DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

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DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM VÁRIOS GRUPOS ETÁ- RIOS (DEVELOPMENT OF CEREBRAL ATHEROSCLEROSIS IN VARIOUS AGE GROUPS). J. MOOSSY. Neurology, 9:569-575 (setembro) 1959. No presente trabalho, como parte de um estudo mais amplo sobre a patologia e a evolução da aterosclerose, Moossy estuda a morfologia de vasos cerebrais de 122 pacientes não selecionados de várias idades (desde o recém-nascido até 93 anos de idade). Os resultados foram tabulados segundo idade, raça e sexo. Em todos os pacientes com menos de 20 anos de idade (23) não foram encontradas alterações ateroscleróticas. A paciente mais jovem com sinais de comprometimento arterial cerebral era uma mulher preta com 26 anos de idade. A partir da 3» década, todos os pacientes demonstraram certo grau de aterosclerose cerebral, embora a in- tensidade das lesões fosse nitidamente maior a partir da 4* década, mas sem cor- relação obrigatória com a idade cronológica. As lesões mais precoces eram repre- sentadas por depósitos lipídicos ou gordurosos, lineares e intensamente sudanófilos, ou então por pequenas massas ovalares na íntima. As lesões mais precoces ocor- reram nas artérias carótidas internas e nas vertebrais, seguidas pela artéria basilar e pelos vasos do grupo da cerebral média. As artérias cerebrais anteriores e cere- belares se mostraram menos freqüentemente e menos extensamente comprometidas. Entre os vasos cerebelares, a artéria cerebelar posterior inferior foi a mais precoce e intensamente afetada. Em geral, nos demais vasos as lesões eram mais precoces nas proximidades das bifurcações. Formações em placas fibrosas eram evidentes em um ou outro vaso em todos os grupos etários que evidenciaram lesões. Calci- ficações dentro das placas localizadas na íntima foram encontradas em- 17 casos, todos limitados às artérias carótidas internas e vertebrais; apenas uma vez ocor- reu hemorragia dentro de uma placa; em 4 casos foram encontradas tromboses superpostas sobre placas ateroscleróticas. Em 12 pacientes, as lesões vasculares ce- rebrais eram bastante pronunciadas, podendo ser consideradas como causa de morte. Confrontando os dados concernentes à aterosclerose cerebral com lesões análogas em outros territórios orgânicos, o autor tem a 'impressão de que lesões aórticas com depósitos gordurosos são as que primeiro se evidenciam, já na 1» década de vida, enquanto as lesões coronárias se tornam evidentes na 2* década e o compro- metimento dos vasos cerebrais na 3*. Em todos os grupos etários, as lesões aór- ticas, em média, são quantativamente maiores, seguidas das lesões das artérias co- ronárias; em geral, o comprometimento vascular cerebral parece ser menos pro- nunciado. Todavia, exceções a esta regra. R. MELARAGNO NÍVEIS SEROLÓGICOS DE LÍPIDES E COLESTEROL NAS AFECÇÕES CEREBRO- VASCULARES (SERUM LIPID AND CHOLESTEROL LEVELS IN CEREBRO- VASCULAR DISEASE). S. J. MEYER, A. G. WALTZ, J. W. HESS e B. ZAK. Arch. Neurol. (A.M.A.) 1:303-311 (setembro) 1959. Meyer e col. fazem o estudo estatístico da determinação dos níveis de coles- terol e de lípides no sangue de 110 pacientes hospitalizados por doença cerebrovas- cular. Os resultados foram cotejados com dois grupos controles: um constituído por 79 pacientes com idades semelhantes, internados no mesmo hospital para tra- tamento de afecções neurológicas não vasculares e, outro, formado por 22 homens aparentemente sadios, com a idade em média de 30 anos. Os resultados foram

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D E S E N V O L V I M E N T O D E A T E R O S C L E R O S E C E R E B R A L E M V Á R I O S G R U P O S E T Á ­

R I O S ( D E V E L O P M E N T O F C E R E B R A L A T H E R O S C L E R O S I S I N V A R I O U S A G E

G R O U P S ) . J . M O O S S Y . N e u r o l o g y , 9:569-575 ( s e t e m b r o ) 1959.

N o presente t rabalho, como par te de um estudo mais amplo sobre a pa to log ia

e a evo lução da aterosclerose, Moossy estuda a mor fo log i a de vasos cerebrais de

122 pacientes não selecionados de vár ias idades (desde o recém-nascido a té 93 anos

de i d a d e ) . Os resultados fo ram tabulados segundo idade, raça e sexo. E m todos

os pacientes com menos de 20 anos de idade (23) não fo ram encontradas a l te rações

a terosclerót icas . A paciente mais j o v e m com sinais de compromet imen to a r te r ia l

cerebral era uma mulher preta com 26 anos de idade. A par t i r da 3» década,

todos os pacientes demons t ra ram cer to grau de aterosclerose cerebral , embora a in­

tensidade das lesões fosse n i t idamente ma io r a par t i r da 4* década, mas sem cor­

re lação obr iga tó r ia com a idade c ronológ ica . A s lesões mais precoces e ram repre­

sentadas por depósitos l ipídicos ou gordurosos, l ineares e in tensamente sudanófilos,

ou então por pequenas massas ova la res na ínt ima. A s lesões mais precoces ocor­

re ram nas ar tér ias carót idas internas e nas ver tebra is , seguidas pela ar tér ia basilar

e pelos vasos do grupo da cerebral média . A s ar tér ias cerebrais anter iores e cere-

belares se mos t r a ram menos f reqüentemente e menos ex tensamente compromet idas .

Ent re os vasos cerebelares, a a r té r ia cerebelar poster ior infer ior foi a mais precoce

e in tensamente afe tada . E m gera l , nos demais vasos as lesões e r a m mais precoces

nas proximidades das bifurcações. Fo rmações e m placas fibrosas e r am evidentes

e m um ou out ro va so e m todos os grupos e tár ios que ev idenc ia ram lesões. Calc i ­

f icações dentro das placas loca l izadas na ínt ima fo ram encontradas em- 17 casos,

todos l imi tados às ar tér ias carót idas internas e ver tebra i s ; apenas uma vez ocor­

reu hemor rag i a dentro de uma placa; e m 4 casos fo ram encontradas t romboses

superpostas sobre placas a terosclerót icas . E m 12 pacientes, as lesões vasculares ce­

rebrais e r am bastante pronunciadas, podendo ser consideradas c o m o causa de mor te .

Confrontando os dados concernentes à a terosclerose cerebral com lesões aná logas

e m outros terr i tór ios orgânicos , o autor t em a ' impressão de que lesões aór t icas

com depósitos gordurosos são as que pr imei ro se ev idenc iam, j á na 1» década de

vida, enquanto as lesões coronárias se to rnam evidentes na 2* década e o compro­

me t imen to dos vasos cerebrais na 3*. E m todos os grupos etár ios , as lesões aór­

ticas, em média, são quan ta t ivamen te maiores , seguidas das lesões das ar tér ias co­

ronárias ; em gera l , o compromet imen to vascular cerebral parece ser menos pro­

nunciado. T o d a v i a , há exceções a esta regra .

R. M E L A R A G N O

N Í V E I S S E R O L Ó G I C O S D E L Í P I D E S E C O L E S T E R O L N A S A F E C Ç Õ E S C E R E B R O -

V A S C U L A R E S ( S E R U M L I P I D A N D C H O L E S T E R O L L E V E L S I N C E R E B R O ­

V A S C U L A R D I S E A S E ) . S. J . M E Y E R , A . G. W A L T Z , J . W . H E S S e B . Z A K . A r c h .

Neuro l . ( A . M . A . ) 1:303-311 ( s e t e m b r o ) 1959.

M e y e r e col . f azem o estudo estat ís t ico da de te rminação dos n íve is de coles­

terol e de lípides no sangue de 110 pacientes hospi ta l izados por doença cerebrovas­

cular. Os resultados fo r am cotejados com dois grupos cont ro les : um consti tuído

por 79 pacientes com idades semelhantes, internados no mesmo hospital para tra­

tamento de afecções neurológicas não vasculares e, outro, f o r m a d o por 22 homens

aparentemente sadios, com a idade e m média de 30 anos. Os resultados fo r am

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analisados e m função da incidência racial de vá r ios tipos de acidentes vasculares

cerebrais, da incidência de diabete me l i to e de hipertensão ar ter ia l , e e m re lação

à freqüência do acomet imen to a te rosc leró t ico de vár ios vasos . Concluem os auto­

res pela ausência de qua lquer diferença s igni f icante entre a média das de te rmi­

nações do colesterol e dos l ípides séricos neste grupo de 110 pacientes com afecções

vasculares cerebrais e m re lação ao grupo de pacientes hospi tal izados, de idade com­

pa ráve l e com doenças neurológicas não vasculares . N a série estudada 12,7% dos

pacientes com afecções cerebrovasculares sof r iam de diabete me l i to ; entre tanto,

estes pacientes diabét icos não apresen tavam níveis de colesterol e l ípides séricos

s igni f icantemente diferentes do resto do grupo com doença cerebrovascular não

compl icada pe lo diabete .

Interessante ass inalar que pacientes com aterosclerose cerebral comprometendo

o sistema ar ter ia l vér tebro-bas i la r ou as ar tér ias que e m e r g e m do círculo de W i l l i s

não apresen tavam níveis de lípides e de coles terol s igni f icantemente diferentes dos

de indivíduos sadios com a idade média de 30 anos; todav ia todos os grupos com

afecções cerebrovasculares ap resen tavam um n íve l médio de l ípides séricos s ignif i ­

cantemente superior ao grupo de indivíduos sadios. P o r out ro lado, a média do

n íve l sérico de l ípides do grupo de pacientes com afecções não vasculares era t am­

bém s igni f icantemente ma io r que o desse grupo de indivíduos j o v e n s e sadios. E m

um grupo de pacientes com afecções cerebrovasculares hiper tensivas difusas ou com

aneurismas ou ma l fo rmações vasculares , fo ram encontradas e levações s ignif icantes

dos n íve is de colesterol e de lípides do sangue. Desde que 85% dos casos deste

grupo de pacientes ap resen tavam associadamente hipertensão ar ter ia l , é admi t ido

que a hipertensão ar ter ia l possa ser o f a to r s igni f icante e m re lação à hipercoleste-

ro lemia e à h iper l ipemia . N ã o foi regis t rada qualquer influência rac ia l na inci­

dência dos diversos tipos de afecção cerebrovascular ou nos níveis de colesterol ou

l ípides do sangue. A aterosclerose produz s intomas cerebrais median te o compro­

met imen to dos três grandes grupos de vasos cerebrais e m freqüência aprox imada­

mente igua l .

Apesa r de ser dif íc i l a .aval iação da ut i l idade das dietas hipogordurosas, os au­

tores as consideram recomendáve is pois é p r o v á v e l que a h ipercoles tero lemia e a

h iper l ipemia f a v o r e ç a m a tendência para a aterosclerose dos vasos cerebrais.

R . M E L A R A G N O

V I S C O S I D A D E S A N G Ü Í N E A N A D O E N Ç A C E R E B R O V A S C U L A R : E F E I T O S DE D I E ­

T A S H I P O G O R D U R O S A S E D A H E P A R I N A ( B L O O D V I S C O S I T Y I N C E R E B R O ­

V A S C U L A R D I S E A S E : E F F E C T S O F L O W F A T D I E T A N D H E P A R I N ) . R . L .

S W A N K . N e u r o l o g y , 9:553-560 ( a g o s t o ) 1959.

A incidência de isquemias cerebrais é proporcional ao teor médio de gorduras

inger idas ; essa re lação t em sido considerada como dependente do desenvo lv imen to

da aterosclerose propiciada pelos reg imes hipercalór icos . T o d a v i a , outros fatores

podem colaborar no desencadeamento de enfar te cerebra l : maior ades ividade e a g r e ­

gação dos er i t roci tos , aumento da viscosidade sangüínea, redução da ve loc idade san­

güínea após refeições copiosas, a l é m de outros possíveis mecanismos inerentes ao

próprio sangue, inc lus ive a maior coagulab i l idade . Swank estudou a viscosidade do

sangue e m 30 pacientes com enfartes cerebrais e os efei tos decorrentes da admi­

nis tração de dieta hipogordurosa, contendo ap rox imadamen te 15 g de gordura e

20 g de legumes e ó leo de pe ixe . In ic ia lmente , ve r i f i cou que a viscosidade do

sangue fresco to ta l e do plasma era r e l a t i vamen te e l evada ; após o emprego da

dieta durante um per íodo de 3 a 6 meses, a viscosidade decrescia len tamente , a té

chegar ao normal . Swank observou, igua lmente , tendência dos er i t roci tos para se

mis tu ra rem in t imamente com as plaquetas e leucóci tos no c reme leucoci tár io , em

casos de acidentes vasculares cerebrais; esse fa to apenas excepc iona lmente foi v e ­

r i f icado e m indivíduos normais . E m 10 pacientes, a heparina foi empregada du-

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rante os pr imeiros 2 a 6 meses de dieta hipogordurosa, por v i a subcutânea, diaria­

mente . O autor usou uma solução aquosa concentrada (200 m g / m l ) , e m quanti­

dades suficientes para dobrar ou t r ip l icar o tempo de coagulação , 6 a 8 horas após

a injeção. A heparina, na exper iência de Swank, não diminui s igni f icantemente a

viscosidade sangüínea.

R . M E L A R A G N O

A V A L I A Ç Ã O D A E L E C T R E N C E F A L O G R A F I A N O E N F A R T E C E R E B R A L E N A

I S Q U E M I A D E V I D A A A R T E R I O S C L E R O S E ( A N E V A L U A T I O N O F E L E C T R O -

E N C E P H A L O G R A P H Y I N C E R E B R A L I N F A R C T I O N A N D I S C H E M I A D U E T O

A R T E R I O E S C L E R O S I S ) . R. I . B I R C H F I E L D , W . P . W I L S O N e A . H E Y M A N . N e u -

ro logy , 9:859-870 ( d e z e m b r o ) 1959.

Os autores reg i s t ram os dados e lec t rencefa lográf icos encontrados e m 94 pa­

cientes com quadro de t rombose cerebral ou de enfar te causado por ar ter iosclerose;

a l é m de cor re lação aná tomo-e lec t rencefa lográ f ica , os autores p rocuram estudar as

a l terações evo lu t ivas dos traçados tomados imedia tamente após o icto, assim como

naqueles registrados, pela pr imeira vez , nas semanas e meses seguintes. Baseados

nessas observações, procuram a v a l i a r a ut i l idade do e l ec t r ence fa lograma no d iag­

nóstico e t r a tamento do enfar te cerebral .

E m sua casuística, apenas 2/3 dos pacientes com diagnós t ico de enfar te cere­

bral uni la tera l ap resen tavam anormal idades e lec t rencefa lográf icas uni laterais . N o s

casos com lesões pequenas e local izadas no t ronco do encéfa lo e nos de isquemias

cerebrais in termitentes não fo ram regis t radas anormal idades e lé t r icas bem definidas.

Ocorreu ma io r incidência de a l terações e lec t rencefa lográf icas e m enfartes difusos do

tronco encefá l ico e nos casos com lesões hemisfér icas bi laterais . N ã o houve corre­

lação entre o achado e lec t rencefa lográ f i co e a g r av idade da s in tomato log ia neu­

ro lóg ica . Conclusões interessantes fo ram deduzidas de estudos e lec t rencefa lográf icos

seriados: in ic ia lmente as a l terações se conf inavam ao hemisfér io compromet ido , mas

ocas ionalmente podiam surgir b i l a te ra lmente ; um mês ou mais após o icto, a at i­

v idade lenta no e lec t rencefa lograma se reduzia a a l te rações sob forma de ondas

del ta a teta, com redução na v o l t a g e m e tendência das a l terações a se conf inarem

em sedes cada v e z mais restr i tas.

R . M E L A R A G N O

V A S O S P A S M O C E R E B R A L E M A N G I O G R A F I A S P A R A A N E U R I S M A S I N T R A C R A ­

N I A N O S : I N C I D Ê N C I A E S I G N I F I C A Ç Ã O E M 100 A N G I O G R A M A S ( C E R E B R A L

V A S O S P A S M I N A N G I O G R A P H Y F O R I N T R A C R A N I A L A N E U R Y S M S : I N C I -

D E N C E A N D S I G N I F I C A N C E I N O N E H U N D R E D C O N S E C U T I V E A N G I O -

G R A M S ) . T . M . F L E T C H E R , J . M . T A VERAS e J . L A W R E N C E P O O L . A r c h . Neuro l .

( A . M . A . ) 1:39-47 ( j u l h o ) 1959.

Os autores ac red i tam que espasmos da ar tér ia carót ida interna ou de seus

principais ramos const i tuem um acompanhamento comum de aneurismas intracra­

nianos rotos e que o decurso do caso pode depender em grande par te da presença,

ex tensão e duração dessa vasocons t r ição; dela t ambém podem resultar insuficiências

loca l izadas ou genera l izadas da c i rculação cerebral , com conseqüentes isquemias de

graus diversos nas respect ivas áreas de distr ibuição. Nes te t raba lho os autores re­

v ê e m os ang iog ramas cerebrais de 100 casos de aneurismas in t racranianos e os cor­

re l ac ionam com a história clínica, exames neuro lógicos e e v o l u ç ã o ; e m 39 vezes

f o r a m regis t rados espasmos ar ter ia is cerebrais, dos quais 6 e r am locais (sediados

1 ou 2 cent ímetros , p rox ima l ou d is ta lmente ao aneur i sma) e 33 e r am difusos. O

espasmo foi hab i tua lmente notado no mesmo lado do aneurisma roto; entretanto,

em 6 pacientes ocorreu b i la te ra lmente .

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E m 85 vezes ocorrera hemor rag ia subaracnóidea an te r io rmente à rea l i zação da

ang iog ra f i a ; nos 15 casos restantes o aneurisma foi um achado acidenta l ou então

o paciente apresentava sinais e s intomas neuro lógicos suges t ivos de aneurisma, mas

sem história de sangramento . Diversos aspectos interessantes surg i ram da compa­

ração dos 39 casos demonst rando espasmo com os 61 casos restantes: em ambos os

grupos houve incidência percentual ap rox imadamen te igua l a té a idade de 50 anos;

desde então o número de casos com espasmo diminuiu cons ideravelmente , não obs­

tante a terça par te do número to ta l dos pacientes se encont rar ac ima da idade

de 50 anos. Este f a to foi in terpre tado como dev ido à interferência das a l te rações

ar ter iosclerót icas , que p resumive lmen te d i f i cu l t a r i am a capacidade vasocons t r i to ra

dos vasos. Com efe i to , em nenhum dos casos e m que a ang iog ra f i a r eve lou sinais

de ar ter iosclerose foi observado qua lquer fenômeno vasospást ico. P o r outro lado,

foi ve r i f i cado que a incidência de certos s intomas ou sinais cl ínicos ( c o m a ou es­

tupor, afasia, crises convuls ivas , hemipares ias e pap i l edema) e r am s igni f icantemente

mais evidentes nos casos com espasmo e m re lação aos demais .

Dos pacientes com espasmo, 87% apresen tavam, na ocasião da ang iogra f i a , l i ­

qüido cefa lor raquid iano hemor rág i co ou xan toc rômico ; em contraposição, apenas 31%

dos que não apresentaram espasmo e v i d e n c i a v a m estas a l te rações l iquóricas. Estes

dados sugerem que a presença de sangue no l iqüido cefa lor raquid iano deva ser cor­

re lacionada com a ve r i f i cação de espasmo. P o r out ro lado, o espasmo pode ocorrer

ou se a g r a v a r a despeito do c la reamento do sangue no l iqüido cefa lor raquid iano

e aparente melhor ia do estado cl ínico do paciente . Com efe i to , e m 3 pacientes da

série desenvo lve ram-se afasia e hemip leg ia 5 dias (2 casos) e 2 semanas após epi­

sódios de sangramento subaracnóideo; subseqüentemente o l iqüido cefa lor raquid iano

clareou e houve me lhora cl ínica. Punções l iquóricas repetidas r e v e l a r a m que estas

afasias e hemiparesias tardias não se co r r e l ac ionavam com hemorrag ias recorrentes .

E m dois desses casos, nos quais foi possível autópsia, não hav i a hematoma, t rom­

bose ou ro tura in t racerebra l ; t odav ia foi encontrada encefa lomalác ia nas áreas de

distr ibuição dos vasos em espasmo. O espasmo deve ocorrer l o g o depois da rotura

do aneurisma, de fo rma que sua demonst ração ang iog rá f i ca será mais fác i l quando

este e x a m e fô r fe i to precocemente ; habi tua lmente , o espasmo desaparece cerca de

2 a 3 semanas após a rotura do aneurisma, como se pode depreender pela fei tura

de caro t idograf ias seriadas. A mor ta l idade foi regis t rada em maio r grau no grupo

de pacientes ev idenc iando espasmos, pa r t i cu la rmente durante as pr imeiras três se­

manas após o sangramento e o prognós t ico parece ser me lhor quanto menor seja

a ex tensão do espasmo. E m nenhuma even tua l idade foi reg is t rado espasmo ar te r ia l

associado a aneurismas infracl inóideos, casos e m que a presença do sangue, ag indo

como i r r i tante local , poderia exp l ica r a ocorrência de espasmo. T o d a v i a , desde que

o espasmo pode ocorrer na ausência de sangue, d e v e m ocorrer fa tores adicionais na

produção e manutenção desses vasospasmos cerebrais; poss ive lmente eles dependam

t ambém de efei tos musculares ou de re f l exos nervosos causados pela distensão ou

rotura do aneurisma. A ocorrência de vasospasmo e de suas sérias conseqüências

neurológicas podem perdurar d iversos dias após a hemor rag ia subaracnóidea, de

fo rma que deve ser recomendado o t r a t amen to c i rúrg ico precoce dos aneurismas

int racranianos rotos.

R . M E L A R A G N O

SOBRE O D I A G N Ó S T I C O D E T R O M B O S E C A R O T Í D E A E S P E C I A L M E N T E SOB O

P O N T O D E V I S T A A N G I O G R Ä F I C O ( Z U R D I A G N O S E D E R C A R O T I S T H R O M -

BOSE U N T E R B E S O N D E R B E R Ü C K S I C H T I G U N G D E R A N G I O G R A P H I E ) . N .

N . N A D J A N . De r N e r v e n a r z t , 30:948-451 (outubro , 20) 1959.

Como para qualquer outra t rombose, três fa tores essenciais são responsáveis pela

fo rmação de t rombose das carót idas : a const i tuição do sangue, as a l te rações das

paredes vasculares e a d iminuição de ve loc idade da corrente sangüínea. A s intoma­

to log ia de t rombose carot ídea é mui to v a r i á v e l , dependendo da rapidez e intensidade

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da c i rculação no círculo de Wi l l i s , do g rau de suplencia cola tera l , da sede do t rombo

e do estado ge ra l do paciente . Nessas bases, são descri tos três tipos de evo lução

— agudo ou apople t i forme, l en tamente progress ivo e la tente — éste ú l t imo podendo

manifestar-se após episodio infeccioso, t raumat ismos, descompensação cardiovascular ,

insuficiência v a l v u l a r , anemias . Ev iden temente , uma c i rculação cola tera l suficiente

pode impedi r ou re tardar a influência des favoráve l desses fa tores . Ass im, é prat i ­

camente imposs ível a de te rminação re t rospec t iva da época de fo rmação de t rombose

da carót ida. A s a l terações aná tomo-pa to lóg icas ocas iona lmente evidenciadas em

casos de t rombose an t iga são representadas por amolec imentos ou atrof ias cort icais

ou subcorticais e podem ser evidenciadas pela pneumencefa lograf ia . T o d a v i a , os

achados pneumencefa lográf icos não d e v e m ser supervalor izados no diagnóst ico de

t rombose carot ídea pois não são pa tognomônicos . N a s formas agudas e fa ta is são

encontrados edema e amolec imentos , assim como hemor rag ias . N o s casos suspeitos

de t rombose da carótida, o mé todo semio lóg ico de escolha é a ang iog ra f i a cerebral ,

median te a qual podem ser exclu ídas diversas a fecções : tumores e abscessos cere­

brais, sangramentos in t racranianos ou pol iesclerose com s in tomato log ia uni la tera l .

A pa lpação da carót ida no pescoço pode ev idenc ia r um cordão endurecido e des­

p rov ido de pulsações; todavia , a presença de pulsação não afasta o diagnóst ico da

trombose, pois essa pulsação pode depender da ar tér ia carót ida ex te rna ou da ca­

rót ida p r imi t iva . A l é m disso, as medidas da pressão ocular, com ou sem compres­

são carot ídea, podem fornecer e lementos diagnóst icos importantes . O autor reco­

menda colocar o chassis do apare lho rad iográ f ico e m al tura suficiente para deter­

minar o ponto de bifurcação da ar tér ia carót ida comum.

N a d j a m regis t ra o caso aná tomo-c l ín ico de um paciente de 62 anos, com t rom­

bose de uma das carót idas internas ( e s q u e r d a ) , mas com aterosclerose de ambas,

e m que a caro t idograf ia most rou enchimento do sifão a t r avés das anastomoses de

ramos de carót ida ex te rna com a ar té r ia of tá lmica , anastomoses que ga ran t i am

t ambém uma revascu la r ização r e l a t i vamen te impor tan te da ar té r ia cerebral anter ior

e de pequena par te da cerebral média . A l é m dessas anastomoses entre r amos extra

e intracranianos, outras possibilidades podem ocorrer ; assim, a t r avés da ar tér ia oc­

cipi tal , a carót ida interna pode se anas tomosar com a ar tér ia ve r t eb ra l do mesmo

lado, ve icu lando o sangue para as ar tér ias basi lar cerebral posterior, comunicante

poster ior e, parc ia lmente , para o sistema carot ídeo.

R . M E L A R A G N O

O C L U S Ã O D O S E G M E N T O P R O X I M A L D A A R T É R I A C E R E B R A L A N T E R I O R ( P R O -

X I M A L O C C L U S I O N O F T H E A N T E R I O R C E R E B R A L A R T E R Y ) . J. E. W E B ­

STER, E. S. G U R D J I A N , D . W . L I N D E R e W . G. H A R D Y . A r c h . Neu ro l . ( A . M . A . )

2:19-25 ( j a n e i r o ) 1960.

A fa l ta de enchimento ou enchimento f i l i fo rme, em ang iogra f i a , do segmento pré-comunicante da ar té r ia cerebral anter ior pode ser devida a ar ter iosclerose ou a anomal ia congêni ta . O enve lhec imen to vascular , a l i ado a mal fo rmações congêni tas podem, por tanto, de te rminar disfunções no te r r i tór io do segmento pré-comunicante da ar tér ia cerebral anterior, sede f reqüente de ma l fo rmações (ausência ou cal ibre mui to r eduz ido ) , produzindo distúrbios a t r ibu íve is a lesão do h ipo tá lamo, do corpo estr iado e da porção anter ior da cápsula interna. En t re os quadros cl ínicos da oclusão da porção p rox ima l da ar té r ia cerebral an te r ior c o n v é m destacar a hemi­p leg ia desproporcionada com défici t p redominante no m e m b r o superior, ao cont rár io do que ocorre na oclusão do segmento pós-comunicante dessa ar tér ia , na qual o membro infer ior é o mais a t ingido . A l é m do diagnós t ico ang iog rá f i co , a compressão da carót ida do lado oposto pode ser um guia a l t amente suges t ivo no reconheci­mento da s i tuação: f reqüentemente essa compressão vascu la r resul tará em síncope associada à cont ração ( g r a s p i n g ) do m e m b r o superior.

J . Z A C L I S

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

C O N S I D E R A Ç Õ E S C L Í N I C A S E E L E C T R E N C E F A L O G R A F I C A S N O D I A G N Ó S T I C O

D E O C L U S Ã O D A A R T É R I A C A R Ó T I D A : R E V I S Ã O D E 35 C A S O S C O M P R O ­

V A D O S ( C L I N I C A L A N D E L E C T R O E N C E P H A L O G R A P H I C C O N S I D E R A T I O N S

I N T H E D I A G N O S I S O F C A R O T I D A R T E R Y O C C L U S I O N : A R E V I E W O F 35

V E R I F I E D C A S E S ) . W . K . H A S S e E. S. G O L D E N S O H N . N e u r o l o g y , 9:575-589

( s e t e m b r o ) 1959.

Estudo baseado e m 35 casos de oclusões carot ídeas t ra tados no Ins t i tu to N e u ­

ro lóg ico de N o v a Y o r k entre 1949 e 1957 e nos quais o d iagnóst ico fora compro­

v a d o pela ca ro t idogra f ia (31 casos) , pela autópsia ( 2 ) , pela ang ioca rd iogra f i a ( 1 )

ou por in te rvenção neuroci rúrgica ( 1 ) . Dos 35 pacientes, 26 e r am homens e 9 mu­

lheres; as idades na ocasião da hospi ta l ização v a r i a r a m de 40 a 73 anos. Pe los

dados ang iográ f icos , a oclusão ar ter ia l ocorrera no lado di re i to e m 20 pacientes

e à esquerda e m 11; h a v i a oclusão to ta l e m 27 casos e quase to ta l em 4; as

oclusões e s t avam situadas ao n íve l ou l o g o ac ima da bi furcação da carót ida e m

25 pacientes e, no sifão carot ídeo ou l o g o acima, em 5. E m um caso hav i a estrei­

tamento acentuado das porções cervicais e in t racranianas da carót ida interna; em

4 casos ex is t i am lesões mais raras. E m 22 pacientes, o início foi in te rmi ten te ;

em 10, l en tamente p rogress ivo ; nos 3 casos restantes, a a fecção instalou-se de modo

brusco. E m todos os casos hav ia déf ic i t mo to r unilateral , em gera l mui to mais

intenso no m e m b r o superior. Dos 23 pacientes com lesão no hemisfér io dominante ,

em 15 ocor re ram desordens afásicas. Mais r a ramente f o r a m assinaladas a l terações

da sensibilidade ou dos campos visuais. Diminu ição da pulsação carot ídea só foi

comprovada em dois casos, ambos com compromet imen to da carót ida comum, uni­

camente 4 casos apresen tavam, na ocasião da in te rvenção , tensão diastól ica supe­

r ior a 110. E m 26 pacientes submetidos à punção lombar , a pressão l iquór ica era

normal , não havendo pleioci tose, sendo os teores de proteínas totais d iscre tamente

e levados . Efei tos noc ivos decorrentes dos estudos rad iográ f icos contrastados (pneu-

m e n c e f a l o g r a f i a ) f o r a m regis t rados e m 4 sobre 6 pacientes. A s anormal idades

e lec t rencefa lográf icas e r am predominantemente de var iedade focal com ondas lentas,

aná logas às ve r i f i cáve i s em casos de tumores cerebrais ; em alguns casos hav ia uni­

camente depressão da v o l t a g e m ; de modo gera l , a intensidade das a l te rações e lé ­

tr icas correspondeu à g r av idade das desordens neurológicas e sua freqüência nas

oclusões carot ídeas (83% nesta casuís t ica) não é s igni f icantemente diferente da

regis t rada em pacientes com tumores cerebrais .

R. M E L A R A G N O

O E L E C T R E N C E F A L O G R A M A N A O C L U S Ã O D A A R T É R I A C A R Ó T I D A I N T E R N A

( T H E E L E C T R O E N C E P H A L O G R A M I N I N T E R N A L C A R O T I D A R T E R Y OC­

C L U S I O N ) . F. M C D O W E I . L , C H . E. W E L L S e C. E H L E R S . N e u r o l o g y , 9:678-681

(ou tub ro ) 1959.

Durante os ú l t imos anos v e m sendo ressaltada a impor tância da oclusão da

ar tér ia carót ida interna como causa de enfa r te cerebral , sendo estudados os di­

versos aspectos de que se reveste a t rombose carot ídea. À a r t e r iogra f i a está re­

servado o principal papel no d iagnóst ico; de modo gera l , t em sido dispensada menos

a tenção ao estudo e lec t rencefa lográ f ico . Os autores es tudaram os t raçados e lec t ren-

cefa lográ f icos obtidos em 20 pacientes com t rombose da carót ida interna nos quais

o d iagnóst ico fora comprovado pela ca ro t idogra f ia . E m 18 pacientes, a oclusão

era uni lateral , em um bi la tera l ; no ú l t imo caso a obstrução era incomple ta ; 15

pacientes e r am homens e 5 mulheres; suas idades v a r i a v a m entre 37 e 72 anos;

15 e s t a v a m na 6* ou 7» décadas da v ida . E m 11 casos a oclusão ocorrera no lado

di re i to e, e m 8 vezes , à esquerda. Nesses 20 pacientes f o r am fe i tos 36 e lec t ren-

ce fa logramas em períodos va r i ando de 4 dias a 6 anos após o iníc io da s in tomato­

l o g i a ; e m 12 pacientes, o E E G inicial foi rea l izado 2 horas após o aparec imento

dos pr imeiros sintomas. E m todos os 20 pacientes, o E E G foi considerado anormal ;

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

as a l terações e lec t rencefa lográf icas dominantes consist iam na presença de r i tmo de

base em ondas lentas difusas de ba ixa ampl i tude , com surtos de ondas lentas focais

e de ma io r ampl i tude . E m 19 dos pacientes hav i a d iminuição difusa da a t iv idade

e lé t r ica cerebral , p redominantemente do t ipo 6. Estas a l te rações habi tua lmente se

c o n f i n a v a m ao lado da lesão; às vezes , a len t idão do r i tmo abrangia ambos os he­

misfér ios . Interessante assinalar que, e m 19 pacientes, f o r am regis t radas anorma­

l idades e m ondas lentas focais dominantes, em gera l consistindo em mistura de a t i ­

v idade 6 e ô, dist inguindo-se bem c la ramente da ba ixa a t iv idade difusa de fundo.

Nesses 19 casos, em 16 vezes as a l te rações e lec t rencefa lográ f icas se l o c a l i z a v a m no

lado da insuficiência c irculatór ia , enquanto nos outros 3 casos fo ram encontradas

no lado oposto à oclusão ar ter ia l . Os autores ac red i tam que as modif icações e lec­

t r encefa lográ f i cas no decurso de t romboses carot ídeas, embora não específicas, po­

d e m conf i rmar o diagnóst ico, independentemente do emprego da a r te r iograf ia , quan­

do al iadas a outras informações ( s in tomato log ia , o f t a lmodinamomet r i a , auscul tação

e pa lpação das ar tér ias carót idas in t e rnas ) .

R. M E L A R A G N O

OS V A S O S D A C O N J U N T I V A B U L B A R N A O C L U S Ã O D A A R T É R I A C A R Ó T I D A

I N T E R N A ( T H E B U L B A R C O N J U N T I V A L V E S S E L S I N O C C L U S I O N O F T H E

I N T E R N A L C A R O T I D A R T E R Y ) . A . T . P A V L O U e G. W O L F F . A r c h . In t . Med. ,

104:53-60 ( j u n h o ) 1959.

A conjunt iva é vascular izada por ramos da ar té r ia o f tá lmica , de fo rma que

o estudo de seus vasos sangüíneos torna possível a a v a l i a ç ã o funcional da par te

t e rmina l da á r v o r e vascu la r cuja o r i g e m é a mesma daquela que supre grande

par te do hemisfér io cerebral . P a v l o u e W o l f f , estudando 11 casos de oclusão da

a r té r ia carót ida interna, ve r i f i ca ram, no lado da obstrução, as seguintes a l te rações

da i r r igação da conjunt iva bulbar : a ) d i l a tação das ar tér ias , ar ter ío las , ve ias e

vênulas ; b ) r e l a t i va escassez de pequenos vasos ; c ) d iminuição da ve loc idade

sangüínea nos vasos v i s íve i s . Os autores acredi tam, baseados na ve r i f i cação da

queda de pressão na ar tér ia cent ra l da ret ina, que essas a l te rações dependam de

isquemia h ipóxica das paredes vasculares resul tante de insuficiente apor te sangüíneo.

Esse compor tamento difere essencialmente do que se ve r i f i ca e m indivíduos hígidos

c o m pressão normal na ar tér ia central da retina, nos quais os efei tos vasod i l a t ado­

res provocados por i r r i t ação química, mecânica ou humora l (por ina lação de C O z )

a t i n g e m todos os vasos; nestas circunstâncias, ao cont rár io do que se ve r i f i ca na

i squemia hipóxica , t a m b é m par t ic ipam da vasod i l a t ação os vasos de mín imo cal ibre

e não há decréscimo da ve loc idade do f luxo sangüíneo. P o r out ro lado, essas a l t e ­

rações da vascu la r ização da conjunt iva bulbar ver i f icadas nas oclusões da carót ida

interna, não se o b s e r v a m e m pacientes com trombose de outros ramos ar ter ia is

in t racranianos ou da ar tér ia central da ret ina.

R. M E L A R A G N O

OS A N E U R I S M A S S A C U L A R E S S U P R A C L I N Ó I D E O S D A C A R Ó T I D A I N T E R N A :

E S T U D O A N A T O M O - C L Í N I C O E T E R A P Ê U T I C O SOBRE 16 C A S O S ( L E S A N E U -

R Y S M E S S A C C U L A I R E S D E L A C A R Ó T I D E I N T E R N E S U P R A - C L I N O I D I E N N E :

É T U D E A N A T O M O - C L I N I Q U E E T T H É R A P E U T I Q U E D ' A P R É S 16 C A S ) . B E R ­

N A R D P E R T U I S E T . Neuro-ch i ru rg ie , 5:183-206 ( ab r i l - j unho) 1959.

O t ra je to supracl inóideo da a r té r ia caró t ida interna, estendendo-se do t é rmino

do s ifão in t racavernoso a té a bi furcação das ar tér ias cerebrais an ter ior e média,

pode ser d iv id ido e m três segmentos : infer ior ou ve r t i ca l , médio ou hor izonta l e

superior, ve r t i ca l ou obl íquo . Os aneur ismas inserem-se unicamente nos dois úl t i­

mos segmentos . A s ectasias do segmento médio podem nascer de qualquer das

qua t ro faces do vaso , o que pe rmi te d is t inguir qua t ro var iedades ; a pr imeira destas

va r iedades ( s u p e r i o r ) , é a mais g r a v e por se de senvo lve r e m di reção ao espaço per-

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

furado anter ior . A s ectasias do segmento superior, conforme o modo e sede de

desenvo lv imen to do saco aneurismal , podem ser classif icadas e m var iedades la tera l ,

sagi ta l e med ia l ; e m seu desenvo lv imen to , estas ectasias podem compr imi r ou en­

v o l v e r os 3<? e 6» nervos cranianos. Sob o ponto de v is ta cl ínico, as var iedades

superior e med ia l do segmento médio se acompanham de quadro cl ínico suges t ivo

da sede da lesão; a va r i edade media l condiciona uma ceguei ra e, a superior, uma

hemip leg ia capsular. C o m o conduta terapêut ica, o autor preconiza, e m pacientes

com mais de 60 anos, a l igadura da ar té r ia carót ida comum, independentemente

da va r i edade topográ f i ca do aneurisma (6 casos pessoais, sem ac iden tes ) . E m pa­

cientes mais jovens , Per tu ise t indica o a taque dire to à m a l f o r m a ç ã o . E m 7 a taques

diretos houve 2 mortes , ambas imputáve is à dissecção do saco aneur ismát ico.

R . M E L A R A G N O

C O N S I D E R A Ç Õ E S SOBRE OS A N E U R I S M A S S I T U A D O S E N T R E A S A R T É R I A S CE­

R E B R A I S A N T E R I O R E S : A P R O P Ó S I T O D E U M A S É R I E D E 52 CASOS O P E ­

R A D O S ( C O N S I D É R A T I O N S S U R L E S A N É U R Y S M E S D E L A R É G I O N S I ­

T U É E E N T R E L E S A R T È R E S C É R É B R A L E S A N T É R I E U R E S : À P R O P O S D ' U N E

S É R I E D E 52 C A S O P É R É S ) . A . S N E L L M A N N , T . M A K E L A e S. N Y S T R O M . N e u r o ­

chirurgie , 5:143-161 ( ab r i l - j unho) 1959.

Os autores estudam os "aneurismas si tuados entre as duas ar tér ias cerebrais

anter iores" — nomencla tura que ado t am de preferência à de "aneurismas da ar tér ia

comunicante anter ior" — operados entre 1950 e 1957, compreendendo 52 casos ( e m

um to ta l de 181 casos de aneurismas in t racranianos ope rados ) , cujo d iagnós t ico foi

fe i to median te ca ro t idograf ia . H a v i a predominância no sexo mascul ino ( 2 9 : 2 3 ) ,

sendo a idade média dos pacientes de 41,3 anos ( v a r i a ç õ e s de 23 a 60 a n o s ) . Apenas

em 4 pacientes h a v i a hipertensão ar te r ia l e e m nenhum caso houve pos i t iv idade

das reações para a lues. H o u v e incidência de hemor rag ia subaracnóidea p rév ia e m

29 doentes; 19 h a v i a m sofrido dois e 4 pacientes t inham apresentado três episódios

de sangramento men íngeo . Os in te rva los entre duas hemor rag i a s e m um mesmo

paciente v a r i a r a m de 3 dias a 7 anos. F o i regis t rada grande va r i ab i l idade quanto

à s in tomato log ia cl ínica, dependendo, e m par te , da d i reção de crescimento e da

m o r f o l o g i a das ma l fo rmações vascu la res : 31 aneurismas se d i r ig i am para ba ixo e

para a f rente; 4 para a frente e para c ima; 2 d i re tamente para c ima; 8 para

ba ixo ; 2 para t rás e para c ima. N o que concerne à técnica neuroci rúrgica os m é ­

todos empregados fo r am os seguintes : in ter rupção do co lo do aneurisma por l i ga ­

dura com f io ou c l ipe (39 casos) ; l igadura da ar té r ia cerebra l an ter ior por cl ipe

(4 ca sos ) ; l igadura de ambas ar tér ias cerebrais anter iores (3 casos, todos com

insucesso) ; e n v o l v i m e n t o do aneurisma com músculo (5 casos) ; p lás t ica com ge la ­

tina ( 1 c a s o ) . A mor ta l idade opera tór ia foi de 6 sobre 52 casos. O seguimento,

possível e m 47 casos, mostrou que 16 pacientes puderam v o l t a r n o r m a l m e n t e ao

t raba lho ; e m 22 casos a v a l i d e z se encon t rava mais ou menos diminuída; 16 pacientes

não puderam v o l t a r ao t raba lho; dois v i e r a m a fa lecer mais ta rd iamente .

R . M E L A R A G N O

OS A N E U R I S M A S D A C O M U N I C A N T E A N T E R I O R : A S P E C T O S A N A T Ô M I C O S , M O ­

D A L I D A D E S O P E R A T Ó R I A S ( L E S A N E U R Y S M E S DE L A C O M M U N I C A N T E A N ­

T É R I E U R E : A S P E C T S A N A T O M I Q U E S , M O D A L I T É S O P É R A T O I R E S ) . J. LE-

POIRE e B. C O X A M . Neuro-Chi ru rg ie , 5:162-182 ( ab r i l - j unho) 1959.

A sede dos aneurismas da ar té r ia comunicante anter ior e sua hemodinãmica

par t icular c r i am para o neuroc i rurg ião dif iculdades técnicas especiais; com efe i to , a

inef icácia da l igadura da carót ida, a profundidade da estrutura a ser a t ingida, a

m o r f o l o g i a do colo d i f ic i lmente iden t i f i cáve l ( e , por vezes , mesmo ausen te ) , as re-

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

lações ana tômicas com as cerebrais anter iores e seus ramos, const i tuem problemas

sérios para o a to opera tór io . Nes t e t rabalho, baseado e m 22 observações , os auto­

res, discutindo os pormenores da técnica neurocirúrgica , insistem na ut i l idade de

abordar d i re tamente o colo ou o saco aneurismát ico, como at i tude terapêut ica e fe ­

t i v a e def in i t iva . P a r a isso, consideram necessário conduzir a in te rvenção sob hi­

po te rmia a f im de diminuir os riscos de uma interrupção temporár ia da c i rculação

e preconizam a amputação do lobo f rontal para permi t i r uma v i a de acesso mais

ampla . Da casuística dos autores, um paciente recusou a in te rvenção e v e i o a fa­

lecer no tercei ro episódio hemor rág ico , dois anos após o acidente in ic ia l ; dois doen­

tes f a l ece ram antes de qualquer possibil idade c i rúrgica ; dois fo ram t ra tados por

c l i pagem da cerebral anter ior do lado da injeção preferencia l ( u m dos operados

passa bem 9 anos após a in te rvenção e o outro foi perdido de v i s t a ) ; 8 doentes

sofreram l igadura do colo (7 com cura completa , 1 fa lecendo no pós -ope ra tó r io ) ;

8 pacientes f o r a m t ra tados pela c l i pagem g loba l do saco aneur ismát ico, na impos­

sibil idade de ser ident i f icado o colo (7 curaram-se sem seqüe l a s ) ; f ina lmente e m

um paciente foi exc isado o próprio aneurisma e l igada a cerebral anter ior esquerda,

com ó t imo resultado. A mor ta l idade g loba l foi de 25% e a mor ta l idade opera tór ia

de cerca de 10%. Os 17 casos considerados como curados não apresentaram qual­

quer seqüela.

R. M E L A R A G N O

A N E U R I S M A S D A A R T É R I A V E R T E B R A L : R E G I S T R O DE 5 C A S O S ( A N E U R Y S M S

O F T H E V E R T E B R A L A R T E R Y : R E P O R T O F 5 C A S E S ) . G. P A U L S O N , B . S.

N A S H O L D JR . e G. M A R G O L I S . N e u r o l o g y , 9:590-598 ( s e t e m b r o ) 1959.

A incidência de aneurismas da ar tér ia ve r t eb ra l comprovados em autópsias re­

presenta 1 a 15% de todos os aneurismas intracranianos. A p e s a r de f reqüentemente

assintomática, a exis tência de aneurisma ve r t eb ra l pode ser suspeitada, e m certos

casos, por vá r i a s caracter ís t icas conferidas pela compressão direta do cerebelo, do

t ronco d o encéfa lo e de nervos cranianos, a l é m dos s intomas dependentes do com­

promet imen to da i r r i gação sangüínea dessas estruturas. Dores cerv ica is profundas,

assim como sintomas dependentes de compromet imen to de nervos cranianos (pr in­

c ipa lmente t r i g ê m e o e f a c i a l ) podem ocorrer . O acomet imen to do 8"? par t a m b é m

não é insól i to e sua associação com distúrbios ves t ibulares pode induzir ao falso

d iagnóst ico de neur inoma do acústico. Déf i c i t mo to r uni la teral , associado ou não

a parestesias, pode ser ver i f i cado .

N o presente t rabalho os autores r eg i s t r am 5 casos dessa na tureza : um consti­

tuiu achado de autópsia e, e m 4, houve suspeita cl ínica. Destes úl t imos, dois f o ­

r am submetidos a a r te r iograf ias ver tebra i s ; a neuroci rurg ia fo i tentada e m dois

casos, sem sucesso.

N o s 5 casos fo ram observadas a l terações a terosclerót icas nas paredes dos aneu­rismas.

R. M E L A R A G N O

T R A T A M E N T O P R E C O C E DOS A N E U R I S M A S I N T R A C R A N I A N O S R O T O S D O C I R ­

C U L O D E W I L L I S C O M T É C N I C A E S P E C I A L D E C L I P A G E M ( E A R L Y T R E A T ­

M E N T O F R U P T U R E D I N T R A C R A N I A L A N E U R Y S M S O F T H E C I R C L E O F

W I L L I S W I T H S P E C I A L C L I P S T E C H N I Q U E ) . J . L A W R E N C E P O O L . Bul l . N e w

Y o r k A c a d . Med. , 35:357-369 ( j u n h o ) 1959.

D e v i d o à iminência de rotura de aneurismas intracranianos, o t r a t amento neu-

roc i rúrg ico d e v e ser rea l izado tão cedo quanto possível ; a época oportuna e o t ipo

de in te rvenção c i rúrgica dependerão da idade e das condições gera is do paciente,

assim c o m o da loca l i zação e das caracter ís t icas do aneurisma. Desde que a recor-

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

rência do sangramento é mais f reqüente entre o 7v e 14» dias após o aparec imento

dos sintomas iniciais, é prudente rea l izar a in te rvenção dentro da pr imeira semana

a par t i r do início do quadro cl ínico, desde que tenha sido fei ta loca l i zação ang io -

gráf ica e que as condições gerais do paciente sejam razoáve i s . Delongas , mesmo

de 24 horas, podem dar t empo a recorrências fatais ou com rel iquats g r aves (hemi ­

p legia permanente ou edema cerebra l g r a v e ) , condições que poderão ser ev i tadas

mediante ação c i rúrgica precoce. Os riscos da remoção de um paciente que t e v e

hemor rag ia subaracnóidea para um hospital dev idamente equipado são insignif ican­

tes. A escolha do processo c i rúrg ico depende de três fa tores : idade e condições

gerais do paciente; loca l i zação e t ipo do aneurisma? a exper iência do neurocirur­

g i ão . A tendência a tual dos neuroci rurgiões se d i r ige para a agressão int racraniana

do aneurisma e, sempre que possível , sua obl i te ração . Aper fe i çoamen tos técnicos

t ê m sido desenvolv idos para tornar a operação menos g r a v e ; assim, o e m p r e g o da

h ipotermia e de pequenos clips ( r e m o v í v e i s ainda durante a ope ração ) para a

oclusão temporár ia do f luxo sangüíneo destinado ao aneurisma fac i l i t am o a to ope­

ra tór io que v i sa a ob l i t e ração do saco aneur ismát ico por clips permanentes ou

sua ressecção.

R. M E L A R A G N O

H E M O R R A G I A I N T R A C R A N I A N A C O M O C O M P L I C A Ç Ã O D E T E R A P Ê U T I C A A N T I ­

C O A G U L A N T E ( I N T R A C R A N I A L H E M O R R H A G E A S A C O M P L I C A T I O N O F

A N T I C O A G U L A N T T H E R A P Y ) . K . D . B A R R O N e G. F E R G U S S O N . N e u r o l o g y , 9:

447-455 ( j u l h o ) 1959.

A medicação an t icoagulante , cujas van tagens são em gera l reconhecidas, o f e ­

rece t ambém riscos pelas hemorrag ias que pode condicionar (hematúr ias , enterorra-

gias, hemoptises, epistaxes, equimoses subcutâneas, sangramentos de feridas, san­

gramentos re t roper i toneais e em cavidades se rosas ) ; a l ém disso, há risco de san­

gramentos int racranianos que o presente t rabalho regis t ra em 5 casos, todos com

comprovação aná tomo-pa to lóg ica . Estes 5 casos se somam a 58 outros (dos quais

27 em pacientes com endocardi te bac t e r i ana ) recolhidos na l i te ra tura por Bar ron

e Fergusson; e m adendo estes autores re fe rem mais um caso fa ta l em sua casuís­

t ica própria e reg i s t ram 7 outros ci tados mais recentemente na l i te ra tura especia­

l izada . Dos 5 pacientes regis t rados neste t rabalho, um era hipertenso e se encon­

t r ava sob t ra tamento an t icoagulan te quando t e v e hemor rag ia int racerebelar . E m

6 pacientes mencionados na l i teratura, hav i a hipertensão ar ter ia l quando foi em­

pregada a medicação ant icoagulante , sendo a hemor rag ia int racraniana atr ibuída

a isso; entre tanto , na maior ia dos pacientes os níveis de prot rombina e r am mais

baixos que os desejáveis . A i n d a assim os autores pensam que o uso precoce de

ant icoagulantes e m pacientes que acabam de sofrer embol ia cerebral a g r a v a o pe­

r igo de t r ans formação do enfar te isquémico e m hemor rág ico e concluem que d e v e m

ser tomados cuidados especiais para o emprego de an t icoagulantes em pacientes

hipertensos ou com enfar te cerebral recente, par t icu la rmente nos devidos a em­

bolias .

R . M E L A R A G N O

C O M A P R O L O N G A D O P O R T R O M B O S E R E T A R D A D A D A A R T É R I A B A S I L A R C O N ­

S E Q Ü E N T E A T R A U M A E L É T R I C O : R E G I S T R O A N Á T O M O - C L 1 N I C O D E U M

C A S O ( P R O T R A C T E D C O M A F R O M D E L A Y E D T H R O M B O S I S O F B A S I L A R

A R T E R Y : C L I N I C O - P A T H O L O G I C A L R E P O R T O F A C A S E ) . E. H A A S E e J. A .

L U H A N . A r c h . N e u r o l . ( A . M . A . ) , 1:195-202 ( a g o s t o ) 1959.

Tra ta -se do regis t ro de caso e m que a v i d a do paciente se p ro longou por mais

de um ano após uma encefa lomalác ia maciça comprometendo a substância re t icular

do t ronco do encéfalo , com in tegr idade p ra t i camente comple ta do cór tex cerebral .

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

O início da a fecção ocorreu 19 dias após exposição acidental à corrente e lé t r ica

de a l ta v o l t a g e m . O e x a m e aná tomo-pa to lóg i co reve lou oclusão da ar té r ia basi lar

e, como conseqüência, extensa encefa lomalác ia do mesencéfa lo e par te superior da

ponte, comprometendo a fo rmação t egmen ta r ret icular . E m vis ta do decurso c l í ­

nico do caso e da tendência com que choques e lé t r icos de a l ta v o l t a g e m a l t e r am

vasos sangüíneos, os autores admi tem uma re lação de causa e efei to , pelo menos

como fa tor precipi tante, do choque e lé t r ico na produção do t rombo oclus ivo .

R . M E L A R A G N O

E N C E F A L O M I E L I T E S O B S E R V A D A S D U R A N T E A U L T I M A E P I D E M I A G R I P A L :

14 O B S E R V A Ç Õ E S A N A T O M O - C L I N I C A S ( L E S E N C É P H A L O M Y E L I T E S O B S E R -

V É E S P E N D A N T L A D E R N I È R E E P I D É M I E G R I P A L E : 14 O B S E R V A T I O N S

A N A T O M O - C L I N I Q U E S ) . S. B A T T A G L I A , G . C. G R A Z I , J . M A C C H I e T . M A S I N I .

A c t a Neuro l . et Psychia t . Bélg ica , 59:123-162, 1959.

Do ponto de v is ta cl ínico os autores d iv id i r am os casos e m três grupos : no

pr imei ro ( u m c a s o ) , hav ia s in tomato log ia predominantemente mioc lônica ao n íve l

dos músculos peribucais e manifestações correspondentes a compromet imen to do

t ronco cerebral (per turbações da deglu t ição , da resp i ração) e dos hemisférios ce­

rebrais ; o segundo grupo incluiu três casos com síndrome para l í t ica do t ipo ascen­

dente, evo lu indo rap idamente para o óbi to por paral is ia respiratória, nos quais o e x a m e do l iqüido cefa lor raquid iano mostrou reação meníngea do t ipo l in foc i tá r io ;

no te rce i ro grupo (6 casos ) , houve a l t e ração progress iva ou brusca do sensório,

crises convuls ivas e hiper termia.

Do ponto de vis ta aná tomo-pa to lóg ico , as observações incluídas nos dois pri­

meiros grupos são bastante diversas, mas as lesões exp l i c am os sintomas. O ter­

ceiro grupo é r e l a t ivamen te uniforme do ponto de vis ta cl ínico, mas po l imor fo do

ponto de vis ta aná tomo-pa to lóg ico . N o paciente do p r imei ro grupo foi encontrada

encefa l i te difusa a t ing indo os hemisférios, o t ronco cerebral e o cerebelo; ao l ado

de lesões t ípicas de pol ioencefa l i te do t ronco cerebral e dos núcleos cinzentos cen­

trais hav ia leucoencefal i te hemisfér ica; o cór tex foi pouco a t ing ido ; ao lado de

lesões celulares agudas hav ia lesões per ivasculares caracter izadas por nódulos g l i a i s ;

as células gang l ionares dos cornos anter iores e s t a v a m intactas; as desmiel in izações

e ram perivenosas e axia is . O segundo grupo se carac ter izou por um processo de

pol iomie l i te , em um caso l imi tado apenas à medula, e estendendo-se ao t ronco ce­

rebral nos casos restantes ( e m um caso os nódulos gl ia is a t i n g i r a m o cór tex cere­

b r a l ) . N o tercei ro grupo fo ram observados 4 tipos diferentes de processos pa to ló ­

g icos : a ) quadro de panencefal i te difusa ( u m c a s o ) ; b ) quadro de meningoence-

fa l i te l infoci tár ia (4 casos) , acompanhado de edema adven t ic ia l e per ivascular dos

hemisfér ios cerebrais ; c ) a essa exsudação l infoci tár ia se associou, em um caso,

desmiel in ização per ivent r icu lar ; d ) em dois casos houve leucoencefa l i te hemorrá ­

gica de intensidade moderada, tendo sido, em um deles, o edema e as hemorrag ias

per ivasculares as lesões mais impor tantes ; e m outro, ao cont rár io , a reação hemor­

rág ica se associava a exsudações celulares e a pro l i fe ração mic rog l i a l per ivascu­

lar com desmiel in ização mui to discreta.

S Y L V I O S A R A I V A

C O N S I D E R A Ç Õ E S C L I N I C A S E P A T O G Ê N I C A S SOBRE A M I A S T E N I A , C O M P A R ­

T I C U L A R R E F E R Ê N C I A A O P A P E L D A S L E S Õ E S D O T I M O ( C O N S I D E R A Z I O N I

C L I N I C H E E P A T O G E N E T I C H E S U L L A M I A S T E N I A , C O N P A R T I C O L A R E R I -

G U A R D O A L L ' I M P O R T A N Z A C H E I N E S S A A S S U M O N O L E L E S I O N I D E L

T I M O ) . E. B O R G N A . Sistema N e r v o s o , 11:319-337, 1959.

O autor apresenta as observações cl ínicas de dois pacientes portadores de mias-

tenia g r a v e associada a aumento de v o l u m e do t imo conf i rmado pela pneumomedias-

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

t inograf ia ; em um dos casos foi feita a t imectomia , tendo o e x a m e h i s topa to lóg ico

most rado tratar-se de t imoma. A paciente submetida à t imectomia , após melhora

inicial , piorou progress ivamente a té o óbi to . A patogenia da doença é discutida,

sendo ressaltada a impor tância dos fatores de natureza endócrina, e m par t icular

as a l terações da função t imica decorrentes de hiperplasia ou de tumor da glândula .

P o r este m o t i v o o autor dá ênfase aos exames rad io lóg icos simples e contrastados.

Ju lgamos de interesse a exis tência de hiperostose frontal interna nos dois casos

estudados, pois não encontramos, na l i teratura, referências a esta a l t e ração na

mias tenia g r a v e . Outro fa to que merece reparos foi a normal idade do e lec t rocar­

d iog rama em um caso, e a presença de a l terações caracter izadas por inversão da

onda T e aba ixamen to dos complexos vent r icu lares e m outro caso, em paciente

sem al terações cl ínicas no aparelho cardiovascular . O autor conclui que o fator

pa togênico principal reside em um distúrbio na transmissão dos impulsos nervosos

ao n ive l da junção neuromuscular , ace i tando a hipótese química de t ransmissão;

na miastenia o t imo está ana tômica e funcionalmente a l terado, fa to que concorre

para per turbar o mecanismo f i s io lógico da transmissão sináptica.

J. L A M A R T I N E DE A S S I S

S Í N D R O M E M I A S T Ê N I C A E M P A C I E N T E S C O M E S C L E R O S E L A T E R A L A M I O T R Ó -

F I C A ( M Y A S T H E N I C S Y N D R O M E I N P A T I E N T S W I T H A M Y O T R O P H I C L A ­

T E R A L S C L E R O S I S ) . D . W . M U L D E R , E. H . L A M B E R T e L . M . E A T O N . N e u r o l o g y ,

9 : 6 2 7 - 6 3 1 ( o u t u b r o ) 1 9 5 9 .

N o decurso de a lguns casos de esclerose la te ra l amio t ró f ica podem ocorrer si­

nais cl ínicos ou labora tor ia i s de fa t igab i l idade muscular exagerada , semelhante à

ver i f i cada na miastenia g r a v e . Mulder e colaboradores apresentam 4 casos de m o ­

léstia de Chareot nos quais hav i a s índrome miastênica associada. Os sintomas

miastênicos e r am mais aparentes nos músculos severamente afetados pelo compro­

met imen to das células dos cornos anteriores, sendo nítidas as respostas à adminis­

t ração do Tens i lon e da d-tubocurarina. U m dos pacientes tinha pronunciada di­

minuição da força muscular após a injeção de 1 / 1 0 da dose curar izante da d-tubo­

curarina, efe i to este que, entre tanto , era prontamente anulado pelo uso do Tens i lon .

E m todos os casos a injeção do Tens i lon ou da neost igmina proporcionou melhora

parcial dos sintomas def ic i tár ios musculares.

A ocorrência de uma síndrome miastênica associada à esclerose la tera l amio ­t róf ica sugere que anormal idades do neurônio moto r infer ior possam resul tar de um defe i to de condução neuromuscular, o qual, e m muitos aspectos, se assemelha às encont ráve is na miastenia . O mecanismo determinante dessa s índrome nos pa­cientes com a doença de Chareot ainda é obscuro. Os autores a v e n t a m a lgumas hipóteses exp l i ca t ivas .

R. M E L A R A G N O

I N V E S T I G A Ç Õ E S C L I N I C A S E E L E C T R E N C E F A L O G R Á F I C A S N A D I S S I N E R G I A C E R E B E L A R M I O C L Ô N I C A ( C L I N I C A L A N D E L E C T R O E N C E P H A L O G R A P H I C I N V E S T I G A T I O N S I N M Y O C L O N I C C E R E B E L A R D Y S S Y N E R G I A ) . A . K R E I N D -LER, E. C R I G H A L e I . P O E L I C I . J. Neuro l . , Neurosurg . a. Pychiat . , 2 2 : 2 3 2 - 2 3 7 , 1 9 5 9 .

Os autores apresentam o estudo cl inico, e l ec t rencefa lográ f i co e e l ec t ro fa rmaco-

lóg ico de três i rmãos, sendo que um apresentava manifes tações clínicas e e lec t ren-

cefa lográf icas t ípicas da dissinergia cerebelar mioelônica , outro apresentava apenas

complexos at ípicos espícula-onda 4 a 5 c/s , mas sem mioclonias , e o tercei ro t inha

uma s índrome cerebelar e seu e l ec t r ence fa log rama exib ia ondas lentas amplas, g e ­

neral izadas , s imétr icas e sinusoidais, não influenciadas pela fo to-es t imulação . E m

um caso a c lorpromazina acentuou os sinais cerebelares e fêz aparecer as m i o c l o -

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

nias, enquanto, em outro, abol iu quase que comple tamen te as mioclonias , embora

pouca influência t ivesse sobre o e l ec t r ence fa lograma; neste caso a adrenal ina ag ra ­

v o u as mioclonias . Com base nestes resul tados os autores a d m i t e m que a dissiner-

g ia cerebelar mioc lônica dependa de disfunção do sistema ret icular .

O presente t raba lho nos pareceu a l g o confuso, não sendo refer ido se os enfer­

mos e s t a v a m e m uso de drogas an t iconvuls ivantes e se estas f o r a m suspensas, ou

não, durante as provas e l ec t ro fa rmaco ióg icas . A l é m disso, os autores omi t i r am a

p rova com o curare que ter ia sido útil nos casos estudados. Apenas um caso ( o

p r i m e i r o ) era t ípico de dissinergia cerebelar mioclônica . Ju lgamos prematura , v a g a

e sem base f i rme a conclusão dos autores acerca da pa togen ia da afecção .

R . M E L A R A G N O

U S O I N T R A V E N O S O D E U R É I A P A R A O C O N T R O L E D A H I P E R T E N S Ã O I N T R A ­C R A N I A N A ( T H E I N T R A V E N O U S USE O F U R E A F O R C O N T R O L O F I N T R A -C R A N I A L H Y P E R T E N S I O N ) . .1. S. M A R S H e F. M . A N D E R S O N . Bul i . L o s A n ­geles Neu ro l . S o e , 24:174-179 ( s e t e m b r o ) 1959.

Os autores in ic iam seu t rabalho com um breve his tór ico sobre o uso da uréia

in t ravenosa para o controle de hipertensão intracraniana, c i tando pr inc ipa lmente

os t rabalhos de Javíd e resumindo suas conclusões. A seguir, m o s t r a m o resultado

de sua exper iência haurida mediante a adminis t ração de 113 doses e m 43 pacientes.

A solução usada foi sempre de 30% e m solução de g l icose a 5% ou de açúcar in­

ve r t i do a 10%. O mater ia l era composto de tumores cerebrais, t raumat ismos cra­

nianos, ma l fo rmações vasculares, abscessos cerebrais e encefal i tes . N o s casos cirúr­

gicos os pacientes f o r am submetidos à droga antes, durante ou após o a to ope­

ra tór io .

O resul tado foi cont ro lado c l in icamente , pela v i s ib i l i zação cirúrgica, median te

punção lombar ou pela medida da tensão ar te r ia l . A diurese sempre foi controla­

da. E m alguns pacientes foi fe i to cont ro le da uremia, do K sangüíneo e da re­

se rva a lcal ina . Os autores concluem que, na maior ia dos casos, o resul tado da

adminis t ração de uréia é bom, havendo , no entanto, casos e m que não se obse rvam

resultados sat isfatór ios . A uréia e levou-se t rans i tor iamente no sangue. A diurese

e m ge ra l aumentou. N ã o houve modif icações aprec iáveis dos e lec t ró l i tos sangüíneos.

Nunca f o r a m observados fenômenos de "rebound" após a adminis t ração de uréia.

Efe i tos cola tera is f o r am assinalados em dois casos (necrose subcutânea e fo rmação

de vesículas c u t â n e a s ) : e m um dos pacientes houve e x t r a v a s a m e n t o do l iqü ido por

agu lha ma l co locada; no outro não houve demonst ração deste f a to . A l g u n s pacien­

tes apresentaram t romboflebi tes .

G I L L E S H E N R I D U C H É N E

A M O B I L I D A D E D O S E G M E N T O C E R V I C A L D A M E D U L A E S P I N H A L E M C O N D I ­

ÇÕES N O R M A I S ( T H E M O B I L I T Y O F T H E C E R V I C A L S P I N A L C O R D U N D E R

N O R M A L C O N D I T I O N S ) . J . J I R O T . Br i t . J . Radio l . , 32:744-751 ( n o v e m b r o )

1959.

Estudando a mobi l idade do segmento ce rv ica l da medula median te e m p r e g o

de método pneumomie lográ f i co , o autor chegou às seguintes conclusões: a ) a po­

sição do segmento cerv ica l da medula espinhal não é constante, podendo deslocar-se

a té 9 m m e m direção sagi ta l conforme a posição do corpo; b ) os deslocamentos

são va r i áve i s de acordo com os diferentes n íve i s (mín imos ao n íve l de C 3 , eles au­

men tam progress ivamente em direção crania l e c a u d a l ) ; c ) a grande mobi l idade

da medula não tem re lação com o d iâmet ro ântero-poster ior do canal ver tebra l ,

sendo os deslocamentos mais amplos na porção inferior , menos calibrosa, do que

na porção superior onde os d iâmetros do canal ve r t eb ra l são maiores ; d ) as v a -

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

r iações na fo rma do pescoço — maio r ou menor grau de curva tura e m di reção

sagi ta l — não in f luem dec is ivamente nas relações entre a medula e as paredes do

canal ve r t eb ra l . Estes estudos pneumomie lográ f icos conf i rmam os estudos anatô­

micos fei tos em cadáver , segundo os quais, em posição prona, o segmento ce rv ica l

da medula se desloca e m direção ven t r a l ao passo que, e m posição supina, a m e ­

dula é deslocada e m direção dorsal .

J . Z A C L I S

R E V I S Ã O N E U R O P A T O L Ó G I C A D E L E S Õ E S C E R E B R A I S E D O S P E R I G O S I N E ­R E N T E S A Q U I M I O P A L I D E C T O M I A ( N E U R O P A T H O L O G I C R E V I E W O F B R A I N L E S I O N S A N D I N H E R E N T D A N G E R S I N C H E M I O P A L L I D E C T O M Y ) . R . G. W H I T E , C. S. M A C C A K T Y e R . C. B A H N . A r c h . Neu ro l . ( A . M . A . ) , 2:12-17 ( j a ­ne i ro ) 1960.

Interessante caso aná tomo-c l ín ico de qu imiopa l idec tomia fei ta segundo a téc­

nica preconizada por Cooper . A necropsia demonstrou que a par te media l do g lobo

pál ido esquerdo fora a t ing ida cor re tamente mas o g lobo pá l ido do lado direi to,

assim como a comissura anter ior , t a m b é m apresen tavam lesões, interpretadas como

devidas à difusão do agen te l í t ico empregado ( E t o p a l i n ) . P o r out ro lado os sinto­

mas ( t r emor e r i g i d e z ) não fo r am influenciados de modo aprec iáve l pela lesão pa-

l idal . Esta observação , mui to interessante, parece pôr e m choque os novos con­

ceitos re la t ivos à f i s io logia do sistema ex t rap i ramida l e à pa togenia das hiperci­

nesias.

J. Z A C L I S

A C I R U R G I A D O L Ó B U L O P R É - F R O N T A L C O M O M E I O D E E R R A D I C A Ç Ã O DE A N ­

S I E D A D E I N T R A T Á V E L ( T H E R O L E O F P R E F R O N T A L L O B E S U R G E R Y A S

A M E A N S O F E R R A D I C A T I N G I N T R A C T A B L E A N X I E T Y ) . J . S L O C U M , C. L .

B E N N E T T e J . L A W R E N C E P O O L . A m . J . Psychiat . , 116:222-230 ( s e t e m b r o ) 1959.

Os autores apresentam sua casuística de 18 casos de leucotomia pré-frontal

regis t rada e m 10 anos, sal ientando que este pequeno número é dev ido à r igorosa

seleção, pois, após 50 aparentes boas indicações para o processo opera tór io , cuida­

dosos exames cl ínicos, ps icológicos e psiquiátr icos demonst raram que a indicação

era rea lmente cer ta apenas nestes 18 pacientes (5 psicóticos e 13 neuró t i cos ) . Como

indicadora da psicocirurgia foi considerada a presença de ag i t ação ou ansiedade

crônicas, de longa duração, não respondendo f a v o r a v e l m e n t e a outros t ra tamentos .

A in te rvenção c i rúrgica determinou remissão do s intoma em três e a l í v i o em dois

dos psicóticos; grandes melhoras fo ram assinaladas em 12 dos neuróticos. Os au­

tores descrevem as medidas psicoterápicas e a conduta v isando a boa readaptação

do paciente após o t r a t amento c i rúrgico . O t rabalho não t raz novidades Impor­

tantes; suas conclusões são as mesmas da ma io r i a dos autores, especia lmente no

que se refere às indicações da leucotomia pré-frontal . A grande pe rcen tagem de

melhoras se d e v e ao fa to de te rem sido obedecidas as normas quanto às indicações

r igorosas .

G E R A L D O S Q U I L A S S I

T R A T A M E N T O D A E S Q U I Z O F R E N I A A N É R G I C A C O M I M I P R A M I N A ( T H E T R E A T ­

M E N T O F A N E R G I C S C H I Z O P H R E N I A W I T H I M I P R A M I N E ) . P . E. F E L D M A N .

J. Clin. a. Exper . Psychopathol . & Quart . R e v . of Psychia t . a. Neurol . , 20:235-242

( j u lho -dezembro ) 1959.

Como os t rabalhos sobre o c lor idra to de imipramina ( T o f r a n i l ) apenas men­

c ionam a possibil idade do e m p r e g o de ta l medicação no t ra tamento da esquizofre­

nia, o au tor selecionou 84 esquizofrênicos de t ipo anérg ico , sendo 26 de t ipo não

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

classificado, 30 paranóides, 22 catatônicos, 5 hebefrênicos e um simples, submetendo-os

a essa terapêut ica . A s doses empregadas f o r a m de 50 m g no pr imei ro dia, au­

mentando 25 m g / d i a cada 3-5 dias até, na ma io r i a dos casos, 100-150 m g / d i a ; apenas

e m a lguns foi empregada a dose de 400 m g / d i a ; a duração média do t r a t amen to

fo i de 60 dias; em 23 casos o t r a t amento foi in te r rompido pela ocorrência de efei tos

cola tera is ( exc i t ação , f raqueza, perda de peso, convulsões, fu runcu lose ) . E x a m e s de

labora tór io , repetidos cada 7-10 dias, não mos t ra ram modif icações s ign i f ica t ivas na

fosfatase alcal ina, reação indireta de v a n den Bergh , t u rvação do t imol , n i t rogên io

não proteico, uréia sangüínea, h e m o g r a m a e anál ise urinária. O to ta l de melhoras

s igni f ica t ivas foi de 48%; apresentaram maio r indice de melhoras a conta tuação

com o ambiente , o apet i te e a a fe t iv idade , sendo menos inf luenciadas a agress iv i ­

dade, a host i l idade e as alucinações. A única fo rma simples do grupo apresentou

boas melhoras ; os tipos não classif icados e os paranóides r e a g i r a m melhor que os

catatônicos, enquanto que os 5 hebefrênicos não apresen ta ram al terações . O autor

sal ienta não ter ve r i f i cado os efei tos cola tera is mais comumente ci tados na l i t e ­

ra tura : secura das mucosas, tonturas, insónia, t remores , obst ipação, bor ramento da

v isão , erupções cutâneas, palpi tações, hiperidrose, ic ter ic ia e s índrome parkinsoniana.

E m conclusão, admi te o autor que, apesar do número to ta l de melhoras ser de

apenas 50% dos casos e mesmo considerando que 27% dos casos apresentaram

efei tos colaterais , será interessante o e m p r e g o e observação mais cuidadosa desta

n o v a medicação, pr inc ipa lmente em quadros depressivos cuja terapêut ica se res­

sente da fa l ta de produtos de ação segura.

G E R A L D O S Q U I L A S S I

C O M P A R A Ç Ã O G R A F I C A DOS E F E I T O S D E C I N C O F E N O T I A Z I N A S ( A G R A P H I C

C O M P A R I S O N O F F I V E P H E N O T H I A Z I N E S ) . J. A . S M T H , D . C H R I S T I A N , E.

M A N S F I E L D e A . F I G A R E D O . A m . J. Psychiat . , 116:392-399 ( n o v e m b r o ) 1959.

D e v i d o ao número sempre maior de der ivados fenot iaz ínicos os autores resol­

v e r a m exper imenta r cinco destas medicações : SQ 4918 ou Vespazine, Win-13-645-5,

SC 7105, A d a z i n e e T r i l a f o n . F o r a m selecionados 132 esquizofrênicos e 3 pacientes

com psicose maníaco-depressiva, sendo dada preferência aos pacientes internados

há mais de um ano. A f im de ev i t a r o fa tor pessoal na a v a l i a ç ã o dos resultados,

foi empregada a mesma equipe para estudo dos efe i tos da mesma droga . C o m

Wdas as drogas houve a l ta incidência de efei tos cola tera is e poucas melhoras . Os

autores j u l g a m que as medicações estudadas não o fe recem melhores van tagens te­

rapêut icas que os métodos ut i l izados an ter iormente . É preciso, contudo, fazer uma

ressalva impor tan te : todos os pacientes f o r am submetidos a t r a t amento apenas du­

rante duas semanas, sendo opinião da g rande maior ia dos autores que os casos

crônicos e x i g e m longos t ra tamentos .

G E R A L D O S Q U I L A S S I

T R A T A M E N T O D E S Í N D R O M E P Ó S - A L C O Ó L I C A C O M C L O R I D R A T O D E T R I F L U -

P R O M A Z I N A ( T R E A T M E N T O F P O S T A L C O H O L I C S Y N D R O M E W I T H T R I F L U -

P R O M A Z I N E H Y D R O C H L O R I D E ) . H . I . G O L D M A N . J .A .M.A. , 174:1502-1503 (no.-

vembro , 14) 1959.

Visando a l i v i a r os s intomas decorrentes de abstinência de á lcool o autor usou

o c lor idra to de t r i f lupromazina (Siqui l , no B r a s i l ) , durante cerca de um ano, em

221 homens e 31 mulheres . A s doses f o r a m de 25 m g cada 4 horas; não havendo

resposta, a medicação era aumentada até a t ing i r 150-400 m g / d i a . Os resultados

obtidos podem ser considerados ót imos, pois ocor re ram melhoras quanto à ag i t ação

(212 casos) , às neuroses (203 casos) , às alucinoses (212) , às náuseas ( 2 0 9 ) . Quanto

às mulheres e m part icular , apenas uma não melhorou; é interessante esta melhor

resposta terapêut ica no sexo feminino, o que pode ter g rande s igni f icado cl ínico.

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE ATEROSCLEROSE CEREBRAL EM ...

O autor comenta t rabalhos que demons t ram melhor resposta das mulheres esquizo­

frênicas e m re lação aos homens esquizofrênicos no que se refere à conduta, quando

ambos são t ra tados com c lor idra to de t r i f lupromazina .

G E R A L D O S Q U I L A S S I

E F E I T O S D A C L O R P R O M A Z I N A E D O Á L C O O L SOBRE A C O O R D E N A Ç Ã O E J U L ­

G A M E N T O ( E F F E C T S O F C H L O R P R O M A Z I N E A N D A L C O H O L I N C O O R D I N A -

T I O N A N D J U D G E M E N T ) . G. A . ZlRKLE, D . K I N G , O. B. MCATEE e R . V A N DYKE.

J .A .M.A. , 174:1496-1499 ( n o v e m b r o , 14) 1959.

Dada a f reqüência de acidentes automobi l í s t icos nos quais os acidentados es­

t a v a m e m uso de drogas a ta ráx icas e t inham tomado á lcool , os autores r e so lve ram

inves t iga r a ação da associação c lo rpromazina + á lcool sobre a coordenação mus­

cular e sobre o j u lgamen to . Se lec ionaram 18 empregados do hospital e 6 doentes

(18 homens e 6 mu lhe re s ) , d iv idindo-os em 4 grupos estudados e m 4 e tapas : 1 )

p lacebo de c lo rpromazina + placebo de á lcoo l ; 2 ) c lo rpromazina + placebo de á l ­

cool ; 3 ) p lacebo de á lcool -f c lo rpromazina ; 4 ) c lorpromazina + á lcoo l . F o r a m

empregados 200 m g / d i a de c lorpromazina ( in ic iando as tomadas uma semana antes

da inges tão de á lcool , a f im de obter a ma io r ap rox imação com as condições tera­

pêuticas cor ren tes ) e á lcool suficiente para man te r uma t axa de 0,05% no sangue,

com o e s tômago v a z i o . Após descreverem a técnica empregada , os testes ava l i a ­

dores e os s intomas acusados pelos pacientes, os autores apresentam os resultados,

most rando que pequenas quantidades de c lorpromazina po tenc ia l i zam for temente o

efe i to do á lcool (50% das pessoas que t o m a r a m c lorpromazina + á lcool se mostra­

r am bastante sonolentas e 40% apresentaram sintomas de i n t o x i c a ç ã o ) , ressaltando

que a quant idade de á lcool por si só não seria suficiente para de terminar tais sin­

tomas. Os autores concluem sal ientando ser inconveniente que pacientes que este­

j a m tomando c lo rpromazina e que possam t o m a r á lcool , t r aba lhem em serviços que

e x i j a m atenção. O médico que recei tar c lo rpromazina deve de ixa r bem claro ao

paciente o pe r igo da inges tão de á lcoo l .

G E R A L D O S Q U I L A S S I