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Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico de Vitória
Curso de Graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na
Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil
Vitória de Santo Antão, agosto de 2012.
Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico de Vitória
Curso de Graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na
Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil
“Monografia apresentada ao Curso de Graduação
em Licenciatura em Ciências Biológicas como
requisito para a Disciplina Eletiva de
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)”.
Autora: Rita Dayane Coutinho da Silva
Orientadora: Dra. Ana Cristina Lauer Garcia
Co-orientador: Dr. Martín Alejandro Montes
Vitória de Santo Antão, agosto de 2012.
Rita Dayane Coutinho da Silva
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na
Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil
APROVADO EM____/____/____.
Orientadora: Dra. Ana Cristina Lauer Garcia
Co-Orientador: Dr. Martín Alejandro Montes
AVALIADORES:
___________________________________________
Dra. Ana Cristina Lauer Garcia
Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico de Vitória
___________________________________________
Dra. Norma Machado Silva
Professor Visitante
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, FIOCRUZ-Recife
_____________________________________________
Msc. Zilpa das Graças da Silva
Pesquisadora
Grupo de Pesquisa Genética e Evolução Cromossômica - UFPE
Vitória de Santo Antão, agosto de 2012.
DEDICATÓRIA
A todos que de fato estiveram comigo nesta longa caminhada. E em especial a minha
querida tia Maria Jose Coutinho, por todo apoio no decorrer desses anos. “Os caminhos
estreitos nos levam as melhores conquistas, as dificuldades são os degraus que subimos
cada vez que cumprimos uma etapa” (Rita Dayane)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente e unicamente ao Senhor nosso Deus, que criou o céu e
Terra, toda honra e toda gloria sejam dadas a ele.
A minha família. A família é a base da sociedade, a qual procuramos apoio nas
horas de dificuldade, onde encontramos refugio para o descanso todos os dias, enfim
pela qual nada seriamos, pelo apoio e paciência, mas especialmente a minha tia Maria
Jose.
Ao meu namorado Antonio Neto, por toda força que me deu durante esses anos
de muito trabalho e pesquisa, pela presença constante e paciência, me levar na FACEPE
para resolver todas as burocracias do projeto e o apoio moral na apresentação oral.
A todos os meus amigos de coração que conheci durante esta caminhada,
especialmente Klecianne Melo, quem me apresentou no Laboratório de Genética –
CAV; Gleyse Audria pela parceria dos primeiros trabalhos; Wanessa Botelho pela
paciência durante os meus primeiros passos no laboratório com a eletroforese; Geórgia
Fernanda Oliveira pelo companheirismo e por tudo que me ensinou na teoria e na
pratica sobre identificações de drosofilideos, alem da amizade fora do âmbito da
pesquisa; Janaina Juca por todas as nossas coletas realizadas e a satisfação de tarefa
cumprida; Amanda Monteiro, por todos os ensinamentos com as identificações da
genitália do subgrupo willistoni; Evelane Lima pelo apoio nas contagens da
mosquinhas; Cleciana Souza pelos meios de cultura que por ela foram me cedidos;
Lucia por toda agilidade em lavar os vidros de meio de cultura; e a todos que juntos
desde agosto de 2010 fizeram do Laboratório (nosso LAB) um ambiente de pesquisa e
trabalho e, sobretudo um local onde brotaram grandes amizades e momentos de
descontração, são eles: Diva Silva, Thiago Henrique (Tico), Cícero Jorge, Eliezer, Liv
Monteiro, Barbara, Erima, Isla, Jacqueline, Renata, Ayla, Kassia.
A todos os meus amigos da Universidade pelo apoio e incentivo, Daniele
Campos, Maurília Palmeira da Costa, Tamiris Rocha e Juliane Vanessa (pelo apoio
moral e físico na FACEPE), Monica Barbosa e Joélicia Clécia, estas são as partes
coloridas da vida universitária – A amizade.
A minha orientadora Ana Lauer Garcia pela paciência em todo processo de
aprendizagem pelo qual passei para chegar a esta etapa final, pela parceria e amizade
unidas a sinceridade, ao incentivo constante e a forma pela qual organiza nosso
cronograma de pesquisa.
A professora Cláudia Rohde pelo incentivo a pesquisa e por formar junto com a
professora Ana um Laboratório que tem um constante crescimento físico e cientifico.
Ao meu co-orientador Martin Alejandro, por todas as coletas realizadas nesse
trabalho, pela adição de seus conhecimentos nos trabalhos realizados de grande
relevância na analise dos resultados, é mais que um colaborador, faz parte da nossa
equipe, contribuindo diretamente em nossas pesquisas.
LISTA DE SÍMBOLOS
Km² quilômetros quadrados
mm milímetros de precipitação
As’ clima tropical com estação seca de Verão
N numero total de espécies
Sobs riqueza de espécies observada
Srar riqueza estimada das espécies pelo método de rarefação
H' índice da heterogeneidade de Shannon-Wiener
Evar índice de regularidade de Smith-Wilson
S sul
W norte
LISTA DE ABREVIATURAS
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITA Estação Experimental de Itapirema
DAR Refugio Ecológico de Charles Darwin
TAP Estação Ecológica de Tapacurá da UFRPE
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
SNPA Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
KOH Hidróxido de potássio
FACEPE Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa de abrangência dos biomas brasileiros na época do descobrimento do
Brasil. Fonte: IBGE (2004). Pagina 3.
Figura 2. Mapa do Brasil representando o domínio original de Floresta Atlântica e seus
remanescentes atuais. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto de Pesquisas
Espaciais e Instituto Socioambiental (2010). Pagina 4.
Figura 1. Mapa do Brasil e do Estado de Pernambuco indicando a localização dos
municípios de Goiana, onde está situada a Estação experimental de Itapirema (ITA); de
Igarassu, onde se encontra o Refúgio Ecológico Charles Darwin (DAR) e do município
de São Lourenço da Mata, onde está a Estação Ecológica de Tapacurá (TAP). Pagina
19.
Figura 2. Fotos de satélite das três áreas de Floresta Atlântica investigadas no presente
estudo. A) Estação Experimental de Itapirema, B) Refúgio Ecológico Charles Darwin e
C) Estação Ecológica de Tapacurá. Fonte: Google Earth (2012). Pagina 20.
Figura 3. Abundância relativa (%) das espécies mais comuns de drosofilídeos nos
diferentes locais de amostragem durante o mês de outubro de 2010, período de maior
pluviosidade. ITA=Estação experimental de Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico
Charles Darwin e TAP= Estação Ecológica de Tapacurá. Pagina 25.
Figura 4. Abundância relativa das espécies mais comuns de drosofilídeos coletadas nos
diferentes locais de amostragem durante o mês de março de 2011, período de maior
estiagem. ITA=Estação experimental de Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico Charles
Darwin e TAP= Estação Ecológica de Tapacurá. Pagina 26.
Figura 5. Abundância relativa de espécies nativas e exóticas de drosofilídeos nos
diferentes locais de amostragem durante o período de maior e menor pluviosidade.
Pagina 28.
Figura 6. Dendograma de similaridade obtido pelo índice de Morisita. Pagina 29.
LISTA DE TABELAS Tabela 1. Lista das espécies e da abundância absoluta de drosofilídeos amostradas nos
diferentes locais e períodos de coleta no presente estudo. ITA=Estação experimental de
Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico Charles Darwin e TAP= Estação Ecológica de
Tapacurá. Pagina 24.
Tabela 2. Medidas de diversidade para os drosofilídeos coletados nos três fragmentos de
Floresta Atlântica investigados no presente estudo no período mais chuvoso (outubro de
2010) e no período mais seco (março de 2011). Sobs= número observado de espécies,
H’= Índice de Heterogeneidade de Shannon-Wiener, Evar= Índice de Equitabilidade de
Smith-Wilson, N= Número de indivíduos coletados. Pagina 27.
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 A família Drosophilidae ................................................................................1
1.2 A Floresta Atlântica.........................................................................................3
1.3 Drosofilídeos na Floresta Atlântica ................................................................6
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
CAPÍTULO II
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na Floresta Atlântica do Nordeste do
Brasil................................................................................................................................13
CAPÍTULO III
Considerações Finais ......................................................................................................38
Anexo...............................................................................................................................39
1
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
1.1 A família Drosophilidae
A família Drosophilidae abriga 4.157 espécies de pequenas moscas (BÄCHLI,
2012), sendo considerada uma das maiores famílias da ordem Diptera. Está constituída
por 73 gêneros, do qual Drosophila, com 1.161 espécies, corresponde a quase 30% das
espécies já descritas, sendo o gênero mais especioso da família (BÄCHLI, 2012).
Os drosofilídeos apresentam ampla distribuição geográfica, ocorrendo em
diversos tipos de ecossistemas (BÄCHLI, 2012). São consumidores primários de
microorganismos, principalmente leveduras, associadas a frutos em estágios iniciais de
decomposição (CARSON, 1971). Caracterizam-se por serem insetos de elevada
abundância e de fácil captura na natureza, apresentam ciclo de vida curto e são
extremamente sensíveis às mudanças em seus ambientes (POWELL, 1997; MATA et
al., 2008). Algumas espécies têm sido cruciais para o conhecimento da genética e da
teoria evolutiva e, mais recentemente, para os avanços na área da Biologia do
desenvolvimento, da Biologia molecular e da Ecologia (BROOKES, 2001; MATA et
al., 2010). No entanto, quando consideramos o potencial dos drosofilídeos para os mais
diversos tipos de investigações, Powell (1997) salienta que estes organismos ainda são
pouco explorados no que se refere aos estudos ecológicos, mesmo sendo tão adequados
para esta finalidade.
As primeiras amostragens de drosofilídeos no Brasil ocorreram do século XX,
com a contribuição do pesquisador alemão Oswald Duda (DUDA, 1925). Somente a
partir dos anos de 1940, no entanto, estas amostragens foram intensificadas em
diferentes regiões do país, oportunizando a descrição de novas espécies e um
conhecimento mais aprimorado da fauna de drosofilídeos brasileiros (DOBZHANSKY
& PAVAN, 1943; PAVAN & CUNHA, 1947; PAVAN, 1950; FROTA-PESSOA,
1954). Estes estudos foram seguidos pelas primeiras investigações focadas no
conhecimento das relações ecológicas de nossa fauna de drosofilídeos
(DOBZHANSKY & PAVAN, 1950; PAVAN, 1959). Atualmente já foram registradas
2
mais de 300 espécies da família Drosophilidae no Brasil (GOTTSCHALK et al., 2008)
e vêm crescendo o número de pesquisadores brasileiros interessados em aprofundar o
conhecimento faunístico acerca destes insetos (MARTINS, 1989; SAAVEDRA et al.,
1995; SILVA et al., 2005; MATEUS et al., 2006; MATA et al., 2008, 2010).
Apesar dos diversos estudos desenvolvidos nos últimos anos, alguns autores
mencionam que em alguns ambientes inseridos em localidades amplamente
investigadas, tal como o Estado de São Paulo, metade das espécies da fauna de
drosofilídeos ainda permanece desconhecida (MEDEIROS & KLACZKO, 2004). Este
fato pode ser comprovado pelo registro inédito de determinadas espécies em diversos
estados ou regiões do país (DE TONI et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2009;
HOCHMÜLLER et al., 2010; ROHDE et al., 2010). Grande parte das espécies da
família Drosophilidae possui poucos registros, sendo que muitas delas são conhecidas
somente por suas localidades tipo (VAL et al., 1981; GOTTSCHALK et al., 2008).
Nos últimos anos, embora muitos inventários tenham sido publicados acerca da
fauna de drosofilídeos brasileiros, ainda se observa carência neste tipo de estudo,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país (GOTTSCHALK et al., 2008).
Outro problema é o fato de muitas amostragens se resumirem a avaliação da diversidade
de espécies de apenas um gênero da família, Drosophila (GOTTSCHALK et al., 2008).
Com o grande objetivo de mudar este quadro para a região Nordeste do Brasil,
nosso grupo iniciou, a partir de 2008, um levantamento da fauna de drosofilídeos e
estudos ecológicos em diferentes fitofisionomias de Pernambuco, incluindo ambientes
de Floresta Atlântica, Brejos de Altitude, Manguezais e Caatinga (CABRAL, 2010;
SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2011). Nestes estudos iniciais já elevamos o número de
espécies de drosofilídeos registradas para o estado de 14 para 95. Este resultado reflete a
necessidade de novos levantamentos nesta região, a fim de continuar contribuindo para
o melhor conhecimento da biodiversidade dos ecossistemas de Pernambuco.
A exemplo da Floresta Atlântica, muitos biomas de Pernambuco encontram-se
fortemente impactados pela ação antrópica. O conhecimento da diversidade de
drosofilídeos nestes ambientes, aliado ao potencial destes organismos como modelos
para estudos ecológicos, podem contribuir para elaboração de planos de conservação e
manejo para preservação de diferentes espécies. Levantamentos taxonômicos assumem
um papel fundamental neste contexto, uma vez que é a partir do conhecimento e da
3
descrição de novas espécies que se torna possível o desenvolvimento de outros estudos,
inclusive aqueles voltados à Biologia da conservação.
1.2 A Floresta Atlântica
O Brasil é, a nível mundial, um dos países detentores de maior biodiversidade,
apresentando cerca de 10% dos organismos existentes no mundo e 30% das florestas
tropicais (MITTERMEIR et al., 1992). Devido a sua grande dimensão territorial e sua
localização, o Brasil abriga uma grande diversidade de biomas e ecossistemas. De
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Brasil ocorrem
seis biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Floresta Atlântica, Pantanal e Pampa
(IBGE, 2004). A área de provável abrangência destes biomas no território nacional na
época do descobrimento é ilustrada na Figura 1.
Figura 1. Mapa de abrangência dos biomas brasileiros na época do
descobrimento do Brasil. Fonte: IBGE (2004).
Dentre os biomas brasileiros mais ameaçados nos últimos anos pela ação
antrópica salienta-se a Floresta Atlântica. Este bioma ocupava toda a faixa da costa
4
continental atlântica do nosso país, se estendendo para o interior das regiões Sul e
Sudeste (Figura 1), IBGE (2004). A destruição da Floresta Atlântica começou há mais
de 500 anos com a chegada dos colonizadores. Na época do descobrimento, este bioma
correspondia a segunda maior formação florestal tropical da América do Sul (VELOSO
et al., 1991; RIZZINI, 1997), cobrindo uma área de aproximadamente 1.400.000 km²
no Brasil, restando, atualmente, apenas 5% a 7% de sua superfície original (RIZZINI,
1997; POR et al., 2005), Figura 2.
Figura 2. Mapa do Brasil representando o domínio original de Floresta Atlântica
e seus remanescentes atuais. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto de
Pesquisas Espaciais e Instituto Socioambiental (2010).
A Floresta Atlântica está dividida em sub-regiões, definidas com base na
presença de pelo menos duas espécies endêmicas com distribuições sobrepostas. Seis
5
áreas atendem a esse critério dentro deste bioma: Brejos Nordestinos, Pernambuco, São
Francisco, Diamantina, Bahia e Serra do Mar. As sub-regiões de transição são: Florestas
de Interior e Florestas de Araucária (DA SILVA & CASTELETI, 2005). No Centro de
endemismo de Pernambuco, ao norte do Rio São Francisco, resta apenas 2% de Floresta
Atlântica. Apesar de praticamente toda costa brasileira ter sido ocupada pela
colonização européia a partir da mesma época (século XVI), foi no Nordeste do Brasil
que a Floresta Atlântica foi mais rapidamente degradada. Dois ciclos econômicos foram
fundamentais neste processo: o do pau-brasil e o da cana-de-açúcar, o qual se estende
até os dias atuais (TABARELLI et al., 2002). Em comparação com outras áreas de
Floresta Atlântica, o Centro de endemismo de Pernambuco é, atualmente, o mais
desmatado, o mais desconhecido e o menos protegido por estratégias conservacionistas
(HAYER, 1988; COIMBRA-FILHO & CÂMARA, 1996; LIMA & CAPOBIANCO,
1997; SILVA & TABARELLI, 2001).
Os ciclos econômicos que a Floresta Atlântica passou e a continua devastação e
fragmentação dos remanescentes florestais existentes resultou na perda quase total das
florestas originais, o que coloca este bioma como um dos conjuntos de ecossistemas
mais ameaçados de extinção do mundo (VELOSO et al., 1991; RIZZINI, 1997).
Mesmo com o intenso desmatamento e fragmentação, a Floresta Atlântica, ainda abriga
uma elevada quantidade das espécies do Brasil, com altos níveis de endemismo. Desta
forma, a Floresta Atlântica é considerada um hotspot, pelo fato de ser uma das florestas
mais ricas em biodiversidade do planeta e ao mesmo tempo uma das mais ameaçadas
(GALINDO-LEAL & GUSMÃO-CÂMARA, 2005).
A Floresta Atlântica é constituída por comunidades arbóreas, abrigando
principalmente árvores de até 35 metros de altura, intervaladas por vários estratos
inferiores compostas por árvores, arvoretas e arbustos e uma vasta riqueza de epífitas
(KLEIN, 1978). Vários fatores geográficos contribuem para a variedade de paisagens da
Floresta Atlântica, como a variação de altitudes, os distintos tipos de solo e a
diversidade do relevo, além de sua grande extensão territorial (CAMPANILI &
PROCHNOW, 2006). Por isso, seu domínio é caracterizado por diferentes formações,
tais como florestas ombrófilas densas, ombrófilas mistas, ombrófilas abertas,
estacionais semideciduais, estacionais deciduais, campos de altitude, além de
ecossistemas associados, como manguezais, restingas e brejos interioranos
(CAMPANILI & PROCHNOW, 2006).
6
O conjunto de fitofisionomias que forma a Floresta Atlântica originou uma
significativa diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução
de um complexo biótico de natureza florística e faunística com grande riqueza
(CAMPANILI & PROCHNOW, 2006). Estima-se que 36% das espécies de
angiospermas existentes no país e 73% das espécies de pteridófitas estejam inseridas
neste bioma. Ainda em relação às pteridófitas, vale ressaltar que 50% destas são
endêmicas da Floresta Atlântica (CAMPANILI & PROCHNOW, 2006). Dentro da
riquíssima fauna deste bioma, estima-se a existência de 250 espécies de mamíferos (55
endêmicas), 340 anfíbios (90 endêmicas), 1023 de aves (188 endêmicas) e 200 de
répteis (60 endêmicas) (VELOSO et al., 1991; RIZZINI, 1997; CAMPANILI &
PROCHNOW, 2006).
Apesar de possuir anos de investigação cientifica a Floresta Atlântica ainda é
pouco conhecida quanto a sua diversidade. Novas espécies de plantas e animais
continuam a ser descritas continuamente neste bioma (LORINI & PERSSON, 1990;
HADADD et al., 1996; KOBAYASHI & LANGGUTH, 1999; KOLLMANN &
FONTANA, 2008; MAZINE & SOUZA, 2009; DUMAS & NESSIMIAN, 2011;
COLLEY, 2012; TEMPONI et al., 2012).
1.3 Drosofilídeos na Floresta Atlântica
Em relação à diversidade de drosofilídeos, embora a Floresta Atlântica seja um
dos biomas mais estudados no território brasileiro, não há igualdade de amostragem ao
longo do seu território (GOTTSCHALK et al., 2008). A maioria das investigações
concentra-se nas regiões Sudeste e Sul do país. A região Sudeste do Brasil é onde esta
floresta tem sido mais investigada, destacando-se o estado de São Paulo no qual foi
realizada a maioria dos estudos (BIZZO & SENE, 1982; TIDON–SKLORZ & SENE,
1992; VILELA & MORI, 1999; TORRES & MADI-RAVAZZI, 2000, 2001;
MEDEIROS & KLACZKO, 2004). Na Floresta Atlântica localizada na região sul do
Brasil, grande parte dos estudos sobre a ecologia de drosofilídeos ocorreu nos estados
de Santa Catarina (DE TONI & HOFMANN, 1995; DÖGE, 2006; GOTTSCHALK et
al., 2007) e Rio Grande do Sul (PETERSEN, 1960; BRNCIC & VALENTE, 1978;
VALENTE et al., 1989; VALENTE & ARAÚJO, 1991). A Floresta Atlântica
localizada na região Nordeste do Brasil é, até o momento, a parte menos estudada deste
7
bioma quanto à diversidade de espécies da família Drosophilidae. Em um primeiro
levantamento realizado por nosso grupo de pesquisa em três áreas de Floresta Atlântica
no estado de Pernambuco já foram registradas 30 espécies de drosofilídeos (SILVA,
2010). O estudo de Oliveira (2011), investigando duas novas áreas deste bioma no
mesmo estado, ampliou para 41 a diversidade de drosofilídeos registrados. Estes estudos
iniciais já elevaram consideravelmente o número de espécies conhecidas para o estado.
A caracterização minuciosa das assembléias de drosofilídeos que vivem na
Floresta Atlântica na região Nordeste do país é importante não apenas para contribuir
com novas fontes de dados sobre o conhecimento da distribuição e abundância de
diferentes espécies, como também na geração de dados para colaborar com estratégias
de conservação deste bioma.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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13
CAPÍTULO II
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na Floresta
Atlântica do Nordeste do Brasil
Rita Dayane Coutinho da Silva, Geórgia Fernanda Oliveira, Cláudia Rohde,
Martín Alejandro Montes & Ana Cristina Lauer Garcia
Trabalho a ser submetido à revista Iheringia, série Zoologia
14
Diversidade de drosofilídeos (Insecta, Diptera) na Floresta Atlântica do
Nordeste do Brasil
Rita Dayane Coutinho da Silva1, Geórgia Fernanda Oliveira
1, Cláudia Rohde
1,
Martín Alejandro Montes2 & Ana Cristina Lauer Garcia
1
1. Laboratório de Genética, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de
Pernambuco, Rua do Alto do Reservatório, s/n, 55608-680, Vitória de Santo Antão, PE,
Brasil. 2. Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua
Dom Manuel de Medeiros s/n, 52171-900, Recife, PE, Brasil.
ABSTRACT - The fragmentation of tropical forests is a major cause of biodiversity
loss. Considered a global hotspot, the Atlantic Forest has suffered intense destruction in
Brazil since the arrival of settlers, remained less than 8% of its original area. Knowing
the species diversity in this area highly impacted by human activities is one of the first
steps in conservation actions. The species of Drosophilidae are excellent models for
biological studies into the field of ecology, being extremely sensitive to environmental
changes. Although suitable for the study of population fluctuations, there is little
research on this subject in Brazil. In a special way this occurs in the North and
Northeast areas. This study evaluated the abundance and diversity of drosophilids in
three fragments of Atlantic forest in Pernambuco, Northeastern Brazil. A total of 22,646
drosophilids were collected, which were identified to species level by analyzing the
external morphology, and in some cases by examining the male terminalia. We
identified 29 species. In the collections made in the dry season were captured 80.79% of
drosophilids sampled with greater abundance of exotic species in comparison with the
rainy season. This study expands to 44 the diversity of drosophilid species known for
15
the Atlantic Forest of Pernambuco. The species Amiota sp1, Drosophila zottii and
Drosophila kikkawai are new records for this biome in the state.
KEYWORDS: Drosophilidae, Taxonomic survey, Pernambuco
RESUMO - A fragmentação das florestas tropicais é uma das principais causas de
perda de biodiversidade. Considerada um hotspot mundial, a Floresta Atlântica sofreu
intensa destruição no território brasileiro desde a chegada dos colonizadores, restando
menos de 8% de sua área original. Conhecer a diversidade de espécies nesta região
altamente impactada pela ação antrópica é uma das primeiras medidas para ações
conservacionistas. As espécies da Família Drosophilidae são excelentes modelos
biológicos para estudos voltados para área da Ecologia, sendo extremamente sensíveis
as mudanças ambientais. Embora adequados para o estudo de flutuações populacionais,
ainda são escassas as investigações sobre este assunto no território brasileiro. De forma
especial, isto ocorre nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Neste estudo avaliamos a
abundância e a diversidade de drosofilídeos em três fragmentos de Floresta Atlântica em
Pernambuco, região Nordeste do Brasil. Foram coletados 22.646 drosofilídeos, os quais
foram identificados ao nível de espécie através da análise da morfologia externa e, em
alguns casos, através da análise da terminália masculina. Foram identificadas 29
espécies. Nas coletas realizadas no período de maior estiagem foram capturados 80,79%
dos drosofilídeos amostrados, com maior abundância de espécies exóticas em
comparação com o período mais chuvoso. Este estudo amplia para 44 a diversidade de
espécies de drosofilídeos conhecida para a Floresta Atlântica de Pernambuco. Amiota
sp1, Drosophila zottii e Drosophila kikkawai tratam-se de novos registros para esse
bioma no Estado.
PALAVRAS-CHAVE: Drosophilidae, Levantamento taxonômico, Pernambuco
16
INTRODUÇÃO
Dentre os biomas brasileiros, a Floresta Atlântica é um dos mais ameaçados nos
últimos anos pela ação antrópica. Ao mesmo tempo, este bioma ostenta uma elevada
diversidade de espécies vegetais e animais, inclusive algumas endêmicas, sendo uma
área altamente importante para manutenção do equilíbrio biológico do planeta (Myers et
al., 2000; Galindo-Leal & Gusmão Câmara, 2005).
Na época do descobrimento do Brasil, no ano de 1.500, estima-se que a área
ocupada pela Floresta Atlântica era de aproximadamente 1.400.000 km2 (Rizzini, 1997;
Por et al., 2005). No entanto, devido a uma longa história de exploração, iniciada pelos
sucessivos desmatamentos já pelos primeiros colonizadores, resta hoje menos de 8% da
sua área original (Pinto & Brito, 2005), a qual está distribuída em dezenas de milhares
de pequenos fragmentos (Silva & Tabarelli, 2000). Dentre as regiões mais afetadas está
o Nordeste do Brasil. Na época do descobrimento este bioma cobria aproximadamente
30% do seu território, restando atualmente um pouco mais de 2% da cobertura de
floresta original (Tabarelli et al., 2002). Grande parte da devastação da Floresta
Atlântica na região Nordeste do Brasil foi ocasionada pela utilização de imensas áreas
de seu território para plantio de cana-de-açúcar (Tabarelli et al., 2002).
Devido à ampla devastação da Floresta Atlântica e a riqueza notória de sua fauna
e de sua flora, estudos de inventários que permitam conhecer melhor sua diversidade
são altamente necessários neste bioma. Neste sentido, os insetos assumem um papel
fundamental. Conforme salientado por Andersen (2004), nenhum estudo focado na
Biologia da conservação deve ser realizado sem incluí-los. Tal argumento justifica-se
pelo fato dos insetos representarem uma ampla proporção da biodiversidade mundial e
desempenharem funções importantes na manutenção dos ecossistemas (Brown, 1997;
17
McGeoch, 1998; Hilty & Merelender, 2000). Menos sendo organismos tão importantes
para os levantamentos faunísticos, Batista (2003) alerta para o fato dos insetos serem
um dos grupos de animais terrestres mais negligenciados neste tipo de estudos.
Nos últimos anos tem crescido o número de inventários e estudos ecológicos nos
quais tem sido avaliada a diversidade de insetos que compõem a família Drosophilidae
(Mata et al., 2008; Bizzo et al., 2010; Schmitz et al., 2010; Valadão et al., 2010;
Emerich et al., 2012). Esses trabalhos vêm demonstrando que a fauna de drosofilídeos
brasileira é riquíssima em número de espécies e em variações regionais na distribuição
destas.
No Brasil já foram registradas mais de 300 espécies da família Drosophilidae
(Gottschalk et al., 2008). No entanto, em uma das regiões com maior número de
levantamentos, o Estado de São Paulo, há estudos que indicam que cerca de metade das
espécies desta região ainda não foram descritas (Medeiros & Klaczko, 2004),
evidenciando a quantidade de trabalho que os drosofilistas têm pela frente. Vale
ressaltar ainda que grande parte das espécies da família Drosophilidae que ocorrem no
Brasil possuem poucos registros, sendo que muitas delas são conhecidas somente por
suas localidades tipo (Val et al., 1981; Gottschalk et al., 2008). Este fato pode ser
comprovado pelos registros inéditos de novas espécies em diversos estados ou regiões
do país (De Toni et al., 2005; Oliveira et al., 2009; Hochmüller et al., 2010; Rohde et
al., 2010).
Nos últimos anos, mesmo tendo crescido o número de estudos acerca da
diversidade da fauna de drosofilídeos brasileiros, Gottschalk et al. (2008) chamam
atenção para o fato do território nacional não ser homogeneamente amostrado. As
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são as mais estudadas, sendo os estados de Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais os mais
18
bem conhecidos quanto à fauna destes insetos. Dentre as regiões brasileiras, o Nordeste
é uma das mais carentes de levantamentos faunísticos. Excetuando-se a Bahia, os
demais estados desta região foram pobremente estudados.
Recentemente, Silva (2010) realizou um levantamento da fauna de drosofilídeos
em três diferentes fragmentos de Floresta Atlântica no estado de Pernambuco, região
Nordeste do Brasil. Com a conclusão deste trabalho, a riqueza destes insetos conhecida
para o estado subiu de 14 (Santos et al., 2003; Gottschalk et al., 2008) para 30 espécies.
Com a investigação de mais dois fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco,
Oliveira (2011) ampliou a riqueza de espécies de drosofilídeos para 41. Esses estudos
deixam clara a necessidade de novos levantamentos nesta região, a fim de continuar
contribuindo para o melhor conhecimento da biodiversidade destes insetos.
Através de amostragens realizadas em duas épocas distintas, no presente estudo
avaliamos a abundância e a diversidade de drosofilídeos em três fragmentos de Floresta
Atlântica na região Nordeste do Brasil, em locais nunca antes investigados sob este
aspecto.
MATERIAIS E MÉTODOS
Caracterização das áreas de estudo
Drosofilídeos adultos foram coletados em três áreas de Floresta Atlântica no
Estado de Pernambuco: a Estação Experimental de Itapirema (GOI), no município de
Goiana; o Refúgio Ecológico Charles Darwin (DAR), no município de Igarassu e a
Estação Ecológica de Tapacurá da UFRPE (TAP) no município de São Lourenço da
Mata, Figura 1.
19
A Estação Experimental de Itapirema (07°38'S; 34°56'W) pertencente ao
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), coordenado pela EMBRAPA.
Esta estação possui remanescentes de Floresta Atlântica ocupando uma área de 60
hectares com elevação de 13 metros (Brasil, 2005). Encontra-se inserida nos domínios
da Bacia Hidrográfica do Rio Goiana. A precipitação média anual é de 1.634.2 mm
(Brasil, 2005).
O Refúgio Ecológico Charles Darwin (07°48'S; 34°57'W) é uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com mais de 40 anos, situada no interior de
uma área de Floresta Atlântica com 60 hectares e elevação de 20 metros (Lima, 1998).
A área é cortada pelo rio Jacoca, também chamado de Tabatinga, que é perene e faz
parte da principal bacia hidrográfica do município, a do rio Botafogo (Santiago &
Barros, 2003). A pluviosidade média anual está em torno dos 2000 mm (Costa et al.,
2009).
A Estação Ecológica de Tapacurá (08°07'S; 35°17'W) apresenta elevação de 160
metros e uma área de 776 hectares, sendo 382 hectares ocupados por remanescentes de
Figura 1. Mapa do Brasil e do Estado de Pernambuco indicando a localização dos municípios de Goiana,
onde está situada a Estação experimental de Itapirema (ITA); de Igarassu, onde se encontra o Refúgio
Ecológico Charles Darwin (DAR) e do município de São Lourenço da Mata, onde está a Estação
Ecológica de Tapacurá (TAP).
20
Floresta Atlântica e 394 hectares pelo lago formado pelo represamento do Rio Tapacurá
(Coelho, 1987, 1979). A precipitação média anual é de 1300 mm.
Na Figura 2 são apresentadas fotos de satélite de cada uma das três áreas de
Floresta Atlântica amostradas no presente estudo. O clima nos locais investigados é do
tipo Tropical quente e úmido, com chuvas de outono/inverno, do tipo As’ na
classificação climática de Köppen (Rodal et al., 2005; Costa et al., 2009).
Figura 2. Fotos de satélite das três áreas de Floresta Atlântica
investigadas no presente estudo. A) Estação Experimental de
Itapirema, B) Refúgio Ecológico Charles Darwin e C) Estação
Ecológica de Tapacurá. Fonte: Google Earth (2012).
21
Métodos de amostragem
Em cada um dos três locais investigados foram realizadas duas coletas de
drosofilídeos: uma no mês de outubro de 2010, correspondente ao final do período de
maior pluviosidade, e outra no mês de março de 2011, correspondente ao final do
período de maior estiagem.
Os drosofilídeos foram capturados com o modelo de armadilha estabelecido por
Tidon & Sene (1988). Em cada amostragem, foram utilizadas 10 armadilhas, contendo
isca de banana, as quais foram distribuídas nos diferentes locais, sendo penduradas
sobre árvores a uma altura de 1,5 metros do solo e distanciadas 20 metros uma da outra.
Identificação dos drosofilídeos
Os drosofilídeos coletados foram identificados, sempre que possível ao nível de
espécie, através da morfologia externa. No caso das espécies crípticas a identificação ao
nível de espécie foi realizada pela análise da terminália masculina (aedeagus e
hipândrio), consultando literatura especializada (Freire-Maia & Pavan, 1949; Breuer &
Pavan, 1950; Malogolowkin, 1952; Wheeler, 1952; Frota-Pessoa, 1954; Burla, 1956;
Magalhães & Björnberg, 1957; Bock & Wheeler, 1972; Val, 1982; Vilela, 1983; Vilela,
1984; Vilela & Val, 1985; Grimaldi, 1987; Pereira & Vilela, 1987; Vilela & Bächli,
1990; Bächli et al., 2000; Vilela & Bächli, 2000). As fêmeas das espécies crípticas
foram separadas em tubos com meio de cultura para análise dos machos descendentes.
Para a análise da terminália dos machos as porções finais dos abdomens foram retiradas
e transferidas para uma solução de hidróxido de potássio (KOH), sendo posteriormente
coradas com fucsina ácida 10% e dissecadas em glicerol (Wheller & Kambysellis,
B
22
1966). As terminálias assim obtidas foram montadas em lâminas com bálsamo do
Canadá e observadas ao microscópio óptico com aumento de 100x.
Análise ecológica dos dados
A diversidade de espécies foi medida pelos seguintes parâmetros: (1) riqueza de
espécies observada (Sobs); (2) Índice de heterogeneidade de Shannon-Wiener (H’) e (3)
Índice de Equitabilidade de Smith-Wilson (Evar). Os cálculos destes índices foram
realizados com o programa Ecological Methodology (Krebs, 1999), utilizando
logaritmo de base e na fórmula de H’.
Uma representação gráfica da estrutura dos agrupamentos por similaridade
(dendograma) entre os meses de coletas foi elaborada com o uso do Programa Past 2.04
(Hammer et al., 2001). A similaridade entre os meses foi avaliada por dois índices:
Jaccard e Morisita. O primeiro índice agrupa as amostras de acordo com a similaridade
na composição de espécies, independente da abundância. Já o índice de Morisita é
quantitativo, levando em consideração a abundância das espécies que compõem a
amostra de cada mês. Assim, as espécies mais abundantes têm um peso maior nas
relações de similaridade observadas (Krebs, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de 22.646 drosofilídeos foram coletados nas três áreas de Floresta
Atlântica investigadas neste estudo, (Itapirema: N=13842, Sobs=17; Darwin: N=3152,
Sobs=20; Tapacurá: N=5652, Sobs=25). Foram observados sete gêneros e 29 espécies, dos
quais Drosophila com 23 espécies foi o mais diverso e abundante (N=18488), os demais
23
gêneros observados foram Zaprionus (N=3363), Scaptodrosophila (N=760),
Rhinoleucophenga (N=22), Amiota (N=8), Zygothrica (N=4) e Neotanygastrella (N=1),
cada um com apenas uma espécie. As espécies mais comuns foram Drosophila
malerkotliana (48,94%), Zaprionus indianus (14,85%), Drosophila willistoni (12,47%)
e Drosophila sturtevanti (11,91%). As demais espécies apresentaram abundância
relativa inferior a 10%. A Tabela 1 mostra a lista completa das espécies coletadas e suas
abundâncias absolutas.
Um dado interessante do presente estudo foi que algumas das espécies coletadas
não puderam ser determinadas ao nível de espécie com base na consulta do material
disponível na literatura. Este foi o caso de oito indivíduos determinados como Amiota
sp1; nove indivíduos do grupo da Drosophila tripunctata (seis determinados como sp1 e
três como sp2) e dois indivíduos pertencentes ao grupo da Drosophila annulimana (um
chamado sp3 e outro sp4), Tabela 1. Estes indivíduos podem se tratar de possíveis
novas espécies, merecendo análise detalhada em estudos futuros. Vários levantamentos
da fauna de drosofilídeos apresentam esse mesmo quadro (Medeiros & Klaczo, 2004;
Döge et al., 2008; Gottschalck et al., 2007; Schmitz et al., 2007), evidenciando que a
fauna de drosofilídeos brasileiros necessita de uma revisão profunda com a possível
descrição de muitas espécies novas.
As espécies mais abundantes em outubro, período correspondente ao final da
estação de maior pluviosidade foram: D. willistoni (1.461 indivíduos), D. malerkotliana
(838), D. simulans (757), D. sturtevanti (487), D. paulistorum (188) e D. prosaltans
(187). Independente do local amostrado, D. willistoni sempre foi a espécie mais
abundante neste período de amostragem (Figura 3 e Tabela 1).
24
Tabela 1. Lista das espécies e da abundância absoluta de drosofilídeos amostradas nos diferentes locais e
períodos de coleta no presente estudo. ITA=Estação experimental de Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico
Charles Darwin e TAP= Estação Ecológica de Tapacurá.
ITA DAR TAP
Espécies neotropicais Outubro Março Outubro Março Outubro Março Total
Drosophila willistoni 510 363 205 318 746 682 2824
Drosophila sturtevanti 250 1372 116 426 121 412 2697
Drosophila prosaltans 21 20 24 18 142 125 350
Drosophila paulistorum 83 5 32 57 73 42 292
Drosophila mercatorum - 13 2 2 86 37 140
Drosophila nebulosa 5 23 6 8 20 29 91
Drosophila fumipennis 16 2 11 5 - - 34
Drosophila ararama - - 5 18 10 - 33
Rhinoleucophenga fluminensis 1 5 - 4 4 8 22
Drosophila equinoxialis 3 4 3 3 - - 13
Drosophila pictilis 1 - - - 8 1 10
Amiota sp1 - - - 2 - 6 8
Drosophila neocardini - 1 - 2 - 3 6
Drosophila sp1 (grupo tripunctata) - - - 6 - - 6
Drosophila ananassae 1 - - - 1 3 5
Drosophila zottii - - - - 4 - 4
Zygothrica orbitalis - - - - 4 - 4
Drosophila cardinoides - - 2 - 1 - 3
Drosophila polymorpha - - - - 1 2 3
Drosophila sp2 (grupo tripunctata) - - - - 3 - 3
Drosophila sp3 (grupo annulimana) - - - 1 - - 1
Drosophila sp4 (grupo annulimana) - - - - - 1 1
Neotanygastrella tricoloripes - - - - 1 - 1
Espécies exóticas
Drosophila malerkotliana 385 7466 99 1431 354 1349 11084
Zaprionus indianus 183 2252 - 141 3 784 3363
Drosophila simulans 300 38 77 8 380 66 869
Scaptodrosophila latifasciaeformis 22 494 16 100 5 123 760
Drosophila melanogaster 1 2 - 4 1 10 18
Drosophila kikkawai - - - - 1 - 1
25
0
5
10
15
20
25
30
35
40
ITA DAR TAP
Ab
un
dâ
nci
a r
ela
tiv
a (
%)
Locais de amostragem
D. willistoni
D. malerkotliana
D. simulans
D. sturtevanti
D. paulistorum
D. prosaltans
Outras
Já na amostragem realizada no mês de março, período correspondente ao final da
época de maior estiagem, as espécies mais abundantes foram: D. malerkotliana (10.246
indivíduos), Z. indianus (3.177), D. sturtevanti (2.210) e D. willistoni (1.363).
Independente do local de amostragem, D. malerkotliana foi a espécie mais abundante
neste período (Figura 4 e Tabela 1).
O padrão diferenciado na composição e na abundância de espécies de
drosofilídeos de acordo com o período de amostragem já foi relatado em diversos
estudos realizados no Brasil (Dobzhansky & Pavan, 1950; Franck & Valente, 1985;
Schmitz et al., 2007; Doge et al., 2008; Bizzo et al., 2010; Hochmüller et al., 2010).
Figura 3. Abundância relativa (%) das espécies mais comuns de drosofilídeos nos diferentes locais de
amostragem durante o mês de outubro de 2010, período de maior pluviosidade. ITA=Estação
experimental de Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico Charles Darwin e TAP= Estação Ecológica de
Tapacurá.
26
0
10
20
30
40
50
60
70
ITA DAR TAP
Ab
un
dâ
nci
a r
ela
tiv
a (
%)
Locais de amostragem
D. malerkotliana
Zaprionus indianus
D. sturtevanti
D. willistoni
Outras
Outro fato constatado no presente estudo, a maior representatividade da espécie
exótica D. malerkotliana em período de maior estiagem já foi verificada por outros
autores. Em um estudo conduzido por quatro anos em uma área de Floresta Atlântica
bem preservada no Estado de Santa Catarina, Döge et al. (2008) observaram a
ocorrência um aumento populacional desta espécie sob altas temperaturas e, portanto,
em épocas mais secas. A mesma situação foi relatada por Tidon-Sklorz & Sene (1992)
em uma área de Floresta Atlântica no Estado de São Paulo. Outro fato constatado no
presente estudo foi à dominância de D. willistoni em períodos de maior pluviosidade e
ambientes mais úmidos também é bem documentada na literatura (Dobzhansky &
Pavan, 1950; Martins, 1987).
Na Tabela 2 estão apresentados os dados de diversidade para os diferentes
períodos e locais de amostragem. Em relação à riqueza de espécies, ITA não apresentou
Figura 4. Abundância relativa das espécies mais comuns de drosofilídeos coletadas nos diferentes
locais de amostragem durante o mês de março de 2011, período de maior estiagem. ITA=Estação
experimental de Itapirema, DAR= Refúgio Ecológico Charles Darwin e TAP= Estação Ecológica de
Tapacurá.
27
diferença entre a coleta realizada na estação mais chuvosa e na mais seca, sendo
observadas 15 espécies em cada uma das amostragens. Em DAR a menor riqueza de
espécies (13) foi observada no período de maior pluviosidade. Um padrão inverso foi
observado em TAP, onde foram registradas 22 espécies no período chuvoso e 18 na
estação seca. Dentre os ambientes de Floresta Atlântica investigados, o local com maior
diversidade foi a TAP com 25 espécies, seguido por ITA com 20 e DAR com 17
(Tabela 1).
O Índice de heterogeneidade de Shannon-Wiener (H´) apresentou valores mais
altos na estação chuvosa em todos os locais investigados, indicando ser esta a estação
mais diversa, Tabela 2. Em relação ao índice de Equitabilidade de Smith-Wilson (Evar),
independente do local amostrado esse índice foi maior na estação chuvosa indicando
menor desproporção entre a abundância das espécies nesta estação, Tabela 2.
Tabela 2. Medidas de diversidade para os drosofilídeos coletados nos três fragmentos de Floresta Atlântica
investigados no presente estudo no período mais chuvoso (outubro de 2010) e no período mais seco
(março de 2011). Sobs= número observado de espécies, H’= Índice de Heterogeneidade de Shannon-
Wiener, Evar= Índice de Equitabilidade de Smith-Wilson, N= Número de indivíduos coletados.
Locais de amostragem
ITAPIREMA DARWIN TAPACURÁ
Período
chuvoso
Sobs 15 13 22
H’ 1,64 1,57 1,68
Evar 0,3359 0,6508 0,3505
N 1782 598 1919
Período
seco
Sobs 15 19 18
H’ 1,11 1,30 1,48
Evar 0,1323 0,2406 0,2411
N 12060 2554 3683
Grande parte dos indivíduos coletados nas áreas aqui investigadas, 80,79%,
ocorreu no período de maior estiagem no mês de março de 2011. Durante este período
também foi observada maior abundância de espécies exóticas em comparação às
28
espécies nativas. Um padrão inverso foi observado no período de maior pluviosidade,
em outubro de 2010, quando as espécies nativas foram as mais representativas (Figura
5). Estes dados estão de acordo com os resultados obtidos para três manguezais de
Pernambuco avaliados por Oliveira (2011), mas contradizem as informações obtidas por
Cabral (2010) para uma área de Brejos de Altitude no Estado e algumas áreas de
Caatinga e Floresta Atlântica de Pernambuco (Silva, 2010). Nestes dois últimos estudos,
o período chuvoso teve maior abundância de drosofilídeos em comparação com o
período seco.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Chuva Seca
Ab
un
dân
cia r
elati
va (
%)
Período de amostragem
Espécies nativas
Espécies exóticas
O dendograma de similaridade obtido pelo índice de Morisita revelou que houve
um agrupamento entre os três locais investigados, para a estação chuvosa e para estação
seca (Figura 6). Já para o dendograma obtido pelo Índice de Jaccard, não foi observada
separação entre as estações seca e chuvosa (dados não mostrados). Em relação a estes
Figura 5. Abundância relativa de espécies nativas e exóticas de drosofilídeos nos diferentes locais
de amostragem durante o período de maior e menor pluviosidade.
29
índices, o que prepondera são as estações (seca e chuvosa) e não o local, ou seja,
independente do local coletado as duas estações se homogeneízam, possuindo uma
similaridade de espécies.
Com a conclusão do presente estudo, a diversidade de drosofilídeos conhecida
para a Floresta Atlântica de Pernambuco foi aumentada em mais três espécies,
totalizando 44. As espécies Amiota sp1, D. zottii e D. kikkawai tratam-se de novos
registros para esse bioma no Estado. Estas três espécies já haviam sido registradas em
ambientes de Caatinga de Pernambuco (comunicação pessoal Janaína Jucá) e Amiota
sp1 em ambientes de Manguezais (Oliveira, 2001).
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi realizado com os recursos concedidos pela Fundação de
Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Figura 6. Dendograma de similaridade obtido pelo índice de Morisita.
30
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38
CAPÍTULO III
Considerações Finais
A avaliação da diversidade de drosofilídeos em três fragmentos de Floresta
Atlântica em Pernambuco, região Nordeste do Brasil, permitiu a identificação de 29
espécies, ampliando para 44 o número de espécies da Família Drosophilidae conhecida
para este bioma no estado. Este resultado evidencia que a diversidade da Floresta
Atlântica ainda é subestimada para este grupo de insetos, o que provavelmente ocorra
para muitos outros seres vivos.
Algumas das espécies de drosofilídeos registradas neste estudo não foram
observadas em descrições da literatura, tratando-se de possíveis novas espécies. Dados
como este revelam a necessidade de novos estudos em novas áreas de Floresta
Atlântica, e em diferentes períodos de amostragem, a fim de conhecer a real diversidade
da família Drosophilidae neste importante bioma.
Houve maior abundância de espécies exóticas nas amostragens realizadas no
período de maior estiagem. Já nas amostragens realizadas no período mais chuvoso
houve maior abundância de espécies nativas. Este resultado demonstra a importância de
estudos sazonais para avaliação da diversidade de drosofilídeos nos ambientes naturais.
39
ANEXO
ISSN 0073-4721 versão impressa ISSN 1678-4766 versão online
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Escopo e política
Forma e preparação de manuscritos
Escopo e política
O periódico Iheringia, Série Zoologia, editado pelo
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul, destina-se a publicar trabalhos
completos originais em Zoologia, com ênfase em
taxonomia e sistemática, morfologia, história natural e
ecologia de comunidades ou populações de espécies da
fauna Neotropical recente. Notas científicas não serão
aceitas para publicação. Em princípio, não serão aceitas
listas faunísticas, sem contribuição taxonômica, ou que
não sejam o resultado de estudos de ecologia ou história
natural de comunidades, bem como chaves para
identificação de grupos de táxons definidos por limites
políticos. Para evitar transtornos aos autores, em caso de
dúvidas quanto à adequação ao escopo da revista,
recomendamos que a Comissão Editorial seja previamente
consultada. Também não serão aceitos artigos com
enfoque principal em Agronomia, Veterinária, Zootecnia
ou outras áreas que envolvam zoologia aplicada.
Manuscritos submetidos fora das normas da revista serão
devolvidos aos autores antes de serem avaliados pela Comissão Editorial e Corpo de Consultores.
Forma e preparação de manuscritos
1. Submeter o manuscrito eletronicamente através do site: http://submission.scielo.br/index.php/isz.
2. Os manuscritos serão analisados por, no mínimo, dois consultores.
A aprovação do trabalho, pela Comissão Editorial, será baseada no
conteúdo científico, respaldado pelos pareceres dos consultores e no
atendimento às normas. Alterações substanciais poderão ser
solicitadas aos autores, mediante a devolução dos arquivos originais
40
acompanhados das sugestões.
3. O teor científico do trabalho é de responsabilidade dos autores,
assim como a correção gramatical.
4. O manuscrito, redigido em português, inglês ou espanhol, deve
ser impresso em papel A4, em fonte "Times New Roman" com no
máximo 30 páginas numeradas (incluindo as figuras) e o
espaçamento duplo entre linhas. Manuscritos maiores poderão ser negociados com a Comissão Editorial.
5. Os trabalhos devem conter os tópicos: título; nomes dos autores
(nome e sobrenome por extenso e demais preferencialmente
abreviados); endereço completo dos autores, com e-mail para
contato; abstract e keywords (máximo 5) em inglês; resumo e
palavras-chave (máximo 5) em português ou espanhol; introdução;
material e métodos; resultados; discussão; agradecimentos e
referências bibliográficas. As palavras-chave não deverão sobrepor
com aquelas presentes no título.
6. Não usar notas de rodapé.
7. Para os nomes genéricos e específicos usar itálico e, ao serem
citados pela primeira vez no texto, incluir o nome do autor e o ano
em que foram descritos. Expressões latinas também devem estar
grafadas em itálico.
8. Citar as instituições depositárias dos espécimes que
fundamentaram a pesquisa, preferencialmente com tradição e
infraestrutura para manter coleções científicas e com políticas de curadoria definidas.
9. Citações de referências bibliográficas no texto devem ser feitas
em Versalete (caixa alta reduzida) usando alguma das seguintes
formas: Bertchinger & Thomé (1987), (Bryant, 1915; Bertchinger &
Thomé, 1987), Holme et al. (1988).
10. Dispor as referências bibliográficas em ordem alfabética e
cronológica, com os autores em Versalete (caixa alta reduzida).
Apresentar a relação completa de autores (não abreviar a citação
dos autores com "et al.") e o nome dos periódicos por extenso.
Alinhar à margem esquerda com deslocamento de 0,6 cm. Não serão
aceitas citações de resumos e trabalhos não publicados.
Exemplos:
Bertchinger, R. B. E. & Thomé, J. W. 1987. Contribuição à
caracterização de Phyllocaulis soleiformis (Orbigny, 1835)
(Gastropoda, Veronicellidae). Revista Brasileira de Zoologia
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11. As ilustrações (desenhos, fotografias, gráficos e mapas) são
tratadas como figuras, numeradas com algarismos arábicos
sequenciais e dispostas adotando o critério de rigorosa economia de
espaço e considerando a área útil da página (16,5 x 24 cm) e da
coluna (8 x 24 cm). A Comissão Editorial reserva-se o direito de
efetuar alterações na montagem das pranchas ou solicitar nova
disposição aos autores. As legendas devem ser autoexplicativas.
Ilustrações a cores implicam em custos a cargo dos autores. As
figuras devem ser encaminhadas apenas em meio digital de alta qualidade (ver item 16).
12. As tabelas devem permitir um ajuste para uma (8 cm) ou duas
colunas (16,5 cm) de largura, ser numeradas com algarismos romanos e apresentar título conciso e autoexplicativo.
13. Figuras e tabelas não devem ser inseridas, somente indicadas no
corpo do texto.
14. A listagem do material examinado deve dispor as localidades de
Norte a Sul e de Oeste a Leste e as siglas das instituições compostas preferencialmente de até 4 letras, segundo o modelo abaixo:
VENEZUELA, Sucre: San Antonio del Golfe, (Rio Claro, 5o57'N
74o51'W, 430m) 5 ♀, 8.VI.1942, S. Karpinski col. (MNHN 2547).
PANAMÁ, Chiriquí: Bugaba (Volcán de Chiriquí), 3 ♂, 3 ♀,
24.VI.1901, Champion col. (BMNH 1091). BRASIL, Goiás: Jataí (Fazenda Aceiro), 3 ♂, 15.XI.1915, C. Bueno col. (MZSP); Paraná:
Curitiba, ♀, 10.XII.1925, F. Silveira col. (MNRJ); Rio Grande do
Sul: São Francisco de Paula (Fazenda Kraeff, Mata com Araucária, 28o30'S 52o29'W, 915m), 5 ♂, 17.XI.1943, S. Carvalho col. (MCNZ
2147).
15. Recomenda-se que os autores consultem um artigo
recentemente publicado na Iheringia Série Zoologia para verificar os detalhes de formatação.
16. Enviar o arquivo de texto em Microsoft Word (*.doc) ou em
formato "Rich Text" (*.rtf). Para as imagens utilizar arquivos Bitmap
TIFF (*.tif) e resolução mínima de 300 dpi (fotos) ou 600 dpi
(desenhos em linhas). Enviar as imagens nos arquivos digitais
independentes (não inseridas em arquivos do MS Word, MS Power
Point e outros), nomeados de forma autoexplicativa (e. g.
figura01.tif). Gráficos e tabelas devem ser inseridos em arquivos
separados (Microsoft Excel para gráficos e Microsoft Word ou Excel
para tabelas). Para arquivos vetoriais utilizar formato Corel Draw (*.cdr).
17. Para cada autor será fornecido um exemplar da revista. Os
artigos também estarão na página do Scientific Electronic Library Online, SciELO/Brasil, disponível em www.scielo.br/isz.