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DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL, AMBIENTAL E URBANÍSTICO DA REGIÃO DE CAJUEIROS, MARICÁ, RIO DE JANEIRO

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DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL, AMBIENTAL E URBANÍSTICO DA REGIÃO DE CAJUEIROS, MARICÁ, RIO DE JANEIRO

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DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL, AMBIENTAL E URBANÍSTICO DA REGIÃO DE CAJUEIROS, MARICÁ, RIO DE JANEIRO

SUMÁRIO

Página

1.0 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 04

2.0 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR E DA EMPRESA CONSULTORA ....................... 06

2.1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ................................................................... 06

2.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO . 06

3.0 O EMPREENDIMENTO ....................................................................................................... 08

3.1 ÁREAS, LOTES E TIPOLOGIA DO PROJETO........................................................... 08

4.0 ÁREAS DE VIZINHANÇA: IMEDIATA E MEDIATA .............................................................. 09

4.1 VIZINHANÇA IMEDIATA ............................................................................................ 12

4.2 VIZINHANÇA MEDIATA ............................................................................................. 40

4.3 RESUMO DOS PONTOS ANALISADOS .................................................................... 54

5.0 INFRAESTRUTURA DE TRÁFEGO .................................................................................... 59

6.0 ASPECTOS FÍSICOS E BIÓTICOS GERAIS....................................................................... 59

6.1 ASPECTOS FÍSICOS ................................................................................................. 58

6.2 ASPECTOS BIÓTICOS .............................................................................................. 64

7.0 INSERÇÃO REGIONAL ....................................................................................................... 77

7.1 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES E AGLOMERADOS POPULACIONAIS . 77

7.2 RECONFIGURAÇÃO LOCAL E REGIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA ........ 104

7.3 EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS E PLANEJAMENTO METROPOLITANO:

O POSICIONAMENTO DE MARICÁ ......................................................................... 109

7.4 RESUMO DOS PONTOS ANALISADOS .................................................................. 113

8.0 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO ...................................................................................... 114

8.1 METODOLOGIA ....................................................................................................... 114

8.2 RELATÓRIO DE TRABALHO EM GRUPO ............................................................... 116

3

9.0 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 104

10.0 EQUIPE TÉCNICA............................................................................................................. 105

11.0 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS .................................... 106

ANEXOS

ANEXO I LISTA DE PRESENÇA DA OFICINA PARTICIPATIVA

ANEXO II FOTOS DO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL E PARTICIPAÇÃO NA

OFICINA

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1.0 INTRODUÇÃO

A presente Análise Socioterritorial, Ambiental e Urbanística constitui um estudo customizado

direcionado ao entendimento da urbanização planejada para região dos Cajueiros, município

de Maricá, Rio de Janeiro. Apresenta foco na realização de um diagnóstico técnico e

participativo a respeito da realidade local dessa área, espaço que se pretende conformar

ocupação ordenada e nova centralidade para o desenvolvimento urbano integrado do

município em suas tendências atuais e futuras.

As análises apoiam-se em dados conceituais do projeto, trabalhos de campo e coleta de

dados primários e secundários, tendo-se como recorte o entorno próximo, restrito às

vizinhanças imediata e mediata em alinhamento com os pressupostos metodológicos

socioterritoriais em termos de escalas das interações. Somam-se a isso os aportes da

Oficina de Diagnóstico Participativo, realizada no dia 21 de julho de 2017, resultados

constantes de capítulo próprio.

O documento apresenta a descrição geral e conceitual do empreendimento, considerando o

estágio de desenvolvimento do projeto neste momento e o contexto socioeconômico,

urbanístico e ambiental no qual está inserido, estruturando-se da seguinte forma:

No Capitulo 2.0 são identificados o empreendedor e a empresa consultora;

O Capítulo 3.0 apresenta de forma geral o empreendimento, quadros de áreas, lotes

e tipologias;

O Capítulo 4.0 delimita as áreas de vizinhança imediata e mediata ao

empreendimento;

O subcapítulo 4.1 caracteriza a Área de Vizinhança Imediata (AVI), compreendida pelo

empreendimento e bairros limítrofes, contemplando os setores censitários. Buscou-se

observar aspectos ligados à provisão de infraestrutura viária, existência de

equipamentos e serviços públicos básicos e padrões construtivos/ocupação, variáveis

que apresentam íntima relação com as externalidades e relações socioterritoriais com

o empreendimento;

O subcapítulo 4.2 caracteriza a Área de Vizinhança Mediata (AVM) ao

empreendimento, porção territorial que compreende o município de Maricá excluindo

os bairros localizados na AVI. O município é avaliado a partir de dados secundários do

IBGE compondo um amplo diagnóstico socioeconômico relacionado a temas como:

Total da População, População Economicamente Ativa, Produto Interno Bruto,

Estabelecimentos Comerciais, Trabalho, Saneamento Básico, Saúde, Educação e

Domicílios Ocupados.

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O Capítulo 5.0 traz informações sobre as condições da infraestrutura de tráfego – vias

de acesso – e dos transportes coletivos disponíveis na região permintindo uma visão

conceitual acerca das conexões viárias e de mobilidade territorial entre as áreas;

O Capítulo 6.0 consolida aspectos físicos e bióticos gerais da região de estudo

caracterizando seus condicionantes naturais e ambientais;

O Capítulo 7.0 apresenta análise acerca das conexões multiescalares de Maricá,

destacadamente seu papel no contexto espacial da rede urbana fluminense e da

Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Neste recorte aponta suas relações

na rede de cidades e aglomerados populacionais, hierarquia urbana, arranjo e

descolamento populacional, reconfiguração local e regional em uma perspectiva

histórica em face também a desideratos e projetos econômicos, bem como em face às

tendências contemporâneas do planejamento territorial nestas escalas;

O capítulo 8.0 apresenta os resultados da Oficina de Diagnóstico Participativo que traz

aportes a todos os levantamentos técnicos apontados anteriormentes, revisistados à

luz da percepção social dos envolvidos. É apontada a metodologia de trabalho, os

materiais utilizados e o relato das discussões realizadas.

O Capítulo 9.0 recupera as conclusões gerais;

O Capítulo 10.0 lista a equipe técnica/apoio que participou da coordenação e

elaboração do Estudo;

O Capítulo 11.0 aponta as referências bibliográficas referenciadas na composição das

análises.

Por fim nos Anexos são expostas as listas de presença e as fotos referentes à Oficina

de Diagnóstico Participativo.

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2.0 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR E DA EMPRESA CONSULTORA

2.1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Razão social: Arrioza Patrimônio Investimentos e Participações Ltda.

CNPJ: 12.554.466/0001-18

Endereço: Rua Prefeito Sebastião Teixeira, n 20, Loja 126 – Varzea, Teresópolis - RJ

Representante legal: Fernando Augusto Andrez

2.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA RESPONSÁVEL PELO

ESTUDO

A empresa Tetra Tech Engenharia e Consultoria Ltda. possui registro de nº 094067 no

Cadastro Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental do Ibama, e registro de

nº 0314910 no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA/SP).

A Tetra Tech é um grupo de empresas que fornece serviços multidisciplinares em

engenharia, meio ambiente e tecnologia da informação. Desde a sua fundação em 1966, a

empresa tem crescido de forma excepcional, atualmente contando com mais de 16.000

funcionários, distribuídos em mais de 135 países. Através dos anos obteve uma ótima

reputação em fornecer soluções nos melhores padrões técnicos que atendem ao orçamento

e cronograma dos empreendimentos.

Sua reputação e capacidade são baseadas na experiência de seu pessoal técnico,

representada por profissionais com mais de 50 anos de atuação específica nas áreas de

engenharia, infraestrutura, recursos hídricos e engenharia ambiental. Na área de análises

ambientais e socioterritoriais tem atuado na elaboração de estudos técnicos para apoio à

implantação espacial e licenciamento de empreendimentos diversos como termelétricas,

hidrelétricas, complexos portuários, indústrias, mineração e projetos de urbanização, dentre

outros.

O estudo ora apresentado foi desenvolvido por equipe multidisciplinar formada por

coordenadores e consultores da Tetra Tech. A equipe completa que participou do trabalho

é listada no item 11.

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3.0 O EMPREENDIMENTO

A área referente ao empreendimento Núcleo Urbano Alphaville Maricá está localizada entre

os bairros Cajueiros e Jardim Atlântico Leste. O acesso à área se dá pela Rodovia Amaral

Peixoto (RJ – 106), Km 15,5, na saída para a estrada dos Cajueiros.

A rodovia RJ-106, que condiz ao limite da área avaliada, interliga as sedes dos municípios

de Maricá e Saquarema, distando uma da outra cerca de 48 quilômetros. A área de estudo

se encontra a aproximadamente 35 quilômetros da cidade de Niterói, da qual se percorre 11

quilômetros através da Rodovia Niterói-Maricá, até o entroncamento desta com a RJ-106,

onde é percorrido mais 24 quilômetros até sede da área avaliada.

A localização pretendida para o empreendimento Núcleo Urbano Alphaville Maricá é

apresentada na FIGURA 3-1.

FIGURA 3-1

LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Fonte: Tetra Tech, 2017 – Imagem: Google Earth ProTM, 2016

8

3.1 ÁREAS, LOTES E TIPOLOGIA DO PROJETO

A área avaliada está localizada na região litorânea do município de Maricá, Estado do Rio

de Janeiro. A porção loteada do projeto residencial Núcleo Urbano Alphaville Maricá

compreende área de 2.704.581 m², sendo aproximadamente 29% de um total de

9.263.352 m², cuja implantação pretendida prevê instalação de 7.837, sendo:

- 7.661 Lotes Residenciais, dos quais 6.245 possuem área de 360m² (Terras Alpha) e

1.416 possuem área de 175m² (Jardim Alpha);

- 10 Lotes de Clubes (Terras Alpha);

- 27 Lotes destinados ao Uso Multifamiliar, os quais possuem área média de 1800 m²;

- 66 Lotes Comerciais, os quais possuem área média de 600 m²;

- 73 Lotes Multiuso, os quais possuem área média de 1800 m².

As demais áreas, incluindo sistema viário, áreas verdes, equipamentos comunitários, área

de preservação permanente, brejos, lagoas e solos rochosos perfazem uma área de

6.394.787 m² abarcando aproximadamente 69% da área total.

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4.0 ÁREAS DE VIZINHANÇA: IMEDIATA E MEDIATA

Inicialmente é importante destacar o conceito associado às áreas de influência, ou seja, as

áreas que poderão eventualmente sofrer efeitos decorrentes da implantação do

empreendimento.

O primeiro recorte territorial é associado à Área de Vizinhança Imediata (AVI) que representa

o perímetro do território que será efetivamente utilizado, a Área Diretamente Afetada (ADA),

e a área limítrofe ao empreendimento, composta pelos bairros São José do Imbassaí, Jardim

Atlântico Leste, Cajueiros e Região de Inoã. A Área de Vizinhança Mediata (AVM), por sua

vez, caracteriza-se pela área de influência do empreendimento e que pode por ele ser

atingida, delimitada neste estudo como a municipalidade de Maricá.

As informações disponíveis por setores censitários relacionados aos bairros da AVI foram

utilizadas para caracterizar as variáveis relevantes na análise proposta no estudo1. Para o

recorte territorial citado acima foram identificados 78 (setenta e oito) setores censitários2,

considerando inclusive a área pretendida para implantação do empreendimento, ADA.

Para caracterização da área do empreendimento e regiões de influência no entorno, além

dos dados secundários apontados, utiliza-se aqui de informações colhidas ao longo do

trabalho de campo realizado no mês de fevereiro de 2017.

A FIGURA 4-1 e esboça o perímetro da Vizinhança Mediata e Imediata ao empreendimento,

enquanto a FIGURA 4-2 dá ênfase nessa segunda, com detalhamento da área onde se

pretende instalar o projeto (porção demarcada em vermelho), a demarcação dos bairros de

entorno (marcados em cor verde), e os setores censitários associados a eles.

1 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os setores censitários são as unidades territoriais estabelecidas para fins de controle cadastral, formado por uma área contínua, situada em um único quadro urbano ou rural. Os setores censitários são os meios para a obtenção de informações sociais, econômicas e ambientais, com o maior nível de detalhamento considerando a menor subdivisão territorial. 2 Os setores censitários referentes a ADA são: 30, 32, 34, 36, 37, 50, 51, 58 e 59. Os demais setores são classificados como AVI.

REFERÊNCIA

NOTAS

LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

1 - BASE CARTOGRÁFICA: FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).

2 - IMAGEM GOOGLE EARTH-PRO, 22/04/2016.

1 - BASE CARTOGRÁFICA NA PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR. DATUM HORIZONTAL: SIRGAS 2000. ZONA DE REFERÊNCIA 23S.

2 - ARQUIVOS FORMATO SHAPEFILE - ARCGIS 10.1.

3 - MAPA PARA IMPRESSÃO EM FORMATO A3.

EIV ALPHAVILLE MARICÁ

PERÍMETRO DA VIZINHANÇA MEDIATA E IMEDIATA AO EMPREENDIMENTO

TÍTULO:

PROJ N.: PROJ.: APROV.: DATA: ESCALA: REV.:O17030 V.P. B.C. 03/17 R0

A EMISSÃO INICIAL J.U. 03/2017

REV. EXEC. DATA

MG

RJ

ES

SP

GuapimirimItaboraí

MaricáNiterói

RioBonito

SãoGonçalo

Saquarema

Tanguá

LEGENDA

FIGURA 4-1

Chácarasde Inoã

Inoã

Cajueiros

JardimAtlântico

Leste

JardimAtlânticoCentral Restinga

de Maricá

São José doImbassaí

ITABORAÍ

ITABORAÍ

MARICÁ

NITERÓI

RIOBONITO

SÃOGONÇALO

SAQUAREMA

TANGUÁ

702000

702000

708000

708000

714000

714000

720000

720000

726000

726000

732000

732000

738000

738000 7446

000

7452

000

7452

000

7458

000

7458

000

7464

000

7464

000

7470

000

7470

000

7476

000

7476

000

7482

000

7482

000

0 2.000 4.000 6.000 8.000m

1:140.000

Limite MunicipalADA - Área Diretamente AfetadaAVI - Área de Vizinhança ImediataAVM - Área de Vizinhança Mediata Limite de BairrosSetores Censitários

OCEANO ATLÂNTICO

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FIGURA 4-2

ÁREA DE VIZINHANÇA IMEDIATA - SETORES CENSITÁRIOS

Fonte: Tetra Tech, 2017 – Imagem: Google Earth ProTM, 2016

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4.1 VIZINHANÇA IMEDIATA

As considerações aqui realizadas visam fornecer melhor compreensão, aproximação

territorial e aumento da percepção do projeto imobiliário na Área de Vizinhança Imediata –

AVI. Nesses termos, foram visitados os seguintes bairros e vizinhanças:

1. Área do Empreendimento – Diretamente Afetada

2. Bairro Cajueiros

3. Bairro Jardim Atlântico Leste

4. Região de São José de Imbassaí

5. Região de Inoã

Buscou-se observar aspectos ligados, principalmente, à provisão de infraestrutura viária,

existência de equipamentos e serviços públicos básicos e padrões construtivos/ocupação,

variáveis que apresentam íntima relação com as externalidades e pressões advindas do

empreendimento ora discutido.

Destaca-se que a observação da AVI como um todo indica padrões de estrutura urbana que

variam basicamente em duas categorias, quais sejam: a) regiões com ocupações

consolidadas, adensadas e com relativa provisão em termos de infraestrutura urbana –

Regiões de Inoã, São José de Imbassaí e Jardim Atlântico e b) regiões que obedecem a um

padrão descontinuado de ocupação no qual a execução de processos de loteamento e

mesmo de instalação de unidades habitacionais não se mostra acompanhada de uma

equilibrada oferta de serviços, equipamentos públicos e infraestrutura urbana, sobretudo

viária e de saneamento – Bairro Cajueiros e centralidade a este pertencente, Manu Manuela.

A realidade desse segundo grupo, por sua vez, não se traduz como possa parecer

inicialmente, em padrões construtivos e em uma paisagem urbana degradada. Ao contrário,

observa-se que as moradias, na maior parte das vezes unifamiliares e horizontais, e demais

imóveis de usos variados apresentam bons acabamentos, respeito aos afastamentos e

integração com a paisagem natural. As FIGURAS 4.1-1 a 4.1-3 abaixo ilustram os destaques

realizados.

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FIGURA 4.1-1

CENTRALIDADE MANU MANUELA (BAIRRO CAJUEIROS) –

PADRÕES DE OCUPAÇÃO. MARICÁ-RJ. 2017

FIGURA 4.1-2

REGIÃO DE SÃO JOSÉ DE IMBASSAÍ –

PADRÕES DE OCUPAÇÃO. MARICÁ-RJ. 2017

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FIGURA 4.1-3 – REGIÃO DE INOÃ.

CENTRO COMERCIAL NA RODOVIA AMARAL PEIXOTO. MARICÁ-RJ, 2017

A seguir realizam-se apontamentos ligados a cada região, com o destaque de fotografias

que auxiliam na percepção sobre a realidade destacada.

Subsidiam ainda a análise os dados dos setores secundários ligados aos setores censitários

das regiões em que cada um dos bairros visitados encontra-se inserido. São sublinhadas,

sobretudo, as informações sobre: i) ocupação domiciliar; ii) abastecimento de água pela rede

geral; iii) coleta de lixo e iv) existência de banheiro e esgotamento sanitário pela rede geral.

As FIGURAS 4.1-4 a 4.1-7 apresentadas abaixo permitem a visualização dessas

informações de maneira espacializada no território de Maricá. Os mapas indicam as regiões

com as maiores ou menores faixas de existência/atendimento de determinado variável. Com

base neles é possível perceber como a realidade da área visitada em campo corresponde

ou não com as de seu entorno imediato.

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FIGURA 4.1.4

DOMICÍLIOS PARTICULARES E DOMICÍLIOS COLETIVOS

Fonte: IBGE, CENSO 2010.

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FIGURA 4.1-5

DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES, SEGUNDO O ABASTECIMENTO DE ÁGUA PELA REDE GERAL

Fonte: IBGE, CENSO 2010.

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FIGURA 4.1-6

DOMÍCILIOS PARTICULARES PERMANENTES, SEGUNDO O DESTINO DO LIXO: COLETADO POR SERVIÇO DE LIMPEZA

Fonte: IBGE, CENSO 2010.

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FIGURA 4.1-7

DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES, SEGUNDO A EXISTÊNCIA DE BANHEIRO OU SANITÁRIO DE USO EXCLUSIVO DO

DOMICÍLIO, ESGOTAMENTO SANITÁRIO E REDE GERAL DE ESGOTO OU PLUVIAL

Fonte: IBGE, CENSO 2010.

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4.1.1 Área Diretamente Afetada

Por meio de visita a campo, percebeu-se que a região pretendida para a recepção do

empreendimento (Área Diretamente Afetada – ADA) ainda possui traços e maquinários da

atividade econômica de mineração de areia que nela ocorre. O desenvolvimento do território

através da ação mineradora conformou a área de modo a acolher os interesses e demandas

necessárias ao atendimento da cadeia produtiva. Desse modo, pode-se notar a existência

de uma estrutura viária prévia que torna possível o acesso às diferentes partes que

compõem os seus mais de 9 milhões de metros quadrados.

Por essas vias faz-se hoje a conexão a determinadas regiões do município de Maricá,

sobretudo o caminho em direção à sede municipal por meio da Rodovia Amaral Peixoto – a

qual se caracteriza como acesso principal da área – e as vias internas não pavimentadas de

ligação ao loteamento Portal dos Cajueiros (vide FIGURAS 4.1.1-1 e 4.1.1-2).

FIGURA 4.1.1-1

VIAS DE CIRCULAÇÃO. ÁREA DO EMPREENDIMENTO. MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.1-2

EQUIPAMENTO DE MINERAÇÃO. ÁREA DO EMPREENDIMENTO. MARICÁ-RJ, 2017

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A vegetação mostra-se relativamente baixa com a possibilidade de visualização de árvores

de maior porte em regiões isoladas da ADA (FIGURA 4.1.1-3). O Mapa de Restrições

Ambientais para a área, elaborado em 2016, destaca que:

Em geral, em decorrência do histórico de perturbações antrópicas, nos remanescentes

florestais as manchas de vegetação raramente são homogêneas, sendo comum, por

exemplo, a presença de trechos mais perturbados e em estágios mais iniciais de regeneração,

tanto no interior como nas bordas dos remanescentes florestais mais desenvolvidos. Os

principais fragmentos com fisionomia florestal em estágio médio de regeneração estão

distribuídos ao leste da área de estudo, isolados pela pastagem e no limite com a área de

ocupação urbana. Há áreas de pastagens e vegetação em estágio pioneiro (pasto sujo),

predominante na área de estudo, mas que não foram considerados no mapeamento de

restrições, pelo fato de serem ambientes onde é permitido o corte ou a supressão da

vegetação nativa. (p. 30).

FIGURA 4.1.1-3

PERSPECTIVA E PERFIL DO SOLO. ÁREA DO EMPREENDIMENTO.

MARICÁ-RJ, 2017

A questão hidrológica chama atenção de modo mais evidente tendo em vista a existência

de diferentes lagoas de dimensões variadas na área. Dentre elas, destaca-se a Lagoa Costa

Brava – atualmente em estado seco – que apresenta interesse estratégico em termos de

política urbana local, conforme apontado no Plano Diretor municipal e destacado no presente

estudo (FIGURA 4.1.1-4). Recorrendo novamente ao Mapa:

Toma destaque na área avaliada, a presença de diversos canais ou valas de drenagem

artificiais, e também de ações de retilinização e desvio de cursos d’água naturais [...]. A

presença do sistema lagunar formado pela Lagoa Brava - localizada no setor sul da área

avaliada – e a Lagoa de Maricá (interligadas através do canal São Bento o do rio Brejo da

Costa) potencializa o represamento das águas pluvio fluviais advindas dos setores de

montante da bacia do rio Bambu por meio de canais de drenagem artificiais e de cursos

d’água efêmeros e perenes, denotando um cenário complexo do ponto de vista hidrográfico

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e hidrodinâmico, que reflete diretamente nos aspectos interpretativos de aplicação da

legislação ambiental vigente (Código Florestal Brasileiro) voltada a APPs de recursos

hídricos. (p. 33).

FIGURA 4.1.1-4

COMPOSIÇÃO DO SISTEMA LAGUNAR. ÁREA DO EMPREENDIMENTO.

MARICÁ-RJ, 2017

A consulta aos moradores do entorno bem como às lideranças públicas e comunitários de

Maricá permite perceber que a ADA assume uma localização estratégica no município em

termos de política territorial de curto e médio prazo. Contornada por distintas formações

naturais, a área tem na paisagem ao seu redor um de seus principais atrativos. Nesse

cenário espera-se que empreendimentos nela realizados, independente de sua natureza,

forneçam bases e diretrizes que ao mesmo tempo promovam a preservação ambiental local

bem como o transbordamento de externalidades positivas para os bairros de proximidade.

Tendo em vista o caráter das atividades econômicas até então realizadas na ADA, ela carece

ainda de infraestrutura urbana capaz de atender uma ação imobiliária e o adensamento

populacional dela advindos. Desse modo, a aplicação do projeto ora pretendido significa

naturalmente em uma reconfiguração territorial a ser conformada por uma sistemática

diferente à daquela promovida pela atividade mineradora.

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4.1.2 Bairro Cajueiros

No Bairro Cajueiros percebem-se padrões bastante diferenciados de desenvolvimento

urbano com prevalência de ocupações residenciais consolidadas, mas com carência em

termos de provisão de infraestrutura. A existência desse cenário revela-se fruto de processos

descontinuados de parcelamento do solo.

Limítrofe à ADA encontra-se o loteamento Portal dos Cajueiros, FIGURA 4.1.2-1, área na

qual se encontra a sede da Associação do Bairro.

FIGURA 4.1.2-1

SEDE DA ASSOCIAÇÃO DE BAIRRO. CAJUEIROS. MARICÁ-RJ, 2017

Observa-se que a região do loteamento apresenta infraestrutura urbana pouco desenvolvida

com vias de conexão não pavimentadas e rede de abastecimento de água e tratamento de

esgoto inacabadas ou não construídas, vide FIGURAS 4.1.2-2 a 4.1.2-5.

FIGURA 4.1.2-2

VIAS DE CIRCULAÇÃO. LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS.

MARICÁ-RJ, 2017

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FIGURA 4.1.2-3

VIAS DE CIRCULAÇÃO. LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS.

MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.2-4

REDE DE ESGOTO INACABADA.

LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS. MARICÁ-RJ, 2017

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FIGURA 4.1.2-5

REDE DE ESGOTO INACABADA.

LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS. MARICÁ-RJ, 2017

Por outro lado, apesar das carências percebidas, a ocupação na área segue padrões

construtivos de boa qualidade nas unidades habitacionais, lotes de grande dimensão e

respeito aos afastamentos (FIGURAS 4.1.2-6 e 4.1.2-7). Complementarmente, conforme

relatos dos moradores, percebe-se um movimento de valorização imobiliária com trajetória

crescente do preço da terra e benfeitorias. Tal efeito deve-se, dentre outros fatores, à

expectativa de instalação de infraestrutura por parte do poder público na localidade.

Nessa dinâmica, a chegada de empreendimentos econômicos como o analisado no presente

estudo, uma vez que resultam em adensamento populacional e aumento da demanda por

terra, tendem a criar futuros e repetidos ciclos de valorização.

FIGURA 4.1.2-6

UNIDADES HABITACIONAIS. LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS.

MARICÁ-RJ, 2017

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FIGURA 4.1.2-7

UNIDADES HABITACIONAIS. LOTEAMENTO PORTAL DOS CAJUEIROS.

MARICÁ-RJ, 2017

A área contígua ao loteamento e em direção ao bairro Jardim Atlântico também se mostra

composta por outros empreendimentos imobiliários. Encontram-se localizados no entorno

determinados equipamentos públicos, destacando-se dentre eles a Escola Municipal

Geraldo Rodrigues que atende à população residente na região, FIGURA 4.1.2-8.

FIGURA 4.1.2-8

ESCOLA MUNICIPAL GERALDO RODRIGUES. REGIÃO DE CAJUEIROS.

MARICÁ-RJ, 2017

Considerando-se os mapas informativos anteriormente apresentados (FIGURAS 4.1-4 a

4.1-7), percebe-se que Cajueiros se localiza à porção norte da AVI, no qual é possível

verificar níveis diferentes de ocupação, alguns setores censitários estão localizados no

intervalo de ocupação entre 5 a 68 domicílios. Todavia, esse nível de adensamento

populacional não representa a maioria dos setores localizados nessa área, onde predomina

um adensamento populacional maior, entre os intervalos de 170 a 461 domicílios.

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É possível verificar que o abastecimento de água, utilizando a rede geral de distribuição,

está concentrado na porção central do município, conforme ilustra a FIGURA 4.1-5. Os

demais distritos estão situados na faixa entre 0 e 24 domicílios abastecidos pela rede geral,

índice que pode ser considerado baixo analisando o número de domicílios nas demais

regiões do município.

Sublinha-se que, dentre os 78 setores censitários selecionados na Área de Vizinhança

Imediata, estão disponíveis no banco de dados do IBGE as informações referentes a apenas

43 desse total. Dentre esses setores, todos possuem cobertura pelo sistema de

abastecimento de água oscilando entre 0 a 8 domicílios permanentes recenseados.

Os dados trazidos indicam uma baixa cobertura geral do sistema, apenas 53% dos

domicílios recenseados são atendidos pela rede geral de abastecimento. Utilizando como

base comparativa o total de domicílios em relação ao nível de abastecimento, é possível

inferir que o número de domicílios atendimentos pelo sistema geral de abastecimento de

água corresponde a menos de 1% do total. Nesse sentido, é possível observar que não só

a localidade de Cajueiros, mas todos os demais setores analisados apresentam atendimento

precário. As TABELAS 4.1.2-1 e 4.1.2-2 sintetizam tais informações.

Inserido dentro do Bairro Cajueiros, o loteamento Manu Manuela possui uma identidade

individual consolidada pelos moradores da localidade, conforme observado durante a

realização do trabalho de campo. O padrão de ocupação é bastante semelhante ao

loteamento de Portal dos Cajueiros, porém em maiores dimensões. São bairros em que os

processos de loteamentos acontecem de forma descasada ao financiamento e à provisão

de infraestrutura urbana plena (FIGURA 4.1.2-9). Nesses termos, a população residente vê-

se obrigada a buscar em outros bairros e regiões o atendimento de suas necessidades

básicas em termos de serviços públicos.

Em certo sentido, o empreendimento imobiliário pretendido para ADA mostra-se destoante

a essa tendência uma vez que no zoneamento proposto a proposição de diversificação de

usos nele presente visa justamente uma menor segregação de atividades no território local.

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28

FIGURA 4.1.2-9

VIAS DE CIRCULAÇÃO.

BAIRRO MANU MANUELA. MARICÁ-RJ, 2017

Repetem-se as mesmas carências em termos da qualidade das vias de deslocamento e das

redes de abastecimento, situação comprovada pelos indicadores e dados secundários. Os

padrões de acabamento, ainda que levemente inferiores às novas unidades habitacionais

da região de Cajueiros, mostram-se de bom nível com respeito aos afastamentos e demais

parâmetros construtivos.

Há, conforme apontam os mapas temáticos, bom nível de coleta de lixo na região do

loteamento. Os serviços de saneamento e banheiro ligados à rede geral, no entanto,

seguindo também a lógica da maioria do município, mostram-se escassos.

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29

TABELA 4.1.2-1

ABASTECIMENTO DE ÁGUA SEGUNDO O TOTAL DE DOMICÍLIOS

Código do

setor Tipo

Total de

Domicílios

Número de Domicílios

Atendidos

1 URBANO 505 1

2 URBANO 63 0

3 URBANO 422 0

4 URBANO 214 1

5 URBANO 181 1

6 URBANO 52 1

7 URBANO 355 2

8 URBANO 217 0

9 URBANO 238 5

10 URBANO 171 0

11 URBANO 193 1

12 URBANO 187 8

13 URBANO 258 1

14 URBANO 71 0

15 URBANO 169 3

16 URBANO 131 1

17 URBANO 180 3

18 URBANO 108 0

19 URBANO 151 2

20 URBANO 137 0

21 URBANO 152 0

22 URBANO 111 1

23 URBANO 191 0

24 URBANO 158 1

25 URBANO 148 0

26 URBANO 134 0

27 URBANO 180 5

28 URBANO 209 1

29 URBANO 170 0

30 URBANO 129 0

31 URBANO 96 1

32 URBANO 65 0

33 URBANO 61 0

34 URBANO 69 0

35 URBANO 186 0

36 URBANO 149 1

37 URBANO 169 6

38 URBANO 205 4

39 URBANO 290 0

40 URBANO 155 1

41 URBANO 208 3

42 URBANO 35 0

43 URBANO 226 0

Fonte: IBGE – Censo Demográfico - 2010

O17030-AAS-01-1

30

Ao norte da AVI a coleta de lixo por serviços de limpeza é escassa, grande parte dos distritos

apresentam um atendimento entre 0 a 50 domicílios. Alguns distritos próximos, localizados

na porção sudeste, possuem um nível de coleta maior, entre 197 a 416 domicílios. Em

Cajueiros o indicador também oscila, tendo uma parte do bairro cobertura mais aguda

enquanto outra apresenta considerável escassez.

Em termos de esgotamento sanitário, a FIGURA 4.1-7 revela um baixo nível de atendimento

da rede geral de esgoto no município de Maricá. Somente os setores censitários centrais e

outros, poucos, localizados a sudoeste do território municipal apresentam um índice de

atendimento com cobertura domiciliar entre 50 e 205 domicílios. Índice que pode ser

considerado relativamente satisfatório quando comparado à média municipal, na qual

aproximadamente 90% dos setores censitários do município possuíam em 2010 uma taxa

de cobertura do serviço de esgotamento entre 0 e 12 domicílios por setor.

A TABELA 4.1.2-2, a seguir, ilustra a situação do esgotamento em Maricá através dos

números atribuídos para cada setor. Pode-se destacar que o setor censitário 1 é o que

possui o maior número de moradores, mas não o maior índice de atendimento, apenas 31%

dos moradores acessam a rede geral de esgoto. Dentre os setores levantados, o 9 é o que

apresenta um nível de atendimento maior, contempla a 70% dos moradores. De maneira

agregada, considerando os dados da tabela, é possível inferir que 46% dos setores

analisados não possuem domicílios atendidos pela rede geral de esgotamento sanitário.

Os domicílios localizados a norte da AVI possuem baixo atendimento em relação ao

esgotamento sanitário, com exceção de dois distritos que estão na faixa de cobertura entre

50 a 101 domicílios. Os demais setores localizados nessa porção encontram-se em nível de

cobertura precário, entre 0 a 12 domicílios com acesso ao serviço. Em uma porção de

Cajueiros, localizada a oeste da AVI, percebe-se uma área com maior provisão do serviço.

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31

TABELA 4.1.2-2 –

ESGOTAMENTO SANITÁRIO SEGUNDO O TOTAL DE DOMICÍLIOS

Código do

setor Tipo

Total de

Domicílios

Número de Domicílios

Atendidos

1 URBANO 505 159

2 URBANO 63 2

3 URBANO 422 43

4 URBANO 214 17

5 URBANO 181 0

6 URBANO 52 12

7 URBANO 355 2

8 URBANO 217 1

9 URBANO 238 166

10 URBANO 171 1

11 URBANO 193 0

12 URBANO 187 18

13 URBANO 258 0

14 URBANO 71 0

15 URBANO 169 0

16 URBANO 131 2

17 URBANO 180 6

18 URBANO 108 0

19 URBANO 151 0

20 URBANO 137 0

21 URBANO 152 0

22 URBANO 111 0

23 URBANO 191 0

24 URBANO 158 0

25 URBANO 148 1

26 URBANO 134 1

27 URBANO 180 4

28 URBANO 209 0

29 URBANO 170 0

30 URBANO 129 0

31 URBANO 96 3

32 URBANO 65 0

33 URBANO 61 1

34 URBANO 69 4

35 URBANO 186 0

36 URBANO 149 0

37 URBANO 169 13

38 URBANO 205 6

39 URBANO 290 1

40 URBANO 155 5

41 URBANO 208 0

42 URBANO 35 0

43 URBANO 226 1

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2010

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32

4.1.3 Bairro Jardim Atlântico

O Bairro Jardim Atlântico – componente da Região de Itaipuaçu – apresenta urbanização

altamente consolidada com presença de infraestrutura viária pavimentada e com boa

capacidade de atendimento à circulação de veículos da região. Observa-se, no entanto,

relativa precariedade no que concerne à sinalização, sobretudo ao longo das vias (FIGURA

4.1.3-1).

FIGURA 4.1.3-1

VIAS DE CIRCULAÇÃO. JARDIM ATLÂNTICO. MARICÁ-RJ, 2017

Em termos de provisão de equipamentos e serviços públicos, o bairro mostra-se como

aquele de maior e melhor oferta da Área de Influência do empreendimento. Destacam-se as

praças providas de equipamentos de lazer como quadras e aparelhos de musculação

(FIGURA 4.1.3-2), o Posto de Saúde Santa Rita (FIGURA 4.1.3-3) e a Escola Municipal

Marquês de Maricá, todos eles concentrados em uma região específica do bairro.

Além desses, sublinha-se a presença de um Centro e Referência de Assistência Social

(CRAS), FIGURA 4.1.3-4, que realiza uma significativa diversidade de atendimentos e de

oficinas culturais à população residente. Apesar dessas condições favoráveis, mesmo em

Jardim Atlântico, a questão do abastecimento de água foi pontuada como aguda carência.

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33

FIGURA 4.1.3-2

EQUIPAMENTO PÚBLICO - PRAÇA. JARDIM ATLÂNTICO. MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.3-3

POSTO DE SAÚDE SANTA RITA. JARDIM ATLÂNTICO. MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.3-4

CRAS JARDIM ATLÂNTICO. MARICÁ-RJ, 2017.

O17030-AAS-01-1

34

Por mostrar-se como um bairro mais adensado, padrões e tipologias construtivas que fogem

à paisagem urbana geral do município – lotes extensos, construções horizontais e

unifamiliares - podem ser nele visualizados. Percebe-se assim a existência de pequenos

prédios residenciais com apartamentos de bom padrão de acabamento voltados à classe

média local, conforme exemplo destacado na FIGURA 4.1.3-5 abaixo.

FIGURA 4.1.3-5

UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES. JARDIM ATLÂNTICO.

MARICÁ-RJ, 2017

O bairro localiza-se mais ao sul da AVI e apresenta uma variação de ocupação mais

acentuada em relação ao vetor norte, os setores estão, em sua totalidade, inseridos entre

os intervalos de 69 a 461 domicílios, demonstrando que os setores censitários não seguem

uma única dinâmica de ocupação.

Em termos do abastecimento de água pela rede geral, seguindo a realidade da maior parte

do município, percebe-se um baixo nível do indicador. A coleta de lixo, em comparação ao

eixo norte, mostra-se um pouco mais ampla, mas não suficiente considerando o contingente

populacional, com faixas de atendimento variando entre 0 a 147 domicílios.

Contudo, faz-se importante destacar que o aumento no número de domicílios atendidos por

serviços de limpeza, principalmente na área urbana, é grande se comparado aos últimos dez

anos. Em 2000, 53% dos domicílios localizados na área urbana eram atendidos pelo serviço

de limpeza, em 2010 esse número acresceu para 85%. Nesse sentido, também houve a

ampliação no atendimento da zona rural, em 2000 o serviço assistia 45% dos domicílios e

em 2010 ampliou para 78%, apesar do fenômeno de êxodo rural vivenciado pelo município,

principalmente, na última década.

O esgotamento sanitário/existência de banheiro também é precário na região, bem como

nos demais setores, estando inserida na faixa de atendimento mais baixa, entre 0 a 12

domicílios com acesso ao serviço.

O17030-AAS-01-1

35

4.1.4 Região de São José do Imbassaí

A Região de São José mostra-se como uma centralidade consolidada no município com boa

oferta de serviços públicos, semelhante ao bairro Jardim Atlântico, e provisão de

infraestrutura viária pavimentada (FIGURA 4.1.4-1).

FIGURA 4.1.4-1

VIAS DE CIRCULAÇÃO. SÃO JOSÉ. MARICÁ-RJ, 2017

Em termos dos equipamentos públicos, destacam-se a presença do Posto de Saúde São

José 2 (FIGURA 4.1.4-2), do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente

(C.A.I.C) Elomir Silva – equipamento educacional de características especiais – (FIGURA

4.1.4-3), do CRAS São José (FIGURA 4.1.4-4) e do Posto Policial São José (FIGURA

4.1.4-5).

FIGURA 4.1.4-2

POSTO DE SAÚDE SÃO JOSÉ 2. SÃO JOSÉ. MARICÁ-RJ, 2017

O17030-AAS-01-1

36

FIGURA 4.1.4-3

C.A.I.C. SÃO JOSÉ. MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.4-4

CRAS SÃO JOSÉ. BAIRRO SÃO JOSÉ. MARICÁ-RJ, 2017

FIGURA 4.1.4-5

POSTO POLICIAL. SÃO JOSÉ. MARICÁ-RJ, 2017

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37

De forma específica, cabe mencionar que se encontra atualmente em construção na região

o Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara (FIGURA 4.1.4-6), o a qual irá concentrar os

atendimentos de maior complexidade, atualmente ofertados na Sede local. A obra

apresenta-se como uma das maiores expectativas da população local. O futuro equipamento

de saúde revela-se potencialmente como a principal fonte de consulta e referência médica

para a projetada população que poderá ocupar a Área Diretamente Afetada.

FIGURA 4.1.4-6

OBRAS DO HOSPITAL MUNICIPAL DR. ERNESTO CHE GUEVARA.

MARICÁ-RJ, 2017

Segundo o mapeamento em termos de dados secundários, a Região encontra-se a leste da

AVI e apresenta o maior nível de adensamento populacional dentre as áreas analisadas,

com um índice de ocupação grande e contínuo. A maior parte dos setores estão inseridos

entre os intervalos de 117 a 461 domicílios e alguns, poucos, estão entre os intervalos de

69 a 113.

Nessa porção é possível identificar três setores censitários com bom atendimento em termos

de coleta de lixo, entre 197 a 416 domicílios. Os demais setores variam entre 0 a 195

domicílios atendidos, o que sugere um serviço pouco abrangente.

Em termos de abastecimento de água e serviços de saneamento, também se observa

relativa precariedade na região, em alinhamento à maior parte do município. Alguns poucos

setores localizam-se em maiores faixas até o limite de 26-49 domicílios atendidos.

O17030-AAS-01-1

38

4.1.5 Região de Inoã – Chácaras e Pedra de Inoã

Inoã apresenta-se como uma centralidade comercial no município de Maricá, concentrando

às margens da Rodovia Amaral Peixoto uma série de imóveis e estabelecimentos ligados

ao terceiro setor, vide FIGURA 4.1.5-1.

FIGURA 4.1.5-1

CENTRO COMERCIAL NAS MARGENS DA RODOVIA AMARAL PEIXOTO.

REGIÃO DE INOÃ. MARICÁ-RJ, 2017

A região abriga uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA, FIGURA 4.1.5-2, a qual

apresenta dimensões bastante amplas em relação aos demais equipamentos de saúde

visitados e presentes na área de influência. O equipamento encontra-se localizado em área

bastante próxima a projetada para a ADA.

Segundo dados disponibilizados pela gerente da Unidade, a UPA possui em seu quadro de

funcionários: i) 7 profissionais ligados à Clínica Médica; ii) 4 pediatras; iii) 1 assistente social

e iv) 1 dentista, além da equipe de enfermeiros e técnicos. Ao longo do ano de 2016, os

atendimentos da Unidade ultrapassaram 87 mil casos, sendo a maior parte deles ligados a

urgência em clínica médica. A instalação do projeto ora analisado resulta diretamente em

pressões sobre a UPA e incremento no número de atendimentos realizados.

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39

FIGURA 4.1.5-2

UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO. REGIÃO DE INOÃ. MARICÁ-RJ, 2017.

Destacam-se ainda a existência de duas escolas municipais – E.M. Casa da Criança de Inoã

(FIGURA 4.1.5-3) e Escola Municipalizada de Inoã (FIGURA 4.1.5-4) – bem como de um

posto policial, aos moldes do existente na Região de São José. Tais estruturas apresentam

boa capacidade de atendimento à população atualmente residente e apresentam-se também

como foco direto de demanda por parte da população futura a ser instalada na área do

empreendimento objeto do presente estudo.

FIGURA 4.1.5-3

ESCOLA MUNICIPAL CASA DA CRIANÇA DE INOÃ. REGIÃO DE INOÃ.

MARICÁ-RJ, 2017

O17030-AAS-01-1

40

FIGURA 4.1.5-4

ESCOLA MUNICIPALIZADA DE INOÃ. REGIÃO DE INOÃ.

MARICÁ-RJ, 2017

Sobretudo na área denominada Chácaras de Inoã, localizada a Oeste e Noroeste da AVI, é

possível verificar uma ocupação bastante diversificada, com setores altamente ocupados

entre 220 a 461 domicílios, mas também possuem setores com uma ocupação baixa entre

5 a 68 domicílios.

Percebe-se na porção oeste o atendimento mais abrangente dentre as áreas analisadas em

termos de coleta de lixo. Grande parte dos distritos está inserida na faixa de coleta domiciliar

entre 51 a 416 domicílios. Em termos da existência de banheiro ou sanitário e esgotamento

sanitário, percebe-se que a região se encontra em sua maioria nas faixas de menor

atendimento. Excluem-se a essa realidade pequena porção de Inoã logo acima da área de

empreendimento, localizada na faixa entre 50 e 101 domicílios atendidos, e algumas

pequenas manchas nas Chácaras, localizadas nas faixas entre 102 e 205 domicílios.

4.2 VIZINHANÇA MEDIATA

O município de Maricá-RJ está localizado na mesorregião metropolitana do Rio de Janeiro

(RMRJ) e faz limite com os municípios de Niterói a oeste; São Gonçalo, Itaboraí e Tanguá

ao norte; Saquarema a leste e com o Oceano Atlântico ao sul.

Maricá foi colonizada a partir da doação de sesmarias, concedidas na faixa litorânea,

compreendida entre Itaipuaçu e as margens da lagoa, local onde mais tarde surgiu a cidade.

Onde atualmente está localizado o povoado de São José do Imbaçaí e a fazenda São Bento,

surgiram os primeiros núcleos povoados no município. Criada com a denominação de Santa

Maria de Maricá, mais tarde elevada ao patamar de vila e permanecendo a denominação

anterior somente em 1889, por meio de um decreto estadual n° 18, tornou-se cidade e

passou a chamar-se Maricá. (IBGE Apud Prefeitura de Maricá, 2009) 3.

3 Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br. Acessado: 14 de março de 2017.

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41

Segundo o último censo demográfico do IBGE realizado em 2010, Maricá possui uma área

de 362,569 km² e uma população de 127.461 habitantes, o que lhe conferia uma densidade

demográfica de 351,55 habitantes por km². Em 2016 a estimativa populacional atingiu

149.876 habitantes, elevando a densidade demográfica para 413,37 hab./km². Maricá

apresentou em 2010 um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,764,

classificado como nível alto, entre 0,700 e 0,799.

4.2.1 População

Para subsidiar a análise comparativa dos dados foram selecionados os índices

populacionais do município de Maricá referentes aos anos de 2000 e 2010 (GRÁFICO

4.2.1-1), objetivando um mapeamento específico das características locais.

GRÁFICO 4.2.1-1

POPULAÇÃO TOTAL DE MARICÁ. 2000, 2010

Fonte: SIGRA-IBGE, 2000/2010

No período analisado, a população de Maricá aumentou em aproximadamente 66%, o que

em termos absolutos representou o acréscimo de 50.724 pessoas. Importante sublinhar que

houve uma mudança na dinâmica espacial da população que, durante esse período, migrou

consideravelmente do ambiente rural para o urbano. Em 2000, cerca de 17% da população

de Maricá residia em meio rural, e em 2010 esse número passou para 1,5%. Observa-se

assim uma população predominantemente urbana (98,5%), o que indica uma ocupação do

território associada à realidade do mercado de trabalho local, que apresenta uma economia

baseada nos setores secundário e terciário, conforme será apresentado nos itens a seguir.

76.737

127.461

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

2000 2010

O17030-AAS-01-1

42

4.2.2 População Economicamente Ativa (PEA)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a População

Economicamente Ativa (PEA) é composta pelas pessoas de 10 a 65 anos de idade que

foram classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa.

Esse levantamento está diretamente relacionado ao dinamismo do mercado de trabalho,

pois é dentro desse percentual da população que se encontram as pessoas aptas a exercer

atividades remuneradas nos diferentes setores da economia (primário, secundário e

terciário).

Nos últimos dez anos Maricá obteve um aumento considerável da PEA, cerca de 73%,

conforme pode ser observado no GRÁFICO 4.2.2-1.

GRÁFICO 4.2.2-1

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA. MARICÁ-RJ. 2000, 2010

Fonte: SIDRA-IBGE, 2000/2010.

58.839

101.826

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

2000 2010

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43

4.2.3 Produto Interno Bruto - PIB

A compilação dos dados acerca do Produto Interno Bruto (PIB) municipal permite a

observação do grau de geração de riqueza estabelecido na localidade. O GRÁFICO 4.2.3-1

reúne os valores do PIB corrente do município de Maricá entre os anos de 2011 a 2014.

GRÁFICO 4.2.3-1

PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL (R$). MARICÁ-RJ. 2011-2014

Fonte: IBGE Cidades. 2011, 2014.

A partir do gráfico é possível constatar que o PIB municipal aumentou aproximadamente

200% no período de quatro anos, com destaque para os anos de 2012 e 2014 que

registraram a maior variação percentual ao longo do período analisado.

Em 2011 o setor secundário apresentou a maior participação no PIB 49,11% seguido do

setor terciário 31,40% e administração pública 19,31%. A agropecuária apresentou um

percentual muito inferior em relação aos demais, 0,19%.

No ano de 2012 a agropecuária aumentou a participação em 6%, bem como a administração

pública em 7%. O setor de serviço obteve um crescimento de 88%, porém, o destaque foi o

setor industrial que aumentou cerca de 173% em relação ao ano anterior.

Em 2013 o cenário pouco se alterou e o setor que mais contribuiu com o PIB municipal foi o

setor secundário 59,56% com um decréscimo em relação ao ano de 2012 de 2%, seguido

pelo setor terciário 28,94% com um acréscimo de 9% e a administração pública que elevou

seu percentual 22%. O setor agropecuário teve sua parcela acrescida 33% em relação ao

ano anterior, mas, permanecendo pouco significativo em relação ao percentual de

contribuição das demais atividades econômicas para o PIB municipal.

3.192.008.000

6.831.020.000 7.060.963.000

9.583.590.000

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

2011 2012 2013 2014

O17030-AAS-01-1

44

Em 2014 todos os setores apresentaram crescimento. O setor industrial aumentou cerca de

42% sua participação, e o de serviços aproximadamente 33%. Administração pública e

Agropecuária tiveram percentuais de crescimento respectivamente iguais a 11 e 14%. Os

números supracitados demostram uma maior relevância dos setores secundário e terciário

na formação das riquezas municipais e a participação menos expressiva do setor primário

na economia local.

TABELA 4.2.3-1

PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO DOS SETORES NA ECONOMIA MUNICIPAL

MARICÁ (RJ). 2011 – 2014

ANO Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

Administração

Pública

2011 0,19% 49,11% 31,40% 19,31%

2012 0,09% 62,74% 27,52% 9,64%

2013 0,12% 59,56% 28,94% 11,38%

2014 0,10% 62,30% 28,29% 9,31%

Fonte: IBGE Cidades. 2011, 2014.

Quanto ao rendimento mensal da população de Maricá em 2000 e 2010, constata-se que a

maior parcela de pessoas possui renda entre um e dois salários mínimos. Esse índice teve

um aumento significativo ao longo do período analisado se comparado com as demais faixas

salariais, indicando uma média de 148% de aumento. Para as faixas de rendimentos entre

dois e três salários mínimos, o crescimento foi de aproximadamente 80%, e no que tange a

parcela da população que está na faixa salarial entre três e cinco salários, o aumento foi de

66%. A faixa salarial que obteve a menor variação percentual foi entre cinco a dez salários

mínimos, com 14%, conforme pode ser observado na TABELA 4.2.3-2.

TABELA 4.2.3-2

PESSOAS COM 10 ANOS OU MAIS DE IDADE POR CLASSE DE RENDIMENTO

NOMINAL MENSAL. MARICÁ (RJ). 2000, 2010

Rendimento Médio Mensal

Média Salarial 2000 2010 Variação Percentual (%)

Mais de 1 a 2 salários mínimos 9.274 23.014 148%

Mais de 2 a 3 salários mínimos 5.663 10.206 80%

Mais de 3 a 5 salários mínimos 5.770 9.595 66%

Mais de 5 a 10 salários mínimos 6.645 7.607 14%

Fonte: SIDRA – IBGE. 2000,2010.

O17030-AAS-01-1

45

4.2.4 Estabelecimentos Comerciais

Para obter e analisar o número de estabelecimentos comercias existentes no município de

Maricá foi realizado um levantamento dos sub-setores e/ou atividades econômicas

características do setor terciário, restringindo à estabelecimentos comerciais e de oferta de

serviços4.

TABELA 4.2.4-1

CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS. MARICÁ (RJ).

2007 A 2014

Classificação das Atividades Econômicas Anos

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Construção 69 66 72 98 103 93 117 119

Comércio; reparação de veículos automotores

e motocicletas 860 898 932 1007 1053 974 1085 983

Transporte, armazenagem e correio 15 24 26 30 27 26 31 29

Alojamento e alimentação 111 122 133 148 149 125 161 142

Informação e comunicação 39 42 29 41 44 38 38 31

Atividades financeiras, de seguros e serviços

relacionados 13 12 10 15 11 15 15 14

Atividades imobiliárias 13 15 25 30 33 37 48 43

Atividades profissionais, científicas e técnicas 41 53 60 58 74 69 69 51

Atividades administrativas e serviços

complementares 184 179 173 203 196 185 209 210

Educação 58 57 68 81 77 84 90 93

Saúde humana e serviços sociais 32 29 33 33 39 37 38 40

Outras atividades de serviços 160 193 170 222 213 229 240 200

Fonte: SIDRA – IBGE. 2007, 2014.

De modo geral, o crescimento do número de estabelecimentos comerciais apresentou uma

média de 53% entre 2007 e 2014. Dentre as atividades econômicas elencadas na TABELA

4.2.4-1, o setor que apresentou maior taxa de crescimento foi o Imobiliário, com

aproximadamente 230% de aumento. Os setores de Transporte e Construção também

tiveram um crescimento elevado, 93% e 72% respectivamente, seguidos da Educação que

cresceu cerca de 60%. No outro extremo, o setor de Atividades Financeiras foi o que obteve

o menor índice de crescimento no período, cerca de 7%. E em relação à redução no número

de estabelecimentos, o único setor que se encaixou nessa situação foi o de Informação e

Comunicação, que sofreu uma queda de 20%.

4 As atividades econômicas de: Agricultura/ Pecuária/ Produção Florestal/ Pesca/ Aquacultura, Industria Extrativista,

Industria de Transformação, Eletricidade/Gás, Água/Esgoto/Atividades de Gestão de Resíduos/ Descontaminação, Administração Pública/Defesa/Seguridade Social, Artes/Cultura/Esporte/ Recreação, Serviços Domésticos e Organismos Internacionais/ Outras Instituições Exteriores não foram consideradas na tabela de classificação, por não contribuírem com a análise acerca do número de estabelecimentos comerciais

O17030-AAS-01-1

46

4.2.5 Trabalho

Para dimensionar o nível de ocupação da população de Maricá no mercado de trabalho local

utilizou-se de dados obtidos no Censo Demográfico (IBGE, 2010) sobre a população total

empregada5. Como base comparativa para analisar os dados do município de Maricá, foram

selecionadas informações sobre os municípios limítrofes Itaboraí e Saquarema. Em termos

percentuais, o município de Maricá foi o que apresentou maior crescimento no número de

pessoas ocupadas entre os anos analisados, 103%. Itaboraí, a cidade mais populosa entre

as três, apresentou um crescimento de 45%, e Saquarema, o município menos populoso,

ampliou o índice em 58% em relação ao ano 2000.

GRÁFICO 4.2.5-1

POPULAÇÃO OCUPADA. MARICÁ, ITABORAÍ E SAQUAREMA (RJ).

(2000 E 2010)

Fonte: SIDRA-IBGE, 2000 e 2010.

Em termos de movimentos pendulares, nos três municípios analisados em 2010, a maior

parte da população trabalha e reside no mesmo município. Percentualmente, a cidade com

mais migrantes pendulares dentre as três analisadas foi Itaboraí com 39%, seguida de

Maricá com 30%, e em menor percentual está Saquarema com 11%.

5 Número de pessoas com idade superior a dez anos que estavam ocupadas na semana de realização da pesquisa na

categoria de emprego no trabalho principal.

19.448

50.041

12.905

39.643

72.747

20.401

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

Maricá Itaboraí Saquarema

2000 2010

O17030-AAS-01-1

47

GRÁFICO 4.2.5-2

POPULAÇÃO MIGRANTE PENDULAR EM MARICÁ E MUNICÍPIOS LIMÍTROFES.

2000, 2010.

Fonte: SIDRA-IBGE, 2010.

4.2.6 Saneamento Básico

A CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) é a empresa

responsável pela implantação do sistema do abastecimento e esgotamento sanitário no

município. Maricá conta com uma Estação de Tratamento de Água (ETA) e uma Estação de

Tratamento de Esgoto (ETE) Araçatiba.

Para analisar o índice de saneamento básico do município de Maricá foram considerados os

níveis de abastecimento de água segundo a existência de banheiro ou sanitário. Nos dois

períodos analisados os números demostram que o município apresenta um sistema de

saneamento básico com baixa cobertura, considerando que em 2000, a população total que

era de aproximadamente 77 mil pessoas, 10% desse total possuía acesso a saneamento e

abastecimento de água. Em 2010 a população de Maricá aumentou em números absolutos

50.724 pessoas, ou seja, estava 39% maior do que em 2000, e o acesso ao saneamento

básico pouco se alterou, ou seja, do total de 127.461 habitantes contabilizados no período,

11% eram cobertos pelo sistema de saneamento e abastecimento de água. Os dados do

GRÁFICO 4.2.6-1 abaixo mostram a evolução da cobertura do sistema de saneamento.

39.419

57.627

27.287

16.778

36.978

3.318

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

Maricá Itaboraí Saquarema

Trabalham no município de residência Trabalham em outro município

O17030-AAS-01-1

48

GRÁFICO 4.2.6-1

DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES POR SITUAÇÃO, TIPO DE DOMICÍLIO

E ABASTECIMENTO DE ÁGUA, SEGUNDO A EXISTÊNCIA DE BANHEIRO OU

SANITÁRIO E ESGOTAMENTO SANITÁRIO. 2000, 2010

Fonte: SIDRA-IBGE, 2000/2010

4.2.7 Saúde

O Sistema de saúde do município é majoritariamente oferecido à população pelo poder

público municipal através dos equipamentos denominados UBS – Unidade Básica de Saúde

e Postos de Saúde. Para os atendimentos de média e alta complexidade, faz-se necessário

o deslocamento para os hospitais da sede municipal ou municípios adjacentes integrantes

de sistemas de saúde consorciados.

Utilizando a classificação do sistema DATASUS em relação aos estabelecimentos de saúde,

foram consideradas nesse levantamento as variáveis como quantidade de estabelecimentos

e as respectivas alterações ao longo do período analisado, conforme pode ser observado

no GRÁFICO 4.2.7-1.

2.243

4.9165.228

8.112

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

Saneamento Abastecimento

2000 2010

O17030-AAS-01-1

49

GRÁFICO 4.2.7-1

ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE POR TIPOLOGIA. MARICÁ-RJ. 2006, 2016

Fonte: DATASUS, 2006/2016

Os consultórios foram os estabelecimentos que obtiveram o maior índice de crescimento,

cerca de 385%, seguidos dos equipamentos que trabalham com diagnoses e terapia, que

aumentaram 125% no período analisado. As Clínicas Especializadas, Centros, Postos e

Vigilância de Saúde aumentaram em 100% suas unidades de atendimento. As unidades

móveis terrestres atingiram o índice de 50% de aumento. A unidade de tratamento Pronto

Socorro Geral manteve-se com uma (01) unidade, enquanto os Hospitais Gerais reduziram

de duas para uma unidade de atendimento, e as policlínicas deixaram de existir.

Ainda no período analisado, é importante destacar que foram criadas três novas estruturas

que não existiam em 2006, quais sejam: a Central de Regulação; o Centro de Atenção

Psicossocial (CAPS); e a Secretária de Saúde; e além disso, o Pronto Socorro Geral passou

a ser denominado como Pronto Atendimento.

Os dados acima indicam que houve mudanças significativas na estrutura do sistema de

saúde municipal, visto que os índices de ampliação do número de estabelecimentos

superaram os de retração, o que sugere uma maior cobertura de atendimento para a

população maricaense. A seguir é apresentada a TABELA 4.2.7-1 com o número total de

estabelecimentos por tipo de prestador de serviço, retirados da base de dados nacional

CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde).

11

8 7

2 2

8

1

4

1 2

22

16

34

1 0

4

1

9

2 3

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2006 2016

O17030-AAS-01-1

50

TABELA 4.2.7-1

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR TIPO DE PRESTADOR SEGUNDO

O TIPO DE ESTABELECIMENTO. MARICÁ (RJ). 2009.

Fonte: CNES. 2009.

Outro dado relevante que indica ou dimensiona a capacidade de atendimento do sistema de

saúde municipal é o número de leitos de internação por cada 1000 habitantes. Conforme

dados levantados no DATASUS6 Maricá possui 0,9 leitos para cada 1000 habitantes,

indicador considerado ainda baixo quando comparado com a recomendação da OMS

(Organização Mundial de Saúde) que preconiza acima de 3 leitos para cada 1000 habitantes

à depender da metodologia de atendimento e os serviços disponibilizados no sistema.

6 Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/. Acessado em 13 de março de 2017.

O17030-AAS-01-1

51

4.2.8 Educação

Para verificar o acesso aos estabelecimentos educacionais em Maricá foi realizado um

levantamento no sistema do INEPDATA referente ao período de 2007 e 2014, de acordo

com a classificação das escolas por rede de ensino (estadual, municipal e privada) e como

estas estão distribuídas localmente no município, ou seja, em área rural ou urbana.

Importante elucidar que um mesmo estabelecimento pode ser oferecido mais de uma

modalidade ou nível de ensino. No GRÁFICO 4.2.8-1 são considerados apenas os

estabelecimentos em atividade e não estão incluídos os estabelecimentos que oferecem

exclusivamente turmas de atendimento complementar (AC) e atendimento educacional

especializados (AEE).

GRÁFICO 4.2.8-1

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO ENSINO REGULAR.

MARICÁ-RJ. 2007, 2014

Fonte: INEPDATA, 2007/2014

Entre os anos 2007 e 2014, o número de escolas em áreas urbanas teve um aumento acima

de 50% na rede municipal e privadas. Porém as escolas da rede privada cresceram de modo

mais significativo, com aumento equivalente a 89,5%, seguida da rede municipal com

24,51%, e rede estadual reduziu em 50% o número de escolas.

No meio rural as escolas da rede privada passaram de uma unidade existente em 2007 para

três em 2014, ou seja, percentualmente cresceram 200%. As escolas da rede municipal do

campo cresceram 46% no período analisado, enquanto as escolas estaduais deixaram de

existir, ou seja, contava com quatro unidades em 2007 e não apareceram na contagem de

2014.

4

15

1 0

22

3

14

18 18

9

29

33

0

5

10

15

20

25

30

35

Escolas Estaduais EscolasMunicipais

Escolas Privadas Escolas Estaduais EscolasMunicipais

Escolas Privadas

Censo 2007 Censo 2014

Rural Urbana

O17030-AAS-01-1

52

4.2.9 Domicílios Ocupados

Considerar a variável Domicílios Ocupados é importante para dimensionar a forma de

ocupação do domicílio, ou seja, se para fins residenciais ou comerciais, ocupação por renda,

características estruturais da moradia, situação do domicílio em relação a saneamento e

esgotamento sanitário, número de moradores, entre outros.

O número de moradores residente em domicílios particulares permanentes em Maricá mais

que dobrou (108,4%) na década analisada (2000 - 2010), seguindo o índice geral de

aumento populacional que ocorreu no município.

Analisando o número de domicílios ocupados por classe de rendimento mensal é possível

inferir que no ano 2000, a maior parte da população que ocupava domicílios permanentes

estava incluída na faixa de rendimento entre três e cinco salários mínimos, enquanto que

em 2010 a faixa salarial predominante estava entre um e dois salários. O valor de referência

para o salário mínimo utilizada no último Censo Demográfico foi de R$ 510,00.

GRÁFICO 4.2.9-1

DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES POR CLASSE DE RENDIMENTO

MENSAL DOMICILIAR. MARICÁ-RJ. 2000, 2010.

Fonte: SIDRA-IBGE, 2000/2010

Faz-se importante analisar as características dos domicílios para compreender indicadores

acerca das residências como o tamanho7 e localização8 bem como o recorte temporal

selecionado. Em 2000 as casas com 5 cômodos localizadas em área rural apresentavam

um percentual significativamente maior do que as residências menores. Em 2010 observou-

se que houve uma diminuição no número total de residências rurais, ainda com predomínio

7 Número de Cômodos. 8 Localidade Rural ou Urbana.

2.910 2.883

4.518

11.974

5.411

4.090

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

Mais de 1 a 2 saláriosmínimos

Mais de 2 a 3 saláriosmínimos

Mais de 3 a 5 saláriosmínimos

2000 2010

O17030-AAS-01-1

53

dos domicílios com 5 cômodos, e a inexistência de casas com um cômodo. Esse fato pode

ser associado à distribuição da população, na qual 98% reside na área urbana.

No espaço urbano do território houve uma diminuição de 31% nas casas com 1 cômodo

apenas, e nas demais faixas de tamanho os índices registrados aumentaram. A elevação

mais significativa foi nas casas com 5 cômodos, que registraram um aumento de 154%,

seguido das casas de 2 cômodos com 81%, de 4 cômodos com 52% e de 3 cômodos com

44%, ratificando a disparidade da ocupação de domicílios em meio rural e urbano.

GRÁFICO 4.2.9-2

DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES E MORADORES POR SITUAÇÃO DO

DOMICÍLIO E NÚMERO DE CÔMODOS. MARICÁ – RJ. 2000, 2010.

Fonte: SIDRA-IBGE, 2000/2010.

109

894

2693

5868

13003

159

492

1858

3843

5102

0

24

37

93

268

72

86

348

718

1433

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

1 cômodo

2 cômodos

3 cômodos

4 cômodos

5 cômodos

Rural 2000 Rural 2010 Urbana 2000 Urbana 2010

O17030-AAS-01-1

54

4.3 RESUMO DOS PONTOS ANALISADOS

A análise descritiva e fotográfica da ADA e sua vizinhança Imediata apontam que:

1. Processos descontinuados e segmentados de loteamento resultaram em ocupações

do território nas quais a instalação dos imóveis habitacionais não se mostra

acompanhadas da instalação de infraestrutura básica;

2. A região da ADA apresenta uma ocupação territorial diferenciada em relação aos

setores censitários, alguns são altamente adensados enquanto outros demostram um

nível de ocupação bastante baixo;

3. O abastecimento de água é o serviço de infraestrutura mais carente do município,

principalmente em relação aos distritos periféricos, que praticamente não acessam a

rede geral de distribuição de água;

4. A coleta de lixo por empresas de limpeza é a atividade de infraestrutura mais

abrangente de Maricá, apesar das grandes variações entre os setores censitários, o

atendimento é relativamente bom se comparado aos demais serviços;

5. Determinados bairros de ocupação mais consolidada apresentam bons padrões de

ocupação e provisão de serviços básicos mostrando-se como centralidades que

servem de polos para os bairros de entorno. Na AVI encontram-se nessa categoria as

Regiões de Inoã, São José e o bairro Jardim Atlântico;

6. Em termos da provisão de equipamentos públicos percebe-se uma relativamente boa

oferta dos serviços de saúde e educação, com a ressalva da alta expectativa pela

continuidade e finalização das obras de construção do Hospital Dr. Ernesto Che

Guevara;

7. As ocupações recentes e os projetos em vias de desenvolvimento têm gerado

expectativas em termos de melhorias urbanas na área as quais já se mostram

traduzidas em movimentos de valorização imobiliária, conforme apontam os relatos

manifestados pelos moradores e atores públicos da localidade.

A se considerar os dados secundários obtidos acerca do município de Maricá, percebe-se

que:

1. A população total bem como a população economicamente ativa, cresceram

significativamente entre os anos de 2000 e 2010. Destaque para a população

empregada, com uma ampliação superior a 70%;

O17030-AAS-01-1

55

2. O Produto Interno Bruto aumentou consideravelmente entre os anos 2011 e 2014

(aumento de 197%), com destaque para o setor secundário que contribui com a maior

parcela na formação desse indicador;

3. A infraestrutura, equipamentos e a cobertura de atendimento do sistema de

saneamento básico não acompanharam o crescimento da população entre os anos

2000 e 2010, permanecendo ainda sem acesso a esses serviços parcela significativa

da população;

4. Em relação à rede de atendimento do sistema de saúde, observa-se que,

principalmente os estabelecimentos que oferecem atendimento de alta complexidade,

o total de equipamentos disponíveis ainda é baixo considerando o contingente

populacional que busca os serviços. Por outro lado, no que tange o sistema de

educação, são ofertados os diferentes níveis pelas redes municipal, estadual e

privada, e os estabelecimentos estão localizados de forma mais equilibrada no

território (meio urbano e rural);

5. A nova dinâmica residencial demonstra um número maior de moradores em domicílios

particulares permanentes e uma ampliação no número de cômodos nas residências

urbanas, já os imóveis rurais estão reduzindo devido a êxodo rural vivido pelo

município.

O17030-AAS-01-1

56

5.0 INFRAESTRUTURA DE TRÁFEGO

As principais vias de acesso ao loteamento se dará pela RJ 106, km 15,5, tanto para quem

está na região central do município como para quem vem de outras cidades. Após adentrar

a estrada dos Cajueiros, em poucos metros é possível observar a área do pretendido

empreendimento. Ambas as vias de acesso são pavimentadas e sinalizadas, no caso da RJ

106 esse fato se deve, principalmente, à sua importância estratégica de ligação entre o

município de Maricá e as demais cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

(RMRJ).

A outra maneira de acessar a estrada dos Cajueiros e chegar ao condomínio Alphaville

acontece pelas Ruas Duílio Farias, Oitenta e Seis, Sessenta e Seis e também pela Avenida

Dois. Parte desse percurso é realizado em estrada de terra compactada, principalmente nas

ruas mais próximas a Avenida da Praia.

O acesso ao empreendimento vindo da região oeste do município se dá pela Rua

Engenheiro Domingos Barbosa, Avenida do Canal, Estrado do Leigo, Rua Vinte, Avenida

Vitória Régia, Rua Trinta e Cinco, Rua Sessenta e Seis até chegar na Estrada dos Cajueiros.

As vias supracitadas são asfaltadas, mas em algumas delas, devido à proximidade com orla

da praia, existem grandes bancos de areia.

O mapa de localização das vias de acesso ao empreendimento, bem como a delimitação da

gleba (círculo preto) são apresentados na FIGURA 5-1.

FIGURA 5-1

VIAS DE ACESSO

Fonte: Google Earth, 2017.

O17030-AAS-01-1

57

A ligação entres os municípios de Maricá e Rio de Janeiro acontece, principalmente, pela

Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106), por meio de transportes coletivos (ônibus) ou particulares

(carros e motos), importante sublinhar que mais de 70% da população residente na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) utiliza-se do transporte coletivo. A duração das

viagens entre os municípios pode oscilar entre 90 a 180 minutos.

Considerando somente o contexto municipal, o transporte público coletivo em Maricá é

realizado pela Empresa Pública de Transporte (EPT), popularmente conhecido como

“vermelhinho”. O sistema de transporte que opera no município desde dezembro de 2014 é

gratuito, não existe a cobrança de tarifas para a locomoção dentro do território de Maricá,

porém, os ônibus gratuitos não percorrem os mesmos itinerários das empresas

concessionárias.

O serviço de transporte coletivo municipal privado é oferecido por duas empresas, a Viação

Nossa Senhora do Amparo e a Costa Leste. Para as tarifas municipais são atribuídos os

valores de R$ 2,70 e, para as intermunicipais, R$ 4,00.

Nas TABELAS 5-1 e 5-2 são trazidos os locais de partida e chegada dos ônibus oferecidos

pelo transporte coletivo privado em Maricá, considerando as duas empresas prestadoras do

serviço.

TABELA 5-1

LOCAIS DE PARTIDA E CHEGADA DOS ÔNIBUS DA EMPRESA COSTA LESTE

Empresa Costa Leste

Linhas Municipais de Maricá

Maricá X Cajú

Maricá X Ponta Negra (Via Boqueirão)

Maricá X Cordeirinho

Maricá X Ponta negra (via Manoel Ribeiro)

Maricá X Silvado

Maricá X Espraiado

Maricá x Ubatiba

Maricá X Bambuí

Maricá X Caxito

Maricá X Jaconé

Maricá X Barra

Maricá X Lagarto

Maricá X Retiro

Fonte: http://www.setrerj.org.br/empresas/emp_costa_leste_marica.html. Acessado em: 28 de abril de

2017.

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58

TABELA 5-2

LOCAIS DE PARTIDA E CHEGADA DOS ÔNIBUS DA

EMPRESA NOSSA SENHORA DO AMPARO

Empresa Nossa Senhora do Amparo

Linhas Municipais e Intermunicipais de Maricá

R. 126 - Via Estr. de Itaipuaçu X Recanto

Anaia X Candelária

Anaia X Niterói - Via Tribobó avenida 2 - rua 034 - circular

Cassorotiba X Inoã

Engenho do Roçado x Niterói

Inoã X Itaipuaçu - Cajueiros R 126

Inoã X Itaipuaçu - Recanto

Inoã X Itaipuaçu - Recanto via Itaocaia

Inoã X Santa Paula

Itaipú X Niterói - Via Tribobó

Itaipú X Tribobó

Itaipuaçu - R 126 Via Cajueiro X Castelo

Itaipuaçu - 126 X Niterói

Itaipuaçu - Recanto x Rio do Ouro

Joquei X Niterói

Maricá X Castelo

Maricá X Inoã - Via Flamengo - MC

Fonte: http://www.vnsamparo.com.br/. Acessado em: 28 de abril de 2017.

Observa-se que a empresa Costa Leste não possui itinerários disponíveis nas proximidades

da área pretendida para o empreendimento, que atendam os moradores do residencial na

porta (Estrada dos Cajueiros). A opção mais próxima são as linhas de ônibus que passam

pela Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106), são eles: Maricá X Ponta Negra (via Manoel Ribeiro),

Maricá X Espraiado, Maricá X Bambuí, Maricá X Caxito, Maricá X Jaconé e Maricá X Retiro.

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59

6.0 ASPECTOS FÍSICOS E BIÓTICOS GERAIS

6.1 ASPECTOS FÍSICOS

6.1.1 Clima

De uma maneira geral, o clima na região é predominantemente quente e úmido, com estação

seca pouco pronunciada e com mais de 1.300 mm anuais de precipitação (CIDE, 1998).

Na Baixada Litorânea ocorre clima quente e úmido sem inverno pronunciado, com chuvas

no verão e estiagem no inverno. Apresenta temperaturas médias regularmente elevadas e

suas variações são pequenas, oscilando entre 22 e 23° C. A partir de novembro até março

as temperaturas médias ficam acima de 22°C, com valores máximos médios de 25,3° C.

Segundo a classificação de Köppen (1948) o clima da região é classificado como tropical do

tipo AW``, que se caracteriza por chuvas concentradas nas estações de primavera e outono

e períodos mais secos no verão e inverno. A umidade relativa do ar varia de 80 a 90% devido

à influência da maritimidade (CIDE, 1998). Os ventos possuem direções variadas: NE

(estável), S/SE (frente fria) e N/NW (chuvas de verão). A distribuição dos percentuais desses

ventos está diretamente associada a distribuição das massas de ar dominantes no litoral

brasileiro. Nos meses de verão o fortalecimento da Alta Pressão do Atlântico Sul favorece o

predomínio de ventos de NE. O aumento da frequência de ventos de Sul e Sudoeste nos

meses de inverno está associado a passagens sistemáticas de frentes frias, mais comuns

nesta época do ano.

6.1.2 Geomorfologia

A geomorfologia da planície costeira de Maricá é caracterizada pela presença da imponente

laguna de Maricá e de duas barreiras arenosas separadas entre si por uma série de

pequenas lagunas isoladas. A barreira arenosa interna foi formada no Pleistoceno, por volta

de 40.000 anos A.P. (Silva et al., 2010; Silva, 2011); a barreira externa, junto ao mar, teve

seu início de formação durante a última transgressão marinha ocorrida no Holoceno (Ireland,

1987; Turcq et al., 1999; Pereira et al., 2003; Silva et al., 2010; Silva, 2011). O embasamento

Pré-Cambriano que limita a planície é formado por gnaisses, granitos e pegmatitos,

formadores das serras (como a da Tiririca) à retaguarda da planície e de morros isolados

dentro da mesma. Barreiras arenosas com sistemas lagunares na retaguarda constituem-se

em elementos marcantes na paisagem do litoral do estado do Rio de Janeiro.

A geomorfologia da planície costeira de Maricá (RJ) é caracterizada pela presença da

imponente lagoa de Maricá e duas barreiras arenosas separadas entre si por uma série de

pequenas lagunas isoladas e colmatadas. Trata-se de um litoral sujeito a uma intensa

dinâmica decorrente da exposição direta à incidência de ondas de alta energia.

O17030-AAS-01-1

60

A planície costeira de Maricá apresenta três compartimentos morfológicos distintos: uma

barreira arenosa de idade holocênica; uma planície estreita, formada também no Holoceno

por pequenas lagoas colmatadas; e uma barreira arenosa pleistocênica localizada mais

internamente na planície costeira.

A barreira externa holocênica apresenta-se em grande parte aplainada por motivos

antropogênicos. Ela exibe ligeiro aumento na altura para leste, o que pode ser o resultado

da extração ilegal de areias e construção da estrada de barro e trilhas para a prática de off

road. Na barreira interna pleistocênica a topografia é suavemente ondulada e a mesma

apresenta-se mais larga que a barreira externa holocênica.

Os sedimentos superficiais que formam a planície costeira de Maricá apresentam

granulometria bastante homogênea e bom selecionamento, com a predominância de areias

grossas e médias (0,5 e 0,25 mm). A diferença na coloração da areia da barreira holocênica

(areia amarelada) e as areias da barreira pleistocênica e planície lagunar (areia

esbranquiçada) é uma consequência da diferença de idade entre esses ambientes. O

estreitamento gradual da planície lagunar para leste, até o seu completo desaparecimento,

consiste em mais uma evidência da retrogradação da barreira externa holocênica.

Segundo o Mapeamento Geomorfológico do Rio de Janeiro, realizado pela CPRM (2001),

as feições geomorfológicas presentes na área são: Colinas Isoladas, Maciços Costeiros e

Interiores, Planícies Flúvio-Lagunares, Planícies Colúvio-Alúvio-Marinhas e

predominantemente Planícies Costeiras.

As Colinas Isoladas são forma de relevo residuais, com vertentes convexas e topos

arredondados ou alongados, com sedimentação de colúvios, remanescentes do afogamento

generalizado do relevo produzido pela sedimentação flúvio-marinha que caracteriza as

baixadas litorâneas. Sua densidade de drenagem é muito baixa, com padrão dentrítico e

imperfeita nos fundos de vales afogados. Ocorre o predomínio de amplitudes topográficas

inferiores a 100 m e gradientes suaves.

Já nos Maciços Costeiros e Interiores ocorre um relevo montanhoso, extremamente

acidentado, localizado em meio ao domínio das baixadas e planícies costeiras, ou em meio

ao domínio colinoso, no caso dos maciços interiores. Suas vertentes são

predominantemente retilíneas à côncavas, escarpadas, e topos de crista alinhadas,

aguçados ou levemente arredondados. A densidade de drenagem vai de alta a muito alta,

com padrão de drenagem variável, de paralelo a dentrítico, geralmente centrífugo. Ocorre o

predomínio de amplitudes topográficas superiores a 300m e gradientes muito elevados, com

ocorrência de colúvios e depósitos de tálus, solos rasos e afloramentos de rocha.

As planícies Flúvio-Lagunares possuem terrenos muito mal drenados e com lençol freático

subaflorante. Já as planícies Colúvio-Alúvio-Marinhas são terrenos suaves, com gradientes

convergentes à linha de costa e terrenos mal drenados com padrão de canais meandrantes.

É comum a presença de superfícies de aplainamento e pequenas colinas ajustadas ao nível

de base das Baixadas.

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61

As planícies costeiras são superfícies horizontais com microrelevo ondulado de amplitudes

topográficas inferiores a 20 m, geradas por processos de sedimentação marinha e/ou eólica.

São terrenos bem drenados com padrão de drenagem paralelo, acompanhando as

depressões intercordões.

6.1.3 Geologia

A área de estudo recobre dois importantes domínios tectono-magmáticos do estado do Rio

de Janeiro: O Domínio Serra do Mar e o Domínio Região dos Lagos. O Domínio Serra do

Mar ocupa a região oriental, correspondendo geograficamente à microplaca Serra do Mar.

É composto por uma sucessão de arcos magmáticos mostrando marcante polaridade

temporal e composicional de W para E. O Domínio é ainda caracterizado por supracrustais

que sofreram metamorfismo de baixa pressão e alta temperatura, na fácies anfibolito, com

abundante fusão parcial in situ (Complexo Paraíba do Sul). Essa unidade está exposta ao

longo de todo domínio, o qual sofreu cavalgamento, com vergência de topo para NW, por

parte das rochas que integram o domínio “Região dos Lagos” nos limites SE do domínio.

O domínio Região dos Lagos situa-se na porção mais oriental da província. É constituído

por ortoganaisses paleoproterozóicos e por supracrustais (complexo Búzios) interpretadas

como remanescentes de back arc. Foi metamorfizado na fácies anfibolito superior, em

evento colisional com cavalgamento para NW, sobre o Domínio Serra do Mar, durante os

estágios terminais da colagem brasiliana, no Cambriano.

6.1.4 Pedologia

Os solos que se destacam na área de estudo são os espodossolos e os gleissolos (húmicos

distróficos e húmicos salinos solódicos), aparecendo com menor relevância os neossolos

flúvicos eutróficos e afloramentos de rocha. Os gleissolos são permanentemente ou

periodicamente saturados por água.

Os gleissolos são eventualmente formados em áreas de relevo plano sob influência das

águas subterrâneas (surgência). São solos que ocorrem sob vegetação hidrófila ou higrófila

herbácea, arbustiva ou arbórea (EMBRAPA, 1999).

Os espodossolos são formados por processo de iluviação de matéria orgânica e alumínio,

com presença ou não de ferro. São, em geral, solos profundos, ácidos e pobres em

nutrientes. O material de origem (quartzitos, arenitos ou sedimentos quartzosos)

normalmente é muito pobre em argila, resultando num solo com uma textura arenosa ao

longo do perfil. Podzóis ou Espodossolos compreendem então, solos minerais hidromórficos

ou não, normalmente de textura arenosa. Ocorrem normalmente sob um horizonte eluvial

que tenha cor de quartzo lavado, geralmente cinza a cinza claro.

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62

6.1.5 Hidrogeologia Superficial

Com sede em Niterói, a Superintendência Regional Baía de Guanabara (SUPBG) atua na

Região Hidrográfica V, com aproximadamente 4.800 km² e que concentra um dos maiores

parques industriais do Estado do Rio de Janeiro.

Sua área de abrangência engloba, de forma total ou parcial, 16 municípios. Niterói, São

Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita,

São João de Meriti e Nilópolis são abrangidos integralmente, enquanto os municípios de

Maricá, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro estão parcialmente

incluídos na região.

Maricá situa-se em duas regiões hidrográficas: a Região Hidrográfica Baía de Guanabara e

a Região Hidrográfica Lagos São João. A Região Hidrográfica Baía de

Guanabara compreende os municípios de Niterói, São Gonçalo, ltaboraí, Tanguá,

Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Nilópolis

e parcialmente os municípios de Maricá, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Petrópolis,

Nova Iguaçu e Rio de Janeiro. As principais bacias hidrográficas são: Bacias contribuintes

às Lagunas de Itaipu e Piratininga, Bacia do Guaxindiba-Alcântara, Bacia do Caceribu, Bacia

do Guapimirim-Macacu, Bacia do Roncador ou Santo Aleixo, Bacia do Iriri, Bacia do Suruí,

Bacia do Estrela, Inhomirim, Saracuruna, Bacias Contribuintes à Praia de Mauá, Bacia do

Iguaçu, Bacia do Pavuna-Meriti, Bacias da Ilha do Governador, Bacia do Irajá, Bacia do

Faria-Timbó, Bacias Drenantes da Vertente Norte da Serra da Carioca, Bacias Drenantes da

Vertente Sul da Serra da Carioca, Bacias Contribuintes à Praia de São Conrado e Bacias

Contribuintes ao Complexo Lagunar de Jacarepaguá.

A RH VI compreende os municípios de Armação dos Búzios, Araruama, Arraial do Cabo,

Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim em suas

totalidades e parcialmente os municípios de Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu,

Maricá, Rio Bonito e Rio das Ostras. As principais bacias hidrográficas são: Bacia do São

João, Bacia do Una, Bacia do Canal dos Medeiros, Bacias Contribuintes ao Complexo

Lagunar de Saquarema, Jaconé e Araruama, Bacias do Litoral de Búzios.

A área de atuação do Comitê e do CILSJ (Lagos São João), possui uma superfície

aproximada de 3.825 km2, correspondendo a cerca de 8% do território do Estado do Rio de

Janeiro, bem como um litoral com 193 km de comprimento.

Dentro da Região Hidrográfica Lagos São João, Maricá situa-se na região hidrográfica das

lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá que tem uma área de 310 km2. Reúne as bacias

das lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá e a área da restinga entre as lagoas e o mar.

Maricá situa-se 0,4% na região hidrográfica.

O17030-AAS-01-1

63

6.1.6 Hidrogeologia

Individualiza-se um domínio hidrogeológico na área de estudo, formado por um sistema com

aquíferos sedimentares, do tipo granular, que compreende depósitos aluvionares costeiros

heterogêneos e porções de solo e rocha alterada. Esses sedimentos aluvionares são

compostos predominantemente por areias quartzosas e, subordinadamente, siltosas e

argilosas, que ocorrem nas proximidades das lagunas, decorrentes da formação da baixada

litorânea durante os últimos movimentos de transgressão e regressão no Holoceno, entre

5.000 e 7.000 anos atrás.

A baixada litorânea é formada por variações laterais, paralelas à linha de costa, de altos

arenosos com vegetação rasteira, típica de restinga e baixadas alagadiças areno-argilosas,

que compõem os charcos e mangues da região. O nível d’água na região é geralmente raso,

com profundidades em média de 4 a 6 metros.

A qualidade da água está geralmente relacionada ao ambiente em que se localizam os

aquíferos. De um modo geral, a salinidade da água aumenta com a proximidade do litoral e,

ao mesmo tempo, com a profundidade, sendo também controlada pela maior ou menor

densidade de ocupação. Há, contudo, como no caso da área de estudo, outros fatores

condicionantes à distribuição da salinidade das águas subterrâneas, como possíveis

condicionantes estratigráficos e estruturais (e topográficos). Na região dos cordões arenosos

de Maricá foi encontrado, em sua porção mais a W, que corresponde aos locais onde o

cordão arenoso é mais estreito, uma água subterrânea menos salobra a medida da

proximidade com as lagunas. No extremo E da área a água subterrânea tende a apresentar

baixa salinidade mesmo em áreas mais próximas ao mar. Possíveis causas desse

comportamento foram atribuídas aos aspectos relacionados à geologia local, à largura da

faixa arenosa e à diferença de cota entre essas áreas.

O aquífero poroso ou granular, é formado por areias moderadamente selecionadas, com

matriz síltica e argilosa, de granulometria fina à grossa. Trata-se de aquíferos livres, rasos e

normalmente salinizados. Este aquífero recebe recarga diretamente das chuvas. Devido à

elevada condutividade hidráulica (K em média da ordem de 10-1 cm/s) das areias e à

pequena profundidade do nível estático, este aquífero vem sendo intensamente explorado.

Quase a metade da área da Bacia Hidrográfica do Sistema Lagunar de Maricá tem

favorabilidade baixa a muito baixa e desfavorável quanto às águas subterrâneas. A cobertura

vegetal dos cordões arenosos e restingas são especialmente adequadas para o

abastecimento dos aquíferos e a área em estudo, sobretudo na sua parte sul, é beneficiada

por esse condicionante natural. Por outro lado, os aquíferos são livres, rasos e normalmente

salinizados, pela proximidade do mar, com aproveitamento restrito. As captações,

normalmente, são feitas por poços rasos, aproveitando os primeiros níveis de água, que

podem ser potáveis. As águas deste sistema são utilizadas normalmente para o

abastecimento residencial.

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64

6.2 ASPECTOS BIÓTICOS

O Estado do Rio de Janeiro está integralmente inserido no Bioma da Mata Atlântica. O Bioma

Mata Atlântica engloba uma área de 1.306.000 km², cerca de 15% do território nacional,

cobrindo total ou parcialmente 17 estados brasileiros. Corresponde a um mosaico de

ecossistemas florestais e outros ecossistemas associados (restingas, manguezais etc.) que

formavam um grande contínuo florestal à época do descobrimento do Brasil.

A área de estudo está localizada no Município de Maricá, na Região Fitoecológica Floresta

Ombrófila Densa. A Floresta Ombrófila Densa está relacionada ao clima tropical quente e

úmido, sem período biologicamente seco, com chuvas relativamente bem distribuídas

durante o ano e temperaturas médias variando entre 22 e 25º C. É caracterizada pela

presença de árvores de grande e médio porte, além de lianas e epífitas em abundância.

Comporta uma série de formações com fisionomia e composição florística diferenciadas,

adaptadas às condições ambientais locais, o que resulta em elevada biodiversidade. Há

também a presença de formação vegetal do ecossistema Restinga, no entanto em locais de

alto grau de antropização.

Nesta região, como em grande parte do interior carioca, salvo as regiões montanhosas, os

remanescentes florestais são fragmentários e predominantemente secundários. Esta

situação, em geral, reflete o longo histórico de exploração e de substituição da vegetação

original por outros tipos de usos. Em decorrência do contato abrupto com as áreas antrópicas

circunvizinhas, a maioria das matas remanescentes na região de Maricá exibe

características típicas da fragmentação florestal, como evidências de queimadas, efeitos de

borda e infestação por espécies pioneiras, alóctones e trepadeiras. Entretanto, apesar dos

remanescentes estarem entremeados por campos antrópicos, em geral, ainda apresentam

relativa conectividade entre si, principalmente através das formações que acompanham as

drenagens e áreas montanhosas.

6.2.1 Cobertura Vegetal Local (ADA)

Os fragmentos florestais existentes na área de estudo são caracterizados por vegetação em

estado secundário de regeneração, resultante de regeneração natural ocorrida em áreas

previamente impactadas, cuja estrutura e composição florística está relacionada às

intervenções antrópicas ocorridas ao longo dos anos, incluindo desmatamentos, retirada

seletiva de madeiras, invasão de espécies exóticas, queimadas, pastoreio, extração de

areia, além dos efeitos deletérios intrínsecos da fragmentação florestal.

Analisando o mapa da Fundação SOS Mata Atlântica (2010) observa-se que a paisagem

atual da área de estudo encontra-se bastante fragmentada e desconectada, representada

em sua quase totalidade por área de pastagem e pequenos fragmentos florestais isolados,

circundados por matrizes antrópicas como pastagens, áreas urbanas, remanescentes

florestais, restingas e áreas alagadas.

O17030-AAS-01-1

65

Os principais fragmentos com fisionomia florestal em estágio médio de regeneração estão

distribuídos ao leste da área de estudo, isolados pela pastagem e no limite com a área de

ocupação urbana. Há áreas de pastagens e vegetação em estágio pioneiro (pasto sujo).

Esta formação caracteriza-se pela fisionomia predominantemente campestre herbácea e/ou

arbustiva, que pode alcançar cerca de 3 metros de altura, com diversidade biológica

pequena, composta basicamente por ervas, arbustos e lianas heliófitos ruderais e gramíneas

comumente encontradas nos campos antrópicos, em áreas abandonadas ou sujeitas a

manejo de baixa intensidade.

Além destas fisionomias de vegetação, ocorrem trechos com árvores isoladas e em

pequenos agrupamentos em meio à pastagem e ao redor das áreas com infraestrutura

instalada. Em geral, são árvores nativas de espécies heliófilas, pioneiras e iniciais, mas

também ocorrem espécies arbóreas exóticas, como eucaliptos (Eucalyptus citriodora),

flamboyants (Delonix regia), espatódeas (Spathodea campanulata), touças de bambu

(Bambusa cf vulgaris), espécies arbóreas frutíferas exóticas, como mangueira (Mangifera

indica), tamarindo (Tamarindus indica) e jambolão (Syzygium cumini), além de plantios de

mangueiras (Mangifera indica) e eucaliptos (Eucalyptus citriodora), cuja manutenção foi

abandonada.

As formações vegetais naturais e antrópicas que compõem a cobertura vegetal podem ser

classificadas nas seguintes categorias:

Formações naturais:

Vegetação Secundária em Estágio Médio de Regeneração

Vegetação Secundária em Estágio Inicial de Regeneração

Vegetação Secundária em Estágio Pioneiro de Regeneração

Vegetação Higrófila Herbáceo-arbustiva

Vegetação de Restinga

Formações antrópicas:

Vegetação Herbácea (pastagem)

Reflorestamentos

Frutíferas exóticas (Bosques Mistos)

Árvores Isoladas

Formações Naturais

As formações naturais correspondem aos remanescentes da vegetação nativa original ou

que regeneraram a partir de sucessão ecológica secundária estabelecida em áreas

alteradas ou abandonadas. Em geral, seguem um padrão sucessional característico

associado a um bioma ou região fitoecológica de origem. No caso das áreas em análise,

trata-se do Bioma Mata Atlântica, região fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa (IBGE,

2004). Entretanto, cabe ressaltar que a vegetação nativa pode se expressar em relação às

condições edáficas e, desta forma, apresentar características condicionadas ao ambiente

O17030-AAS-01-1

66

edáfico e não ao bioma em si ou à região fitoecológica numa escala regional. E desta forma,

apesar de se encontrar na região fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa, a descrição da

vegetação não segue apenas o padrão sucessional estabelecido no enquadramento

preconizado nas Resoluções que estabelecem parâmetros ou definem os estágios

sucessionais da Mata Atlântica, no caso, a Resolução CONAMA Nº 01/1994, convalidada

pela Resolução CONAMA Nº 388/2007, Resolução CONAMA Nº 10/1993 e Lei Nº

11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica).

Vegetação Secundária em Estágio Médio de Regeneração

Esta formação nativa apresenta fisionomia florestal fechada, com formas de vida variadas

que incluem árvores, arvoretas, arbustos, ervas, lianas e epífitas. A diversidade biológica é

mediana a alta e os estratos predominantes são lenhosos. As árvores do componente

dominante apresentam DAP médio acima de 15 cm e alturas variadas, entre 7 e 15 m,

formando dossel irregular, em que não se verifica estratificação nítida. No interior dessa

formação, são encontradas árvores de porte mediano, podendo ocorrer emergentes que

alcançam DAP maiores próximos a 40 cm e alturas superiores a 15 m.

A composição florística é variada. Devido à estacionalidade a qual toda a região está sujeita,

bem como aos efeitos de borda, no estrato arbóreo destas formações, além de espécies

perenifólias, também se verifica grande número de espécies heliófitas e caducifólias, bem

como algumas espécies características das formações em estágio inicial, frequentemente

encontradas nas matas secundárias. Algumas espécies arbóreas e arbustivas frequentes

nestas formações são angico (Anadenanthera spp), jequitibá-rosa (Cariniana legalis),

figueira (Ficus spp), açoita-cavalo (Luehea divaricata), pau-d’alho (Gallesia integrifolia),

aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius), canjerana (Cabralea canjerana), embaúba

(Cecropia spp), fumo-bravo (Solanum spp), guaçatonga (Casearia sylvestris), ingás (Inga

spp) entre outras.

O sub-bosque é bastante variado tanto em relação à densidade de plantas quanto em

relação ao sombreamento, composto principalmente por ervas e arbustos de piperáceas

(Piper spp), rubiáceas, marantáceas, melastomatáceas e indivíduos jovens de espécies de

árvores dos estratos superiores. Lianas e plantas escandentes são abundantes,

predominando espécies herbáceas, semilenhosas e lenhosas de pequeno porte como

bignoniáceas (Jacaranda spp), sapindáceas (Serjania spp), malpighiáceas e asteráceas. As

epífitas são representadas principalmente por cactáceas e bromélias. A serapilheira

apresenta espessura variável.

No geral, o limite com as áreas de pastagens é abrupto, com acentuado efeito de borda,

onde abundam lianas, arbustos escandentes, touças de bambu (Bambusa cf vulgaris),

árvores com características de formações pioneiras e iniciais, como cambará (Gochnatia

polymorpha), embaúba (Cecropia pachystachya), esporão-de-galo (Celtis iguanaea) entre

outras. O único fragmento com esta tipologia está localizado na porção oriental da área de

estudo.

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67

FIGURA 6.2.1-1

DETALHE DE FRAGMENTO FLORESTAL EM ESTÁGIO MÉDIO DE

SUCESSÃOSECUNDÁRIA, ISOLADO PELA PASTAGEM

FIGURA 6.2.1-2

DETALHE DE MOITAS DE BAMBU (BAMBUSCA CF VULGARIS), NO LIMITE DA

PASTAGEM E BORDA DE FRAGMENTO EM ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO

Vegetação Secundária em Estágio Inicial de Regeneração

Este tipo de vegetação caracteriza-se por pequena riqueza de espécies, podendo ocorrer

dominância por uma ou outra espécie. Em geral, há dois componentes predominantes - um

herbáceo e outro arbóreo, com apenas um estrato lenhoso definido, que varia de aberto a

fechado e apresenta plantas entre 4 e 10 m de altura, com distribuição variando de esparsa

a adensada. As árvores são caracteristicamente pioneiras e secundárias iniciais, com

troncos de diâmetros pequenos de até 10 cm, podendo ocorrer indivíduos de maior porte em

alguns trechos.

As principais espécies vegetais observadas nestes ambientes são pioneiras, como o

cambará (Gochnatia polymorpha), esporão-de-galo (Celtis iguanaea), candiúba (Trema

micrantha), goiabeira (Psidium guajava), embaúba (Cecropia pachystachya), açoitacavalo

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68

(Luehea divaricata), ingás (Inga spp), guaçatonga (Casearia sylvestris), aroeiravermelha

(Schinus terebinthifolius), vassoura-do-campo (Baccharis spp) entre outras.

As epífitas são raras, havendo espécies escandentes e lianas herbáceas e semilenhosas,

como cipó-de-são-joão (Pyrostegia venusta), campainha (Ipomoea spp.), asteráceas,

bignoniáceas, malpighiáceas entre outras. A camada de serrapilheira é pouco espessa e

muitas vezes há exposição do solo. O sub-bosque inexiste ou é ralo e pouco desenvolvido,

composto basicamente por gramíneas, ciperáceas, espécies herbáceas, arbustivas e

exemplares jovens da espécie arbórea cambará (Gochnatia polymorpha), que em alguns

pontos forma populações puras.

FIGURA 6.2.1-3

DETALHE DE FRAGMENTO FLORESTAL EM ESTÁGIO INICIAL DE SUCESSÃO

SECUNDÁRIA

FIGURA 6.2.1-4

DETALHE DE PEQUENOS FRAGMENTOS FLORESTAIS EM ESTÁGIO INICIAL DE

SUCESSÃO SECUNDÁRIA, CIRCUNDADOS POR ÁREAS DE PASTAGEM

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Vegetação Secundária em Estágio Pioneiro de Regeneração

A vegetação secundária em estágio pioneiro de regeneração está distribuída por toda a área

de estudo, associada principalmente a campos antrópicos abandonados (pastos sujos). Esta

formação caracteriza-se pela fisionomia predominantemente campestre herbácea e

arbustiva e diversidade biológica pequena, com o predomínio das espécies maricá (Mimosa

bimucronata) e cambará (Gochnatia polymorpha), infestantes de áreas de pastagem, além

de ervas, arbustos e lianas heliófitas ruderais, ervas graminóides comumente encontradas

nos campos antrópicos, em áreas abandonadas ou sujeitas a manejo de baixa intensidade,

que podem alcançar cerca de 3 m de altura.

Outras espécies comuns nesta formação vegetal são lobeira (Solanum spp), assa-peixe

(Vernonia polyanthes), lantana (Lantana spp), embaúba (Cecropia pachystachya), picão

(Bidens pilosa), vassourinha (Baccharis dracunculifolia) e gramíneas forrageiras ou

invasoras dos gêneros Brachiaria, Imperata, Melinis, Panicum, Paspalum e Pennisetum,

ciperáceas dos gêneros Scleria, Rhynchospora e Cyperus entre outras. Ocorrem também

arvoretas de espécies pioneiras e de pequeno porte, frequentemente, de forma esparsa.

Em geral, não são encontradas epífitas e as lianas são pouco abundantes e representadas

por um reduzido número de espécies herbáceas, como cipó-de-são-joão (Pyrostegia

venusta) e corda-de-viola (Ipomoea spp). Não há formação de serrapilheira.

FIGURA 6.2.1-5

VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO PIONEIRO DE SUCESSÃO SECUNDÁRIA, COM

PREDOMÍNIO DA ESPÉCIE ARBUSTIVA MARICÁ (MIMOSA BIMUCRONATA),

INFESTANTE DE ÁREAS DE PASTAGEM

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FIGURA 6.2.1-6

EM MEIO ÀS ÁREAS DE PASTAGEM, PREDOMINANTE NA ÁREAS DE ESTUDO, HÁ

TRECHOS DE VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO PIONEIRO DE SUCESSÃO SECUNDÁRIA,

COMPOSTO POR PLANTAS HERBÁCEAS E ARBUSTIVAS

Vegetação Higrófila Herbáceo-Arbustiva

A vegetação higrófila herbáceo-arbustiva está associada às várzeas e terrenos encharcados

ou sujeitos a alagamentos periódicos existentes ao longo dos cursos d’água.

É um tipo de vegetação edáfica e não associada a uma Região Fitoecológica ou Bioma

específico e, desta forma, não se enquadra nas Resoluções específicas para o Bioma Mata

Atlântica. Em geral, esta categoria de vegetação está inserida em área de preservação

permanente (APP) e está protegida de intervenções nos termos do artigo 4º da Lei Federal

Nº 12.651/2012 (Código Florestal).

Esta tipologia apresenta fisionomias que variam desde herbácea até herbáceo-arbustiva,

podendo conter arvoretas isoladas ou em pequenos agrupamentos. Em geral, as áreas de

fisionomia herbácea são dominadas por gramíneas e os trechos com fisionomia herbáceo-

arbustiva são dominados por gramíneas e uma série de espécies herbáceas e arbustivas

pioneiras adaptadas a solos saturados ou encharcados, como algumas espécies das

famílias Fabaceae, Cyperaceae, Poaceae e Asteraceae. A Lagoa Brava ocupa uma vasta

área, é atravessada pelo rio Bambu e está completamente tomada pela taboa (Typha sp).

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71

FIGURA 6.2.1-7

DETALHE DA LAGOA BRAVA, ONDE HÁ GRANDE CONCENTRAÇÃO DE TABOA

(TYPHA SP.)

FIGURA 6.2.1-8

ÁREA COM VEGETAÇÃO HIGRÓFILA AO LONGO DO CÓRREGO LOCALIZADO NA

DIVISA DA ÁREA DE ESTUDO

Vegetação de Restinga

As tipologias naturais encontradas nesta área são:

- Formação arbustiva aberta não inundável

Esta formação é encontrada em pequenas porções ao sul da área de estudo e nas margens

do rio Brejo da Costa, no limite leste. Nesta formação a vegetação se encontra organizada

em moitas, com presença de espécies de vários hábitos, mas fisionomicamente dominada

por lenhosas, enquanto a região entre moitas se apresenta com baixa cobertura vegetal,

constituída por espécies herbáceas, ocorrendo em alguns pontos sedimento exposto.

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72

O ambiente é dominado por moitas da palmeira guriri (Allagoptera arenaria), além das

espécies vegetais, Chamaecrista ramosa, Remirea maritima, Ipomoea pes-caprae, entre

outras espécies típicas de restinga.

- Formação arbustiva fechada não inundável

Esta formação encontra-se em fragmentos localizados ao sul da área de estudo e

margeando parte do rio Brejo da Costa. Apresenta-se em estágio médio de sucessão

secundária, com a ocorrência de espécies arbustivas e arbóreas que chegam a atingir cerca

de seis metros de altura. Entre as espécies lenhosas presentes destacam-se Byrsonima

sericea, Erythroxylum pulchrum, Schinus terebinthifolius, Rollinia sp, Eugenia umbelliflora,

Inga maritima, Cupania racemosa, Rapanea sp, Andira fraxinifolia, Swartzia apetala, a

trepadeira Smilax rufescens, além de cactáceas, como o Cereus pernambucensis. Há a

ocorrência de bromeliáceas e orquidáceas. A serapilheira é pouca e descontínua e o sub-

bosque é ralo.

FIGURA 6.2.1-9

DETALHE DA ÁREA DE RESTINGA COM VEGETAÇÃO ARBUSTIVA FECHADA, NÃO

INUNDÁVEL, COM A OCORÊNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS QUE CHEGAM A

ATINGIR CERCA DE 6 M DE ALTURA

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73

FIGURA 6.2.1-10

DETALHE DE MOITAS DE ESPÉCIES ARBUSTIVAS DE RESTINGA, PRESENTES NA

MARGEM DO RIO BREJO DA COSTA

Formações antrópicas

Constitui cobertura vegetal de áreas antropizadas manejadas periodicamente e não se

enquadram em nenhuma categoria relacionada ao bioma ou região fitoecológica de acordo

com o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 2004). Entretanto, apesar de não haver um

enquadramento legal de acordo com o bioma ou à região fitoecológica a que pertencem, no

caso de estarem situadas em área de preservação permanente (APP) nos termos do artigo

4º da Lei Federal Nº 12.651/2012 (Código Florestal), estes tipos de cobertura vegetal

antrópicos também são protegidos e não podem ser submetidas a intervenções sem

autorização prévia dos órgãos ambientais.

Vegetação Herbácea (Pastagens)

Vegetação herbácea corresponde à cobertura vegetal de áreas antrópicas, representadas

pelas pastagens e por gramados plantados para compor o paisagismo do entorno de

moradias, escritório e vias. Estas pastagens são formadas por gramíneas forrageiras ou

invasoras dos gêneros Brachiaria, Imperata, Melinis, Panicum, Paspalum e Pennisetum,

ciperáceas dos gêneros Scleria, Rhynchospora e Cyperus entre outras.

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74

FIGURA 6.2.1-11

DETALHE DE PASTAGEM COM GRAMÍNEAS

FIGURA 6.2.1-12

DETALHE DA ÁREA DE PASTAGEM, NA MARGEM DA LAGOA BRAVA

Reflorestamentos

Os reflorestamentos correspondem a antigas áreas de plantio de eucaliptos (Eucalyptus

citriodora), as quais apresentam adensamento variado e são cultivadas com objetivo

econômico.

O17030-AAS-01-1

75

FIGURA 6.2.1-13

DETALHE DE TOUÇAS DE BAMBU EM PRIMEIRO PLANO E PLANTIO DE

EUCALIPTOS (EUCALYPTUS CITRIODORA)

Frutíferas exóticas

Há dois agrupamentos de espécies frutíferas exóticas, um composto por mangueiras

(Mangifera indica) e outra por exemplares de jambolão (Syzygium cumini), espécie arbórea

comum na região de estudo, desenvolvendo-se bem ao longo de córregos.

FIGURA 6.2.1-14

VISTA DO INTERIOR DO PLANTIO DE MANGUEIRAS (MANGIFERA INDICA)

Árvores isoladas

Apesar desta não de tratar de fisionomia vegetal e ser de difícil mapeamento na escala de

trabalho adotada, verifica-se a ocorrência de árvores isoladas ou formando pequenos

agrupamentos em meio à vegetação campestre (pastagens e pastos sujos). Em geral, são

espécies nativas pioneiras e secundárias iniciais, heliófilas, de crescimento rápido e capaz

de colonizar solos pobres em nutrientes e alterados, como maricá (Mimosa bimucronata),

cambará (Gochnatia polymorpha), embaúba (Cecropia pachystachya) entre outras, além de

O17030-AAS-01-1

76

espécies exóticas plantadas ou de ocorrência subespontânea, como eucaliptos (Eucalyptus

citriodora) e mangueiras (Mangifera indica).

FIGURA 6.2.1-15

DETALHO DE EXEMPLAR DE MANGUEIRA (MANGIFERA INDICA) ISOLADO NA

PASTAGEM

6.2.2 Unidades de Conservação

Unidades de Conservação na região de estudo:

- APA da restinga de Maricá,

- Parque Estadual da Serra da Tiririca,

- Refúgio de vida silvestre das Serras de Maricá,

- Monumento Natural da Pedra de Itaocaia,

- Monumento Natural da Pedra de Inoã.

A Área de Presevação Ambiental - APA de Maricá é uma Unidade de Conservação Estadual.

Foi criada em 1984, visando a proteção de remanescentes de restinga e do sistema lagunar

de Maricá. O Plano de Manejo da APA estabelece o zoneamento ambiental da área, o qual

define os tipos de uso apropriados as diferentes porções do terreno, FIGURA 6.2.2-1.

A legislação ambiental define que faixa de 30 metros de largura no entorno da Lagoa de

Maricá é uma Área de Preservação Permanente - APP. O Plano de Manejo da APA de

Maricá e o Plano Setorial de Maricá determinam que nesta faixa devam ocorrer somente

usos recreativos, técnico-científicos, educacionais e de manejo sustentável. E vai mais além,

em uma faixa adicional de 70 metros adjacente à primeira, só são admitidas atividades

turístico-urbanísticas com uma taxa máxima de 15 % de ocupação com gabarito de 1

pavimento.

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76

FIGURA 6.2.2-1

PLANO DE MANEJO DA APA DE MARICÁ

O17030-AAS-01-1

77

7.0 INSERÇÃO REGIONAL

7.1 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES E AGLOMERADOS

POPULACIONAIS

No ano de 2007, por meio da pesquisa Regiões de Influências da Cidade – REGIC, o IBGE

promoveu a atualização da estrutura de hierarquias urbanas no Brasil. Foram definidos 5

grandes níveis de influência sendo cada um deles subdivididos em outras categorias9. A

posição assumida por determinado município leva em conta tanto seu porte populacional

como o número de ligações e trocas econômicas estabelecidas entre ele, as localidades ao

seu redor e as outras unidades geográficas.

A FIGURA 7.1-1 apresenta o mapa de hierarquias constituído pela rede urbana do Rio de

Janeiro.

FIGURA 7.1-1

HIERARQUIA URBANA: ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Fonte: REGIC-2007

9 1) Metrópoles: a) Grande Metrópole Nacional (1), b) Metrópole Nacional (2), c) Metrópole (9); 2) Capital Regional: a) Capital Regional A (11), b) Capital Regional B (20), c) Capital Regional C (39); 3) Centro sub-regional: a) Centro sub-regional A (85), b) Centro sub-regional B (79); 4) Centro de Zona: a) Centro de zona A (192), b) Centro de zona B (364); 5) Centros locais (4473).

O17030-AAS-01-1

78

As linhas vermelhas indicam municípios com vínculo direto ou relações de primeira ordem

ao centro principal – Rio de Janeiro - enquanto as amarelas apontam para relações com a

metrópole intermediadas por outros centros regionais. A categoria hierárquica específica de

Maricá, ainda que não mapeada diretamente pela REGIC, pode ser inferida através dos

níveis definidos para as cidades de Tanguá e Saquarema – limítrofes à localidade – e com

dinâmicas urbanas similares no contexto metropolitano.

Ambas aparecem denominadas como Centros Locais, denominadas como cidades “cuja

centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos

seus habitantes” (REGIC, 2007:13). Os centros possuem na metrópole seu principal e mais

direto polo de integração e espaço de busca por serviços e fatores econômicos mais

especializados.

O perfil socioeconômico de Maricá, exposto na seção anterior, e mais detalhado a seguir em

termos regionais sugere também esse tipo de hierarquia. Contudo, há de se levar em conta

também a interface mantida com o município de Niterói, a qual se estabelece de maneira

evidente em termos de deslocamentos diários para acesso a serviços e ao mercado de

trabalho.

De modo a dar maior especificidade à articulação interescalar de Maricá com os municípios

do entorno, cabe aqui sublinhar os resultados da pesquisa Arranjos Populacionais e

Concentrações Urbanas no Brasil, publicada pelo IBGE em 2016. A pesquisa identificou 294

AP’s no Brasil, os quais concentram mais de 55% da população nacional.

Conforme apontado no relatório:

Um arranjo populacional é o agrupamento de dois ou mais municípios onde ha uma

forte integração populacional devido aos movimentos pendulares para trabalho ou

estudo, ou devido a contiguidade entre as manchas urbanizadas principais. A escolha

dos critérios que formam um arranjo populacional esta baseada na noção de

existência de relacionamentos cotidianos por grande parte da população entre

dois ou mais municípios. – p. 22 (grifos nossos).

Para mensurar a integração foram utilizados 3 critérios, quais sejam eles: a) índice de

intensidade relativa dos movimentos pendulares para trabalho e estudo entre municípios do

arranjo (maior ou igual a 0,17), b) valor de intensidade absoluta de movimentos pendulares

igual ou maior que 10 mil pessoas e c) contiguidade da mancha urbana de até 3 km entre

as bordas das manchas urbanizadas de dois municípios. A TABELA 7.1-1 apresenta a

posição de Maricá no Arranjo Populacional Rio de Janeiro.

O17030-AAS-01-1

79

TABELA 7.1-1

ARRANJO POPULACIONAL RIO DE JANEIRO –

MUNICÍPIOS INTEGRANTES. 2010

Municípios População

Pessoas que

trabalham e

estudam em

outros

municípios do

arranjo

Percentual da

população

total em

movimento

pendular*

Índice de

integração do

município com o

arranjo

Mancha

Urbanizada

Contígua

Belford Roxo (RJ) 469.332 131.294 28,0% 0,41 Sim

Duque de Caxias (RJ) 855.048 189.399 22,2% 0,33 Sim

Guapimirim (RJ) 51.483 8.736 17,0% 0,25 Não

Itaboraí (RJ) 218.008 49.269 22,6% 0,33 Sim

Itaguaí (RJ) 109.091 21.090 19,3% 0,29 Sim

Japeri (RJ) 95.492 23.522 24,6% 0,39 Sim

Magé (RJ) 227.322 40.673 17,9% 0,27 Sim

Mangaratiba (RJ) 36.456 6.702 18,4% 0,26 Sim

Maricá (RJ) 127.461 23.124 18,1% 0,27 Sim

Mesquita (RJ) 168.376 60.154 35,7% 0,53 Sim

Nilópolis (RJ) 157.425 60.172 38,2% 0,58 Sim

Niterói (RJ) 487.562 236.479 48,5% 0,69 Sim

Nova Iguaçu (RJ) 796.257 190.455 23,9% 0,36 Sim

Paracambi (RJ) 47.124 6.743 14,3% 0,24 Não

Queimados (RJ) 137.962 38.145 27,6% 0,42 Sim

Rio de Janeiro (RJ) 6.320.446 713.562 11,3% 0,16 Sim

São Gonçalo (RJ) 999.728 219.971 22,0% 0,32 Sim

São João de Meriti (RJ) 458.673 136.558 29,8% 0,44 Sim

Saquarema (RJ) 74.234 3.300 4,4% 0,07 Sim

Seropédica (RJ) 78.186 20.613 26,4% 0,38 Não

Tanguá (RJ) 30.732 5.059 16,5% 0,25 Sim

Fonte: IBGE, 2016

*Não consta na tabela original

Como se percebe, Maricá ocupa posição intermediária em termos de interação com o

Arranjo Populacional, apresentando um índice relativo de movimentos pendulares superior

ao de municípios como Tanguá, Paracambi e Guapimirim, mas inferior em relação a cidades

a ela limítrofes como Itaboraí e São Gonçalo. A participação absoluta mostra-se também

expressiva, sendo mais de 18% da população passível da realização de movimentos

pendulares para trabalho ou estudo com municípios do arranjo. A FIGURA 7.1-2 ilustra a

intensidade dos deslocamentos e fluxos pendulares no interior do arranjo.

O17030-AAS-01-1

81

FIGURA 7.1-2

INTENSIDADE DOS DESLOCAMENTOS PARA TRABALHO E ESTUDO NO ARRANJO POPULACIONAL

Fonte: IBGE, 2016, editado.

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104

Nesse contexto, a análise sobre os impactos de determinado empreendimento na localidade

deve levar em conta esse posicionamento regional local bem como os fluxos, trocas e

diálogos existentes entre as distintas cidades que compõem o entorno imediato de Maricá.

Há de se deixar claro ainda que o próprio despertar do interesse por novos empreendimentos

econômicos no município, sobretudo os de caráter imobiliário como o aqui estudado, são

frutos e estímulos justamente da posição regional estratégica do município, a qual tem

passado por uma relativa reconfiguração no período recente (pós anos 2000), conforme

detalhado nas próximas seções.

7.2 RECONFIGURAÇÃO LOCAL E REGIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA

A formação e configuração do espaço urbano de Maricá só podem ser compreendidas de

maneira integral tendo em vista os movimentos e dinâmicas metropolitanas e regionais

ocorridas em seu entorno. São os processos e eixos de expansão econômica em termos de

atividades produtivas primárias, secundárias e terciárias em articulação ao mercado

imobiliário das cidades limítrofes – em crescente expansão desde a construção da ponte Rio

– Niterói na década de 70 – que produzem os mecanismos e principais características da

forma urbana local.

O modelo centro-periferia, motor de toda formação metropolitana no Brasil (MARICATO,

2000), estabelece-se como a grande lógica da formação das redes de interação entre os

municípios sedes das metrópoles e aqueles em posição periférica. A linha do tempo

apresentada abaixo traduz de maneira resumida o histórico da conformação urbana de

Maricá no contexto local e regional entre meados do século XX até o período atual.

O17030-AAS-01-1

105

FIGURA 7.2-1

DESENVOLVIMENTO URBANO IMOBILIÁRIO DE MARICÁ

NO CONTEXTO REGIONAL. 1940 - 2017

Fonte: Elaboração própria com base em SOCHACZEWSKI (2004)

Percebe-se como o dinamismo e as manifestações de aquecimento e arrefecimento do

mercado estiveram intimamente ligados ao processo urbano de conformação territorial

comandado pela metrópole. Em um primeiro momento o deslocamento central se dá na

direção Maricá – Rio motivado por uma busca por melhores condições, sobretudo de

trabalho.

Os loteamentos abertos, por sua vez, formam uma espécie de banco fundiário de reserva a

ser efetivamente utilizado a partir dos anos 80 e consolidado nos anos 90 quando o

movimento de “fuga da metrópole” começa a tomar maior força. Se antes a busca por

oportunidades de trabalho coordenava o movimento migratório rumo a metrópole, agora as

deseconomias de aglomeração nela estabelecidas estimulam o caminho contrário. A busca

por atrativos como tranquilidade e segurança, de modo geral, e por atrativos naturais, para

o caso especifico de Maricá, motivam a ocupação do território local e incrementam o

crescimento demográfico.

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106

A FIGURA 7.2-2 ilustra como o município de Maricá tem ocupado posição central nesse

processo de aumento da urbanização no eixo leste da RMRJ, aparecendo na faixa com

maior incremento da macha urbana na Região.

FIGURA 7.2-2

MANCHA URBANA RMRJ – 1970, 2000

Fonte: Observatório das Metrópoles, 2010

Como apontado por RODRIGUES & LEGROUX (2016):

Há um aumento importante entre as décadas de 1970 e de 2000, nas partes da

mancha urbana que estão nos terceiro e quarto raios [posição de Maricá] o percentual

passou de 5% para 15,8% e de 1% para 2,4%. Assim, observa-se que o crescimento

se dá nos anéis mais afastados, confirmando um modo de expansão urbana (baseado

na baixa densidade de ocupação do solo) em direção à periferia, o que, também

reforça e consolida a Região Metropolitana do Rio de Janeiro como cidade

metropolitana.

No período mais recente – 2000 a 2010 – aguda-se o processo de crescimento demográfico

em Maricá em relação ao entorno. A cidade passa a apresentar no período as maiores taxas

de crescimento, migração líquida e aumento domiciliar do Arranjo Populacional do Rio de

Janeiro, conforme dados da TABELA 7.2-1, abaixo apresentados.

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107

TABELA 7.2-1

INDICADORES SINTÉTICOS DA DINÂMICA URBANA E METROPOLITANA – RMRJ –

2000-2010.

Fonte: Oliveira & Tavares, 2015, p. 226

Comentam OLIVEIRA & TAVARES (2015):

Fica nítida a existência de um grupo de municípios com ocupação urbana mais

consolidada, dinâmica populacional de baixo crescimento, geralmente com

densidade urbana mais alta, aumento em torno de 13 a 23% no número de

domicílios, taxas migratórias baixas ou negativas, e aumento percentual de

trabalhadores pendular mais baixo (até porque já mostram volumes bem altos). No

outro extremo, há um grupo de municípios em evidente expansão urbana em áreas

de baixa densidade: aumento no número de domicílios, elevado crescimento

populacional, atração migratória, porém com elevado aumento na saída de pessoas

para trabalhar em outros municípios. Fazem parte desse grupo Itaguaí, Guapimirim,

Mangaratiba e Maricá.

Cabe destacar que tal processo de crescente migração orientada por novos desejos e

ocupação territorial do eixo leste metropolitano, sobretudo nas décadas de 80 e 90, longe

de ocorrerem de modo planejado e ordenado, obedecem de modo quase que

exclusivamente à lógica de um mercado excludente e com pouca regulação.

O17030-AAS-01-1

108

Resultam disso municípios em que carência de infraestrutura - principalmente aquela ligada

às redes de abastecimento e saneamento básico - o descompasso entre o ritmo de

crescimento e o alcance das políticas públicas e a falta de dinamismo econômico em setores

produtivos, - haja vista a ausência de propostas territoriais e estratégias específicas para

esse fim - mostram-se como marcas registradas de seu desenvolvimento urbano

(SOCHACZEWSKI, 2004; PINTO; 2008).

Nesses termos, o cenário de interesses no município em tempo recente e as externalidades

positivas dele decorrentes não conseguiu ainda traduzir-se em melhores condições de vida

para a coletividade municipal com um todo. Os dados do Índice de Bem Estar Urbano

(IBEU)10 para Maricá e seu entorno imediato atestam para tal realidade.

TABELA 7.2-2

ÍNDICE DE BEM ESTAR URBANO. MARICÁ E MUNICÍPIO DE ENTORNO. 2013

Município

Dimensão IBEU

IBEU

Ranking

IBEU -

Brasil Mobilidade

Condições

Ambientais

Urbanas

Condições

Habitacionais

Serviços

Coletivos

Urbanos

Infraestrutura

Urbana

Itaboraí 0,639 0,677 0,836 0,599 0,336 0,617 5310º

Maricá 0,658 0,712 0,866 0,476 0,298 0,602 5388º

Niterói 0,709 0,890 0,865 0,926 0,747 0,827 1531º

São Gonçalo 0,619 0,666 0,847 0,815 0,518 0,693 4611º

Saquarema 0,913 0,842 0,846 0,563 0,409 0,714 4268º

Tanguá 0,797 0,899 0,808 0,701 0,465 0,734 3885º

Rio de Janeiro 0,691 0,865 0,823 0,948 0,771 0,819 1707º

Fonte: Observatório das Metrópoles, 2013.

Como se vê, a dinâmica regional e urbana na qual o município de Maricá encontra-se

inserido – tendo em vista os gargalos e processos históricos de descontinuidade de

ocupação acima destacados – ainda que impulsionada pela busca da cidade como lugar

atrativo de vida e reprodução no espaço, encontra barreiras para seu pleno desenvolvimento

haja vista as condições de suporte e bem estar concretamente estabelecidas na localidade.

10 Como apontado por NERY JUNIOR & COSTA (2015): “O Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) foi desenvolvido pelo Observatório das Metrópoles e publicado em um livro homônimo (RIBEIRO; RIBEIRO, 2013). O IBEU é uma ferramenta que avalia as condições urbanas desfrutadas pelos habitantes das principais regiões metropolitanas do Brasil, auxiliando na formulação e implementação de políticas públicas. O índice objetiva avaliar o bem-estar urbano usufruído pela população das áreas urbanas nas regiões metropolitanas do país. O IBEU busca avaliar as condições coletivas da população das metrópoles a partir do ambiente construído da cidade, analisando as condições dos equipamentos e serviços urbanos por meio de dados relacionados à habitação, às condições do entorno dos domicílios e aos deslocamentos de indivíduos”. p. 416.

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109

Chama a atenção de maneira mais evidente os extremamente precários índices ligados às

dimensões de Serviços Coletivos Urbanos e Infraestrutura Urbana. Por outro lado, em

termos de Condições Habitacionais, o município de Maricá apresenta-se como aquele de

índice mais elevado. Tal realidade analisada conjuntamente demonstra o descolamento

existente na localidade entre os padrões de ocupação ligados diretamente ao ato de morar

(densidade domiciliar, densidade morador/banheiro, material das paredes dos domicílios,

etc.) e a capacidade de acesso de tais domicílios a serviços públicos básicos e de

infraestrutura.

É à luz desse cenário que novos ativos imobiliários podem ser ofertados no território, os

quais, desde que combinando o processo de loteamento a práticas de integração ao tecido

urbano e provisão da infraestrutura adequada para sua manutenção, estabelecem-se como

virtuosas alternativas de ocupação em Maricá.

A continuidade do processo de ocupação na mesma sistemática até então realizada pode

simbolizar no médio e longo prazo um completo estrangulamento das condições de vida e

subsistência no município, sobretudo para as populações menos favorecidas. Os

movimentos recentes em termos de planejamento metropolitano e o incremento das

atividades econômicas, sobretudo tendo em vista as atividades do setor de petróleo, podem

também materializar-se em questões virtuosas para a melhoria das condições de vida da

população local. Essa temática é analisada na próxima seção.

7.3 EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS E PLANEJAMENTO

METROPOLITANO: O POSICIONAMENTO DE MARICÁ

Na atual dinâmica socioeconômica e urbana de Maricá, dois grandes processos em curso

ligados respectivamente ao desenvolvimento de atividades produtivas e ao planejamento

regional e territorial se destacam. São eles: a) a implantação e projeção de

empreendimentos econômicos, sobretudo ligados ao setor do petróleo e b) a formulação do

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da RMRJ que busca dar

maior integração às políticas públicas da Região. A análise contextualizada destes projetos

se faz relevante na medida em que vincula a sinergia e as correlações entre as mudanças

socioterritoriais derivadas destes com novos rumos e tendências do planejamento urbano.

O primeiro processo traz a Maricá a oportunidade de absorção em seu território de efeitos

diretos e indiretos de atividades produtivas com alto potencial de geração de emprego. Tal

movimento pode possibilitar um novo perfil de desenvolvimento econômico e territorial local,

menos focado no mercado de loteamentos e serviços imobiliários os quais se mostraram

característicos da dinâmica local ao longo do século XX.

O17030-AAS-01-1

110

Tendo em vista as análises e mapeamentos de campo realizados no município, 04

empreendimentos despontam-se como possíveis irradiadores de desenvolvimento local.

São eles:

Projeto do Hotel Resort nas proximidades da Restinga de Maricá (Fazenda São Bento da Lagoa);

A. Projeto de requalificação e ampliação do Aeroporto Local;

B. Construção do Recife Artificial na região da Barra somada à ocupação da orla de

Itaipuaçu;

C. Investimentos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ em

municípios do entorno e transbordamentos locais, sobretudo ligados ao Porto.

O primeiro deles, ainda que já tenha passado por diversos processos ligados ao

licenciamento, encontra-se atualmente embargado haja vista a identificação de problemas

ambientais ligados à efetiva execução do projeto. Como apontado por PINTO (2008):

Esse projeto vem sendo promovido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento -

IDHB, que comprou a Restinga de Maricá, por um valor de 20 milhões de reais. É

importante dizer esse grupo também foi criado no de 2006. Ele foi formado por

vários promotores associados, compostos pela empresa MadriLisboa e por

empresas investidoras denominadas como Avantis, Vancouver e Dico. A

MadriLisboa é a sócia majoritária desse empreendimento. Estima-se que ele

ocuparia uma área de 841 hectares, com 8 quilômetros de praia. Seriam construídos

também um campo de golfe, centro eqüestre, uma marina e clube náutico. p. 77.

O Projeto posiciona-se no contexto de atratividade turística, o qual mostra-se crescente no

movimento de estruturação urbana de Maricá. As limitações à sua implantação, no entanto,

promovem até então apenas expectativas de novos processos de ocupação na região bem

como, conforme também apontado pela autora acima, suscita determinadas resistências por

partes de associações e comunidades tradicionais nela instituídas.

O segundo e terceiro projetos, por sua vez, caminham ainda em fase de maturação e

articulações políticas e legais para sua implementação. O Aeroporto, recentemente liberado

para voos regionais, possui como perspectiva sua ampliação e possível interface com a

criação de uma robusta plataforma logística local.

Os projetos de formação do Recife artificial e de ocupação da orla de Itaipuaçu encontram-

se em etapa de levantamentos e estudos de viabilidade. O segundo, de forma especial, está

diretamente relacionado à regulação urbanística municipal uma vez que envolve a aplicação

de instrumentos ficais urbanísticos a serem regulamentados no processo de revisão do

Plano Diretor local, previsto para 2017.

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111

Por fim, os investimentos para a implantação do COMPERJ – muitos deles já efetivamente

realizados no município vizinho de Itaboraí – tem também levantado expectativas a respeito

dos transbordamentos positivos que podem ser convertidos para Maricá. Dentre os efeitos

potencialmente esperados pode-se inferir a ampliação do setor de comércio e serviços

locais, o aumento de atividades imobiliárias como lugar de recebimento de mão de obra

migrante, o aumento do fluxo de migração e conexões econômicas entre as localidades e o

transbordamento dos investimentos via instalação no município de Maricá de empresas que

compõem a cadeia produtiva do setor de petróleo.

O Relatório de Impacto Ambiental –RIMA do Empreendimento aponta que:

O COMPERJ vai transformar o perfil socioeconômico da região. Sua instalação

deve gerar mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por “efeito-renda”, em nível

regional e nacional, durante os cinco anos da obra e após a entrada em operação.

Para atender esta demanda, a Petrobras, em parceria com as Prefeituras, vai

implantar Centros de Integração nos 11 municípios do entorno do Complexo

Petroquímico (Itaboraí, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu,

Guapimirim, Niterói, Magé, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá). – p. 15

O volume projetado de investimento de mais de 15 bilhões de reais mostra-se por si só como

indicador das possibilidades e efeitos multiplicadores dele advindos. A questão da instalação

do Porto, por sua vez, mostra-se ainda em fase de estudo prévio e concentra relativa

polêmica ao seu redor haja vista os impactos ambientais decorrentes do empreendimento

(Plano Metropolitano, Produto 8, p. 253).

O cenário conformado por essa série de expectativas e projetos em vias de desenvolvimento

contribui para um reposicionamento do município em sua articulação e hierarquia regional

no médio e longo prazo. Percebe-se assim uma realidade econômica extremamente

dinâmica que já se traduz em efeitos territoriais e imprime sobre o poder público uma

demanda por políticas de planejamento que consigam subsidiar e fornecer bases que

possibilitem uma verdadeira apropriação social desse processo.

Nessa linha, o diálogo da localidade com os municípios do entorno mostra-se fundamental.

Sobre a temática, cabe destacar que ao longo do histórico de desenvolvimento municipal,

Maricá enfrentou em vários momentos um relativo vazio de articulação institucional em

termos regionais. Nas palavras de SOCHACZEWSKI (2004):

Maricá não tem uma clara associação regional. Situa-se ao mesmo tempo como

parte da Região Metropolitana, principalmente pela proximidade geográfica; e parte

da Região dos Lagos, por seu potencial turístico. Comumente, a posição que

caracteriza Maricá como um município intermediário acaba por desfocar a

política local e isolá-lo ainda mais de ambas as regiões. p. 67, grifos nosso.

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112

Na citação do autor caberia apenas substituir “associação” por “interface institucional”, uma

vez que, como apontado acima, as relações associativas entre Maricá e os demais

municípios, sobretudo a metrópole, passam por processo de intensificação nos anos

recentes. A questão do vazio de espaços políticos para o pensamento de estratégias

regionais – reforçada pela auto exclusão de Maricá da RMRJ em 2002 (LAGO, 2009) –

mostra-se como uma realidade a ser enfrentada.

Em tempos mais recentes, determinadas iniciativas têm sido desenvolvidas possibilitando a

participação de Maricá em espaços concretos de articulação regional para o desenho de

políticas públicas e de cenários integrados de desenvolvimento. Dentre essas, a presença

de Maricá no CONLESTE – associação constituída por onze municípios da Área de

Influência do COMPERJ – e os trabalhos desenvolvidos no âmbito do PDUI da RMRJ

mostram-se como as de maior importância.

No escopo desse último, os diagnósticos e cenários já desenvolvidos apontam diretamente

para questões ligadas ao ordenamento territorial e urbano de Maricá, conforme sublinhado

abaixo:

Observa-se tendência em se repetir a ocupação do município de Maricá aos

moldes dados para o litoral oeste da capital, o que algo ineficiente para o

território. Contudo, são extremamente bem-vindas ligações que integrem os

municípios da baixada fluminense de forma transversal. Priorizar nessas novas

ligações o transporte público é fundamental. Intervenções que possam, além de

melhorar a conexão entre centralidades secundárias, serem oportunidades de

requalificação ambiental e social são metas que envolvem a mobilidade. (Plano

Metropolitano RMRJ, Produto 6, p. 6, grifos nossos).

Os “moldes” acima destacados referem-se ao marcante processo de ocupação desordenada

e centrada em verticalização excludente e sem suprimento de infraestrutura desenvolvido

na referida região. O escape de tal padrão é refletido no empreendimento imobiliário objeto

do presente estudo de impacto tendo em vista que este, apesar das mudanças que demanda

da legislação local, tem prerrogativas opostas às implementadas no litoral do eixo oeste.

Ainda no âmbito do Plano Metropolitano, uma das propostas levantadas na Oficina Regional

de Trabalho, realizada em Maricá em novembro de 2016, refere-se ao adensamento da

Região de Itaipuaçu11. Sob essa perspectiva, o estímulo e a viabilização de práticas de

ocupação ordenada nas proximidades podem contribuir para o alcance das questões

expressas no contexto do planejamento metropolitano.

11 Ver. Ata da Oficina do PDUI em Maricá, p. 9. Disponível em: http://www.modelarametropole.com.br/documentos/#documentos-atas.

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113

Assim sendo, percebe-se que, para além das expectativas em termos de desenvolvimento

econômico local, abre-se atualmente uma verdadeira janela de oportunidades para que

Maricá consiga estabelecer melhores e efetivos diálogos regionais de modo a pensar as

políticas de seu território em interface com as dinâmicas regionais.

7.4 RESUMO DOS PONTOS ANALISADOS

A respeito da inserção regional do município para Maricá, no escopo do presente estudo de

impacto, percebe-se que:

1. A localidade participa do Arranjo Populacional Rio de Janeiro apresentando dinâmica

de interação crescente com a metrópole e entorno;

2. Em seu histórico de desenvolvimento urbano a ocupação desordenada teve papel

determinante sinalizando para a necessidade de novas formas de produção e atividade

imobiliária;

3. O período recente é marcado pelo processo de fuga da metrópole estabelecendo

Maricá, no interior da RMRJ, como município com as maiores taxas de atração e

crescimento populacional e domiciliar;

4. A nova dinâmica existente na localidade é reforçada por empreendimentos

econômicos de grande porte e práticas de planejamento metropolitano que já indicam

propostas e ressalvas em relação ao ordenamento territorial do município;

5. Tendo como base o cenário regional, o empreendimento ora em análise apresenta

alinhamentos às necessidades locais e às diretrizes e cenários de desenvolvimento de

médio e longo prazo.

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114

8.0 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO

8.1 METODOLOGIA

A Oficina Participativa de Diagnóstico marca o início oficial de participação popular no

processo de construção do presente estudo.

O principal objetivo da Oficina foi identificar problemas, potencialidades e conflitos na ótica

dos munícipes e outras organizações da sociedade civil, abordando a realidade regional em

um contexto passado e presente, visando também a identificação dos desejos e expectativas

para o futuro da Região. A metodologia utilizada nessa oficina acompanhou a estrutura e a

experiência das oficinas realizadas em diferentes processos participativos conduzidos pela

equipe técnica contratada.

A dinâmica proposta abrangeu um primeiro momento de apresentação das mudanças

territoriais em perspectiva, relacionadas à Maricá e de contextualização das questões locais,

seguido de um segundo momento de construção de um mapa diagnóstico da dinâmica

territorial da região objeto do empreendimento pretendido. O foco pensado foi de entender

o território vivido na percepção dos seus atores, para complementar as análises constrtuidas

nos itens do Diagnóstico buscando dar “vida” aos processos caracterizados mediante coleta

e análise técnica de dados secundários e primários.

A elaboração do mapa, criados através da interação direta e intensa entre a equipe técnica

e os diversos participantes, foi pautada por três questões principais:

1. O que mais mudou na Região nos últimos 10 anos?

2. Quais são os principais problemas, disputas e conflitos no território da Região?

3. O que mais desejamos para a Região nos próximos 10 anos?

Os participantes agrupados foram acompanhados por quatro membros da equipe técnica:

um coordenador, que conduzia as discussões; dois auxiliares, que orientavam os

participantes nas suas intervenções no mapa, assim como registrava no mapa algumas das

informações que surgiam no calor do debate; e um relator, que registrava textualmente o

conteúdo das falas dos participantes.

O grupo foi provido com um conjunto de mapas que incluíam um mapa de trabalho e dois

mapas com informações auxiliares. O primeiro foi localizado sobre uma mesa de trabalho

visando a participação ativa dos presentes sobre o mapa, e os segundos foram dispostos

em mesas ao lado para eventuais consultas. Esses mapas foram preliminarmente

preparados pela equipe de Geoprocessamento da TetraTech e impressos para fins de

utilização nesta Oficina de Diagnóstico.

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115

O mapa de trabalho apresentava: (1) a Região em estudo em escala ampliada; (2) a

demarcação da área do empreendimento; (3) a estrutura viária da Região e (4) a marcação

das principais localidades da Região (Cajueiros, Jardim Atlântico, Inoã e São José do

Imbassaí), conforme imagem abaixo:

FIGURA 8.1-1

MAPA DE TRABALHO. DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO. MARICÁ, 2017

Fonte: TetraTech, 2017

No grupo, as respostas às perguntas propostas foram marcadas diretamente nos mapas,

com a ajuda de ícones adesivos e também através de desenhos e informações escritas. A

figura abaixo ilustra a cartela de ícones utilizada na Oficina:

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116

FIGURA 8.1-2

ADESIVOS TEMÁTICOS - DINÂMICA PARTICIPATIVA

As informações reunidas no mapa foram compiladas e sistematizadas conforme apontado

abaixo.

8.2 RELATÓRIO DO TRABALHO EM GRUPO

Tendo como base a primeira pergunta orientadora dos debates, os seguintes pontos foram

levantados como principais mudanças ocorridas nos últimos 10 anos na Região:

1. Aumento da população: relativo consenso de que a implantação do Programa Minha

Casa, Minha Vida, principalmente do centro de Inoã, e de grandes projetos habitacionais

na estrada dos Cajueiros, contribuíram de forma aguda na ocupação da Região em

período recente;

2. Percebe-se nesse sentido um processo que irradia dessas localidades para as demais,

processo esse baseado na atividade crescente de construtoras e adensamento do

território;

3. Aumento da pressão por moradia na área dos Cajueiros;

4. Crescimento acentuado sem infraestrutura no Jardim Atlântico Central;

5. Valorização e especulação imobiliária: Observação de ambos processos nas terras

localizadas junto à praia. Relativa falta de consenso sobre a temática na Região de

maneira geral. Sra. Maria Lopes ressaltou que percebe um processo de desvalorização

das moradias em Jardim Atlântico Leste haja vista a baixa qualidade e padrões

construtivos das construções recentes;

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117

6. Incremento populacional combinado a um processo acentuado de aquecimento da

construção civil na Região sintetizam os pontos principais de transformação territorial

recente.

Realizada a discussão a respeito das transformações territoriais de cunho mais geral pelas

quais a Região passou nos últimos 10 anos a discussão foi orientada para o levantamento

dos principais problemas, conflitos e disputas existentes no território. Inicialmente o debate

foi realizado de forma livre de modo a permitir que os moradores apontassem as questões

mais graves e que naturalmente eram levantadas. Em seguida a equipe técnica apontou

determinadas temáticas não surgidas na discussão, sobretudo Saúde, Educação e Lazer,

de modo a verificar se para tais pontos também poderiam manifestar-se como problemas

regionais.

Abaixo são listados os tópicos e comentários realizados por áreas temáticas.

Transporte e Mobilidade:

a) Carência de transporte no Jardim Atlântico Leste dificultando os deslocamentos;

b) Relativo isolamento da Região de Cajueiros tanto para a Sede de Maricá como para

os bairros do entorno;

c) Precariedade de transporte na estrada dos Cajueiros com baixa oferta frente a

demanda dos moradores;

d) Correlação destacada pela Sra. Alessandra entre o aumento no número de

moradores permanentes no município não acompanhado pela melhoria no sistema

de transporte;

e) Carência do transporte para deslocamento intermunicipal, sobretudo para o Rio e

Niteroi, em dois sentidos: i) Baixa oferta de linhas e horários - após as 18h encerra-

se o transporte e ii) Alto valor da passagens – R$ 15,00 para Niterói e R$ 20,00

para o Rio;

f) A mobilidade para o centro de Maricá de maneira geral foi apontada como um grave

problema da Região;

g) A estrutura viária mostra-se precária, sobretudo na estrada dos Cajueiros.

h) A ponte de travessia de pedestres sobre o canal do Jardim Atlântico Leste encontra-

se constantemente em situação precária dificultando a circulação intraurbana.

Segurança Pública:

a) Centro de Inoã e bairros do entorno como polos de insegurança, sobretudo no que

concerne ao tráfico de drogas. Observação de relativa piora na segurança após a

instalação do empreendimento Minha Casa, Minha Vida na localidade;

b) No eixo Jardim Atlântico Leste, Central e Oeste rumo a Itaipuaçu percebe-se piora

na questão da segurança, sobretudo pelo aumento de assaltos a residências.

Observa-se certa correlação entre a valorização imobiliária/melhoria do padrão

construtivo da região e incremento dos assaltos;

c) Pontos de paragem e espera do transporte público foram apontados como locais

de insegurança: infraestrutura precária e pouca iluminação pública;

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118

d) Eixo da Estrada dos Cajueiros como foco de assaltos realizados, sobretudo, por

motoqueiros;

e) Rua 33 na Região dos Cajueiros apontada como local de assaltos a residências;

f) Baixo efetivo policial compromete uma melhor gestão da segurança pública na

Região de maneira geral;

g) Sra. Alessandra pontuou a relação existente entre o alto valor das passagens de

ônibus e o incremento dos assaltos nas viagens.

Enchentes e Alagamentos:

a) Graves problemas de enchentes são observados de maneira geral em todos os

canais da Lagoa. Duas razões principais: i) ocupação em local indevido e ii) falta de

infraestrutura de drenagem;

b) Rua 6 destacada como foco de alagamento resultante de uma ação específica de

atividade imobiliária/construtiva na Região do SPAR sem atenção ao suporte dos

canais de drenagem;

c) Centro de São José do Imbassaí também indicado como região passível de

constantes alagamentos;

Infraestrutura urbana:

a) Precariedade geral em termos de saneamento básico e abastecimento de água nos

bairros da Região;

b) De forma específica pontuou-se o abastecimento precário na Rua 33 nos Cajueiros.

Não possui rede instalada e o abastecimento é realizado por caminhão PIPA ou

poço em toda região;

c) De forma isolada, os empreendimentos do MCMV possuem água encanada,

diferentemente do restante do território;

d) Loteamento “Manu Manoela” também indicado como ausente em termos de rede

de água;

e) Rede de tratamento de esgoto é inexistente em todos os bairros que compõem a

Região de Influência do empreendimento;

f) Iluminação pública presente nas áreas pavimentadas. Localidades de urbanização

recente, sobretudo nos Cajueiros, que enfrentam maior precariedade do serviço.

Meio Ambiente:

a) O solo na Região do empreendimento composto parcialmente por turfa resultando

em recorrentes problemas com incêndios;

b) Canais diversos existentes na Região recebem esgoto clandestino causando

degradação dos recursos hídricos;

c) Inexistência de programas de educação ambiental;

d) Expansão urbana tem sido desacompanhada de um cuidado com a preservação da

paisagem e atributos naturais locais;

e) Necessidade de preservação da Mata Atlântica aparece como ponto de atenção

específico por parte dos moradores.

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119

Outras questões:

a) Os serviços públicos educacionais foram apontados como satisfatórios, contudo,

atualmente mostram-se restritos ao ensino fundamental dificultando a permanência

e especialização dos jovens no município.

b) Os serviços de saúde são percebidos de forma controversa. Há certo consenso do

crescimento da demanda nos últimos anos fator que comprometeu o atendimento,

sobretudo no que tange ao tempo de espera para consultas e marcação de exames.

Além disso, há pouca oferta de serviços mais complexos e grande expectativa a

respeito do novo hospital regional.

c) A Telecomunicação foi destacada enfaticamente como um problema da Região. Há

poucas antenas de celular e carência de serviços de internet.

d) Há pouca ou nula oferta de serviços complexos, sobretudo de instituições

financeiras implicando na necessidade de deslocamentos frequentes ao centro de

Maricá;

e) Carência em termos de espaços públicos de lazer – praças e parques – mostra-se

mais marcante nas regiões Chácara de Inoã e Cajueiros.

Finalizado o levantamento dos conflitos e principais problemas urbanos passou-se à

discussão dos sonhos e desejos dos munícipes para o desenvolvimento da Região nos

próximos anos. Inicialmente, a equipe técnica destacou que a resolução das questões

listadas anteriormente já poderia ser entendida de modo natural como desejos. Desse modo,

os participantes foram provocados a apontar outras iniciativas e ideias de programas/ações

que pudessem trazer externalidades positivas e um efeito transformador para a Região no

médio e longo prazos.

Tais questões aparecem listadas abaixo.

1. Crescimento sustentável e com infraestrutura planejada em harmonia com a paisagem

natural evitando ao máximo a instalação de estruturas de superfície geradoras de

poluição visual;

2. Acessibilidade universal aos serviços de saneamento básico, água potável e asfalto;

3. Implementação de políticas e programas de valorização dos bem naturais para que a

comunidade desfrute e preserve o patrimônio Natural. Destaque específico à Pedra de

Inoã;

4. Implementação de políticas e programas de valorização do patrimônio imaterial,

histórias, artesanato e cultura local;

5. Desenvolvimento de estratégias pra o aumento do comércio e serviços na região de

Cajueiros, atendendo a população e gerando empregos;

6. Melhoria das opções e especialidades médicas para atendimento da população;

7. Implantação de equipamentos educacionais para ensino médio e superior na Região;

8. Revitalização da orla do mar e instalação de quebra mar como estratégia de incentivo

ao turismo.

9. Fortalecimento da Guarda municipal e utilização do efetivo para ações de segurança

pública

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120

10. Instalação de um batalhão da área de influência desde que estruturado e com efetivo

disponível.

Conforme destacado no tópico sobre os procedimentos metodológicos todas as

intervenções e comentários realizados pelos participantes foram trabalhados territorialmente

com o auxílio de mapas e adesivos temáticos. As figuras abaixo apresentam o mapa final

resultante do diagnóstico participativo, o qual foi assinado por todos os presentes.

FIGURA 8.1-3

MAPA SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO. MARICÁ, 2017

Fonte: TetraTech, 2017

De modo a tornar mais esquemática a visualização das questões, conflitos e desejos

levantados ao longo da Oficina de Diagnóstico Participativo, a Tabela abaixo apresenta

esquematicamente os principais pontos discutidos.

Percebe-se estreita sintonia entre as questões observadas no diagnóstico técnico via

levantamento de dados secundários e visitas de campo e as proposições participativas. Tal

alinhamento favorece a continuidade dos trabalhos, sobretudo no que concerne às

estratégias futuras de elaboração do projeto de lei para efetivação do empreendimento

pretendido para a Região.

.

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104

TABELA 8.1-1

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES, CONFLITOS E DESEJOS REGIONAIS. OFICINA DE DIAGNÓSTICO. MARICÁ, 2017

Principais Transformações Problemas e Conflitos Sonhos e Desejos

Crescimento demográfico.

Graves problemas ligado à mobilidade intra e

intermunicipal. Cajueiros e Jardim Atlântico Leste

como localidades de maior isolamento.

Acesso universal aos serviços e

estrutura de saneamento básico e

abastecimento de água.

Sentimento agudo de insegurança urbana. Tráfico

de drogas e assaltos como principais problemas.

Infraestrutura urbana combinada à

preservação da paisagem natural.

Valorização imobiliária relativa.

Enchentes e alagamentos como respostas à

urbanização sem infraestrutura. SPAR e São José

do Imbassaí como áreas de destaque.

Valorização do patrimônio natural,

material e imaterial.

Problemas graves em termos de provisão de

infraestrutura de saneamento básico e

abastecimento de água atingem o território de

maneira geral.

Estratégias de aumento da oferta de

comércio e serviços na Região.

Aumento da atividade imobiliária e de construção civil.

Passivo ambiental expressivo como fruto da

urbanização acelerada e carente de infraestrutura.

Montagem de estratégia de turismo na

costa de Itaipuaçu.

Saúde e Educação, apesar do bom atendimento,

carecem de complementos em termos da oferta

de serviços mais complexos.

Ampliação dos serviços educacionais e

de saúde em termos de complexidade.

MCMV como causa e consequência do movimento

imobiliário.

Rede de telecomunicações evidenciada de forma

enfática como grande problemática regional. Fortalecimento da segurança pública via

Guarda Municipal e batalhão regional. Carência de espaços públicos de lazer em

Chácara de Inoã e Cajueiros.

Fonte: TetraTech, 2017

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104

9.0 CONCLUSÕES

Este Estudo contemplou Análise e Diangósticos Socioterritorial, Ambiental e Urbanísticos

integrados para entendimento das repercussões da implantação do projeto de loteamento

Núcleo Urbano Alphaville em Maricá, Rio de Janeiro. Seus conteúdos foram integrados

mediante distintos aportes metodológicos afim de compreender a dimensão socioterritoral e

urbanística em termos das escalas geográficas faseadas de implantação e em sua

caracterização socioeconômica, demográfica, físico-ambiental e jurídico-institucional.

Destaque foi dado à um diagnóstico consistente da área de influência do empreendimento

em diferentes escalas. Para isso foram utilizados tanto dados técnicos de diferentes fontes

como um mapeamento de campo e um diagóstico participativo.

Percebe-se de forma mais evidente que a oferta de serviços públicos e a capacidade de

suporte da infraestrutura urbana instalada mostram-se distribuídas de modo

consideravelmente desigual no território de Maricá. Levando-se em conta a ADA do

empreendimento percebe-se que os bairros limítrofes e de estreita proximidade – por ex.

Cajueiros (destaque ao loteamento Manu Manuela) – caracterizam-se justamente pela

necessidade da população neles residentes de deslocar-se a outras centralidades para a

busca de recursos e equipamentos públicos. Em Inoã, São José e Jardim Atlântico,

principais polos de oferta de serviços básicos da Área de Influência, apesar da existência de

equipamentos de saúde e educação em boa quantidade e estrutura, as manifestações locais

já apontam para relativa saturação de suas respectivas capacidades de atendimento.

Por fim as transformações ocorridas ao longo do processo de loteamento se somarão as

advindas pelas dinâmicas de ocupação do território herdado e em constante mutação.

Nestas condições de transformação da paisagem urbana e nos padrões de uso,

resguardando o caráter subjetivo de percepção e apropriação da paisagem, e levando-se

em conta o perfil arquitetural das construções que circundam a área do empreendimento,

infere-se que a instalação do empreendimento pretendido tende a trazer uma mutação da

paisagem. Nestes processos faz-se vital o planejamento tanto em termos de conhecimento

aprofundado do território mas também nas relações sociais nele construídas, bases do lugar.

Nestes termos, o planejamento deve levar em conta esse conjunto de ideias, sentidos e

representações sociais de forma a planejar um espaço urbano sustentável, tanto em

atributos quanto uso e funções. Neste sentido cabem considerar as relações com as

estratégias de conservação patrimonial e apropriação sociocultural como enfatizado pelos

participantes da Oficina, como no uso recreativo das lagoas e do mar, na conservação dos

maciços e no respeito e conhecimento da cultura local, por exemplo. Nestes há que se

atentar para um planejamento urbano equilibrado e possível na medida em que desenhe um

novo espaço sem acirrar processos de segregação territorial, criando e oportunizando

oportunidades socioterritoriais para Maricá, suas centralidades urbanas e sobretudo sua

população.

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105

10.0 EQUIPE TÉCNICA

A seguir é apresentada a equipe técnica/apoio, QUADROS 10-1 e 10-2, que participou da

coordenação e elaboração desta Análise Socioterritorial, Ambiental e Urbanística para

Núcleo Urbano Alphaville em Maricá, Rio de Janeiro.

QUADRO 10-1

EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NO ESTUDO

Nome Formação Tema/Função

Valnei Pereira Geógrafo e Urbanista Coordenação Técnica

Felipe Gattai Resende Geógrafo Gerente de Contrato

Luiz Felype G. Almeida Economista e Urbanista Aspectos Urbanísticos e

Socioecômicos

Felipe Castelo Branco Economista e Geógrafo Aspectos Socioterritoriais

Karina Venuto de Souza Engenheira Ambiental e de Seg.

do Trabalho

Caracterização do Projeto e

Mobilidade

Joana Sotaia Campos Geóloga Meio Físico e Biótico

Joseane Urgnani Geógrafa Geoprocessamento

Lorena Saldanha Estagiária Apoio Técnico

QUADRO 10-2

EQUIPE DE APOIO / COLABORAÇÃO

Nome Especialidade Tema/Atividade

Sandra Rocha e Raquel

Vana Apoio Administrativo / Edição Formatação / Edição

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106

11.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, G., (2009) – Estudo do Aquífero Costeiro de Maricá – RJ: Instrumentação e

Investigação do Comportamento da Cunha Salina.

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http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/regic.shtm. Acesso em mar. 2017.

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em: 26 de abr de 17.

TURCQ, B., MARTIN, L., FLEXOR, J. M., SUGUIO, K., PIERRE, C. & TASAYACO-

ORTEGA, L. Origin and Evolution of the Quaternary Coastal Plain between Guaratiba and

Cabo Frio, State of Rio de Janeiro, Brazil. Environmental Geochemistry of Coastal Lagoon

Systems. Rio de Janeiro, Brazil – série Geoquímica Ambiental, 6, pp. 25-46, 1999.

Veloso et al. (1991) – Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema

Universal. Rio de Janeiro, IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais,

124 p.

O17030-AAS-01-1

ANEXO I

ANEXO I

LISTA DE PRESENÇA DA OFICINA PARTICIPATIVA

O17030-AAS-01-1

ANEXO I-2

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ANEXO I-3

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ANEXO I-4

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ANEXO I-5

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ANEXO II

ANEXO II

FOTOS DO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL E PARTICIPAÇÃO NA

OFICINA

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ANEXO II-2

O17030-AAS-01-1

ANEXO II-3

Tetra Tech Brasil

Rua Fidalga, 711 – Vila Madalena 05432-070 – São Paulo – SP – Brasil

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