Dia do ie 2015 testemunhos homenageados

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8 DE JULHO DE 2015 | 15H00 | ANFITEATRO IE

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Homenagem aos Professores Albano Cordeiro Estrela e Maria Odete Valente, no âmbito das comemorações do Dia do IE (Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, 8 de julho de 2015)

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8 DE JULHO DE 2015 | 15H00 | ANFITEATRO IE

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Uma homenagem indispensável

Comemoramos este ano, pela primeira vez, o Dia do Instituto de Educaça o. Porque este dia? Porque considera mos necessa rio fazer um momento de reflexa o no Instituto, evidenciando o que somos e o que queremos ser como instituiça o dedicada a investigaça o, ensino e intervença o sobre Educaça o e, muito especialmente, porque queremos homenagear dois professores que tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da Educaça o como campo acade mico em Portugal – os Professores Albano Cordeiro Estrela e Maria Odete Valente.

A Educaça o tem muitas facetas. Uma delas e ser uma a rea cientí fica ou ramo do conhecimento. Ser membro desta a rea na o decorre de possuir um grau acade mico nem do domí nio mais ou menos eficaz de certas te cnicas ou instrumentos de trabalho – decorre sobretudo da identificaça o com os seus grandes propo sitos, os seus valores, as suas problema ticas, os seus conhecimentos matriciais. Integrar a comunidade cientí fica da Educaça o e ser sensí vel ao que a unifica e lhe da sentido como campo de estudos. Perceber de modo aprofundado em que consiste este campo e identificarmo-nos com ele e essencial para o e xito de toda a investigaça o e de toda a intervença o, na o so individual como coletiva. Isso passa por conhecer os aspetos essenciais da histo ria deste campo e, em particular, das pessoas que mais marcaram o seu desenvolvimento. Daí a necessidade desta homenagem, que permitira dar a conhecer a muitos dos que hoje trabalham no Instituto de Educaça o estas duas figuras marcantes e ira possibilitar a outros reviver mais uma vez o que foi a sua aça o corajosa e persistente. E, sobretudo, ira permitir a todos expressar o seu reconhecimento pelo muito que fizeram pelo desenvolvimento da Educaça o no nosso paí s.

Como campo de estudos, a Educaça o em Portugal muito deve a Albano Cordeiro Estrela e Maria Odete Valente. Para ale m disso, a existe ncia do pro prio Instituto de Educaça o deve-se antes de mais a aça o persistente de Albano Estrela na Faculdade de Psicologia e de Cie ncias da Educaça o e de Odete Valente no Departamento de Educaça o da Faculdade de Cie ncias. Formaram geraço es de investigadores, construí ram comunidades cientí ficas e equipas docentes, empenharam-se em mu ltiplos domí nios de intervença o, desdobraram-se em iniciativas dentro e fora das suas instituiço es.

A nossa existe ncia como Instituto que se dedica a investigaça o, ensino e intervença o em Educaça o na o surgiu fruto do acaso. Deve-se ao contributo de muitos, e entre estes ha que destacar Albano Estrela e Maria Odete Valente, cuja obra e cuja aça o deve ser conhecida de todos. Para ale m de outras formas de divulgaça o do seu trabalho, reunimos nestas pa ginas diversos testemunhos que evidenciam de forma eloquente as mu ltiplas facetas acade micas e de personalidade destas duas grandes figuras da Educaça o em Portugal.

Lisboa, 6 de julho de 2015

João Pedro da Ponte

Diretor do Instituto de Educaça o da Universidade de Lisboa

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Vítor Manuel Trindade Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora

Qualquer acade mico, antes de o ser, e um homem. A minha primeira impressa o do Professor ALBANO ESTRELA veio da sua humanidade. Corriam os anos 80 e eu, jovem assistente convidado na Universi-dade de E vora, necessitava de encontrar algue m que me aceitasse como doutorando para levar de vencida o desafio que tinha aceitado: entrar na carreira universita ria. O Manuel Patrí cio, a terminar o doutoramento na altura, disse-me: «Porque na o vai falar com o Professor Albano Estrela? E pessoa acessí vel e o mais que lhe pode dizer e na o». E vim! Na Rua Pinheiro Chagas, preparando-se para a grande mudança para o edifí cio da actual Faculdade, recebeu-me num gabinetezinho, cheio de “pape is” e livros, com uma afabilidade que me surpreendeu – em E vora, o ambiente acade mico era mais austero e os Professores ainda eram «os senhores professores» – querendo saber coisas de mim, antes mesmo de me dar uma resposta. Descobrimos enta o que tí nhamos um passado estudantil pro xi-mo – ambos tí nhamos estudado em Coimbra e tí nhamos, sena o amigos, conhecidos comuns. Aceitou- -me como doutorando, avisando-me, contudo, que os pro ximos anos seriam de muito trabalho para ambos, embora por razo es distintas: eu, para estudar e trabalhar e ele, para concretizar o sonho de «fazer uma Faculdade de Cie ncias de Educaça o e Psicologia “a maneira”…». Com o tempo, a afabilidade transformou-se em empatia e esta em amizade. Eu encontrava o Professor Albano sempre cheio de trabalho, atafulhado em pape is, despachando o correio, indo, num pulo, ao Ministe rio «ver se resolvo este assunto…», arrumando mo veis e estantes – «isto e uma chatice e ainda na o esta como eu quero. Oh filho, oh filho, ajuda aí . Deixa o que fizeste em cima da secreta ria que eu depois leio… Oh Teresinha, chega aqui!» (Na o me e possí vel falar do Albano sem pensar na sua companheira de tantos anos, a quem tanto devo tambe m, e que constitui um outro pilar das Cie ncias da Educaça o, em Portugal.) Cla-ro que vim alguns domingos a Lisboa, a sua casa, rapta -lo ao conví vio dos seus, para lermos juntos o que tinha feito e receber as orientaço es que tinha por bem dar-me. Tinha sempre uma palavra de in-centivo, tantas vezes irreverente, que me levava a sentir ter valido a pena a viagem!...

Foi este Homem – inteligente, perspicaz, lu cido, trabalhador, imaginativo, afectuoso e irreverente – que colocou o erguer da Faculdade acima de tudo, sem nunca deixar de trabalhar e investigar nas Cie ncias da Educaça o – que ajudou, em muito, a ser o que fui na profissa o. Foi para mim um exemplo que procurei seguir em muitos aspectos e um amigo querido. A sau de e a aposentaça o vieram atalhan-do o nosso conví vio, embora sem nunca esquecer o muito que lhe devo e quero. A sua veia litera ria ocupa-lhe agora o tempo. Quem le os seus livros, certamente encontrara os aspectos de cara cter de que aqui deixo testemunho.

Foi este Homem que construiu o acade mico brilhante que chegou a ser: investigador, inovador e di-vulgador cientí fico na sua a rea, refere ncia para geraço es de professores – a «peste amarela»1, nas suas va rias ediço es, correu Portugal – e consulta obrigato ria para os estudiosos de Cie ncias de Educaça o, a quem hoje venho prestar homenagem, associando-me a feliz iniciativa do Instituto de Educaça o. Espe-ro que continue a honrar, com a sua presença e o seu saber, a comunidade acade mica a que pertence e que nos continue a dar o prazer de, connosco, partilhar o seu pensamento. Desejo-lhe uma vida longa e produtiva, mantendo o espí rito jovem e a irrevere ncia que o caracteriza, para bem de todos no s.

Com um grande abraço.

Vítor Manuel Trindade

1 Teoria e Prática de Observação de Classes: uma estratégia de formação de professores. Lisboa: INIC.

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Almerindo Janela Afonso Presidente da Direção da SPCE

Estimado Prof. Albano Estrela:

Como prestigiado professor e investiga-dor e como homem de cultura que é, ninguém pode deixar de lhe estar reco-nhecido pelo que fez pela consolidação e prestígio das Ciências da Educação em Portugal. Por isso, e também pelo privi-légio e prazer de ter, tantas vezes, aprendido com a sua sabedoria e com a sua presença amiga e congregadora, sobretudo no espaço da nossa comuni-dade académica de referência, não po-deria deixar de me associar à Homena-gem que o Instituto de Educação da Uni-versidade de Lisboa lhe fará no dia 8 de julho de 2015. Tendo sido também um dos fundadores e um dos Presidentes da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, e tendo eu, neste momento, a responsabilidade de respeitar e de, mo-destamente, dar continuidade ao traba-lho que nos deixou, gostaria que aceitas-se, em nome de toda a Direção, o teste-munho da nossa admiração e o nosso abraço.

Louis Marmoz Presidente da AFIRSE Internacional

C’est presque un anniversaire ! Le Professeur Albano Cordeiro Estrela va avoir 42 ans. Pour moi ! Puisque nous nous sommes rencontre s pour la premie re fois au de but de septembre 1973, dans le cadre du grand congre s de l’Association internationale des sciences de l’e ducation organise dans la jeune universite de Dauphine a Paris.

42 ans, c’est bien peu de temps pour suivre toute l’activite mene e, assume e et dirige e, avec efficacite et bonne humeur, par Albano Estrela. D’autres que moi vont certainement mieux les e nume rer mais j’y participe quand me me : l’ouverture a l’international, tout en e tant profonde ment portugais, ces moments de terminants de bilan et d’e lan que sont les colloques de la section portugaise de l’afirse, la spe cification dans un domaine de recherche ou il s’illustre mais l’ouverture et la curiosite vis-a -vis des autres, la mise en place d’une structure universitaire ouverte et performante, la formation de ses cadres, un art aussi de la critique positive applique e aussi bien aux produits de la recherche que maintenant aux produits de la litte rature. Car Albano Estrela est de ce domaine ; sa belle e criture lui a permis de communiquer efficacement sa pense e pe dagogique et de chercheur mais aussi de re aliser une grande œuvre litte raire ou se succe dent poe sie, nouvelles et romans, autant de regards fins sur la vie et ses possibles.

Dois-je le dire enfin ? Pour toutes ces raisons et bien d’autres qu’une longue fraternite ont fait et font naitre, je suis fier, tre s fier, d’avoir pour ami ce magnifique gamin de 42 ans. Merci, Albano !

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Jesuína Fonseca Professora Associada Aposentada da U. Algarve e Colaboradora da UIDEF

Quem e ? Quem e ?

Transborda curiosidade. Sempre sedenta de informaça o.

Tira prazer de todos os momentos da sua vida. Se algo a preocupa, partilha genuinamen-te e a preocupaça o em parte se esvai.

Vaidosa, sem ser egoce ntrica.

A sua mente gosta de voar… mas sempre com ligaça o a realidade.

A sua presença desanuvia ambientes. A sua voz e ouvida. As suas palavras sa o pequenas liço es de vida.

Gosta muito de fotografar… mas a s vezes apa-nha-nos em a ngulos menos favora veis. Que fazer? Como tira muitas, ha por onde escolher...

Criou a Dida ctica das Cie ncias, criou o Ramo Educacional, criou o Departamento de Educa-ça o. Criou Projectos de educaça o e formaça o, criou Projectos de investigaça o, criou Projectos de Extensa o universita ria. Sempre uma peça chave na educaça o no nosso paí s, mas uma peça livre. "Without strings attached."

Progressista de esquerda, e cato lica. Vida muito polí tica, mas sempre de mente livre. Mulher de acça o.

O seu gabinete de trabalho e a sua "play station". E o amor a famí lia a sua prioridade.

Quem e ? Quem e ?

Odete, obrigada por ser quem e . Parabe ns pelo que tem conseguido.

De uma sua pupila, colega, e amiga de ha mais de 40 anos, J.M.B.F.

Jesuína Fonseca

8 julho 2015

Luiza Cortesão Professora Emérita da FPCEUP

Quando penso na Odete, ela surge-me sempre como alguém que consegue, harmoniosamente, articular competên-cia, seriedade, capacidade de trabalho e uma imensa qualidade humana.

Surge-me, também, a imagem dela em S. Tomé, num projeto em que trabalhá-mos juntas, sempre com um "cacho" de crianças penduradas à sua volta, crianças essas que constantemente a seguiam. Elas sentiam, instintivamente, alguém de quem valia a pena gostar.

Aprendi muito no convívio com a Odete. Obrigada, minha amiga.

Luiza Cortesão, Junho 2015

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Vítor Manuel Trindade Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora

Falar de, ou falar sobre…, MARIA ODETE VALENTE em meia du zia de linhas e uma tarefa assaz difí cil,

embora gratificante. Conheci a Doutora Maria Odete Valente nos finais dos anos 70 quando, rece m

ingressado na Universidade de E vora, comecei a trabalhar na Formaça o de Professores de Cie ncias. Ja

na altura, a Doutora Odete Valente – era assim que familiarmente a trata vamos – era uma refere ncia

nessa a rea do conhecimento. Ao longo dos anos 80 fomos consolidando o conhecimento e estreitando

os laços que, inicialmente, estritamente profissionais, se foram transformando em amizade. Uma ami-

zade imbuí da de uma profunda admiraça o pelo seu trabalho e pelo seu modo de estar e de ser. Uma

«força da Natureza» que aceitava todos os desafios, inquieta, tantas vezes rebelde, a quem o trabalho

insano de afirmar o Departamento de Educaça o da Faculdade de Cie ncias da Universidade de Lisboa

no meio dos seus pares e junto das autoridades da tutela, lhe merecia o epí teto de «consumidor de

tempo» – tempo que lhe fazia falta para as suas actividades de investigaça o e de docente – mas que, ao

mesmo tempo, lhe dava um enorme prazer pela afirmaça o que ia conquistando. Com ela aprofundei

conhecimentos, debati ideias e aprendi muitas coisas que, mais tarde, me foram sendo u teis no meu

pro prio trabalho.

Como docente e investigadora, no domí nio da Educaça o em Cie ncias, Portugal deve-lhe muito. De

facto, a Doutora Odete Valente introduziu, entre no s, a modernidade no Ensino das Cie ncias, divulgan-

do conhecimentos e investigando – e promovendo a investigaça o – sobre os temas do Ensino das Cie n-

cias e da Formaça o de Professores. Personalidade multifacetada, com um amplo leque de interesses,

dina mica e trabalhadora incansa vel, sempre arranjou tempo para me atender, debater as minhas du -

vidas e «desassossegar-me» com as dela. A vasta obra publicada, atesta bem esta sua faceta e muitos

dos documentos oficiais do tempo, possuem a sua assinatura ou transportam as suas ideias. Infeliz-

mente, pore m, muitas das suas ideias ficaram no papel; nunca os diferentes poderes que tutelaram o

Ministe rio da Educaça o abraçaram totalmente o pensamento daqueles que faziam da Educaça o a sua

vida e a qual dedicaram o melhor de si. Com prejuí zo da sua carreira, nunca deixou de fazer o que

entendia dever ser feito!...

Generosa, intempestiva, mulher de causas, tudo fazia para, de acordo com o que pensava, tornar o

mundo melhor! Recordo a revolta, a angu stia, a frustraça o e o desgosto que sentiu por na o ter conse-

guido ir para Timor-Leste, nos finais dos anos 90. E a Odete ia para. Na o ia a …

E com muito orgulho e uma grande satisfaça o que me associo a esta homenagem que o Instituto de

Educaça o da Universidade de Lisboa lhe presta, lamentando as limitaço es de espaço a que me obrigam

– embora o talento tambe m na o me ajude – deixando-lhe o meu MUITO OBRIGADO pelo seu exemplo e

fazendo votos para que continue a honrar com a sua presença a comunidade acade mica a que perten-

ce, por muitos e longos anos e, simultaneamente, continue a abrir caminhos, com a coragem, a lucidez

e o rigor a que nos habituou.

BEM HAJA!

Seu admirador confesso

Vítor Manuel Trindade

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Marina Serra de Lemos Professora Associada da FPCEUP

Homenagem ao Professor Albano Estrela

Existem alguns acontecimentos na vida das pessoas que, apesar de fortuitos, sa o suficientemente significativos para mudar as nossas percepço es acerca de formas de estar na vida, de encarar certos acontecimentos, certas relaço es e ate mesmo de entender certas a reas tema ticas.

O meu encontro com o Prof. Albano Estrela como assistente e aluna de doutoramento na FPCEUP constituiu um desses acontecimentos. A sua influe ncia viria a revelar-se bem mais profunda e dura-doura do que se poderia esperar. E mesmo justo dizer que viria a espalhar-se de forma progressiva e consistente a outras Universidades e Polite cnicos do Norte do Paí s, sendo ainda hoje visí vel a sua mar-ca indele vel.

Do ponto de vista das abordagens a construça o do conhecimento cientí fico, o Prof. Albano Estrela revelou-se, na o raro, a frente do seu tempo, lançando pistas e traçando linhas ainda hoje de grande actualidade.

Destacaria a este propo sito a metodologia da investigaça o. A ideia de que a funça o da metodologia e garantir a consiste ncia entre o abstracto e o concreto, entre o teo rico e o empí rico, mantendo um con-tacto pro ximo com os feno menos em estudo, e especialmente bem evidenciada e ilustrada no trabalho do Prof. Albano Estrela. Esta ideia tem sido uma importante dimensa o da minha pro pria investigaça o na a rea da motivaça o em educaça o. Quer os princí pios orientadores metodolo gicos, quer a acentuaça o de conceitos com eles relacionados, tais como os de contexto, finalidade, funça o, viriam a adquirir uma importa ncia crescente e um desenvolvimento acentuado no contexto de influentes perspectivas tais como a teoria da acça o.

Uma outra faceta da pertine ncia e actualidade do seu pensamento e a valorizaça o da inscriça o socio- -relacional do ensino-aprendizagem, como forma de compreensa o dos processos de significaça o e de construça o de conhecimento. Esta valorizaça o da interacça o social na aprendizagem assume ainda uma outra forma, u nica, no Prof. Albano Estrela: ele pratica-a. Alia s, as nossas teorias parecem sempre de algum modo fragmentos das nossas pro prias vive ncias. Diria que, neste sentido, o Prof. Albano Estrela funciona como um “outro social intencional”. Organiza intencionalmente a(s) experie ncia(s) dos outros. E faz isto sobretudo atrave s da interrogaça o; interrogando, amplia a realidade objectiva. Nesta medida revela-se um co-constructor da aprendizagem dos outros.

Uma outra caracterí stica do Prof. Albano Estrela e o seu lado criativo, a ironia, o constante brincar. Esta forma de estar e de agir tem entre outros um efeito fundamental de explicitaça o da dimensa o simbo lica (das coisas); cria novos significados, permite trabalhar mu ltiplos significados. Atrave s do humor consegue tambe m, de uma forma u nica, conjugar uma grande profundidade e leveza, num vai-ve m entre planos, entre significados. Ele pro prio e multifacetado: professor, investigador, gestor, orga-nizador, escritor.

Esta capacidade de trabalhar significados mu ltiplos teve tambe m, mais recentemente, traduça o numa outra a rea. De facto pudemos assistir a concretizaça o de uma das interessantes facetas da multiplicida-de de compete ncias do Prof. Albano Estrela: a de escritor de contos. Este aspecto, pore m, na o constitui uma verdadeira surpresa para quem com ele tem privado. Representa apenas a passagem ao papel de um enorme reposito rio de vive ncias que o Prof. Albano Estrela foi elaborando, congeminando e, de forma mais ou menos explí cita, revelando nos mais variados actos. Ler os seus livros e revisitar a nos-sa pro pria relaça o com o autor e a sua relaça o inquieta com o passado. O co mico ou ate mesmo hilari-ante drama de algumas personagens despertam em no s um impara vel sentimento de solidariedade, quase de compaixa o. Em todo o caso, de simpatia.

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Para terminar na o poderia deixar de referir o seu importante papel de impulsionador e organizador em particular na formaça o de professores e na dinamizaça o de associaço es que sa o marcos histo ricos das Cie ncias da Educaça o em Portugal, como a SPCE, cujo 1º congresso decorreu no Porto, em Novem-bro de 1989, ou a AIPELF/AFIRSE.

Em suma, a latitude dos seus interesses, a riqueza e estí mulo do seu pensamento, a per-tine ncia das suas iniciativas (empreendi-mentos, organizaça o,...) e a sua capacidade para integrar questo es cientí ficas, pedago gi-cas e litera rias sa o os marcadores da sua ilus-tre carreira.

Fazer parte dela e uma grande honra e um enorme prazer.

Porto, 27 de Junho de 2015

Anabela Figueiredo Assistente Técnica da Faculdade de Psicologia

O Professor Albano, o que posso dizer?

Um Senhor simpa tico, com um coraça o do tama-nho do mundo e com muito sentido de humor!

Lembro-me que quando vim a entrevista, estava ta o nervosa que quando saí da sala disse a umas colegas que na o ia ter nenhuma hipo tese de ser selecionada, mas so o facto de ter sido entrevista-da pelo Professor Albano Estrela ja tinha valido a pena ter concorrido!

Algum tempo depois tive o privile gio de traba-lhar diretamente com ele no Secretariado, en-quanto Presidente do Conselho Diretivo da FPCE e guardo muito boas recordaço es desse tempo.

Guardo tambe m a lembrança de ele ser a u nica pessoa que me tratava e trata por Ana.

No s fazemos anos no mesmo me s com um dia de diferença e alguns anitos tambe m…, fazí amos questa o de bebermos um cafe juntos para cele-brar!

Ha muito mais coisas para dizer, mas de momen-to na o me lembro, so sei que nunca vou esquecer o SENHOR PROFESSOR ALBANO ESTRELA.

Muito obrigada, Professor!

Cristina Zukowsky Tavares Coordenadora do Curso de Pedagogia, UNASP-SP

Gostaria muito de estar presente na

homenagem ao professor Albano Estrela. Aprecio e respeito seu trabalho ha muitos anos aqui do Brasil. E combinando com professora Maria Teresa Estrela representam para mim professores e pesquisadores que trouxeram essencial contribuiça o ao campo das cie ncias da educaça o.

Abraços fraternos

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Cecília Galvão Professora Catedrática do IE-ULisboa

À Professora Maria Odete Valente

Comecei a escrever, tentando fazer uma cronolo-gia, mas depressa abandonei esse registo, porque a Professora Odete Valente tem uma ligaça o ta o forte a todo o meu percurso profissional que a passagem para um registo personalizado foi mui-to fa cil.

Quando entrei para o mundo da educaça o em cie ncias, nos anos oitenta, ainda como professora de biologia do ensino secunda rio, a refere ncia maior era a Professora Odete Valente. Quando entrei para o Departamento de Educaça o da Fa-culdade de Cie ncias, dez anos mais tarde, o nome da Professora Odete trazia associado uma carga de inovaça o pouco vulgar nessa e poca, concreti-zada no Projeto sobre as Mulheres e as Novas Tecnologias e no Projeto Dianoia. A metacogniça o ganhou uma dimensa o importante que se foi per-petuando em teses de mestrado e de doutora-mento, ao longo de anos, e concretiza-se cada vez mais nas dimenso es reflexivas que queremos que os professores (e todos no s) desenvolvam sobre a pra tica.

Todo o meu percurso dentro do Departamento de Educaça o ficou ligado a essa figura maior, a Professora Odete esteve sempre presente nos va rios momentos da minha carreira e era a pes-soa que se destacava sempre na luta pela afirma-ça o da Educaça o e do Departamento. Mulher de partilha de ideias e de desabafos, quantas vezes com ela partilha mos conquistas e derrotas! Fica-ram comigo as grandes reflexo es sobre Educaça o, sobre o futuro do Departamento e a formaça o de professores, as reunio es de Departamento, as longas reunio es da Comissa o Cientí fica, a Coorde-naça o do Centro de Investigaça o em Educaça o, a Revista de Educaça o. Mas tambe m a partilha da revolta quando regressava de reunio es da Comis-sa o Coordenadora da Faculdade de Cie ncias, par-ticularmente difí ceis, e que so percebi de facto quando me confrontei com a mesma agressivida-de de alguns colegas que nunca entenderam a necessidade do Departamento de Educaça o. Feliz-mente havia outros mais esclarecidos, com quem trabalha vamos bem e com quem fomos cons-

truindo alguns projetos e ideias interessantes. Mas a Professora Odete foi a pioneira dessa luta, sem ela talvez o Departamento de Educa-ça o nunca tivesse existido e assim talvez o Instituto de Educaça o na o fosse possí vel. Nunca sabemos quais as conseque ncias se o passado tivesse sido diferente, nem e isso que esta em causa. O que interessa e que a sua vontade indoma vel, porque acreditava numa causa, determinou o nosso presente. Com ela construí -mos uma famí lia dentro do Departamento de Educaça o, nem sempre consensual, com vozes muitas vezes discordantes, mas, por isso mes-mo, com liberdade para discutir e trocar ideias que nos foram ajudando a avançar. E o nome e a pessoa da professora Odete Valente sa o indis-socia veis do Instituto de Educaça o e de tudo o que temos alcançado. Muito obrigada por tudo o que me proporcionou, ate em momentos bem particulares da minha vida pessoal. E uma ale-gria de cada vez que a encontro e penso sempre que gostaria de ve -la ca , no Instituto de Educa-ça o, mais vezes.

Um beijinho

Cecília Galvão

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Elisabete Oliveira Professora Auxiliar Aposentada do IE-ULisboa Atual investigadora voluntária no CIEBA - FBAUL

PARA O DIA DO IEUL, 2015.07.08 À PROFESSORA ODETE VALENTE (OV) MOMENTOS DE VIDA CRUZADOS

Em 1953-58, OV estava noutra turma de emblema verde no Liceu D. Filipa de Lencastre; mas ja se destacava entre duas centenas e conhecí amo-nos.

No Liceu Normal de Pedro Nunes, onde eu estagiara com Beta mio de Almeida, encontrei OV em alto ní vel no exigente esta gio com Ro mulo de Carvalho. Depois, foi o seu salto veloz para o Doutoramento nos EUA.

Guardo a lembrança da resilie ncia de OV quando, por assumir o posicionamento militante polí tico e cientí fico da mudança, dos professores desse tempo, foi forçada a trocar Lisboa por Coimbra, no ensi-no. E mesmo no po s-25 de Abril, ao reencontrarmo-nos na criaça o da Reforma Curricular, os obsta cu-los prosseguiram: em 1976, na volta das fe rias de vera o, tinham sido alterados os Programas criados para Histo ria e Cie ncias Fí sico-Quí micas, este proposto por OV e que, por ser considerado demasiado avançado, era remetido para escassas turmas experimentais.

Depois, revelou-se-me o pioneirismo determinado de OV, nas de cadas de construça o da Educaça o em Cie ncias, na FCUL, que ela ja avançara quando, na FPCEUL, eu acompanhava a luta de Albano Estrela para criar as Cie ncias da Educaça o. E a estrutura desenvolvida por OV na FCUL cresceu rizomatica-mente em Mestrados e Doutoramentos, abrindo-se as Cie ncias e a Pedagogia a Tecnologia.

Volta mos a cruzar-nos tambe m na criaça o de Secço es-SPCE que Albano Estrela impulsionara; e em inu meras situaço es ligadas a disseminaça o da sua dina mica visa o educacional, em Comunicaço es e vasta obra publicada.

Assim, expresso o meu reconhecimento do valor da vida profissional de OV, de lutadora determinada, estruturante e inovadora; e da coragem com que – tambe m na sua vida pessoal –, arrostou com a per-da imprevisí vel, sempre construindo e irradiando… Tornou-se um referencial de qualidade humana; compete ncia cientí fico-pedago gica; eco-compatibilizaça o sustentada; resilie ncia e esperança.

BEM-HAJA!

Com apertado abraço de PARABE NS, consideraça o e muita estima,

Elisabete Oliveira ([email protected])

Olga Pombo Professora Auxiliar com Agregação da FCUL

Foi com mulheres assim que o mundo foi feito.

É com mulheres assim que o mundo poderá ser melhor!

Olga Pombo, Junho de 2015

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Elisabete Oliveira Professora Auxiliar Aposentada do IE-ULisboa Atual investigadora voluntária no CIEBA - FBAUL

PARA O DIA DO IEUL, 2015.07.08 AO PROFESSOR ALBANO ESTRELA (AE) MENSAGEM DA SUA PRIMEIRA ASSISTENTE

Em 1985, vinda da preparaça o para o PhD no IE da Universidade de Londres, em interacça o interna-cional – e ja com vinte anos de doce ncia, planificaça o e formaça o de professores no Ensino Secunda rio –, em dia logo com a Professora Maria Teresa Estrela, fui encaminhada para AE, tornando-me na sua primeira Assistente nas aulas em Psicologia, na R. Pinheiro Chagas. Se no Esta gio de ’65-’67, com Beta -mio de Almeida, ja acontecera um abrir de horizontes culturais este ticos e o enraizamento de uma visa o criativa em Arte-Educaça o, o que resultaria de mais vinte anos, na FPCEUL, com AE?

O entretecer das aprendizagens com o seu saber e a sua acça o, tera começado pela singular proximi-dade do seu dia logo com todos, a cada situaça o. A confiança no desempenho do outro e liberdade de cada um resolver o emergente, agigantava neste a capacidade de assumir responsabilidades, respon-der a s necessidades e crescer-em-processo; e consciencializava a investigaça o-acça o com contí nua avaliaça o.

Seguiram-se a liça o de serviço pu blico cientí fico-educacional, criatividade e determinaça o, que leva-ram AE a lançar as Cie ncias da Educaça o a partir do Mestrado, no espaço do gaveto da Av. do Brasil, ta o escasso que aulas houve iniciadas no vestia rio da Sala dos Doutoramentos da UL; e a energia irra-diante que entusiasmava todos os privilegiados que participavam neste empreender.

O pioneirismo determinado de AE proliferaria em Mestrados, Doutoramentos e Projectos, em conve -nios com as Universidades da Madeira e dos Açores; com o Luxemburgo e outros parceiros internacio-nais; trazendo-nos colaboraço es de A. de La Ordem, Municio, Miallaret, Hameline, Angulo, G. Landeshe-ere ou Berbaum… A investigaça o foi-se espraiando e aprofundando; e, fruto da sua observaça o sagaz e operacionalidade, na o havia tese cujas Referências Bibliográficas na o incluí ssem a sua Bíblia Amarela, de 1984 (Teoria e Prática de Observação de Classes), instrumentos oferecidos a mil e uma adaptaço es… Ate recordo que lhe ofereceram uma festa, com a Bí blia em forma de bolo!

O desafio que talvez nos tenha inculcado mais profundamente, para a vida, tera sido a agilidade para o imprevisto ou a su bita mudança do a ngulo de ana lise – nele, ora com ternura quase paternalista, ora com ambiguidade ou ironia na o fracturante: precursor da visa o da complexidade, pelo dia logo e em recursividade, tambe m no seu quotidiano se encontrava a hologramaticidade, de tudo ter a ver com tudo… Talvez por isto, e pela sua abertura cultural, muito em especial ao cinema, AE se tenha vindo a realizar tambe m na escrita ficcional, aparentemente inesperada mas em natural continuidade: em poesia, novela e, sobretudo, no Conto: na mestria do fluir com suspense, do trans-planar de associa-ço es com originalidade e finais surpreendentes – que ja lhe notava em leitura de 1996 –. Daí nos ficam imagens como a do impulso do homem para dar o salto (da ponte); Um táxi católico? ou o erotismo da sua Mercedes, os sentidos despertos na busca do sentido; ou a escola-caserna (O Mapa dos Sabores) – a reflexa o deste Conto partilhada na Crónica-on-line perio dica –. Neste primeiro livro, de 1994, revela como emergiu o vício de adolescente, da poesia, em Os três dias mais longos; e partilha algumas chaves: o diálogo intermitente com o público (…) auscultar e escrever; conhecer a essência do homem através do

espelho da arte – e na o e tambe m isso, o que tentamos, neste para grafo da nossa Mensagem? –; (…) Ao

aceitar o que desconheço em mim, passei a estar mais atento aos outros, a aceitá-los no que são e que eles

ainda não sabem que são. Talvez seja esse o sentido da mudança…

Sobre o tempo, repara: Veja bem o que sete segundos podem fazer à vida de um cristão… (Sete, Meu

Amor, Sete); em dois Andamentos: A vida é sonho (…) Os sonhos vida são (A minha vida por um sonho). E

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tem sabido ser como aquele que soube fazer da

sua vida uma procura incessante do fantástico

que liberta da banalidade do quotidiano que nos

asfixia. Por isso, se tera encontrado com o chinês (…) o meu anjo protector que me segue

dia e noite (…) ele habita dentro de mim. Ele sou

eu! (…) E quanto mais o meu corpo se transfor-

ma, mais fundo desce em mim o ser inominável,

a quem eu, por simplificação, chamo anjo da

guarda. A amparar-me nesta caminhada até à

morte – porta aberta à eternidade. (O homem

em trânsito.)

inesgota vel para a nossa caminhada vital. Da dimensa o profissional disse: Nestas coisas da

cias feito… (a escola-caserna. O Mapa dos Sa-

bores). Temos podido VER, vividas, estas expe-rie ncias de AE – das minimezas a s grandes realizaço es –, prosseguidas num quotidiano de vinte anos apo s o começo que referimos; e mais dez, po s-aposentaça o:

– (1) Na passagem para a nova casa da FPCEUL, apoiando a consulta que o Arquitecto Tainha fez, a Professores, Estudantes e Fun-ciona rios, validando o Projecto que, construí -do – apesar de ainda estar omissa uma ala – mereceu o pre mio Valmor. (2) Na fundaça o e impulso das Secço es e Congressos da SPCE e da AFIRSE-AIPELF (actual AFIRSE Portugal), donde emanaram dezenas de volumosos Li-vros, em contí nua actualizaça o, internacional-mente contextualizada – ale m da sua pro pria Bibliografia –. (3) Na gesta o da FPCEUL e dos seus recursos humanos e materiais. (4) Na mediaça o, de longos anos, para que a ESBAL viesse a incorporar-se na UL e a Arte-Educaça o pudesse, em parceria com a nova FBAUL, formar Professores-Mestres e Douto-res. (5) Para a criaça o de numerosos Mestra-dos, Doutoramentos e Po s-Doutoramentos em

nais, orientando dezenas de Teses e integrando muitos mais Ju ris. (6) Na germinaça o do concei-to de Instituto de Educaça o, na base do actual IEUL. (7) Na formaça o, semanal por vezes, da equipa docente, congregando Pares (Doce ncia e Investigaça o). (8) Na iniciativa editorial, reunin-do textos cientí ficos de Colegas; mas tambe m facilitando a publicaça o da obra de ficça o des-tes.

Pelo que evoca mos, expressamos a nossa grati-da o; e ainda, especificamente na nossa Investi-gaça o, pelo saber e fortalecimento, nas nossas Provas:

– (1) Supervisa o, quando em 1992 – dezanove anos apo s termos integrado um Ju ri de Exame de Estado (na equipa de Beta mio de Almeida), tivemos de realizar Provas de Aptida o Cientí fica e Capacidade Pedago gica na FPCEUL. (2) Enca-minhamento para a Supervisa o por Berbaum, quando tivemos de transferir o nosso projecto de Tese de Doutoramento do ULIE-UK para a UL, onde viemos a termina -la em 2005 com Supervisa o de Sara Bahí a, apo s a morte de Ber-baum, tendo AE integrado o respectivo Ju ri.

Por toda a partilha convivida e pela sua obra: BEM-HAJA! Com a Professora Maria Teresa Estrela, muito presente, e os seus.

E sua a receita: a busca da libertação da banali-

dade do quotidiano que nos asfixia. Sa o seus os instrumentos: estar mais atento aos outros, a

aceitá-los no que são… E o anjo: esta em si!

Com apertado abraço de PARABE NS, conside-raça o e muita estima,

Elisabete Oliveira ([email protected])

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A. Reis Monteiro Professor Auxiliar com Agregação do IE-ULisboa

A Maria Odete Valente é uma admirável militante das causas do direito à educação. Uma mulher de grandes valores e tantos afectos.

A sua abertura ao possível e à alteridade é uma das melhores memórias que guardo dos 25 anos em que fomos colegas de tra-balho no Departamento de Educação da FCUL.

É com seres humanos como Maria Odete Valente que a combatividade, a generosi-dade e a amabilidade vão humanizando a vida neste mundo…

Maria Helena Salema Professora Auxiliar Aposentada do IE-ULisboa

Conheci a Professora Maria Odete Valente em 1985, no 1º curso de Mestrado em Educaça o na FCUL. Foi a minha orientadora na tese de Dou-toramento. Depois continua mos a colaborar no trabalho de investigaça o, em projetos nacio-nais e internacionais.

As minhas palavras na o sa o suficientes para expressar o respeito, a admiraça o e a amizade que tenho para com a Professora Maria Odete Valente.

No ensino: inspirou o caminho da inovaça o pedago gica.

Na investigaça o: o gosto, o rigor e a aventura da descoberta do conhecimento.

Na amizade: a alegria e o calor humano do conví vio acade mico.

Na pessoa: a liberdade, a tenacidade, o sonho.

Bem haja.

Maria Helena Salema

Florbela de Sousa Professora Auxiliar do IE-ULisboa

M. O. V., como costuma assinar, sempre me

surpreendeu pela premoniça o da sua liderança.

M. O. V. (e pur si muove) forte visa o e crença na educaça o.

M. O. V. a cidada : “Educar para a cidadania pode ser educar o olhar sobre o outro”.

M. O. V. a mulher e as cie ncias: ”Educar para a cidadania pode ser desvendar, tentar compreender e entender as meta foras e as fala cias, e na o desistir de procurar compreender o que esta por detra s de cada teia…”

Com amizade

Florbela de Sousa

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Joaquim Sá Professor Associado Aposentado da Universidade do Minho

EM HOMENAGEM À PROF.ª ODETE VALENTE

Neste dia da justa e merecida homenagem do Instituto de Educaça o de Lisboa, quero, perante a co-munidade acade mica, dizer da grande estima, admiraça o e amizade que sempre nutri pela Professora Odete Valente, nestes ja longos anos em que as nossas vidas se cruzam.

Um lampejo de empatia incandesceu naquele Outubro de 1979 em que frequentei a cadeira de Meto-dologia da Fí sica. Eu acabava de ingressar no 4º ano do curso depois de 3 anos de desencanto com a vida universita ria… Porque eu na o tinha espí rito para aquela desertificaça o humana no relacionamen-to dos docentes com os alunos.

Com a Professora Odete foi diferente, logo na primeira aula. Dispor-nos numa mesa em U, falar-nos de forma sorridente e afectuosa, dar-nos a palavra para nos expressarmos foi u nico e extraordina rio… ate a quele momento. Apoderou-se de mim um contentamento interior que ainda na o tinha experienci-ado na universidade – senti que ali começava uma vida nova: uma paixa o pela educaça o.

Aproveitei o ensejo para dar largas a minha vontade de falar: expressar ideias, pensamentos, senti-mentos… Percebi que vivia amarfanhado, e que a minha vitalidade interior se expandia de novo sob mu ltiplas formas.

As conversas com a Professora Odete continuaram para ale m das aulas. Na o posso deixar de lhe agra-decer o luxo que foi partilhar o seu gabinete em longas conversas, quando eu ainda era um jovem estudante universita rio. Senti-me lisonjeado e privilegiado. O que era para mim fascinante era a diver-sidade de temas de que fala vamos e o quanto eu me sentia intelectualmente estimulado.

Tornei-me assim, naturalmente, um dos seus discí pulos, seguindo-se a Dissertaça o de Mestrado e depois a de Doutoramento. Todo esse percurso foi para mim uma experie ncia muito enriquecedora. E a medida que eu melhor conhecia o mundo acade mico, a Prof.ª Odete permanecia, no meu espí rito, com crescente nitidez, a minha principal refere ncia do ponto de vista intelectual, e tico e humano.

Mesmo quando estamos muito tempo sem trocar uma palavra, tenho-a no meu pensamento. E quan-do tenho uma novidade para partilhar, depois da minha famí lia, e com a Professora Odete que me ocorre faze -lo. Continuo ainda hoje a sentir a sua compreensa o e estí mulo.

Terminei a minha carreira acade mica muito precocemente, por razo es que na o sa o as da minha von-tade. As razo es sa o as da exiguidade do espaço para a liberdade de pensamento, a independe ncia de espí rito e a honestidade intelectual nas nossas universidades.

Nas actuais circunsta ncias e com emoça o que conservo muito viva a recordaça o do seu profundo apreço pela liberdade e independe ncia intelectual que sempre exerceu e cultivou nos outros. Estou- -lhe muito grato por isso.

Quando essa liberdade me foi coarctada, muitas vezes me senti o rfa o... Mas e esse mesmo espí rito que hoje me continua a animar em novos projectos muito desafiadores.

Oxala esse seu exemplo de liberdade e independe ncia frutifique e muito tera a Universidade a ganhar. Porque na o existe criaça o sem liberdade de pensamento.

Um grande abraço.

Joaquim Sá

Braga, 5 de Julho de 2015

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João Amado Professor Associado da FPCE-UC e Colaborador da UIDEF

O Professor Albano Estrela, ao longo de toda a sua vida, tem vindo a deixar marcas indele veis na histo ria de vida de todos aqueles que, nas mais diversas situaço es, tiveram a sorte de com ele se cruzar. Aos que, como eu, coube o privile gio de o acompanhar ao longo de muitos anos (no meu caso, primeiro como aluno, e depois como colaborador), tera acontecido, por certo, darem consigo mesmos a toma -lo como refere ncia, quer na exige ncia e no rigor do trabalho cientí fico, quer na busca fecunda de outros a ngulos a partir dos quais os temas, os acontecimentos, a realidade em geral, pode ser vista, e na o simplesmente olhada; mas tambe m, a considera -lo como modelo na abertura aos outros, na capacidade de os ouvir, na gentileza e simpatia do trato, na generosidade e disponibilidade para ajudar e colaborar. Um conjunto de qualidades que fazem dele um Grande Ser Humano, para ale m do Cientista e Acade mico. Mas o Professor Albano na o nos deixava (e na o deixa, ainda) de surpreender igualmente pela forma simples, despreocupada e original com que dava (da ) a volta a s pequenas coisas… e nesse aspeto, muitos sera o os “incidentes crí ticos” que todos no s podemos partilhar e que nos dira o, talvez melhor do que qualquer outro “dado”, quem foi e quem e este Mestre e este Homem. Deixo aqui o registo de um desses possí veis e singelos “incidentes” que, a serem reunidos, haveriam de constituir a melhor informaça o para compreendermos e interpretarmos esta personalidade í mpar e, talvez ate , heterodoxa.

Em determinado dia, no iní cio dos anos 90, o Professor Albano veio a Coimbra proferir uma confere ncia sobre Formaça o de Professores na Faculdade de Letras. Supostamente viria do Porto onde, na ve spera, tinha estado em trabalho, e eu esperava-o na Estaça o Velha para o levar, depois, ao local da confere ncia. Logo que nos encontra mos, o Professor, com a sua usual bonomia, perguntou:

— O Joa o, tens uma camisa que me emprestes?

De facto, logo que o vi descer do comboio, e como bom conhecedor da cultura coimbra , estranhei que fosse conferenciar, vestido de simples camisete, para a Faculdade de Letras. E, claro… eu na o tinha, nem se esperava que tivesse, uma camisa que lhe servisse! A pergunta mais na o era do que forma de o Professor manifestar a sua preocupaça o. Fomos, de imediato e a correr para uma camisaria do Centro Comercial da cidade. E com ajuda da simpa tica empregada, num ambiente de descontraça o e bom humor, que so o Professor sabia criar, la se escolheu uma camisa. A empregada tirou-lhe os alfinetes, o Professor experimentou-a no vestia rio … servia na perfeiça o. Faltava uma gravata … mais uma vez, com a cooperaça o da empregada (visivelmente surpreendida e ate um pouco embaraçada com o a vontade daquele cliente, por mim naturalmente tratado por Professor), foi escolhida gravata a condizer. Tudo envergado e posto no sí tio (– ja na o sei quem tera feito o no ao dito adereço…) e, finalmente, aconchegado sob um casaco meio engelhado que tirou de um saco de pla stico (u nica bagagem que transportava, ale m do jornal), o Professor foi-se ver ao espelho e exclamou, satisfeito e gaguejando a seu modo:

— Ah! Agora ja pareço um Doutor!

Pagou e avança mos para a Faculdade, com um ligeiro atraso. Mas o Mestre seguia conforta vel e confiante para a sua palestra, certo de que satisfazia plenamente aquilo que em Coimbra, pelo menos a e poca, era exigido: na o bastava ser Doutor… era necessa rio, tambe m, parece -lo!

João Amado

Universidade de Coimbra

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Cleoni Fernandes PUCRS (Brasil), tripeira de coração

Ao retornar ao tempo de meus estudos de po s-

-doutoramento na U.Porto, sob a orientaça o da Profª Carlinda Leite, vivi a alegria de conhecer pessoalmente o Prof. Albano Estrela, para ale m da leitura de seus livros. Emerge hoje a lem-brança do ra pido conví vio em fevereiro de 2009, no evento da AFIRSE. A forma como fui acolhida traz para mim a ideia de que saudade e presença na ause ncia de quem nunca partiu, pois a sua obra e as suas atitudes esta o entra-nhadas em aprendizagens que nos fazem me-lhores.

Com afeto,

Cleoni Fernandes

Carlinda Leite Professora Catedrática Aposentada da FPCEUP

Conheci o Professor Albano Estrela

Conheci o Professor Albano Estrela quando era uma jovem orientadora de esta gio de pro-fessores de Cie ncias da Natureza. Na o recordo o ano em que isso ocorreu mas deve ter sido no final dos anos 70, princí pio dos anos 1980. Na altura na o se falava ainda entre no s de supervi-sa o pedago gica – ou pelo menos essa na o era uma expressa o que fizesse parte do meu voca-bula rio –, mas tenho ainda bem presente o modo como o curso que realizou para orienta-doras de esta gio me despertou a atença o para questo es hoje consideradas inovadoras no campo da supervisa o. Tenho a impressa o que nunca lhe falei desta marca que em mim teve. Faço-o agora para que o Prof. Albano saiba a importa ncia que teve no iní cio da minha carrei-ra profissional como formadora de professores. Com ele aprendi a importa ncia da observaça o de situaço es educacionais, o cuidado que ha que ter para na o se cair em generalizaço es apressadas e a importa ncia que pode ter para a formaça o um dia logo partilhado e comprometi-do sobre observaço es de pra ticas pedago gicas.

Mais tarde tive a oportunidade de conviver mais de perto com o Professor Albano e de o reconhecer na sua criatividade e capacidade de planeamento e no espí rito de abertura a outras ideias. Com ele estive envolvida na Sociedade Portuguesa de Cie ncias da Educaça o e por ele fui cada vez mais desenvolvendo uma enorme amizade que hoje aqui quero publicamente deixar expressa.

27 de junho, 2015

Marcel POSTIC Professeur honoraire des Universités de Rennes II et de Nantes

Message du Professeur Postic à l’occa-sion de l’hommage au Professeur Albano C. Estrela

du 8 juillet 2015

Nous nous connaissons, Albano et moi, depuis son séjour à Caen, au sein de l’Université de Caen. Nous n’avons pas cessé de correspondre, d’échanger nos publications, de partager nos idées et d’exprimer notre amitié.

A l’Université de Lisbonne où je suis venu de nombreuses fois pour assurer des séminaires de recherche et faire des cours et des conférences, j’ai pu appré-cier non seulement sa rigueur scienti-fique mais aussi son ouverture à toutes les formes d’expression culturelle. Il est un parfait humaniste.

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António Neto Professor Associado com Agregação do Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora

É muito importante que a gente pense que a criança que está na sala de aula não é nem a criança do

psicólogo, nem a criança do sociólogo, nem a criança do filósofo, nem a criança do antropólogo. É uma

criança deles todos, mas que, depois de tudo, é um aluno que, pelo facto de ter sido metido dentro da

instituição escola, passou a ser uma nova figura. É o aluno! (Maria Odete Valente, 1991)

Esta visa o ecle tica e integradora de saberes que, a meu ver, carateriza o pensamento pedago gico e a pra tica

educativa da Prof.ª Odete Valente, constitui uma das marcas idiossincra ticas mais salientes e, simultanea-

mente, para mim mais gratificantes, porque verdadeiramente transformativa, que dela retenho, enquanto

minha orientadora de doutoramento. Como grande responsa vel em Portugal pela afirmaça o do campo da

Dida tica das Cie ncias, a Prof.ª Odete, no seu papel de pioneira nesta missa o, foi realmente capaz, com a ousa-

dia que so os pioneiros sabem mobilizar, de ajudar a edificar este campo, e por conta gio as pro prias cie ncias

da educaça o, como um espaço integrador de saberes, mas uma integraça o reconstruí da, uma produça o nova,

para a qual contribuem as cie ncias auxiliares da educaça o que, estudando o aluno como facto, ajudam a Di-

da tica a estuda -lo como ato. A Prof.ª Odete sempre recusou, nesse sentido, uma Dida tica confinada a simples

transposiça o do conhecimento cientí fico da especialidade, ainda que eventualmente suportada numa pano -

plia de te cnicas supostamente apropriadas.

Mas, dada a emerge ncia relativamente recente deste campo epistemolo gico, compreende-se que, por vezes,

se verifique algum desfasamento entre o pluralismo epistemolo gico e metodolo gico para que apontam as

novas filosofias das cie ncias e o monolitismo que, a esse respeito, caracterizava a corrente positivista, sobre-

tudo na sua fase mais radical, a do positivismo lo gico. Deteta-se ainda, com efeito, na investigaça o em Dida ti-

ca das Cie ncias, alguma obsessa o pela “cientificidade”. Essa e , pore m, uma cientificidade contemporanea-

mente descontextualizada, em que, muitas vezes, parece na o se ter em conta o facto de haver muitos saberes

mobilizados para a aça o educativa que na o sa o, nem podem ser saberes de tipo cientí fico − sobretudo do

modelo positivista do conhecimento cientí fico. Essa foi sempre a convicça o de Maria Odete Valente, como

bem o ilustram as palavras por ela proferidas quando, a propo sito do estatuto epistemolo gico da Dida tica,

escrevia:

A didáctica é uma sabedoria feita de filosofia, feita de ciência, feita de estética, feita de intuição, feita de

capacidade de engenharia, de projecto de novas dinâmicas. E, portanto, é uma maneira humana superior

à de fazer ciência, à de fazer arte; é tudo isto engendrado numa capacidade que se revela melhor para a

intervenção que se deseja. (Valente, 1991)

Trata-se de uma perspetiva que na o retira a dida tica cientificidade; o que necessariamente tem de ser e

uma cientificidade reconfigurada, colocada em fase com os sinais dos tempos.

Cruzei-me por acaso va rias vezes com a Prof.ª Odete ainda nos anos gloriosos da de cada de 70 do se culo

passado, perí odo em que o ano de 74 e naturalmente marco proeminente. Isso aconteceu nos corredores do

Departamento de Fí sica da velhinha Faculdade de Cie ncias de Lisboa, a Escola Polite cnica, onde eu frequen-

tava a Licenciatura em Fí sica, Ramo de Microfí sica. Atrave s de testemunhos de outros colegas que tinham

optado pelo Ramo Educacional do curso, ia tendo conhecimento das atividades que iam sendo desenvolvidas

nas exí guas instalaço es destinadas a a rea da Metodologia da Fí sica, coordenada pela Prof.ª Odete. Desses

colega, lembro-me, por exemplo, da Maurí cia Oliveira, da Clementina Miranda, da Ze Bra s Martins, da Lucí lia

Pinho ou do Ví tor Teodoro. No s, os que nos tí nhamos orientado para uma fí sica mais “dura”, olha vamos para

o que se passava naquele pequeno gabinete das metodologias com um misto de curiosidade e sobranceria.

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Mas o que na o poderí amos na altura antecipar

era que, devido ao í mpetus inovador e a ousadia

da Prof.ª Odete o que ali estava a germinar era o

que viria a tornar-se no pujante Departamento

de Educaça o da Faculdade de Cie ncias, ja com as

suas novas instalaço es ao Campo Grande.

No anos 80, exercendo eu funço es docentes,

como assistente convidado, no Departamento de

Pedagogia e Educaça o da Universidade de E vora,

colocou-se-me a possibilidade, muito por estí mu-

lo do enta o Presidente do Departamento, Prof.

Manuel Patrí cio, de vir a realizar Doutoramento,

mesmo sem antes ter tirado mestrado. E claro

que o primeiro nome que logo surgiu como po-

tencial orientador foi o da Prof.ª Odete. Tendo

esta manifestado a sua disponibilidade, começa -

mos a trabalhar num tema que cruzava a resolu-

ça o de problemas de fí sica com a dimensa o do

pensamento criativo, linha que na altura repre-

sentava uma das principais apostas de investiga-

ça o da Prof.ª Odete. Fiquei bastante entusiasma-

do com o tema. Quem podia ficar insensí vel a

estudos focados na criatividade, ainda para mais

numa disciplina que, para muitos alunos, na o

passava (como hoje ainda na o passa!) de uma

aute ntica “seca”? Mas, confesso, o entusiasmo foi

um pouco esmorecendo, quando fui confrontado

com a necessidade de pensar nos instrumentos

de recolha de dados, em particular nos famosos

testes de pensamento criativo, como os de Tor-

rance. Mas, felizmente, a Prof.ª Odete, soube

intervir cirurgicamente. Entretanto, ela pro pria

se tinha entusiasmado com o campo dos thinking

skills, em particular da metacognição, domínio em

que mais uma vez seria pioneira em Portugal. E

nesse a mbito que surge o importante e influente

Projeto DIANOIA. Embora eu na o tivesse feito

parte formalmente da equipa do projeto, pude

beneficiar dos seus recursos (materiais e huma-

nos) e dos seus produtos. E o meu tema viria a

adquirir forte multidimensionalidade, ja que

tinha de cruzar a Fí sica, nomeadamente a desig-

nada Fí sica Qualitativa, o campo da metacogni-

ça o, sem ignorar as questo es do pensamento

lo gico-matema tico e, como pano de fundo, o

aprender a pensar.

So uma orientadora com o perfil da Professora

Odete, ou seja, com um pensamento verdadeira-

mente holí stico e integrador de saberes conceptu-

ais e metodolo gicos, e que se teria responsabiliza-

do pela orientaça o de tal projeto. Mas essa tarefa

foi algo que ela acabou por desempenhar pode

dizer-se naturalmente. A visa o ecle tica, reflexiva,

problematizante e ao mesmo tempo e tica e este ti-

ca, numa palavra global, e nela estruturante.

Ja a tender para o final da investigaça o para o

doutoramento, encontrei por mero acaso, numa

Livraria de Madrid, um pequeno livrinho com o

sugestivo tí tulo “Los procesos psicolo gicos de ní vel

superior”. Era de um tal Lev Vigotsky, autor que, na

altura, praticamente desconhecia. Li o livro e fiquei

agradavelmente surpreendido, diria mesmo, per-

plexo. Praticamente todos os conceitos que consi-

derava estruturantes na minha tese estavam plas-

mados naquele livrinho! E questionei-me a mim

mesmo: na o seria Vigotsky, autor que faleceu pre-

cocemente nos anos trinta do se culo passado, um

precursor do conceito de metacogniça o, termo que

so viria a ser cunhado em meados do mesmo se cu-

lo? Mais tarde, em Inglaterra, deparo-me com tre s

importantes artigos subordinados exatamente ao

tí tulo principal: “Vygotsy as precursor of metacog-

nition”. Na o mais deixei de me interessar por este

autor. Sobretudo por valorizar nele a natureza

global, ecle tica, social e cultural da sua obra. E,

curiosamente ou talvez na o, e tambe m o que muito

valorizo no pensamento, na obra e na atitude da

Prof.ª Odete Valente. Como valorizo, e muito, a

forma como sabe ser amiga, uma amiga por inteiro:

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis

Muito obrigado Prof.ª Odete!

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Maria de Fátima Pinto Doutoranda em História da Educação, IE-ULisboa

Tive o privile gio de conhecer o Professor Alba-

no Estrela no final da de cada de 1980, quando resolvi voltar a FLUL para fazer um conjunto de cadeiras extra-curriculares, entre as quais se inte-grava a de “Introduça o a s Cie ncias da Educaça o”. Esta disciplina significou o meu primeiro contacto com teorias e metodologias da educaça o, apesar de ja lecionar desde que concluí ra a licenciatura em Histo ria, no ano de 1982.

Da “turma”, recordo a presença marcante de Maria Santos, presidente do grupo parlamentar do PEV, que liderava a participaça o oral nas aulas, onde se cruzavam temas de educaça o e polí tica com a partilha das experie ncias letivas e pedago -gicas. Do trabalho e do Professor, ficou o registo, muito interessante, da pra tica de observaça o de uma classe/turma de 8º ano, na Escola Ba sica de Telheiras: um conjunto de grelhas preenchidas com o resultado das observaço es, o teste sociome -trico, o relato rio e o “livro de capa amarela” de folhas soltas e amarelecidas pelo uso e pelo tem-po.

Saber observar e problematizar para intervir no real e avaliar de forma consciente era o principal objetivo daquela disciplina que representou para mim, tambe m, uma primeira aproximaça o das duas a reas cientí ficas que estruturaram a minha formaça o profissional: a Histo ria e a Educaça o.

Licínio C. Lima Professor Catedrático do IE da Universidade do Minho

Escreve Albano Estrela: “Se admitirmos que algue m viu Deus e dele tenha recebido uma missa o, esse algue m foi, sem du vida, Buzzati, a quem Deus teria confiado o poder de nos fazer amar a literatura e, atrave s dela, o poder de conhecer o bem e o mal que vive no coraça o do homem”.

A partilhada admiraça o por Buzzati trouxe-me a memo ria muitos momentos de dia logo e de cumplicidade, das reunio es da AFIRSE a avalia-ça o das licenciaturas em Cie ncias da Educaça o, no contexto da Fundaça o das Universidades Portuguesas e, especialmente, sob a sua coor-denaça o inteligente e sa bia, entre um finí ssimo humor, umas vezes desconcertante e outras vezes subtil e pouco acessí vel, e o rigor de um trabalho assente no dia logo e na intersubjetivi-dade, contra a alienaça o das regras burocrati-camente impostas e a assimetria das relaço es de poder entre os sujeitos em processo de avaliaça o. Coisa rara entre no s, como se sabe.

Albano Estrela, um dos precursores das Cie n-cias da Educaça o em Portugal e, simultanea-mente, o mais literariamente ilustrado e talen-toso, e um homem profundamente conhecedor da condiça o humana, que aprendi a admirar profissionalmente e, depois, como amigo, atra-ve s do dia logo intelectual e da convive ncia, sempre a margem de hierarquias supe rfluas e de atitudes reverenciais que ambos considera-mos um atentado a autonomia e a criatividade.

Por tudo isto, Albano, aqui te deixo o meu forte abraço, com a amizade e a admiraça o pelo teu amor a literatura e a tarefa da educaça o como processo cultural de humanizaça o do ser humano.

Licínio C. Lima

Braga, 2 de julho de 2015

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Clara Ferrão Tavares

Aposentada da ESE-IPSantarém

Caro Professor e Amigo, Albano Estrela

Na o estou em Portugal, no dia em que o IE da Universidade de Lisboa lhe vai prestar reconhe-cida homenagem. Estou a escrever antes de sair.

Tenho, mesmo, de lhe escrever esta mensagem para lhe agradecer o que tenho aprendido con-sigo. Refiro muitas vezes o seu nome, na o so em refere ncias de livros ou artigos, mas em contex-tos mais informais, para lamentar que, em Edu-caça o, como acontece em muitos outros cam-pos, se tenha perdido muito a vontade de aprender. Tanta gente sabe tanto sobre tudo! E aprender tambe m com «modelos»! Sei que no s pro prios, recusa mos os modelos, por va rias razo es, mas eles existem! E felizmente que ain-da existem alguns! Ha felizmente muitos Profes-sores! E o Professor Albano Estrela e um deles!

— «Dizes que vais fazer um questiona rio… isso e o que todos os que na o sabem o que va o fazer dizem!»

Na o foi directamente meu professor e, no en-tanto, sempre teve tempo e disponibilidade, mesmo para atender uma miu da que na o sabia bem como queria ser investigadora! Diverti-me tanto em Montre al, quando considerava que o «Mestre» na o se podia enganar nas ruas e an-da vamos a s voltas ate que assumi que, clara-mente, a leitura de mapas na o era o seu forte! E em outras circunsta ncias, com comenta rios, por vezes, cheios de humor, temperados pelo tom acertado (com outro tipo de ironia) da Profes-sora Teresa. Fui a muitos Colo quios, mas… o do Canada na o esqueço!

Muito Obrigada, Professor Albano Estrela

E um abraço amigo da

Clara Ferrão Tavares

Ana Paula Balão Assistente Técnica da FP-IE

Estimado Professor Albano Estrela

Ha pessoas especiais para as nossas vidas, ou-tras importantes, rarí ssimas, indispensa veis. Algumas fazem-nos felizes, muitas fazem-nos rir, outras marcam-nos por uma vida toda. E o Pro-fessor Albano foi tudo isso!

Foi o Professor que me entrevistou, em 1992, era o Presidente do Conselho Diretivo da Facul-dade de Psicologia e de Cie ncias da Educaça o, ja la va o uns aninhos…

Gostei muito de o conhecer e trabalhar consigo. Um ser humano extraordina rio, com um sentido de humor fora do comum, com um coraça o do tamanho do mundo… com uma personalidade u nica!

Professor Albano, muito obrigada!

Com amizade e carinho,

Ana Paula Bala o

Bartolomeu Varela Professor da UniCv e Representante da SPCE em Cabo Verde

Congratulo-me com o facto de a SPCE se associar a sessa o de homenagem ao ilustre Prof. Albano Estrela, posto que este merece-a bem. Na verdade, estamos perante uma ilustre e destacada figura do campo da Educaça o que transcende as fronteiras de Portugal e e apreciada pelo mundo fora, em particular em Cabo Verde, onde foi Reitor do Liceu da Praia, cargo que desempenhou exemplarmente, granjeando respeito, admiraça o e carinho.

Cordialmente,

Bartolomeu Varela

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Ana Maria Freire Professora Auxiliar Aposentada do IE-ULisboa

Constitui para mim um prazer refletir e partilhar com colegas e amigos alguns aspetos da vida aca-

de mica da Professora, Investigadora e Gestora Maria Odete Valente.

No ano letivo de 1971/72 iniciaram-se a ní vel nacional as Licenciaturas do Ramo Educacional e no

Departamento de Fí sica da Faculdade de Cie ncias da Universidade de Lisboa, Maria Odete Valente

lecionou a cadeira de Metodologia da Fí sica. Fui nesse mesmo ano sua aluna e com ela comecei a

aprender a ensinar Fí sica. Trabalha mos o PSSC (Physical Science Study Commitee) usando os seus

textos e os seus materiais. Foi uma mudança a ní vel de conceço es de ensino com outras estrate gias e

modos de aprender. Tinha tido, nas escolas secunda rias que frequentei, professores tradicionais,

transmitindo conceitos ba sicos, usando o quadro preto sem que nos questionassem ou colocassem

perguntas interessantes e promovendo o trabalho laboratorial tipo receita de cozinha. Eis sena o quan-

do, nas aulas de metodologia da Fí sica, Inquiry e Investigaço es tomaram conta do nosso quotidiano

escolar. Adorei aquelas aulas e sei hoje que foram elas que despertaram o meu gosto pelo ensino e

influenciaram a minha trajeto ria profissional como Professora de Fí sica e Quí mica.

No ano letivo de 1976/77, Maria Odete Valente regressou dos Estados Unidos com o seu doutora-

mento em Educaça o para continuar, na Faculdade de Cie ncias e no Departamento de Fí sica, a lecionar

novamente a cadeira de Metodologia da Fí sica. Recebi, nessa altura, um telefonema seu a convidar-me

para colaborar num projeto que envolvia trabalhar os materiais Project Physics. Aceitei naturalmente

com alvoroço a proposta e durante tre s anos, apo s as minhas aulas, em diferentes escolas secunda rias

onde estava colocada, trabalhei no Departamento de Fí sica onde pude, sob sua orientaça o, testar to-

dos os materiais Projecto Fí sica e preparar dois cursos de formaça o de professores (um em Lisboa e

outro no Porto).

A Educaça o em Cie ncias estava a dar os primeiros passos e a Professora Maria Odete Valente foi a

responsa vel pelo incremento desta a rea do conhecimento, no nosso paí s.

Em 1986, aceitei com muita honra o seu convite para ingressar como assistente convidada na Facul-

dade de Cie ncias da Universidade de Lisboa. Durante alguns anos fui sua assistente e pude continuar a

aprender nas suas aulas, onde sobressaí a o seu conhecimento cientí fico, a sua cultura e o humanismo

nas relaço es pessoais que estabelecia com os seus alunos. Nesses anos, integrei projetos de investiga-

ça o por si coordenados e foi-me dado apreciar o rigor cientí fico e a mestria com que os conduzia, con-

seguindo po r a trabalhar equipas de pessoas muito diversificadas e com interesses distintos. Recor-

dando hoje esses tempos surge-me a ideia de uma maestrina que consegue retirar de cada mu sico

aquilo que ele tem de melhor para dar.

Quero igualmente recordar o papel determinante e o seu empenhamento na criaça o do Departa-

mento de Educaça o. Foi com uma fortí ssima determinaça o e uma imensa racionalidade e intelige ncia

que conseguiu romper equilí brios e interesses existentes e fundar um novo Departamento na Faculda-

de de Cie ncias da Universidade de Lisboa. O Departamento de Educaça o desempenhou um papel im-

portantí ssimo na formaça o de professores de Cie ncias e tambe m na conceça o de mestrados e doutora-

mentos em Educaça o.

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Estela Costa Professora Auxiliar do IE-ULisboa

Conheci Maria Odete Valente nos anos 90,

quando foi minha professora e orientado-ra de mestrado. Fomo-nos reencontrando em diferentes tempos, espaços e contextos. Em cada novo (re)encontro, invariavel-mente, reconheço o sorriso cativante, a vivacidade do olhar e a sagacidade da sua inteligência. O seu pioneirismo é marca distintiva no campo da Educação, mas também o espírito crítico e pensamento sempre inovador. Obrigada, professora! E que os desígnios nos tragam muitos ou-tros (re)encontros!

Acompanhei-a durante va rios mandatos na

Comissa o Executiva do Departamento de Edu-

caça o e gostaria de referir tre s aspetos de

grande releva ncia, o rigor com que geria os

dinheiros pu blicos, a preocupaça o em chegar

a todos os elementos que constituí am o De-

partamento e a criatividade em imaginar no-

vos rumos, de modo a acompanhar sempre o

que de mais inovador se produzia em outros

paí ses bem como o incremento de interesses e

gostos na participaça o de cursos e congressos

tivas, impossí vel de todas referir, foram toma-

das como a organizaça o da Biblioteca, a con-

ceça o da Revista de Educaça o, a criaça o do

Centro de Audiovisuais. Recordo ainda a orga-

nizaça o da 18ª Confere ncia da ATEE sob o

tema Educaça o e Valores, em Setembro de

1993.

Depois das recordaço es e opinio es que aqui

deixo expressas e que geralmente nunca se

conseguem exprimir oralmente, quero termi-

nar a afirmar o respeito, a admiraça o e a ami-

zade que me liga a Maria Odete Valente ha

mais de 40 anos.

Maria Fernanda Marinha Chefe de Divisão do IE-ULisboa

Foi com a Professora Maria Odete Valente, que dei os primeiros passos no mundo do trabalho e com quem trabalhei durante largos anos. Recor-do algumas “noitadas” de trabalho com muito boa disposiça o. Agradeço-lhe reconhecidamente os ensinamentos e a liberdade que me concedeu ao longo dos anos.

Obrigada Professora Maria Odete, foi um privile -gio trabalhar consigo. Com amizade.

Beijinhos da Fernanda

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Bravo Nico Estudante a Amigo do Prof. Albano Estrela, desde 1991

Conheci o Senhor Professor Albano Estrela, no ano de 1991, quando iniciei a freque ncia do Curso de Mes-trado em Cie ncias da Educaça o – A rea de Ana lise e Organizaça o do Ensino, na, enta o, Faculdade de Psico-logia e de Cie ncias da Educaça o. Nesse mesmo dia, conheci a Senhora Professora Maria Teresa Estrela.

Podia, agora, estar aqui a escrever uns quantos para grafos sobre o que foram os, muitos, momentos que tive o privile gio de partilhar com o Prof. Albano e onde muito aprendi. Dos me todos de observaça o, das te cnicas de recolha de dados, dos sistemas educativos e de outras coisas muito importantes para minha formaça o. Mas, na o e este o momento, pois quem me esta a ler e a ouvir, na o tera pacie ncia para um relato que seria extenso. Na o e , pois, por aí que irei.

No dia da nossa primeira aula com o Prof. Albano, esta vamos todos muito receosos, pois a Norma, nossa colega brasileira, tinha consigo o seu neto bebe e na o sabia o que fazer, pois na o queria faltar a aula, mas na o podia separar-se da criança. Esta vamos todos a colocar hipo teses para a soluça o do grande dilema, quando surge o nosso Prof. Albano. Chegou, olhou e percebeu logo o que se passava.

O docente da disciplina de Teoria e Pra tica de Observaça o de Classes chegou junto a Norma, pediu licença e tomou aquela criança nos seus braços, com todo o cuidado e carinho. E assim deu a aula de 50 minutos, sem nunca deixar de mimar o netinho da Norma, enquanto debitava algo sobre as grelhas de Flanders (acho eu). A criança terminou a aula dormindo profundamente e no s completamente surpreendidos.

Aqui ha uns meses, conseguimos reunir o grupo desse mestrado e almoça mos juntos, no Parlamento, onde tive a felicidade de receber os meus colegas, seus estudantes e amigos de sempre. No meio do conví -vio, recorda mos este episo dio e … as la grimas que deita mos ca para fora na o eram do peixe estar salga-do….

E este Prof. Albano que temos dentro de no s. O Prof. Albano que nos marcou para sempre, com a sua humanidade, a sua alegria e a sua preocupaça o constante em ser bom para cada um de no s.

Ainda hoje na o sei se tudo isto fara parte das Cie ncias da Educaça o. Provavelmente, tera pouca sustenta-ça o cientí fica e grande dificuldade de ser medido nos instrumentos que validam as evide ncias que cons-troem a realidade. Mas la que nos marcou e nos formou, disso na o tenho qualquer du vida.

Prof. Albano, envio-lhe um grande abraço e um sincero agradecimento por tudo o que me ensinou e me transmitiu. Agradecimento extensí vel a Profª Maria Teresa Estrela, cujo trabalho educativo comigo na o fica atra s, muito pelo contra rio.

Quero, tambe m, enviar um abraço a Senhora Professora Odete Valente, com quem, muitas vezes, me cruzei, nas mais diversas atividades acade micas.

Prof. Albano, na o posso estar aí , porque estou aqui, na Assembleia da Repu blica. E estou aqui a tentar fazer aquilo que me ensinou: lutar pelas causas e pelos ideais que transformam, para melhor, as nossas vidas. Sabendo que a Educaça o e uma dessas ferramentas que, quando entra pelo coraça o das pessoas, na o para no ce rebro. Vai mesmo ate a alma! E quando aí chega, começamos a mudar, mesmo, um pouco, o mundo.

Comigo, resultou, Prof. Albano: a sua humanidade, sentida naquela aula, com a criança ao colo, entrou-me mesmo na alma. E nunca mais saiu!

A bebe , neta da nossa colega Norma, hoje, ja e uma mulher de 24 anos!

Como o tempo passou…

Bem-haja, Prof. Albano!

Bravo Nico (Deputado a Assembleia da Repu blica)

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Pedro Rodrigues Professor Auxiliar do IE-ULisboa

Fui aluno do Professor Albano Estrela na licen-ciatura de Psicologia, onde sobressaí a a sua postura informal, o humor, a boa disposiça o, a afabilidade, a tolera ncia, o humanismo, a aber-tura de espí rito e a boa relaça o com os alunos, caracterí sticas e valores que sem du vida norte-avam tambe m a sua vida pessoal e o seu modo de ser e de estar em geral no plano profissional, de que pude beneficiar nos anos em que com ele colaborei na Faculdade de Psicologia e de Cie ncias da Educaça o, nomeadamente enquan-to seu assistente, tendo sido sob sua orientaça o que concluí o mestrado e o doutoramento em Cie ncias da Educaça o. Nesse contexto, pude testemunhar o seu contributo decisivo para o desenvolvimento das Cie ncias da Educaça o na Faculdade de Psicologia e de Cie ncias da Educa-ça o da Universidade de Lisboa, bem como para o desenvolvimento entre no s de novas perspec-tivas pedago gicas, metodolo gicas e epistemolo -gicas. O seu livro sobre observaça o de classes continua a ver-se e a vender-se nas livrarias, trinta anos apo s a primeira ediça o, o que e , sem du vida, um indicador da sua importa ncia nesse domí nio.

O professor Albano Estrela e uma refere ncia das Cie ncias da Educaça o em Portugal e e uma refere ncia no plano pessoal para aqueles que com ele privaram. Hoje, em situaço es proble-ma ticas e dilema ticas, e importante para mim recorrer a fo rmula “E se fosse o Prof. Albano Estrela, como e que ele reagiria?”

Ana Paula da Silva Pereira Aluna da Licenciatura em Ciências da Educação da FPCE-UL (1991/1996)

So posso dizer que foi uma honra para mim ser aluna do Prof. Albano Estrela e ter tido oportuni-dade de trabalhar directamente com ele quando o mesmo foi Presidente do Conselho Directivo e eu da Direcça o da Associaça o de Estudantes.

Sem du vida que se poderiam destacar muitas das suas caracterí sticas mas evidencio, enquanto Ser Humano, o seu carinho, preocupaça o e dispo-nibilidade pelos alunos e, enquanto Professor, o entusiasmo, apoio permanente e inesgota vel ... ora, foi / e um Mentor Extraordina rio!

Eu faço parte do Grupo de 91/96 que terminou a Licenciatura em Cie ncias da Educaça o e naquela e poca TODOS os alunos da Faculdade de Psicolo-gia e Cie ncias da Educaça o da Universidade de Lisboa, fossem das Cie ncias da Educaça o ou de Psicologia, conheciam perfeitamente a "Bí blia Amarela do Prof. Albano", pois era motivo de sorrisos e desespero pelos trabalhos de investiga-ça o / campo que naquela altura fazia parte dos Cursos, mas sem du vida foi uma das mais u teis obras / ferramentas em todo o meu percurso. Naquela altura, e mais recentemente quando fiz o meu Mestrado em Cie ncias da Educaça o, na A rea de Especializaça o em Formaça o de Professores, ou quando em 2013/2014 a minha irma entrou no Curso de Cie ncias da Educaça o e eu lhe passei esse testemunho, ou seja, a "Bí blia Amarela do Prof. Albano".

A Homenagem que neste dia lhe e feita, sera certamente cheia de respeito, carinho, muita amizade e sobejamente merecida.

Um muito obrigada pelo Carinho e Longas Con-versas que tivemos, nunca me esquecerei de co-mo a s vezes me cumprimentava, com um beijo na testa.

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PROGRAMA 8 de julho de 2015 Anfiteatro do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

14h45 | Receção dos Convidados

15h00 | Início da Cerimónia. Intervenção do Diretor do IE

15h10 | O VI Fórum de Jovens Investigadores

Documento multimédia

15h15 | Intervenção de Ana Isabel Pinheiro Representante do Pessoal não docente

15h20 | Intervenção de Daniel Anacleto

Representante dos Estudantes

15h25 | Entrega de Prémios a Alunos do IE

15h40 | Homenagem ao Professor Albano Cordeiro Estrela

Intervenção da Prof.ª Doutora Ana Paula Caetano

16h05 | Homenagem à Professora Maria Odete Valente

Intervenção da Prof.ª Doutora Maria de Fátima Chorão

16h30 | Intervenção do Reitor Honorário da ULisboa

Prof. Doutor António Sampaio da Nóvoa

16h45 | Intervenção do Reitor da ULisboa

Prof. Doutor António Cruz Serra

17h00 | Encerramento. Porto de Honra

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Assessoria da Direção do IE-ULisboa Julho 2015 Instituto de Educação da Universidade de Lisboa Alameda da Universidade 1649-013 Lisboa T. (+351) 217 943 633 Fax (+351) 217 933 408 www.ie.ulisboa.pt [email protected]

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ALBANO CORDEIRO ESTRELA

é Professor Catedrático Jubilado

do Instituto de Educação da Universidade

de Lisboa, foi Presidente do Conselho Diretivo

da Faculdade de Psicologia e de Ciências

da Educação, responsável pela Unidade

de Formação de Professores e de

Formadores, investigador na área da

formação de professores, presidente

da Section Portugaise de l’AIPELF /AFIRSE

e Presidente da Direção da Sociedade

Portuguesa de Ciências da Educação.

8 de julho de 2015

DIA DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Homenagem

MARIA ODETE VALENTE

é Professora Associada Aposentada

do Instituto de Educação da Universidade

de Lisboa e foi Presidente do Departamento

de Educação da Faculdade de Ciências

da Universidade de Lisboa e Coordenadora

do Centro de Investigação em Educação.

Foi Membro Cooptado do Conselho Nacional

de Educação e recebeu a Ordem de Grande

Oficial da Instrução Pública das mãos

do Presidente da República Jorge Sampaio

em 8 de março de 2005.