Designer e a Bauhaus . Uma Monografia
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1. INTRODUÇÃO
A forma de como o homem trabalha vem se alterando, a empresa não é sempre
um ambiente fixo de trabalho, e estas mudanças trazem novas possibilidades para os
designers de móveis, uma vez que muitos profissionais optam a trabalhar em suas
residências, modalidade conhecida como Home Office.
Desenhar móveis para um home office, tema deste estudo, não é
necessariamente fazer mais um móvel. Esses ambientes de trabalho necessitam de
um estudo apurado de fatores ergonômicos, influências ambientais recorrentes de
ambientes residenciais e fatores estéticos, pois, irá fazer parte de um ambiente já
estruturado como quarto, sala, uma área de circulação.
Desenvolver uma escrivaninha e uma cadeira, móveis base de um home office,
é o objetivo deste estudo, de modo que estes móveis sejam multifuncionais, e como
os espaços residenciais atuais vem reduzindo, eles devem ocupar menos espaço,
possibilitando ser integrado ao maior número de ambientes possíveis. Para o
desenvolvimento deste estudo, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória
através de revisão bibliográfica de livros e artigos científicos, afim de desenvolver um
móvel que contemple os objetivos determinados.
Para o segundo capítulo, efetuou-se um estudo histórico acerca de fatos que
foram importantes para evolução do trabalho até o surgimento do modelo de gestão
em home office, sendo então na segunda etapa a de identificação do termo, conceitos
e influencias de se trabalhar em casa.
No terceiro capítulo, pôde-se observar os fatores de influência e contribuições
do Design para o desenvolvimento do projeto, onde foi abordado questões como a
ergonomia, os materiais naturais, poliméricos e metais, e seus processos de
usinagem, e a estética com suas relações com os indivíduos.
Após esse levantamento de informações históricas, começa no quarto capítulo
o desenvolvimento do projeto, onde realizou-se a definição da metodologia, que foi
utilizada no processo produtivo, ficando definido como base a criada por Bonsiepe
(1984), conforme as seguintes etapas: etapas das análises, onde foi feita a lista de
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verificação, análise diacrônica, a análise sincrônica e análise funcional/morfológica;
etapa de problematização, onde se analisou as informações coletadas através da
síntese das análises e gerou a lista de requisitos dos produtos; e na última etapa, o
processo de desenvolvimento, seguido pela geração de alternativas, onde foram feitos
os rafes, os desenhos e esboços, versão mais detalhada dos rafes das opções
escolhidas, a definição do modelo 3D e o desenvolvimento da Mocape/protótipo dos
produtos em suas formas finais.
Desenvolver móveis não é necessariamente criar mais um produto, para o
designer é resolver um problema, ou seja, sanar uma necessidade de forma a
integralizar conceitos, pesquisas e estudos e criar algo novo, ajudando a melhorar a
vida das pessoas.
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2. TRANSFORMAÇÕES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO E TRABALHO
O homem passou por grandes mudanças no decorrer de sua história, onde
transformações em sua forma de pensar o fizeram crescer intelectualmente, formando
grupos, comunidades e finalmente sociedades.
De acordo Martins & Laugeni (2005), o surgimento dos artesãos, foi sendo
definido ao longo do tempo, onde muitas pessoas se revelaram extremamente
habilidosas na produção de certos bens, e passaram a produzí-los conforme
solicitação e especificações apresentadas por terceiros. Surgiam, então, os primeiros
artesãos e a primeira forma de produção organizada, já que os artesãos estabeleciam
prazos de entrega, consequentemente classificando prioridades, atendiam
especificações prefixadas e determinavam preço para suas encomendas.
Os principais traços característicos do artesanato são os seguintes: a oficina que dirige é pessoal e não societária; nela o artesão assume uma posição de chefia ou mestre artífice; é possuidor dos instrumentos de trabalho; participa pessoalmente na elaboração dos bens e serviços que produz. O artesão exerce uma arte ou um ofício manual por sua conta, sozinho ou auxiliado por membros da sua família e um número restrito de companheiros ou aprendizes. Com a ajuda de ferramentas e mecanismos caseiros, visa produzir peças utilitárias, instrumentos de trabalho, artísticas e recreativas, com ou sem fim comercial. (GOMES, 2008, p.185)
O ambiente de trabalho do artesão era sua oficina (figura 1), que funcionava
em sua casa ou em alguma instalação em anexo, detinham de seus próprios meios
de produção onde utilizavam suas ferramentas e matéria-prima necessárias para a
execução. Os jovens que tivessem interesse de se tornar artesãos, deveriam ser
aceitos primeiramente como aprendizes onde receberiam o conhecimento, técnica e
instrução, para efetuar o serviço. Os instrumentos de trabalho utilizados, a experiência
e os hábitos formados adquiriram o carácter de tradição que se transformaram ao
longo das gerações.
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Figura 1. Representação de um ambiente de trabalho do sec. XVIII.
Fonte: http://poetawagner.blogspot.com.br/1
Então, conforme explica Costa (2009), com a decadência da era artesanal, que
decorreu o fim das oficinas tradicionais, ascensão das fábricas e o início da
mecanização da produção e a padronização dos produtos, marcando o advento da
Revolução Industrial. Um grande fator de influência para essas transformações que
ocorreram neste período se origina de evoluções tecnológicas, sendo um dos
principais responsáveis os transportes terrestres, como as ferrovias, expandindo e
facilitando o acesso a novos mercados e a maior quantidade de matéria-prima.
Nesse período, as ferrovias começavam a se impor com um meio eficiente de transporte. Até então, a navegação por canais tinha sido o meio de transporte utilizado, mas muito limitado em termo de extensão territorial. As ferrovias expandiram os mercados, reduziram o custo dos transportes de matéria-prima e, por conseguinte, dos produtos têxteis. (CARVALHO JR,1997, p.14)
Segundo Gomes (2008), a manufatura revolucionou totalmente o modo de
trabalho, introduzindo mudanças essenciais na natureza da organização da produção.
O antigo mestre desaparece com a manufatura, transformando-se num patrão com
funções diferentes das que exercia até então. O artesão deixa de criar por completo
1 Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-qDgBFVFpgFQ/ U5UJ03DUKYI/AAAAAAAAA0U/comE6_T9vSY/s1600/artes%C3 %A3o+sapateiro.jpg>. Acesso em: 27/10/2014.
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os objetos, de trabalhar com os seus próprios instrumentos, sob a supervisão do
mestre de todas as operações do seu ofício que, por sua vez, deixa de ser o
responsável direto pela mercadoria que produz. Surgem trabalhadores a
desempenhar funções específicas, onde se especializam apenas na execução de
algumas tarefas do seu antigo ofício, com perda de parte de suas capacidades
profissionais e criativas adquiridas com o mestre. A independência e a criatividade do
trabalhador são destruídas, transformando-se este num executor de tarefas
monótonas e repetitivas.
A produção industrial exige a combinação de quatro fatores fundamentais: o emprego sistemático e intensivo de máquinas acionadas por uma força motriz; o emprego de processos tecnológicos direcionados para a produção de bens para o mercado; a utilização de uma quota crescente de capital constante; a concentração dos meios de produção e dos operários assalariados em um local único, onde funcionasse igualmente a unidade de direção e de controle. (GOMES, 2008, p.192)
Segundo Soares (2009), as fábricas do início da Revolução Industrial não
apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram
precárias, eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários
recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho
infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e
estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como,
por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal
remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem
nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade. ENGELS (2010)
descreve a situação dos operários ingleses no início da revolução industrial:
A atividade do operário tornou-se menos pensada e o esforço muscular foi reduzido, mas o próprio trabalho, facilitado, foi levado ao extremo da monotonia. Ele não permite ao operário nenhuma possibilidade de atividade espiritual e, no entanto, absorve-lhe a atenção a ponto de impedi-lo de pensar em qualquer outra coisa. A condenação a semelhante trabalho, que torna do operário todo tempo disponível, que mal o deixa comer e dormir, que não lhe permite fazer exercícios físicos e desfrutar da natureza, sem falar da ausência de atividade intelectual. (ENGELS,2010, p.158)
Este período é marcado pelo pensamento da produção em grande quantidade,
mas diferentemente do período artesanal onde se buscava qualidade e originalidade,
a produção industrial em massa traz consequências muito ruins, além do ambiente
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dos trabalhadores, passando a produzir produtos com baixa qualidade e de pouca
utilidade onde muitas vezes eram pouco funcionais, levando em conta sempre o baixo
custo e lucros altos.
Com o constante desenvolvimento tecnológico, passaram a ser usadas novas máquinas, novos materiais e novos processos de produção. Havia, porém, uma grande confusão quanto à concepção formal de produtos. Como o artesão foi afastado do processo de produção fabril, a coordenação da produção era feita pelo capitalista, cuja competência mais valiosa era de auferir lucros. Seu compromisso era com o capital e não com o projeto. Para ele, o usuário era reduzido à condição de comprador. Os empresários aplicavam as mais disparatadas configurações nos bens manufaturados: importante era que os custos de produção baixassem, a produtividade aumentasse e os ganhos crescessem. (NIEMEYER, 1997, p.31)
Como descrito por Bürdek (2006), foi através das consequências da produção
em massa e do desenvolvimento de produtos sem utilidade, qualidade e
funcionalidade, marco importante para ascensão industrial que buscam mudar essa
realidade, onde grandes empresas se formaram. Um grande exemplo foi a empresa
Morris, Marschall, Faulkner & Co de William Morris (figura 2) fundada em 1861, com
intuito de renovar as artes aplicadas. Ao seu redor surgiu o movimento Arts and
Crafts2, proporcionando a visibilidade do Design como parte essencial do processo
produtivo.
Figura 2. Ilustração do movimento Arts and Crafts por Willian Morris em 1876.
Fonte: http://www.artyfactory.com/3
2Segundo Mendonça (2011), o Arts and Crafts, foi o movimento idealizado e dirigido por John Ruskin e William Morris, possuindo duas características que o identificavam: a proposição da divisão das artes em denominações distintas – a arte pura (belas artes) e a arte aplicada (artesanato) – e a oposição ao modo de produção mecanizada, defendendo a ideia de um retorno ao sistema artesanal. 3 Disponível em: <http://www.artyfactory.com/art_appreciation/graphic_designers/william_morris/afri can-marigold.jpg>. Acesso em: 27/10/2014.
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Expressado por Bürdek (2006), com o fortalecimento do pensamento
renovador, vários grupos de pessoas se uniram, para que com o Design pudessem
agregar maior funcionalidade e fundamentos aos produtos, sendo eles produzidos
aliando técnica e arte. A consequência da união desses pensamentos renovadores
fez com que ocorresse o surgimento de vários movimentos artísticos, inovando tanto
o processo produtivo quanto o de desenvolvimento projetual. Sendo alguns deles: Art
Nouveau, Fovismo, Expressionismo, Futurismo, Cubismo, Orfismo, Construtivismo,
Vorticismo, Dadaísmo, entre outros.
Com intuito de aprofundar o conhecimento e de desenvolver seus conceitos,
Bürdek (2006) menciona que surgiram associações de artistas, artesãos, industriais e
publicitários que queriam perseguir a meta de melhorar e integrar o trabalho da arte,
da indústria e do artesanato por meio da formação e do ensino, sendo em 1907,
fundado em Munique na Alemanha, o Deutscher Werkbund (Liga de Ofícios Alemã).
Os primeiros representantes do Werkbund nos anos 20, foram Peter Behrens, Theodor Fischer, Herman Muthesius, Bruno Paul, Richard Riemerschmid, Henry Van de Velde e outros. No Werkbund manifestavam-se duas correntes principais: a estandardização industrial e a tipificação dos produtos de um lado, do outro o desenvolvimento da individualidade artística, como no caso de Van de Velde. Desta forma, foram essencialmente essas duas direções que marcaram o trabalho de projeto do século 20. (BÜRDEK, 2006, p.25)
Após o início da Werkbund, várias outras associações foram fundadas pela
Europa e, segundo Bürdek (2006):
Em 1902, Henry van de Velde fundou em Weimar um seminário de artes aplicadas que, sob sua orientação, transformou-se em 1906 em uma escola de artes aplicadas. Na sua fusão com a escola de artes plásticas sob a direção de Walter Gropius, formou-se a Staatliche Bauhaus Weimar (Casa da Construção Estatal de Weimar), que veio a ser o ponto central de partida do grande desenvolvimento do design. (BÜRDEK, 2006, p. 28)
A criação da Escola da Bauhaus marca a ascensão do Design e com os ideais
de Walter Gropius e seus professores, foi criado um novo tipo de profissional para a
indústria, alguém que domine igualmente a moderna técnica e a respectiva linguagem
formal. Gropius criou com isso os fundamentos para a mudança da prática profissional
do tradicional artista/artesão no designer industrial como é conhecido atualmente.
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Com os métodos da "pesquisa do comportamento" e da "análise funcional" assim como com uma "ciência da configuração" que se desenvolvia, deveriam ser clareadas as condições objetivas do projeto. Gropius formulou isto em 1926 da seguinte forma: "Um objeto é determinado pela sua ‘essência’. Para ser projetado de forma que funcione corretamente - um vaso, uma cadeira, uma casa – sua essência precisa ser pesquisada; pois ele necessita cumprir corretamente sua finalidade, preencher suas funções práticas, ser durável, barato e bonito" (Eckstein, 1985) Nesta tradição foi cunhado o termo "dados essenciais" (no original Wesenanzeichen) (Fischer/Mikosch, 1983) que determinam que cada produto tem informações típicas e funções práticas de visualização a orientar sua classe de produtos. (BÜRDEK, 2006, p.37)
Segundo Maia (2011), as novas relações sociais de produção, de organização
do trabalho e de mercado, presentes na maximização do lucro e na acumulação de
capital, definem o enquadramento da atividade de design numa relação de
interdependência. Estas condições, que configuram todo um território novo para a
criação, definem a configuração de uma nova realidade artificial na arquitetura ou no
Design, através do universo dos artefatos materiais, que promove novos modos de
vida, de cultura e de vivências sociais.
Semprebom, Alves & Esperidião (2010), expressam que com a ascensão da
“Era da Informação” e o surgimento de novas tecnologias, como celulares, notebooks
e internet, possibilitou ao trabalhador maior mobilidade. Com a expansão das formas
de comunicação o mundo passa a estar mais conectado, fator esse do grande
crescimento da internet, fazendo com que ocorra enormes transformações, gerando
um fenômeno conhecido como Globalização4. Toda essa integração, faz com que os
mercados de diferentes países criem interação, aproximando as pessoas e as
mercadorias, o que gerou uma grande expansão capitalista.
Segundo Pereira, Ávila & Boas apud Chiavenato (2006), com os computadores
e a tecnologia de ponta, o trabalho jamais será o mesmo. Computadores pessoais,
servidores, trabalho e produção assistidos por autômatos, softwares complexos de
gestão ou sistemas de informação, de decisão e outros desenvolvimentos
tecnológicos fazem parte vital do nosso local de trabalho e de nossas vidas. Seja para
4Segundo o site Dicio a Globalização é definida como: s.f. Processo que ocasiona uma integração, ou ligação estreita, entre economias e mercados, em diferentes países, resultando na quebra das fronteiras entre eles. P.ext. Âmbito atual da economia mundial em que companhias podem trabalhar, de maneira simultânea e em vários países, buscando custos menores e benefícios fiscais. Pedagogia. Tipo de processo de aprendizagem ou de percepção em que o sintético se sobrepõe ao analítico. Ação ou efeito de globalizar. (Etm. Globalizar + ção). (Dicionário Online de Português. Globalização. Dicio. [S.l.], [20--?]. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/globalizacao/>. Acesso em: 24/09/2014.)
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melhor ou para pior, o fato é que o trabalho está sendo totalmente dominado por
código de barras, sistemas automáticos, correio eletrônico, telemarketing e o
crescente uso das supervias de informação como internet e intranet. As inovações
em Tecnologias de Informação5(TI) têm originado novos empregos, promovendo o
crescimento de novos mercados e aumentado o comércio e investimento
internacionais.
Aliada as novas tecnologias, a globalização e crescente terceirização dos
serviços contribuíram para o desenvolvimento de um novo modelo de trabalho: o
Home Office – Escritório Doméstico.
2.1 SOHO (Small Office Home Office)
A definição de trabalho flexível ou teletrabalho, tem relação com o local onde o
profissional irá exercer suas funções, podendo ser em locais diversos ou em suas
residências. Segundo Mello (1999), o teletrabalho é um modo de flexibilizar o sistema
de execução das atividades, facilitando para que ocorra um “convívio equilibrado da
família, responsabilidades no trabalho, além de reduzir o stress e as despesas
provenientes das constantes idas e vindas ao escritório tradicional”.
Mello (1999) expõem, que há indicação do surgimento do teletrabalho nos
Estados Unidos em 1857, na companhia Estrada de Ferro Penn.
Nesta época, a empresa usava o seu sistema privado de telégrafo para gerenciar o pessoal que estava distante do escritório central, ao ser delegado aos funcionários o controle no uso de equipamento e na mão de obra. Em outras palavras, a organização seguia o fio do telégrafo e a empresa acabou por transformar-se num complexo de operações descentralizadas. (MELLO, 1999, p. 9)
Mello (1999) expõem também, que “existem diversas formas de teletrabalho”,
variando principalmente o local onde serão executadas suas funções, sendo então:
Colaborador em seu domicílio (“home-office”): É o trabalho que o
indivíduo realiza em seu próprio lar (figura 3). Nesta modalidade, alguns
teletrabalhadores passam todo o tempo em seus domicílios, enquanto outros dividem
5Conforme Alecrim (2013), a Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos computacionais que visam permitir a obtenção, o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o uso das informações.
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o seu tempo entre sua residência e o escritório. É a modalidade em que se pensa
primeiro, quando se fala em teletrabalho, talvez por ter sido a primeira a ser teorizada
e implantada. Esta modalidade admite o teletrabalho: em tempo parcial, ou seja, um
período em casa e outro na empresa (teletrabalho baseado em casa); em tempo
integral, para um único empregador; autônomo freelance, para vários clientes ou
empregadores;
Figura 3. Ideia do projeto de home office com superfícies de madeira elegantes e tons minimalistas.
Fonte: http://www.decoist.com/6
Teletrabalho Pendular: onde o colaborador trabalha alguns dias em sua
residência e outros na sede da empresa;
Escritório da Vizinhança ou Centro Local: São conjuntos de escritórios onde
existem várias empresas e atendem aos empregados que moram nas proximidades
de onde estão localizados os centros;
Trabalho Nômade: quando o colaborador exerce as suas funções em trânsito
nos próprios clientes. É itinerante, tal como os funcionários da área de vendas. Esta
modalidade encontra-se em muitas organizações e apresenta o maior número de
características do teletrabalho;
6 Disponível em: < http://cdn.decoist.com/wp-content/uploads/2012/10/Home-office-design-idea-with-sleek-wooden-surfaces-and-minimalistic-overtones.jpg>. Acessado em 28/10/2014.
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Escritórios Satélites: exercer suas funções em locais que pertencem à própria
organização e que abrigam atividades específicas fora da organização central.
Escritórios satélites parecem muito com um escritório tradicional. Porém, a diferença
básica entre ambos escritórios consiste no fato de os que trabalham no escritório
satélite moram próximo ao local, independente do seu cargo, área ou setor. Nesta
configuração, se a empresa possuir vários escritórios satélites poderá ocorrer de um
mesmo departamento estar dividido em diversas unidades;
Hoteling: é usado frequentemente na sede da empresa por profissionais que
não precisam de uma mesa no escritório fixo, mas apenas de um local a ser utilizado,
talvez, uma vez por semana, onde possa receber correspondência, estar em contato
com o banco de dados principal da empresa ou receber um cliente num encontro face
a face.
Conforme os vários tipos de sistemas de trabalho flexível existentes, o foco
deste estudo é o “Home Office” ou “SOHO” (Small Office Home Office), sendo que,
Schirigatti & Kasprzak (2007) expõem que na concepção de home office, o trabalho
profissional é desenvolvido em ambientes diferenciados mas que compartilham a
infraestrutura do ambiente doméstico. Essa tendência mundial vem transformando o
pensamento de muitas pessoas, modificando essa relação empresa–profissional e
promete maiores oportunidades em vários setores, como os do Design, arquitetura,
contabilidade, cosméticos, alimentos, confecções, publicidade, computação gráfica e
consultoria em geral.
As transformações que vem ocorrendo na sociedade contemporânea indica
que os efeitos da globalização e das tecnologias da informação e comunicação estão
fazendo com que a forma de trabalho evolua, em consequência a isto surgem modos
flexibilizados de organização do trabalho que exige profissionais mais preparados, que
executem suas funções de forma proativa, hábil, multifuncional.
Bridges apud Pereira, Ávila & Boas (2006) ressalta que essas transformações
que estão ocorrendo necessitam de novas e diferentes formas de emprego, como o
emprego temporário, o trabalho em tempo parcial, o trabalho em horários flexíveis, e
o trabalho remoto (em escritórios virtuais ou no chamado “home office” ou
“teleworking”).
Conforme Schirigatti & Kasprzak (2007), o grande diferencial da gestão
profissional em Home Office se dá em decorrência de sua flexibilidade, diferentemente
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do modelo de carreira, esse profissional pode escolher o tipo de serviço e sua
quantidade, conforme o tempo que quer dedicar aos trabalhos, fazendo com que
determine através destes fatores seu rendimento médio, reduz o custo de
deslocamento e aumenta o tempo de trabalho ou tempo livre, pois não é necessário
sair de casa. No entanto, essa liberdade força esse tipo de profissional a gerenciar
seu próprio tempo consequentemente sua carreira profissional.
O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas divulga que este novo modelo empresarial, decorrente da globalização da economia e do aumento da terceirização de serviços, está em expansão e vem mudando o perfil do emprego. (SEBRAE apud SCHIRIGATTI & KASPRZAK, 2007, p.29)
Um dos fatores que atualmente reduzem o crescimento de profissionais que
atuam em Home Office e que faz com que as empresas fiquem restringentes a esse
tipo de gestão, é o da redução de produtividade, que por estar longe da empresa
proporciona sensações de insegurança aos proprietários ou gerentes, decorrendo-se
de um equívoco constante e também de comparações com o trabalho informal.
SCHIRIGATTI & KASPRZAK (2007), expõem que há uma grande diferença
entre a ocupação e a remuneração dos trabalhadores por conta própria (profissionais
individuais) e/ou microempresários dos assalariados informais. Os primeiros
encontram-se no mercado de bens e serviços enquanto que os últimos estão no
mercado de trabalho e não possuem registro.
Os primeiros dependem das condições de oferta dos bens que produzem ou dos serviços que prestam e da evolução de seu mercado, (massa de mercado, renda familiar – seu volume, nível médio e distribuição de renda de sua clientela e de seus gostos) enquanto que os segundos para melhorar a sua situação ocupacional e de renda estão sujeitos aos fatores institucionais (regras de normas laborais), ao seu poder de barganha e às expectativas de seus empregadores sobre os negócios e a sua realização. (CASSIAMALI apud SCHIRIGATTI & KASPRZAK, 2007, p. 31)
Outro fator de influência, se dá pelo fato de que sua residência é seu “escritório”
ou local de trabalho, podendo alterar o modo como os novos clientes o identificam,
pois remetem a ausência de credibilidade em relação aos serviços prestados.
Entretanto, estão ocorrendo mudanças significativas no mundo do trabalho,
entre elas, a flexibilidade, inserida no contexto contemporâneo. Essas situações
podem estar impondo novas condições que consequentemente podem expressar
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novos significados para os profissionais e para as empresas, que os força a estar cada
vez mais enquadrados nessa nova realidade social.
2.2 Características Ambientais
Para se estabelecer características para um ambiente primeiro precisa-se
definir fatores de verificação para que se possa coletar e comparar os dados,
chegando assim a uma análise mais precisa sobre os problemas e benefícios de
produtos, móveis e ambientes.
Verifica-se por meio da integração entre acessibilidade, antropometria, design ergonômico, design universal, ergonomia e usabilidade, que é possível empregar soluções mais condizentes com as reais necessidades dos usuários, permitindo contemplar diversas potencialidades, que não seriam adequadamente atendidas pela ótica de uma área do conhecimento. (PASCHOARELLI & MENEZES, 2009, p.14)
Levando-se em conta à satisfação que o usuário possui ao usufruir os espaços,
Paschoarelli & Menezes(2009),consideram que esses sentimentos são resultados de
processos de cognições, reações e percepções que se tem do conjunto de condições
e do relacionamento dos elementos que o constituem, ou seja, das características do
usuário, dos atributos físicos dos espaços e das crenças do usuário sobre a vivência
ou uso desses espaços, e os classificam em dois grupos, considerando o imediatismo
de sua influência: primários (temperatura, iluminação, ruído, vibrações, odores, cores)
e secundários (arquitetura, relações humanas, remuneração, estabilidade, apoio
social).
Os fatores de influência primários mostram a necessidade de se definir o local
de trabalho em sua residência cuidadosamente para evitar adequações futuras, pois
podem influenciar efetivamente nas ações do profissional, como por exemplo, a
concentração, que pode facilmente ser quebrada por ruídos externos.
Outros tipos de interferência podem ser observados nos fatores secundários,
onde questões arquitetônicas do ambiente (dimensionamento espacial) e psicológicas
relacionadas ao usuário podem atrapalhar na execução das tarefas do trabalhador,
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que se amplia mais no home office, pois deve contabilizar as questões familiares
nestas análises.
Estas informações provenientes dos ambientes residenciais proporcionam
fomento para investigação de problemas que podem ser resolvidos através de
análises mais aprofundadas, podendo através delas possibilitar o desenvolvimento de
produtos que possam aumentar a comodidade do profissional que opta por trabalhar
em casa parcial ou integralmente, podendo consequentemente elevar sua
produtividade.
É importante destacar que o projeto ergonômico de home-offices não é apenas uma necessidade de conforto e segurança, e sim uma estratégia para os profissionais sobreviverem num mundo globalizado, a partir do momento que a conquista da qualidade dos produtos ou serviços e o aumento da produtividade só serão possíveis com a melhoria da qualidade de vida. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)
Segundo Chimenti, Sellas & Dlima (2006), com os atuais recursos via Internet
e sistemas de rede em computadores, houve interesse das empresas em manter seus
funcionários trabalhando em casa, diminuindo custos para ambas as partes, como
tempo, que em grandes cidades é de grande importância, quanto aos gastos com
transporte. No entanto, grande parte das residências está despreparada para abrigar
áreas de trabalho em função da falta de espaço, inadequação do mobiliário ou até da
multiplicidade de funções num mesmo ambiente.
Os locais de trabalho estão ganhando cada vez mais importância estratégica na busca da melhora da adaptabilidade em relação a suas funções. O layout passou a ganhar destaque, garantindo a otimização dos espaços e consequentemente o melhor desempenho dos funcionários. Considerando o caso dos home-offices, sua adaptabilidade passa a ser considerada singular, principalmente devido a multiplicidade de funções dos espaços ou ainda de suas restritas dimensões, ambos os casos bastante comuns em apartamentos. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)
Folz (2008) define outra característica que vem sendo discutida desde o século
XIX, a qual vem se intensificando atualmente, são os estudos relacionados ao
dimensionamento dos espaços habitacionais. Atualmente, vários aspectos estão
sendo levantados, onde o dimensionamento de modelos de habitação econômica tem
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sido o foco, pois à disposição dos móveis definiriam o espaço necessário de cada
compartimento.
Essa postura refletia a preocupação de adequação dos móveis dentro dos espaços reduzidos que estavam sendo propostos para as habitações econômicas, buscando evitar situações de interferência do móvel sobre circulações, iluminação e ventilação da habitação. (FOLZ, 2008, p. 110)
Salienta Folz (2008), que é importante lembrar que o aspecto dimensional é
uma das muitas questões a serem consideradas sobre a qualidade habitacional, não
se esquecendo que os termos ligados a essa definição têm significados diferenciados
conforme a camada social e o momento histórico.
Vale lembrar que o home office, é desenvolvido em um ambiente residencial,
normalmente familiar, onde há o convívio com uma ou mais pessoas, sendo assim,
Folz (2008) comenta, que há uma necessidade de executar um estudo para mensurar
a densidade habitacional, definindo o espaço necessário para cada indivíduo,
possibilitando uma distribuição melhorada dos móveis no ambiente.
Os ambientes reduzidos tem sido tema e inspiração para muitos designers, que
buscam na inovação de móveis multifuncionais melhorar e simplificar o convívio nas
residências populares, sendo este o principal objetivo de desenvolver este estudo.
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3. CONTRIBUIÇÕES DO DESIGN DE PRODUTO
O Design está presente em grande parte do que é desenvolvido atualmente,
tanto objetos, quanto mídias gráficas e impressas, onde o termo “produto” passa
constantemente por mudanças, sendo que sua maior visibilidade, segundo Bürdek
(2006, p. 7), se iniciou “ao final dos anos 70 dos pós-modernos, especialmente as
atividades extensamente divulgadas pela imprensa do Grupo Memphis, que se formou
em Milão ao final de 1980”, ficando evidente para a maioria das empresas o valor
estratégico do design.
A vida da maioria das pessoas não é mais imaginável sem o Design. O Design nos segue de manhã até a noite: na casa, no trabalho, no lazer, na educação, na saúde, no esporte, no transporte de pessoas e bens, no ambiente público - tudo é configurado de forma consciente ou inconsciente. Design pode ser próximo da pele, (como na Moda) ou bem afastado (como no caso do uso espacial). Design não apenas determina nossa existência ("Dasein", N.T.), mas neste meio tempo nosso próprio ser ("Sein", N.T.). Por meio dos produtos nos comunicamos com outras pessoas, nós definimos em grupos sociais e marcamos cada vez nossa situação social. Designou não Design - isto hoje não está mais em questão. (BÜRDEK, 2006, p. 11)
Figura 4. Ambiente desenvolvido pelo grupo Memphis.
Fonte: http://vintageesputa.com/7
7Disponível em: <http://vintageesputa.com/wp-content/uploads/2013/12/dise%C3%B1o-group-memphis.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.
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O processo de desenvolvimento realizado através do Design, é definido por
condições e decisões, resultantes dos processos de criatividade, estudos e análises
realizadas antes, durante e após a concepção dos produtos. Bürdek (2006, p. 225)
salienta a importância de alguns fatores no processo produtivo, sendo estes “[...]os
desenvolvimentos socioeconômicos, tecnológicos e especialmente os culturais, mas
também os fundamentos históricos e as condições de produção técnica[...]”, “[...]assim
como os fatores ergonômicos ou ecológicos com seus interesses políticos e as
exigências artístico-experimentais”.
Na abordagem para o desenvolvimento deste estudo, será exposto de forma
simplificada, os aspectos ergonômicos e sua importância, os materiais e processos
mais empregados nos produtos, mais especificamente na área moveleira e os fatores
estéticos relacionados ao desenvolvimento projetual.
3.1 Ergonomia
Para definir um ambiente de trabalho eficaz e produtivo, devemos fazer uma
análise mais criteriosa do local, portanto, passando por um processo de investigação,
onde podemos dispor de inúmeras ferramentas para este estudo, sendo uma delas a
ergonomia. Segundo IIDA (2005, p. 1), “ela surgiu logo após a II Guerra Mundial,
como consequência do trabalho interdisciplinar realizado por diversos profissionais,
tais como engenheiros, fisiologistas e psicólogos, durante aquela guerra”, e ele explica
a ergonomia como sendo:
[...]o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem urna acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e urna atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem urna visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados. (IIDA, 2005, p.02)
O Designer deve dispor da utilização destas ferramentas para desenvolver
soluções cada vez mais funcionais para estes ambientes, tanto corporativos quanto
individuais, evitando que os profissionais tenham fadiga e/ou problemas graves
26
provenientes de movimentos repetitivos que muitos trabalhos exigem. Se for um
ambiente corporativo seu estudo deve ser mais aprofundado, pois os profissionais
tendem a ficar sentados ou executando a mesma função sucessivas vezes e por um
grande espaço de tempo.
A atuação eficaz do designer - seja este designer de produto ou de interiores - irá garantir projetos que eliminem alguns riscos antecipados e neutralizem aqueles inerentes às atividades nos ambientes de trabalho ou no manuseio de um produto. Pesquisas apontam que produtos que integram ergonomia e design contribuem para a qualidade de vida, aumentam o bem-estar e o desempenho dos usuários. (CHIMENTI, SALLES & DLIMA, 2006, p.31)
Visando aplicar os conhecimentos da ergonomia (figura 1) para analisar,
diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho, IIDA(2005) divide a análise
ergonômica do trabalho(AET) em cinco fatores de estudo: análise da demanda,
análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações.
Figura 5. Representação ergonômica das variações do sentar.
Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 23)
A análise da demanda visa identificar a necessidade da intervenção
ergonômica no ambiente de trabalho visando entender a natureza e a dimensão dos
27
problemas apresentados. Na análise da tarefa visa identificar a diferença que o que
está prescrito e o que é executado realmente, levando em conta, equipamentos e
moveis com problemas estruturais ou funcionais, podendo afetar a atividade. Na
análise da atividade deve-se analisar o comportamento ou a maneira do trabalhador
para realizar uma determinada tarefa.
A atividade é influenciada por fatores internos e externos. Os fatores internos localizam-se no próprio trabalhador e são caracterizados pela sua formação, experiência, idade, sexo e outros, além de sua disposição momentânea, como motivação, vigilância, sono e fadiga. (IIDA, 2005, p.61)
Para formulação do diagnóstico deve-se examinar os dados coletados nas
análises visando descobrir as causas que provocam os problemas e afetam as
atividades do trabalhador. As recomendações ergonômicas são os procedimentos
necessários para resolver os problemas com o ambiente (Figura 6) ou adequá-los,
como alguns casos com cadeirante na família, necessitando de ajustes e adaptações,
que ainda é pouco abordado, mas os estudos desta área vem crescendo bastante
(Figura 7).
Figura 6. Exemplo de estudo ergonômico com protótipo e resultado final.
Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 13)
28
Figura 7. Fatores de alcance para pessoas com necessidades especiais.
Fonte: Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 19)
Segundo Chimenti, Sellas & Dlima (2006), classificam como de grande
importância as pesquisas ergonômicas, que normalmente tem como foco principal os
postos de trabalho, no qual as soluções sugeridas na maioria dos casos, não se aplica
aos home-offices. A demanda por este tipo de espaço vem crescendo nos últimos
anos e possui nos profissionais liberais e freelancers, seu grande público-alvo.
O entendimento de um espaço construído de trabalho está principalmente na compreensão das tarefas que ali se realizam, de que maneira estas se complementam e se sucedem, em que condições são executadas e quem são as pessoas que as executam, o que vai além da questão da função espacial arquitetônica e suas tecnologias construtivas. Na busca de todas essas respostas, a ergonomia torna-se a principal estratégia para alcançar melhores condições de trabalho e consequentemente um aumento de produtividade de seus usuários. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)
29
Conforme discutido então, análise ergonômica, é um dos estudos da área do
Design de suma importância para o processo de projeto, sendo que através dela que
serão identificados os principais problemas e necessidades a serem investigados no
desenvolvimento de projeto deste estudo.
3.2 Materiais e Processos
Para desenvolver um perfil de materiais para o desenvolvimento de um Home
Office, primeiro devemos definir os elementos que constituem este ambiente, pois
participa de um conjunto específico de móveis e acessórios que compõem o “escritório
residencial”. Segundo Mager & Merino(2001):
Esse novo profissional tem que estar, obrigatoriamente, online, dispondo de computador, internet, celular, pager e demais recursos que facilitem a comunicação, além de periféricos para seu computador como, impressora e scanner para auxiliar suas atividades. Os profissionais, e pessoas em geral que trabalham com este tipo de ferramentas, precisam estruturar o trabalho em suas casas, adquirindo ou adaptando seus móveis para acomodar estes equipamentos e criar seu ambiente de trabalho adaptado à decoração de sua casa. O móvel (geralmente uma mesa com prateleiras) que compõe este posto é chamado de home office. O computador passou a fazer parte do dia-a-dia das pessoas em suas residências, sendo utilizado por toda a família, de crianças a idosos, em seus trabalhos escolares, entretenimento e meio de comunicação. (MAGER & MERINO, 2001, p.1)
Na área moveleira, que será o foco principal deste estudo, possui uma gama
enorme de materiais que podem ser utilizados e vários processos de fabricação, onde
pode-se obter vários resultados, tanto de qualidade, resistência ou estética. Segundo
Lima (2006), os materiais são definidos como:
Todo material que é constituído por uma enorme quantidade de átomos, geralmente agrupados/ organizados na forma de moléculas que podem variar na configuração e quantidade. A forma como os átomos e moléculas estão dispostos no material é fundamental para determinar seu comportamento diante, por exemplo, de forças externas as quais seja submetido. (LIMA, 2006, p. 05)
De modo que, segundo Lima (2006), é muito importante saber como são as
estruturas dos materiais a serem utilizados nos produtos desenvolvidos, pois dessa
30
maneira pode-se determinar como um material se comporta sob a ação de esforços
mecânicos, intempéries, sua aparência, seu peso, a sensação passada ao ser tocado,
seu desempenho elétrico e térmico etc. são propriedades definidas pela
microestrutura (e seus elementos) que o constitui.
As propriedades dos materiais podem ser definidas como físicas, químicas ou
físico-químicas, sendo as propriedades físicas, as que avaliam o comportamento do
material sob ação de esforços mecânicos, do calor, da eletricidade ou da luz, e as
propriedades químicas avaliam o desempenho/comportamento do material quando
em contato (alteração em nível molecular-estrutural) de água, ácidos, bases,
solventes, etc. Para determinar a classificação de suas propriedades, os materiais são
avaliados de acordo com ensaios estabelecidos por normas como a americana ASTM
(Americam Standards for testing and Materials), a alemã DIN (Deutsche Institut für
Normung), a internacional ISO (lnternational Organization for Standardization) entre
outras e, no Brasil, pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Num projeto de produto típico, a escolha definitiva de um ou mais materiais é formalmente estabelecida na etapa de detalhamento (também considerada como especificação do produto), sendo em geral, reflexo de uma sequência de levantamentos estudos e avaliações que vêm ocorrendo desde o início da atividade projetual. (LIMA, 2006, p. 12)
A escolha do material pode ser definida por conta da opção do cliente ou no
caso de indefinição de materiais no briefing8, pode-se adequar a estética que deseja
passar ao produto a ser desenvolvido.
... a indústria moveleira utiliza, sobretudo, materiais de natureza sintética e artificial como os polímeros reforçados com fibras de vidro ou na forma de laminados plásticos para acabamentos em chapas de madeira. O surgimento da espuma de poliuretano impulsionou o setor de estofados, substituindo com eficiência as fibras naturais de crina de cavalo, até então, utilizadas para assentos e encostos. Os metais também são solicitados pelos fabricantes de móveis, principalmente na forma de tubos estruturais e componentes de mecanismo. Materiais alternativos como vime e junco vêm contribuindo para o desenvolvimento de tecnologia (produtos e processos inovadores) na área de móveis. (TEIXEIRA, CÂNDIDO & ABREU, 2001, p.30)
8Segundo a ADG (2002), o termo de origem inglesa Briefing significa: “Resumo; série de referências fornecidas contendo informações sobre o produto ou objeto a ser trabalhado, seu mercado e objetivos. O briefing sintetiza os objetivos a serem levados em conta para o desenvolvimento do trabalho. Muitas vezes, o designer auxilia em sua delimitação.”
31
Na indústria moveleira, atualmente há vários profissionais que trabalham no
desenvolvimento de novos materiais para utilização na confecção móveis e
acessórios, no entanto, pode-se definir alguns que são mais utilizados, levando em
conta alguns fatores que contribuem para sua escolha, como sua utilização,
maleabilidade, resistência, etc., sendo eles as fibras naturais (madeiras), os metais e
os polímeros, que serão descritos mais detalhadamente abaixo.
3.2.1 Metais
Os metais são utilizados pelos homens segundo Lima (2006), em um período
compreendido entre 4.000 e 5.000 a.C., sendo os mais utilizados o Ouro e o Cobre
por serem encontrados em uma quantidade relativamente abundante, e após o
crescimento do Império Romano iniciou-se a era de ferro, onde começam a utilizar o
metal que é a base para muitos materiais que são utilizados em várias áreas de
desenvolvimento atualmente.
O ferro foi, na verdade, utilizado de forma embrionária por diversos povos. Podemos dizer que em torno de 1500 a. C. ele que já era conhecido pelos hititas, egípcios e chineses e que, nesta época, começou a ser explorado de forma regular com destaque para região conhecida por O ri ente Próximo, seu consumo desde então foi crescente. O ferro foi sem dúvida uma matéria-prima fundamental para a humanidade, contudo, a busca para melhorar seu desempenho sempre existiu. Como mostras deste esforço podemos citar as têmperas aplicadas por gregos e romanos, a forja catalã, entre outros, que buscavam além do endurecimento o aumento de resistência geral do material. As evoluções destas técnicas vieram a resultar na obtenção do aço resultante da combinação do ferro com pequeno percentual de carbono, que apresenta propriedades superiores às do ferro, principalmente dureza e resistência à corrosão. LIMA, 2006, p.37)
Atualmente existem vários tipos de metais sendo utilizados, onde podemos
destacar, por exemplo, o níquel, o magnésio, o titânio e o zircônio que têm sido
utilizados "ligados" aos metais tradicionais, tendo em vistas sua constante redução de
peso, aumento da resistência à corrosão, aumento da resistência ao calor, entre
outras propriedades.
32
Lima (2006) divide os metais em ferrosos e não-ferrosos, onde eles podem
variar suas propriedades, sendo assim, dotados de elevada, dureza, grande
resistência à tração, à compressão, elevada plasticidade/ductilidade sendo também
bons condutores elétricos e térmicos. Sua estrutura atômica, ou seja, sua rede
cristalina que determinará quais são ou serão suas propriedades fundamentais,
dependendo de sua pureza ou ligação.
Metais puros são compostos de átomos de mesmo tipo. As ligas metálicas são compostas de dois ou mais elementos químicos, sendo que pelo menos um elemento é metal. A maioria dos metais usados nas aplicações de engenharia são ligas. Em geral, os metais são divididos em ferrosos e não-ferrosos. Cada metal possui propriedades mecânicas e físicas específicas que o tornam ideal para uma acerta aplicação especifica. Os metais são combinados em uma variedade de ligas, originando, assim, um número variado de propriedades mecânicas que se aplicam perfeitamente às necessidades específicas. Recentemente, os metais tornaram-se disponíveis em forma de pó, o que facilitou a fabricação de ligas e, em alguns casos, tornou-se possível a confecção de ligas previamente inviáveis. (LESKO, 2004, p. 9)
Segundo Lima (2006), o ferro que constitui a base para todos os materiais
conhecidos como metais ferrosos, onde o mesmo pode ser obtido por diversos
minérios, sendo que, no Brasil, a obtenção de aço e de ferro fundido dá-se por meio
da extração e do uso da hematita.
Para transformar a hematita em matéria-prima industrial é necessário submetê-la ao processo siderúrgico que em suma permite a obtenção da liga constituída de ferro e carbono (ferro fundido suas ligas) e posteriores derivações em produtos siderúrgicos (aço espaços ligados).(LIMA, 2006, p.39)
Lima (2006) classifica os metais não-ferrosos, como o grupo de metais nos
quais a presença do elemento ferro é muito pequena em sua composição. Neste grupo
participam metais como o alumínio, o cobre, o bronze, como também diversos outros
melais, inclusive ligas de relevante importância industrial. Existem hoje inúmeros
processos de transformação desses materiais, sendo definido o melhor processo
através do resultado que se quer obter, podendo gerar chapas, tubos, moldes, barras,
etc.
33
Lima (2006), expõe os principais processos e os divide em grupos:
Estamparia de corte:
Corte simples – prensa guilhotina – normalmente utilizado para corte de
chapas;
Perfuração – prensa hidráulica - normalmente utilizado para corte de chapas;
Conformação mecânica:
Dobramento de chapas - chapas metálicas viradas com diferentes formatos e
tamanhos para componentes estruturais, revestimentos e outros componentes para a
indústria de carroceria, naval, ferroviária, refrigeração, construção civil, móveis,
mobiliário urbano, utensílios domésticos, etc.
Estampagem - obtenção de chapas metálicas deformadas para fabricação de
produto diversos: carrocerias de autos, caminhões etc., tanque de motos, pias,
refletores de luminárias, baixelas, bandejas, talheres, panelas e outros utensílios
domésticos, pás, latas de bebidas e outras embalagens, dobradiças, peças
estruturais, etc.;
Forjamento - peças mais resistentes do que aquelas obtidas em outros
processos, onde diversos tipos de forjamento foram sendo desenvolvidos ao longo do
tempo para atender às necessidades específicas de fabricação, como, por exemplo:
a cunhagem, o encalcamento, a extrusão, o fendilhamento, a furação, o recalcamento
entre muitos outros;
Curvamento de tubos - estruturas tubulares para móveis (estantes, cadeiras,
sofás etc.), luminárias, postes de iluminação, estruturas para construção civil,
componentes para automóveis, corrimão, balaústre e colunas para ônibus, peças para
lanchas e outras embarcações;
Trefilação de tubos -tem como objetivo a obtenção de comprimentos maiores
do material com a redução de sua secção, contudo, no mesmo processo, podem-se
melhorar as propriedades mecânicas do metal e seu acabamento superficial;
Sinterização - obtenção de peças pequenas com peso variando entre 56
gramas e 4,5 kg que requeiram elevada precisão, riqueza de detalhes com muito
34
acabamento superficial como engrenagens, fresas, buchas, mancais, válvulas,
moedas e medalhas etc.;
Fundição -Adequada para obtenção de peças com geometria intrincada ou
complexa, a fundição caracteriza-se, em termos gerais, em submeter um material
metálico (em geral, ligas de ferro, cobre, alumínio, zinco ou magnésio) na forma de
sucata ou lingote a um elevado e contínuo aquecimento, em fornos elétricos ou
cubilô9, de maneira que o metal possa atingir seu ponto de fusão, para então ser
vertido (despejado) no interior de um molde/cavidade.
Fundição em areia - obtenção de peças médias e grandes que em geral
requeiram pouco acabamento como hidrantes, base para máquinas, bloco de
motores, tampa de bueiros, equipamentos urbanos, etc.;
Fundição em casca (Shellmolding) - obtenção de peças pequenas, médias e
grandes que requeiram acabamento superficial razoável (superior àquele conseguido
no processo em areia) e alguma precisão como: coletores de ar, hélices,
escapamentos, peças para máquinas, bloco de motores, tampa de conectores
industriais, etc.;
Fundição em cera perdida - obtenção de peças muito pequenas com peso em
torno de 2g, médias e até grandes com 50 kg que requeiram excelente acabamento
superficial e elevada precisão tendo, por isso, aplicação na indústria pesada indo até
a indústria de joias (guardadas as diferenças inerentes às necessidades e limitações
de cada setor) - hélices de turbina, engrenagens, mancais, conectores, juntas,
próteses ortopédicas, peças para pequenas máquinas e utensílios domésticos, bloco
de motores etc.;
Fundição centrífuga - obtenção de peças pequenas que requeiram acabamento
superficial muito bom e precisão e riqueza de detalhes como modelos em escala,
brinquedos, hélices, joias e bijuterias, pequenos mecanismos, bloco de motores,
tampa de conectores industriais.
Extrusão - o processo de extrusão consiste em pressionar com um pistão um
tarugo de liga de alumínio aquecido (dentro de um êmbolo) contra uma matriz (com
9Segundo Lima(2006), é tipo de· forno só para ferro fundido.
35
desenho da secção desejada). Sob efeito de elevada pressão e ação da temperatura,
o material vai gradativamente passando pela matriz tomando assim, sua forma.
Quando o perfil atinge o comprimento desejado, é cortado podendo ou não ser
submetido à aplicação de têmpera10.
3.2.2 Naturais
Os materiais naturais acompanham o homem, dos primórdios aos dias atuais,
onde através do tempo e do surgimento de novas tecnologias, sua utilização sofreu
inúmeras evoluções, desde seu processamento até suas propriedades foram
melhorando ou sendo aperfeiçoados.
Segundo Lima (2006), “Material natural é todo aquele extraído pelo homem da
natureza de forma planejada ou não, sendo que, para a sua utilização artesanal ou
industrial não tenha havido modificações profundas em sua constituição básica.”.
Sendo sua classificação em: Orgânicos de fonte animal, com destaque para lã,
seda, pérola; Orgânicos de fonte vegetal, temos fibras de algodão, cânhamo, linho
e o sisal utilizados na indústria têxtil. Também neste grupo temos a madeira, o bambu,
o polímero natural conhecido como látex e o âmbar (gema natural); no grupo dos
Inorgânicos temos os granitos mármores, usados na construção civil, as pedras
preciosas como a água marinha, ametista, safira, etc., utilizadas na indústria de jóias.
Por razões óbvias os materiais naturais acompanham toda trajetória da humanidade desde os primórdios até hoje sendo que, com o advento dos materiais sintéticos são cada vez menos consumidos. A substituição destes materiais pode ser justificada, em alguns casos, pela menor resistência a esforços frequentes, a exposição às intempéries, a variações constantes nas condições do ambiente (como nos níveis de umidade do ar, por exemplo) como ocorre com algumas fibras naturais. Outro fator que contribui para esta substituição são os custos de produção superiores em relação aos materiais sintéticos, principalmente se considerarmos altos volumes de produção. (LIMA, 2006, p.85)
No entanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e
processamento, que proporcionou a redução do custo de produção, vem se
10Conforme Lima (2006), é uma técnica para obter endurecimento e aumento de resistência do material.
36
retomando a utilização destes materiais. Na questão ambiental, também pode-se
considerar o alto fator de renovação de alguns tipos de árvore, como por exemplo, o
eucalipto e o processo de retorno para natureza que proporciona um efeito nocivo
menor a natureza. Com utilização de materiais sintéticos, principalmente pela
utilização de polímeros, vários problemas ambientais ocorreram, como por exemplo,
o acúmulo de lixo e o alto período de tempo de decomposição desses materiais podem
ser considerados outro fator desta retomada.
A madeira constitui o mais antigo material utilizado pelo homem sendo até hoje explorada pela facilidade de obtenção, e pela flexibilidade com que permite ser trabalhada. Estes fatores aliados a possibilidade da renovação de reservas florestais por meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente inesgotável. Se explorada de forma consciente. (LIMA, 2006, p.86)
Lima (2006) expõem que em decorrência da rápida utilização das árvores, as
madeiras utilizadas atualmente no mercado, detém de restrições dimensionais
reduzidas, sendo seus cortes de modo geral, estreitos e de grande comprimento, seria
necessário grande período de tempo para que possam se desenvolver plenamente.
Seu tronco é dividido em: casca, alburno, cerne e medula.
A madeira para exploração comercial, seja para aplicações voltadas à Engenharia - estruturas, construção civil, etc. - como para outros campos como o de mobiliário, decoração, revestimentos, etc., é derivada do tronco de árvores exógenas que compreendem as coníferas (gimnospermas - sem frutos para geração de sementes) e as folhosas ou frondosas (angiosperma - sementes nos frutos). (LIMA, 2006, p. 86)
Nas árvores, segundo Lima (2006), a casca tem a função de proteção, evitando
que fungos, bactérias ou outros agentes externos afetem sua saúde. No alburno, que
ocorre o transporte da seiva no interior da planta. Através do cerne que ocorre a
sustentação da arvore, para fins comerciais, é a parte mais apreciada. Medula, parte
mais interna do tronco, área de característica esponjosa e de baixa resistência,
normalmente rejeitada para maioria das aplicações.
Segundo Lima (2006), conhecer as partes e suas respectivas funções e formas
como são suas estruturas podem mostrar claramente suas características e
37
aplicações, sendo elas: o cheiro, que pode ou não impossibilitar sua utilização; a cor,
pode indicar sua resistência, no entanto, normalmente é explorado com caráter
decorativo; o brilho ou lustre, é a capacidade da madeira de refletir a luz, mas nem
todas têm essas propriedades, sendo que algumas possuem como um de seus
atrativos a falta de brilho, ou seja, sua opacidade; a textura pode ser definida pelas
suas células, observando como são posicionadas, seu tamanho, e sua quantidade,
podendo ser classificada como fina, média ou grossa; e a grã, é a distribuição das
fibras ao longo do eixo do tronco (longitudinal), determina sua utilização, podendo por
exemplo de um tronco que tem grã reversa, dificultar a serragem, empenar com maior
facilidade e que na maioria dos casos ter baixo desempenho mecânico. Temos
também a grã direita, que tem uma maior facilidade de uso e resistência mecânica, no
entanto não possui muitos desenhos, e a grã ondulada, que possui uma boa
resistência e é dotada de desenhos.
A partir da derrubada das árvores, elas passam por vários processos até que
se alcance seu objetivo final, podendo se obter madeira maciça ou outros produtos
como: papel, papelão, aglomerados e MDFs, laminados e compensados, entre outros.
Posteriormente, dentro das serrarias, as toras poderão ser submetidas ao trabalho de torneamento (produção de chapas para compensado), faqueamento (produção de folhas para revestimento), descascamento (produção de cavacos para fabricação de aglomerados, MDFs, papelão etc.) ou falquejo e desdobro (produção de peças em madeira maciça). Uma tora é falquejada ou faqueada se dela for retirada quatro costaneiras tornando sua secção retangular (o que nem sempre é necessário ou desejado). (LIMA, 2006, p. 89)
As pesquisas com materiais naturais, principalmente no desenvolvimento de
novas formas de utilização desses materiais, como é no caso dos móveis, onde
antigamente a utilização de árvores com sua constituição menor, normalmente não
eram utilizados, mas que com esses avanços e formas de processamento e
melhoramento desses materiais, possibilita várias soluções (Lima, 2006). Como
expressam Teixeira, Cândido & Abreu (2001), temos como exemplo o diâmetro
pequeno das árvores de eucalipto, que com o crescimento rápido geram tábuas
estreitas incompatíveis com design de formas retilíneas. A integração entre P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento) e o Design resultou na introdução de eucalipto no
38
segmento de móveis por meio de chapas sarrafiadas e coladas, possibilitando novas
formas de utilização.
Além de baratear o custo final, preservando o mesmo patamar de qualidade,
Teixeira, Cândido & Abreu (2001) expõe que a relação entre o uso de novos materiais
e as novas técnicas produtivas proporcionam a modernização dos processos de
fabricação e a inovação dos produtos, que emergem com o aprimoramento do Design,
agregando novas formas, funções (multifuncionalidade) e consequentemente sua
valorização.
3.2.3 Polímeros
Descreve Lesko (2004, p.121), o termo plástico como sendo “resinas e
polímeros que são feitos de hidrogênio, carbono, nitrogênio, oxigênio, flúor, silicone e
cloro, em sua maioria derivados do petróleo”.
Segundo Lima (2006, p.147) “o termo plástico é a maneira mais popular e
também comercial de se chamar um material polimérico (ou simplesmente polímero)”.
Sendo assim:
Polímero é todo material formado por um punhado de moléculas especiais compostas pela repetição de milhares de unidades básicas intituladas de meros. O que justifica o nome de polímeros (poli = muitas e meros = partes). Pelo fato destas moléculas serem muito grandes, os polímeros são considerados substâncias macromoleculares. (LIMA, 2006, p. 147)
Conforme Lima (2006), os polímeros e sua facilidade de transformação,
adquirindo formas, texturas e cores, vem fascinando cada vez mais os profissionais
de projeto, pois em geral, eles são dotados de baixa densidade, resistência química e
capacidade de isolamento elétrico e térmico, ampliando as possibilidades criativas e
projetuais.
Segundo Lima (2006), os polímeros podem ser:
Um polímero pode ser orgânico ou inorgânico, natural ou sintético. A lã, a borracha de seringueira bem como a celulose são polímeros orgânicos
39
naturais, já o polietileno, o poliestireno e o ABS são polímeros orgânicos sintéticos. Por sua vez, o grafite é um polímero inorgânico natural. (LIMA, 2006, p. 147)
Lesko (2004) divide os polímeros em duas categorias, conforme sua reação ao
ser aquecido, sendo elas: termoplásticos ou termofixos. “Os termoplásticos amolecem
e fundem quando aquecidos e endurecem quando resfriados”. Esse comportamento
possibilita que este material possa ser moldado por vários processos, como injeção,
extrusão, rotomoldagem, etc., podendo ser reutilizado novamente para
processamento posterior. Os termofixos “formam ligações cruzadas (cross links) –
interconexões entre moléculas vizinhas-, estrutura que tende a restringir os
movimentos da cadeia”, em decorrência disto, ao ser aquecido tende a degradar-se
facilmente, diferentemente do termoplástico que amolece; no entanto, há estudos de
reciclagem que possibilitam o reuso de alguns termofixos.
Os polímeros dotados de cadeias moleculares lineares e/ou ramificadas são denominados de termoplásticos pois permitem o reamolecimento quando submetidos a ação do calor - isso se dá pelo fato de ocorrer apenas uma transformação física (do posicionamento das moléculas umas em relação às outras) sendo por esta razão recicláveis. Os polímeros dotados de cadeias moleculares com ligações cruzadas são denominados de termofixos ou termorrígidos que não permitem o reprocessamento depois de terem endurecidos - isso ocorre pelo fato de ocorrer uma transformação de natureza química durante o processamento caracterizada pelo cruzamento entre as moléculas que é irreversível não sendo, por esta razão, recicláveis (embora existam casos específicos de reaproveitamento). (LIMA, 2006, p. 149)
Conforme Lima (2006), dependendo do tipo de comportamento mecânico do
polímero, ele pode ser considerado: um elastômero, uma espuma, uma fibra ou um
plástico.
Elastômero: polímeros que na temperatura ambiente, podem ser estirados
inúmeras vezes (pelo menos, o dobro de seu comprimento original) e, com a
eliminação do esforço de estiramento, retornam imediatamente ao seu comprimento
inicial. Neste grupo estão inseridas as borrachas sintéticas termoplásticas e termofixos
(como também a natural).
Fibras: segundo Lima apud Agnelli (2001), "são materiais definidos pela
condição geométrica de alta relação entre o comprimento e o diâmetro da fibra" [...]
40
"os polímeros empregados na forma de fibras, são termoplásticos orientados no
sentido do eixo das fibras (orientação longitudinal); principais fibras poliméricas:
náilons, poliésteres lineares saturados o poli (tereftalato de etileno) - PET; poli
(acrilonitrila) e fibras poliolefínicas."
Espumas: alguns polímeros sob a ação mecânica, térmica ou por reações
químicas podem ser expandidos formando plásticos expandidos notáveis pela relativa
flexibilidade e pela baixa densidade como, por exemplo, a espuma de poliestireno
conhecido popularmente como isopor (nome comercial deste material produzido pela
BASF).
Plásticos: polímeros que em condições normais se apresentam sempre no
estado sólido (podendo variar quanto a flexibilidade).
Outro aspecto que merece atenção diz respeito às formas mais comuns de denominação dos plásticos. Podemos encontrar a designação completa como polietileno, poliestireno, policloreto de vinila etc. que, na maioria das vezes, não corresponde à nomenclatura química correta mas que é aceito comercialmente. É comum utilizarmos siglas com letras maiúsculas para designar os plásticos como por exemplo podemos citar: polietileno de alta densidade - PEAD; polietileno de baixa densidade - PEBD; poliestireno de alto impacto - PSAI; acrilonitrila butadieno estireno - ABS. Devemos tomar cuidado com as siglas em inglês que são aceitas no mercado internacional e que, na maioria das vezes, diferenciam-se daquelas em nosso idioma: PEAD corresponde a HDPE; PEBD corresponde a LDPE; PSAI corresponde a HIPS etc.(LIMA, 2006, p. 151)
Deve-se entender claramente as propriedades físicas e mecânicas dos
polímeros para que se possa fazer sua aplicação em móveis ou objetos, podendo ter
um melhor rendimento produtivo, acabamento e resistência podendo claramente
expandir as possibilidades de criação, agregando novas formas e usabilidades, sem
perder o fator estético.
3.3 Estética
Conforme Löbach apud Gomes Filho (2006) “o conceito de estética
provém da palavra grega ‘aisthesis’ e significa percepção sensorial”, sendo assim “A
Estética é a ciência das aparências percebidas pelos sentidos”. Então, conforme
Löbach (2001), “a função estética é a relação entre um produto e um usuário no nível
41
dos processos sensoriais. A função estética dos produtos é um aspecto psicológico
da percepção sensorial durante o seu uso”.
A criação estética do designer industrial é considerada como processo no qual se possibilita a identificação do homem com o ambiente artificial por meio da função estética dos produtos. Com isso, fica claro que a missão do designer industrial não é "a produção de belos resultados que mascaram a falta de qualidade da mercadoria". A configuração do ambiente com critérios estéticos é importante para as relações do homem com os objetos que o rodeiam, pois a relação elo homem com o ambiente artificial é tão importante para a saúde psíquica como os contatos com seus semelhantes. A função estética dos produtos, atendendo às condições de percepção do homem, é a tarefa principal do designer industrial. (LÖBACH, 2001, p. 62)
Para o desenvolvimento de projeto de design, várias questões são analisadas
e uma série de fatores são levados em conta para que se possa alcançar o objetivo
principal do produto, ou seja, sanar as expectativas dos indivíduos, sendo necessário,
conforme Moraes (2013), um “estudo do público, seus hábitos, sua cultura, seus
modos de agir”.
Analisando o público alvo no desenvolvimento dos projetos, deve-se além da
ergonomia, utilidade, praticidade e aplicabilidade, buscar o fator estético. Segundo
Lisboa & Bisognin (2003), as discussões que envolvem a estética nos remetem a
questões sempre abertas a novas respostas e expostas a constantes
questionamentos, abrindo desse modo, os paradigmas sobre o belo, a criatividade, o
produto industrializado, o homem, a forma e o mundo.
Mas há, de certa forma, um consenso de que qualquer coisa que seja bela será desejada pelas pessoas, logo a criação de um objeto belo já poderia ser por si só um grande passo. Ai é que se apresenta o desafio: o que é belo para alguns pode não ser exatamente belo para outros. Durante muito tempo tem se estudado e proposto teorias da forma no design para a concepção de objetos harmônicos e belos, um exemplo disto é a teoria da Gestalt e as hipóteses levantadas sobre a Proporção Áurea, estruturadas em conceitos como proporção, harmonia, composição, forma, equilíbrio, contraste, entre outras. (MORAES, 2013, p.1)
Segundo Gomes Filho (2006), a função estética é subordinada a diversos
aspectos sócio culturais no que diz respeito, principalmente, ao repertório de
conhecimento do usuário, ou seja, sua experiência pessoal, cultural e artística.
42
Salienta também, que a aparência do objeto desenvolvido pelos designers, não são
apenas definidos pelo “gosto” pessoal do profissional durante o desenvolvimento
projetual, mas sim de um sistema de “comunicação estética” (figura 5).
O processo de comunicação estética tem início no momento em que se começa a conceber e desenvolver o projeto de qualquer objeto na sequência da relação: design-produto-usuário, que se traduz: a) na figura do designer como remetente (ou seja, criador do objeto); b) do produto industrial como mensagem (ou seja, o próprio produto); c) da figura do usuário-consumidor (que é o destinatário do produto que vai ser utilizado). (GOMES FILHO, 2006, p. 97)
Figura 8. Cadeira “Vermelha”, um dos grandes hits assinados pelos Campana, com sua estética pendida para arte.
Fonte: http://www.pernambucoconstrutora.com.br/11
Gomes Filho (2006, p.97-101), define que é necessário levar em conta algumas
considerações estéticas no desenvolvimento do produto, relacionado a sua
configuração visual, sendo elas:
Estética do Objeto: é o resultado final da aparência do objeto, é concernente
aos sinais e às características formais propriamente ditas do produto. Isto é,
refere-se à adoção de um determinado partido estético-formal (Exemplo:
formas orgânicas, geométricas ou combinadas, eventuais adornos, cores,
acabamentos, etc.) e, por sua vez, subordinado ao estilo e seus atributos
adotados na organização visual do objeto (figura 6).
11 Disponível em: < http://pernambucoconstrutora.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/07/Irm%C3%A3os-campana-4.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.
43
Figura 9. Sofá Sushi desenvolvido pelos Irmãos Campana, produzido em tiras de EVA.
Fonte: http://atdigital.com.br/12
Valor Estético: Refere-se aos sistemas de normas socioculturais de pessoas
ou grupos sociais, que contribuem com parcela de influência na aparência do
objeto. Por exemplo, existem notórias diferenças de valores culturais e
econômicas entre indivíduos ou grupos que vivem no centro das grandes
metrópoles versus aqueles que vivem na sua periferia.
Estética generativa: Diz respeito ao emprego da teoria estética no processo
do design do produto. É o emprego dos conhecimentos sobre a estética e
organização visual da forma do objeto (sua gestalt), aprendido nos bancos
escolares, na literatura de modo geral e por outros meios, que devem fazer
parte do repertório conceitual e prático do designer.
Processo de design: A estética generativa contribui diretamente no processo
de definição do design do produto na fase de pesquisa, estudos, experimentos,
etc., que vão concorrer para a definição final da sua configuração estético-
formal.
Estética da informação: Relacionada com o processo de percepção e
consumo visual do produto pelo individuo, no processo de uso. São as
informações e conhecimentos próprios do repertório estético do usuário-
consumidor, com o qual ele vai julgar o valor da aparência do objeto em última
instância.
Processo de uso: A estética da informação tem relação direta com o
conhecimento do objeto pelo usuário. Sobretudo em relação a parâmetros
12 Disponível em: <http://atdigital.com.br/designdecor/wp-content/uploads/2011/12/Sushi_Sofa_Campana11.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.
44
ergonômicos e gestálticos de utilização do produto. São informações que o
designer vai recolher dos consumidores como processo de “realimentação” de
suas informações para eventual redesign do produto.
Estética empírica: Concerne à investigação de ideias sobre valores estéticos
em pesquisas realizadas com grupos de usuários selecionados. São
conhecimentos que devem chegar ao designer e serem também levados em
consideração na formulação estética do objeto.
Gomes Filho (2006), expõem que a articulação entre estes fatores e
informações, de forma criativa, talentosa e coerente, irão proporcionar ao designer,
desenvolver a melhor aparência para o produto. Sendo então, de grande importância
a utilização destas informações para determinar uma melhor estética para o produto
a ser desenvolvido atingindo assim o objetivo de resolver os problemas enfrentados
pelos usuários e adicionando qualidades com fator psicológico-funcional ao ambiente
a que o objeto está inserido.
45
4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO
Como base metodológica para a sistematização dos levantamentos
bibliográficos realizados na primeira etapa deste estudo e desenvolvimento dos dois
projetos será utilizada a metodologia de Bonsiepe (1984) (figura 7).
Através das informações coletadas foram definidos como o objetivo projetual o
desenvolvimento de dois móveis, uma cadeira e uma escrivaninha, sendo estes os
móveis que são denominados parte do ambiente de um Home Office, podendo além
deles conter outras peças ou móveis, mas que não serão relevados neste projeto.
A metodologia a ser utilizada contém as seguintes etapas: análises,
problematização, geração de alternativas, desenhos e esboços, modelo 3D e o
Mocape/protótipo. Cada etapa será definida e detalhará cada uma das propostas
projetuais, tanto da cadeira, quanto da escrivaninha.
Figura 10. Metodologia projetual.
Fonte: Adaptado de BONSIEPE (1984)
46
4.1 Análises
As etapas pertencentes as análises, tem como objetivo a coleta de
informações, a fim de determinar os atributos e as características físicas e/ou estéticas
que deverá possuir o(s) produto(s) antes de, conforme Bonsiepe (1984), “entrar na
fase propriamente do design, do desenvolvimento de alternativas”.
4.1.1 Listas de Verificação
A escrivaninha de um escritório tanto tradicional (figura 8) quanto home office
(figura 9) é de grande importância, pois é onde será realizado as ações de manejo
desse ambiente de trabalho, onde serão realizados trabalhos, normalmente, com as
mãos, em computadores de mesa (desktops) ou notebooks, com desenhos ou
documentos, etc.
Figura 11. Ambiente de trabalho corporativo ou estação de trabalho.
http://www.tradeindia.com/13
13 Disponível em: < http://img.tradeindia.com/fp/1/366/598.jpg>. Acesso em: 11/11/2014.
47
Figura 12. Ambiente de trabalho em home office.
http://blog.prestus.com.br/14
As escrivaninhas de modo geral, são constituídas de um tampo, normalmente
de madeira, 4 pés ou na forma mais moderna, ao invés dos pés possui duas chapas
constituídas, em sua maioria, do mesmo material do tampo, no entanto, com
espessura inferior à do tampo. A grande maioria dos modelos oferecidos no mercado
possuem gaveteiros acoplados ao tampo, onde pode variar o lado em que irá se
localizar, podendo variar o número de gavetas conforme a qualidade do móvel ou a
necessidade do cliente. Essas escrivaninhas ou mesas de escritório, são em sua
maioria produzidas em materiais naturais, normalmente MDF (ver item 3.2.2 Naturais)
devido ao custo e sua maleabilidade, mas podendo também ter em sua composição
um conjunto de materiais, como detalhes ou partes em metal, em polímeros, podendo
possuir tampo de vidro ou detalhes em vidro. Poderá possuir mecanismos de abertura
e fechamento se esta escrivaninha possuir gaveteiro ou portas.
14 Disponível em: < http://blog.prestus.com.br/wp-content/uploads/2014/10/home-office1-1024x764.jpg>. Acesso em: 11/11/2014.
48
Em decorrência das reduções dos espaços residenciais, um fator que se tem
notado crescimento, são dos móveis multifuncionais, podendo ser de grande
importância sua aplicação em escrivaninhas, pois agregar funções a um móvel poderá
maximizar os espaços desse ambiente e consequentemente proporcionar bem estar
ao usuário. Outra possibilidade de melhora seria a da utilização mais acentuada de
combinações de polímeros e MDF, reduzindo o custo de produção e uma grande
possibilidade reciclagem ou reutilização no futuro.
Nas cadeiras de escritório temos uma gama enorme de modelos e
composições, podendo ser giratório ou fixo, acento acolchoado (com espuma) ou
rígido, podendo ou não possuir rodízio, variações de apoios para os antebraços ou
não possuir.
Em sua constituição mais encontrada temos combinações de metais para parte
estrutural e polímeros para os acabamentos e detalhes. Atualmente, a maioria das
cadeiras possuem sistema de regulagem de altura do acento e em alguns casos dos
apoios para os antebraços. Sistema de encaixe de suas partes normalmente com
pressão, como o caso dos rodízios facilitando sua troca com maior facilidade, e da
união da parte superior com a parte inferior da cadeira, também para uma possível
troca de peças, ou com parafusos para fixar as partes, como acento e encostos, na
estrutura. Articulação das partes e multifuncionalidade são características pouco
abordadas em cadeiras.
4.1.2 Análise Diacrônica
Nesta etapa segundo Bonsiepe (1984), é efetuada a pesquisa para
levantamento de material histórico a fim de demonstrar a evolução e as mutações
sofridas por um determinado produto no transcurso do tempo. Através da coleta dos
dados históricos, dos movimentos decorrentes do século XIX e XX, foi desenvolvida
uma tabela, demostrando os movimentos mais importantes e suas principais
influências e contribuições para o design da escrivaninha e da cadeira de escritório
(tabela 1).
49
Tabela 1. Descrição dos móveis, movimento inspiração e autor que desenvolveu.
Produto Movimento /
Autor Descrição
Figura 13. Home Office da “Red House”
(Fonte: Blog Mobe Interiores15)
Arts and Crafts
(1850-1914) /
William Morris
Ambiente de home office, pertencente
a “Red House”, casa projetada por
Willian Morris e pelo arquiteto Philip
Webb.
A casa é um exemplo dos preceitos
pregados por Morris no Arts and
Crafts, sendo que todo o interior e
exterior foi projetado e desenvolvido
por ele.
Os móveis, em sua maioria, eram em
madeira feitos artesanalmente
mantendo o estilo rústico e natural.
Nos estofados, eram utilizadas as
estampas características do
movimento, com elementos da
natureza, como os desenhos de
Morris.
(Fonte: Blog Mobe Interiores16)
Figura 14. Art Nouveau desk and armchair
Fonte: Art Finding 17
Art Nouveau
(1890-1918) /
Camille Gauthier
& Paul
Poinsignon
Uma mesa e poltrona com estilo do
movimento Art Nouveau por Camille
Gauthier & Paul Poinsignon, possuem
sua base em madeira esculpida
organicamente estilizada, gaveta com
puxadores em bronze e na cadeira
uma superfície de couro original e sua
base esculpida à mão. A mesa e
cadeira ambos têm o mesmo padrão
esculpido e o detalhe da flor.
15 Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_0SCcmnCxvw4/SUqLY6N7piI/AAAAAAAAAB8/68JvUfap PvQ/s400/13.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 16 REZENDE, Estelita Rúbia. Mobiliário e Interiores no período Arts and Crafts. Blog Mobe Interiores. [S.l.], 2008. Disponível em: <http://mobeinteriores.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12/11/2014. 17 Disponível em: <http://www.artfinding.com/images/lot/_315/macklowe_gallery_art_nouveau_desk_and_armchair_1246619 7122173.jpg>; Acesso em: 20/11/2014
50
Figura 15. Art Nouveau Armchair
Fonte: Art Finding18
Assim como conceito do movimento
os moveis privilegiam a assimetria e
as linhas curvas, enfatizando flores e
integração com a natureza, tanto nos
materiais, quanto na forma.
(Fonte: Autor)
Figura 16. Cadeira Tulipa Saarinen
Fonte: Tipografos.net19
Futurismo (1909-
1916) / Eero
Saarineen
Uma cadeira que foi destaque
relacionada com o Futurismo é a
cadeira tulipa de Eero Saarinen.
Cadeira de linhas elegantes e
orgânicas, ela usava o poliéster
reforçado com fibra de vidro no
assento e alumínio fundido e brilhante
no pé do móvel. Mais uma vez, a ideia
foi a criação de uma cadeira que
funcionasse como se fosse uma peça
só, facilitando a produção industrial e
barateando o produto.
(Fonte: Oppa Design20)
De Stijl (1917-
1931) / Gerrit
Rietveld
Rietveld neste conjunto retrata a base
do movimento De Stijl (O Estilo), que
tinha como fundamento rejeitar toda e
qualquer reprodução da natureza e
entendia as artes plásticas como um
sistema autônomo de forma,
superfície e cor.
Na concepção dos móveis da linha
“Crate”, Rietveld segue linhas retas,
18 Disponível em: <http://www.artfinding.com/images/lot/_315/macklowe_gallery_art_nouveau_desk_and_armchair_124661971 25345.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 19 Disponível em: <http://tipografos.net/design/Tulpanstolen.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 20 Oppa Design. Futurismo. Site Oppa. [S.l.], 201-?. Disponível em: < http://www.oppa.com.br/ glossario/futurismo>. Acesso em: 13/11/2014.
51
Figura 17. Crate Desk
Fonte: Handmade Charlotte21)
com ângulos exatos e forma
simplificada, coloração escura e
detalhes da textura da madeira.
(Fonte: Autor)
Figura 18. Desk “Tardieu” (mod. 1517)
Fonte: HACHE (2011)22
Art Déco (1920-
1939) / Jacques-
Emile Ruhlmann
Ruhlmann completou a Desk “Tardieu”
(mod. 1517) em 1929 e a exibiu no
salão dos artistas decoradores
daquele ano.
Sua forma capta os conceitos do Art
Déco, que se vale de linhas retas ou
esféricas, das figuras geométricas e
do desenho de natureza abstrata,
seguindo um padrão em meia lua e os
gaveteiros posicionados de forma a
seguir sua curvatura.
Produzido em chapas de madeira
laqueada e detalhes em metal
cromado passando um aspecto de
elegância ao móvel. Possui uma
luminária acoplada e suporte para os
pés entre os gaveteiros.
(Fonte: HACHE, 2011 22)
A mesa baseada do movimento
Streamline, pertence a série “móveis
em forma de tambor” da empresa de
Mauser Werke Waldeck. Mauser
Waldeck foi uma das maiores
fabricantes de barris de chapa
21 FAUCETT, Rachel. Vintage Modern Desk Love. Site Handmade Charlotte. [S.l.], 2012. Disponível em: <http://media3.hand madecharlotte.com/wp-content/uploads/2012/02/7-vintage-desks.jpg>. Acesso em: 2011/2014. 22 HACHE, Laurent. Very Important auction : Les collections du château de Gourdon. Site Authenticite. [S.l.], 2011. Disponível em: <http://www.authenticite.fr/authenticite_uk_news_printvery_important_auction___les_collections_du_chateau_ de_gourdon-324.html>. Acesso em: 13/11/2014.
52
Figura 19. London Desk
Fonte: Flickr23
Streamline -
Aerodinâmica
(1930-1950) /
Mauser Werke
Waldeck
metálica de 1920 até 1930. Esta
empresa inovadora desenvolvia uma
série de móveis em forma de tambor,
sendo as mesas, as mais sofisticadas
desta série, sendo nomeadas depois
de cidades como Berlim, Hamburgo,
Tóquio ou Rio. Esta mesa é uma
versão chamada Londres, possui esse
formato arredondado com os detalhes
metálicos, possui portas de correr nas
bases da mesa revelando cinco
gavetas escondidas.
(Fonte: Flickr - Tradução do Autor)
Figura 20. Desk S285
Fonte: Freshome24
Bauhaus (1919-
1933) / Marcel
Breuer
De acordo com Platforma
Arquitectura, algumas peças de
mobiliário projetado mais de meio
século atrás, ainda estão na moda
hoje em dia. A mesa S285, projetada
por Marcel Breuer em 1932. Tecta,
fábrica na Alemanha, é a instituição
que assumiu oficialmente os
desenhos do arquiteto, e começou a
produzir a mesa novamente na
contemporaneidade. A peça de
mobiliário minimalista, produzido com
tubos metálicos curvados e madeira,
passando um aspecto elegante e
simplificado.
(Fonte: Freshome - Tradução do Autor)
Fonte: Autor
23 Disponível em: < http://www.zeitlosberlin.com/typo3temp/pics/stamped/zeitlos-berlin_streamline-modernist-office-table-london-by-mauser-waldeck-in-original-oliv.2e1c272b7c.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 24 Disponível em: <http://cdn.freshome.com/wp-content/uploads/2011/02/minimalist-desk-Freshome03.jpg>. Acesso em: 20/11/2014.
53
4.1.3 Análise Sincrônica
Esta etapa é de grande importância, pois através deste estudo possibilita
observar os produtos em desenvolvimento atualmente e evita a possibilidade de
reinvenção (Bonsiepe, 1984), podendo ser observado abaixo. Foram coletados 5
modelos de escrivaninha (tabela 2) e 3 modelos de cadeira de escritório (tabela 3) e
suas respectivas descrições.
Tabela 2. Escrivaninhas desenvolvidas atualmente com suas informações.
Imagem do Produto Autor / Site Descrição
Figura 21. The Celine Desk
Fonte Case Furniture25
Nazanin Kamali /
Case Furniture
O móvel produzido em
madeira, possui suas pernas
cônicas e inclinadas que dá à
esta peça uma estética muito
delicada, combinada com uma
gaveta escondida e suas
proporções reduzidas.
(Fonte: Case Furniture - Tradução do
Autor)
James Broad /
Workstyled.com
LD Desk é feita à mão em
American Black Walnut, com
um tempo e as pernas de trás
feitas em laminado.
Acabamento de poliuretano
25 Disponível em: < http://www.casefurniture.co.uk/assets/Uploads/Celine-desk.jpg >. Acesso em: 20/11/2014
54
Figura 22: LD Desk
Fonte: Workstyled.com26
preto durável. A mesa
combina detalhes coloridos
com seu aspecto formal e o
contraste entre a cor escura e
o tom natural da madeira
passa aspecto irreverente e
agradável ao móvel.
(Fonte: Workstyled.com - Tradução do
Autor)
Figura 23. Airia Desk
Fonte: Kaijustudios.com27
Kaiju Studios /
Herman Miller Store
A mesa Airia Desk, equilibra
design de mobiliário bem com
recursos que ajudam a mantê-
lo organizado. Use a superfície
principal para o seu laptop ou
quando se trabalha com a
mão. Manter a desordem fora
da superfície primária,
colocando periféricos, papéis,
copos de café na superfície
secundária elevada. Uma
gaveta com três organizadores
na bandeja removível mantém
os pequenos itens no lugar,
fora da vista, e à mão. Tem
um espaço guardar seu laptop,
iPad e artigos de papelaria,
uma prateleira na parte de
trás, aberturas elegantes para
os cabos. Este móvel possui
um estilo simplificado e uma
estrutura elegante.
(Fonte: Herman Miller Store -
Tradução do Autor)
26 Disponível em: < http://workstyled.com/wp-content/uploads/2010/02/desk-3-500x312.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 27 Disponível em: < http://kaijustudios.com/kimages/airia1.jpg >. Acesso em:20/11/2014.
55
Figura 24. Homework
Fonte: Tomaskral.ch28
Tomas Kral /
Tomaskral.ch
Uma mesa de trabalho simples
que foi criada para ser ainda
mais funcional: um pano de
alumínio é colocado sobre
uma mesa de madeira, então
dobrada para formar uma
extensão refinada ao móvel,
podendo colocar objetos ou
artigos de papelaria ou livros.
(Fonte: Tomaskral.ch29 - Tradução do
Autor)
Figura 25. Oxymoron Desk
Fonte: Dezeen.com30
Anna Lotova /
Dezeen.com
Desenvolvida pela designer
russa Anna Lotova, a mesa
possui uma fenda entre duas
camadas de espuma por baixo
da superfície de madeira para
criar espaços macios para
armazenar artigos de
papelaria e outros objetos.
Design minimalista, com linhas
simples, possibilitam a este
móvel um aspecto arrojado.
(Fonte: Dezeen.com31 - Tradução do
Autor)
Fonte: Autor
28 Disponível em: < http://www.tomaskral.ch/uploads/projects_fotky/small/5730d0dfa6de9d816086c14 6709e9572.jpg >; Acesso em: 20/11/2014. 29 Disponível em: < http://www.tomaskral.ch/en/homework >. Acesso em: 13/11/2014. 30 Disponível em: < http://static.dezeen.com/uploads/2013/12/Oxymoron-Desk-by-Anna-Lotova_dezee n_bann.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 31 Disponível em: <http://www.dezeen.com/2013/12/28/oxymoron-desk-by-anna-lotova/>. Acesso em: 13/11/2014.
56
Tabela 3. Cadeiras desenvolvidas atualmente com suas informações.
Imagem do Produto Autor / Site Descrição
Figura 26. Cadeira de Escritório Sevilha
Fonte: Novomundo.com.br32
Empresa Rivatti /
Mobly
A Cadeira de Escritório
Sevilha, é símbolo de
sofisticação. Se adapta tanto
em ambientes empresariais,
quanto residenciais.
Possui um Design Clássico e
oferece o Sistema Relax, que
lhe garante máximo conforto.
Possui estrutura cromada,
revestimento em couros
sintético, e uma capa protetora
dos braços com fecho para
remoção.
(Fonte: Mobly.com.br33)
Figura 27. Cadeira de Escritório CAPC 534/7
Fonte: Mobly.com.br34
Mobly /
Mobly.com.br
Produzida em metal com
acabamento cromado, o
assento e o encosto contam
com um confortável
revestimento em corino, além
de possuir sistema giratório e
rodízios para facilitar sua
locomoção.
(Fonte: Mobly.com.br35)
32 Disponível em: < http://www.novomundo.com.br/fotos/32695_0_1000x1000.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 33 Disponível em: <http://www.mobly.com.br/cadeira-de-escritorio-sevilha-i-mobly-1539.html>. Acesso em: 13/11/2014. 34 Disponível em: < http://static.mobly.com.br/r/900x900/p/Mobly-Cadeira-de-EscritC3B3rio-CAPC-5342F7-1415-1223-1-zoom.j pg >. Acesso em: 20/11/2014. 35 Disponível em: < http://www.mobly.com.br/cadeira-de-escritorio-capc-534-7-3221.html>. Acesso em: 13/11/2014.
57
Figura 28. Cadeira de Escritório Gênova
Fonte: Lojaskd36
Acasa /
Lojaskd.com.br
Cadeira de escritório, com
regulagem dos braços,
sistema relax multi-
sincronizador e base em
alumínio. Design elegante e
simplificado, possui leve
curvatura no encosto para se
adaptar as costas,
proporcionando ainda mais
conforto ao usuário.
(Fonte: Lojaskd37)
Fonte: Autor
36 Disponível em: < http://cdn.lkd.com.br/31800/31840/31840_3_zoom_30.jpg >. Acesso em: 20/11/2014 37 Disponível em: <http://www.lojaskd.com.br/cadeira-de-escritorio-genova-preto-acasa-31840.html>. Acesso em: 13/11/2014.
58
4.1.4 Análise Funcional / Morfológica
Conforme Bonsiepe (1984), a análise “funcional” de um produto, serve para
reconhecer e compreender as características de uso de um produto, incluindo
aspectos ergonômicos (macroanálise), e as funções técnico-físicas de cada
componente ou subsistema do produto (microanálise). Na análise “morfológica”,
podemos reconhecer e compreender a estrutura formal (concepção formal) de um
produto, sua composição, partindo de elementos geométricos e suas transições
(encontros). Incluindo também informações sobre acabamento cromático e tratamento
das superfícies.
Tabela 4. Análise funcional/morfológica do produto
Produto Dimensões Detalhes funcionais do
produto
Figura 21. The Celine Desk
Comprimento: 1100 mm
Altura
750 mm
Profundidade: 550 mm
Possui gaveteiro baixo
que se oculta quando fechado;
O gaveteiro possui corrediça de extensão podendo acessar todo espaço da gaveta
Espaço aberto para guardar objetos;
Dimensões pequenas podendo se adaptar facilmente em pequenos ambientes.
Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop.
Contraste da cor natural da madeira com o branco do detalhe da gaveta traz um aspecto rústico ao design moderno do móvel.
59
Tem formato retangular com cantos retos;
Seus pés cônicos levemente inclinados, propõem a elegância do retrô.
Figura 22: LD Desk
Comprimento: 1460 mm
Altura
800 mm
Profundidade: 800 mm
Não possui gaveteiro,
tendo apenas compartimentos abertos para guardar pequenos objetos;
A utilização do detalhe em madeira superior formando os pés frontais sobrepostos a parte do tampo da mesa que como uma peça única forma os pés de traz, trazem um contraste agradável ao móvel dividindo-o em duas partes;
Possui dimensões médias, mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;
Seu tampo possui cantos retos podendo causar acidentes, dependendo de seu posicionamento no ambiente;
Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop.
As cores nas repartições do tampo, proporcionam um
60
pouco mais de alegria ao móvel, tendo em vista que as cores predominantes são escuras.
Figura 23. Airia Desk
Comprimento: 1420 mm
Altura
775 mm
Profundidade: 760 mm
Possui gaveteiro baixo
que se oculta quando fechado;
O gaveteiro possui corrediça de extensão podendo acessar todo espaço da gaveta;
Possui dimensões médias mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;
Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop, mas devido ao seu design não é o foco deste móvel.
Possui recorte e furação para passar fios;
Contraste da cor natural da madeira com o branco traz um aspecto rústico ao design retrô do móvel
Seus cantos arredondados e seus pés finos levemente inclinados passa um aspecto de elegância.
Não possui gaveteiro
61
Figura 24. Homework
Comprimento:
1560 mm
Altura 800 mm
Profundidade:
800 mm
Possui dimensões médias, mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;
Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop, mas devido ao seu design não é o foco deste móvel.
Foi utilizado um tecido de alumínio, formando uma espécie de “aba”, onde pode-se colocar objetos, livros, etc.;
Contraste da cor natural da madeira com o cinza do metal traz um aspecto rústico ao design simples da mesa.
Figura 25. Oxymoron Desk
Comprimento: 1500 mm
Altura
750 mm
Profundidade: 550 mm
Não possui gaveteiro Possui dimensões
médias, mas sua profundidade é de tamanho reduzido, possibilitando várias possibilidades;
Seus pés são finos presos com suporte de metal;
No tempo superior tem um recorte, por onde pode ser passado a fiação do carregador ou luminária;
62
A proposta do móvel é para utilização de notebooks;
Possui camada acolchoada entre o tampo da mesa e o tampo superior, podendo ser guardado objetos pequenos, livros, etc.;
Contraste da cor natural da madeira com o cinza do tecido traz um aspecto rústico ao design simples da mesa.
O design de cantos arredondados atribui ao móvel, suavidade e reduz a possibilidade de acidentes.
Figura 26. Cadeira de Escritório Sevilha
Largura: 560 mm
Altura Total 1150-1230
mm Altura Acento 490-570 mm
Profundidade:
480 mm
Feita em metal revestido com couro sintético;
Pé giratório com rodízio;
Suporte revestido para os antebraços;
Os revestimentos possuem zíper, podendo ser removidos para limpeza;
Regulagem de altura; Possui os pés e
detalhes cromados; Tem o acento reto e o
encosto com uma leve curvatura, possibilitando um encaixe mais suave ao usuário.
Este modelo pode ter cor branca ou preta com os contrastes metálicos do cromado.
Possui algumas peças de encaixe e rodízios
63
em plástico (polímero) preto.
Figura 27. Cadeira de Escritório CAPC
534/7
Largura: 600 mm
Altura Total 820 mm
Profundidade:
600 mm
Feita em metal revestido com couro sintético preto;
Pé giratório com rodízio;
Regulagem de altura; Possui os pés com
detalhes cromados; Possui um formato
estilo poltrona com encosto baixo, podendo ser em grandes períodos, desconfortável;
Figura 28. Cadeira de Escritório Gênova
Largura: 655 mm
Altura Total 1180 mm
Profundidade:
645 mm
Feita em haste de
metal, revestido com poliéster;
Pé giratório com rodízio;
Regulagem de altura com sistema a gás;
Suporte para os antebraços com regulagem;
Encosto para cabeça; Possui os pés com
detalhes cromados; Seu encosto levemente
curvado, possibilita conforto ao usuário;
O acento levemente curvado proporciona uma sensação mais
64
cômoda para que utiliza por várias horas por dia evitando problemas de circulação sanguínea nas pernas.
Fonte: Autor
65
4.2. Problematização
Na etapa de problematização, foram sistematizados os dados coletados a fim
de criar a lista de requisitos para o desenvolvimento de uma escrivaninha e uma
cadeira, objetivos deste estudo.
4.2.1. Sínteses das Análises
Para analisar os dados obtidos, primeiramente observa-se as mudanças
apresentadas através dos movimentos artísticos de maior destaque nas Artes e no
Design, onde pode-se ver movimentos extravagantes como o Art Nouveau, prezando
os detalhes artesanais e curvas, com arabescos e florais, sempre com foco na
elegância e luxo.
Pode ser observado também no futurismo, a inclusão de outros materiais, como
os polímeros, na composição dos móveis, que até então a principal matéria prima
utilizada era a madeira. O futurismo traz aos móveis, formas mais curvilíneas e
artísticas, também encontradas nas formas aerodinâmicas do movimento Streamline,
onde era muito utilizado o metal como matéria prima.
Com o surgimento da escola da Bauhaus, os móveis passam sofrer mudanças
onde o foco principal é simplicidade, aplicabilidade e a facilidade de fabricação, muito
observado nos móveis a partir deste período, como o exemplo o móvel Desk modelo
S285, onde Marcel Breuer, utiliza tubos metálicos dobrados para a estrutura do móvel,
inovação da época, também observado no ícone da Bauhaus a cadeira “Wassily”,
desenvolvida por ele e nomeada com o nome de seu amigo e colega Wassily
Kandinsky.
Uma grande mudança que foi ocorrendo ao longo do tempo, nos móveis, que
foi abordado ao longo do estudo, que se deve pelo fato da redução dos espaços
internos das residências, onde pode ser observado primeiramente na análise
diacrônica, ou seja, ao longo da história, demonstra móveis de grande porte
66
normalmente com muitos detalhes, em contra partida, temos os atuais, observados
na análise sincrônica, móveis mais simples, com menos detalhes, com tamanho mais
reduzido, normalmente desenhados para ocupar locais específicos dos ambientes
residenciais.
A utilização de matéria prima natural utilizada antigamente, como a madeira na
forma maciça, que se perdeu um pouco ao longo do tempo, em decorrência das
pesquisas e surgimento de novos materiais, vem se firmando como matéria prima
principal atualmente, mas na forma de MDF’s e MDP’s, pois além de serem
ecologicamente corretas utilizando madeiras de reflorestamento, reduzem o custo e o
tempo de produção, ficando os detalhes do móvel para aplicação de outros materiais,
como os polímeros ou metais.
4.2.2. Listas de Requisitos
Analisando os dados coletados no item anterior, foram determinados os
seguintes requisitos para o desenvolvimento do projeto:
Formas simples;
Baixo custo;
Ocupar pouco espaço
Pelo fator ecológico utilizar
materiais de reciclagem ou com
menor impacto ambiental;
Ser ergonômico (espaço,
posicionamento, alcance, etc...)
Possuir múltiplas funções;
67
4.3. Projeto
Através dos requisitos determinados pela coleta dos dados, foram geradas as
alternativas a fim de desenvolver um produto que detenha todos ou a maioria dos
deles, possibilitando o móvel comtemplar o objetivo deste estudo.
4.3.1 Geração de Alternativas
A) Mesa:
Através dos dados coletados foram gerados 5 (cinco) possibilidades, dentre as quais, serão escolhidas duas para próxima etapa. A proposta mesa 1, tinha como base a ideia inicial, de contemplar um conjunto que através da estrutura da cadeira e da mesa se tornaria um móvel só.
Figura 29. Proposta mesa 1
Fonte: Autor
A proposta mesa 2, 3 e 4, seguiriam o padrão de móveis com base nos estudados nas análises, com foco no formato, dimensões e cores.
68
Figura 30. Proposta mesa 2
Fonte: Autor
Figura 31. Proposta mesa 3
Fonte: Autor
Figura 32. Proposta mesa 4
Fonte: Autor
69
Figura 33. Proposta mesa 5
Fonte: Autor
A proposta mesa 5, contempla uma estrutura diferenciada, onde vários aspectos podem ser abordados ou adicionados. Conforme as propostas desenvolvidas acima, foram escolhidas as propostas 4 (quatro) e 5 (cinco) para detalhamento e escolha do modelo a ser desenvolvido.
B) Cadeira:
Através dos dados coletados foram gerados 4 (quatro) possibilidades, dentre as quais, será escolhida a versão a ser desenvolvida. Na proposta cadeira 1, segue um padrão mais tradicional, porém com detalhes que podem adicionar características ousadas ao móvel.
Figura 34. Proposta cadeira 1
Fonte: Autor
70
Para proposta cadeira 2, a ideia era a de adicionar funcionalidades ao móvel, onde o mesmo tivesse espaço para colocar livros, revistas ou assemelhados.
Figura 35. Proposta cadeira 2
Fonte: Autor
A proposta cadeira 3 e 4, tinha o intuito de dobrar-se e no espaço entre o acento e o encosto pudesse ser posicionado o encosto para cabeça.
Figura 36. Proposta cadeira 3
Fonte: Autor
71
Figura 37. Proposta cadeira 4
Fonte: Autor
Conforme os modelos desenvolvidos, foi definido para desenvolvimento dos renderings e mocape a proposta cadeira 1.
4.3.2. Desenhos e Esboços
Conforme as propostas escolhidas, segue, primeiramente, a proposta mesa 4,
onde foram definidas as partes que levariam a pintura e as partes que seriam de
madeira, acrescentando o gaveteiro, onde ficou observado a pouca possibilidade de
variação do móvel e a impossibilidade de agregar algum diferencial, comparando aos
já apresentados nas análises deste estudo.
Figura 38. Proposta mesa 4 colorida com detalhe da gaveta.
Fonte: Autor
72
A proposta mesa 5, traz uma identidade ao móvel, diferenciando-se dos
produzidos no mercado, com suas curvas, podem agregar outras utilidades sem
perder sua estrutura básica.
Figura 39. Proposta mesa 5 colorida com detalhe das gaveta e baú.
Fonte: Autor
Conforme o detalhamento das propostas escolhidas, ficou definido para
desenvolvimento dos renderings e mocape a proposta mesa 5, onde será detalhada
suas partes e funcionalidade e desenvolvidos os desenhos técnicos.
4.3.3. Modelo 3D
Através da definição do modelo a ser desenvolvido, foram geradas as
modelagens da cadeira e da mesa e seus respectivos renderings em 3D no programa
Sketchup Pro e Vray, conforme as figuras abaixo.
73
A) Branco – conforme as figuras 37 e 38, temos a opção na cor branca,
possibilitando ao móvel neutralidade, podendo ser utilizado em ambientes de
muita cor ou mais claros. Em sua estrutura inicial possui duas gavetas,
posicionadas nas curvas da mesa, onde pode-se guardar canetas, lápis,
pendrives, etc., possuindo também uma base removível na parte central, que
pode ser usada como porta objetos ou ser retirada, encaixando-se abaixo das
gavetas para ser usado como base para papelaria, livros, revistas, etc...
Figura 40. Rendering Vray da mesa, vista frontal.
Fonte: Autor
Figura 41. Rendering Vray da mesa.
Fonte: Autor
74
Na parte superior da mesa, temos um baú para guardar objetos ou até mesmo
o carregador do notebook e também duas tomadas no padrão atual. Na figura 39,
podemos ver a mesa com a cadeira, contemplando o conjunto nomeado de “Simple
Office”.
Figura 42. Rendering da mesa com o modelo da cadeira.
Fonte: Autor
Com a possibilidade da remoção da base inferior da mesa, a mesma, poderá
ser utilizada por cadeirantes, pois possui o espaço para o posicionamento tranquilo
da cadeira de rodas, conforme figura 40.
Figura 43. Rendering da mesa com uma cadeira de rodas genérica.
Fonte: Autor
75
Outra característica adicionada ao conjunto, é da possibilidade dobrar a
cadeira e posicioná-la abaixo da mesa, reduzindo o espaço ocupado pelos dois
móveis, conforme figura 41.
Figura 44. Rendering da mesa com o modelo da cadeira (fechada).
Fonte: Autor
B) Preto – determinar a utilização da cor preta, possibilitando outra opção com a branca, se deve por serem cores opostas do padrão cromático, mas principalmente, por serem de fácil combinação com vários ambientes.
Figura 45. Rendering da mesa cor preta.
Fonte: Autor
76
Figura 46. Rendering da mesa com o modelo da cadeira (aberta e fechada).
Fonte: Autor
Na figura 44 e 45, podemos observar a mesa em suas duas possibilidade de uso e a cadeira na cor preta, também observado na figura 43.
Figura 47. Rendering da mesa com o modelo da cadeira e a cadeira de rodas.
Fonte: Autor
77
Figura 48. Rendering da mesa com o modelo da cadeira e a cadeira de rodas.
Fonte: Autor
Na figura 46, podemos ver a cadeira de modo aberto para utilização e fechado para ser guardada.
Figura 49. Rendering o modelo da cadeira.
Fonte: Autor
78
Após o desenvolvimento dos renderings foram feitos os desenhos técnicos da
mesa e da cadeira e suas respectivas partes individualmente (Anexo 1 – pranchas da
mesa seguindo do 1 ao 10 e da cadeira 1 ao 6). Ilustração da mesa com as medidas,
conforme desenho técnico nas figuras 47 e 48.
Figura 50. Vistas essenciais da mesa com todas as partes.
Fonte: Autor
Figura 51. Perspectiva explodida da mesa com todas as partes separadas.
Fonte: Autor
79
Ilustração da cadeira com as medidas, conforme desenho técnico nas figuras
49 e 50.
Figura 52. Vistas essenciais da cadeira com todas as partes.
Fonte: Autor
Figura 53. Perspectiva explodida da mesa com todas as partes separadas.
Fonte: Autor
80
4.3.4. Mocape / Protótipo
Conforme modelo final da mesa e da cadeira, foi desenvolvido o mocape em
escala 1:2, com algumas de suas funções, como compartimento baú (figura 51), na
parte superior, e a base removível que pode ser usado como porta objetos ou
papelaria (livros, revistas, etc.), liberando o espaço para o cadeirante. A cadeira,
também em escala 1:2, com sistema de dobra e o sistema giratório (figura 52),
conforme figuras abaixo.
Figura 54. Fotografia da mesa com baú aberto.
Fonte: Autor
Figura 55. Fotografia da cadeira em escala reduzida (1:2).
Fonte: Autor
81
As figuras 53 e 54, comtemplam o conjunto em escala reduzida posicionados
para utilização.
Figura 56. Representação do Simple Office.
Fonte: Autor
Figura 57. Home Office.
Fonte: Autor
82
Desenvolver os mocapes, possibilitaram observar sua forma e a interação entre
a cadeira e mesa, podendo imaginar sua usabilidade em escala real. Outro fator que
o mocape possibilitou, é o de analisar os dois produtos integrados ao ambiente e de
entender seu funcionamento, podendo antes de sua fabricação, encontrar pequenos
detalhes, que futuramente, podem ser melhorados.
83
5. RESULTADOS
Desenvolver móveis requer muito mais do que ter uma boa ideia e executá-la,
pois na realidade atual, onde a necessidade de inovação é quase uma necessidade,
o ato de criar depende de vários fatores, como ergonômicos, estéticos, ecológicos e
acessíveis, onde este último é pouco explorado. Mas não é o caso de desenvolver
algo específico para o cadeirante, e sim algo que seja natural no processo projetual,
contemplando algo comum para todos.
No conjunto desenvolvido neste estudo, foi utilizada uma abordagem sutil nas
cores de modo a se adaptar aos ambientes mais coloridos, passando um aspecto de
neutralidade no ambiente. Foi projetado em duas cores principais, branco e preto,
sendo que as partes sem pintura mostrarão a cor natural da madeira (no caso do
projeto foi optado pelo pinus (Pinus elliottii) por ser uma madeira de reflorestamento
de fácil manuseio e menor impacto ambiental) apenas com aplicação de verniz,
trazendo um tom rústico e simples ao móvel.
A cadeira possui um sistema de dobra, possibilitando após o uso que seja
guarda em baixo da mesa, não atrapalhando a circulação do ambiente. É uma cadeira
giratória com ajuste de altura podendo ser reclinada. Os pés são feitos de aço
galvanizado com revestimento de “laminado flexível” de madeira.
A mesa possui medidas específicas para utilização de notebook ou papéis até
o formato A3, com acesso ao compartimento de objetos que encontra-se na parte
superior da mesa. Possui também espaço aberto em baixo da mesa para guardar
objetos como o notebook, livros, papéis, objetos, etc., quando a residência possuir
algum cadeirante que utilizará a mesa, esse compartimento poderá ser retirado,
podendo ser encaixado nas laterais internas da mesa, se transformando em porta
livros ou objetos. Há também duas pequenas gavetas, uma em cada lado da mesa,
onde as mesmas não possuem puxadores, mas recortes embaixo delas para que
possa utilizá-las, e tomadas na própria mesa facilitando acesso à energia. Suas partes
são de fácil montagem e desmontagem o que facilita seu transporte e possibilita
ocupar menos espaço de estoque na loja.
84
Através do desenvolvimento deste projeto inicial, que futuramente poderá ser
um linha de produtos, possibilitou a união de conceitos, experiências e fatores
importantes na vida de todas as pessoas, onde o produto através do Design, onde foi
possível agregar multifuncionalidade, acessibilidade e simplicidade em suas
características, proporcionando aos usuários uma solução em home office funcional
para seu ambiente residencial.
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6. CONCLUSÃO
A escolha do tema para o desenvolvimento dos móveis, objetivo deste estudo,
foi definido a partir de observações de áreas de grande crescimento e que tem atraído
muitos designers. A ideia do desenvolvimento de um home office possibilitou utilizar
todo conhecimento e experiência adquiridos e transformá-lo em um produto que
possibilite as pessoas, a possibilidade de ver com olhos deferentes um espaço tão
importante de suas residências.
O processo de desenvolvimento, envolvendo todo o estudo, as pesquisas, as
leituras, possibilitou criar de forma natural o produto, onde foi possível apresentar um
modelo simples, mas ao mesmo tempo completo e com suas peculiaridades,
acrescentadas pelo Design.
Estes novos móveis, a escrivaninha e a cadeira, que compõem o home office irão
adicionar simplicidade, multifuncionalidade e acessibilidade ao ambiente residencial,
fatores de grande importância na sociedade atual.
86
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