Disserta o de Mestrado - Entregar.doc) · been constructed with increasingly daring structures....
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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências
Faculdade de Engenharia
Jorge Maurício dos Santos de Souza
Análise da resposta dinâmica de passarelas de pedestres considerando-se
uma modelagem probabilística do caminhar humano
Rio de Janeiro
2012
Jorge Maurício dos Santos de Souza
Análise da resposta dinâmica de passarelas de pedestres considerando-se
uma modelagem probabilística do caminhar humano
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Estruturas.
Orientador: Prof. Dr. José Guilherme Santos da Silva
Rio de Janeiro
2012
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta tese, desde que citada a fonte.
Assinatura Data
S729 Souza, Jorge Maurício dos Santos. Análise da resposta dinâmica de passarelas de pedestres
considerando-se uma modelagem probabilística do caminhar humano./ Jorge Maurício dos Santos de Souza. – 2012.
174f.
Orientador: José Guilherme Santos da Silva. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Faculdade de Engenharia.
1. Engenharia Civil. 2. Aço – Estruturas - Dissertações. 3. Pedestres – Dissertações. I. Silva, José Guilherme Santos da. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. III. Título.
CDU 624.21
DEDICATÓRIA
A Deus, em primeiro lugar. A minha mãe pelo apoio e incentivo durante minha vida acadêmica.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais pelo apoio financeiro e moral durante a minha vida e na
elaboração da dissertação, sendo sempre importante o incentivo me deram para que
eu pudesse ter um crescimento pessoal e profissional.
Aos meus orientadores, Prof. Doutor José Guilherme da Silva por toda a
ajuda e demonstração de força de vontade, pela excelente orientação, apontando os
melhores caminhos, dando estímulos para o desenvolvimento deste trabalho e pela
amizade demonstrada nesses anos.
Ao engenheiro Fabio Pereira Figueiredo pela ajuda na atualização do
programa GFCD (Gerador de Função de Carregamento Dinâmico), de sua autoria,
necessário para a geração dos carregamentos verticais e transversais aplicados no
modelo para a realização desta pesquisa.
Aos meus amigos de trabalho pela paciência com os meus estudos.
Aos meus colegas de mestrado, pelo companheirismo e pelo inegável apoio
quando necessário.
A UERJ, porque sem ela não poderia ter realizado este sonho de conquista.
A todos aqueles, que embora não citados nominalmente, contribuíram direta e
indiretamente para a execução deste trabalho.
A CAPES pelo apoio financeiro.
“Se Deus é por nós...Quem será contra nós?”
Romanos 8:31
RESUMO
Souza, Jorge Maurício dos Santos de Souza. Análise da resposta dinâmica de passarelas de pedestres considerando-se uma modelagem probabilística do caminhar humano. 2012. 176f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. Passarelas de pedestres com arquitetura moderna, esbeltas e leves são uma constante nos dias atuais, apresentando grandes vãos e novos materiais. Este arrojo arquitetônico tem gerado inúmeros problemas de vibrações excessivas, especialmente sobre passarelas mistas (aço-concreto). As normas e recomendações de projeto consideram, ainda, que as forças induzidas pelo caminhar humano são determinísticas. Todavia, o caminhar humano e as respectivas forças dinâmicas geradas apresentam comportamento randômico. Deste modo, o presente trabalho de pesquisa objetiva contribuir com os projetistas estruturais, a partir do emprego de uma abordagem probabilística para avaliação do estado limite de utilização deste tipo de estrutura, associado a vibrações excessivas que podem vir a causar desconforto humano. Para tal, utiliza-se como modelo estrutural uma passarela de pedestres mista (aço-concreto) construída no campus do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (INTO), na cidade do Rio de Janeiro. Com base na utilização dos métodos probabilísticos, torna-se possível determinar a probabilidade dos valores das acelerações de pico da estrutura ultrapassarem ou não os critérios de conforto humano estabelecidos em normas e recomendações de projeto. Os resultados apontam para o fato de que os valores das acelerações de pico calculadas com base exclusivamente nos métodos determinísticos podem ser superestimados em algumas situações de projeto. Palavras-chave: Passarelas de pedestres, Análise dinâmica de estruturas, Métodos probabilísticos, Análise de conforto humano, Modelagem computacional.
ABSTRACT
Nowadays, the pedestrian footbridges present greater slenderness and have been constructed with increasingly daring structures. This fact have generated very slender footbridges and consequently changed the serviceability and ultimate limit states associated to their design. Therefore, in this investigation, the walking loading was modelled based on a probabilistic approach, in order to describe the walking force in a given pedestrian population, aiming a human comfort analysis. The pedestrian walking dynamic action is modelled considering the random nature of the following parameters: pedestrian weight, step frequency and dynamic coefficients. The mathematical model is then applied to calculate the probability of having the structure dynamic response in a particular acceleration range. The investigated structural model is associated to a steel-concrete composite footbridge, built in the campus of the Institute of Traumatology and Orthopaedics (INTO), at the city of Rio de Janeiro, Brazil. Based on the use of probabilistic methods, it was possible to determine whether the footbridge peak accelerations exceed or not the human comfort criteria established in the design standards and recommendations. The results have indicated that the peak accelerations calculated based on the deterministic methods may be overestimated in some design situations. Keywords: Pedestrian footbridges, Dynamic analysis, Probabilistic methods, Human comfort analysis, Computational modelling.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desabamento de uma passarela na Carolina do Norte/EUA [1] .............. 24
Figura 2 – Millennium Footbridge localizada em Londres sobre o Rio Tâmisa [2] .... 25
Figura 3 – Fator de resposta dinâmica (ψ) [3] ........................................................... 39
Figura 4 – Fator de grupo em função da primeira frequência natural na direção
transversal vertical da passarela (Kvert,f) [5] ............................................ 41
Figura 5 – Aceleração de pico máxima [55] .............................................................. 43
Figura 6 – Coeficiente relacionado a frequência natural da passarela (K1,vert ) [5] .... 44
Figura 7 – Curva base de vibrações para acelerações verticais [10] ........................ 46
Figura 8 – Fator de amplificação dinâmico em função do comprimento do vão e
do coeficiente de amortecimento estrutural (Φ) [9]................................. 47
Figura 9 – Aceleração vertical limite (m/s²) ............................................................... 49
Figura 10 – Representação do passo do pedestre durante a caminhada [19]. ......... 53
Figura 11 – Faixas de frequências nas direções transversal vertical e transversal ... 54
Figura 12 – Força de contato de um passo humano e reação do piso [59]. .............. 55
Figura 13 – Força dinâmica do caminhar humano na direção transversal vertical
(2 Hz) ..................................................................................................... 57
Figura 14 – Histograma ............................................................................................. 61
Figura 15 – Função densidade de probabilidade (fdp) .............................................. 62
Figura 16 – Função de distribuição acumulada (fda) ................................................ 63
Figura 17 – Curva característica de uma distribuição normal.................................... 65
Figura 18 – Simetria da distribuição normal [71] ....................................................... 66
Figura 19 – Pontos de inflexão da curva de distribuição normal [71] ........................ 66
Figura 20 – Histograma soma dos valores de dois dados ......................................... 71
Figura 21 – Funções de probabilidade (fdp) e (fda) .................................................. 71
Figura 22 – Vista superior do modelo estrutural. ....................................................... 73
Figura 23 – Vista lateral da laje de concreto sobre as transversinas. ....................... 74
Figura 24 – Vista frontal da laje de concreto sobre as transversinas. ....................... 74
Figura 25 – Vista tridimensional do modelo em elementos finitos ............................. 78
Figura 26 – Vista inferior do modelo em elementos finitos ........................................ 79
Figura 27 – Elemento beam44 [52] ........................................................................... 79
Figura 28 – Elemento shell63 [52] ............................................................................. 80
Figura 29 – 1º Modo de vibração f01=4,10 Hz ........................................................... 83
Figura 30 – 2º Modo de vibração f02=11,08 Hz ......................................................... 83
Figura 31 – 3º Modo de vibração f03=15,86 Hz ......................................................... 84
Figura 32 – 4º Modo de vibração f04=25,83 Hz ......................................................... 84
Figura 33 – 3º Modo de vibração f05=31,76 Hz ......................................................... 84
Figura 34 – 4º Modo de vibração f06=42,29 Hz ......................................................... 84
Figura 35 – Deslocamento do sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
0,5%). ..................................................................................................... 89
Figura 36 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
1%). ........................................................................................................ 89
Figura 37 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
1,5%). ..................................................................................................... 90
Figura 38 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
2%). ........................................................................................................ 90
Figura 39 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
5%). ........................................................................................................ 91
Figura 40 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ
10%). ...................................................................................................... 91
Figura 41 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL)........ 92
Figura 42 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL)........ 92
Figura 43 – Processo randômico estacionário .......................................................... 98
Figura 44 – Processo estocástico não estacionário [68] ........................................... 99
Figura 45 – Fator de qualidade (Q) [61] .................................................................. 100
Figura 46 – Fator de amplificação dinâmico [61] ..................................................... 101
Figura 47 – Ângulo de fase para resposta dinâmica máxima [61] ........................... 101
Figura 48 – Modelo de carregamento representativo do caminhar de um
pedestre sobre passarela de pedestre ................................................. 102
Figura 49 – Função densidade de probabilidade da frequência do passo dos
pedestres.............................................................................................. 103
Figura 50 – Função distribuição acumulada da frequência do passo dos
pedestres.............................................................................................. 104
Figura 51 – Função densidade de probabilidade do comprimento do passo dos
pedestres.............................................................................................. 104
Figura 52 – Função distribuição acumulada do comprimento do passo dos
pedestres.............................................................................................. 104
Figura 53 – Forças dinâmicas determinísticas do caminhar humano (P=735 N e
fp= 2 Hz) ............................................................................................... 106
Figura 54 – Forças dinâmicas aleatórias do caminhar humano (P=735 N e fp= 2
Hz) ........................................................................................................ 107
Figura 55 – Comparativo entre as respostas dinâmicas determinísticas e
aleatórias .............................................................................................. 108
Figura 56 – Coeficientes dinâmicos Rainer [9] ........................................................ 110
Figura 57 – Coeficientes dinâmicos Murray [12]. .................................................... 111
Figura 58 – Coeficientes dinâmicos Young [22] ...................................................... 111
Figura 59 – Coeficientes dinâmicos Kerr [33] .......................................................... 112
Figura 60 – Comparação coeficientes dinâmicos 1º harmônico .............................. 112
Figura 61 – Comparação coeficientes dinâmicos 2º harmônico .............................. 113
Figura 62 – Comparação coeficientes dinâmicos 3º harmônico .............................. 113
Figura 63 – Comparação coeficientes dinâmicos 4º harmônico .............................. 114
Figura 64 – Espectro de resposta comprimento do vão 10 m (m/s²) ....................... 117
Figura 65 – Espectro de resposta comprimento do vão 15 m (m/s²) ....................... 117
Figura 66 – Espectro de resposta comprimento do vão 20 m (m/s²) ....................... 118
Figura 67 – Espectro de resposta comprimento do vão 30 m (m/s²) ....................... 118
Figura 68 – Espectro de resposta comprimento do vão 40 m (m/s²) ....................... 119
Figura 69 – Espectro de resposta comprimento do vão 50 m (m/s²) ....................... 119
Figura 70 – Espectro de resposta comprimento do vão 60 m (m/s²) ....................... 120
Figura 71 – Espectro de resposta comprimento do vão 70 m (m/s²) ....................... 120
Figura 72 – Espectro de resposta comprimento do vão 80 m (m/s²) ....................... 121
Figura 73 – Espectro de resposta comprimento do vão 90 m (m/s²). ...................... 121
Figura 74 – Espectro de resposta comprimento do vão 100 m (m/s²). .................... 122
Figura 75 – Variação da amplitude da resposta dinâmica em função do
comprimento do vão de um sistema com um grau de liberdade
(S1GL) submetido a carregamento aleatório do caminhar humano ..... 123
Figura 76 – 1º Harmônico comprimento do vão 100 m (m/s²). ................................ 124
Figura 77 – Função distribuição acumulada com coeficientes dinâmicos segundo
formulação matemática proposta por Murray [12] ................................ 127
Figura 78 – Função distribuição com coeficientes dinâmicos segundo formulação
matemática proposta por Rainer [9] ..................................................... 127
Figura 79 – Função distribuição acumulada com coeficientes dinâmicos segundo
formulação matemática proposta por Young [22] ................................. 128
Figura 80 – Modelo de carregamento para duas pessoas caminhando. ................. 131
Figura 81 – Efeito dinâmico de fluxo de pedestres [49] ........................................... 132
Figura 82 – Número de pedestres equivalente segundo simulação baseada no
Método Monte Carlo. ............................................................................ 134
Figura 83 – Fator redutor da reposta dinâmica de passarelas (ψ) 1º harmônico
[49] ....................................................................................................... 140
Figura 84 – Fator redutor da resposta dinâmica de passarelas (ψ) 2º harmônico
[49] ....................................................................................................... 140
Figura 85 – Número de pedestres equivalente (Neq). ............................................. 141
Figura 86 – Resposta dinâmica da passarela referencial (m/s²). ............................ 142
Figura 87 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 0,5%) ............................................ 145
Figura 88 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 1%) ............................................... 145
Figura 89 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 2%) ............................................... 146
Figura 90 – Aceleração método Sètra (m/s²) 2 Hz .................................................. 146
Figura 91 – Aceleração método Sètra (m/s²) 4 Hz .................................................. 147
Figura 92 – Aceleração método Sètra (m/s²) 6 Hz .................................................. 147
Figura 93 – Aceleração método Sètra (m/s²) 8 Hz .................................................. 148
Figura 94 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 0,5% .................... 152
Figura 95 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 1% ....................... 153
Figura 96 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 2% ....................... 153
Figura 97 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 2 Hz ........................ 154
Figura 98 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 4 Hz ........................ 154
Figura 99 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 6 Hz ........................ 155
Figura 100 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 8 Hz ...................... 155
Figura 101 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico
Rainer [9] .............................................................................................. 158
Figura 102 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico
Murray [12] ........................................................................................... 159
Figura 103 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico
Murray [12] ........................................................................................... 160
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fator de configuração KBS [3] .................................................................. 39
Tabela 2 – Frequência natural crítica para estruturas submetidas a ação humana
[53] ......................................................................................................... 42
Tabela 3 – Acelerações limites para passarelas de pedestres (ISO 2631-2, 1989) .. 45
Tabela 4 – Fator de configuração em função do número de vãos de passarelas
(Kpf)[11] .................................................................................................. 48
Tabela 5 – Características do caminhar humano [12] ............................................... 52
Tabela 6 – Coeficientes dinâmicos propostos por Murray [12] .................................. 57
Tabela 7 – Simulação MMC soma de dois dados ..................................................... 70
Tabela 8 – Características geométricas da passarela investigada (dimensões em
mm) ........................................................................................................ 72
Tabela 9 – Valores recomendados de taxas de amortecimento ξ [12] ...................... 76
Tabela 10 – Parâmetros α e β usados na análise de vibração forçada ..................... 77
Tabela 11 – Dados gerais sobre o modelo estrutural ................................................ 79
Tabela 12 – Autovalores em função do comprimento do vão ................................... 82
Tabela 13 – Autovalores do modelo estrutural investigado ....................................... 83
Tabela 14 – Fator de qualidade (Q) e pontos de meia potência ............................. 100
Tabela 15 – Parâmetros estatísticos do caminhar humano .................................... 103
Tabela 16 – Coeficientes dinâmicos ........................................................................ 109
Tabela 17 – Comparação entre os resultados do método analítico e do método
numérico............................................................................................... 128
Tabela 18 – Análise de Sensibilidade da Intravariabilidade do passo com
coeficientes dinâmicos segundo Rainer [9] .......................................... 129
Tabela 19 – Análise de Sensibilidade da Intravariabilidade do passo com
coeficientes dinâmicos segundo Murray [12]........................................ 130
Tabela 20 – Aceleração limite segundo guia de projeto Sètra (m/s²) [49] .............. 138
Tabela 21 – Faixas de frequência fundamental crítica segundo guia de projeto
Sètra [49] .............................................................................................. 138
Tabela 22 – Casos de carregamentos para verificação da resposta dinâmica
[49] ....................................................................................................... 138
Tabela 23 –Parâmetros estatístico segundo método espectro de resposta [43] ..... 149
Tabela 24 – Coeficientes do método espectro de resposta [43].............................. 151
Tabela 25 – Fator de pico ka, 95% [43] ....................................................................... 151
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AISC American Institute of Steel Construction
ANSYS Swanson Analysis Systems
AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials
CEB Comitê Euro-International du Betón
GFCD Gerador de Função de Carregamento Dinâmico
ISO International Organization for Standardization
NBR Norma Brasileira
PUC Pontifícia Universidade Católica
RMS Root Mean Square
SIA Swiss National Standards
LISTA DE SÍMBOLOS
aeff acelerações efetivas
ap aceleração de pico
a/g razão entre a aceleração do piso e a aceleração da gravidade
a0/g pico de aceleração limite
ap/g pico de aceleração estimado
alim aceleração limite
a(t) aceleração em função do tempo
Cp comprimento do passo
Ec modulo de elasticidade do concreto
Es modulo de elasticidade do aço
f frequência de excitação
fcrit frequência critica
fda Função de distribuição acumulada
fdp função densidade de probabilidade
fmi fator de majoração do impacto do calcanhar
fn frequência natural da estrutura
fp frequência do passo da atividade
FAD fator de amplificação dinâmico
Fm valor máximo da série de fourier
F(t) vetor de forças nodais equivalente
Fv carregamento vertical
g aceleração da gravidade
I múltiplo harmônico (1, 2, 3...)
K matriz de rigidez do sistema
k fator corretor de massa
Kbs, Ka e Kpf fatores de configuração
kN kilonewton
K1, vert coeficiente relacionado a primeira frequência natural da passarela
Kvert, f: fator de grupo relacionado à frequência natural da passarela
L comprimento da passarela
m massa modal
M matriz de massa do sistema
N newton
N número de pedestres
Neq número de pedestres equivalente
P peso da pessoa
P0 força constante igual a 0,29kN para pisos e 0,41kN para passarelas
Q fator de qualidade
R fator de redução
t tempo
T período de tempo na qual a aceleração efetiva é medida
Tp período do passo
u(t) deslocamento em função do tempo
u(st) deslocamento máximo no estado permanente
v(t) velocidade em função do tempo
W peso efetivo do piso
Yest flecha estática no meio do vão
α taxa de contribuição da matriz de massa
αi coeficiente dinâmico para força harmônica
β coeficiente de amortecimento modal
β taxa de contribuição da matriz de rigidez
φi ângulo de fase para o harmônico i
Φ fator de amplificação dinâmico
υ coeficiente de Poisson
ρ densidade
∆ flecha estática no meio do vão
∆i coeficiente de fourier para o harmônico
∆iP0 amplitude da força do harmônico
ξi taxa de amortecimento do modo i
σ2 variância
σ desvio padrão
µ média
ω frequência angular da carga de excitação
ω0i frequência natural circular do modo i
ωn frequência fundamental circular
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 24
1 RECOMENDAÇOES DE PROJETO .............................................................. 37
1.1 Generalidades ............................................................................................... 37
1.2 Normas de projeto ........................................................................................ 38
1.2.1 Norma BS 5400 [3] ......................................................................................... 38
1.2.2 Norma OHBDC [4] .......................................................................................... 40
1.2.3 Norma Eurocode 5 – EC5 1 [5] ...................................................................... 40
1.2.4 Normas SIA 160 [6], CEB [7] e AASHTO [8] ................................................... 42
1.2.5 Norma Brasileira 6118 [53] ............................................................................. 42
1.2.6 Norma Bro [54] ............................................................................................... 42
1.2.7 Norma ISO 10137 [55] .................................................................................... 43
1.2.8 Norma Eurocode 5 – Parte 2 [56] ................................................................... 43
1.2.9 Guia de projeto 11 AISC (American Institute of Steel Construction) [12] ........ 45
1.2.10 ISO 2631/2 - International Organization for Standardization [10] .................... 45
1.2.11 Trabalhos relacionados à análise dinâmica de passarelas de pedestres ....... 46
1.2.12 Comparativo entre os critérios normativos ...................................................... 49
2 MODELO DE CARREGAMENTO DINÂMICO ............................................... 51
2.1 Introdução ..................................................................................................... 51
2.2 Modelo proposto por Varela e Battista [18] ................................................ 54
3 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO ........ 59
3.1 Introdução ..................................................................................................... 59
3.2 Variável aleatória .......................................................................................... 59
3.3 Variável aleatória contínua e discreta ......................................................... 60
3.4 Distribuição de probabilidades ................................................................... 60
3.5 Função de probabilidade ou função de densidade de probabilidade (fdp)62
3.6 Função de distribuição acumulada (fda) .................................................... 62
3.7 Valor esperado de uma variável .................................................................. 63
3.8 Variância e desvio padrão de uma variável aleatória ................................ 64
3.9 Distribuição normal ...................................................................................... 64
4 MÉTODO MONTE CARLO (MMC)................................................................. 67
4.1 Introdução ..................................................................................................... 67
4.2 Geração de números aleatórios .................................................................. 68
4.3 Regras de Amostragem ................................................................................ 69
4.4 Simulação Monte Carlo ................................................................................ 70
5 DESCRIÇÃO DO MODELO ESTRUTURAL INVESTIGADO ........................ 72
5.1 Introdução ..................................................................................................... 72
5.2 Modelo estrutural da passarela ................................................................... 72
5.3 Modelagem do amortecimento estrutural ................................................... 75
6 MODELO NUMÉRICO-COMPUTACIONAL ................................................... 78
6.1 Introdução ..................................................................................................... 78
7 ANÁLISE DE AUTOVALORES E AUTOVETORES ...................................... 81
7.1 Introdução ..................................................................................................... 81
7.2 Análise das frequências naturais (autovalores) ........................................ 81
7.3 Análise dos modos de vibração (Autovetores) .......................................... 83
8 ANÁLISE DINÂMICA DETERMINÍSTICA DE PASSARELAS SUBMETIDAS
AO CAMINHAR DE UM PEDESTRE ............................................................. 85
8.1 Solução analítica .......................................................................................... 85
8.2 Método proposto por Zivanovic, Pavic e Reynolds [35] ............................ 93
9 ANÁLISE DE VIBRAÇÕES NÃO DETERMINÍSTICAS ................................. 96
9.1 Aspectos gerais ............................................................................................ 96
9.2 Processos determinísticos e estocásticos ................................................. 96
9.3 Classificação de processos determinísticos e estocásticos .................... 97
9.4 Fator de qualidade e largura de banda. ...................................................... 99
10 ESTUDO E SELEÇÃO DOS PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA A
ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA) ......... 102
10.1 Aspectos gerais .......................................................................................... 102
10.2 Frequência e intravariabilidade do passo (Hz) ......................................... 105
10.3 Coeficientes dinâmicos (α) ........................................................................ 108
11 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA) DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE UM PEDESTRE: SOLUÇÃO
ANALÍTICA .................................................................................................. 115
11.1 Determinação da reposta dinâmica graficamente ................................... 123
12 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA) DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE UM PEDESTRE: SOLUÇÃO
VIA MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ................................................ 126
13 FORMULAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DINÂMICA DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE VÁRIOS PEDESTRES......... 131
13.1 Aspectos gerais .......................................................................................... 131
13.1.1 Efeito dinâmico de fluxo de pedestres proposto por Matsumoto [65] .......... 132
13.1.2 Efeito dinâmico de fluxo de pedestres proposto por Fujino [66] ................... 134
13.1.3 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto na norma Eurocode 5 [5] ..... 134
13.1.1 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto na norma ISO 10137 [55] .... 135
13.1.2 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre segundo o anexo nacional do Reino
Unido ao Eurocode 1 [38] ............................................................................. 136
13.1.3 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto no guia de projeto Sétra [49]
...................................................................................................................... 136
13.1.4 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre segundo Brand, Sanjayan e Sudbury [17]
...................................................................................................................... 140
13.1.5 Comparativo entre os métodos propostos do efeito Dinâmico devido a fluxo de
Pedestres ...................................................................................................... 141
14 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DINÂMICA DE PASSARELAS DEVIDO AO
CAMINHAR DE VÁRIOS PEDESTRES ....................................................... 143
14.1 Introdução ................................................................................................... 143
14.2 Método proposto no guia de projeto Sétra [49] ....................................... 143
14.3 Método Espectro de Resposta [43] ........................................................... 148
15 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DAS ANÁLISES DINÂMICAS
DETERMINÍSTICA E NÃO DETERMINÍSTICA ............................................ 156
15.1 Aspectos gerais .......................................................................................... 156
15.2 Comparação entre os resultados das análise dinâmicas determinística e
probabilística devido ao caminhar de um pedestre................................. 156
15.3 Comparação entre os resultados das análise dinâmicas determinística e
probabilística devido à vários pedestres .................................................. 159
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 161
16.1 Introdução ................................................................................................... 161
16.2 Conclusões ................................................................................................. 162
16.3 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 167
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 169
24
INTRODUÇÃO
Devido ao avanço dos materiais empregados na construção civil, as
estruturas estão cada vez mais leves e esbeltas e, portanto, mais flexíveis, tornando
o seu comportamento dinâmico mais crítico na ótica do conforto humano dos
usuários. Além disso, a diminuição do amortecimento estrutural e a mudança na
natureza e na intensidade das cargas contribuem para esse novo cenário.
De forma geral, os projetos de passarelas são elaborados considerando,
somente, à ação de cargas estáticas, não levando em consideração as ações
dinâmicas oriundas do movimento de pessoas. Com isso, cada vez mais se tem
observado um número crescente de estruturas que apresentam comportamento
dinâmico insatisfatório e, portanto, problemas associados ao conforto humano dos
usuários.
Diversos casos de vibrações excessivas ocasionando desconforto humano e
até colapso estrutural tem sido reportado na mídia, como ocorreu em uma Passarela
na Carolina do Norte/EUA durante a saída de uma multidão em um evento esportivo
deixando mais de 100 pessoas feridas (BBC NEWS [1]). A Figura 1 ilustra o
desabamento da passarela após o colapso estrutural.
Figura 1 – Desabamento de uma passarela na Carolina do Norte/EUA [1]
A passarela Millennium Footbridge [2], conhecida como a Passarela do
Milênio, que cruza o rio Tamisa, em Londres, Inglaterra, no dia de sua inauguração
em 10 de Junho de 2000 apresentou oscilações laterais com amplitudes além
daquelas previstas em projeto, devido à interação do caminhar de pessoas se
25
movimentando sobre a mesma. As amplitudes foram da ordem de 75 mm com
frequências na faixa de 0,8 a 1,0 Hz, obrigando as autoridades a fecharem a
passarela três dias após sua inauguração para que medidas corretivas fossem
adotadas, conforme citado por Newland [2]. A Figura 2 ilustra essa estrutura.
Figura 2 – Millennium Footbridge localizada em Londres sobre o Rio Tâmisa [2]
As normas e guias de projetos que tratam dos problemas de conforto humano
devido à ação humana consideram, de forma geral, que as forças induzidas pelo
caminhar de pedestres é um processo determinístico. Contudo, em função da
variação dos parâmetros da força dinâmica induzida pelo caminhar, tais como peso
do pedestre, frequência do passo, comprimento do passo, coeficientes dinâmicos e
etc., tal fenômeno apresenta comportamento randômico.
Por outro lado, atualmente, os projetistas estruturais têm tido acesso a
ferramentas numérico-computacionais com elevado nível de precisão, para estudar o
comportamento de estruturas sujeitas a ações dinâmicas, de forma a identificar,
ainda durante a fase de projeto, o desempenho da estrutura quando submetida a
cargas dinâmicas. Entretanto, o custo computacional para elaboração de um
espectro de resposta probabilístico a partir da modelagem computacional é elevado
tornando a sua implementação inviável na prática de projeto.
A presente dissertação tem como objetivo desenvolver uma metodologia de
avaliação da resposta dinâmica de passarelas submetidas ao carregamento devido
26
ao caminhar de um único pedestre ou fluxo de pedestres, de passarelas de
pedestres, mediante o emprego de métodos probabilísticos analíticos.
Com base no emprego de métodos probabilísticos torna-se possível
determinar a probabilidade de uma determinada passarela de pedestre ultrapassar
ou não os limites de conforto humano estabelecidos em normas e guias de projeto.
Os resultados obtidos com o emprego do método analítico probabilístico do
modelo estrutural base de uma passarela interna construída no novo campus do
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia - INTO, na cidade do Rio de Janeiro
são comparados com os resultados numéricos obtidos computacionalmente com
emprego de técnicas de discretização baseada no método de elementos finitos.
Por meio do método probabilístico proposto, foram construídos espectros de
respostas para uma passarela padrão com massa total igual a 20000 Kg, variando-
se o comprimento do vão de 10 m a 100 m, o coeficiente de amortecimento
estrutural e a frequência natural da estrutura. Estes espectros de respostas podem
ser utilizados para se determinar as respostas dinâmicas de quaisquer passarelas
com propriedades modais iguais e massa total diferente da passarela padrão,
visando determinar se a resposta dinâmica de um dado modelo estrutural é
satisfatória ou não, no que tange ao conforto humano dos usuários.
Revisão bibliográfica
As passarelas de pedestres são construídas com intuito de permitir que
pedestres prossigam sua trajetória transpondo obstáculos existentes ao longo do
caminho. Todavia o caminhar humano, por ser uma carga dinâmica, pode provocar
problemas de vibrações excessivos na estrutura gerando desconforto aos seus
usuários.
Dessa maneira, os projetos de passarelas de pedestres devem ser
elaborados levando-se em consideração os limites de conforto humano
estabelecidos por normas.
Os efeitos dinâmicos sobre passarelas de pedestres é assunto estudado e em
constante evolução desde o século XIX. Desde então diversos estudos e normas
foram publicados com o propósito de estabelecer métodos simplificados que
preveem o comportamento dinâmico da estrutura. Na realização da análise dinâmica
de passarelas de pedestres foram, inicialmente, adotados modelos analíticos
27
determinísticos simplificados que visavam, sobretudo, obter os valores de
acelerações de pico ocorridos em função do caminhar de um único pedestre em
ressonância com a estrutura. Os valores das acelerações máximas da estrutura
eram então comparados com critérios normativos de conforto humano.
Novos métodos analíticos surgiram ao longo dos anos até a presente data, e
em decorrência deste avanço científico, diversas normas e pesquisadores tem
recomendado a adoção de modelos de carregamentos que representam mais
fidedignamente as ações solicitantes, a interação usuário estrutura além da
característica estocástica dessas ações.
Esta revisão bibliográfica apresenta, inicialmente, os métodos analíticos
recomendados por normas e guias de projeto para verificação do comportamento
dinâmico de passarelas de pedestres devido ao caminhar de um único pedestre.
Posteriormente são revisados os métodos analíticos probabilísticos para avaliação
da resposta dinâmica de passarelas para ação de uma pessoa ou fluxo de
pedestres.
A norma Britânica British Standard BS 5400 [3] foi uma das primeiras a
contemplar os problemas de vibrações em passarelas de pedestres. Os parâmetros
estabelecidos por esta norma serviram de base para o desenvolvimento de diversos
códigos pelo mundo, dentre elas a norma canadense Ontario Highway Bridge
Design Code OHBDC [4].
A norma europeia Eurocode 5 – Parte 2 [5], apresenta recomendações que
permitem a análise do conforto humano de passarelas de madeira, sendo possível a
utilização desses métodos para obtenção da resposta dinâmica de estruturas
metálicas, concreto e mistas (aço-concreto).
As normas SIA 160 (Swiss National Standards [6]), CEB (Comite Euro-
International Du Beton [7]) recomendam que seja evitado projetar passarelas com
frequências naturais na direção transversal vertical nas faixas correspondentes ao
primeiro e segundo harmônicos do carregamento dinâmico devido ao caminhar
humano, evitando assim a ocorrência do fenômeno da ressonância.
A norma AASHTO [8] recomenda que seja evitado projetar passarelas com
frequências naturais na direção transversal vertical inferiores à faixa do primeiro
harmônico da carga de excitação. Se forem esperados problemas de vibração
causados pelo segundo harmônico da excitação a frequência natural na direção
28
transversal vertical destas estruturas devem ser superiores à faixa deste harmônico
de excitação.
Rainer, Pernica e Allen [9] propuseram, a partir da força dinâmica devido ao
caminhar humano composta de quatro harmônicos, um método simplificado para
verificação da aceleração de pico de passarelas de pedestres, levando-se em
consideração o efeito dinâmico do carregamento em função do tempo de atuação do
mesmo.
A norma ISO 2631/2 [10] fornece limites de aceleração para vibrações
mecânicas em função do tempo de exposição do usuário e da frequência natural da
estrutura, para as direções longitudinais e verticais, para pessoas nas posições em
pé, sentadas ou deitadas.
Pimentel e Fernandes [11] propuseram método simplificado para verificação
do comportamento dinâmico de passarelas a fim de aproximar os resultados
calculados pelos métodos simplificados estabelecidos pelas normas BS 5400 [3] e
OHBDC [4] com aqueles obtidos com a utilização de programas computacionais
baseados no modelo de elementos finitos.
Murray, Allen e Ungar [12] elaboraram o guia de projeto série número onze -
Vibrações de Pisos devido à Atividade Humana” do American Institute of Steel
Construction – AISC, contendo método simplificado para avaliação dinâmica de
pisos e passarelas de pedestres devido à atividade humana. Este método
simplificado foi elaborado a partir da teoria de viga de Euler-Bernoulli.
Feldmann, Heinemeyer e Völling [13] recomendaram por meio do guia de
projeto ArcelorMittal - Vibrações de Piso, métodos simplificados para avaliação do
comportamento dinâmico de pisos devido à ação dinâmica do caminhar humano
baseados, também, na teoria de viga de Euler-Bernoulli.
Hartley, Pavic, Waldron [14] investigaram o comportamento de uma passarela
de pedestre estaiada sob a ação do caminhar humano, tendo sido verificado a
compatibilidade entre os resultados obtidos por meio computacional baseado no
método dos elementos finitos e os valores experimentais medidos “in situ”.
Willford [15] concluiu que passarelas submetidas a fluxo de pedestres com
número elevado de pessoas encontram-se mais suscetíveis aos problemas de
vibrações laterais excessivas.
Byers, Stoyanoff e Boschert [16] recomendaram que fossem consideradas
durante a fase de projeto de passarelas de pedestres, as respostas dinâmicas
29
destas estruturas quando submetidas à carga intencional “vândala” no meio do vão,
tendo em visto que os resultados experimentais demonstram que sob tal
circunstância a passarela investigada ultrapassou os critérios de conforto humano
estabelecidos nas normas vigentes.
Brand, Sanjayan e Sudbury [17] estudaram o efeito dinâmico de fluxo de
pedestres no comportamento dinâmico de passarelas. Para se determinar a resposta
dinâmica de passarelas submetidas a fluxo de pedestres, foi proposto um fator
multiplicador do efeito dinâmico de um único pedestre.
Varela [18] propôs um modelo representativo do caminhar humano incluindo o
pico transiente devido ao impacto do calcanhar humano. Tal modelo de
carregamento foi baseado em resultados obtidos experimentalmente.
Figueiredo [19] concluiu em seus estudos, que a resposta dinâmica de
passarelas de pedestres analisadas numericamente dependente do modelo de
carregamento adotado. Para os modelos de carregamento que não levam em
consideração a variação temporal e espacial da carga, os valores das acelerações
de pico obtidos são conservadores.
Mackenzie, Barker, McFadyen, Allison [20] propuseram um método
simplificado para estabelecer critérios de conforto humano de passarelas aplicando-
se sobre os valores de limites máximos de aceleração coeficientes redutores que
levam em consideração o nível de conforto humano esperado, as características das
passarelas e das ações dinâmicas às quais estas estruturas estão submetidas.
Barker, DeNumann, Mackenzie e KO [21] recomendaram a adoção de
critérios de conforto humano para pisos e passarelas levando-se em consideração o
desconforto ocasionado por dosagem de vibrações ao longo do dia.
Hauksson [22] apresentou os resultados da resposta dinâmica da passarela
do milênio, denominada “Millenium Bridge”, calculados a partir das recomendações
das normas internacionais BS 5400 [3] e Eurocode [5]. Tendo sido verificado que
estas normas são insuficientes para detectar problemas de vibrações laterais
excessivas decorrentes da sincronização de pedestres.
Fanning, Healy, Pavic, Reynolds e Brownjohn [23] realizaram análise modal
experimental da passarela Sean O’Casey em Dublin Irlanda do Sul adotando os
testes tradicional e operacional de avalição modal. Observou-se que as frequências
naturais obtidas entre os dois métodos modal variaram cerca de 10%.
30
Brownjohn [24] comparou as respostas dinâmicas de passarelas, calculadas a
partir da recomendação das normas BS 5400 [3] e Eurocode 5 [5], com os valores
medidos experimentalmente. Tendo sido observado que as normas internacionais
não contemplam de forma adequada os efeitos da sincronização de pedestres e o
aumento do amortecimento estrutural devido ao acréscimo de pedestres atuantes
sobre a estrutura.
Racic, Zivanovic e Pavic [25] comparam as onze primeiras frequências
naturais de uma passarela de pedestres obtidos por meio de modelagem
computacional com os valores medidos em testes modais. Concluíram que
dependendo do nível de complexidade da estrutura, os resultados obtidos
computacionalmente baseados no método dos elementos finitos apresentam erros
quando comparados com os valores medidos experimentalmente. Tais valores
devem ser corrigidos de forma a se obter melhor resultado dinâmico de modelos
estruturais investigados.
Ming, Thambiratnam e Perera [26] concluíram que o comportamento dinâmico
de passarelas de pedestres esbeltas é afetado pela excentricidade do caminhar
humano.
Venuti e Bruno [27] propuseram um novo modelo de carregamento lateral
devido ao caminhar humano composto por três componentes de força: um que leva
em consideração a interação entre os pedestres, outro a interação entre pedestres e
a estrutura e por fim um componente de força dinâmica sem qualquer correlação
entre os pedestres e a estrutura.
Pirner e Urushadze [28] estudaram o comportamento dinâmico de passarelas
de pedestres alterando os valores de frequência do caminhar humano e coeficientes
dinâmicos.
Salamak e Lazinski [29] por meio de teste modal de três passarelas de
pedestres concluíram que o comportamento dinâmico destas estruturas variou
significativamente para um mesmo tipo de carregamento, em função das respectivas
massas e da rigidez das estruturas. Também, foi identificado que o comportamento
dinâmico das passarelas não é uniforme ao longo de uma mesma estrutura em
função da existência de diferentes coeficientes de amortecimento estrutural ao longo
do vão.
Zivanovic [30] alertou que a utilização das normas internacionais para
verificação do comportamento dinâmico de passarelas deve ser realizada
31
cuidadosamente. Visto que as respostas dinâmicas destas estruturas variam
segundo o carregamento dinâmico utilizado, a posição do carregamento incidente
sobre a passarela, a densidade de pedestres e as trajetórias percorridas pelos
usuários ao longo da travessia.
Maksud-Ul-Alam e Amim [31] propuseram, a partir do estudo de dois modelos
estruturais, uma revisão dos procedimentos estabelecidos pelas normas
internacionais para determinação do comportamento dinâmico de passarelas de
pedestres. Tendo em vista que tais procedimentos em sua grande maioria preveem
os picos de acelerações estruturais baseados em modelos de carregamentos
demasiadamente simplificados que não representam efetivamente as condições
reais destas ações dinâmicas.
Archbold, Caprani e Fanning [32] apresentaram estudo paramétrico do
modelo de carregamento vertical para passarelas de pedestres levando-se em
consideração a interação pedestre-estrutura e o aumento do coeficiente de
amortecimento do conjunto decorrente desta interação.
O Fundo de pesquisa para carvão e aço – The Research Fund for Coal and
Steel - (RFCS) [33] elaborou guia de projeto para verificação do comportamento
dinâmico de passarelas de pedestres metálicas. Neste guia são apresentados
modelos matemáticos para verificação do comportamento dinâmico destas
estruturas. As passarelas de pedestres são reduzidas a sistemas com um único grau
de liberdade (S1GL).
Zivanovic e Pavic [34] apresentaram modelo analítico probabilístico para
verificação do comportamento dinâmico de passarelas submetidas à ação de fluxo
de pedestres. O modelo assume que as variáveis aleatórias frequência e
comprimento do passo do pedestre seguem uma distribuição normal. O modelo,
ainda, leva em consideração a variação da frequência do passo do pedestre ao
longo da travessia sobre a passarela.
Zivanovic, Pavic e Reynolds [35;36] propuseram um método probabilístico
para verificação do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres a partir de
simulações com a implementação do método de Monte Carlo. O método
probabilístico leva em consideração a aleatoriedade das variáveis peso, frequência e
comprimento do passo do pedestre. As variáveis aleatórias seguem uma distribuição
normal em torno de sua média. Os resultados obtidos demonstram que a resposta
32
dinâmica do modelo investigado, calculado adotando-se as recomendações da
norma BS 5400 [1], tem baixa probabilidade de ocorrência.
Zivanovic, Pavic , Reynolds [36] propuseram um método analítico para
verificação da resposta de passarelas de pedestre levando-se em consideração a
contribuição da resposta de cada modo de vibração.
Zivanovic, Racic, Pavic e El-Bahnasy [37] estudaram os parâmetros
estatísticos, média e desvio padrão do caminhar humano. Neste estudo foi verificada
a correlação entre os parâmetros velocidade da caminhada, frequência e
comprimento do passo do pedestre.
Zivanovic [38] apresentou a solução analítica para determinação da
aceleração de passarelas de pedestres quando reduzidas a um sistema com um
grau de liberdade, sendo que o primeiro modo de vibração de flexão transversal
vertical é representado por uma meia senóide.
Wan, Zivanovic e Pavic [39] propuseram método analítico probabilístico para
verificação do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres devido à ação
de um único pedestre. Este método leva em consideração, a variação da frequência
do passo entre pedestres bem como a variação da frequência do passo de um dado
pedestre ao longo do seu deslocamento.
Zivanovic, Pavic e Ingólfsson [40] realizaram revisão dos métodos analíticos
propostos por normas internacionais e guias de projetos para verificação da resposta
dinâmica de passarelas de pedestres sob ação de fluxo espacialmente irrestrito de
pedestres. O estudo sugere que o método proposto pela norma Eurocode [5] é
demasiadamente simplificado e não leva em consideração a natureza estocástica do
caminhar do fluxo de pedestres.
Zivanovic e Pavic [41] apresentaram um modelo analítico para quantificar o
potencial dinâmico da carga de excitação devido ao caminhar de fluxo de pedestre
sobre passarelas.
Pavic, Omenzetter e Brownjohn [42] apresentaram um modelo probabilístico
baseado na função densidade espectral para avaliação do comportamento dinâmico
de passarelas de pedestres sob ação de uma pessoa ou fluxo de pedestres. As
respostas dinâmicas são estudadas no domínio da frequência. O método proposto
leva em consideração a variação da frequência do caminhar do pedestre ao longo
da travessia, isto é, o caminhar humano não é uma função perfeitamente periódica
conforme considerada nos métodos determinísticos.
33
Butz [43] apresentou método probabilístico denominado espectro de resposta
para determinar, por meio de simulação de Monte Carlo, o comportamento dinâmico
de passarelas de pedestres. Neste método a frequência do passo dos pedestres
segue uma distribuição normal.
Pedersen e Frier [44;45] estudaram o comportamento dinâmico de passarelas
a partir de modelo analítico probabilístico baseado no método de Monte Carlo. Tal
método leva em consideração a aleatoriedade do peso, frequência e comprimento
do passo do pedestre. Os resultados demonstram que as respostas dinâmicas da
estrutura não são alteradas significativamente quando a velocidade da frequência do
passo do pedestre é considerada uma variável estocástica. Em decorrência deste
resultado, foi sugerido que não é necessário considerar a aleatoriedade do
parâmetro comprimento do passo do pedestre, em modelos probabilísticos que
reduzem passarelas de pedestres a um sistema com um grau de liberdade.
Koabyashi [46] comparou as respostas dinâmicas de uma passarela obtidas
para os modelos de carregamentos devidos as atividades humanas do caminhar,
correr e saltar. Tendo sido demonstrado que a resposta dinâmica da passarela
investigada variou significativamente conforme a carga de excitação aplicada.
Zoltowski [47] conclui que a adoção de um modelo carregamento randômico
representativo do caminhar humano constitui-se em procedimento mais adequado
para verificação do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres.
Hausdorf, Zemany, Peng e Goldberger [48] estudaram a variabilidade da
frequência do passo de crianças e jovens adultos saudáveis. Este estudo sugere
que a frequência do passo em jovens adultos saudáveis varia em torno de 1,3%±0,1.
O guia de projeto Sètra [49] apresenta uma metodologia de classificação de
passarelas de pedestres e critérios para avaliação do comportamento destas
estruturas evando-se em conta os efeitos dinâmicos de fluxo de pedestres. A
formulação matemática do efeito dinâmico de fluxo de pedestres foi obtida a partir de
medições experimentais.
Ji [50] propôs modelo de carregamento representativo do caminhar humano
que leva em consideração a interação pedestre-estrutura. O corpo humano foi
modelo como um conjunto com dois graus de liberdade divididos em parte superior e
inferior. Em decorrência desta interação, observou-se o aumento do amortecimento
total do conjunto (pedestre-estrutura).
34
Fanning, Archbold e Pavic [51] propuseram um modelo interativo de
carregamento devido ao caminhar humano, também, levando-se em consideração a
interação pedestre-estrutura. Na modelagem computacional o corpo humano foi
considerado como um sistema massa-mola com um grau de liberdade.
Motivação
No atual estado do desenvolvimento da engenharia estrutural, procura-se
obter projetos que atendam às especificações do cliente e normas técnicas, mas
também, que proporcione menores custos. Diversos trabalhos de pesquisa com
caráter científico têm sido realizados com o objetivo de apresentar métodos
probabilísticos para análise do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres
submetidas à ação do caminhar humano. Tais métodos probabilísticos levam em
consideração a natureza estocástica do caminhar e consequentemente se
constituem em análises mais realistas do comportamento destas estruturas quando
submetidas a ações de atividades humanas.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo apresentar métodos analíticos probabilísticos
para verificação do comportamento dinâmico de passarelas submetidas ao caminhar
de uma pessoa e fluxo de pedestres. Os resultados analíticos probabilísticos são
comparados com os valores obtidos com a implementação de modelo numérico
baseado no método dos elementos finitos com a utilização do programa Ansys [52]
para o modelo estrutural investigado.
Estrutura da dissertação
Neste capítulo apresentou-se a motivação para o desenvolvimento do
presente trabalho e uma breve descrição de seu conteúdo. No primeiro capítulo
apresentam-se os critérios e recomendações de projeto propostos por normas
nacionais e estrangeiras.
35
No segundo capítulo faz-se uma breve introdução aos fundamentos da
metodologia utilizada para a modelagem do carregamento dinâmico proveniente do
caminhar de pedestre propostos por vários autores.
No terceiro capítulo apresenta-se os fundamentos da estatística necessários
para implementação de método probabilístico para avaliação do comportamento
dinâmico de passarelas de pedestres. No quarto capítulo descrevem-se os
fundamentos do Método de Monte Carlo.
No quinto capítulo apresenta-se o modelo estrutural investigado no presente
trabalho, apresentando suas características físicas e geométricas. Este capítulo
também apresenta a metodologia utilizada para modelagem do amortecimento
estrutural.
No sexto capítulo consta a descrição do modelo de elementos finitos, utilizado
no presente trabalho, para modelar a estrutura investigada, bem como suas
respectivas propriedades, características e dados gerais dos elementos utilizados.
O sétimo capítulo apresenta os resultados das análises de vibração livre,
realizadas para se determinar os autovalores (frequências naturais) e autovetores
(modos de vibração) do modelo estrutural investigado. Os autovalores e autovetores
são utilizados para prever a resposta dinâmica da estrutura quando submetida a
carregamentos dinâmicos.
O oitavo capítulo são apresentadas as soluções analíticas determinísticas e
probabilísticas para avaliação de passarelas de pedestres, considerando-se que tais
estruturas podem ser representadas por um sistema com um grau de liberdade
(S1GL).
No nono capítulo faz-se uma breve introdução ao problema de vibrações
dinâmicas aleatórias. O décimo capítulo apresenta a metodologia implementada
para obtenção da resposta dinâmica analítica probabilística de passarelas
submetidas à ação do caminhar de um único pedestre, baseado no método de
Monte Carlo.
No décimo primeiro capítulo são apresentados os resultados da análise
probabilística do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres para ação de
um único pedestre.
O décimo segundo capítulo apresenta os resultados numéricos do modelo
estrutural investigado. Os resultados do método numérico computacional são
comparados com os valores obtidos analiticamente.
36
No décimo terceiro são apresentados estudos e trabalhos relacionados aos
efeitos dinâmicos de fluxo de pedestres.
No décimo quarto capítulo são apresentados métodos probabilísticos para
avaliação do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres submetidas à
ação de fluxo de pedestres caminhando aleatoriamente.
No décimo quinto capítulo os resultados obtidos por meio dos métodos
probabilísticos são comparados com os valores das acelerações de pico calculadas
a partir de métodos determinísticos.
No décimo sexto capítulo apresentam-se as conclusões alcançadas com este
trabalho, contendo as considerações e sugestões para continuação do trabalho aqui
desenvolvido.
37
1 RECOMENDAÇOES DE PROJETO
1.1 Generalidades
As normas e estudos, apresentadas no capítulo 1 do presente trabalho, de
uma forma geral, recomendam a adoção de métodos simplificados para se calcular
as frequências naturais bem como as acelerações de pico de passarelas de
pedestres submetidas ao carregamento dinâmico devido ao caminhar humano.
A norma Eurocode 5 [5] e o guia de projeto do American Institute of Steel
Construction (AISC) série 11 [12] apresentam um método para obtenção das
frequências naturais de pisos e passarelas de pedestres, levando-se em conta a
formulação para vigas simplesmente apoiadas que são originadas das formulações
de Euler-Bernoulli. A frequência natural de passarelas mistas pode ser calculada por
meio das Equações 1 e 2, conforme o Eurocode 5 [5] e Guia de projeto 11 do AISC
[12] respectivamente:
A
IE
Lfn
ρ
π .
2 2= (1)
Onde:
E: módulo de elasticidade do aço (N/m²);
ρ: densidade do aço (Kg/m³);
I: momento de inércia da seção transformada (m4);
A: área transversal da seção transformada (m²).
L: vão da passarela mista (aço-concreto)
∆
=g
fn 18,0 (2)
Onde:
g: aceleração da gravidade (m/s²);
∆: flecha estática no centro do vão L, (∆=5QL4/384EI) devido ao peso
suportado.
38
1.2 Normas de projeto
1.2.1 Norma BS 5400 [3]
A norma britânica BS 5400 [3] recomenda que, para passarelas cujas
frequências naturais na direção transversal vertical estejam abaixo de 5 Hz, a
aceleração de pico da estrutura na direção transversal vertical seja limitada ao valor
calculado pela Equação 3. Segundo a norma BS 5400 [3], passarelas com valores
das frequências naturais acima de 5 Hz, não apresentariam problemas de vibrações
excessivas e, portanto, atenderiam aos critérios de conforto humano.
nvert fa 5,0lim, = (3)
Onde:
alim, vert: aceleração limite na direção transversal vertical;
fn: frequência natural;
Segundo norma britânica BS 5400 [3], o cálculo da aceleração de pico é
obtido pela Equação 4, sendo que tais valores são reduzidos na faixa de frequência
de 4 a 5 Hz, adotando-se respectivamente redução de 1 e 0,7, para os valores
extremos, sendo que os valores intermediários são obtidos por interpolação linear.
ψπ BSestn Kyfa224= (4)
Onde:
a: aceleração de pico da estrutura (m/s²);
fn: frequência fundamental na direção transversal vertical da passarela (Hz);
yest: deslocamento no centro do vão (yest = PL3/48EI);
P: peso do pedestre igual a 700 (N);
E: módulo de elasticidade (Pa);
I: momento de inércia (m4);
L: comprimento do vão da passarela (m);
KBS: fator de configuração que depende do número de vãos da passarela;
ψ: fator de resposta dinâmica.
Na Tabela 1 constam os valores relativos ao fator de configuração KBS a
serem utilizados no cálculo da aceleração de pico na direção transversal vertical de
39
passarelas de pedestres, segunda a norma BS 5400 [3]. Observa-se que para
passarelas de pedestres simplesmente apoiadas, portanto com um único vão, o fator
de configuração KBS é igual a 1. Já para passarelas com dois ou mais vãos, os
fatores de configuração são menores do que 1, ou seja, a aceleração de pico na
direção transversal vertical de passarelas com mais de um vão é menor do que
aquela para uma passarela com mesmo comprimento, porém, com um único vão.
Tabela 1 – Fator de configuração KBS [3]
Configuração da passarela Razão L1/L
KBS
- 1,0
- 0,7
1,0 0,6
0,8 0,8
≤0,6 0,9
O fator de resposta dinâmica (ψ) é função do comprimento do vão da
passarela e do coeficiente de amortecimento da estrutura, conforme demonstrado na
Figura 3. Observa-se que o fator de resposta dinâmica (ψ) é diretamente
proporcional ao comprimento do vão e inversamente proporcional ao coeficiente de
amortecimento estrutural.
Figura 3 – Fator de resposta dinâmica (ψ) [3]
40
1.2.2 Norma OHBDC [4]
A norma canadense OHBDC [4] recomenda que a aceleração seja verificada
caso a frequência fundamental da estrutura na direção transversal vertical encontre-
se abaixo de 4 Hz. A aceleração limite recomendada pela presente norma não deve
ultrapassar o valor obtido por meio da Equação 5:
78,0
25,0lim, nvert fa = (5)
Onde:
alim, vert: aceleração limite na direção transversal vertical;
fn: frequência natural.
Ainda, a norma OHBDC [4], recomenda que o cálculo da aceleração de pico
seja realizado adotando-se o método simplificado da norma britânica BS 5400 [3]
dado pela Equação 4.
1.2.3 Norma Eurocode 5 – EC5 1 [5]
A norma Eurocode 5 [5] recomenda que seja verificado comportamento
dinâmico da estrutura sempre que a frequência fundamental da passarela de
pedestre seja inferior a 5 Hz, que neste cenário não deverá ultrapassar o valor limite
de 0,7 m/s2 (7%g). O cálculo da aceleração para um fluxo de pessoas é obtido
utilizando-se a Equação 6:
fvertvert Kaa ,,1= (6)
Onde:
a1,vert: aceleração sem levar em consideração o fator de grupo Kver,f;
Kvert,f: fator de grupo relacionado à frequência natural da passarela.
O cálculo da aceleração a1,vert sem levar em conta o fator de grupo Kvert,f é
realizado por meio das Equações 7e 8:
ξ
ξπ
M
eKa
n
avert
2
,1
1165
−= (7)
ALM ρ= (8)
Onde:
41
M: massa total da passarela (Kg);
ρ: densidade do aço (Kg/m3);
A: área da sessão transformada transversal da passarela (m2);
L: vão da passarela (m);
ξ: coeficiente de amortecimento;
n: número de passos para cruzar o vão da passarela L (m), (n=L/0,9m);
Ka: fator de configuração.
O cálculo da aceleração devido ao caminhar de um único pedestre cruzando
a passarela é obtido pela Equação (9):
fvertvert KabLa ,,1027,0= (9)
Onde:
L: vão da passarela (m);
b: largura da passarela (m).
Observa-se, na Figura 4, que o fator de grupo relacionado à frequência
natural da passarela (Kvert,f) apresenta valores máximos para passarelas com
frequência fundamental na direção transversal vertical entre 1,5 Hz a 2,5 Hz. Esta
faixa corresponde aos valores de frequência do passo do primeiro harmônico do
caminhar humano. O fator de grupo Kvert,f é máximo quando a frequência
fundamental da passarela é igual a frequência da carga de excitação do caminhar
humano, ou seja, a estrutura encontra-se em ressonância com a força excitadora.
Figura 4 – Fator de grupo em função da primeira frequência natural na direção transversal
vertical da passarela (Kvert,f) [5]
42
Os valores relativos ao fator de configuração (Ka) da norma Eurocode 5 [5]
são iguais aos valores dos fatores de configuração (KBS) da norma BS 5400 [3].
Portanto, o fator de configuração (Ka) da norma Eurocode 5 [5] pode ser obtido da
Tabela 1.
1.2.4 Normas SIA 160 [6], CEB [7] e AASHTO [8]
As normas SIA 160 [6], CEB [7] e AASHTO [8] recomendam que seja evitado
projetar passarelas cujas frequências naturais estejam nas faixas de 1,6 a 2,4 Hz e
3,5 a 4,5 Hz. As recomendações sugerem que sejam evitadas estas faixas de
frequências naturais por estarem em ressonâncias com as frequências do primeiro e
segundo harmônico do caminhar humano.
1.2.5 Norma Brasileira 6118 [53]
A NBR 6118/2003 [53] recomenda que a frequência natural da estrutura (fn)
seja superior à frequência da fonte de excitação (para esta norma chamada de
freqüência crítica fcrít) por um fator igual a 1,2 (fn > 1,2 fcrít). A NBR 6118 [53] sugere,
segundo o modelo estrutural, a utilização das seguintes frequências críticas e
consequentemente frequências fundamentais mínimas de projeto:
Tabela 2 – Frequência natural crítica para estruturas submetidas à ação humana [53]
Caso fcrit (Hz)
Ginásio de esportes 8,0
Salas de dança ou de concerto sem cadeiras fixas 7,0
Escritórios 3,0 a 4,0
Salas de concerto com cadeiras fixas 3,4
Passarelas de pedestres ou ciclistas 1,6 a 4,5
1.2.6 Norma Bro [54]
A norma Bro [54] é aplicada a projetos de pontes e passarelas na Suécia,
publicada pela (Swedish Road Administration) autoridade nacional. Esta norma
recomenda que passarelas devam ter a frequência fundamental na direção vertical
superior a 3,5 Hz. Assim, deve-se proceder à verificação da aceleração de pico para
passarelas de pedestres cujas frequências naturais sejam inferiores aos valores
43
recomendados, devendo a aceleração limite ser inferior a 0,5 m/s2.
1.2.7 Norma ISO 10137 [55]
A norma ISO 10137 [55] foi elaborada de forma a auxiliar os engenheiros
calculistas na fase da elaboração de projetos, recomendando valores de
acelerações limites em função das frequências naturais para modelos estruturais
segundo a sua utilização, conforme Figura 5.
1 3 4 5 8 10 25 40
25
10
5
2,5
1
0,5
0,25
0,1
0,05
Freqüencia (Hz)
Ace
lera
ção
de P
ico
(% G
ravi
dade
)
Curva Base ISOPara Aceleração RMS
Escritórios,Residências
Passarelas Internas,Shoppings,Salas de Jantar e Salões de Dança
Atividades Ritmicas,Passarelas Externas
Figura 5 – Aceleração de pico máxima [55]
1.2.8 Norma Eurocode 5 – Parte 2 [56]
A norma Eurocode 5 – Parte 2 [56] sugere que sejam verificadas as acelerações
de pico de passarelas quando as respectivas frequências naturais forem inferiores a
5 Hz. O cálculo da aceleração de pico devido ao caminhar de um único pedestre
cruzando uma passarela simplesmente apoiada é dado, conforme a frequência
natural da estrutura, pelas Equações 10 a 12. O cálculo da aceleração para fluxo de
pedestres é realizado utilizando-se Equação 13.
ξM
a vert
200,1 = para Hzf vertn 5,2, ≤ (10)
44
ξM
a vert
100,1 = para Hzf vertn 0,55,2 , ≤≤ (11)
ALM ρ= (12)
Onde:
M: massa total da passarela (Kg);
ρ: densidade do aço (Kg/m3);
A: área da sessão transformada da passarela (m2);
L: vão da passarela (m);
ξ: coeficiente de amortecimento.
vertpedvertnped Knaa ,1,123,0= (13)
Onde:
nped: número de pedestres
K1,vert: coeficiente relacionado a primeira frequência natural da passarela na
direção transversal vertical.
Observa-se, na Figura 6, que o fator de grupo relacionado à frequência
natural da passarela (K1,vert) apresenta valores máximos para passarelas com
frequência fundamental na direção transversal vertical de 1,5 a 2,5 Hz. Esta faixa
corresponde aos valores de frequência do passo do primeiro harmônico do caminhar
humano. Portanto, o fator de grupo (K1,vert) é máximo quando a frequência
fundamental da passarela na direção vertical é igual ao valor da frequência de
excitação do caminhar, ou seja, a estrutura encontra-se em ressonância com a força
excitadora.
Figura 6 – Coeficiente relacionado a frequência natural da passarela (K1,vert ) [5]
45
1.2.9 Guia de projeto 11 AISC (American Institute of Steel Construction) [12]
O guia de projeto 11 do AISC [12] recomenda que a aceleração de pico das
passarelas de pedestres não ultrapassem os limites delineados na Tabela 3,
segundo sua localização.
Tabela 3 – Acelerações limites para passarelas de pedestres (ISO 2631-2, 1989)
Descrição Aceleração (m/s2)
Passarela interna 0,15
Passarela externa 0,49
Ainda, este guia de projeto recomenda metodologia simplificada para cálculo
da aceleração de pico de passarelas devido ao caminhar de um único pedestre dado
pela Equação 14:
W
fPa n
β
)035(exp −= (14)
Onde:
P: 0,41 KN para passarelas de pedestres (KN);
fn: frequência natural da estrutura (Hz);
β: amortecimento igual a 0,1;
W: peso efetivo da passarela (Kg).
1.2.10 ISO 2631/2 - International Organization for Standardization [10]
A norma International Organization for Standardization (ISO 2631/2 [10]),
aplica-se à vibração em direções ortogonais e abrange vibrações aleatórias, de
choque, e harmônicas. A faixa de frequência coberta é de 1 a 80 Hz e o critério é
expresso em relação às acelerações efetivas medidas, rms, dadas pela Equação 15:
∫=T
eff dttaT
a0
2 )(1
(15)
Onde:
T: o período de tempo na qual a aceleração efetiva é medida.
46
A ISO 2631/2 [10] sugere limites em termos da aceleração rms, como um
múltiplo da linha base da curva apresentada na Figura 7.
Figura 7 – Curva base de vibrações para acelerações verticais [10]
1.2.11 Trabalhos relacionados à análise dinâmica de passarelas de pedestres
Rainer, Pernica e Allen [9] propuseram método para cálculo do valor da
aceleração de pico de passarelas de pedestres devido ao caminhar de um único
pedestre dado pela Equação 16.
Φ= iestnnped yfa απ 224 (16)
Onde:
fn: frequência natural da passarela;
yest: deslocamento no centro do vão (yest = PL3/48EI) devido ao peso (N);
αi: coeficiente de Fourier;
Φ: fator de amplificação dinâmico
O fator de amplificação dinâmico para passarelas simplesmente apoiadas
submetidas à carga senoidal, conforme Figura 8, é função do número de ciclos por
vão (número de passos por vão) e do coeficiente de amortecimento da estrutura. O
número de ciclos por vão é dado pela Equação 17:
pp cf
LvâoporCiclos = (17)
47
Onde:
L: comprimento do vão da passarela de pedestre (m);
fp: frequência do passo do pedestre (Hz);
cp: comprimento do passo do pedestre (m),
O fator de amplificação dinâmico (Φ) proposto por Rainer, Pernica e Allen [9]
cresce com o aumento do número de ciclos necessários para se realizar a travessia
da passarela. O fator de amplificação da resposta dinâmica para estruturas em
ressonância e no estado permanente, também, denominado de fator de qualidade
(Q) é dado pela Equação 18:.
ξ2
1=Q (18)
Onde:
Q: fator de qualidade;
ξ: coeficiente de amortecimento estrutural.
Observa-se, pela Figura 8, que quanto maior o coeficiente de amortecimento
estrutural mais rapidamente a estrutura alcança a resposta dinâmica máxima
correspondente ao estado permanente.
Figura 8 – Fator de amplificação dinâmico em função do comprimento do vão e do coeficiente de amortecimento estrutural (Φ) [9]
48
Pimentel e Fernandes [11] acrescentaram à formulação de Rainer, Pernica e
Allen [9] um fator de configuração Kpf que leva em consideração o número de vãos
da passarela, conforme Equação 19:
pfiestnnped Kyfa φαπ 224= (19)
Onde:
fn: frequência natural da passarela;
yest: deslocamento no centro do vão (yest = PL3/48EI) devido ao peso (P) igual
a 700 N;
L: comprimento do vão (m);
E: módulo de elasticidade (Pa);
I: momento de inércia (m4).
αi: coeficiente de Fourier;
ϕ: fator de amplificação dinâmico;
Kpf: fator de configuração que depende do número de vãos.
O fator de configuração Kpf sugerido por Pimentel e Fernandes depende do
número de vãos, e da relação entre os comprimentos dos vãos da passarela de
pedestre, conforme Tabela 4.
Tabela 4 – Fator de configuração em função do número de vãos de passarelas (Kpf) [11]
Configuração da passarela Razão a/L
Kpf
- 1,0
1,0 0,69
0,8 0,92
0,6 0,96
0,4 0,97
0,2 0,97
1,0 0,60
0,8 0,81
0,6 0,90
0,4 0,96
0,2 0,96
Grundmann [57] apresentou uma formulação simplificada para cálculo de
49
aceleração de pico aplicável a passarelas simplesmente apoiadas dado pelas
Equações 20 a 22:
( )δ
δ
π n
vert em
Fa
−−= 16,0 (20)
PF iα= (21)
Mm35
17= (22)
Onde:
P: peso do pedestre igual a 700 N;
αi: coeficiente de Fourier para o ith harmônico;
n: número de passos para cruzar o vão;
m: massa modal (Kg);
M: massa total da passarela (Kg);
δ: amortecimento critico em termos de decremento logarítmico (δ=2πξ).
1.2.12 Comparativo entre os critérios normativos
A Figura 9 apresenta os valores limites para acelerações de pico de
passarelas externas estabelecidos pelas normas apresentadas no presente capítulo.
Os valores das acelerações, em RMS, da Norma ISO 10137 [55] foram convertidos
para aceleração de pico.
Figura 9 – Aceleração vertical limite (m/s²)
50
Observa-se que para as normas BS 5400 [3], OHBDC [4] e ISO 10137 [55], os
valores limites variam conforme a frequência natural da estrutura na direção
transversal vertical. Já para as normas Eurocode 5 [5] e Bro [54] os valores limites
das acelerações de pico independem da frequência natural da estrutura.
No presente capítulo foram apresentadas metodologias simplificadas,
recomendadas por normas e trabalhos realizados, para determinação da aceleração
de pico na direção transversal vertical de passarelas de pedestres bem como os
respectivos critérios normativos para verificação do conforto humano.
O capítulo seguinte apresenta o modelo de carregamento devido ao caminhar
humano utilizado para obtenção da resposta dinâmica da passarela investigada
quando da implementação de modelo numérico computacional baseado nos
métodos dos elementos via programa ANSYS [52].
51
2 MODELO DE CARREGAMENTO DINÂMICO
2.1 Introdução
O presente capítulo apresenta o carregamento dinâmico utilizado no modelo
numérico computacional para obtenção da resposta dinâmica da estrutura
investigada.
Em diversas normas e pesquisas desenvolvidas, a função representativa do
caminhar humano tem sido representada por uma série de Fourier, com base em
uma composição de harmônicos. A representação matemática da ação humana do
caminhar na direção transversal vertical é dada pela Equação 23.
( )[ ]∑ ++= ipi tfiPtF φπα 2cos1)( (23)
Onde:
F(t): função de carregamento dinâmico;
P: peso de uma pessoa;
αi: coeficiente dinâmico para a força harmônica (fator de carga dinâmica);
i: múltiplo do harmônico (1, 2, 3, etc.);
fp: frequência do passo humano;
φi: ângulo de fase para o harmônico i;
t: tempo.
Em que pese problemas relacionados a vibrações excessivas em passarelas
de pedestres terem sido reportados por muitos anos, somente recentemente tem
sido incorporado na prática de projeto, a verificação do estado limite de vibrações
excessivas (ELS-VE). Face à complexidade do carregamento devido ao caminhar
humano, a resposta dinâmica de passarelas envolve um grande número de modos
de vibração. Contudo, estudos acadêmicos e experimentais apresentam
metodologias simplificadas para realização de análise dinâmica destas estruturas
durante a fase de projeto.
Normalmente, os problemas de vibrações excessivas envolvem forças que se
repetem ao longo do tempo sendo causadas por máquinas ou por atividades
humanas, como a dança, a aeróbica, o correr ou o caminhar. Usualmente o
52
caminhar humano é considerado como sendo uma força senoidal composta por
harmônicos.
O carregamento dinâmico devido ao caminhar humano é complexo. Durante o
caminhar, o movimento de pernas do ser humano causa a subida e descida da
massa efetiva do corpo em cada passo causando variação da força dinâmica
gerada. O modelo de carregamento utilizado no modelo numérico computacional
apresenta variação espacial e temporal, objetivando uma representação mais
realista dos passos dados pelo ser humano em uma caminhada.
A resposta dinâmica de passarelas de pedestres depende dos parâmetros
representativos do caminhar humano, tais como: a distância, a frequência e a
velocidade do passo do pedestre considerados. Ilustrativamente, a Tabela 5
apresenta valores destes parâmetros conforme o tipo de caminhada.
Tabela 5 – Características do caminhar humano [12]
Atividade Velocidade (m/s)
Distância do Passo (m)
Frequência do Passo (Hz)
Caminhada lenta 1,1 0,60 1,7 Caminhada normal 1,5 0,75 2,0 Caminhada rápida 2,2 1,00 2,3
A frequência natural na direção transversal vertical da passarela investigada é
igual a 4,10 Hz (f01 = 4,10 Hz). Para cálculo da resposta dinâmica, a malha de
elementos finitos deve, portanto, ser, suficientemente refinada, de forma que o
carregamento dinâmico devido ao caminhar humano seja adequadamente alocado
nos respectivos nós do modelo numérico.
O tempo de contato da aplicação da carga dinâmica com a estrutura depende
da distância e da frequência do passo. Segundo os valores referenciais da Tabela 5,
para um pedestre caminhando em ritmo normal o período do passo é igual a 1/fp =
½ Hz = 0,50 s, correspondente a uma distância de 0,75 m. Portanto, adotando-se
uma malha com elementos finitos com comprimento de 0,25 m, por exemplo, para
representar um passo do pedestre sobre a passarela seriam necessárias três
cargas. Cada carga P1, P2 e P3 deve ser aplicada durante 0,50/3 = 0,1667 s,
conforme ilustrado na Figura 10. Para caminhadas com frequências de passo
diferente do ritmo normal, aplica-se a mesma teoria utilizada, ajustando-se os
valores dos parâmetros representativos do caminhar humano, comprimento do
passo, período e velocidade do passo.
53
0,25 0,25
0,75
0.25
P1∆t = 0.1667 s
P2∆t = 0.1667 s
P3∆t = 0.1667 s
Figura 10 – Representação do passo do pedestre durante a caminhada [19].
Observa-se que a ação dinâmica das cargas P1, P2 e P3 não são aplicadas
simultaneamente. A carga P1 é aplicada durante 0,1667 s, e no final deste período
de tempo, P1 passaria a assumir um valor nulo e, logo em seguida, a carga P2 é
aplicada por 0,1667 s. Este processo numérico ocorre sucessivamente, ao longo do
tempo, do início até o fim da travessia de toda a passarela.
As forças dinâmicas devido ao caminhar humano apresentam componentes
nas direções transversal vertical, transversal horizontal e longitudinal que dependem
dos parâmetros representativos do caminhar humano, frequência de passo,
velocidade de caminhada e comprimento de passo. Diversos estudos, foram
realizados na tentativa de quantificar os componentes das forças induzidas pela
caminhada. Inicialmente, o componente na direção transversal vertical era de maior
interesse tendo em vista que a maioria dos problemas relacionados a vibrações
excessivas eram atribuídos a este componente da força.
Segundo Bachmann apud Murray, Allen e Ungar [12] a frequência do passo
do pedestre segue um distribuição normal com média de 2,0 HZ e desvio padrão de
0,2. Isto implica que a faixa contendo os valores mais prováveis da frequência de
força na direção transversal vertical é 1,4 a 2,6 Hz. Como a componente na direção
transversal horizontal da força é aplicada em metade da frequência de passo, a
frequência da força nesta direção está na faixa de 0,7 a 1,2 Hz (Figura 11), segundo
Nakamura [58].
Diversas passarelas foram projetadas com frequências naturais nas direções
transversal vertical e transversal horizontal nas faixas de frequência do primeiro
54
harmônico da carga de excitação do caminhar humano (frequências nas direções
transversal vertical de 1,6 a 2,6 Hz e transversal horizontal de 0,8 a 1,3 Hz). O
fenômeno da ressonância que acarreta aumento significativo dos deslocamentos e
acelerações de estruturas, ocorre quando a frequência da carga de excitação é igual
a frequência natural do sistema estrutural. Assim, passarelas projetadas com
frequência natural na faixa de frequência do caminhar humano podem apresentar
vibrações excessivas devido à ação de pedestres.
Figura 11 – Faixas de frequências nas direções transversal vertical e transversal
horizontal em passarelas. Fonte: Nakamura [58].
No modelo numérico computacional implementado para obter a resposta
dinâmica da passarela investigada, foi aplicado o modelo de carregamento na
direção transversal vertical, de forma a se representar a caminhada de pedestres,
proposto por Varela e Battista [18].
2.2 Modelo proposto por Varela e Battista [18]
O modelo de carregamento proposto por Varela e Battista [18] é baseado em
análise mais realista da excitação dinâmica devido ao caminhar do pedestre,
incorporando o impacto transiente do calcanhar humano. Este modelo de
carregamento foi proposto a partir de uma aproximação matemática respaldada por
estudos experimentais que permitiram registrar a reação total de um piso, gerada ao
longo do tempo, durante uma caminhada sobre plataformas rígidas (Ohlsson [59];
Varela [18]), de acordo com a Figura 12.
55
Figura 12 – Força de contato de um passo humano e reação do piso [59].
A carga de excitação dinâmica associada ao caminhar humano, já
incorporando efeito do impacto do calcanhar, é obtida a partir das Equações 24 a 27
(Varela [18]). A função matemática proposta, na Equação 24, representativa da
carga dinâmica produzida por uma pessoa caminhando sobre um piso, não é
modelada simplesmente por uma série de Fourier, tendo em visto que a equação
matemática também engloba em sua formulação o pico transiente representativo do
impacto do calcanhar sobre o piso.
56
( )
( )[ ]
( )
<≤+
−−
<≤+++
<≤
<≤
+
−
<≤+
−
=
∑=
pp
p
2
nh
1i
ppipp
ppm
pp
p
p1
mmi
p
p
mmi
Tt T90,0se P1T
tCP10
T90,0t T15,0se T1,0tfi2senPP
T15,0t T06,0se F
T06,0t T04,0se 1T02,0
T04,0tCFf
T04,0t 0se PtT04,0
PFf
)t(F
φπα
(24)
α+= ∑
=
nh
1i
im 1.PF (25)
−= 1
f
1C
mi
1 (26)
( )( )
=+−
=−=
4nh se 1P
3nh se 1PC
42
2
2αα
α (27)
Onde:
Fm : valor máximo da série de Fourier, dado pela Equação (23);
fmi : fator de majoração do impacto do calcanhar, fmi = 1,12 (Varela [18]);
Tp : período do passo;
C1 : coeficiente dado pela Equação (24);
C2 : coeficiente dado pela Equação (25).
No presente trabalho, são utilizadas as Equações 24 a 27 para obtenção da
força dinâmica devido ao caminhar humano sobre os pisos. Adotando-se, ainda,
57
para o fator de amplificação do impacto do calcanhar humano o valor de 1,12 (fmi =
1,12) [18]. Entretanto, cabe ressaltar que este valor de 1,12 varia para cada pessoa.
No modelo de carregamento, os coeficientes dinâmicos para os quatros
primeiros harmônicos da caminhada devem ser obtidos. Exemplificativamente, o
guia de projeto do AISC (Murray et al [12]) fornece os valores destes parâmetros
segundo a Tabela 6.
Destaca-se que os coeficientes dinâmicos associados aos harmônicos da
caminhada humana são função da frequência do passo do pedestre. Existem
diversas pesquisas desenvolvidas onde foram formuladas equações matemáticas
para, a partir dos valores da frequência do passo, determinar os valores de tais
coeficientes, conforme exposto mais adiante no capítulo 10 do presente trabalho.
Tabela 6 – Coeficientes dinâmicos propostos por Murray, Allen e Ungar [12]
Harmônico i Coeficiente
Dinâmico(αi) Ângulo de Fase (φi)
1 0,50 0
2 0,20 π/2
3 0,10 π
4 0,05 3π/2
A Figura 13 apresenta uma função de carregamento dinâmico vertical, a qual
representa um pedestre com peso igual a 735 N caminhando com frequência de
passo igual a 2 Hz sobre uma passarela.
Figura 13 – Força dinâmica do caminhar humano na direção transversal vertical (2 Hz)
58
Neste capítulo foi apresentado o modelo de carregamento dinâmico devido ao
caminhar humano utilizado no cálculo numérico computacional para obtenção do
comportamento dinâmico do modelo estrutural investigado.
O capítulo seguinte é dedicado aos conceitos básicos de estatística utilizados
na implementação da análise dinâmica probabilística.
59
3 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO
3.1 Introdução
Os métodos analíticos determinísticos, revisados no capítulo 1 do presente
trabalho, para avaliação do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres
não levam em consideração a natureza estocástica do caminhar humano. Os valores
das acelerações de pico são obtidos no meio do vão da passarela adotando-se os
valores médios do peso, frequência e comprimento do passo dos pedestres.
Nos métodos determinísticos, as acelerações de pico obtidas são
comparadas com valores limites estabelecidos em normas e guias de projeto como
um único critério para determinação do conforto humano, desprezando-se a
probabilidade de ocorrência de tais valores de pico.
Por meio de análise probabilística do comportamento dinâmico de passarelas
de pedestres é possível determinar para um dado nível de confiança a probabilidade
de uma dada passarela experimentar valores de aceleração de pico acima dos
limites estabelecidos em normas e guias de projeto. Simulando-se inúmeros
cenários de carregamento, por meio da implementação do método de Monte Carlo,
pode-se obter um histograma dos valores das acelerações de pico e as respectivas
probabilidades de ocorrência destes valores.
3.2 Variável aleatória
Barbetta [72] define variável aleatória como sendo uma variável com um valor
único determinado aleatoriamente após a realização de um experimento. Portanto, a
aleatoriedade implica que os valores de uma dada variável só são conhecidos
depois do experimento ser realizado.
Na análise do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres os
parâmetros referentes ao peso, frequência e comprimento do passo do pedestre
representam variáveis aleatórias cujos valores só são conhecidos no momento que
um determinado pedestre inicia sua travessia.
60
3.3 Variável aleatória contínua e discreta
Uma variável aleatória discreta assume valores inteiros e finitos (Barbetta
[71]). Já uma variável aleatória contínua pode assumir infinitos valores num dado
intervalo de números reais e é medida numa escala contínua.
3.4 Distribuição de probabilidades
Além de atribuir valores a uma dada variável aleatória, podemos atribuir,
também, uma probabilidade de ocorrência para cada valor desta variável.
Conhecendo-se todos os valores de uma variável aleatória juntamente com suas
respectivas probabilidades, temos uma distribuição de probabilidades (Barbetta [71]).
A distribuição de probabilidades é a curva que associa a cada valor possível
de uma variável a respectiva probabilidade de ocorrência. No lançamento de um
dado, por exemplo, cada face tem a mesma probabilidade de ocorrência que é 1/6.
Como os valores das distribuições de probabilidades são probabilidades, e
como as variáveis aleatórias devem tomar um de seus valores, temos as duas
regras a seguir que se aplicam a qualquer distribuição de probabilidades (Barbetta
[71]):
1. A soma de todos os valores de uma distribuição de probabilidades deve ser
igual a 1, Equação 28.
Variável aleatória será discreta se o número de valores possíveis no seu contradomínio for finito ou enumerável
Variável aleatória será contínua se o número de valores possíveis no seu contradomínio for um intervalo ou conjunto de valores
VARIÁVEL ALEATÓRIA
DISCRETA CONTÍNUA
Os resultados possíveis estão contidos em conjunto finito ou enumerável
Os resultados possíveis abrangem um intervalo de número reais
61
∑P(x) = 1 (28)
Onde:
P(x): probabilidade de ocorrência de um valor x da variável.
2. A probabilidade de ocorrência de um evento deve ser maior do que zero e
menor do que 1, Equação 29.
0 <P (x) <1 para todo x (29)
Onde:
P(x): probabilidade de ocorrência de um valor x da variável.
Outra vez, no exemplo do lançamento de um dado, já que todas as faces têm
a mesma probabilidade de ocorrência 1/6 ao somá-las obtemos o valor 1, que
corresponde a primeira regra de uma distribuição de probabilidades. O valor 1/6 é
maior do que zero e menor do que 1, satisfazendo a segunda regra da distribuição
de probabilidades.
A distribuição de probabilidades pode ser representada por um histograma de
probabilidades. O histograma de probabilidades representa graficamente os dados
quantitativos, agrupados em classes de frequência que permite distinguir a forma, o
ponto central e a variação da distribuição, além de outros dados como amplitude e
simetria na distribuição dos dados (Barbetta [71]).
Como exemplo a Figura 14 demonstra um histograma relativo à soma dos
valores obtidos a partir do lançamento simultâneo de dois dados 200000 mil vezes.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fre
qu
ên
cia
Soma dos valores Figura 14 – Histograma
62
3.5 Função de probabilidade ou função de densidade de probabilidade (fdp)
Variáveis aleatórias, discretas ou contínuas, são quantificadas por uma
função de densidade de probabilidade (fdp). A fdp é a função que associa a cada
valor do espaço amostral de uma variável aleatória, a probabilidade de ocorrência de
tais valores (Barbetta [71]).
A Figura 15 representa a função densidade de probabilidade (fdp) da resposta
dinâmica de uma passarela de pedestre quando submetida ao carregamento
aleatório de um único pedestre. A aleatoriedade do carregamento deve-se ao fato de
pedestres possuírem peso, frequência e comprimento de passo distintos. Portanto,
cada indivíduo, apresenta um potencial dinâmico para excitar um dado sistema
estrutural. Como as respostas dinâmicas da estrutura variam em função das
características individuais de cada pedestre, o comportamento dinâmico é melhor
representado por sua respectiva função de probabilidade.
Observa-se que os valores próximos à parte central do gráfico (0,6 m/s²)
apresentam maior probabilidade de ocorrência. Por meio da função densidade de
probabilidade é possível determinar a probabilidade de ocorrência de um valor x de
uma variável aleatória.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Aceleração (m/s²) Figura 15 – Função densidade de probabilidade (fdp)
3.6 Função de distribuição acumulada (fda)
Além da função densidade de probabilidade, existe também outra forma de
representar uma distribuição de probabilidades de uma variável aleatória. A função
63
de distribuição acumulada da variável aleatória representa a probabilidade de uma
variável assumir um valor menor ou igual a x (Barbetta [71]). Na Figura 16
encontram-se graficamente representadas as funções densidade de probabilidade e
a função de distribuição acumulada da resposta dinâmica de uma passarela de
pedestres submetida ao carregamento de um único pedestre.
Observa-se na Figura 16 que a probabilidade da estrutura analisada
apresentar aceleração de pico igual ao menor 0,8 m/s² é de 96%. Ou seja, para esta
estrutura é esperado, considerando-se a aleatoriedade do peso, frequência e
comprimento do passo dos pedestres, que sua resposta dinâmica ultrapasse
somente em 4% dos casos o valor de 0,8 m/s². Logo, a curva de probabilidade
acumulada pode ser utilizada para se determinar o valor máximo de uma variável
aleatória para um dado grau de confiança.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Aceleração (m/s²)
fdp (x)
fda (x)
Figura 16 – Função de distribuição acumulada (fda)
3.7 Valor esperado de uma variável
Define-se valor esperado (ou esperança matemática ou média) de uma
variável aleatória como a média ponderada de longo prazo de x em relação à função
de densidade de probabilidade (fdp), conforme a Equação 30 (Barbetta [71]).
∑== )()()( xPxxxE µ (30)
Onde:
µ(x): média;
x: valor possível da variável aleatória;
P(x): probabilidade de ocorrência de um valor x.
64
3.8 Variância e desvio padrão de uma variável aleatória
Define-se variância de uma variável aleatória como a média dos desvios
quadráticos da variável em relação à sua própria média. Matematicamente, é
expressa pela Equação 31. O desvio padrão é definido como a raiz quadrada
positiva da variância segunda a Equação 32 (Barbetta [71]).
[ ] ²)(²2 µσ −−= ∑ xPx (31)
[ ]( ) 2/1²)(² µσ −−= ∑ xPx
(32)
Onde:
σ²: variância;
σ: desvio padrão;
µ(x): média, esperança ou valor esperado;
x: valor possível da variável aleatória;
P(x): probabilidade de ocorrência de um valor x.
3.9 Distribuição normal
A distribuição normal de probabilidades é considerada a mais importante no
ramo da estatística, visto que permite modelar uma infinidade de fenômenos
naturais, e, além disso, possibilita realizar aproximações para calcular probabilidades
de muitas variáveis aleatórias que têm outras distribuições (Barbetta [71]).
É também conhecida como distribuição de Gauss, Laplace ou Laplace-Gauss.
A distribuição Normal é caracterizada por uma função de densidade de
probabilidade cujo gráfico descreve uma curva em forma de sino, que evidencia
maior probabilidade de a variável aleatória assumir valores próximos aos valores
centrais. A curva característica de uma distribuição normal é dada pela Equação 33
(Barbetta [71]):
2
2
1
2
1)(
−
= σ
µ
πσ
x
exf (33)
Onde:
σ: desvio padrão;
µ: média;
65
f(x): distribuição normal de uma variável x.
Uma variável aleatória tem distribuição normal se sua função de densidade de
probabilidade tiver a forma de um sino, conforme a Figura 17, representativa da
resposta dinâmica de uma passarela de pedestres submetida ao carregamento de
um único pedestre, cujo peso, frequência e comprimento do passo são variáveis
aleatórias.
Observa-se que os valores centrais possuem maior probabilidade de
ocorrência quando comparados com os valores extremos. Por exemplo, 0,6 m/s² tem
a probabilidade de ocorrência igual a 33%, já o valor 0,8 m/s² possui probabilidade
de ocorrência de apenas 7,5%.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Aceleração (m/s²) Figura 17 – Curva característica de uma distribuição normal
As principais características da distribuição normal são:
1. Teoricamente, a curva prolonga-se de –∞ a +∞.
2. A área total sob a curva é igual a 1, conforme a Equação 34.
∫+∞
∞−
= 1)( dxxf (34)
Onde:
f(x): distribuição normal de uma variável x.
3. Conforme pode ser observado na Figura 18, a curva é simétrica em torno
de µ (média), o que faz com que média seja igual a mediana e a moda. A
mediana representa o valor de uma dada variável correspondente a 50%
66
de probabilidade de ocorrência, já a moda representa o valor da variável
com maior probabilidade de ocorrência.
Figura 18 – Simetria da distribuição normal [71]
4. A curva da distribuição normal, conforme a Figura 19, tem dois pontos de
inflexão, respectivamente em µ-σ e µ+σ. Cerca de 68% dos valores
recaem no intervalo de um desvio padrão de cada lado da média, 95%
recaem no intervalo média ± 2 desvios e 99,7% recaem no intervalo
média.
± 3 desvios.
Figura 19 – Pontos de inflexão da curva de distribuição normal [71]
Neste capítulo foram apresentados os fundamentos de estatística necessários
para implementação de método probabilístico para verificação do comportamento
dinâmico de passarelas de pedestres. No capítulo seguinte são abordados os
conceitos teóricos do método de Monte Carlo.
67
4 MÉTODO DE MONTE CARLO (MMC)
4.1 Introdução
Método de Monte Carlo (MMC) é um método estatístico, onde se atribuem,
segundo uma dada distribuição estatística, valores às variáveis de uma determinada
equação a fim de se obter estatisticamente sua solução numérica. Este método já
era conhecido há séculos, mas começou a ser utilizado efetivamente, somente nas
últimas décadas. O nome Monte Carlo foi denominado por Metropolis, inspirado no
interesse do pesquisador Ulam por poker durante o projeto Manhatan na segunda
guerra mundial, devido à similaridade da simulação estatística de jogos de azar e por
causa da capital de Mônaco conhecido como a capital mundial dos jogos de azar
(Flanagam [72]).
A base do método vem a ser o teorema da transformação integral. Ele permite
que, sendo conhecida a função de distribuição acumulada (fda) de uma variável
aleatória x, seja gerada uma amostra aleatória de tamanho n, representada por (x1,
x2, ..., x
n), com a utilização da Equação 35 (Flanagam [72]):
)(1
idai rfx−
= (35)
Onde:
fda: função de distribuição acumulada de uma variável;
ri: número aleatório entre 0 e 1.
O método da simulação de Monte Carlo é utilizado na solução de problemas
que envolvem variáveis aleatórias com funções de probabilidade conhecidas ou
assumidas. Sabe-se que, se f(x) representar a função densidade de probabilidade
da variável x, A função de distribuição acumulada é dada pela Equação 36
(Flanagam [72]).
∫∞
∞−
= dxxfxf dpda )()( (36)
Onde:
fda(x): função de distribuição acumulada da variável x;
fdp(x); função densidade de probabilidade da variável x.
68
Os principais componentes do Método de Monte Carlo são segundo
Rodrigues [72]:
a) Função densidade de probabilidade (fdp) ou função de distribuição
acumulada (fda);
b) Geradores de números aleatórios;
c) Regras de amostragem;
d) Estimativa de erro.
No ramo da engenharia civil, especificamente no campo da dinâmica
estrutural, as simulações estatísticas contrastam com métodos convencionais
determinísticos historicamente utilizados para avaliação do comportamento de
estruturas submetidas a ações de natureza randômica.
A resposta dinâmica de passarelas de pedestres submetidas à ação do
caminhar humano é função das variáveis aleatórias e independentes peso,
frequência e comprimento do passo do pedestre. Portanto, a partir o conhecimento
da função de densidade de probabilidade de tais variáveis aleatórias é possível
simular diferentes cenários para se obter a resposta dinâmica probabilística de uma
dada estrutura.
4.2 Geração de números aleatórios
Uma fase muito importante no cálculo de Monte Carlo é a seleção de
variáveis aleatórias a partir das funções de densidade de probabilidade (fdp) ou
funções de distribuição acumuladas (fda) apropriadas (Rodrigues [73]).
O procedimento para selecionar um conjunto de valores de x, envolve a
utilização de números aleatórios. Devem ser atribuídos valores que representem
fielmente a distribuição estatística da variável aleatória.
Em simulações computacionais utilizam-se geradores de números
pseudoaleatórios que são sub-rotinas para fornecer um número aleatório toda vez
que for necessário realizar uma amostragem (Flanagam [71]).
No presente trabalho, utilizou-se o programa computacional livre denominado
SIMULAR [74], com linguagem de programação Visual Basic da Microsoft, para
realizar as simulações baseadas no Método de Monte Carlo com intuito de obter a
69
resposta dinâmica da estrutura quando submetida ao carregamento aleatório de um
único pedestre.
O programa SIMULAR dispõe de inúmeras funções de distribuição estatística,
lognormal, poisson, normal, exponencial e etc. As variáveis aleatórias peso,
frequência e comprimento do passo do pedestre seguem uma distribuição normal
conforme detalhado mais adiante no capítulo 10 do presente trabalho.
4.3 Regras de Amostragem
Outro aspecto muito importante na simulação de Monte Carlo diz respeito ao
número de interações necessárias para se obter resultados com um determinado
grau de confiabilidade. Em geral, quanto maior o número de simulações, melhor a
curva de distribuição acumulada refletirá a gama de resultados possíveis. No
entanto, Flanagan [72] indica a utilização do teste do qui-quadrado para verificar se
a quantidade de simulações realizadas é suficiente.
Rodrigues [73] propõe uma alternativa mais simples para a avaliação do
número de interações, por meio da Equação 37.
σξ 2
)1( ppN
−≥ (37)
Onde:
N: número de interações
p: probabilidade a ser estimada pelo método de Monte Carlo;
ξ: erro máximo para estimativa de p;
σ: coeficiente de variação.
O valor de N deve ser considerado apenas como uma avaliação inicial do
número de simulações. A aplicação da Equação 37, simultaneamente com a
utilização do teste do qui-quadrado, fornecerá uma estratégia adequada para
verificar se o valor de N está correto ou não.
Ainda segundo Rodrigues [73] outra forma de se determinar o número de
interações é aplicar o processo de convergência. À medida que o processo de
simulação vai sendo executado, devem ser calculadas as médias dos resultados
70
obtidos. Quando a variação destas medidas cair, ou estabilizar-se dentro de uma
determinada faixa de valor, o processo poderá ser interrompido.
4.4 Simulação de Monte Carlo
Como visto o método de Monte Carlo pode ser utilizado para se determinar as
probabilidades de ocorrência dos valores de uma determinada variável aleatória. Por
exemplo, podem-se determinar as probabilidades dos resultados correspondentes
ao somatório dos valores de dois dados lançados simultaneamente. Na Tabela 7, a
primeira coluna representa o número do evento (ou interação), a segunda coluna o
número obtido a partir do lançamento do dado número um, a terceira coluna
representa o valor obtido do dado número dois e a quarta coluna o somatório dos
valores obtidos dos dois dados.
Tabela 7 – Simulação pelo método de Monte Carlo da soma de dois dados
Eventos Dado 1 Dado 2 Soma dos Valores 1 4 4 8 2 1 6 7 3 1 2 3 4 6 2 8 5 3 3 6 6 4 1 5 7 4 2 6 8 5 6 11 9 1 3 4
10 1 2 3
Este experimento pode, facilmente, ser implementado computacionalmente.
Os valores dos dados são obtidos a partir da geração números aleatórios. Por
exemplo, a função “=ALEATÓRIOENTRE(1;6)” do programa Excel da Microsoft,
gera aleatoriamente número inteiros entre 1 e 6 seguindo uma distribuição uniforme,
onde os todos os valores da distribuição possuem mesma probabilidade de
ocorrência.
Realizando-se a simulação acima para o número de eventos correspondente
a duzentos mil, a média dos somatórios dos valores dos dados é igual 7 e o desvio
padrão igual a 2,41. A Figura 20 demonstra o histograma, já na Figura 21
71
encontram-se a função densidade de probabilidade (fdp) e a função densidade
acumulada (fda) do somatório dos valores obtidos dos dois dados.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fre
qu
ên
cia
Soma dos valores
Figura 20 – Histograma soma dos valores de dois dados
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2 4 6 8 10 12
Pro
bab
ilid
ade
(%)
Soma dos Valores
fdp
fda
Figura 21 – Funções de probabilidade (fdp) e (fda)
Neste capítulo foram apresentados os conceitos básicos do Método de Monte
Carlo. O próximo capítulo descreve o modelo estrutural investigado na presente
dissertação.
72
5 DESCRIÇÃO DO MODELO ESTRUTURAL INVESTIGADO
5.1 Introdução
O presente capítulo apresenta informações relativas ao projeto estrutural da
passarela investigada. Serão apresentados os dados referentes à geometria da
estrutura, características geométricas dos perfis e características físicas dos
materiais utilizados. A estrutura em questão é uma passarela interna mista existente,
constituída por perfis em aço e lajes em concreto armado, suscetível a vibrações
provenientes da caminhada humana.
5.2 Modelo estrutural da passarela
O modelo estrutural investigado neste trabalho de pesquisa consiste em uma
passarela interna de pedestre mista (aço-concreto) com vão de 15 m, construída em
um hospital público na cidade do Rio de Janeiro, conforme ilustrado na Figura 22. Os
perfis metálicos ASTM A36 utilizados são do tipo “I” soldados. Para as vigas de aço
foi considerado um módulo de elasticidade igual a 205 GPa. A laje de concreto
possui espessura de 0,10 m, resistência característica a compressão de 25 MPa e
módulo de elasticidade igual a 28 GPa.
No modelo construído, a laje de concreto da passarela foi construída
apoiando-se sobre as transversinas, conforme apresentado nas Figuras 23 e 24. A
Tabela 8 ilustra as propriedades geométricas dos perfis das longarinas e
transversinas.
Tabela 8 – Características geométricas da passarela investigada (dimensões em mm)
Tipo de Perfil
Altura do
Perfil
(H)
Largura da
Mesa (bf)
Espessura
da Mesa
Superior (tf)
Espessura
da Mesa
Inferior (tf)
Espessura
da Alma
(tw)
Longarina - I 700 x 700 300 25,0 25,0 8,0 Transversina - I 330 x 330 200 9,5 9,5 6,3
Durante a fase de projeto foi discutida uma opção de apoiar a laje de concreto
sobre as longarinas mantendo-se as mesmas dimensões dos perfis de aço. Ao longo
desta investigação serão apresentados os resultados referentes ao modelo
73
efetivamente construído cuja laje de concreto da passarela encontra-se assentada
sobre as transversinas.
Figura 22 – Vista superior do modelo estrutural.
74
Figura 23 – Vista lateral da laje de concreto sobre as transversinas.
Figura 24 – Vista frontal da laje de concreto sobre as transversinas.
75
5.3 Modelagem do amortecimento estrutural
Amortecimento é o processo pelo qual a energia do movimento vibratório é
dissipada. Entretanto, a avaliação do amortecimento estrutural é uma tarefa
complexa que não pode ser determinada através da geometria da estrutura, das
dimensões dos elementos estruturais e do amortecimento dos materiais, segundo
Clough e Penzien [61].
Segundo Chopra [62], é impossível determinar a matriz de amortecimento de
um sistema estrutural através das propriedades de amortecimento de cada elemento
que compõe a estrutura da maneira como é determinada a matriz de rigidez, por
exemplo. Isto ocorre porque ao contrário do módulo de elasticidade, que é utilizado
na computação da rigidez, as propriedades de amortecimento dos materiais não são
bem estabelecidas.
Ainda que estas propriedades fossem conhecidas, de acordo com Chopra
[62], a matriz de amortecimento resultante não levaria em conta uma parte
significante da energia dissipada através do atrito nas ligações em estruturas
metálicas, abertura e fechamento de micro fissuras no concreto, atrito entre a
estrutura e outros elementos que estejam acoplados à mesma, tais como alvenaria,
divisórias, equipamentos mecânicos, proteção contra incêndio, etc. Algumas destas
fontes de dissipação de energia são extremamente difíceis de serem identificadas.
A avaliação física do amortecimento de uma estrutura só é considerada
corretamente medida se seus valores são obtidos através de ensaios experimentais.
Entretanto, a realização destes ensaios muitas das vezes demanda tempo e custo
que na maioria dos casos é muito elevado. Por esta razão, o amortecimento é
geralmente obtido em termos de taxas de contribuição, ou taxas de amortecimento
modal, Clough e Penzien [61].
Com este intuito, é habitual utilizar-se a matriz de amortecimento de Rayleigh,
que considera duas principais parcelas, uma relativa à taxa de contribuição da matriz
de massa (α) e outra à taxa de contribuição da matriz de rigidez (β), conforme pode
ser observado através da Equação 38. Define-se M a matriz de massa e K a matriz
de rigidez do sistema, Craig Jr. [63], Clough e Penzien [61] e Chopra [62].
KMC βα += (38)
76
A Equação 39 pode ser reescrita, em termos de taxa de amortecimento modal
e frequência natural circular (rad/s), como:
2
2
0i
0
ωβ
ω
αξ +=
i
i (39)
Onde:
ξi = Taxa de amortecimento do i-ésimo modo;
ω0i = Frequência natural circular referente ao i-ésimo modo.
Isolando α e β da Equação 39, para duas frequências naturais mais
importantes, obtêm-se as Equações 40 e 41.
0101011 - 2 ωωβωξα = (40)
( )
01010202
011022
-
- 2
ωωωω
ωξωξβ = (41)
A partir de duas frequências naturais mais importantes é possível descobrir os
valores de α e β. Em geral, a frequência natural ω01 é tomada como a menor
frequência natural, ou frequência fundamental da estrutura, e ω02 como a segunda
frequência mais importante no carregamento.
Na literatura, encontram-se diversos valores e dados sobre o amortecimento
estrutural. Muitas vezes, entretanto, estes valores aparecem com grande
variabilidade, o que dificulta sua utilização em projetos estruturais nos quais se
deseja atingir certo grau de sistematização. Além disso, face à grande variedade de
formas de se considerar o amortecimento estrutural nos programas de análise
numérica, as quais, caso sejam utilizadas de forma incorreta, fornecem resultados
que não correspondem a uma situação real.
O AISC [12] apresenta valores recomendados de amortecimento viscoso para
estruturas, conforme apresentado na Tabela 9.
Tabela 9 – Valores recomendados de taxas de amortecimento ξ [12]
Tipo de construção Amortecimento ξ
Escritórios, residências e igrejas 0,02 – 0,05
Shopping centers 0,02
Passarelas internas 0,01
Passarelas externas 0,01
77
Com base nestes dados foi utilizado um coeficiente de amortecimento de
1,0% (ξ = 1,0% ou 0,01) em todos os modos. Esta taxa leva em conta a existência
de poucos elementos que contribuem com o amortecimento da estrutura. A Tabela
10 apresenta os parâmetros α e β utilizados nas análises de vibração forçada, para a
modelagem do amortecimento da estrutura da passarela mista desenvolvida nesse
estudo.
Tabela 10 – Parâmetros α e β usados na análise de vibração forçada
f01
(Hz)
f02
(Hz)
ω01
(rad/s)
ω02
(rad/s) α β
4,10 11,08 25,76 69,62 0,376063955 0,00020969
Este capítulo descreve as características físicas do sistema estrutural
investigado. No capítulo seis, será apresentado o modelo numérico-computacional
adotado no presente estudo.
78
6 MODELO NUMÉRICO-COMPUTACIONAL
6.1 Introdução
No capítulo cinco foram apresentadas todas as propriedades referentes à
estrutura da passarela de pedestre investigada. No presente capítulo, as
propriedades físicas e geométricas apresentadas são utilizadas para desenvolver o
modelo numérico-computacional que representa o comportamento do sistema
estrutural estudado.
No modelo numérico desenvolvido são empregadas técnicas usuais de
discretização, via método dos elementos finitos, por meio do emprego do programa
ANSYS [52]. A estrutura da passarela de pedestres mista (aço-concreto) foi
elaborada através da utilização de elementos de casca e viga em um modelo com
número total de 5494 nós e 32970 graus de liberdade. O comprimento dos
elementos finitos que compõem a malha da estrutura é de aproximadamente 0,20m,
num total de 5854 elementos. As Figuras 25 e 26 apresentam o modelo estrutural
investigado, onde pode se observar que a laje de concreto encontra-se assentada
sobre as transversinas.
Figura 25 – Vista tridimensional do modelo em elementos finitos
79
Figura 26 – Vista inferior do modelo em elementos finitos
A Tabela 11 descreve as características gerais do modelo em elementos
finitos elaborado para a realização do presente estudo, onde constam os tipos de
elementos finitos utilizados bem como os números totais de nós, de graus de
liberdade e de elementos utilizados.
Tabela 11 – Dados gerais sobre o modelo estrutural
Dados Quantidade Número de graus de liberdade 32970
Número de nós 5495
Número de elementos Beam44
5854 550
Shell63 5304
Neste modelo, as longarinas e transversinas são simuladas por elementos
finitos tridimensionais BEAM44, onde são considerados os efeitos de flexão e de
torção. As Figuras 27 ilustra o elemento BEAM44 utilizado para modelar as
longarinas e transversinas.
Figura 27 – Elemento beam44 [52]
80
Para modelagem da laje de concreto do tabuleiro foram utilizados elementos
finitos de casca do tipo SHELL63, que possuem quatro nós e seis graus de liberdade
por nó. A Figura 28 ilustra o elemento finito de casca tipo SHELL63 utilizado para
modelar a laje de concreto da passarela investigada.
Figura 28 – Elemento shell63 [52]
Considera-se, ainda no modelo em elementos finitos, que o concreto trabalha
no regime linear-elástico e que em ambos os elementos finitos as seções
permanecem planas no estado deformado. São utilizadas, também, conexões
rígidas do tipo “off-set”, de forma a se garantir a compatibilidade de deformações
entre os nós dos elementos de casca e os nós dos elementos de viga
tridimensionais.
Os elementos de viga tridimensionais utilizados possuem capacidade de
absorver esforços axiais, transversais, bem como torção e flexão. Este tipo de
elemento possui seis graus de liberdade em cada nó: translação em relação aos
eixos x, y e z e rotação em torno dos eixos x, y e z.
No presente capítulo foi apresentada uma descrição completa do modelo
numérico-computacional desenvolvido para o modelo estrutural investigado,
apresentando suas características geométricas e físicas.
No capítulo seguinte, serão efetuadas análises de vibração livre do modelo
numérico-computacional apresentado no presente capítulo de forma a obter-se o
comportamento dinâmico da estrutura através da análise das frequências naturais
(autovalores) e dos respectivos modos de vibração (autovetores).
81
7 ANÁLISE DE AUTOVALORES E AUTOVETORES
7.1 Introdução
Neste capítulo são obtidos os autovalores (frequências naturais) e os
autovetores (modos de vibração), referentes ao modelo estrutural investigado no
presente trabalho. O problema de autovalor, associado a uma análise de vibração
livre, foi resolvido a partir do programa computacional ANSYS [52]. O objetivo
consiste em identificar as frequências naturais do modelo computacional e seus
respectivos modos de vibração.
7.2 Análise das frequências naturais (autovalores)
Com o objetivo de avaliar de forma mais geral o comportamento dinâmico da
estrutura, no que diz respeito ao conforto humano do pedestre, o comprimento da
passarela foi variado, abrangendo diversas relações entre a rigidez e a massa do
modelo, obtendo-se o valor da frequência fundamental para o modelo estrutural
investigado.
Na sequência do estudo foi feita uma comparação entre o valor da frequência
fundamental (f01), obtida analiticamente segundo método proposto por Murray, Allen
e Ungar [12] com aquele calculado por meio da modelagem computacional, via
método dos elementos finitos, com a utilização do programa ANSYS [52]. Deste
modo, a Tabela 12 apresenta as cinco primeiras frequências naturais da passarela
em função do comprimento do vão.
Dos resultados fornecidos pelas Tabelas 12, verifica-se que a comparação
entre as frequências f01 analítica e f01 numérica “Ansys” resulta em um erro
percentual máximo da ordem de 8%, demonstrando, portanto, a confiabilidade do
método analítico proposto por Murray, Allen e Ungar [12] para determinação da
frequência natural de passarelas de pedestres simplesmente apoiadas.
82
Tabela 12 – Autovalores em função do comprimento do vão
Vão
(m)
f01 (Hz)
(Murray et al
[12])
Frequências Naturais (Hz) (ANSYS [52])
f01 f02 f03 f04 f05
Erro
(%)
5 29,11 30,65 54,05 59,96 69,84 83,16 5,3%
6 22,20 23,16 39,74 48,35 61,84 74,32 4,3%
7 17,27 17,66 30,38 39,98 53,79 68,81 2,3%
8 13,48 14,00 24,80 41,88 52,37 60,29 3,8%
9 10,90 11,12 20,72 35,48 45,88 55,33 2,0%
10 8,98 9,18 17,77 30,32 40,79 50,92 2,2%
11 7,61 7,62 15,77 26,96 44,95 46,07 0,1%
12 6,44 6,13 14,04 23,30 39,83 40,22 4,8%
13 5,51 5,50 12,67 12,67 20,28 34,91 0,2%
14 4,77 4,76 11,56 17,79 30,96 32,62 0,2%
15 4,12 4,10 11,08 15,86 28,53 31,76 0,4%
16 3,64 3,63 10,05 14,06 25,79 28,44 0,3%
17 3,23 3,22 9,38 12,54 23,56 25,68 0,3%
18 2,89 2,86 8,79 11,24 21,64 23,30 1,0%
19 2,60 2,59 8,28 10,14 19,99 21,26 0,3%
20 2,35 2,34 7,83 9,19 18,61 19,41 0,3%
O modelo investigado tem comprimento de vão igual a 15m. A Tabela 13
apresenta os valores das seis primeiras frequências naturais da estrutura. Pode-se
observar uma predominância dos efeitos de flexão e de torção da estrutura da
passarela.
O primeiro modo de vibração, de interesse particular na análise do
comportamento dinâmico da estrutura, refere-se à flexão na direção transversal
vertical. Os demais autovetores apresentados na Tabela 13 são referentes aos
modos de vibração lateral, flexão vertical, longitudinal, lateral com torção e flexão da
estrutura respectivamente.
As frequências naturais são de extrema importância para este estudo, uma
vez que se objetiva analisar a questão do conforto humano e da resposta da
estrutura quando aplicamos o carregamento dinâmico devido à caminhada de
pedestres.
83
Tabela 13 – Autovalores do modelo estrutural investigado
Frequências
Naturais
(Hz)
Modos de Vibração
f01 4,10 Modo 1 Flexão vertical do tabuleiro
f02 11,08 Modo 2 Lateral
f03 15,86 Modo 3 Flexão vertical do tabuleiro
f04 28,53 Modo 4 Longitudinal
f05 31,76 Modo 5 Flexão vertical do tabuleiro
f06 42,29 Modo 6 Lateral com torção
7.3 Análise dos modos de vibração (Autovetores)
Nas Figuras 29 a 34 são apresentadas os seis primeiros modos de vibração
da estrutura modelo investigado. O primeiro modo de vibração apresentado na
Figura 29 é referente à flexão vertical (f01=4,10 Hz). O segundo modo, conforme
Figura 30, corresponde ao modo de vibração lateral da estrutura (f02=11,08 Hz). Já o
terceiro modo de vibração da estrutura, Figura 31, corresponde à flexão transversal
(f03=15,86 Hz). A Figura 32 apresenta o quatro modo de vibração longitudinal
(f04=25,83 Hz). O quinto modo de vibração, Figura 33, corresponde à flexão vertical
da estrutura (f05=31,76 Hz). O último modo de vibração apresentado, na Figura 34,
corresponde à vibração lateral com torção da estrutura. Observa-se das Figuras 29 a
34 uma predominância dos efeitos de flexão na direção transversal vertical.
Figura 29 – 1º Modo de vibração f01=4,10 Hz Figura 30 – 2º Modo de vibração f02=11,08 Hz
84
Figura 31 – 3º Modo de vibração f03=15,86 Hz Figura 32 – 4º Modo de vibração f04=25,83 Hz
Figura 33 – 5º Modo de vibração f05=31,76 Hz Figura 34 – 6º Modo de vibração f06=42,29 Hz
Os modos de vibração dos demais modelos apresentam o mesmo
comportamento do modelo construído.
No presente capítulo foram apresentados os resultados das análises de
vibração livre do modelo computacional desenvolvido. Estes resultados permitiram
conhecer o seu comportamento quando submetida à ação de carregamentos
dinâmicos.
No capítulo oito será apresentada a solução analítica determinística para
determinação da aceleração de passarelas de pedestres bem como a solução
analítica proposta por Zivanovic [34] para avaliação do comportamento de
passarelas simplesmente apoiadas. Estes métodos reduzem o modelo estrutural
com infinitos graus de liberdade para um sistema com um único grau de liberdade
(S1GL).
85
8 ANÁLISE DINÂMICA DETERMINÍSTICA DE PASSARELAS SUBMETIDAS AO
CAMINHAR DE UM PEDESTRE
8.1 Solução analítica
As soluções analíticas revisadas no presente capítulo reduzem as passarelas
de pedestres que possuem infinitos graus de liberdades para um sistema
equivalente com um único grau de liberdade (S1GL). Sabe-se que a equação que
representa o comportamento dinâmico de um determinado modo de vibração i de um
sistema com um grau de liberdade é dado pela Equação 42 [49].
i
i
iiim
tFtutvta
)()()(2)(
2 φωωξ =++ (42)
Onde:
a(t) : aceleração de pico (m/s²);
v(t): velocidade (m/s);
u(t): deslocamento (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal;
t: tempo;
mi: massa modal do harmônico i;
ωi: frequência angular da carga de excitação para o harmônico i;
ϕ: função do modo de vibração i;
F(t): Força harmônica.
Sendo F(t) uma função harmônica F(t) = F0 cos(ωit) em ressonância com a
estrutura, o deslocamento e a aceleração de pico para o estado permanente podem
ser obtidos pelas Equações 43 e 44 respectivamente [49].
)cos(2
1)( 0
2t
m
Ftu i
i
i
ii
ωφ
ωξ= (43)
)cos(2
1)( 0 t
m
Fta i
i
i
i
ωφ
ξ=
(44)
a(t): aceleração de pico (m/s²);
v(t): velocidade (m/s);
86
u(t): deslocamento (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal;
t: tempo;
mi: massa modal do harmônico i;
ωi: frequência angular da carga de excitação para o harmônico i;
ϕi: função do modo de vibração i;
F(t): Força harmônica.
Existem duas formas de se calcular a resposta dinâmica determinística de
passarelas de pedestres. Na primeira opção, a frequência da carga de excitação
escolhida é igual a frequência natural do sistema, de modo que a estrutura esteja em
ressonância com algum harmônico do caminhar humano. Nesta opção a resposta
dinâmica da estrutura, ao menos do ponto de vista estatístico, é superestimada por
não considerar a distribuição normal da frequência do passo dos pedestres. Ou seja,
nem todos os pedestres caminham com frequência de passo em ressonância com a
estrutura.
Na segunda opção, a frequência da carga de excitação corresponde ao valor
médio da frequência do passo (2 Hz), neste caso a estrutura pode ou não se
encontrar em ressonância com a carga de excitação. O deslocamento e a
aceleração, neste caso, podem ser obtidos pelas Equações 45 a 49. Neste caso a
resposta dinâmica da estrutura pode ser superestimada ou subestimada. Caso a
estrutura encontre-se em ressonância com o valor médio da frequência do passo, o
valor da resposta dinâmica, do ponto de vista estatístico, é superestimada. Quando a
estrutura não se encontra em ressonância com a carga de excitação (valor médio da
frequência do passo 2 Hz), a resposta dinâmica é subestimada.
)cos(²²²4²)²1(
1)( 0 t
m
Ftu i
ii
i
i
ωω
φ
βξβ +−= (45)
)cos(²²4²)²1(
1)( 0 t
m
Fta i
i
i
i
ωφ
βξβ +−=
(46)
1²²4²)²1(
1≠
+−= β
βξβparaFAD
i (47)
87
12
1== β
ξparaFAD
i (48)
nf
f=β
(49)
Onde:
a(t): aceleração de pico (m/s²);
v(t): velocidade (m/s);
u(t): deslocamento (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal;
t: tempo;
mi: massa modal do harmônico i;
ω: frequência angular da carga de excitação para o harmônico i;
ϕ: função do modo de vibração i;
F(t): Força harmônica.
f: frequência da carga de excitação;
fn: frequência fundamental da estrutura;
FAD: fator de amplificação dinâmico;
Segundo Clough [61] a amplitude da resposta dinâmica de um sistema com
um grau de liberdade submetido a uma carga senoidal ressonante varia até atingir o
estado permanente, sendo uma função da duração do carregamento e do
coeficiente de amortecimento estrutural.
A variação da amplitude até atingir o estado permanente de um sistema
massa mola com um grau de liberdade (S1GL) em ressonância com a carga de
excitação é dado pela Equação 50. O deslocamento do sistema (S1GL) é dado pela
Equação 51.
( )ppp vLfhe
stu
tu /21
)(
)( ξπ−−=
(50)
( )12
1)(
2−=
− tf petuπξ
ξ (51)
Onde:
u(t): deslocamento (m);
88
u(st): resposta máxima no estado permanente (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal (%);
t: tempo (s);
fp: frequência da carga de excitação (Hz);
vp: velocidade do passo (m/s);
lp: comprimento do vão (m);
h: harmônico do caminhar (h=1, 2, 3, 4 ...).
As Figuras 35 a 40 representam a relação entre o deslocamento u(t) de um
sistema massa mola com um grau de liberdade (S1GL), em ressonância com a
carga de excitação senoidal, ao longo do tempo e o deslocamento máximo no
estado permanente u(st) para os coeficientes de amortecimento estrutural 0,5%, 1%,
1,5%, 2%, 5% e 10% respectivamente. A relação entre a resposta dinâmica u(t) /
u(st) varia de 0 a 1. Quando esta relação assume o valor unitário significa que o
sistema (S1GL) atingiu a resposta máxima no estado permanente.
Conforme Chopra [62], a amplitude e o tempo necessário para que a resposta
dinâmica de um sistema estrutural, em ressonância com a carga de excitação
senoidal, atinja o estado permanente são fortemente influenciados pelo coeficiente
de amortecimento estrutural.
Quanto menor o coeficiente de amortecimento estrutural maior será o tempo
necessário para que sistema com um grau de liberdade (S1GL) atinja a resposta no
estado permanente.
Observa-se na Figura 35 que somente após 47,5 segundos, o sistema com
um grau de liberdade (S1GL) com coeficiente de amortecimento estrutural igual a
0,5% atingiu 95% da resposta dinâmica no estado permanente. Com o aumento do
coeficiente estrutural, reduz-se o tempo necessário para que o S1GL atinja a
resposta máxima (estado permanente), como pode ser observado nas Figuras 36 a
40. Para o os coeficientes de amortecimento 1%, 1,5%, 2%, 5%, 10%, 95% das
respostas dinâmicas máximas são atingidas após 23,75 s, 16 s, 12,25 s, 4,75 s e 2,5
s.
89
Figura 35 – Deslocamento do sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 0,5%).
Figura 36 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 1%).
90
Figura 37 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 1,5%).
Figura 38 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 2%).
91
Figura 39 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 5%).
Figura 40 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL) (ξ 10%).
A Figura 41 demonstra de forma consolidada o percentual da resposta
dinâmica no estado permanente de um sistema (S1GL) atingida em função do
coeficiente de amortecimento. Sendo demonstrado, outra vez, que quanto maior o
coeficiente estrutural mais rapidamente o sistema atingirá a resposta dinâmica no
estado permanente.
92
Figura 41 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL)
A Figura 42 apresenta a variação da relação das amplitudes das respostas
dinâmicas u(t) e u(st) em função do comprimento do vão de passarelas de pedestres
(aceleração em m/s²) e dos coeficientes de amortecimento estruturais 0,5%, 1%,
1,5% e 2%. A variação da amplitude da resposta dinâmica ao longo do vão de
passarelas representa aspecto relevante para avaliação do comportamento dinâmico
destas estruturas, visto que em função da intensidade de fluxo de pedestres aos
quais estão submetidas, passarelas de pedestres podem não atingir a resposta
dinâmica máxima no estado permanente.
Figura 42 – Resposta dinâmica de sistema com um grau de liberdade (S1GL)
93
No método proposto por Murray, Allen e Ungar [12] no guia de projeto AISC
para avaliação da resposta dinâmica de pisos e passarelas revisado no capitulo 1 do
presente trabalho, o fator redutor R da Equação 14 leva em consideração que a
ressonância não é alcançada devido ao caminhar humano e que o pedestre
caminhando e a pessoa perturbada não se encontram no local de maior
deslocamento modal. Este fator redutor R sugerido não varia em função do
comprimento do vão da passarela, ou seja, não é função do tempo de atuação do
carregamento sobre a estrutura,
Já no método proposto por Rainer, Pernica e Allen [9] os fatores de
amplificação dinâmicos sugeridos, segundo a Figura 8, são funções dos coeficientes
de amortecimentos estruturais e o número de ciclos por vão, assim, neste método de
avaliação de resposta dinâmica da estrutura é considerado o tempo de atuação do
carregamento senoidal.
8.2 Método proposto por Zivanovic, Pavic e Reynolds [35]
Zivanovic, Pavic e Reynolds [35] propuseram método analítico probabilístico
para cálculo da aceleração de pico de passarelas a partir da equação dinâmica para
o modo de vibração i dado pela Equação 42. Considerando que a função do primeiro
modo de vibração é representada por uma meia senóide sen (πνpt/L) a equação que
governa o movimento do primeiro modo de vibração é dada pela Equação 52.
)()2(1
)()(2)( 2t
L
vsentfsenP
mtutvta
p
p
ππαωωξ =++ (52)
ppp lfv =
(53)
Onde:
a(t): aceleração de pico (m/s²);
v(t): velocidade (m/s);
u(t): deslocamento (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal;
t: tempo (s);
m: massa modal (Kg);
fp: frequência da carga de excitação (Hz);
94
vp: velocidade do passo (m/s);
lp: comprimento do passo (m)
F(t): Força harmônica (N).
A solução analítica da aceleração dada pela Equação 52 pode ser
transformada por meio das propriedades trigonométricas das funções seno e
cosseno, conforme a Equação 54.
+−
−=++ t
L
vt
L
v
m
Atutvta
pp πω
πωωωξ coscos)()(2)( 2 (54)
)()()( 21 tatata +=
(55)
( )
( ) ( )
( ) ( )
[ ])()(cos
)()(
cos
)cos()(
cos2
_)()(
)()(
cos)(
22
22
0
22
0
2222
2
0
22
0
22
0
22
0
22
0
22
0
22
022
1
tsentf
tdsenf
tdsentdf
e
tdf
tdf
tdsenf
e
tdsenf
tdsenf
tdf
eta
ddndt
ndt
n
dd
nt
n
n
n
n
αγααβαγβ
ωγβ
ωαγω
γβ
ωωξω
γβ
βω
ωγβ
αγω
γβ
βωξω
γβ
βωξω
ωγβω
αγω
γβω
βξωω
γβ
βωξ
ξω
ξω
ξω
++
−
−
++
++
++
+
+−
+−
+−
+−
+−
+−=
−
−
−
(56)
m
Af
20 =
(57)
PA α=
(58)
21 ξωω −= nd
(59)
L
v pπωα −=
(60)
22 αωβ −= n
(61)
αξωγ n2=
(62)
Onde:
95
a(t): aceleração da passarela de pedestres (m/s²);
v(t): velocidade (m/s);
u(t): deslocamento (m);
ξ: coeficiente de amortecimento modal;
t: tempo (s);
m: massa modal (Kg);
ω: frequência angular da carga de excitação (rad/s);
ωn: frequência natural angular da estrutura (rad/s);
P: peso do pedestre (N);
α: coeficiente dinâmico da carga de excitação;
vp: velocidade do passo (m/s);
L: comprimento da passarela (m)
A solução para a2(t) apresenta a mesma formulação matemática para a1(t)
dada na Equação 56, sendo que neste casos os valores de f0 e α são dados pela
Equação 63.
L
ve
m
Af
pπωα +=
−=
20
(63)
A Equação 56 representa a solução analítica completa para passarelas de
pedestres reduzidas a um sistema (S1GL), sendo o primeiro modo de vibração na
direção transversal representado por uma meia senóide.
96
9 ANÁLISE DE VIBRAÇÕES NÃO DETERMINÍSTICAS
9.1 Aspectos gerais
O estudo de vibrações aleatórias está relacionado ao estudo de processos
randômicos ou estocásticos em que os fenômenos envolvidos são do âmbito da
mecânica mais especificamente da dinâmica estrutural.
O conceito matemático dos processos estocásticos tem sido utilizado para
descrever alguns fenômenos físicos. Na engenharia civil é necessário analisar os
fenômenos que causam vibrações em construções, seja por questões de segurança
estrutural, ou de desconforto causado aos usuários dessas estruturas. Entre as
ações que provocam vibrações em estruturas, pode-se citar a ação sísmica, o vento,
as explosões, o funcionamento de máquinas, o tráfego rodoviário e ferroviário e de
particular interesse no presente trabalho a atividade humana.
9.2 Processos determinísticos e estocásticos
Segundo Azevedo [68] o conceito de processo determinístico é oposto ao do
processo estocástico. Ao se medir as vibrações de uma dada estrutura, caso os
registros obtidos sejam idênticos, pode-se afirmar que o processo é determinístico,
portanto, não estocástico, tendo em vista que as características de uma próxima
medição desse processo são conhecidas.
No entanto, se as medições realizadas de um processo diferirem entre si,
então o processo é definido como estocástico ou de natureza aleatória. As
diferenças encontradas de registro para registro são atribuídas às variabilidades
naturais do fenômeno estudado e não podem ser controladas pelo observador.
Por exemplo, pode-se considerar como processo estocástico a sequência de
registros sísmicos. Neste caso, todos os registros serão diferentes, não existindo,
exceto de um ponto de vista estatístico, qualquer tipo de previsibilidade relativo às
características de um dado evento.
Um outro exemplo de processo estocástico, são as vibrações medidas numa
máquina funcionado com alguma irregularidade causando vibrações aleatórias e
irregulares ao longo do tempo.
97
Azevedo [68] destaca que os processos estocásticos estão intimamente
associados à noção de imprevisibilidade, para os quais os resultados
(previsibilidade) só podem ser avaliados do ponto puramente estatístico. Estes
processos são descritos por meio da sua probabilidade de ocorrência.
Pode-se arguir que não existem, fisicamente, fenômenos puramente
determinísticos, visto que sempre existe algum grau de imprevisibilidade por menor
que seja nas medições de fenômenos físicos. Em alguns casos é suficiente admitir
que fenômenos possuem caráter determinístico.
Grande parte dos fenômenos estudados na engenharia civil e
especificamente no ramo da engenharia estrutural são considerados determinísticos.
9.3 Classificação de processos determinísticos e estocásticos
Azevedo [68] alerta que os valores de uma função com variação temporal que
representam um dado fenômeno físico, podem ser classificados como
determinísticos ou estocásticos. Um conjunto de valores determinístico, que pode
ser descrito por meio de uma formulação matemática, pode ser classificado, de
acordo com as suas características, em periódico ou não periódico casos os
respectivos valores se repitam ou não durante um período de tempo.
Os fenômenos periódicos podem ser classificados em senoidais e não
senoidais. Os fenômenos senoidais são aqueles que podem ser descritos através de
funções de tipo seno ou cosseno. Os periódicos não senoidais são aqueles que
podem ser descritos através de outras funções periódicas que não as senoidais
Um exemplo de fenômeno periódico senoidal é a vibração induzida por uma
máquina rotativa funcionando no estado permanente. Já como exemplo de um
fenômeno periódico não senoidal pode-se citar a vibração induzida por um martelo
pneumático em que as pancadas possuem a mesma amplitude e se encontram
igualmente espaçadas.
Azevedo [68] diferencia dentre os fenômenos não periódicos os quase
periódicos dos transitórios. Os fenômenos quase periódicos são aqueles em que não
existindo uma periodicidade formal, podem ser analisados considerando a existência
de um período. Os transitórios são aqueles em que não é possível observar
nenhuma repetição de valores após um dado período de tempo. Destaca-se que um
conjunto de valores que não possa ser descrito através de uma formulação
98
matemática explícita é considerado como representativo de um processo estocástico
e tem a propriedade de ser um conjunto único.
Conforme Azevedo [68], uma série de registros medidos ao longo do tempo
representa um processo estocástico quando puder ser descrito por meio de
propriedades estatísticas apropriadas. As propriedades estatísticas de um processo
estocástico são obtidas, de uma forma geral, por meio das médias de todos os
registros. Existem inúmeras classificações de processos estocásticos em função das
características das propriedades estatísticas.
Azevedo [68] classifica os processos estocásticos em estacionários ou não
estacionários. Os processos estacionários são aqueles em que as propriedades
estatísticas (média, desvio padrão e etc.) não variam com o tempo. Já nos
processos não estacionários as suas propriedades estatísticas variam com o tempo.
Como exemplo de um processo estacionário pode-se citar a variação da
frequência do caminhar de um dado pedestre em torno de um valor médio
representativo da sua frequência preferencial de passo, Figura 43. Neste fenômeno
físico tanto a média como a variância da frequência do passo podem ser
consideradas constantes, representado, portanto, um processo estocástico
estacionário.
Figura 43 – Processo randômico estacionário
Exemplos típicos de processos não estacionários são os registros sísmicos.
Na Figura 44 pode-se observar as medições sísmicas registradas em um
acelerograma típico. A não estacionariedade é patente, visto que as propriedades
99
estatísticas variam com o tempo. Azevedo [68] destaca que embora o valor médio do
sinal seja constante, já a envolvente, que está relacionada com os valores máximos
e com a variância do sinal, assume diferentes valores em função do instante em que
é determinada.
Figura 44 – Processo estocástico não estacionário [68]
9.4 Fator de qualidade e largura de banda.
Clough [61] demonstra que para valores relativamente pequenos de
coeficiente de amortecimento estrutural, a amplitude da resposta dinâmica da
estrutura na ressonância é obtida multiplicando-se a resposta estática pelo fator de
amplificação dinâmica, neste caso, denominado de fator de qualidade (Q), segundo
a Equação 48.
Na Figura 45 os pontos R1 e R2 correspondem às relações de frequência para
as quais a razão das amplitudes é igual ao fator qualidade (Q) dividido pela raiz
quadrada de dois. Estes pontos são chamados de pontos de meia potência, pois a
energia vibratória é proporcional ao quadrado da amplitude no movimento
harmônico.
A diferença entre as frequências correspondentes a estes dois pontos, R2 e
R1, define o que se chama de largura de banda. Os pontos R2 e R1 são obtidos pelas
Equações 64 e 65.
2
12
1 21
=−=
n
Rω
ωξ
(64)
100
2
22
2 21
=+=
n
Rω
ωξ
(65)
Figura 45 – Fator de qualidade (Q) [61]
A Tabela 14 demonstra os valores referentes aos fatores de qualidade para
os coeficientes de amortecimento estrutural 0,5%, 1%, 1,5% e 2% e os respectivos
pontos de meia potência (R1 e R2). Observa-se, da Tabela 14, que quanto menor o
coeficiente de amortecimento estrutural, mais próximos os pontos de meia potência
(R1 e R2) estarão dos valores correspondentes à ressonância (ω/ωn=1). Verifica-se
ainda que pequenas variações na relação entre a frequência da carga de excitação
(ω) e a frequência natural da estrutura (ωn) implicam em redução significativa da
resposta dinâmica do sistema estrutural.
Tabela 14 – Fator de qualidade (Q) e pontos de meia potência
Largura de Banda ξ - 0,5% ξ - 1% ξ - 1,5% ξ - 2% Fator de qualidade (Q) 100 50 33,33 25 R1 0,99 0,98 0,97 0,96 R2 1,01 1,02 1,03 1,04
2/Q 70,71 35,36 23,57 17,68
Segundo Clough [61] a resposta dinâmica de um sistema estrutural depende
da relação entre a carga de excitação e de sua frequência natural. A resposta
ressonância
101
dinâmica máxima da estrutura é atingida na ressonância e com ângulo de fase
correspondente a 90º. As Figuras 46 e 47 apresentam os valores correspondentes
aos fatores de amplificação dinâmico e respectivos ângulos de fase em função do
coeficiente de amortecimento estrutural.
Figura 46 – Fator de amplificação dinâmico [61]
Figura 47 – Ângulo de fase para resposta dinâmica máxima [61]
102
10 ESTUDO E SELEÇÃO DOS PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA A ANÁLISE
DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA)
10.1 Aspectos gerais
O método probabilístico, para avaliação da resposta dinâmica de passarelas
submetidas ao carregamento de um único pedestre, proposto no presente trabalho
adota a solução analítica dada pelas Equações 52 e 63, considerando-se, portanto,
que passarelas simplesmente apoiadas podem ser reduzidas a um sistema com um
único grau de liberdade (S1GL). A Figura 48 ilustra a caminhada de um pedestre ao
longo do vão de uma passarela e o nó central (meio do vão) para o qual os valores
da resposta dinâmica da estrutura são obtidos.
Figura 48 – Modelo de carregamento representativo do caminhar de um pedestre sobre
passarela de pedestre
No método probabilístico, assume-se que as variáveis aleatórias e
independentes, frequência do passo (fp), intravariabilidade do passo (Intra) e
comprimento do passo do pedestre (lp) seguem uma distribuição normal.
Hausdorff, Zemany, Peng e Goldberger [48] demonstraram que a frequência
do passo do pedestre não é constante durante a caminhada. A variação da
frequência do passo de um dado pedestre ao longo do tempo caracteriza a
intravariabilidade do passo. Já a variação da frequência do passo entre pedestres é
denominada intervariabilidade.
No método probabilístico proposto no presente trabalho, foram consideradas
tanto a intervariabilidade quanto a intravariabilidade do passo do pedestre.
A Tabela 15 apresenta os valores médios e respectivos desvios padrões das
variáveis aleatórias independentes utilizadas na simulação de Monte Carlo para
obtenção da resposta dinâmica de passarelas de pedestres.
Nó Central
103
Tabela 15 – Parâmetros estatísticos do caminhar humano
Variável Unidade Média (µ) Desvio Padrão (σ) Referências
fp Hz 2,00 0,2 Bachmann [12]
lp m 0,71 0,071 Zivanovic [15]
Intra Hz - 1,3+0,1% de µ Hausdorff [48]
Segundo Zivanovic, Pavic e Reynolds [35] existe uma interdependência entre
o coeficiente dinâmico dos respectivos harmônicos do caminhar humano e peso do
pedestre. Entretanto, não existe uma quantificação precisa desta dependência.
Desta maneira, no modelo probabilístico foi adotado o peso médio do pedestre de
735 N, desprezando-se, portanto, a aleatoriedade do peso.
As Figuras 49 a 52 apresentam as funções densidade de probabilidade (fdp) e
funções de distribuição acumulada (fda) das variáveis aleatórias independentes
frequência e comprimento do passo respectivamente. Observa-se que as funções de
probabilidade (fdp) apresentam o formato de sino característico de uma distribuição
normal.
0,0%
0,5%
1,0%
1,5%
2,0%
2,5%
1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Frequência do Passo (Hz)
Figura 49 – Função densidade de probabilidade da frequência do passo dos pedestres
104
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Frequência do Passo (Hz) Figura 50 – Função distribuição acumulada da frequência do passo dos pedestres
0,0%
1,0%
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 0,90 0,95
Pro
ba
bil
ida
de
(%
)
Comprimento do Passo (m) Figura 51 – Função densidade de probabilidade do comprimento do passo dos pedestres
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Pro
ba
bili
da
de
(%
)
Comprimento do Passo (Hz) Figura 52 – Função distribuição acumulada do comprimento do passo dos pedestres
105
10.2 Frequência e intravariabilidade do passo (Hz)
No ramo da dinâmica estrutural, a ressonância é o fenômeno físico que
acarreta no aumento significativo da resposta dinâmica de sistemas estruturais. A
ressonância ocorre quando os valores da frequência da carga de excitação e a
frequência natural da estrutura são iguais. A resposta dinâmica de passarelas é um
processo de banda estreita visto que na maioria dos casos o coeficiente de
amortecimento destas estruturas é pequeno. Conforme visto no capítulo 9, este
processo é considerado de banda estreita porque pequenas variações da relação
entre a carga de excitação e a frequência natural da estrutura reduz, fora do valor
ressonante (f/fn=1) provocam reduções significativas na amplitude de resposta
destas estruturas.
A Figura 53 apresenta três modelos de carregamento determinísticos
comumente utilizados na avaliação da resposta dinâmica no meio do vão de
passarelas de pedestres, força dinâmica máxima, força dinâmica determinística com
variação temporal e força dinâmica determinística com variação temporal espacial. A
força dinâmica determinística máxima representa o valor máximo da carga de
excitação dinâmica relativa ao primeiro harmônico do caminhar humano. A força
dinâmica determinística com variação temporal leva em consideração a variação
temporal do carregamento. Já a força dinâmica determinística com variação
temporal e espacial considera tanto a variação temporal como a variação espacial do
carregamento ao longo do deslocamento do pedestre.
Estas forças são consideradas determinísticas por terem sido obtidas a partir
dos valores médios das variáveis peso, frequência e comprimento do passo do
pedestre (peso igual a 735 N, frequência do passo igual a 2 Hz e comprimento do
passo igual a 0,75 m). Estas forças foram calculadas para uma passarela com
comprimento igual 15 m, sendo o tempo de travessia igual a 10 s.
Observa-se na Figura 53 que a força dinâmica determinística com variação
temporal é uma função puramente senoidal, apresentando valores de pico
constantes ao longo do tempo e iguais ao valor da força dinâmica determinística
máxima. Já a força dinâmica determinística com variação temporal e espacial
apresenta valores de pico crescentes ao longo do tempo até chegar ao valor
máximo, tempo igual a 5 s (meio do vão), e após atingir o valor máximo os valores
de pico decrescem até o tempo final de travessia do pedestre. Nestes modelos de
106
carregamento não reside qualquer imprevisibilidade, pois, adotando-se os valores
médios do peso, frequência e comprimento do passo dos pedestres, os respectivos
valores da força dinâmica gerada pelo caminhar podem ser determinados
matematicamente, caracterizando, portanto, um processo determinístico.
Figura 53 – Forças dinâmicas determinísticas do caminhar humano (P=735 N e fp= 2 Hz)
A Figura 54 demonstra as força dinâmica máxima, força dinâmica aleatória
com variação temporal e força dinâmica aleatória com variação temporal e espacial.
As forças são consideradas aleatórias por terem sido calculadas adotando-se os
valores médios do peso, frequência e comprimento do passo dos pedestres, porém,
considerando-se a intravariabilidade do passo. Assim, estas forças aleatórias
apresentam comportamento imprevisível, matematicamente, ao longo do tempo.
Da Figura 54 é possível observar que os valores de pico da força dinâmica
aleatória com variação temporal variam ao longo do tempo sendo por vezes
superiores outrora inferiores ao valor de pico da força dinâmica determinística
máxima.
A força dinâmica aleatória com variação temporal e espacial, também,
apresenta comportamento imprevisível, sendo que o seu valor de pico, para o
exemplo apresentado, também ultrapassou o valor característico da força dinâmica
determinística máxima.
107
Figura 54 – Forças dinâmicas aleatórias do caminhar humano (P=735 N e fp= 2 Hz)
Ilustrativamente, a Figura 55 apresenta as respostas dinâmicas de uma
passarela com massa total de 20000 Kg, comprimento igual a 15 m, frequência
natural de 2 Hz e coeficiente de amortecimento estrutural de 1%, sob a excitação de
carregamentos determinísticos e aleatórios. Os modelos de carregamentos
determinísticos são obtidos para um pedestre referencial (peso igual 735 N,
frequência do passo de 2 Hz e comprimento do passo 0,75 m).
Na Figura 55 a aceleração de pico devido à força determinística representa a
resposta dinâmica máxima da estrutura considerando o carregamento como sendo
determinístico obtido a partir dos valores médios dos parâmetros característicos do
pedestre. A aceleração devido à força determinística com variação temporal leva em
consideração a variação da força dinâmica ao longo do tempo, já a aceleração
calculada para força dinâmica determinística com variação temporal e espacial
considera além da variação no tempo a variação espacial do carregamento durante
o deslocamento do pedestre sobre a passarela. A aceleração devido à força
aleatória com variação espacial e temporal é obtida considerando-se, além da
variação temporal e espacial do carregamento, a intravariabilidade do passo do
pedestre.
108
Observa-se da Figura 55 que a aceleração da passarela devido à força
aleatória com variação temporal e espacial apresenta comportamento randômico.
Quando comparada com a aceleração devido à força determinística com variação
temporal e espacial, a aceleração devido à força aleatória apresenta valores de pico
por vezes superiores e outrora inferiores aos valores determinísticos. Ocorre,
também, alteração no tempo em que estes valores de pico são atingidos em função
da variação da frequência do passo do pedestre.
Figura 55 – Comparativo entre as respostas dinâmicas determinísticas e aleatórias
Hausdorff, Zemany, Peng e Goldberger [48] estudaram a variabilidade da
frequência do passo do caminhar humano. Para adultos saudáveis a variação da
frequência do passo segundo este estudo é de 1,3 ± 0,1 %.
10.3 Coeficientes dinâmicos (α)
Os coeficientes dinâmicos da força devido ao caminhar humano são função
da frequência do passo do pedestre, sendo, portanto, variáveis aleatórias
dependentes. Diversas pesquisas já foram realizadas com intuito de estabelecer
109
relações matemáticas para os coeficientes dinâmicos em função da frequência do
passo para os quatro harmônicos do caminhar humano. Os resultados encontram-se
apresentados na Tabela 16.
Tabela 16 – Coeficientes dinâmicos
Autor Coeficiente Dinâmico Direção Murray, Allen e Ungar [12]
αi = 0,83 (exp- 0,35ifp) vertical
Young apud Hauksson
[22]
α1 = 0,37 (fp - 0,92) α2 = 0,054 + 0,0044fp α3 = 0,026 + 0,0050fp α4 = 0,010 + 0,0051fp
vertical
Rainer, Pernica e Allen apud Varella [18]
α1 = -0,22169fp³ + 1,11946fp² -1,44748fp + 0,5967 α2 = -0,012037(2fp)³ + 0,1494(2fp)² - 0,53146(2fp) + 0,6285 α3 = 0,00009068(3fp)5 – 0,0021066(3fp)4 + 0,018364(3fp)³ -
0,077278(3fp)² + 0,17593(3fp) – 0,1477 α4 = 0,00051715(4fp)4 – 0,014388(4fp)³+ 0,14562(4fp)² –
0,6018469
vertical
Kerr apud Zivanovic [33]
α1=-0,2649fp 3 + 1,3206fp 2 - 1,7597fp + 0,7613 Vertical
As Figuras 56 a 59 apresentam os coeficientes dinâmicos segundo as
formulações matemáticas propostas por Rainer, Pernica e Allen [9], Murray, Allen e
Ungar [12], Young apud Hauksson [22] e Kerr apud Zivanovic [33] respectivamente.
Já, as figuras 60 a 63 apresentam, comparativamente, os valores dos coeficientes
dinâmicos para o primeiro, segundo, terceiro e quatro harmônio do caminhar
humano segundo as formulação de Rainer, Pernica e Allen [9], Murray [12], Young
apud Hauksson[22] e Kerr apud Zivanovic [33].
Das Figuras 56 a 63, verifica-se que na formulação matemática proposta por
Murray, Allen e Ungar [12] os valores dos coeficientes dinâmicos decrescem com o
aumento da frequência do passo do pedestre. Portanto, na formulação matemática
proposta por Murray [12], os coeficientes dinâmicos apresentam comportamento
inverso daqueles obtidos pelas formulações matemáticas de Rainer, Pernica e Allen
[9], Young apud Hauksson [22] e Kerr apud Zivanovic [33].
Para o primeiro harmônico do caminhar humano, os coeficientes dinâmicos
propostos nas formulações de Rainer, Pernica e Allen [9] e Kerr apud Zivanovic [33]
apresentam valores de mesma magnitude e comportamento crescente até 2,5 Hz.
110
Na faixa entre 2,5 a 3,0 Hz os coeficientes dinâmicos destas duas formulações
apresenta comportamento decrescente com o aumento da frequência do passo.
Os valores dos coeficientes dinâmico propostos por Young apud Hauksson
[22], para o primeiro harmônico do caminhar humano, apresentam comportamento
sempre crescente com a frequência do passo do pedestre, divergindo na faixa entre
2,4 Hz a 3,0 Hz dos valores propostos por Rainer, Pernica e Allen [9] e Kerr apud
Zivanovic [33].
Ainda, os valores do coeficiente dinâmicos para o segundo harmônico, do
caminhar de um pedestre com frequência de passo igual à de 2 Hz, propostos por
Murray, Allen e Ungar [12] são aproximadamente o dobro dos valores propostos por
Rainer, Pernica e Allen [9], Young apud Hauksson [22].
Figura 56 – Coeficientes dinâmicos Rainer, Pernica e Allen [9]
111
Figura 57 – Coeficientes dinâmicos Murray [12].
Figura 58 – Coeficientes dinâmicos Young apud Hauksson [22]
112
Figura 59 – Coeficientes dinâmicos Kerr apud Zivanovic [33]
Figura 60 – Comparação coeficientes dinâmicos 1º harmônico
113
Figura 61 – Comparação coeficientes dinâmicos 2º harmônico
Figura 62 – Comparação coeficientes dinâmicos 3º harmônico
114
Figura 63 – Comparação coeficientes dinâmicos 4º harmônico
115
11 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA) DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE UM PEDESTRE: SOLUÇÃO
ANALÍTICA
Os resultados do método analítico probabilístico foram obtidos a partir de
2000 interações. Variando-se a frequência fundamental na direção transversal
vertical de uma passarela referencial, com massa total de 20000 Kg, no intervalo de
1 a 10 Hz e considerando-se os coeficientes de amortecimento estrutural 0,5%, 1 %,
1,5% e 2%, foram calculados os valores da aceleração de pico para os
comprimentos de vão de 10 m, 15 m, 20 m, 30 m, 40 m, 50 m, 60 m, 70 m, 80 m, 90
m e 100 m.
Os valores das acelerações de pico foram obtidos utilizando-se as
formulações matemáticas propostas por Rainer, Pernica e Allen [9], Murray [12],
Young apud Hauksson [22] e Kerr apud Zivanovic [33] para determinação dos
coeficientes dinâmicos.
A partir dos valores das acelerações de pico obtidos probabilisticamente,
calculou-se os valores relativos ao percentil 95% (a95%). O percentil 95%
corresponde ao valor com 95% de probabilidade de ocorrência. Ou seja, medindo-se
a resposta dinâmica máxima da estrutura 100 vezes é esperado que em 95
medições os valores da aceleração de pico sejam iguais ou inferiores ao valor
representativo do percentil 95% (a95%).
Com os valores referentes ao percentil 95% foram construídos os espectros
de resposta probabilísticos para passarelas referenciais (massa total igual a 20000
Kg). As Figuras 64 a 74 apresentam os espectros de resposta para os comprimentos
de vão de 10 a 100 m, respectivamente, segundo as formulações matemáticas
propostas por Rainer, Pernica e Allen [9] para determinação dos coeficientes
dinâmicos.
Observa-se nas Figuras 64 a 74 que as respostas dinâmicas de passarelas
de pedestres simplesmente apoiadas, reduzidas a um sistema com um grau de
liberdade (S1GL), variam em função do respectivo comprimento do vão, ou seja,
dependem do tempo de atuação do carregamento dinâmico. Com o intuito de
permitir a comparação dos valores referentes ao percentil 95% (a95%) com os
critérios de conforto humano, nas Figuras 64 a 74 encontram-se delineados (por
linhas tracejadas) os limites da aceleração de pico na direção transversal vertical
116
estabelecidos pela norma ISO 2623 para passarelas de pedestres externas e
internas, correspondentes aos valores 0,49 m/s² e 0,15 m/s², respectivamente.
Adotando-se os limites de aceleração de pico na direção transversal vertical
segundo a norma ISO 2631/2 [10], verifica-se que para passarelas de pedestres o
primeiro harmônico do carregamento dinâmico devido ao caminhar humano é de
maior relevância. Para a passarela referencial (massa total igual a 20000 Kg)
somente a partir do comprimento de vão de 70 m, o segundo harmônico do caminhar
ocasionou resposta dinâmica acima do limite desta norma, para o coeficiente de
amortecimento estrutural igual 0,5%. O terceiro e quarto harmônico do caminhar
humano não gerou resposta dinâmica da estrutura referencial acima dos valores
limites para os valores de coeficiente de amortecimento adotados.
Para os coeficientes de amortecimento estruturais equivalentes a 1%, 1,5% e
2%, o segundo, terceiro e quarto harmônico não acarretaram em valores de
aceleração de pico acima dos limites estabelecidos pela norma ISO 2631/2 [10] para
passarelas externas.
Análise análoga pode ser realizada, caso a passarela para qual se deseja
determinar o comportamento dinâmico seja uma passarela interna. Com a redução
do valor da aceleração limite na direção transversal vertical para passarelas internas,
observa-se que os harmônicos do caminhar humano já ocasionam respostas
dinâmicas da estrutura referencial (massa total igual a 20000 Kg) acima destes
valores limites a partir do comprimento de vão de 10 m para os coeficientes de
amortecimento estrutural 0,5% e 1%.
Com o aumento do comprimento do vão da passarela referencial (massa total
igual a 20000 Kg), observa-se que os harmônicos da força dinâmica do caminhar
humano geram para os coeficientes de amortecimento estrutural estudados de 0,5%,
1%, 1,5% e 2% respostas dinâmicas acima dos valores estabelecidos para
passarelas de pedestres pela ISO 2631/2 [10].
117
Figura 64 – Espectro de resposta comprimento do vão 10 m (m/s²)
Figura 65 – Espectro de resposta comprimento do vão 15 m (m/s²)
Passarelas Externas
Passarelas Internas
Passarelas Externas
Passarelas Internas
118
Figura 66 – Espectro de resposta comprimento do vão 20 m (m/s²)
Figura 67 – Espectro de resposta comprimento do vão 30 m (m/s²)
Passarelas Externas
Passarelas Externas
Passarelas Internas
Passarelas Internas
119
Figura 68 – Espectro de resposta comprimento do vão 40 m (m/s²)
Figura 69 – Espectro de resposta comprimento do vão 50 m (m/s²)
Passarelas Externas
Passarelas Externas
Passarelas Internas
Passarelas Internas
120
Figura 70 – Espectro de resposta comprimento do vão 60 m (m/s²)
Figura 71 – Espectro de resposta comprimento do vão 70 m (m/s²)
Passarelas Externas
Passarelas Externas
Passarelas Internas
Passarelas Internas
121
Figura 72 – Espectro de resposta comprimento do vão 80 m (m/s²)
Figura 73 – Espectro de resposta comprimento do vão 90 m (m/s²).
Passarelas Externas
Passarelas Externas
Passarelas Internas
Passarelas Internas
122
Figura 74 – Espectro de resposta comprimento do vão 100 m (m/s²).
Com a implementação do método analítico probabilístico é possível
determinar o tempo necessário, para que a resposta dinâmica de passarelas de
pedestres, reduzidas a um S1GL e submetidas a carregamento senoidal aleatório
com modo de vibração representado por meia senóide, atinja o estado permanente.
A Figura 75 apresenta esta variação para os coeficientes de amortecimento
estrutural 0,5%, 1%, 1,5% e 2%. A resposta dinâmica de passarelas de pedestres ao
longo do tempo representada por a(t) (aceleração como função do tempo em m/s²) é
igual a 0 no momento inicial e cresce exponencialmente até o valor no estado
permanente a(st). Dessa maneira, a relação a(t)/a(st) corresponde ao percentual da
resposta dinâmica no estado permanente atingida ao longo do tempo (t).
Passarelas Externas
Passarelas Internas
123
Figura 75 – Variação da amplitude da resposta dinâmica em função do comprimento do vão
de um sistema com um grau de liberdade (S1GL) submetido a carregamento aleatório do
caminhar humano
11.1 Determinação da reposta dinâmica graficamente
Com a utilização dos gráficos contendo os espectros de respostas das
passarelas referenciais apresentados nas Figuras 64 a 74, é possível, graficamente,
determinar, para qualquer passarela com massa total diferente da passarela
referencial, a aceleração de pico modal correspondente ao percentil 95% (a95%),
aplicando-se o fator de correção de massa k conforme as Equações 66 e 67.
Por exemplo, para se determinar a aceleração máxima amax, 95% de uma
passarela com massa total igual a 50000 Kg, com coeficiente de amortecimento
igual a 1%, frequência fundamental na direção transversal vertical igual a 2,10 Hz e
comprimento de vão igual 100 m, segundo a formulação matemática para os
coeficientes dinâmicos proposta por Rainer, Pernica e Allen[9], busca-se no gráfico
da passarela referencial com propriedades modais iguais a passarela investigada, o
124
valor corresponde da aceleração a95% e aplica-se sobre este valor o fator de
correção de massa k.
Dessa maneira para passarela com massa total igual a 50000 Kg o valor da
amax, 95% corresponde a 0,48 m/s², sendo o fator de correção de massa k igual a 0,4
(20000/50000) e sendo o valor da a95% da passarela referencial obtido graficamente
igual a 1,2 m/s², conforme Figura 76.
Figura 76 – 1º Harmônico comprimento do vão 100 m (m/s²).
respectromr aka ,max, =
(66)
m
mk r
m =
(67)
Onde:
amax, p: aceleração máxima para um dado percentil (m/s²);
km: fator de correção de massa;
mr: massa da passarela referencial igual a 20.000 Kg;
m: massa total da passarela investigada (Kg).
125
Para se determinar o valor da aceleração de pico de passarelas com massa
total diferente do valor da passarela referencial são necessários os seguintes
passos:
Passo 1. Determinar o comprimento do vão e as propriedades modais da
passarela investigada, frequência natural, coeficientes de
amortecimento, massa total.
Passo 2. Buscar o gráfico da passarela referencial mais próximo do
comprimento do vão da passarela analisada, caso necessário
fazer interpolação.
Passo 3. No gráfico da passarela referencial buscar o valor da aceleração
para a curva correspondente ao amortecimento estrutural da
passarela investigada.
Passo 4. Calcular o fator de correção de massa k.
Passo 5. Multiplicar o valor da aceleração a95% achado no passo 3 pelo
fator de correção de massa k.
126
12 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA (PROBABILÍSTICA) DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE UM PEDESTRE: SOLUÇÃO VIA
MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
Para o modelo estrutural investigado, com massa total é igual a 19789 Kg,
coeficiente de amortecimento estrutural igual a 1% e frequência fundamental na
direção transversal vertical de 4,10 Hz, foram calculados numericamente,
empregando-se as técnicas usuais de discretização, via método dos elementos
finitos, por meio do emprego do programa ANSYS [52], as respectivas respostas
dinâmicas. Foram adotadas as mesmas premissas aplicadas no método analítico
probabilístico, ou seja, distribuição normal da frequência e do comprimento do passo
do pedestre.
Os carregamentos foram gerados a partir do software Gerador de Funções de
Carga – GCFD, ajustando-se para cada frequência de passo do pedestre os valores
dos coeficientes dinâmicos do primeiro, segundo, terceiro e quarto harmônico do
caminhar humano. Foram realizadas 100 interações, de forma a obter os espectros
de respostas probabilísticos, adotando-se, separadamente, as formulações
matemáticas para determinação dos coeficientes dinâmicos propostas por Rainer,
Pernica e Allen [9], Murray, Allen e Ungar [12] e Young apud Hauksson [22].
Nos cálculos das respostas dinâmica do modelo numérico não foi considerada
a intravariabilidade do passo do pedestre. Com os valores das respostas dinâmica
da estrutura expressas por meio de aceleração de pico em m/s², foram calculados as
respectivas funções de distribuição acumulada (fda) que se encontram apresentados
nas Figuras 77 a 79.
Para a probabilidade de ocorrência correspondente a 95%, as acelerações de
pico deste percentil (a95%) obtidas segundo as formulações matemáticas para
determinação dos coeficientes dinâmicos propostas por de Murray, Allen e Ungar
[12], Rainer, Pernica e Allen [9] e Young apud Hauksson [22] correspondem a 0,43,
0,26 e 0,17m/s². O resultado numérico obtido adotando-se a formulação de Murray
[12] é, como esperado, significativamente superior ao valor calculado a partir da
formulação de Rainer, Pernica e Allen [9]. Tendo em vista que a estrutura analisada
encontra-se em ressonância com o segundo harmônico do caminhar humano, e os
coeficientes dinâmicos propostos por Murray, Allen e Ungar [12] são igualmente
superiores aos valores propostos por Rainer, Pernica e Allen [9].
127
Figura 77 – Função distribuição acumulada com coeficientes dinâmicos segundo formulação
matemática proposta por Murray [12]
Figura 78 – Função distribuição com coeficientes dinâmicos segundo formulação
matemática proposta por Rainer, Pernica e Allen [9]
128
Figura 79 – Função distribuição acumulada com coeficientes dinâmicos segundo formulação
matemática proposta por Young apud Hauksson [22]
Comparando-se os valores probabilísticos da aceleração de pico referentes
ao percentil 95% obtidos analiticamente com os valores resultantes do método
numérico, Tabela 17, observa-se a convergência dos valores, demonstrando a
confiabilidade do método analítico probabilístico proposto. As divergências entre os
valores obtidos numericamente e analiticamente podem ser atribuídas ao baixo
número de interações utilizado no método numérico.
Tabela 17 – Comparação entre os resultados do método analítico e do método numérico
Aceleração (m/s²) Método Analítico Método Numérico Erro (%)
amax, 95% - Rainer 0,26 0,29 11,48
amax, 95% - Murray 0,43 0,46 5,60
amax, 95% - Young 0,17 0,23 23,64
A estrutura investigada é uma passarela interna em um hospital público no
Estado do Rio de Janeiro. Adotando-se o valor limite de aceleração de pico de 0,15
129
m/s² recomendado pela Norma ISO 2631/2 [10] para este tipo de estrutura, a
passarela investigada não atenderia aos critérios de conforto humano, adotando-se
as formulações matemáticas para determinação dos coeficientes dinâmicos
propostas por Rainer, Pernica, Allen [9], Murray [12] e Young apud Hauksson [22].
Todavia, caso a estrutura fosse uma passarela externa, a mesma atenderia aos
critérios de conforto humano estabelecidos na norma citada.
As Tabelas 18 e 19 apresentam os valores das acelerações, referentes aos
percentis 50%, 60%, 70%, 75%, 80%, 85%, 90%, 95% e 99%, para a passarela
examinada, considerando percentuais diferentes para intravariabilidade do passo do
pedestre. Ou seja, foram calculadas as respostas dinâmicas da passarela de
pedestre investigada considerando que a intravariabilidade do passo flutua em torno
da frequência preferencial do passo de pedestre 4%, 3%, 2% e, ainda,
desconsiderando-se completamente a intravariabilidade do passo. Observa-se da
Tabela 18 que com o aumento da intravariabilidade do passo ocorre redução dos
valores da aceleração de pico correspondentes ao percentil 95% (a95%).
Tabela 18 – Análise de Sensibilidade da Intravariabilidade do passo com coeficientes
dinâmicos segundo Rainer, Pernica e Allen [9]
Percentil (%) Intravariabilidade
4%
Intravariabilidade
3%
Intravariabilidade
2%
Sem
Intravariabilidade
Percentil 50% 0,14 0,13 0,13 0,06
Percentil 60% 0,15 0,15 0,17 0,10
Percentil 70% 0,16 0,17 0,18 0,22
Percentil 75% 0,16 0,18 0,19 0,23
Percentil 80% 0,17 0,18 0,20 0,23
Percentil 85% 0,18 0,19 0,22 0,25
Percentil 90% 0,19 0,20 0,22 0,25
Percentil 95% 0,21 0,21 0,23 0,25
Percentil 99% 0,22 0,23 0,25 0,25
130
Tabela 19 – Análise de Sensibilidade da Intravariabilidade do passo com coeficientes
dinâmicos segundo Murray [12]
Percentil (%) Intravariabilidade
4%
Intravariabilidade
3%
Intravariabilidade
2%
Sem
Intravariabilidade
Percentil 50% 0,22 0,22 0,21 0,12
Percentil 60% 0,25 0,25 0,23 0,13
Percentil 70% 0,27 0,28 0,28 0,14
Percentil 73% 0,28 0,28 0,28 0,14
Percentil 74% 0,28 0,28 0,28 0,14
Percentil 75% 0,29 0,28 0,29 0,20
Percentil 80% 0,29 0,29 0,31 0,37
Percentil 85% 0,30 0,32 0,34 0,38
Percentil 90% 0,33 0,33 0,37 0,41
Percentil 95% 0,35 0,36 0,38 0,42
Percentil 99% 0,38 0,38 0,40 0,43
131
13 FORMULAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DINÂMICA DE
PASSARELAS DEVIDO AO CAMINHAR DE VÁRIOS PEDESTRES
13.1 Aspectos gerais
Nos capítulos anteriores foram apresentados métodos analíticos
probabilísticos para verificação da resposta dinâmica de passarelas de pedestre
devido ao caminhar humano de um único pedestre. A resposta dinâmica de
passarelas submetidas ao carregamento dinâmico devido ao fluxo de pedestres
caminhando sem restrição espacial, com frequência e comprimento de passo
escolhidos livremente pelos pedestres, depende dentre inúmeras variáveis da
intensidade do fluxo de pedestres (pedestres/m²), do grau de interação entre os
pedestres e da interação pedestre-estrutura. A Figura 80 é representativa da
caminhada aleatória de fluxo de pedestre sobre uma passarela.
Figura 80 – Modelo de carregamento para duas pessoas caminhando.
O limite de 0,5 m/s² para aceleração de pico na direção transversal vertical,
estabelecidos pela norma demonstrada ISO 2631/2, apresentado no capítulo 1, leva
em consideração a resposta dinâmica da estrutura sob o caminhar de um único
pedestre.
Os efeitos dinâmicos do carregamento devido ao fluxo de pedestres
caminhando sem restrição espacial têm sido pesquisados principalmente na última
década em função de inúmeros problemas de vibrações excessivas e
consequentemente desconforto humano ocorrido. Nestas pesquisas, o efeito
dinâmico de fluxo de pedestres tem sido proposto como um múltiplo da ação de
único pedestre.
O grau de sincronização entre os pedestres afeta diretamente na resposta
dinâmica da estrutura. A diferença dos ângulos de fase entre pedestres faz com que
parte destes pedestres atuem como um sistema massa mola absorvendo parte da
energia gerada por outras pessoas, conforme Figura 81.
132
Dessa maneira, pode-se dizer que um fluxo de pedestre caminhando sem
restrição espacial sobre passarelas de pedestres tem efeito dinâmico diferente
daquele produzido por grupo de pedestres. Sendo grupo de pedestres definido como
um conjunto de pessoas caminhando em sincronia entre si, ou seja, com mesma
frequência de passo e ângulo de fase.
Figura 81 – Efeito dinâmico de fluxo de pedestres [49]
13.1.1 Efeito dinâmico de fluxo de pedestres proposto por Matsumoto [65]
Matsumoto [65] propôs em seu trabalho que o carregamento dinâmico devido
ao fluxo de pedestre pode ser calculado multiplicando-se o efeito de um único
pedestre pela raiz quadrada do número de pedestres caminhando sobre a estrutura
conforme a Equação 68. O número de pedestre equivalentes representa o fator
multiplicador do efeito dinâmico de um único a ser levado em consideração quando
da avaliação da resposta dinâmica de passarelas submetidas a fluxo de pedestres.
O Método de Monte Carlo pode ser utilizado para se determinar
probabilisticamente a força equivalente de fluxos com N pedestres caminhando
aleatoriamente sobre uma passarela, com peso, frequência e comprimento de passo
e ângulo de fase seguindo uma distribuição normal.
Por exemplo, considerando-se a distribuição normal da frequência do passo,
do comprimento do passo e do peso dos pedestres, pode-se gerar, separadamente,
133
os carregamentos dinâmicos devido ao caminhar humano de cada pedestre,
adotando-se, como tempo inicial da caminhada, valores que venham caracterizar a
travessia de fluxo de pedestres. Ou seja, um pedestre, inicia sua caminhada após o
outro sem que haja restrição espacial do caminhar individual de cada pedestre.
Como cada pedestre inicia sua caminhada em um tempo inicial aleatório, as
forças geradas por cada pedestre apresentam diferenças de fase. Somando-se as
forças geradas por N pedestres, observa-se que a força equivalente gerada pelo
fluxo de pedestre é menor do que somatório das ações caso os pedestres
estivessem caminhando em sincronia, isto é, em fase entre si.
A Figura 82 apresenta o resultado da simulação Monte Carlo, obtido nesta
dissertação, demonstrando o número equivalente de pedestres para um fluxo
aleatório. Nesta simulação de Monte Carlo as forças dinâmicas geradas por cada
pedestre foram modeladas segundo a formulação matemática proposta por Varela e
Battista [18]. As curvas representativas do percentil 50%, 75%, 90% e 95%
representam a probabilidade dos números equivalentes de pedestres serem
inferiores aos valores característicos da curva.
Por exemplo, para um fluxo com 50 pedestres, pode-se afirmar que em 50%,
75%, 90% e 95% dos casos, o número equivalente de pedestres será inferior a 12,
14, 16 e 17 respectivamente.
Observa-se na Figura 82 que o número de pedestres equivalente proposto
por Matsumoto é inferior ao obtido por meio de simulação baseada no método de
Monte Carlo. Demonstrando que existe um grau de interação entre o homem e a
estrutura (IHS) que, além da aleatoriedade do peso, frequência e comprimento de
passo e ângulo de fase dos pedestres, reduz os efeitos dinâmicos do carregamento
do fluxo de pedestres sobre passarelas.
Entretanto segundo guia de projeto Sètra [49] o método proposto por
Matsumoto por vezes apresenta resultados superestimados quando comparados
com dados experimentais, devido à premissa adotada neste modelo de que todos os
pedestres caminham com mesma frequência e ângulo de fase distribuídos segundo
uma distribuição normal [49].
NNeq =
(68)
134
Onde:
Neq: número de pedestres equivalentes.
N: número de pedestres caminhando sobre a passarela.
Figura 82 – Número de pedestres equivalente segundo simulação baseada no Método de
Monte Carlo.
13.1.2 Efeito dinâmico de fluxo de pedestres proposto por Fujino [66]
Fujino, baseado em medições experimentais de uma passarela no Japão com
capacidade para 2000 pessoas, demonstrou que a formulação matemática, proposta
por Matsumoto [65], subestimou em até 10 vezes os valores medidos. Fujino [66]
propôs a Equação 69 para se determinar o número equivalente para fluxo de
pedestres.
NNeq 2,0=
(69)
Onde:
Neq: número de pedestres equivalentes.
N: número de pedestres caminhando sobre a passarela.
13.1.3 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto na norma Eurocode 5 [5]
135
A norma Eurocode 5 [5], para passarelas de pedestres de madeira,
recomenda que a resposta dinâmica de passarelas simplesmente apoiadas seja
calculada pela Equação 70 e 71, sendo o número de pedestres equivalentes dado
pela Equação 72.
vertN kNaa ,1123,0=
(70)
Hzfpara
Hzfpara
M
Ma
n
n
0,55,2
5,2
100
200
1≤<
≤
=
ξ
ξ
(71)
NNeq 23,0=
(72)
Onde:
Neq: número de pedestres equivalentes.
N: número de pedestres caminhando sobre a passarela.
K1,vert: coeficiente relacionado a primeira frequência natural da passarela na
direção transversal vertical Figura 6.
13.1.1 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto na norma ISO 10137 [55]
A Norma ISO 10137 que trata do estado limite de serviço de vibrações
excessivas (ELS-VE) recomenda que o efeito dinâmico devido a fluxo de pedestres
deve ser obtido pela multiplicação da força do carregamento devido ao caminhar
humano de um único pedestre pela raiz quadrada do número de pedestres, segundo
a Equação 73. Entretanto esta norma não especifica a frequência do passo a ser
utilizada e se o carregamento é estacionário ou apresenta variação temporal.
( )
++= ∑
=
n
i
ipiN tfiNPtF1
2cos1)( φπα (73)
Onde:
F(t): função de carregamento dinâmico;
P: peso de uma pessoa;
αi: coeficiente dinâmico para a força harmônica (fator de carga dinâmica);
i: múltiplo do harmônico (1, 2, 3, etc.);
136
fp: frequência do passo humano;
φi: ângulo de fase para o harmônico i;
t: tempo.
N: número de pedestres.
13.1.2 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre segundo o anexo nacional do Reino
Unido ao Eurocode 1 [38]
O Anexo da Nacional do Reino Unido ao Eurocode 1 define modelos de
carregamento para o caminhar e corrida de humanos e, ainda, para fluxo de
pedestres. O único modelo de carregamento aplicável para densidade de fluxo de
pedestre acima de 0,4 pedestres/m² é representado pelas Equações 74 a 76.
λ
γ Nk
A
FtFN
08,1)( = (74)
ξγ 4,7= (75)
64,0=λ (76)
Onde:
Fo: força dinâmica referencial de um único pedestre (N);
A: área do tabuleiro da passarela (m²);
k: fator que leva em conta a probabilidade de ressonância do caminhar
humano com estrutura;
ϒ: fator que leva em consideração o nível de sincronização entre os
pedestres;
λ: fator que ajusta a posição do número de pedestres em relação à
configuração do modo de vibração da estrutura. Para modo de vibração com
formato senoidal L=0,64;
ξ: coeficiente de amortecimento estrutural.
13.1.3 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre proposto no guia de projeto Sétra [49]
O guia de projeto Sètra apresenta critérios de classificação para passarelas
de pedestres segundo a intensidade do fluxo de pedestres sob o qual estas
estruturas estão submetidas. A partir da classificação das passarelas e do nível de
137
conforto desejado, este guia de projeto estabelece limites de aceleração de pico nas
direções transversais vertical e horizontal.
As passarelas de pedestres são classificadas em quatro grupo distintos:
a) Classe IV – passarela de pedestres raramente usada, construída em áreas
pouco habitadas ou para assegurar a continuidade da caminhada de
pedestres sobre rodovias.
b) Classe III – passarela de pedestres para uso padrão que ocasionalmente são
submetidas ao carregamento de fluxo de pedestres (0,5 pedestre/m²).
c) Classe II – passarela de pedestre urbana construída para ligar áreas
populosas submetidas a tráfego pesado e ocasionalmente toda sua área é
submetida ao carregamento de pedestres (0,8 pedestre/m²).
d) Classe I – passarela de pedestre urbana construída em áreas com alta
concentração de pedestres (estações de trem, estádios de futebol e etc.)
submetidas frequentemente a tráfego pesado (1,0 pedestre/m²).
Segundo o guia de projeto Sétra [49] as passarela de pedestres da Classe IV
não precisam ser avaliadas dinamicamente, tendo em vista o seu tipo de localização
e utilização. Para passarelas muito leves é recomendada a escolha ao menos da
Classe III.
A Tabela 20 demonstra o nível de conforto humano em função da aceleração
de pico destas estruturas. Devido à natureza subjetiva do conforto humano, o guia
de projeto Sètra [49] recomenda patamares de aceleração de pico para avaliação do
conforto humano. Em ordem crescente, os três primeiros correspondem ao nível
máximo, médio e mínimo de conforto, sendo o último correspondente ao nível de
aceleração não aceitável.
A Tabela 21 apresenta, em níveis decrescentes, as faixas de frequências
naturais na direção transversal vertical em Hz das estruturas, de maior probabilidade
de ocorrência do fenômeno físico da ressonância. Os níveis 1, 2, 3 e 4 representam,
portanto, as faixas de maior, médio, mínimo e risco negligenciável de ocorrência de
ressonância.
138
Tabela 20 – Aceleração limite segundo guia de projeto Sètra (m/s²) [49]
Nível de Aceleração (m/s²) 0 0,5 1 2,5
Nível 1 Máximo
Nível 2 Médio
Nível 3 Mínimo
Nível 4
Tabela 21 – Faixas de frequência fundamental crítica segundo guia de projeto Sètra [49]
Frequência (Hz) 0 1 1,7 2,1 2,6 5
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
Uma vez definido a classe da passarela e a faixa de frequência natural na
qual a estrutura se encontra, é necessária a avaliação do comportamento da
estrutura para diferentes cenários de carregamento, casos 1, 2 e 3 conforme Tabela
22.
a) Caso 1 – fluxo de pedestres esparso e denso.
b) Caso 2 – fluxo de pedestres intenso.
c) Caso 3 – segundo harmônico da carga de excitação.
Tabela 22 – Casos de carregamentos para verificação da resposta dinâmica [49]
Casos de carregamentos para verificação da aceleração
Fluxo de
Pedestres
Classe Faixa de Frequência Fundamental (Hz)
1 2 3
Esparso I Case 1 Não Não
Denso II Caso 2 Caso 3
Intenso III Case 2 Caso 3 Caso 3
O efeito dinâmico de fluxo de pedestres recomendado, no guia de projeto
Sètra, considera que a frequência do passo dos pedestres segue uma distribuição
normal. Para um determinado coeficiente de amortecimento estrutural e fluxo com N
pedestres foram realizados 500 amostras de testes digitais para avaliar o número de
139
pedestres equivalentes que resultaria na mesma resposta dinâmica da estrutura
submetida ao carregamento do fluxo de pedestres aleatório. A contribuição dos
pedestres para o aumento da massa modal foi, também, considerada na formulação
matemática. Entretanto, o efeito do número de pedestres no coeficiente de
amortecimento estrutural não foi levado em consideração. A resposta dinâmica da
estrutura pode ser obtida pelas Equações 77 a 80.
²/0,1)2cos(8,10)( 0 mpedestreparaftNA
FtFN <= πψξ (77)
²/0,1)2cos(85,1)( 0 mpedestreparaftNA
FtFN ≥= πψ (78)
²/0,185,1
²/0,18,10
mpedestreNN
ou
mpedestreparaNN
eq
eq
≥=
<= ξ
(79)
A
Fa N
πρξ
4
2
1= (80)
Onde:
Fo: força dinâmica referencial de um único pedestre (N);
A: área do tabuleiro da passarela (m²);
ψ: fator redutor da resposta dinâmica para passarelas fora da faixa de
ressonância com o caminhar humano;
ξ: coeficiente de amortecimento estrutural;
N: número de pedestres;
Neq: número de pedestres equivalentes;
a: aceleração de pico (m/s²).
Os fatores redutores da resposta dinâmica (ψ), para passarelas fora da faixa
de frequência máxima de probabilidade de ocorrência de ressonância com o primeiro
e segundo harmônico da carga de excitação, são apresentados nas Figuras 83 e 84
respectivamente. Observa-se nestas Figuras que a reposta dinâmica de passarelas
de pedestres é máxima na faixa de frequência de passo de pedestres de 1,7 a 2,1
Hz para o primeiro harmônico, e de 3,4 a 4,2 Hz para o segundo harmônico do
caminhar humano.
140
Figura 83 – Fator redutor da reposta dinâmica de passarelas (ψ) 1º harmônico [49]
Figura 84 – Fator redutor da resposta dinâmica de passarelas (ψ) 2º harmônico [49]
13.1.4 Efeito dinâmico de fluxo de pedestre segundo Brand, Sanjayan e Sudbury
[17]
Brand, Sanjayan e Sudbury [17] demonstraram que o número de pedestre
equivalente (Neq) obtido estatisticamente para um grupo de pedestre caminhando
com mesma frequência e ângulo de fase é dado pela Equação 81.
)1(log, LNC elf −−= (81)
Onde:
141
N: número de pedestres
L: nível de confiança requerido (ex. L95% = 0,95)
13.1.5 Comparativo entre os métodos propostos do efeito Dinâmico devido a fluxo de
Pedestres
As Figuras 85 e 86 apresentam respectivamente o número de pedestres
equivalentes para cada método apresentado no presente capítulo e as respostas
dinâmicas de uma passarela referencial com massa total igual a 100000 Kg,
coeficiente de amortecimento estrutural de 1% e frequência fundamental de 2 Hz.
Comparando-se os métodos mais utilizados, os modelos propostos por Matsumoto
[65] e guia de projeto Sètra [49], observa-se que o método Sètra [49] é superior ao
valor proposto por Matsumoto [65].
Entretanto, adotando-se o coeficiente estrutural de 0,5% para a passarela
referencial o método Sétra se torna inferior ao valor obtido pelo método de
Matsumoto [65]. Dessa maneira, demonstra-se que o número de pedestres
equivalente segundo o método proposto por Matsumoto [65], em função do
coeficiente de amortecimento estrutural, pode ser superior ou inferior ao valor
correspondente proposto no guia de projeto Sètra [49].
Figura 85 – Número de pedestres equivalente (Neq).
142
Figura 86 – Resposta dinâmica da passarela referencial (m/s²).
143
14 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DINÂMICA DE PASSARELAS DEVIDO AO
CAMINHAR DE VÁRIOS PEDESTRES
14.1 Introdução
O presente capítulo apresenta dois métodos para avaliação do
comportamento dinâmico de passarelas de pedestres submetidas à ação dinâmica
de fluxo de pedestres. Nestes métodos, inicialmente, calcula-se a resposta dinâmica
devido ao caminhar de um pedestre e posteriormente este valor é multiplicado pelo
número equivalentes de pedestres para se obter a resposta dinâmica devido à vários
pedestres. Portanto, estes métodos, podem ser utilizados para se determinar a
resposta dinâmica devido ao caminhar de uma pessoa ou fluxo de pedestres.
1) Método proposto no guia de projeto Sètra [49]
2) Método Espectro de Resposta [43]
14.2 Método proposto no guia de projeto Sétra [49]
O método proposto no guia de projeto Sètra [49], para obtenção da resposta
dinâmica de passarelas submetidas a fluxo de pedestre, é dado pelas Equações 77
a 80. As Figuras 87 a 89 apresentam os resultados da resposta dinâmica de uma
passarela referencial com massa total de 19789 Kg, área do tabuleiro igual 52,5 m²,
com frequências naturais na direção transversal vertical variando de 1 a 9 Hz para
os coeficientes de amortecimento 0,5%, 1% e 2% respectivamente.
A passarela referencial apresenta mesma massa total em Kg, comprimento e
área do tabuleiro da passarela investigada. Os valores referenciais da massa, do
comprimento e da área em m² da passarela referencial foram escolhidos de forma
que as respostas dinâmicas obtidas para fluxo de pedestres possam ser
comparadas com os valores calculados na análise da resposta dinâmica devido ao
caminhar de um único pedestre.
Os valores das acelerações das Figuras 87 a 89 foram obtidos a partir da
formulação matemática proposta por Rainer, Pernica e Allen [9] para determinação
dos coeficientes dinâmicos.
Destaca-se que o método proposto no guia de projeto Sétra [49] foi
desenvolvido para passarelas com vãos longos e, portanto com massa total maior do
144
que a passarela referencial utilizada no exemplo. Portanto, as acelerações de pico
para modelos reais apresentarão valores inferiores aos constantes nas Figuras 87,
88 e 89.
Observa-se nestas Figuras que a configuração das curvas segue o formato do
fator redutor de resposta dinâmica (ψ) dado nas Figuras 83 e 84. Ou seja,
passarelas com frequência natural na direção transversal vertical nas faixas de 1,7
Hz a 2,1 Hz e 3,4 Hz a 4,2 HZ, apresentam maior probabilidade de estarem em
ressonância com primeiro e segundo harmônico da carga de excitação do caminhar
humano, respectivamente. Observa-se nos espectros de resposta, Figuras 87 a 89,
que passarelas na faixa de ressonância com harmônicos do caminhar humano
apresentam acelerações de pico maiores do que estruturas fora das faixas dos
valores correspondem aos harmônicos do carregamento dinâmico.
Nas Figuras 87 a 89, verifica-se que a resposta dinâmica de passarelas
depende da intensidade do fluxo de pedestres sob o qual estão submetidas. As
classes III, II e I correspondem a fluxo de pedestres com 0,5, 0,8 e 1,0 pedestre/m²
respectivamente. Já para a classe IV, os valores da resposta dinâmica foram obtidos
devido ao caminhar de um único pedestre. Os valores da aceleração de pico
determinístico foram obtidos, também, devido ao caminhar de um único pedestre e
considerando-se as respostas dinâmicas no estado permanente dado pela Equação
46, sendo adotado o valor médio da frequência do caminhar humano igual 2 Hz.
Dessa maneira, nestes espectros, as resposta dinâmicas de passarelas de
pedestres que não se encontram em ressonância com a estrutura foram ajustadas
conforme o fator de amplificação dinâmico dado pela Equação 47.
Pode-se afirmar que, segundo método proposto no guia de projeto Sètra [49],
as respostas dinâmicas de passarelas são função da intensidade do fluxo de
pedestre. Quanto mais intenso o fluxo maior será a resposta dinâmica da estrutura.
As respostas dinâmicas são, também, função do coeficiente de amortecimento da
estrutura. Sendo que, quanto maior for o coeficiente de amortecimento estrutural
menor será a resposta dinâmica da passarela.
145
Figura 87 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 0,5%)
Figura 88 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 1%)
146
Figura 89 – Aceleração método Sètra (m/s²) (ξ 2%)
As Figuras 90 a 93 apresentam a variação da reposta dinâmica da passarela
referencial com massa 19789 Kg, com frequência natural na direção transversal
vertical de 2 Hz, 4 Hz, 6 Hz e 8 Hz, respectivamente, em função do seu respectivo
amortecimento estrutural. Os valores foram obtidos segundo os coeficientes
dinâmicos propostos por Rainer, Pernica e Allen [9]. Observa-se nestas figuras, uma
redução exponencial da resposta dinâmica da estrutura com o aumento do
coeficiente de amortecimento estrutural.
Figura 90 – Aceleração método Sètra (m/s²) 2 Hz
147
Figura 91 – Aceleração método Sètra (m/s²) 4 Hz
Figura 92 – Aceleração método Sètra (m/s²) 6 Hz
148
Figura 93 – Aceleração método Sètra (m/s²) 8 Hz
14.3 Método Espectro de Resposta [43]
A resposta dinâmica de passarelas de pedestres, submetidas à fluxo de
pedestres aleatório, pode ser obtida a partir da simulação, com número suficiente de
interações, do comportamento randômico do caminhar humano. Butz [43] ressalta
que a implementação de modelo estocástico para avaliação da resposta dinâmica de
estruturas demanda tempo e ferramenta computacional adequada, sendo sua
implementação, por vezes impraticável na fase de projeto.
O método espectro de resposta é um modelo de avalição do comportamento
dinâmico de passarelas de pedestres implementado a partir de simulações baseadas
no Método de Monte Carlo para quatro cenários distintos de fluxo de pedestres.
Levando-se em consideração a aleatoriedade da frequência do passo dos pedestres
e a variação das propriedades modais das estruturas, tais como: coeficiente de
amortecimento e frequência natural.
Butz [43] destaca que no caso ideal, o modelo estocástico representativo do
caminhar de fluxo de pedestres deve ser composto por indivíduos caminhando
independentemente com frequência de passo e velocidade em suas respectivas
149
faixas preferenciais. Entretanto, em um fluxo de pedestres real existe um grau de
interação entre os pedestres que influencia a velocidade de deslocamento dos
mesmos ao longo da passarela. O método espectro de resposta é baseado na
premissa que a frequência do passo e a respectiva velocidade de deslocamento dos
pedestres permanecem constantes, desconsiderando-se, ainda, a intravariabilidade
da frequência do passo.
O fluxo de pedestre é caracterizado por um conjunto de indivíduos
caminhando aleatoriamente, portanto, não caminhando em grupo (em fase entre si)
e o tempo de chegada à passarela segue um distribuição de Poisson. A Tabela 23
apresenta as médias, os desvios padrões das variáveis aleatórias características do
caminhar humano utilizados no método Espectro de Resposta [43] para modelar o
fluxo de pedestres.
Tabela 23 – Parâmetros estatístico segundo método espectro de resposta [43]
Fluxo de Pedestre
Densidade
(ped/m²)
Frequência do Passo (Hz) Velocidade
(m/s) Média Desvio Padrão
Esparso 0,2 1,8 0,1 1,44
Denso 0,5 1,8 0,1 1,30
Muito denso 1,0 1,6 0,08 1,00
Extremamente denso 1,5 1,4 0,04 0,80
Para cada densidade de fluxo de pedestre, o valor correspondente ao
percentil 95% da aceleração é determinado pelas Equações 82 a 88.
%95,%95,%95max aaka σ= (82)
Onde:
amax, 95%: percentil 95% da aceleração máxima.
σa, 95%: desvio padrão da aceleração.
ka, 95%: fator de pico que transforma o desvio padrão em aceleração.
150
2
12
2
2 k
red
i
f
a kkM
Cξ
σσ = (83)
32
2
11 afafak ii ++= (84)
32
2
12 bfbfbk ii ++= (85)
−
−=
2
2
1exp
red
ip
redB
ffk (86)
nk ff =2σ (87)
pp lcdn = (88)
Onde:
σa²: variância da aceleração;
a1, a2, a3: constantes;
b1, b2, b3: constantes;
fi: frequência natural que coincide com a frequência do passo (Hz);
Mi: massa modal (Kg).
C: constante que descreve a carga máxima do espectro de carregamento;
σf: variância do carregamento;
kf: constante;
n: número de pedestres;
d: densidade de pedestres (pedestres/m²);
cp: comprimento da passarela (m);
lp: comprimento da passarela (m);
kred: fator redutor da resposta dinâmica para estruturas fora da ressonância;
Os coeficientes a1, a2, a3, b1, b2, b3 e Bred encontram-se definidos na Tabela
24. O fator de pico ka, 95% é determinado para cada cenário de carregamento pela
Equação 89. A Tabela 25 apresenta o fator de pico segundo a densidade do fluxo de
pedestres.
151
Tabela 24 – Coeficientes do método espectro de resposta [43]
D
(p/m²)
Kf C a1 a2 a3 b1 b2 b3 Bred
0,5 1,2 x 10-
2
2,95 -0,070 0,600 0,075 0,003
-0,040 -1,000 0,093
1,0 7,0 x 10-
3
3,70 -0,070 0,560 0,084 0,004 -0,045 -1,000 0,0775
%50
%95max
%95,)(
)(
a
a
ak
σ= (89)
Tabela 25 – Fator de pico ka, 95% [43]
Densidade (ped/m²) Aceleração Vertical Aceleração Lateral
≤0,5 3,92 3,77
1,0 3,80 3,73
1,5 3,74 3,63
As Figuras 94 a 96 apresentam os resultados da resposta dinâmica de uma
passarela referencial com massa total de 19789 Kg, área do tabuleiro igual 52,5 m²,
com frequências naturais na direção transversal vertical variando de 1 a 9 Hz para
os coeficientes de amortecimento 0,5%, 1% e 2% respectivamente.
A passarela referencial apresenta mesma massa total, comprimento e área do
tabuleiro da passarela investigada neste trabalho. Os valores referenciais de massa,
comprimento e área da passarela referencial foram escolhidos de forma que as
respostas dinâmicas obtidas para fluxo de pedestres possam ser comparadas com
os valores da resposta dinâmica devido ao caminhar de um único pedestre
apresentado no capítulo 11.
Os valores das acelerações das Figuras 94 a 96 foram obtidos a partir da
formulação matemática proposta por Rainer, Pernica e Allen [9] para determinação
dos coeficientes dinâmicos.
Observa-se, nestas figuras, que a configuração das curvas segue o formato
do fator redutor de resposta dinâmica (Kred) dado pela Equação 86. Ou seja,
passarelas com frequência natural na direção transversal vertical apresentam maior
152
resposta dinâmica quando em ressonância com os harmônicos da carga de
excitação devido ao caminhar humano.
Ainda, nas Figuras 94 a 96, verifica-se que a resposta dinâmica de passarelas
depende da intensidade do fluxo de pedestres sob o qual estão submetidas. As
classes III, II e I correspondem a fluxo de pedestres com 0,5, 0,8 e 1,0 pedestre/m²
respectivamente. Já para a classe IV, os valores da resposta dinâmica foram obtidos
devido ao caminhar de um único pedestre. Os valores da aceleração de pico
determinístico foram obtidos devido ao caminhar de um único pedestre e
considerando-se as respostas dinâmicas no estado permanente.
Pode-se afirmar que, segundo o método Espectro de Resposta [43], as
acelerações de pico das passarelas são função da intensidade do fluxo de pedestre,
quanto mais intenso o fluxo maior será a resposta dinâmica da estrutura. As
respostas dinâmicas são, também, função do coeficiente de amortecimento da
estrutura. Sendo que quanto maior for o amortecimento estrutural menor será a
resposta dinâmica da passarela.
Figura 94 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 0,5%
153
Figura 95 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 1%
Figura 96 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) ξ 2%
As Figuras 97 a 100 apresentam a variação da reposta dinâmica de uma
passarela referencial com massa igual a 19789 Kg, com frequência fundamental de
2 Hz, 4 Hz, 6 Hz e 8 Hz, respectivamente, em função do coeficiente de
amortecimento estrutural. Mais uma vez, os valores foram obtidos adotando-se a
154
formulação matemática proposta por Rainer, Pernica e Allen [9] para determinação
dos coeficientes dinâmicos.
Observa-se, como esperado, a redução da resposta dinâmica da estrutura
com o aumento do coeficiente de amortecimento estrutural.
Figura 97 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 2 Hz
Figura 98 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 4 Hz
155
Figura 99 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 6 Hz
Figura 100 – Aceleração método Espectro de Resposta (m/s²) 8 Hz
156
15 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DAS ANÁLISES DINÂMICAS
DETERMINÍSTICA E NÃO DETERMINÍSTICA
15.1 Aspectos gerais
Neste capítulo, os resultados obtidos, para o caminhar de uma pessoa e fluxo
de pedestres, através das análises analíticas probabilísticas e determinísticas são
comparados. Esta comparação permite verificar a convergência dos resultados
obtidos.
15.2 Comparação entre os resultados das análise dinâmicas determinística e
probabilística devido ao caminhar de um pedestre
Os valores das acelerações (a95%) calculados a partir dos métodos
probabilísticos, Monte Carlo (modelo proposto no presente trabalho), Sètra e
Espectro de Resposta devido ao caminhar de um único pedestre de uma passarela
referencial com massa total igual 20000 Kg, comprimento de vão igual a 15 m,
coeficiente de amortecimento estrutural de 1% e frequência natural variando de 1 a 9
Hz, foram comparados com os valores obtidos pelo método determinístico dado pela
Equação 46 que considera a resposta dinâmica da estrutura no estado permanente.
As Figuras 101 e 102 apresentam os resultados das acelerações a95%
(percentil 95%) a partir das formulações matemáticas para determinação dos
coeficientes dinâmicos do caminhar humano propostas por Rainer, Pernica e Allen
[9] e Murray, Allen e Ungar [12] respectivamente. Observa-se que os valores obtidos
no método determinístico são superiores aos valores obtidos a partir dos métodos
probabilísticos.
A título ilustrativo, observa-se que o valor da aceleração de pico (a95%), obtida
por meio do método de Monte Carlo que neste caso leva em consideração a
intravariabilidade da frequência do passo do pedestre, é 7% inferior ao valor
calculado utilizando-se o método Espectro de Resposta, cujas respostas dinâmicas,
também, são obtidas a partir de simulações Monte Carlo, porém, desconsiderando-
se a intravariabilidade do passo do passo. Portanto, pode-se afirmar que a
intravariabilidade do passo do pedestre tende a reduzir o pico das respostas
dinâmicas de passarelas.
157
A resposta dinâmica de passarelas como pode ser observado nestas Figuras
é máxima quando a estrutura encontra-se em ressonância com a carga de excitação
(frequência do passo igual a 2 Hz). Interessante observar que as respostas
dinâmicas obtidas pelo método proposto no guia de projeto Sètra [49] e pelo método
de Monte Carlo apresentam valores maiores do que aqueles calculados pelo método
Espectro de Resposta [43] para estruturas fora da faixa de ressonância com o valor
médio da frequência de passo caminhar humano (2 Hz). Por exemplo, para a
passarela referencial com frequência natural na direção transversal vertical igual a
1,8 Hz, as acelerações (a95%) obtidas pelos métodos Sétra, Monte Carlo e Espectro
correspondem respectivamente a 1,02 m/s², 0,70 m/s² e 0,40 m/s². No método
Espectro de Reposta [43] as respostas dinâmicas crescem substancialmente à
medida que a frequência natural da estrutura se aproxima do valor médio (2,0 Hz) da
frequência do passo do pedestre. Isto ocorre, em função do desvio padrão da
variável frequência do passo utilizado no método Espectro de Resposta ser igual
0,1, sendo, portanto, a metade do desvio padrão igual a 0,2 utilizado no Monte Carlo
e Sètra [49]. Esta diferença é justificável, tendo em vista que o método Espectro de
Resposta [43] prevê um grau de interação entre os pedestres caminhando em fluxo
que impede que a frequência do passo varie livremente como na caminhada de um
único pedestre. Daí, a divergência entre os valores dos desvios padrões adotados.
Cabe relembrar que para uma variável qualquer seguindo uma distribuição
normal com valor médio µ, a probabilidade de ocorrência de valores mais afastados
deste valor médio depende do respectivo desvio padrão da variável. Destaca-se,
conforme demonstrado no capítulo 3 e 4 do presente trabalho, que para uma
variável com distribuição normal valor médio µ e desvio padrão σ, 99,7% dos valores
prováveis encontram-se na faixa média mais ou menos três vezes o desvio padrão
(µ± 3σ).
Assim, para uma passarela com frequência natural igual a 1,8 Hz, a
probabilidade desta estrutura encontrar-se em ressonância com o primeiro
harmônico do caminhar humano (com valor médio de frequência de passo é igual a
2 Hz) é maior para uma distribuição normal com o desvio padrão igual 0,2
comparado com o valor igual a 0,1 adotado no método Espectro de Resposta.
No método determinístico dado pela Equação 46, as respostas dinâmicas são
calculadas desprezando-se a distribuição normal da frequência do passo dos
pedestres. Pode-se observar que neste método a aceleração de pico é máxima
158
quando a estrutura tem frequência natural igual a 2 Hz e, portanto, se encontra em
ressonância com a carga de excitação (valor médio da frequência de passo igual a 2
Hz). Sendo que a resposta dinâmica decresce, bruscamente, à medida que a
frequência natural se afasta do valor médio da frequência do passo. Comprovando
que vibrações em passarelas de pedestres são processos de banda estreita.
Por fim, cabe ressaltar que as respostas dinâmicas de passarelas dependem
dos coeficientes dinâmicos adotados. Utilizando-se os valores propostos por Murray,
Allen e Ungar [12], as respostas dinâmicas de estruturas, com frequência natural na
direção transversal vertical acima de 3,0 Hz, e, portanto, passíveis de estarem em
ressonância com o segundo, terceiro e quatro harmônico do caminhar humano serão
maiores do que os valores obtidos quando adotados os valores dos coeficientes
dinâmicos propostos por Rainer, Pernica e Allen [9].
Figura 101 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico Rainer, Pernica
e Allen [9]
1,8
159
Figura 102 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico Murray, Pernica
e Allen [12]
15.3 Comparação entre os resultados das análise dinâmicas determinística e
probabilística devido à vários pedestres
Os valores das acelerações (a95%) calculados segundo o método Sètra para
uma passarela referencial com massa total igual a 20000 Kg, comprimento do vão
igual a 15 m, coeficiente de amortecimento estrutural de 1% e frequência natural
variando de 1 a 9 Hz, foram comparados com os valores obtidos pelo método
Espectro de Resposta considerando as densidades de pedestres por m² iguais 0,5
(classe III), 0,8 (classe II) e 1 classe (I). Para a classe IV o carregamento dinâmico
utilizado é devido ao caminhar de um único pedestre.
A Figura 103 apresenta os resultados das acelerações a95% (percentil 95%)
adotando-se os coeficientes dinâmicos propostos por Rainer, Pernica e Allen [9].
Observa-se que os valores do obtidos pelo método Sètra para classe I (1 ped/m²)
são superiores aos valores do método de Espectro de Resposta. Isto ocorre, porque
as formulações dos efeitos dinâmicos do fluxo de pedestres destes dois métodos
não são iguais. O método espectro de resposta adota a formulação de Matsumoto
160
[65] (raiz quadrada do número de pedestres) enquanto o método Sètra utiliza as
formulações empíricas dadas pela Equação 79.
A divergência entre os valores das acelerações dos dois métodos é maior
para classe I. Para esta classe o efeito dinâmico adotado no método Sètra é quase
duas vezes maior do que o valor utilizado no método Espectro de Resposta.
Cabe relembrar que o efeito dinâmico de fluxo de pedestres do método Sètra
é função do número de pedestres bem como do coeficiente de amortecimento
estrutural. Assim, dependendo deste coeficiente, as respostas dinâmicas obtida pelo
método Sétra podem ser superiores ou inferiores aos valores obtidos utilizando-se o
método Espectro de Resposta.
Figura 103 – Comparativo entre os métodos probabilísticos e determinístico Murray [12]
161
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS
16.1 Introdução
O objetivo desta dissertação foi estudar o comportamento dinâmico de
passarelas de pedestre submetidas ao carregamento randômico devido ao caminhar
de uma pessoa ou fluxo de pedestres. Os resultados obtidos por meio do método
analítico probabilístico foram comparados com os valores, também, obtidos
analiticamente por meio do método determinístico.
Um modelo numérico-computacional foi desenvolvido via método dos
elementos finitos, por meio do emprego do programa computacional ANSYS [52],
objetivando verificar a confiabilidade do modelo analítico probabilístico proposto
utilizando como modelo base a estrutura investigada.
O modelo analítico probabilístico, no qual passarelas de pedestres biapoiadas
são reduzidas a um sistema massa mola com um grau de liberdade (S1GL), foi
implementado computacionalmente com a utilização do software livre SIMULAR [74]
com linguagem de programação Visual Basic da Microsoft. Neste método analítico
computacional foi considerada a aleatoriedade da frequência e do comprimento do
passo do pedestre, desprezando-se a aleatoriedade do peso do pedestre, tendo em
vista a existência de uma possível correlação, ainda não precisamente quantificada,
entre a frequência do passo e o peso do pedestre [35].
No modelo numérico, o comportamento dinâmico da passarela mista
investigada foi analisado mediante a simulação do caminhar de um pedestre sobre a
estrutura considerando-se a aleatoriedade da frequência e do comprimento do passo
do pedestre. Já no modelo analítico, foi considerado ainda, a intravariabilidade do
passo do pedestre, ou seja, a variação da frequência do passo durante a
caminhada.
As respostas dinâmicas das passarelas, tanto no modelo analítico como no
modelo numérico foram apresentadas em termos de probabilidade de ocorrência
relativos ao percentil 95%. Estes valores foram analisados e comparados com os
limites propostos por normas e recomendações de projeto, objetivando uma análise
de conforto humano.
162
16.2 Conclusões
São apresentadas a seguir, as conclusões obtidas ao longo deste trabalho de
pesquisa, onde foi realizado um extenso estudo numérico. Ao longo do trabalho
foram apresentadas várias conclusões e, estas são aqui apresentadas, de forma
itemizada, em que cada item representa um aspecto ou parâmetro utilizado para
análise do comportamento dinâmico de passarelas de pedestres.
a) Coeficientes dinâmicos
Os coeficientes dinâmicas do caminhar humano são variáveis dependentes da
frequência do passo do pedestre. No presente trabalho foram apresentadas as
formulações matemáticas propostas por Rainer, Pernica e Allen [9], Murray, Allen e
Ungar [12], Young apud Hauksson [22] e Kerr apud Zivanovic [33] para
determinação destes coeficientes.
Observou-se que os coeficientes dinâmicos dos respectivos harmônicos do
caminhar humano tendem a crescer com o aumento da frequência do passo do
pedestre segundo as formulações matemáticas propostas por Rainer, Pernica e
Allen [9], Young apud Hauksson [22] e Kerr apud Zivanovic [33]. Já na formulação
proposta por Murray, Allen e Ungar [12] os coeficientes dinâmicos decrescem com o
aumento da frequência do passo.
Os valores dos coeficientes dinâmicos do primeiro harmônico do caminhar são
de mesma magnitude para as quatro formulações matemáticas. Por exemplo para o
valor médio de frequência de passo igual a 2 Hz, os coeficientes dinâmicos segundo
Rainer, Pernica e Allen [9], Murray, Allen e Ungar [12], Young apud Hauksson [22] e
Kerr apud Zivanovic [33] correspondem a 0,41, 0,41, 0,43 e 0,41. Todavia, existe
diferença significativa entre os valores dos coeficientes dinâmicos para os demais
harmônicos do caminhar humano. Sendo que os valores propostos por Murray, Allen
e Ungar [12] são aproximadamente o dobro dos valores propostos por Rainer,
Pernica e Allen [9] e Young apud Hauksson [22]. Exemplificativamente, para o
segundo harmônico do caminhar (valor médio da frequência do passo de 2 Hz), o
coeficiente de Murray, Allen e Ungar [12] é igual a 0,20. Já os valores propostos por
Rainer, Pernica e Allen [9] e Young apud Hauksson [22] são iguais a 0,11 e 0,09
respectivamente.
163
Pode-se concluir que os valores da aceleração de pico obtidos analiticamente
variam em função da formulação matemática adotada para determinação dos
coeficientes dinâmicos do caminhar humano.
b) Comparação entre os resultados obtidos com emprego do método analítico
probabilístico e os valores obtidos numericamente
A partir da implementação computacional do método analítico probabilístico
para verificação da resposta dinâmica de passarelas de pedestres foram obtidas as
acelerações de pico para uma passarela referencial com massa total igual a 20000
Kg, variando-se as frequências naturais na direção transversal vertical no intervalo
de 1 Hz a 9 Hz, os coeficientes de amortecimento estrutural (0,5%, 1 %, 1,5% e 2%)
e comprimento dos vão da estrutura de 10 a 100m. Com os resultados obtidos foram
calculadas as funções de distribuição acumulada (fda). Posteriormente, foram
construídos espectros de respostas a partir dos valores referentes ao percentil 95%
das acelerações de pico.
Observa-se que, a resposta dinâmica para passarelas reduzidas a um
sistema com um grau de liberdade (S1GL), é função do comprimento do vão da
estrutura, ou seja, do tempo de duração do carregamento na estrutura. A aceleração
de pico da estrutura estará mais próxima da resposta no estado permanente quanto
maior for o comprimento do seu vão.
Os gráficos de espectro de resposta podem ser utilizados para calcular o valor
representativo do percentil 95% da aceleração de pico de passarelas com
propriedades modais iguais e massas totais distintas da passarela referencial
aplicando-se o fator de correção de massa.
Os valores das acelerações de pico, para estruturas em ressonância com a
carga de excitação e no estado permanente, obtidos por meio do método
determinístico são superiores aos valores das acelerações calculadas utilizando-se o
método probabilístico que leva em consideração o comprimento do vão da
passarela, e, portanto, o tempo de atuação do carregamento dinâmico. Por exemplo,
para um passarela com massa total igual a 20000 Kg, comprimento do vão igual a
15 m, coeficiente de amortecimento igual a 1% e frequência natural igual 2 Hz, a
aceleração de pico no estado permanente obtida com o emprego de método
determinístico é igual a 1,5 m/s² em contraste com o valor de 0,72 m/s² obtido
164
adotando-se o método probabilístico proposto neste trabalho.
Conforme Murray, Allen e Ungar [12], passarelas de pedestres em função do
seu comprimento do vão e, portanto tempo de atuação do carregamento dinâmico,
de modo geral, não atingem a resposta dinâmica no estado permanente. Em função
disso, diversos métodos analíticos levam em consideração este efeito redutor da
resposta dinâmica no estado permanente em suas respectivas formulações
matemáticas.
Por exemplo, Rainer, Pernica e Allen [9] propôs, em sua formulação analítica
determinística para determinação da aceleração de pico, a utilização de fatores de
amplificação dinâmicos em função do comprimento do vão das passarelas. Já
Murray, Allen e Ungar [12] recomenda a utilização em seu método, também,
determinístico a utilização de um fator redutor da resposta dinâmica igual a 0,7 para
passarelas de pedestres para qualquer comprimento de vão.
Os métodos analíticos determinísticos propostos por Rainer, Pernica e Allen
[9] e Murray, Allen e Ungar [12], portanto, levam em consideração o tempo de
atuação do carregamento. Contudo, em tais métodos a estrutura é sempre colocada
em ressonância com a carga de excitação. Ou seja, nestes métodos não é
considerada a distribuição normal da frequência dos passos dos pedestres.
Alternativamente, pode-se, também, determinar a aceleração de pico de
passarelas de pedestres adotando-se como frequência da carga de excitação o valor
médio do caminhar (2 Hz). Neste caso, a estrutura só estaria em ressonância com o
caminhar humano caso uma de suas frequências naturais na direção vertical fosse
igual a 2 Hz. Ao se adotar, o valor médio da frequência do passo (2 Hz), o valor da
aceleração de pico pode ser subestimado, tendo visto que, em função da
distribuição normal da frequência do passo dos pedestres (intervariabilidade), parte
destes usuários podem gerar carregamentos dinâmicos ressonantes com a
estrutura.
Um outro aspecto não considerado nos métodos determinísticos é a variação
da frequência do passo de um dado pedestre ao longo de sua caminhada
(intravariabilidade do passo). Assim, pode-se concluir que os métodos analíticos
determinísticos não levam em consideração nem a intervariabilidade e
intravariabilidade do passo dos pedestres.
No método analítico probabilístico proposto no presente trabalho que leva em
consideração tanto a intervariabilidade quanto a intravariabilidade do passo
165
pedestres, observa-se que passarelas de pedestres que se encontram nas faixas de
frequência dos harmônicos do caminhar humano, porém, não ressonantes com a
frequência média do caminhar (2 Hz) apresentam respostas dinâmicas maiores do
que os valores obtidos através por meio de método determinístico adotando-se o
valor médio da frequência do passo (2 Hz) como frequência da carga de excitação.
Isto ocorre, porque o método analítico probabilístico considera que a
frequência do passo segue uma distribuição normal e, consequentemente, um
percentual dos pedestres poderia gerar carregamentos ressonantes com a estrutura.
Ou seja, ao se levar em consideração a aleatoriedade da frequência, do
comprimento e da intravaribalidade do passo dos pedestres, passarelas com
frequência natural diferente do valor médio da frequência do passo do pedestre (2
Hz) irão experimentar acelerações de pico mais elevados do que aquelas calculadas
considerando-se somente o valor médio da frequência de excitação (2 Hz).
Por exemplo, uma passarela de pedestre com frequência fundamental de 1,6
HZ, massa total 20000 Kg, comprimento de 100 m e coeficiente de amortecimento
de 1% não está em ressonância com o valor médio da frequência do caminhar
humano de 2 Hz. Entretanto, devido à distribuição normal da frequência do passo é
esperado que parte dos pedestres caminhem com frequência de passo igual a 1,6
Hz, portanto, em ressonância com a estrutura. O valor da aceleração de pico obtido
analiticamente com emprego de método determinístico é igual a 0,05 m/s²,
adotando-se o valor médio da frequência do passo (2 Hz).
Quando colocada em ressonância com a carga de excitação o valor da
aceleração de pico desta estrutura corresponde a 1,5 m/s² ao passo que no método
probabilístico o valor referente ao percentil 95% da aceleração de pico é igual a 0,72
m/s².
Assim, nos métodos determinísticos propostos por Rainer, Pernica e Allen [9]
e Murray, Allen e Ungar [12] a estrutura é sempre colocada em ressonância com
algum harmônico da caminhada humana. De modo que a resposta dinâmica é
sempre calculada para situação menos favorável. Dessa maneira, os métodos
determinísticos não levam em consideração a probabilidade da estrutura estar em
ressonância com a carga de excitação e do ponto de vista estatístico superestimam
o valor da aceleração de pico destas estruturas.
c) Intravariabilidade do passo do pedestre
166
Foram calculadas as respostas dinâmicas de inúmeras passarelas de
pedestres referênciais (frequência natural: entre 1Hz e 9Hz; massa total: 20000 Kg;
coeficiente de amortecimento: 1% e vão: variando a cada 10m), assumindo-se que a
intravariabilidade do passo do pedestre varia em torno da frequência de passo
preferencial do pedestre da ordem de 4%, 3 %. 2 % e 1,3%. Estes valores
percentuais da intravariabilidade adotados são respaldados por medições
experimentais realizadas em diversas pesquisas.
Assim sendo, as acelerações de pico obtidas por meio do emprego dos
métodos analíticos probabilísticos demonstram que as acelerações de pico são
reduzidas à medida que se aumenta a intravariabilidade do passo do pedestre. Por
exemplo: para o modelo estrutural investigado a aceleração de pico obtida
analiticamente desprezando-se a intravariabilidade do passo é igual a 0,25 m/s².
Considerando-se a intravariabilidade do passo igual a 2%, 3% e 4% da a frequência
preferencial do passo, as respectivas acelerações de pico são iguais a 0,23 m/s²,
0,21 m/s² e 0,21 m/s².
d) Efeito dinâmico de grupo de pedestres
Foram apresentadas diversas formulações matemáticas que tentam a partir
do cálculo da reposta dinâmica de passarelas devido ao caminhar de uma pessoa
prever o comportamento destas estruturas quando submetidas a fluxo de pedestres.
O efeito dinâmico de fluxo de pedestre não é igual ao somatório dos efeitos
dinâmicos de cada indivíduo caminhando sobre a estrutura, já que em um fluxo,
devido à diferença do tempo inicial da caminhada de cada pessoa, somente parte
destes pedestres encontram-se em fase entre si.
Em função da diferença de fase entre pedestres e da diferença de fase do
carregamento dinâmico entre os pedestres e o modo de vibração da estrutura, parte
dos usuários atuam como sistema massa mola absorvendo parte da energia gerada
pelo fluxo de pedestres.
No guia de projeto Sètra foi apresentada formulação empírica para cálculo do
número equivalente de pedestres que leva em consideração o coeficiente de
amortecimento estrutural bem como o aumento da massa modal da estrutura em
função da massa total dos pedestres, se constituindo hoje no método mais utilizado
167
para calcular o efeito dinâmico de fluxo de pedestres.
Por exemplo, para um fluxo de 49 pedestres, o efeito dinâmico deste fluxo em
uma passarela com coeficiente de amortecimento igual a 1%, segundo o método
Sètra [49], pode ser obtido multiplicando-se a resposta dinâmica devido a um único
pedestre por 7,1. Já, segundo a formulação de Matsumoto [65] o respectivo fator
multiplicador corresponde a 7.
e) Método analítico probabilístico para verificação do comportamento dinâmico
de passarelas submetidas a fluxo de pedestre
Foram apresentados dois métodos analíticos probabilísticos para verificação
da resposta dinâmica de passarelas submetidas a fluxo de pedestres. Tais métodos
partem da premissa que a resposta dinâmica de passarelas submetidas a fluxo de
pedestre pode ser calculada aplicando-se sobre o valor da resposta dinâmica devido
ao caminhar de um único pedestre um fator multiplicador denominada de número de
pedestres equivalentes.
As formulações apresentadas resultam em valores distintos de resposta
dinâmica para a passarela referencial utilizada. A formulação matemática para se
calcular o efeito dinâmico de fluxo de pedestres, proposta no guia de projeto Sètra
[49] é a mais utilizada por levar em consideração o aumento da massa modal da
estrutura devido à massa do fluxo de pedestres e o coeficiente de amortecimento
estrutural.
Por exemplo para uma passarela de pedestres com massa total igual a
100000 Kg, coeficiente de amortecimento estrutural igual a 1% e frequência natural
igual a 2 Hz aceleração de pico devido a fluxo de 50 pedestres é igual a 1,2 m/s²
segundo o método Sétra [49].
16.3 Sugestões para trabalhos futuros
a) Acrescentar, no método analítico probabilístico implementado
computacionalmente, as análises da resposta dinâmica de passarelas de
pedestres nas direções horizontais e longitudinais;
168
b) Acrescentar no método analítico probabilístico um sistema “massa-mola-
amortecedor” para simular o pedestre, de forma a se considerar o efeito da
interação pedestre-estrutura;
c) Investigar numericamente a resposta dinâmica de passarelas quando
submetidas a fluxo de pedestres randômico;
d) Investigar a relação entre o peso do pedestre e a respectiva frequência do
passo;
e) Acrescentar ao modelo numérico computacional o corpo humano como um
sistema massa-mola de modo a se medir o aumento do coeficiente de
amortecimento estrutural devido a fluxo de pedestres e as respectivas
acelerações ao longo da travessia.
169
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