Dissertação completa

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECN. DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM COMPUTAÇÃO APLICADA LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO MADE: SISTEMA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DA MATRIZ DE DESIGN EDUCACIONAL DE DISCIPLINAS A DISTÂNCIA FORTALEZA CEARÁ 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECN. DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM COMPUTAÇÃO APLICADA

LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO

MADE: SISTEMA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DA MATRIZ DE DESIGN

EDUCACIONAL DE DISCIPLINAS A DISTÂNCIA

FORTALEZA – CEARÁ

2014

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LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO

MADE: SISTEMA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DA MATRIZ DE DESIGN

EDUCACIONAL DE DISCIPLINAS A DISTÂNCIA

Dissertação submetida à Coordenação do Curso

de Mestrado Profissional em Computação

Aplicada da Universidade Estadual do Ceará e

do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Ceará, como requisito parcial à

obtenção do título de mestre em Computação

Aplicada.

Área de concentração: Informática Educativa

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Fernandes

Ramos

FORTALEZA – CEARÁ

2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por todas as janelas fechadas e portas abertas posteriormente. Acima de

tudo, por todas as inspirações a mim concedidas.

Aos meus pais, João e Dulcina, pelos belos ensinamentos e pelo amor incondicional.

À minha avó Francisca, que compartilhou comigo seus poucos letramentos e que, por diversas

vezes, sentada em sua cadeira de balanço, ditava a tabuada para mim com todo carinho.

À minha irmã Vivianny que, mesmo distante, trago sempre em meio coração. Obrigada pelo

seu amor, por acreditar e sonhar junto comigo.

A meu namorado e amigo, Marcos, que Deus colocou no meu caminho. Por me apoiar,

incentivar e vibrar junto comigo a cada conquista alcançada ao longo dessa caminhada.

A todos os meus colegas de curso, pelas gratificantes conversas e ensinamentos no decorrer

dessa caminhada. Um carinho especial às minhas amigas Luciana e Lidiane, que me apoiaram

e incentivaram nos momentos mais difíceis.

A todos os meus amigos e amigas, aos que estão perto e aos que, por diversos motivos, tiveram

que se distanciar; a eles todo meu carinho e gratidão pelos momentos de conversas.

À professora Cassandra, que me acolheu de braços abertos e sempre acreditou em meu

potencial. Por toda a confiança depositada, obrigada.

Ao professor Ronaldo Ramos pela orientação, confiança e apoio no desenvolvimento dessa

pesquisa.

A todas as minhas colegas e amigas da equipe de Design Educacional do IFCE, em especial

Iraci e Márcia que acompanharam mais de perto minha caminhada e souberam compreender

minhas ausências.

Aos professores Thiago e Daniel por acreditarem no meu trabalho e aceitarem a proposta para

desenvolvimento dessa pesquisa.

Aos bolsistas da Funcap Jandeíldo e Reginaldo pelas colaborações no percurso de

desenvolvimento do sistema.

A todos os meus colegas e amigos da Diretoria de Educação a Distância que me proporcionam,

a cada dia, adquirir novos saberes e que me ensinam a importância do trabalho em equipe.

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A todos os integrantes do Projeto LEaD, em especial a Lidiane, por confiar no meu trabalho e

me apoiar nos momentos necessários.

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RESUMO

Em Educação a Distância (EaD), o planejamento para oferta das disciplinas ocorre em um

momento bem anterior à execução do curso, através da ação colaborativa dos atores envolvidos.

Essa ação de planejar e executar envolve desde a coordenação do curso responsável pela lotação

dos professores, passando pela equipe de Design Educacional, equipe web, chegando até aos

professores tutores responsáveis por conduzir a disciplina junto aos alunos. A Diretoria de

Educação a Distância do IFCE, espaço desta pesquisa, adota como modelo para o planejamento

das disciplinas dos seus cursos a distância, o documento da Matriz de Design Educacional. Este

documento se utiliza de um editor de texto, o que implica em tempo com upload e download

de arquivos e uma limitação no controle de produção das matrizes. Como há quantidade

significativa de disciplinas ofertadas semestralmente, o volume de documentos produzidos e

profissionais envolvidos também é numeroso, o que torna o processo de gestão da produção da

matriz uma tarefa complexa. Esta pesquisa tem como objetivo principal desenvolver um sistema

de gestão e planejamento da Matriz de Design Educacional, além de discutir a gestão e

planejamento dos cursos e disciplinas em EaD; apresentar as teorias do Design Instrucional e

da Engenharia Pedagógica como proposta pedagógica de construção da matriz; e descrever as

etapas de construção do sistema. Os principais conceitos abordados na pesquisa envolvem os

tópicos: modelos pedagógicos de Behar (2009); conceitos de gestão em EaD de Mill e Brito

(2009); Design instrucional de Romiszowski (2005) e Filatro (2003;2008) e da Engenharia

pedagógica de Paquette (2002, 2004). Para o desenvolvimento do sistema foram realizadas

reuniões periódicas com a equipe de desenvolvimento para delimitação dos requisitos do

sistema, cronograma e responsáveis pelas atividades. O sistema Made encontra-se em fase de

teste e como se trata de um sistema em evolução muitas informações podem ser agregadas ao

seu escopo, em especial, à medida que os usuários iniciarem seu uso. Sua aplicação, como

ferramenta de apoio a elaboração e planejamento da Matriz de Design Educacional das

disciplinas a distância, possibilitará a seus atores sistematizar seus processos, gerenciar seus

trabalhos e organizar o fluxo de mensagens. Além de permitir a seus usuários a localização

rápida e fácil das informações desejadas contribuindo para solucionar possíveis entraves

comunicacionais e de perda de dados.

Palavras chave: Educação a distância. Planejamento em Educação a Distância. Matriz de

Design Educacional. Sistema Made.

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ABSTRACT

In Distance Education ( DE ) ,the courses planning must occurs much before their

implementation by the means of highly collaborative actions of the involved actors .The

planning and execution actions involve several people that vary from the course coordinator,

which is responsible for the instructors selection, the tutors responsible for conducting the

courses, to the staff of an entire educational web design team. The Distance Education

Department of the IFCE, where this research was conducted, adopts a planning model based on

a document called Educational Design Matrix (MADE). Traditionally, this document is edited

in a text editor and uploaded to a server, which implies in some delays and limits the documents

production efficiency. Along to the growing number of offered courses, the volume of

documents produced and professionals involved becomes difficult to manage, which makes

very complex the process of the MADE production management. This research aims to develop

a management and planning system for the MADE construction, and, at the same time, having

a discussion about the management and planning of courses and subjects in distance education

systems. Present theories of Instructional design and Educational Engineering as a pedagogical

proposal of the matrix construction are also discussed along the description of the stages of the

proposed system construction. The main concepts covered in this research involve topics such

as the pedagogical models of Behar (2009 ), the DL management concepts in Mill and Brito

(2009 ), the Instructional design of Romiszowski (2005) and Filatro (2003,2008), and the

Pedagogical Engineering of Paquette (2002 , 2004). To develop the MADE system, they were

held regular meetings with a development team to define the system requirements, work

division, and to assign the responsible for each activity. The system is under tests, and as it

evolves, a lot of information can be captured from its usage. Its application as a support tool for

the preparation and planning of the MADE, allows his actors to systematize their processes,

manage their work and organize the flow of messages. Its application as a support tool for the

preparation and planning of the MADE, allows his actors to systematize their processes,

manage their work and organize the flow of messages in addition to quickly and easily locate

the desired information that helps to solve possible communication barriers and data loss.

Keywords: Distance education. Planning in Distance Education. Matrix Educational Design.

Made system.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de atuação da DEaD/IFCE .................................................................. 31

Figura 2 - Fundamentos do design instrucional ............................................................. 37

Figura 3 - Processos da Engenharia Pedagógica ........................................................... 41

Figura 4 - Bases da Engenharia pedagógica ................................................................... 43

Figura 5 - Fases da engenharia pedagógica .................................................................... 46

Figura 6 - Matriz de Design Instrucional ....................................................................... 51

Figura 7 - Planejamento para oferta do semestre ........................................................... 54

Figura 8 - Etapas de Produção da Matriz de Design Educacional .................................. 55

Figura 9 - Etapas de concepção do sistema Made .......................................................... 57

Figura 10 - Modelo ADDIE............................................................................................ 58

Figura 11 - Tela de login ................................................................................................ 64

Figura 12 - Menu de administração do sistema .............................................................. 64

Figura 13 - Módulos do Sistema Made .......................................................................... 65

Figura 14 - Tela de criação/edição de uma Matriz ......................................................... 66

Figura 15 - Lista de matrizes criadas .............................................................................. 66

Figura 16 - Vinculação dos responsáveis pela Matriz .................................................... 67

Figura 17 - Adicionar/Remover usuário ......................................................................... 67

Figura 18 - Menu de navegação da Matriz ..................................................................... 69

Figura 19 - Matriz em construção .................................................................................. 69

Figura 20 - Módulo de publicação .................................................................................. 71

Figura 21 - Casos de usos – Gerenciar Matriz ............................................................... 73

Figura 22 - Casos de usos – manipular Matriz (parte II) ................................................ 75

Figura 23 - Diagrama de sequência – Criação/Edição da Matriz ................................... 79

Figura 24 - Representação no sistema do diagrama 23 .................................................. 80

Figura 25 - Diagrama de sequência – Comentários ........................................................ 81

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Figura 26 - Representação no sistema do diagrama 25 .................................................. 81

Figura 27 - Diagrama de sequência – Comparar versões ............................................... 82

Figura 28 - Representação no sistema do diagrama 27 .................................................. 83

Figura 29 - Diagrama de sequência – Nova ementa ....................................................... 83

Figura 30 - Diagrama de sequência – Programa............................................................. 84

Figura 31 - MER – Dados do curso ................................................................................ 85

Figura 32 - Vinculando disciplina ao curso .................................................................... 86

Figura 33 - MER – Dados da Matriz .............................................................................. 87

Figura 34- Ferramenta Selenium-IDE ............................................................................ 91

Figura 35 - Toolbar do Selenium .................................................................................... 92

Figura 36 - Fluxo dos Casos de teste .............................................................................. 93

Figura 37 - Teste Criar Curso ......................................................................................... 96

Figura 38 - Tela curso criado no sistema Made.............................................................. 96

Figura 39 - Teste Criar Disciplina .................................................................................. 97

Figura 40 - Tela Disciplina criada no sistema Made ...................................................... 97

Figura 41 - Teste criação da Matriz ................................................................................ 98

Figura 42 - Tela Matriz criada no sistema Made ............................................................ 98

Figura 43 - Teste Criar aula de uma matriz .................................................................... 99

Figura 44 - Tela Aula criada no Sistema Made .............................................................. 99

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Equipe multidisciplinar ................................................................................ 24

Quadro 2 - Visões sobre o Design Instrucional ............................................................. 36

Quadro 3 - Elementos e fase de desenvolvimento do design instrucional ..................... 39

Quadro 4 - Três gerações dos sistemas informatizados .................................................. 44

Quadro 5 - Funções gerais dos usuários no Made .......................................................... 62

Quadro 6 - Especificação do módulo de criação ............................................................ 68

Quadro 7 - Especificação do módulo de Edição............................................................. 70

Quadro 8 - Especificação do Módulo de Publicação ...................................................... 71

Quadro 9 - Tipos de testes .............................................................................................. 90

Quadro 10 - Caso de Teste Criar curso........................................................................... 93

Quadro 11 - Caso de Teste - Criar disciplina ................................................................. 94

Quadro 12 - Caso de Teste - Criar Matriz ...................................................................... 94

Quadro 13 - Caso de Teste - Criar aula .......................................................................... 95

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADDIE analyze, design, develop, implemente e evaluate

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica

CPF Cadastro Pessoa Física

DEAD Diretoria de Educação a Distância

DI Design Instrucional

DE Design Educacional

EAD Educação a Distância

EP Engenharia Pedagógica

e-TEC Escola Técnica de Educação profissional e tecnológica na

modalidade a distância

ER Engenharia de Requisitos

IFCE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

HTML Linguagem de Marcação de Texto

LV Learning Vectors

MADE Matriz de Design Educacional

MEC Ministério da Educação

MER Modelo Entidade Relacionamento

NTEAD Núcleo de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância

OU-UK Open University United Kingdom

PNE Plano Nacional de Educação

Profuncionário Programa de Formação dos Funcionários das Escolas Públicas

SA Sistema de Aprendizagem

SEB Secretaria de Educação Básica

SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

TI Tecnologia da Informação

UAB Universidade Aberta do Brasil

UML Unified Modeling Language

W3C World Wide Web Consortium

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................15

2 GESTÃO E PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA...............20

2.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL..........................................................20

2.2 GESTÃO DE CURSOS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA.............................23

2.3 PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.........................................27

2.4 PLANEJAMENTO DE CURSOS A DISTÂNCIA NA DIRETORIA DE EAD DO

IFCE........................................................................................................................29

3 MADE: BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS...............................33

3.1 DESIGN INSTRUCIONAL – VISÃO HISTÓRICA..............................................33

3.1.1 O design instrucional em cursos online................................................................35

3.2 ENGENHARIA PEDAGÓGICA...........................................................................41

3.2.1 Fase da análise preliminar....................................................................................46

3.2.2 Fase de concepção e design instrucional...............................................................47

3.2.3 Fase de desenvolvimento ou elaboração dos materiais......................................48

3.2.4 Fase de validação...................................................................................................48

3.2.5 Fase de execução e divulgação..............................................................................49

3.2.6 Fase de Gestão e operação....................................................................................49

3.3 MATRIZ DE DESIGN EDUCACIONAL..............................................................50

3.3.1 Uso da Matriz de Design Educacional no contexto do IFCE............................52

3.4 ENGENHARIA PEDAGÓGICA E O DESIGN INSTRUCIONAL NA

CONCEPÇÃO DO SISTEMA MADE...................................................................57

4 MADE: CONCEPÇÃO E PROTOTIPAÇÃO...................................................60

4.1 Descrição da proposta.............................................................................................60

4.2 Requisitos do Made.................................................................................................60

4.3 Ferramentas de desenvolvimento............................................................................63

4.4 Interfaces do Sistema Made....................................................................................63

4.5 Estrutura de gerenciamento do sistema Made.........................................................65

4.5.1 Módulo de Criação................................................................................................65

4.5.2 Módulo de Edição..................................................................................................68

4.5.3 Módulo de Publicação...........................................................................................70

4.6 Modelagem do Sistema Made (UML).....................................................................71

4.6.1 Diagrama de Caso de Uso.....................................................................................73

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4.6.2 Diagramas de sequência.......................................................................................78

4.6.3 Modelo Entidade e Relacionamento (MER)........................................................84

5 VALIDAÇÃO DO SISTEMA E RESULTADOS OBTIDOS...........................89

5.1 Tipos de testes aplicados para validação de um sistema..........................................89

5.2 Selenium..................................................................................................................91

5.3 Casos de Testes do Sistema Made............................................................................92

5.4 Testes e Resultados encontrados.............................................................................95

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES FUTURAS................100

REFERÊNCIAS..................................................................................................103

APÊNDICE A - Matriz de Design Instrucional 2009.2........................................108

APÊNDICE B – Matriz de Design Educacional 2013.2.......................................112

APÊNDICE C – Casos de Uso..............................................................................119

Page 15: Dissertação completa

15

1 INTRODUÇÃO

A primeira manifestação e materialização do

ecossistema comunicativo é a relação com as novas

tecnologias – desde o cartão que substitui ou dá acesso

ao dinheiro, até as grandes avenidas da internet.

(Martins-Barbero, 2007)

O advento da internet, somado ao (re)uso das tecnologias digitais, em diversos

cenários da vida moderna, têm propiciado a experimentação e o compartilhamento de

informações jamais imaginado. A partir disso, abriu-se um leque de possibilidades para o

campo da educação, em especial, a Educação a Distância (EaD).

Segundo Moran (2002, p. 1), “educação a distância é o processo de ensino-

aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial

e/ou temporalmente”. Nesse sentido, a utilização de ferramentas tecnológicas de apoio ao

processo de ensino e aprendizagem vem contribuído cada vez mais para a promoção e

disseminação do saber pelos mais diversos lugares do Brasil e do mundo.

Em paralelo ao desenvolvimento tecnológico, ações governamentais têm sido

planejadas e executadas com intuito de aproveitar o grande potencial advindo das tecnologias

digitais e levar conhecimento formal a pessoas que por motivos variados não teriam acesso de

outra forma.

Das diversas ações empreendidas pelo Governo Federal no Brasil, destaca-se a

aprovação do Decreto nº 5622 de 19 de dezembro de 2005, que cria o Sistema Universidade

Aberta do Brasil (UAB); e do Decreto1 nº 6.301, de 12 de dezembro de 2007 que instituí o

Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec). Essas duas datas marcam a abertura de nova

fase na educação brasileira, possibilitando a formação profissional de milhares de pessoas que

habitam em regiões de difícil acesso e sem estrutura física de centro universitário.

No Brasil, existem 2.665 instituições credenciadas que ofertam cursos superior na

modalidade a distância (PINHEIRO, 2013). Dentre elas, tem-se o Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) que, por meio da sua Diretoria de Educação

a Distância (DEaD), atua na oferta de cursos a distância nos níveis técnico, superior,

especialização e extensão. Assim como em outras instituições de ensino integrantes do

programa UAB, o IFCE é responsável pela produção dos materiais didáticos dos seus cursos de

1 Revogado pelo Decreto nº 7.589 de 26 de outubro de 2011.

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graduação, podendo estabelecer parcerias com instituições pertencentes à rede de ensino para

compartilhamento dos materiais já produzidos.

Para atender a essa demanda, a DEaD conta com a colaboração de uma equipe

multidisciplinar composta por diversos profissionais, entre eles: conteudistas, designer

educacionais (DE), revisores, diagramadores, tutores a distância e presencial, coordenador de

curso, coordenador de polo, dentre outros. Essa equipe é responsável pela produção e oferta das

disciplinas dos cursos a distância da DEaD. A Matriz de Design Educacional é um documento

utilizado como apoio ao planejamento das disciplinas e vem sendo usado desde 2009. Sua

elaboração é de responsabilidade do professor formador, sob orientação pedagógica de um DE.

Semestralmente são ofertadas em torno de cento e oitenta disciplinas, de nível

técnico, superior e pós-graduação, as quais requerem uma quantidade muito grande de matrizes

e de profissionais envolvidos nos planejamentos. A produção da Matriz ocorre de forma off-

line e o meio de comunicação utilizado é o correio eletrônico. Para sua elaboração são trocados

uma média de dez e-mails, o que totaliza uma média de 1800 e-mails durante o semestre. Desta

forma, o acompanhamento da produção da Matriz torna-se uma tarefa complexa e exige um

olhar atento do coordenador de produção, o que nem sempre é possível.

Vale ressaltar que a composição desse documento não ocorre de modo isolado, mas

sim através da colaboração e experiência de cada profissional envolvido. Além do professor

formador e do designer educacional, a construção da Matriz conta com a atuação de um revisor.

Esse ator é responsável pela correção ortográfica, sintática e textual do conteúdo proposto.

Palange (2009, p. 384) destaca que “o trabalho de realização de um curso não é uma

atividade solitária, mas coletiva”. Por isso, percebemos que no desenvolvimento de materiais

didáticos ou na elaboração de um planejamento é indispensável o “olhar” dos diversos autores,

cada qual contribuindo com a expertise que lhe é cabível.

Para o gerenciamento desses materiais, a equipe multidisciplinar estabelece

processos, rotinas e documentos que lhe permitam fazer uso desses conteúdos em outras

situações didáticas. Contudo, o grande fluxo de informações produzidas diariamente, impõe à

equipe a adoção de outros mecanismos que otimizem os processos e possibilitem a rápida

localização dos materiais.

Segundo Torres e Costa (2012, p. 3), “a gestão da informação está relacionada ao

controle da informação dentro de um determinado ambiente, envolvendo um processo, ciclo,

que vai desde a coleta e tratamento da informação, até a sua disseminação”. Nesse sentido,

promover uma gestão eficaz dessas informações é uma tarefa constante no trabalho das equipes,

em especial do designer educacional, uma vez que está centrado nele todo o fluxo de elaboração

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17

da Matriz de Design Educacional. Este profissional leva em consideração a elaboração de um

planejamento detalhado o que demanda um tempo significativo, principalmente pelo fato do

documento da matriz se utilizar de uma ferramenta de texto, o que implica em tempo com

download e upload de arquivos.

Com o propósito de organizar, planejar e sistematizar todo o fluxo de produção da

Matriz de Design Educacional propõe-se o desenvolvimento de um sistema informatizado que

concentre todos os programas, cursos, disciplinas, profissionais e proporcione aos atores a

construção da Matriz de forma online, centralizada em um ambiente próprio, além de

possibilitar ao coordenador de produção o compartilhamento e gerenciamento das matrizes

produzidas e em produção.

A partir disso, surge algumas questões norteadoras da pesquisa, a saber: como

sistematizar a elaboração das Matrizes de Design Educacional das disciplinas a distância

ofertadas semestralmente? De que forma o uso de um sistema online contribuirá para facilitar

e otimizar o trabalho da equipe multidisciplinar na elaboração dessas matrizes?

Com o intuito de responder a esses questionamentos delineou-se o seguinte objetivo

geral: desenvolver um sistema de gestão e planejamento da Matriz de Design Educacional –

Sistema Made.

Como objetivos específicos, foram traçados os seguintes:

Discutir os conceitos de gestão e planejamento em cursos na modalidade a distância.

Apresentar as contribuições pedagógicas da Teoria do Design Instrucional e da

Engenharia Pedagógica para a construção do Sistema Made.

Desenvolver um protótipo do Sistema Made visando a elaboração e visualização das

matrizes produzidas de forma online.

Testar o uso do Sistema dentro do contexto do Instituto Federal de Educação do Ceará

(IFCE).

A pesquisa, para a concepção e implementação do Sistema Made, caracteriza-se

como pesquisa aplicada, pois segundo Gerhardt e Silveira (2009, p 35) esse tipo de pesquisa

“objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas

específicos.” Neste sentido, o desenvolvimento do Sistema MADE visa auxiliar a equipe

multidisciplinar da Diretoria de Educação a Distância do IFCE na execução de suas atividades

de planejamento, proporcionando automatizar o processo de concepção da Matriz de Design

Educacional.

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18

A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa dividiu-se em algumas

etapas. Essas etapas possibilitaram analisar, desenhar e desenvolver todo o sistema. Para isso,

contou-se com a participação direta da equipe de desenvolvimento e de Design Educacional da

DEaD/IFCE.

Na primeira etapa da pesquisa, foram realizadas reuniões com a equipe de

desenvolvimento para delimitação dos requisitos do sistema, cronograma e responsáveis pelas

atividades. Em paralelo, efetuaram-se pesquisas na internet, no intuito de encontrar algum

sistema igual ou similar à ideia que se pretendia desenvolver com o Made. Realizaram-se

reuniões com a equipe de Design Educacional objetivando não somente apresentar a proposta

da pesquisa, mas discutir os principais aspectos pedagógicos que deveriam ser contemplados

no sistema.

Na segunda etapa, os desenvolvedores iniciaram a construção do sistema, tendo

como referência o documento dos requisitos, do desenho pedagógico da Diretoria, do projeto

do sistema e da Matriz de Design Educacional. Ao longo do desenvolvimento, foram feitas

reuniões de trabalhos para (re)ajustes nos requisitos e nos protótipos apresentados. A etapa de

validação dos requisitos foi aplicada durante todo o período de desenvolvimento, ainda que de

forma parcial.

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. O capítulo introdutório, dois

capítulos de cunho teórico e dois capítulos descritivos que explanam as etapas de

desenvolvimento e testes do Sistema Made.

Na primeira parte teórica, referente ao capítulo 2, discutem-se os conceitos

relacionados à gestão e ao planejamento dos cursos na modalidade a distância. Apresentam-se

as etapas do planejamento, destacando sua importância para o desenvolvimento dos projetos e

cursos em Educação a Distância. Sabendo-se, ainda, que a execução dos cursos a distância nas

instituições de ensino devem tomar como base os Referenciais de Qualidade do Ministério da

Educação (BRASIL, 2007). Neste documento, constam todas as diretrizes necessárias para a

realização do ensino a distância dentro das instituições.

No capítulo 3, é discutido a teoria do Design Instrucional. Faz-se uma breve

retomada histórica, apresentando sua aplicação no desenvolvimento de cursos online. Em

seguida, exploram-se os conceitos da Engenharia Pedagógica por Paquette (2002), bem como

é feita uma descrição acerca das etapas da engenharia e de sua contribuição para o planejamento

e oferta de cursos. Ainda neste capítulo, é apresentado o modelo de planejamento dos cursos

no contexto do Instituto Federal de Educação do Ceará, com destaque para o documento da

Matriz de Design Educacional.

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19

No capítulo 4, é descrito as etapas de concepção e desenvolvimento do Sistema

Made. Elencam-se os principais requisitos funcionais e não-funcionais que subsidiaram a

construção do sistema pela equipe técnica e destaca-se as ferramentas tecnológicas utilizadas

durante o processo. É apresentada a estrutura de gerenciamento do sistema, sua divisão nos

módulos de criação, edição e publicação. Por último, representam-se, através dos diagramas de

caso de uso, de sequência e do modelo entidade-relacionamento, as principais funções e

relações entre atores e objetos do sistema.

No capítulo 5, apresentam-se os resultados obtidos a partir dos testes funcionais

realizados no sistema Made com o uso da ferramenta Selenium. Descrevem-se os tipos de testes

de software e seu contexto de aplicação. É apresentada a ferramenta Selenium, algumas de suas

funcionalidades e justificado seu uso nessa pesquisa. Por último, apresentam-se os casos de

testes realizados no sistema e os resultados obtidos a partir deles.

Ao final, expõem-se as conclusões da pesquisa e é realizada uma reflexão sobre a

possibilidade de trabalhos futuros, aspirando à evolução do sistema e à incorporação de outras

funcionalidades, com intuito de otimizar o trabalho da equipe multidisciplinar.

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20

2 GESTÃO E PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas

às implicações futuras de decisões presentes. (Peter

Drucker, 1984)

Neste capítulo, descreve-se a modalidade de Educação a Distância no contexto

brasileiro, tomando como marco a criação da Universidade Aberta do Brasil. Na segunda seção,

discutem-se aspectos relacionados à Gestão de cursos na modalidade a distância, enquanto na

terceira seção evidencia-se o papel do planejamento como fase essencial para o

desenvolvimento das atividades de um curso ou projeto, trazendo discussões a respeito da

temática. Por último, apresenta-se o planejamento de cursos a distância no contexto da Diretoria

de Educação a Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

(IFCE), para onde convergem os objetivos desse trabalho.

2.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Da sociedade contemporânea, emergem muitos produtos e processos que foram

(re)criados com o intuito de trazer comodidade a seus usuários, buscando satisfazer as

necessidades e urgências das pessoas. Dentre os produtos, surgem as tecnologias de informação

e comunicação (TIC) em suas mais variadas formas impulsionadas pela criação e advento da

rede mundial de computadores, a internet.

Inicialmente, criada para atender os objetivos de uma disputa entre norte-

americanos e soviéticos, a internet “foi apropriada por indivíduos e grupos no mundo inteiro e

com todos os tipos de objetivos” (CASTELLS, 1999, p. 26). As possibilidades de interação e

comunicação permitem a seus usuários o acesso a um campo vasto e diversificado de

informações.

O Brasil, através de suas universidades, passou a ter acesso a essa rede de

possibilidades a partir da década de 1980. É incontestável que “a internet ajudou a consolidar a

propagação do ensino a distância para todo o sistema educativo brasileiro (e mundial)”

(ALVES, 2009, p. 10), abrindo caminhos de acesso ao conhecimento para pessoas que, por

algum motivo, não teriam acesso a ele se não fosse dessa forma.

Ao se pensar em Educação, é evidente que essa não pode deixar de usufruir do

potencial proporcionado pelo uso das TIC na elaboração e divulgação dos materiais

desenvolvidos no meio escolar. Nesse sentido, evidenciam-se constantes investimentos

Page 21: Dissertação completa

21

governamentais em projetos de cunho tecnológico que façam uso das TIC em prol do processo

de ensino e aprendizagem, e também na formação inicial e continuada de docentes e

profissionais da área educacional.

Para atingir seus objetivos no campo da formação de professores, o Governo tem

investido massivamente em cursos de nível superior a distância, nas diversas áreas de ensino,

no intuito de atender à demanda por profissionais capacitados. Para a implantação da

modalidade de ensino a distância no âmbito das universidades públicas, são imprescindíveis

fortes investimentos não só na aquisição de equipamentos tecnológicos, mas especialmente na

formação intensiva dos profissionais da educação e equipes multidisciplinares.

O Governo Federal, reconhecendo nessa modalidade a oportunidade de atender a

um grande número de profissionais, regulamentou, pelo Decreto nº 5622 de 19 de dezembro de

2005, a modalidade de Educação a Distância em todo território nacional. Conforme esse decreto

caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a

mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a

utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e

professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

(BRASIL, 2005, p.1)

Em uma ação de consolidação da EaD no Brasil, em 8 de junho de 2006, foi criado

o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), cujo objetivo central é promover a expansão

e interiorização de cursos e programas de educação superior no país (BRASIL, 2006). Apoiada

pelo uso intensivo das TICs, essa ação busca proporcionar a formação de profissionais em

variadas regiões do Brasil e possibilitar o acesso a um ensino superior público e gratuito.

Da criação da UAB, Instituições de Ensino Superior (IES) em todo o país, após um

processo inicial de cadastramento junto ao Ministério da Educação, passam a ofertar variados

cursos na modalidade a distância, com foco central na formação docente. Em paralelo,

representantes das esferas municipais, estaduais e do Distrito Federal, também realizaram seu

credenciamento e puderam se estabelecer como polos de apoio presencial2.

Com o intuito de expandir o ensino nos diversos níveis para o todo o Brasil, o

Governo Federal, em 8 de junho de 2007, por meio da Resolução nº 1, estrutura a oferta de

cursos de pós-graduação lato sensu na modalidade a distância. Segundo o Artigo 6º dessa

resolução, os cursos somente poderão ser oferecidos por instituições devidamente credenciadas

pela União.

2 “Situados em localidades estratégicas, além da realização das aulas presenciais de suporte tecnológico aos alunos

por meio dos laboratórios de informática, representam espaços que possibilitam realização de formações das mais

diversas naturezas” (SANTIAGO, 2010, p.12).

Page 22: Dissertação completa

22

Em continuidade ao projeto de expansão do ensino por meio da EaD, em 12 de

dezembro de 2007, por meio do Decreto3 nº 6.301, o Governo Federal institui o Sistema Escola

Técnica Aberta do Brasil que tem como objetivo o desenvolvimento da educação profissional

e tecnológica, ampliação e democratização do acesso aos cursos públicos e gratuitos no país.

As IES que desejarem ofertar cursos técnicos a distância devem percorrer os mesmos trâmites

burocráticos do Sistema UAB.

Decorrente da oferta de cursos pelas IES, surgem outras demandas, que devem ser

expressamente descritas no Projeto Político Pedagógico dos cursos na modalidade a distância.

Essas demandas tomam como ponto de partida para execução os itens elencados nos

Referencias de Qualidade para a Educação a Distância. Esse documento foi “revisado e

atualizado por uma comissão de especialistas selecionados pelo MEC e tem como intuito pautar

os processos específicos de regulação, supervisão e avaliação na modalidade a distância”

(BRASIL, 2007).

Dentre os elementos destacados nos Referenciais quanto à criação de um curso na

modalidade a distância, temos “(i) concepção de educação e currículo; (ii) sistemas de

comunicação; (iii) material didático; (iv) avaliação; (v) equipe multidisciplinar; (vi)

infraestrutura de apoio; (vii) gestão acadêmico-administrativa; (viii) sustentabilidade

financeira” (BRASIL, 2007, p. 8).

Observa-se que a gerência de um curso a distância depende do bom funcionamento

de cada item apontando anteriormente. Todos eles devem estar elucidados no modelo

pedagógico da IES. Assim como no ensino presencial, cada Instituição possui um modelo

pedagógico desenhado e definido, também na modalidade a distância é essencial a delimitação

das diretrizes didático-pedagógicas para estruturação desse modelo.

Segundo Behar (2009, p. 24)

entende-se o conceito de modelo pedagógico para EaD como um sistema de premissas

teóricas que representa, explica e orienta a forma como se aborda o currículo e que se

concretiza nas práticas pedagógicas e nas interações professor/aluno/objeto de estudo.

Na construção desse modelo voltado para a EaD, cada instituição de ensino precisa

ponderar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos mais diferentes eixos do

processo de desenvolvimento de seus cursos. Behar (2009, p. 25) destaca aspectos essenciais

no que concerne à estruturação de um modelo pedagógico: “aspectos organizacionais; conteúdo

– objeto de estudo; aspectos metodológicos; aspectos tecnológicos”. Além disso, é preciso

considerar todos os aspectos que envolve o uso dessas tecnologias como suporte aos cursos.

3 Revogado pelo Decreto nº 7.589 de 26 de outubro de 2011.

Page 23: Dissertação completa

23

Diante desse contexto, é essencial que cada instituição desenvolva seu modelo

pedagógico respaldada em elementos que tomem por base os pontos elencados anteriormente,

bem como outros que visem atender as suas necessidades e peculiaridades. Pensando nessa ação

de construção de um modelo, é importante destacar o conteúdo a ser disponibilizado nos

materiais didáticos dos cursos ofertados a distância. Este elemento indispensável no desenrolar

de uma disciplina e/ou curso em EaD transpõe diversos processos, quer seja durante sua

produção, quer seja durante sua oferta.

Na produção de material didático, o conteúdo passa pelo trabalho em conjunto de

uma equipe multidisciplinar, que, por sua vez, depende de profissionais especialistas

trabalhando colaborativamente para a elaboração e criação dos materiais para as diferentes

mídias (MOREIRA, 2009).

Na oferta da disciplina, o conteúdo já produzido servirá de base para a construção

de outros elementos como atividades, avaliações, áudios, vídeos entre outros. Todos esses itens

conduzirão os docentes na estruturação de seus planejamentos didáticos, assim como na

definição das estratégias pedagógicas adequadas para a compreensão do conteúdo pelo

discente.

Na próxima seção, discutem-se alguns tópicos sobre a Gestão de cursos na

modalidade a distância.

2.2 GESTÃO DE CURSOS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Em Educação a Distância, o planejamento ocorre em um momento bem anterior à

execução do curso e/ou disciplina, através da ação colaborativa dos atores envolvidos. Delimitar

todas as ações é uma tarefa imprescindível para o sucesso de qualquer curso, seja a distância

ou presencial.

Spanhol (2009, p. 412) ressalta que “o planejamento é o fio condutor da EaD, pois,

nessa modalidade de ensino-aprendizagem, o estudante é o centro do processo, obrigando a um

planejamento detalhado das etapas de pré-produção, produção e pós-produção do curso”.

Como mencionado na seção 1.1, para ofertar cursos na modalidade a distância, a

Instituição de Ensino Superior deve estar previamente credenciada e autorizada junto ao

Ministério da Educação. Com essa etapa inicial concluída, iniciam-se outras ações para o

desenvolvimento das atividades dos cursos que serão oferecidos pelas IES. Segundo Spanhol

(2009), o desenvolvimento de um projeto em EaD é constituído basicamente por cinco fases:

concepção, planejamento, execução, controle e fechamento.

Page 24: Dissertação completa

24

Na fase de concepção, a proposta do projeto é gerada; são traçados os objetivos e

metas; e é realizado o levantamento das necessidades de implementação desse projeto. A partir

do Projeto Político Pedagógico estruturado, inicia-se a fase de planejamento. Nela os gestores

responsáveis pela execução estabelecem cronograma, definem materiais didáticos e mídias

utilizadas, contratam os profissionais que irão compor a equipe multidisciplinar e delimitam

todas as atividades necessárias para o desenvolvimento das tarefas do curso.

A equipe multidisciplinar é formada por profissionais com perfis variados,

passando por atores das áreas de tecnologia da informação, pedagógica, administração e outros

setores mais específicos. Essa equipe é responsável pela produção dos materiais didáticos,

distribuição desses materiais nas diferentes mídias (web, impresso, etc.), suporte e manutenção

do ambiente virtual de aprendizagem, apoio aos estudantes em suas atividades entre outros.

No quadro 1, apresenta-se a relação dos profissionais que, em geral, compõem a

equipe multidisciplinar de projetos em Educação a Distância.

Quadro 1 - Equipe multidisciplinar

Profissional Função

Coordenador do

curso

Planejar, coordenar e acompanhar a execução das atividades

pedagógicas do curso em colaboração com as demais coordenações.

Participar das atividades de discussão e de elaboração dos documentos

necessários à gestão do curso.

Coordenador

pedagógico

Atuar no acompanhamento pedagógico dos cursos ofertados.

Supervisionar e orientar professores na condução de suas atividades

no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Acompanhar os alunos na

resolução de problemas referentes à execução de suas atividades nos

cursos.

Coordenação

de Tecnologia

da Informação

Coordenar a equipe de desenvolvimento de software, fazer as escolhas

das tecnologias. Orientar a equipe de programadores e controlar os

processos e as tarefas. Identificar, documentar, gerenciar e solucionar

os problemas que possam surgir. Verificar cada etapa do projeto bem

como a finalização do projeto.

Professor-

Conteudista

Elaborar o conteúdo escrito das aulas que compõem o curso. Analisar

as melhores maneiras de aproveitamento do conteúdo, estabelecendo

mecanismos e atividades para a avaliação dos alunos.

Professor-tutores Coordenar as atividades acadêmico-pedagógicas do curso.

Acompanhar o andamento das atividades realizadas pelo estudante,

auxiliando-o e orientando-o nas dúvidas que surgem nas aulas, através

do Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Page 25: Dissertação completa

25

Designer

Educacional (DE)

Analisar o conteúdo produzido pelo conteudista, adequando-o à

linguagem e ao formato de material EaD. Validar as correções

linguísticas e textuais feita pelo revisor ortográfico. Sugerir imagens,

ícones e recursos de interação aos materiais. Revisar em alto nível de

detalhamento o material após a editoração do revisor. Acompanhar o

processo de postagem das disciplinas no Ambiente Virtual de

Aprendizagem, bem como a produção das vídeoaulas

complementares.

Revisor Cuidar da qualidade textual do conteúdo, isto é, verificar se o texto

didático atende satisfatória e plenamente ao propósito esperado e às

expectativas do leitor, assim como às convenções da norma culta da

modalidade escrita da língua. Indicar (e, em algumas vezes, fazer)

alterações que ajudem o professor-conteudista a ser bem sucedido no

seu projeto de dizer.

Diagramação Web Adaptar o conteúdo redigido pelo conteudista/DE/Revisor para a

mídia web.

Administração do

Ambiente Virtual

de Aprendizagem

Organizar as atividades, alocar as turmas, administrar senhas e

usuários no AVA.

Equipe de Arte,

Criação e Produção

Visual

Fazer a edição de vídeo e a ilustração das aulas.

Fonte: Elaborado pela autora.

A fase de execução do projeto é a etapa de implementação de todas as atividades

propostas no planejamento. Podem ocorrer reajustes de cronograma e orçamento, desde que

sejam embasados pelo plano inicial. Manter uma boa comunicação sempre atualizada,

acompanhar o desenvolvimento das atividades e gerenciar o relacionamento harmonioso da

equipe envolvida são algumas das atividades de um gerente de projeto (SPANHOL, 2009).

Em paralelo à execução, ocorre o controle. Nesta fase, o gestor do projeto deve

estar em constante verificação das ações realizadas, observando se estão dentro do previsto,

pensando em quais atitudes precisam ser tomadas para corrigir os possíveis entraves, que

ferramentas devem ser incorporadas para otimizar os trabalhos, quais estratégias melhor se

enquadram ao contexto para evitar atrasos e possibilitar que o projeto seja entregue no prazo

estipulado, entre outras ações.

Por último, vem a fase do fechamento. Nesse momento, a equipe envolvida no

desenvolvimento do projeto se reúne para elencar os acertos e os erros. Destacar as ações

realizadas que contribuíram e podem ser aproveitadas em outros projetos, fazer uma avaliação

Page 26: Dissertação completa

26

dos trabalhos realizados e elaborar o relatório detalhado do projeto são exemplos das ações

dessa fase.

De forma geral, a gestão de cursos na modalidade a distância perpassa todas essas

fases. Conforme Araújo (2014, p. 28), “coordenar, animar, avaliar uma equipe para produção

de educação a distância em uma instituição de ensino ou numa organização pública ou privada,

não se configura uma tarefa simples”. É necessário que o planejamento da EaD esteja baseado

no planejamento estratégico4 da instituição, convergindo as ações organizacionais para o

objetivo comum, o processo de ensino e aprendizagem.

Mill e Brito (2009) destacam que o gestor de cursos a distância precisa estar atento

às diferenças dessa modalidade com o ensino presencial. A EaD possui características próprias,

o que a torna, em determinadas situações, mais complexa, exigindo de seus componentes

tomadas de decisões rápidas. Outro aspecto é a divisão das tarefas por equipes especializadas,

o que implica uma maior fragmentação do trabalho e exige de seu gestor um olhar atento no

intuito de promover as devidas articulações entre os atores.

Dentre as inúmeras atividades inerentes à execução de um curso a distância,

destacam-se duas delas que devem estar previstas e detalhadas no planejamento do curso: a

primeira diz respeito à produção dos materiais didáticos das disciplinas, enquanto a segunda

trata da oferta dessas disciplinas. Ambas são gerenciadas e desenvolvidas pela coordenação de

uma equipe multidisciplinar composta por profissionais especialistas, conforme apresentado no

Quadro 1.

Para a produção dos materiais didáticos, a equipe multidisciplinar, a partir das

diretrizes estabelecidas pela gestão do curso, delimita suas estratégias para consolidação dessa

produção. Constituem essas ações a elaboração do cronograma das atividades, a escolha das

mídias para disponibilização dos conteúdos, a divisão da equipe para atender a demanda, etc.

Todas essas atividades devem ocorrer em fase bem anterior à oferta das disciplinas.

No cenário da oferta de uma disciplina, assim como na produção dos conteúdos, o

planejamento é um instrumento de suma importância, pois é através dele que serão detalhadas

todas as ações para execução das atividades de ensino e aprendizagem. Ele também orientará a

equipe técnica na configuração da disciplina no AVA. Esse planejamento será conduzido

conforme o modelo pedagógico adotado pela instituição que servirá de norte para o

desenvolvimento das atividades das equipes.

4 Este documento deve conter todas as ações que nortearam e orientaram os processos de atuação da instituição

(ARAÚJO, 2014).

Page 27: Dissertação completa

27

Na próxima seção, detalha-se melhor sobre o papel do planejamento na oferta de

cursos a Distância.

2.3 PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

As atividades inerentes ao ser humano, sejam elas de caráter formal ou informal,

estão relacionadas à execução de uma ação, ou seja, ao planejamento. Segundo o dicionário

Houaiss (2009, p.582) planejamento significa “elaboração de plano; programação, organização

prévia”. Não se pode afirmar que, ao elaborar um plano, ele seja definitivo, uma vez que é

preciso analisá-lo, verificando sua adequação ao contexto empregado e (re)estruturá-lo sempre

que necessário (BEHAR, 2009). Desta maneira, planejar é uma atividade que merece, de seu

planejador, um olhar atento e um constante processo reflexivo.

No planejamento educacional, compreende-se a existência de diferentes níveis: “a)

no âmbito dos Sistemas e de Redes de Ensino; b) no âmbito da Unidade Escolar; c) no âmbito

das atividades de ensino” (SILVA, 2009, p. 11). Assim, pensar o planejamento é refletir sobre

sua construção e execução nos diversos setores da sociedade e essa tarefa não deve estar

dissociada do contexto educativo.

Schneider e Urbanetz (2010, p. 5) ressaltam que

o planejamento dentro da ação educativa apresenta-se enquanto expressão de um

processo que precisa considerar todas as determinações do contexto em que se

encontra com o objetivo claro de estabelecer um vínculo entre o professor, o aluno e

o conhecimento [...].

A articulação entre os três agentes (professor, aluno e conteúdo) precisa ser bem

arquitetada e isso dependerá da integração das várias estruturas que compõem esse cenário, tais

como governantes, educadores, comunidade e família, todas elas alicerçadas em um

planejamento.

No Brasil, a execução das ações no campo educacional, assim como em outros

setores, está pautada previamente no planejamento para elaboração de documentos, decretos e

leis em prol do desenvolvimento educacional e tem sido constante o debate em torno da

elaboração desses documentos nos meios acadêmico e governamental. Um exemplo disso foi a

criação do Plano Nacional de Educação (PNE). Esse plano busca promover, através de um

conjunto de diretrizes, ações voltadas para a organização e funcionamento das entidades

educacionais, públicas e privadas em todo território nacional.

Composto por diversos tópicos, o PNE traça metas e objetivos a serem alcançados

pelas instituições escolares, a cada década, nos vários níveis e modalidades de ensino. Dentre

Page 28: Dissertação completa

28

essas modalidades, tem-se a Educação a Distância (EaD), tema ainda recente no contexto

brasileiro, mas que se configura em um cenário real na propagação da educação pelo país.

O PNE ressalta que o ensino mediado pelas TIC é um valioso instrumento para

promoção do processo de ensino e aprendizagem, no entanto as tecnologias são apenas

elementos auxiliares, servindo como instrumentos pelo quais professores e alunos poderão

manter sua comunicação e promover as interações necessárias ao processo educacional. Com

essa perspectiva, durante a criação do Projeto Político Pedagógico para um curso a distância, é

preciso considerar a presença das tecnologias como meio pelo qual se darão todas as interações

entre os sujeitos e também no desenvolvimento das ações pedagógicas inerentes à execução dos

cursos.

Castro e Ladeira (2009, p. 6) ressaltam que “o processo de planejamento de

cursos a distância é muito mais do que traduzir aulas presenciais para ambiente web”. Assim,

existe a necessidade de se considerar o planejamento das ações através de um contexto global,

elencando pontos, tais como o perfil do público, objetivos estabelecidos, tecnologias

disponíveis, capacitação dos sujeitos, corpo docente e técnico, conteúdos, materiais impressos

e web, avaliação e acompanhamento discente (SCHNEIDER E URBANETZ, 2010).

Junges, Povaluk e Santos (2009) corroboram com a ideia anterior ao destacar que a

elaboração de um planejamento requer um olhar cuidadoso sob todas as ações envolvidas, desde

a concepção até a implementação dos cursos ou programas. Ainda segundo os autores, a

complexidade do planejamento em Educação a Distância envolve a abordagem de quatro

dimensões: “dimensão conceitual; dimensão didático-pedagógica; dimensão administrativa e

dimensão de autorregulação (JUNGES; POVALUK; SANTOS, 2009, p. 3)”. Os autores

reforçam que o sucesso de cursos ou programas na modalidade a distância depende da

elaboração prévia e necessária integração dessas dimensões.

A partir dessa reflexão, percebe-se a necessária e significativa importância da

atuação de cada dimensão para o encadeamento e desdobramento das ações planejadas,

buscando relacioná-las à estrutura que compõe um projeto em EaD. Ao pensar na oferta de

disciplinas, destaca-se a dimensão didático-pedagógica, por estarem presentes nessa dimensão

os elementos centrais relacionados ao processo de ensino e aprendizagem.

Os autores Junges, Povaluk e Santos (2009, p. 5) afirmam que esta dimensão

se refere e estabelece, em sincronia com a dimensão conceitual, à proposta curricular

do curso/programa, a qual envolve a especificação dos objetivos, da seleção dos

conteúdos, da preparação do material didático, das mídias a serem utilizadas, do

estudo do perfil dos estudantes e do processo de avaliação do estudante.

Page 29: Dissertação completa

29

É imprescindível que os atores, em especial o professor, os quais atuam em cursos

na modalidade a distância, se apropriem não somente das tecnologias digitais, mas busquem

compreender as relações existentes entre o conteúdo e tipo de mídia para melhor disponibilizá-

lo, objetivando a promoção da aprendizagem dentro do espaço de aula virtual. Nesse sentido,

no planejamento do processo de ensino e aprendizagem para disciplinas na modalidade a

distância, é preciso considerar:

a articulação de conteúdos; a relação e interação entre professor, aluno, conteúdo e

tutor; as formas de avaliação da aprendizagem e sua articulação com os conteúdos; e,

por fim, a interatividade entre conteúdos, avaliação e relacionamentos existentes entre

os atores do processo (SCHNEIDER E URBANETZ, 2010, p. 6).

Corroborando com essa afirmação está Gamez (2012) ao ressaltar que, no

planejamento para a EaD, é preciso uma definição concisa dos recursos midiáticos e das

ferramentas de suporte ao processo de ensino-aprendizagem. É necessário considerar a

articulação entre todos esses elementos, que atuam conjuntamente para promover a oferta de

uma disciplina na modalidade a distância.

Anteriormente ao planejamento da oferta das disciplinas em EaD, houve também o

planejamento da equipe de tutoria na seleção do corpo docente que fará a gestão das disciplinas

no Ambiente Virtual de Aprendizagem; da equipe Multidisciplinar na composição dos materiais

didáticos digitais e impressos; da equipe técnica na seleção e elaboração das mídias para

disponibilização dos conteúdos aos alunos; e por último dos próprios discentes ao organizarem

seus horários para a realização do curso e acompanhamento das disciplinas no AVA. Gamez

(2012, p. 80) reforça que “a escolha das mídias, o planejamento das atividades de ensino-

aprendizagem, o planejamento da tutoria e do sistema de avaliação dos alunos” devem estar

pautados em objetivos bem definidos aliados aos preceitos das teorias da aprendizagem e

focado nas habilidades e competências a serem desenvolvidas.

Na próxima seção, expõe-se como ocorre o planejamento dos cursos a distância no

contexto da Diretoria de Educação a Distância do IFCE.

2.4 PLANEJAMENTO DE CURSOS A DISTÂNCIA NA DIRETORIA DE EAD DO IFCE

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, por meio das suas

23 unidades, localizadas em diversas cidades do estado do Ceará, oferta diversas licenciaturas

e bacharelados em variadas áreas do conhecimento. São oferecidos cursos em nível médio,

técnico, tecnológico e superior, além de especializações e mestrados.

Page 30: Dissertação completa

30

No ano de 2006, o IFCE5 iniciou oficialmente suas atividades na modalidade de

educação a distância, através da Universidade Aberta do Brasil, implantando o Núcleo de

Tecnologias Educacionais e Educação a Distância (NTEaD). Contudo, desde a década de 1990,

o instituto já executava atividades com o uso de tecnologias na educação. Pode-se citar como

exemplo o desenvolvimento do Projeto INVENTE (MOURA, 1999)6.

A oferta dos primeiros semestres dos cursos semipresenciais da Licenciatura em

Matemática e da Tecnologia em Hotelaria se deu no ano 2007, com a disponibilização de 400

vagas iniciais. Essas vagas foram divididas igualmente para os polos de Limoeiro do Norte,

Quixeramobim, Ubajara, Meruoca, Caucaia-FECET e Caucaia-Jurema.

Em 2008, a institucionalização de CEFET (Centro Federal de Educação

Tecnológica) para IF transformou o NTEaD em Diretoria de Educação a Distância (DEaD),

possibilitando ampliar seus horizontes de atendimento. Dessa forma, a DEaD passou a atender

aos NTEaD distribuídos pelos 23 campi do IFCE, incluído o de Fortaleza, pioneiro na oferta de

cursos na modalidade a distância.

Atualmente o IFCE, por meio da DEaD, oferta três cursos superiores a distância

pelo Programa UAB: Licenciatura em Matemática, Licenciatura em Educação Profissional e

Tecnologia em Hotelaria. Participa também do programa Escola Técnica e Aberta do Brasil (e-

TEC) com dez cursos de nível técnico (Agronegócios, Automação industrial, Edificações,

Comércio, Segurança do Trabalho, Informática, Eletrotécnica, Meio ambiente, Química e

Redes de computadores), quatro de nível médio dentro do Programa Nacional de Valorização

dos Trabalhadores - Profuncionário, em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB).

Além disso, oferta um curso de Aperfeiçoamento em Docência da Educação Profissional e uma

Especialização em Turismo e Hospitalidade ambos em parceria com a SETEC/MEC.

Na figura abaixo, é possível ter uma visão geral da atuação da DEaD/IFCE no

estado do Ceará até o segundo semestre de 2014.

5 Em 14 de junho de 2006 por meio da Portaria nº 234/GDG. 6 MOURA, C, O., “Concepção e Especificação de um Sistema IBW para Educação a Distância”, Dissertação de

Mestrado, DEE-UFC, 1999.

Page 31: Dissertação completa

31

Figura 1 – Mapa de atuação da DEaD/IFCE

Fonte: DEaD/IFCE

A DEaD é composta por diretoria, coordenações de cursos, coordenação

pedagógica, coordenação acadêmico-administrativa e coordenação tecnológica. A esses setores

está integrada a equipe multidisciplinar (conteudista, formador, tutores, designer educacionais,

revisores, diagramadores, etc.) que contribui com a produção e oferta das disciplinas através do

Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle.

Na produção do material didático (impresso e web), os atores envolvidos realizam

o planejamento prévio do semestre a ser ofertado, atentando para os prazos de início das

disciplinas e cuidando para que os materiais estejam disponíveis aos estudantes nesta data. Em

paralelo, a equipe estrutura as atividades, estabelece os prazos internos e define os responsáveis

pela elaboração de cada material. Todo esse planejamento ocorre de forma articulada com as

coordenações de cursos.

O fluxo de produção7 dos conteúdos didáticos obedece aos parâmetros

estabelecidos nos Referenciais de Qualidade do MEC, mas também adota moldes e aspectos

próprios desenhados pela equipe pedagógica da DEaD ao longo desses anos. Esse fluxo foi

desenvolvido com o intuito de padronizar a elaboração dos conteúdos e direcionar a equipe

multidisciplinar no desenvolvimento de suas atividades.

7 Para saber mais informações sobre o fluxo, leia o trabalho de Guedes (2010), disponível em

<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/3098/1/2010_Dis_JFGuedes.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2014.

Page 32: Dissertação completa

32

Após a etapa de produção dos conteúdos, ocorre a fase de oferta desses materiais,

que consiste na sua disponibilização através do AVA. O planejamento nessa fase é decorrente

do trabalho colaborativo entre professores-formadores e designer educacionais. Essa atividade,

objeto desse trabalho, é desenvolvida através do documento de planejamento chamado Matriz

do Design Educacional, que contém todos os dados referentes à configuração da disciplina,

descrição das atividades, metodologia adotada, formato de avaliação, atores envolvidos e datas

de execução.

Os planejamentos desenvolvidos pela equipe multidisciplinar tomam como base o

modelo pedagógico adotado pelo IFCE. Esse modelo “é concebido para a aprendizagem de

adultos segundo os princípios da Andragogia8” (JOYE; YOUNG, 2013, p. 21). A elaboração

das atividades a serem desenvolvidas para o curso ou disciplina deve considerar as experiências

vividas pelo estudante, estimulando sua autonomia e promovendo a troca de saberes entre

professor-aluno, aluno-aluno e aluno-conteúdo através da colaboração.

Segundo Joye e Young (2013, p.22), “a metodologia colaborativa tem como

fundamento a relação e troca de conhecimento entre os sujeitos aprendizes”. Isso significa que,

ao planejar uma atividade através do AVA, o professor-formador deve elencar quais estratégias

melhor se enquadram às necessidades dos aprendizes e que pode promover essa relação de

troca. Vale ressaltar que, assim como na modalidade presencial, o planejamento é elemento

indispensável na EaD, tendo em vista que ele é elemento-chave para proporcionar o

desenvolvimento das diferentes ações necessárias à execução dos cursos nessa modalidade.

No capítulo seguinte, são discutidos os fundamentos teóricos, relacionados à

Engenharia Pedagógica e à teoria do Design Instrucional, que serviram de base para a

construção do Sistema de Gestão e Planejamento da Matriz do Design Educacional.

8 “Andragogia é a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender” (JOYE, JOYE, 2013, p. 42)

Page 33: Dissertação completa

33

3 MADE: BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

Informações são dados dotados de relevância e

propósito. A conversão de dados em informação,

portanto, exige o conhecimento. (Peter Drucker, s/a)

Neste capítulo, discute-se a teoria do Design Instrucional para produção de

materiais didáticos, fazendo uma breve retomada histórica no intuito de compreendermos sua

origem, evolução e cenário atual. Na segunda seção, evidenciam-se os conceitos envolvidos na

consolidação da Engenharia Pedagógica como método de apoio à análise, à concepção, à

realização e ao planejamento dos sistemas de aprendizagem. Na terceira seção, é apresentado o

documento da Matriz de Design Educacional e sua utilização no contexto do IFCE. Na quarta

seção, reflete-se acerca da influência das teorias do Design Instrucional e da Engenharia

Pedagógica na construção metodológica do Sistema Made.

3.1 DESIGN INSTRUCIONAL – VISÃO HISTÓRICA

O termo design instructional (DI) tem sua origem no período da Segunda Guerra

Mundial, quando psicólogos e educadores dos centros universitários norte-americanos foram

convocados para produzir materiais com características instrucionais para o programa de

treinamento dos militares, concentrados nos campos de batalha. Autores como Skinner, na

década de 1960, já se utilizavam dos princípios da instrução programada para a elaboração de

materiais didáticos. Outro importante pesquisador desse período foi Robert Gagné, que realizou

diversas pesquisas com o intuito de compreender como funcionavam as etapas de aprendizagem

e que elementos poderiam ser (re)organizados objetivando o processo educativo. Segundo

Tractenberg (2007, p.1), quatro objetivos já eram identificados nos materiais produzidos nessa

época: a) apresentar a instrução em pequenos passos; b) exigir respostas abertas para perguntas

frequentes; c) fornecer feedback imediato; e d) permitir que o aprendiz siga seu próprio ritmo.

A década de 1970 foi marcada pela difusão e internacionalização do design

instrucional. Este modelo metodológico de produção de material didático ganhou outros

adeptos além das Forças Armadas. Setores da indústria e do comércio passaram a adotá-lo

objetivando melhorar seus processos de treinamento. Nos centros universitários, o DI ganhou

espaço na criação de disciplinas e/ou cursos para a formação de professores e de outros

profissionais interessados na área (REISER, 2001).

Page 34: Dissertação completa

34

Ainda neste período, houve uma triplicação no número de programas de pós-

graduação que ofereciam especialização em design instrucional nas universidades norte-

americanas. Os cursos tomavam como enfoque o “planejamento pedagógico sistemático,

baseado na aplicação de princípios de ensino aprendizagem comprovados em pesquisas

científicas” (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 2005, p. 12). Paralelo a esse esforço norte-

americano, a Universidade Aberta9 da Inglaterra (Open University – OU-UK) iniciava o

processo de abertura das suas “portas virtuais”, momento que marcaria de vez o processo de

cursos através da web. O enfoque sistêmico adotado nos planejamentos realizados pela OU-UK

permitiu, desde o princípio, a sistematização dos processos de desenvolvimento dos seus cursos

e da elaboração de seus materiais didáticos que tinham como fundamentos os conhecimentos

científicos estudados naquela época.

Romiszowski e Romiszowski (2005) ressaltam que a incorporação dos conceitos

do design instrucional na elaboração de materiais didáticos da OU-UK tanto provocou

profundas mudanças nos métodos e currículos de outras universidades inglesas como

influenciou centros universitários de outros países na adoção deste modelo didático-

pedagógico. A disseminação dos modelos estruturados e consolidados pelos cursos da

Universidade Aberta da Inglaterra, associada a um período em que se desenvolveram e

aprimoraram as tecnologias de informação e comunicação, culminou na criação de muitos

centros de pesquisas, estudos e materiais científicos em diversas partes do mundo.

Pesquisadores estadunidenses e europeus percorreram diversos caminhos tentando

definir, ou melhor, para compreender o conceito do design instrucional. Destacam-se os estudos

realizados por Charles Reigeluth, professor e pesquisador norte-americano. Segundo Reigeluth

(1983, p. 7), “o design instrucional está preocupado com a compreensão, a melhoria e a

aplicação dos métodos de instrução.”10 Nesse sentido, o DI busca constantemente inserir novos

recursos e modificar os cenários educativos em que é aplicado.

O avanço das tecnologias, assim como em outras partes do mundo, invadiu o

cenário industrial brasileiro. No fim da década de 1980, as indústrias se modernizavam, ao

mesmo tempo em que os empresários demonstravam sua preocupação com o treinamento de

seus funcionários. Nesse contexto, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do

estado de São Paulo viu-se pressionado a elaborar e desenvolver cursos que atendessem a este

novo cenário de formação. Diante disso, foi criado o primeiro curso de “Conceitos Básicos de

9 http://www.open.ac.uk/ 10 Tradução nossa.

Page 35: Dissertação completa

35

Lógica Digital” que se utilizava das ideias de mapeamento de informações, tomando como

pressupostos básicos o Design Instrucional (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 2005).

Os anos 1990 trouxeram a oportunidade de conectar os computadores, antes

“isolados”, a diversas máquinas distribuídas pelo mundo. Consequentemente, houve a

necessidade de formar pessoas para o uso de todo o aparato tecnológico que emergiam nesse

cenário da sociedade. De acordo com Reiser (2001), esse rápido crescimento no uso e

desenvolvimento dessas tecnologias resultou em mudanças na essência do trabalho realizado

pelos designers instrucionais.

É evidente que a teoria do design instrucional, também, passa por este contexto de

mudanças. Conforme Filatro (2003, p. 73), o DI “tem caminhado lado a lado com o

desenvolvimento das teorias educacionais, formulando práticas de ensino alinhadas às

descobertas científicas sobre a aprendizagem humana”. Ressalta-se que sua utilização no apoio

ao desenvolvimento de sistemas online de ensino e aprendizagem reforça a necessidade de

sistematizar e repensar a organização dos conteúdos produzidos para esses novos espaços

educativos.

3.1.1 O design instrucional em cursos online

No Brasil, o final da década de 1990 foi marcado pela comercialização da internet.

Embora com muitas limitações, essa tecnologia trouxe consigo inúmeras possibilidades e foi

neste contexto que algumas universidades lançaram suas primeiras experiências de cursos a

distância tendo como apoio a web.

Na década seguinte, houve a expansão das pesquisas e projetos educacionais sobre

o uso da internet em apoio à educação no ensino presencial e, principalmente, na virtualização

dos cursos e na criação de variados Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Em

decorrência disso, a criação de políticas públicas para a disseminação da Educação a Distância

reforça a necessidade de se adotar modelos teóricos e metodológicos que auxiliem os

profissionais de educação nesse novo processo de planejamento, tanto na produção de materiais

didáticos, quanto na oferta dos cursos através da web.

O design instrucional foi incorporado ao processo de desenvolvimento das

atividades referentes à elaboração dos conteúdos didáticos e, em seguida, ao planejamento para

disponibilização desses materiais através dos AVAs.

Page 36: Dissertação completa

36

Filatro (2003, p. 64-65) define o design instrucional como

a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o

desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e

produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a

aprendizagem humana a partir de princípios de aprendizagem e instrução conhecidos.

Simão Neto e Hesketh (2009, p. 66) apontam “algumas tendências e visões quanto

ao que é (ou ao que deveria ser) o design instrucional”. Os autores tomam por base os resultados

apresentados pelo Laboratório de Pesquisa Aplicada da Universidade Estadual da Pensilvânia,

que descreve o design instrucional como um processo, uma disciplina, uma ciência, uma

realidade e/ou artefato.

No quadro 2, apresenta-se uma síntese dessas tendências e visões descritas pelos

autores.

Quadro 2 - Visões sobre o Design Instrucional

Design instrucional

Como processo compõe todo o processo

de elaboração de um curso, desde a fase de

análise das necessidades e dos objetivos

da aprendizagem até o desenvolvimento

de um sistema de distribuição para chegar

àqueles objetivos. Inclui o

desenvolvimento de materiais didáticos,

assim como a testagem e a avaliação de

toda a instrução.

Como ciência é a “ciência da criação” por

possuir especificações detalhadas acerca

de suas etapas de desenvolvimento,

implementação, avaliação e manutenção,

que permite facilitar o processo de

aprendizagem independentemente do

tamanho e/ou nível de complexidades dos

conteúdos didáticos.

Como disciplina trata-se do ramo de

conhecimento que se preocupa com a

pesquisa e a teoria sobre estratégias

instrucionais e o processo de

desenvolvimento e implementação dessas

estratégias.

Como realidade Pode começar a

qualquer ponto do processo de design. Em

determinado momento, quando todo o

processo de DI ocorreu, o designer

verifica se todas as etapas propostas no

percurso foram levadas em consideração.

Como artefato pode ser visto pela óptica do artefato, isto é, do que é construído

fisicamente, incluindo: protótipos, modelos de teste, esquemas, maquetes, mockups,

etc. (...) é uma visão concretizada do que ainda será produzido.

Fonte: Simão Neto e Hersketh (2009, p. 66-67)

Há uma influência de diversas áreas do conhecimento na construção teórica do

Design Instrucional. Filatro (2008) destaca a contribuição para a formulação dessa teoria, das

ciências humanas, das ciências da informação e das ciências da administração. Na figura 2, é

possível observar a presença dessas ciências na consolidação do conceito do design

instrucional.

Page 37: Dissertação completa

37

Figura 2 - Fundamentos do design instrucional

Fonte Filatro (2008, p. 4)

A figura 2 ressalta a articulação da teoria do design instrucional com as

características inerentes às três ciências apresentadas. Como resultado da influência das

Ciências Humanas, o DI fez amplo uso das ideias da instrução programada em sua fase inicial.

Com as permanentes discussões sobre as teorias construtivistas da aprendizagem e a extensão

desses conceitos à aprendizagem de adultos, delineou-se, nesse sentido, uma nova perspectiva

a teoria do design instrucional.

Das Ciências da Informação, “o design instrucional obtém insights sobre a

estrutura, a organização, e o processamento da informação – pontos cada vez mais necessários

em um ambiente altamente tecnológico e informacional como o que vivemos hoje.” (FILATRO,

2008, p.5). Na área das comunicações, cada mídia dentro do contexto digital apresenta uma

proposta visual, representativa e educativa. Assim a inserção de uma ou outra em determinada

situação didática demandará diferentes considerações por parte do designer instrucional.

Já nas Ciências da Administração, o DI se apoia, de forma geral, nas três ideias

apresentadas na figura 2: abordagem sistêmica, gestão de projetos e engenharia de produção.

Da primeira ideia pode-se extrair a seguinte prerrogativa: a divisão de projetos complexos em

subprojetos menores, ajuda na identificação das soluções com maior êxito. Do ponto de vista

do DI, a abordagem sistêmica possibilita um maior enriquecimento das atividades de

aprendizagem dos alunos. Uma segunda proposta é a divisão do trabalho, formando uma equipe

Page 38: Dissertação completa

38

de especialistas com competências diversas. Isso permite minimizar o tempo de trabalho e

otimizar a resolução das atividades.

Como consequência, sobre a formação de equipes, decorre a coordenação desses

profissionais. Essa ação “requer um conjunto completo de ferramentas de gestão de projetos

que possibilitem manter o foco na tarefa, cumprir os prazos e assegurar a integridade, a

qualidade e a consistência das estratégias e dos materiais didáticos” (FILATRO, 2008, p. 6). A

incorporação de todas essas ciências proporciona ao designer instrucional o desenvolvimento

de uma visão ampla sobre a elaboração de produtos educacionais voltados para ambientes

virtuais de ensino e aprendizagem.

Ao longo de sua construção enquanto teoria, o design instrucional foi pensado e

estruturado em vários modelos, contudo o modelo ADDIE (analyze, design, develop,

implemente e evaluate) é o mais comumente utilizado pelas instituições para planejamento de

cursos e elaboração de materiais didáticos. Neste modelo, o desenvolvimento de um curso e/ou

disciplina se divide em cinco fases: análise, design, desenvolvimento, implementação e

avaliação (FILATRO, 2003). De forma geral, essas fases do design instrucional podem ser

assim compreendidas:

Análise - consiste no levantamento das necessidades de implantação de um curso;

caracterização do público-alvo; definição dos objetivos e análise da infraestrutura

tecnológica da instituição.

Design - consiste na criação da equipe técnica e pedagógica; definição da grade

curricular; seleção das estratégias pedagógicas e tecnológicas e delimitação de

cronogramas.

Desenvolvimento - compreende a produção e a adaptação de materiais impressos e

digitais; montagem e configuração de ambientes; a capacitação de professores e tutores,

bem como a definição de suporte técnico e pedagógico.

Implementação – trata-se da situação didática propriamente dita, quando ocorre a

aplicação da proposta do design instrucional.

Avaliação - inclui a consideração sobre a eficácia do curso e a eficiência do sistema; a

revisão da caracterização da audiência e a análise das estratégias pedagógicas e

tecnológicas implementadas.

No quadro 3, apresenta-se, com base em Filatro (2003), as fases, definições e

questões que norteiam a construção das etapas da teoria do design instrucional.

Page 39: Dissertação completa

39

Quadro 3 - Elementos e fase de desenvolvimento do design instrucional

Elementos e fase de desenvolvimento do design instrucional

Fase Definições Questões norteadoras

Análise

Identificação de

necessidades de

aprendizagem

Qual é o problema para o qual o design

instrucional está sendo proposto?

Qual é a origem do problema?

Quais são as possíveis soluções?

Definição de

objetivos

instrucionais

Que conhecimentos, habilidades e atitudes

precisam ser ensinados?

Qual e quanto conteúdo é necessário para a

instrução?

Em quanto tempo esse conteúdo será ensinado?

Em que módulos ou subáreas o conteúdo pode e

deve ser dividido?

Que métodos e técnicas são necessários à

exploração desse conteúdo?

De que forma a aprendizagem será avaliada?

Caracterização

dos alunos

O que já sabem?

Quais são seus estilos e características de

aprendizagem?

O que precisam ou querem saber?

Em que ambiente/situação aplicarão a

aprendizagem?

Levantamentos

das limitações

Qual é o orçamento disponível?

De quantos profissionais dispomos?

Quais são as restrições técnicas?

Em quanto tempo precisamos alcançar os

objetivos?

Quais são os riscos envolvidos?

Design e

desenvolvi-

mento

Planejamento da

instrução

Como os objetivos instrucionais serão

alcançados?

Que métodos e técnicas instrucionais melhor se

ajustam a esses objetivos?

Como o conteúdo é mapeado, estruturado e

sequenciado?

Em que sequência a instrução deve ser

apresentada?

Quais são as mídias mais apropriadas para a

apresentação do conteúdo?

Que produtos e atividades instrucionais devem

ser preparados e produzidos?

Produção de

materiais e

produtos

Qual o grau de interação entre os alunos, entre os

alunos e professor, possibilitado pelas atividades

instrucionais propostas?

Qual é o design gráfico dos materiais impressos

e/ou eletrônico? Fonte: Filatro (2003, p. 68-69)

Page 40: Dissertação completa

40

Continuação do Quadro 3 - Elementos e fase de desenvolvimento do design instrucional

Design e

desenvolvi-

mento

Produção de

materiais e

produtos

Qual é o grau de interatividade (interação com o

material) proporcionado por esses produtos?

Quais são os mecanismos de atualização e

personalização dos materiais?

Que níveis de suporte instrucional e tecnológico

são oferecidos?

Implemen-

tação

Capacitação Os usuários (professores e alunos) precisam ser

treinados para o uso dos materiais e aplicação das

atividades?

Ambientação Os usuários precisam ser matriculados e

cadastrados para ter acesso a determinados

produtos ou ambientes?

De quanto tempo necessitam para compreender o

funcionamento do sistema e os pré-requisitos para

acompanhar o design projetado?

Realização do

evento ou da

situação de

ensino-

aprendizagem

Em que local e condições ocorre o evento ou a

situação de ensino-aprendizagem

(presencialmente, semipresencialmente, a

distância, no ambiente de trabalho, em situação de

laboratório, em ambientes virtuais)?

Como se dá a organização social da aprendizagem

(individualmente, em grupos fixos, em grupos

voláteis)?

Como os produtos instrucionais são manipulados

por professores e alunos (sequencialmente, em

módulos, inter ou independente)?

Como a aprendizagem dos alunos é avaliada?

Como se dá o feedback por parte do professor?

Avaliação

Acompanhamento Como o design será avaliado (por observação,

testes, feedback constante?

Quem fará essa avaliação (alunos e professores

usuários, equipe de desenvolvimento,

patrocinadores, e mantenedores, software de

monitoramento da aprendizagem)?

Quais foram os resultados finais de aprendizagem

(índices de aprovação, desistência, reprovação,

abandono)?

Revisão Quais foram os problemas detectados na

implementação?

Que erros podem ser corrigidos?

Em que medida o design instrucional pode ser

aperfeiçoado?

Manutenção Que ações devem ser tomadas para possibilitar a

continuidade do projeto ou novas edições?

Fonte: Filatro (2003, p. 68-69)

Page 41: Dissertação completa

41

O desenvolvimento de cada uma dessas fases permite aos atores envolvidos, seja

no processo de elaboração de materiais didáticos ou seja no planejamento para oferta de cursos,

especificarem melhor suas ações, escolhendo as estratégias didáticas mais adequadas,

elencando as ferramentas tecnológicas que melhor apoiam a execução das atividades e

estabelecendo quais e como os critérios avaliativos serão aplicados para promover melhorias e

ajustes no curso ou disciplina.

3.2 ENGENHARIA PEDAGÓGICA

A engenharia pedagógica integra e se apropria das teorias e métodos do design

instrucional e estabelece um corpus metodológico para a produção e oferta em educação a

distância.

O termo Engenharia Pedagógica (EP) foi criado pelo pesquisador canadense Gilbert

Paquette para explicar os processos de análise, concepção, desenvolvimento, validação,

divulgação e gestão dos sistemas de aprendizagem. Paquette (2002, p.107) define a EP da

seguinte forma: “um método de apoio à análise, ao design, à implementação e ao planejamento

da difusão dos sistemas de aprendizagem, incorporando as concepções, os processos e os

princípios do design pedagógico, da engenharia de software e da engenharia cognitiva”11. A

engenharia pedagógica é um método sistêmico que busca propor soluções para resolver os

problemas relacionados à concepção de sistemas de aprendizagem (PAQUETTE, 2004).

Embasados pela ideia de resolução de problemas, os processos da EP podem ser

caracterizados da seguinte forma:

Figura 3 - Processos da Engenharia Pedagógica

Fonte: Paquette (2002)

11 Tradução nossa.

Operadores

ou processos

Etapa finalEtapa inicial

Page 42: Dissertação completa

42

A etapa inicial é o momento de definição do problema que o sistema de

aprendizagem (SA) pretende resolver. Neste momento, devem ser elencados todos os aspectos

que possam tornar essa definição a mais “precisa” possível. A segunda etapa é a dos operadores

ou processos e consiste em transformar a definição do problema, apresentado na etapa inicial,

em descrições detalhadas de tarefas e atividades, a fim de possibilitar a resolução do problema

proposto. Por último, tem-se a etapa final que é a fase de construção do SA propriamente dito.

Na visão de Paquette (2002, p. 107), um “sistema de aprendizagem é o produto de

um processo de Engenharia Pedagógica e serve como suporte a difusão das aprendizagens”.

Para a concepção de um SA, são levados em consideração quatro levantamentos12 específicos:

Levantamento dos conhecimentos - define o conteúdo e os objetos de aprendizagem.

Levantamento pedagógico - apresenta a rede de eventos de aprendizagem ou, se

preferir, a estrutura de formação decomposta em eventos ou unidades de aprendizagem.

Levantamento dos materiais - define a forma de utilização dos instrumentos nos

cenários pedagógicos, segundo reagrupamentos em materiais didáticos utilizando

diversos tipos de suporte: site web, CD, impresso, material 3D, etc.

Levantamento da difusão - define o papel dos atores no momento da difusão, como

fornecedores ou utilizadores dos recursos.

Nesse sentido, com esses levantamentos se constrói os cenários pedagógicos da

formação. Conforme Bibeau (2000, p.1), um “cenário pedagógico apresenta uma abordagem

para atingir os objetivos educacionais e a aquisição de competências gerais e específicas

relacionadas a uma ou mais áreas da vida, segundo os termos e especificações do currículo”13.

Dessa forma, o material didático e os recursos utilizados devem estar em consonância com a

proposta pedagógica.

Assim como os fundamentos do design instrucional (figura 2), a base para a

construção dos elementos que norteiam a estruturação da Engenharia Pedagógica está

fundamentada em três eixos: design pedagógico ou DI, engenharia cognitiva e engenharia dos

sistemas de informação, também denominada de engenharia de software. Na figura 4, são

apresentadas essas relações.

12 Vem do termo original em francês devis, apresentado por Paquette (2002) 13 Tradução nossa.

Page 43: Dissertação completa

43

Figura 4 - Bases da Engenharia pedagógica

Fonte: Adaptado de Paquette (2002, p. 107)

O design pedagógico pode ser entendido como um conjunto de planos em que é

descrito o passo a passo das atividades, dentro de processo de ensino e aprendizagem,

executadas pelos atores envolvidos. Paquette (2002) explica que o design pode ser visto de duas

formas: como uma disciplina em que favoreça a produção de conhecimentos visando à

qualidade dos planos ou como uma área das ciências da educação envolvida com a elaboração

dos materiais didáticos, implementação e gestão dos sistemas de aprendizagem.

A engenharia de software, ou mais amplamente engenharia dos sistemas de

informação, é uma área interessante a ser explorada, pois permite definir melhor as etapas para

operacionalização das atividades pedagógicas. “O primeiro objetivo da engenharia de software

é fornecer processos e ferramentas para a produção de sistemas satisfatórios, eficazes,

extensíveis, flexíveis, modificáveis, portáteis, confiáveis, reutilizáveis, validáveis e

compreensíveis”14 (PAQUETTE, 2002, p. 113). Contudo atender a todas essas características é

uma atividade complexa e exige da equipe envolvida a compreensão de todas as fases que

permeiam o desenvolvimento de um sistema.

Os métodos da engenharia dos sistemas de informação, conforme Paquette (op. cit),

fornecem a divisão das atividades macros em módulos, fases ou etapas correspondentes aos

processos marcando um tempo de trabalho, sem impor uma linearização na execução. É

possível encontrar nessa divisão os seguintes processos:

Observação crítica ou diagnóstico

14 Tradução nossa.

Page 44: Dissertação completa

44

Orientações gerais, estabelecimento de princípios de funcionamento

Definição preliminar do sistema

Arquitetura do sistema de informação

Programação do sistema

Simulação e qualificação do sistema

Implementação do sistema

Operação do sistema

Como visto, a Engenharia Pedagógica é constituída por elementos do design

pedagógico e da engenharia dos sistemas de informação. Além desses, está embasada em sua

composição na engenharia do conhecimento cognitiva. No decurso dos últimos trinta anos, a

engenharia cognitiva se desenvolveu na direção das aplicações dos sistemas especialistas e da

inteligência artificial. Ela é aplicada em educação para diagnosticar as lacunas de aprendizagem

de um estudante e propor estratégias de correção.

A engenharia do conhecimento passou por ajustes e se modelou aos contextos nos

últimos anos, assim como os sistemas informatizados. Esses ajustes podem ser observados

quando, no início do desenvolvimento dos sistemas informatizados, década de 1970, a

preocupação estava no cálculo de grandes quantidades de dados e posteriormente, enquanto nos

anos 1980 os sistemas passaram a adquirir cada vez mais “consciência” da necessidade do

tratamento da informação, já que os dados estão inter-relacionados.

No quadro 4, apresenta-se a descrição das três gerações de sistemas informatizados,

segundo Paquette (2002).

Quadro 4 - Três gerações dos sistemas informatizados

Método Ferramentas Atores

Nível 1 Gestão dos

dados

Sistema de Gestão centralizados

em dados de formato padrão

Gestão de TI

Gerentes

Nível 2 Gestão da

informação

Sistema de base de dados

relacionados

Arquiteto de TI

Especialistas em

conteúdos

Nível 3 Gestão dos

conhecimentos

Base de dados

“Conchas” de sistemas

especialistas

Engenheiros do

conhecimento

Especialistas do conteúdo

TI

Fonte: Paquette (2002, p. 117)

Page 45: Dissertação completa

45

Como já dito, a década de 1990 foi marcada pela integração de conhecimentos cada

vez mais especializados aos sistemas informatizados, representando uma importante evolução

no centro do processo, atualmente denominada gestão do conhecimento. Outros aspectos

passaram a ser incorporados na organização desses sistemas, logo “a aquisição, a modelagem,

o tratamento e comunicação dos conhecimentos tornam-se processos essenciais para a

construção de uma memória organizacional15” (PAQUETTE, 2002, p. 118). Diante disso, há

uma preocupação não somente com a construção do sistema, mas em como, quais e de que

forma os elementos informacionais devem estar disponibilizados aos usuários.

A engenharia do conhecimento tem significativa importância no desenvolvimento

dos sistemas informatizados atuais, pois influencia na determinação de quais e como os

conhecimentos estarão dispostos no sistema. Bem como a explicação, representação e

formalização desses conhecimentos através de linguagens simbólicas ou gráficas que facilitem

sua utilização.

A possibilidade de conceber uma visão clara e estruturada da informação torna a

engenharia do conhecimento muito útil, servindo de base a engenharia pedagógica de um

sistema de aprendizagem. Na integração da engenharia do conhecimento com a engenharia

pedagógica, vê-se que a adaptação dos processos, por profissionais especialistas, ajuda na

definição dos conteúdos, dos cenários pedagógicos, dos materiais didáticos, assim como dos

modelos de difusão do sistema de aprendizagem (PAQUETTE, 2002).

Como dito, a engenharia pedagógica em seu escopo teórico se apropria dessas três

áreas (design pedagógico, engenharia de software e engenharia do conhecimento) e, a partir

disso, é possível estabelecer elementos para a composição desse método. Ela está dividida em

seis fases bem definidas. Cada fase incorpora atividades que permitem promover seu

desenvolvimento, conforme apresentado na figura 5.

15 Tradução nossa.

Page 46: Dissertação completa

46

Figura 5 - Fases da engenharia pedagógica

Fonte: Adaptado de Paquette (2002)

Nas subseções seguintes, apresenta-se, de forma sintetizada, o funcionamento de cada

uma dessas fases.

3.2.1 Fase da análise preliminar

Na fase da análise preliminar, é realizada a descrição da situação que se pretende

resolver. Henri (1997) aponta alguns aspectos que devem ser elencados para chegar a solução.

São eles

Lista de habilidades de comunicação, levando em consideração os diversos públicos

Prioridades de treinamento (curto, médio e longo prazo)

Período anterior à aprendizagem

Extensão do ambiente de aprendizagem a desenvolver

Período de vida do ambiente de aprendizagem

Data de entrega do ambiente

As expectativas do projeto16.

Entre esses aspectos considerados relevantes para a fase inicial de elaboração da

proposta de construção do sistema de aprendizagem, Henri (1997) destaca que as restrições

financeiras e de tempo são fundamentais para iniciar o desenvolvimento dessa atividade. Outro

16 Tradução nossa.

Análise preliminar (análise das

necessidades)

Concepção e DesignInstrucional (arquitetura e

materiais de ensino)

Desenvolvimento(fabricação dos

materiais)

Validação

(testes do projeto)

Execução e divulgação (entrega)

Gestão e operação (avaliação,

manutenção e evolução)

Page 47: Dissertação completa

47

ponto diz respeito a definição do público-alvo ao qual o sistema se destina, qual seu perfil, suas

necessidades e de que forma os conteúdos devem estar dispostos no sistema de aprendizagem.

3.2.2 Fase de concepção e design instrucional

Fase que consiste em definir conteúdos, objetivos de aprendizagem, estratégias

pedagógicas, atividades, ferramentas e recursos midiáticos, bem como o modelo de avaliação

que norteará o desenvolvimento do curso. Henri (op. cit.) apresenta três tipos concepções: da

arquitetura, pedagógica e midiática. O autor chama atenção para a diferença entre concepção

da arquitetura e concepção pedagógica. Na primeira, há uma comparação da construção dessa

arquitetura com a da construção civil. É preciso, inicialmente, erguer a estrutura e só depois

projetar os detalhes que irão compô-la. Da mesma forma, ocorre na engenharia pedagógica:

primeiro desenvolve a estrutura e depois se pensa nos detalhes dos conteúdos. Já a concepção

pedagógica consiste em formular as estratégias pedagógicas que melhor orientarão as unidades

de aprendizagens (módulos, capítulos, etc.) levando em consideração as particularidades dos

aprendizes e do sistema (HENRI, 1997).

Na concepção midiática, ocorre a descrição das ferramentas que irão compor o

sistema, a determinação das mídias (áudios, vídeos, textos, gráficos, imagens etc.), ponderando-

se o formato e tamanho desses elementos. Por fim, são delineados os moldes sobre os quais

esses elementos serão implementados dentro da arquitetura do sistema, estabelecendo os prazos

de entrega de cada tarefa.

O design instrucional consiste na etapa de definição dos conteúdos de

aprendizagem, preparação das atividades e delimitação das instruções pedagógicas. Toda essa

ação está pautada no planejamento, em descrever quais instrumentos melhor se enquadram ao

cenário pedagógico proposto. Esses instrumentos podem ser de vários tipos: vídeos,

ferramentas de cálculo, jogos, questionários, etc. (HENRI, 1997). O desenvolvimento do design

instrucional é estruturado a partir de um planejamento detalhado, dentro de cronograma, com

o intuito de possibilitar a implementação dos materiais, bem como das ferramentas associadas

a eles dentro do sistema, além de prever um momento para os testes e validação do produto

elaborado.

Page 48: Dissertação completa

48

3.2.3 Fase de desenvolvimento ou elaboração dos materiais

Nessa fase, os atores envolvidos desenvolvem um modelo ou protótipo. Essa ação

visa evitar um esforço com um produto que ainda passará por ajustes futuros. Por outro lado,

proporciona aos envolvidos visualizar o objeto em uma estrutura aproximada do seu resultado

final. Nesse contexto, a engenharia pedagógica apresenta duas abordagens. A primeira

abordagem é denominada de prototipagem e é caracterizada por um rápido período para

planejamento e design. Visa desenvolver um produto similar ao produto final. Após essa

construção inicial, ocorrem sucessivos testes, ajustes e refinamentos no produto para torná-lo o

mais próximo da proposta. A segunda abordagem diz respeito a uma etapa mais bem planejada

que considera os detalhes do produto. Existe uma preocupação em explicitar ao máximo os

componentes necessários para o desenvolvimento do produto final, antes de envolver a equipe

responsável pela produção. Os testes são utilizados para verificar a precisão e eficiência do

produto (HENRI, 1997). Também, nessa fase, ocorre a definição dos profissionais técnicos

envolvidos (analistas, programadores, ilustradores entre outros).

3.2.4 Fase de Validação

Em consonância com as duas abordagens apresentadas na fase anterior, a fase de

validação se divide em duas etapas: uma para validação da versão preliminar e outra para

validação mais rigorosa do produto ou do sistema de aprendizagem. O objetivo dos testes é

verificar o funcionamento de todo o sistema de aprendizagem e minimizar possíveis falhas.

Nesse momento, os sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento devem ser observadores do

processo registrando todas as reações e comentários emitidos pelas pessoas que testam as

funcionalidades do sistema. Todos os dados coletados durante os testes devem contribuir para

as melhorias, correções e ajustes, possibilitando melhorar a comunicação, ergonomia,

usabilidade e disponibilização do sistema (HENRI, 1997).

Nielsen (1993, p. 25) apresenta cinco características de usabilidade que um sistema

web deve possuir: “fácil de aprender, eficiente no uso, fácil de relembrar, poucos erros e

satisfação subjetiva”17. Para ele, o sistema ser fácil de aprender significa que o usuário, ao

iniciar a navegação no sistema, deve rapidamente interagir com o próprio sistema, logo ele deve

ser eficiente no uso a fim de possibilitar que o usuário tenha o máximo de produtividade.

17 Tradução nossa.

Page 49: Dissertação completa

49

Outro ponto é a facilidade de relembrar, mesmo que o usuário do sistema retorne a

usá-lo após um longo período sem manuseio. Ele precisa compreender seu uso sem

necessariamente ter que aprender tudo de novo. Poucos erros significa possibilitar ao usuário

“errar” sem perder o que estava fazendo e poder retornar ao estado anterior sem prejuízos.

Por último, a satisfação subjetiva diz respeito ao grau de contentamento do usuário

ao utilizar o sistema, considerado muito relevante quando se trata de ambiente online

“obrigatório” no espaço do trabalho (ALMEIDA; SANTANA, 2011).

3.2.5 Fase de execução e divulgação

Nesta fase, os desenvolvedores do sistema de aprendizagem elencam que realizar

tarefas é essencial para promover, junto ao público-alvo, a divulgação do produto criado. Nesse

momento, o objetivo é “implementar as condições humanas organizacionais e administrativas

necessárias para a entrega, treinamento, ferramentas de instalação e infraestrutura

tecnológica”18 (HENRI, 1997, p. 15).

Para que essas tarefas aconteçam, é estipulado um cronograma que descreve a

implementação dos serviços, como e quando eles serão aplicados junto aos sujeitos

interessados. Consequentemente, a divulgação do sistema objetiva explicar, através de cursos,

oficinas ou espaços formativos o gerenciamento, logística e suporte técnico do sistema de

aprendizagem.

3.2.6 Fase de Gestão e operação

Trata-se da última fase e ocorre quando o sistema está em uso. Nesse momento, a

equipe responsável organiza os procedimentos de avaliação e atualização do sistema,

elaborando constantemente atividades de suporte e manutenção. Instrumentos avaliativos

podem ser aplicados ao final de um curso ou período formativo com o intuito de promover uma

reavaliação do sistema, elencando-se que aspectos precisam ser ajustados e quais pontos

necessitam de reforços na formação do usuário. Dessa forma, a formação contínua do público-

alvo também é importante para garantir satisfação no uso e diluir possíveis entraves

operacionais. Além disso, as atualizações permitem renovar os conceitos e agregar novas

informações ao sistema dentro das necessidades do grupo.

18 Tradução nossa.

Page 50: Dissertação completa

50

Assim é possível observar, através das fases descritas anteriormente, os processos

inerentes à engenharia pedagógica. Para a construção de um sistema de aprendizagem que se

utilize dessas fases, é fundamental que, além dos profissionais da área técnica (analista de TI,

programador, etc.), a equipe de desenvolvimento conte com o trabalho de especialistas das áreas

educacionais (pedagogo, psicólogos, designer instrucionais, etc.), pois isso promoverá a

agregação de saberes diversos no resultado final.

Na seção seguinte, é apresentado o documento da Matriz do Design Educacional e

seu uso no contexto da Diretoria de Educação a Distância do IFCE, construída a partir das bases

do DI e da engenharia pedagógica.

3.3 MATRIZ DE DESIGN EDUCACIONAL

No atual contexto de oferta dos cursos a distância, os elementos determinantes do

processo de ensino e aprendizagem precisam estar previa e claramente definidos. Isso decorre

de uma atividade anterior, ou seja, da realização de um planejamento. Assim como no ensino

presencial, a educação a distância necessita da construção de documentos e modelos que

delimitem seu pleno desenvolvimento.

Por se tratar de uma modalidade em constante crescimento no cenário brasileiro,

muitos modelos didático-pedagógicos encontram-se em fase de elaboração, em construção

dinâmica e evolutiva. Cada Instituição de Ensino ofertante de cursos/disciplinas na modalidade

a distância é responsável pela elaboração de seus próprios documentos, o que lhe confere

autonomia na criação e, ao mesmo tempo, garante a possibilidade de atribuir a esses instrumentos

a identidade da própria instituição.

A elaboração, planejamento e desenvolvimento da Matriz de Design Educacional

toma como preceitos os elementos da engenharia pedagógica e do DI. Esses preceitos se dividem

da seguinte forma: análise das necessidades de aprendizagem; identificação e estruturação dos

conhecimentos e competências; concepção das atividades e dos espaços de aprendizagem;

mídias ou reutilização de recursos; escolha de um modelo de difusão de atividades e dos

recursos; e integração em uma plataforma para o início do curso ou de um evento de

aprendizagem (PAQUETTE, 2004).

Page 51: Dissertação completa

51

Filatro (2008) ressalta que, através da Matriz do Design Educacional,19 é possível

definir as atividades, objetivos, conteúdos e ferramentas para a execução das atividades,

descrever o processo avaliativo, determinar o prazo de cada atividade e definir de que forma

essas atividades ficarão mais bem distribuídas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Tomando como base o documento apresentado por Filatro (2008) (figura 6), a equipe

pedagógica da Diretoria de EaD do IFCE sentiu a necessidade de reajustá-lo, a fim de atender

às especificidades dos seus cursos. Ressalta-se que a Matriz criada pelo DEaD/IFCE vai além

da proposta de Filatro, pois considera toda a dinâmica do processo didático da oferta das

disciplinas e/ou cursos desenvolvidos pela Diretoria.

Figura 6 - Matriz de Design Instrucional

Fonte: Filatro (2008)

No modelo proposto pela DEaD/IFCE (apêndice B), há um detalhamento de todos

os elementos inerentes ao planejamento de uma disciplina, seguindo o modelo pedagógico

definido pelo IFCE. A Matriz é composta pelos seguintes tópicos:

1. Dados gerais – apresenta dados referentes à ementa, objetivos (geral e especifico),

público-alvo e informações acadêmicas (carga horária, médias, datas de início e fim da

disciplina, equipe pedagógica e técnica envolvida na execução da disciplina).

2. Tutores de interação - apresenta nome, polo, e-mail e telefone dos tutores a distância

(que acompanharão os alunos no AVA) e dos tutores presenciais (que darão suporte aos

alunos no polo de apoio presencial).

19 Autores como Filatro adotam a nomenclatura Matriz do Design Instrucional por estar associada ao termo inglês

Design instrucional (DI). No Catálogo Brasileiro de Ocupações, o termo DI é chamado de DE (Designer

Educacional). Logo o documento apresentado neste estudo será denominado de Matriz do Design Educacional.

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1

2

3

Page 52: Dissertação completa

52

3. Atividades Curriculares da disciplina - descreve todas as atividades a distância

detalhadas por aula, bem como o período de duração de cada atividade, tipo de avaliação

(sem nota, nota média ou escala LV20) e peso de cada atividade (em porcentagem).

4. Encontros Presenciais – descreve as atividades que ocorrerão no polo, com data e

horário pré-estabelecido pela coordenação de curso.

5. Calendário – calendário de execução da disciplina.

6. Referências Bibliográficas – indicações bibliográficas referentes à disciplina que

auxiliarão os alunos no desenvolvimento de suas atividades.

Como foi possível observar nos tópicos enumerados anteriormente referentes aos

elementos presentes na Matriz de Design Educacional do IFCE, ela busca contemplar todos os

eixos norteadores a configuração de uma disciplina no AVA. Entretanto a preocupação do

docente no preenchimento desse documento deve ser na organização didático pedagógico das

atividades, a fim de promover um processo de aprendizagem significativo.

Na modalidade a distância, o desenvolvimento das atividades para um curso

perpassa uma gama de fases e depende do trabalho de uma equipe multidisciplinar. Por sua vez,

a composição da Matriz do Design Educacional não ocorre de modo isolado, mas sim através

da colaboração e experiência de cada profissional envolvido. Palange (2009, p. 384) afirma que

“o trabalho de realização de um curso não é uma atividade solitária, mas coletiva”. Ou seja,

para o desenvolvimento de um material, seja uma simples lista de exercícios ou a elaboração

de um projeto de curso, o resultado dessa atividade decorrerá dos diversos olhares para os quais

foi submetido, seja o olhar de um especialista em conteúdo, de um designer educacional ou dos

profissionais responsáveis pela arte e programação do ambiente virtual.

Na próxima subseção, descreve-se o uso da Matriz de Design Educacional no

contexto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE).

3.3.1 Uso da Matriz de Design Educacional no contexto do IFCE

A oferta de cursos na modalidade a distância pelo IFCE ocorreu a partir do ano de

2007, o que implicou na necessidade de criação de novos documentos e no reajuste de outros

já utilizados em seu modelo de ensino presencial.

20 Learning Vectors (LV) é um modelo de suporte e gerenciamento à avaliação formativa concebido para

automatizar o acompanhamento qualitativo/quantitativo de alunos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA) (SALES, 2012).

Page 53: Dissertação completa

53

Na constante busca por melhorias no processo de produção e oferta das disciplinas

para a Educação a Distância é que, em 2009, a Diretoria de EaD constrói a Matriz de

Planejamento e Design Instrucional, conforme modelo apresentado no apêndice A. A

construção desse documento contou com a colaboração de profissionais das áreas pedagógica

e técnica e, como eles são os responsáveis pela transposição do material produzido na Matriz

para o AVA, foi fundamental a presença no momento de elaboração.

No ano de 2010, houve pequenas modificações no documento da Matriz, apenas

ajustes textuais e reorganização em termos da disposição dos elementos que compõem as aulas

e atividades. Em 2011, o documento foi modificado e informações consideradas desnecessárias

foram removidas e novamente reestruturou-se à disposição de seus elementos. No ano de 2012,

o documento seguiu a mesma estrutura definida em 2011. Em 2013, durante as constantes

reuniões entre os profissionais da equipe multidisciplinar, surgiu a necessidade de reorganizar

o documento da Matriz acrescentando novos elementos, no intuito de deixá-lo mais claro,

principalmente para a equipe técnica. Dessas discussões, elaborou-se o documento apresentado

no apêndice B, em que acrescentou-se informações sobre a Soma do peso das atividades a

distância e Quantidade de faltas por atividade.

O preenchimento da Matriz ocorre semestralmente, após a locação dos professores,

em suas respectivas disciplinas, pela coordenação de tutoria de cada curso. Conforme figura

abaixo, é possível observar como se dá o processo de planejamento da oferta das disciplinas

pelas coordenações de curso.

Page 54: Dissertação completa

54

Figura 7 - Planejamento para oferta do semestre

Fonte: Elaborada pela autora.

A coordenação de curso elenca as disciplinas que serão ofertadas no semestre.

Repassa essa listagem para a coordenação de tutoria que cuida da lotação dos professores

(formadores e tutores). Em paralelo, também encaminha a relação das disciplinas para o

responsável pelo sistema acadêmico que faz o cadastro delas e providencia o processo de

matrícula dos discentes.

Após a lotação dos professores, a coordenação de tutoria encaminha o quadro dos

docentes a equipe de Designer Educacional (DE), que inicia o processo de orientação e

supervisão do trabalho de elaboração e preenchimento da Matriz de Design Educacional pelo

professor-formador. Depois encaminha a lotação dos professores para o coordenador do sistema

acadêmico que aloca os professores em suas disciplinas e realiza o processo de exportação da

disciplina com alunos e professores para um espaço próprio, separado por polo, dentro do

ambiente virtual Moodle.

Page 55: Dissertação completa

55

O processo de preenchimento da Matriz passa por algumas etapas conforme

apresentado na figura 8.

Figura 8 - Etapas de Produção da Matriz de Design Educacional

Fonte: Elaborada pela autora.

Page 56: Dissertação completa

56

Na figura 8, ilustra-se o fluxograma de construção da matriz com as etapas e

profissionais responsáveis por sua execução. O fluxo de preenchimento da Matriz depende

primeiramente da submissão pelas coordenações de cursos das listas de disciplinas a serem

ofertadas, com seus respectivos professores formadores.

No primeiro momento, o Designer Educacional (DE) contata o professor-formador

via e-mail e envia o documento da Matriz (modelo no formato de texto) e os demais materiais

que compõem a disciplina (livro, Programa de Unidade Didática e calendário). No segundo

momento, o professor-formador realizará todas as correções e ajustes necessários nos

documentos da disciplina, em especial o preenchimento da Matriz e devolverá ao Designer

Educacional.

O terceiro momento pode ser feito de duas formas: 1) após análise pelo designer

educacional, a Matriz é novamente encaminhada ao formador para reajustes e posteriormente o

formador retornará ao designer educacional para validação dos reajustes realizados; ou 2) a

Matriz analisada e com poucos reajustes é encaminhada para o revisor, que, após uma revisão,

devolve ao designer educacional. Ele reanalisa a Matriz que pode tanto ser devolvida ao

formador como encaminhada diretamente ao diagramador web, a depender das colocações

apontadas pelo revisor.

Caso ocorra a primeira situação, o professor-formador reajustará a Matriz e

encaminhará, novamente, para o DE, que realizará uma última análise e ajustará todas as

pendências. Feito isso, a Matriz é encaminhada ao diagramador web para configuração e

postagem dos materiais no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Caso ocorra a segunda situação,

após os reajustes finais, a Matriz será encaminhada, diretamente, para o diagramador web, que

conduzirá à postagem no AVA.

Realizada a configuração da disciplina no AVA, o designer educacional comunica

ao professor-formador que o acesso à disciplina está liberado e fornece as orientações iniciais

para login no AVA. O próximo passo é comunicar aos tutores e dar início ao processo de

mediação pedagógica através do ambiente.

Na seção seguinte, discutem-se os fundamentos teóricos, relacionados à Engenharia

Pedagógica e ao Design Instrucional, os quais servirão de base para a construção do Sistema

Made.

Page 57: Dissertação completa

57

3.4 ENGENHARIA PEDAGÓGICA E O DESIGN INSTRUCIONAL NA CONCEPÇÃO DO

SISTEMA MADE

Os elementos teóricos apresentados pelas duas abordagens, Engenharia Pedagógica

e Design Instrucional, contribuem para a estruturação do sistema Made, pois ambas possuem

etapas de planejamento bem definidas. Por considerarem todo o contexto de ensino, requer

análise e acompanhamento contínuo em todo o processo.

Na figura 9, apresentam-se as fases que compõem o desenvolvimento do

planejamento e oferta das disciplinas através do sistema Made.

Figura 9 - Etapas de concepção do sistema Made

Fonte: Elaborada pela autora.

A elaboração da Matriz de Design Educacional das disciplinas através do sistema

Made perpassa algumas etapas, desde um planejamento macro que envolve as coordenações de

cursos onde se delimitam as ações comuns a todos os cursos até o planejamento micro que

corresponde à elaboração da matriz de uma disciplina específica. A seguir são apresentadas as

etapas que compreendem o planejamento macro para oferta das disciplinas, considerando o

sistema Made como sistema de apoio a gestão desses planejamentos.

Etapa de análise – nesse momento, a coordenação de curso é encarregada de selecionar

os professores, delimitar o cronograma de execução das disciplinas, distribuir os

encontros presenciais levando em consideração o orçamento disponível e, por fim,

repassar à equipe de design educacional (DE) todos os dados necessários para

concepção das próximas etapas.

Etapa de concepção ou design – o administrador do sistema Made recebe os dados da

coordenação de curso e realiza o cadastro das matrizes das disciplinas no sistema Made.

Etapa de desenvolvimento - a equipe de design educacional inicia o processo de

planejamento e elaboração da matriz juntamente com os professores-formadores

Made

Análise Concepção Desenvolvimento ValidaçãoExecução e divulgação

Gestão e operação

Page 58: Dissertação completa

58

responsáveis pelas disciplinas. É nessa fase que ocorrem todas as discussões

pedagógicas entre o formador e o designer educacional que lhe acompanha.

Etapa de validação – após todos os ajustes no conteúdo da matriz, o designer exporta

a matriz produzida e encaminha ao diagramador web para postagem no ambiente virtual

de aprendizagem (AVA).

Etapa de execução e divulgação – nessa etapa, se produzem duas atividades em

paralelo: 1º o DE comunica ao formador que sua sala virtual no AVA está pronta,

podendo iniciar as interações com os alunos; 2º o administrador do sistema Made

verifica se há pendências nas matrizes finalizadas e continua no suporte às matrizes em

desenvolvimento.

Etapa de gestão e operação – a equipe de administração do sistema cuida das

atualizações, do suporte aos usuários e dos ajustes técnicos que porventura possam

surgir.

Dentre as fases apesentadas acima, destaca-se a fase de desenvolvimento da matriz

de uma disciplina, pois é nessa etapa que ocorre todo o design educacional da disciplina. O

planejamento é realizado levando em consideração o modelo ADDIE proposto por Filatro

(2003), veja figura 10.

Figura 10 - Modelo ADDIE

Fonte: Filatro (2003)

Dentro do processo de planejamento e elaboração de uma matriz, as fases

apresentadas na figura 10 orientam os atores nos seguintes aspectos:

Análise

Design

DesenvolvimentoImplementação

Avaliação

Page 59: Dissertação completa

59

Análise – o professor formador define os objetivos (geral e específico) da disciplina

levado em consideração o público e a relevância do conteúdo para a formação discente.

Design – criação da equipe pedagógica composta por tutores a distância e presenciais,

responsáveis, respectivamente, pelo acompanhamento dos alunos no AVA e pelo apoio

no polo presencial. Também nessa fase são elencadas as estratégias didáticas e

ferramentas tecnológicas que servirão de apoio à execução das atividades.

Desenvolvimento – professor formador preenche os campos das atividades, fazendo os

devidos ajustes e adequações na linguagem e no formato para uma disciplina na

modalidade a distância. Estabelece como e quando ocorrerão as atividades, como o

aluno será avaliado e quanto será atribuído em % para cada atividade avaliativa. Além

disso, orienta os tutores a distância sobre a execução da disciplina e reajusta o

planejamento, caso considere pertinente.

Implementação – com a matriz finalizada e suas informações configuradas no AVA,

o formador inicia seu trabalho de acompanhamento e suporte às atividades dos tutores

a distância.

Avaliação – ocorre durante todo o processo de construção da matriz e posteriormente

na sua aplicação junto aos alunos. Tanto o formador da disciplina quanto a equipe de

design educacional (re)analisa as etapas de concepção da matriz e da aplicação das

atividades propostas revendo o que foi satisfatório e os entraves durante o processo.

Como pode ser observado, a oferta de disciplinas na modalidade a distância requer

o envolvimento de diversos atores trabalhando de forma sincronizada. O intuito desse trabalho

colaborativo é oferecer aos discentes um material de qualidade que contribua para seu processo

de aprendizagem e esteja disponível em tempo hábil ao início do seu curso.

No capítulo seguinte, tanto se descrevem todas as etapas de concepção e

desenvolvimento do Sistema Made, como se apresentam todos os elementos técnicos que

compõem a prototipação do sistema.

Page 60: Dissertação completa

60

4 MADE: CONCEPÇÃO E PROTOTIPAÇÃO

Desenvolver software não é somente modelar e escrever

código. É criar aplicações que resolvam os problemas

dos usuários. É fazer isto dentro do prazo, de forma

precisa e com alta qualidade. (Ambler, 1988)

Neste capítulo, descrevem-se as etapas de concepção e desenvolvimento do Sistema

Made. Na primeira seção, apresenta-se uma breve descrição do contexto da pesquisa. Em

seguida, descrevem-se os requisitos que compõem a estrutura do sistema, as ferramentas

tecnológicas que subsidiaram a equipe no desenvolvimento do Made e, por último, os principais

casos de uso e suas funcionalidades.

4.1 DESCRIÇÃO DA PROPOSTA

As ofertas das disciplinas, na Diretoria de EaD do IFCE, ocorrem semestralmente

e em quantidade significativa. Consequentemente o volume de documentos e profissionais

envolvidos também é numeroso. O planejamento das disciplinas é realizado através do

documento da Matriz de Design Educacional.

A coordenação de produção de cada projeto necessita, em suas atribuições, realizar

o acompanhamento de todas as matrizes produzidas, possibilitar que os trabalhos realizados

pelos colaboradores aconteçam em tempo hábil e diluir possíveis entraves pedagógicos e

técnicos que apareçam no percurso. Da necessidade de sistematizar essas ações surgiu a

proposta de construção do Sistema Made. Tomando como base o documento da Matriz de

Design Educacional já existente e utilizado no contexto da DEaD/IFCE, o Sistema Made

permite a elaboração dos planejamentos de forma colaborativa, totalmente online e proporciona

a criação de um banco de dados para gerenciamento e compartilhamentos futuros.

Nas seções a seguir, descrevem-se as etapas que subsidiaram a construção do

Sistema Made.

4.2 REQUISITOS DO MADE

A elaboração do sistema demandou reuniões sistemáticas entre as equipes

pedagógica e técnica. O objetivo desses encontros, em momento inicial à pesquisa, foi realizar

o levantamento de todos os requisitos que subsidiariam a construção do Sistema Made. A etapa

Page 61: Dissertação completa

61

de montagem da “engenharia de requisitos” é fundamental para o bom andamento de um projeto

(PRESSMAN, 2010). Conforme Pressman (2010, p.117) “a engenharia de requisitos (ER) é

uma ação da engenharia de software que começa durante a atividade de comunicação e continua

durante a atividade de modelagem”. Nessa definição, percebe-se o quanto é importante manter

uma comunicação fluída entre as equipes, contudo é primordial saber o que se pretende

desenvolver.

Os requisitos elencados para o desenvolvimento do Sistema Made estão divididos

em dois tipos: funcionais e não-funcionais. Sommerville (2007, p. 80) define os requisitos

funcionais em “declarações de serviços que o sistema deve fornecer, como o sistema deve reagir

a entradas específicas e como o sistema deve se comportar em determinadas situações.” Já os

requisitos não-funcionais são definidos pelo autor como “restrições sobre os serviços ou as

funções oferecidas pelo sistema.”

Requisitos funcionais do Sistema Made:

1. Cadastro de dados (usuários, programa, polos, cursos, semestres e disciplinas)

2. Visualização dos dados (usuários, programa, polos, cursos, semestres e disciplinas)

3. Cadastro de conteúdos (mural, objetivos, calendário, aulas, encontros presencias,

referências)

4. Cadastro de usuários na Matriz

5. Criação e edição da Matriz

6. Exclusão de campos da Matriz

7. Inserção de comentários nos elementos do menu da Matriz

8. Inserção de documentos em anexo

9. Exclusão de documentos em anexo

10. Inserção de recursos multimídia

11. Inserção de porcentagens para as atividades da Matriz

12. Visualização da Matriz

13. Exportação da Matriz DE para formato PDF (Portable Document Format)

14. Publicação da Matriz com acesso restrito ao público

15. Pesquisa e consulta de Matrizes

Requisitos não-funcionais do Sistema Made:

1. Cadastro e gerenciamento de usuários, cursos, semestres, disciplinas, turnos e polos.

Page 62: Dissertação completa

62

A criação de uma Matriz de Design Educacional para uma disciplina dentro do

Sistema permite que o compartilhamento seja realizado para um grupo de usuários restrito. Esse

grupo composto por um professor-formador, um designer educacional (DE) e um revisor é

responsável pelo preenchimento do documento, sendo o DE o sujeito encarregado de conduzir

todo o processo de elaboração da Matriz. Além disso, cabe a ele finalizar o documento e

encaminhá-lo ao diagramador web.

No quadro 5, apresenta-se o papel dos usuários que participam do Sistema Made de

acordo com seus perfis.

Quadro 5 - Funções gerais dos usuários no Made

Perfil Função

Administrador Administrar o Sistema com permissão ilimitada

Cadastrar e gerenciar usuários

Definir permissões dos usuários

Cadastrar e gerenciar matrizes

Professor-formador Alterar os conteúdos da sua disciplina

Visualizar os conteúdos de seu interesse

Designer Educacional (DE) Gerenciar e editar os conteúdos de sua

responsabilidade

Revisor Editar os conteúdos de sua responsabilidade

Diagramador web Visualizar as matrizes finalizadas

Coordenador de Curso/

Coordenador de Tutoria Visualizar as matrizes finalizadas do curso pelo

qual é responsável

Professor-tutor Visualizar as matrizes finalizadas da sua disciplina

e os conteúdos da sua área de interesse. Fonte: Elaborado pela autora.

Os perfis se subdividem em três categorias de atuação dentro do sistema:

Administrador – gerencia, cria e edita todos os campos do sistema.

Usuário da matriz – edita os campos da matriz sob sua responsabilidade.

Usuário – apenas visualiza as matrizes criadas.

As funcionalidades foram delimitadas conforme os papéis exercidos pelos atores da

EaD no IFCE. Contudo, após as validações e teste do sistema, esses papéis podem ser ajustados

e readequados as necessidades da equipe multidisciplinar.

Page 63: Dissertação completa

63

4.3 FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO

O processo de construção do Sistema Made considerou o uso de tecnologias atuais

que possibilitam a criação, desenvolvimento, implementação e execução de forma rápida e

satisfatória, atendendo, sobretudo, as necessidades de tempo para a finalização desta pesquisa.

Além disso, buscou incorporar tecnologias já em uso no Ambiente Virtual de Aprendizagem

utilizado pela DEaD/IFCE, o Moodle.

Para desenvolvimento do sistema, os programadores se utilizaram da Linguagem

de programação java, bastante utilizada no meio computacional contribuindo com o

funcionamento de inúmeras aplicações de forma rápida, segura e confiável (ORACLE, 2014).

Aliado à linguagem de programação Java, adotou-se a linguagem Javascript por se tratar de

uma linguagem “leve, interpretada e baseada em objetos” apropriada a desenvolvimento de

páginas Web (MOZILLA, 2014). Outra linguagem agregada ao trabalho de programação do

Sistema Made é a Linguagem de Marcação de Hipertexto - HTML, muita utilizada na criação

de páginas web e por ser um padrão internacional adotado pela W3C21.

O PostgreSQL foi adotado como “sistema de gerenciamento de banco de dados

relacional que permite aos desenvolvedores integrar ao banco de dados seus próprios tipos de

dado e métodos personalizados” (PostgreSQL Global Development Group, 2006, prefácio). Por

se tratar de ferramentas dinâmicas, em constantes atualizações, podem ser substituídas ou outros

recursos podem ser adotados a fim de tornar o sistema mais atual e prático.

4.4 INTERFACES DO SISTEMA MADE

A interface inicial do sistema dispõe de uma tela de usuário e senha, na qual a

pessoa, previamente cadastrada, realiza seu login no sistema e inicia suas atividades. Na figura

11, será visto na tela de login o espaço para usuário, que corresponderá ao CPF (Cadastro Pessoa

Física) por ser a mesma identificação usada no acesso ao AVA, e para uma senha, que

inicialmente será uma sequência padrão para todos os usuários, podendo ser alterada por eles

através de seu perfil dentro na plataforma.

21 O World Wide Web Consortium (W3C) é uma comunidade internacional em que as organizações associadas,

profissionais de tempo integral, bem como a obra pública em conjunto para desenvolver padrões web (tradução

nossa). Fonte: http://www.w3.org/Consortium/, acesso em 9 de fev. 2014.

Page 64: Dissertação completa

64

Figura 11 - Tela de login

Fonte: Sistema Made

Ao realizar o login no sistema, o professor-formador visualizará a tela inicial com

a lista das disciplinas de que ele é responsável. Já o administrador visualizará o menu de

gerenciamento do sistema conforme figura a seguir.

Figura 12 - Menu de administração do sistema

Fonte: Sistema Made

No menu “Dados dos cursos”, o administrador encontra os seguintes submenus:

programa, polo, curso, disciplinas e tipo de curso (técnico, graduação, especialização, extensão

e capacitação). Nesses submenus, o administrador insere todos os dados referentes aos

programas educacionais ofertados pela Diretoria de EaD. Para isso, será identificado o “Nome”

e “Sigla” do programa. Posteriormente esses dados serão utilizados para vincular os cursos,

disciplinas e polos.

No menu “Dados dos usuários”, o administrador encontra os seguintes submenus:

usuários, grupos de usuários, tipo de usuário da matriz (formador, designer, revisor, etc.) e tipo

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65

de formação (graduação, especialização, mestrado e doutorado). Nesses submenus, o

administrador realiza todo o gerenciamento das contas dos usuários.

No menu “Matriz” o administrador encontra o seguinte submenu: “Gerenciar

matriz”. Nesse campo, é possível encontrar todas as matrizes criadas no sistema, bem como

criar uma nova matriz ou editar uma já existente.

O menu “Configurações” possibilita ao administrador gerenciar as permissões e/ou

modificar as nomenclaturas do sistema.

4.5 ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DO SISTEMA MADE

O gerenciamento do Sistema divide-se em três módulos: criação, edição e

publicação. A criação é referente à preparação do ambiente, cadastro de todos os usuários e

matrizes a serem utilizadas nos cursos; edição corresponde à fase de preenchimento dos campos

da Matriz De Design Educacional pelos atores responsáveis; e a publicação corresponde à fase

final, momento em que todas as validações foram realizadas e a Matriz recebe o aval do

Designer Educacional para exportação.

Figura 13 - Módulos do Sistema Made

Fonte: Elaborada pela autora.

A seguir, apresenta-se a estrutura do sistema no que diz respeito a esses três

módulos.

4.5.1 Módulo de Criação

O administrador do sistema é encarregado pela criação da Matriz por disciplina.

Essa criação ocorre em consonância com as atividades de planejamento da equipe de produção

de material didático e das coordenações de curso. As informações contidas nessa etapa dizem

Módulo de

Criação

Módulo de

Edição

Módulo de

Publicação

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66

respeito ao programa, curso, semestre, disciplina, período da oferta e turma. Na figura 14,

apresenta-se a tela do sistema onde esses dados são inseridos.

Figura 14 - Tela de criação/edição de uma Matriz

Fonte: Sistema Made

O módulo de Criação é a etapa inicial do processo de concepção da Matriz de

Design Educacional e é definido em semestre anterior à oferta da disciplina. O administrador

do sistema recebe da equipe de produção a lista de disciplinas que serão ofertadas e realiza a

criação das matrizes correspondentes a essas disciplinas.

Na tela apresentada na figura 15, observa-se a lista das matrizes criadas no sistema.

Figura 15 - Lista de matrizes criadas

Fonte: Sistema Made

A identificação dessas matrizes é feita pelos seguintes campos: programa, curso,

período, semestre, disciplina e turma. O período corresponde ao momento da oferta e o semestre

obedece à ordem em que a disciplina está organizada na Matriz Curricular do curso.

Criação

Page 67: Dissertação completa

67

No botão “Criar/Editar Matriz” (destacado em preto), o administrador pode criar

uma nova matriz ou editar os campos de uma matriz já criada. Já na coluna “Ações”, o usuário

da matriz pode realizar três tipos de tarefas: 1ª “editar” os campos da matriz da disciplina

especificada; 2ª imprimir matriz; e 3ª solicitar ao administrador a reabertura da matriz para que

possa realizar modificações. Esse último procedimento é acionado quando a matriz desejada já

tiver sido finalizada.

Durante a criação de uma matriz, o administrador vincula os responsáveis pela

disciplina e os atores encarregados do preenchimento da matriz. Cabe ressaltar que os

responsáveis pela edição da Matriz são professor-formador, designer educacional e revisor.

Demais dados dos usuários são de caráter informacional e necessários para cadastro no

ambiente virtual, como é o caso dos tutores a distância.

Figura 16 - Vinculação dos responsáveis pela Matriz

Fonte: Sistema Made

Ao clicar em um dos botões da figura anterior, surge a tela (figura 17) com a lista

de usuários cadastrados no sistema.

Figura 17 - Adicionar/Remover usuário

Fonte: Sistema Made

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68

O administrador deve selecionar o usuário, conforme lista disponibilizada pela

equipe de produção, e vinculá-lo à sua função dentro da Matriz específica. Essa vinculação

pode ser realizada de duas formas: 1. Selecionando o usuário e arrastando com o mouse para a

coluna da direita ou 2. Selecionando o usuário e clicando no primeiro botão do menu destacado

em preto. Para adicionar mais de um usuário, basta selecionar os usuários desejados e clicar no

segundo botão do menu destacado em preto. Em seguida, deve-se clicar no botão “Salvar” para

encerrar o processo de adição de usuários.

No quadro abaixo, descrevem-se as especificações do módulo de criação de uma

Matriz.

Quadro 6 - Especificação do módulo de criação

Especificação Significado

Programa Nome do programa

Curso Nome do curso

Semestre/Bloco Refere-se a número do semestre ou

bloco, conforme Matriz Curricular do

curso

Disciplina Nome da disciplina

Período Semestre de oferta da disciplina

Turma Indica a qual turma a matriz está

vinculada.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para criação da matriz de uma disciplina, é necessário que, em momento anterior,

o administrador tenha cadastrado o programa, curso, semestre/bloco e disciplina. O cadastro

dos usuários pode ser feito em momento posterior à criação das matrizes, o que permite ao

administrador e equipe pedagógica antecipar alguns processos no planejamento das ofertas

disciplinares. Contudo a visualização ou edição de uma matriz depende da vinculação de seus

responsáveis.

4.5.2 Módulo de Edição

Três atores atuam diretamente nessa área de edição dos conteúdos, são eles

professor-formador, designer educacional e revisor. O professor formador é responsável pelo

preenchimento de todos os campos da matriz e tem a orientação pedagógica do DE. Após a

Page 69: Dissertação completa

69

edição pelo formador e análise do DE, o revisor é encarregado de corrigir os textos e indicar,

quando necessário, alterações de ordem linguística e textual.

Os campos da matriz são independentes, o que permite aos atores preenchê-los ou

editá-los na ordem que desejar, podendo os dados serem salvos a qualquer momento. Na figura

18, apresenta-se a tela com os menus de navegação de uma matriz.

Figura 18 - Menu de navegação da Matriz

Fonte: Sistema Made

O usuário, ao salvar seu texto, gera uma nova versão e isso acontece com todos os

campos da matriz, permitindo o controle da produção e recuperação de alguma informação. O

botão “Comparar” permite ao usuário comparar as versões criadas nos campos da matriz, assim

como a caixa “Versões” possibilita o usuário identificar quantas versões já foram criadas para

determinado campo. Na figura 19, pode-se observar uma matriz em fase de preenchimento e

com duas versões do campo “Ementa” salvas.

Figura 19 - Matriz em construção

Fonte: Sistema Made

No quadro 7, explica-se a funcionalidade de cada um dos menus que compõe o

módulo Edição da matriz.

Edição

Page 70: Dissertação completa

70

Quadro 7 - Especificação do módulo de Edição

Especificação Funcionalidade

Geral Insere os campos: Ementa, Objetivo Geral e Objetivos

específicos

Calendário Informa o calendário da disciplina, conforme calendário prévio

emitido pela coordenação do curso

Mural da Disciplina Refere-se ao mural de recados e informes da disciplina

Aulas Permite a inserção de campos para a criação das aulas de uma

disciplina, bem como vincular atividades à aula

Atividade (dentro do

menu Aulas)

Permite acrescentar atividades e vinculá-las a uma aula

específica, descrevendo o conteúdo, delimitando um período de

execução e uma porcentagem na avaliação a distância

Encontros Presenciais Descreve as atividades que serão realizadas presencialmente no

polo e contém os seguintes campos: número do encontro, data do

encontro e título

Percentual de

Atividades a Distância

Apresenta o percentual de todas as atividades a distância

Referências

Bibliográficas

Informa as referências utilizadas/indicadas na disciplina

Anexos Realiza o upload de arquivos complementares ao material da

disciplina

Concluir Etapa Conclui uma etapa de elaboração da matriz por um usuário

específico (professor formador, designer educacional ou revisor)

Finalizar matriz Finaliza o preenchimento da matriz e é realizada,

exclusivamente, pelo designer educacional

Fonte: Elaborado pela autora.

Nos campos que compõem a matriz, o usuário dispõe de ferramentas de edição de

texto que possibilita a edição e/ou inserção de uma série de recursos, tais como negrito, itálico,

sublinhado, tachado, sobescrito, sobrescrito, fonte, tamanho da fonte, tamanho do título, cor do

texto, cor da letra, numeração, marcadores, recuo, formatação (justificado, alinhado à direita,

alinhado à esquerda e centralizado) do texto, fazer e desfazer, inserção de link, imagem e outros.

4.5.3 Módulo de Publicação

Após todas as correções, edições e validações realizadas entre professor-formador,

DE e revisor, a matriz é exportada para um arquivo de texto ou PDF. Essa ação está sob a

responsabilidade do DE e é realizada através do botão “Finalizar Matriz”.

Page 71: Dissertação completa

71

Figura 20 - Módulo de publicação

Fonte: Sistema Made

No modelo atual de produção, o DE desempenha o papel de finalização da matriz e

a envia à equipe técnica que cuida da postagem e configuração da disciplina no ambiente virtual

de aprendizagem. Dessa forma, a ação de finalização de uma matriz no sistema Made ficou a

cargo do DE.

Quadro 8 - Especificação do Módulo de Publicação

Especificações Funcionalidade

Exportar para PDF Exportar matriz DE finalizada para versão

PDF

Exportar para documento de texto Exportar matriz DE finalizada para versão

documento de texto

Fonte: Elaborado pela autora.

4.6 MODELAGEM DO SISTEMA MADE (UML)

A modelagem de negócio do sistema é a fase posterior ao levantamento dos

requisitos. Nessa fase, é realizada a listagem e identificada a ordem de desenvolvimento. Além

Publicação

Page 72: Dissertação completa

72

de orientar a equipe em suas atividades diárias, essa ação auxiliará na validação futura dos

requisitos do sistema.

A modelagem de casos de uso auxilia o desenvolvedor na separação das

funcionalidades que compõem o sistema. Tomando como base a definição de Melo (2010, p.

56), “um caso de uso descreve uma sequência de ações que representam um cenário principal

(perfeito) e cenários alternativos, com o objetivo de demonstrar o comportamento de um

sistema (ou parte dele), através de interações com atores”. Os casos de uso, por representar em

conjuntos bem definidos das funcionalidades do sistema, precisam se relacionar com outros

casos de uso e com atores que enviarão e receberão mensagens (MELO, 2010). A autora

apresenta os seguintes tipos de relacionamento:

Relacionamentos de casos de usos – quando ocorrem entre si e são do tipo

generalização, extensão e inclusão;

Relacionamentos de atores – quando ocorrem entre si e tem-se o único tipo

generalização;

Relacionamentos entre atores e casos de uso – tem-se apenas o tipo associação.

A partir do escopo do sistema, é apresentada abaixo uma lista de casos de uso:

i) Acessar sistema

ii) Cadastrar usuário

iii) Excluir usuário

iv) Cadastrar curso

v) Excluir curso

vi) Cadastrar programa

vii) Excluir programa

viii) Cadastrar disciplinas

ix) Excluir disciplinas

x) Inserção de disciplinas nos cursos

xi) Cadastrar polos

xii) Cadastrar tipo de curso

xiii) Atribuir usuários na matriz

xiv) Criar matriz

xv) Editar matriz

xvi) Excluir matriz

xvii) Consultar matriz

xviii) Exportar matriz para PDF ou documento de texto

xix) Inserir peso por atividade na matriz

A seguir, é apresentado os casos de usos do sistema Made e descritas suas

funcionalidades.

Page 73: Dissertação completa

73

4.6.1 Diagrama de Caso de Uso

Apresentam-se nesta subseção alguns casos de uso presentes no sistema Made e

descrevem-se suas funcionalidades. Por se tratar de muitos casos de uso, está disponível no

apêndice C a descrição do Caso de uso “Cadastros Relacionados Disciplina”. Desta forma, do

caso de uso, mostrado na figura 21, descreve-se apenas o cenário “Cadastros da Matriz”.

Figura 21 - Casos de usos – Gerenciar Matriz

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

Descrição

Neste caso de uso, o administrador do sistema irá cadastrar os dados relacionados à disciplina

e a Matriz. No quadro “Cadastros da Matriz”, o administrador cadastrará os usuários que terão

acesso à matriz, criará uma nova Matriz ou editará uma Matriz existente e definirá programa,

curso, semestre, disciplina, período, turma e atribuir os usuários responsáveis pela edição e

visualização da mesma.

Page 74: Dissertação completa

74

Atores envolvidos

Administrador

Pré-condições

O ator administrador deve estar logado no sistema.

Cenário “Cadastros da Matriz”

UC101 – Cadastrar Usuários da Matriz

1. O administrador clica no menu Matriz, seleciona o submenu Gerenciar matrizes e clica na

opção Criar/Editar Matriz.

2. O administrador seleciona o programa/projeto, curso, semestre, disciplina, período, turma e

adiciona todos os usuários pertencentes àquela matriz.

3. O administrador clica no botão salvar.

4. O sistema verifica se os campos estão preenchidos.

4.1 Caso algum campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório.”

4. O sistema inclui o registro dos usuários na matriz selecionada.

6. O cenário se encerra.

UC102 – Criar/Editar Matriz

1. O administrador clica no menu Matriz, seleciona o submenu Gerenciar matrizes e clica na

opção Criar/Editar Matriz.

2. O administrador define o programa/projeto, curso, semestre, disciplina, período e turma.

3. O administrador cadastra os usuários da matriz.

4. O administrador clica no botão salvar.

5. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos;

5.1 Caso algum campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

6. O sistema valida se a matriz já existe na base de dados.

6.1 Caso já exista uma matriz para o semestre selecionado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Matriz DE já cadastrada”.

7. O sistema inclui a matriz na lista de matrizes.

8. O cenário se encerra.

Page 75: Dissertação completa

75

Na figura 22, apresenta-se o caso de uso Manipular Matriz – parte 2. Neste caso de

uso são descritos os campos aulas, encontros presenciais, calendário das aulas, referências e

gerar documento da Matriz. Nos campos “aulas” e “encontros presenciais”, é possível inserir

subcampos.

Figura 22 - Casos de usos – manipular Matriz (parte II)

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

Descrição

Neste caso de uso, o usuário da matriz irá inserir a quantidade de aulas na matriz da disciplina.

Essa quantidade é proporcional à carga horária da disciplina22. Irá inserir e editar o conteúdo

das aulas e atividades, bem como a quantidade de encontros presencias23. Cadastrará o

calendário da disciplina, conforme calendário da coordenação de curso. Inserirá as referências

22 No modelo de curso da Diretoria de EaD / IFCE, uma aula equivale a 10h. 23 A quantidade mínima exigida por lei equivale a 20% da carga horária total de uma disciplina.

Page 76: Dissertação completa

76

bibliográficas utilizadas no apoio à construção da matriz. Por último, exportará a matriz

finalizada para um PDF.

Atores envolvidos

Professor formador, designer educacional e revisor.

Pré-condições

O usuário deve estar cadastrado na matriz.

Cenário Manipular Matriz – parte 2

UC210 – Cadastrar Aula

1. O usuário clica no menu Aulas e adiciona +Aula.

2. O usuário insere o número da aula, título da aula, data início e data fim.

4. O usuário clica no botão salvar.

5. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

5.1 Caso algum campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

6. O sistema valida se a aula já existe na base de dados.

6.1 Caso já exista uma aula cadastrada com essa numeração, a seguinte mensagem é

apresentada: “Aula<número da aula> já cadastrada”.

7. O sistema inclui a aula na lista de aulas em ordem crescente.

8. O cenário se encerra.

UC211 – Cadastrar conteúdo da Aula

1. O usuário clica no menu Aulas, seleciona apresentação e insere a descrição da aula.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema gera uma versão para o campo apresentação da aula.

4. O sistema verifica se o campo obrigatório está preenchido.

4.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

5. O sistema inclui a apresentação no conteúdo da aula.

6. O cenário se encerra.

Page 77: Dissertação completa

77

UC212 – Cadastrar Atividades da Aula

1. O usuário clica no menu Aulas, seleciona uma aula e insere a atividade.

2. O usuário seleciona o tipo de atividade e insere o título da atividade.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema gera a atividade da aula.

4. O sistema verifica se o campo obrigatório está preenchido.

4.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

5. O sistema inclui a atividade na aula.

6. O cenário se encerra.

UC213 – Cadastrar Conteúdo da Atividade

1. O usuário clica na opção conteúdo, insere a descrição da atividade, seleciona o tipo de

avaliação e peso em porcentagem.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema gera uma versão para o campo descrição da aula.

4. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

4.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

5. O sistema inclui o conteúdo da atividade na aula.

6. O cenário se encerra.

UC214 – Cadastrar Encontros Presenciais

1. O usuário clica no menu Encontros Presenciais, seleciona a opção “+Encontros Presenciais”

e insere o número do encontro, título do encontro e data do encontro.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

4. O sistema inclui o encontro presencial.

5. O cenário se encerra.

Page 78: Dissertação completa

78

UC215 - Cadastrar Conteúdos dos Encontros Presenciais

1. O usuário clica na opção descrição, insere a descrição do encontro, seleciona o tipo de

avaliação, turno e peso em porcentagem.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema gera uma versão para o campo descrição do encontro.

4. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

4.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório”.

5. O sistema inclui o conteúdo no encontro presencial.

6. O cenário se encerra.

UC216 - Cadastrar Calendário de Aulas

1. O usuário edita o campo calendário.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O cenário se encerra.

UC217 – Cadastrar Referências Bibliográficas

1. O usuário edita o campo referências bibliográficas.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O cenário se encerra.

4.6.2 Diagramas de sequência

Os diagramas de sequência pertencem a um grupo denominado diagramas de

interação. Eles são utilizados para fazer a modelagem dos aspectos dinâmicos do sistema

(BOOCH, RUMBAUGH, JACOBSON, 2005). Conforme Melo (2010, p. 160), “o diagrama de

sequência enfatiza a sequência de mensagens dentro de uma linha do tempo”. Por meio desse

diagrama, é possível observar a interação entre os objetos envolvidos a partir das suas linhas de

tempo.

Na figura 23, tem-se o digrama de sequência da Criação e Edição de uma Matriz.

Esse diagrama apresenta a comunicação entre os objetos criar matriz.xhtml, criar Matriz

Controller.java e o administrador do sistema. Por contemplar uma série de validações dentro

Page 79: Dissertação completa

79

da sua comunicação, esse diagrama permite visualizar todos os encadeamentos resultantes da

ação “criar matriz” dentro do sistema Made.

Figura 23 - Diagrama de sequência – Criação/Edição da Matriz

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

O diagrama de sequência, mostrado na figura 23, ilustra o processo de

criação/edição da matriz pelo administrador. A seguir o passo a passo dessa atividade:

1. Administrador seleciona um programa, dentre os já cadastrados;

2. Sistema exibe a lista de cursos daquele programa;

3. Administrador seleciona um curso;

Page 80: Dissertação completa

80

4. Sistema exibe a lista dos semestres do curso selecionado;

5. Administrador seleciona o semestre;

6. Sistema exibe a lista das disciplinas daquele semestre;

7. Administrador seleciona a disciplina;

8. Sistema exibe o período de oferta;

9. Administrador seleciona o período. Caso não tenha, ele cadastra;

10. Sistema exibe a turma a ser ofertada naquele período;

11. Administrador seleciona a turma e em seguida clica em salvar.

Na figura 24 a seguir, apresenta-se a estrutura do sistema representado pelo

diagrama anterior.

Figura 24 - Representação no sistema do diagrama 23

Fonte: Sistema Made

Em alguns campos de edição de uma matriz, é possível salvar versões dos textos, o

que possibilita ao usuário fazer o controle das versões, podendo recuperar sua versão quando

desejar. Em cada versão salva é possível inserir comentários específicos. Para que o usuário

identifique se a versão tem ou não comentários, deve observar se ao lado do número da versão

existem dois asteriscos.

No diagrama de sequência, mostrado figura 25, apresenta-se um exemplo de como

se dá a inserção de comentários em versões já existentes.

Page 81: Dissertação completa

81

Figura 25 - Diagrama de sequência – Comentários

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

O administrador inicia escolhendo a versão que deseja comentar dentre as versões

existentes. Clica com botão direito do mouse sobre a versão e seleciona a opção “Adicionar

comentários” (ver figura 26). Em seguida, o sistema exibe uma caixa de texto e o usuário insere

ou edita seu comentário. Ao clicar em salvar, o usuário pode observar que o sistema exibe dois

asteriscos ao lado da versão comentada, indicando que há algum texto naquela versão

específica.

Figura 26 - Representação no sistema do diagrama 25

Fonte: Sistema Made

Page 82: Dissertação completa

82

O usuário da matriz pode comparar as versões já existentes dos textos adicionados

aos campos daquela matriz. No diagrama da figura 27, apresenta-se o fluxo dessa ação dentro

sistema.

Figura 27 - Diagrama de sequência – Comparar versões

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

O usuário, inicialmente, escolhe o número da versão que deseja comparar. Em

seguida, seleciona a opção “Comparar”. O sistema exibe uma tela com os textos disponíveis na

versão selecionada pelo usuário e na versão mais atual do campo. A figura 28 apresenta essa

ação no sistema.

Page 83: Dissertação completa

83

Figura 28 - Representação no sistema do diagrama 27

Fonte: Sistema Made

A figura 29 apresenta o diagrama de sequência “Nova ementa”. O usuário da matriz

inicia a inserção de texto no campo da ementa. Em seguida, seleciona a opção “Salvar”. O

sistema verifica se o usuário tem permissão de edição no campo. Se tiver, salva a nova versão

da ementa. Caso contrário, o sistema exibe a mensagem “Usuário sem permissão” e o novo

texto não é salvo.

Figura 29 - Diagrama de sequência – Nova ementa

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

Page 84: Dissertação completa

84

No diagrama de sequência, ilustrado na figura 30, o administrador inicia o cadastro

de um programa preenchendo com o nome e sigla do programa, em seguida solicita salvar. O

sistema avalia se o programa já está cadastrado e, em caso afirmativo, emite a mensagem

“programa já cadastrado”. Caso contrário, salva o programa e ele aparecerá na lista dos

programas em ordem alfabética.

Figura 30 - Diagrama de sequência – Programa

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema

4.6.3 Modelo Entidade e Relacionamento (MER)

Os diagramas Modelo Entidade Relacionamento (MER) são utilizados na

composição dos elementos do Banco de Dados de um sistema. Segundo Fileto (2010, p. 1), o

MER é um “modelo baseado na percepção do mundo real, que consiste em um conjunto de

objetos básicos chamados entidades e nos relacionamentos entre esses objetos”. Os elementos

básicos que compõem os diagramas MER são tipos de entidades, atributos e relacionamentos.

Os tipos de entidades podem ser compreendidos como a representação dos grupos de objetos

físicos, tais como livros, pessoas e lugares. Já os atributos representam as propriedades

relacionadas aos tipos de entidade ou de relacionamento, enquanto os relacionamentos são

associações representativas dos elementos das entidades (MANNINO, 2007).

Page 85: Dissertação completa

85

O Diagrama Entidade Relacionamento ilustrado na figura 31 apresenta as

informações acadêmicas relacionadas a um curso dentro do sistema Made.

Figura 31 - MER – Dados do curso

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

Antes da edição das informações acadêmicas de um curso, o administrador deve

cadastrar o curso, caso o curso a ser editado ainda não exista no sistema. O administrador deve

inserir as seguintes informações para a criação de um novo curso: código do curso24, nome do

curso, tipo do curso (técnico, graduação, etc.) e o programa ao qual o curso está vinculado.

A etapa seguinte consiste na edição das informações acadêmicas do curso. Nessa

fase, o administrador insere os seguintes dados: carga-horária total, carga horária mínima,

24 Esta informação foi extraída do cadastro do curso no setor de Coordenação de Controle Acadêmico da

instituição.

Page 86: Dissertação completa

86

média para aprovação, média mínima para realizar prova final, média mínima para aprovação

após realizar prova final, limite de faltas, data limite para publicação das notas, peso das

atividades presenciais e peso das atividades a distância.

Os polos de apoio de presencial estão relacionados aos cursos. A inserção de um

polo no sistema independe da existência prévia do curso, no entanto a exclusão de um polo só

é possível após a exclusão dos cursos que estão vinculados a ele.

Na figura 31, também é possível observar os elementos necessários para a criação

de uma disciplina no sistema Made. O administrador solicita a criação de uma disciplina no

sistema. Para isso é necessário preencher os seguintes campos: código da disciplina25, nome,

carga horária, carga horária mínima, peso das atividades presenciais e peso das atividades a

distância.

A próxima etapa será vincular a disciplina ao curso. Para isso o administrador clica

na opção “visualizar grade”, localizada ao lado de cada curso. Na tela seguinte, clica no botão

adicionar disciplina (ver figura 32).

Figura 32 - Vinculando disciplina ao curso

Fonte: Sistema Made

No diagrama MER, mostrado na figura 33, é apresentado o processo de criação de

uma matriz no sistema Made.

25 Esta informação foi retirada da Matriz Curricular do Curso.

Page 87: Dissertação completa

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Figura 33 - MER – Dados da Matriz

Fonte: Elaborada pela equipe de desenvolvimento do Sistema.

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Page 88: Dissertação completa

88

O usuário responsável pelo preenchimento da matriz solicita a inserção da ementa

[1] da disciplina ao sistema. Conforme apresentado anteriormente, cada novo texto salvo, o

sistema gera uma versão que pode ser comentada posteriormente. A mesma regra valerá para

os campos dos objetivos (geral [2] e específicos [3]) e o mural da disciplina [4].

No campo aula [5], o usuário solicita o cadastro de uma aula e preenche os seguintes

dados: número da aula, título da aula e data início e fim da aula. Nesse campo, o usuário tem

duas opções de salvar: 1ª salvar e retornar a lista das aulas; 2ª salvar e continuar. Nessa última

opção, o usuário pode inserir a próxima aula.

A próxima etapa será inserir a descrição da aula [6] e cadastrar as atividades [7]

pertencentes a ela. Ao selecionar descrição, o usuário insere o texto de apresentação da aula e

solicita salvar. O campo de apresentação da aula segue a mesma regra do campo ementa, ou

seja, a cada novo texto o sistema gera uma versão. Para o cadastro das atividades, o usuário

seleciona a aula e clica no botão “+ atividade”. A seguir, o usuário escolhe o tipo de atividade

(fórum, tarefa, chat, glossário, quiz e, wiki) e insere o título da atividade.

A inserção do conteúdo em cada atividade é realizada após seu cadastro na aula e

os campos são basicamente os mesmos para qualquer tipo de atividade. São eles descrição, tipo

de avaliação (sem nota, escala LV e nota média), nº mínimo de mensagens e peso (em %).

No campo dos encontros presenciais [8], o usuário segue a mesma ideia do campo

da aula, ou seja, solicita o cadastro de um encontro presencial, insere o número, título e data do

encontro. Também há duas opções de salvar: 1ª salvar e retornar à lista dos encontros; 2ª salvar

e continuar. Nessa última opção, o usuário pode inserir o próximo encontro. Já o conteúdo de

cada encontro [9] é inserido após sua criação e é composto pelos seguintes campos: descrição,

tipo de avaliação, turno (manhã, tarde e noite) e peso (em %).

Com a apresentação desse último diagrama, é possível observar os diversos

relacionamentos existentes entre os elementos que compõem uma matriz dentro do sistema

Made. Diante isso, compreende-se a necessária sistematização e automatização desses

processos, já que constantemente uma grande quantidade de informações são geradas

decorrentes das ofertas das disciplinas e dos cursos semestralmente.

No capítulo seguinte, apresentam-se os resultados encontrados a partir dos testes

realizados no sistema Made.

Page 89: Dissertação completa

89

5 VALIDAÇÃO DO SISTEMA E RESULTADOS OBTIDOS

Teste é a parte inevitável de qualquer esforço

responsável para desenvolver um sistema de software.

(WILLIAM HOWDEN, s/a)

Neste capítulo, apresenta-se o resultado dos testes funcionais realizados com o

Sistema Made. Na primeira seção, descrevem-se os tipos de testes de software e sua importância

dentro das etapas que compõem o seu desenvolvimento. Na segunda seção, apresenta-se a

ferramenta web Selenium, como aplicação utilizada nas atividades de testes do Sistema Made.

Por último, apresentam-se os casos de testes realizados no sistema e os resultados obtidos a

partir deles.

5.1 TIPOS DE TESTES APLICADOS PARA VALIDAÇÃO DE UM SISTEMA

A construção de um software ou de um sistema, qualquer que seja ele, demanda um

bom tempo de dedicação da equipe de desenvolvimento, seja o levantamento de requisitos,

construção do modelo de dados, elaboração de diagramas, dentre outros elementos que estarão

envolvidos na execução dessa ação, seja na atividade de programação em si.

A programação em si constitui-se apenas uma das fases da elaboração do projeto

de desenvolvimento de software. A outra fase é o momento de disponibilização e utilização

desse sistema pelo usuário final. É necessário que, antes dessa ação, ocorra a atividade de

validação que normalmente é feita através de testes. Segundo Souza e Gasparotto (2013, p. 2)

“o principal objetivo da realização do teste de software é reduzir a probabilidade de ocorrência

de erros quando o sistema estiver em produção.” Nesse sentido, os testes ajudam a equipe a

reduzir ou até mesmo a evitar retrabalhos futuros.

Para o bom desempenho das atividades de testes, é necessário planejar todo o

roteiro, os casos de testes e selecionar as ferramentas que serão utilizadas para o

desenvolvimento dessa tarefa. Diante disso, Santos e Santos Neto (s/d, p. 2) destacam que o

teste de software “envolve a execução de um programa com a aplicação de certos dados de

entrada, examinando suas saídas, verificando se elas combinam com o esperado e estabelecido

nas suas especificações.”. Os testes são realizados de acordo com a necessidade e objetivo de

cada equipe, contudo sua aplicação é fundamental durante o período de construção de um

software.

Page 90: Dissertação completa

90

Existem variados tipos de testes que podem auxiliar a equipe de desenvolvimento

a detectar problemas que não poderiam ser percebidos facilmente. Dentre eles, têm-se os testes

unitários que “têm por objetivo explorar a menor unidade do projeto, procurando provocar

falhas ocasionadas por defeitos de lógica e de implementação em cada módulo, separadamente”

(DIAS NETO, 2007, p. 56). Além desses, pode-se observar no quadro abaixo outros tipos de

testes disponíveis.

Quadro 9 - Tipos de testes

Teste Definição

Integração Visa descobrir os problemas de integração e compatibilidade dos módulos.

É construído a partir dos testes unitários.

Sistema É uma verificação de consistência entre o sistema de software e sua

especificação (é uma atividade de verificação). É focado principalmente

na descoberta de falhas.

Aceitação Seu propósito é orientar a decisão de quando o produto em seu estado atual

deve ser liberado. A decisão pode ser baseada em medidas do produto e

do processo.

Regressão Objetiva verificar se a nova versão do sistema possui todas as

funcionalidades anteriores a sua atualização. Uma abordagem simples de

teste de regressão consiste em reexecutar todos os casos de teste projetados

para as versões anteriores.

Funcional Também conhecido como teste caixa-preta ou teste baseado na

especificação, denota técnicas para derivar casos de testes a partir de

especificações funcionais.

Fonte: Pezzé e Young (2008)

No contexto do sistema Made, optou-se pelo tipo de teste funcional, pois ele permite à

equipe de testadores verificar se os requisitos elencados no projeto inicial do sistema foram

atendidos e se estão funcionando adequadamente.

Na próxima seção, apresenta-se a ferramenta web Selenium utilizada para realização de

testes de software.

Page 91: Dissertação completa

91

5.2 SELENIUM

A utilização de aplicações web para realização de testes de software permite

otimizar o tempo e apontar erros que poderiam passar desapercebidos em testes manuais.

Segundo Santos e Santos Neto (2010, p. 5), “os testes manuais, em geral, são cansativos e de

difícil repetição tornando complexo sua utilização e execução de forma idêntica diversas vezes

seguidas”.

Dente as aplicações web disponíveis na internet para realização de testes, foi

selecionado o Selenium-IDE por se tratar de uma aplicação gratuita, possuir uma interface

amigável e funcionar como plug-in do Firefox. Selenium pode ser definido como um conjunto

de ferramentas para criação de testes funcionais automatizados, sendo executado em múltiplas

plataformas (SELENIUMHQ, 2012). A existência desse conjunto de ferramentas proporciona

ao usuário escolher qual melhor se adequa a sua necessidade. Dentre esse conjunto, o Selenium

é composto por SeleniumIDE26, Selenium-RC e Selenium-GRID.

Santos e Santos Neto (s/d, p. 7) definem o Selenium-IDE como “uma ferramenta

do tipo record-and-playback, ou seja, ela captura as ações executadas pelo testador e gera um

script que permite a re-execução das ações feitas, automatizando assim, o teste”. Na figura 34,

é apresentada a interface gráfica do Selenium-IDE.

Figura 34- Ferramenta Selenium-IDE

Fonte: http://www.seleniumhq.org/

26 Para fins de estudos, será apresentado o Selenium-IDE. Informações sobre as demais ferramentas podem ser

encontradas o site http://www.seleniumhq.org/. Acesso em 23 nov. 2014.

Lista

de

Caso

Testes

Painel informativo

Painel com Script do caso de teste

Page 92: Dissertação completa

92

O Selenium-IDE possui recursos e funções que auxiliam o usuário na utilização e

realização de seus testes. O programa apresenta um “Menu”, que contém funções mais gerais de

configuração do programa, e o “Toolbar” com elementos visuais que permitem aos testadores controlar

ou melhorar suas atividades dentro do Selenium-IDE. Sobre esse último, a figura abaixo apresenta o que

são cada um desses recursos.

Figura 35 - Toolbar do Selenium

Fonte: http://www.seleniumhq.org/

Na próxima seção, apresentam-se os casos de testes do sistema Made elencados para

aplicação do Selenium.

5.3 CASOS DE TESTES DO SISTEMA MADE

Para a realização dos testes foram elencados alguns casos de testes considerados

importantes para a criação de uma Matriz no sistema. Um caso de teste pode ser descrito como

“uma condição particular a ser testada, é composto por valores de entrada, restrições para a sua

execução e um resultado ou comportamento esperado” (PIERRI, 2013, p. 1). Compreende-se

que os resultados obtidos, a partir desse roteiro, possam dar subsídios à equipe de

desenvolvimento para promover ajustes no sistema, se necessário.

Como apresentado no capítulo 3, para a produção de uma Matriz de Design Educacional

de uma disciplina específica, é necessário que haja diversos planejamentos anteriores, seja por

parte da coordenação de curso, de tutoria ou de produção. Desta forma, para que uma Matriz

Controle de velocidade

Executa todos os casos de testes

Executa o teste selecionado

Pausa um teste em execução

Permite executar um comando por vez

Permite executar o caso de teste em um navegador carregado com o Selenium-core TestRunner.

Permite aplicar sequências repetitivas de Selenium comandos para ser agrupadas em uma única ação

Grava ações do navegador do usuário

Page 93: Dissertação completa

93

seja criada no Sistema Made, é necessário que antes tenha sido criado o programa, o curso e a

disciplina aos quais essa Matriz será vinculada.

Nesse sentido, os casos de testes realizados através do Selenium tomam como base a

seguinte ordem:

Figura 36 - Fluxo dos Casos de teste

Fonte: Elaborada pela autora.

No quadro 10, é descrito o Caso de Teste Criar curso (CT - 01). É uma das ações, dentre

as atividades de planejamento, desenvolvida pelo administrador do sistema Made. Antes ele

deverá ter cadastrado o programa ao qual o curso estará vinculado.

Quadro 10 - Caso de Teste Criar curso

ID CT- 01

Caso de teste Criar um curso no sistema

Funcionalidade Adicionar Curso

Pré-condição Curso não existir no banco de dados do

sistema

Procedimento 1. Efetuar login no sistema

2. Clicar no menu “Dados dos cursos”

e selecionar “Curso”

3. Inserir Código e Nome do curso e

selecionar Nível de ensino e

Programa

Resultado

esperado

Curso cadastrado com sucesso

Fonte: Elaborado pela autora.

A próxima atividade diz respeito ao Caso de Teste Criar disciplina (CT - 02). Nele

a disciplina é criada no sistema Made para que posteriormente possa ser vinculada ao curso

(quadro 11).

Criar um cursoCriar uma disciplina

Criar a matriz dessa

disciplina

Criar uma aula dessa matriz

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94

Quadro 11 - Caso de Teste - Criar disciplina

ID CT-02

Caso de teste Criar uma disciplina no sistema

Funcionalidade Adicionar

Pré-condição Disciplina não existir no banco de

dados do sistema

Procedimento 1. Efetuar login no sistema

2. Clicar no menu “Dados dos

cursos” e selecionar

“Disciplinas”

3. Clicar em “Adicionar”

4. Inserir Código, Nome, Carga

Horária, Carga Horária

mínima, Peso Atividade

Presencial e Peso atividade

Distância.

Resultado esperado Disciplina inserida com sucesso

Fonte: Elaborado pela autora.

O caso de teste Criar uma Matriz no sistema (quadro 12) representa a criação da Matriz.

Para isso, a Matriz estará associada a um programa, curso, semestre, disciplina, período de

oferta e turma. É importante salientar que o programa, curso, semestre e disciplina devem estar

previamente cadastrados, bem como o período de oferta e turma já devem estar inseridos no ato

de criação da Matriz.

Quadro 12 - Caso de Teste - Criar Matriz

ID CT-03

Caso de teste Criar uma Matriz no sistema

Funcionalidade Criar/Editar Matriz

Pré-condição Matriz não existir no banco de dados

do sistema

Procedimento 1. Efetuar login no sistema

2. Clicar no menu “Matriz” e

selecionar “Gerenciar

Matrizes”

3. Clicar em “Criar/Editar

Matriz”

4. Selecionar o Programa;

Curso; Semestre e Disciplina

5. Adicionar o Período e Turma

6. Clicar em “Salvar”

Resultado esperado Matriz criada com sucesso

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 95: Dissertação completa

95

Uma vez criada a Matriz, seus campos serão editados pelos atores envolvidos (professor

formador, designer educacional e revisor). Uma das atividades do professor formador é

cadastrar todas as aulas de sua disciplina na matriz, bem como definir título e estabelecer a data

de início e fim. O quadro 13 representa o caso de teste Criar uma aula.

Quadro 13 - Caso de Teste - Criar aula

ID CT-04

Caso de teste Criar uma aula

Funcionalidade +Aula

Pré-condição Não existir a aula criada

Procedimento 1. Efetuar login no sistema

2. Clicar no menu “Matriz” e

selecionar “Gerenciar

Matrizes”

3. Clicar em “Editar conteúdo”

na coluna Ações da Matriz

que deseja modificar

4. Selecionar o menu “Aulas”

5. Clicar em “Aulas”

6. Inserir o Número, Título, Data

início e Data fim da aula

7. Clicar em “Salvar”

Resultado esperado Aula adicionada com sucesso

Fonte: Elaborado pela autora.

Na próxima seção, apresentam-se os resultados encontrados a partir dos testes

funcionais realizados no sistema Made com a aplicação Selenium.

5.4 TESTES E RESULTADOS ENCONTRADOS

Para melhor visualização e entendimento dos testes, optou-se por apresentá-los

separadamente, obedecendo à ordem estabelecida nos Casos de Testes (CT) da seção 5.3.

Primeiro foi executado o Caso de teste Criar Curso; depois Criar disciplina; Criar Matriz; e por

último Criar uma aula.

Para o Caso de teste Criar Curso, o sistema deve criar um curso. Conforme figura abaixo,

o teste foi realizado com sucesso. Durante sua execução, o Selenium não encontrou erros ou

falhas nessa atividade.

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96

Figura 37 - Teste Criar Curso

Fonte: www.selenium.org

Na figura a seguir, será mostrado o curso teste dentro da lista de cursos criados do

sistema.

Figura 38 - Tela curso criado no sistema Made

Fonte: Sistema Made

O passo seguinte foi a criação de uma disciplina dentro do sistema Made. Na figura

a seguir, será mostrado o caso de teste executado com êxito.

Page 97: Dissertação completa

97

Figura 39 - Teste Criar Disciplina

Fonte: www.selenium.org

Na figura abaixo, será apresentado a disciplina “Teste03” disponível dentro da lista de

disciplinas criadas no Sistema Made.

Figura 40 - Tela Disciplina criada no sistema Made

Fonte: Sistema Made

O próximo passo no fluxo de casos de teste é criação de uma matriz. Como é possível

observar na figura abaixo, o teste foi executado com sucesso.

Page 98: Dissertação completa

98

Figura 41 - Teste criação da Matriz

Fonte: www.selenium.org

Na figura a seguir, será possível visualizar a Matriz da disciplina de “Inglês

Instrumental” dentro da lista de matrizes criadas no Sistema Made.

Figura 42 - Tela Matriz criada no sistema Made

Fonte: Sistema Made

O último caso de teste é o Criar aula. Nesse caso de teste, é simulada a inserção da aula

01 dentro da Matriz da disciplina de “Inglês Instrumental”. Conforme figura a seguir, o teste

foi realizado com sucesso, não apresentando erros em sua execução.

Page 99: Dissertação completa

99

Figura 43 - Teste Criar aula de uma matriz

Fonte: www.selenium.org

Na figura abaixo, será apresentada a tela do sistema Made que contém a aula 1 da

disciplina mencionada anteriormente.

Figura 44 - Tela Aula criada no Sistema Made

Fonte: Sistema Made

A partir dos testes realizados no sistema Made, conclui-se que as funcionalidades

testadas estão devidamente estruturadas e funcionam de acordo com o previsto nos requisitos.

Contudo, para uma devida e segura implantação do sistema e disponibilização para o usuário

final, é importante que outros testes sejam realizados. Estes testes devem incorporar as outras

funções e atingir níveis variados do sistema. A seguir, serão apresentadas as considerações

finais e elencados possíveis trabalhos futuros.

Page 100: Dissertação completa

100

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES FUTURAS

Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei

para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser,

mas Graças a Deus, não sou o que era antes. (Marthin

Luther King)

Desde o início da pesquisa, a ideia central foi apresentar uma solução tecnológica

para um entrave pedagógico. Consistiu em desenvolver um sistema que otimize a produção da

Matriz de Design Educacional, sistematize o processo de planejamento e possibilite aos

coordenadores acompanhar de forma rápida, organizada e centralizada a produção desse

documento.

De acordo com os estudos realizados no capítulo 2, observamos que a gestão dos

cursos para a modalidade a distância é um desafio presente no cotidiano dos gestores. A

atividade de administrar um curso requer de seus responsáveis um trabalho detalhado, que

considere todas as etapas: planejamento, concepção, desenvolvimento, implementação e

avaliação desses cursos.

Diante da dinâmica presente na execução de cursos na modalidade a distância, a

adoção de sistemas informatizados torna-se uma necessidade constante, não somente para

automatizar processos, mas para auxiliar os profissionais no controle e avaliação deles, a fim

de rever e ajustar as etapas, modelos e documentos sempre que necessário. Diante desse

contexto, o sistema Made surge como proposta tecnológica para automatizar o processo de

elaboração da Matriz de Design Educacional, proporcionando a sistematização e centralização

das informações produzidas.

No capítulo 3, discutiram-se as teorias do Design Instrucional e da Engenharia

Pedagógica. Com relação à primeira, fez-se uma contextualização histórica, apresentou-se sua

evolução ao longo das últimas décadas e destacou-se sua aplicação na produção e oferta de

materiais didáticos. Quanto à segunda, apresentaram-se suas fases e aplicação no contexto dos

sistemas de ensino. Essa última toma como base os conceitos da engenharia cognitiva, do design

pedagógico e da engenharia de software permitindo propor, elaborar e desenvolver cursos a

partir de uma visão mais ampla. Das duas teorias, extraíram-se as contribuições de cada uma

para o processo de elaboração das etapas que compõem o Sistema Made.

No capítulo seguinte, foram descritas as etapas, ferramentas e elementos utilizados

para o desenvolvimento do Sistema Made. Na primeira etapa, foram elencados os requisitos e

se discutiu quais elementos deveriam ser contemplados no sistema, além de esclarecer junto à

equipe técnica os processos inerentes ao planejamento e à elaboração da Matriz de Design

Page 101: Dissertação completa

101

Educacional. Na segunda etapa, contemplou-se o desenvolvimento do sistema, a concepção dos

diagramas de casos de usos, diagramas de sequência, MER (Modelos Entidade e

Relacionamento), a validação dos protótipos iniciais e a delimitação de outros requisitos.

No último capítulo, foram apresentados os tipos de testes que existem e que são

utilizados pelos desenvolvedores e profissionais da área de TI para detectar possíveis entraves

durante a execução de um sistema. Destacou-se, dentre as ferramentas web disponíveis, o

Selenium por se tratar de uma aplicação gratuita e por ser facilmente integrado ao navegador

Firefox. Ainda nesse capítulo, descreveram-se os casos de testes e os resultados decorrentes dos

testes realizados no sistema Made.

O Made encontra-se em fase de teste e, como se trata de um sistema em evolução,

muitas informações poderão ser agregadas ao seu escopo à medida que os usuários iniciarem

seu uso. Acreditamos que a utilização por uma grande quantidade de usuários permitirá não

somente elencar melhorias para o sistema, mas repensar a fase de planejamento como fase

fundamental para a oferta de cursos a distância.

Por se tratar de um sistema em fase de desenvolvimento, muitas ideias surgirão a

partir de sua aplicação junto à equipe multidisciplinar da DEaD/IFCE. Dentre elas, destaca-se

1. Com a evolução técnica do sistema, dados estatísticos sobre a produção poderão ser

extraídos e analisados, no intuito de se criarem estratégias técnicas, pedagógicas ou

administrativas que minimizem os entraves durante a elaboração do planejamento sejam

de um curso ou disciplina.

2. Outra possibilidade futura, a partir da utilização do sistema pelo público-alvo, é a coleta

de dados para a delimitação de melhorias no sistema. Como ponto de partida, podem-se

estudar formas de incorporar outras ferramentas de gestão, tais como SIGEST (Sistema

de Gestão e Administração da DEaD) e SISAVI (Sistema de Avaliação Institucional).

3. A Portaria 4059/2004 institui que cursos na modalidade presencial possam ofertar até

20% da sua carga-horária na modalidade a distância. Com essa nova demanda, o

Sistema Made pode ser utilizado como apoio ao planejamento dessas disciplinas,

observando que ajustes serão necessários fazer no sistema para as devidas adequações

ao modelo presencial.

Acredita-se que a aplicação do Sistema Made no contexto da Diretoria de Educação

a Distância do IFCE possibilite a seus atores sistematizar seus processos, gerenciar seus

Page 102: Dissertação completa

102

trabalhos e organizar o fluxo de mensagens geradas durante a elaboração e planejamento da

Matriz de Design Educacional.

Ressalta-se que a centralização, em um espaço único, de todas as etapas realizadas

para produção desse planejamento, contribuirá para a gestão da informação pela equipe

multidisciplinar e possibilitará a coordenação de produção realizar um acompanhamento

pedagógico e sistêmico de todo o processo, bem como dos atores envolvidos. Assim se poderão

rever e alinhar, da melhor forma possível, as etapas de concepção da Matriz.

Page 103: Dissertação completa

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SIMÃO NETO, A.; HESKETH, C. G. Didática e Design Instrucional. Curitiba: IESDE Brasil

S.A., 2009.

SOMMERVILLE. Engenharia de Software. 8ª ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2007.

SOUZA, K. P.; GASPAROTTO, A. M. S. A importância da atividade de teste no

desenvolvimento de software. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção.

Salvador. 2013. Disponível em <

http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_007_23030.pdf>. Acesso

em: 21 nov. 2014.

SPANHOL, F. J. Aspectos do gerenciamento de projetos em EAD. In: Litto, F. M & Formiga,

M (org). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009.

TORRES, N. H e COSTA, I. C. P. Gestão da informação: aplicabilidade nos repositórios

educacionais. Anais eletrônico do 4º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação. Recife-

PE. 2012. Disponível em < http://www.nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-

2012/NaziaTorres&IsabelCosta-Gestaodainformacao.pdf>. Acesso em: 19 set. 2014.

TRACTENBERG, R. Introdução ao Design Instrucional. 2007. Disponível em

<http://xa.yimg.com/kq/groups/19627786/37556049/name/Regis+Tractenberg+-

+Introducao+ao+Design+Instrucional.pdf>. Acesso em: 10 maio 2014.

Page 108: Dissertação completa

108

APÊNDICE A - Matriz de Design Instrucional 2009.2

1 – Dados Gerais:

Nome do Curso:

Ementa:

Objetivo Geral:

Objetivos

Específicos:

Público Alvo

Carga Horária: Início do curso: Término do curso:

Pré-requisitos:

Especialista em

Conteúdo:

Tutor Formador:

/ / / /

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Diretoria de Educação a Distância

PLANEJAMENTO DE DISCIPLINA

Page 109: Dissertação completa

109

Encontros

Presenciais:

Média/Conceito

de aprovação:

3 – Atividades Curriculares do Curso:

3.1 - Aulas

MODALIDADE: Semanal ( ) Modular ( )

Aula

Período

Tipo:

Presencial

- Virtual

Descrição Sumária da Aula: Tópicos e Sub-tópicos

3.2 - Fóruns de Discussão

Local Período Descrição Avaliação Peso%

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

Observações:

3.3 – Tarefas

ATIVIDADES INDIVIDUAIS

Local

Período Atividades Propostas Avaliação Peso%

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

Page 110: Dissertação completa

110

() Sem Nota

( ) Nota Média

3.4 - Chat / Sala de Bate Papo

ATIVIDADES SÍNCRONAS

Local

Período Descrição Avaliação Peso

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

3.5 - Wikis

ATIVIDADES COLABORATIVAS

Local

Período Descrição Avaliação Peso

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

( ) Sem Nota

( ) Nota Média

4 – Encontros Presenciais

LOCAL

Período Descrição Avaliação Peso

Page 111: Dissertação completa

111

5. Material de Apoio

ARQUIVOS A SEREM DISPONIBILIZADOS NAS AULAS

AULAS

Referências Bibliográficas

Page 112: Dissertação completa

112

APÊNDICE B – Matriz de Design Educacional 2013.2

1. DADOS GERAIS Disciplina

Ementa

Objetivo

Geral

Objetivos

Específicos

Público Alvo

Informações Acadêmicas

Carga Horária do Curso

Carga Horária Mínima das Atividades Presenciais

Média para Aprovação no Curso (≥)

Média Mínima para Exame Final

Média Mínima para Aprovação no Exame Final

Limite de Faltas

Data limite para se digitar as notas

Peso das Atividades Presenciais

Peso das Atividades a Distância

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MATRIZ DE DESIGN EDUCACIONAL

(MATRIZ DE)

[DISCIPLINA - SEMESTRE]

Page 113: Dissertação completa

113

Início do curso

Término do curso

Pré-requisitos

Especialistas de Conteúdo

Professores Formadores

Designers Instrucionais

Diagramador Web/ Impresso

2. TUTORES DE INTERAÇÃO

2.1 Tutores a Distância

Nome Polo E-mail Telefone

2.2 Tutores Presenciais

Nome Polo E-mail Telefone

3. ATIVIDADES CURRICULARES DA DISCIPLINA 3.1 Mural da disciplina

Partici-

pantes

NOME DA DISCIPLINA / POLO

Mural

NOME COM

FOTO:

TUTOR

DISTÂNCIA

Page 114: Dissertação completa

114

APRESENTAÇÃO, MENSAGEM DE BOAS VINDAS ETC

Plantão Online

Biblioteca

Notas

Lvs AGENDA

Admini

s-

Trador

Mensagens

Usuários

online

FÓRUM – AULA 1 – [TITULO]

Título do fórum

Descrição /

Enunciado

Avaliação ( ) Sem Nota Peso (%)

Aula 1 – [TITULO]

Apresentação

da aula

Período da aula

ATIVIDADES

PREVISTAS

PARA A AULA

( ) Fórum

( ) Tarefa

( ) Chat / bate-papo

( ) Wiki

( ) Glossário

( ) Quiz / Questionário

( ) Outros

OBSERVAÇÃO: A soma de todas as atividades a distância devem totalizar

100%.

Page 115: Dissertação completa

115

( ) Nota média

( ) Escala LV

Nº Mínimo

de Mensagens

( ) 1 ( ) 2 ( ) 6 ( ) 10

TAREFA – AULA 1 – [TITULO]

Título da tarefa

Descrição /

Enunciado

Avaliação ( ) Sem Nota

( ) Escala LV Peso (%)

CHAT – AULA 1 – [TITULO]

Título do chat

Descrição /

Enunciado

Avaliação ( ) Sem Nota

( ) Escala LV Peso (%)

Nº Mínimo

de Mensagens

( ) 1 ( ) 2 ( ) 6 ( ) 10

Page 116: Dissertação completa

116

WIKI – AULA 1 – [TITULO]

Título do wiki

Descrição /

Enunciado

Avaliação ( ) Sem Nota

( ) Escala LV Peso (%)

GLOSSÁRIO – AULA 1 – [TITULO]

Título do glossário

Descrição /

Enunciado

Avaliação ( ) Sem Nota

( ) Escala LV Peso (%)

Nº Mínimo

de Mensagens

( ) 1 ( ) 2 ( ) 6 ( ) 10

QUIZ – AULA 1 – [TITULO]

Título do quiz

Descrição /

Enunciado

Page 117: Dissertação completa

117

Avaliação ( ) Sem Nota

( ) Escala LV Peso (%)

Observação Diagramador criar tarefa LV para exportar as notas do quiz

3.2 Soma Geral das Porcentagens

ATIVIDADES

Aulas Fórum Tarefa Chat Quiz Glossário Wiki

1

2

3

4

SOMA TOTAL DE TODAS AS ATIVIDADES A DISTÂNCIA DEVEM TOTALIZAR 100%

3.3 Quantidade de Faltas por atividade

O número de faltas por atividade (NFA), equitativamente distribuído, será calculado pela equação:

Foruns chats wikis Tarefas turnos presenciais

CHNFA

N N N N N

Veja exemplo abaixo:

Pr

603

6 6 4Fóruns Tarefas Encontrosesenciais

NFA

Neste curso o aluno levará 3 faltas por atividade que ele

se ausente.

OBSERVAÇÃO: Prof. replicar os quadros das atividades para as

demais aulas de sua disciplina.

CH é a carga horária dada pelo número total

de aulas do curso;

NFóruns é o número de fóruns de discussão;

NChats é o número de encontros virtuais na

sala de bate-papo;

NWikis é o número de Wikis previstos;

NTarefas é o número de atividades anexadas

em Tarefas;

NTurnos presenciais é o número de encontros

presenciais.

Page 118: Dissertação completa

118

4. ENCONTROS PRESENCIAIS (A soma de todas as atividades presenciais devem totalizar 100%)

Título do Encontro

presencial

1º Encontro Presencial

Descrição /

Enunciado

Avaliação

Turnos ( ) Sem Nota

( x ) Nota Média

( ) Escala LV

Peso (%)

5. CALENDÁRIO DA DISCIPLINA

Evento Data

Descrição/Observações

REFERÊNCIAS

Page 119: Dissertação completa

119

APÊNDICE C – Casos de Uso

A seguir são apresentados os casos de usos complementares ao material exposto no

capítulo 4, seção 4.6.1.

Casos de usos – Cadastros Relacionados Disciplina

Descrição

Neste caso de uso, o administrador do sistema irá cadastrar os dados relacionados à disciplina

e a Matriz. No quadro “Cadastros Relacionados Disciplina”, o administrador cadastra:

Programa, Polo, Curso, Grade Curricular, Disciplinas e Tipo de Curso.

Atores envolvidos

Administrador

Pré-condições

O ator administrador deve estar logado no sistema.

Page 120: Dissertação completa

120

Cenário “Cadastros Relacionados Disciplina”

UC001 - Cadastrar Programa

1. O administrador seleciona a opção Programa e preenche o Nome e Sigla do

Programa/Projeto.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Sigla do programa é obrigatório.”

4. O sistema valida se o nome do programa informado já existe na base de dados.

4.1 Caso já exista um programa com o nome informado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Programa já cadastrado.”

5. O sistema inclui o registro e apresenta na lista de cursos em ordem alfabética.

6. O cenário se encerra.

UC0002 - Cadastrar Polo

1. O administrador seleciona a opção Polo e preenche o Nome e selecione qual(is) curso(s) o

polo está vinculado.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Nome do polo é obrigatório.”

4. O sistema valida se o nome do polo informado já existe na base de dados.

4.1 Caso já exista um polo com o nome informado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Polo já cadastrado.”

5. O sistema inclui o registro e apresenta na lista de polos em ordem alfabética.

6. O cenário se encerra.

UC0003 – Cadastrar curso

1. O administrador seleciona a opção Cursos e preenche o código do urso, nome do curso, tipo

do curso e programa.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

Page 121: Dissertação completa

121

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório.”

4. O sistema valida se o curso informado já existe na base de dados.

4.1 Caso já exista um curso com o nome informado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Curso já cadastrado.”

5. O sistema inclui o registro e apresenta na lista de cursos em ordem alfabética.

6. O cenário se encerra.

UC0004 – Cadastrar disciplinas

1. O administrador seleciona a opção Disciplinas e preenche o código, nome, carga horária,

carga horária mínima, peso atividade presencial e peso atividade distância.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos.

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório.”

4. O sistema valida se a disciplina informada já existe na base de dados.

4.1 Caso já exista uma disciplina com o nome informado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Disciplina já cadastrada.”

5. O sistema inclui o registro e apresenta na lista de disciplinas em ordem alfabética.

6. O cenário se encerra.

UC0005 – Cadastrar Grade Curricular

1. O administrador seleciona a opção Cursos, Visualizar Grade, adicionar disciplina e seleciona

a disciplina e o semestre.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se os campos obrigatórios estão preenchidos;

3.1 Caso um dos campos obrigatórios não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Campo <nome do campo> é obrigatório.”

4. O sistema valida se o código da disciplina informada já existe na base de dados.

4.1 Caso já exista o código da disciplina com o nome informado, a seguinte mensagem

é apresentada: “Disciplina já cadastrada”.

5. O sistema inclui o registro no semestre escolhido e apresenta a Grade curricular em ordem

crescente.

6. O cenário se encerra.

Page 122: Dissertação completa

122

Na próxima figura, apresentaremos o caso de uso Manipular Matriz (parte II). Nessa

figura, são ilustrados os campos ementa, objetivo geral, objetivo específico e mural da

disciplina. Todos possuem o processo de versionamento.

Casos de usos – manipular Matriz (parte I)

Descrição

Neste caso de uso, o usuário da matriz poderá gerenciar ementa, cadastrar objetivo geral e

específico e cadastrar mural da disciplina.

Atores envolvidos

Formador, designer educacional e revisor.

Pré-condições

O usuário deve estar cadastrado na matriz.

Cenário- Manipular Matriz – parte I

UC201 – Gerenciar Ementa

1. O usuário edita o campo ementa.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se o campo está preenchido.

Page 123: Dissertação completa

123

3.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Ementa é obrigatória.”

4. O sistema verifica se existe algum texto anterior salvo.

4.1 Caso já exista um algum texto no campo ementa, o sistema salva a nova versão de

texto e gera um novo número de versão.

5. O cenário se encerra.

UC202 – Cadastrar Objetivo Geral

1. O usuário edita o campo objetivo geral.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se o campo está preenchido.

3.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Objetivo geral é obrigatório.”

4. O sistema verifica se existe algum texto anterior salvo.

4.1 Caso já exista um algum texto no campo Objetivo geral, o sistema salva a nova

versão de texto e gera um novo número de versão.

5. O cenário se encerra.

UC203 – Cadastrar Objetivo Específico

1. O usuário edita o campo objetivo específico.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se o campo está preenchido.

3.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Objetivo Específico é obrigatório.”

4. O sistema verifica se existe algum texto anterior salvo.

4.1 Caso já exista um algum texto no campo Objetivo Específico, o sistema salva a nova

versão de texto e gera um novo número de versão.

5. O cenário se encerra.

UC204 – Cadastrar Mural da Disciplina

1. O usuário edita o campo mural da disciplina.

2. O usuário clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se o campo está preenchido.

Page 124: Dissertação completa

124

3.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Mural da disciplina é obrigatório.”

4. O sistema verifica se existe algum texto anterior salvo.

4.1 Caso já exista um algum texto no campo Mural da disciplina, o sistema salva a nova

versão de texto e gera um novo número de versão.

5. O cenário se encerra.

UC0006 – Cadastrar Tipo de Curso

1. O administrador seleciona a opção Tipo de curso e preenche com o nível de ensino.

2. O administrador clica no botão salvar.

3. O sistema verifica se o campo está preenchido.

3.1 Caso o campo obrigatório não esteja preenchido, a seguinte mensagem é

apresentada: “Nome é obrigatório.”

4. O sistema valida se o nível de ensino já existe na base de dados

4.1 Caso já exista um nível de ensino com o nome informado, a seguinte mensagem é

apresentada: “Nome já cadastrado”.

5. O sistema inclui o registro na lista de níveis de ensino e em ordem alfabética.

6. O cenário se encerra.