DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FERRO EM AMOSTRAS DE...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA QUÍMICA
BACHARELADO EM ENGENHARIA QUÍMICA
FLÁVIA ÉRIKA DE ALMEIDA LIMA
NATÁLIA CASTILHO DE ASSIS
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FERRO EM AMOSTRAS DE
FARINHA DE TRIGO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PONTA GROSSA
2017
FLÁVIA ÉRIKA DE ALMEIDA LIMA
NATÁLIA CASTILHO DE ASSIS
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FERRO EM AMOSTRAS DE
FARINHA DE TRIGO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química, do Departamento Acadêmico de Engenharia Química, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa.
Orientador: Prof. Luis Alberto Chavez Ayala.
PONTA GROSSA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
Determinação do teor de ferro em amostras de farinha de trigo
por
Flávia Érika de Almeida Lima e Natália Castilho de Assis
Monografia apresentada em 26 de maio de 2017 ao curso de Engenharia Química
da Universidade Tecnológica Federal do Parará, Campus Ponta Grossa. O
candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo
assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho
_____________________________________________________ (aprovado,
aprovado com restrições ou reprovado).
__________________________________
Prof. Dr. Eduardo Sidinei Chaves UTFPR
___________________________________ Profa. Ms. Simone Bowles
UTFPR
___________________________________ Prof. Ms. Luis Alberto Chavez Ayala.
UTFPR Orientador
___________________________________
Profa. Dra. Juliana de Paula Martins
Responsável pelo TCC do Curso de Engenharia Química
- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso -
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Ponta Grossa Coordenação de Engenharia Química
RESUMO
ASSIS, Natália Castilho de; LIMA, Flávia Érika de Almeida. Determinação do teor de ferro de amostras de farinha de trigo. 2017. 38p.. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Química) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2017.
O Brasil vem tomando medidas para o combate à anemia ferropriva no país. Dessa
forma, é exigido que as farinhas de trigo e farinhas de milho sejam enriquecidas ou
fortificadas com 4,2 mg de ferro e 150 µg de ácido fólico para cada 100 g de farinha,
de acordo com a Resolução nº 344, de 13 de dezembro de 2002. Essa resolução
será substituída até 2019 pela Resolução nº 150, de 13 de abril de 2017, a qual
requer que as farinhas contenham de 4 a 9 mg de ferro e 100 a 200 µg de ácido
fólico a cada 100 g de farinha. Assim, este trabalho propõe a análise do teor de ferro
em farinhas de trigo de uso doméstico e de panificação por espectrometria por
absorção atômica com emissão de chama. Além disso, foram também analisada
pelo mesmo método, amostras de farinha de trigo sem a fortificação. Para isso,
utilizou-se 1 g de cada amostra, as quais foram preparadas por digestão por via
úmida utilizando ácido nítrico e peróxido de hidrogênio. Os resultados encontrados
para o teor médio de ferro, em mg/100g de farinha, são: 10,90 para a marca A;
11,57 para a marca B; 8,93 para a marca C; 8,16 para a marca D; 7,68 para a marca
E e 1,74 para a farinha não fortificada. O teor de ferro encontrado nas amostras
analisadas está de acordo com a legislação vigente.
Palavras-chave: Anemia ferropriva. Fortificação. Ferro. Espectrometria. Farinha de
trigo. Trigo.
ABSTRACT
ASSIS, Natália Castilho de; LIMA, Flávia Érika de Almeida. Determination of the content of iron in wheat flour samples. 2017. 38p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Química) - Federal Technology University - Parana. Ponta Grossa, 2017.
Brazil has been taking actions towards the combat of iron deficiency anemia in the
country. Therefore, it is required that wheat flour and corn flour be enriched or
fortified with 4.2 mg of iron and 150 µg of folic acid for every 100 g of flour, according
to Resolution no 344. This resolution will be replaced up to 2019 by the Resolution
no 150, April 13th, 2017, which requires that flours must contain from 4 to 9 mg of iron
and 100 to 220 µg of folic acid in every 100 g of flour. Therefore, this paper proposes
to analyze the iron content of wheat flour for domestic and bakery use by atomic
absorption spectrometry with flame emission. Besides that, samples of non-fortified
wheat flour were analyzed through the same method. In this regard, 1 g of each
sample was used and prepared by humid digestion using nitric acid and hydrogen
peroxide. The result iron content in mg/100g of flour are 10.90 for brand A; 11.57 for
brand B; 8.93 for brand C; 8.16 for the brand D; 7.68 for brand E and 1.74 for the
non-fortified wheat flour. The iron content of the analyzed samples is in compliance
with the legislation.
Key-words: Iron deficiency anemia. Fortification. Iron. Spectrometry. Wheat flour. Wheat.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1– Composição do grão de trigo. ........................................................................... 12
Figura 2 – Processamento do grão de trigo em moinhos ... ……………………………….14
Figura 3 – Curva de calibração da solução padrão de ferro............................................29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Formas de ferro para cada finalidade da farinha de trigo ............................................. 16
Tabela 2– Concentração de ferro no organismo .............................................................................. 19
Tabela 3– Aumento de hemoglobina em relação à administração oral diária de Ferro ............... 20
Tabela 4 – Valores de ingestão recomendadas (IDR) ...................................................................... 20
Tabela 5 – Teor de umidade de cada marca de farinha……………………………............................30
Tabela 6 – Média dos teores de ferro (mg/100g) nos lotes 1 e 2 de cada marca...........................30
Tabela 7– Resultados estatísticos básicos das amostras ............................................................... 33
Tabela 8– Resultado do teste Tukey .................................................................................................. 34
LISTA DE ABREVIATURAS
(CH2)n composto orgânico n
µg Micrograma
CO2 dióxido de carbono
dL Decilitro
G Grama
H2O Água
HNO3 ácido nítrico
Kg Kilograma
L Litro
mA Miliampere
Mg Miligrama
mL Mililitro
NO óxido nítrico
LISTA DE ACRÔNIMOS
ABITRIGO Associação Brasileira do Trigo
ANVISA Agência de Vigilância Sanitária
LISTA DE SIGLAS
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10
2 OBJETIVOS……………………………………………………………………………...11
2.1 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................11
3 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................12
3.1 O TRIGO NO BRASIL .......................................................................................12
3.2 PRODUÇÃO DE FARINHA DE TRIGO E FORTIFICAÇÃO .............................13
3.3 FORMAS DE FERRO PARA FORTIFICAÇÃO .................................................16
3.4 LEGISLAÇÃO APLICADA À FORTIFICAÇÃO ..................................................17
3.5 O FERRO E A ANEMIA FERROPRIVA ............................................................19
3.6 ESPECTROMETRIA DE ABSORCÃO ATÔMICA DE CHAMA ........................23
4 METODOLOGIA ...................................................................................................25
4.1 INSTRUMENTAÇÃO ........................................................................................25
4.2 REAGENTES ....................................................................................................25
4.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................25
4.3.2 Amostragem....................................................................................................26
4.3.3 Determinação de Umidade .............................................................................26
4.3.4 Digestão ..........................................................................................................27
4.3.5 Curva de Calibração .......................................................................................27
4.3.6 Leitura da Absorbância das Amostras ............................................................27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................29
5.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO DA SOLUÇÃO PADRÃO DE FERRO ...................29
5.2 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE ......................................................................30
5.3 TEOR DE FERRO EM CADA AMOSTRA .........................................................30
5.4 LIMITE DE DETECÇÃO E LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO ...............................31
5.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO .........................................................................32
6 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………35
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………36
10
1 INTRODUÇÃO
A anemia por deficiência de ferro, ou anemia ferropriva, tem atingido grande
parte da população brasileira, principalmente em áreas onde a desnutrição e a
subnutrição prevalecem, sendo principalmente encontrada em populações com
menores condições financeiras. Essa condição ocorre principalmente devido a uma
alimentação desprovida de nutrientes essenciais para a manutenção da saúde
humana.
Dessa forma, considerando que a farinha de trigo está constantemente
presente na alimentação da população brasileira por meio do consumo de pães,
massas, bolos e biscoitos, a ANVISA emitiu a Resolução nº 344, de 13 de dezembro
de 2002, tratando da obrigatoriedade da fortificação das farinhas de trigo e farinhas
de milho por seus fabricantes com a adição de ferro (mínimo de 4,2 miligramas por
100 gramas de farinha) e ácido fólico (mínimo de 150 microgramas de ácido fólico
por 100 gramas de farinha) como uma medida para reduzir a incidência de anemia
ferropriva no país, que causa ao país problemas econômicos e sociais (BRASIL,
2002).
Neste contexto, este trabalho de conclusão de curso visa responder a
seguinte problemática: o teor de ferro contido em amostras de selecionadas marcas
de farinha de trigo fortificadas, de uso doméstico e de panificação, comercializadas
em Ponta Grossa-PR, estão atendendo a Resolução nº 344, de 13 de dezembro de
2002?
A premissa será de que o teor de ferro presente nas farinhas analisadas está
de acordo com as normas vigentes, a qual será verificada através da realização de
uma análise por espectrometria de absorção atômica por emissão de chama dessas
amostras selecionadas de farinhas de trigo comercializadas na cidade de Ponta
Grossa-PR.
O trabalho em questão evidenciará a importância do monitoramento da
fortificação de farinhas de trigo com compostos de ferro a fim de prevenir a anemia
por deficiência de ferro. Já que as consequências da anemia ferropriva vão além da
saúde pública, afetando também o desenvolvimento socioeconômico do país.
Justificando-se assim a importância do cumprimento da legislação vigente que trata
da concentração de ferro nesses produtos através da fortificação obrigatória.
11
2 OBJETIVOS
Os objetivos geral e específicos deste trabalho estão citados nesta seção.
2.1 OBJETIVO GERAL
Verificar se o teor de ferro em selecionadas marcas de farinhas de trigo, de
uso doméstico e de panificação, comercializadas em Ponta Grossa – PR, está
compatível com a regulamentação vigente da Resolução - RDC Nº 344, de 13 de
dezembro de 2002 da ANVISA.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Selecionar amostras de farinha de trigo fortificadas de uso doméstico, de
panificação, e não fortificadas de um moinho, na cidade de Ponta
Grossa-PR;
Analisar os teores de ferro nas amostras de farinha de trigo por
espectrometria de absorção atômica por emissão de chama;
Comparar os resultados do teor de ferro obtidos estatisticamente com a
regulamentação vigente e com outros estudos semelhantes.
12
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Com a finalidade de entender o contexto e a importância do tema deste
trabalho, esta seção irá revisar assuntos relevantes ao assunto.
3.1 O TRIGO NO BRASIL
Os grãos de trigo são espécies de gramíneas do gênero Triticum e possuem
em torno de 30 grãos com modificações genéticas, dos quais apenas três são
comercializados: Triticum aestivum, Triticum durum e Triticum compactum. A
primeira espécie corresponde a cerca de 80% da produção mundial de trigo, sendo
adequada à panificação, enquanto que a segunda é utilizada em massas e macarrão
e a última, por possuir pouco glúten, é utilizada na fabricação de biscoitos. Esses
grãos são basicamente compostos de endosperma (camada interna do grão), casca
(ou farelo - camada externa do grão) e germe (embrião) (MINISTÉRIO DA
FAZENDA, 2011), conforme figura 1.
Figura 1– Composição do grão de trigo. Fonte: Brandão e Lira (2011).
De acordo com Café et al. (2003), o cultivo e o consumo de trigo pela
humanidade apresentam um histórico de mais de seis mil anos. No Brasil, foram
13
trazidas as primeiras sementes do cereal no país em 1534, fazendo com que o país
se tornasse o pioneiro no cultivo do trigo nas Américas. Atualmente, segundo o
Ministério da Agricultura (2016), o cultivo do trigo ocupa o segundo lugar entre os
cereais mais produzidos no mundo, logo após o milho, sendo que seu consumo
cresce 1,31% ao ano apenas no Brasil, cujo cultivo está concentrado nas regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Outros dados advindos do Ministério da Agricultura (2016) indicam que o
consumo de trigo no Brasil está em torno de 12,25 milhões de toneladas. Enquanto
isso, o cultivo do trigo no país produz atualmente cerca de 7,89 milhões de
toneladas e está visando à autossuficiência. No entanto, de acordo com a
Associação Brasileira da Indústria do Trigo - ABITRIGO (2016b), entre os meses de
janeiro e abril de 2016, se encontram como maiores exportadores de trigo para o
Brasil os seguintes países: Argentina, Estados Unidos, Paraguai e Uruguai.
3.2 PRODUÇÃO DE FARINHA DE TRIGO E FORTIFICAÇÃO
Segundo o Ministério da Fazenda (2011), o processamento do trigo para a
sua transformação em farinha é realizado pela moagem, precedida de limpeza dos
grãos e acondicionamento. Durante a moagem há a separação dos grãos em três
diferentes componentes: o germe, o farelo (casca) e a farinha (endosperma), que já
foram identificados na figura 1. Os dois primeiros representam juntos 17% da
composição do grão de trigo, que são separados da farinha. Portanto, no processo
há a recuperação de aproximadamente 72% de farinha, sendo que os outros 11%
equivalem à camada de aleurona que deve ser removida por ser composta de uma
proteína que não é de interesse comercial.
A figura 2 abaixo demonstra todos os processos pelos quais os grãos de
trigo passam num moinho até atingirem o estado final de processamento: a farinha
de trigo.
14
Figura 2 – Processamento do grão de trigo em moinhos Fonte: Brandão e Lira (2011).
Os grãos recebidos pelos moinhos são previamente analisados por meio de
amostras coletadas que irão determinar a qualidade do trigo a ser processado. As
etapas ilustradas na figura 2 mostram que os grãos de trigo recebidos são estocados
(ensilados) e pré-limpos com a finalidade de retirar impurezas que são compostas de
pedras, areia, cascas e folhas de outras plantas, terra, insetos, entre outros. Em
seguida, os grãos são armazenados e encaminhados para a primeira limpeza, que
tem como objetivo remover outras impurezas como pó e palha. Passando por essa
etapa, os grãos são umedecidos e estocados em silos onde descansam durante um
tempo que, dependendo da dureza e da umidade dos grãos, é no mínimo de 18
horas, cujo objetivo é a facilitação do processo da moagem na separação do farelo e
o endosperma. Após o descanso, os grãos passam por mais uma etapa de limpeza,
15
ou segunda limpeza, onde resíduos das impurezas são removidos e separação
magnética ocorre para a retirada de metais. Os grãos são então conduzidos à linha
de moagem, por onde passam por três diferentes processos: trituração, redução e
separação (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2011; BRANDÃO e LIRA, 2011).
Benassi e Watanabe (1997) explicam resumidamente os processos da
moagem. Na primeira etapa, constituída pela trituração, os grãos são quebrados
pela passagem por rolos de quebra que são compostos de discos corrugados que
giram em sentidos contrários. O produto triturado é então levado para a etapa de
separação, na qual peneiras separam as partículas finas (farinha de quebra) e
partículas grossas (farelo). As partículas de tamanho intermediário continuam no
processo passando por rolos lisos com o objetivo de diminuir seus tamanhos, por
isso essa etapa é chamada de redução. Mais uma vez o produto passa por
separação, por uma série de peneiras que, por conta de tamanhos e densidades
diferentes, separam a farinha de redução de uma fração que contém o germe,
comumente chamada de “farelinho”. Todo o processo de moagem é feito
gradualmente, já que o aquecimento dos produtos deve ser evitado, pois leva ao
endurecimento da farinha e umidade em excesso é perdida.
De acordo com Brandão e Lira (2011), após todo o processo de moagem,
ocorre a etapa de aditivação da farinha onde são adicionados agentes oxidantes
(como ácido ascórbico e azodicarbonamida) juntamente com o agente branqueador
(peróxido de benzoíla), enzimas (amilase, protease e hemicelulases) que
suplementam a farinha e adição de micronutrientes como vitaminas e minerais,
incluindo assim o ferro e ácido fólico e garantindo que a farinha esteja fortificada.
Ascheri (2011) explica que o processo de fortificação da farinha de trigo com
ferro deve ser realizado minuciosamente, sendo necessária a homogeneização da
farinha fortificada, já que há a adição de uma pequena quantidade de ferro em uma
grande quantidade de farinha de trigo. Em grandes moinhos, para essa
homogeneização, são utilizados dosadores ou alimentadores que controlam a vazão
com que o ferro está sendo adicionado. Em pequenos moinhos, o enriquecimento da
farinha é realizado em bateladas, não sendo necessário o uso de dosadores ou
alimentadores.
Os produtos resultantes são então ensacados, armazenados e expedidos. A
farinha deve passar por liberação antes de ser expedida, já que necessita de
16
aprovação por ser destinada à indústria alimentícia, enquanto que o farelo pode ser
expedido diretamente às indústrias de rações (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2011).
A farinha de trigo produzida é então, em sua maior parte (em torno de
96,6%), distribuída entre os setores da indústria de alimentos, sendo que mais da
metade é utilizada em panificação (55%), seguido por massas (17%), uso doméstico
(13%) e biscoitos (11%), enquanto que o farelo é 100% utilizado em ração animal
(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2011).
3.3 FORMAS DE FERRO PARA FORTIFICAÇÃO
O ferro é um dos microelementos o qual existe em maior quantidade na
crosta terrestre, principalmente na forma de óxidos e hidróxidos (FRANCO, 1999).
De acordo com Ascheri (2011), há diferentes fontes de ferros a serem utilizadas para
fortificar alimentos, como sulfato ferroso (sal inorgânico com 32% de ferro em sua
composição), fumarato ferroso, (sal do ácido fumárico com ferro com 32% de ferro
em sua composição), ferro elementar (carbonil, reduzido e eletrolítico) e ferro EDTA
(complexo estável de ácido etilenodiamino tetra-acético com 14% de ferro em sua
composição). Na tabela 1, é possível observar quais formas de ferro são utilizadas
para determinadas finalidades da farinha de trigo.
Tabela 1 – Formas de ferro para cada finalidade da farinha de trigo
Fonte de Ferro
Produto Ferro
eletrolítico Sulfato Ferroso
Fumarato Ferroso
Ferro EDTA
Farinha para padaria Opcional Recomendado Opcional Opcional
Farinha doméstica Recomendado Não
recomendado Opcional Opcional
Farinha para massa fresca Recomendado Opcional Opcional Opcional
Misturas prontas Recomendado Não
recomendado Opcional Opcional
Semolina para macarrão Opcional Recomendado Opcional Opcional
Farinha para bolos Recomendado Opcional Opcional Opcional
Farinha integral Opcional Não
recomendado Não
recomendado Recomendado
Fonte: Ascheri (2011).
17
Ainda segundo Ascheri (2011), existem alguns critérios a serem empregados
ao se optar por um tipo de ferro para realizar o enriquecimento, como:
biodisponibilidade, estabilidade, cor, granulometria, disponibilidade comercial e custo
e aprovação para uso. Biodisponibilidade é o percentual de aproveitamento de uma
substância pelo organismo, visto que o sulfato e o fumarato ferroso apresentam
maior biodisponibilidade, enquanto esse percentual é menor no ferro elementar.
Tratando-se de estabilidade, o fumarato e o sulfato podem diminuir o tempo de
validade das farinhas, ao contrário do ferro elementar. No mais, as fontes de ferro
devem possuir partículas finas o suficiente para não alterar a aparência final da
farinha e devem ser permitidas pela legislação.
3.4 LEGISLAÇÃO APLICADA À FORTIFICAÇÃO
De acordo com o Departamento de Atenção Básica (2017), o Ministério da
Saúde instituiu em maio de 1999 o “Compromisso social para a redução da anemia
ferropriva no Brasil”, que visava a divulgação de uma alimentação saudável e
balanceada, orientação para dieta diversificada por baixo custo, distribuição de
suplementos para grupos vulneráveis à anemia e a fortificação de farinhas de trigo e
milho.
A fortificação com ferro e ácido fólico foi vista como uma forma de inserir
esses nutrientes essenciais em quantidades adequadas à alimentação da população
brasileira, já que a falta de uma alimentação contendo ferro pode levar ao
desenvolvimento de anemia ferropriva. Com relação à legislação, pela Resolução nº
344, de 13 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002) há a obrigatoriedade da
fortificação da farinha de trigo e farinha de milho com 4,2 miligramas de ferro e 150
microgramas de ácido fólico a cada 100 gramas de farinha. Além disso, qualquer
produto que as utilizem como matéria-prima deve possuir em sua composição
farinha fortificada.
A Portaria nº 1.793, de 11 de agosto de 2009, instituída pelo Ministério da
Saúde (BRASIL, 2009), foi implantada com o objetivo de “Implementação,
Acompanhamento e Monitoramento das Ações de Fortificação de Farinhas de Trigo,
de Milho e de seus Subprodutos”, na qual, dentro das responsabilidades, cabe à
18
ANVISA a implantação e implementação do monitoramento e controle do
cumprimento à legislação, assim como a divulgação dos resultados desse controle
sobre a qualidade dessas farinhas.
Atualmente, a ANVISA (2017) cita que, por conta de limitações de
processamento, farinhas de trigo integral, de trigo durum e de biju não são
fortificadas. As farinhas de trigo e milho foram escolhidas para fortificação por conta
de que a maioria dos alimentos à base desses produtos é consumida por grande
parte da população de forma constante durante os anos. Além disso, o ferro e o
ácido fólico não alteram paladar ou odor das farinhas. Segundo a Associação
Brasileira da Indústria do Trigo (2016a), apenas a farinha de trigo é consumida em
torno de 57 kg por ano por pessoa.
O Regulamento Técnico sobre Alimentos Adicionados de Nutrientes
Essenciais, pela Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998, da Agência de Vigilância
Sanitária (BRASIL, 1998), garante que as farinhas de trigo adicionadas de ferro
devem conter em suas embalagens o rótulo “fortificada (o) com ferro e ácido fólico”,
“enriquecida (o) com ferro e ácido fólico” ou alguma expressão semelhante.
Em 2005 foi lançado o “Programa Nacional de Suplementação de Ferro:
Manual de Condutas Gerais” pelo Ministério da Saúde, substituído pela versão atual
de 2013, contendo informações pertinentes ao controle e prevenção da anemia
ferropriva, direcionando profissionais da área da saúde a implementar os
suplementos universais de ferro e a promoção de alimentação saudável e
balanceada que sejam ricas em ferro, também tratando da fortificação das farinhas
de trigo e milho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Por meio da Consulta Pública n° 249, de 6 de setembro de 2016, da ANVISA
(BRASIL, 2016), haverá a substituição da Resolução nº 344 de 13 de dezembro de
2002, pela Resolução N° 150, de 13 de abril de 2017 após 2 anos a partir dessa
data, trazendo algumas mudanças. Entre essas mudanças, há a alteração da
quantidade mínima de 4,2 miligramas de ferro por 100 gramas de farinha para um
teor que varia de um mínimo de 4,0 miligramas a um máximo de 9,0 miligramas de
ferro por 100 gramas de farinha (BRASIL, 2017).
19
3.5 O FERRO E A ANEMIA FERROPRIVA
No corpo humano, a participação do ferro é na formação da hemoglobina e
seu corante é de extrema importância, visto que a molécula de hemoglobina,
classificada como uma proteína conjugada, é formada por quatro grupos heme
(núcleo proteico) contendo ferro, os quais são ligados, cada um, a quatro cadeias
polipeptídicas. A função do heme, o qual proporciona a cor característica do sangue,
é transportar oxigênio através desse fluido (FRANCO, 1999).
No organismo, o ferro é advindo da ingestão de alimentos (ferro exógeno) e
da destruição das hemácias (ferro endógeno), onde aproximadamente 27 mg do
metal é disponibilizado para reaproveitamento. A produção de hemoglobina é
dependente de cerca de 80% da quantidade total de ferro presente no corpo
humano (FRANCO, 1999).
Abaixo estão apresentadas duas tabelas que demonstram a distribuição do
ferro no organismo e como a absorção do metal está relacionada com o a dose
ingerida e o aumento de hemoglobina no organismo. Diante da tabela 2, pode-se
observar que a hemoglobina dispõe da maior quantidade de ferro existente no corpo
humano.
Tabela 2 – Concentração de Ferro no Organismo
Distribuição de ferro Homem (mg/kg de peso)
Mulher (mg/kg de peso)
Hemoglobia 31 28 Mioglobina e enzimas 6 5 Ferro armazenado 13 4 Total 50 37
Fonte: FRANCO (1999).
Segundo a tabela 3 abaixo, quanto maior é a dose de ferro diária ingerida,
maior é a quantidade de hemoglobina no sangue. Porém, nem todo ferro consumido
é absorvido pelo organismo sendo que quanto maior é a dose diária de ferro, menor
é a capacidade de absorção pelo o organismo.
20
Tabela 3 – Aumento de Hemoglobina em Relação à Administração Oral Diária de Ferro
Dose total (mg/dia)
Absorcão (estimativa) (%)
Absorcão (estimativa) (mg)
Aumento de hemoglobina no sangue
(g/dL no sangue/dia)
35 40 14 0,07 105 24 15 0,14 195 18 36 0,19 390 12 45 0,22
Fonte: FRANCO (1999).
Kramer e Falcão (2011) apresentam abaixo a tabela 4, a qual mostra a
quantidade ideal de ferro a ser ingerida de acordo com a faixa etária e condição de
cada pessoa, destacando a grande necessidade de ingestão de ferro para
gestantes.
Tabela 4 - Valores de Ingestão Recomendadas (IDR)
Estágios da vida Ferro (mg/dL)
Adultos 14,00
Lactentes – 0 – 6 meses 0,27
Lactentes – 7 – 11 meses 9,00
Crianças – 1 – 6 anos 6,00
Crianças – 7 – 10 anos 9,00
Gestantes 27,00
Lactantes 15,00
Fonte: Kramer e Falcão (2011).
A anemia por deficiência de ferro, também conhecida como anemia
ferropriva ou ferropênica, é o maior problema em termos de carência nutricional no
mundo, afetando a maior parte dos países. Por conta disso, o problema vem sendo
tratado com grande importância pelas autoridades de saúde e responsáveis políticos
nos últimos 30 anos (WHO, 2001). É uma condição severa de deficiência de ferro na
qual o organismo tem pouco estoque de ferro e a quantidade de hemoglobina no
sangue atinge níveis abaixo do normal (WHO, 2001).
Essa condição pode ser ocasionada por três principais fatores: fatores
nutricionais, onde não há a ingestão suficiente de ferro; fatores fisiológicos, quando
o organismo necessita de mais nutriente como durante a gestação, parto e pós-
21
parto; e fatores patológicos, quando há doenças ou problemas que levam à perda de
sangue ou diminuição de absorção pelo intestino (CANÇADO; CHIATTONE, 2010).
De acordo com Kramer e Falcão (2011), a maior causa da anemia ferropriva
é a deficiência na alimentação de ferro de alta biodisponibilidade. Portanto, é
necessária uma ingestão adequada diária de ferro. Dentre os sintomas da anemia
ferropriva, pode-se destacar fraqueza, fadiga e palidez. Esta doença se desenvolve
de forma lenta, então ela pode demorar a ser detectada (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2008).
As consequências dessa condição vão muito além da sensação de fraqueza,
mas também afeta o desenvolvimento socioeconômico do país, já que a anemia
pode afetar qualquer faixa etária ou gênero, pode apresentar diferentes severidades
e diversas consequências para a saúde do indivíduo. Isso implica num maior gasto
público com tratamentos, aumento da mortalidade maternal com consequente
redução de mão de obra produtiva e problemas futuros de formação da sociedade
produtiva causados por deficiência no desenvolvimento mental e físico de crianças
(WHO, 2001).
É comprovado cientificamente que a anemia pode levar à diminuição da
capacidade produtiva (WHO, 2001), isso pode trazer problemas severos para a
economia de países que se encontram em desenvolvimento, já que a maior parte de
sua população ativa está ligada à mão de obra em atividades que exigem esforço
físico (CARVALHO; BARACAT; SGARBIERI, 2006, p.58).
Dessa forma, de acordo com a Portaria nº 1.793, de 11 de agosto de 2009,
do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), foi estrategicamente selecionada a forma de
controle da anemia ferropriva pela fortificação de farinhas de trigo e milho no Brasil,
já que esses produtos são consumidos popularmente e apresentam baixo custo para
a população.
Os autores Cançado, Lobo e Friedrich (2010, p.114), citam que existem
quatro diferentes tipos de tratamento: nutricional, ingestão via oral de compostos
com ferro, compostos de ferro injetáveis e transfusão de hemácias. No entanto, no
que se diz respeito à prevenção, de acordo com Fisberg e Vellozo (2010),
atualmente há a necessidade de envolver alimentação com a saúde visando
minimizar custos com saúde pública através do desenvolvimento de alimentos que
possam prevenir e reduzir riscos de doenças. Sabe-se então que a fortificação de
22
farinhas como prevenção de anemia ferropriva tem se mostrado eficaz em diversos
países.
No entanto, deve-se ter precaução na quantidade de ferro ingerida. Kira et
al. (2006, p.182) cita que, “(...) o excesso de ingestão de ferro pode causar efeitos
adversos sobre a absorção de outros nutrientes inorgânicos, como o cobre e o zinco;
promover o risco de câncer e o aparecimento de doenças coronárias.”
Em seu trabalho, Kira et al. (2006) analisaram 85 amostras de farinha de
trigo fortificadas provenientes de diferentes marcas, comercializadas no estado de
São Paulo, por espectrometria de absorção atômica com chama, das quais 37
amostras eram de uso doméstico e 48 de uso industrial, como panificação. Os
autores verificaram em seu experimento que 18,9 % das amostras de uso doméstico
e 10,4% das amostras de uso industrial apresentavam concentrações abaixo de 3,4
mg/100g de ferro. Kira et al. (2006) realizaram seus experimentos considerando a
Resolução 344 e a resolução sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, a
qual determina um limite de tolerância de ±20% em relação aos valores de nutrientes
declarados no rótulo.
Kramer e Falcão (2011) analisaram 10 marcas de farinha de trigo na região
do Distrito Federal através do método de determinação espectrofotométrica de ferro
com α-α’ dipiridila, e constataram que todas as marcas estavam em conformidade
com a legislação, visto que apresentavam teor de ferro superior a 4,2 mg/100g. Os
autores especificaram, que “os resultados encontrados variam de 5,2 a 31,05
mg/100g evidenciando uma falta de padronização por parte dos fabricantes na
adição do mineral à farinha”, além de afirmarem que há exagero em relação a
adição de ferro, visto que 3 marcas apresentaram valores para teor de ferro de
200% a mais sobre o valor imposto pela legislação e uma marca continha 700% a
mais de teor de ferro.
Boen et al. (2007) analisaram o teor de ferro em 3 diferentes marcas e 5
lotes de cada marca de farinhas enriquecidas comercializadas em Campinas,
utilizando a técnica de espectrometria de absorção atômica com chama. Os autores
encontraram valores em conformidade com a legislação, porém também superiores
ao mínimo exigido, os quais estavam na faixa de 5,9 a 11 mg/100g.
23
3.6 ESPECTROMETRIA DE ABSORCÃO ATÔMICA DE CHAMA
Daşbaşi et. al. (2016) cita que é possível determinar metais por
espectrometria de absorção atômica em alimentos por prévia digestão em ácido
nítrico e peróxido de hidrogênio, que é uma digestão por via úmida, também
conhecida por decomposição oxidativa. Essa decomposição é baseada na utilização
de um ácido oxidante que irá reagir com os compostos orgânicos e inorgânicos,
levando à decomposição desses compostos. O ácido oxidante mais comum é o
ácido nítrico (HNO3), já que pode ser adquirido facilmente com alta pureza e tolera
altas temperaturas, cuja reação é descrita como (SOUSA; CAMPOS; ORLANDO,
2015):
(CH2)n + HNO3 + calor CO2(g) + 2NO(g) + 2H2O
Dessa forma, o bloco digestor é utilizado para elevar a temperatura do meio
a fim de aumentar a velocidade da reação de decomposição via úmida.
Segundo Welz (1999), a espectrometria de absorção atômica é uma técnica
que determina a concentração de elementos em amostras com base na absorção de
radiação das regiões visível e UV por átomos livres no estado gasoso.
Na técnica de atomização por chama, um fluxo de oxidante gasoso junto a um
combustível igualmente gasoso realizam a nebulização de uma solução da amostra
a ser analisada. Em seguida, após tal nebulização, esta solução da amostra é
levada à chama, ocorrendo, desse modo, o processo de atomização (SKOOG;
HOLLER; CROUCH, 2009, p. 244).
Skoog, Holler e Crouch (2009) explicam que o processo de atomização é
compreendido por várias etapas.
O primeiro é a dessolvatação, onde o solvente evapora para
produzir um aerossol molecular de partículas finamente divididas. O
aerossol é, então, volatizado para formar moléculas gasosas. A dissociação
da maior parte dessas moléculas produz um gás atômico. Alguns dos
átomos desse gás se ionizam e formam cátions e elétrons (SKOOG;
HOLLER; CROUCH, 2009, p. 244).
O espectrômetro de absorção atômica proporciona como sinal de saída uma
relação entre absorbância e concentrações conhecidas de um determinado
24
elemento em substâncias padrão. Dessa forma, através de uma curva de calibração,
é possível determinar a concentração do mesmo elemento nas soluções que estão
sendo analisadas (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2009, p. 249).
25
4 METODOLOGIA
Nesta seção, será apresentado o procedimento experimental utilizado na
execução deste estudo.
4.1 INSTRUMENTAÇÃO
Os principais equipamentos utilizados para a realização deste estudo foram:
Espectrômetro de absorção atômica com atomização em chama do
fabricante SHIMADZU, modelo AA-6200;
Bloco digestor da do fabricante SOLAB, modelo SL25/40;
Balança determinadora de umidade.
4.2 REAGENTES
Os reagentes empregados na realização deste trabalho foram:
Ácido nítrico concentrado (HNO3) 37% P.A.;
Peróxido de hidrogênio concentrado (H2O2) 30% v/v;
Água destilada;
Água deionizada;
Solução estoque (padrão) de ferro (200 mg/L) da marca “SpecSol”;
4.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
O procedimento experimental adotado neste estudo consistiu em duas
etapas. A primeira etapa diz respeito ao preparo das amostras (amostragem,
determinação de umidade e digestão). A segunda etapa envolve a determinação do
teor de ferro em cada amostra, a qual consistiu na preparação de curva de
calibração através de solução padrão de ferro e leitura das absorbâncias de cada
amostra em triplicata por espectrometria.
26
4.3.2 Amostragem
Primeiramente, foram escolhidas as amostras a serem analisadas para a
realização deste trabalho.
Para isso, foi realizado um estudo de campo sobre as marcas de farinha de
trigo de uso doméstico que seriam as mais comuns no mercado de Ponta Grossa-
PR. Então, foram selecionadas quatro diferentes marcas de farinha de trigo
fortificadas de uso doméstico. Além disso, foram solicitadas amostras de duas
diferentes padarias localizadas na cidade de Ponta Grossa-PR, as quais ofereceram
dois diferentes lotes de farinha de trigo fortificada para panificação.
Com o objetivo de determinar a quantidade de ferro adicionada às farinhas
de trigo, foi realizada uma visita a um moinho local da cidade de onde foram
retiradas amostras de farinha de trigo sem fortificação.
Sendo assim, foi realizada a análise em triplicata das amostras divididas da
seguinte forma:
4 marcas de farinhas de trigo fortificadas de uso doméstico (2 lotes de
cada marca);
1 lote de farinha de trigo retirada de um moinho sem fortificação;
2 lotes de farinha de trigo de panificação fortificada, provindos de
duas diferentes padarias.
Então, totalizaram-se 11 amostras analisadas posteriormente em triplicata.
Para diferenciar cada marca, utilizaram-se as letras A, B, C, D, E e F. As
amostras “F” correspondem às amostras de farinhas provenientes do moinho, as
quais não foram fortificadas com ferro.
A numeração de 1 a 6 foi utilizada para diferenciar cada amostra da mesma
marca. É importante ressaltar que as amostras de 1 a 3 pertencem ao primeiro lote
analisado, enquanto as amostras de numeração 4 a 6 correspondem ao segundo
lote.
4.3.3 Determinação de Umidade
Foi verificada a massa seca de cada amostra de farinha de trigo utilizando
uma balança determinadora de umidade por infravermelho à temperatura de 105 °C.
27
Para isso, foram pesados aproximadamente 3g de cada amostra na balança e
esperou-se a massa decair até um ponto em que ficasse constante. Essa massa foi
anotada para os cálculos do teor de ferro por massa de farinha seca.
4.3.4 Digestão
Primeiramente, houve a limpeza de tubos a serem utilizados para a digestão,
os quais ficaram imersos em solução de ácido nítrico por algumas horas. Em
seguida, foram devidamente lavados com água deionizada e colocados em estufa
para secagem. Então, pesou-se aproximadamente 1 g de cada uma das 11
amostras, em triplicata, em cada tubo, totalizando 33 tubos.
Para a digestão, foram adicionados dentro dos tubos contendo as amostras
4mL de ácido nítrico e 1,5mL de peróxido de hidrogênio. Então, os tubos foram
levados ao bloco digestor por uma temperatura inicial de 80ºC por 30 minutos e por
mais uma hora em temperatura de 120ºC, até que a solução se tornasse
transparente.
4.3.5 Curva de Calibração
Para preparação da curva de calibração de ferro, utilizou-se uma solução de
ferro padrão de 200mg/L. Dilui-se a solução para a obtenção de concentrações de
0,5, 1, 2, 3, 4 e 5 mg/L. Foi realizada a leitura da absorbância de cada uma dessas
amostras, com diferentes concentrações de ferro, no espectrômetro.
A curva de calibração obtida gerou uma equação da reta que possibilitou o
cálculo do teor de ferro de cada amostra.
4.3.6 Leitura da Absorbância das Amostras
Para realização da leitura da absorbância de cada amostra, em triplicata, as
soluções de cada um dos tubos provenientes da digestão foram filtradas e
transferidas para balões volumétricos, as quais foram avolumadas até 25 Ml. O
mesmo procedimento foi realizado para a análise do branco, o qual passou por
28
todos os procedimentos citados até o momento, com exceção da adição da amostra
de farinha de trigo.
No espectrômetro foram adotados os seguintes parâmetros:
Comprimento de onda (λ): 248,3 nm;
Slit width (largura da fenda): 0,2 mm;
Corrente da lâmpada: 12 mA;
Gás combustível (acetileno): 2,2 L/min;
Gás oxigênio: 8,0 L/min;
Tempo de Pre-Spray: 3 segundos;
Tempo de integração: 5 segundos.
29
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, serão apresentados resultados obtidos através do procedimento
experimental, assim como a comparação destes resultados com estudos
semelhantes já realizados.
5.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO DA SOLUÇÃO PADRÃO DE FERRO
Através da leitura da absorbânia das diferentes concentrações de uma
soluçã padrão de ferro, obteve-se a seguinte curva de calibração, a qual foi utilizada
para a realização dos cálculos de teor de ferro em cada amostra analisada
Figura 3 – Curva de calibração da solução padrão de ferro Fonte: Autoria própria (2017).
A curva de calibração obtida possui ótimo ajuste para analisar a quantidade
de ferro presente nas amostras a partir de valores de absorbância, visto que o valor
do coeficiente de determinação (R2) é igual a 0,9861. A curva construída é
caracterizada pela seguinte equação da reta:
𝑦 = 0,0059𝑥 + 0,0003
y = 0,0059x + 0,0003R² = 0,9861
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0 1 2 3 4 5 6
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de ferro (mg/L)
Curva de Calibração da Solução Padrão de Ferro
30
5.2 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE
Na tabela 5, observam-se os valores das médias da porcentagem de
umidade de cada marca de farinha de trigo analisada.
Tabela 5 – Teor de umidade de cada marca de farinha
Marca Teor de umidade (%)
A 9,93 B 10,30 C 10,62 D 10,30 E 10,50 F 10,50
Fonte: Autoria própria (2017).
Verifica-se que as marcas estão de acordo com a Portaria 354/96 da
ANVISA, que impõe a quantidade máxima de 15% de umidade para farinhas
integrais, comuns e especiais.
5.3 TEOR DE FERRO EM CADA AMOSTRA
A tabela 6 mostra as médias dos teores de ferro encontrados nos lotes 1 e 2
de cada amostra, considerando sua massa em base úmida, visto que é dessa forma
que a farinha é comercializada.
Tabela 6 - Média dos teores de ferro (mg/100g) nos lotes 1 e 2 de cada marca
Média do teor de ferro
Marca Lote 1 Lote 2 A 9,33 10,35 B 8,50 12,21 C 8,53 7,41 D 6,71 8,11 E 6,43 7,24 F 1,56 ...
Fonte: Autoria própria (2017).
31
A partir dos resultados obtidos, observa-se que os valores encontrados para
adição de ferro estão de acordo com o valor mínimo estipulado pela ANVISA.
Porém, pode-se considerar que há uma adição em excesso de ferro, visto
que foram encontrados teores de ferro de aproximadamente 150 a 290 % maiores
em relação a quantidade estipulada pela RDC n° 344, mas outros estudos seriam
necessários para verificar a extensão das consequências da adição excessiva de
ferro nas farinhas de trigo.
Através dos resultados obtidos, pode-se destacar também a falta de
padronização em relação a quantidade de ferro utilizada no enriquecimento de cada
lote da mesma marca.
Outro ponto que caracteriza as quantidades adicionadas como excessivas é
a nova Resolução N° 150, de 13 de abril de 2017, a qual estabelece uma nova
quantidade mínima de ferro de 4 mg/100g de farinha e uma quantidade máxima de 9
mg/100g (BRASIL, 2017). Dentro dessa nova resolução, duas das marcas
analisadas estariam reprovadas.
O prazo máximo para que as marcas de farinha de trigo adaptem-se à nova
resolução é de dois anos a partir do dia 13 de abril de 2017. Portanto, destaca-se
que as indústrias de farinha de trigo das marcas analisadas devem inserir em seus
processos um sistema de dosagem que controle a quantidade máxima adicionada
ao seu produto final.
Pode-se afirmar que os resultados de Kramer e Falcão (2011) e Boen et al.
(2007) mostram-se semelhantes aos deste trabalho devido à constatação de
amostras com o teor de ferro superior ao exigido pela legislação, porém os
resultados de Kramer e Falcão foram os que se mostraram mais elevados em
relação às normas da ANVISA.
5.4 LIMITE DE DETECÇÃO E LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO
Segundo Castro et al. (2000), limite de detecção pode ser definido como
“teor mínimo medido, a partir do qual é possível detectar a presença do analito com
uma certeza analítica razoável” e limite de quantificação “corresponde à menor
32
concentração medida a partir da qual é possível a quantificação do analito com uma
determinada exatidão e precisão”.
O limite de detecção (LOD) e o limite de quantificação (LOQ) pode ser
calculado a partir das equações:
𝐿𝑂𝐷 =3𝑥𝑆𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜
𝑆𝑙𝑜𝑝𝑒 (1)
𝐿𝑂𝑄 =10𝑥𝑆𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜
𝑆𝑙𝑜𝑝𝑒 (2)
Nas equações (1) e (2) acima, Sbranco é o desvio padrão de várias leituras de
absorbância do branco e slope é o valor do coeficiente angular da curva de
calibração obtida.
Visto que o desvio padrão do branco apresenta um valor de 0,0003, os
valores de LOD e LOQ instrumentais calculados foram 0,15 e 0,50 mg/L,
respectivamente, e os valores de LOD e LOQ do método são 0,42 e 1,41 mg/L.
Observa-se que todos os resultados para teor de ferro obtidos neste
experimento estão acima do limite de detecção (LOD) e do limite de quantificação
(LOD).
No estudo de Kira et al. (2006), os autores obtiveram valores de LOD e LOQ
instrumentais de 0,086 e 0,43 mg/L. WRER (ER) analisaram o teor de ferro em
alimentos por espectrometria de absorção atômica de chama e obtiveram LOD e
LOQ instrumentais iguais a 0,10 e 0,34. Os valores encontrados na literatura
mostram-se semelhantes aos valores obtidos para os cálculos de LOD e LOQ
instrumentais deste trabalho.
5.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Para realizar o tratamento estatístico das amostras, empregou-se o software
Minitab para resultados de estatísticas básicas e o Sistema para Análise e
33
Separação de Médias SASM – AGRI para efetuar a análise de variância (ANOVA). A
partir do Minitab, realizaram-se cálculos de média, desvio padrão e mediana dos
valores do teor de ferro (em miligramas a cada 100g de massa seca) existente em
cada marca.
Tais resultados podem ser visualizados na tabela 7:
Tabela 7- Resultados estatísticos básicos das amostras
Marca Média do teor de ferro (mg/100g)
Desvio padrão Mediana
A 6,74 3,16 9,81 B 10,35 2,11 10,22 C 7,97 0,99 7,67 D 7,41 0,84 7,24 E 6,84 0,78 6,74 F 1,56 0,11 1,58
Fonte: Autoria própria (2017).
Através do SASM – AGRI empregou-se o método Tukey para comparação
de médias.
Para a análise das médias do teor de ferro de cada marca, utilizou-se 5
tratamentos com 6 repetições cada (as amostras não fortificadas não foram
analisadas neste teste) e grau de significância 5%.
A análise de variância é utilizada para a comparação estatística de duas ou
mais médias. Tal análise compreende o teste F, o qual é o cálculo da razão entre a
variabilidade entre grupos e a variabilidade dentro dos grupos.
Os valores obtidos para F tabelado e F calculado foram de 2,75 e 4,00,
respectivamente.
Visto que F calculado é maior do que F tabelado, pode-se afirmar que a
hipótese H0, a qual implica que todas as médias são iguais, é rejeitada, isto é, há ao
menos uma média diferente das demais.
Quando a hipótese H0 é rejeitada, pode-se realizar o teste Tukey, o qual é
empregado para comparar médias duas a duas.
A tabela 8 apresenta os resultados do teste Tukey realizado pelo SASM-
Agri.
34
Tabela 8 – Resultado do teste Tukey
Marca Número de repetições Média do teor de ferro (mg/100g)
Teste Tukey
A 6 6,74 ab B 6 10,35 a C 6 7,97 ab D 6 7,41 ab E 6 6,84 b
Fonte: Autoria própria (2017).
Neste teste, médias seguidas da mesma letra não apresentam diferenças
significantes ao nível de 5% de significância.
Através do teste Tukey, observa-se que as médias do teor de ferro das
marcas B e E diferem entre si ao nível de 5% de significância, enquanto as marcas
A, C e D. não diferem das marcas B e E ao nível de 5% de significância. Conclui-se,
também, que as marcas A, C e D também não diferem estatisticamente entre si.
35
6 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho encontram-se de acordo com a
resolução vigente, a Resolução nº 344, de 13 de dezembro de 2002 da ANVISA.
Porém, as marcas A, B e C apresentam valores superiores ao valor máximo que
foi estabelecido pela Resolução N° 150, de 13 de abril de 2017, a qual deverá ser
adotada pelas indústrias no prazo máximo de dois anos a partir desta data.
Os teores de ferro obtidos apresentam variabilidade entre lotes diferentes da
mesma marca. Então, é necessário ressaltar a importância da adoção de um
sistema de melhor controle de dosagem de adição de ferro.
Assim como em estudos já realizados, os valores de concentração de ferro
obtidos neste trabalho mostraram-se consideravelmente elevados em relação à
quantidade mínima exigida pela RDC nº 344, destacando a importância da nova
resolução estabelecida, a qual determina um valor máximo de teor de ferro, visto
que ferro em excesso também é prejudicial ao organismo.
36
REFERÊNCIAS
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37
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