DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ATRAVÉS DO...

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO, EXPERIÊNCIA E REFLEXÃO - UMA EXPERIÊNCIA DE CAMPO ALBA VALÉRIA MELLO DUARTE ORIENTADOR: PROFª. DRª. FLÁVIA CAVAZOTTE Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO,

EXPERIÊNCIA E REFLEXÃO - UMA EXPERIÊNCIA DE CAMPO

AALLBBAA VVAALLÉÉRRIIAA MMEELLLLOO DDUUAARRTTEE

ORIENTADOR: PROFª. DRª. FLÁVIA CAVAZOTTE

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011.

DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO,

EXPERIÊNCIA E REFLEXÃO – UMA EXPERIÊNCIA DE CAMPO

ALBA VALÉRIA MELLO DUARTE

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Liderança

ORIENTADOR: PROFª. DRª. FLÁVIA CAVAZOTTE

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011.

DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO,

EXPERIÊNCIA E REFLEXÃO – UMA EXPERIÊNCIA DE CAMPO

ALBA VALÉRIA MELLO DUARTE

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Liderança

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor DRª FLÁVIA CAVAZOTTE (Orientador) Instituição: Faculdade de Economia e Finanças IBMEC _____________________________________________________

Professor DRª Lucia B. Oliveira Instituição: Faculdade de Economia e Finanças IBMEC _____________________________________________________

Professor DRª Veranise Dubeux Instituição: Pontifícia Universidade Católica- RJ

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011.

1

DEDICATÓRIA

Ao meu pai Itamar Ribeiro Duarte, meu grande líder.

2

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.

Às minhas filhas, pela linda caminhada.

À Flávia Cavazotte, que me ensinou a circunscrever as situações e dar foco no que realmente

é essencial.

Ao Kleber, por tudo que nos une.

À Beatriz, pelo apoio fundamental nos momentos finais da dissertação.

3

RESUMO

Este estudo faz uma revisão dos métodos de desenvolvimento de líderes e avalia a

contribuição do método reflexivo para desenvolvimento da liderança transformacional. A

pesquisa considerou uma amostra de setenta e um participantes, distribuídos em duas turmas

de um Programa de Pós-Graduação, e foi realizada durante sessões da disciplina Liderança.

O experimento considerou os mesmos componentes de conhecimento e experiência para o

grupo de controle e experimental e considerou a inclusão do método reflexivo para o grupo

experimental. O procedimento foi controlado por dados demográficos e perfil.

Os resultados apontam a importância do método reflexivo sobre as experiências pessoais para

maior desenvolvimento de competências de liderança transformacional nos participantes a

partir de suas autoavaliações e avaliações de pares. Não é possível descartar, no entanto, que

os resultados das análises possuam como causas as diferenças psicológicas e demográficas

que precederam o experimento.

Palavras Chave: liderança transformacional; desenvolvimento de líderes; reflexão.

4

ABSTRACT

The skills required in a competitive market have expanded, in the recent decades, the

relevance of the managerial role and the skills related to leadership in business. New models

of leadership development have emerged, which include various methods related to readiness

and to the dimensions necessary for development.

This study reviews the methods of leadership’s development and assesses the contribution of

the reflective method for the developing of transformational leadership. The study considered

a sample of seventy-one participants divided into two classes of a graduate program, during

the Leadership course.

The experiment included the same components of knowledge and experience in the control

group and in the experimental group, and involved the reflective method only for the

experimental group. The procedure was controlled for demographic data and profile. The

results point to the importance of the reflective method on personal experiences for further

development of transformational leadership skills in participants, from their self-assessments

and peer evaluations.

Key Words: transformational leadership; leader development; reflection

5

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Premissas e implicações da aprendizagem de adultos...........................................25

Quadro 2 – Domínio de competências por níveis de habilidade...............................................30

Quadro 3 – Desenho do experimento .......................................................................................48

6

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Dados demográficos...........................................................................................................................49 Tabela 2 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Diferenças de Perfil..........50 Tabela 3 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Autoavaliação de Liderança antes do experimento................................................................................................................52 Tabela 4 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Abertura, Inteligência Emocional e Afetividade.........................................................................................................53 Tabela 5 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Auto-avaliação na Liderança depois do experimento.............................................................................................................55 Tabela 6 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Avaliação dos pares depois do experimento........................................................................................................................56 Tabela 7 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Liderança Transformacional (autoavaliação antes e depois), engajamento como membro de equipe (auto).......................57 Tabela 8 – Correlação antes do experimento: Dados Demográficos e Liderança Transformacional.....................................................................................................................58 Tabela 9 – Correlação antes e depois: Liderança Transformacional, Inteligência Emocional e Big Five...................................................................................................................................59 Tabela 10 – Análise de Regressão: Diferenças em autoavaliações controlando para personalidade, dados demográficos e liderança transformacional..........................................62

7

LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

ASTD American Society for Training and Development

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

2 O PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................... 12

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................... 12

2.2 PERGUNTA DA PESQUISA ............................................................................................................... 13 2.3 OBJETIVO.……………………………………………………………………………………………14 2.4 RELEVÂNCIA DA PESQUISA ……………………………………………………………………..14

3. DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ........................................................16

3.1 A NOVA RELAÇÃO DE TRABALHO.............................................................................................. 16 3.2 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS......................................................................................... 17 3.3 AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES DE TREINAMENTO ......................................................... 19 3.4 DESENVOLVIMENTO DE ADULTOS.................................................................................... ......... 22 3.5 AVALIAÇÃO DE TREINAMENTO....................................................................................................25

4 DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA ................................................................. 28 4.1 APRENDER A APRENDER E PENSAMENTO REFLEXIVO........................................................31 4.2 MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA.............................................................32 4.3 MÉTODO REFLEXIVO............................................................................................................ ............35 4.4 TEORIA DA APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL..........................................................................36 4.5 LIDERANÇA.................................................................................................................... ......................38 4.6 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL ............................................................................................40 5 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................44 5.1 PROCEDIMENTOS...............................................................................................................................44 5.2 COLETA DE DADOS.......................................................................................................... ..................46 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................................48 6.1 COMPARAÇÃO DE DADOS DEMOGRÁFICOS E DADOS DE PERFIL...................................... 6.2 AUTOAVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL ANTES DO TREINAMENTO E AUTOAVALIAÇÃO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AFETIVIDADE..... 6.3 AUTOAVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL APÓS O TREINAMENTO.................................................................................................................. ....................................

9

6.4 AVALIAÇÕES DE PARES NAS DIMENSÕES DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL APÓS TREINAMENTO............................................................................................................. ..........................60

6.5 AUTOAVALIAÇÃO GLOBAL DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL E ENGAJAMENTO COMO MEMBRO DE EQUIPE ANTES E APÓS O TREINAMENTO.......................62

6.6 CORRELAÇÃO DOS “DADOS DEMOGRÁFICOS” E “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL” ANTES DO TREINAMENTO E CORRELAÇÃO DE “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL”, “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL” E “BIG FIVE FACTORS ”ANTES E APÓS O TREINAMENTO..................................................................................................................................63

6.7 DIFERENÇAS EM AUTOAVALIAÇÕES, CONTROLANDO PARA “PERSONALIDADE”, “DADOS DEMOGRÁFICOS” E “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL ...............................................67

7 CONCLUSÃO.............................................................................................................69 7.1 LIMITAÇÕES E INDICAÇÃO DE NOVOS ESTUDOS ..................................................................69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 71

APÊNDICE A ...... .................................................................................................................. 75

APÊNDICE B ......................................................................................................................... 77 APÊNDICE C…………………………………......................................................................78 APÊNDICE D..........................................................................................................................79 APÊNDICE E..........................................................................................................................80

10

1 INTRODUÇÃO

Envolvidas com a necessidade de apresentar respostas rápidas em um cenário competitivo e

preocupadas com a criação de um futuro que exige novas competências, organizações de

diferentes setores passaram a enxergar o aperfeiçoamento da liderança como uma prioridade.

Surge, nesse contexto, a necessidade de construção de um novo perfil profissional. Segundo

Eboli (2004), o processo exige, por parte das organizações, a elaboração de sistemas

educacionais que ofereçam, além do conhecimento técnico e instrumental, o desenvolvimento

de atitudes, posturas e habilidades.

Um grande esforço, acompanhado muitas vezes de vultosos investimentos realizados pelas

empresas, passou a fazer parte da rotina das áreas de Educação Corporativa. Responsáveis

pelo mapeamento e pelo desenvolvimento gerencial, esses projetos visam a reduzir lacunas de

competências, apresentando soluções que possam viabilizar a liderança institucional nos seus

diferentes papéis. Na busca por respostas, as organizações optam por mecanismos de

capacitação, como treinamentos, consultorias e programas de Pós-Graduação.

Um melhor entendimento da qualidade dos programas de liderança se faz necessário, exigindo

análise mais profunda das ofertas disponíveis no mercado. Para Day et al. (2009), os

programas oferecidos adotam práticas que seguem diferentes metodologias, muitas vezes não

embasadas na Andragogia – ciência de educar adultos, integrando componentes de

aprendizagem, como cognição, raciocínio e formação de identidade com as competências e os

modelos mentais necessários para uma liderança eficaz.

Esta dissertação apresenta um estudo empírico sobre a inserção do método reflexivo em

turmas de programas de Pós-Graduação de uma instituição privada de nível superior, com o

fim de ampliar o desenvolvimento da competência liderança. A dissertação inicia-se com uma

11

revisão da literatura sobre competências organizacionais, avaliação das necessidades de

treinamento, desenvolvimento de adultos e avaliação de treinamento. Em seguida, os métodos

de aperfeiçoamento de líderes são apresentados, destacando a utilização do método reflexivo

(Hughes et al., 2005; Day et al., 2009). O embasamento teórico foi utilizado na construção da

pesquisa e na análise dos dados realizada.

12

2 O PROBLEMA DA PESQUISA

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Para empresas e indivíduos que optam pelo desenvolvimento por meio de programas de pós-

graduação, torna-se cada vez mais premente a necessidade de um olhar diferenciado das

propostas oferecidas, que englobe a análise do projeto pedagógico, os conceitos abordados e

as técnicas de aprendizagem utilizadas. Entre formas de desenvolvimento de líderes, a

reflexão é citada por diversos autores como um método que se destaca. Roglio (2006),

respaldada por estudos de diversos pesquisadores (ARGYRIS, 2002; DRUCKER, 2003;

GHOSHAL, ARNZEN e BROWFIEL, 1992; MINTZBERG, 1989; SENGE, 2003; SCHÖN,

1975), identifica que as mudanças organizacionais são fundamentadas em mudanças pessoais

e aponta a relevância do desenvolvimento da prática reflexiva em programas de MBA (Master

Business in Administration). Essa prática, segundo ela, melhora o desenvolvimento do

processo de liderança que os executivos exercem na condução das estratégias organizacionais.

A técnica reflexiva gera a necessidade de o indivíduo analisar suas atitudes como líder em

diferentes contextos e papéis, ampliando a possibilidade de transferência das vivências

realizadas para a vida empresarial.

A prática reflexiva relaciona-se, também, à capacidade de pensamento crítico. Para

Brookfield (2007), tal capacidade é essencial na fase adulta, visto que permite a compreensão

do mundo, o desenvolvimento de soluções produtivas, a flexibilidade diante das mudanças

estruturais apresentadas e a ampliação do modelo de comunicação. Essas características

possibilitam a democratização do local de trabalho e a inclusão de formas participativas de

gestão.

13

Segundo Hughes et al. (2005), a ideia de aprendizagem reflexiva está intimamente ligada ao

conceito do pensamento crítico, porque possibilita o desenvolvimento de diferentes insights

relacionados ao dia-a-dia e insere, nesse contexto, a necessidade de aprofundar questões

referentes à vivência com os seguidores, ampliando a percepção sobre essas relações. O

sentido de aprender por intermédio de uma análise mais profunda das próprias experiências

não gera uma relação conflituosa com os métodos tradicionais de aprendizagem, mas torna-se

complementar a eles, na medida em que integra o conhecimento ao pensar e ao agir,

atingindo, em sua essência, o universo adulto.

Diversos programas têm adotado a técnica reflexiva como proposta, entre eles, o programa de

liderança da Andrews University, apresentado por David S. Penner (2002). Penner descreve

sua experiência e ressalta a importância da técnica mencionada para a construção de um Plano

de Desenvolvimento Individual, que sintetiza a descrição das ações e atividades de suporte

necessárias à formação de cada participante, levando em consideração experiências passadas,

conhecimentos e habilidades, além dos objetivos profissionais.

Suportado pela indicação de diversos autores sobre a relevância do método reflexivo para a

aprendizagem, este estudo buscou analisar se a utilização desse método em programas de Pós-

Graduação representa um retorno efetivo no desenvolvimento de lideranças no âmbito de tais

programas.

2.2 PERGUNTA DA PESQUISA

A reflexão é um mecanismo muito usado como método de aprendizagem em programas de

liderança. Não se sabe, contudo, se a resposta em programas de Pós-Graduação confirma sua

efetividade. Resta, então, a pergunta: o método reflexivo aplicado em turmas de Pós-

Graduação favorece o desenvolvimento da competência liderança?

14

2.3 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo verificar a eficácia da utilização do processo de reflexão em

programas de desenvolvimento de líderes, aliada ao desenvolvimento de conhecimento e à

troca de experiências. O experimento foi feito com duas turmas da disciplina Liderança de

Pós-Graduação, ambas expostas às mesmas condições em termos de conteúdo programático e

de exercícios facilitadores da troca de experiências. O elemento de pesquisa foi a aplicação,

no grupo experimental, de exercícios de reflexão. O objetivo é testar a hipótese de que a

percepção do desenvolvimento de habilidades relacionadas à liderança transformadora seria

ampliada no grupo experimental frente ao grupo de controle.

2.4 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Nas últimas décadas, as faculdades tornaram-se essenciais para o desenvolvimento de

competências gerenciais, graças à oferta de programas de Pós-Graduação. Nesse contexto, a

relevância da educação formal é amplamente reconhecida. Para Day et al., (2009) um líder

que tem crenças verdadeiras e justificadas mais desenvolvidas tem uma melhor

conscientização dos limites e das possibilidades envolvidos na solução de problemas. Hughes

et al. (2005), por sua vez, destacam autores que apontam para a importância dessa educação

formal no sucesso gerencial futuro (BRAY, CAMPBELL E GRANT, 1974; HOWARD,1986;

WAKABAYASHI E GRAEN, 1984; HUGHES et al., 2005), o que amplia a responsabilidade

no momento da escolha de uma proposta de capacitação e aperfeiçoamento.

Burke e Day (1986) indicam o desenvolvimento de programas de liderança a partir da

educação formal e apontam o seu efeito positivo, considerando que cognição acadêmica e

processos cognitivos afins são importantes porque fazem a diferença na hora de interpretar e

avaliar informações e tomar decisões sobre problemas complexos. Enfatizam, contudo, a

15

necessidade de se perceber a variação substancial entre conteúdo e pedagogia utilizados,

porquanto não se pode empregar, de forma indiscriminada, os mesmos programas para todos

os patamares de liderança. As diferentes práticas utilizadas também são destacadas pelos

autores, que consideram que algumas propostas representam apenas modismos ou

pseudociência popularizada.

A proposta de desenvolvimento, fonte desta dissertação, enfatiza a importância da reflexão

como método de aprendizagem para o desenvolvimento da liderança. O estudo avalia a

importância da inserção do método reflexivo em um programa formal de Pós-Graduação e

seus efeitos acentuados no desenvolvimento da competência, o que causaria impacto positivo

sobre o desempenho do indivíduo. O projeto atinge duas turmas de MBA, sendo o grupo

experimental exposto ao mesmo método de aprendizagem do grupo de controle, diferenciado

apenas pela inclusão de um processo de reflexão sobre sua atuação como líder em diversos

contextos.

A relevância do projeto consiste na possibilidade de se investigar um método de

aprendizagem que pode acelerar o processo de desenvolvimento da competência liderança. A

utilização de instrumentos científicos e de dados biográficos serviu para controlar o

experimento. Confirmada a hipótese sugerida, a proposta poderá contribuir para o arcabouço

de novos programas de desenvolvimento para liderança, não apenas em cursos de Pós-

Graduação, mas também em ambientes controlados, como empresas, que permitam a análise

da evolução de desempenho e competências.

16

3 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

3.1 A NOVA RELAÇÃO DO TRABALHO

A relação entre empregadores e empregados sofreu intensas mudanças nos últimos anos.

Quando o mercado invade as organizações e as oportunidades de trabalho começam a crescer,

a relação tradicional de emprego sofre alteração e torna-se mais complexa, passando a ser

caracterizada pelo caráter não duradouro e pela eliminação de princípios e práticas de

reciprocidade e longo prazo, como a promoção interna e os programas de desenvolvimento.

Apesar de não possuírem poder sobre essa nova relação, os empregadores buscam dar forma a

ela, por meio de mecanismos de controle como cargos, compensação e treinamento. O

sucesso das empresas nesse mercado de trabalho poderoso e aberto será determinado pela

capacidade de adaptação, pelos meios que elas podem usar para gerir o compromisso com o

empregado e pelos processos determinados para desenvolver as capacitações necessárias e

reter os profissionais (CAPELLI, 1999).

Para Capelli (1999), os investimentos em treinamento para novos empregados vêm sendo

reduzidos em virtude da falta de perspectiva de manter esses funcionários na empresa, o que

acaba gerando uma mão de obra não qualificada nas organizações. A rotatividade também

suscita no mercado o fenômeno de profissionais muito especializados em suas funções, pois

permanecem realizando o mesmo tipo de trabalho em diferentes organizações. Ao mesmo

tempo em que inflaciona salários, esse fenômeno reforça a redução dos interesses

corporativos em qualificar seus funcionários, o que reduz o processo de qualificação das

organizações. Como os empregadores diminuem os investimentos, os empregados passam a

investir no autodesenvolvimento, recorrendo a instituições educacionais que possibilitem sua

evolução. Enquanto algumas empresas permanecem investindo na qualificação interligada a

outros instrumentos de retenção, outras acabam transferindo essa competência para o

17

mercado, em virtude da evasão de seus profissionais. O equilíbrio entre as práticas de gestão e

o investimento em treinamento poderá gerar um diferencial competitivo para as organizações.

3.2 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS

A importância dos recursos internos das empresas como um diferencial alterou a proposta de

desenvolvimento nas organizações, na medida em que os conceitos de competências e

aprendizagem organizacional foram inseridos por meio da Teoria Baseada em Recursos

(BARNEY, 1996). Centrada em princípios de respeito aos recursos e capacidades, a referida

teoria indica a relevância dos fatores internos para a vantagem competitiva das organizações

em relação a empresas do mesmo setor, reforça e amplia a responsabilidade dos tomadores de

decisão em relação ao controle e ao desenvolvimento de recursos valiosos e enfoca a

importância da cultura. Apresentando uma abordagem inside-out (Day, 1999), identifica que a

diferenciação entre as empresas acontece por intermédio das pessoas, das estruturas e dos

sistemas superiores.

As empresas passaram a perceber que, para serem competitivas, precisariam desenvolver

competências organizacionais. Para alcançar este objetivo, era preciso criar um modelo de

gestão que desenvolvesse, através de subsistemas de gestão de pessoas integrados, as

competências essenciais que gerassem a sustentabilidade da vantagem competitiva. Esse

modelo foi denominado de gestão estratégica de pessoas. A gestão estratégica não diz respeito

às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes. Caracteriza-se como um

processo sistemático e constante de tomada de decisões, cujos efeitos e consequências

deverão ocorrer em futuros períodos de tempo (TEIXEIRA et al., 2005, p. 16).

Valiosa contribuição para o modelo de gestão estratégia de pessoas foi realizada por Prahalad

e Rames (1990), ao definirem as competências essenciais das organizações como recursos que

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distinguem as empresas em relação ao processo de mudança, produtos, serviços e

concorrentes. A competência essencial possui a capacidade de transformar recursos em

serviços e deve estar vinculada a um processo de aprendizagem organizacional, compreendido

como fonte de vantagem competitiva. Dentro deste contexto, Snell e Bohlander (2009)

sinalizam a importância do treinamento como parte estrutural das implementações

estratégicas, por desempenhar papel fundamental no desenvolvimento de competências

profissionais. Descrita como uma função formada pela união de conhecimentos, habilidades e

atitudes dos indivíduos (PARRY, 1996), a competência profissional, conhecida no Brasil

como o CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes), acaba se transformado em um dos

principais indicadores de gestão de pessoas. Para Fleury e Fleury (2001), o conceito de CHA,

apesar de ser extremamente utilizado pela área de recursos humanos, possui, de forma

implícita, um modelo estruturado no conjunto de tarefas que compõem o cargo, que se vincula

com os princípios do taylorismo-fordismo. Sua utilidade científica, portanto, só existe quando

é detectado um aprendizado que contribui para as transformações do mundo do trabalho.

Dutra et al. (2000) descrevem a contestação ao conceito apresentado por Parry (1996),

elaborada por autores como Jacques (1990), LeBortef (1995), Zarifian (1996), entre outros.

Estes últimos não consideram apenas o conhecimento ou a qualificação como definição de

competência, mas ressaltam a necessidade de colocá-la em prática no ambiente de trabalho.

Para LeBortef (1995), por exemplo, a competência precisa estar relacionada a um estado de

ação, mobilizando conhecimentos em situações distintas e não envolvendo apenas ações de

treinamento. A estrutura defendida pelos autores gera enorme desafio à gestão de recursos

humanos. Como trata da transformação do saber em ação, essa estrutura apresenta

dificuldades relacionadas à avaliação de resultados. Dutra et al. (2000) apontam para a fusão

atual dos conceitos, visto que consideram o desempenho do indivíduo aliado ao seu perfil, o

que auxilia na performance no ambiente de trabalho (McLagan, 1995; Parry, 1996).

19

Dessa forma, entendem-se competências humanas como combinações sinérgicas de

conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de

determinado contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizações.

Concepções como essa parecem possuir aceitação mais ampla, tanto no meio acadêmico

quanto no ambiente organizacional, na medida em que consideram as diversas dimensões do

trabalho (cognitiva, psicomotora e afetiva), assim como associam a competência ao

desempenho, dentro de um contexto de estratégia organizacional. Nessa perspectiva, então, as

competências humanas são reveladas quando as pessoas agem ante a situações profissionais

com as quais se deparam (Zarifian, 1999), servindo como ligação entre as condutas

individuais e a estratégia da organização (CARBONE et al., 2006, p.43).

No contexto das Universidades Corporativas, por exemplo, percebe-se a importância do

desenvolvimento e da instalação das competências empresariais e humanas consideradas

críticas para a estratégia de negócios (EBOLI, 2004). Por isso, torna-se fundamental listar as

competências essenciais às organizações, bem como mapear os indivíduos frente às funções

que ocupam, com o objetivo de identificar as lacunas e definir qual modelo de treinamento e

de desenvolvimento voltado à formação dos indivíduos deve ser adotado. Desse modo, torna-

se prioritário um modelo de Levantamento de Necessidades de Treinamento que assegure

confiabilidade ao processo, planejando ações educacionais alinhadas às necessidades de

capacitação e desenvolvimento do público alvo.

3.3 AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES DE TREINAMENTO

Carbone et al. (2006) indicam que o processo de gestão de pessoas por competência visa a

alinhar as ações de gestão de pessoas à estratégia organizacional, com o intento de gerenciar

lacunas de competências existentes na organização e de direcionar o foco profissional para as

competências desejadas, por meio de orientação e estímulo. A adoção de modelos baseados

20

em competências nas universidades corporativas e nos demais subsistemas de gestão de

pessoas direciona a atuação das organizações em torno da aquisição de competências.

A avaliação das necessidades de treinamento é considerada como uma fase primordial para o

processo de concepção e desenvolvimento dos programas. Essa avaliação captura informações

que abrangem onde e por que o treinamento é necessário (foco da organização), quem precisa

ser treinado (foco da pessoa) e o que deve ser incorporado como conteúdo do programa (foco

da tarefa) (I. L. Goldstein, 1993). A realização sistemática da avaliação de necessidades

permite analisar, de forma significativa, o impacto da efetividade e a qualidade geral dos

programas de formação (I.L. Goldstein & Ford, 2002; Kraiger & Aguinis, 2001; McGehee e

Thayer, 1961). Além disso, as informações geradas durante a avaliação permitem decisões

baseadas em dados em torno do design, do desenvolvimento e da entrega de conteúdos de

formação, bem como o desenvolvimento de critério para fins de avaliação (Arthur, Bennett,

Edens, & Bell, 2003). Embora a utilidade e criticidade da avaliação sejam amplamente

reconhecidas, trabalhos empíricos sobre o assunto têm sido bastante escassos (Tannenbaum &

Yuhl, 1992). Esta falta de pesquisas sistemáticas é potencialmente problemática para

profissionais de formação e pesquisadores (DIERDORFF et al., 2008, p.28).

Snell e Bohlander (2009), por sua vez, notam que existe significativo desperdício dos

investimentos realizados em treinamento, o que ocorre devido à falta de avaliação detalhada

das necessidades da empresa e dos funcionários. Segundo dados apontados por pesquisa da

American Society for Training and Development (ASTD), realizada em 2005, esse

levantamento é desenvolvido em menos de 50% dos casos, em virtude do custo, da

competência e do tempo exigidos. Segundo os autores, os gerentes devem analisar

periodicamente as necessidades, com base na análise da empresa, da tarefa e das pessoas. O

aumento nos indicadores de reclamações dos clientes, assim como a percepção de que certas

21

equipes não conseguem alcançar o resultado de produtividade proposto, podem significar que

o treinamento oferecido não é adequado às necessidades.

Os gerentes de linha e as equipes de Recursos Humanos devem prestar atenção aos tipos de

treinamento, aos setores que realmente necessitam e aos métodos que possibilitarão um

melhor desenvolvimento das competências. Nesse contexto, analisar a empresa, a tarefa e o

indivíduo faz-se fundamental para o pleno exercício do processo de levantamento de

necessidades de treinamento – considerado a cada dia mais essencial – já que esse processo

leva em conta a velocidade das mudanças enfrentadas pelas organizações e a escassez de

tempo e recursos.

Em primeiro lugar, a análise da empresa busca compreender o ambiente e avaliar a estratégia

e os recursos disponíveis, com vistas a definir a ênfase do treinamento. Políticas públicas e

econômicas influenciam a decisão, bem como questões estratégicas, como fusões e

aquisições, que levam, necessariamente, a uma revisão de papéis, à responsabilidade dos

membros da equipe e à formação de novos líderes, voltados à adaptação de uma nova cultura

e de formas de conduzir os negócios. O exame dos recursos tecnológico, financeiro e humano

disponíveis para realização do treinamento também estão envolvidos no processo de análise

da empresa.

Em segundo lugar, a análise de tarefa está diretamente relacionada às competências

necessárias para o exercício da função e deve ser desenvolvida a partir de uma análise

minuciosa das competências necessárias para o pleno êxito da função. O processo de

avaliação de competência consiste em analisar, além dos conhecimentos e habilidades, as

atitudes aderentes à cultura e aos valores organizacionais.

22

Já a análise do indivíduo implica, para os autores, o mapeamento dos profissionais que

necessitam efetivamente de treinamento. O processo tem como recomendação a elaboração de

programas que atendam efetivamente às necessidades dos profissionais e pode considerar

dados levantados na avaliação de desempenho.

LeBortef (1995) complementa o entendimento anterior, na medida em que considera que o

desenvolvimento de competências profissionais está diretamente relacionado ao interesse real

do indivíduo. Tal realidade exige uma busca contínua pelo conhecimento, aliado a um

ambiente de trabalho, sistema de informação e estilo de gestão voltados à aprendizagem.

Por se considerar competência como o somatório do resultado do indivíduo com as

características pessoais, torna-se essencial o levantamento, por parte das organizações, das

necessidades do público-alvo para contemplar as ações de capacitação e desenvolvimento a

serem indicadas.

3.4 DESENVOLVIMENTO DE ADULTOS

Day (2009) explicita que Malcolm Knowles foi o primeiro a introduzir o termo Andragogia

na cultura americana, em 1967. Ele a definiu como um modelo de práticas educacionais

aplicáveis a adultos, o que a difere da Pedagogia, voltada ao estudo da aprendizagem infantil.

O princípio fundamental da Andragogia é colocar o aprendiz (ou o aluno) no foco do processo

de aprendizagem, considerando a satisfação de suas motivações internas e incluindo outros

métodos além do processo formal de educação. Desse modo, as necessidades do indivíduo e

as experiências da vida real são a plataforma de aprendizagem para o adulto.

23

A Andragogia parte do princípio de que os adultos precisam saber por que eles devem

aprender algo antes de serem iniciados no processo de aprendizagem. Ela também considera

que os recursos mais relevantes no processo de aprendizagem residem nos próprios

aprendizes, o que confirma que a ênfase na experiência é muito mais importante do que a

ênfase em técnicas instrucionais. Para as crianças, a experiência é algo que acontece com elas

e para os adultos, a experiência define o que eles são (Knowles, 1998).

Para a teoria do desenvolvimento individual de Kegan (1994), os adultos possuem níveis de

capacidade de tomada de consciência diferentes. Para aqueles que possuem um nível de

tomada de consciência mais elevado, é possível refletir racionalmente e analisar as

experiências. Isso ocorre porque conseguem estabelecer um nível de distanciamento entre a

ação e sua análise, o que possibilita a aprendizagem. Para os adultos com baixo nível de

capacidade de tomada de consciência, esta análise não acontece no mesmo padrão.

Considerando a teoria de Cyril O. Houle desenvolvida na década de 1950, existem três

categorias distintas de aprendizagem. Na primeira, os aprendizes são orientados para um

objetivo específico e usam o conhecimento para o processo de aprendizagem, que representa

uma fonte de alcance aos resultados esperados. Na segunda, o próprio processo é uma fonte

de orientação, o que leva os aprendizes a buscarem muitos cursos. Na terceira, os aprendizes

buscam o conhecimento pelo prazer do conhecimento, sem um objetivo específico de

aplicação. Segundo Day (2009), o modelo desenvolvido por Houle pode ser considerado uma

raiz teórica para a Andragogia.

24

PREMISSAS DA APRENDIZAGEM DE ADULTOS

IMPLICAÇÕES

Aprendizagem centrada no interesse do indivíduo

Necessidades e interesse do adulto como ponto de partida para a aprendizagem

Aprendizagem centrada na vida do aprendiz Foco nas situações cotidianas como modelo de aprendizagem

Experiência como recurso mais importante Análise da experiência como metodologia essencial

Adultos têm maior necessidade de orientação individual

O educador deverá promover o processo de engajamento mútuo, que é mais importante do que simplesmente transmitir e avaliar o conhecimento

A diferença entre as pessoas aumenta com a idade

O educador precisa considerar diferenças no estilo, tempo, lugar e processo de aprendizagem

Quadro 1 – premissas e implicações da aprendizagem de adultos

Fonte: Day (2009)

Pode-se afirmar que os métodos de desenvolvimento de liderança devem considerar as

premissas e implicações destacadas pelos estudiosos da aprendizagem. Nesse sentido,

algumas práticas de desenvolvimento de liderança utilizadas nas últimas décadas indicaram

que um método de ensino voltado à análise de estruturas não depende apenas de conteúdos

teóricos e de tipos de experiência, mas também de como a aprendizagem é usada para gerar

crescimento.

3.5 AVALIAÇÃO DE TREINAMENTO

Em um contexto contemporâneo marcado por organizações em profundas mudanças, a

relevância do treinamento elevou a condição dessa área, segundo uma visão otimista do

campo de T&D, ao status de ciência, uma vez que os modelos de avaliação desenvolvidos e

25

testados nas últimas décadas atestam a construção de uma teoria consistente sobre os efeitos

do treinamento no desempenho humano (ABBAD et al., 2002, p. 205).

Os autores apontam para a relevância da variável Eficácia do Treinamento como fonte de

maior interesse nas pesquisas nacionais e estrangeiras, visto que tal variável está diretamente

relacionada aos impactos do treinamento no trabalho, definido como um efeito de longo prazo

nos resultados dos indivíduos, na motivação e nas atitudes dos participantes. Os referidos

autores consideram como modelo as avaliações de impacto de amplitude e de profundidade.

Impacto de amplitude está diretamente relacionado aos efeitos do treinamento sobre as

tarefas, que podem ser ligadas ou não ao conteúdo transmitido. Já o impacto de profundidade

avalia o efeito sobre as tarefas estritamente relacionadas ao programa. Em relação ao impacto

do treinamento no trabalho, ainda existem poucos estudos nacionais que utilizam como fonte

heteroavaliações, como avaliações de pares e supervisores, além da autoavaliação. Brow &

Latham (2000), Borges-Andrade et al. (1999), Borges –Andrade, Gama & Oliveira Simões

(1999) e Pantoja (1999) aparecem como inovadores neste campo.

Abbad et al. (2002), ao analisarem as principais pesquisas nacionais e estrangeiras, apontam

três categorias de variáveis consideradas nos modelos teóricos: características individuais,

características do treinamento e suporte e clima. Nas características individuais, são

levantados, no Brasil, dados demográficos dos participantes, relacionados ao objetivo e à

motivação do ingresso no programa. As pesquisas internacionais apontam para o aumento do

interesse desta variável nos últimos anos. Utilizando uma visão interacionista de

personalidade, que integra traços, ambiente, contexto e situação, os modelos de avaliação

passaram a pesquisar o relacionamento das variáveis de personalidade com motivação e

resultados de treinamento, como apresentado por Colquitt, LePine & Noe (2000). Para Salas

26

& Cannon-Bowers (2001), é necessário ampliar o número de variáveis relacionadas à

personalidade.

Nos modelos de avaliação das necessidades e da eficácia de treinamento, existe o incentivo à

inclusão de variáveis como emoções, adaptabilidade e traços vinculados ao tipo de orientação

para objetivos, além dos cinco fatores de personalidade descritos no Big Five Factors. O

modelo do Big Five Factors apresenta cinco dimensões básicas que fundamentam todas as

outras e engloba as variações mais significativas da personalidade humana (ROBBINS et al.,

2010, p. 130). Os cinco fatores podem ser assim descritos:

1- Extroversão: dimensão relacionada ao nível de conforto de uma pessoa com os seus

relacionamentos. Pessoas extrovertidas costumam ser agregadoras, assertivas e sociáveis.

2- Amabilidade: propensão do indivíduo em acatar as ideias dos outros. Pessoas muito

amáveis são cooperativas, receptivas e confiáveis.

3- Conscienciosidade: relacionada a uma medida de confiabilidade. Pessoas altamente

conscienciosas são responsáveis, organizadas, confiáveis e pertinentes.

4- Estabilidade Emocional: refere-se à capacidade de uma pessoa para lidar com o estresse.

As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e

seguras. O oposto de estabilidade emocional é definido como neuroticismo.

5- Abertura para experiências: refere-se aos interesses e ao fascínio por novidades. Pessoas

muito abertas são criativas, curiosas, e sensíveis artisticamente.

27

Em relação às características de treinamento, destacam-se a similaridade da realidade à

situação de trabalho, a clareza e a precisão dos objetivos de ensino nos estudos nacionais. Nos

estudos internacionais, destacam-se efeitos de métodos, procedimentos e meios instrucionais

na eficácia do treinamento.

No que se refere à necessidade de suporte e clima, os autores destacam, nas pesquisas

nacionais, a importância da ação gerencial, social e material no suporte à transferência. O

suporte organizacional, realizado por meio de gestão de desempenho e reconhecimento

profissional, bem como a análise das expectativas de suporte após o treinamento, também

aparecem como fundamentais. As pesquisas estrangeiras, por sua vez, confirmam o poder de

clima e suporte.

Para os autores, tanto no Brasil quanto nas pesquisas internacionais não há estudos

investigando fatores de suporte necessários à transferência de habilidade de treinamento à

distância. Eles também apresentam a necessidade do desenvolvimento de novos estudos sobre

o relacionamento entre percepções de suporte organizacional e suporte de treinamento, o que

simboliza a prioridade de revisitar os modelos e as tecnologias utilizados no levantamento das

necessidades de treinamento, que deverão conceber a análise da aplicabilidade do programa e

as expectativas sobre o suporte e clima.

28

4 DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA

A nova relação de trabalho entre empregadores e empregados exige novos atributos

gerenciais, entre eles, o desenvolvimento da liderança. Para Carbone (2006), a gestão por

competências propõe direcionar as competências humanas no sentido de gerar e sustentar as

competências organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos.

De acordo com Hughes (2005), diante do novo contexto de transformações, os lideres devem

compartilhar a visão de futuro, de modo a transformar a força de trabalho em seguidores de

sua proposta organizacional. Tal fenômeno indica a complexidade do processo da liderança e

a relevância da tríade líder, seguidores e contexto.

Surge, então, o desafio de desenvolver novos líderes e de definir um padrão de ensino de

liderança. Para Gardner (1987), os líderes podem ser desenvolvidos, pois as responsabilidades

a serem desempenhadas e a capacidade para realizá-las está amplamente distribuída, apesar da

utilização de apenas uma pequena fração de suas possibilidades. Gardner (1995) aponta que o

desenvolvimento de novos líderes é relevante não só como uma instrumentalização, mas, sim,

como elemento integrante da própria discussão sobre liderança. O referido autor indica,

também, a importância de se investir no desenvolvimento de potenciais líderes, muitas vezes

não identificados dentro das organizações.

Pearce (2007) indica a relevância que o desenvolvimento de liderança tomou nos últimos anos

e os múltiplos motivos para o interesse pelo tema, especialmente a mudança da relação do

trabalho, identificada com as transformações ocorridas nas organizações. Entre essas

alterações, merece destaque o novo modelo estabelecido nas relações entre empregadores e

empregados da Era do Conhecimento (DRUCKER, 1968; apud PEARCE, 2007), no qual o

capital intelectual passa a diferenciar a forma de gerir trabalhadores e a opção de permanência

29

passa a ser da empresa para o indivíduo e do indivíduo para a empresa. O trabalhador passa,

assim, a ter a opção de permanecer na organização e de explicitar seu conhecimento.

Considerando os diferentes níveis de prontidão dos líderes, Day (2009) apresenta o modelo de

domínios de competência por níveis de habilidade, baseado nos conceitos de Lord & Hall

(2005). Segundo o autor, o desenvolvimento do domínio de tarefas, emocional, social, de

nível de identidade, de monitoramento de metas e de orientação de valores está diretamente

vinculado aos níveis de habilidade definidos como principiante, intermediário e expert,

conforme apontado no quadro 1.

30

DOMÍNIOS DE COMPETÊNCIAS

NÍVEIS DE HABILIDADE

PÚBLICO PRINCIPIANTE INTERMEDIÁRIO EXPERT

Domínio de Tarefas

· Domínio técnico de tarefas

· Tomada de decisão genérica e capacidade para solucionar problemas simples

· Domínio de habilidades específicas

· Capacidade de monitoramento das metas a serem alcançadas

· Entendimento da tarefa baseado em princípios e autorregulação

Domínio Emocional · Expressão

· Empatia e entendimento em relação aos outros

· Domínio específico de técnicas de regulação emocionais

· Princípios formais de regulação emocional

· Princípios sobre os efeitos de rotulagem situacional, mudança e justiça social em emoções

Domínio Social

· Percepção de teorias implícitas

· Compreensão de táticas de influência social

· Integração com a díade ou grupo

· Comportamentos comuns

· Capacidade de desenvolver o outro

· Liderança baseada em princípios e autêntica

Domínio do Nível de Identidade

· Identidade individual

· Líder diferencia a si mesmo dos outros

· Habilidade de automonitoramento

· Identidade relacional ou coletiva inclui o outro e o grupo

· Identidade baseada em valores e fundamentada em princípios abstratos

Domínio de Monitoramento de

Metas

· Baseado em relações sociais e no progresso de tarefas

· Focado na orientação emocional e motivacional do próprio indivíduo

· Integrado com identidades

· Maior ajustamento com outras pessoas

· Flexibilidade na orientação

emocional e motivacional

· Baseado em princípios formais que relacionam identidades e valores estruturais

· Entendimento de emoções e motivações positivas e negativas

Domínio de Orientação de

Valores

· Orientação de valores aprendida e aplicada implicitamente

· Integração de identidades e valores

· Entendimento de estruturas de valores e sua relação com uma liderança autêntica

Quadro 1 – Domínios de Competência por níveis de habilidade

Fonte: adaptado de Lord e Hall, 2005; apud Day, 2009.

Considerando o modelo indicado, cabe destacar a necessidade do desenvolvimento de

métodos e técnicas de ensino que sustentem a abordagem apresentada.

31

4.1 APRENDER A APRENDER E PENSAMENTO REFLEXIVO

Para Day (2009), uma breve visão da Teoria da Aprendizagem Experiencial contribui para a

perspectiva de um método de desenvolvimento de liderança mais integrativo, o que significa

dar ênfase a aprender a aprender. Foi recentemente proposto que o desenvolvimento de

gerentes e líderes deve incluir a atenção a como aprender a aprender (Schwandt, 2005). Saber

como alguém aprende requer extensa prática e experiência, além de autorreflexão e de

julgamento reflexivo.

Uma maneira de enriquecer a capacidade de aprender a aprender inclui a exposição repetida

ao paradoxo e a outras situações de dilema, aumentando a tensão dinâmica que leva o adulto a

aprender muito mais do que o método tradicional de transferência de informação. Esse adulto

também deve ser exposto a diferentes visões de mundo.

Em uma tentativa de articular um modelo de aprender a aprender, Gibbons (1990) identificou

três tipos básicos de aprendizagem (natural, formal e pessoal) e três aspectos do processo de

aprendizagem (tipo de aprendizagem, fonte do conteúdo de aprendizagem e método de

instrução). Na aprendizagem natural, o tipo de aprendizagem é interativo, visto que existe

uma relação entre indivíduo e ambiente, a fonte de conteúdo é selecionada pelo interesse e o

método de instrução é transacional, porquanto o processo ocorre com base na influência

acidental e nas características internas do aprendiz. No modelo formal, o tipo de

aprendizagem é dirigido, já que o aprendizado depende da instrução, a fonte é atribuída e o

método é apresentado. Já no modelo pessoal, o tipo de aprendizagem é autoiniciado, a fonte é

escolhida e o método é determinado, na medida em que o aluno escolhe e monitora seu

próprio processo de aprendizagem.

32

A classificação de Gibbons (1990) tem implicações no desenvolvimento de liderança, porque

o modelo reconhece que há diferenças gerais no estilo de aprendizagem, que variam de acordo

com a situação. No que concerne ao desenvolvimento de líderes, o conceito de aprender a

aprender é fundamental para mostrar que a aprendizagem – elemento importante no processo

de desenvolvimento – pode ser acelerada quando se ajuda os líderes a adquirir as habilidades

que os tornarão mais eficientes e mais eficazes.

4.2 MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA

Diferentes métodos foram descritos nas últimas décadas como meio de desenvolvimento da

liderança. Burke e Day (1986) apontam que o método padrão de ensino pode ser um efetivo

caminho de transmissão de aprendizagem. Considerando as diferentes competências e

habilidades, a aplicação do tempo, a prontidão do público-alvo e os valores profissionais

apresentados por Day (2009) e Charan et al. (2001) nas seis passagens de liderança, as

ementas dos programas de liderança devem variar consideravelmente, dependendo do público

alvo.

Para Charan et al., (2001) as seis transições gerenciais são extremamente importantes para a

vida dos líderes, porquanto representam novos desafios e oferecem a oportunidade de

consolidar a própria formação, além de fazer fluir o pipeline de liderança das organizações. A

primeira passagem acompanha a transição do movimento de gerenciar a si mesmo para

gerenciar outros, o que promove, nos sucessores e aptos à promoção, o processo de transição

de competências essencialmente técnicas para competências gerenciais. Neste momento,

costumam ocorrer alguns percalços, já que, muitas vezes, o profissional permanece na zona de

conforto de suas habilidades técnicas.

33

A segunda passagem registra o movimento de gerenciar os outros para gerenciar gestores,

envolvendo a necessidade do desenvolvimento de novas competências. Ainda pouco

diferenciado nos programas de treinamento, a passagem número dois implica grandes

mudanças no processo de gestão, cabendo ao novo papel selecionar e formar os futuros líderes

da organização.

A passagem número três acontece na transição de gerenciar gestores a gerentes funcionais.

Esta fase inclui a aquisição de novos atributos, como habilidade de comunicação, para

alcançar pelo menos dois níveis organizacionais. Habilidades interpessoais e negociação de

recursos aparecem como competências necessárias nesta fase.

A quarta passagem apontada por Charan et al. (2001) refere-se à crítica transição de gerente

funcional a gerente de negócios, definida como a transição mais desafiadora e gratificante.

Além de possuírem mais poder de decisão, os gestores nesta fase conseguem analisar o

impacto de suas decisões nos indicadores internos da organização e o impacto no mercado. O

modelo mental dos gestores transita apenas da ação para a reflexão profunda de valores e

atitudes dentro e fora da organização.

A passagem cinco, de gerente de negócios a gerente de grupo, é considerada um pouco mais

tranquila. Para obter sucesso, o gestor precisa ampliar o seu foco de atuação, deixando de

pensar apenas em um negócio para pensar em dois ou mais. Quatro habilidades precisam de

atenção no quinto nível: domínio da avaliação da estratégia para fins de alocação de capital e

pessoal, desenvolvimento dos gestores do grupo de negócios, estratégia de portfólios e

autoavaliação sobre as competências essenciais para obter o sucesso.

34

A sexta passagem representa a transição de gerente de grupo a gestor corporativo e envolve o

risco de forte impacto para o sucesso da organização. O CEO possui a responsabilidade de

desenvolver não somente os seus diretos, mas toda a cadeia, o que exige, por parte dos

gestores, uma mudança muito maior de valores que de habilidades. O pipeline de liderança

aponta para a possibilidade de descobrir internamente talentos que possam gerir as

organizações, o que demanda gestão de desempenho, mapeamento do perfil da força de

trabalho e adequação dos métodos de desenvolvimento. Cabe à educação corporativa

desenvolver programas internos ou identificar, no mercado, instituições que possuam

competências acreditadas para assumirem este papel.

Para Spitzberg (1987), as universidades oferecem programas que se diferenciam em relação às

atividades, mas que apresentam alta sobreposição em termos de conteúdo e pedagogia. Traços

de personalidade, habilidades cognitivas, valores, comportamentos, motivação, dinâmica do

grupo, comunicação, fatores situacionais e teorias de liderança são conteúdos apresentados na

maioria dos cursos e visam a apresentar o processo de liderança. Conteúdos relacionados a

líderes históricos, de negócios, minoria e femininos são apresentados em cursos

especializados de diversas universidades, com grande variação em relação às técnicas e à

pedagogia utilizadas. Alguns cursos também fornecem feedback personalizado para os

participantes sob a forma de testes de personalidade, inteligência, valores, interesses ou

escalas de comportamento de liderança. Cursos de nível universitário geralmente oferecem

um mapeamento dos principais achados de liderança, enquanto programas para primeiro nível

de supervisores frequentemente focam em como treinar os subordinados e dar feedback sobre

o seu progresso. Programas para executivos seniores, por sua vez, frequentemente focam em

planejamento estratégico e relações públicas (Hughes et al., 2005).

35

4.3 MÉTODO REFLEXIVO

Os diferentes métodos que envolvem reflexão contribuem para o autoconhecimento dos

líderes, que conseguem distinguir melhores estilos a serem utilizados para alcançar os

resultados e buscar engajamento de suas equipes. Outro caminho para definir reflexão em

desenvolvimento de liderança envolve diferentes padrões, que se referem às táticas e

estratégias que as pessoas usam para organizar seus pensamentos e para construir significados

para os eventos (Perkins, 1986 apud HUGHES et al., 2005).

O papel-chave da percepção na Espiral da Experiência é apontado na obra de Hughes et al.

(2005), que reforça que a experiência não é apenas uma questão dos eventos que acontecem

com o indivíduo, mas depende de como esse o indivíduo os percebe. Sendo assim, a

elaboração pertence ao indivíduo e influenciará a percepção. Para Carbone (2006), o

conhecimento é verdadeiro quando leva à solução de problemas. Ao citar Prange (2001), ele

afirma que a essência do processo de aprendizagem é o conhecimento.

A respeito da aprendizagem organizacional, Argyris e Schön (1978) descrevem os tipos de

aprendizagem denominados Single Loop e Double Loop. O Single Loop é um tipo de

aprendizagem que envolve mudanças cotidianas, no qual os alunos procuram relativamente

pouco feedback que possa significativamente confrontar suas ideias fundamentais ou ações. O

Double Loop, por sua vez, envolve mudanças estruturais e está relacionado à vontade do

indivíduo em confrontar suas próprias visões e a um convite ao outro para fazê-lo. Essa

postura de abertura e de partilha de poder com o outro gera, como benefícios, um melhor

reconhecimento dos problemas existentes, uma comunicação efetiva e maior eficácia da

tomada de decisão.

36

A mudança estrutural proposta por Argyris e Schön (1978) inclui, também, a prática do

feedback individualizado. Para Curphy (1991), esse mecanismo tem função significativa para

o processo de aprendizagem. A discussão sobre liderança e a reflexão sobre o seu papel

possibilitam ao líder ampliar uma análise crítica em relação às suas responsabilidades e aos

resultados esperados.

4.4 TEORIA DA APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL

Day (2009) acredita que uma perspectiva promissora da aprendizagem de adultos encontra-se

na Teoria da Aprendizagem Experiencial (Kolb, 1984), uma filosofia de educação baseada na

noção de Dewey (1938) de Teoria da Experiência. A teoria de Kolb baseia-se em seis

proposições abrangentes, cujas origens encontram-se em trabalhos de estudiosos como John

Dewey, Kurt Lewin, Jean Piaget, William James, Carl Rogers e outros, que atribuíram papel

fundamental à experiência no processo de aprendizagem e de desenvolvimento. As seis

proposições são as seguintes:

1- A aprendizagem é melhor considerada como um processo, e não em termos de

resultados;

2- Toda aprendizagem é reaprendizagem. O que é aprendido deve ser retomado e

integrado a ideias e crenças atuais;

3- Conflitos, diferenças e divergências conduzem o processo de aprendizagem. O

aprendiz movimenta-se entre modelos de adaptação ao mundo dialeticamente opostos,

como os pares reflexão e ação e pensamento e sentimento;

4- A aprendizagem é um processo holístico de adaptação ao mundo e envolve mais que a

cognição;

5- A aprendizagem resulta de interações sinérgicas entre pessoa e ambiente;

6- Aprender é um processo de criar e de construir conhecimento.

37

O trabalho de Kolb é conhecido, principalmente, por duas contribuições essenciais. A

primeira é o ciclo de aprendizagem experiencial baseado na experiência, na reflexão, no

pensamento e na ação, que defende que as pessoas aprendem mais através de suas

experiências quando dispensam tempo pensando nelas. Essas ideias são estendidas para

liderança no modelo (A-O-R) que aborda Ação – Observação – Reflexão. A ação é, muitas

vezes, considerada a parte mais importante do ciclo, visto que encerra a aprendizagem e

permite que reflexão e pensamento entrem em contato com o mundo exterior. “Se uma pessoa

age, mas não observa as consequências de suas ações ou reflete sobre o seu significado, então

não faz sentido dizer que ela aprendeu com a experiência” (KOLB, 1983, apud HUGHES et

al., 2005, p. 47).

Nesse contexto, vale ressaltar que a percepção do observador sobre o acontecimento sofre

influência de diversos fenômenos, entre eles o da percepção seletiva, que pode influenciar os

sentidos desse observador, sendo uma tendência ou viés para que ele perceba algumas coisas e

não outras. A tendência de superestimar as causas internas do comportamento e de subestimar

as causas externas ou do ambiente – fenômeno chamado de Erro Fundamental de Atribuição

(NISBETH & ROSS, 1980) – e o Viés de Autoconveniência (MILLER & ROSS, 1975),

definido como a tendência a atribuir às causas externas os fracassos e às internas os sucessos,

também interferem no processo perceptivo. Os fenômenos que impactam no processo

perceptivo influenciam a análise de atores e observadores, conteúdo essencial nas propostas

de desenvolvimento de liderança.

Day (2009) aponta que a outra contribuição de Kolb diz respeito à conceituação e avaliação

dos estilos individuais da aprendizagem de adultos. Na mais recente versão do pensamento

Kolbiano, há nove diferentes estilos de aprendizagem, organizados em torno do eixo

Experimentação Ativa- Observação Reflexiva e Experiência Concreta-Conceituação Abstrata.

38

A partir desse modelo, é possível concluir que as pessoas aprendem de diferentes maneiras

por meio de diferentes métodos e que um estilo de aprendizagem balanceada aumenta a

flexibilidade adaptativa do aprendiz.

Como fundamentação teórica ao experimento sobre método reflexivo, optou-se, neste estudo,

pela Teoria da Aprendizagem Organizacional, de Kolb (1984). As reflexões foram construídas

com base em atributos especificados nas dimensões de relacionamento descritas em estudos

de Liderança Transformacional, em virtude da contemporaneidade e das publicações

existentes.

4.5 LIDERANÇA

Liderança é definida como a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar

metas e objetivos. A origem dessa influência pode ser formal, como a que é conferida por um

cargo de direção em uma organização (DAY et al., 2010), ou informal, como a conferida a

lideres que não possuem autoridade designada pela organização, mas conquistam seguidores

em diferentes contextos, que compartilham de suas crenças e ideais.

Durante décadas, diversas teorias foram desenvolvidas sobre liderança, destacadas como

Teorias dos Traços, Comportamentais, Teorias Contingenciais, Teoria de Troca Entre Líder e

Liderados (LMX), Liderança Carismática, Liderança Transformacional e Liderança

Autêntica.

Ulrich et al. (2009) sintetizaram anos de estudos em liderança em um breve histórico das

tentativas modernas de entender a arte de liderar. A síntese consiste em seis principais

perguntas realizadas:

39

1. Características físicas: Quem é o líder?

2. Estilo: Como o líder se comporta?

3. Situação: Quando e onde o líder se concentra na pessoa ou na tarefa?

4. Competências: O que exatamente os líderes sabem e fazem?

5. Resultados: Por que a liderança é importante?

6. Marca: Para quem ele está liderando?

Os autores apresentam como proposta o desenvolvimento de um Código da Liderança, que

reproduz os aspectos fundamentais da liderança e representa cerca de 60 a 70% do que torna

um líder eficaz. Os diferenciadores, responsáveis por 30 a 40%, podem alterar-se em virtude

da organização e da tarefa. O código define quatro regras:

Regra 1 - Preparar o futuro: Para onde estamos indo?

Regra 2 - Fazer acontecer: Como garantir que chegaremos ao nosso destino?

Regra 3 - Engajar o profissional talentoso: Quem seguirá conosco nesta viagem de negócios?

Regra 4 - Formar a próxima geração: Quem permanece e sustenta a empresa para a próxima

geração?

Regra 5 - Investir em você: Os líderes são aprendizes.

40

O princípio do Código da Liderança foi desenvolvido alinhado à Teoria da Liderança

Transformacional, que fundamentou teoricamente este estudo.

4.6 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

As mudanças organizacionais constantes exigiram que emergisse um modelo de liderança

mais flexível e adaptável. Bennis (2001) indica que líderes com esse perfil trabalham com

seus seguidores em soluções criativas para problemas complexos, ao mesmo tempo em que

também preparam os seguidores para novos desafios, ampliando a responsabilidade da

liderança. Os líderes criam a cultura organizacional e também são fortemente influenciados

por ela. Eles precisam não só de uma visão, mas também da capacidade de expô-la e fazê-la

cumprir. Desta análise proposta, surge o importante conceito de liderança transformacional:

processo de influenciar grandes mudanças nas atitudes e comportamentos dos funcionários e

de criar um comprometimento com a missão e os objetivos da organização (SCHEIN, 1992;

apud EBOLI, 2010, p. 5).

Bass (1985) identificou como transformacional um modelo em que líderes engajam os seus

seguidores em busca de soluções inovadoras, adaptáveis ao padrão de gestão necessário às

organizações que precisam se adequar constantemente a novos conceitos. Ele utilizou como

base as premissas apresentadas por Weber (1947) sobre Liderança Carismática e

posteriormente por Burns (1978), que identificou a manifestação da liderança através dos

enfoques transacionais e transformacionais.

Pressupondo que a liderança transformacional atinge um nível superior de resultado, Avolio e

Bass (2000) utilizaram e ampliaram o conceito desenvolvido por Burns (1978). Com a

introdução da Teoria da Liderança Transformacional na literatura, dá-se maior atenção ao

41

entendimento de como alguns líderes estão em melhores condições para elevar a motivação

do seguidor e o seu respectivo desempenho (Bass, 1985).

Bass (1985) sugere o aprimoramento de sentimentos de participação, coesão e compromisso

relacionados à liderança transformacional. Shamir, House & Arthur (1993) definem que

líderes carismático-transformacionais possibilitam a mudança do autoconceito de seus

seguidores, construindo uma identificação entre os seguidores com a missão e os objetivos do

líder e da organização, ampliando a potência e o desempenho do trabalho. Guzzo, Yost,

Campbell, & Shea (1993) também trabalham o conceito de liderança transformacional,

considerando-o como um antecedente importante para a construção da confiança coletiva,

especialmente no que concerne à solução de desafios difíceis. Entretanto, ainda existem

poucas pesquisas relacionadas ao assunto (SHAMIR et al., 1993; GUZZO et al., 1993 apud

NORTHOUSE, 2007).

Bass et al. (2003 ) citam que os componentes da liderança transformacional e transacional

foram identificados em uma variedade de formas, com a utilização de análises fatoriais,

observações, entrevistas e descrições do líder ideal de um seguidor. Avolio, Graves e Jung

(1999) e Antonakis (2001) identificaram os seguintes componentes distintos de liderança

transformacional (NORTHOUSE, 2007, p. 163):

· Influência Idealizadora - Os líderes influenciam e consideram as necessidades dos

seguidores, partilham riscos e são consistentes na conduta ética, baseada em princípios

e valores.

· Motivação Inspiradora - Líderes se comportam de forma a motivar aqueles que estão

ao redor e que geram desafios para o trabalho de seus seguidores. Apresentam

42

sentimentos de entusiasmo e otimismo em relação aos indivíduos e suscitam

mobilização para o espírito.

· Estimulação Intelectual - Líderes estimulam o esforço dos seus seguidores para

criatividade e inovação, abordando antigos problemas com novas propostas de

solução. Não existe, nesse contexto, repreensão pública ao erro.

· Consideração Individualizada - Os líderes prestam atenção à necessidade de cada

indivíduo para o crescimento e a realização, atuando como um treinador ou mentor. O

processo de desenvolvimento dos seguidores potenciais para novas funções e desafios

é reforçado. Oportunidades de aprendizagem são criadas, possibilitando o

desenvolvimento de um ambiente favorável. As diferenças individuais são

reconhecidas em termos de necessidades e desejos.

Gomes et al. (2007) atribuíram à influência idealizadora o nível mais elevado da liderança

transformacional, quando se observa um amplo processo de identificação entre os seguidores

e o líder, descrito por apresentar capacidades extraordinárias, persistência e determinação em

seu trabalho.

É preciso ressaltar que a liderança transformacional cria um forte vínculo em termos de

influência, na medida em que propõe uma relação mais estável e de aprendizado mútuo entre

líderes e seguidores com ações realizadas no dia-a-dia. Para Avolio (1999) e Graves (1998),

existe a expectativa de que líderes transformacionais aumentem a capacidade de desempenho

de seus seguidores, definindo padrões superiores às expectativas e gerando uma maior

vontade de enfrentar desafios mais difíceis.

43

Já Faccioli (2008) destaca que, na liderança transformacional, as pessoas engajam-se com o

objetivo de elevar padrões de motivação e moral. A proposta é que os líderes possuam uma

real atenção em relação às necessidades dos seguidores e que apresentem consideração total

em relação a cada indivíduo. O líder assume, por meio da consideração individualizada, o

processo de coaching e de aconselhamento aos liderados. A relação de influência líder-

seguidores propõe um processo mais estável, com aprendizagem contínua, em que todos

aprendem com as situações vivenciadas.

Atendendo às exigências do mercado, os líderes transformacionais são mais eficazes porque

são mais criativos, e também motivam seus seguidores a serem assim. Nas empresas com esse

perfil de liderança, há maior descentralização, os gerentes são mais propensos a assumir riscos

e os planos de recompensa são associados a resultados de longo prazo, tudo para facilitar o

envolvimento e o empreendedorismo dos trabalhadores (ROBBINS, 2010, p. 376).

44

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

5.1 PROCEDIMENTOS

O experimento conduzido seguiu os princípios apontados por Cooper & Schindler (2003), que

envolvem a intervenção de um pesquisador para manipular a variável independente e a

verificação se a variável dependente criada hipoteticamente foi afetada pela intervenção. O

estudo possuiu como objetivo analisar o modelo de desenvolvimento Conhecimento –

Experiência – Reflexão, que considera a utilização do método reflexivo e sua influência como

acelerador do aprendizado de liderança, e avaliar o aumento da autopercepção como líder

transformacional. Antes, durante e após a realização do treinamento, foram utilizados

instrumentos de coleta de dados que buscaram analisar o desenvolvimento das competências

relacionadas à liderança transformacional, através da autoavaliação e da avaliação de pares.

A pesquisa foi desenvolvida em duas turmas de programas de Pós-Graduação, sendo a turma

de MBA de Finanças denominada Grupo de Controle e a turma de MBA em Gestão de

Negócios denominada Grupo Experimental. Durante seis sessões com encontros semanais, os

grupos receberam conteúdos pedagógicos relacionados ao processo de liderança, destacando

os componentes que a formam: líder, seguidores e contexto. O experimento foi desenvolvido

com exercícios reflexivos em sessões extraclasses para o Grupo Experimental. As reflexões

foram desenhadas seguindo a estrutura dos componentes distintos da liderança

transformacional: Influência Idealizadora, Motivação Inspiradora, Estimulação Intelectual e

Consideração Individualizada. Todo o processo vivenciado pelo grupo de controle foi

rigorosamente controlado, visando a utilizar, de forma idêntica, os componentes relacionados

ao conhecimento e à experiência. Os participantes desconheciam o procedimento de pesquisa.

45

Ao longo do processo, foram aplicados instrumentos para levantar dados biográficos e

pessoais sobre os participantes, que foram utilizados como variáveis de controle nas análises

subseqüentes. Entre os dados biográficos, foram incluídos idade, gênero, nível hierárquico,

interesse pelo tema liderança, experiência como gestor e coeficiente de rendimento no curso.

No que concerne aos instrumentos de autoanálise, foram aplicados os Big Five Factors como

instrumento de personalidade, anteriormente explicados neste trabalho, além de indicadores

de Afetividade, Inteligência Emocional e Liderança Transformacional, com o objetivo de

identificar possíveis relações entre o trabalho e a consciência emocional e de analisar os

atributos referentes à liderança transformacional.

A afetividade está relacionada à análise de como o profissional tem se sentido no seu trabalho

e inclui fatores como determinação, interesse, entusiasmo e inspiração. Já a inteligência

emocional é a capacidade de uma pessoa ser autoconsciente do seu estado afetivo, de detectar

as emoções dos outros e de administrar as pistas e informações transmitidas pelas emoções.

As pessoas que conhecem suas próprias emoções e são boas em interpretar pistas emocionais

são provavelmente mais eficazes (ROBBINS, 2010, p. 105). As competências emocionais

foram destacadas nos estudos de Inteligência Emocional (Goleman, 2001, apud Bernardo,

2005) e podem ser definidas como Autopercepção (conhecer os próprios estados interiores,

preferências, recursos e intuições); Percepção das emoções alheias (pressentir os sentimentos

e perspectivas dos outros e assumir um interesse ativo por suas preocupações); Motivação

(tendências emocionais que guiam ou facilitam o alcance das metas); Autorregulação (lidar

com os próprios estados interiores, impulsos e recursos); Expressão de Emoções (facilidade

para falar sobre as emoções que experimenta); e Empatia (percepção dos sentimentos,

necessidades e preocupações dos demais).

46

A teoria de Liderança Transformacional também serviu de base para a elaboração do

questionário aplicado na pesquisa. Nesse contexto, foram desenvolvidos seis tópicos: Desafio

ao Sistema, Visão, Idealismo, Comunicação Inspiracional, Estímulo Intelectual e

Consideração Individualizada. Em primeiro lugar, o Desafio ao Sistema determina a

possibilidade de o indivíduo romper com o sistema se julgar necessário. Em segundo lugar, a

Visão desenvolve e engaja o grupo em prol de objetivos maiores. Já o Idealismo, que é

dirigido por propósitos amplos, influencia e considera as necessidades dos seguidores. A

Comunicação Inspiracional, por sua vez, comunica expectativas, expressa propósitos e

apresenta sentimentos. O Estímulo Intelectual estimula o esforço para a criatividade e a

inovação. A Consideração Individualizada, por fim, fornece atenção e orientação

individualizada.

No campo do conhecimento, a base conceitual apresentada elaborou a liderança como

indicada por Roach & Behling, (1984), qual seja, como um processo voltado ao alcance de

resultados dos grupos. A teoria de liderança transformacional contextualizou todas as aulas,

conduzidas através de modelo andragógico, o que privilegiou a utilização da participação

individual e em grupo.

No campo da experiência, foram utilizadas, nas seis sessões, a realização de trabalhos em

grupo e a elaboração extraclasse de um projeto final. A dinâmica escolhida possibilitou aos

alunos a vivência não apenas dos conteúdos, mas também do processo de desenvolvimento de

grupo, com o intento de favorecer a análise de diferentes comportamentos e de lideranças

emergentes. Os componentes dos grupos desenvolveram uma autoavaliação e uma avaliação

de seus pares no último encontro, utilizando o perfil prototípico de liderança e a análise da

contribuição dos indivíduos no desenvolvimento das tarefas em grupo (conceito de membro

47

do time), com o objetivo de analisar as atuações dos componentes do grupo durante o

programa.

A pesquisa buscou avaliar se a componente reflexão sobre as experiências pessoais

proporcionou maior desenvolvimento de competências de liderança transformacional nos

participantes a partir de suas autoavaliações e avaliações de pares.

5.2 COLETA DE DADOS

O experimento foi realizado durante seis semanas com duas turmas de Pós-Graduação. Foram

desenvolvidos trabalhos e avaliações de pares e autoavaliação para levantamento das

competências desenvolvidas. A avaliação inicial mostrou como os grupos eram similares ou

diferentes. Já a avaliação final serviu de referência para a comparação. Posteriormente, faz-se

uma análise comparativa em relação a aspectos semelhantes ou diferentes nas avaliações de

pares.

Por questões de copyright, os itens dos instrumentos de avaliação serão reproduzidos apenas

parcialmente, em apêndice deste trabalho. São eles itens do Big Five Factors, Inteligência

Emocional, Afetividade e Liderança Transformacional. Os alunos responderam com base em

uma escala Likert de cinco fatores: Discordo Totalmente, Discordo Parcialmente, Não

Concordo Nem Discordo, Concordo Parcialmente e Concordo Totalmente.

48

No quadro abaixo, encontra-se a síntese do experimento.

GRUPO CONTROLE GRUPO EXPERIMENTAL

Programa de Desenvolvimento de Liderança

com foco na Liderança Transformacional,

Experiência e Conhecimento

Programa de Desenvolvimento de Liderança

com foco na Liderança Transformacional,

Experiência e Conhecimento

Sem Reflexão Com Reflexão

Quadro 3 – Desenho do Experimento

49

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este relatório baseia-se nos dados coletados em duas turmas de Pós-Graduação. O estudo

questiona se o uso do componente reflexão sobre as experiências pessoais proporciona maior

desenvolvimento de competências de liderança transformacional nos participantes. A análise é

feita a partir de suas autoavaliações e avaliações de pares.

Os resultados são organizados nas seguintes seções: (1) dados demográficos e comparação

dos dados de perfil; (2) autoavaliação das dimensões de liderança transformacional antes do

treinamento e autoavaliação dos atributos de “inteligência emocional” e “afetividade; (3)

autoavaliação das dimensões de “liderança transformacional” após o treinamento; (4)

avaliações de pares nas dimensões de “liderança transformacional” após o treinamento (5)

autoavaliação global de “liderança transformacional” e “engajamento como membro de

equipe” antes e após o treinamento; (6) correlação dos “dados demográficos” e “liderança

transformacional” antes do treinamento e correlação entre “liderança transformacional”,

“inteligência emocional” e “Big Five Factors”; e (7) diferenças em autoavaliações,

controlando para “personalidade”, “dados demográficos” e “liderança transformacional".

Para a realização de cálculos estatísticos, utilizou-se o software Statistical Package for the

Social Sciences – SPSS.

50

6.1 COMPARAÇÃO DE DADOS DEMOGRÁFICOS E DADOS DE PERFIL

Foram considerados 71 dados válidos na pesquisa em duas turmas de Pós-Graduação. O

instrumento de coleta de dados inclui questões sobre “dados pessoais”, “formação

acadêmica”, “perfil da organização em que trabalha”, “função que exerce”, “posição

hierárquica”, “quantidade de subordinados”, “interesse em relação ao treinamento” e

“participação em programas de desenvolvimento de liderança”. Uma questão categórica final

pergunta sobre a importância do tema liderança para sua carreira profissional.

A Tabela 1 compara informações sobre “idade”, “gênero”, “nível hierárquico” e “total de

subordinados” entre os grupos de análise. O grupo experimental apresentou “idade” mais

elevada, com média igual a 34 anos, enquanto observa-se no grupo de controle média igual a

29,65 anos, sendo a diferença significante. A participação de homens e mulheres é mais

equilibrada no grupo experimental, no qual 52% dos participantes são do gênero feminino e

48% do gênero masculino. No grupo de controle, prevaleceu a presença do “gênero”

masculino, com 60% de participação.

Houve predominância de posições hierárquicas superiores no grupo experimental, o qual

registrou média igual a 2,56. Na análise, foi considerada uma escala de cinco fatores: (1)

“direção ou alta gerência”; (2) “chefia de departamento”; (3) “gerência média”; (4)

“supervisão” ou “gerência operacional”; e (5) “funcionário”, sendo a média inferior

relacionada à atividade de maior posição hierárquica. Observa-se que o grupo experimental

apresentou 15,76% de participantes com subordinados, quantidade superior ao grupo de

controle , que possui 7,73%. Tal fato pode estar relacionado a posições hierárquicas mais

elevadas, como já destacado anteriormente.

51

Para análise do perfil, apresentada na Tabela 2, foram comparadas oito variáveis relacionadas

aos fatores “experiência no papel de gestor”, “interesse por liderança” e “coeficiente de

rendimento” no programa de graduação. Para análise dos traços de personalidade, foram

avaliados os cinco fatores de personalidade definidos no Big Five Factors: “abertura”,

“consciência”, “estabilidade”, “extroversão” e “amabilidade”. A coleta de dados foi elaborada

em um inventário que considerou uma escala de 5 fatores.

O grupo experimental apresentou tempo superior de “experiência como gestor”, com média

de 6,52 anos, enquanto o grupo de controle teve média de 2,9 anos. Tal diferença é

considerada significante. O “interesse pelo tema liderança” também foi maior no grupo

experimental, com média de 6,77, considerando uma escala de 7 fatores. Já o “coeficiente de

rendimento”, medida que avalia a média final no curso de graduação, apresentou resultado

mais homogêneo no grupo experimental do que no grupo de controle.

Em relação aos traços de personalidade do Big Five Factors, o grupo experimental apresentou

valores superiores para “abertura”, “consciência”, “extroversão” e “amabilidade”, sendo a

diferença entre grupos significativamente relevante para “abertura”, dimensão relacionada ao

fascínio por novidades, criatividade, curiosidade e sensibilidade artística, conforme exposto

no capítulo 3.5. A variável “estabilidade emocional” apresentou diferença significante entre

os grupos, com resultados superiores registrados no grupo de controle. Neste, a média foi

igual a 3,61, enquanto no grupo experimental, a média foi de 3,19. Tal resultado pode indicar

menor capacidade para lidar com o estresse no grupo experimental. (Robins et al., 2010).

Considerando a comparação de “dados demográficos” e “dados de perfil”, pode-se destacar

que existem mais diferenças em aspectos demográficos do que em aspectos de personalidade.

Tendo em vista que os grupos são bastante heterogêneos do ponto de vista demográfico,

52

qualquer análise subsequente do desenvolvimento dos participantes, em virtude da inserção de

método instrucional reflexivo, tem caráter apenas de exercício, pois não é possível descartar

que as diferenças apontadas sejam as causas dos resultados encontrados após o treinamento.

Mesmo entendendo que há diferenças demográficas significativas, as outras variáveis serão

apresentadas e comparadas, como objetivo do exercício de dissertação.

DIFERENÇAS DEMOGRÁFICAS

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA/proporção DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS

Sig.

IDADE (Anos)

CONTROLE 29,65 6,08 -4,35 ,01*

EXPERIMENTAL 34 6,09

GÊNERO

CONTROLE FEM MASC

40 60

EXPERIMENTAL FEM MASC

52 48

NÍVEL HIERÁRQUICO

CONTROLE 4,22 1,34 1,66 ,00**

EXPERIMENTAL 2,56 1,61

TOTAL SUBORDINADOS

CONTROLE 7,73 26,33 -8,03 0,27

EXPERIMENTAL 15,76 30,3

NOTA: * P<.05 ** P<.01

Tabela 1 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Dados demográficos.

53

DIFERENÇAS DE PERFIL

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS

Sig.

Abertura CONTROLE 3,55 0,4

-,29 ,01* EXPERIMENTAL 3,83 0,47

Experiência Gestor (ANOS)

CONTROLE 2,9 4,01 -3,62 ,00**

EXPERIMENTAL 6,52 4,6

Interesse Liderança (ESCALA)

CONTROLE 6 1,02 -0,77 ,00**

EXPERIMENTAL 6,77 0,65

CR MBA (COEFICIENTE MÉDIO DE RENDIMENTO)

CONTROLE 2 0,39 -0,49 ,00**

EXPERIMENTAL 2,5 0,25

Consciência CONTROLE 3,78 0,54

-0,03 0,86 EXPERIMENTAL 3,8 0,65

Estabilidade CONTROLE 3,61 0,49

0,42 ,00** EXPERIMENTAL 3,19 0,59

Extroversão CONTROLE 3,14 0,67

-0,21 0,22 EXPERIMENTAL 3,35 0,66

Amabilidade CONTROLE 4 0,58

-0,15 0,31 EXPERIMENTAL 4,11 0,54

NOTA: * P<.05 ** P<.01

Tabela 2 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Diferenças de perfil.

54

6.2 AUTOAVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL ANTES DO TREINAMENTO E DOS ATRIBUTOS DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AFETIVIDADE

A primeira análise apresentou diferenças demográficas e de perfil significativas, como

Interesse Pelo Tema Liderança, Estágio de Carreira, Maturidade, Experiência Como Gestor e

Abertura, que podem justificar as causas dos resultados apresentados nas conclusões do

trabalho. A continuidade da apresentação das variáveis controladas durante a realização do

treinamento está vinculada ao exercício de dissertação.

A análise de autoavaliação de Liderança Transformacional baseia-se nos dados coletados no

início do programa, considerando uma escala de 5 fatores. A avaliação do participante sobre

seus comportamentos vinculados aos atributos Desafio, Idealismo, Comunicação

Empreendedora, Estímulo Intelectual e Visão – relacionados diretamente às dimensões de

liderança transformacional apontadas no capítulo 4.6 – ocorreu antes da inserção de conteúdos

teóricos no treinamento.

A Tabela 3 indica que, antes do treinamento, o grupo experimental se autoavaliou, de forma

global, como mais transformacional que o grupo de controle. A média desse grupo foi de

4,30. Os atributos Desafio – relacionado à possibilidade de romper com o modelo atual de

trabalho para encontrar maneiras diferentes de fazer as coisas – e Idealismo – evidenciado

quando o indivíduo deixa-se conduzir pela defesa de propósitos e ideais elevados –

apresentaram maior dispersão em ambos os grupos, sendo menor no grupo de controle. O

grupo de controle apresenta mais homogeneidade em Estímulo Intelectual – atributo

relacionado a olhar os problemas por ângulos diferentes, pensar outras formas de fazer as

atividades e encorajar o grupo a desafiar a maneira habitual de fazer as coisas – e Desafio.

55

A autoavaliação de Inteligência Emocional e Afetividade, apresentada na Tabela 4, baseia-se

nos dados coletados durante as seções de treinamento, considerando escalas de 5 fatores. Para

Inteligência Emocional, são analisados os atributos Autopercepção, Percepção das Emoções

Alheias, Motivação, Autorregulação, Expressão de Emoções e Empatia, apresentados no

capítulo 5.1.

Considerando as variáveis relacionadas à Inteligência Emocional em todas as dimensões, com

exceção de Autorregulação, o grupo experimental apresentou valores superiores, sendo

Expressão de Emoções significativamente relevante. O resultado superior no grupo de

controle para o atributo “Autorregulação”, capacidade de lidar com os próprios estados

interiores, impulsos e recursos (com média igual a 3,31), pode estar relacionado ao perfil

prototípico do profissional de finanças, existindo a possibilidade de influenciar no rigor do

processo de autoavaliação e avaliação do grupo, como destacado na autoavaliação de

“liderança transformacional” antes do treinamento, que foi apresentada na seção anterior, e

nas análises de autoavaliação em liderança transformacional após o treinamento e avaliação

de pares, que serão destacadas nas seções subsequentes.

Na análise de Afetividade, vinculada a como o profissional tem se sentido no ambiente de

trabalho, o grupo experimental também apresentou valores superiores, com média igual a 4,09

frente ao grupo de controle, no qual se observa média igual a 3,92.

Além das diferenças demográficas previamente apontadas na seção 6,1, conclui-se que há,

também, diferenças psicológicas, que mais uma vez impedem uma comparação sistemática

entre os grupos no que se refere à análise do desenvolvimento de competências pretendido no

treinamento. Isso porque essas diferenças demográficas e psicológicas provavelmente

predispuseram o grupo experimental a envolver-se mais com o programa, sendo esta a

56

principal diferença entre eles. A continuidade da comparação entre os grupos antes e após o

treinamento está vinculada ao exercício de dissertação.

AUTOAVALIAÇÃO NA LIDERANÇATRANSFORMACIONAL ANTES DO TREINAMENTO

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS

Sig

Liderança Transformacional (GLOBAL ANTES DO TREINAMENTO)

CONTROLE 4,05 0,46 -0,25 0,06

EXPERIMENTAL 4,3 0,56

Desafio CONTROLE 3,85 0,63

-0,44 ,02* EXPERIMENTAL 4,28 0,77

Idealismo CONTROLE 4 0,75

-0,39 0,07 EXPERIMENTAL 4,39 0,92

Comunicação Inspiradora CONTROLE 4,13 0,7

-0,27 0,14 EXPERIMENTAL 4,4 0,69

Estímulo Intelectual CONTROLE 4,04 0,46

-0,12 0,41 EXPERIMENTAL 4,16 0,71

Visão CONTROLE 4,21 0,86

-0,04 0,86 EXPERIMENTAL 4,25 0,84

NOTA: * P<.05 ** P<.01

Tabela 3 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Autoavaliação de Liderança antes do treinamento.

57

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AFETIVIDADE

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS

Sig

Autopercepção CONTROLE 4,02 0,7

-0,08 0,67 EXPERIMENTAL 4,11 0,85

Percepção das Emoções Alheias

CONTROLE 3,75 0,82 -0,36 0,07

EXPERIMENTAL 4,11 0,71

Motivação CONTROLE 4,04 0,7

-0,09 0,59 EXPERIMENTAL 4,13 0,58

Autorregulação CONTROLE 3,31 0,79

0,15 0,51 EXPERIMENTAL 3,16 1,05

Expressão de Emoções

CONTROLE 3,06 0,58 -0,31 ,03*

EXPERIMENTAL 3,37 0,49

Empatia CONTROLE 3,95 0,55

-0,18 0,17 EXPERIMENTAL 4,13 0,49

Afetividade CONTROLE 3,92 0,65

-0,16 0,46 EXPERIMENTAL 4,09 0,99

NOTA: * P<.05 ** P<.01

Tabela 4 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Inteligência Emocional e Afetividade.

58

6.3 AUTOAVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES DE “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL” APÓS O TREINAMENTO

As análises demográficas e psicológicas demonstraram diferenças significativas entre o grupo

experimental e o grupo de controle, que provavelmente predispuseram o maior interesse do

grupo experimental pelo programa de treinamento.

A análise constante nesta seção apresenta os resultados da autoavaliação dos atributos de

“liderança transformacional” após o treinamento, considerando um escala de 7 fatores, e

compara as diferenças entre médias da autoavaliação dos atributos de “liderança

transformacional” antes e após o treinamento. A análise visa a identificar se existem

diferenças significativas no resultado da autoavaliação após o desenvolvimento do programa

entre os grupos de controle e experimental, considerando a submissão do grupo experimental

ao método reflexivo.

Em todos os atributos de liderança transformacional na autoavaliação após o treinamento, o

grupo experimental apresentou valores mais elevados do que o grupo de controle. Com média

igual a 5,78, o grupo experimental se autoavalia de forma global como mais transformacional

do que o grupo de controle, que apresenta média igual a 5,32. Tal resultado pode ser

observado na Tabela 5.

Comparando-se as diferenças entre as médias do grupo experimental e do grupo de controle

antes e após o treinamento, pode-se verificar que no atributo “desafio”, a alteração foi

mínima. Nos demais atributos, as diferenças aumentaram e tornaram-se significantes após o

treinamento: no caso do atributo “idealismo”, os números passaram de -,39 para -,64; no

“visão”, de -,04 para -,48,; e em “estímulo intelectual”, de -,12 para -,49.

59

A partir da análise feita anteriormente, pode-se destacar dois fatores como sugestivos de que o

experimento foi eficaz. O primeiro é a diferença entre as médias apresentadas antes e após o

treinamento. O segundo é o aumento no resultado da autoavaliação, no caso do grupo

experimental, em todos os atributos de liderança transformacional. Porém, como mencionado

anteriormente, não é possível estabelecer que essas diferenças se devam à manipulação

realizada com a introdução do método reflexivo ou às diferenças entre os grupos pré-

existentes.

AUTOAVALIAÇÃO NA LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL APÓS O TREINAMENTO

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP

DIFERENÇA ENTRE

MÉDIAS DEPOIS

Sig.

DIFERENÇA ENTRE

MÉDIAS ANTES

Liderança Transformacional (GLOBAL APÓS O TREINAMENTO)

CONTROLE 5,32 0,8 -0,45 ,02* -0,25

EXPERIMENTAL 5,78 0,72

Desafio CONTROLE 5,5 0,86

-0,48 ,03* -0,44 EXPERIMENTAL 5,99 0,78

Idealismo CONTROLE 5,55 0,97

-0,64 ,01* -0,39 EXPERIMENTAL 6,19 0,81

Comunicação Inspiradora CONTROLE 5,73 0,78

-0,51 ,01* -0,27 EXPERIMENTAL 6,24 0,69

Estímulo Intelectual CONTROLE 5,52 0,64

-0,49 ,00** -0,12 EXPERIMENTAL 6 0,48

Visão CONTROLE 5,55 0,73

-0,48 ,04* -0,04 EXPERIMENTAL 6,04 1,04

NOTA: * P<.05 ** P<.01

Tabela 5 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Autoavaliação na Liderança depois do treinamento.

60

6.4 AVALIAÇÕES DE PARES NAS DIMENSÕES DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL APÓS O TREINAMENTO

As comparações realizadas até aqui tiveram como foco a autoavaliação no perfil de liderança.

Como os alunos, tanto no grupo experimental como no grupo de controle, não possuíam

conhecimento prévio uns dos outros nas competências analisadas, não foi feita avaliação de

pares antes do treinamento. A avaliação de pares, apresentada na Tabela 6, só acontece,

portanto, após o término do treinamento.

Após o grupo ter convivido durante semanas, foi realizada a avaliação de pares, que serviu

como objeto de comparação entre o grupo experimental e o grupo de controle. Quando

comparada à autoavaliação de liderança transformacional, a avaliação de pares após o

treinamento apresenta diferenças estatísticas significantes para os atributos “desafio” e

“idealismo”. Tal fato pode estar relacionado não apenas ao experimento, mas às diferenças de

perfis previamente percebidas pelos pares e pré-existentes ao programa.

As médias dos atributos “desafio”, “idealismo”, “comunicação inspiracional” e “estímulo

intelectual” foram maiores no grupo experimental, o que pode reforçar maior rigor no

processo de avaliação por parte do grupo de controle. Os atributos “desafio” e “comunicação

inspiracional” são dimensões aparentemente relacionadas à liderança, para as quais os

integrantes do grupo experimental atribuíram a si mesmos valores mais elevados.

61

AVALIAÇÃO DOS PARES DEPOIS DO EXPERIMENTO

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS DEPOIS

Sig.

AV

AL

IAÇ

ÕE

S P

AR

ES

Desafio CONTROLE 5,11 0,64

-0,48 ,01* EXPERIMENTAL 5,6 0,84

Idealismo CONTROLE 5,16 0,66

-0,39 ,01* EXPERIMENTAL 5,55 0,59

Comunicação Inspiradora

CONTROLE 5,36 0,66 -0,23 0,2

EXPERIMENTAL 5,6 0,8

Estímulo Intelectual

CONTROLE 5,15 0,57 -0,13 0,43

EXPERIMENTAL 5,28 0,72

Visão CONTROLE 5,4 0,54

0,01 0,93 EXPERIMENTAL 5,38 0,92

NOTA: * P< .05 ** P< .01 + NÃO FORAM REALIZADAS AVALIAÇÕES DE PARES ANTES DO EXPERIMENTO, PORQUE OS MEMBROS NÃO TIVERAM EXPERIÊNCIAS ANTERIORES COMO TIME.

Tabela 6 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Avaliação dos pares depois do experimento.

62

6.5 AUTOAVALIAÇÃO GLOBAL DE LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL E ENGAJAMENTO COMO MEMBRO DE EQUIPE ANTES E APÓS O TREINAMENTO

A Tabela 7 apresenta a autoavaliação global de “liderança transformacional” antes e após o

treinamento e a diferença entre as médias. Observa-se, que após o treinamento, o grupo

experimental permanece se autoavaliando como mais transformacional: a média foi de 5,78

contra 4,3 antes do treinamento. A comparação entre o grupo experimental e o de controle

indica que a diferença entre as médias registradas em cada grupo aumentou após o

treinamento. A diferença pode ser considerada significante. A autoavaliação do engajamento

como membro da equipe só acontece após o treinamento, em virtude de não existir um grupo

constituído antes do programa, como explicitado na seção 6.4.

O resultado apresenta o grupo experimental com média igual a 6,09, comparada a 5,63 do

grupo de controle, sendo a diferença entre médias significante. Na evolução dos resultados de

autoavaliação apresentados, não se pode descartar a influência dos fatores demográficos e

psicológicos, como indicado anteriormente.

LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL, ENGAJAMENTO COMO MEMBRO DE EQUIPE E COMPORTAMENTO PROTOTÍPICO DE LÍDER

VARIÁVEIS GRUPO MÉDIA DP DIFERENÇA

ENTRE MÉDIAS

Sig.

LID T (AUTOAVALIAÇÃO ANTES) CONTROLE 4,05 0,46 -0,25

(Antes) 0,06

EXPERIMENTAL 4,3 0,56

LID T (AUTOAVALIAÇÃO DEPOIS) CONTROLE 5,32 0,8 -0,45

(Depois) ,02*

EXPERIMENTAL 5,78 0,72

Engajamento como Membro de Equipe (AUTO)

CONTROLE 5,63 0,68 -0,46 ,01*

EXPERIMENTAL 6,09 0,68

Tabela 7 – Comparação entre grupo de controle e experimental: Liderança Transformacional (autoavaliação antes e depois), engajamento como membro de equipe (auto).

63

6.6 CORRELAÇÃO DOS “DADOS DEMOGRÁFICOS” E “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL” ANTES DO TREINAMENTO E CORRELAÇÃO DE “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL”, “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL” E “BIG

FIVE FACTORS”ANTES E APÓS O TREINAMENTO

A matriz de correlação apresentada na Tabela 8 foi utilizada para mostrar a interrelação entre

as variáveis e ilustra correlações dos atributos de Liderança Transformacional antes do

experimento com o perfil do grupo, considerando “idade”, “sexo” e “nível hierárquico”. A

título de explicação dos dados e em função das análises previamente realizadas, foi feita a

correlação para verificar até que ponto os dados demográficos tem impacto na liderança

transformacional. Foi levado em conta o Teste de Kolmogorov-Smirnov, pois o tamanho da

amostra é superior a 30.

Dos dados demográficos, “idade” está altamente correlacionada com “estímulo intelectual”,

pois o Coeficiente de Pearson é superior a 0,30. Também estão associados os fatores “sexo” e

“comunicação inspiracional” e os fatores “grupo” e “desafio”. O fato de essas variáveis

demográficas estarem associadas ao perfil transformacional justifica o cuidado relacionado à

influência dos dados demográficos nos resultados de perfil transformacional.

64

CORRELAÇÃO ANTES DO EXPERIMENTO

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1- Idade 1

2- Sexo 0,13 1

3- Nível 0,13 -0,16 1

4- Desafio 0,26 -0,13 0,06 1

5- Visão 0,18 -0,16 0,15 ,41** 1

6- Idealismo 0,24 -0,13 -0,13 ,27* ,36** 1

7- Comunicação Inspiracional 0,16 -,28* 0 ,40** ,65** ,43** 1

8- Estímulo Intelectual ,31* -0,08 0,02 ,39** ,35** ,49** ,42** 1

9- Grupo ,33** -0,13 -0,03 ,30* 0,02 0,23 0,19 0,11 1

Tabela 8 – Correlação antes do experimento: Dados demográficos e Liderança Transformacional.

A seguir, foi realizada uma comparação do grau de incremento antes e depois do treinamento

em relação à “afetividade”, aos atributos de “inteligência emocional” e aos fatores que

compõem o “Big Five”. O objetivo da correlação é verificar se o incremento no perfil

transformacional, apresentado na autoavaliação realizada após o treinamento, está associado

aos traços de personalidade e perfil psicológico dos participantes.

Como é possível observar na Tabela 9, existem correlações da variável “autoavaliação de

liderança transformacional antes do treinamento” com os atributos de inteligência emocional

“motivação”, “percepção de emoções”, “autopercepção” e com os fatores do Big Five

“consciência”, “extroversão”, “amabilidade” e “abertura”. A “autoavaliação de liderança

transformacional após o treinamento” possui associação com os mesmos atributos apontados

na variável “autoavaliação antes do treinamento”, com exceção de “conscienciosidade” e

“extroversão”, que não possuem correlação. A variável “turma” apresenta alta correlação com

“autoavaliação de liderança tranformacional” realizada após o treinamento. A variável

“diferença da autoavaliação de liderança transformacional” representa uma medida de quanto

as autoavaliações mudaram após a realização do programa e destaca o efeito significativo de

“autorregulação”, “conscienciosidade” ,“extroversão” e “motivação” por grupo. Observa-se

65

ainda que o incremento em relação à motivação é negativo, o que pode indicar que os

participantes que possuíam menor motivação obtiveram um crescimento maior no perfil

transformacional.

A análise de correlação sugere, considerando o índice associado à variável “grupo”, que a

“diferença na autoavaliação de liderança transformacional antes e depois do treinamento” é

um produto da “conscienciosidade”. Robbins et al. (2010) destacam o traço

conscienciosidade como o mais consistentemente relacionado ao desempenho no trabalho

para gestores ou não gestores, o que atesta sua importância para o sucesso organizacional.

66

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

1- Competências Transformacionais (Autoavaliação antes do treinamento)

1

2- Competências Transformacionais (Autoavaliação depois do treinamento)

,64** 1

3- Incrementos nas Competências Liderança (Autoavaliação)

-,63**

0,18 1

4- Afetividade 0,21 0,25 -0,06 1

5- Autorregulação 0,22 0,09 -,27* 0,31 1

6- Motivação ,50** ,36** -,35* ,31* ,31* 1

7- Percepção de Emoções ,48** ,52** 0,02 0,15 0,03 ,25* 1

8- Autopercepção ,42** ,35** -0,15 ,31* ,37** ,27* .44** 1

9- Consciência ,38** 0,14 -

,41** 0,15 0,05 ,31* 0,09 0,17 1

10- Estabilidade 0,13 -0,05 -0,18 -0,06 ,50** 0,21 -0,05 ,33* 0,04 1

11- Extroversão ,50** 0,21 -,33* 0,07 -0,1 ,39** ,31* 0,03 0,14 -0,04 1

12- Amabilidade ,53** ,55** 0,01 0,07 0,14 0,22 ,71** ,37** 0,07 0,13 0,18 1

13- Abertura ,56** ,43** -0,24 0,2 -0,15 ,42** ,37** ,32* 0,23 -0,12 ,43** 0,24 1

14- Grupo 0,24 ,44** 0,23 0,1 -0,08 0,07 0,23 0,05 0,02 -,37** 0,16 0,13 ,32* 1

Tabela 9 – Correlação antes e depois: Liderança Transformacional, Inteligência Emocional e Big Five.

67

6.7 DIFERENÇAS EM AUTOAVALIAÇÕES, CONTROLANDO PARA “PERSONALIDADE”, “DADOS DEMOGRÁFICOS” E “LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL".

Uma aplicação descritiva de regressão múltipla exige controle das variáveis de confusão para

melhor avaliar a contribuição de outras variáveis (COOPER & SCHINDLER, 2003).

Considerando que existem diferenças nas turmas antes do treinamento, o objetivo da análise é

controlar as variáveis e verificar se o fato ter participado do treinamento no grupo

experimental ou no grupo de controle apresentou diferença no desenvolvimento do perfil

transformacional, segundo a autoavaliação. Nas variáveis exploratórias estão as “diferenças

de autoavaliação antes do treinamento” em relação a: (1) “personalidade”, (2) “dados

demográficos”, (3) “índice transformacional antes do treinamento” e (4)“variável dummy”,

conforme apresentado na Tabela 10.

Os coeficientes padronizados indicam a importância relativa de cada variável explicativa para

o comportamento da variável dependente. Nesse caso, controlando por “traços de

personalidade” e “dados demográficos” relacionados aos aspectos de carreira, percebe-se que

o experimento fez diferença.

Note que o R2 do quarto modelo em relação aos anteriores apresentou um acréscimo

significativo, oferecendo a informação que é o mais adequado. Isso significa que o fato de ter

participado do grupo de controle ou grupo experimental foi significativo para a autoavaliação

de liderança transformacional. Mesmo controlando, o grupo experimental tem índices

melhores, rejeitando-se a hipótese nula que, no caso, afirmava a não significância conjunta

dos parâmetros. Por essa razão, existe motivo para suspeitar que a inclusão do método

instrucional reflexivo atingiu o objetivo proposto de desenvolvimento do perfil

transformacional. Conclui-se, dessa forma, que o modelo é significante.

68

ANÁLISE REGRESSÃO: DIFERENÇAS EM AUTOAVALIAÇÕES CONTROLANDO PARA PERSONALIDADE E DADOS DEMOGRÁFICOS

Variáveis

Modelo 1 Personalidade

Modelo 2 Dados

Demográficos

Modelo 3 Avaliação

Antes

Modelo 4 Tratamento

Beta t Beta t Beta t Beta t

Constant 3,9 4,3 5,54 5,47

Abertura -0,09 -0,61 -0,15 -0,95 0,08 0,56 0,03* 0,23

Consciência -0,34 -2,54 -0,34 -2,6 -0,21 -1,84 -0,19 -1,78

Estabilidade -0,06* -0,41 0,07 0,41 0,13 0,95 0,22 1,71

Extroversão -0,27 -1,88 -0,39 -2,54* -0,21 -1,49 -0,16 -1,27

Motivação 0 -0,02* 0,02* 0,14 0,06* 0,46 0,07 0,55

Autorregulação -2,6 -1,7 -0,27 -1,73 -0,1 -0,75 -0,15 -1,15

Experiência como Gestor -0,05* -0,3 0,08 0,51 0,08 0,56

Nível Hierárquico -0,33 -1,81 -0,28 -1,81 -0,15 -1,03

Sexo -0,11 -0,87 -0,25 -2,16* -0,21 -1,96*

Liderança Transformacional Antes -0,67 -4,05* -0,72 -4,77*

Grupo 0,35 2,97*

R2 0,33 0,04 0,58 0,66

R2 Ajustado 0,33 0,06 0,18 0,08

F 3,59** 1,42 16,44*** 8,84**

Notas: Controle = 30 e Experimental = 26 *p< .06 **p< .01 ***p< .001 *t>1,96

Tabela 10 – Análise de Regressão: Diferenças em autoavaliações controlando para personalidade, dados demográficos e liderança transformacional.

69

7 CONCLUSÃO

A contribuição desse estudo foi apresentar o método reflexivo como uma técnica específica

para desenvolvimento de liderança. O estudo mostrou a diferença dos grupos expostos ou não

à técnica, controlados por dados demográficos e psicológicos.

Os resultados apontam a importância do método reflexivo sobre as experiências pessoais para

maior desenvolvimento de competências de liderança transformacional nos participantes a

partir de suas autoavaliações antes e após o treinamento e das avaliações de pares após o

treinamento. As diferenças entre os grupos de controle e experimental foram constatadas

desde o início do experimento, o que aponta para a importância da análise de perfil como

variável de controle.

Considerando todas as análises realizadas, não se pode rejeitar a hipótese de que o método

reflexivo sobre as experiências pessoais proporciona maior desenvolvimento de competências

de liderança transformacional. Percebe-se, assim, que o estudo apresentou resultados

positivos.

7.1 LIMITAÇÕES E INDICAÇÃO DE NOVOS ESTUDOS

Em virtude das diferenças apontadas, não é possível descartar completamente que os

resultados das análises possuam como causas as diferenças psicológicas e demográficas que

precederam o experimento. Em relação aos aspectos psicológicos pode-se destacar como viés

a perspectiva mais positiva ou negativa apresentada no processo de autoavaliação.

A análise mostrou que a técnica é promissora e estudos futuros poderão confirmar a

importância da adoção do método reflexivo como modelo instrucional. A recomendação é

70

que exista continuidade da pesquisa, por meio do aprofundamento das suposições formuladas.

Experimentos futuros poderão confirmar efetivo vínculo entre o método reflexivo e aumento

da autoavaliação da competência liderança transformacional, o que ratifica as proposições de

Day et al. (2009), que apontam a necessidade dos programas de desenvolvimento de liderança

serem embasados na Andragogia, integrando componentes de aprendizagem com as

competências e os modelos mentais necessários para uma liderança eficaz. O ambiente

organizacional pode ser propício à continuidade da pesquisa, pela existência de avaliações

relacionadas a objetivos e metas de trabalho.

71

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75

APÊNDICE A: PERGUNTAS DA PESQUISA

Por motivo de copyright, as perguntas utilizadas na pesquisa serão reproduzidas apenas

parcialmente. Foram selecionadas três perguntas de cada inventário, quais sejam os Big Five

Factors, Inteligência Emocional, Afetividade e Liderança Transformacional.

O experimento usou uma escala Likert de cinco fatores: Discordo Totalmente, Discordo

Parcialmente, Não Concordo Nem Discordo, Concordo Parcialmente e Concordo Totalmente.

Os alunos deveriam marcar a opção mais adequada ao seu caso em cada afirmação.

Big Five Factors:

1. Eu presto atenção aos detalhes

2. Eu costumo adiar minhas tarefas

3. Eu deixo as pessoas à vontade

Inteligência Emocional

1. Eu identifico pontos fortes e limitações nos outros

2. Eu entendo bem meus próprios sentimentos

3. Eu sempre consigo me acalmar quando estou com muita raiva

Afetividade

76

1. Tenho me sentido entusiasmado no meu trabalho

2. Tenho me sentido inspirado

3. Tenho me sentido ativo

Liderança Transformacional

1. Eu encorajo meu grupo a repensar ideias as quais ele jamais questionou anteriormente

2. Eu aconselho cada profissional do meu grupo a procurar ver como oportunidade os

problemas que enfrenta

3. Eu demonstro entusiasmo pelo esforço de cada profissional do meu grupo

77

APÊNDICE B – 1ª REFLEXÃO

Influência Idealizadora: A primeira dimensão descreve os líderes que agem como modelos

rígidos para os seus seguidores, os quais se identificam e querem muito parecer-se com eles.

Esses líderes, em geral, possuem elevados padrões de moral e conduta ética.

As principais atividades no estágio 1º estágio de reflexão são:

· Analisar uma época em que atuou no processo de liderança, em qualquer ambiente,

· Entender e descrever a sua visão. Qual é a sua obra? (CORTELLA, 2007);

· Desenvolver a sua missão e definir objetivos, indicadores e metas para 2011;

· Analisar seus conhecimentos, habilidades e atitudes frente às necessidades de perfil

apontadas para o alcance da visão e para o cumprimento da missão.

78

APÊNDICE C – 2ª REFLEXÃO

Motivação Inspiradora: A segunda dimensão descreve líderes que promovem grandes

expectativas em seus seguidores, motivando-os a se considerarem parte da organização. Na

prática, os líderes com este fator utilizam símbolos e emoções, com o intuito de atrair os

esforços dos membros do grupo para alcançar mais do que fariam por seu próprio interesse.

As principais atividades no estágio 2º estágio de reflexão são:

· Definir as competências necessárias (conhecimentos, habilidades e atitudes) para o

alcance da visão e para o cumprimento da missão identificada na primeira reflexão;

· Analisar o estágio em que se encontra frente às necessidades apontadas na missão do

trabalho;

· Analisar competências e definir três objetivos de desenvolvimento prioritários.

79

APÊNDICE D – 3ª REFLEXÃO

Estímulo Intelectual: A terceira dimensão está presente nos líderes que estimulam seus

liderados a criar, inovar e a desafiar suas próprias convicções e valores, assim como as do

líder e da organização. Este tipo de líder apoia os seguidores a experimentar novas teorias e a

desenvolver alternativas inovadoras nas questões da empresa.

As principais atividades no estágio 3º estágio de reflexão são:

· Analisar uma equipe escolhendo uma experiência de liderança em sua vida;

· Analisar o estágio em que se encontra frente às necessidades apontadas na missão do

trabalho;

· Analisar as competências da equipe e definir um plano para otimizar o talento.

80

APÊNDICE E – 4ª REFLEXÃO:

Consideração Individualizada: Esta dimensão é representativa dos líderes que promovem um

ambiente organizacional encorajador, dando cuidadosa atenção às necessidades de cada um

dos seus liderados. O líder atua como instrutor e conselheiro e delega poder para promover o

crescimento através de desafios pessoais. Para alguns, o líder pode ter alto grau de

paternidade, acompanhando passo a passo seu desenvolvimento; para outros, bastam

orientações.

As principais atividades no 4º estágio de reflexão são:

· Definir e analisar um potencial à posição chave na equipe;

· Estabelecer um plano de desenvolvimento, contendo objetivos, indicadores e metas;

· Estruturar um processo de treinamento e aconselhamento.