Departamento Arquidiocesano da Catequese
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Departamento Arquidiocesano da Catequese
Formação em Psicologia
Curso de iniciação à Catequese
(Catequistas. Século XXI. p. 63-80)
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ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, bem como a sua relação entre si.
Psicologia
Objecto de estudo
Comportamentos Acções e reacções observáveis.
Processos mentais Sentimentos, emoções, atitudes, pensamentos, representações mentais, fantasias, percepções. Exemplos: andar, sorrir,
correr, comer, chorar.Não podem ser observados directamente; Podem ser conscientes ou inconscientes
Personalidade, Aprendizagem, Memória, Inteligência, Funcionamento do Sistema Nervoso, Relacionamento Interpessoal, Comportamento Sexual, Agressividade, Comportamento em Grupo, entre outras.
Âmbito de estudo
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O Desenvolvimento Cognitivo – contributos de Jean Piaget
Nasceu em Neuchâtel, Suíça, a 09 de Agosto de 1896 e morreu em Genebra, a 16 de Setembro de 1980.
Formação inicial na área da Biologia é uma das maiores referências de sempre ao nível do estudo do desenvolvimento humano.
Mais concretamente, ao nível da construção do conhecimento e inteligência humana, em geral, e da criança, em especial.
Inteligência é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova, do mundo exterior, que implica a construção contínua de novas estruturas;
Os indivíduos desenvolvem-se intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam;
O comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos;
O conhecimento é construído através de uma interacção entre o meio e o indivíduo – Teoria Interaccionista.
Jean Piaget
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Teoria Interaccionista
A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas. Está relacionada com a complexidade desta interacção do indivíduo com o meio;
Quanto mais complexa for esta interacção, mais “inteligente” será o indivíduo.
Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo;
Dois pólos da actividade inteligente: assimilação e acomodação;
Assimilação – o indivíduo integra todos os dados da experiência por incorporação da realidade exterior;
Acomodação – a estrutura modifica-se em função do meio, das suas variações;
A adaptação intelectual constitui-se com base num "equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (Piaget, 1982).
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Assimilação Acomodação
Estabilidade Mudança e
desenvolvimento
Balanceamento entre as “antigas” e as “novas” percepções e experiências
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Segundo Piaget:
O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos;
A construção da inteligência dá-se por etapas sucessivas, por estádios de desenvolvimento, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras.
“Construtivismo Sequencial”
O conteúdo de cada estádio difere marcadamente do outro;
Transformação fundamental dos processos do pensamento;
Determina a forma como compreendemos a realidade que nos rodeia;
Sequência desenvolvimental cognitiva invariável, sem “saltos” - é necessária experiência e tempo suficiente para interiorizar determinado tipo de condutas.
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“Cada um destes estádios é, portanto, caracterizado pelo aparecimento de estruturas originais, cuja construção o distingue dos estádios anteriores. O essencial destas construções sucessivas subsiste no decorrer dos estádios ulteriores, como substruturas, sobre as quais vêm edificar-se os caracteres novos. (...) Cada estádio constitui, assim, pelas estruturas que o definem, uma forma de equilíbrio particular, e a evolução mental efectua-se no sentido de um equilíbrio cada vez maior”
(Piaget, 1977)
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Quatro Estádios de Desenvolvimento
1. Estádio sensório-motor, dos 0 aos 18/24 meses;
2. Estádio pré-operatório, dos 2 aos 7 anos de idade; Subdivide-se em dois:
2.1. Simbólico, dos 2 aos 4 anos de idade2.2. Pensamento intuitivo, cerca dos 4 aos 7 anos de idade
3. Estádio das operações concretas, dos 7 aos 11/12 anos de idade;
4. Estádio das operações formais, dos 11/12 até aos 15/16 anos de idade
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Estádio sensório-motor - dos 0 aos 18/24 meses
A Inteligência trabalha através das percepções (sensório) e das acções (motor), através dos deslocamentos do própriocorpo - inteligência eminentemente prática.
A linguagem da criança evolui da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase (ex.: "água" para dizer que quer beber água).
A partir dos 8 meses começa a adquirir a noção de permanência do objecto.
Conduta social de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele)
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Estádio Pré-operatório - dos 2 aos 7 anos de idade
Sub-estádio simbólico - dos 2 aos 4 anos de idade
• Surge a função semiótica, que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, entre outros.
• Já pode criar imagens mentais na ausência do objecto ou da acção - é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico.
• Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objecto numa satisfação do seu prazer (uma caixa de fósforo num carrinho, por exemplo).
• Período do animismo – a criança “dá alma” aos objectos ("o carro do papá foi dormir na garagem").
• A linguagem está ao nível do monólogo colectivo - todos falam ao mesmo tempo sem que respondam às argumentações dos outros.
• A sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do colectivo
• Não há liderança e os pares são constantemente trocados
Outras características:
• Nominalismo - dar nomes às coisas das quais ainda não sabe o nome• Superdeterminação (“teimosia”)• Egocentrismo (tudo é “meu”)
Sub-estádio do pensamento intuitivo - dos 4 aos 7 anos de idade
•Desejo de explicação dos fenómenos - é a “idade dos porquês”, a criança tem uma tendência para questionar tudo e todos.
•Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela.
•O pensamento da criança neste período continua centrado no seu próprio ponto de vista.
•Já é capaz de organizar colecções e conjuntos sem, no entanto, incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (ex.: rosas no conjunto de flores).
•Quanto à linguagem, não mantém uma conversação longa mas já é capaz de adaptar a sua resposta às palavras do companheiro.
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Estádio das Operações Concretas - dos 7 aos 11/12 anos de idade
Período em que as crianças tomam contacto, de uma forma mais consciente e consistente, com a igreja (catequese).
Estádio em que a criança consolida as conservações de número, substância, volume e peso.
Já é capaz de ordenar elementos pelo seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória.
A sua organização social é a de grupo, podendo participar em grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia.
Já podem compreender regras, sendo fiéis a elas, e estabelecer compromissos .
No jogo, por exemplo, existe uma preocupação com a “lei única”, com a unidade das regras admitidas durante o mesmo (controlo mútuo na competição).
A criança tem um pensamento lógico com capacidade para fazer operações mentais
Operação - acção interiorizada, reversível (possibilidade de coordenar em pensamento uma acção simultaneamente nos dois sentidos - “Se 2 + 2 são 4, também 4 – 2 são 2”) e componível com outras operações (ex.: lógicamatemática – adição e subtracção, divisão e multiplicação)
A criança consegue agoraCompreender a relação parte-todo,
Fazer operações de classificação e de seriação,
Obter a conservação do número,
Adquirir a noção de tempo e de espaço globais e de velocidade.
Capacidade progressiva de diferenciar o seu ponto de vista do ponto de vista dos outros e de os coordenar: a discussão torna-se possível, há procura de compreensão e de justificações.
Em vez das condutas impulsivas, a criança tende a pensar antes de agir – capacidade de reflexão.
Do ponto de vista sócio-afectivo, o mesmo sistema de coordenações sociais e individuais gera uma moral de cooperação e de autonomia pessoal.
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Estádio das Operações Formais - dos 11/12 aos 15/16 anos de idade
Auge do desenvolvimento da inteligência - correspondente ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático .
O indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto.
Já é possível a dialéctica, que permite que a linguagem se dê ao nível da discussão para se chegar a uma conclusão.
O adolescente desprende-se do real, sem precisar de se apoiar em factos, podendo pensar abstractamente e deduzir mentalmente sobre várias hipóteses abstractas que se colocam.
É capaz de resolver problemas através de enunciados verbais.
O adolescente exercita ideias no campo do possível e pensa sobre o pensamento - formula hipóteses.
Já é capaz de definir conceitos e valores, assim como estudar determinados conteúdos escolares (ex.: filosofia, geometria descritiva).
Aparecimento do egocentrismo cognitivo (egocentrismo intelectual) - reflecte-se na crença de que o adolescente tem a capacidade de resolver todos os problemas que surgem, bem como considera que as suas concepções são as melhores, as mais correctas.
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Estádio Sensório-motor - (0-18/24 meses)
Dos reflexos inatos à construção da imagem mental, anterior à linguagem;
Coordenação de meios e de fins; Inteligência prática Permanência do objecto (8-12 meses); Da ecolalia à palavra-frase Conduta social de isolamento e indiferenciação.
Estádio Pré-operatório - (2-7 anos de idade)
•Função simbólica: linguagem, jogo simbólico, desenho (2-4 anos); •Inteligência representativa; •Egocentrismo – centração; •Pensamento mágico: animismo, nomalismo; •Pensamento intuitivo (4-7 anos).
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Estádio das Operações Concretas - (7 - 11/12 anos de idade)
•Reversibilidade mental; •Pensamento lógico, acção sobre o real; •Operações mentais: contar, medir, classificar, seriar; •Conservação da matéria sólida, líquida, peso e volume (invariâncias); •Conceitos de tempo, de espaço e de velocidade.
Estádio das Operações Formais - (11/12 - 15/16 anos de idade)
•Pensamento abstracto; •Operar sobre operações, acção sobre o possível; •Raciocínios hipotético-dedutivos; •Definição de conceitos e de valores; •Egocentrismo cognitivo.
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As crianças não raciocinam como adultos:
Em cada estádio, a criança adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade.
A partir deste dados, os catequistas poderão compreender melhor com quem estão a trabalhar, ou seja, qual o nível de desenvolvimento esperado para as crianças e adolescentes que “têm em mãos” .
Piaget modificou a teoria pedagógica tradicional que, até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia, esperando ser preenchida por conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as próprias construtoras activas do conhecimento, constantemente criando e testando as suas teorias sobre o mundo.
O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores, educadores de infância, e mesmo catequistas possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.
A teoria de Piaget constitui-se ainda hoje como um dos contributos mais valiosos para as áreas da Psicologia e da Pedagogia, essencialmente
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O Desenvolvimento na Adolescência
Tarefas de desenvolvimento na adolescência: mudanças e desafios nas várias áreas da existência
Adolescência – período de transição entre a infância e a idade adulta
É um período...
Conflituoso, crítico, marcado por mudanças,
pela autonomia e pela construção
da identidade
De ideias, de romantismo, caracterizado por um
conceito de transformação que faz
parte do próprio desenvolvimento
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Durante a adolescência verificam-se uma série de mudanças rápidas e intensas
Mudanças corporais: têm um grande impacto e levam o adolescente a ver-se, a si próprio e aos outros, de uma forma diferente.
Alterações ao nível cognitivo: emergem novas capacidades cognitivas - o adolescente começa a ser capaz de raciocinar em termos de hipóteses e ideias - inteligência formal. As novas capacidades de reflexão afectam o modo como ele se vê e o modo como estabelece relações com o seu mundo exterior (os outros).
Relações interpessoais: especialmente com os mais próximos, ocorrendo nas actividades quotidianas - o grupo de amigos ganha cada vez maior relevo (família vs. amigos)
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Evidência empírica
Adolescência como uma fase adaptativa de crescimento, caracterizada por uma tendência no sentido da continuidade desenvolvimental, pela estabilidade emocional, pela formação da identidade sem crises devastadoras e pela harmonia intergeracional;
A maior parte dos adolescentes são emocionalmente estáveis – são auto-confiantes, optimistas e socialmente bem adaptados, não experienciando grandes turbulências;
As crises perturbadoras que acompanham o processo de formação da identidade são a excepção, mais do que a regra;
Na maioria dos casos existem relações positivas entre os adolescentes e os seus pais, harmonia em vez de “luta”, afecto em vez de alienação, envolvimento em vez de rejeição da vida familiar, ao contrário do que tradicionalmente se preconiza.
Continuidade entre a infância, a adolescência e a idade adulta
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As mudanças corporais
Verifica-se um surto do crescimento - sinal típico deste período que se insere num processo global de transformações físicas que conduzem à maturidade reprodutiva.
Mudanças ao nível das características sexuais primárias - aparecimento daquelas que possibilitam a própria reprodução – menarca e ejaculação.
Mudanças ao nível das características sexuais – aparência e função de algumas partes do corpo revestem de extrema importância para a distinção entre homens e mulheres (ex.: pêlos axiais, púbicos ou no rosto, a voz, a barba, os seios femininos).
Alterações profundas ao nível das proporções relativas de muitas partes do corpo - ancas, tórax, ombros.
As raparigas, em média, tornam-se maduras mais cedo que os rapazesAlteração corporal muito pronunciada e alvo de muita preocupação – o rosto.
Processo pubertário é regulado pelas hormonas segregadas pelos testículos, pelos ovários e pelo córtex da glândula adrenal.
As várias hormonas são reguladas por um complexo sistema, no qual todas as partes fornecem informação umas às outras – o órgão central deste sistema é o hipotálamo.
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Efeitos psicológicos das mudanças corporais
As alterações biológicas parecem influenciar o desenvolvimento psicológico, devido ao significado que têm para os próprios adolescentes, para os adultos e para os colegas à sua volta.
Transformações corporais geradoras de ansiedade e preocupação no início da adolescência, devido a uma maior preocupação com o corpo nesta fase – os adolescentes pensam que vão ficar sempre assim (definem-se pelo corpo).
Rapazes Raparigas
Maior preocupação com os órgãos genitais (pénis, testículos);
A primeira ejaculação é uma experiência mais privada;
Os mais precoces parecem estar em vantagem.
Maior preocupação com os seios;
A menarca não é um fenómeno preocupante;
As mais precoces tendem a ter um baixo auto-conceito e a ser menos aceites pelos pares.
Algumas diferenças entre rapazes e raparigas:
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Desenvolvimento Psico-sexual na adolescência
Sexualidade como parte integrante da identidade - interage com todos os aspectos do Eu e ajuda a definir quem nós somos.
Os componentes físicos da sexualidade identificam-nos como
mulheres ou homens e contribuem para o nosso sentimento de feminilidade ou masculinidade.
Os papéis sexuais e os valores afectam a maneira como nos definimos socialmente e como orientamos a nossa conduta nas situações interpessoais.
Fenómenos característicos desta fase do desenvolvimento - socialização sexual e preferência de objecto sexual.
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Desenvolvimento Psico-sexual na adolescência
Socialização sexual - processo pelo qual o indivíduo se torna um ser sexuado, assume uma identidade de género, aprende os papéis sexuais e adquire o conhecimento, as competências e as atitudes que o permitem funcionar sexualmente numa cultura.
A definição sexual dada a uma criança ao nascimento baseia-se no sexo anatómico.
A identidade de género é um processo que decorre ao longo do primeiro ano de vida e não se limita a esta definição de sexo em termos biológicos - a partir deste “terreno” biológico vai ser construída a estrutura psicossocial da identidade sexual do indivíduo (a convicção de que se é rapaz ou rapariga)
O meio como determinante na construção da identidade de género
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Desenvolvimento Psico-sexual na adolescência
O papel sexual é a experiência pública da identidade de género
A identidade de género é a experiência interna de se ser masculino ou
feminino, homem ou mulher, enquanto o papel sexual diz respeito ao modo
como se é rapaz ou rapariga.
Os papéis sexuais:
- são específicos de cada cultura e mudam com a evolução das condições
económicas e históricas;
- incluem expectativas e regras que determinam formas de comportamento
em diferentes contextos (ex.: o modo de falar, de vestir, de participar em
cerimónias religiosas);
- processa-se também através do tipo de relações de identificação que se
mantém a elementos dos dois sexos de uma forma explícita e implícita;
- referem-se também a conjuntos de características atribuídas que são
associadas a um ou outro sexo (ex.: as mulheres são vistos por muitos como
mais sensíveis, ao passo que aos homens é associada maior objectividade)
![Page 24: Departamento Arquidiocesano da Catequese](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022070406/56814295550346895daec311/html5/thumbnails/24.jpg)
Desenvolvimento Psico-sexual na adolescência
Preferência de objecto sexual - implica o modo como o
indivíduo aprende a dirigir o seu interesse sexual para indivíduos
do sexo oposto ou do mesmo sexo.
É determinada pela interacção entre factores hereditários e
biológicos com factores psicológicos e sociais.
![Page 25: Departamento Arquidiocesano da Catequese](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022070406/56814295550346895daec311/html5/thumbnails/25.jpg)
Relações familiares na adolescência
A investigação indica que:
A influência da família no desenvolvimento da adolescência é particularmente importante durante a segunda década de vida.
As relações familiares são influenciadas pelas transformações dos adolescentes, podendo, por sua vez, facilitar ou dificultar as transições por que eles passam durante esta fase.
Habitualmente, o relacionamento familiar continua a ser positivo e a desempenhar importantes funções para os jovens, baseado no respeito mútuo durante todo o período da adolescência
Não obstante, ocorrem alterações familiares à medida que os filhos vão entrando na adolescência.
Transformações físicas podem originar novas expectativas e exigências por parte dos pais, assim como por parte de outros adultos – aspectos susceptíveis de alterar o modo como os pais e os filhos se relacionam
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Relações familiares na adolescência
Com a puberdade, as interacções familiares tornam-se de uma maneira geral mais flexíveis e responsáveis:
- os pais interrompem com menor frequência os filhos e estes apresentam mais explicações para defender os seus pontos de vista durante as discussões familiares;
- torna-se maior a influência relativa dos filhos no processo final de tomadas de decisão da família;
- algumas investigações apontam que a influência dos filhos é habitualmente superior à das mães mas nitidamente inferior à dos pais.
A capacidade dos adolescentes para compreenderem a natureza do relacionamento entre pais e filhos pode ser vista como um dos factores implicados na modificação das relações familiares
O desenvolvimento dos conceitos ao longo da adolescência, em termos cognitivos, pode afectar também as interacções entre pais e filhos:
- a compreensão das convenções sociais, durante os anos iniciais desta etapa da vida, dá origem a um terreno bastante fértil para mal-entendidos entre pais e filhos
- ambas as partes entram em desacordo quanto ao facto de os pais deverem exercer autoridade sobre assuntos como manter o quarto limpo, ou vestir roupas de estilo “punk”
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Relações familiares na adolescência
Às alterações físicas e cognitivas dos adolescentes, juntam-se as mudanças que sofrem os pais - desenvolvimento da família, em sentido lato.
Ocorrem alterações como consequência não apenas das transformações do adolescente, mas também das interacções, expectativas e tarefas com que a família é confrontada, durante o mesmo período de tempo.
Em suma, três grandes factores contribuem para a transformação das interacções familiares:
I) os adolescentes sofrem alterações a nível físico e social e podem basear
as suas próprias expectativas a respeito dos papéis familiares na percepção
que têm da sua posição perante as tarefas da vida adulta;
II) os adolescentes desenvolvem conceitos acerca das relações recíprocas
entre pais e filhos que revelam uma maturidade crescente;
III) muitas vezes, ao mesmo tempo que os filhos se debatem com os
problemas de identidade característicos da adolescência, os pais também
estão a passar por mudanças de diversa ordem.
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O grupo de pares e o seu papel no desenvolvimento psicológico do adolescente
Ao longo de todo o desenvolvimento humano, os pares constituem-se como agentes muito importantes no processo de socialização dos indivíduos.
Três aspectos que ilustram a importância do relacionamento entre jovens para o seu desenvolvimento psicológico e social:
Nas mudanças corporais, onde normalmente a auto-imagem e o auto-conceito sofrem sucessivos “abalos” - o papel dos pares é de solidariedade, mutualidade, apoio para enfrentar novos desafios, uma vez que estão numa situação idêntica;
Nas mudanças nas relações familiares - o afecto que liga os jovens às figuras parentais entra num processo de reestruturação e desafio. Os pares constituem-se como uma espécie de sustentáculo do Eu, de suporte, de segurança emocional;
Na natureza das próprias transições – o jovem tem de experimentar, ensaiar novos papéis, experimentar novas emoções e novas formas de se relacionar com os outros.
Segundo a investigação:
As mudanças vividas pelos jovens nos diversos contextos de vida, quando acompanhadas, entre outros aspectos, por um saudável e sustentado relacionamento interpares, potenciam, tendencialmente, o aparecimento de oportunidades genuínas de crescimento global.
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As Relações de AmizadeDiferenças entre concepções e expectativas ao longo da adolescência
As relações de amizade sofrem variadíssimas alterações ao longo do desenvolvimento do indivíduo.
Os grupos na adolescência são melhor definidos e mais estruturados do que o que se verifica na infância:
- as crianças organizam-se em grupo com o propósito do jogo, da brincadeira;
- os adolescentes organizam-se em grupos formados com bases mais estáveis e persistentes.
Para além da sua integração num determinado grupo de pares, o adolescentes estabelece outro tipo de relações horizontais, mais ou menos superficiais ou momentâneas com colegas e conhecidos, ou mais profundas e comprometidas com os amigos - os “melhores amigos” (amigos íntimos).
Poderemos encontrar duas tipologias de grupos:
“grupinhos”, compostos por dois a nove membros, mais íntimos, coesos e também mais exclusivos - centram-se na troca de opiniões e ideias, intimidade, partilha, lealdade, mutualidade, segredo;
o grande grupo, essencialmente constituído por uma associação de dois ou três pequenos “grupinhos”, chegando a integrar algumas dezenas de membros - dão mais importância à participação e organização de actividades sociais.
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As Relações de AmizadeDiferenças entre concepções e expectativas ao longo da adolescência
Esta transição ocorre, normalmente, ao longo de cinco estádios diferenciados:
1.ª fase – os grupos funcionam separadamente, não existindo contactos significativos entre os seus membros;
2.ª fase - têm início as primeiras interacções entre os respectivos grupos de cada sexo, mas apenas a nível geral;
3.ª fase - os elementos mais populares e com maior estatuto começam a estabelecer contactos com os elementos do sexo oposto, o que conduz à formação de grupos heterossexuais;
4.ª fase - estabelecem-se definitivamente pequenos grupos heterossexuais, que se associam a grupos mais alargados, vindo mais tarde,
5.ª fase - a desintegrarem-se para darem origem a grupos de díades, ou “casais”.
As “escolhas” dos pares vão sendo diferenciadas ao longo do tempo:
No início da adolescência, os indivíduos tendem a relacionar-se, e mesmo experimentar intimidade interpessoal, com pessoas muito parecidas consigo. Tendencialmente são do mesmo sexo, têm os mesmos interesses, os mesmos gostos – escolha isofílica;
Durante a adolescência verifica-se a tendência para procurarem alguém diferente de si próprios – escolha heterofílica
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Departamento Arquidiocesano da Catequese
Formação em Psicologia
Curso de iniciação à Catequese