Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática...
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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
Licenciatura em Educação Ambiental
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do Hospital Central
de Maputo
MONOGRAFIA
Rosa Carlos Neves
Maputo, Setembro de 2015
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do Hospital Central
de Maputo
Monografia apresentada ao Departamento de Educação em Ciências Naturais e
Matemática, como requisito final para a obtenção do grau de Licenciatura.
Rosa Carlos Neves
Supervisor: Prof. Doutor Francisco Maria Januário
Co-Supervisor: dr. Armindo Ernesto
Com o apoio do:
Projecto de Cooperação Internacional Brasil - Moçambique para Formação de
Professores de Ciências e Matemática
Maputo, Setembro de 2015
i
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE
Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau
de Licenciatura em Educação Ambiental e aprovada na sua forma final pelo Curso de
Licenciatura em Educação Ambiental da Faculdade de Educação da Universidade
Eduardo Mondlane.
Prof. dr. Aguiar Baquete
___________________________________
(Director do Curso de Educação Ambiental)
O Júri de Avaliação
____________________ ____________________ __________________
(Presidente) (Examinador) (Supervisor)
ii
AGRADECIMENTOS
À todos, o meu obrigado!
Ao meu supervisor, Prof. Doutor Francisco Maria Januário e ao meu co-supervisor, dr.
Armindo Ernesto, pela sabedoria, dedicação, paciência, atenção e acompanhamento na
elaboração do presente trabalho, fazendo críticas, dando ideias construtivas, força e
apoio até nos momentos de desânimo.
Aos meus pais Carlos Neves e Maria Eugénia pela dedicação, incentivo e
acompanhamento do ensino primário ao superior. À minha irmã, Rosa da Conceição,
pelo encorajamento em continuar na minha carreira estudantil; aos meus sobrinhos
Pedrito e Genita, minha prima Carla e ao David pelo carinho.
Aos docentes do Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática da
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane por me terem transmitido
conhecimentos educacionais e ambientais que estão e estarão sempre gravados na minha
memória.
Aos funcionários do Departamento pela paciência no atendimento aos meus anseios.
À administração do Hospital Central de Maputo e à Comissão de Bioética de Faculdade
de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane pela aprovação do protocolo de
pesquisa e por tornarem esta pesquisa uma realidade.
À Comissão de prevenção e controlo de infecções e à equipa cirúrgica, pela paciência
que tiveram em disponibilizar o seu tempo para ouvir e considerar as minhas perguntas.
Aos meus colegas da turma de Educação Ambiental, geração 2011 regime laboral, em
especial aos meus colegas do primeiro grupo “the dream team”, Hélio, Francisco,
Idélson, Lucinda e Regina, pelos momentos que nos encontrávamos para realização dos
trabalhos em grupo, bem como pela paciência e tolerância nos momentos de conflito
cognitivo.
À todos os meus familiares e amigos pelo apoio e por cultivar em mim o espírito de
batalhadora no percurso académico.
iii
DEDICATÓRIA
Dedico especialmente
À memória do meu irmão Jochua António, aos meus pais Carlos Julião Neves e Maria
Eugénia Mário Chai Chai e à minha irmã, Rosa da Conceição, pelos ensinamentos no
âmbito do meu desenvolvimento humano e cognitivo.
iv
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que esta monografia nunca foi apresentada para a obtenção de
qualquer grau académico e que a mesma constitui o resultado do meu labor individual,
estando indicados ao longo do texto e nas referências bibliográficas todas as fontes
utilizadas.
v
LISTA DE ABREVIATURAS
AC Ar Condicionado
BOC Bloco Operatório Central
EA Educação Ambiental
EPI Equipamento de Protecção Individual
FACED Faculdade de Educação
HCM Hospital Central de Maputo
INS Instituto Nacional de Saúde
INE Instituto Nacional de Estatística
LEA Licenciatura em Educação Ambiental
MISAU Ministério de Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
PCI Prevenção e Controlo de Infecções
PPE Profilaxia Pós Exposição
RPPE Referente de Profilaxia Pós Exposição
UEM Universidade Eduardo Mondlane
vi
RESUMO
O presente estudo tem como objectivo analisar as condições de higiene, segurança e
saúde no ambiente de trabalho dos trabalhadores do bloco operatório central do Hospital
Central de Maputo. Para o efeito foi realizada uma revisão bibliográfica, utilizando
livros, monografias e artigos da internet. Através de um estudo qualitativo buscaram-se
opiniões da equipa cirúrgica do bloco operatório central e do responsável da comissão
de prevenção e controle de infecções do hospital central de Maputo, através de
entrevistas a quatro cirurgiões, um instrumentista cirúrgico, dois serventes e ao
responsável da comissão. Por via da técnica da Análise de Conteúdo (Marconi e Lakatos,
2013) o estudo revelou, que a equipa cirúrgica tem conhecimentos sobre as condições
básicas de trabalho no bloco e muito faz para garantir higiene, segurança e saúde.
Entretanto, o bloco apresenta condições de trabalho preocupantes, principalmente
devido à fraca qualidade do equipamento de protecção individual, à obsolência das
máquinas e à degradação da estrutura física das salas de operações. Nesta vertente, de
acordo com as entrevistas, as estratégias da administração hospitalar assentam na busca
de esforços para garantir higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho por ser um
sector com probabilidade de ocorrência de mais acidentes de trabalho devido à
complexidade das suas actividades e à utilização de grande número de máquinas e
instrumentos. Do mesmo modo, aponta-se como estratégia, educar e consciencializar a
equipa cirúrgica em boas práticas ambientais de forma a se controlar o número de
acidentes de trabalho no bloco. O estudo recomenda que o Ministério da Saúde aposte
na melhoria da qualidade de material e equipamento médico-cirúrgico para atender a
demanda dos utentes e reduzir a pressão no trabalho da equipa cirúrgica, bem como que
o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social aposte em promover acções de
educação sanitária junto aos trabalhadores, utentes e no próprio ambiente das unidades
sanitárias.
Palavras-chave: acidentes, higiene, riscos, segurança.
vii
ABSTRACT
This study aimed to analyze the hygiene, safety and health of workers in the central
operating room of the Maputo Central Hospital. For this purpose a literature review was
undertaken using books, monographs and articles from internet. Through a qualitative
method, this study explored views of the surgical team of the central operating room
and the head of the Commission for the Prevention and Infection Control of the central
hospital in Maputo, through interviews with four surgeons, a surgical instrumentalist,
two servants and the head of commission. Using content analysis technique (Marconi
and Lakatos, 2013) the study showed that the surgical team has knowledge of the basic
working conditions in the block that is to ensure hygiene, safety and health. However,
the block presents alarming working conditions, mainly due to poor quality of personal
protective equipment, the obsolescence of the machines and the degradation of the
physical structure of the operating rooms. In this respect and according to the interviews,
the strategies of hospital management based on the pursuit of efforts to ensure hygiene,
safety and health in the workplace to be a sector with probability of more industrial
accidents due to the complexity of their activities and the use of large number of
machines and instruments. Likewise, it is pointed out as a strategy, educate and raise
awareness of the surgical team in good environmental practices in order to control the
number of industrial accidents in the block. The study recommends that the Ministry of
Health bet on improving the quality of materials, medical and surgical equipment to
meet the demand of users and reduce the pressure on the surgical team work as well as
the Ministry of Labor, Employment and Social Security bet on promoting actions of
sanitary education with the workers and users in and around the own environment of
health facilities.
Keywords: accidents, hygiene, risks, safety.
Índice
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE ..................................................................................... i
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. ii
DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... iii
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................... v
RESUMO ......................................................................................................................................vi
ABSTRACT ................................................................................................................................. vii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1 Introdução ..................................................................................................................... 1
1.2 Delimitação do tema...................................................................................................... 3
1.3 Formulação do problema ............................................................................................... 4
1.4 Objectivos da pesquisa .................................................................................................. 5
1.5 Perguntas de pesquisa.................................................................................................... 6
1.6 Justificativa ................................................................................................................... 6
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 8
2.1 Definição dos conceitos fundamentais .......................................................................... 8
2.2 Higiene, segurança e saúde em ambiente hospitalar ................................................... 10
2.3 Acidentes de trabalho .................................................................................................. 12
2.4 Riscos em ambiente hospitalar .................................................................................... 13
2.5 Lições aprendidas da fundamentação teórica .............................................................. 19
CAPITULO III: METODOLOGIA ............................................................................................ 21
3.1 Descrição do local do estudo ....................................................................................... 21
3.2 Estratégia metodológica geral ..................................................................................... 23
3.3 Tratamento e análise de dados..................................................................................... 24
3.4 Validade e fiabilidade dos dados ................................................................................. 25
3.5 Considerações éticas ................................................................................................... 26
3.6 Limitações do estudo ................................................................................................... 27
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................ 29
4.1 Introdução ................................................................................................................... 29
4.2 Características físicas do ambiente de trabalho no Bloco Operatório Central ............ 29
4.3 Descrição do ambiente de trabalho e suas consequências ........................................... 32
4.4 Propostas de prevenção de acidentes de trabalho ........................................................ 35
4.5 Gestão hospitalar ......................................................................................................... 37
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 40
5.1 Conclusões .................................................................................................................. 40
5.2 Recomendações ........................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 43
Anexo 1: Folha de informação ao participante e termo de consentimento informado ............ 46
Anexo 2: Entrevista para o Responsável do Departamento de Prevenção e Controle de
Infecções ................................................................................................................................. 47
Anexo 3. Entrevista para o Servente do Bloco Operatório Central ......................................... 49
Anexo 4. Entrevista para o Instrumentista Cirúrgico do Bloco Operatório Central................ 51
Anexo 5. Entrevista para o Cirurgião do Bloco Operatório Central ....................................... 53
Anexo 6. Guião de Observação ao Bloco Operatório Central................................................. 55
Anexo 7: Aprovaçãao do Protocolo de Pesquisa pelo Comité Institucional de Bioética em
Saúde da Faculdade de Medicina/Hospital Central de Maputo (CIBS FM e HCM) .............. 59
Anexo 8: Credencial do Hospital Central de Maputo para a Recolha de Dados ..................... 60
1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
A presente monografia é uma das formas de culminação do curso de Licenciatura em
Educação Ambiental (LEA) oferecido pela Faculdade de Educação (FACED) da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM). De acordo com o Plano Curricular, o curso de
LEA visa formar profissionais de educação ambiental capazes de contribuir na
consciencialização e sensibilização da sociedade em geral (cidadãos, comunidades,
empresas e organizações) para uma conduta responsável quanto à preservação e
conservação do meio ambiente, bem como relativamente aos problemas ambientais
(FACED, 2012). O presente estudo faz uma abordagem sobre higiene, segurança e
saúde no trabalho no Bloco Operatório Central do Hospital Central de Maputo, situado
na cidade de Maputo, Moçambique.
A problemática da higiene, segurança e saúde no trabalho tem sido preocupação
constante de todos aqueles que se interessam e estudam os problemas de saúde pública e
sua influência no desenvolvimento de um país. Existe em Moçambique uma legislação
avulsa sobre esta matéria. Existem leis que asseguram a protecção no ambiente de
trabalho e estabelecem o direito à assistência médica, protecção, higiene, segurança e
saúde no trabalho. Por exemplo a Lei no 23/2007 de 1 de Agosto (Lei de trabalho),
prevê a cobertura na área de segurança e saúde no ambiente do trabalho aos
trabalhadores de todos os sectores do país incluindo o sector privado (Assembleia da
República, 2010).
No Brasil, por exemplo e segundo o Ministério de Saúde deste país, a saúde do
trabalhador constitui uma área da saúde pública que tem como objecto de estudo e
intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem como objectivos a protecção e a
promoção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de acções de
vigilância dos riscos presentes no ambiente e nas condições de trabalho, dos
agravamentos à saúde do trabalhador e à organização e prestação da assistência aos
2
trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação
de forma integral (Ministério de Saúde do Brasil, 2011).
Os hospitais, de um modo geral, são unidades complexas. Além de desenvolverem
actividades de recuperação da saúde de pessoas com problemas físicos e mentais,
empregam também profissionais que desenvolvem actividades que, embora não estejam
ligadas à prestação de cuidados, tornam-se indispensáveis que a sua higiene, segurança
e saúde no trabalho constitua uma prioridade nestas instituições. A este respeito e ainda
de acordo com o Ministério de Saúde do Brasil a que se fez referência, entre os
determinantes da saúde do trabalhador estão as condicionantes sociais, económicas,
tecnológicas e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os factores de
risco ocupacionais físicos, químicos, biológicos, mecânicos e os decorrentes da
organização laboratorial presentes nos processos de trabalho. Assim, as acções de saúde
do trabalhador têm relação com o sistema produtivo, a formação e preparação da força
de trabalho, as questões ambientais e a segurança social. Têm como foco as mudanças
nos processos de trabalho que comtemplam as relações saúde-trabalho em toda a sua
complexidade, por meio de uma actuação multiprofissional, interdisciplinar e
intersectorial. De um modo particular, as acções de saúde do trabalhador devem estar
integradas com as de saúde ambiental, uma vez que os riscos gerados nos processos
produtivos podem afectar, também, o meio ambiente e a população em geral.
Para o Ministério da Saúde de Moçambique, os potenciais riscos aos trabalhadores do
sector da cirurgia são de natureza biológica, química, física, ergonómica e psicossocial
que assim se caracterizam em (MISAU, 2008):
Riscos biológicos: infecções causadas por picadas de agulhas e ossos humanos,
contaminação das mucosas por fluidos humanos.
Riscos químicos: agentes de substâncias químicas, sob forma liquida e gasosa,
incluem medicamentos utilizados no tratamento do cancro e desinfectantes;
Riscos físicos: causados pela, radiação ionizante e choques eléctricos,
temperaturas extremas (frio e calor);
Riscos ergonómicos: como, por exemplo, postura inadequada, movimentação e
levantamento de material ou instrumentos usados tal como transporte de botijas
de oxigénio ou protoxido de azoto, equipamento de diálise, máquinas de Raios
X ou vários itens ao mesmo tempo; a movimentação de doentes (dar banho,
3
vestir, alimentar e realizar higiene pessoal, esforço físico, jornada de trabalho
prolongada, etc.)?
Riscos psicossociais: que, incluem a violência psicológica e física que podem
vir de utentes, das suas companhias, visitas, colegas de trabalho, supervisores
ou gestores e o trabalho por turnos.
É na base destes pressupostos que a presente monografia tem em vista a realização de
um estudo para melhor compreender as condições de higiene, segurança e saúde do
ambiente de trabalho dos trabalhadores do Bloco Operatório Central do Hospital Central
do Maputo.
Estruturalmente, a presente monografia é composta por cinco capítulos, a saber: I.
Introdução - que faz a contextualização e delimitação do tema, a formulação do
problema do estudo (colocando o principal problema a ser investigado), a formulação
dos objectivos, das perguntas de pesquisae da justificativa da pesquisa; II.
Fundamentação teórica – onde são discutidas as visões de vários autores sobre a higiene,
segurança e saúde no ambiente de trabalho no sector na cirurgia; III. Metodologia –
onde se apresenta, a descrição do local do estudo, a estratégia metodológica adoptada
neste estudo, os instrumentos de recolha de dados, o tratamento e análise de dados, os
procedimentos metodológicos, as questões de validade e fiabilidade dos dados, os
aspectos éticos e as principais limitações do estudo; IV. Apresentação e discussão dos
resultados – onde é feita a análise e interpretação da informação recolhida e a
explicação dos resultados do presente estudo e V. Conclusões e recomendações – no
qual são apresentadas as principais conclusões acerca do estudo e as recomendações
finais.
1.2 Delimitação do tema
A pesquisa foi realizada no Hospital Central do Maputo localizado na cidade do mesmo
nome, a capital do país, a sul de Moçambique. A mesma centrou-se na análise de
higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho dos trabalhadores do Bloco
Operatório Central do hospital acima referido.
O bloco operatório é um dos sectores hospitalares que mais sofre transformações em
função da evolução das técnicas cirúrgicas, anestésicas e dos recursos materiais e
4
equipamento utilizado nos procedimentos cirúrgicos. De acordo com Possari (2013), a
assistência no bloco operatório é feita por vários profissionais, isto é, por uma equipa
cirúrgica composta pelo cirurgião, anestesista, enfermeiro, técnico, auxiliar de
enfermagem, instrumentista cirúrgico, técnico de Raios X e farmacêutico. Estes
profissionais enfrentam basicamente riscos físicos (calor, vibrações, ruído, iluminação),
biológicos (vírus, bactérias, fungos, bacilos) e ergonómicos ou mecânicos (transporte de
equipamentos, movimentação e postura dos trabalhadores). O reconhecimento dos
riscos é fundamental no processo de tomada de decisão para a prevenção, eliminação ou
controle desses riscos. Para MISAU (2008), reconhecer o risco significa identificar no
ambiente de trabalho os factores com potencial de criar danos à saúde dos trabalhadores.
1.3 Formulação do problema
Segundo Ponte (1999), estima-se que a cada ano, doenças e traumatismos ligados a
actividades profissionais provocam um milhão e cem mortes no mundo. Ocorrem a cada
ano, perto de duzentos e cinquenta milhões de acidentes de trabalho, que provocam
aproximadamente trezentas mil mortes. Vários destes acidentes provocam na pessoa
uma incapacidade parcial ou total de trabalho. A cada ano, estimam-se em cerca de
cento e sessenta milhões de novos casos de doenças ligadas ao trabalho, no mundo,
principalmente infecções respiratórias e cardiovasculares, cânceres, problemas auditivos,
osteoarticulares e musculares, dificuldades de reprodução, doenças mentais e
neurológicas.
De acordo com Mendes (2007), há prejuízos enormes para a economia de um país, em
consequência das doenças e acidentes por falta de protecção no trabalho. Segundo este
autor, no Reino Unido estima-se que o custo anual de acidentes e doenças provocadas
no ambiente do trabalho pode chegar a 12 milhões de Libras (2% do PIB, daquele país).
Moçambique é um país em desenvolvimento, e o número de médicos não responde à
demanda de pacientes que necessitam destes serviços. O acidente de trabalho também
prejudica o desenvolvimento da região ou do país, provocando redução dos
profissionais de saúde. A problemática de cancro que se tem falado actualmente na
mídia (televisão e rádio de Moçambique) é crítica. Por exemplo, de acordo com o
Instituto Nacional de Saúde em Moçambique, o cancro de colo de útero corresponde a
um terço dos casos de cancro na mulher, reflectindo a elevação e prevalência de
5
infecções pelo vírus de Papiloma Humano (INS, 2014). Portanto, torna-senecessário que
haja mais profissionais formados e que os poucos profissionais actuantes se protejam de
acidentes profissionais e continuem a trabalhar para responder a demanda do momento.
Assim, é importante que estes profissionais observem as regras de higiene, segurança e
saúde no ambiente de trabalho a fim de darem continuidade de suas actividades laborais
salvando vidas.
No entender da pesquisadora, os profissionais do bloco operatório devem ter plena
consciência da higiene, segurança e saúde no seu ambiente de trabalho. Normalmente,
por não terem sido infectados, alguns acham que o seu ambiente de trabalho é inócuo.
Mesmo os edifícios hospitalares podem também estar infestados de ratos, baratas,
formigas, moscas, pombos e até gatos que hospedam e transportam germes e doenças.
Além disso, os aspiradores, nebulizadores, pias, limpezas mal feitas, vasos de plantas e
flores trazem sérios riscos à saúde dos profissionais.
Portanto, torna-se inaceitável que os profissionais de saúde tenham a sua própria saúde
prejudicada por conta das suas actividades laborais. Se os agentes prejudiciais à saúde
não forem evitados ou controlados todos os esforços em termos de protecção da saúde
dos trabalhadores serão em vão.
Diante dos factos acima referidos o problema fundamental, objecto do presente estudo,
é formulado em torno de duas questões fundamentais:
1. Que condições de higiene, segurança e saúde no ambiente do trabalho o Hospital
Central de Maputo oferece aos profissionais do Bloco Operatório Central para o
decurso das suas actividades?
2. Como é que o sector da cirurgia, do Hospital Central de Maputo, faz a gestão
dos potenciais riscos de higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho?
1.4 Objectivos da pesquisa
O objectivo geral desta pesquisa é analisar as condições de higiene, segurança e saúde
do ambiente de trabalho dos trabalhadores do Bloco Operatório Central do Hospital
Central de Maputo.
Especificamente o estudo pretende:
6
Identificar as estratégias tomadas pela administração do hospital para a
prevenção e protecção no ambiente do trabalho dos profissionais do Bloco
Operatório Central;
Descrever as condições de higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho
dos profissionais prevalecentes do Bloco Operatório Central do HCM;
Analisar as acções de precaução aos riscos no ambiente de trabalho tomadas
pelos profissionais do Bloco Operatório Central em relação a higiene, segurança
e saúde.
Face aos objectivos formulados pretende-se com os resultados da pesquisa, contribuir
com medidas que reduzam os riscos no ambiente de trabalho e que sejam mais efectivas,
melhorando a higiene, segurança e saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho,
sempre em busca de uma melhor qualidade de vida para todos.
1.5 Perguntas de pesquisa
Para responder aos objectivos da presente pesquisa foram formuladas as seguintes
perguntas:
1. Quais são as condições de higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho
prevalecentes no Bloco Operatório Central do Hospital Central de Maputo?
2. Que acções de prevenção e mitigação de riscos são adoptadas pelos profissionais
do Bloco Operatório Central em relação a higiene, segurança e saúde no trabalho?
3. Que estratégias de protecção e prevenção de riscos à saúde são tomadas pela
administração hospitalar em relação ao profissional de saúde?
1.6 Justificativa
O desencadeamento desta pesquisa foi motivado por seis factores fundamentais, que
justificam a sua relevância, a saber:
Em primeiro lugar, a necessidade de profundar os conhecimentos ligados às disciplinas
curriculares de Saúde Pública e de Gestão de Sistemas Ambientais, em particular, e às
demais que versam sobre a relação saúde-ambiente-Homem, leccionadas ao longo do
7
curso de LEA, na FACED da UEM, onde foram abordadas temáticas que suscitaram o
interesse da pesquisadora em analisar o assunto em questão.
Em segundo lugar, torna-se importante debruçar-se sobre este tema pelo facto de existir
em Moçambique leis emanadas pelo Ministério de Saúde que enfatizam o tema em
questão e directrizes sobre segurança e saúde no ambiente do trabalho.
Em terceiro lugar, porque a higiene, segurança e saúde no trabalho são tópicos de
grande relevância, não apenas para o sector de saúde mas para os demais sectores de
actividade laboral. O hospital tem características de apresentar um elevado índice de
riscos, aos quais os trabalhadores estão expostos com frequência no quotidiano de suas
actividades.
Em quarto lugar, torna-se importante discutir-se este tema porque com as novas formas
de organização hospitalar, o desenvolvimento tecnológico (instrumentos e equipamento
modernos) e as características do trabalho no Bloco Operatório (uso de materiais
perfuro-cortantes e manipulação de órgãos e fluidos humanos) torna os trabalhadores
vulneráveis a um elevado índice de riscos/acidentes que podem se tornar fonte
inesgotável de agravamentos à saúde dos trabalhadores, quando observadas sem
critérios adequados de higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho.
Em quinto lugar, porque o número de médicos em Moçambique não responde à
demanda da população. A força de trabalho no sector de saúde está ainda longe de
atingir o rácio preconizado pela OMS. Segundo Arnaldo e Muanamoha (2014), o rácio
entre um médico e a população Moçambicana é três vezes inferior ao recomendado pela
OMS: 1 (um) médico está para 30 (trinta) mil habitantes em Moçambique contra 1 (um)
médico para 10 (dez) mil habitantes recomendado pela OMS. Portanto, torna-se
indispensável a análise do presente tema para melhorar as condições no ambiente de
trabalho e garantir um atendimento mais humanizado.
Em sexto lugar, a realização deste estudo foi motivada pela consciência de que o mesmo
poderá trazer um contributo para o sector de cirurgia no hospital em questão e não só no
que concerne à elaboração e implantação efectiva de programas de promoção da higiene,
segurança e saúde dos profissionais das unidades sanitárias mas também no apoio à
comunidade académica e à sociedade, em geral, na compreensão e valorização do tema
em estudo.
8
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo são abordados os temas sobre higiene, segurança e saúde no ambiente
hospitalar, na visão de vários autores e sustentam a pesquisa através de um suporte
teórico. Antes, porém, faz - se a definição de alguns conceitos básicos sobre o tema da
pesquisa para facilitar a compreensão.
2.1 Definição dos conceitos fundamentais
Esta secção apresenta a definição de alguns conceitos fundamentais, no entendimento
em que são usados para o presente estudo, para permitir que haja uma melhor
compreensão e interpretação das questões levantadas e discutidas nesta monografia.
Trata-se dos seguintes conceitos: bloco operatório; higiene; higiene no trabalho;
hospital; saúde; segurança; segurança no trabalho, bem como trabalho.
a) Bloco operatório
Bloco operatório é um conjunto de elementos destinados às actividades cirúrgicas, bem
como à recuperação anestésica e pode ser considerada uma organização complexa
devido às suas características e assistência especializada (Possari, 2013). Portanto, o
bloco operatório é considerado um dos sectores mais complexos do hospital pela sua
especificidade, presença constante de stress e riscos à saúde dos pacientes submetidos a
intervenção cirúrgica.
b) Higiene
Do ponto de vista hospitalar é um conjunto de métodos não médicos que visam a
prevenção de doenças profissionais, através do controlo da exposição aos agentes físicos,
químicos e biológicos (Chiavenato, 1999).
9
c) Higiene no trabalho
Na perspectiva de Chiavenato (2009:136), a higiene no trabalho é “um conjunto de
normas e procedimentos que visam à protecção da integridade física e mental do
funcionário, preservando-o dos riscos de saúde às tarefas do cargo e ao ambiente físico
onde são executadas.
d) Hospital
Louzada (2008), o hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde cuja
função é dispensar à comunidade completa assistência médica, preventiva e curativa,
incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um centro de formação
dos que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais. Portanto, o
hospital é um lugar complexo que busca proporcionar a manutenção do bem-estar físico,
social e mental do ser humano.
e) Saúde
“Saúde é o estado físico, mental e social de bem-estar” Chiavenato (2010:471). Esta
definição enfatiza as relações entre o corpo, a mente e os padrões sociais. A saúde de
uma pessoa pode ser prejudicada por doenças, riscos/acidentes e stress emocional. Por
conseguinte, deste ponto de vista a saúde é a ausência de doença.
f) Segurança
A palavra “segurança” vem do latim “Segurus-Se” + Cura. O termo refere-se “às
medidas destinadas à garantia da integridade das pessoas, dos bens e das instituições”
(Mulatinho, 2001:29).
g) Trabalho
Para Souto (2009:37) “trabalho é todo o esforço que o Homem, no exercício da sua
capacidade física e mental, executa para atingir seus objectivos em consonância com
princípios éticos”. O trabalho humano reveste-se de dignidade, porque é um dar de si
próprio, isto é da pessoa que o realiza.
10
h) Segurança no Trabalho
Para Chiavenato (2009), a segurança no trabalho envolve um conjunto de medidas
técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes,
eliminando as condições inseguras do ambiente ou instruindo e convencendo as pessoas
da implantação e uso de práticas preventivas.
Apresentadas as definições dos conceitos fundamentais para o presente estudo, segue-se
a discussão dos argumentos dos diversos autores sobre aspectos teóricos da higiene
segurança e saúde em ambiente hospitalar, os acidentes de trabalho, os riscos em
ambiente hospitalar e as principais lições aprendidas da discussão.
2.2 Higiene, segurança e saúde em ambiente hospitalar
A inter-relação entre o ambiente e o ser humano engloba não apenas o meio físico mas
também as condições químicas, biológicas e socioculturais em que o homem se
encontra. Quando este ambiente é de trabalho, pode oferecer riscos que agridem a
integridade física, emocional e social do trabalhador.
O Ministério de Saúde Brasileiro, relativamente ao Relatório Mundial de Saúde de 2002,
revela que dos aproximadamente 35 milhões de trabalhadores de saúde em todo mundo,
cerca de três milhões em cada ano, sofrem exposições a elementos patogénicos
presentes no sangue e a cada dia morrem 5000 trabalhadores como resultado das
doenças ligadas ao trabalho (Ministério de Saúde do Brasil, 2011). Estas doenças
englobam as situações de acidente de trabalho, relacionadas com o trabalho e agravadas
pelo trabalho.
De acordo com Mendes (2007), a qualidade de vida no trabalho tem sido uma
preocupação do Homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros
contextos, mas sempre voltada a facilitar ou a trazer a satisfação e bem-estar ao
trabalhador na execução de sua tarefa.
A segurança é a preocupação mais constante do Homem. De acordo com Chiavenato
(2009), a própria história relatando disputas diversas, revela a grande tendência dos
povos e das pessoas para aperfeiçoar, sempre que possível, novas e melhores formas de
protecção, seja construindo fortalezas, seja aumentando o poder militar e policial, seja
11
aumentando a capacidade financeira - todos buscam não depender das circunstâncias e
dos outros. Por isso é cada vez maior o número de organizações que criam seus próprios
serviços de segurança no sentido de estabelecer normas e procedimentos adequados,
pondo em prática os recursos possíveis para conseguir a prevenção de acidentes e
controlar os resultados obtidos.
Ainda de acordo com este autor, a segurança do trabalho envolve um conjunto de
medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir
acidentes, eliminando as condições inseguras do ambiente ou instruindo e convencendo
as pessoas da implantação e uso de práticas preventivas. Tem como finalidade
estabelecer normas e procedimentos com o objectivo de prevenir a integridade física do
trabalhador, sua segurança nos locais de trabalho, o controlo dos riscos profissionais
bem como a melhoria das condições e do ambiente do trabalho nos diversos sectores.
Para tal é necessário que as empresas desponham de equipamentos de protecção
individual. Um Equipamento de Protecção Individual (EPI) é definido como qualquer
equipamento ou acessório destinado ao uso pessoal do trabalhador, para protecção
contra eventuais riscos susceptíveis de ameaçar a sua segurança ou saúde durante o
exercício das suas tarefas (Mulatinho, 2001).
As empresas devem fornecer a seus trabalhadores Equipamentos de Protecção
Individual (EPI) visando manter a saúde e a integridade física dos mesmos. EPI são
protectores específicos para determinada parte do corpo que está sofrendo ameaças.
Ainda de acordo com Mulatinho (2001), a empresa deve informar aos usuários a
maneira correcta de utilizá-los, seja através de treinamento ou aulas expositivas, ficando
assim o trabalhador obrigado a usar os equipamentos necessários à sua segurança. A sua
utilização evita a ocorrência de lesões ou diminui a gravidade até mesmo dos efeitos
nocivos de substâncias tóxicas, garantindo, deste modo, a sua saúde.
A saúde do trabalhador pode ser analisada em duas vertentes, a mental e a física
(Chiavenato, 2010). A saúde mental é analisada com base nas condições psicológicas e
sociológicas do trabalho, que possibilite bons resultados no comportamento das pessoas,
evitando impactos emocionais, como o stress. A saúde física está relacionada com a
exposição do organismo humano a agentes externos como ruído, ar, temperatura,
humidade, luminosidade e equipamentos de trabalho. Igualmente, deve ser
12
implementado um sistema de vigilância de saúde que tem por finalidade a verificação
da aptidão física e psíquica do trabalhador para o exercício da sua profissão.
Por sua vez, a higiene no trabalho está relacionada com as condições ambientais de
trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de saúde física e
bem-estar das pessoas. Portanto, um ambiente saudável de trabalho deve envolver
condições ambientais físicas que actuem positivamente sobre todos os órgãos do sentido
humano como: visão, audição, tacto, olfacto e paladar. Um ambiente de trabalho
agradável facilita o relacionamento interpessoal e melhora a produtividade, bem como
reduz acidentes de trabalho.
A higiene no trabalho tem como objectivo proteger e promover a saúde e o bem-estar
dos trabalhadores a fim de garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro.
Chiavenato (2009) sugere, a aplicação de medidas apropriadas para prevenir e controlar
os riscos em ambiente de trabalho. Estas medidas abrangem um conjunto de
metodologias necessárias à prevenção de doenças profissionais, tendo como principal
campo de acção o controlo dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos
componentes materiais de trabalho que tem por base o estudo e controlo das condições e
acidentes de trabalho.
2.3 Acidentes de trabalho
Um acidente de trabalho, segundo a Lei no 23/2007 (Lei do Trabalho) no seu artigo 222
é definido como um sinistro que se verifica no local e durante o tempo do trabalho
desde que produza directa ou indirectamente, no trabalhador subordinado lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte na morte ou redução na capacidade de
trabalho ou de ganho (Conselho de Ministros, 2007). Portanto, o acidente de trabalho é
todo o acontecimento não desejado que modifica ou põe fim ao andamento normal de
actividades laborais. O conceito de acidente pode ser aplicado a um equipamento ou
instrumento de trabalho avariado, ou quando o trabalhador sofre um tipo de lesão que
venha a provocar danos ao indivíduo incapacitando-o de realizar trabalho.
Para evitar os acidentes de trabalho, é necessário que as empresas proponham ou
implementem um plano de segurança. Na perspectiva de Chiavenato (2009), um plano
se segurança no trabalho envolve necessariamente os seguintes requisitos:
13
1. Cada gerente deve ser responsável pela segurança em sua área de trabalho,
enquanto o órgão de segurança no trabalho dá o apoio e suporte necessário;
2. As condições de trabalho, o ramo de actividade, localização da organização, tipo
de actividade são os aspectos que devem determinar os meios e materiais
preventivos;
3. A segurança no trabalho deve envolver necessariamente a adaptação da pessoa
ao trabalho, além de inúmeros factores sócio – psicológicos razão pela qual
certas organizações vinculam a segurança ao órgão de Recursos Humanos;
4. Em organizações que a segurança no trabalho é vital é preciso mobilizar
elementos para o treinamento e doutrinação de técnicos e operários, controlo de
cumprimento de normas de segurança, simulação de acidentes, inspecções
periódicas dos equipamentos de combate à incêndios;
5. Integração de todos os funcionários no espírito de uma cultura de segurança. A
prevenção de acidentes é trabalho de equipa, principalmente no que tange à
disseminação do espírito de prevenção aos acidentes de trabalho;
6. Execução do programa de segurança por intermédio da supervisão. Todos têm
responsabilidades definidas no programa. Porém, os supervisores assumem
responsabilidades especiais, pois são as peças-chave da empresa,
particularmente na prevenção de acidentes.
2.4 Riscos em ambiente hospitalar
No ambiente hospitalar os riscos de acidentes são condições necessárias para causar
danos. De acordo com Possari (2013), esses danos podem ser entendidos como lesões à
pessoas, danos à equipamentos e instalações, danos ao meio ambiente, perda de material
em processo ou redução da capacidade de produção. Risco expressa uma probabilidade
de possíveis danos dentro de um período de tempo ou ciclo operacional.
Segundo Costa (2004), o risco é a probabilidade de ocorrência de um evento danoso à
saúde, relacionado com objectos concretos sob controlo sanitário. Portanto, o risco é
14
uma ocorrência imprevisível, mas provável; é a probabilidade de ocorrência de um
evento danoso à saúde, onde no caso dos serviços de saúde afecta a integridade do
paciente, da equipa de saúde ou da comunidade em que o serviço está inserido.
Neste contexto, podem destacar-se os seguintes riscos profissionais, no meio hospitalar
no âmbito da higiene e segurança no trabalho:
Risco biológico;
Risco químico;
Risco físico;
Risco mecânico/ ergonómico;
Risco psicossocial.
Apesar de todos estes riscos presentes em meio hospitalar, para o presente estudo o
enfoque será dado aos riscos físicos, biológicos e ergonómicos ou mecânicos por serem
os mais susceptíveis de serem causadores de acidentes de trabalho no Bloco Operatório
Central. Portanto, são estes riscos que serão discutidos a seguir:
a) Riscos Físicos
Os riscos físicos estão relacionados ao local onde o trabalho é realizado e referem-se a
condição do local de trabalho e dos materiais utilizados para executa-lo. Riscos
oriundos dos ruídos, vibrações, temperaturas anormais, pressões anormais, ventilação,
iluminação, humidade, artigos cortantes e pontiagudos etc.
Segundo Possari (2013), os principais ricos físicos encontrados no bloco operatório são
calor e ventilação, vibrações, ruídos e iluminação.
Calor e ventilação
Uma das condições ambientais importantes é a temperatura. Existem profissões cujo
local de trabalho se caracteriza por elevadas temperaturas, como o caso da proximidade
dos fornos da cerâmica, nos quais o funcionário precisa de roupas adequadas para a
protecção da sua saúde. Pelo contrário, também existem funções cujo local de trabalho
impõe temperaturas muito baixas, como em frigoríficos, que exigem roupas adequadas
para protecção. Nestes casos extremos, a insalubridade constitui a característica
principal desses ambientes de trabalho.
15
O calor é usado para geração de condições de conforto ambiental, principalmente em
regiões de clima frio. Porém, em regiões de clima quente, quando em quantidades
excessivas (sobrecarga térmica), o calor pode causar efeitos indesejáveis sobre o corpo
humano. Possari (2013) demostrou que entre esses efeitos pode se destacar a fadiga
transitória, algumas enfermidades das glândulas sudoríparas, edemas ou edema das
extremidades (pés e tornozelos), diminuição da capacidade de trabalho, catarata, etc.
Ainda, de acordo com o mesmo autor, nenhuma área do hospital requer mais cuidados
no controlo das condições de assepcia do ambiente que a sala de operações. O sistema
de ventilação (ar condicionado) de uma sala de operações deve abranger aspectos tais
como:
O fornecimento do ar deve ser insento de particulas dispersas, potencialmente
contaminantes. O sistema de ventilação deve proporcionar temperatura ambiente em
torno de 22 a 23ºC. As janelas são necessárias para facilitar a entrada de iluminação
artificial, não permitindo a entrada de poeiras e insectos. As portas da sala de operações
devem ser para a entrada e saída dos membros da equipa cirurgica e devem ser
suficientemente largas para facilitar a passagem da maca e equipamentos cirúrgicos,
devem possuir metal na altura da maca para evitar o seu estrago.
Vibrações
Os efeitos danosos das vibrações podem acometer pessoas (funcionários e pacientes), as
estruturas da edificação, assim como os equipamentos sensíveis, cujo efeito impede o
seu funcionamento adequado. As vibrações podem ser provocadas pelo transporte de
cilindros de gases medicinais, trânsito de pessoas nos corredores do bloco operatório,
movimentos dos carros abastecedores das salas de operações. As vibrações provocam,
no ser humano,cansaço, dores nos membros, colunas, problemas digestivos, lesões
ósseas, lesões dos tecidos moles e lesões circulatórias.
Ruídos
O ruído é considerado um som ou barulho indesejável. Chiavenato (2009) demostrou
que o som tem duas características principais: a frequência e a intensidade. A frequência
do som é o número de vibrações por segundo, emitidas pela fonte de ruído e é medida
em ciclos por segundos (cps) a intensidade do som é medida por decibéis (db).
16
Para Possari (2013), o ruído é um som desagradável ou indesejado, produzido por
vibrações de materiais sólidos, líquidos ou de moléculas de ar e propagado num meio
elástico com ar, líquidos ou sólidos. Os equipamentos utilizados no bloco operatório
produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo, a curto, médio ou longo
prazos, provocar sérios prejuízos à saúde.
No Brasil, de acordo com Possari (2013), os níveis de ruídos máximos de exposição
diária permissíveis e legalmente estipulados pela NR-15 da portaria no 3214/78, são de
85 decibéis em 8 horas de exposição ou 87 decibéis por 6 horas. Estes níveis são
determinados em função da intensidade do ruído no ambiente de trabalho e do tempo
que o funcionário permanece exposto a ele observa-se que quanto maior o nível de ruído
menor deve ser o tempo de exposição ocupacional.
A avaliação ambiental deve ser feita com um “decibelimetro” (medidor de pressão
sonora). O instrumento deve ser posicionado de modo a receber o ruído que atinge o
ouvido do funcionário.
O ruído pode trazer sérias perturbações funcionais ao organismo. Afecta o sistema
nervoso provocando fadiga nervosa, perda da memória, irritabilidade, o digestivo
ocasionando perturbações gastrointestinais e o circulatório elevando a pressão arterial e
trazendo modificação dorítmo cardíaco (Possari, 2013). Estes factores influenciam na
produtividade do profissional visto que a surdez provocada pelo ruído ambiental é
irreversível, ou seja, permanece no nível em que se instalou, faz-se necessário o uso de
rígidas medidas de controlo.
Iluminação
A iluminação refere-se à quantidade de luminosidade que incide no local de trabalho.
Para Chiavenato (2009), não se trata da iluminação em geral, mas a quantidade de luz
no ponto focal do trabalho. Assim, os padrões de iluminação são estabelecidos de
acordo com o tipo de tarefa visual que o empregado deve executar. Segundo o mesmo
autor, quanto maior for a concentração visual do trabalhador em detalhes e minúcias,
tanto mais necessária a iluminação no ponto focal do trabalho.
De acordo com Chiavenato (2009), um sistema de iluminação deve possuir os seguintes
requisitos:
17
Ser suficiente: de modo que cada foco luminoso forneça toda quantidade de luz
necessária a cada tipo de trabalho.
Ser constante e uniformemente distribuída: de modo a evitar a fadiga dos olhos,
decorrente das sucessivas acomodações em virtude das variações de intensidade
da luz. Deve-se evitar contrastes violentos de luz e sombra e as oposições de
claro e escuro.
Segundo Possari (2013), no Brasil, a iluminação é tratado legalmente pela NR-17
(ergonomia) da portaria 3214/1978, que através da NBR 5413/1992 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas recomenda os níveis mínimos de iluminação para os
ambientes de trabalho. A boa iluminação no ambiente de trabalho proporciona elevada
produtividade, melhor quantidade do produto final, redução do número de acidentes,
diminuição do desperdício de materiais, redução da fadiga ocular e geral, melhor
supervisão do trabalho, maior aproveitamento do espaço, mais ordem e limpeza das
áreas e menor ânimo para os funcionários
Em Moçambique, de acordo com MISAU (2008), a iluminação deve ser adequada e
sem brilho intenso, de modo a garantir que o espaço físico da unidade sanitária,
incluindo as salas de espera, sejam adequadas para o funcionamento dos serviços. A má
iluminação causa fadiga à vista, prejudica o sistema nervoso, concorre para a má
qualidade do trabalho e é responsável por razoável parcela dos acidentes.
b) Riscos mecânicos/ ergonómicos
Riscos mecânicos ou ergonómicos envolvem as condições dos equipamentos e as
condições ergonómicas para a execução das actividades. Considera-se risco ergonómico
qualquer factor que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador
causando desconforto ou afectando sua saúde.
Possari (2013) define riscos mecânicos/ergonómicos como as condições de insegurança
existentes nos locais de trabalho capazes de provocar lesões a integridade física do
funcionário. Elas são decorrentes de movimentos inadequados, escorregões, quedas,
manipulação incorrecta de equipamentos; no levantamento e transporte manual de peso,
no rítmo excessivo de trabalho, na monotonia, na postura inadequada e flexões de
18
coluna vertebral em actividades de organização e assistência que podem causar
problemas à saúde do trabalhador, tais como fracturas, lombalgias e varizes.
Durante a jornada de trabalho recomenda-se que a postura em pé seja alternada com a
postura sentada, porque os músculos utilizados nessa postura não são os mesmos
utilizados na postura em pé, de maneira que a alternância significa o alívio de um grupo
de músculos em detrimento da carga de outro grupo de músculos e evitem problemas de
saúde do funcionário.
c) Riscos biológicos
Riscos biológicos estão relacionados aos fluidos corporais e seus aerossóis e a todos
agentes biológicos oriundos do paciente, do meio ambiente e de outras pessoas.
Segundo Possari (2013) agentes biológicos são os microorganismos que, em contacto
com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitos acidentes profissionais
favorecem o contacto com os agentes.
De acordo com o mesmo autor, os profissionais do bloco operatório estão expostos aos
seguintes riscos biológicos:
Exposição ao germicida químico contaminado: acidentes por contacto da
solução com a mucosa ocular e a face, principalmente durante a desinfecção de
fibras ópticas;
Exposição à líquidos ou secreção contaminados: acidentes por contacto com
sangue e outros materiais biológicos potencialmente veiculadores de vírus de
imunodeficiência humana (HIV), vírus de hepatite B (HBV), vírus de hepatite C
(HCV) com membrana mucosa e pele não íntegra;
Ferimentos Perfuro-cortantes: provocados pelo contacto com artigos perfuro-
cortantes como lâmina de bisturi, agulhas hipodérmicas, fios de sutura metálicos,
tesouras de ponta fina, trépano ortopédico, parafusos, cavilha, serras entre outros;
Exposição ao desinfectante químico: usado na limpeza do ambiente;
Os acidentes durante a realização de procedimentos cirúrgicos, por exemplo,
ocorrem geralmente pela utilização dos dedos para segurar os tecidos e realizar a
sutura com o dedo indicador da mão não dominante. Nesse sentido, luvas
19
cirúrgicas com reforço na área dos dedos mais frequentes expostos tem sido
desenvolvidas para prevenir a exposição percutânea com agulhas de sutura;
Resíduos hospitalares são considerados perigosos para a saúde dos profissionais
de saúde e para o meio ambiente, uma vez que causam riscos no transporte e
eliminação final do detrito infeccioso. Riscos perigosos são todos aqueles que se
definem como sendo resíduos sólido ou contaminação de resíduos, os quais
devido à sua concentração, características físico-químicas e infecciosas,
constituem um risco substancial ou potencial para a saúde humana e para o meio
ambiente, quando incorrectamente conservados e tratados. Resíduos infecciosos
são: sangue ou produto sanguíneo, resíduos de cirurgia e autópsias; resíduos
laboratoriais contaminados e resíduos de unidade de diálise; amostras biológicas
inutilizadas e componentes corporais; agulhas usadas; alimentos, produtos e
equipamentos contaminados.
A protecção dos trabalhadores contra os riscos biológicos no local de trabalho exige
uma avaliação preliminar dos riscos, tendo em conta os critérios baseados no perigo
intrínseco do agente, do risco de contaminação ligado ao tipo de actividade, assim como
ao modo epidérmico de transmissão ao homem.
2.5 Lições aprendidas da fundamentação teórica
De acordo com o que foi apropriado da fundamentação teórica, a segurança é vista pela
maioria de autores como um conjunto de medidas que visam a prevenção de acidentes
no ambiente de trabalho. A segurança no trabalho é preocupação actual de todos os
sectores de trabalho, pois, é através dela que os trabalhadores melhoram a produtividade
dos sectores laborais.
A respeito da higiene e saúde reteve-se que esta está relacionada com as condições de
trabalho que asseguram a saúde física e mental dos trabalhadores. No entendimento da
OMS, a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social que não
consiste somente na ausência de doença ou enfermidade. Portanto, a higiene no trabalho
deve diagnosticar doenças ocupacionais e prevenir riscos de saúde inerentes às tarefas
de cada profissão e ao ambiente físico onde são executadas.
20
Uma outra lição é de que toda a organização deve ter em consideração as condições do
ambiente de trabalho visto que os funcionários dedicam a maior parte do dia no seu
sector de actividade. No entanto, a higiene no trabalho é necessária para combater, do
ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os factores que
podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os
riscos profissionais. Estes riscos podem ser as condições inseguras de trabalho que
podem afectar a saúde, segurança e bem-estar do trabalhador.
Assim, na opinião da pesquisadora, as instituições devem considerar a integração do
elemento “segurança” na elaboração de planos de actividades. Aqui será possível
abordar assuntos inerentes às condições físicas do ambiente de trabalho àqualidade do
equipamento (ferramentas, acessórios móveis) de trabalho usado na instituiçãoe aos
equipamentos de protecção individual. A educação ambiental é uma ferramenta
essencial para a consciencialização e o treinamento em gestão da segurança e higiene no
trabalho, pois capacita os trabalhadores para o desempenho de suas funções no que diz
respeito a gestão de resíduos sólidos, ao uso de equipamento de protecção individual,
aos riscos inerentes a cada processo de trabalho, prevenindo, deste modo, os acidentes
de trabalho.
21
CAPITULO III: METODOLOGIA
Este capítulo debruça-se sobre a caracterização da instituição onde decorreu a pesquisa,
a estratégia metodológica usada para a pesquisa, os instrumentos de recolha de dados
empregues, a forma de tratamento e análise de dados, as questões de validade e
fiabilidade dos dados, as considerações éticas que foram tomadas em conta e as
limitações enfrentadas na realização deste estudo.
3.1 Descrição do local do estudo
A pesquisa decorreu na cidade de Maputo, no Bloco Operatório Central do Hospital
Central de Maputo (HCM). De acordo com o INE (2011) o Hospital Central de Maputo
situa-se no Distrito Urbano número 1 (um) (KaMpfumo), no bairro Central da cidade de
Maputo, capital da República de Moçambique, com uma população de cerca de
1.180.000 habitantes. O mesmo situa-se nos seguintes limites: a Sul na Av. Eduardo
Mondlane; ao Norte na Av. Agostinho Neto; à Este na Av. Tomás Ndunda e à Oeste na
Av. Salvador Allende. Apresenta uma estrutura horizontal (multi-blocos) com cerca de
35 edifícios, ocupando uma área de 163.800 m2, como ilustra a figura.
Fonte:Google earth (2015)
Figura: 1. Localização geográfica do Hospital Central de Maputo e sua estrutura
horizontal, respectivamente.
22
O Hospital Central de Maputo é o primeiro hospital da então cidade de Lourenço
Marques que surge na década de 70 do séc. XIX, precisamente em 1877. É a maior
unidade sanitária do país e é considerado uma excepção em relação à todos os outros
hospitais por ser um hospital de formação de médicos. Com capacidade para 1500
camas, o Hospital Central de Maputo é um hospital público quarternário, universitário,
unidade de referência nacional e presta serviços de atenção integral à saúde da
população. Forma e capacita recursos humanos para as necessidades do sector de saúde.
De acordo com Francisco (2013), o Hospital Central de Maputo apresenta, na sua
organização administrativa e funcional, as seguintes características:
a. Direcção Geral;
b. Quatro direcções de áreas (Clínica, Administrativa, Científica e Pedagógica e de
Enfermagem);
c. Seis Departamentos Clínicos (Medicina, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia,
Pediatria, Ortopedia e Clínica Especial);
d. Quarenta e quatro Serviços Clínicos;
e. Seis Serviços de Urgências;
f. 16 (desasseis) Serviços de Apoio Clínico e Atendimento Externo;
g. Quatro Blocos Operatórios.
O Bloco Operatório Central, o local deste estudo é o principal bloco do HCM e localiza-
se no piso 4 (quatro) do bloco administrativo central.
Logo à entrada o Bloco Operatório Central tem 3 (três) vestiários, sendo 1 (um) deles
feminino e outro masculino com sanitários, chuveiros e armários para arrumação de
vestuário destinado ao pessoal de saúde e mais 1 (um) vestiário para doentes.
Segundo Francisco (2013), este bloco possui 5 (cinco) salas de operações distribuídas
em especialidades cirúrgicas, equipadas de diversos equipamentos e materiais de uso
local conforme se descreve:
Sala 1 – tem uma mesa operatória e responde as necessidades de cirurgia de otorino e
maxilo-facial;
23
Sala 2 – possui duas mesas onde ocorre a neurocirurgia e a urologia;
Sala 3 – é composta por duas mesas operatórias e é onde se efectuam as cirurgias de
ortopedia;
Sala 4 – tem duas mesas e nela se realizam cirurgias gerais;
Sala 5 – normalmente com uma mesa operatória, destina-se a cirurgias plásticas.
O Bloco Operatório Central possui, igualmente, uma copa, um gabinete de serviços
administrativos, dois gabinetes de serviço de anestesia, uma biblioteca com diversos
livros que tratam de temas relacionados com a anestesia, cirurgia, enfermagem e outras
áreas de saúde. Possui, também, um gabinete dos serviços de enfermagem, uma sala de
recuperação pós-procedimentos anestésicos e cirúrgicos onde os pacientes operados
permanecem até a recuperação da consciência.
Para o tratamento do material usado no campo operatório, o bloco possui uma área de
escovação e limpeza do material, um depósito de material esterilizado e depósito de
diversos equipamentos e fármacos.
3.2 Estratégia metodológica geral
Quanto ao enfoque metodológico, optou-se por compreender o problema através de uma
linha de pesquisa qualitativa que, segundo Minayo et al (2000:21), é “trabalhar com um
universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenómenos”.
Face ao tema em estudo, aos objectivos estabelecidos e aos resultados pretendidos,
tornou-se adequado empregar os seguintes instrumentos metodológicos:
a. Uma pesquisa bibliográfica para conhecer as várias perspectivas de abordagem
no estudo da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho sob o ponto de
vista de vários autores;
b. Entrevistas semi-estruturadas – orientadas para o responsável da Comissão de
Prevenção e Controlo de Infecções com a equipa cirúrgica do Bloco Operatório
Central do Hospital Central de Maputo. Uma entrevista semi-estruturada
consiste de um roteiro simples, permitindo ao entrevistador fazer indagações de
acordo com o desenrolar da entrevista. Domingues e Neves (2007) consideram
24
que a entrevista semi-estruturada é um instrumento que possibilita a recolha de
informações objectivas e, mais do que isto, permite captar a subjectividade
embutida em valores, atitudes e opiniões. No que concerne a amostra da presente
pesquisa, no primeiro momento foi entrevistada a equipa cirúrgica composta por
quatro cirurgiões de diferentes especialidades, um instrumentista e dois
serventes e no segundo o responsável da Comissão de Prevenção e Controlo de
Infecções do HCM. No total foram entrevistadas oito pessoas, escolhidas por
conveniência das suas respectivas funções.
c. Observação directa – orientada para, com base nos órgãos de sentidos, obter
dados relacionados com a higiene, segurança e saúde no trabalho, examinando
factos e fenómenos inerentes ao presente estudo. Foram observados o estado dos
vestiários, dos sanitários, das salas de operações das especialidades em estudo
(cirurgias gerais, otorrino e maxilo-facial, ortopedia e neurocirurgia e urologia),
do gabinete de serviços de enfermagem e anestesia, da área de escovação e
limpeza de material e da copa (refeitório).
Estes 3 (três) métodos de recolha de dados permitem obter diferentes perspectivas e
percepções dos participantes sobre a higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho
das cirurgias gerais, otorrino e maxilo-facial, ortopedia e neurocirurgia e urologia por
serem sectores que mais recebem pacientes e por serem os que utilizam equipamentos
de tecnologia de ponta.
3.3 Tratamento e análise de dados
Com vista a alcançar o objectivo do estudo e como referido no primeiro momento,
optou-se pela técnica de entrevista semi-estruturada. Os dados obtidos foram
classificados com base na Análise de Conteúdo que, segundo Marconi e Lakatos (2013),
leva em consideração as significações (conteúdos), a sua forma e a distribuição desses
conteúdos e formas. Lida com mensagens (comunicações) e tem como objectivo
principal sua manipulação (conteúdo e expressão).
Para uma melhor compreensão do objecto de estudo, os dados recolhidos no âmbito das
entrevistas e observações foram organizados, divididos em unidades manipuláveis,
sintetizados, categorizados (I1, I2, I3 e I4; E1 e E2, O e N) em busca da identificação
dos temas centrais que foram apreendidos e no final houve a decisão do que foi
25
transcrito para incorporar na presente pesquisa. Porém, por se tratar de dados
marcadamente qualitativos, a sua análise consistiu em agrupar em pequenas unidades
compostas pelas seguintes categorias: (i) Características físicas do ambiente de trabalho
do bloco operatório central; (ii) Descrição do ambiente de trabalho e suas consequências;
(iii) Propostas de prevenção de acidentes de trabalho e (iv) Gestão hospitalar
Após a recolha de dados, foi realizada a sua codificação e tabulação, análise e
interpretação, para que a informação respondesse às questões do estudo e permitissem a
elaboração da presente monografia. Com o tratamento e análise de dados foi possível
perceber suas possíveis relações, ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto
de ideias mais específicas, depois à análise e à crítica. Desta forma, extrairam-se
considerações e conclusões a respeito do tema em questão.
3.4 Validade e fiabilidade dos dados
A validade desta pesquisa foi garantida através de uma análise profunda de que a
metodologia adoptada seria adequada para responder fielmente às perguntas de pesquisa
e os instrumentos de recolha de dados (entrevista e observação) forneceriam raciocínios
adequados para analisar a higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do Bloco
Operatório Central do HCM. Tratando-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, foi
indispensável que houvesse autenticidade, confiança e credibilidade nos dados
recolhidos (MarconI e Lakatos, 2012).
Os instrumentos de recolha de dados criados para a realizaçãoda presente pesquisa
foram previamente entregues ao supervisor da pesquisa e a um colaborador para uma
análise crítica e foi feita uma pré-testagem dos roteiros de entrevistas no Hospital José
Macamo em Maputo, de modo a garantir que se recolhesse dados válidos para responder
às perguntas de pesquisa. Os roteiros de entrevistas apresentavam questões não muito
claras para os entrevistados, principalmente no que concerne a higiene, como o caso da
pergunta 4 referente ao servente do bloco (Fale-me um pouco sobre a questão da higiene,
segurança e saúde aqui no Bloco Operatório Central?) que foi reformulada (Ver Anexo
3). Os dados obtidos foram reportados fielmente aos participantes por forma a garantir,
igualmente, a exactidão, confiabilidade e credibilidade dos mesmos. Portanto, tendo em
conta todos os procedimentos usados pode-se concluir que foi garantida a honestidade,
fiabilidade, validade, profundidade e riqueza dos dados obtidos na pesquisa.
26
3.5 Considerações éticas
Qualquer investigação efectuada à seres humanos levanta questões morais e éticas. Os
conceitos em estudo, o método de recolha de dados e a divulgação de certos resultados
da investigação podem, bem entendidos, contribuir para o avanço dos conhecimentos
científicos, mas também podem lesar os direitos fundamentais das pessoas (Fortin,
1996).
Assim, antecedendo à recolha de dados, efectuou-se uma visita à instituição (HCM)
onde foi apresentado o projecto de pesquisa e solicitada permissão para realização do
estudo. Para o efeito, foi contactada a Secretaria Geral do Hospital Central de Maputo,
mediante a apresentação de uma credencial passada pela Direcção da Faculdade de
Educação-UEM. Neste contacto, foi apresentado o protocolo de pesquisa e um
requerimento dirigido à Direcção Científica e Pedagógica do Hospital. Em seguida, foi
encaminhado o protocolo de pesquisa ao Comité Institucional de Bioética para a Saúde,
da Faculdade de Medicina juntamente com a carta da submissão do protocolo, carta de
cobertura da Direcção Científica e Pedagógica do HCM, carta de cobertura da
Faculdade de Educação, declaração de suporte do supervisor, declaração do conflito de
interesse, termo de compromisso e curriculum vitae da investigadora.
Após a revisão das respostas e recomendações do Comité Institucional de Bioética para
a Saúde da Faculdade de Medicina, foi aprovado o protocolo de pesquisa segundo o
regulamento em uso naquela instituição.
Para a obtenção do consentimento informado a pesquisadora entrou em contacto com a
Direcção do Bloco Operatório Central do HCM a fim de solicitar permissão, explicar os
objectivos da pesquisa e negociar o acesso com a equipa cirúrgica. Uma vez obtido o
consentimento da Direcção fez-se a marcação das entrevistas com os membros da
equipa cirúrgica no seu local de trabalho. Neste encontro efectuou-se a apresentação da
pesquisa e esclarecimento dos seguintes pontos:
a) A garantia do anonimato e a confidencialidade dos entrevistados: ninguém seria
individualmente identificado como fonte de informação e esta será usada apenas
para fins desta pesquisa;
27
b) Os informantes seriam identificados por códigos conhecidos apenas pela
investigadora e usados na base de dados para o tratamento e para a confirmação
dos dados em caso de necessidade;
c) A garantia de que os informantes não seriam expostos aos riscos de grau
superior nem haveriam ganhos financeiros advindos do presente estudo. Porém,
poderiam ocorrer alguns riscos temporários que podiam variar entre um pequeno
desconforto físico e psicológico durante a investigação tal como umas dores de
cabeça, ansiedade e stress;
d) O esclarecimento sobre a selecção e importância do entrevistado – todos os
informantes fazem-no numa base voluntária. No que toca aos benefícios dos
participantes refira-se que a participação foi bastante útil pois contribuiu para a
melhoria das condições de trabalho da equipa cirúrgica em particular e do BOC,
em geral.
Portanto, pode-se perceber que os sujeitos entrevistados, cientes da natureza do estudo e
dos eventuais transtornos neles envolvidos e a garantia da confidencialidade e
anonimato dos sujeitos e dos dados em estudo, aderiram voluntariamente à pesquisa. Ao
terminar a recolha de dados, os participantes tiveram acesso às anotações da
investigadora para efeitos de leitura, correcção e confirmação dos dados por eles
fornecidos. Como resultado de terem sido tratados respeitosamente, os informantes
prestaram a sua inteira cooperação no decorrer da investigação.
3.6 Limitações do estudo
Várias foram as limitações e constrangimentos que afectaram o desenrolar da presente
pesquisa. Estas limitações constituem o ponto de partida para que, em trabalhos futuros,
sejam aprofundadas as análises em diferentes perspectivas. As limitações em causa têm
a ver com:
(i) Dificuldades de aceder às informações sobre a descrição e histórico do
Hospital Central de Maputo devido à falta de documentação e organização
dos arquivos;
28
(ii) Dificuldade de obter autorização para administrar os instrumentos de recolha
de dados no Bloco Operatório Central do Hospital, devido à complexidade
do ambiente de trabalho e às questões burocráticas;
(iii) A maior parte dos entrevistados (seis membros) não permitiu a utilização do
gravador de voz;
(iv) A recolha de dados foi feita durante as actividades laborais do BOC o que
não permitiu uma boa qualidade de som das gravações feitas nas entrevistas
aos dois membros da equipa cirúrgica devido a ruído decorrente do trabalho
em curso;
(v) O período de pesquisa se revelou insuficiente, devido ao tempo que o
protocolo de pesquisa levou para a autorização da recolha de dados (4 meses)
pela Comissão Científica e Bioética.
29
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Introdução
O presente capítulo visa apresentar e discutir os resultados do estudo com recurso ao
referencial teórico ligado a cada uma das secções.
Por se tratar de um estudo qualitativo, o método de recolha de dados foi a observação
directa e o uso de entrevistas semi-estruturadas dirigidas à equipa cirúrgica bem como
ao responsável da Comissão de Prevenção e Controlo de Infecções, como foi descrito
no capítulo da metodologia. Este método visou recolher informações objectivas, que
captassem a subjectividade embutida em valores, atitudes e opiniões dos entrevistados.
Como também se referiu no capítulo III a apresentação e análise dos resultados deste
estudo foram feitas com base na técnica de análise de conteúdo e na construção e
definição de quatro categorias temáticas, nomeadamente: (4.2) Características físicas do
ambiente do trabalho no Bloco Operatório Central; (4.3) Descrição do ambiente de
trabalho e suas consequências; (4.4) Propostas de prevenção de acidentes de trabalho e
(4.5) Gestão hospitalar.
4.2 Características físicas do ambiente de trabalho no Bloco Operatório Central
No primeiro momento apresenta-se a estrutura física do Bloco Operatório Central (tecto,
piso, paredes, portas eventilação). No segundo momento faz-se uma descrição do
funcionamento das actividades na sala de operações de ortopedia do Bloco Operatório
Central (funcionamento das máquinas, iluminação e instalações eléctricas).
A. Estrutura física do bloco operatório central
De acordo com os entrevistados e da observação feita, o Bloco Operatório Central
apresenta 5 (cinco) salas de operações para diferentes valências e outros
compartimentos nomeadamente a copa, sala de esterilização, sala de anestesia,
lavandaria, secretaria e sala de serviços administrativos. O Bloco apresenta também
uma área restrita denominada Recobro onde se localizam os vestiários, os sanitários, a
30
sala de recuperação do paciente pós-cirurgia, a sala de espera de pacientes e o gabinete
de armazenamento de materiais.
Quanto às características do BOC, o entrevistado I21 disse que o número de salas de
operações para as cirurgias gerais e ortopédicas é reduzido e não responde à demanda
dos pacientes que necessitam destes serviços. Ainda na mesma óptica o informante
salienta a má qualidade dos armários e prateleiras das salas de operações por serem
armários móveis e as prateleiras sem a armação e portas de vidros. Sobre o mobiliário
das salas de operações, o nosso entrevistado afirmou que os armários devem ser
imbutidos e com portas de vidro, para evitar a deposição de material particulado por
cima dos arumarios e facilitar a limpeza das salas.
Quanto ao estado do tecto e piso das salas de operação, os entrevistados E1 e E2 foram
unânimes ao referir que a má conservação do tecto pode também provocar infiltração no
período chuvoso, pondo em risco a situação do piso (descolamento). Este facto contraria
o preceituado na literatura, segundo o qual o tecto e o piso das salas de operações
devem ser de material resistente, lavável, sem ranhuras nem poroso, impedindo assim a
retenção de bactérias (Possari, 2013). Este tipo de tecto e piso permite resistência ao
processo de limpeza, descontaminação e desinfecção. Para facilitar a lavagem das salas
de operações, existem valetas de descarga de água na lateral das mesmas, também
usadas para a drenagem da água do AC. Com uma limpeza deficiente pode originar um
ambiente favorável para a proliferação de insectos, fungos e bactérias que podem
perigar a saúde da equipa e dos pacientes. Além disso, ainda pode provavelmente,
provocar quedas por ser um piso que se tornou escorregadio, visto que a equipa
cirúrgica trabalha próximo deste local (ver Figura 2).
Figura: 2. O estado do tecto, o piso e a valeta de descarga das águas da sala de
operações, respectivamente.
1Por questões éticas os informantes são codificados.
31
No que concerne à ventilação, o entrevistado I2 afirma que o ar condicionado (AC) das
salas de operações está avariado. A inoperacionalidade do AC das salas de operações
dificulta o trabalho da equipa cirúrgica. Como forma de solucionar tal facto, a equipa
cirúrgica trabalha com as portas abertas, o que choca com as normas exigidas para salas
de operações, segundo as quais as janelas e portas devem permanecer fechadas para não
permitir a entrada de poeiras e insectos (Possari, 2013). Para o efeito, o entrevistado I3
foi mais a fundo na sua intervenção acerca da questão provocada pelo AC, afirmando a
título de exemplo: “…imagine, no decorrer das actividades quando uma gota de suor cai
em contacto com o doente, pode constituir perigo grave de contaminação e descontrolar
a equipa cirúrgica…”.
Em relação às janelas e portas das salas de operações, de referir que as janelas são
apropriadas de acordo com as recomendações pois apresentam telas que impedem a
entrada de insectos para o interior das salas. Entretanto, algumas portas são pouco
flexíveis, outras deformadas e intransitáveis dificultando, deste modo, a entrada e saída
da maca, do equipamento cirúrgico e da própria equipa cirúrgica. A literatura
recomenda que as portas da sala de operações devem ser flexíveis e suficientemente
largas para facilitar a passagem da maca e do equipamento cirúrgico, bem como deve
existir um metal na altura da maca para evitar o seu estrago.
Analise a este facto pode-se inferir que a equipa cirúrgica conhece os requisitos básicos
necessários para que as actividades se desenvolvam da melhor forma, mas segundo esta
mesma equipa, não há muito mais que se possa fazer porque a direcção do hospital
conhece a deficiência nas condições de trabalhodo BOC mas pouco faz para garantir
que os requisitos básicos da equipa cirúrgica sejam satisfeitos.
B. O funcionamento das actividades na sala de operação de ortopedia
A sala de ortopedia, por exemplo, está equipada com duas mesas cirúrgicas onde se
realizam operações em simultâneo. Durante as actividades são usadas 4 (quatro) a 5
(cinco) máquinas de tecnologia de ponta, sendo umas destinadas para monitorar o
paciente durante a cirurgia e outras para a intervenção cirúrgica. Tais são os casos dos
aparelhos de anestesia, do RX, do aspirador ultrassónico, do foco cirúrgico, dentre
outros. Entretanto, algumas máquinas são obsoletas e com uma manutenção deficiente.
As mesmas contêm fios, que se espalham na sala deixando algumas áreas intransitáveis.
Além disso, algumas instalações eléctricas têm pontos energizados expostos, com risco
32
de choques eléctricos, pondo em causa a segurança da equipa cirúrgica. Para além deste
facto, pode-se questionar a probabilidade de contaminação cruzada entre pacientes
devido ao número de intervenientes desde a equipa médica, técnicos e estudantes.
Durante as práticas cirúrgicas, observou-se cerca de 20 pessoas, todas em actividades
complexa, num ambiente onde a iluminação e a climatização era deficiente,
suspeitando-se grande concentração de dióxido de carbono e gases anestésicos que, de
certa forma, pode perigar a saúde tanto da equipa como dos pacientes. Este grande
número de intervenientes e máquinas, estimula um ruído interno que pode prejudicar a
saúde da equipa cirúrgica, bem como a do paciente, visto que, tal como Possari (2013)
alude, o ruído pode trazer sérias perturbações funcionais ao organismo, afectando o
sistema nervoso e provocar fadiga nervosa, irritabilidade, que por sua vez ocasiona
perturbações gastrointestinais e circulatórios elevando a pressão arterial e trazendo
modificação do rítmo cardíaco.
De acordo com o que se verificou pode se concluir que o ambiente físico das
actividades cirúrgicas é insalubre; as máquinas, o equipamento e a estrutura física das
salas não seguem o desenvolvimento tecnológico, isto é, não são actualizados segundo a
demanda de pacientes e patologias emergentes necessitando, deste modo, de uma
reforma geral.
4.3 Descrição do ambiente de trabalho e suas consequências
Esta categoria faz uma descrição do ambiente de trabalho no BOC, para o efeito, foi
decomposta em duas categorias, nomeadamente: Higiene e saúde e Segurança.
A. Higiene e saúde
Em resposta a questões de higiene do BOC os entrevistados E1 e E2 foram unânimes
em afirmar que há um pessoal que responde pela limpeza feita diariamente de acordo
com o preceituado no regulamento interno de trabalho. Segundo eles, a limpeza nas
salas de operações deve ser feita com detergentes desinfectantes, no intervalo de cada
cirurgia. No entanto, com a deficiência no fornecimento de detergentes ao BOC a
limpeza não é feita regularmente (E1 e E2). O mesmo ponto de vista é apresentado
pelos entrevistados I3 e I4. Para estes, a higiene é, igualmente, deficiente porque não se
cumpre o regulamento interno segundo o qual, após cada cirurgia, deve-se fazer a
higienização da sala, desinfectando todo o ambiente. O entrevistado I3 acrescentou na
sua intervenção que “…normalmente, não há respeito quanto à área de higiene; tem
33
havido pessoas sem tarefas na sala de operação, tornando o ambiente impuro...”. A este
respeito Chiavenato (2009) sugere a aplicação de um conjunto de metodologias
necessárias à prevenção de doenças profissionais, tendo como principal campo de acção
o controlo dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes
materiais de trabalho.
Pode-se perceber que o grande númerode pessoas numa sala pode influenciar agentes
químicos e biológicos devido ao processo de respiração. Em contrapartida, os
entrevistados I1 e I2 acham que a higienização do BOC é boa porque tem havido
limpezas nas salas. Neste caso, supõe-se que a fonte I1 e I2 ignoram a existência de
agentes, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho, preocupando-se
apenas com aspectos físicos, isto é, sala limpa. Considerando conjuntamente as
declarações dos entrevistados E1, E2, I3 e I4, sobre a precariedade da higiene nas salas
de operações, observa-se a necessidade de higienização do meio envolvente e não
apenas do espaço físico visível. Portanto, a concentração de pessoas numa sala de
operações com deficiência na limpeza devido a falta de detergentes e climatização
deficiente devido à avaria do AC condiciona um ambiente favorável para proliferação
de microorganismos prejudiciais à saúde. No entanto, Possari (2013) setencia que a
higiene do ambiente do trabalho deve assegurar a saúde física, mental e bem-estar da
equipa cirúrgica, atuando positivamente sobre todos os órgãos do sentido humano como:
visão, audição, tacto, olfacto e paladar. Contudo, ambiente de trabalho agradável facilita
o relacionamento interpessoal e melhora a produtividade, bem como reduz acidentes de
trabalho.
Para permitir a salubridade do ambiente existe no bloco uma equipa que recolhe os
resíduos sólidos para a lixeira. Esta equipa afirma que os resíduos gerados no BOC
devem ser seleccionados de acordo com o tipo de lixo (lixo comum e lixo infeccioso),
em plásticos preto e amarelo. No caso de objectos perfurantes e perfurocortantes
(agulhas, bisturis, seringas,etc) são depositados em caixas e posteriormente incinerados.
Quanto às questões ergonómicas há muito esforço e desgaste da equipa cirúrgica, pois
as cirurgias electivas, isto é, normais, iniciam as 7:00 horas até por volta das 14:00
horas. As cirurgias especiais decorrem no período da tarde até as 22:00 horas, no
máximo. Por vezes são os mesmos médicos que atendem nos dois turnos. Isto é
desgastante uma vez que a equipa necessita de uma renovação física e mental no
34
decorrer das suas actividades devido a complexidade da mesma. De acordo com o
entrevistado I1, para se melhorar esta situação há necessidade de se aumentar o número
de salas e do pessoal não médico. Ainda na mesma questão o entrevistado N referiu que
o trabalho é árduo e desgastante por falta de pessoal suficiente e qualificado na área de
instrumentação e por vezes um único instrumentista cirúrgico assiste duas cirurgias em
simultâneo.
Ainda nas questões ergonómicas todos os entrevistados foram unânimes em referir que
cada pessoa procura manter-se numa posição confortável durante a sua actividade pois
há cirurgias que podem durar de 3 (três) a 5 (cinco) horas. Acrescentando, I2 referiu que
há muita demanda de pacientes que necessitam da intervenção cirúrgica e pouco pessoal
não médico, portanto, não se reclama muito da falta demédicos-cirurgiões mas do
pessoal não médico, isto é, de outros membros da equipa cirúrgica como o caso de
técnicos de instrumentação.
B. Segurança
De acordo com E1 e E2, a segurança no trabalho do BOC não é boa devido a má
qualidade das luvas e à fragilidade na separação do lixo nas salas de operações.
Acrescentando, o E2, nas suas actividades diárias, faz a recolha dos resíduos sólidos nas
salas de operações e deposita-os na lixeira do hospital. No entanto, ao retirar os resíduos
dos cestos faz novamente a separação dos mesmos porque a selecção feita pela equipa
cirúrgica na sala de operações é deficiente, na medida em que ao se levar os plásticos de
resíduos sólidos para a lixeira tem encontrado no mesmo plástico papel de caqui, luvas
cirúrgicas, compressas com sangue e bisturis. Este facto, segundo E2, não vai de acordo
com as normas de selecção de lixos no BOC que exige a separação de lixo infeccioso,
lixo anatómico e lixo comum. Afirma ainda que estes são seleccionados e tratados de
maneira diferenciada, pois, o lixo infeccioso e anatómico é incinerado e o comum
depositado na lixeira do hospital e posteriormente levado para a lixeira de Hulene, isto é
lixeira da cidade de Maputo.
Procurou-se saber, a partir das entrevistas, a frequência dos acidentes de trabalho e o
momento de exposição. Ainda de acordo com a mesma fonte (E2) “…sofri um acidente
de trabalho; estava a separar lixo comum onde encontrei sem esperar um bisturil
(lâmina cirúrgica), picou me, logo depois entrei na sala de operações para ter assistência
médica, mas tudo passou, não fui contaminado…”. Nisto o entrevistado N referiu que
35
tem havido acidentes de trabalho como picadas com agulhas no momento de sutura,
cortes e picadas durante a entrega ou no acto de receber o instrumento, por vezes, ao
desconectar as máquinas, devido à falta de protecção nos pontos de operação.
Continuando, referiu que os técnicos, por sua vez, têm apresentado vários
constrangimentos na reparação das máquinas por falta de acessórios e do pessoal
qualificado para a manutenção do tipo de equipamento.
Assim, pode-se perceber que o funcionamento deficiente das máquinas pode trazer
danos irreparáveis e riscos ao operador e ao paciente.
Uma das grandes preocupações da equipa cirúrgica quanto à segurança no trabalho é a
ausência de um plano de emergência de incêndio. Segundo I2,"…houve um incêndio e
criou pânico, mas com a prontidão do pessoal foi possível controlar…". De acordo com
Possari (2013), a possibilidade de ocorrência de incêndios no BO é relativamente
grande provavelmente devido a um elevado número de artigos de fácil combustão.
Assim, de acordo com a mesma fonte, todo o BO como qualquer unidade hospitalar,
deve dispor de um sistema e instalações para combate aos incêndios, que deve
proporcionar um nível adequado de segurança aos pacientes e profissionais de saúde,
possibilitando: a saída de emergências; minimização de propagação de fogo e facilitar
as acções de socorro público.
4.4 Propostas de prevenção de acidentes de trabalho
Esta categoria visa essencialmente apresentar as propostas da euipa cirurgica em relação
a prevenção de acidentes no ambiente de trabalho do BOC em relação a higiene,
segurança e saúde.
Em relação às propostas de prevenção da higiene e saúde no trabalho e de acordo com
as fontes E1 e E2, tem havido limpezas regularmente e a higienização das salas é feita
com detergentes (cloro) de purificação do ambiente para permitir que os
microorgansmos sejam eliminados evitando, deste modo, a contaminação.
Quanto à segurança no trabalho as fontes (I2 e I4) foram unânimes ao referir que um
dos melhores métodos de prevenção e mitigação dos riscos e acidentes de trabalho é a
educação, o uso correcto de Equipamento de Protecção Individual (EPI) e a qualidade e
modernização das salas e equipamentos. Ainda na mesma questão a fonte I4
afirmou“ … algumas medidas como desinfectar as salas depois de cada cirurgia;
36
rigorosidade no uso de EPI; lavagem correcta das mãos e formação no uso do EPI
podem melhorar a frequência de acidentes de trabalho…”. Portanto, a equipa cirúrgica
adere à formação contínua promovida pela comissão de prevenção e controlo de
infecções onde são capacitados nos cuidados no uso do EPI e a importância do mesmo
na protecção das suas vidas, lavagem correcta das mãos e a necessidade de desinfectar
as salas depois de cada cirurgia.
Em relação à segurança no uso de instrumentos de trabalho, o entrevistado N referiu que
para prevenir os acidentes de trabalho é necessário que o funcionário tenha domínio dos
mesmos. Afirmou ainda que, por ser experiente no manuseio de instrumentos de
trabalho, dá instrução e adverte à equipa cirúrgica de como devem ser manejados os
aparelhos e instrumentos cirúrgicos. Acrescentando, salientou a importância da
formação contínua da equipa cirúrgica, pois cada profissional deve ser responsável e
cuidadoso no seu trabalho cumprindo as normas de segurança. Portanto, este
entrevistado referiu, a título de exemplo que “…quando termina uma cirurgia leva-se
todos os instrumentos usados, arruma-se e manda-se à esterilização, depois novamente
organiza-se cada um no seu lugar. Este trabalho exige muita responsabilidade e deve ser
um trabalho de equipa onde há apoio e chamada de atenção sobre qualquer
irregularidade...”
Percebe-se que apesar das condições precárias do ambiente de trabalho a equipa
cirúrgica tenta ser organizada e cada um dos membros assume as suas responsabilidades
como indicam as recomendações da sua área de formação. Ainda a este respeito admira-
se a simpatia de cada membro da equipa cirúrgica pois, de acordo com o que se
constatou no momento da entrevista e observação directa, em relação ao relacionamento
da equipa cirurgica (médicos, enfermeiros, estudantes e servetes) todos trabalham num
ambiente de união e colaboração, lutando todos por uma única causa: valor à vida.
No que se refere às acções de mitigação, após a ocorrência dos acidentes de trabalho, o
E1 disse que o trabalhador acidentado é levado para fazer a profilaxia pós-exposição ao
HIV, isto é, faz se uma análise para ver se foi ou não contaminado e é atendido
deacordo com o resultado das análises. De facto,o entrevistado E2 que disse na
subcategoria anterior (B. Condições de segurança) ter sofrido um acidente de trabalho,
confirmou que, logo após a picada, entrou na sala de operações para ter assistência
37
médica e tendo seguido os procedimentos de profilaxia pois exposição, terminou sem
ter sido contaminado pelo vírus do HIV.
Podese perceber que no bloco operatório há grande probabilidade de ocorrência de
acidentes de trabalho devido ao tipo de material usado e à falta de atenção por parte de
alguns membros da equipa cirúrgica. Este tipo de acidente de trabalho podia ser evitado
se nas salas de operações fizessem a separação do lixo conforme as regras da selecção
do lixo. Entende-se que as acções de prevenção e mitigação aos riscos e acidentes de
trabalho adoptadas pela equipa cirúrgica apresentam claramente, a sua preocupação na
melhoria das condições de trabalho. Este facto vai de acordo com a literatura segundo a
qual, a segurança no trabalho envolve um conjunto de medidas técnicas, educacionais,
médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, eliminando as condições
inseguras do ambiente ou instruindo e convencendo as pessoas da implantação e uso de
práticas preventivas (Chiavenato, 2009).
Estas acções adoptadas pela equipa cirúrgica, conjugadas com as referidas nas
categorias anteriores como o caso do uso de material e equipamento descartável, o
aumento do número das salas de operação, a renovação e modernização de equipamento
e salas de operações e a formação contínua da equipa cirúrgica podem melhorar
consideravelmente as condições de trabalho no Bloco Operatório Central.
4.5 Gestão hospitalar
Esta categoria versa sobre a gestão hospitalar em relação a higiene, segurança e saúde
no ambiente de trabalho do Bloco Operatório Central.
Em relação à higiene, segurança e saúde do Bloco Operatório Central, segundo a fonte
O, a Comissão de Prevenção e Controlo de Infecções formou um pessoal representante
da comissão denominado “Referente”ou Referente de Profilaxia Pós Exposição (RPPE)
ao vírus de imunodeficiência adquirida (HIV). O Referente, no bloco operatório observa
as necessidades, faz registo das mesmas e as leva à Comissão. Por sua vez, a Comissão
responde de acordo com as necessidades e disponibilidade, que pode ser a partir de
material educativo (cartazes e panfletos), ou de formações em relação às boas práticas
ambientais.
38
No que diz respeito à exposição pós-picada por um objecto perfurante ou perfuro
cortante, o entrevistado O referiu que o BOC dispõe de um programa de profilaxia pós-
exposição (PPE). O RPPE encaminha o trabalhador acidentado e se faz o teste rápido de
HIV. Para iniciar o tratamento depende do resultado; se der positivo significa que o
trabalhador já é portador do vírus e não necessita de fazer a profilaxia, mas se for
negativo, inicia-se com o tratamento durante 30 dias, porque pressupõe-se que com a
picada tenha sido contaminado e continua com consultas ou controle durante nove
meses até que se prove o contrário. Este programa de profilaxia pós exposição, segundo
o entrevistado O, funciona com um fluxograma geral concebido pela comissão que
indica os locais possíveis para o atendimento pós exposição.
Quanto à higiene no BO, de acordo com a mesma fonte, existe um responsável pela
limpeza que faz o plano, requisita o material e os equipamentos necessários para a
limpeza, ou é fornecido mensalmente através de uma escala geral do HCM. Este
juntamente com a sua equipa (circulantes ou serventes), é capacitado a fim de proverem
de qualificação necessária para tratar dos resíduos sólidos e da higienização do bloco.
Para o efeito, o entrevistado O referiu que o responsável pela limpeza no bloco planeia
dois tipos de limpeza para as salas de operações, a programada ou geral (desinfecção)
esta faz-se no fim das actividades cirúrgicas e a de rotina feita no intervalo das cirurgias.
Supõe-se que a limpeza de rotina, isto é, a limpeza feita no intervalo de cada cirurgia é
de grande importância porque, de acordo com o que foi constatado no acto da
observação directa, numa intervenção cirurgica há derramamento de fluidos corporais
no chão e muito lixo é gerado. Para evitar a contaminação em outros pacientes, no
intervalo de cada actividade cirúrgica, apesar da demanda e pressão no trabalho deve-se
purificar a sala. No entanto, enaltece-se a sugestão do aumento de salas de operações
para responder e facilitar o processo da limpeza rotineira.
Em relação a segurança e, de acordo com a fonte O, existe no BOC um regulamento
interno obrigatório sobre o uso de EPI para defender dos acidentes de trabalho. Para o
efeito, existe umas áreas restritas, um corredor que dá acesso às salas de operações no
qual para ter acesso necessita-se do uso de EPI. Entretanto, na entrada há uma
sinalização no chão, uma barra vermelha que indica risco de contaminação onde se
encontra um agente da comissão de prevenção e controlo de infecção (Referente). Este,
por sua vez, faz o controlo de todos que entram nas salas, aconselhando o uso do EPI.
39
Depois de passar dessa área (área de serviço), a responsabilidade no uso do EPI é
colectiva, isto é, cada profissional da equipa cirúrgica deve velar pelo outro quanto ao
EPI.
Por fim, quanto aos acidentes de trabalho, o entrevistado O referiu que as actividades no
BOC são complexas devido ao grande número de instrumentos perfurantes e
perfurocortantes usados.Entretanto, por mês, em média o BOC regista 5 (cinco) a 10
(dez) casos de trabalhadores (serventes, instrumentistas e médicos) acidentados, sendo
os mais frequentes, por picadas e cortes com agulhas, bisturil e outros instrumentos
perfurantes. Portanto, supõe-se que este número de acidentes de trabalho seja razoável
devido a complexidade e à pressão nas actividades que desenvolvem no dia-a-dia e o
número de funcionários do sector.
Portanto como conclusão e de um modo geral, as condições de trabalho encontradas no
BOC da maior unidade sanitária e de referência nacional não são satisfatórias. Apesar
do clima de unidade entre a equipa cirúrgica, pode-se notar nela um desânimo por causa
das condições de trabalho vividas. Para a equipa cirúrgica responder positivamente à
grande demanda de pacientes que necessitam desses serviços, devem trabalhar num
ambiente de trabalho agradável para facilitar o relacionamento interpessoal e melhorar a
produtividade, bem como reduzir os acidentes de trabalho.
40
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este capítulo apresenta e discute as conclusões relativas às perguntas de pesquisa
abordadas pelo estudo e algumas recomendações consideradas pertinentes para o estudo.
5.1 Conclusões
As principais questões norteadoras deste estudo foram (i) Quais são as condições de
higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho prevalecentes no bloco operatório
central do Hospital Central de Maputo? (ii) Que acções de prevenção e mitigação de
riscos são adoptadas pelos profissionais do bloco operatório central em relação a higiene,
segurança e saúde no trabalho? (iii) Que estratégias de protecção e prevenção de riscos à
saúde são tomadas pela administração hospitalar em relação ao profissional?
Com base nos resultados apresentados e analisados no capítulo IV, pode-se concluir que
as condições de trabalho no BOC do HCM são inseguras onde se destaca a degradação
da estrutura física das salas de operações, a fraca qualidade de algum equipamento de
protecção individual, a insuficiência de iluminação e o calor e riscos de contaminação
pelo HIV. Apesar destes factos os trabalhadores do BOC preocupam-se pela segurança,
saúde e bem-estar de toda equipa cirúrgica por ser muito importante para a
produtividade e sustentabilidade das actividades cirúrgicas e da comunidade em geral.
Na resposta à segunda questão inferiu-se que a equipa cirúrgica tem conhecimentos
acerca das medidas de prevenção e mitigação dos riscos que incorrem no seu ambiente
de trabalho e desenvolvem acções para minimizar este facto, como o caso da
rigorosidade do uso de EPI, a atenção nas medidas de higiene e sobretudo a
responsabilidade no trabalho. Portanto, presume-se que o grande número de acidentes
de viação a nível nacional e as várias doenças que actualmente assolam a comunidade
moçambicana fazem com que o BOC registe grande demanda de pacientes que
necessitam de intervenção cirúrgica principalmente nas áreas de cirurgias gerais e
ortopédicas. Portanto, os profissionais se fazem presentes no bloco as 7:00 horas e
trabalham com grande dedicação e responsabilidade para responder às necessidades dos
pacientes.
41
Quanto à terceira questão, a administração hospitalar acredita e adopta estratégias de
educação contínua através de palestras, panfletos e cartazes de boas práticas ambientais
e exige rigor no uso de EPI e na profilaxia pós exposição ao HIV para a protecção e
prevenção de riscos de acidentes de trabalho dos profissionais do BOC. Entretanto,
pôde se perceber que a Direcção do BOC tem um desafio (fraca qualidade do
equipamento de protecção individual, à obsolência das máquinas e à degradação da
estrutura física das salas de operações), para melhorar a gestão da higiene, segurança e
saúde no trabalho, mas com a colaboração da equipa cirúrgica e conhecendo as
fraquezas nas condições de trabalho pode facilitar a melhoria contínua da mesma.
Constata-se, este facto, na medida em que a equipa mostrou conhecer todos os
requisitos que devem ser seguidos para melhorar as condições do seu trabalho. No
entanto, a melhor forma de melhorar as condições de trabalho e reduzir os riscos e
acidentes de trabalho é conhecer e controlar os riscos a que os profissionais estão
expostos a fim de promover a melhoria contínua das condições de trabalho do Bloco
Operatório Central.
5.2 Recomendações
Esta secção apresenta as recomendações diante das conclusões alcançadas deste estudo
direccionadas ao Ministério de Saúde, ao Ministério de Trabalho, Emprego e Segurança
Social, ao Hospital Central de Maputo e à Comunidade Académica por serem entidades
responsáveis e que de certa forma podem melhorar as condições de higiene, segurança e
saúde no trabalho do Bloco Operatório Central.
Ao Ministério de Saúde
Deve elaborar folhetos com leis e ou normas regulamentadoras de higiene,
segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde e disponibilizar a todos os
trabalhadores e à fiscalização do trabalho.
O profissional de saúde, devido a pressão no trabalho não se tem aproximado
aos serviços médicos para o controlo da sua saúde e é surpreendido por doenças
como diabetes, cancro, cataratas e tensão arterial. Para minimizar esta situação o
Ministério deve prover aos seus funcionários um programa de controlo médico
de saúde ocupacional com procedimentos a serem adoptados para diagnóstico,
acompanhamento e prevenção de doenças.
42
Ao Ministério de Trabalho, Emprego e Segurança Social
Promover acções de educação sanitária junto dos trabalhadores e utentes e em
torno do próprio ambiente das unidades sanitárias.
Adoptar um Sistema de Gestão da higiene, segurança e saúde no trabalho que
oriente como fazer a efetivação dentro de cada sector hospitalar, segundo as
condições e a categoria da unidade sanitária, adequando-a ao modelo, de acordo
com as normas em vigor.
Ao Hospital Central de Maputo
Contratar mais recursos humanos específicos para actuação na área de higiene,
segurança e saúde no ambiente de trabalho, obedecendo as regras ou técnicas na
sala de operações para trabalhar em tempo integral.
Deve planificar e implementar reformas dos ambientes de trabalho, de acordo
com as necessidades dos trabalhadores, adequando-as aos seus processos de
trabalho.
A equipa cirúrgica deve colaborar com os gestores ou responsáveis do BOC para
o uso de um processo de melhoria contínua da protecção e promoção da
segurança, saúde e bem-estar de toda a equipe de trabalho.
À Comunidade Académica
Os escassos estudos nacionais, sobre esta temática levou a que se fizesse esta
investigação de interesse adicional e de um contributo fundamental, uma vez que
se espera que permita conhecer melhor a realidade das condições do ambiente de
trabalho do BOC da maior unidade hospitalar do país. Para tal a comunidade
académica deve aumentar os estudos neste âmbito, acompanhados de um maior
número de dados oficiais de acidentes de trabalho nas unidades sanitárias, um
levantamento médico de doenças ocupacionais dos profissionais de saúde, a
motivação e problemas psicossociais dos trabalhadores e ainda a qualidade de
vida dos profissionais de saúde para possibilitar, no futuro, novos contributos
para melhor elevar o nível de conhecimentos sobre as condições, riscos e
acidentes de trabalho no meio hospitalar.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projecto e relatório, publicações
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Souto, D. F. (2009). Saúde no Trabalho Uma: uma revolução em andamento. (2a ed).
Rio de Janeiro: Senac Nacional
46
ANEXOS
Anexo 1: Folha de informação ao participante e termo de consentimento
informado
Eu Rosa Carlos Neves, estudante da Faculdade de Educação da UEM, estou aqui para
entrevista-lo no âmbito de uma pesquisa destinada a recolher informações relativas a
Higiene, Segurança e Saúde no ambiente do Trabalho do Bloco Operatório Central do
Hospital. A pesquisa surge na sequência da elaboração da monografia que é uma das
formas de culminação dos estudos de Licenciatura em Educação Ambiental na
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane. O objectivo central do
estudo é de analisar as condições de higiene, segurança e saúde dos trabalhadores do
bloco operatório central do Hospital.
Toda a informação que me fornecer ao longo da entrevista será confidencial; por isso
sinta-se à vontade ao responder e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.
A entrevista durará cerca de 25 minutos, a sua identidade pessoal não será revelada em
nenhum momento e, em caso de necessidade, poderá interromper sua participação no
estudo.
Se concordar com estes termos, gostaria que assinasse a declaração que se segue:
Eu _______________________________________________ declaro que tomei
conhecimento deste estudo, dos seus objectivos, propósitos e finalidades e concordo
com as condições que foram explicadas. A pesquisadora Rosa Carlos Neves certificou-
me do carácter confidencial da informação e que os resultados serão para fins de
pesquisa. Consinto em participar voluntariamente neste estudo e declaro que toda a
informação prestada é verídica.
Maputo_____de______________de 2015
Assinatura do Participante______________________________
Assinatura da pesquisadora_____________________________
47
Anexo 2: Entrevista para o Responsável do Departamento de Prevenção e Controle
de Infecções
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do
Hospital Central de Maputo
Trabalho de Campo – Maio de 2015
Entrevista para o Responsável do
Departamento de Prevenção e
Controle de Infecções
48
Estimado Sr._____________________________________, o meu nome é Rosa Carlos
Neves e estou aqui para lhe fazer uma entrevista destinada a recolher informações
relativas a Higiene, Segurança e Saúde no ambiente do Trabalho do Bloco Operatório
Central do Hospital. A mesma surge na sequência de um estudo para a elaboração da
minha monografia que é uma das formas de culminação dos estudos de Licenciatura em
Educação Ambiental (LEA) na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. O objectivo central do estudo é de analisar as condições de higiene,
segurança e saúde dos trabalhadores do bloco operatório central do Hospital.
Toda a informação que me der será confidencial; por isso sinta-se à vontade ao
responder e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.
Antecipadamente agradece-se a sua colaboração e o tempo disponibilizado.
1. Para começar, fale-me do modo de funcionamento do Departamento de
Prevenção e Controle de Infecções com particular ênfase para o Bloco
Operatório Central.
2. Quais são as principais acções desenvolvidas pelo Departamento em relação
à higiene, segurança e saúde no ambiente do trabalho dos trabalhadores do
Bloco Operatório Central?
3. Que mecanismos existem relacionados com a gestão de acidentes de trabalho
no Bloco Operatório Central?
4. Que normas existem (caso haja) para a prevenção dos acidentes
relacionados com higiene, segurança e saúde dos trabalhadores (ex., algum
regulamento interno; o uso diário do EPI, etc.)?
5. Qual é o grau de cumprimento destas normas por parte dos trabalhadores?
6. Quando acontece um acidente desta natureza, que procedimentos se tomam
em relação ao trabalhador acidentado ou afectado?
7. Para terminar quais são, na sua opinião, as melhores medidas a tomar para
ajudar a combater ou a minimizar os riscos e acidentes de trabalho no Bloco
Operatório Central?
Muito obrigado, mais uma vez, pelo seu tempo e contribuição
49
Anexo 3. Entrevista para o Servente do Bloco Operatório Central
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do
Hospital Central de Maputo
Trabalho de Campo – Maio de 2015
Entrevista para o Servente do
Bloco Operatório Central
50
Estimado Sr._____________________________________, o meu nome é Rosa Carlos
Neves e estou aqui para lhe fazer uma entrevista destinada a recolher informações
relativas a Higiene, Segurança e Saúde no ambiente do Trabalho do Bloco Operatório
Central do Hospital. A mesma surge na sequência de um estudo para a elaboração da
minha monografia que é uma das formas de culminação dos estudos de Licenciatura em
Educação Ambiental (LEA) na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. O objectivo central do estudo é de analisar as condições de higiene,
segurança e saúde dos trabalhadores do bloco operatório central do Hospital.
Toda a informação que me der será confidencial; por isso sinta-se à vontade ao
responder e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.
Antecipadamente agradece-se a sua colaboração e o tempo disponibilizado.
1. Como é que vai o seu trabalho? Que dificuldades enfrenta no seu dia-a-dia?
2. Existe algum plano de limpeza no Bloco Operatório Central? Se sim, como
funciona este plano?
3. Explique-me como são geridos (descarte) os resíduos gerados no Bloco
Operatório Central?
4. Fale-me um pouco sobre a situação geral da higiene do ambiente de trabalho,
a sua saúde e segurança nas actividades do Bloco Operatório?
5. Como é que são geridos os riscos ou acidentes relacionados com o seu
trabalho como servente (há medidas de protecção, elas são cumpridas por
todos, etc.)? Quais são os procedimentos depois da ocorrência do acidente de
trabalho (indemnizações)?
6. O que mais gostaria de acrescentar em relação a este assunto e que não
tenhamos discutido?
Muito obrigado, mais uma vez, pelo seu tempo e contribuição
51
Anexo 4. Entrevista para o Instrumentista Cirúrgico do Bloco Operatório Central
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do
Hospital Central de Maputo
Trabalho de Campo – Maio de 2015
Entrevista para o
Instrumentista cirúrgico do
Bloco Operatório Central
52
Estimado Sr._____________________________________, o meu nome é Rosa Carlos
Neves e estou aqui para lhe fazer uma entrevista destinada a recolher informações
relativas a Higiene, Segurança e Saúde no ambiente do Trabalho do Bloco Operatório
Central do Hospital. A mesma surge na sequência de um estudo para a elaboração da
minha monografia que é uma das formas de culminação dos estudos de Licenciatura em
Educação Ambiental (LEA) na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. O objectivo central do estudo é de analisar as condições de higiene,
segurança e saúde dos trabalhadores do bloco operatório central do Hospital.
Toda a informação que me der será confidencial; por isso sinta-se à vontade ao
responder e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.
Antecipadamente agradece-se a sua colaboração e o tempo disponibilizado.
1. Como é que vai o seu trabalho? Que dificuldade enfrenta no seu dia-a-dia?
2. Durante o percurso das actividades laborais do Bloco Operatório Central tem
ocorrido alguns acidentes de trabalho? Se sim, em que momentos ocorrem e
quais são normalmente as suas causas?
3. Tendo em conta a evolução tecnológica de equipamentos e máquinas, tem
havido no Bloco algumas acções de formação contínua dos funcionários para
o melhor uso destes meios? Se sim, qual é a sua opinião sobre o impacto
destas formações?
4. Qual é a situação da manutenção dos equipamentos e máquinas aqui no
Bloco Operatório (boa, má, periga ou não a vida dos trabalhadores, etc.)?
5. Que medidas de prevenção e mitigação dos riscos e acidentes de trabalho são
tomadas pela equipa cirúrgica em particular e pelo Departamento/Hospital
em geral?
6. Por fim, como classifica o ambiente de trabalho no Bloco Operatório Central
e o que deveria ser feito para melhorá-lo?
Muito obrigado, mais uma vez, pelo seu tempo e contribuição
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Anexo 5. Entrevista para o Cirurgião do Bloco Operatório Central
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do
Hospital Central de Maputo
Trabalho de Campo – Maio de 2015
Entrevista para o Cirurgião do
Bloco Operatório Central
54
Estimado Sr._____________________________________, o meu nome é Rosa Carlos
Neves e estou aqui para lhe fazer uma entrevista destinada a recolher informações
relativas a Higiene, Segurança e Saúde no ambiente do Trabalho do Bloco Operatório
Central do Hospital. A mesma surge na sequência de um estudo para a elaboração da
minha monografia que é uma das formas de culminação dos estudos de Licenciatura em
Educação Ambiental (LEA) na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. O objectivo central do estudo é de analisar as condições de higiene,
segurança e saúde dos trabalhadores do bloco operatório central do Hospital.
Toda a informação que me der será confidencial; por isso sinta-se à vontade ao
responder e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.
Antecipadamente agradece-se a sua colaboração e o tempo disponibilizado.
1. Fale-me sobre como decorrem as actividades no Bloco Operatório Central com
particular ênfase para a higiene do ambiente, segurança e saúde da equipa cirúrgica.
2. Quais são as queixas mais frequentes relativamente a factores de:
a) Riscos físicos (calor, vibrações, iluminação e ruídos)?
b) Riscos biológicos (vírus, bactérias, fungos)?
c) Riscos ergonómicos (postura inadequada, movimentação e levantamento
de material ou instrumentos usados, esforço físico, jornada de trabalho
prolongada, etc.)?
3. Que normas ou mecanismos existem (caso haja) para a gestão/prevenção destes
riscos para a saúde dos trabalhadores (ex., algum regulamento interno; o uso diário do
EPI, etc.)?
4. Quais são, na sua opinião, as melhores medidas a tomar para ajudar a combater
ou a minimizar os riscos e acidentes de trabalho no Bloco Operatório Central?
Muito obrigado, mais uma vez, pelo seu tempo e contribuição
55
Anexo 6. Guião de Observação ao Bloco Operatório Central
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Análise da higiene, segurança e saúde no ambiente de trabalho do
Hospital Central de Maputo
Trabalho de Campo – Maio de2015
Guião de Observação ao Bloco
Operatório Central
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Condições físicas da Bloco Operatório
Central
Observações
Iluminação no BOC:
Existe iluminação suficiente?
Sim ( )
Não ( )
Temperatura do BOC:
Qual é a fonte de alimentação?
Externa (ventilação): ( )
Interna (AC): ( )
Existem Ruídos?
Sim ( )
Não ( )
Existem Vibrações?
Sim ( )
Não ( )
57
Piso escorregadio? Sim ( ) Não
( )
Material solto? Sim ( ) Não ( )
Sanitários em condições? Sim ( )
Não( )
Tecto conservado? Sim ( ) Não ( )
Portas flexíveis? Sim ( ) Não ( )
Refeitório confortável? Sim ( ) Não
( )
Instalações eléctricas protegidas?
Sim ( ) Não ( )
Instrumentos de trabalho
Existe protecção nos pontos de
manuseio? Sim ( ) Não ( )
Os comandos são seguros?
Sim ( ) Não ( )
Existe formação de fumaças/vapores/
gases? Sim ( ) Não ( )
Condições das maquinas ( )
58
Questões ergonómicas Observações
Existe boa movimentação e transporte
manual de instrumentos de trabalho?
Sim ( ) Não ( )
Existe boa postura dos trabalhadores?
Sim ( ) Não ( )
Bom ritmo de trabalho? Sim ( ) Não
( )
Questões de resíduos hospitalares Observações
Há selecção dos resíduos?
Sim ( ) Não ( )
Há tratamento e descarte de resíduos?
Sim ( ) Não ( )
Outros detalhes da observação:
59
Anexo 7: Aprovaçãao do Protocolo de Pesquisa pelo Comité Institucional de
Bioética em Saúde da Faculdade de Medicina/Hospital Central de Maputo (CIBS
FM e HCM)
60
Anexo 8: Credencial do Hospital Central de Maputo para a Recolha de Dados