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    ANLISE DO DESEMPENHO DOS OPERADORES DE EQUIPAMENTOS DE MINAE SIMULAO DE CENRIOS FUTUROS DE LAVRA

    ESTUDO DE CASO MINA CASA DE PEDRA CONGONHAS/MG

    WALTER SCHMIDT FELSCH JUNIOR

    OURO PRETO

    2014

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    ANLISE DO DESEMPENHO DOS OPERADORES DEEQUIPAMENTOS DE MINA E SIMULAO DE CENRIOS

    FUTUROS DE LAVRA ESTUDO DE CASO (MINA CASA DEPEDRA CONGONHAS / MG)

    Autor: WALTER SCHMIDT FELSCH JUNIOR

    Orientador: Prof. Dr. ADILSON CURI

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao do Departamento de Engenharia de

    Minas da Escola de Minas da Universidade

    Federal de Ouro Preto, como parte integrante

    dos requisitos para obteno do ttulo de

    Mestre em Engenharia Mineral.

    rea de concentrao:

    Lavra de Mina

    Ouro Preto/MG

    Fevereiro de 2014.

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    B238a Felsch Junior, Walter Schmidt.Anlise do desempenho dos operadores de equipamentos de mina e simulao de

    cenrios futuros de lavra: [manuscrito] / estudo de caso (Mina Casa de PedraCongonhas, MG) / Walter Schmidt Felsch Junior. 2014.

    120f.: il.; color.; graf.; tabs.; mapas.

    Orientador: Prof. Dr. Adilson Curi.

    Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas.

    Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Ps-graduao emEngenharia Mineral.

    rea de concentrao: Lavra de Minas.

    1. Lavra de minas- Teses. 2. Desempenho - Teses. 3. Mtodos de simulao - Teses.I. Curi, Adilson. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Ttulo.

    CDU: 622.012.2

    Catalogao: [email protected]

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    DEDICATRIA

    minha famlia, pelo acompanhamento e incentivo de todo o esforo realizado para asuperao de mais uma etapa.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por conceder-me fora, perseverana e lucidez para execuo e

    concluso do presente trabalho.

    bela Solaine pelo amor, carinho, companhia, pacincia, incentivo na

    realizao deste trabalho e na compreenso das dificuldades cotidianas.

    Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, ao Departamento de

    Engenharia de Minas - DEMIN e ao Programa de Ps-graduao em Engenharia

    Mineral - PPGEM por possibilitarem a realizao deste trabalho em conjunto com

    minhas atividades profissionais.

    Ao Prof. Adilson Curi, orientador deste trabalho, pelos ensinamentos e apoio

    na realizao de todas as etapas deste trabalho.

    Aos Professores do Programa de Ps-graduao em Engenharia Mineral

    PPGEM, que possibilitaram um importante aprendizado tcnico e cientfico.

    Companhia Siderrgica Nacional, representada pela Gerncia Geral de

    Minerao, pelo apoio na realizao deste trabalho concomitante com as minhas

    atividades na empresa, em especial as equipes de Despacho Eletrnico, Operao de

    Mina, Planejamento de Mina e TI.

    Aos ex-moradores, moradores e amigos da Repblica Sparta pelo apoio,amizade e companheirismo durante toda a trajetria acadmica.

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    Resumo

    O trabalho tem como foco principal o impacto na lavra da Mina Casa de Pedra,

    analisando o desempenho dos operadores dos equipamentos de carga e transporte. A

    minerao Casa de Pedra, pertencente Companhia Siderrgica Nacional (CSN),

    localizada na cidade de Congonhas, Estado de Minas Gerais, faz extrao de minrio de

    ferro atravs da lavra convencional utilizando equipamentos de carga e transporte de

    grande porte. A mina composta por quatro regies de lavra: Corpo principal e Corpo

    Oeste (mtodo de lavra em cava); Corpo Norte e Serra do Mascate (mtodo de lavra em

    encosta). Os caminhes fora de estrada possuem vrias alternativas de perfis de

    transporte, o que influencia diretamente em seu desempenho. Os estudos foramdesenvolvidos a partir da escolha de indicadores de desempenho chave para os

    operadores dos equipamentos de mina, mensurados atravs do sistema de despacho

    eletrnico utilizado da mina, com o intuito de classificar os operadores de acordo com

    prticas operacionais individuais. O objetivo do trabalho obter maior aderncia ao

    plano mensal de lavra e aumentar a produtividade efetiva dos operadores, atravs da

    identificao de atividades detectadas como baixo rendimento, em comparao com as

    melhores praticas operacionais das equipes e criao de treinamentos especficos paracada indicador previsto. Os resultados do trabalho foram simulados utilizando diferentes

    cenrios de operao, com tempos fixos variados (tempos de manobra no carregamento

    e basculamento, tempo de carregamento e tempo de basculamento) com o intuito de

    mensurar os ganhos operacionais atravs dos indicadores produtivos. A empresa

    funciona em regime integral, com turnos de 6 horas de durao e possui 270 operadores

    divididos em cinco equipes de produo.

    Palavras-chave: Lavra, Operadores de equipamentos, Indicadores de desempenho,

    Simulao.

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    Abstract

    The dissertation has a main focus in mining the impact of the Casa de Pedra

    mine, analyzing the performance of the operators of mining equipment. The "Casa de

    Pedra" iron ore mine, a division of the CSN(*) Group, is located in the city of

    Congonhas, in the Brazilian state of Minas Gerais. The ore exploitation is made

    conventional ally trucks and front loaders. The mine is composed for four regions of

    mine: Main body and West Body (open pit mining in cave); North Body and Serra do

    Mascate (open pit mining in hillside). The trucks of the mine have some alternatives of

    transport profiles, influencing directly in their performance. These studies were

    developed to evaluate the performance of the operators of mining equipments. In thesestudies was used electronic dispatch system of the mine in order to sort the operators

    according to individual operating practices. The objective of this dissertation is to obtain

    better adherence to the monthly plan of mining and improvement in effective

    productivity of operators. The activities that detected as overhead, compared to the best

    practices of operating teams and creating specific training for the indicators. The results

    were simulated using different operating scenarios, with cycle times varied (spot on the

    load and dump times, loading time and dumping time) in order to measure theoperational gains through the productivity indicators. The mine regime of production is

    24 hours a day with work shifts of 6 hours each and has 270 operators divided into five

    production teams.

    Keywords: Mining, Equipment operators, Performance indicators, Simulation

    *(CSN) Companhia Siderrgica Nacional

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    Sumrio

    Captulo 1 - Introduo

    1.1Mina Casa de Pedra...........................................................................................011.1.1 Histrico da Mina....................................................................................011.1.2 Localizao..............................................................................................021.1.3 Geologia Regional e Local......................................................................031.1.4 Topografia...............................................................................................041.1.5 Mtodo de lavra.......................................................................................05

    1.2Contexto e motivaes.......................................................................................061.3Objetivos............................................................................................................07

    1.3.1 Objetivo Geral.........................................................................................071.3.2 Objetivos especficos...............................................................................07

    1.4 Justificativas.......................................................................................................08

    Captulo 2 - Reviso Bibliogrfica

    2.1Sistemas de despacho.........................................................................................112.2Alocaes de caminhes utilizando sistemas de despacho................................142.3Aplicaes de sistemas de despacho..................................................................16

    2.3.1 Best Path ou Melhor Rota........................................................................20

    2.3.2 Programao Linear.................................................................................212.3.3 Programao Dinmica............................................................................22

    2.4Ciclo de carregamento e transporte....................................................................252.5Avaliao de desempenho..................................................................................272.6 Simulao...........................................................................................................31

    2.6.1 Utilizao da simulao nas indstrias minerais.....................................33

    Captulo 3 Estudo de caso: Mina Casa de Pedra

    3.1Materiais e mtodos...........................................................................................37

    3.1.1 Rede de telecomunicaes.......................................................................373.1.2 Sistema de GPS.......................................................................................393.1.3 Computador de bordo..............................................................................393.1.4 Banco de dados........................................................................................41

    3.2Operadores de equipamentos de transporte.......................................................433.2.1 Indicador Relao Produtiva...................................................................433.2.2 Tempo de manobra..................................................................................453.2.3 Tempo de basculamento..........................................................................463.2.4 Metodologia de clculo...........................................................................47

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    3.3Operadores de equipamentos de carga...............................................................483.3.1 Produtividade efetiva...............................................................................483.3.2 Carga mdia.............................................................................................483.3.3 Tempo de carregamento..........................................................................493.3.4 Integridade de carregamentos vlidos.....................................................503.3.5 Metodologia de clculo...........................................................................50

    3.4Anlise estatstica de dados...............................................................................523.5Validao da metodologia.................................................................................62

    Captulo 4 Anlise do desempenho dos operadores de equipamentos de mina

    4.1Desempenho dos operadores de equipamentos de transporte............................644.2Desempenho dos operadores de equipamentos de carga...................................664.3Metodologia de treinamento..............................................................................68

    4.3.1 Transporte ...............................................................................................684.3.2 Carga........................................................................................................70

    Captulo 5 Anlise de dados via modelo de simulao

    5.1Simulao utilizando o software Modular mining .........................................775.2Implementao do modelo de simulao...........................................................835.3Discusso dos resultados das rodadas de simulao..........................................86

    Captulo 6 Resultados Gerais

    6.1Reduo dos tempos fixos de operao.............................................................906.2Aderncia ao plano mensal de lavra..................................................................92

    Captulo 7 Concluses e trabalhos futuros..............................................................95

    Referncias Bibliogrficas............................................................................................99

    Anexos...........................................................................................................................102

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1Tempo mdio (s) e rotao (rmp) de elevao e abaixamento da caamba deum caminho basculante..................................................................................................46

    Tabela 2Caractersticas individuais das frotas de equipamentos de transporte.........47

    Tabela 3Volume das caambas das variadas frotas de transporte..............................49

    Tabela 4Capacidade nominal de carregamento de acordo com o tipo de materialtransportado.....................................................................................................................51

    Tabela 5Caractersticas individuais das frotas de equipamentos de carga.................52

    Tabela 6Valores usuais de p-value.............................................................................53

    Tabela 7Pontos detectados como falhas na metodologia apresentada e aescorretivas.........................................................................................................................63

    Tabela 8Pontos detectados como anomalias na operao de mina e aes corretivas.........................................................................................................................................63

    Tabela 9Ponto detectado como falha de natureza externa e ao corretiva...............63

    Tabela 10Exemplo de anlise comparativa para a Frota 3.........................................65

    Tabela 11Exemplo de histrico de desempenho (Operador: Pel) ............................65

    Tabela 12Exemplo de anlise comparativa para Extrao (Frota 4 carregando a frota1)......................................................................................................................................67

    Tabela 13Exemplo de anlise comparativa de operadores de equipamentos de cargapor equipe........................................................................................................................67

    Tabela 14Identificao de baixo rendimento (tempo de manobra)............................69

    Tabela 15Acompanhamento semanal do operador (tempo de manobra)...................70

    Tabela 16 Identificao de baixo rendimento (equipamentos de carga).....................71

    Tabela 17 Acompanhamento semanal do operador (tempo de carregamento)...........73

    Tabela 18Acompanhamento semanal do operador (carga mdia).............................74

    Tabela 19Acompanhamento semanal do operador (produtividade efetiva)..............74

    Tabela 20Dados de entrada inseridos no software de simulao...............................85

    Tabela 21 Variao percentual dos resultados obtidos com a simulao emcomparao com os outros cenrios analisados..............................................................89

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1Localizao da Mina Casa de Pedra.............................................................02Figura 2Santurio do Bom Jesus de matozinhos, destacando os "Doze Profetas" deAleijadinho......................................................................................................................03

    Figura 3Perfil topogrfico da mina Casa de Pedra, identificando as cavasoperacionais.....................................................................................................................04

    Figura 4Superfcie topogrfica destacando os perfis de transporte............................05

    Figura 5Percentuais relativos aos custos de operao em uma mina a cu abertoressaltando a participao da mo de obra......................................................................09

    Figura 6Percentuais relativos aos pesos de fatores chave que impactam diretamente aprodutividade de equipamentos.......................................................................................09

    Figura 7Esquema geral simplificado do sistema de despacho na lavra a cu abertoutilizando algoritmos de otimizao................................................................................24

    Figura 8Fluxograma simplificado do ciclo operacional de uma mina a cu aberto..25

    Figura 9Fluxograma simplificado do ciclo de operao em uma lavra a cu abertotpica................................................................................................................................26

    Figura 10Hardware de processamento de informaes dos equipamentos de carga etransporte.........................................................................................................................38

    Figura 11Imagem do computador de bordo localizado nos equipamentos de carga etransporte da mina...........................................................................................................40

    Figura 12Funcionalidades do computador de bordo que permitem interaes com osoperadores.......................................................................................................................40

    Figura 13Fluxograma simplificado da base de dados do sistema de despacho........42

    Figura 14Comparativo mensal entre produtividade efetiva de transporte e DMT

    (Correlao -89,8%)........................................................................................................44Figura 15Comparativo entre produtividade efetiva de transporte e DMT - operadores(Correlao -88,2%)........................................................................................................45

    Figura 16Fluxograma simplificado da manobra de um caminho paracarregamento...................................................................................................................46

    Figura 17Mobilidade de uma escavadeira, destacando os ngulos de giro para ocarregamento...................................................................................................................49

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    Figura 18Estimativas de distribuies, teste de normalidade e histograma para otempo de manobra...........................................................................................................54

    Figura 19Estimativas de distribuies, teste de normalidade e histograma para o

    tempo de basculamento...................................................................................................55Figura 20Estimativas de distribuies, teste de normalidade e histograma para oindicador Relao produtiva............................................................................................57

    Figura 21Estimativas de distribuies, teste de normalidade e histograma para otempo de carregamento....................................................................................................58

    Figura 22Estimativas de distribuies, teste de normalidade e histograma paraprodutividade de carga.....................................................................................................60

    Figura 23Curva caracterstica da distribuio normal com as probabilidades de cada

    classe operacional............................................................................................................62Figura 24Ilustrao de uma escavadeira com detalhe em seu ngulo de giro...........73

    Figura 25- Comparativo real de tempos fixos entre os anos de 2012 e 2013...............76

    Figura 26Dados mdios dos cenrios a serem utilizados para simulao.................76

    Figura 27Interface principal indicando o perodo cujo modelo est configurado asimular e o perodo que servir como base de dados......................................................79

    Figura 28Interface que permite a excluso de eventos indesejados na simulao....80

    Figura 29Interface para insero de parmetros estatsticos a serem consideradosdurante a simulao.........................................................................................................81

    Figura 30Interface de visualizao dos eventos selecionados. Estas informaesserviro como suporte a simulao..................................................................................81

    Figura 31Interface de acompanhamento da rodada de simulao..............................84

    Figura 32Grfico comparativo do nmero de viagens em cada simulaorealizada...........................................................................................................................86

    Figura 33 Grfico comparativo da produtividade efetiva de transporte em cadasimulao realizada..........................................................................................................87

    Figura 34Grfico comparativo da movimentao total em cada simulao

    realizada...........................................................................................................................87

    Figura 35Grfico de acompanhamento mensal dos tempos fixos de operao.........91

    Figura 36Acompanhamento do nmero de viagens realizadas pelos equipamentos detransporte.........................................................................................................................91

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    Figura 37Desvio mdio absoluto para o indicador Produtividade de equipamentos detransporte.........................................................................................................................93

    Figura 38Anlise comparativa de desvio mdio absoluto para aderncia ao plano de

    lavra.................................................................................................................................94

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    BP Best PathCM Carga Mdia

    CSN Companhia Siderrgica Nacional

    DFDisponibilidade Fsica

    DMA Desvio Mdio Absoluto

    DMT Distncia Mdia de Transporte

    GPS Global Position System

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    MR Melhor Rota

    PDProgramao Dinmica

    Pef Produtividade efetiva

    PLProgramao Linear

    PO Pesquisa Operacional

    ROMRun of Mine

    RPM Rotaes por Minuto

    SGBD Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados

    SIMIN Sistema de Minerao

    SLAM Simulation Language for Alternative Modeling

    SQL Structured Query Language

    OTISIMIN Otimizador e Simulador para Minerao

    TC Tempo de Ciclo

    TF Tempo de Fila

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    CAPTULO 1

    Introduo

    1.1Mina Casa de Pedra

    1.1.1 Histrico da Mina

    A Mina Casa de Pedra foi fundada pelo empresrio dinamarqus Arn Thun esuas atividades tiveram incio no ano de 1913 (Intranet CSN 2013).

    A CSNCompanhia Siderrgica Nacional foi fundada em 09 de abril de 1941,

    com incio de operao em 12 de outubro de 1946. A partir desta data, atravs do

    processo de desapropriao, a Mina de Casa de Pedra passou a pertencer CSN.

    No governo do presidente Itamar Franco, em 2 de abril de 1993, a empresa foi

    privatizada. O grupo Vicunha, liderado pelo empresrioBenjamin Steinbruch,passou a

    administrar a mina.A minerao Casa de Pedra responsvel pelo suprimento integral de minrio

    de ferro para a Usina Siderrgica Presidente Vargas, tambm pertencente CSN;

    produz granulados, sinter feed e pellet feed de elevado teor de ferro e timas

    propriedades fsicas. As reservas minerais de Casa de Pedra so expressivas, com alto

    teor de pureza (de at 68%) e foi uma das primeiras a receber a certificao ISO 14001

    no Brasil, no final de 2001. A CSN uma companhia aberta cujas aes so listadas nas

    Bolsas de So Paulo (Bovespa) e de Nova York (NYSE). um dos complexos

    siderrgicos integrados mais eficientes do mundo, atuando em cinco pilares de

    negcios: siderurgia, minerao, logstica, cimento e energia.

    Atualmente, a mina Casa de Pedra produz cerca de 16 milhes de toneladas de

    minrio de ferro. H projetos de expanso em desenvolvimento e a previso que em

    2015 a produo supere o patamar de 40 milhes de toneladas. (Intranet CSN 2013).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Steinbruchhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Steinbruchhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Steinbruch
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    1.1.2 Localizao

    A Mina Casa de Pedra encontra-se situada no municpio de Congonhas, no

    Estado de Minas Gerais e destaca-se por possuir um sistema integrado de distribuio

    de sua produo formado por [mina - ferrovia - siderurgia - porto] que suporta o

    atendimento de todas as operaes correntes, conforme a figura 1:

    Figura 1 - Localizao da Mina Casa de Pedra

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN)

    A Usina Presidente Vargas est localizada na cidade de Volta Redonda, no

    Estado do Rio de Janeiro, e consome cerca de 30% da produo da mina. A produo

    restante destinada ao porto localizado na cidade de Itagua, tambm no Estado do Riode Janeiro, para exportao.

    A cidade de Congonhas, com populao de aproximadamente 40.000

    habitantes, Patrimnio Histrico da Humanidade, tendo sido tombada devido ao valor

    de seu conjunto arquitetnico do movimento barroco. Seu expoente mximo foi o

    famoso escultor Antnio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho. A figura 2

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    destaca a obra Os Doze Profetas, localizados no adro do Santurio do Bom Jesus de

    Matozinhos.

    Figura 2 - Santurio do Bom Jesus de Matozinhos, destacando os "Doze Profetas" de Aleijadinho

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN)

    1.1.3 Geologia Regional e local

    Segundo o IBGE (censo 2010) a regio apresenta um conjunto de rochas

    altamente transformadas (tectnica e metamorficamente), de idade pr-cambriana. No

    norte aflora um conjunto de rochas cujo tipo litolgico mais antigo pertence ao Super

    grupo Rio das Velhas, constitudo pelo super grupo Nova Lima, composto por

    micaxisto e metavulcnicas. Ocorrem ainda rochas pertencentes ao Complexo

    Barbacena, gnaisses, granitides e migmatitos, rochas intrusivas (granodioritos,

    granitos, piroxnito e serpentinito) e do Super grupo Minas, composto pelos Grupos

    Piracicaba (filitos, quartzito), Itabira (itabirito, dolomito e filito) e Caraa (quartzito,

    filito e conglomerado).

    Ao norte do Municpio, terrenos da Serra da Moeda, Esmeril e da Bandeira(onde se localiza a mina Casa de Pedra), possuem como caracterstica a ocorrncia de

    rochas ferrferas e quartzticas, os solos resultantes so arenosos, pouco frteis e com

    elevado teor de acidez.

    A mina composta pelos seguintes litotipos de minrio de ferro: hematitas

    brandas e compactas, itabiritos silicosos brandos e compactos, e itabiritos carbonticos

    predominantemente compactos.

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    De acordo com a litoestratigrafia regional, estes corpos, situados no

    Quadriltero Ferrfero, pertencem ao Supergrupo Minas e esto inseridos no Grupo

    Itabira, mais precisamente na Formao Cau.

    A Formao Cau constituda essencialmente por itabiritos e minrios

    hematticos. Dentre os itabiritos, observaram-se os seguintes tipos composicionais:

    itabirito silicoso, itabirito manganesfero, itabirito dolomtico, itabirito anfiboltico

    alterado, relacionados nesta ordem decrescente em termos de sua ocorrncia na Mina

    Casa de Pedra (TRZASKOS-LIPSKI, 2001 apud RELATRIO INTERNO CSN -

    SNTESE DA MINERALOGIA DA MINA CASA DE PEDRA).

    1.1.4 Topografia

    Dentre as unidades de relevo existentes na rea do municpio, a regio da mina

    constitui a rea mais elevada, representada por cristas de direo sudoeste-nordeste da

    Serra da Moeda. A altitude mxima chega a 1.630 metros na Serra da Bandeira.

    A rea de lavra composta por quatro corpos: Corpo Oeste, Corpo Principal,

    Corpo Norte e Serra do Mascate. Estes corpos esto distribudos conforme a figura 3.

    Figura 3 - Perfil topogrfico da mina Casa de Pedra, identificando as cavas operacionais

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN)

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    O corpo Principal e corpo Oeste possuem um perfil de transporte onde os

    caminhes necessitam trafegar carregados em perfil ascendente (predominantemente

    subidas) e vazios em perfil descendente (predominantemente descidas), pois suas

    frentes de lavra em operao se encontram em cotas mais baixas e as cavas j esto em

    um estgio de desenvolvimento avanado. J no Corpo Norte, as cotas das frentes de

    lavra so superiores s cotas das pilhas de estril, estoques e britadores primrios, logo

    os caminhes trafegam carregados no perfil descendente e vazios no perfil ascendente.

    A figura 4 ilustra a superfcie topogrfica de mina, onde esto mostradas as

    linhas que representam todos os perfis de transporte atualizados em Janeiro/13. A cor

    vermelha indica um perfil de transporte ascendente, a cor verde indica perfil de

    transporte descendente e a cor azul indica que os locais onde o acesso plano e nopossui inclinao.

    Figura 4Superfcie topogrfica destacando os perfis de transporte

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN)

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    1.1.5 Mtodo de lavra

    O mtodo de lavra o open pit mining (bancadas a cu aberto), com remoo

    do material estril; perfurao, desmonte, carga e transporte do minrio. A lavra

    realizada de forma descendente, em nveis horizontais, em bancadas de 13m de altura e

    bermas de 8m de largura. Os ngulos de talude variam entre 36 e 45, conforme a

    litologia e os parmetros geotcnicos pertinentes.

    O minrio extrado possui trs destinos: estoques de ROM (Run Of Mine), pilha

    de minrio de oportunidade (rea de empilhamento de itabiritos com baixo teor de

    ferro que podem ser processados mediante aumento da capacidade de processamento

    deste tipo de material por parte da planta de beneficiamento) e britagem primria. Naminerao so utilizados dois britadores primrios, sendo um britador cnico e outro de

    mandbulas. O material estril removido destinado para a o depsito controlado de

    estril.

    Tambm so realizadas operaes de servios auxiliares (dump) que so

    materiais utilizados para manuteno, revestimento de acessos e formaes de leiras.

    1.2

    Contexto e motivaes

    Por ser o estado que mais produz minrio de ferro no pas comum encontrar

    em Minas Gerais diversos exemplos de cidades que, devido sua riqueza natural, so

    alvo de grandes empreendimentos industriais. Muitas dessas cidades no possuem mo

    de obra qualificada disponvel. As empresas de minerao esto investindo cada vez

    mais em programas de capacitao e formao de profissionais com o objetivo de suprir

    esta demanda.Em se tratando de operao de equipamentos de mina, o tempo de formao de

    um operador varivel. Cada indivduo tem seu prprio desenvolvimento, de acordo

    com a prtica (tempo de operao) e habilidades individuais. Na minerao h

    operadores experientes, operadores em desenvolvimento e operadores em treinamento.

    Estes perfis de operadores tm grande influncia na lavra, produo e nos indicadores

    operacionais de uma mina.

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    Visando a avaliao do desempenho individual, a existncia de indicadores

    operacionais especficos fundamental para se estabelecer um critrio nico de

    comparao de eficincia operacional. Estes indicadores so utilizados para medir e

    avaliar o desempenho dos operadores e da equipe a qual pertencem. A busca por

    competitividade, a crescente concorrncia de mercado e as constantes exigncias dos

    clientes aos critrios de valores, tais como qualidade, tempo, flexibilidade e preo, torna

    a utilizao destas ferramentas de grande importncia para o alcance dos objetivos

    estratgicos das empresas.

    Na Minerao Casa de Pedra, so utilizados trs tipos de frotas de caminhes

    Fora de Estrada, com capacidade nominal de transporte e sistemas de trao diferentes.

    Conforme a metodologia de lavra, necessrio o transporte via caminhes tanto dominrio quanto do estril.

    Alm das diferenas de modelo dos equipamentos e perfis de transporte, so

    verificadas diferentes praticas operacionais dos equipamentos.

    1.3 Objetivos

    1.3.1

    Objetivo Geral

    O objetivo deste trabalho analisar os impactos na lavra da mina atravs de

    correes na conduta de operao individual dos operadores e simular diferentes

    cenrios de ciclos de carga e transporte utilizando informaes de categorias de tempo

    variadas.

    1.3.2 - Objetivos especficos

    Classificar os operadores buscando identificar classes operacionais variadas

    e estabelecer aes sobre as atividades que resultam nos motivos de baixo

    rendimento;

    Estabelecer metodologias para o treinamento de operadores;

    Obter maior aderncia ao plano de lavra mensal;

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    Simular a produo e produtividade da mina utilizando diferentes cenrios

    de tempos fixos praticados.

    1.4 - Justificativas

    Este estudo pode ser justificado pela inovao da metodologia utilizada para

    classificao dos operadores e pela relevncia do tema abordado.

    No que diz respeito inovao da metodologia estudada, pode-se dizer que o

    desenvolvimento de cada operador est ligado a pratica de operao do equipamento e

    habilidades desenvolvidas atravs dos treinamentos, como manobras. A partir do

    momento em que se utilize uma ferramenta que seja capaz de mensurar suashabilidades, possvel estipular treinamentos mais especficos, alm de acompanhar o

    desenvolvimento de cada operador desde o incio de sua aprendizagem. Outro fator

    importante o estmulo ao operador atravs de feedbacks, sendo uma forma de

    retorno, facilitando que percebam quando suas aes no atingiram o resultado

    determinado. Estes resultados podem ser utilizados como fator de escolha em futuras

    promoes ou aumentos de salrio por mrito.

    A partir da anlise de diferentes praticas de operao de mina atravs dos paresde carregamento e transporte, possvel mensurar novas metas de indicadores

    operacionais no plano de lavra de curto prazo e avaliar o impacto na mina na variao

    dos tempos de ciclo.

    De acordo com a figura 5, analisando o custo de operao da mina, o fator mo

    de obra representa 13% do custo total de produo, excluindo gastos com

    beneficiamento (analisando os custos de manuteno, combustvel, suprimentos e

    servios terceirizados).

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    Figura 5Percentuais relativos aos custos de operao em uma mina a cu aberto ressaltando a participao da mo de obra

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN) (2010)

    A figura 6 mostra os resultados de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos

    e Canad, entre os anos de 1989 a 2004, divulgada pela revista M&T (2004), onde so

    analisados os pesos dos fatores mquina, administrao e operao na produtividade dos

    equipamentos de mina.

    Figura 6Percentuais relativos aos pesos de fatores chave que impactam diretamente a produtividade de equipamentos

    Fonte: Revista M&T(fev/mar 2004)

    De acordo com os dados da pesquisa, podemos verificar que 6% dos problemas

    que impactam a produtividade dos equipamentos so de natureza mecnica, ou seja,

    13%

    21%

    52%

    11%

    3%

    Mo de obra

    Combustvel

    Manuteno

    Servios (terceiros)

    Suprimentos

    6% 7%12%

    27%

    8%14%

    26%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    Falha mecnica Normas eprocedimentos

    inadequados

    Planejamento eorganizao

    deficientes

    Baixa superviso Desobedincia anormas e

    procedimentos

    Desateno Impercia

    FATORMQUINA

    FATOR ADMINISTRAO FATOR OPERAO

    Peso de fatores chave na produtividade de equipamentos

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    relacionadas com a manuteno dos equipamentos. O fator administrao responsvel

    por 46% dos problemas e 48% so oriundos de falhas operacionais, incluindo o baixo

    desempenho dos operadores.

    Os fatores baixa superviso e impercia somam 53% dos motivos de baixa

    produtividade listados na pesquisa e sero tratados de forma direta neste trabalho.

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    CAPTULO 2

    Reviso Bibliogrfica

    As exigncias por aumento de competitividade, associadas adoo de novas

    tecnologias e conhecimentos, so fatores cada vez mais comuns em empresas e

    organizaes de todos os segmentos. No caso especfico da minerao, o aumento de

    produtividade e diminuio de custos so viabilizados sempre que so introduzidos

    novos conhecimentos e tcnicas execuo do trabalho. Em se tratando de operao de

    equipamentos de carga e transporte de mina, os operadores tm grande participao

    atravs da interao com sistemas automatizados. Neste captulo sero abordados os

    processos de alocao de equipamentos atravs de sistemas de despacho eletrnico, os

    algoritmos de estratgia dos sistemas de controle de frotas, anlise dos ciclos

    operacionais de carga e transporte e utilizao da simulao para anlise de dados do

    processo produtivo.

    2.1 Sistemas de despacho

    Vrios mtodos tm sido desenvolvidos para implementar o despacho

    (alocaes) de equipamentos de transporte. Segundo Pinto (2008), esses mtodos

    podem ser agrupados em trs tipos bsicos de sistemas de despacho de caminhes:

    1. Sistemas de despacho manual: utilizado desde o incio dos anos 60, trata-se

    de uma prtica padro de alocao de caminhes, no qual o despachador, quefica localizado em um ponto estratgico da mina (onde possa ter uma viso

    abrangente da mina), toma decises com base na situao por ele

    presenciada e tambm com base em sua experincia e envia as instrues por

    rdios transmissores aos equipamentos de carga e transporte.

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    2. Sistemas de despacho semi-automticos: neste sistema, o computador (que

    grava o status e localizao dos equipamentos) programado para auxiliar o

    despachador no processo de tomada de deciso referente a alocao dos

    caminhes. O computador no tem contato direto com o equipamento, sendo

    necessrio o despachador para decidir e comunicar todas as instrues.

    3. Sistemas de despacho automticos: mais abordados na literatura atual, estes

    sistemas permitem ao computador tomar decises referentes ao despacho dos

    caminhes e envi-las para os mesmos, sem a interveno de um

    despachante.

    A primeira instalao de um sistema computadorizado de despacho registrado

    ocorreu em 1979, na mina de cobre chamada Tyrone, prxima a cidade de Silver City,

    estado do Novo Mxico, nos Estados Unidos.

    De acordo com etin (2004), as melhorias significativas na tecnologia da

    informao tem levado a indstria da minerao a desenvolver muitos modelos de

    tomada de deciso para auxiliar na melhor alocao possvel dos caminhes em minas a

    cu aberto. Segundo ele, os sistemas de despacho computadorizados foram

    desenvolvidos nos anos 70 e tem se tornado o modo mais comum de operao em

    muitas minas a cu aberto de larga escala. Devido ao seu alto custo de implementao,

    tais sistemas no apresentam justificativa econmica em minas de mdio ou pequeno

    porte. Mas a evoluo cada vez mais crescente na informtica tem possibilitado a

    reduo de custos de implantao de sistemas de despacho, podendo viabilizar sua

    implantao em mineradoras de menor porte.

    Um sistema de despacho bem planejado e implementado pode gerar boas

    economias para as empresas do setor de minerao, mas segundo Tu e Hucka (1985),

    faz-se necessrio um estudo cuidadoso a fim de determinar se as melhorias de

    produtividade da frota so grandes o suficiente para pagar os custos de implementao

    do sistema.

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    O objetivo principal do despacho computadorizado maximizar o tempo

    produtivo na mina, minimizar o nmero de caminhes necessrio para o transporte,

    maximizar a produo dos equipamentos de carga atravs da reduo de sua ociosidade

    e atender aos padres de qualidade da usina de beneficiamento.

    Segundo Rodrigues (2006), reconhecido que a operao de caminhes e

    equipamentos de carga um dos itens mais importantes no custo da operao como um

    todo, assim, a utilizao de sistemas de despacho podem reduzir o custo de capital e de

    operao em uma mina.

    De acordo com Maran e Topuz (1988), pelo motivo dos sistemas de transporteem minas a cu aberto envolverem grande volume de capital e recursos, o objetivo do

    problema de transporte em minerao mover o material retirado da mina para a usina

    de modo que o custo seja minimizado, sendo que este custo de transporte de minrio

    tem forte influncia na escolha do local da lavra. Desta maneira, sistemas de despacho

    podem reduzir os custos de operao atravs da reduo da frota de transporte

    necessria para se atingir as metas de produo, atravs do aumento na utilizao da

    frota e reduo em deslocamentos de caminhes vazios.

    O transporte por caminhes amplamente utilizado na minerao a cu aberto

    e representa uma grande parcela no custo de operao das empresas. O aumento da

    profundidade das minas, e os altos custos de energia/combustvel, contribuem para o

    aumento dos custos na operao da frota de caminhes. Tu e Hucka (1985) afirmam que

    tem sido observada melhorias de 3% a 15% na produtividade do transporte por

    caminhes nas operaes das minas que implementaram sistemas computadorizados dedespacho de caminhes.

    Para se implementar um sistema de despacho em tempo real necessrio

    decidir algumas polticas (prioridades) de despacho. Tu e Hucka citam que as polticas

    de despacho mais utilizadas so:

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    1. Maximizao da produtividade de caminhes: prev os locais de

    carregamento dos caminhes e os aloca para equipamentos de carga

    equivalentes, tendendo a minimizar o tempo ocioso dos caminhes

    aumentando sua utilizao.

    2. Maximizao da produtividade de carregamento: prev qual equipamento de

    carga seria o prximo a ficar ocioso ou ficaria ocioso por mais tempo e aloca

    o caminho para ele, tendendo a igualar os tempos ociosos e utilizao dos

    equipamentos de carga.

    De acordo com Tu e Hucka (1985), o potencial que o sistema de despacho

    possui para melhorar a utilizao das frotas de carga e transporte obtido evitando filas

    excessivas de caminhes em determinados equipamentos de carga, enquanto outros

    podem estar ociosos, aguardando a chegada de caminhes.

    Segundo Chanda e Dagdelen (1995), uma meta de produo bvia e utilizada

    com muita frequncia o fornecimento de minrio com qualidade (teor e tonelagem)

    uniforme, com base nas necessidades da planta, de forma a garantir a eficincia

    operacional da mesma.

    Para garantir a uniformidade da alimentao do processo de beneficiamento

    preciso misturar minrios de qualidades diferentes de vrias frentes de lavra da mina.

    Uma blendagem de minrio apropriada pode ampliar a base da reserva, na medida em

    que o minrio abaixo do teor de corte no considerado estril, mas pode ser utilizado

    se misturado com material de alto teor (Chanda e Dagdelen, 1995).

    2.2 Alocaes de caminhes utilizando sistemas de despacho

    A alocao de caminhes em minas subterrneas e a cu aberto um processo

    importante e complexo e uma alocao tima pode resultar em significante economia.

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    Se tratando de mineraes a cu aberto, os modos para a alocao de

    caminhes mais utilizados so: alocao esttica e dinmica. Na alocao esttica, os

    caminhes so fixados a um ponto de carga e a um ponto de descarga, ou seja, o seu

    deslocamento ocorre apenas entre esses dois pontos durante um determinado perodo de

    tempo. Na alocao dinmica, a cada carga e/ou descarga, o caminho direcionado

    para um ponto especfico de acordo com critrios previamente estabelecidos.

    Historicamente, as minas a cu aberto sempre operaram utilizando a alocao

    esttica, mas com o desenvolvimento de novas tcnicas e tecnologias, a alocao

    dinmica tem sido utilizada pelas principais empresas de minerao do mundo, pois

    aumentam a possibilidade de contribuio para atendimento dos objetivos de produo.

    Rodrigues (2006) afirma que a alocao esttica ainda o mtodo mais

    utilizado nas mineraes, por no apresentar a obrigatoriedade de utilizao de um

    sistema automtico de alocao. Porm, esse mtodo proporciona menor produtividade

    devido maior probabilidade na gerao de filas de caminhes e consequentemente,

    maior ociosidade dos equipamentos de carga. Esse tipo de alocao , geralmente,

    aplicado em minas de pequeno a mdio porte.

    Segundo Knights e Bonates (1999), a utilizao da alocao dinmica requer a

    utilizao de um sistema de despacho. Pode se dizer que os termos alocao dinmica

    e despacho so equivalentes, ou seja, o termo despacho refere -se alocao dinmica

    de caminhes a equipamentos de carga. Tal sistema utiliza critrios pr-estabelecidos

    para sua operao. Dentre esses critrios pode-se citar a maximizao do tempo total de

    produo da mina, minimizao da quantidade de caminhes necessria para otransporte e maximizao da produo dos equipamentos de carga de modo a atender os

    padres de qualidade da usina de tratamento.

    Tu e Hucka (1985) explicam que, no sistema de despacho, ao contrrio da

    alocao esttica, os caminhes no so alocados para um mesmo equipamento de carga

    durante todo o tempo, o que significa que, aps cada descarregamento, o caminho

    enviado a um equipamento de carga de acordo com a situao de momento da mina.

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    Para Costa (2005), o problema de alocao dinmica de caminhes tem como

    soluo o nmero de viagens a serem realizadas pelos caminhes em cada frente. Tal

    nmero de viagens deve ser o mnimo necessrio para garantir um produto final que

    atenda as especificaes preestabelecidas pelo cliente. Alm disso, essa quantidade

    mnima de viagens deve prevenir a formao de filas nos pontos de carga e

    basculamento, de forma a aumentar a produtividade da frota. O aumento de

    produtividade da frota pode refletir um aumento na produo da mina ou a reduo do

    nmero de equipamentos necessrios para manter o mesmo nvel de produo. Um

    eficiente algoritmo para a alocao dinmica de caminhes importante porque ele

    integra o sistema de despacho. Um sistema de despacho rene, ainda, um algoritmo de

    sequenciamento de viagens, um sistema de comunicao entre os equipamentos decarga e caminhes e uma central de comandos.

    2.3 Aplicaes de sistema de despacho

    O sistema de despacho utilizado na Mina Casa de Pedra tem como

    caracterstica a otimizao dos equipamentos atravs de alocaes dinmicas, utilizando

    uma combinao de tcnicas de Pesquisa Operacional.

    A aplicao de tcnicas de PO (Pesquisa Operacional) em minas a cu aberto

    tem atrado o interesse de pesquisadores desde 1965, quando foi publicado o algoritmo

    de programao dinmica de Lerchs-Grossmann para obteno da cava final tima

    (Hustrulid e Kuchta, 1995). A partir desta data, foram desenvolvidos muitos outros

    modelos e algoritmos para esse e outros problemas.

    De acordo com Costa (2005), um eficiente algoritmo para alocao dinmica

    importante na integrao do sistema de despacho computadorizado. Um sistema de

    despacho rene um algoritmo de sequenciamento de viagens, um sistema de

    comunicao entre os equipamentos de carga, caminhes e central de comandos.

    Os clculos dos despachos computadorizados envolvem programao linear,

    que um mtodo matemtico para resoluo de uma srie de problemas em diversas

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    reas. Segundo Chanda e Dagdelen (1995), a rea de aplicao de programao linear

    mais bem sucedida, em minerao, tem sido os problemas de blendagem e produo.

    Eles sugerem que, sempre que a tcnica for utilizada em uma mina, deve-se modelar

    matematicamente a situao para garantir a mistura (blendagem) tima.

    Gershon (1982) - apud Pinto (2008), descreveu um modelo de programao

    linear para otimizao de sequenciamento de operaes em minas. Segundo ele, a

    programao linear tem sido aplicada a uma grande variedade de problemas em

    minerao. Embora a maioria das aplicaes bem sucedidas na indstria da minerao

    pode ser observada em problemas de mistura, h um grande potencial para aplicaes

    na programao da produo e no sequenciamento.

    Soumis et al. (1989) propuseram uma metodologia para resolver o problema de

    despacho baseada em trs fases:

    Escolha do equipamento: envolve a seleo da localizao dos equipamentos

    de carga;

    Planejamento operacional: estabelece uma estratgia tima (plano de

    produo), para um determinado perodo de tempo, resolvendo um problemade rede com custos no lineares associados ao tempo de espera de caminhes

    e equipamentos de carga e aos objetivos de qualidade;

    Despacho: despacha cada caminho, em tempo real, resolvendo um

    problema de atribuio.

    White e Olson (1986) fazem uma discusso acerca dos aspectos dos sistemas

    de despacho computadorizados em minas com objetivos simultneos, ou seja, que visamresolver em conjunto os problemas da produtividade da frota de equipamentos, da

    blendagem e da garantia da taxa de alimentao da planta. Segundo eles, o uso de

    programao linear em sistemas de despacho mais indicado quando a densidade

    relativamente constante para qualquer tipo de material e todos os caminhes tem o

    mesmo tamanho (capacidade). Eles descreveram um modelo baseado em dois passos:

    Programao Linear e Programao Dinmica. A otimizao do despacho por

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    programao linear dividida em duas partes: a primeira resolve o problema da

    otimizao geral, enquanto que a segunda maximiza a produo. J a programao

    dinmica, que segue o princpio da Otimalidade de Bellman`s, o qual diz uma poltica

    tima tem a propriedade que, qualquer que sejam o estado inicial e a deciso inicial, as

    decises restantes devem constituir uma poltica tima com relao ao estado resultante

    da primeira deciso, envolve, no caso de despacho de equipamentos de carga e

    transporte, alocaes timas de todos os caminhes que aguardam a solicitao de

    atribuio para um equipamento de carga, atendendo ao timo previamente determinado

    nos caminhos selecionados. O objetivo a minimizao dos custos relacionados

    qualidade, transporte e estocagem do material. O modelo considera o ritmo de lavra, o

    atendimento s taxas de alimentao da usina de beneficiamento e a qualidade damistura. Este modelo a base para o sistema Dispatch, que utilizado na mina Casa

    de Pedra e que tambm utilizado em vrias minas em todo o mundo.

    Pinto (2008), afirma que a formulao do problema da blendagem como um

    modelo de programao linear clssico limitada, pelo fato de que apenas uma funo

    objetivo pode ser formulada por vez, quando de fato o problema da blendagem /

    produo multi-objetivo. Chanda e Dagdelen (1995) apresentaram uma formulaoconhecida como Programao Linear por Metas, que engloba dois critrios de

    otimizao na funo objetivo: a maximizao de um critrio econmico e a

    minimizao da soma dos desvios absolutos dos teores e das tonelagens em relao as

    suas metas. Variveis de desvios foram usadas para calcular penalidades associadas ao

    no atendimento das especificaes de qualidade. A vantagem desta aplicao - que foi

    resolvida pelo mtodo Simplex - sobre a programao linear clssica justamente esta

    funo objetivo secundaria (minimizar a soma dos desvios absolutos dos parmetrosindividuais de qualidade, bem como das tonelagens, em relao a um conjunto de

    objetivos).

    Ezawa e Silva (1995) desenvolveram um sistema de alocao dinmica de

    caminhes visando a reduo da variabilidade dos teores dos minrios produzidos e a

    gerao de ganhos de produtividade no sistema de transporte na Mina do Pico, em

    Itabirito. Segundo eles, a preocupao se faz necessria devido a complexidade

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    geolgica da reserva da mina. Este sistema pode ser considerado um exemplo de

    tentativa de utilizao dos dois critrios de despacho (qualidade e produtividade), mas

    no considera as polticas simultaneamente. De acordo com os autores, as condies

    assumidas pelo sistema so:

    Para reas com controle de qualidade: o parmetro de qualidade um

    parmetro de deciso forte, que elimina qualquer outro, ou seja, para estas

    reas o despacho feito de acordo com a poltica de qualidade. Em caso de

    empate, o tempo de fila ser considerado como critrio de desempate.

    Persistindo o empate, o despachador definir a sequencia dos outros fatores

    de desempate (tempo de ciclo total, prioridade de produo, equipamento

    mais produtivo);

    Para reas sem o controle de qualidade: ignora-se o parmetro de qualidade,

    utilizando diretamente o tempo em fila. Em caso de empate, o despacho

    decidido da mesma maneira utilizada nas reas com controle de qualidade.

    Costa (2005), modelou o problema da mistura de minrios oriundos de diversas

    frentes de lavra com alocaes estticas e dinmicas, com uma metodologia de

    otimizao baseada na meta heurstica Mtodo de Pesquisa em Vizinhana Varivel.

    Os resultados deste estudo mostraram que a heurstica desenvolvida capaz de

    encontrar solues finais de qualidade mais rapidamente que os mtodos baseados em

    programao matemtica.

    De acordo com etin (2004), o Dispatch, sistema de despacho desenvolvido

    pela Modular Mining System um dos mais poderosos sistemas e utilizado em

    muitas minas a cu aberto pelo mundo, inclusive na mina Casa de Pedra. Este sistemavisa maximizar a produtividade com os equipamentos disponveis ou minimizar os

    equipamentos necessrios para atingir a produo desejada, de forma a minimizar as

    filas de caminhes e ociosidades de equipamentos de carga, alm de ajudar a atingir os

    objetivos de blendagem das operaes. O Dispatch realiza um despacho dinmico,

    com monitoramento constante da seleo da rota, da localizao e do status dos

    equipamentos.

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    O Dispatch utiliza uma lgica de alocao por programao dinmica e

    consiste de trs subsistemas: Best Path Melhor Rota (MR), Programao Linear (PL)

    e Programao Dinmica (PD).

    2.3.1 Best Path ou Melhor Rota (MR)

    O algoritmo Melhor Rota (MR) o modelo inicial da estratgia de otimizao

    e determina a melhor rota entre dois pontos da mina, optando pela distncia mais curta

    como critrio. Ele precisa de informaes da rede de estradas e da topografia da mina

    como base para seus clculos de rotas.

    O modelo de mina mostra a estrutura que o sistema de despacho utiliza para

    uma representao da escala de todos os locais e as estradas da mina real e so a base

    para muitos dos algoritmos para a otimizao da frota.

    Rede de estradas: Representa o modelo geogrfico da mina contido

    dentro sistema de despacho. onde so cadastrados, atravs de coordenadas

    geogrficas, locais como britadores, frentes de lavra, estoques, depsitos de estril,oficinas, postos de abastecimento e tambm todas as estradas que interligam estes

    locais, permitindo localizar os equipamentos pela posio de GPS.

    Topografia: Consiste do levantamento topogrfico da rea da mina e sua

    insero no sistema de despacho. fundamental para a informao das cotas dos locais

    cadastrados na rede de estradas e para utilizao do modelo 3D. A topografia deve ser

    constantemente atualizada para se obter maior preciso no funcionamento dosalgoritmos.

    A Melhor Rota recalculada toda vez que ocorrer mudanas nas rotas e

    topografia da mina.

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    2.3.2 Programao Linear (PL)

    A programao linear compreende os modelos de programao onde as

    variveis so contnuas e todas as expresses apresentam um comportamento linear.

    A Programao Linear (PL) o segundo algoritmo da estratgia de otimizao

    e recebe as informaes do modelo Melhor Rota (MR), para criar um plano mestre, com

    o objetivo de maximizar a produtividade da mina. A programao linear determina o

    fluxo ideal de material dos pontos de carga para os pontos de descarga, minimiza o

    custo de remanuseio e estocagem, obedecendo a limites de qualidade para cada ponto de

    descarga alm de satisfazer as necessidades de alimentao da planta. Esse plano conhecido como soluo da PL e contm circuitos de produo otimizados, que indicam

    quais os depsitos que devem fornecer recursos (caminhes vazios) para quais

    escavadeiras e suas respectivas taxas de alimentao (toneladas / hora) para cobrir as

    escavadeiras. A PL aloca os recursos de transporte para as unidades de carregamento,

    baseada em taxas de escavao e carregamento.

    A taxa de escavao de um equipamento de carga dependente do tipo decaminho que ela carrega. Uma escavadeira pequena, por exemplo, pode demorar mais

    tempo carregando um caminho maior devido maior dificuldade de despejar o

    material. A relao de tamanho da caamba versus tamanho do caminho tambm

    muito importante e determina o nmero de passes necessrios para encher e liberar o

    caminho. A recomendao de no mnimo trs passes e no mximo seis. A PL utiliza

    dados histricos para, sempre que possvel, alocar o caminho de tamanho ideal para o

    circuito produtivo da escavadeira.

    A PL designa um peso para cada circuito identificado como possvel

    (restries como barramento de material, rotas fechadas, tornam alguns circuitos

    impossveis).

    O peso representa a produtividade dos caminhes nos circuitos:

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    Produtividade do circuito cheio = Tamanho do caminho

    (escavadeira depsito) Tempo viagem + tempo basculamento

    Produtividade do circuito vazio = Tamanho do caminho

    (depsito escavadeira) Tempo (viagem + manobra + carregamento)

    Aps ordenar e priorizar os trajetos possveis, a PL seleciona as rotas que

    geram os circuitos mais produtivos, ou seja, menor tempo de viagem e maior taxa de

    carregamento. Esses circuitos mais produtivos so chamados de designaes PL.

    A PL faz diversas anlises, verificando as configuraes inseridas no sistema e

    busca a taxa mxima de alimentao, sendo limitada pelas diversas restries

    operacionais (taxa de escavao, utilizao e limites dos britadores, parmetros de

    qualidade, etc.) e pelos recursos de transportes disponveis (nmero de caminhes aptos

    e parados).

    Alem de determinar as taxas de alimentao dos britadores e depsitos, a PLcalcula o nmero de caminhes necessrios para atingir essas taxas. Esse clculo feito

    da seguinte maneira:

    Taxa de alimentao X Tempo de viagem

    -----------------------------------------------------

    Tamanho do caminho

    2.3.3 Programao Dinmica (PD)

    A programao dinmica uma tcnica de programao desenvolvida para

    resolver problemas de decises sequenciais, ou multi estagiadas. Possui propriedades

    que podem reduzir significamente o tempo de processamento de alguns algoritmos,

    transformando funes exponenciais em funes polinomiais.

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    Como regra geral, um problema susceptvel a ser abordado atravs de

    programao dinmica, se nele forem identificadas trs caractersticas bsicas:

    Ser um problema de deciso que pode ser decomposto em etapas de deciso

    distintas;

    Em cada etapa da deciso, seja possvel definir o estado da soluo;

    Em cada etapa, decide-se para cada estado, qual o estado da etapa seguinte

    que oferece melhor retorno para a soluo do problema.

    No Dispatch, a Programao Dinmica (PD) o modelo que usa o plano

    mestre da Programao Linear (PL) para fazer as designaes dos caminhes em tempo

    real, obedecendo aos circuitos e as taxas de alimentao calculadas pela PL.

    Na PD, a cada necessidade de alocao, verifica-se para cada uma das

    possveis rotas qual ser a melhor opo de alocao. O caminho alocado dever

    chegar ao ponto de carga quando o equipamento de carga estiver finalizando o

    carregamento de todos os caminhes alocados anteriormente. Caso isso no seja

    possvel, o caminho ser alocado para outro equipamento de modo a minimizar o seu

    tempo em fila.

    A PD designa caminhes, considerando restries como altura de

    carregamento, frente fixa, rotas fechadas, ngulo de giro de escavao, entre outros. A

    PD congela o cenrio atual da mina e coleta as informaes: localizao e tipo dos

    equipamentos, o tempo esperado dos caminhes para fazer sua prxima ao, a posio

    de cada escavadeira, os caminhes alocados para cada escavadeira e os respectivos

    tempos de manobra e carregamento. Quando um caminho finaliza o basculamento, aPD o designa para um circuito mais produtivo, sempre minimizando as filas e

    ociosidade de equipamentos de carga.

    A designao dos caminhes vazios pela PD segue o seguinte fluxo:

    1. A PD verifica o cenrio atual da mina, e coleta as seguintes informaes:

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    localizao de cada caminho e seu destino inicial;

    o tempo esperado do caminho para chegar ao seu destino;

    o locale status de cada escavadeira;

    os caminhes alocados para cada escavadeira e os respectivos tempos de

    manobra e carregamento

    2. A PD gera uma lista de circuitos (depsito escavadeira) criados pela PL,

    verifica a capacidade do ciclo produtivo e a necessidade de caminhes no circuito.

    3. A PD gera tambm uma lista dos caminhes que vo pedir alocaes de

    carregamento. Essa lista inclui caminhes cheios se deslocando ou j posicionados nosdepsitos e os caminhes vazios em deslocamento para escavadeiras. O primeiro

    caminho nessa lista o que possui o menor tempo esperado para solicitar a alocao de

    carregamento.

    A figura 7 demonstra a funo de cada algoritmo utilizado pelo sistema de

    despacho:

    Figura 7Esquema geral simplificado do sistema de despacho na lavra a cu aberto utilizando algoritmos de otimizao

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    2.4 Ciclo de carregamento e transporte

    Em minas a cu aberto, as atividades se iniciam com a preparao da rea a ser

    lavrada para que ela possa ser perfurada e detonada. Aps a detonao, o equipamento

    de carga deslocado para frente de lavra, no local onde a carga foi desmontada, e se

    inicia o processo de carregamento. Os caminhes carregados transportam o material at

    determinados pontos de descarga: britadores, estoques de minrio e pilhas de estril.

    Em seguida so alocados para uma frente de lavra disponvel, onde repetiro as mesmas

    operaes. Este processo est ilustrado na figura 8.

    Figura 8 - Fluxograma simplificado do ciclo operacional de uma mina a cu aberto

    Fonte: Minerao Casa de Pedra (CSN)

    O ciclo de um caminho composto pelas seguintes etapas: Deslocamento

    vazio, carregamento, deslocamento cheio e basculamento. Entre estas etapas podemos

    considerar novos eventos que so chamados de tempos fixos. Os tempos fixos so:

    Tempo de fila no carregamento e basculamento, tempo de manobra no carregamento e

    basculamento e tempo de carregamento.

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    O sistema de despacho direciona os caminhes para os equipamentos de carga

    de forma automtica, com a ativao do comando destino feito pelo operador atravs

    do computador de bordo alocado no equipamento e a partir desta ao comea a ser

    contabilizado o tempo de deslocamento vazio. Ao chegar praa de carregamento

    indicada, o operador informa esta ao, novamente no computador de bordo, iniciando a

    contagem do tempo de manobra para o carregamento ou tempo de fila (caso haja

    alguma caminho em carregamento no momento). Aps a realizao da manobra, no

    momento em que se iniciar o processo de carregamento, o operador deve apontar o

    incio de carga, desta forma finalizado a contagem do tempo de manobra e se inicia

    o tempo de carregamento. Completada a ao de carregamento, o operador do

    equipamento de carga deve apontar o fim do carregamento, indicando que o caminhoest carregado e pronto para transportar o material at o local de basculamento. Aps

    esta ao, o sistema de despacho aloca este equipamento, de forma automtica, ao ponto

    de descarga. A prxima etapa contabilizada o tempo de deslocamento carregado. Ao

    chegar no ponto de basculamento, o operador realiza a ltima etapa do ciclo, novamente

    a chegada, iniciando a contagem do tempo de basculamento. Ao trmino do

    basculamento, o ciclo se reinicia com o comando destino. Este processo est

    demonstrado na figura 9.

    Figura 9Fluxograma simplificado do ciclo de operao em uma lavra a cu aberto tpica

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    Em resumo, para a realizao completa do ciclo, so necessrios quatro

    apontamentos do operador de equipamento de transporte: destino; chegada; incio de

    carga e chegada no local de descarga. E um apontamento do operador de equipamento

    de carga: fim do carregamento. Estas informaes alimentam um banco de dados, que

    atravs de consultas e frmulas especificas, se transformam em indicadores de

    desempenho.

    importante considerar que os equipamentos de transporte so produtivos

    somente quando esto transportando material, ou seja, se deslocando carregados. Os

    equipamentos de carga so considerados produtivos quando esto em processo de

    carregamento. O perodo de filas e ociosidades so os principais fatores para a perda deprodutividade.

    2.5 Avaliao de desempenho

    Avaliar apreciar, estimar, criticar ou julgar. Desempenho o comportamento

    real do indivduo em face de uma expectativa ou de um padro de comportamento

    estabelecido pela organizao.

    A avaliao de desempenho tem como principal objetivo diagnosticar e

    analisar odesempenho individual e grupal dos funcionrios, promovendo o crescimento

    pessoal e profissional, bem como melhor desempenho. Alm disso, fornece

    administrao de recursos humanos informaes para tomadas de decises acerca de

    salrios, mritos, bonificaes, promoes, demisses, treinamentos e planejamento de

    carreira, proporcionando o crescimento e o desenvolvimento do empregado avaliado.A avaliao de desempenho a crtica que deve ser feita na defasagem

    existente no comportamento do indivduo entre a expectativa de desempenho definida

    com a organizao e o seu desempenho real.

    A anlise do gapou da distncia entre o comportamento ideal e o real o

    foco essencial da avaliao de desempenho.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Desempenhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_de_recursos_humanoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_de_recursos_humanoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Desempenho
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    As pessoas diferem entre si no que se refere s atitudes, hbitos, prticas,

    disposio para realizar as suas atividades, cumprimento de prazos e compromissos,

    interesse, assimilao de novas atribuies, posturas diante dos superiores, colegas e

    subordinados, zelo pessoal e em uma srie de outros fatores. A avaliao de

    desempenho tem por finalidade apreciar, de modo sistemtico e formal, as diferenas

    individuais de desempenho na situao de trabalho.

    Antoniolli (2003) cita que a necessidade do gerenciamento de desempenho

    cada vez mais efetivo tem impulsionado as empresas a desenvolverem formas de

    monitorar e avaliar o seu desempenho.

    Oliveira e Leal Jnior (2005) afirmam que a ferramenta de avaliao de

    desempenho deve propiciar subsdios que permitam comparar diversas bases de

    informaes e deve refletir o real diagnstico da situao, possibilitando identificar os

    pontos fortes da gesto, bem como os pontos fracos merecedores de maior ateno.

    Em virtude da dinmica do mundo de trabalho atual, o sistema homem-

    mquina sofre o estresse dos ritmos intensos de modificaes tecnolgicas, mercadoscompetitivos e presses de diferentes origens no ambiente de trabalho (Rasmussen,

    1997). Para o operador de hoje, no basta apenas a operao manual de maquinas, mas

    a percepo de sinais e a interpretao dos dados gerados pelas interfaces embarcadas.

    Alm dos fatores relacionados diretamente ao ser humano, existem fatores

    organizacionais que tem forte influncia no desempenho operacional. De acordo com

    Rasmussen (1997), as presses internas e as jornadas de trabalho so fatores capazes deinfluenciar o desempenho humano no sistema.

    Fatores como recursos computacionais e ferramentas de controle podem

    auxiliar o operador a perceber quando suas aes no esto dentro de uma meta

    previamente determinada, possibilitando um melhor desenvolvimento individual.

    Existem vrios sistemas, ou mtodos, de avaliao de desempenho. De acordo

    com Chiavenato (1999), os mtodos mais tradicionais de avaliao de desempenho so:

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    1) Escalas grficas de classificao: o mtodo mais utilizado nas empresas.

    Avalia o desempenho por meio de indicadores definidos, graduados atravs da

    descrio de desempenho numa variao de ruim a timo. Para cada nvel pode haver

    exemplos de comportamentos esperados para facilitar a observao da existncia ou no

    do indicador. Permite a elaborao de grficos que facilitaro a avaliao e

    acompanhamento do desempenho histrico do avaliado.

    2) Escolha e distribuio forada: consiste na avaliao dos indivduos atravs

    de frases descritivas de determinado tipo de desempenho em relao s tarefas que lhe

    foram atribudas, entre as quais o avaliador forado a escolher a mais adequada para

    descrever os comportamentos do avaliado. Este mtodo busca minimizar a subjetividadedo processo de avaliao de desempenho.

    3) Pesquisa de campo: baseado na realizao de reunies entre um especialista

    em avaliao de desempenho da rea de Recursos Humanos com cada lder, para

    avaliao do desempenho de cada um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal

    desempenho por meio de anlise de fatos e situaes. Este mtodo permite um

    diagnstico padronizado do desempenho, minimizando a subjetividade da avaliao.Ainda possibilita o planejamento, conjuntamente com o lder, do desenvolvimento

    profissional de cada um.

    4) Incidentes crticos: enfoca as atitudes que representam desempenhos

    altamente positivos (sucesso), que devem ser realados e estimulados, ou altamente

    negativos (fracassos), que devem ser corrigidos atravs de orientao constante. O

    mtodo no se preocupa em avaliar as situaes normais. No entanto, para haversucesso na utilizao desse mtodo, necessrio o registro constante dos fatos para que

    estes no passem despercebidos.

    5) Comparao de pares: tambm conhecida como comparao binria, faz

    uma comparao entre o desempenho de dois colaboradores ou entre o desempenho de

    um colaborador e sua equipe, podendo fazer o uso de fatores para isso. um processo

    http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADderhttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADder
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    muito simples e pouco eficiente, mas que se torna muito difcil de ser realizado quanto

    maior for o nmero de pessoas avaliadas.

    6) Auto-avaliao: a avaliao feita pelo prprio avaliado com relao a sua

    performance. O ideal que esse sistema seja utilizado conjuntamente a outros sistemas

    para minimizar o fortevis e falta de sinceridade que podem ocorrer.

    7) Relatrio de performance: tambm chamada de avaliao por escrito ou

    avaliao da experincia, trata-se de uma descrio mais livre acerca das caractersticas

    do avaliado, seus pontos fortes, fracos, potencialidades e dimenses de comportamento,

    entre outros aspectos. Sua desvantagem est na dificuldade de se combinar ou compararas classificaes atribudas e por isso exige a suplementao de outro mtodo, mais

    formal.

    8) Avaliao por resultados: um mtodo de avaliao baseado na comparao

    entre os resultados previstos e realizados. um mtodo prtico, mas que depende

    somente do ponto de vista do supervisor a respeito do desempenho avaliado.

    9) Avaliao por objetivos: baseia-se numa avaliao do alcance de objetivos

    especficos, mensurveis, alinhados aos objetivos organizacionais e negociados

    previamente entre cada colaborador e seu superior. importante ressaltar que durante a

    avaliao no devem ser levados em considerao aspectos que no estavam previstos

    nos objetivos, ou no tivessem sido comunicados ao empregado. E ainda, deve-se

    permitir ao empregado sua auto-avaliao para discusso com seu gestor.

    10) Padres de desempenho: tambm chamada de padres de trabalho

    quando h estabelecimento de metas somente por parte da organizao, mas que devem

    ser comunicadas s pessoas que sero avaliadas.

    11) Frases descritivas: trata-se de uma avaliao atravs de comportamentos

    descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se sim quando o comportamento

    do operador corresponde ao comportamento descrito, e no quando no corresponde.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A9shttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A9s
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    diferente do mtodo da Escolha e distribuio forada no sentido da no

    obrigatoriedade na escolha das frases.

    Para Moscovic (2000), por meio de feedback que uma pessoa pode ser

    auxiliada a reconhecer em que precisa melhorar, da necessidade de se adquirir novos

    conhecimentos, de desenvolver novas habilidades ou aptides e mesmo esclarecer sobre

    atitudes inadequadas que precisam ser modificadas ou extintas. Segundo o autor, o

    feedback, seja ele positivo ou negativo, se torna mais eficaz quando aplicado no

    momento adequado.

    2.6 Simulao

    A simulao, segundo Pegden et al. (1990), um processo onde se projeta um

    modelo computacional de um sistema real e se realiza experimentos com este modelo

    com o propsito de entender seu comportamento e/ou avaliar estratgias para sua

    operao. Desta maneira, pode-se entender a simulao como um processo amplo que

    engloba no apenas a construo de modelos, mas todo o mtodo experimental que se

    segue, buscando: Descrever o comportamento do sistema;

    Construir teorias e hipteses considerando as observaes efetuadas;

    Usar o modelo para prever o comportamento futuro, isto , os efeitos

    produzidos por alteraes no sistema ou nos mtodos empregados em sua

    operao.

    Os termos "modelos" e "sistemas" so os componentes chave da definio desimulao. Por modelo se entende a representao de um grupo de objetos e idias. Por

    outro lado, um sistema um grupo ou coleo de elementos inter-relacionados que

    cooperam para executar algum objetivo pr-estabelecido (Pegden, 1990).

    Panagiotou (1999) afirma que a simulao uma tcnica aplicvel devido ao

    alto desempenho e baixo custo de computadores, da existncia de linguagens

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    sofisticadas que permitem a construo rpida de modelos e da facilidade de mudanas

    e atualizaes nos modelos em conseqncia de alteraes nas operaes das minas.

    Outra razo para o crescente uso da simulao a rapidez de manipulao e facilidade

    de uso.

    Segundo Knights e Bonates, (1999), simulao envolve modelar um problema

    para tornar possvel experimentar e testar alternativas e formas de ao, propiciando

    boas idias sobre esses problemas sem as despesas envolvidas na experimentao em

    um sistema real.

    De acordo com Maran e Topuz (1988), a simulao envolve a construo deum modelo matemtico que descreve a operao do sistema investigado. O modelo

    simulado vrias vezes para determinar o seu comportamento. Em consequncia disso, a

    simulao pode ser usada para obter medidas de desempenho para um sistema

    complexo atravs de experimentos de amostragem em um modelo matemtico do

    sistema.

    Como um modelo de simulao pode ser definido como uma representaosimplificada do sistema real, ao se projetar um modelo de simulao, deve-se definir

    quanto o modelo de simulao vai se aproximar do sistema real (Knights e Bonates,

    1999).

    Uma simulao simples prev o desempenho de um sistema de operaes sob

    um conjunto especifico de entradas. Como afirma Robinson (2004), a simulao uma

    abordagem experimental para a modelagem, assim como uma ferramenta de anlise,pois o usurio entra com os dados (inputs) e o modelo gera alguns cenrios com a

    previso dos resultados. Desta maneira, o usurio do modelo continua a explorar

    cenrios alternativos at que ele obtenha conhecimento suficiente ou identifique como

    melhorar o sistema real. Com isso, ele procura obter um cenrio ideal que o auxiliar na

    tomada de decises.

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    A utilizao de sistemas de simulao permite rpida avaliao com baixo

    custo de uma srie de problemas levantados, sem a necessidade de interferir no sistema

    a ser analisado. Segundo Tu e Hucka (1985), a simulao faz o papel de laboratrio ou

    planta-piloto em situaes onde a execuo de experincias seria fisicamente

    impraticvel ou proibitiva em termos de custos.

    De acordo com Sturgul (1995), quando obtemos uma soluo usando simulao

    computacional importante entender o significado da soluo, j que um modelo de

    simulao no resolve um problema, apenas mostra como um sistema ir operar sob um

    conjunto de parmetros.

    A simulao tem sido largamente utilizada em: manufatura, manuseio de

    materiais, sistemas militares, controle de trfego, treinamento de pilotos e motoristas,

    sistemas de planejamento e projeto de minas e vrios sistemas com forte estrutura de

    filas.

    2.6.1 Utilizao da Simulao nas indstrias minerais

    As primeiras aplicaes de simulao em minas ocorreram nos Estados Unidos

    e na Europa. Na Europa, os primeiros estudos de simulao em minerao foram no

    transporte em minas subterrneas. Rasche e Sturgul (1991) citam que o primeiro estudo

    de simulao em minas publicado foi apresentado por Rist (1961). Nesse estudo, foi

    determinado o nmero timo de trens numa mina subterrnea.

    A partir do final dos anos 80, a utilizao de tcnicas de simulao paraplanejamento e analise de novos projetos de operao em mina, para modificao e

    melhoramento dos processos existentes se popularizou. A simulao no um mtodo

    de otimizao, mas uma ferramenta que pode ajudar no aperfeioamento de operaes

    de qualquer rea especfica das minas.

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    Segundo Sturgul (1995), a maioria dos primeiros modelos eram implementados

    utilizando a linguagem FORTRAN e, consequentemente, resultavam em modelos

    difceis de aplicar s diferentes situaes encontradas nas minas.

    Panagiotou (1999) afirma que a simulao tem se estabelecido como a nica

    tcnica que pode rodar sistemas de minerao complexos, os quais so de natureza

    estocstica, mudam dinamicamente ao longo do tempo e do espao e operam dentro de

    um ambiente econmico varivel.

    Para Maran e Topuz (1988), a simulao computacional pode ser usada como

    uma forma de experimentao e avaliao de problemas de despacho, especialmentequando mtodos analticos na produzem resultados satisfatrios.

    Tu e Hucka afirmam que os sistemas de transporte em uma mina a cu aberto

    de grande porte so to complexos, que se torna difcil obter resultados quantitativos

    pela teoria de filas. Segundo os autores, a simulao computacional provavelmente o

    nico mtodo prtico para predizer a performance de um sistema de transporte de

    caminhes sob controle do despacho computadorizado.

    Para Panagiotou (1999), a utilizao de computadores de alto desempenho

    aliado a linguagens de simulao/modelagem que permitem a construo rpida de

    modelos e facilitam as alteraes, tem tornado a simulao uma importante ferramenta

    na minerao.

    De acordo com Knights e Bonates (1999), modelos discretos de simulaopodem ser aplicados para estimar variveis de produo durante as fases de estudo de

    viabilidade e planejamento de projetos e avaliar estratgias alternativas de operao em

    mineraes.

    A simulao tem sido usada como uma ferramenta para responder uma srie de

    questes, como: (o que acontece... se?), visando avaliar alternativas antes da construo

    ou modificao do sistema atual, testar o comportamento de diferentes tticas

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    operacionais e prever o desempenho econmico e operacional de diversas estratgias

    Panagiotou (1999).

    Tu e Hucka (1985) desenvolveram um modelo de simulao para analisar a

    performance de operao de carga e transporte em uma mina a cu aberto. Alm de

    permitir a analise das operaes dos equipamentos, o modelo pode ser usado para

    avaliar diferentes cenrios de redes de transporte na fase de planejamento. Eles usaram

    a linguagem de simulao SLAM (Simulation Language for Alternative Modeling). No

    modelo em questo, os caminhes foram considerados as entidades e os equipamentos

    de carga, os recursos. Os resultados da simulao indicaram que o uso do despacho

    computadorizado podia gerar uma reduo de 2 a 3% no tamanho total da frotanecessria.

    Ezawa e Silva (1995) utilizaram a simulao para a concepo, validao e

    implantao do sistema de alocao dinmica de caminhes na Mina do Pico

    (Itabirito/MG), onde todos os testes preliminares foram realizados nos prottipos e no

    com o sistema em operao. Eles afirmam que a simulao foi importante para se

    levantar problemas operacionais do sistema e corrigi-los antes da implantao,proporcionando rpida assimilao da nova tecnologia pelos envolvidos.

    Knights e Bonates (1999) analisaram algumas aplicaes de simulao na

    indstria mineral na Amrica do Sul. Eles citaram exemplos de uso da simulao em

    Minas Gerais, Bahia, Gois e outros estados brasileiros, alm de outros pases da

    Amrica do Sul. Para eles, o uso da simulao no continente parece estar restrito s

    universidades e grandes companhias mineradoras.

    Merschmann (2002) desenvolveu um sistema de otimizao e simulao para

    anlise de cenrios de produo em minas a cu aberto, o OTISIMIN. De forma

    semelhante ao SIMIN, o OTISIMIN foi desenvolvido em Delphi, com base no DCA e

    no mtodo das trs fases. Esse sistema dividido em dois mdulos:

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    a. Otimizao: Trabalha com programao linear e utiliza o software de

    otimizao LINDO.

    b. Simulao.

    etin (2004) desenvolveu um modelo para simular o despacho e produo de

    uma mina a cu aberto de mdio porte, com o intuito de analisar e comparar regras

    heursticas de despacho de caminhes. Os resultados das analises estatsticas mostraram

    que os efeitos das regras bsicas de despacho no so significativos para a performance

    do sistema.

    A partir dos anos 90, o interesse no uso de simulao a eventos discretos emminas a cu aberto e subterrneas aumentou consideravelmente. Atravs da simulao e

    da animao pode-se chegar a um novo patamar no estudo da engenharia de minas.

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    CAPTULO 3

    Estudo de caso Mina Casa de Pedra

    As metodologias desenvolvidas neste trabalho foram aplicadas utilizando

    informaes reais da mina Casa de Pedra. Sero abordados os materiais e as

    metodologias utilizadas no processo de classificao dos operadores de carga e

    transporte, bem como suas particularidades. Os operadores foram classificados de

    acordo com o tipo de equipamento (transporte e carga), aps ser apresentada ametodologia de classificao e a anlise estatstica dos dados.

    3.1 - Materiais e mtodos

    A empresa dispe de um sistema de controle de trfego que monitora todos os

    equipamentos de carga e transporte. Sua principal funo o gerenciamento da mina

    com objetivo de otimizar a operao de lavra e maximizar a produtividade geral damina, desta forma, reduzindo custos operacionais.

    O sistema recebe dados em tempo real, atravs de informaes via rede

    wireless, utilizao de GPS e utilizao do computador de bordo embarcado em cada

    equipamento.

    3.1.1 Rede de telecomunicaes

    A rede de telecomunicaes via wireless refere-se a transmisso de dados via

    passagem area sem a necessidade do uso de cabossejam eles telefnicos coaxiais ou

    pticos por meio de equipamentos que usamradiofrequncia (comunicao via ondas

    de rdio). A rede utilizada na mina denominada Masterlink e proporciona taxas de

    transmisso de dados em banda larga de 11 a 54 Mb/s. A rede composta por

    hardwares de processamento e converso de dados, antenas repetidoras mveis,

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Radiofrequ%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Radiofrequ%C3%AAncia
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