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DIEGO FAUSTINO SOUZA JORNALISMO ESPORTIVO: O ENTRETENIMENTO LEVADO A SÉRIO ASSIS 2012 Av. Getúlio Vargas, 1200 Vila Nova Santana Assis SP 19807-634 Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

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DIEGO FAUSTINO SOUZA

JORNALISMO ESPORTIVO:

O ENTRETENIMENTO LEVADO A SÉRIO

ASSIS

2012

Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634

Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

DIEGO FAUSTINO SOUZA

JORNALISMO ESPORTIVO:

O ENTRETENIMENTO LEVADO A SÉRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis (IMESA) e Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), como requisito parcial à obtenção do certificado de conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo.

Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde

Área de concentração: Ciências da Comunicação - Jornalismo

ASSIS

2012

DEDICATÓRIA

A meus avós maternos, João Pedro Faustino e,

em especial, minha avó Luzinete Faustino,

mulher que hoje está na morada do Pai eterno.

Grande motivo de estar terminando mais uma etapa da minha vida,

e pelos seus ensinamentos de generosidade e a sua maior virtude, o amor.

AGRADECIMENTOS

A conclusão do curso de graduação é um desafio para todos os alunos que

desejam passar pela vida acadêmica e percorrer por um momento de esforço e

dedicação. É difícil agradecer a todas as pessoas, amigos, que estiveram comigo

durante esses quatro anos, os mais importantes da minha vida.

Agradeço em primeiro lugar ao meu maior treinador nesta vida, que me deu o

dom de estar realizando um sonho: Deus, obrigado por iluminar meu caminho.

Quero mencionar e agradecer a minha mãe, Maria Ângela Pedro Faustino,

por sempre me apoiar e incentivar nas minhas decisões mais importantes, e pelo

carinho e ternura que só uma mãe tem ao seu filho.

Agradeço, ainda, aos meus irmãos Ruan Faustino e Nattielle Faustino, por

estarem sempre presentes na minha vida e de ter a certeza que cada dia somos

mais que amigos, somos sangue do mesmo sangue. Ao meu padrasto, Antônio

Donizete de Souza, pela sua grande formação, que me serviu de exemplo a segui-

lo. Ao meu avô João Pedro Faustino, pela sua sabedoria e pelo seu grande

conhecimento de vida. Posso falar que ele foi a mola propulsora do homem que sou

hoje, ele foi minha base e minha estrutura, tenho com ele o maior respeito,

consideração e amor.

Ao meu orientador, que teve a maior disposição e dedicação de aceitar

conduzir este trabalho e pela sua paciência e sabedoria. O meu muito obrigado ao

mestre David Lucio de Arruda Valverde.

Aos meus colegas de sala Kallil Dib, Nestário Luiz, Patrícia Dias, Renato

Piovan, Ítalo Luiz, Marcos Smania e Felipe Portes, com os quais tive a oportunidade

de conviver esses quatro anos e tenho certeza que serão excelentes profissionais da

comunicação.

A todos os meus colegas de trabalho, pelo apoio e pela confiança depositada

em mim.

A todos os meus amigos, pelo incentivo e apoio constantes e pelo verdadeiro

espírito de amizade.

Muito obrigado!

RESUMO

Neste trabalho, verifica-se até que ponto o jornalismo esportivo é tratado como entretenimento ou como gênero no conceito de informação. No passado recente, a informação era veiculada até o espectador de forma concreta. Acostumou-se a observar grandes âncoras do jornalismo esportivo televisionado transmitirem as notícias do esporte em matérias simples e objetivas. Atualmente é possível acompanhar programas de esporte, veiculados pelas maiores emissoras de televisão do país, com um formato inusitado, como, por exemplo, o ―Globo Esporte‖ de São Paulo, que era apresentado por Tiago Leifert. Ele trazia para o público reportagens dinâmicas e bem humoradas. Porém, esse novo formato de se transmitir a notícia esportiva nem sempre foi bem-vindo e a credibilidade da matéria fica restrita ao entretenimento nela contida. Ainda existem vários canais de informações esportivas que transmitem a notícia de forma concreta e imparcial, sem buscar o entretenimento, recebendo por sua vez maior respeito de grande parte do público. A ideia deste trabalho é a de compreender o jornalismo esportivo como uma área de atuação conceituada. Pretende-se desvendar o porquê de as emissoras de televisão abertas deixarem de transmitir informações necessárias em suas reportagens propiciando tanto espaço a matérias de entretenimento, que aqui são entendidas como não agregadoras de conhecimento e informação.

Palavras-chave: Comunicação (esportiva); Entretenimento; Informação; Jornalismo

Esportivo.

ABSTRACT

In this work there is to what extent the sports journalism is treated as a form of

entertainment industry or genre as the concept of information. In the recent past the

sports journalism was treated differently. The information was conveyed to the viewer

in a concrete way. Accustomed to seeing big anchors televised sports journalism,

transmitting the news in sport matters simple and straightforward. Currently you can

follow sports programs, served by major television stations in the country, with an

unusual shape, such as the "Globo Sport" of St. Paul, who presented by Tiago Leifert

that brings the audience dynamic and humorous stories. However, this new format to

transmit the sports news is not always welcome and credibility of the matter is

restricted to entertainment therein. Although there are several information channels

that broadcast sports news in a concrete and impartially, without appealing to the

entertainment, in turn getting more respect from much of the public. The idea of this

work is to understand the sports journalism as a practice area conceptualized. It is

intended to unravel why the broadcast television stations cease to pass necessary

information in their reports providing both entertainment space matters, here, are not

understood as aggregators of information and knowledge.

Keywords: Communication (sports); Entertainment; Information; Sports Journalism.

FICHA CATALOGRÁFICA

SOUZA, Diego Faustino.

Jornalismo Esportivo: o entretenimento levado a sério.

Diego Faustino Souza. Fundação Educacional do Município de Assis – Instituição

Municipal de Ensino Superior de Assis – Assis, 2012.

Páginas: 27

Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde

Trabalho de Conclusão de Curso – Instituição Municipal de Ensino Superior de Assis

1

CDD:

Biblioteca da FEMA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................... 09

1. FUTEBOL: CONTEXTO HISTÓRICO................................................. 11

2. PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL NO BRASIL....................... 12

2.1. A ERA DO RÁDIO.............................................................................. 14

2.2. TORCIDA MOVIDA PELAS ONDAS DA AM..................................... 17

3. ENTRETENIMENTO: UMA ANÁLISE DOS PROGRAMAS COM

INFORMAÇÃO E INTERAÇÃO

23

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 27

5. FONTES................................................................................................ 28

6. REFÊRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 29

FIGURA 01. ESTÚDIO GLOBO ESPORTE EM SÃO PAULO................ 23

FIGURA 02: PROGRAMA BATE-BOLA NOVO PROJETO.................... 24

FIGURA 03: CENÁRIO DO PROGRAMA BEM AMIGOS .................... 24

FIGURA 04: REVISTA PLACAR DE NOVO FORMATO ...................... 25

FIGURA 05: RADIO TRANSAMÉRICA FENÔMENO EM SP..................

FIGURA 06: MESA-REDONDA PROGRAMA ARENA SPORTV............

25

26

FIGURA 07: PROGRAMA ROCK GOL DA EMISSORA MTV................ 26

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INTRODUÇÃO

A discussão sobre o Jornalismo Esportivo, atualmente, está em ampla

ascensão no mercado jornalístico. Assim, o tema acaba por receber grande

destaque na programação da maioria das mídias.

Pelo fato de o futebol ser um esporte conhecido por muitos e que atrai a

população em geral, ao menos uma vez a cada dois anos, durante as Olimpíadas e,

especialmente, a Copa do Mundo, tal esporte passa a ser visto como mero

entretenimento, um verdadeiro espetáculo que atrai as massas.

Por um lado, essa pesquisa tem como objetivo demonstrar o lado do

entretenimento conhecido como show. Entretanto, objetiva-se compreender o outro

viés jornalístico como a existência e a construção da notícia, um trabalho

desenvolvido diariamente nos jornais, nos canais de televisão e nas emissoras de

rádio. Considera-se que até o fim da década de 1990, o jornalismo esportivo era de

uma outra forma, diferente da atual. A informação era levada até o espectador de

forma concreta. Costumava-se observar os principais âncoras do jornalismo

esportivo televisionado transmitirem diariamente as notícias do esporte em matérias

simples e objetivas. Atualmente se observam programas de esporte, veiculados

pelas maiores emissoras de televisão do país, com um formato inusitado.

Tem-se, por exemplo, o ―Globo Esporte‖ de São Paulo, que é apresentado

por Tiago Leifert e traz para o público reportagens dinâmicas e bem humoradas.

Porém, esse novo formato de se transmitir as notícias esportivas nem sempre é bem

recebido e a credibilidade da matéria fica restrita ao entretenimento nela contida.

Contudo, ainda existem canais de informação esportiva que transmitem a

notícia de forma coerente e imparcial, sem atrever-se a aventurar-se pelo caminho

do entretenimento, ganhando assim maior respeito do público.

A ideia deste trabalho é a de promover uma discussão sobre o jornalismo

esportivo como uma área de atuação conceituada, desmistificando o parâmetro

aplicado atualmente.

Para tanto, é necessário que se desvende o porquê de as emissoras de TV

abertas deixarem de transmitir informações consideradas prioritárias em suas

reportagens e cederem espaço a matérias de puro entretenimento, que não se

preocupam com a finalidade de agregar informação.

10

Este estudo pretende analisar em que medida o jornalismo esportivo precisa

desse modo de abordagem para garantir ou aumentar sua visibilidade.

Objetiva-se investigar como o tema é abordado pelos canais esportivos

fechados, que passam informações consideradas concretas e objetivas, não

restringindo-se apenas ao entretenimento. A principal questão que preocupa este

estudo corresponde ao fato de se questionar em que medida o jornalismo esportivo

perde sua credibilidade com a promoção exacerbada de entretenimento diante do

público.

Posta assim a questão, o desdobramento ocorre da seguinte forma: o

jornalismo esportivo é primordial a informação objetiva, ou o entretenimento

enriquece o assunto abordado na matéria em questão.

Acredita-se que o jornalismo esportivo aderiu a esse novo formato, pelo fato

de que as informações transmitidas pelos antigos telejornais esportivos ficaram

maçantes, perdendo o interesse do seu público-alvo.

Em virtude dessa situação, acredita-se que tais emissoras resolveram investir

em programas mais leves e bem humorados, buscando, novamente, chamar a

atenção dos espectadores. Para isso, o entretenimento passou a fazer parte das

matérias diárias.

Contudo, esse modo de se fazer jornalismo tomou grandes proporções,

chegando ao ponto de se questionar se isso é jornalismo esportivo ou mais uma

maneira para entreter o público.

Pretende-se demonstrar para o leitor que se pode fazer jornalismo esportivo

sem o tal entretenimento, apenas com o elemento fundamental em qualquer prática

jornalística: a informação. Objetiva-se promover uma análise comparativa entre as

formas a partir das quais algumas emissoras abordam o jornalismo esportivo.

A verdade é que o horário utilizado para transmitir determinadas informações

pode não ser aproveitado de maneira tão eficiente, ou seja, a informação necessária

cede espaço a matérias que não acrescentam valor específico de conhecimento.

Deste modo, entende-se que é preciso aprofundar o porquê das diferentes

abordagens do jornalismo esportivo em canais de TV por assinatura e em canais

abertos.

11

1. FUTEBOL: CONTEXTO HISTÓRICO

O futebol tornou-se tão popular graças a seu jeito simples de jogar. Esse

esporte explica a expressão e a identidade do Brasil e, segundo alguns historiadores,

entende-se que o futebol é a maior expressão popular do país.

Este trabalho também objetiva demonstrar os aspectos históricos, sociais,

políticos e econômicos e o porquê de um esporte iniciado na Inglaterra ter ganhado

tantos adeptos em um país que tinha tudo para não ter esse esporte como uma mola

propulsora de sucesso. Observar a história do futebol no Brasil é percorrer uma

trajetória histórica desde o fim do século XIX até o início do século XX.

Tem-se como ponto de partida o olhar crítico e a percepção sobre como usos,

costumes e comportamentos são inseparáveis da trajetória desse esporte. O futebol

ajudou assim a formar a identidade brasileira, tal como a própria cultura brasileira

ajudou a transformar o futebol. Discorrer sobre esse esporte não deve restringir

apenas a citação de dois times de onze jogadores que se confrontam em busca do

gol: ele é nada mais, nada menos que um elemento cultural que mostra a própria

imagem de identidade nacional.

Ao se retratar a origem do esporte originário da Inglaterra, observa-se que tem

suas raízes profundas e fecundas na história do jornalismo no Brasil.

O futebol consegue ocupar grandes espaços que antes eram apenas pequenas

colunas de duas linhas em jornais. Não só o futebol, mas o jornalismo esportivo

praticado em si começa a ganhar força em jornais como Correio Paulistano, o

Fanfulla, lido apenas pela elite italiana, Jornal da Tarde e, por último, o Estado de São

Paulo.

Aqui se discute a importância do futebol como um grande trunfo para se

aumentar a veiculação não só de exemplares de jornais e revistas, já que ainda

quando distante não havia cadernos esportivos como os da atualidade, mas o futebol

é também o ponto crucial da visão do crescimento econômico do país.

Neste trabalho não se irá estudar o futebol a partir de suas técnicas e táticas,

mas sim como forma de expressão e entretenimento da sociedade, pois se constitui

com a identidade popular. Para compreender o futebol brasileiro como fenômeno

cultural, inicialmente em tese serão analisados os aspectos históricos, sociais,

políticos e econômicos para se entender como um esporte oriundo de outra cultura

rapidamente tornou-se parte ativa e importante da vida do brasileiro.

12

2. PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL NO BRASIL

Armando Nogueira já dizia que ―futebol sem drible fica sem graça‖. ―É como

poesia sem metáfora‖ (1998, p.45).

Antes de se discorrer sobre entretenimento e jornalismo esportivo e o próprio

futebol como esporte de massas, precisa-se entender a profissionalização desse

esporte no país.

Entre 1910 e 1930, já com esse ritmo acelerado da construção desse esporte

e com a imprensa na forma de divulgação através de jornais, folhetins e rádios

emitirem notas tratando sobre o futebol, há um grande contraponto a ser

considerado. O remo era o esporte mais popular da época, não era creditado

conseguir ser matéria de capa em jornais.

Aliás, este era mais conhecido que o próprio futebol. Foram dos clubes de

regatas que surgiram os principais times de futebol de hoje, como o Clube de

Regatas Flamengo, Clube de Regatas Vasco da Gama e Botafogo de Futebol e

Regatas. Apenas em 1922 os grandes jornais dedicam sua primeira página às fotos

de 4 e 5 colunas com lances de futebol.

O futebol, por sua vez, começou a se desenvolver na cidade de São Paulo

apenas no fim do século XIX. Campeonatos começaram a ser disputados por

equipes formadas apenas por jogadores de elite. No entanto, com o crescimento do

número de clubes, foi criada, no dia 14 de dezembro de 1901, a LPF-Liga Paulista

de Foot-Ball, que teve cinco fundadores: SPAC, Internacional, Mackenzie, Germânia

e Paulistano. É importante citar os períodos que a história do futebol foi dividida,

segundo David Arruda Valverde. Em sua pesquisa de Dissertação de Mestrado, ele

afirma que:

No Brasil, pode-se dividir a história do futebol em quatro períodos amplos. O primeiro, de 1894 a 1904, quando se manteve restrito aos clubes urbanos. O segundo, de 1905 a 1933, em sua fase amadora, marcada por grandes passos na divulgação e pressão crescente para melhorar o nível do jogo através de subsídios aos jogadores, o que acabou por culminar com sua popularização. O terceiro, de 1933 a 1950, que corresponde ao período inicial do profissionalismo. Finalmente, a fase após 1950, de reconhecimento internacional e de sua consolidação como um esporte de massa (VALVERDE, 1999, p.10).

Ao reproduzir, analisar e exaltar a figura de Charles Miller como ―pai‖ do futebol

no Brasil é de desconfiar e desconsiderar que um esporte praticado pela elite britânica

13

e que ao longo do tempo fosse possível ver jogadores brasileiros sendo

profissionalizados e ganhando certo destaque no cenário da época com o esporte

bretão, no fato de possibilitar que o futebol fosse praticado fora das escolas e

consequentemente foi estimulado para outras pessoas em praticá-los também. Desde

já a iniciativa da criação da primeira liga em 1901 até os dias de hoje o jornalismo está

atrelado com a participação e da própria profissionalização do futebol.

Atuação jornalística na cobertura esportiva no início da profissionalização do

futebol no Brasil, teve seu período marcado por dois grandes meios de comunicação:

o rádio e o jornal. A cobertura desses eventos esportivos, segundo alguns autores,

tinha sua linguagem no jornal (forma escrita) e no rádio também (através de locução),

a linguagem em inglês devido ao futebol ter no começo a sua origem introduzida pelos

ingleses.

Um exemplo que causou para todos da época um desconforto linguístico foi

palavras que saíam nas revistas e colunas de diários esportivos as descrições de

palavras em inglês. Leia-se abaixo um trecho de um texto reproduzido por importante

periódico carioca.

Na sexta-feira, 16 de julho, os jogadores do Inter saíram mais cedo do trabalho para fazer os treinamentos finais no campo da rua Arlindo. Ainda não haviam desferido o primeiro shoot quando deram pela inusitada presença de ninguém menos do que o center-forward Booth, captain do Grêmio. Após assistir ao treino, o experiente e temido atacante vaticinou (...) Eles recém iniciam e nós temos seis anos. Vamos passá-los por uma dura prova, mas se não desanimarem vão para frente, pois nunca vi tanto entusiasmo e tantos planos nesse assunto de football (Jornal dos Sports, 1909, 20/06, p. 6).

Nesse trecho acima, retirado de um periódico carioca, observamos várias

palavras em inglês, isso era um hábito dos jornalistas da época de escrever certas

palavras na escrita inglesa por proporção do futebol ter se desenvolvido na

Inglaterra. Outra alternativa também é devido os jornalistas acompanharem jornais

ingleses falando sobre um pouco desse esporte e deixar o texto mais encorpado e

atencioso. Evidentemente não havia naquela época a cultura dos grandes jornais de

hoje, com cadernos inteiros dedicados aos esportes, os textos eram curtos.

Aqui se discutiu a importância do futebol um grande trunfo para se aumentar a

veiculação não só de exemplares de jornais e revistas já que ainda quando distante

14

não havia cadernos esportivos como os da atualidade, mas o futebol é também o

ponto crucial da visão do crescimento econômico do país.

Neste trabalho não se discute o futebol a partir de suas técnicas e táticas, mas

sim como forma de expressão e entretenimento da sociedade, pois se constitui

enquanto elemento que constitui identidade popular.

Assim, o futebol brasileiro tornou-se fenômeno cultural, perpassando os

aspectos históricos, sociais, políticos e econômicos para se consagrar como um

esporte oriundo de outra cultura, rapidamente tornando-se parte ativa e importante da

vida e do cotidiano do povo brasileiro.

2.1. A ERA DO RÁDIO: O INÍCIO DA INFORMAÇÃO

A implantação desse meio de comunicação conhecido como rádio veio

favorecer o jornalismo esportivo como figura exaltadora no início do futebol.

O rádio está presente em nossos lares e nas plataformas digitais até nos dias

de hoje. Através do rádio é que se englobam a imaginação e se promove a busca

pela informação.

Foi em meados de 1950, quando o rádio ganhou em nosso país as

transmissões esportivas às conversas em torno do futebol. Remetem-nos à

influência do rádio. Aqueles que não ouviam o rádio e não ficavam sabendo

das últimas informações. Assim, não poderiam adentrar em rodas de conversa, pois

não tinham elementos para comentar dos programas transmitidos pelo rádio, ou do

novo cantor/cantora, com isso eram tachados de outsider.

Na atualidade isso ocorre principalmente com as transmissões televisivas. O

rádio por muito tempo constitui-se em um valioso meio de comunicação. Fora

inventado por Guglielmo Marconi.

Inventor italiano e pioneiro do rádio, Marconi foi também um empreendedor de

sucesso. Tinha apenas 23 anos de idade e já patenteou um sistema de telegrafia

sem fios que lhe assegurou um patrimônio, logo se tornando um monopólio das

radiocomunicações e, mais tarde, ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1909. O

garoto além de empresário e físico, Marconi nasceu em família rica e estudou nas

melhores escolas italianas e sempre demostrou interesse pela ciência, física e

eletricidade. Ainda jovem, começou seus experimentos em laboratórios em meados

de 1887 com seu pai quando conseguiu enviar sinais pelo telégrafo sem fio, a uma

15

distância de cerca de 4 quilômetros. Mas seu grande marco ainda estava por vir. Foi

em 1888 quando Guglielmo Marconi começou suas experiências com transmissões,

as ondas de rádio eram conhecidas como ondas hertzianas, devido de Rudolf

Heinrich Hertz, professor alemão de física que descobriu a existência das ondas

eletromagnéticas (de rádio), em 1888. A grande conquista de Marconi foi conseguir

produzir e detectar essas ondas em longas distâncias que antes eram alcançadas

por curto distanciamento.

Nos Estados Unidos, por exemplo, em 1932, o rádio foi a principal forma de

comunicação entre o recém-presidente eleito Franklin Roosevelt e o povo americano

por meio das transmissões da época. Esse mesmo presidente fez do rádio o canal

de contato direto entre Estado (governo) e os cidadãos (povo). Afirmação acima

considerada pela autora Moreira, Sonia Virgínia em sua obra ―Rádio Palanque‖

(1998, p. 11).

Por isso, passou para a história dos Estados Unidos a ser conhecido como ―o

presidente do rádio‖. Assim como a política, o esporte anda de mãos dadas com o

rádio nas transmissões AM (Modulação em Amplitude) e FM (Modulação em

Frequência), e não foi diferente em anos anteriores. Temos vários exemplos como a

política e o esporte na qual o rádio foi de uma extrema importância para todos.

Pensando em um cenário político e social no qual tomamos como exemplo a década

de 50, o rádio foi instrumento de resistência político em Cuba, usado pela guerrilha

comandada por Fidel Castro. Outro grande exemplo de Moreira, Sonia V. (1998) é

citar que o rádio foi o meio mais essencial de comunicação e uma das mais

expressivas formas de resistência durante a Segunda Guerra Mundial, com as

históricas transmissões realizadas pela BBC de Londres para os países ocupados

pelo exército nazista no continente europeu.

Pouco antes do início do conflito, a BBC já havia iniciado serviços para o exterior em francês, alemão, italiano, português e espanhol. Durante a Segunda Guerra, cerca de 16 milhões de pessoas ouviram o programa War Report, transmitido depois do noticiário noturno da

emissora britânica (1998, p. 12) ―Rádio Palanque‖.

Descrever a importância do rádio no jornalismo esportivo brasileiro tem

inúmeras passagens emocionantes como a de explicar uma das maiores torcidas do

Brasil, a do Clube de Regatas Flamengo. O rádio esteve presente no futebol carioca

e deixou marcas. A velha rádio Nacional, que alcançava os mais distantes lugares

16

do país com transmissões do clube rubro-negro. É o que explica o Flamengo ser

hoje uma das maiores potências como número de torcedores em todo o país. A

última pesquisa indica 27 milhões de rubro-negros espalhados pelos quatro quantos

do país. O rádio continua muito à frente e além do que as belas narrativas das

transmissões de jogos ao vivo. O rádio se reinventa, ele se inova e se recria. O rádio

sempre terá seu público (SOARES, 1994 p. 17).

O que marca o radiojornalismo esportivo (jornalismo praticado no rádio) não é

apenas a emoção de uma partida de futebol transmitida através do impacto da voz

marcante de um narrador ou outro, mas sim pelo formato e o respeito que o rádio foi

conquistando pelos seus ouvintes.

Em trilha alternativa o rádio percorreu um caminho longo e até mesmo

apresenta usos distintos: Exemplo político (servindo ao governo interessado em

fazer propaganda da sua ideologia) e eleitoral (quando a intenção é pura e

simplesmente divulgar nomes de candidatos). Por isso é válida a importância de

resgatar um aspecto histórico do rádio brasileiro, pelo menos ajudar a entender

como começa de fato histórico ao início do rádio e como está também a realidade

nos dias de hoje no ramo da radiofusão brasileira.

Com a chegada da internet o rádio teve que passar por uma transformação de

linguagem e mesmo assim não deixou de existir, pelo contrário, devido à internet, o

rádio ganhou novas plataformas no mercado. A tendência também é que a

radiofusão digital propõe maior interatividade com os ouvintes, através das redes

sociais. Isso porque a internet é um ambiente multimídia. Algumas rádios já propõem

estarem preparadas às mudanças que a internet proporcionou. É o caso das rádios

Jovem Pan, Bandeirantes, Itatiaia e muitas outras. Essas rádios atribuem às

inovações tecnológicas grande parte do seu sucesso.

Mas o rádio atinge, ainda mesmo com o grande avanço tecnológico, muitas

pessoas que ainda não têm acesso digital, basta um aparelho com pilhas para que

uma pessoa obtenha informação do mundo inteiro, por isso esse veículo ganha uma

grande confiança onde se considera obter de uma audiência aceitável nas grandes

cidades.

Por isso o rádio sobrevive e ainda resiste porque tem o caráter de realizar

grandes reportagens, coberturas de grandes eventos como, por exemplo, uma Copa

do Mundo, coberturas de eleições e o que é mais lógico se um de nós escutarmos

17

uma transmissão de um jogo pelo rádio, certamente a emoção é muito diferente do

que se nós estivermos vendo pela televisão.

Não se pode deixar de citar que o jornalismo foi uma das atividades que mais

acompanharam o rádio em todas suas fases. Fases que são essas como desde o

início da democratização do cenário político social do Brasil, e desde os pontos mais

críticos, como a redemocratização da imprensa depois do regime militar. Entre

ambos os fatos o que vale lembrar é o que se deu, contudo a promulgação da

Constituição em 1988, na qual se consolidou o princípio da liberdade de imprensa.

Segundo Sonia Moreira, o rádio foi instrumento de resistência política.

Em 1939, quando as tropas de Hitler invadiram a Polônia, o rádio foi um dos primeiros recursos confiscados da população. Sobrevivente da época lembra que, nos países invadidos, ―o rádio era considerado uma heresia pelos soldados alemães, que obrigavam o povo entregar seus aparelhos (1998, p. 17).

Considerado pela autora acima pode-se tirar a conclusão que o veículo

muitas vezes chega onde os outros não conseguem chegar. O rádio sem dúvida tem

seu papel no processo de construção da realidade social.

O rádio quebra vários paradigmas pelo dinamismo da informação e pelo seu

formato inovador com o avanço tecnológico, o rádio se mantém vivo e ainda

propulsor de audiência e ganha mais respeito com a chegada da internet. Esse

veículo ganha uma plataforma a mais como meio de comunicação, devido à sua

simplicidade de levar informação, entretenimento e emoção gratuita através da

palavra falada, o que aguça a imaginação do ouvinte. Por mais inconfundíveis que

sejam as vozes que escutamos diariamente em nossa rotina normal, é como colocar

todas essas vozes em uma caixa de som acústico e deixar a imaginação florar e

citar nome por nome daquelas vozes, uma diferente da outra.

Quantas vezes alguém está transmitindo uma locução radiofônica e ficamos a

imaginar o caráter físico daquele locutor.

O rádio trabalha a imaginação e constrói uma narrativa mental por meio da

voz de quem está falando, esse é o grande despertar desse veículo de

comunicação.

18

2.2. TORCIDA MOVIDA PELAS ONDAS SONORAS AM

No fim dos anos 1970 e começo dos anos 1980, as emissoras de rádio davam

um show nas transmissões esportivas nas três principais capitais do país. Em Minas

Gerais, por exemplo, a rádio Itatiaia apostou no seu jornalismo de boa qualidade e

também na cobertura esportiva. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o que não

faltava era opção de sintonizar as AM aos domingos para escutar grandes jogos.

Tradicionais rádios como Globo, Jovem Pan, Tupi, Record e Bandeirantes davam

um espetáculo de narração e cobertura esportiva, havia também as emissoras que

logo foram ganhando prestígio dos ouvintes como as rádios Difusora e Capital. No

entanto, para se ganhar fama e sucesso, as rádios tinham que inovar e contar com

narradores e repórteres de qualidade.

Exemplo disso, segundo Paulo Vinicius Coelho, o narrador Osmar Santos,

que trocou de emissora por uma valorização financeira maior e no auge de sua

carreira.

Em São Paulo, o fenômeno do rádio dos anos 70 foi Osmar Santos. Em 1977, ele trocou a Globo pela Jovem Pan, em transação milionária. Passou a ser o locutor mais bem-remunerado do país e alavancou a audiência global, antes quase inexistente no mercado paulista (COELHO, 2003, p. 29).

As emissoras tinham o faturamento ainda em crescimento e com a

contratação de nomes consagrados o mercado publicitário começou a chamar a

atenção desse veículo. Não faltavam anunciantes. Grande parte deles era

fabricantes de roupas, cigarros, bebidas alcoólicas, pilhas. A intenção era atingir a

grande massa da população, ou seja, pessoa com o poder aquisitivo menor. No Rio

de Janeiro a principal atração era o locutor famoso Waldir Amaral, conhecido pelos

seus gritos longos e pelos seus bordões irreverentes. Também podemos citar nomes

de radialistas marcados pela sua competência e seu estilo bem humorado nas

jornadas esportivas como Fiori Gigliotti e Silvio Luiz. Ambos se notabilizaram pelo

emprego de bordões que caíram na boca do povo e são conhecidos até hoje, e

muitos deles utilizados por muitos narradores em exercício. Fiori foi tão popular que

recebeu mais de duzentos títulos de cidadão honorário em sua carreira. Muitos

diziam que ele em suas narrações tinha a dosagem certa de narrar e a entonação de

19

voz perfeita, o que não deixava a partida enjoativa e monótona, nesse meio tempo

Fiori uniu seu estilo de transmitir suas partidas com a objetividade paulistana e a

poesia carioca.

Silvio Luiz começou na antiga rádio Panamericana, que logo mais tarde virou

Jovem Pan. Algumas frases e bordões marcaram o estilo irreverente e o jeito

carismático do narrador de voz firme e aguda como ―Olho no lance‖, ―Acerte o seu aí

que eu arredondo o meu aqui‖ e ―Pelas barbas do profeta‖.

Nesta fase o rádio modificou a estrutura das transmissões esportivas, porque

o futebol estava ganhando mais espaço na programação, com isso além de trazer

nomes consagrados como Silvio Luiz, a Jovem Pan aderiu e sustentava o título de ―a

emissora dos esportes‖. Foi a Jovem Pan a pioneira em aderir à jornada esportiva,

grande marca do rádio existente até hoje. O ponto máximo dessa mudança ocorreu

na criação de duas funções: comentarista e repórter. Até então, apenas o narrador

era encarregado de transmitir e contar aos ouvintes o que se passava no campo e

no jogo. O narrador fazia os 90 minutos de transmissão. Era cansativo, em tese,

mas nunca deixou de ser emocionante. Depois dessa modificação o rádio ganhou

força e mais importância ainda, inclusive houve a necessidade da adoção de dois

repórteres de campo, cada um cobrindo uma equipe, para auxiliar o trabalho do

narrador e dar voz aos protagonistas de uma partida. Coube, também, a função de

contratar um comentarista que servia para ampliar o leque de informações aos

ouvintes. Em toda viagem de um grande clube, lá estava o repórter de campo

acompanhando e trazendo informações da concentração, chagada dos jogadores e

todos os detalhes de uma grande equipe. O repórter de campo que acompanhava

Osmar Santos nas transmissões esportivas era Fausto Silva. Sim, isso mesmo,

Faustão começou no rádio antes de ganhar a televisão em 1989, quando chegou à

TV Globo para apresentar o dominical que está no ar até hoje. Outro grande repórter

esportivo na Jovem Pan foi Milton Neves, que no início de sua carreira começou na

rádio fazendo matérias sobre o trânsito da capital paulista, dando plantões da CET

(Companhia de Engenharia de Tráfego). Depois de um convite feito pelo dono da

rádio, aí sim, Milton Neves que era conhecido pelos demais amigos como Miltão foi

parar no time consagrado da emissora paulista.

Nos anos 60, com o sucesso das rádios que já atuavam nas transmissões

esportivas e a popularização do futebol, mais emissoras passaram a transmitir

partidas de futebol. A paulistana rádio Bandeirantes, em 1958, ingressou no ramo, o

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que criou uma rivalidade e concorrência com as demais rádios que já estavam

atuando. Mas essa rivalidade foi vista de forma benéfica, porque levou a contratação

de um nível de profissionais de cargo e competência como José Silvério e abriu

espaços para demais nomes como Mário Moraes, Joseval Peixoto, Edson Leite.

Com a abertura de maior espaço na programação das emissoras, os profissionais

foram mais vistos e valorizados.

Visando prender cada vez mais a atenção do torcedor e conquistar mais

público e também chamar a atenção a novos patrocinadores, a narração esportiva

durante os anos 70 aperfeiçoou o radiojornalismo esportivo dando vida e incentivar a

imaginação de quem estava do outro lado do rádio. É isso que se resume o que é a

paixão de quem gosta de rádio e futebol, ingredientes que vão além do que um

simples ―bola rolando‖ e causa o fascínio e o despertar da imaginação aos fãs de

esporte.

2.3. JORNALISMO ESPORTIVO E ENTRETENIMENTO ALIADOS

Para compreender melhor a atividade chamada de jornalismo é preciso

primeiro fazer uma análise de como se contextualizou o trabalho da sociedade da

informação e entender a chegada da comunicação através dos veículos de massa

que se tem atualmente como a televisão, o tradicional jornal impresso, o rádio e a

própria internet.

Ao longo das últimas décadas, ocorreram várias mudanças em relação ao

crescimento da tecnologia e com a chegada de um surto desenvolvimentista

chamado de sociedade industrial.

Essa nova etapa de transformação corresponde às mudanças significativas

no dia a dia.

A internet proporcionou à humanidade um feito histórico nunca visto antes em

todo o mundo. O telefone, a internet, o cabo de fibra ótica, satélites, celulares com

Androides, iPhones, tablets e GPS, todos estes novos aparelhos tecnológicos são

exemplos de uma nova etapa de comunicação que faz parte da nossa rotina e nos

dias atuais podemos denominar como sociedade de informação:

Comunicação é uma ideia transcendental. Foi o impulso de se comunicar que criou a vida; comunicação é a essência da vida na

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Terra (e fora dela, se houver). A quinta onda é a tecnologia interconectanda cada vez mais coisas cada vez mais longe e, assim, tornando possível uma inundação de comunicação. Ao fazer isso ela cria uma espécie de sistema nervoso para o planeta inteiro. A economia está virando um superorganismo. As características do que está ocorrendo são radicalmente novas, mas o processo em si não tem nada de original — é apenas a manifestação atual de uma longa história, que vem se desenrolando, na qual a tecnologia está trazendo o biológico para o primeiro plano das ideias. O mundo que está acabando é inspirado na precisão dos mecanismos de relógio. Esse é o mundo das ondas de ontem. A quinta onda é a biológica começando a se estender para os sistemas sociais (empresa, família, nações, sociedade em geral). Para entender o amanhã, na empresa e na vida, vai ser preciso entender como (SEGURA, 2012, p. 03).

Com toda a estrutura tecnológica e digital crescendo no país fica óbvia a

mudança em relação no mercado jornalístico, que tem que se adaptar a essas novas

formas de trabalho.

Com essas novas mídias digitais surgindo, as empresas jornalísticas ficam

mais exigentes e ao mesmo tempo há maior concorrência na atuação jornalística e

cresce a competitividade entre os próprios jornalistas.

No jornalismo esportivo não é diferente. As editorias de esportes estão

totalmente atreladas na informação e no entretenimento. Um grande exemplo disso

é o portal de notícias globoesporte.com, que além de ser um veículo canalizado a

televisão passou a usar das novas plataformas digitais para confeccionar

informação, através da internet (COELHO, 2003).

Atualmente, além do seu portal, o globo.com, obter um grande número de

acessos, seu conteúdo está disponível também no Twitter e no Facebook, observa-

se um grande número de seguidores tanto quanto a audiência da própria televisão.

Isso demonstra que a sociedade tem a internet como um meio de se entreter, a

informação nesses meio difusores desempenha o mesmo papel da televisão que é

informar e dar a notícia ao telespectador, mas de um jeito mais agradável no meio

de uma floresta de informação que é a internet.

Aquela pessoa que não teve como assistir seu programa de esportes favorito

devido a uma reunião do trabalho ou a um imprevisto tem hoje como assistir tal

programa através da internet.

Essa aproximação entre a internet e a televisão alguns anos atrás seria

impensável.

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A portabilidade e a facilidade de se acessar um conteúdo que já foi

transmitido em canais de televisão tornou a internet dinâmica. Essa forma de

entretenimento é a mais inteligente para se atingir um público-alvo de um

determinado segmento.

Nos dias atuais, percebe-se que o leitor de um caderno de esportes

compreende que este é tão importante ou bem escrito quanto um de política ou

economia.

Talvez não haja área do jornalismo tão sujeita a intempéries quanto à cobertura de esportes. O profissional enfrenta preconceito dos próprios colegas, que consideram uma editoria menos importante. Não sejamos hipócritas de falar que temos que dar uma notícia de esportes com a mesma seriedade de uma editoria de política ou economia, mas a necessidade baseada nos princípios consagrados do bom jornalismo como esforço, independência, imparcialidade e criatividade estão presentes (COELHO, 2003, p 16).

Isso ocorre porque as transformações tecnológicas tornaram mais atrativas as

mais diversificadas matérias como o cotidiano, economia, saúde, entre outras.

O fato é que o internauta tem a oportunidade de escolher o conteúdo que

mais lhe agrada.

Uma das características marcantes do jornalismo esportivo como notícia é

sua leveza muitas vezes quase que em forma de poesia.

Como notícia branda, muitas vezes os veículos de comunicação desejam

aderir à irreverência, o bom humor, dinamismo e a interatividade na hora de noticiar

alguns fatos aliando informação e entretenimento.

Vale lembrar que escolher uma notícia pela dosagem de humor, mesmo

espetáculo, corresponde a selecionar um único critério que está interligado ao

entretenimento.

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3. ENTRETENIMENTO: UMA ANÁLISE DOS PROGRAMAS COM

INFORMAÇÃO E INTERAÇÃO

Entre alguns programas que estão na mídia atualmente, muitos aderiram ao

formato do infotenimento no jornalismo (informação + entretenimento) e alguns

destes estão nas plataformas de canais abertos e canais fechados. A divulgação dos

fatos jornalísticos, levados ao telespectador/leitor/ouvinte no formato do

entretenimento na qual virou atração para muitos jornalistas.

Abaixo exemplos de programas com a influência do entretenimento.

Figura. 01. Estúdio do programa GLOBO ESPORTE. O programa ganhou formato que inovou o jornalismo esportivo com o apresentador Tiago Leifert.

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Figura 02. Programa Bate-Bola dos canais ESPN BRASIL, com o formato de mesa de bate-papo, irreverente, dinâmico. Esse tipo de programa tem a ideia de criar uma comunicação de debates e com a participação do público através da internet.

Figura 03. Programa apresentado pelo locutor Galvão Bueno no canal fechado SPORTV, traz análises de jogos depois das tradicionais rodadas, levando a seu telespectador matérias e análises com certa dosagem de bom humor e irreverência, e um atrativo diferencial, conta sempre com a participação de atletas consagrados.

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Figura 04. A revista PLACAR, grande nome da editoria impressa do jornalismo esportivo, pertencente à editora Abril, apostou no início dos anos 90 numa linha editorial que trazia matérias mais leves e que iam mais além das quatro linhas do campo de futebol.

Figura. 05 O programa Galera Gol da rede Transamérica é um fenômeno do rádio na capital paulista. O objetivo do programa é abordar temas esportivos com muito bom humor e irreverência. Um diferencial do programa é o humorista Alexandre Porpetone, com seu grande repertório de imitações de grandes personalidades do mundo dos esportes.

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FIGURA 06. Programa Arena do canal Sportv é um debate dos principais fatos do mundo esportivo, com a participação de jornalistas, críticos do mundo dos esportes e ex-jogadores, tudo para acompanhar o que está acontecendo nas rodadas dos campeonatos estaduais e o nacional.

Figura 07: Música e futebol, esse casamento rendeu muita audiência para a emissora MTV. O programa ROCKGOL, apresentado por Paulo Bonfá e Marco Bianchi, começou sua trajetória no início de 1997. O humorístico-futebolístico é um programa derivado de um campeonato anual de futebol disputado por músicos e também é uma mesa-redonda humorística.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho pôde-se observar que o casamento do jornalismo esportivo e o

entretenimento é demonstrado em todos os veículos de comunicação.

Com a grande popularização do futebol no Brasil, existe a hegemonia desse

esporte que toma conta da maioria da programação nas plataformas de mídias de

comunicação, e tem seu grande aliado que é a indústria do entretenimento.

Observou-se também que a matéria jornalística esportiva nos últimos 10 anos

é determinante o fator informação e entretenimento. Neste contexto vimos que

vários veículos de comunicação passaram por mudanças intensas na sua linha

editorial para apresentar um novo formato constituindo um conteúdo necessário para

informar e entreter.

De certa forma esse infotenimento (informação + entretenimento), termo

usado por alguns estudiosos, precisa ser empregado de maneira mais apropriada

que a usada atualmente.

Por tais razões, entende-se que o mero entretenimento não pode ser

praticado de forma desacerbada, ferindo os conceitos da prática do bom jornalismo.

Reitera-se que a elaboração de pautas e matérias de entretenimento ao

publico deve ter seu equilíbrio de acordo com suas características sem ferir o

conceito de jornalismo esportivo.

Cada veículo de comunicação deve saber quais conteúdos irá oferecer ao seu

público, desse modo, existe a opção inovadora que se chama o infotenimento,

constituindo para um jornalismo de qualidade, que ratifica o exercício da informação

aliada ao entretenimento.

Assim, pesquisar e debater sobre jornalismo esportivo e entretenimento

implica levar o questionamento sobre a relação do conteúdo que está sendo

consumido todos os dias por um determinado público.

Contudo é também saber a importância do entretenimento no jornalismo

esportivo.

Resta complementar que os avanços tecnológicos e o crescimento da

sociedade da informação rumo às plataformas digitais resultam na audiência de um

público cada vez mais crítico exigente.

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FONTES

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