Desigualdade e Pobreza - Teoria Geografico Marxista

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DES IGUALDADE E POBREZA :

,UMA TE O R IA G E O G RA FICO -M AR XISTA

Richard Peet/

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Este artigo procure sinteuzar dOls conceitos: 0 principlo rnarxista de que a desigualdade e a

pobreza sao produzidas mevitavetrnente pelas sociedades caprtaustas. e a ideia geografico-

sccial de que a desigualdade pode transrnitir-se de uma gerac;ao a outra, atraves do meio

ambiente de oportunidades e services em que se encontra cada indlvfduo ao nascer Portanto,

o objetlvo deste trabalho i;combinar uma explicaQBO teorica convlncente sobre as origens da

desiguaidade, corn algumas generalizayaes emmncas sabre quem e pobre e exatamente c-omo

persiste a desigualdade sob as condi{foes de urn capitalismo "avancado". As novas ideias que

tal slntese proporciona sao necessarias. pols as antertores teortas sabre a deslgualdade

tcultura da pobreza, cicto de privacao) foram objeto de urns severa critica acadermca, emborapermanecarn como a base teorica das pcllticas antinobreza projetadas para transtorrnar a

familia e 0 rndlvlduo. e nao a estrutura social e econornlca na lTlajor parte dos palses

ocldentals E necessaria tarnbern, dentro dos estreitos lirnltes da disctplina geograriCfl, uma

teoria rnarxrsta que tundarnente enfoques conceituais alternalivos aqueles que seguem

vigentes no campo da Geografia

1 - UMA TEORIA MARXIST A [)A DESlGUALDADE

o marxismo estabelece que a desigualdade e inerente ao mode de produvao capitalists. A

desigualdade produz-se rnevltavelrnente no processo normal das economias caprtal istas e naopode ser eliminada sem alterar de modo fundamental os mecanismos do capitallsrno Ademais,

forma parte do sistema, 0 que signlfica que as detentores do poder tem interesses cnados em

manter a desiqualdade social. Nao vale a pena, pols, dedicar enerqias poltnces para defenderas politicas que se ocupam somente dos sintomas da desigualdade, sern atacar as suas torcas

geradoras bastcas. Dal a necessidaoe de urnarevolucao social e econornlca. a derrocada do

capitalisrno e sua suostnurcsc por urn metodo de prQdu~o e urn genero de vida que estejam

organizados em torno dos prinolpros de igualdade e justiea soclal.

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de urn s m uJtida o de a tiv ida de s e con om ie as chfe re nte s. Em se gun do luga r, 0 s is tema capita lis taassegura a des ique tdade de acesso a tue re rnuta qua lific ada centro d a c ta ss e o pe ra rla ,reparnndo as custos da reproducao social atraves do mecanisme salarial e perrnitindo que

cads "gropo de t rabalhadores" produza sua sunstrturcao. Em lercelro Jugar, a desigualdade de

acesso a sducacao e a qua lrtlc a cao pennite que grupos de assalar iados exagerem asd ife re nca s de s ala rtos m e re nte s a hie ra rqula qua lifica oa , a o m o nopoliza r pa rc ia irn en te erestringir a oterta de trabalhos a certos nlveis da tneramula de Irabalh~ A desigualdade de

sa tanos e de opcrtunidades cen tro da c lasse de assa la riados fundam en ta -se no regime detra ba lho a ss ala ria do. P or is sc . M arx a firm o u: "pe nir um a re trlbu ic ao igual ou um a retribUlr;ao

equita tiva sabre a base do s is tem a do sa la rio e 0 m esm o que pedir libe rdade score a base deurn sistema fundado na escravatura: 0 que poder iamos reputar justo ou eqi.litativD, nao vern ao

caso. 0 problem a esta e rn sabe r 0 que e necessa ria e m evuave t den tro de de te rm m acos is tema d e p ro du c;:a ,a ?".E a conctusao pouuca pa ra a e lasse operana? uEm luqa r do lem aconservador de; 'Urn salario justa por urna jornada justa de trabalho' ..devera lnscrever em sua

bandeira esta ordem revelucionaria: 'Abo!iyao do sistema de trabalho assalanado!"

1 .2 . Des ig ua ld ades m t e rc la s s is ta s

Em troca dos sa la rtos a capltatlsta recebe rorca de traba lho viva . a torca c ria tiva p el a qu al 0tra ba tha dor n ao $0 produz 0 que consome , mas ta rn be rn produz urn e xce de nte que acurnula

para 0 capitalista Na realldade, 0 proprio capital (as rnaterias-orirnas. os instrumentos e a

maquinana de producao) e 0 produto do excedente do trabaJho no passedo. 0 capital e rorea

de trabalho historico acumulado pela classe capitalista porque havla podido pagar 0 Irabalho

com urn s som a in fe rior a o va lor dos be ne flc ios produzidos pe los tra ba lha dore s. rsto e , e ta foiapta em explora -los . um a econom ra de empre ss p riv ad a entretanto, acusara i nev i tavelmente

grandes destqualdades de salarios entre a classe capitalista, que controla 0 uso do trabalhoanterior a cum u Ja do e obtem parte da produc;.a Ode m u itos tra ba lha dore s s ob a torm a de

b en etlc io s, e 0 p ro te ta r iado , "possu ido r meramente da fon;:a de tra oa tho", que re ee beordenacos sornen te em form a de sa la rro .

Com 0 tempo. a medida que 0 capital vai-se acumulando , Marx sustenta que as desigualdadesen tre a s classes aumentam. Reconhece que os lucros dos operanos a urn en ta rn e rn c erto s

m em en tos com o, por exernplo. em periodos de rapido desenvo lvim en to econ6m ico. e que apobrsza tende a dlminuir nos m esm os pe riodos , m as sus ten ta que a longo prazo 0 a cn muto decapi tal permite urna pa ruc lpacao cada vez m aie r nos !ucros nac iona ls por pa rte dos donas dosmeios de prcducao. A situac;;ao material do operarto pode melhorar, mas a Gusto de sua retauva

posicao socrat Assnn, pais, em termos de igualdade de dassel as interesses do capital e osmteresses do tra ba lho n o de se nvolvim e nto e con orruco 580 dtarnetrahnente oposlos.

1 .3 . As funcoes oa desigualdade

A des igua ldade social e muito uti], pais serve de esnrnulo aos a ss ala ria do s p ara se estorcarern

cada vez mats particularmeote em urn pais de alto nivel aoulsnlvo e consurrusta como os

Estados Urudos. Novas tendenctas de consume i n t roduzem-se constantemente nos escaloes

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Marx explicou tambem como 0 funcionamento normal do caprtansmo produz necessariarnente

urna subclasse rnais 0 1 . 1 menos permanente de desempregados e. portanto, de pobres,

2.1 Os efeitos da mecamzacao

o desejo de luero, sustenta Marx, leva 0 capitalista a reduzir ccnstantemente os custos daprodu~o par meto de urna grande divisao do trabalho e a introduvao e apertelcoarnento da

rnaqeinaoa. A rnecaruzacao produz 0excedente expioriivel palos donos dos meios de

producao e incrementa a produUvidade do trabalho e. assun, aumenta 0 capital disponivel para

remverte-lo em rnais rnaqumarias, services e matertas-pren as. Os custos de produ~o

representam cada vez mais os custos da dsorectacao da rnsqurnaria e cada vez. menos os

custos do trabalho assatariado, a mecida que 0 capltalisrno se desenvolve e que se utillza da

maquinaria a ritrno crescents. Marx tata de urna troca na cornposlcao orpanlca do capitalinerente ao crescanento da riqueza social' 0 capital constants (dinheuo utilizado para adquinr e

depreciar maquinana e materias-primas) aumenta em relacao ao capital vanavei (dlnherro para

adquirir for9a de trabalho). Assim, POlS, a demands relatlva de trabalho dlrninui a medida que 0

desenvolvrnemo econemlco capitalista vai aumen1ando. Precisam taxas de crescimento

econernico cada vez mars altas para absorver as novas ofertas no mercado de trabalho.

Inclusive para manter os postos ja existentes. Um exeedente relative de poputacao aparece

rapidamente. Pode-se adiar 0 crescimento de uma torca de trabatno superflua. desnecessarta e

excedenta atraves de um desenvolvimento e co no rn rc o rn un o ra pid o. lsto fO l 0 que sucedeu com

a expansao da fronteira norte-americana no Seculo XIX e principles do XX au durante 0

period a de suburbamzacao e cornpra rnacica de bens de consumo, que sa segwu

imediatamente a SegundaGuerra Mundial. Mas confiar na frenetica cornpra de bens de

consume para manter a economia em forma implica no risco de que a geme eventualmente se

canse do consume. au que esta pressao que rruna a base des reeursos dlsponfvels chegue a

ser demastado grande eo crescimento diminua. Ha sinais abundantes e recentes do ultimo eo

economlsta rnarxista Paul Sweezy afirma Que 0 fenorneno anterior vmha-se produzindo durante

alguns anos: sem os enormes gaslos militares, a econernia des Estados Unidos esteve "lao

protunoarnente em cnse como esteve na grande Depressao" A teo ria marxista, pols,

prognostica que 0 crescsnento sern lravas do capitalisrno ga{B uma rnassa de desempregados

e que desernbecara finalmente nom geMralizado atastamento dos operartos dos meios

rnecanlzados de producao de riqueza, fato que criara as condicoes necessarias para a

revolucao socist

2.2. 0 exercilo de reserva Industrial

Marx disse que as economias capita Iistas , para seu tuncionarnento dta apos dia e aile apes

ano, necessitarn de urn "exsrcito de reserve industrial", uma reserve de genle pcore Que pode

ser uhHzada e desprezada a vontade do capitalista 0 desenvolvfmento econ6mico nao saproeessa suavemente sob 0 capltallsrno. Quando se abrem novas mercados produzern-se

mementos de grande expansao: inclusive ve!has industrias em declinto prosperam de novo em

epoca de auqe econerruco Em ta l situa<;:ao. a econornla necessita de rnudanca rapida de mao-de-obra uma reserva de mao-de-obra faz-se necessaria para converte-la em rorca de trabalho

 

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terceiro lugar, a reserva de trabalho mtermltente e um a parte do exercno de rnao-ce-obra atrva,que tern urn emprego sumamente lrreqular, Tem os minimos salartos (devtdo ~ compencao

premente das massas de trabalhadores latentes ou f1utuantes) e as condicoes de vida desse

gropo estao abaixo do padrao do resto da classe operarta. Nos tempos de Marx. a (Of9<1 delrabalho intermitente era u1i1izada prlncipalrnente em lndustrias cornesncas pequenas e

irregulares. se bern que se utilizasse t ambem como reserva potencial de rnao-de-obra barata

nas industries regulares. Hoje se utiliza na "econnmia penterica" au no "mercado de trabatno

secuncano'', onde os trabalhadores tern uma produtividade baixa, uns salarios abaixo do

padr~o e empreqos instaveis. Urna vez mats, os grupos de minorias culturais e raciais

constnuern parte importante da reserva de trabalho Intennitente.

Assim, pots, 0 essencial do racioclnlo marxism e que a desigualdade nao e um "mal temporal"

nem a pobreza urn "paradoxo surpreendents'' nas sociedades de capitalismo avancado: em vez

disso, a desigualdade e a pobreza s~o vitals para 0 funcionamento normal das economias

capltalistas, A desigualdade e necessarta para proouzir urna torca de trabalho diversificada, por

seu papet na producao de urn excedente expropriavel e per sua tuneao como incentive para

trabalhar. A mecanizacao, a autcrnatzacao e 0 rrtmo desiguat do desenvolvimento economico

produzem inevitavelmente desemprego, subempregoe pobreza. A desigualdade esta na base

de todo Sistema e con om too de vida

3- MElD AMBIENTE E DES IGUA I JDADE

A teona marxista asslnala que a desigualdade se produz inevitavelmente no sistema capitanstaE uma rnetateoria que trata das grandes forcas que conflquram rrnlhoes de vidas, e que

51gnificam pouco para a pessoa, a menos que ela possa ver como sua vida eas clrcunstanciasparticulares que a re da ia rn , se e nca lxa rn nos mode lo s g era is preditos por M arx. A te oria do

rne io am bien ts ou geogra fica se ocupa dos mecanismos que perpetuam a desigualdade, sob 0

ponto de vista do indivlduo. Preocupa-se com 0 complexo de fan/as, estimulos e fricc;.Oesque

configuram de modo imediato 0 curse da vida de uma pessoa. Trata-se de uma analise am ic rce sc ata que complementa perfeitamente, a ana lise de M arx a rnacroescata .

3 1 - a rneio ambiente dos recursos sociars

A luta indivJdual para ganhar a vida desenvolve-s€ em c erro m a io n slc o, s oc ia l e e con orn ic o.Esse maio arnbiente pode ser entendioo como uma sene de recursos - services. contatos e

oportunidades - cam os quais lnteracrona 0 individuo 0 resultado eventual d'esta lnteracao e a

produeao de hens e services para a scciedade e de sajarios para 0 individuo,

Os componentes mais importantes do meio fisico sao a cas a e 0 balrro, que influem na

produtividade individual par meio de fatores tais como a saude fislca e mental. As escolas, as

untversldades, os insHtu10s tecnicos e outros centros para a tormacao da torca de trabalho saoos elementos socro-const l tucionais rnais infiuentes, ainda que arnpla vanedaoe de outras

Instltui¢es tenha tamMm LIm papal em preparar 0 indivlduo para 0 trabalho. Estes "fatores

arnbientais" vern a ser os que deterrnlnarn 0 "potencial de satartos cia pessoa e dizer a 

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espacial de classe e raca. Cada grupo de ldade, classe social, grupo social e sexo tern urn

"prisma" diano de diferente tamanho onde se movimenta. Para a dasse inferior e matsdiscriminada, 0 prism a se converte numa prisao; sob.o ponte de vista de espaco e recursos,

o modelo simples de Hagerstrand s6 inclui alguns dos fatores que limitarn 0 alcance do meio

ambiente cotidiano de urna pessoa, Entratanto, nan se trata de ernbelezar 0modele de tempo-

espaco relacionando-o com outros rnodelos de interagao, mas aplicar este conceno aexplicacao da transrnissao da desigusldade. Esta c ta ro q ue urn individuo deve obter servieos,

informacoes e relaCiles do complexo de recursos socials, que formam as pessoas e as

lnstituigaes do meio ambiente cotidiano a seu alcance. Nao obstante , e em primeiro lug1ar, a

extensao do meio que se pooe aprovehar varia com a mobilidade e esta, POfsua vez, varia

com as quantlas Inlciats. Em segundo luqar, a densldade dos recursos socia is varia cenfnrme

os diferentes rneios ambientes. Em tercelro lugar, e e 0mats irnportarrte, a qualidade des

recursos tarnbern e distinta: alguns sistemas escolares sao rnelhores que outros, netermmacoscomplexes socials proporctonsm rnais infonnal;(oes e de melhor qualidade que outros, e assirn

tooos os demais. Podemos penssr, pols, que uma pessoa ja vern rnarcada por deterrmnado

rnelo de cartas clrnensces, densldade e quatldade, ao lancar-se na interacao com uma

superficia de oportumdades econ6micas, que varia de modo simi lar em tamanhe, densidade e

quaJidade_ Atraves do individuo 0 rnelo social mterac lona com nivel de oportunioadeseconornlcas para que produza salaries. As deficiencjas de qualkiade de qualquer nlvel originam

salarios nalxos. Par sua vez; salancs baixos lnfluenclarn 0 acesso a urn rnelo de recursos

socials, a sua qualidade e ao nive! de oportunldades economlcas. Urn precesso de circulo

vicioso vem fixar de modo efetivo os parametres de satarios para a t rnensa maloria das

pessoas.

3.2 '\ mfluenaa da classe social

Assim, pols, os recursos arnbientais de uma peSS08, e seu conseqGente acesso a nivel de

oportunidades econormcas. dependern muito cos salaries iniciais au da classe social de seus

pais. Em outras patavras, da posi~o de classe her-dada dos pals atraves da qualidade do meio

social e econorrucc-lnstltucionat em que viva, as prirneiros enos de sua vida. as pais lutam para.

meihorar, 0meio ambienta de seus filhos; confiando assirn em propercionar-Ihes as rnelos para

que ascendant socialmente. Este estorco para aumentar a categoria do meio ambients pedeocorrer no proprio luqar, havcndo metnoras no balrro Onv0Sfimenios em services lecais), au

emigrando para outra vizlnhanca que proporctone arnbiente diana com as caracteristicas

nesejadss. Ambas as colsas requerern que os pais sacrifiquem 0 consume imediato em prol da

inversao no futuro da familia. A familia, pois, tern enorme interesse no meio local, j6 que

represents as saoritlclos passados e as esperancas de urn futuro para a familia, 0 dominie

(conjunto dos meios ambientes da vida diana) utilizado par certo grupo de tarnillas da classe

operaria, por exemplo, represents uma fonteescassa de mobilidade social e 0seu desfrute

eprotegido intensamente trente a outros grupos que poderiarn debililar au "poluir" os recursos

baslcos contidos no territono. Esta reaqao frente aos 'forastelres", que nos E.UA toma arorma

clara de discriminac;ao racial e etnica, rernonta a pnitlca da reprnducae da farga delrabalho

para a regime de trabalho assalartado. e se intertsifica por uma falta geraJ,de mobilidade social.

 

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nos recursos socials varia, produzindo meios ambientes desiguais que perpetuam a sistema de

c lasses.

4.1. A hierarquia dos rnelosarnbientes

A hierarquia dos diferentes meios de recursos, que compoem a geografia social da cidade

modema, constitut, pols, uma resposta a dernanda hierarquica de trsbalho da economia

urbana. Do mesmo modo que 0 sistema capltatista de produc;ao oriqina uma estrutura de

classe social hierarquica, assim tarnbem proporclona melos arnblentes diterenclados de

recursos sociais, nos quais cada classe se reproduz a si mesma . A troca na hierarquia de

rneios arnblentes e. portanto, na estrutura socio-espacat da cidade, produz-se sob a influ!nciada trnea na demanda de trabalho que oeorre no desenvowlrnento ecnndrnico. Em epoeas de

cresctmento econcrruco, a demanda aumenta para certos tipos de traoamo, orlando uma

escassez temporal, salaries rnais etevados e Q .ncentvo para maior oferta dessas classes de

mao-de~obra.0 desenvolvimento tarnbem proporclorra os fundos necessaries para recrtentar

as sistemas de oferta de rnao-de-oora. que produzem operarics qualificados atraves de

salaries supericres. 0 caprtahsrno neeessariamente rnantern as desigualdades sociats ao

confiar basicamente no regime de frabalho assalariado para produzfr novas ofertas de trabalho.

Apesar de uma estrutura intrinseca de tipo desigual, este prccesso nao produz

necessariamente grandes tensoes sociais, pois todos os rneics VaG rnelhorando e existe a

possibilidade de passar de lima camada a outra, de urn meio arnbiente a outro. Os problemas

so aparecem quando urna depressao economlca inverte 0 procssso (produztndo satanos

baixos. reduzindo services e. assirn. sucessivarnente), au quando 0 descobrimento opressor da

falta de mobilidade destr6i 0 mito de que "todo rnundo tern oporturudade se trabalharsuticienternente", Quando grupos inteiros se dao conta de que nao tern nenhuma oportunidade

para melhorar sua sorte, de que um bairro pobre no centro da cidade ou urn antigo bairro

proletario deteriorado val ser 0 sell lar e 0 de seus filhos para tcda a vida, 0 potencial de revolta

se amplia Uma ayao semelhante OCO ITeu nos anos 60 nos bairros negros das cidades

arnericanas. Par que?

4.2. As oriqens do protesto negro

Marx asslnalou que a rnedlda que 0 desenvolvimento econormco avanca sob 0 capiiaHsmo, a

cornposicao organlca do capital tende a mudar, perdendo irnportancta 0 capital variavet e

adquirindo-a 0 capita! constarne. Em termos de classe, este eresclrnento do capital constante

cria no....s empregos no setor de services (na orqanrzacao, admmlstracao, supervisao e

vendas), mas produz diminuic;;ao na relatlva dernanda do setor secundario e especialmente de

obras da produyao. Desde a Segunda Guerra Mundial, os recursos do maio ambiente

melhoraram sumamente em bahros de trabalhadores do setor de services. e inclusive em

alguns dos de secunda rio, ja que deviarn subministrar a demanda de trabalho rnars edueada e

mais 'culturatizada". As areas rurals mars pobres e os bairros do centro das cidades ficaram

descuidados devido a talta de demanda deste ripo de rnao-oe-obra. Portanto, os satarios estao

 

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Consegllir a igualdade saoia! significara multo rnais que. a politica liberal de redistribuira

riqueza par rneio do sistema de impostos, A verdadelra igualdade social 56 se pede conseguir

altersndo as fOJ1:8S que geram a desigualdade: como estas sao fundamentets para afunclonamenta do sistema de producao capaausta , a ig,ualdade social implica necessanamerne

grandes trccas neste sistema e de modo especial 0 controle social score os melos de produy8o

de rlqueza, N a o obstante, a revoluyao igualitarta presumira inclusive muito rnais que isso.

Como os rendirnentos vern refletir mais as necessldades das familias que as necessldades de

urn sistema de pruprtedade privada de prooucao, tendem-se a idealizar novas metodos que

reproduzam socialmente uma torca de trabalho com qlJalificayao dlferenciada A socializa~o

do contrcte sabre a reprodecao da fort;:a de trabalho e, porconseguinte, do meio social e , pais,urn cora lano da iglJalayao dos randtmentos.

Os geografos podem aeelerar a consecucao da igualdade orlando rnodelos alternativos e

convmcentes para planificar e controtar 0 meio ambiente. a rnodelo aitemativa mars real e 0 de

incrementar 0 controte central e estatal sabre a inversao, no meio arnbiente, de recursos

socials, para assegurar que a igualdade se taca. 0 problema desse modelo, entretanto, e a

burocratizacao, e a consequents taita de sentldo de controle score 0 proprio meio amblente.

Urn modele a t t emauvo e atrativo, elaborado pelos anarqulstas em sua forma rnais com pIeta,implica urns propnedace descentralizada, por parle dos trabamadores, dos rnelos de prodU!;:ao

e um sistema entrelacado de controle comuniterio sobre 0meio arnblente. Um debate entre

todos as que propfiem esses rnodeios especlals ahernatlvos ajudaria a criar ideias

convincemes sobre 0 controle popular do meio ambiente, do trabamo e da vlda. As pesscas

desenvolvem-se erncontlnaa resposta ao meio arnbiente total e nos, que somas da esquema,

acredlitamos que as atuals rneios arnblentes impedem urn desenvolvirnento nurnano pleno

Puoernos ajudar a Que nossa \11530do "homem total" seja realidade, ldeauzando rnortetosambientais que sejam fguali tanos e liberadores; igualitarios j i l que devem proporcionar a base

para uma igualdade lnererne, e libertadores jll que devem permitir tarnbern 0 desenvorv imentopleno de cada indiv{dl.lo como pessoa unica, Enfrentamos, pais, urna tareta quase

esrnapadora; nao obstante, a geografia da igualdadefutura exige nossa dedicacao_

Pagina Inicial

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Richard Peel

Christofolettj

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dos dlrCltos de tC;..lQS pllblicados aqui_e se sentlr prejudicado. nlvor cmrar em cmlla[O que a lC.x10ser~i

imctiiat"dll1Cllte rClirado

IV .A m: G OM ES - B elL)H orizo ntc - M G - B rasrl

Texto de Leitura complemental

Prof Ms. Dirceu Francisco de Oliveira