR). As frequências

dos microssatélites variam significativamente entre os diferentes organismos

(WEISNG et al., 1998) e são desenvolvidos especificamente para uma espécie,

entretanto, podem ser transferidos para espécies estreitamente relacionadas que

normalmente são do mesmo gênero (FINKELDEY; HATTEMER, 2007).

Os microssatélites estão sob alterações mutacionais a taxas muito maiores do

que as observadas nas sequências de cópia única (PINTO et al., 2001), variando de

10-6 a 10-2 mutações por geração, sendo que a maioria é causada por alterações no

número das unidades de repetição (EISEN, 1999). São classificados com base em

sua localização no genoma, vindo a ser nuclear, mitocondrial ou cloroplastidial.

As taxas mutacionais presentes nas sequências de microssatélites podem ser

explicadas por dois modelos: o crossing-over desigual entre as moléculas de DNA,

resultado do pareamento não homológo das sequências durante o crossing-over e o

mecanismo do slippage da DNA polimerase, que ocorre durante a replicação do

Page 21: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

21

DNA e conduz o aumento ou diminuição do número de repetições (TAUTZ;

SCHLOTTERE, 1994; EISEN, 1999).

O potencial dos microssatélites como marcadores úteis para plantas foi

reconhecido por possuírem uma série de caracteristicas desejáveis, tais como:

distribuição ao acaso; ocorrência em grande quantidades no genoma eucarioto;

codominância dos alelos; facilidade da detecção via PCR; alta diversidade alélica e

grande reprodutividade (ROSSETTO et al., 2001).

O desenvolvimento de locos microssatélites para uma espécie exige as

seguintes etapas: isolamento, clonagem, sequenciamento e caracterização dos

locos. Entretanto, a conservação de regiões flanqueadoras dos microssatélites pode

ocorrer entre espécies correlacionadas, na qual essas sequências podem ser

transferidas de um grupo para o outro, possibilitando a utilização de iniciadores

específicos em outras espécies pertecentes ao mesmo gênero ou entre gêneros de

uma mesma família (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

Esta característica é conhecida como transferibilidade ou amplificação

heterológa (VARSHNEY, 2005; BRAVO, 2006). A transferibilidade de SSR tem sido

relatada a muitas famílias de plantas, incluindo Fabaceaea (PEAKALL et al. 1998;

KÖLLIKER et al. 2001), Poaceae (SAGHAI MAROOF et al. 1994; RODER et al.

1995; THIEL et al. 2003), Solanaceae (PROVAN; et al. 1996; SMULDERS et al.

1997; NAGY et al. . 2007; MOON; NICHOLSON; LEWIS, 2008); Euphorbiaceae (YU

et al., 2011) e Bromeliaceae (SARTHOU et al., 2003; BARBARÁ et al., 2007; PAGGI

et al., 2008).

Nas espécies do Cerrado, observou-se resultados positivos nos estudos de

Zucchi et al., (2002), que obteve sucesso na transferibilidade de Eucalyptus spp para

Eugenia dysenterica. Martins, et al. (2006) conseguiram transferir iniciadores de

Capsicum spp para Solanum lycocarpum e Ciampi et al., (2008) de Hymenaea

courbaril para Hymenaeae stigonocarpa.

2.4.1 Microssatélites cloroplastidiais

O DNA de cloroplasto (cpDNA) nas Angiospermas apresenta um padrão de

herança predominantemente materna, apresentando um genoma efetivamente

haplóide e não recombinante (PALMER, 1994). Suas sequências são altamente

conservadas e têm sido considerado como uma importante ferramenta para avaliar a

estrutura genética dentro e entre as populações (PADH, 2008).

Page 22: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

22

Weising e Gardner (1999) desenvolveram marcadores microssatélites (SSR)

de cloroplastos universais para Angiospermas, os quais produzem informações

importantes no esclarecimento da distribuição da diversidade genética em

populações naturais, além de serem utilizados nos estudos das relações

taxônomicas e filogenéticas.

Nos últimos anos, pesquisas referentes à genética de populações de plantas

utilizando cpDNA tem sido desenvolvidas com maior frequência (AZEVEDO;

KANASHIRO; GRATAPPAGLIA, 2008) apresentando altos níveis de variabilidade

genética intraespecífica em diversos estudos.

Zhang et al. (2011) detectaram considerável divergência genética em

populações de Paeonia delavayi, a partir da análise de seis locus polimórficos de

microssatélites cloroplastidiais (cpSSR).

Yang et al. (2011) testaram cinquenta e cinco primers cpSSR e encontraram

onze marcadores polimórficos, os quais foram úteis na análise de estrutura

populacional e filogeográfica de Liriodendron tulipifera. Apesar desses estudos terem

aumentado nos últimos anos, ainda são poucos os trabalhos referente ao tema, em

especial a populações naturais do Cerrado.

2.5 Distribuição da diversidade genética em populações naturais

Uma população pode ser definida como, do ponto de vista genético, por um

grupo de individuos da mesma espécie, que se cruzam e geram descendentes

férteis, possuindo por si só, propiedades comuns, ocupando o mesmo espaço, bem

como tendo continuidade no tempo (SILVERTOWN; DOUST, 1993). Para adotar

estratégias efetivas de manejo da conservação genética é necessário conhecer a

estrutura genética de populações, que envolve o conhecimento dos níveis de

variabilidade genética e como eles estão distribuidos dentro e entre as populações

(DIAS; KAGEYAMA; CASTRO 1997).

O conceito de diversidade genética refere-se ao nível de heterozigosidade

observada (Ho) obtida a partir das frequências genotípicas e heterozigosidade

esperada (He) obtida a partir das frequências alélicas de uma população. O valor de

He permite mensurar o nível de variação genética em uma população de uma

determinada espécie, independentemente do sistema de reprodução (NEI, 1973).

Além de Ho e He, têm sido empregado também a porcentagem de locos polimórficos

Page 23: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

23

(P), o número de alelos por locos (A) e o número efetivo de alelos por loco (Ae).

(FRANKHAM, et al., 2002)

Loveless e Hamrick (1984) definiram estrutura genética como a distribuição

não aleatória de alelos ou genótipos no espaço e no tempo, o qual é resultante de

forças evolutivas como mutação, seleção, migração, deriva genética e mutação.

A investigação sobre a estrutura de populações permite detectar modos de

reprodução e estrutura familiar, estimar níveis de migração e dispersão, ajudar no

manejo de espécies ameaçadas de extinção e na mamutenção de bancos de

germoplasma, além de auxiliar no diagnóstico do histórico evolutivo de um conjunto

de táxons (CRUZ, et al., 2011).

Existem vários métodos estatísticos desenvolvidos para caracterizar a

estrutura genética das populações naturais, os quais podemos citar as estatísticas F

de Wright (WRIGHT, 1949); análise da variância das frequências gênicas e pelo

coeficiente de coancestria (COCKERHAM, 1969); análise da diversidade genética

em populações subdivididas pela distância de NEI (NEI, 1973). Esses três métodos

tem como intuito verificar a distribuição da variabilidade genética entre e dentro as

populações. Essas três abordagens apresentam bases genéticas similares, porém,

são complementares em relação ao significado biológico.

As estatísticas F de Wright possibilitam caracterizar a distribuição da

variabilidade genética entre as populações (FST), assim como dos níveis médios de

endogamia ao nível populacional (FIS) e total (FIT). O coeficiente de endogamia mede

todos os efeitos da estrutura populacional combinada.

Os indices de fixação são importantes para entender a estrutura genética,

bem como o padrão de seleção associado com o polimorfismo alélico. Embora o FST

tenha um mínimo teórico de 0 (indicando nenhuma divergência genética) e o

máximo teórico de 1 (indicando fixação de alelos alternativos em diferentes

subpopulações), o máximo observado geralmente é muito menor do que 1 (HARTL;

CLARK, 2010).

Wright (1949) sugeriu as seguintes orientações qualitativas para interpretação

de FST: a amplitude de 0 a 0,05 pode ser considerada indicativa de pequena

diferenciação genética; a amplitude de 0,05 a 0,15 pode ser considerada indicativa

de moderada diferenciação genética; a amplitude de 0,15 a 0,25 pode ser

considerada indicativa de grande diferenciação genética; valores de FST acima de

0,25 indicam diferenciação genética muito grande.

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24

O conhecimento sobre a estrutura genética populacional de espécies de

plantas é importante para se evitar perdas adicionais de diversidade genética em

populações que são ameaçadas por atividades madeireiras, desmatamento e

fragmentação de habitat (COLLEVATTI; GRATTAPAGLIA; HAY, 2003). Nessa

perspectiva, vários trabalhos de diversidade e estrutura genética de populações

vegetais naturais foram desenvolvidos (WARNER; ALBERTAZZI, 2010; JUGRAN et

al., 2011; RODRIGUES, 2011; SILVA et al., 2011; WEBER; KOLB, 2014; OLEAS;

WETTBERG; NEGRO´N-ORTIZ, 2014).

2.6 Métodos multivariados de estudo da diversidade genética

A conservação de recursos genéticos de espécies vegetais e animais é

considerada um tema de grande relevância, razão pela qual inúmeros estudos têm

sido realizados na quantificação da diversidade genética e no entendimento de sua

magnitude, natureza e distribuição entre e dentro de populações (CRUZ et al.,

2011).

A definição de como avaliar a diversidade genética é dependente do conjunto

de informações disponíveis, na análise dos dados fenotípicos, vários métodos

multivariados são empregados, os quais são capazes de produzir uma estrutura de

grupos.

A análise dos grupos implica em avaliar a capacidade de alocação ou de

discriminação de indivíduos, nos seus respectivos centros de referência

(populações), com base nas variáveis avaliadas, bem como formular e testar

hipóteses sobre as causas dessa aglomeração ou dispersão.

Entre as diversas técnicas multivariadas aplicados na predição da diversidade

genética, podemos citar método de agrupamento por otimização e hierarquização,

componentes principais e variáveis canônicas.

2.6.1 Métodos de agrupamento

A análise de agrupamento tem por finalidade discriminar geneticamente os

indivíduos e permite separá-los em grupos pela análise de um conjunto de

características inerentes a cada um, reunindo-os por algum critério de classificação,

de forma que exista homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre eles

(HAIR et al., 2005). Basicamente, esse processo relaciona a estimação de uma

medida de similaridade ou dissimilaridade entre os genótipos (CRUZ et al., 2011).

Page 25: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

25

Existem vários desses métodos descritos na literatura, que se distinguem pelo

tipo de resultado a ser fornecido pelas diferentes formas de definir a proximidade

entre um individuo e um grupo já formado ou entre dois grupos quaisquer (MARDIA;

KENT; BIBBY, 1997). Dos métodos de agrupamento, os mais utilizados são os de

otimização e os hierárquicos (CRUZ; REGAZZI ; CARNEIRO, 2012).

De acordo com Mohammadi e Prasanna (2003), os métodos hierárquicos são

os mais empregados em estudos de diversidade genética, entre eles o UPGMA é o

mais utilizado, seguido pelo método de Ward. Segundo James e Mcculloch (1990) e

Sneath e Sokal (1973), o método UPGMA é um dos utilizado com maior frequência

em ecologia e sistemática e em taxonomia numérica, respectivamente.

Em relação aos métodos hierárquicos, os genótipos são agrupados por um

processo que se repete em vários níveis, até que seja estabelecido um dendrograma

ou o diagrama de árvore. Com base de exame visual do dendrograma avaliam-se

pontos de alta mudança de nível, que são delimitadores do número de genótipos

para a formação dos grupos (CRUZ et al., 2011).

Os métodos de otimização diferem, basicamente dos hierárquicos, pelo fato

dos grupos formados serem exclusivos (AMARAL JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999).

Dentre os métodos de otimização, destaca-se o algoritmo de Tocher, o qual consiste

em uma análise baseada na formação de grupos, os quais as distâncias dentro dos

grupos são menores que as distâncias entre eles.

O método requer a obtenção da matriz de dissimilaridade, sobre a qual é

identificado o par de indivíduos mais similares. Esses indivíduos formarão o grupo

inicial. A partir daí é avaliada a possibilidade de inclusão de novos indivíduos,

adotando-se o critério de que a distância média intragrupo deve ser menor que a

distância média intergrupo (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2012).

2.6.2 Análise de Componentes Principais (ACP)

A técnica de análise de componentes principais foi inicialmente descrita por

Karl Pearson (1901) e posteriormente aplicada por Hotelling (1933, 1936) em

diversas áreas da ciência. O objetivo da análise é tornar p variáveis X1, X2,..., Xp e

encontrar combinações destas para produzir índices Z1, Z2,..., ZP que sejam não

correlacionados na ordem de sua importância, e que descreva a variação nos dados

(MANLY, 2008).

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26

Esta análise encontra-se certamente entre as mais importantes ferramentas

da análise multivariada, inclusive por constituir a base na qual se fundamentam a

maioria dos outros métodos multivariados de análise de dados (LYRA et al., 2010).

Cada componente principal é uma combinação linear das variáveis originais. Além

disso, são independentes entre si e estimados com o propósito de reter, em ordem

de estimação, o máximo de informação, em termos de variação total, contida nos

dados iniciais (CRUZ et al., 2011).

A ideia central da análise dessa técnica baseia-se na redução do conjunto de

dados a ser analisado, principalmente quando os dados são constituídos de um

grande número de variáveis correlacionadas. A redução do número de variáveis não

se faz por uma simples seleção de algumas variáveis, mas pela construção de

novas variáveis sintéticas, obtidas pela combinação linear das variáveis iniciais, por

meio dos fatores (MANLY, 2008).

Para fazer o descarte de variáveis, procura-se identificar os componentes cuja

variância seja reduzida ou próxima de zero, os quais representaram combinações

lineares que resultam em valores de escores dados por uma constante, sendo as

variáveis de maiores pesos nos últimos autovetores são consideradas de menor

importância para estudo da diversidade genética. Deste modo, com a posse dos

resultados da análise de componentes principais, podem-se eliminar características

redundantes e de difícil mensuração.

De acordo com o critério de Johnson e Wichern (1992), os autovetores por

serem considerados como os de maior importância para o estudo da diversidade

genética, eles devem explicar no mínimo 80% da variação total.

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27

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O estudo foi desenvolvido em duas áreas de Cerrado no estado do Piauí,

abrangendo o municipio de Cocal de Telha (04º33'32"S 41º58'20"W) e o Parque

Nacional de Sete Cidades (04°02’08’’ S e 41°40’45’’ W), presentes dentro do perfil

fitofisionômico Cerrado scrito sensu e a distância entre elas é de 67 km (Figura 4).

Figura 4

Mapa com a localização das áreas de coleta marcadas em seus respectivos municípios. Adaptado por: FERREIRA, D.S. 2015.

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28

A precipitação pluviométrica média anual do município de Cocal de Telha é

definida no Regime Equatorial Marítimo, com isoietas anuais entre 800 a 1.600 mm,

cerca de 5 a 6 meses como os mais chuvosos e período restante do ano de estação

seca. Os meses de fevereiro, março e abril correspondem ao trimestre mais úmido

da região (AGUIAR et al., 2004).

A escolha destas áreas teve por finalidade comparar a diversidade genética

entre a população da unidade de conservação do Parque Nacional de Sete Cidades

com a população de Cocal de Telha, a qual está sujeita a maiores pressões

antrópicas e localizada em torno da BR-343.

3.2 Coleta do material botânico

A coleta de folhas e frutos de C. grandiflora foram realizadas nos meses de

abril e maio de 2014, quando as plantas apresentavam frutos bem desenvolvidos

(Figura 5). Foram analisados 80 genótipos de C. grandiflora, dos quais 40 foram

coletados no Parque Nacional de Sete Cidades (População 1) e nomeados em G-1 a

G-40. Os demais foram coletados na área fragmentada de Cocal de Telha

(População 2) e nomeados como G-41 a G-80.

Figura 5

Foram determinadas as coordenadas geográficas (latitude e longitude), dos

80 genótipos com auxílio de GPS (Global Positioning System) e coletado material

botânico em estádio reprodutivo, os quais foram identificados com base em

bibliografia especializada e enviados para confirmação por especialista e

Exemplar de C.grandiflora (a) detalhe da inflorescência; (b) detalhe do fruto e sua abertura. Fonte: COSTA, M.F, 2015.

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29

incorporados ao acervo do Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade

Federal do Piauí (UFPI).

Após coletados, as folhas e os frutos foram acondicionados em sacos

plásticos, etiquetados e levados ao Laboratório de Tecnologia de Sementes e

Recursos Genéticos da Universidade Federal do Piauí, para caracterização

morfológica.

3.3 Caracterização Morfológica

3.3.1 Avaliação biométrica folha, fruto e semente

As medições físicas de folhas, frutos e sementes foram realizadas no período

de maio a junho de 2014.

Os seguintes descritores foram avaliados: diâmetro da altura do caule (DAP),

comprimento do pecíolo (CP), comprimento do limbo (CL), largura do limbo (LL),

índice foliar (IF), peso de massa seca (PMS), peso do fruto (PF), comprimento do

fruto (CF), largura do fruto (LF), relação comprimento e largura do fruto (C/LF),

número de sementes por fruto (NS), relação comprimento e largura da semente

(C/LS), peso de 100 sementes (P100S), comprimento da semente (CS) e largura da

semente (LS).

As medidas de comprimento, largura, espessura e diâmetro foram realizados

com o auxílio de um paquímetro digital e foram expressas em milímetros (Figura 6).

Para as medidas de massa foi utilizada balança digital de precisão expressa em

gramas. O IF foi calculado dividindo-se o comprimento do limbo por sua largura.

Para efeito de medições físicas, utilizaram-se 10 medidas repetidas de folha, fruto e

semente por genótipo estudado.

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30

Figura 6

As análises de divergência genética foram realizadas, utilizando-se da

distância Euclidiana média como medida de dissimilaridade entre todos os pares de

genótipos, sendo a importância relativa dos caracteres estimada pelo método de

Singh (1981).

Os métodos de agrupamento utilizados foram de Tocher e UPGMA. Realizou-

se análise de componentes principais (ACP), com o intuito de eliminar as variáveis

morfológicas redundantes. Os dados foram padronizados e as análises estatísticas

foram processadas, utilizando o recurso computacional Genes versão 2013.5.1 para

análise do Tocher (CRUZ, 2013) e o software SAS 9.0 (SAS, 2002) para as análises

de UPGMA e Componentes principais.

Caracterização morfológica em genótipos de C. grandiflora (a) medidas físicas da folha: comprimento do pecíolo (CP); comprimento do limbo (LL); (b) medidas físicas da folha: largura do limbo (LL); (c): medidas físicas do fruto: largura do fruto (LF); comprimento do fruto (CF); (d): medidas físicas da semente: largura da semente (LS); comprimento da semente (CS). Fonte: COSTA, M. F. (2015).

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31

3.4 Caracterização Molecular

3.4.1 Extração e quantificação de DNA

As amostras de folhas jovens foram coletadas, transferidas e armazenadas

em N2 líquido, sendo transportadas até o Laboratório de Biologia Molecular, onde

foram mantidas em freezer até o início da extração do DNA que foi realizado

conforme recomendações do Kit DNeasy Plant Mini (Qiagen Inc., Valencia CA,

USA).

A quantificação do DNA extraído foi realizada por meio de eletroforese em

gel de agarose a 0,8%, preparado em tampão TBE 0,5 x (Tris-Borato-EDTA) e

corado com SYBR® Safe DNA Gel Stain a 1x, através da comparação com bandas

de DNA-λ diluído na concentração de 100 ng/µL. Após estes resultados o DNA foi

diluído à uma concentração de 5 ng/µL e armazenado a -20ºC.

3.4.2 Amplificação heteróloga dos locos microssatélites nucleares (nSSR)

A princípio testou-se a transferibilidade de iniciadores desenvolvidos para

Casearia sylvestris Sw. em C. grandiflora, já que não existem iniciadores específicos

desenvolvidos para esta espécie em estudo. Foram utilizados para o teste de

transferibilidade dez primers (Tabela 1) desenvolvidos por Cavallari et al. (2008).

Para a execução das reações de PCR foram usadas as concentrações de

reagentes de acordo com o proposto por Cavallari et al. (2008). Como parte da

otimização dos iniciadores, foram testados algumas condições de PCR, inclusive o

descrito por Cavallari et al. (2008), que apresentou melhores resultados, porém com

algumas modificações: 95 °C por 5 min, depois 7 ciclos de 94 °C por 30 s, 65 °C por

1min 30 s, 72 °C por 1 min seguido de 30 ciclos de 94 °C por 30 s, 53 °C por 1 min

30 s, 72 °C por 1 min e uma extensão final de 60 °C por 30 min.

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Tabela 1 Características dos microssatélites nucleares testados.

Locos Sequência dos primers (5 3) Motivo Tamanhos dos

alelos (pb)

Csy04 F:CATAACTCTTTGCTTGCCCC

R:TTGAACTCACATCTGCTGCC (CT)17 117–167

Csy06 F:TACCGTCCCTAGGACATTCG

R:GCAATGCAGGTGATTTCTGA (CT)17 280–322

Csy07 F:TCATGAACAATGCCAAGCTC

R:TGAAGCGAAATTCTGCCTTT (TC)19 246–268

Csy08 F: GCCTTTAATTTCCTTTCGCC

R:AAAGAGGTGATGTGCTGCTC (TC)16 145–167

Csy09 F:GGTTCAATCCTCTTCCAGCA

R: CGGCCTAATTCCTATTGTGG (AG)12 187–201

Csy11 F:TTGTAGCACCACTTTGGCCT

R:GGTCACTGTTGAAGTTTCTGGA (AG)18 140–180

Csy14 F: CTTTACATGGAAGGGCAACC

R:TTTTTCCCTCACTGCATTCAT (CA)10 218–244

Csy15 F: GATGGGTCAATTTCAGGAAC

R: TGTTCGCTCCTAAATGCAAA (TC)11 251–285

Csy16 F:GCATCTGGTTGGCTCAAAAT

R:TGGCAAAGAGATCGAGGATT (TG)10 272–284

Csy18 F:CCTAGTCGGTGGCAAACATT

R:GCAAAGGAGCTTGAATCTGG (CT)11 273–303

Sequência de iniciadores desenvolvidos por CAVALLARI et al. (2008).

3.4.3 Amplificação dos locos microssatélites cloroplastidiais (cpDNA)

Para as análises com microssatélites cloroplastidiais foram utilizados seis

pares de iniciadores desenvolvidos para angiospermas dicotiledôneas por Weising e

Gardner (1999) e treze iniciadores (Tabela 2) desenvolvidos para Nicotiana tabacum

L. por Chung e Staub (2003). Os pares de iniciadores apresentaram temperatura de

anelamento ideal de 58ºC.

Page 33: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

33

3.4.4 Genotipagem dos locos de nSSR e cpSSR

Após as reações de amplificação dos locos de nSSR e cpSSR, o tamanho

dos alelos foi determinado em um sequenciador automático LI-COR DNA Analyser

4300s (LI-COR Corporate), o qual utiliza uma tecnologia sensível de florescência

infravermelha. Foi utilizado ROX-500® como marcador de peso molecular para

verificar o tamanho esperado dos produtos da PCR.

A genotipagem dos indivíduos foi realizada através da análise dos géis

virtuais. As bandas polimórficas e monomórficas foram lidas automaticamente, tendo

como referência os padrões de tamanhos moleculares de 50-350pb (Licor), com

auxílio do programa (Saga™).

3.4.5 Análise estatístico-genético

Para os marcadores microssatélites nucleares, foram estimados os

parâmetros de diversidade genética, tais como as frequências alélicas e genotípicas,

a diversidade genética por locos e por população, a riqueza alélica, o coeficiente de

endogamia, o número de alelos por loco (A), porcentagem de locos polimórficos,

heterozigosidade observada (Ho) e heterozigosidade esperada ou diversidade

genética (He), utilizando o programa FSTAT (GOUDET, 2002).

Os polimorfismos dos genomas de cloroplastos são herdados sem

recombinação, cada combinação alélica única entre os locos de microssatélite foi

considerada um haplótipo. Cada haplótipo, por sua vez, foi analisado como um alelo

diferente de um único loco haplóide.

Foram computados o número de haplótipos, a quantidade de haplótipos

privados por população, proporção de haplótipos privados, a diversidade haplotípica

e o número efetivo de haplótipos, com o uso do programa GenAlEx 6.5 (Peakall e

Smouse, 2012).

Page 34: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

34

Tabela 2

Locos Sequências Referência

ccmp1 F: CAGGTAAACTTCTCAACGGA

R: CCGAAGTCAAAAGAGCGATT

Weising e Gardner

(1999)

ccmp2 F: GATCCCGGACGTAATCCTG

R: ATCGTACCGAGGGTTCGAAT

Weising e Gardner

(1999)

ccmp5 F: CCAAAATATTBGGAGGACTCT

R: TGTTCCAATATCTTCTTGTCATTT

Weising e Gardner

(1999)

ccmp7 F: CAACATATACCACTGTCAAG

R: ACATCATTATTGTATACTCTTTC

Weising e Gardner

(1999)

ccmp8 F: TCTTGCGACCGAGCTTCTCC

R: TTGGCTACTCTAACCTTCCC

Weising e Gardner

(1999)

ccmp9 F: TTCTTTCTTATTTCGCAGDGAA

R: GGATTTGTACATATAGGACA

Weising e Gardner

(1999)

ccSSR-1 F: TCAAATGATACATAGTGCGATACA

R: AATAAAGGATTTCTAACCATCTT Chung e Staub (2003)

ccSSR-2 F: ATACCCACATGCACAAGTTTGG

R: AATCCTGGACGTGAAGAATAA Chung e Staub (2003)

ccSSR-3 F: CCAAAAGCTGACATAGATGTTA

R: TTTCATTCGGCTCCTTTATG Chung e Staub (2003)

ccSSR-4 F: AGGTTCAAATCCTATTGGACGCA

R: TTTTGAAAGAAGCTATTCARGAAC Chung e Staub (2003)

ccSSR-6 F:CGACCAATCCTTCCTAATTCAC

R AGAAAAGMAAGGATATGGGCTC Chung e Staub (2003)

ccSSR-7 F CGGGAAGGGCTCGKGCAG

R GTTCGAATCCCTCTCTCTCCTTTT Chung e Staub (2003)

ccSSR-9 F GAGGATACACGACAGARGGARTTG

R CCTATTACAGAGATGGTGYGATTT Chung e Staub (2003)

ccSSR-10 F TCTAGGATTTACATATACAACAT

R CATCATTATTGTATACTCTTTCA Chung e Staub (2003)

ccSSR-11 F TTGGCTACTCTAACCTTCCC

R ACCATAGAAACGAWGGAACCCACT Chung e Staub (2003)

Caracterização dos microssatélites cloroplastidiais usados nas análises

das populações de C. grandiflora.

Continua...

Page 35: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

35

Conclusão...

Tabela 2:

Locos Sequências Referência

ccSSR-16 F TACGAGATCACCCCTTTCATTC

R CCTGGCCCAACCCTAGACA Chung e Staub (2003)

ccSSr-19 F CTATGCAGCTCTTTTATGYGGATC

R TCCARGTAAATGCCCAAGTT Chung e Staub (2003)

ccSSR-20 F CCGCARATATTGGAAAAACWACAA

R GCTAARCAAATWGCTTCTGCTCC Chung e Staub (2003)

R GGAAGGTGCGGCTGGATC

*Y= C ou T; R= A ou G; W= A ou T

A análise de variância molecular (AMOVA) (EXCOFFIER; SMOUSE;

QUATTRO, 1992) foi realizada com os 80 indivíduos das populações usando o

software Arlequin 3.5.1.2 (EXCOFFIER et al., 2005), de forma a estimar a variação

genética entre e dentro das áreas de estudo. A AMOVA calcula o valor FST, que

equivale à proporção da variação genética total fracionada entre populações.

Para verificar o grau de mistura de genótipos entre as áreas, usou-se a

análise bayesiana de estruturação desenvolvida por Pritchard e colaboradores

(2000), implementado pela presença/ausência de marcadores cpSSR no software

Structure 2.3.1

Neste tipo de análise foi gerado um arquivo com dados de genotipagem e

valores de K=1 a K=15. Os arquivos foram submetidos à análise Structure realizadas

com 10 corridas para cada valor de K, 200.000 burn-ins e 500.000 simulações de

Monte Carlo de Cadeias de Markov (MCMC). A seleção de número K mais provável

em relação aos propostos foi realizada por meio de valores de ΔK, de acordo com

Evanno et al. (2005).

A rede de haplótipos foi construída baseada em Median-Joining MJ

(BANDELT; FORSTER; RÖHL, 1999), com a utilização do programa Network 4.610

(Fluxus Technology Ltd. em www.fluxus-engineering.com). Esta estatística de

agrupamento é baseada na teoria de coalescência e tem sido utilizada em

Caracterização dos microssatélites cloroplastidiais usados nas análises

das populações de C. grandiflora.

Page 36: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

36

alternativa à parcimônia de Wagner (Wagner parsimony), por fornecer melhores

conexões entre haplótipos (EXCOFFIER; SMOUSE, 1994).

Os haplótipos de DNA são relacionados por mutação e arranjados em uma

rede. Os nós da rede representam os haplótipos, enquanto que a distância entre

eles é proporcional ao número de mutações. Pode-se, então, usar o número de

mutações ao longo da rede como uma medida de divergência evolucionária entre

quaisquer dois haplótipos (EXCOFFIER; SMOUSE; QUATTRO, 1992).

A Análise discriminante de componentes principais (DAPC), disponível no

pacote adegenet para R, versão 2.11 (R desenvolvimento Core Team 2010) foi

utilizada para definição dos grupos, pois está técnica não requer uma definição a

priori de grupos genético (Jombart et al., 2010).

Page 37: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização morfológica e divergência genética

As análises morfológicas realizadas nas 80 plantas selecionadas para este

estudo permitiram a diferenciação das mesmas entre si, bem como agrupá-las de

acordo com a similaridade.

Com relação aos caracteres relacionados à folha da espécie estudada: forma

do limbo, ápice e base, foram respectivamente, elíptica, agudo e arredondada. Os

maiores valores para comprimento médio do pecíolo foram determinados nos

indivíduos do Parque Nacional de Sete Cidades, entretanto essa variável não

apresentou grandes diferenças entre as médias dos genótipos das duas populações

analisadas, sendo 4,7 cm para população do Parque e 4,6 cm para população de

Cocal de Telha (Tabela 3).

O índice foliar (IF) indica a relação entre largura e comprimento da folha,

informando sobre o investimento da espécie em crescimento ou alargamento do

limbo. Folhas com valor de IF ≅ 1 (um) são isodiamétricas; IF < 1 são mais largas

que longas; IF> 1 são, proporcionalmente, mais alongadas.

Quanto a esse caráter todos os genótipos apresentaram valores de IF

maiores que um, indicando que a espécie investe mais no crescimento longitudinal

das folhas do que na largura, em resposta à adequação das condições ambientais,

uma vez que esta característica está fortemente relacionada com a maximização do

aproveitamento da energia luminosa (FALEIRO, 2006).

Os valores observados para os caracteres morfológicos foliares (comprimento

do pecíolo, comprimento do limbo, largura do limbo, índice foliar e peso de massa

seca), nestas áreas são importantes, já que tais características variam com a

distribuição espacial e temporal da espécie, disponibilidade de luz e idade da folha.

As diferenças observadas entre os caracteres foliares refletem a adaptação dessa

espécie ao ambiente e estas informações favorecem a compreensão do papel

ecológico desta planta.

A partir da análise comparativa dos descritores foliares, é possível observar

que não existem grandes diferenças entre as duas populações, sendo que o

descritor que apresentou maior divergência foi peso de massa seca da folha. As

baixas variações observadas para estas características já eram esperadas, pois

ambas estão presentes dentro de um mesmo perfil fitofisionômico, o Cerrado stricto

Page 38: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

38

sensu. Em vista disso, o ambiente produz respostas semelhante nas variações

foliares nos indivíduos das duas populações.

A população Cocal de Telha está mais susceptível a ação humana, contudo

não foi possível observar elevadas modificações na morfologia foliar em comparação

ao Parque Nacional de Sete Cidades. Entretanto vale ressaltar que a folha é o órgão

vegetal que responde com maior facilidade às variações ambientais (CHAGAS et al.,

2008).

Tabela 3

Populações

Descritores

foliares

Parque Nacional de Sete

Cidades Cocal de Telha

Médias Desvio Médias Desvio

Comprimento do

pecíolo (mm)

4,70

1,30

4,60

1,06

Comprimento do

limbo (mm)

72,76

15,12

72,25

13,00

Largura do limbo

(mm)

26,12

6,03

27,87

4.71

Índice foliar (mm)

2,85

0,55

2,62

0,42

Peso de massa

seca (g)

1,80

0,60

4,66

0,97

O fruto de C. grandiflora é do tipo cápsula loculicida, cujas semente tem forma

elipsóide, tegumento cartáceo, creme, levemente estriado, sendo que ao redor

destas ocorre arilo carnoso, alaranjado, que preenche completamente o fruto,

podendo ser confundido com mesocarpo.

Nas duas populações estudadas, os frutos apresentaram grande variação

com relação ao número de sementes em seu interior, variando de 7 a 23 sementes

por fruto.

A produção de grande número de sementes e a habilidade de colonizar

habitat aberto, aliado a outros fatores, sugerem que essa espécie poderia ser uma

Morfometria foliar de duas populações de C. grandiflora do Cerrado piauiense. Teresina, PI, 2014

Page 39: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

39

estrategista-r, ou seja, alocam grande parte de sua energia na reprodução em

detrimento da manutenção dos indivíduos (MELO et al., 2004).

A partir do número de sementes por fruto foi possível determinar o parâmetro

estrategista-r, visto que esse caráter está relacionado com o processo de adaptação

e história de vida da espécie, sendo possível entender que C. grandiflora distribui

sua energia para os processos de crescimento e reprodução. Logo, as plantas de

ambas populações alocam maior esforço energético no processo reprodutivo.

Em relação aos demais descritores fenotípicos referentes ao fruto e a

semente, a população do Parque Nacional de Sete Cidades apresentou, em grande

parte, as maiores médias para os caracteres analisados, apesar de não existir uma

elevada variação entre as médias das duas populações.

A baixa divergência encontrada para tais descritores, entre as populações já

era esperada, uma vez que os dados morfológicos de frutos e sementes são

característicos de cada espécie e apresentam forte influência ambiental (PAULA,

2007). Como o estudo foi realizado com plantas de uma mesma espécie e

distribuídas em um mesmo bioma, os valores de cada descritor para as população

foram semelhantes (Tabela 4).

Considerando-se que C. grandiflora possa a ser uma estrategista-r, espera-se

que apresente estratégias adaptativas a habitat imprevisível, o qual pode sofrer

algum tipo de perturbação, como é o caso da região em estudo de Cocal de Telha.

Dessa forma esta planta pode ocupar ambientes antropizados, o que permite que

possa ser utilizada em projetos de restauração.

Imatomi et al. (2009) realizaram a caracterização morfológica de C. sylvestris

e obtiveram os seguintes valores médios 0,05; 5,40; 4,45 e 1,96 para as variáveis

peso do fruto (g), comprimento do fruto (mm), largura do fruto (mm) e peso de 1000

sementes (g), respectivamente. Haliski et al. (2013) encontraram os valores médios

4,02; 3,28 mm respectivamente, para os descritores comprimento e largura da

semente em Casearia decandra.

Os resultados encontrados por ambos trabalhos referenciados acima

apresentam similaridade com os resultados de mensurações observados na

caracterização de fruto e semente das duas populações de C. grandiflora no

presente estudo, como pode ser observado pela Tabela 4

Page 40: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

40

Tabela 4

Parque Nacional de Sete

Cidades Cocal de Telha

Descritores Média Desvio Média Desvio

Peso do fruto (g) 0,06 0,02 0,06 0,02

Comprimento do

fruto (mm) 6,00 0,75 6,30 0,48

Largura do fruto

(mm) 3,83 0,52 4,50 0,38

Relação

comprimento e

largura do fruto

(mm)

1,60 0,14 1,41 0,10

Número de

sementes 12,9 1,08 11,71 0,83

Comprimento da

semente (mm) 2,05 0,35 2,30 0,21

Largura da

semente (mm) 1,18 0,28 1,30 0,11

Relação

comprimento e

largura da

semente (mm)

1,86 0,29 1,72 0,12

Peso de 100

sementes (g) 0,15 0,15 0,08 0,11

A variação observada entre número e o tamanho das sementes, são

informações importantes, uma vez que elas estão diretamente relacionadas com a

germinação e vigor da espécie, o que repercute no estabelecimento da planta no

ambiente, além de influenciar na distribuição e dinâmica da população (ROSA;

FERREIRA, 2001).

A característica que mais contribuiu para a divergência genética entre os

genótipos estudados foi peso de massa seca da folha (Tabela 5), o que indica que

Caracterização morfológica de frutos e sementes das populações C.

grandiflora analisadas.

Page 41: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

41

existem diferenças em relação à área foliar desses genótipos, visto que o peso de

massa seca é influenciado pelas dimensões foliares da planta, estando intimamente

relacionado com o processo fotossintético.

Tabela 5

Descritores S.j %

Peso de massa seca da

folha

590,89 16,04

Comprimento da

semente

302,39 8,21

Diâmetro da altura do

peito

281,04 7,63

Comprimento do pecíolo 255,91 6,94

Índice foliar 255,87 6,94

Largura do fruto 235,85 6,40

Comprimento do limbo 235,68 6,39

Largura do limbo 218,18 5,92

Largura da semente 213,34 5,79

Peso de 100 sementes 208,78 5,66

Relação comprimento e

largura da semente

204,95 5,56

Relação comprimento e

largura do fruto

197,41 5,36

Número de sementes

por fruto

196,64 5,34

Comprimento do fruto 146,06 3,96

Peso do fruto 140,02 3,80

O método de agrupamento de Tocher foi eficiente na discriminação dos

indivíduos geneticamente, permitindo agrupá-los de tal forma que exista

homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre grupos. Esta análise

reuniu os genótipos das duas populações em seis grupos distintos (Tabela 6).

Contribuição relativa de caracteres para divergência genética entre duas

populações de C. grandiflora do Cerrado piauiense, com base em 15

descritores morfológicas, pelo método de SINGH (1981).

Page 42: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

42

O grupo I reuniu o maior número de genótipos (87,5%). Todas as plantas da

população de Cocal de Telha concentram-se neste grupo, além de 75% da

população do Parque Nacional de Sete Cidades. Os grupos II, III, IV, V e VI são

constituídos apenas por representantes do Parque, sendo que os grupos III e IV são

formados por dois genótipos e os grupos V e VI apresentam um único representante.

Pelas distâncias intergrupos foi constada maior dissimilaridade genética entre

os grupos V e VI (0,57) (Tabela 7). Como concentram indivíduos pertencentes à

população do Parque Nacional de Sete Cidades, os genótipos mais divergentes

estão presentes nesta unidade de conservação.

A interpretação do método de Tocher indica maior variabilidade genética

dentro das populações de C. grandiflora, com pouca diferenciação entre as

populações, uma vez que a maioria dos indivíduos do Parque Nacional de Sete

Cidades estão agrupados juntos com os de Cocal de Telha.

A baixa diferenciação genética entre as populações, pode estar relacionada à

biologia reprodutiva da espécie, a qual apresenta uma taxa de polinização cruzada

acima de 95% (alógama), portanto esta espécie mantém a maior parte da sua

variação genética dentro das suas populações que entre elas.

Page 43: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

43

Tabela 6

Grupo Genótipos

I

(Parque Nacional Sete Cidades +

Cocal de Telha)

G-48, G-73, G-76, G-65, G-56, G-55,

G-78, G-51, G-80, G-71, G-69, G-64,

G-66, G-49, G-50, G-58, G-57, G-62,

G-72, G-70, G-47, G-60, G- 46, G-68,

G- 67, G-79, G-44, G-63, G-59, G-77,

G-53. G-54, G-52, G-45, G-74, G-7,

G-61, G-41, G-43, G-1, G-75, G-39,

G- 42, G-23, G-20, G-19, G-28, G-38,

G-29, G-30, G-6, G-18, G-5, G-33, G-

35, G-32, G-2, G-27, G-37, G-25, G- 4

G- 8, G-12, G-17, G-34, G-10, G- 26,

G-31, G-36, G-3.

II

(Parque Nacional Sete Cidades)

G-16, G-40, G-14, G-15

III

(Parque Nacional Sete Cidades) G-9, G-11

IV

(Parque Nacional Sete Cidades)

G-22, G-24

V

(Parque Nacional Sete Cidades) G-21

VI

(Parque Nacional Sete Cidades) G-13

Agrupamento dos genótipos das duas populações de C. grandiflora

coletadas no Parque Nacional de Sete Cidades (G-1 a G-40) e

Cocal de Telha (G-41 a G-80), com base em 15 descritores

morfológicos, pelo método de Tocher.

Page 44: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

44

.

Tabela 7

I II III IV V

I 0,24

II 0,33 0,24

III 0,38 0,36 0,23

IV 0,30 0.34 0,43 0,26

V 0,33 0,43 0,49 0,32

VI 0,48 0,33 0,35 0,49 0,57

No agrupamento pelo método UPGMA (Figura 7), observa-se a formação de

seis grupos, a mesma quantidade observada no método de otimização de Tocher

(Tabela 6). O sexto grupo do método de Tocher é constituído apenas pelo genótipo

G-13 que pela análise UPGMA pertence ao grupo II. Este grupo, por sua vez, reúne

17,5% dos indivíduos do Parque Nacional de Sete Cidades e 21,25% de Cocal de

Telha, agrupando a maior parte dos genótipos de ambas populações.

Os grupos I, III, IV e V reúnem respectivamente 17,5%, 11, 25%, 1,25% e

3,75% dos genótipos do Parque Nacional de Sete Cidades 16,25%, 7,5%, 1,25% e

2,5%, respectivamente, dos genótipos de Cocal de Telha. Desta forma, todos os

grupos formados a partir do método UPGMA reuniram genótipos das duas

populações, o que fortalece a proximidade genética entre as mesmas e uma

possível complementariedade entre os genótipos.

O desempenho da análise do agrupamento, com base em descritores

morfológicos, foi revelado através do coeficiente de correlação cofenética (ccc).

Segundo Rohlf (1970) valores de correlação cofenética menores que 0,70 indica

inadequação do método de agrupamento. No presente estudo a correlação

cofenética do dendrograma foi igual a 0,73, o que indica que o método de UPGMA

foi adequado no agrupamento dos genótipos.

Distância inter e intragrupos pelo método de Tocher de duas

populações de C. grandiflora Camb. coletadas no Cerrado piauiense

com base em caracteres morfológicos.

Page 45: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

45

Figura 7

Dendrograma resultante da análise multivariada em duas populações de C.grandiflora, com

base em 15 descritores morfológicos, pelo método de agrupamento UPGMA. (Coeficiente de

Correlação Cofenética=0,72). Fonte: SAS 9.0 (2002)

Page 46: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

46

O principal objetivo da análise de componentes principais é revelar as

tendências na variação dos genótipos dentro de todo o conjunto de dados

analisados.

A partir das médias dos quinze descritores morfológicos foram fornecidos

valores para variância, porcentagem da variância e variância acumulada de cada

componente principal (Tabela 8).

O primeiro componente principal respondeu 31,57% da variação total,

enquanto os dois primeiros componentes acumularam 42,09% da variância total. De

acordo com o critério de Kaiser (1960), selecionaram-se os cinco primeiros

componentes principais, já que foram obtidos autovalores superiores a 1,0. Estes

componentes principais explicaram 74,58% da variação.

Cruz et al. (2011), relata que o ideal é que os dois primeiros componentes

principais concentrem a maior quantidade de variância dos dados para que haja

divergência entre grupos de genótipos.

Contudo, há estudos em que a análise tem se mostrado eficaz na avaliação

da diversidade genética, mesmo quando este limite não é atingido. Vieira et al.

(2014), ao utilizarem o método de componentes principais para revelar as principais

tendências de variações da forma da folha de duas espécies do gênero Anacardium,

indicaram que onze descritores são necessários para expressar mais de 80% da

variação e mesmo assim, os escores desses componentes possibilitaram distinguir

os grupos das variáveis.

Tabela 8

Componente Autovalor Variância (%) Variância

acumulada

1 4,74 31,57 31,57

2 2,06 13,71 45,28

3 1,76 11,71 56,98

4 1,49 9,925 66,91

5 1,15 7,67 74,58

6 0,921 6,14 80,72

Estimativa dos autovalores associados aos componentes principais e sua

variância percentual e acumulada dos 15 caracteres morfológicos, em C.

grandiflora.

Continua...

Page 47: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

47

Conclusão...

Tabela 8

Componente Autovalor Variância (%) Variância

acumulada

7 0,782 5,21 85,93

8 0,716 4,77 90,70

9 0,529 3,52 94,23

10 0,442 2,94 97,17

11 0,368 2,45 99,62

12 0,021 0,14 99,76

13 0,019 0,13 99,89

14 0,009 0,06 99,95

15 0,007 0,05 100,0

Os caracteres que mais contribuíram para a variabilidade do componente

principal 1 foram a largura da semente, relação comprimento e largura do fruto,

largura do fruto, número de sementes por fruto e comprimento da semente, podendo

serem reunidos no grupo denominado estruturas reprodutivas da planta. No

componente principal 2, os componentes que mais contribuíram para variabilidade

foram comprimento do pecíolo, relação comprimento e largura do fruto e número de

sementes por fruto, que representam os componentes morfométricos de folhas e

frutos.

No gráfico biplot (Figura 8) no qual foram plotados os componentes principais

1 e 2 (Tabela 8), é possível perceber que o genótipo G-13 é o mais divergente em

relação aos demais indivíduos. Pelo método de Tocher, este genótipo não foi

agrupado com nenhum outro, sendo o único representante do grupo VI.

Para os genótipos G-9 e G-11 é possível observar, por meio do gráfico, que

estão próximos e apresentam uma correlação entre as características peso do fruto,

largura da semente, relação comprimento e largura da semente e índice foliar. Pelo

método de Tocher estes genótipos constituem o grupo III (Tabela 7). Tanto o gráfico

biplot quanto o método de agrupamento de Tocher apresentaram semelhanças na

associação de alguns genótipos, por exemplo G-13; G-9 e G-11; G-22 e G-24.

Estimativa dos autovalores associados aos componentes principais e sua

variância percentual e acumulada dos 15 caracteres morfológicos, em C.

grandiflora.

Page 48: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

48

A caracterização morfológica de C. grandiflora permitiu conhecer quais os

descritores que mais contribuem para a divergência genética e forneceu subsídios

para o conhecimento dos padrões de variação fenotípica das duas populações,

sendo que maior parte da variação genética está localizada dentro das populações e

a população do Parque Nacional de Sete Cidades apresenta a maior diversidade

genética.

Page 49: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

49

Figura 8 Gráfico biplot entre os dois primeiros componentes principais para os quinze descritores avaliados em duas populações de

C.grandiflora. Fonte: SAS 9.0 (2002)

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50

4.2 Caracterização Molecular

4.2.1 Transferibilidade dos locos microssatélites.

Dos dez iniciadores microssatélites de C. sylvestris (Tabela 1) testados,

apenas três foram transferidos com sucesso para C. grandiflora (Csy04, Csy08,

Csy11), dos quais apenas os iniciadores Csy04 e Csy 11 (Figura 9) caracterizaram-

se polimórficos para as populações em estudo. Considerou-se polimórfico o loco

cuja frequência do alelo mais comum é igual ou inferior a 0,99 (FRANKHAN et al.,

2008).

Figura 9

A transferência interespécies de locos microssatélites nucleares é altamente

desigual entre os táxons, apresentando uma taxa elevada nos animais e sendo

altamente variável em plantas (BARBARÁ et al., 2007).

A transferibilidade de microssatélites entre as espécies do mesmo gênero

botânico, na maioria das vezes, é bem sucedida, com sucesso em 60% nas

eudicotiledôneas e 40% nas monocotiledôneas. No presente estudo, apenas uma

pequena parte dos iniciadores testados amplificaram.

As regiões alvo de anelamento dos indicadores microssatélites nucleares de

C. sylvestris, podem ter sofrido modificações em C. grandiflora, durante o processo

de diferenciação destas espécies, o que confirma que as regiões de ligação destes

sete iniciadores não estão conservadas o suficiente para permitir a amplificação do

loco.

A presença de baixo polimorfismo pode ser decorrente da fixação de alelos

nulos (CHAMBERS e MACAVOY, 2000). Alelo nulo corresponde a falha na

amplificação de um dos alelos devido a ocorrência de mutação na sequência

iniciadora do loco. Alelos nulos tem sido encontrados em mais de 25% de locos

Perfil do gel correspondendo ao iniciador SSR nuclear Csy11, genotipado no estudo de duas populações de C.grandiflora. Número ao lado na vertical indica tamanho do marcador por pares de bases. Fonte: COSTA, M.F., 2015

Page 51: Diversidade genética em populações de Casearia grandiflora no ...

51

microssatélites, chegando a atingir uma frequência superior a 15% (JARNE;

LAGODA, 1996).

Para os 40 indivíduos avaliados, provenientes do Parque Nacional de Sete

Cidades, foram obtidos apenas 6 alelos. O polimorfismo foi baixo para os dois locos

analisados. O número de alelos por locos foi quatro para Csy11 e dois para Csy04 e

o número efetivo de alelos foi de 1,16 a 2,51 para os dois locos Csy04 e Csy11,

respectivamente. O loco Csy11 apresentava-se em Equilíbrio de Hardy-Weinberg

com coeficiente de endogamia significativamente negativo (f = -0,12).

Na população de Cocal de Telha foram também encontrados 6 alelos, e o

número efetivo de alelos foi de 1,02 a 2,74 para os locos Csy04 e Csy11,

respectivamente. Os locos Csy04 e csy11 encontram-se em equilíbrio de Hardy-

Weinberg, ambos com coeficiente de endogamia negativo.

A heterozigosidade observada para a população do Parque Nacional de Sete

Cidades variou de 0,0 (Csy04) a 0,67 (Csy11), já heterozigosidade esperada variou

de 0,14 (Csy04) a 0,60 (Csy11). A heterozigosidade observada para a população de

Cocal de Telha variou de 0,03 (Csy04) a 0,70 (Csy11) e a heterozigosidade

esperada variou de 0,03 (Csy04) a 0,63 (Csy11).

O baixo nível de polimorfismo encontrado pode estar relacionado não

somente a ineficácia na transferibilidade, mas também ao alto grau de uniformidade

da população e ao baixo número de populações analisadas. Desta forma, a

amostragem utilizada não foi suficiente para detectar variação genética.

Moreira et al. (2013) tiveram êxito ao transferir nove primers de

microssatélites nucleares de Enterolobium cyclocarpum para E. contortisiliquum,

com oito primers polimórficos para cinco populações da região Central do Brasil,

sendo que o número médio de alelos por loco foram seis e para a maioria dos locos

a heterozigosidade observada foi maior que a heterozigosidade esperada, sob

equilíbrio de Hardy-Weinberg.

O potencial para amplificação heteróloga de microssatélites é limitado

(BARBARÁ et al., 2007). Embora microssatélites possam ser conservados em

distâncias evolutivas maiores, sua transferência para além do nível de gênero,

muitas vezes é limitada (BOUCK; VISION, 2007).

Os locos microssatélites nucleares utilizados no presente estudo não foram

eficientes para avaliar a diversidade genética das populações, já que o número de

locos microssatélites transferidos foi pequeno. Isto levanta questões sobre o papel

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das taxas de mutações na evolução das sequências de microssatélites entre

espécies diferentes.

Além disso, é necessário que seja desenvolvidos primers específicos para C.

grandiflora, visto que há poucos estudos sobre esta espécie, e por isso, deve ser

melhor avaliada para conhecer a distribuição de sua variabilidade genética.

4.2.2 Diversidade haplotípica

Dos 19 iniciadores universais testados de DNA cloroplastidial (Tabela 2), 12

possibilitaram a amplificação de produtos via PCR: ccpm1, ccpm2, ccpm7, ccSSR-3,

ccSSR-4, ccSSR-5, ccSSR-6, ccSSR-9, ccSSR-10, ccSSR-11, ccSSR-20 e ccSSR-

22, sendo possível detectar polimorfismo para sete iniciadores ccSSR-3, ccSSR-4,

ccSSR-6, ccSSR-9, ccSSR-10, ccSSR-11 e ccSSR-22 (Figura 10), permitindo a

obtenção de 10 haplótipos para as populações estudadas (Tabela 9).

Figura 10

Cavallari et al. (2009), em estudo sobre amplificação dos locos microssatélites

cloroplastidiais em C. sylvestris, observaram que os pares de primers ccmp1, ccmp7,

ccmp8 e ccmp9 não amplificaram e que o primer ccmp6 foi monomórfico.

O loco ccSSR-10, foi o que mais contribuiu com sítios polimórficos para a

população do PNSC, revelando o maior número de haplótipos em relação aos

demais locos. A provável explicação, está relacionada ao fato de que os sítios

polimórficos do loco ccSSR-10 sofreu um maior número de mutações, culminando

em um maior número de alelos por loco. Para a população de Cocal de Telha a

grande maioria dos locos são monomórficos, sendo apenas o primer ccSSR-3

polimórfico para esta população.

Perfil do gel correspondendo ao loco ccSSR-22 genotipados no estudo de duas populações de C.grandiflora. Fonte: COSTA, M.F, 2015.

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Tabela 9 Frequência de haplótipos por populações de C. grandiflora.

Haplótipo de

cpDNA População PNSC População Cocal de Telha

1 00,025 0,00

2 00,025 0,00

3 00,025 0,00

4 00,025 0,00

5 00,025 0,00

6 00,025 0,00

7 0,050 0,00

8 0,400 0,00

9 0,400 0,925

10 0,00 0,075

As informações haplotípicas foram incorporadas a uma análise de variância

molecular (AMOVA), derivada de uma matriz de distâncias quadradas entre os pares

de haplótipos, produzindo estimativas dos componentes de variância, refletindo a

diversidade haplotípica em diferentes níveis de subdivisão hierárquica (Tabela 10).

Os resultados da análise de variância molecular mostram que a maior parte

da variação genética está localizada dentro das populações (85%) e apresentam um

índice de estruturação moderado (FST = 0,14). Os dados encontrados nesta análise

indicam a existência de uma conectividade entre as populações, sendo que a

biologia reprodutiva da espécie é um fator importante para explicar a uniformidade

genética observada nas populações, visto que é uma espécie preferencialmente

alógama, ou seja, realizam polinização cruzada em uma taxa acima de 95%.

Espécies alógamas, ao contrário das autógamas, tendem apresentar altos

índices de variabilidade genética dentro de populações e baixa diferenciação

genética entre as populações (ZANELLA et al, 2012).

Com base nos dados das frequências haplotípicas (Tabela 9), é possível

verificar que o haplótipo 9 é o mais frequente em ambas populações com frequência

de 40% para o do Parque Nacional de Sete Cidades e 92,5% para Cocal de Telha,

portanto a baixa diferenciação genética observada entre as duas populações está

relacionada ao compartilhamento deste haplótipo entre as populações. Conforme

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Moreno (2009), quando populações compartilham um mesmo haplótipo, pode-se

inferir a presença de um ancestral remoto comum entre elas.

O valor observado para o FST (0,14) indica moderada diferenciação genética

entre as populações. Ao analisarmos novamente a Tabela 9, podemos notar que

embora ambas as populações compartilhem o haplótipo 9, a população do Parque

Nacional de Sete Cidades apresenta oito haplótipos que não foram observados em

Cocal de Telha, o que reforça a ideia de uma moderada estruturação populacional,

podendo até ser um indício de uma futura estruturação populacional.

Tabela 10

Fonte de variação GL Soma de

quadrados Variação (%)

Entre populações 1 35,875 15

Dentro de Populações 78 354,250 85

Total 79 390,135 100

FST 0,14

*GL= grau de liberdade. Significância calculada usando 1.000 permutações.

A população do PNSC houve a formação de nove haplótipos (n = 9), com a

diversidade haplotípica de h= 0,674. O número efetivo de haplótipos (ne = 3,065) foi

menos que a metade do número total de haplótipos. A população de Cocal de Telha

apresentou o menor número de haplótipos (n = 2) e a menor diversidade haplotípica

(h= 0,139), quando comparada com a população da área de conservação do PNSC

(Tabela 11). O número de haplótipos privados foi mais elevado no PNSC (ne= 8) do

que nos indivíduos de Cocal de Telha (ne= 1).

Tabela 11:

População n ne np h

PNSC 9 3,065 8 0,674

CCT 2 1,161 1 0,139

* n= número de haplotipos, ne = número efetivo de haplótipos, np = número de haplótipos privados, h =

diversidade haplótipica, PNCS = População do Parque Nacional de Sete Cidades, CCT= População

de Cocal de Telha.

Análise da variância molecular entre e dentro de populações de Casearia

grandiflora.

Estimativa de parâmetros de diversidade genética para haplótipos

cloroplastidiais nas populações de C.grandiflora.

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Na análise da rede de haplótipos (Figura 11), a posição central indica o

haplótipo mais frequente, neste caso o 9, como já dito anteriormente este haplótipo é

compartilhado entre as duas populações e possivelmente o haplótipo ancestral dos

demais, uma vez que segundo a teoria da coalescência (KINGMAN, 1982) os

haplótipos mais frequentes provavelmente são provenientes dos ancestrais mais

antigos.

O haplótipo 9 diferencia-se dos haplótipos 10, 3 e 8 por um passo mutacional,

o haplótipo 8 diferencia-se dos haplótipos 5,6 e 7 também por um passo mutacional,

enquanto o haplótipo 5 difere do haplótipo 2 por dois passos mutacionais.

Figura 11

Rede de haplótipos, o tamanho de cada círculo é proporcional a

frequência geral de cada haplótipo. As cores dos círculos indicam a

ocorrência destes haplótipos em 2 grupos populacionais (azul claro:

Parque Nacional de Sete Cidades; azul escuro: Cocal de Telha).

Cada traço representa um passo mutacional. Fonte: NETWORK

4.610

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56

Em relação à estruturação genética das populações, os resultados da análise

bayesiana indicaram um K = 2 (Figura 12) a partir da estimativa de Evanno et al.

(2005). Apesar desta análise indicar a presença de duas populações, esta estimativa

não foi observada pelo gráfico de barras do Structure, o qual não detectou diferença

genética entre os indivíduos das duas populações, indicando que elas não estão

estruturadas.

Figura 12

A DAPC é uma ferramenta excelente para explorar a estrutura genética das

populações sem fazer suposições de panmixia. Assim, esta técnica fornece uma

alternativa ao métodos de agrupamento bayesianos como Structure (Pritchard et al.,

2000). Por meio dessa análise é possível verificar que as populações do Parque

Nacional de Sete Cidades e de Cocal de Telha estão sobrepostas, indicando baixa

diferenciação genética entre as mesmas, confirmando ausência de estruturação

genética.

Apesar das populações não estarem estruturadas, é possível perceber que os

indivíduos do Parque Nacional de Sete Cidades são mais divergentes

geneticamente em relação a população de Cocal de Telha, que apresenta um

padrão de distribuição mais uniforme, como é possível detectar no gráfico de DAPC

(Figura 13). Esse fato pode ser justificado, uma vez que a população de Cocal de

Valores de ΔK, calculado de acordo com o proposto por EVANNO et

al. (2005). O maior valor de ΔK corresponde ao K mais provável, que

no gráfico corresponde a K=2.

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Telha está mais susceptível as pressões antrópicas, que podem vir a comprometer a

manutenção da variabilidade genética.

Figura 13

A caracterização morfológica e a molecular, mostraram-se metodologias úteis

na análise da diversidade genética de populações de C. grandiflora do Cerrado

piauiense. Tanto os métodos de agrupamento baseados nos descritores fenotípicos,

quanto a análise de variância molecular dos locos de microssatélites cloroplastidiais,

apontaram uma maior uniformidade genética entre as populações do que dentro

delas.

Análise discriminante de componentes principais (DAPC). Em

verde população do Parque Nacional de Sete Cidades e em azul

população de Cocal de Telha. Fonte: Pacote adegenet para R,

versão 2.11.

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Pela análise molecular foi possível estimar a diversidade haplotípica, a qual

sugeriu que existem diferenças na diversidade genética de C. grandiflora da

população da unidade de conservação do Parque Nacional de Sete Cidades e da

população da área sob intervenção antrópica do município de Cocal de Telha. Estes

resultados revelam que a população sob menor influência antrópica abriga maior

diversidade genética e confirmam a eficiência das unidades de conservação para a

preservação da diversidade genética da espécie.

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5 CONCLUSÕES

Os descritores morfológicos e moleculares detectaram a presença de

variabilidade genética principalmente dentro das populações de C.

grandiflora.

Apenas um terço dos iniciadores de microssatélites desenvolvidos para C.

sylvestris foram transferíveis para C. grandiflora.

A população natural do Parque Nacional de Sete Cidades apresenta uma

maior diversidade haplotípica que a população antropizada de Cocal de

Telha, o que reforça a importância das unidades de conservação na

manutenção da biodiversidade.

O índice de diferenciação genético entre as populações foi moderado

(FST=0,14).

As populações não encontram-se geneticamente estruturadas.

.

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